Jornal Valor Local Edição Maio 2022

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Rádio Valor Local - www.valorlocal.pt - Ouça em todo o lado Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 111 • 19 Maio 2022 • Preço 1 cêntimo

Valor Local Famílias carenciadas de Castanheira do Ribatejo vítimas da especulação imobiliária pedem ajuda Acusam a Câmara de Vila Franca de Xira de falta de empatia

LMAT: População de Casais das Boiças sente-se enganada por promotor da Torre Bela

Sociedade na 4 Sociedade na 11

Oestecim anuncia “casamento” com a Boa Viagem em Arruda dos Vinhos

Fomos conhecer Svitlana e Yana, refugiadas ucranianas que ficaram a morar em Vale do Paraíso Sociedade na 3

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Obras no Mercado de Alenquer retomadas em junho s obras no mercado de Alenquer sofreram mais um compasso de espera. A Câmara Municipal esperava que o seu recomeço se desse durante o mês de abril, mas apenas no início de junho deverão ser retomadas, de acordo com o vereador das obras, Tiago Pedro ao Valor Local. O autarca explica que estão a ser acertados os detalhes técnicos, que serão agora levados a reunião do executivo no próximo dia 23 de maio. Na origem do atraso está fundamentalmente o “encarecimento galopante” dos materiais que levou a acertos, sendo que a obra do mercado vai em princípio custar mais 100 mil euros em relação ao valor que já tinha sido determinado de 1 milhão 144 mil euros. Este quadro

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levou a mais alguns procedimentos administrativos que implicou uma “alteração ao orçamento” tendo em conta a necessária revisão de preços. Recorde-se que em causa estava a necessidade de reforçar a estrutura do edifício que data da década de 40 na zona dos pilares que apresentavam fissuras. O empreiteiro pediu em fevereiro uma reunião junto da Câmara para se efetuar obras no edifício contra possíveis riscos sísmicos. O vereador faz ainda um balanço das restantes obras do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) em curso, dando conta de que prosseguem as obras na Rua Sacadura Cabral na envolvente ao mercado, onde o pavimento está praticamente colo-

cado, seguindo-se agora uma nova fase de trabalhos nesta zona da vila. No Areal, prevê-se que o parque no espaço de duas a três semanas fique “totalmente pavimentado”. Estão a aplicar o granito nesta altura. Já no caso da Chemina, a Câmara sentou-se à mesa recentemente com o empresário da Sunshine Life para que se dê finalmente o pontapé de saída. “Vão ser redigidos novos prazos e condições. Mantêm-se disponíveis para continuar a investir e construir o hotel como estava previsto”, refere Tiago Pedro. A empresa deverá submeter o Pedido de Informação Prévia (PIP) junto da autarquia. A Câmara ficou convencida das intenções do empresário que devido à pandemia deixou atrasar todo o processo.

Obra chega agora a um milhão 244 mil euros + iva

Antiga escola primária de Pontével passa para as mãos da junta com críticas do PS A Câmara do Cartaxo passou para a Junta de Freguesia de Pontével através de contrato de comodato, vigente durante 36 anos, o edifício da antiga escola primária, na Avenida João de Deus, para que aí seja instalado um museu de etnografia bem como criar um espaço para as atividades dos seniores. A junta assume as obras de requalificação do edifício que se encontra em

más condições. O espaço servirá ainda para acomodar espólio doado por beneméritos como João Pimenta e o antigo ciclista Marco Chagas. Em reunião de Câmara, o vice-presidente, Pedro Reis, sublinhou que aquele espaço permitirá “dar outra dignidade àquele espólio”. Fernando Amorim, vereador do PS, colocou algumas reservas quanto a este contrato de como-

dato que considerou ser extemporâneo, até porque o edifício nunca deixou de servir, ao longo dos anos, para várias atividades dos pontevelenses. Sendo um edifício até aqui municipal deveria ser classificado como tal, “o que possibilitaria a candidatura a fundos estruturais”, dado que as obras de que carece são de “elevada monta”, nas palavras do autarca. “Se considerarmos apenas

portas, janelas, pinturas, e uma parede que está muito degradada rondará entre os 90 a 120 mil euros, sendo que a junta para o ano de 2022 tem uma receita de 254 mil euros, em que 114 mil são despesas com o pessoal e 107 mil para bens e serviços, e não há nada que preveja esse investimento.” Por outro lado, frisou – “Com a celebração do contrato de comodato não podem ser

transferidas verbas à luz dos contratos interadministrativos, uma vez que a propriedade passa a ser da junta da freguesia”. A juntar a isto está o “saldo negativo de 26 mil 624 euros” transitado do ano passado. Por isso duvida que a junta “tenha capacidade para fazer uma intervenção naquele edifício”. Pedro Reis, em resposta, referiu que “há que por os pés ao cami-

nho e contribuir para que a degradação do edifício não prossiga”, pelo que face às questões financeiras “possivelmente temos que ir por fases”. Fernando Amorim retorquiu que o que está a pesar na balança “é a questão política quando o que interessava era a Câmara lançar concurso, fazer as obras e só depois passar para o contrato de comodato”. A proposta foi aprovada pela maioria PSD.

Adão Conde na World Press Cartoon A

Adão Conde colabora com o Valor Local desde 2021

dão Conde é um dos autores presentes na 17ª edição do World Press Cartoon, salão de referência no mundo do humor gráfico de imprensa nas áreas de cartoon editorial, caricatura e desenho de humor. O autor colabora no nosso jornal e também em outras publicações nacionais como o jornal “Tal & Qual”. A exposição será aberta ao público no próximo dia 28 de maio, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, onde estará patente até 28 de agosto. Ali serão expostos os principais cartoons publicados na imprensa mundial em 2021, selecionados pelo júri internacional.

Num período particularmente difícil para o jornalismo a nível mundial, em tempo de múltiplas crises na Imprensa, na Saúde, na Economia e na Política, o World Press Cartoon continua a ser um hino à liberdade de expressão. Ao Valor Local, refere que não esperava este reconhecimento. Estava habituado a visitar e a acompanhar o World Press Cartoon, em que o “nível é sempre muito elevado”. “Só comecei a publicar cartoons em 2021, e ter este reconhecimento dos pares logo no primeiro ano, foi uma grande surpresa para mim”, conta. Adão Conde espera daqui em diante continuar a trabalhar e a transmitir

a sua crítica, e a sua análise. “Os meus retratos são sobre o que se passa na atualidade, e espero continuar a partilhar os meus desenhos na imprensa, e gostava mesmo que mais jornais e revistas publicassem cartoons, pois são um verdadeiro sinal da liberdade de expressão e de vitalidade da imprensa.” Adão Conde nasceu em Lisboa em 1977. Aos 40 anos deixou a arquitetura e a assessoria política para se dedicar exclusivamente às artes visuais. O seu trabalho atualmente dividese entre a ilustração, o desenho, o cartoon, e ocasionalmente o design gráfico. Colabora regular-

mente para várias publicações regionais e nacionais. Dedica-se a explorar várias técnicas artísticas, como a água-forte ou a serigrafia. Da formação em arquitetura perdurou o vínculo ao desenho de linha, que desde cedo lhe pontuou o trabalho gráfico e continua a estruturar o seu trabalho de ilustrador. Nas suas obras é frequente a aplicação de folha de ouro, gosta de trabalhar com as técnicas tradicionais, ama o pormenor e o detalhe do desenho do aparo, da tinta e do papel. O seu trabalho está representado em diversas coleções de natureza privada e institucional, em Portugal e no estrangeiro.

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Svitlana e Yana fugiram da guerra e estão agora a viver em Vale do Paraíso vitlana e Yana Versta são mãe e filha refugiadas da guerra na Ucrânia que encontraram em Vale do Paraíso um refúgio, amigos e principalmente paz numa altura em que o país está a ferro e fogo devido à invasão russa desde finais de fevereiro. Para trás Svitalana conta-nos que deixou o filho de 20 anos e o marido a combater. São oriundas da cidade de Odessa, uma das mais bombardeadas pelo exército russo. Na última Ávinho desfilaram juntamente com as gentes de Vale do Paraíso com os trajes do rancho folclórico no cortejo que ilustrava o ciclo do vinho. Vieram para a localidade – que durante mais de um mês acolheu refugiados ucranianos – no dia 25 de março. A irmã e a mãe de Svitlana ainda estão na Ucrânia, mas já não vivem nas suas cidades, preferiram ir para outras localidades mais perto da fronteira com a Polónia, onde a guerra está menos exacerbada, sendo à partida sítios “mais seguros”. Já o filho e o marido fazem relatos de “bombas que sobrevoam as suas cabeças, e isso está a ser muto difícil para todos”. Esta mãe e filha escolheram Portugal por ser “um país calmo e muito longe da Ucrânia”, sendo que aproveitaram o

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voo da Ukrainian Refugees UAPT que aterrou na Polónia para embarcar rumo a Portugal. Com Svitlana e Yana vieram muitos compatriotas, sendo que várias centenas de mulheres e crianças foram acolhidas no Pavilhão Desportivo de Vale do Paraíso e na Casa da Juventude em Azambuja. Todas elas foram encaminhadas para famílias de acolhimento e muitas destas pessoas já possuem emprego no nosso país ou estão a frequentar o ensino, no caso dos jovens e crianças. Ana Coelho, vereadora da Proteção Civil na Câmara de Azambuja, que esteve a acompanhar a estadia dos refugiados no pavilhão, refere que o processo “foi muito bem encaminhado” pela associação. Os refugiados foram integrados em famílias de acolhimento onde o processo tem decorrido de forma pacífica. No concelho de Azambuja permanecem três famílias já integradas. “Continuamos a contactar com muitas das famílias refugiadas espalhadas pelo país, e embora ainda nem todas tenham conseguido emprego, não temos conhecimento de ninguém que tenha saído das casas para onde foram devido a alguma situação mais desconfortável”. Depois de três semanas a vive-

No dia da nossa reportagem estavam em Aveiras de Cima para participar nas atividades da Ávinho

rem no pavilhão, um proprietário de Vale do Paraíso cedeu uma casa de que não precisava no momento a Svitlana e a Yana na localidade. Pagam apenas as despesas de luz, água, e gás, dado que esse proprietário, segundo nos refere Svitlana, num gesto de boa vontade, que agradece, prescindiu da renda. A ucraniana está neste momento empregada num jardim de infância em Azambuja, e a filha frequenta a escola secundária também na sede de concelho. Aprender a língua não tem sido fácil, “mas estamos a tentar”.

A filha está a ter algumas dificuldades na escola, mas com ajuda vai resolvendo. A duas referem que têm sido muito bem tratadas pela população desde o primeiro dia e que a estadia no pavilhão acabou por correr bem. “Tivemos comida, cama, banho, e cuidado, porque fizeram tudo por nós”. “Sentimo-nos muito seguras”, enfatiza, tendo em conta os traumas da guerra e o estatuto de refugiadas. Para trás ficou uma vida na Ucrânia que esperam um dia recuperar. Svitlana dirigia com o marido

uma empresa familiar de camionagem no setor da logística. Tinha uma vida estável que a guerra veio destruir. Agora com uma nova atividade profissional diz que está a gostar de conviver todos os dias com “crianças pequenas e amorosas”. Regularmente apanha boleia com residentes de Vale do Paraíso para o trabalho ou no regresso – “Vou com a Dina Patrício e regresso com o professor José Paulo”. Nos tempos livres, mãe e filha costumam andar de bicicleta, disponibilizada pelo presidente da junta, Sérgio Alexandre, e vão até

Aveiras de Cima. Também já participaram numa excursão organizada pela associação e foram de comboio com outros compatriotas até Cascais e Lisboa. Mas Svitlana gosta especialmente da terra que a acolheu – “É tudo muito verde e bonito”. Svitlana também se está a habituar aos pratos portugueses e não tem dúvidas em referir que o pão é melhor do que na sua terra, e conta que fruta como nêsperas foram uma revelação para as duas. Nesta altura, a ucraniana não faz ideia se a sua casa ainda está de pé ou não, mas as casas da irmã e da mãe já foram destruídas, e não têm lugar para viver se quiserem regressar. Continua a contactar com outras mulheres refugiadas que também passaram pelo pavilhão, que lhe dizem que estão bem, sendo que muitas delas já estão a trabalhar. Para além de querer voltar ao seu país para o reconstruir, gostaria de um dia receber na Ucrânia todos os amigos que já fez em Vale do Paraíso, e quem sabe ir regressando a Portugal de férias. “Gostaria imenso que o meu filho e o meu marido vissem este sítio, Vale do Paraíso, mais do que o oceano ou outra paisagem qualquer, porque este é um lugar espetacular”.

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Movimento Cívico Pela Saúde em Azambuja sai da reunião com a ministra sem promessas de mais médicos Movimento Cívico Pela Saúde em Azambuja foi recebido, no dia 12 de maio, pela ministra da Saúde, Marta Temido, e pelo secretário de Estado, Lacerda Sales. Na mesma reunião esteve ainda presente Luís Pisco da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Em declarações ao Valor Local, Armando Martins, que se fez acompanhar do presidente da Câmara, Silvino Lúcio, da vereadora Ana Coelho, e da deputada Vera Brás (PS), bem como de elementos do próprio movimento, refere que Marta Temido não se comprometeu com mais médicos para o concelho de Azambuja. Nesta altura há uma carência de sete clínicos para todo o município. Mas assegurou a Armando Martins que vai resolver de imediato situações que estão a correr menos bem no centro de saúde e que vão desde casas de banho que não estão disponíveis para os utentes, fraco atendimento ao utente por parte dos funcionários, dificuldades no estabelecimento de ligações telefónicas para o centro de saúde, e deficiências dos balcões SNS 24 nas freguesias por falta de articulação com os postos de saú-

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Em novembro, o movimento levou a cabo uma manifestação em frente ao centro de saúde

de. A ministra da Saúde assegurou ao movimento que quer dar respostas efetivas à falta de médicos até final

do ano, nomeadamente, na zona de Lisboa e Vale do Tejo onde esta realidade é mais premente. No caso do concelho apenas possui

um 1/3 dos necessários. Sessenta por cento da população não tem médico de família. O país vai contar com 324 novos especialistas

em breve que Marta Temido espera conseguir colocar na região. No parlamento, em resposta à deputada Vera Braz, a ministra anunciara, na quarta-feira, que das cinco vagas previstas, entretanto para o concelho de Azambuja, uma delas será alvo de um pacote de incentivos na casa dos 40 por cento. O problema é que na maior parte dos casos, estes concursos, por vezes, ficam desertos. Armando Martins não se coibiu de colocar o dedo na ferida e demonstrou a Marta Temido que há “mau ambiente” entre os funcionários do centro de saúde que se revela depois na relação com o utente, exemplificando - “Sei de pessoas que se dirigiram ao centro de saúde para marcar uma consulta, e foi-lhes dito rispidamente que não havia médico e que se quisessem que fossem para o livro de reclamações”. Marta Temido terá ficado surpreendida, e prometeu resolver no imediato este tipo de situações. Armando Martins falou de falta de liderança por parte das várias direções do centro de saúde, porque ao que tudo indica dentro das quatro paredes da unidade “o clima não é bom e há médicos que

não aguentam a pressão”. Armando Martins referiu ainda que o centro de saúde não colabora devidamente com os balcões SNS 24 o que está a inviabilizar “esta valência que podia ser boa para a população”. Também neste domínio, Marta Temido comprometeu-se a resolver a situação, bem como na dificuldade que existe no atendimento telefónico. “Vimos satisfeitos da reunião. Infelizmente a senhora ministra não se conseguiu comprometer com prazos para que venham mais médicos. Disse que uma das possibilidades de futuro é fazer com que exista um período mínimo de permanência dos jovens médicos licenciados no setor público para que colmatem as deficiências. Também falou na possibilidade de se ir buscar médicos ao Brasil ou a Cuba, mas mesmo nesses países já não abundam profissionais. Disse que até ao fim do ano espera encontrar essas soluções. Contudo acho que Azambuja ficou na agenda da ministra que se mostrou muito surpreendida com o que se passa no centro de saúde e assegurou que vai resolver o que está mal”.

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Famílias carenciadas de Castanheira do Ribatejo vítimas de especulação imobiliária pedem ajuda Sílvia Agostinho arina Soares, 46 anos, e Patrícia Silva, 37 anos, são duas moradoras em Castanheira do Ribatejo que enfrentam neste momento um delicado momento nas suas vidas. Com carências económicas, e com problemas de saúde nas suas famílias, viram o senhorio de um momento para o outro já em 2021 a querer aumentar a renda para o dobro. Vivem num edifício já com algum nível de degradação e falta de manutenção na Avenida D. Carlos Leal. Pagam atualmente uma renda de 300 euros. Qualquer casa ou apartamento no concelho de Vila Franca ou nos arredores não fica a menos de 600 euros. Recorreram à Câmara e estariam dispostas a continuar a pagar uma renda de 300 euros numa habitação municipal, mas neste momento não há disponibilidade. O programa 1º Direito ainda está atrasado e a lista de munícipes carenciados é longa. Contudo criticam fundamentalmente a “falta de sensibilidade” do presidente da autarquia, Fernando Paulo Ferreira para os seus casos. O prédio de dois andares onde habitam foi vendido em 2020 à empresa Socoland, e em 2021 “começaram a enviar cartas para aumento de rendas para o dobro” com oposição à renovação de contrato para introdução de um novo que permitisse mexer nas rendas, refere Patrícia Silva. Desde que esta empresa tomou conta do prédio “que deixaram de enviar os recibos das rendas e quiseram aumentar o valor para 680 euros por mês”. Carina Soares conta que de lá para cá desdobrou-se em “entrevistas na televisão” até porque tem quatro filhos, alguns deles com necessidades especiais. Contactada a Socoland pelo nosso jornal, esta empresa refere que não tem mais esclarecimentos a fornecer sobre o assunto. A Câmara, no ano passado, ainda conseguiu chegar a acordo com a empresa para aumentos mais pequenos, em que ficariam a pagar 375 euros, contudo “como eu fui para a comunicação social voltaram atrás, e queriam de novo que pagasse os 680 euros”, recorda Carina Soares. Já Patrícia Silva conseguiu fechar acordo pelo valor de 350 euros até dezembro e 400 euros em 2023, mas nunca viu o contrato. Carina Soares tem até 31 de maio para sair. Carina Soares tem a seu cargo quatro crianças menores, três delas com necessidades especiais. “O Kiko (Francisco) tem Hidrocefalia, Trissomia 21 e outras comorbilidades. A So-

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Patrícia Silva e Carina Soares lamentam a falta de atenção que a Câmara tem dado ao seu problema

fia tem um quadro de autismo, Transtorno de Ansiedade Generalizada, défice de atenção e hiperatividade. O Miguel também tem autismo e hiperatividade”. O marido neste momento está no seguro porque sofreu um acidente de trabalho, estando a auferir 70 por cento apenas do ordenado bruto. Já Carina Soares como cuidadora informal recebe do Estado 360 euros. O casal recebe ainda alguns apoios devido à situação de saúde dos filhos. No total o casal disporá de um rendimento de 1300 euros mensais, contudo “para pagar uma renda de 600 euros ou mais não conseguiria fazer face aos outros encargos, como a alimentação, as terapias do Francisco que rondam mais de 500 euros, e que incluem psicomotricidade, musicoterapia, fisioterapia”, elucida. Já Patrícia Silva tem três filhos, sendo um deles uma bebé de quatro meses. Neste momento o único recurso financeiro são os 735 euros da baixa do marido que também teve um acidente de trabalho, mais os abonos das crianças, o que dá feitas as contas 900 euros. Patrícia Silva ficou desempregada no ano passado durante a pandemia, entretanto e como engravidou foi despedida. “Não tive direito a subsídio de desemprego, porque estava nesse trabalho há pouco tempo”. O mercado da habitação “está impossível” com preços entre os 650 e os 800 euros. Carina Soares tem nesta altura um crowdfunding a decorrer online, sendo que à data de fecho deste jornal, e uma semana depois do nosso encontro com esta moradora já ia nos 8393 euros de

apoios, o que permitirá fazer face aos primeiros custos inerentes à nova habitação. Contudo a postura da Câmara é duramente criticada pela moradora que recorda uma reunião em que estava presente um elemento do executivo que não quis dar o nome, referindo apenas que seria a responsável do pelouro da habitação, numa alusão a Manuela Ralha. “Ela simplesmente fez um monólogo e quis pôr-me na rua”. “Provavelmente não gostou que eu tivesse ido para a comunicação social falar deste caso”. O próprio presidente da Câmara é criticado pela moradora “pois está sempre a dizer que somos as únicas que nos queixamos, quando houve mais moradores nossos vizinhos e de outros prédios a serem intimados pela empresa”. Carina Soares considera que foi vítima de represálias “ao ter dado da cara na comunicação social”. Patrícia Silva também equaciona abandonar o prédio até ao final do ano dado que o aumento de 400 euros já lhe fará muita mossa. Considera os 900 euros que tem para gerir insuficientes quando “falamos de três crianças e todas as despesas associadas”. Já quanto à postura da Câmara diz que é para esquecer. “Não nos ajudaram em nada, e quando falo é deste presidente, porque o outro ainda tentou, mas para grande azar nosso este é que lá está agora. Alberto Mesquita até disse num jornal que queria ajudar nem que fosse com alguma verba, mas, entretanto, veio este executivo…”. A perceção das moradoras face ao modo de atuação de Fernando Paulo Ferreira piorou

ainda mais aquando da última reunião de Câmara, onde o presidente da autarquia tentando colocar alguma água na fervura ainda piorou mais o quadro, de acordo com as moradoras, quando

aconselhou Patrícia e Carina a fazerem “uma melhor gestão do processo” para não colocarem os menores em risco. “Eu percebi essa frase como uma ameaça no sentido de me calar”, diz Carina

Soares. A dada altura o autarca recomendou encontrar um trabalho. Patrícia Silva percebeu que esta frase teria a sua pessoa como destinatária da alusão, contudo explica que com uma bebé de quatro meses em casa não consegue arranjar emprego para além de que lhe já foi dito por uma assistente social de uma IPSS que o importante, neste momento, era dar assistência à criança porque tem de dar de mamar à bebé. “Uma assistente social da Câmara queria que eu fosse trabalhar nestas condições”, constata, adiantando que está disponível para arranjar emprego, mas à posteriori. Na mesma reunião, Fernando Paulo Ferreira referiu que com alguma calma ainda se conseguiria mais um ano de rendas acessíveis com o atual senhorio, mas estas moradoras não acreditam em mais promessas. O Valor Local confrontou o município com todas as críticas efetuadas pelas moradoras, mas o município remeteu qualquer tipo de justificações para a reunião de Câmara onde as munícipes estiveram presentes, não mostrando interesse em aprofundar mais o tema.

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Varandas del Rei adquirido por fundo imobiliário empreendimento Varandas del Rei já foi adquirido por uma nova empresa, neste caso o fundo Álgebra Capital. O complexo de apartamentos situado à entrada de Alenquer junto à Romeira cuja construção data de 2007/2008 pensado para uma habitação de classe média alta tendo em conta a Plataforma Logística da Castanheira e o aeroporto da Ota vai sofrendo os reveses do tempo, e da degradação e algumas paredes já foram alvo de vandalismo. O Valor Local sabe que o bloco de apartamentos foi alvo de um leilão através da LC Premium e que o valor da compra foi de 8 milhões 123 mil euros. Quando o valor do investimento nesta obra por parte de Ilídio Mendes da Promocasa Cooperativa Crl, que abriu insolvência nos últimos anos, tinha chegado aos 13 milhões de euros. Localizado à entrada da vila de

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Alenquer, o empreendimento “Varandas del Rei” tem sido mais um elefante branco no ramo da habitação a dar as boas-vindas a quem passa na estrada nacional. Cerca de 72 apartamentos fazem parte do complexo. Quando a sua construção foi finalizada, o angariador imobiliário Duarte Luís, ouvido em 2014 pelo nosso jornal, referiu que ainda investiu bastante em material de propaganda e chegou a mostrar alguns apartamentos a interessados. Estávamos em 2008. Os preços, à época, eram os seguintes: cerca de 120 mil um T3; e 150 mil um T4. Até há poucos anos ainda era visível da estrada, a placa de T2 a 100 mil euros. Contactámos a Álgebra Capital para saber para quando serão colocados os imóveis no mercado e quais os preços a praticar mas não obtivemos resposta até fecho desta edição.

Varandas del Rei foi adquirido em leilão por um fundo imobiliário

Programa “Embaixadores da Juventude” procura incentivar jovens vilafranquenses M ostrar e demonstrar as capacidades dos jovens do concelho de Vila franca de Xira é a missão do projeto “Embaixadores da Juventude”. A iniciativa já tem um ano de existência, mas começa agora a ganhar uma nova comunicação e consequentemente uma nova roupagem Os objetivos, esses mantêm-se, mas o novo executivo quis imprimir um novo ritmo neste projeto. João Pedro Baião, vereador com a pasta da juventude da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, explicou à Rádio Valor Local, que esta iniciativa vai parar no mês de maio para um balanço sobre os meses anteriores, sendo que lhe coube a si, enquanto

responsável por esta pasta, aproveitar e fazer um resumo “positivo”, isto tendo em conta todos os “embaixadores” apresentados nos últimos meses, à média de um por mês e que são oriundos das mais variadas áreas. Ao Valor Local, o vereador destaca que para já foram dez os “Embaixadores da Juventude” os que foram dados a conhecer pelo município nas suas mais variadas plataformas. João Pedro Baião refere que um dos objetivos “é mostrar exemplos concretos de pessoas concretas que vivem no nosso concelho, dando a conhecer que tiveram sucesso, que batalharam

e estudaram, e que assim conseguiram os seus objetivos”. Em suma, “dar a conhecer estas histórias de sucesso incentivando os jovens a não desistir e a batalharem pelos seus próprios objetivos”. O vereador destaca a aposta da Câmara Municipal nos mais jovens com a criação de uma divisão em particular dedicada à juventude. Considera este objetivo uma mais-valia, tanto mais que reafirma que os próprios (jovens) querem, agora, estar mais perto dos centros de decisão e procuram estar mais envolvidos nas atividades. No que toca às áreas em que os jovens mais se destacam, João

Pedro Baião, aponta o ambiente e as alterações climáticas “como sendo um tema de interesse”, mas também “as áreas de animação e lazer como tem acontecido no próprio programa do Festival da Juventude”, levado a cabo pelo município vilafranquense, onde “foi notória a quantidade de jovens que encheram o Parque Urbano do Cevadeiro”. Para o vereador, está em curso um momento de libertação para os jovens que têm aderido, não só em Vila Franca como em toda a parte, às mais variadas iniciativas. A pandemia veio atrasar a vida social do país e claro dos mais novos, que querem agora

Vereador da Juventude deu a conhecer os objetivos deste programa

Novo espaço de lazer no Carregado F

oi inaugurado um novo espaço de lazer junto ao Pavilhão da Associação Desportiva do Carregado, no Bairro 25 de Abril, no Carregado, no dia sete de maio. A obra teve um custo de 100 mil euros e permitiu requalificar uma área de 1370m2. A obra compreendeu a criação de um parque infantil, de uma bolsa de estacionamento, bem como a respetiva pavimentação que atravessa esta área, complementada com um sistema de rega e uma rede de iluminação pública. José Martins, presidente da União de Freguesias Carregado/Cadafais, saudou a obra “que há muito estava agendada”. Pedro Folgado, presidente da Câmara Municipal de Alenquer, realçou que neste mandato pretende fazer mais investimento no Carregado, sendo esta uma “preocupação acrescida”. O projeto desta nova área de lazer foi apresentado “sendo que tentámos introduzir algumas melhorias, e hoje está aqui executado”.

Novo espaço de lazer inaugurado por Pedro Folgado e José Martins


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Alverca

SFRA quer captar mais jovens para a sua atividade os 148 anos de vida, a Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense (SFRA), continua a dar sinais de vitalidade e jovialidade. A coletividade maior de Alverca do Ribatejo continua com muita atividade e a proválo estão os vários espetáculos que se seguem, nas próximas semanas, com João Baião, Anabela, e Ricardo Carriço, entre outros. João Paulo Silva, presidente da SFRA, diz que os tempos não têm sido fáceis, mas confessa que a capacidade de resiliência da direção, dos sócios, funcionários e voluntários, tem sido o “motor” desta associação, que nem mesmo em tempos de pandemia “deixou de cumprir os seus compromissos com os funcionários”. João Paulo Silva recorda os tempos difíceis do primeiro mandato, em que teve de recuperar financeiramente a coletividade, mas ainda assim confessa que tem “valido a pena levar esta casa a bom porto”. A SFRA não fecha e trabalha todos os dias - “Temos sempre a casa cheia de gente e é o que nos obriga a fazer sempre novos projetos”. No entanto, no tempo da pandemia, que ainda não acabou, a

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SFRA foi tentando manter a atividade. Extinguiu dois postos de trabalho, mas confessa o presidente, os ordenados estiveram sempre em dia. O responsável salienta o apoio da autarquia, mas refere também que a SFRA tem fundos próprios, graças a um empréstimo que fez no passado e isso acabou por ser um balão de oxigénio financeiro para os tempos mais difíceis. João Paulo Silva salienta que a SFRA tem várias atividades, entre elas, a ginástica e a natação, mas a cultura e a banda filarmónica são de certa forma o cartão de visita. Com mais de 50 músicos, a banda da SFRA continua o seu trabalho de pesquisa de novos talentos e novos músicos. Nos últimos fins de semana, a coletividade foi para a rua para cativar os mais novos através da colocação de baterias o que fez com que muitos jovens aderissem. No entanto a SFRA tem merecido muito carinho da parte do público em geral. São muitos os voluntários que querem dar apoio às várias atividades da coletividade, ao ponto de terem votado em peso também no Orçamento Participativo que levou à criação da Casa do Músico.

João Paulo Silva esclarece que o projeto, que demorou vários anos a ser concluído, tem verbas do orçamento participativo, mas também da junta de freguesia e da própria coletividade. O

João Paulo Silva deu conta que a SFRA passou o período de pandemia da melhor forma que soube PUB

objetivo é servir de acolhimento para os músicos ou como referiu o presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, para alojamento local, podendo tam-

bém ser uma fonte de receita para a SFRA. Sobre este projeto, João Paulo Silva, diz querer agora rentabilizá-lo ainda mais. O espaço tem 48 camas, e o presidente da di-

reção pretende que seja usado para acolher também convidados de outros pontos do país que possam vir a Alverca trocar experiências e mostrar a sua cultura.


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Obras na Nacional 3 continuam na gaveta do Governo Miguel António Rodrigues icou sem resposta a pergunta da deputada Vera Braz (PS) ao ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Pedro Nuno Santos sobre o início das obras na Nacional 3. A deputada aproveitou a discussão na especialidade do Orçamento de Estado para recordar ao governante o “alto índice” de sinistralidade na Estrada Nacional 3, nomeadamente no troço que liga Azambuja ao Carregado. Vera Braz lembrou a existência de um projeto que compreende duas rotundas com um custo de 250 mil euros num troço de dois quilómetros, existindo ainda um acordo escrito entre a Infraestruturas de Portugal e o município de Azambuja desde 2019 com vista a esta obra. Para Vera Braz, o percurso de doze quilómetros que liga as duas localidades é importante, mas se as obras começassem nestes primeiros dois quilómetros, já seria importante para minimizar a sinistralidade. Vera Braz recordou ao ministro que por ali passam cerca de dez mil veículos por dia e que a Nacional 3 serve Lisboa, porque ali

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Palco de acidentes e de elevado trânsito continua sem merecer a devida atenção do Estado no entender dos vários agentes do concelho de Azambuja

estão os armazéns de distribuição das principais operadoras de logística do país, nomeadamente a Sonae, Auchan e Pingo Doce. A questão de Vera Braz não foi respondida, assim como, muitas outras feitas por deputados socia-

listas ao ministro. Ao todo foram mais de 70 as perguntas efetuadas pelos deputados dos vários grupos parlamentares, sendo que muitas ficaram sem resposta. O Valor Local sabe que a deputada socialista vai agora enviar

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questões concretas por escrito, pois este é um assunto que continua na ordem do dia. Nos últimos dias, Silvino Lúcio encontrou-se com responsáveis da IP sendo que lhe foi dito que o ministério já enviou para as Finanças

os documentos com vista à libertação da verba. A obra deverá arrancar na melhor das hipóteses em 2023, tendo em conta “que será necessário lançar procedimentos e fazer expropriações”. O presidente da Câmara também

saiu de mãos a abanar quanto à necessidade de colocação de passadeiras junto à saída da autoestrada do Norte em Aveiras de Cima, tendo em conta os muitos acidentes que ali ocorrem. “A IP é intransigente nesse aspeto. Dizem que temos de fazer uma passagem aérea. Ainda tentámos convencer dessa necessidade, mas disseram que não”. A Nacional 3 tem um alto nível de sinistralidade, e em 2018 chegou a ser feita uma marcha lenta que juntou centenas de pessoas entre Azambuja e Vila Nova da Rainha, onde foi colocado um monumento pelas vítimas. Um carro cortado ao meio, uma obra da autoria de José Carlos Matos, dava o mote por um daqueles assuntos que não tem sido pacífico nos últimos anos, nomeadamente, com a ausência de respostas por parte do Estado ao nível da segurança rodoviária. Há muito que a Câmara, Bombeiros e Proteção Civil pedem um traço contínuo, um separador e rotundas para que os pesados não virem à esquerda. No entanto até ao momento, e apesar de existirem até compromissos com empresas locais, nada passou do papel para o terreno.

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Traçado da Linha de Muito Alta Tensão não foi alterado

População de Casais das Boiças sente-se enganada por promotor da Torre Bela e ameaça com providência cautelar um autêntico balde de água fria para a população de Casais das Boiças, na freguesia de Alcoentre, que há cerca de um ano encetou uma luta pela deslocalização da Linha de Muito Alta Tensão (LMAT) que faz parte do projeto fotovoltaico da Torre Bela, do interior da localidade para a zona do olival da Torre Bela, mais longe das casas, de modo que não causasse incómodos, mas volvidos vários meses tomou conhecimento que tudo permanece mais ou menos na mesma. O promotor composto pelas empresas Aura Power e CSRTB Unipessoal Lda entregou na Agência Portuguesa do Ambiente (APA) uma proposta de traçado em tudo semelhante à primeira com algumas ligeiras nuances, mas que a ir para a frente continuará a passar por cima de Casais das Boiças que já convive há décadas com outras duas linhas do mesmo género e não quer uma terceira. Numa reportagem do Valor Local efetuada em junho do ano passado assistimos a relatos da população que se queixava de diversos problemas de saúde relacionados com esta realidade na localidade. No dia 11 de maio, a população reuniu-se com o presidente da Câmara Silvino Lúcio e com o presidente da junta de Alcoentre, Francisco Morgado, mas sem a presença do promotor que não conseguiu estar presente, para exigir uma tomada de posição. António Loureiro, uma das vozes deste movimento de cidadãos de Casais das Boiças, referiu-se a esta terceira proposta de traçado (recorde-se que houve uma segunda que passava na localidade de Alcoentre numa zona ainda

É

Moradores acusam promotor de faltar ao prometido à população para agradar ao proprietário da Torre Bela

mais populosa e que também não foi do agrado da população) como “uma operação de cosmética”. Em declarações ao Valor Local, o habitante de Casais das Boiças declarou que de forma “cirúrgica”, o promotor afastou a linha “das casas de três moradores em específico”, nomeadamente, os que têm estado na linha da frente na oposição ao traçado – António Loureiro, Francisco Dionísio, e Patricia Pellissier. “Continuamos contra este traçado proposto, quando o que queremos é a sul, por cima das oliveiras, devendo entroncar com o corredor que vai levar energia para Rio Maior”. Salientando que a ir para a frente o que está em cima da mesa “vai desvalorizar terrenos e as pessoas não vão ficar a residir na terra”. Ainda em declarações ao nosso

jornal, Loureiro explica que na prática este corredor é igual ao outro, e “nalguns casos até se aproxima mais de algumas residências, nomeadamente, na denominada zona dos Coelhitos”. Já Francisco Dionísio, outro habitante que tem estado na linha da frente, referiu que a empresa continua a brincar com a saúde das pessoas – “Há alternativas viáveis com a passagem da linha por cima de mato, e de oliveiras, onde não mora ninguém, mas preferem continuar a prejudicar os habitantes”. O morador referiu que investiu muito na sua casa e que não está disposto a desvalorizá-la patrimonialmente com a nova LMAT, referindo-se ao desenho do projeto como o triângulo da morte, com a vinda de uma terceira linha para a povoação. “Vai descaracterizar toda a área

entre Casais das Boiças e Alcoentre”. O munícipe não tem dúvidas que se a LMAT avançar nas atuais condições vai enveredar pelas vias judiciais com a apresentação de uma providência cautelar, e se preciso for recorrendo a “instâncias europeias”. Rui Seabra, é outro habitante de Casais das Boiças, a quem, neste caso, a empresa propôs-lhe uma compensação de 1100 euros para que pudesse ser colocada na sua propriedade uma estrutura de apoio. Contudo recusou porque pretende construir no local uma casa para a filha. “É de lembrar que eles não têm direito de expropriar ninguém, porque não estamos a falar em terrenos que se situem em alguma servidão do domínio público”. O morador está muito angustiado com a

terceira proposta de traçado que no seu caso fica ainda mais próxima da sua casa do que as anteriores. “Não quero ficar intoxicado com mais alta tensão. Isto é tudo muito ilógico e denota falta de respeito pelas pessoas”. Na reunião, o presidente da Câmara, Silvino Lúcio, denotou não estar a par das démarches que a empresa possa ter tomado desde há um ano para cá, sendo certo que a Aura Power assegurou que estava disponível para ir de encontro às pretensões dos habitantes, que nesta altura não têm dúvidas de que o promotor não quis desagradar ao seu “senhorio”, os proprietários da Torre Bela no fundo, e arriscou em manter praticamente o mesmo traçado. “Mas afinal o que é mais importante, as oliveiras ou as pessoas?”, atirou Zélia Nobre,

moradora também presente na reunião. Instando pelo Valor Local, quanto ao facto de a Câmara ter perdido a liderança deste dossier aquando do envio do terceiro traçado para a APA ao não ter monitorizado junto do promotor se de facto a proposta era a desejada pela população, Silvino Lúcio reconhece que lhe falta alguma informação, mas diz-se disposto a ir até ao fim nesta luta da população de Casais das Boiças – “Vamos ver como é que vai ser, vamos falar com o proprietário no sentido de o sensibilizar que o traçado mais correto é o que passa por cima das oliveiras, porque não os prejudica. Não serão meia dúzia de postes que vão estragar o olival”. O Valor Local contactou o antigo presidente da Câmara Municipal de Azambuja, Luís de Sousa, que confirma que a empresa se comprometeu, (numa reunião que teve lugar ainda antes do envio do traçado para a APA, e onde estiveram presentes para além de si, o presidente da junta de Alcoentre, os moradores António Loureiro, Patricia Pellissier e Francisco Dionísio) a desenhar o corredor de acordo com as pretensões da população. Luís de Sousa refere que ficou convencido de que a empresa ia cumprir a sua palavra tanto mais que as palavras do promotor foram ditas na presença dos responsáveis autárquicos e da população. Ao Valor Local, Simon Coulson, CEO da Aura Power, no último email trocado com o nosso jornal, já este ano, referiu que não ia prestar mais declarações sobre o parque fotovoltaico da Torre Bela e respetiva LMAT.

Escola de Tagarro ainda não passou para a posse da Câmara de Azambuja U

m ano passado da notícia do Valor Local de que a escola de Tagarro, propriedade do município de Azambuja, que desde 2008, através de um contrato de direito de superfície, serve de instalações à empresa Nobre e Filhos, mais tarde, Ocean Othon – Investimentos Turísticos SA, não registava qualquer tipo de atividade no seu interior e como tal deveria voltar à posse da Câmara, que nada foi feito. Na reunião de Câmara decorrida, neste mês de maio, em Alcoentre, o ponto de situação foi levantado por um munícipe que relembrou o processo de degradação do edifício até ser recuperado pelo antigo presidente

Joaquim Ramos, contudo nunca foi posto ao serviço da comunidade, ao contrário da escola Grandella de Aveiras de Cima, recuperada na mesma altura, e que hoje é sede da biblioteca local. O processo com a empresa que está insolvente não foi concluído. Luís de Sousa, presidente da Câmara, referiu, em 2021, que a empresa estava disponível para entregar o mais depressa possível as chaves à autarquia. Até porque há muito tempo que não se via vivalma por aquelas instalações que permanecem desocupadas, e nesta altura já com muito mato em seu redor. Numa primeira fase, a empresa disse que queria ser res-

sarcida dos investimentos, mas em 2021 não eram conhecidos obstáculos. Apesar de todas as condições reunidas à partida para que o edifício passasse para as mãos da Câmara, o impasse permanece. O antigo presidente da Câmara, Luís de Sousa, que esteve na reunião que teve lugar em Alcoentre, viu-se na necessidade de adiantar que estava a ser tratada, no final do seu mandato, a passagem do edifício para a Câmara, um assunto que não estava na posse do presidente eleito nas últimas autárquicas, Silvino Lúcio, que julgava que nada tinha sido feito para reverter a situação.

Um património histórico que a Câmara entendeu que ficava melhor para servir de sede a empresas particulares


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Entrada da Oestecim no capital da empresa em perspetiva

Boa Viagem anuncia reforço de horários em Arruda dos Vinhos Câmara de Arruda dos Vinhos em conjunto com a Comunidade Intermunicipal do Oeste (Oestecim) promoveu uma sessão de esclarecimento sobre as novidades para o transporte público, agora que o casamento com a Rodoviária do Oeste/Boa Viagem do Grupo Barraqueiro parece caminhar a passos largos. A sessão serviu essencialmente para dar a conhecer o reforço da cobertura em algumas das carreiras que passam no concelho, face às muitas críticas de falta de transportes em determinados horários. Paulo Simões da Oestecim voltou a frisar que o compromisso da entidade e dos municípios continua a basear-se na premissa de criar um transporte que seja “universal, conectado, mais verde e limpo”. Contudo as queixas quanto aos transportes continuam a ser mais do que muitas. Elisabete Nogueira, utilizadora dos autocarros, deu conta que continua a não existir transporte entre as 9h00 e as 12h45 na carreira 88 com destino a Lisboa, com passagem por Fresca, Arruda, Ado-Barriga, Loures (hospital) e finalmente a capital. Já Susana Rosado que tem dois filhos a frequentar a universidade em Lisboa, lamenta que os serviços ainda não tenham melhorado. “Sou uma potencial utilizadora, mas tem de haver mudanças para melhor, porque com estes horários é impossível, e penso que seria de fazerem um investimento realmente a sério, porque o combustível está cada vez mais caro, e se tivessem outra oferta chamariam mais pessoas para o transporte público”, frisou. Deixou ainda a sugestão de mais autocarros com destino a Vila Franca de Xira

A

António Andrade da Boa Viagem, André Rijo, e Paulo Simões confiantes numa nova era para os transportes na região

“para permitir que os passageiros pudessem depois apanhar o comboio para Lisboa”. Ruben Martins, outro utente dos transportes, quis saber ainda se a Carris Metropolitana que em breve vai chegar a Vila Franca também pretende operar em Arruda. Paulo Simões esclareceu que a zona Oeste não faz parte do lote da Área Metropolitana de Lisboa (AML). Em cima da mesa esteve ainda a nova realidade em perspetiva que pretende revolucionar o sistema de transportes na região Oeste com a Oestecim e os municípios a entrarem no capital privado da Boa Viagem com 51 por cento, o que permitirá outra margem de manobra, mais capacidade de investimento através dos fundos estruturais, e no

fundo proporcionar melhor serviço, isto de acordo com a comunidade intermunicipal. “Estamos a ouvir as câmaras municipais e a sociedade civil”, destacou Paulo Simões. Os municípios já são os principais financiadores das empresas de transportes por via do Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART). Durante a pandemia assistiu-se a uma retração da procura, mas também da oferta que a empresa agora procura retomar, sendo que atualmente a oferta é inferior em 19 por cento face ao período pré pandemia, enquanto a procura regista uma queda de 27 por cento. “A aposta está no reforço da oferta em Arruda dos Vinhos, nomeadamente, da carreira 88 que foi reposta a um

ritmo superior ao crescimento da procura”. Em 2018, para oito horários na carreira 88, seguiam em média 26 passageiros nos autocarros da Boa Viagem; e em 2020 para 9 horários, a média era de 37 pessoas, e por fim em 2022, a média é atualmente de 29 pessoas em oito horários. Paulo Simões deu conta que haverá incentivos para quem utilizar o transporte público através do projeto Oeste + Recicla com a colocação de uma máquina que recebe embalagens de alumínio ou de plástico para reciclagem com descontos à posteriori nas viagens de autocarro. Um dos objetivos, segundo André Rijo, presidente da Câmara passa ainda por aproximar o preço dos passes dos praticados na AML, onde os utilizado-

res pagam 40 euros, enquanto que os cidadãos de Arruda e da zona Oeste que se desloquem todos os dias para concelhos da área metropolitana como Lisboa, Vila Franca de Xira ou Loures, entre outros, pagam 70 euros porque o passe é combinado, “mas isso só se consegue tendo margem para reduzir o nosso próprio tarifário para menos de 30 euros” com a possibilidade de “o operador poder gerar mais receita com mais pessoas a entrarem no sistema”. O presidente da Câmara mostrou ainda algum entusiasmo pela possível introdução de novas valências como o transporte a pedido em que “uma vez por semana o autocarro passa pelas localidades e transporta as pessoas para o hospital, ou para o

centro de saúde”, face à realidade atual de autocarros vazios em determinados horários. Paulo Simões está confiante de que a entrada no capital da Boa Viagem conforme tudo aponta, permitirá uma poupança de seis milhões de euros ao longo de 10 anos, em contrapartida com um possível modelo de concessão como está a ser adotado em outras comunidades intermunicipais, mas sem sucesso, porque os concursos lançados ficaram desertos. Por outro lado, “este modelo pode dar mais estabilidade ao nosso parceiro que de outra forma não tinha capacidade de investimento. Ninguém pode dizer que este modelo é isento de riscos, mas é o mais interessante e razoável do ponto de vista económico”.

Burocracia continua no caso de Cisbela Ferrão C ontinua num imbróglio o caso da cuidadora informal de Azambuja, Cisbela Ferrão, que aguarda por parte do Tribunal de Alenquer um desfecho quanto ao caso da sua mãe, doente de Alzheimer em último grau, para que comece a receber uma pensão na ordem dos 500 euros, e do qual demos conta na última edição do Valor Local. A funcionária judicial já esteve na casa de Cisbela Ferrão para avaliar as condições da mãe, Liberdade Rosa. “Telefonou-me a dizer que vinha, aliás já estava num táxi aqui à porta. Perguntou o nome à minha mãe, que nesse dia conseguiu dizer como se chamava,

porque é mesmo assim que funciona a doença”. Segundo Cisbela, a funcionária viu as condições em que se encontra a sua mãe e o facto de precisar de ajuda para basicamente todo o tipo de atividades diárias. Segue-se agora um novo calvário com a necessidade de levar a mãe a uma junta médica no Hospital de Vila Franca de Xira. “São só burocracias à espera que a minha mãe morra”, desabafa. Depois de cumprir este requisito, “a juíza pode chamar-me para falar comigo e com a minha mãe”. A funcionária disse para contar com mais um mês e meio de espera. Cisbela relata que confrontou a funcionária com o

facto de o processo já estar no tribunal há dois anos, mas que ao que tudo indica andou para trás. “A partir do momento em que o meu pai morreu não houve desenvolvimentos. Saiu o nome dele para entrar o da minha filha como cotutora”. O tribunal contactou apenas agora com a família, um ano depois do último contacto que já tinha sido em 2021. “Dizem-me que não há pessoal, mas não tenho a culpa”. Como agora “o reconhecimento do estatuto de cuidador informal foi para a frente, o tribunal deve estar cheio de pedidos, mas temos de fazer barulho, porque a minha mãe está muito velhinha e não recebemos nada”.

Cisbela Ferrão e a filha continuam sem ver a luz ao fundo do túnel


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Ambiente

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Câmara de Azambuja exige recuperação paisagística do aterro perta-se o cerco para o encerramento definitivo do aterro da Triaza em Azambuja. Apesar de neste momento, a unidade estar apenas a receber terra com vista a operações de cobertura, executivo e oposição na Câmara de Azambuja entendem que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) está a fazer prolongar no tempo uma situação que já deu o que tinha a dar. O aterro ultrapassou em mais de seis metros a cota em altura, e no que respeita à quantidade de resíduos que pode depositar na única célula em funcionamento aproxima-se da sua capacidade máxima a passos largos. O Valor Local teve acesso à documentação da CCDR enviada à Câmara com vista ao encerramento do aterro, sendo que aquela entidade desvaloriza o facto de a cota altimétrica já ter sido ultrapassada, referindo que “por via da compressão e da biodegradação dos resíduos” continua a existir capacidade para receber resíduos. Por outro lado, a CCDR terá fica satisfeita com a resposta da empresa do grupo Mota-Engil/Urbaser que face ao pedido prévio para que apresentasse um plano de selagem do aterro no prazo de

A

Aterro tem sido alvo de polémica ao longo dos anos

180 dias, salientou que “apesar da deposição de resíduos se encontrar limitada não se encontra suspensa”, pelo que a CCDR volta atrás e nesta altura é da opinião de que ainda não se encontram reunidas as condições para o encerramento do aterro. Ainda de acordo com a entidade, e no que toca à componente da fiscalização, que tem sido cons-

tantemente solicitada pelo município, uma vez que a comissão que acompanha o aterro se vê impedida de ter acesso à unidade – desde que a Câmara e a empresa estão de relações cortadas – refere a CCDR que “tem mantido o acompanhamento deste aterro em colaboração com outras entidades, entre as quais a Agência Portuguesa do Ambiente (APA)

cujos relatórios nos tem disponibilizado após homologação”, o que tem sido “o suficiente para o referido”. Acrescenta ainda a CCDRLVT que não está prevista a retirada do amianto, uma operação arriscada e que poderia ser ainda mais contraproducente face à possível libertação das poeiras de amianto, de acordo com Rui Berkemeier, especialista de resíduos

da Zero, ouvido pelo Valor Local. Para a CCDR “não existe risco de contaminação das águas subterrâneas atendendo a que a estrutura da célula do aterro se encontra revestida com geomembrana exigida na legislação em vigor, sendo que os lixiviados produzidos são integralmente conduzidos para o sistema de tratamento existente”.

Em declarações ao Valor Local, o presidente da Câmara, Silvino Lúcio, considera que as respostas da CCDR-LVT são “ambíguas”. Sendo que declara que já falou com o novo ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro que garantiu ao autarca que “em breve iríamos falar muito objetivamente sobre o aterro”. “Compreendeu perfeitamente o que se está ali a passar com a ultrapassagem de cotas altimétricas. A Triaza, agora, agarrase ao facto de ainda não ter ultrapassado em toneladas a capacidade do aterro quando estamos a falar numas escassas duas a três mil toneladas”. O autarca considera que é tempo de se passar à próxima fase com a selagem do aterro e recuperação paisagística, para depois se seguir a monitorização da célula durante 30 anos conforme consta do contrato. Já quanto ao facto de se falar na necessidade de retirada do amianto, considera que é uma arma de arremesso político da oposição, e do munícipe António Pires, mas que não faz qualquer sentido. “Sabem muito bem que não há viabilidade para isso, temos pessoas até com alguma credibilidade nesta área que acham que é melhor deixar o amianto enterrado, do que ir para lá escavar aquilo tudo”.


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Opinião

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Empresas elétricas e lucros “caídos do céu”:

Windfall Tax ou Price Ceiling? Ou os dois? m Portugal e na Europa, a inflação bate recordes de décadas. O Senhor Presidente da República, que habitualmente nos deixa prenúncios de forma muito discreta, veio já dizer que teremos de esperar para perceber se o fenómeno inflacionário que vivemos é apenas conjuntural ou se poderá vir a transformar-se em estrutural. Veremos… Em relação aos preços da energia (o fator que mais tem contribuído para a inflação), as medidas apresentadas pelo Governo são positivas, mas faltará ainda a medida das medidas: os chamados Windfall taxes, aos quais o Ministro da Economia fez referência, pela primeira vez, há pouco mais de um mês. Haverá poucas dúvidas de que esta medida virá mesmo a ser aplicada, tal é a dimensão histórica do período que estamos a viver. O preço da eletricidade na União Europeia é definido pela fonte de produção mais cara: o gás natural. Mas, na realidade, a produção de eletricidade a partir de gás natural só corresponde a uma parte da produção total de eletricidade. Isto significa que há empresas energéticas que, produzindo muita eletricidade a partir de fontes diferentes do gás, beneficiam significativamente dos preços elevados da eletricidade, encaixando lucros inesperados e aleatórios, “caídos do céu”. A OCDE estima que, com a atual conjuntura, as empresas elétricas aumentem os seus lucros em cer-

E

ca de 200 mil milhões de euros. Um Windfall tax permitiria taxar as empresas que, sem esforço adicional, beneficiam do surto inflacionário para alavancar lucros. Depois, o objetivo seria redistribuir parte desses lucros aleatórios pelos consumidores finais ou, por exemplo, aliviar a carga fiscal para a classe média. No entanto, para já, o Governo português prefere o estabelecimento de um teto máximo (Price ceiling) para o preço da energia elétrica produzida a partir de gás natural, tendo apresentado em Bruxelas, conjuntamente com Espanha, uma proposta ibérica cujo objetivo é limitar a 50 euros/MWh o preço do gás, compensando os produtores pela diferença face ao preço de mercado na atualidade, que andará em torno dos 100 euros. Em abono desta medida, o primei-

Sem emenda !! incapacidade do Partido Comunista Português em criticar a invasão russa da Ucrânia já não merece grandes comentários. Agora o caso dos ucranianos recebidos na Câmara Municipal de Setúbal, por cidadãos russos pró-Kremlin, com acesso a documentos e dados pessoais, formulando questões sensíveis sobre os familiares que ficaram na Ucrânia, revela uma cumplicidade assustadora, desde logo em termos de proteção dos próprios refugiados. Jerónimo de Sousa diz que todo o mediatismo do caso tem como objetivo manchar a imagem do PCP. Engana-se. A imagem do PCP já está bem manchada. O caso é mediatizado, pois o que se passou naquela autarquia comunista simplesmente ultrapassa todos os limites da de-

A

ro-ministro refere que haverá uma poupança para famílias e empresas portuguesas na ordem dos 690 milhões de euros por mês. Quem não aprecia esta medida são os produtores de eletricidade a partir de fontes renováveis. Como beneficiam da regra que estabelece o preço do gás como de referência, veem assim as suas margens de lucro encolher. E, na verdade, isto pode ser um problema. A própria Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que regula os mercados em Portugal, assume que a proposta ibérica de limitar os preços do gás durante 12 meses poderá impactar negativamente nas expectativas dos agentes de mercado, desincentivando o investimento no setor no presente. O estabelecimento de tetos máximos nesta área de negócio pode conduzir ao afastamento de inves-

Lélio Lourenço

cência. Raia a banalização do mal e exibe-nos até onde chega a normalização do servilismo ao regime autocrata de Putin. Uma vergonha em toda a sua extensão. O que ainda contribuirá mais para o afastamento e um isolamento maior do Partido Comunista na cena política nacional. Recordo que este mesmo Partido Comunista apoiou até outubro de 2021 o governo de António Costa e suportou a sua governação, também com o apoio do Bloco de Esquerda. A reflexão que proponho é como é (foi) possível um governo de um Pais da União Europeia, uma democracia liberal, ter na definição do rumo das suas políticas dois parceiros deste calibre? António Costa, goste-se ou não, é um democrata e a única res-

posta que encontro foi a ambição de poder, quando em 2015, numa desesperada tentativa de chegar ao poder se aliou aos partidos de todos os extremos em nome duma enorme ambição pelo poder e de algum modo salvar a sua carreira política depois da vitoria da coligação PSD/CDS nas legislativas de 2015. As posições do Partido Comunista sobre a guerra na Ucrânia mostram bem que a liberdade e a democracia não são os mesmos conceitos na boca dos comunistas portugueses ou na boca dos verdadeiros democratas, em Portugal ou em qualquer parte do Mundo !!

tidores no presente e também a prazo, em função do precedente que se abre e da incerteza em matéria de expectativas. Isto poderá levar a uma menor capacidade instalada para produzir eletricidade a partir de fontes renováveis no futuro, ficando assim comprometido o processo de transição energética em curso. Deste ponto de vista, num mercado que agora funciona de forma livre e concorrencial, um Windfall tax seria uma solução conceptualmente menos “intrusiva” do que um Price ceiling (fixação de um teto máximo no preço). Parece também ser esta a posição do FMI, da Comissão Europeia e da OCDE. A Comissão Europeia tem

João Santos

inclusivamente um regulamento publicado para orientar os Estados-Membros a aumentar, sem criar disrupções, as contribuições fiscais das empresas elétricas que estejam a registar lucros aleatórios e inesperados nesta fase. Um Windfall tax seria considerado pelas empresas como o equivalente à aplicação da lógica da progressividade fiscal (as partes com rendimentos superiores contribuem mais para a receita fiscal). As empresas considerá-lo-iam sempre mais “natural”, num contexto contingencial, de crise inflacionária e de emergência social como o que se vive. Com um Windfall tax, o risco de dissuadir potenciais investidores no setor no

presente também seria muito menor. São já vários os países que adotaram esta medida. No caso da Itália, foi imposto um Windfall tax de 25% sobre os lucros excecionais das empresas elétricas, para financiar os subsídios sociais atribuídos às famílias mais vulneráveis. Para dar mais um exemplo, Espanha está desde setembro de 2021 a aplicar um imposto às empresas que lucram aleatoriamente com o aumento dos preços da energia, para poder eliminar ou atenuar a carga fiscal sobre as famílias e empresas espanholas.

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho • NIPC 514 207 426 Sede, Sede do Editor, Redação e Administração: Rua Engenheiro Moniz da Maia, Centro Comercial Atrium , nº 68 Loja 17 2050-356 Azambuja Telefones: 263 048 895 • 263 106 981 • 96 197 13 23 • 93 561 23 38 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23 • Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente • Nuno Barrocas • multimédia@valorlocal.pt Colunistas: João Santos • Mário Frota • Lélio Lourenço • Rui Alves Veloso Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Adão Conde Diretor Financeiro: Luís Plarigo Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços Administrativos: Metaforas e Parabolas Lda Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt


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Cultura

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Pacheco Pereira esteve em Marinhais a dar a conhecer a Ephemera Miguel António Rodrigues Mercado da Cultura em Marinhais, concelho de Salvaterra de Magos, é o palco de uma exposição sobre os acontecimentos de Maio de 68 em França. A exposição é cedida pela associação Ephemera, presidida por José Pacheco Pereira, que aproveitou para dar a conhecer o que faz esta associação, no passado dia sete de maio, para uma audiência interessada no debate sobre o passado e as suas repercussões nos dias de hoje. Com o trabalho da associação em pano de fundo, José Pacheco Pereira passou em revista a sua atividade, criada para preservar a história do passado, mas também o tempo mais contemporâneo de Portugal e não só. Um dos exemplos, que destacou, prende-se com a propaganda eleitoral dos partidos mais populistas até aos mais moderados. Por

O

Presidente da Ephemera deu a conhecer o trabalho da associação exemplo, todos os materiais resultantes da última campanha para as autárquicas, foram ou estão a

ser recolhidos e preservados, passando-se o mesmo com todo o tipo de anúncios publicitários das

últimas décadas, que vão desde produtos como camisas para homem, garrafas de vinhos, tabacos

entre muitos outros. O responsável salientou mesmo que na associação não havia qualquer tipo de preconceitos relativamente, por exemplo, aos materiais de propaganda política, recolhidos pela equipa de correspondentes em “cerca de oito mil campanhas diferentes” incluindo “as das freguesias e as dos concelhos”. Ao todo desta recolha resultaram materiais tão diversos como “outdoors, cartazes, brindes, panfletos, que nós calculamos que perfaçam cerca de 100 mil objetos”, revelou José Pacheco Pereira. São este tipo de recolhas que a Ephemera faz ao longo do país e também no estrageiro. José Pacheco Pereira ressalva a existência de cinco pontos de recolha dos mais variados materiais de norte a sul do país, salientando que a associação não se nega a qualquer tipo de dádiva. Aliás, o responsável, vinca igual-

Criada Associação Memória é Cultura em Alverca F oi oficializada no passado dia 5 de maio a “Associação Memória é Cultura” em Alverca. Esta é uma associação que pretende homenagear a memória das vítimas do acidente de comboios na

Póvoa de Santa Iria ocorrido em março de 1986. Em entrevista à Rádio Valor Local, Luís Janeiro, um dos promotores desta associação, salienta que um dos objetivos, passa mais do que

preservar a memória das vítimas, por apoiar jovens artistas nas mais variadas vertentes, seja música, pintura entre outras. Luís Janeiro, agora presidente da associação, recorda o efeito “bru-

tal” que o acidente teve nas famílias, nos amigos, e na própria comunidade estudantil que todos os dias apanhava aquele comboio para ir para as aulas. Aquele dia cinco de março de 1986 era apenas mais um dia como tantos outros. Luís Janeiro apanhava habitualmente aquele comboio, mas naquele dia teve afazeres pessoais e não chegou a embarcar. Não foi o caso de muitos amigos e conhecidos, vítimas daquele acidente, cuja memória esta associação quer agora eternizar. Luís Janeiro conta à rádio que esta ideia surgiu recentemente no seio do grupo de amigos que se reunia pontualmente para jantar. Quase quarenta anos passados, o agora presidente diz estar na altura de falar do assunto, apesar de os traumas ainda persistirem na memória de muitos.

Sobre a tragédia não tem dúvidas de que ainda é sentida por todos. Faleceram no acidente 18 pessoas e 80 ficaram feridas. “Alguns dos melhores de nós partiram naquele dia”. Vidas interrompidas e sonhos desfeitos entre os jovens que acabaram por falecer. “Essas pessoas foram retiradas à comunidade”, referindo que quer agora potenciar uma nova geração que no fundo “tem, nesta altura, a mesma idade que tínhamos em 1986”. O objetivo passa agora pela fundação de um programa anual de criação artística. Recorde-se que no acidente faleceram pelo menos dois estudantes de Belas Artes, o Rui Benavente e a Maria de Lurdes que eram também namorados, moradores em Alhandra. “Vamos celebrá-los todos os anos no dia cinco de maio, através da atribuição de prémios aos jovens artistas do concelho de Vila Fran-

mente que a atividade da Ephemera é apenas suportada pelos associados, lamentando a falta de apoio do Estado, algo que já diz ter conversado com o primeiro-ministro e até com o Presidente da República. Sobre a exposição patente no Mercado da Cultura em Marinhais, “Maio de 68, 50 anos depois”, o responsável sublinhou que no espaço está “apenas uma pequena parte” já que a exposição é extensa e não cabia toda nos locais destinados para o efeito. A mostra agora colocada à disposição do público retrata os movimentos em França e em Portugal em 1968. As greves estudantis, as lutas de classes e as consequências, que estão expostas através de vários documentos, entre cartazes, cartas e livros que fazem alusão a esta época importante da história, não só de Portugal, mas de França e até da restante Europa.

ca de Xira”. Luís Janeiro fala também num programa para potenciar os talentos desses jovens, com a criação de workshops entre outras atividades. O comboio fatídico vinha da Covilhã e terá sido uma alegada falha humana que esteve na origem do embate da composição contra um transvia, numa altura em que era comum acidentes de grande gravidade na ferrovia portuguesa. Este foi um dos acidentes mais emotivos da história dos caminhos-de-ferro em Portugal, talvez porque a composição transportava na sua maioria jovens com destino às escolas e faculdades de Lisboa. Em 2016 o Valor Local fez uma grande reportagem sobre o tema. A reportagem está disponível no site do jornal em www.valorlocal.pt, assim como o podcast desta entrevista na íntegra.

Na nossa edição de março de 2016 o Valor Local fez uma grande reportagem sobre o acidente da Póvoa que pode ler no nosso site PUB


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Câmara abandona possibilidade de reembolso de uma só vez aos consumidores

Crédito da Águas de Alenquer serve para baixar tarifas em 2022 Sílvia Agostinho ma diminuição da tarifa da água em 0,11 por cento, no novo tarifário de 2022, foi o melhor que a Câmara de Alenquer conseguiu junto da concessionária Águas de Alenquer face a valores cobrados a mais entre 2017 e 2021, que teriam de ser ressarcidos aos consumidores, conforme o Valor Local já tinha dado conta na edição de maio do ano passado. À época, Pedro Folgado, presidente da autarquia disse ao nosso jornal que pretendia que os consumidores do município fossem reembolsados, mas a solução não foi possível contabilisticamente. O novo tarifário dos serviços de água e saneamento foi votado favoravelmente com os votos do PS, abstenção da CDU, e o voto contra do PSD na última reunião do executivo. Recorde-se que em causa estava o aumento de 1,9 por cento à taxa da inflação, mas com as negociações encetadas e com a Câmara a enveredar por esta solução, a atualização é de menos 0,11 por cento para a tarifa do consumo de água. Nuno Henriques, vereador do PSD, estranhou a ausência de um representante da empresa na reunião de Câmara, ao mesmo tempo que catalogou todo o processo como uma “engenharia financeira” em que “os nossos munícipes andaram a adiantar dinheiro à Águas de Alenquer como se de um banco se tratasse”, referindo que feitas as contas o desconto vai equivaler a

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No entender da oposição serão escassos cêntimos por mês o que este acordo vai permitir.

cerca de “seis cêntimos” por mês. “Mais parece a telenovela dos combustíveis”. Para além de que, sublinhou, “os serviços

prestados pela empresa são péssimos, piores do que os praticados em algumas cidades africanas”.

Já o vereador da CDU, Ernesto Ferreira, lembrou que a Câmara com esta decisão está a faltar ao prometido, em campanha

eleitoral, com a devolução das verbas em causa aos consumidores. O autarca diz que é tempo de a Câmara pensar no que quer após 2033, quando chega ao fim a concessão. Em declarações ao Valor Local, Pedro Folgado, explica que “dificilmente conseguiríamos ressarcir esse crédito aos consumidores, porque se se tratasse de uma taxa fixa de um contador era fácil, mas estamos a falar de m3 de água em que teríamos de ver fatura a fatura, o que seria muito difícil de executar, e mesmo que fosse fácil, demoraria anos a devolver”. Com este encontro de contas “conseguimos reduzir 0,11 por cento”. O crédito que ficou nos cofres da Águas de Alenquer é de 1 milhão 986 euros. Pedro Folgado espera ainda que este valor dê para que a tarifa se mantenha ou continue a baixar nos próximos anos. Em comunicado enviado às redações o movimento de cidadãos “Água Justa” informa que já pediu à ERSAR para que o valor em crédito seja devolvido aos consumidores por inteiro, que não têm de “subsidiar a atividade da empresa” com a Câmara de Alenquer “a dar uns cêntimos aos munícipes e a meter milhões nos bolsos dos acionistas” da Águas de Alenquer. Em cima da mesa, por outro lado, continua o pedido de reequilíbrio financeiro solicitado pela empresa na ordem dos 53 por cento de aumento nas tarifas. Com o regresso à mesa das negociações entre Câmara e

Águas da Alenquer, Pedro Folgado dá conta de uma nova disponibilidade da empresa para efetuar algumas concessões. “Acho que não interessa a nenhuma das partes ir para Tribunal Arbitral”. O autarca explica que a autarquia poderá anuir ao pagamento de algumas verbas referentes a obras, como a quantia dos cerca de 300 mil euros da construção de uma ETAR reclamada pela Águas de Alenquer. Fora da mesa das negociações estará o problema do calcário nas tubagens (3,6 milhões de euros segundo o que a empresa quantificou de prejuízos). “Já lhes disse que essa questão deveria ter sido verificada por eles quando tomaram conta da concessão, porque o calcário não apareceu, apenas depois de eles terem chegado em 2003”. “Não podem colocar o risco em cima de nós, quando não fizeram o trabalho de casa”, conclui Folgado. Entretanto o município adjudicou mais uma verba na avença com Poças Martins, especialista nesta área, para mais serviços de consultoria. Pedro Folgado disse ao Valor Local, em 2021, que não pretendia ir além dos 20 mil euros gastos com esta avença, mas agora decidiu lançar mão de mais verbas, cerca de 30 mil euros já com IVA, para pagamento de honorários do especialista, “porque é importante que ele nos continue a acompanhar até que esteja fechada esta questão do reequilíbrio financeiro”.

Carrascal, Torre Penalva e Casal de Além finalmente com esgotos A

s povoações de Carrascal, Torre Penalva e Casal de Além na União das Freguesias de Vila Nova de Manique, Maçussa e São Pedro, têm desde o passado dia 2 de maio, ligação à rede de saneamento. Esta é uma obra há muito ansiada pela população local e que foi possível ao fim de alguns anos através da empresa “Águas do Tejo Atlântico”. A obra agora inaugurada vem possibilitar que as populações possam ligar-se à rede de forma legal e sem prejuízo para o meio ambiente. Hugo Pereira, vice-presidente da empresa, recordou um pouco da história da obra há muitos anos prometida, e que esteve nos planos das empresas antecessoras da Águas do Tejo Atlântico. O responsável lembrou o esforço da empresa na ligação de todas as localidades à rede de saneamento, vincando “que é sempre algo que marca quando conse-

guimos ligar mais umas povoações à nossa rede”. Hugo Pereira salientou também que a pandemia veio atrasar a obra, alterando os prazos, mas ressalvou que para a conclusão da mesma, contribuiu a relação “de ajuda mútua com a Câmara Municipal”, e “a proximidade alcançada entre ambas as entidades”. A obra agora concretizada teve um custo de 420 mil euros e vai abranger mais 150 pessoas, espalhadas pelas três localidades daquela união de freguesias. De acordo com Hugo Pereira, a ETAR de Vila Nova de São Pedro, vai também ser, em breve, alvo de obras “para receber o caudal” que tem origem nesta nova ligação. Silvino Lúcio, presidente da Câmara Municipal de Azambuja, destacou a boa colaboração com a empresa, e reforçou a importância da obra até porque no pas-

sado, a autarquia detetou ligações ilegais à rede de esgotos. De acordo com o autarca “ainda bem que chegamos ao término desta empreitada. O concelho fica agora servido, quase na sua totalidade, com uma rede de saneamento bastante eficaz”. “Este é um passo importantíssimo” referiu o presidente da Câmara que denotou a grande pressão por parte da população quanto ao seu anseio de ligação à rede de saneamento básico. “Foi um processo delicado e moroso”. O município prepara-se agora para dar a conhecer que o processo está terminado e que as populações já se podem ligar à rede. Para o presidente da união de freguesias, Avelino Correia, ao Valor Local esta era “uma obra há muito ansiada”. Sendo “bastante positivo que o sistema de esgotos esteja finalmente ao dispor das pessoas apesar de tarde”.

Hugo Pereira e Silvino Lúcio denotaram o bom entendimento entre empresa e Câmara de Azambuja


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Feira Nacional da Agricultura regressa em força ao CNEMA Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA) recebe no próximo dia 4 de junho, mais uma edição da Feira Nacional da Agricultura – Feira do Ribatejo, que vai até 12 de junho. Depois de ter sido alvo de um interregno em 2020 e de alterações profundas em 2021 devido à pandemia, o certame maior de Santarém, parece estar de regresso e na sua melhor forma, podendo ultrapassar todas as expectativas no que toca à afluência de público. Pelo menos essa foi a ideia transmitida por Luís Mira, Secretário-Geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e administrador do CNEMA, durante a conferência de imprensa decorrida no dia 16 de maio. Para o responsável, tendo em conta a adesão que se tem visto noutros certames do mesmo tipo, “se tudo for feito passo a passo, está garantida a fórmula de sucesso este ano”. No entanto, sublinha que só no final da feira se podem fazer as contas. Com autocarros elétricos gratuitos, a edição de 2022 da FNA, vai apostar este ano no tema “Inovação e Tecnologia”. Uma aposta importante numa altura em que a

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Administração do CNEMA confessa que guerra na Ucrânia já teve o seu impacte no certame

agricultura já é feita com recurso à robótica, à internet e a outras tecnologias através de drones, por exemplo, e que tornam a vida dos agricultores muito mais fácil. Luís Mira diz que a feira tem de

inovar e adaptar-se aos novos tempos, “até porque a percentagem de pessoas que trabalha na agricultura já não é a mesma”. Apenas seis por cento da população portuguesa tem a agricultura

como atividade principal, ao invés de há quarenta anos quando era praticada por 25 por cento. No entanto este certame é realizado, embora com a pandemia a dar sinais de abrandar, sob a égiPUB

de da guerra na Ucrânia. Esse vai ser de certeza, referiu o administrador, um dos temas abordados nos debates que serão realizados durante a feira, mas esse mesmo conflito já teve impacto

direto no certame. Em resposta ao Valor Local durante a conferência de imprensa, Luís Mira sublinhou a desistência de alguns expositores nesta edição da feira. Em causa a falta de stock, nomeadamente, componentes ou matérias-primas relacionados com maquinaria, devido à guerra, o que levou a que cerca de 20 expositores optassem por não marcar presença. “Não que não quisessem estar, mas porque teriam dificuldades em ter material para vender”, esclareceu Luís Mira, que afiançou que esta edição, ainda assim, continua com um número muito significativo de adesões e de área de exposição. O administrador deu conta de um aumento do número de restaurantes, nomeadamente, das cozinhas e que isso, vai permitir atender mais pessoas, salientando também a mudança de local das tasquinhas, para melhor conforto dos visitantes. De resto o certame, que deverá contar com Marcelo Rebelo de Sousa na cerimónia de abertura, continuará a apostar na música, nas esperas de toiros e nas atividades ligadas ao mundo equestre.


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O Fado Humorístico de Joaquim Júlio Nuno Vicente endo considerada a canção nacional, quando se fala de fado é normalmente associado à tristeza e à melancolia. Mas tudo depende do poema que se canta, pois como já dizia Fernando Pessoa, o fado como qualquer canção é poesia ajudada, e se o poema tem humor então o fado pode ser

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humorístico. É sobre o fado humorístico que falamos com Joaquim Júlio, um homem que já leva mais de 30 anos na arte de fazer rir. Jota Jota, como é conhecido no meio da fadistagem, começou a sua carreira ao lado de José Miguel Amador, o bem conhecido “Baixinho do Fado”, formando com ele o duo humorístico Irmãos Lagoa.

Joaquim Júlio diz-nos, que após cerca de 20 anos juntos, os dois “irmãos” foram cada um para o seu lado em termos artísticos, mas que a nível pessoal a amizade mantém-se. A importância do duo na sua carreira foi tão grande que ainda hoje nas suas apresentações a solo se vê obrigado a cantar os fados desse tempo por exigência do público. O Jota Jota, que é um dos

fadistas residentes num restaurante em Arruda dos Vinhos, contou na Rádio Valor Local que há alguns anos, participou numa digressão aos Estados Unidos na companhia da grande fadista Anita Guerreiro e que mesmo lá o público vibrou com este género de fado. Um outro projeto fadista que Joaquim Júlio abraça é a “Taberna do

Tio Ernesto” um projeto já com alguns anos, mas sempre em constante renovação. Tudo se passa numa taberna onde grupo de pessoas se encontra no regressar da jorna e em conjunto com o taberneiro vão cantando uns fados e contando algumas histórias bem humoradas, e em alguns casos um pouco picantes. Quando lhe perguntamos se apenas canta o

fado humorístico, Joaquim Júlio responde que também canta o fado tradicional, mas não é habitual e nos programas de fados a opção é sempre o humor porque para cantar fados tristes “já lá estão muitos”. Diz também que normalmente é ele quem fecha os espetáculos, porque assim o público vai para casa a sorrir e é esse o objetivo do fado humorístico.

Jota Jota tem um percurso de muitos anos neste género de fado

União de Tertúlias de Azambuja

Viver a Feira de Maio N ascida, oficialmente, em 2015, ano em que foi registada, a União de Tertúlias de Azambuja (UTA), começou a ser desenhada algum tempo antes, em conversas de amigos, amantes da Feira de Maio e onde se encontravam entre outros, João Alberto Alves, que viria a ser o primeiro presidente da UTA, e André Pereira, o atual presidente da associação. Este ano a UTA quer criar um momento importante na Feira de Maio com a organização de uma série de concertos. Em conversa com a Rádio Valor Local, André Pereira diz que a ideia de fazer esta associação surgiu porque era preciso fazer viver o espírito de maio durante todo o ano e não apenas naquele mês. Isto porque apesar de existir um sentimento muito arreigado entre os membros que compunham as várias dezenas de tertúlias de Azambuja, quando acabava maio, todo esse espírito ficava na gaveta até à feira seguinte, e para que isso não aconteça, este grupo propõe-se a organizar vários eventos no decorrer do ano. Havia neste grupo que criou a UTA, a ideia de que iria resultar, pois no caso das tertúlias do Barrete Verde de Alcochete há eventos durante o ano, e sempre com uma grande afluência de entusiastas da festa e tertulianos. Ao longo dos anos, a UTA tem desenvolvido diversas atividades desde colóquios, espetáculos de dança e música, e a tradicional Festa Campera que sofreu uma interrupção durante a pandemia, mas que foi retomada em outubro último. Atualmente e apesar de algumas promessas, ainda não possuem uma sede onde possam desenvol-

ver melhor o seu trabalho e acolher os seus cerca de 100 sócios. Sempre pronta a fazer algo de diferente por alturas da Feira de Maio, este ano a UTA aceitou um desafio que lhe foi feito e é desta forma que no Pátio do Valverde, nos dias 25, 26 e 29 de maio, a animação terá o selo desta associação. No dia 25, quarta-feira, após a espera de toiros que terá lugar nas ruas da vila a partir das 22h00, atuarão pelas 00h00 os R.A.Y.A.; seguindo-se à 2h00 os Bellota Trompetera. Depois para finalizar a noite, o DJ John Goulart. Na noite de quinta-feira, depois da Mesa da Tortura, atuará o cantor Maninho pela 1h00, seguido dos Sonido Andaluz que se apresentam pelas 2h00. Estas noites da UTA no Valverde, serão interrompidas na sexta e no sábado, dias em que se realizam os grandes concertos da Feira de Maio, com Toy e Expensive Soul, e vão regressar no domingo para o seu último dia, para a atuação do grupo Fado Marialva às 23h30 e encerram às 0h30 com a comemoração dos 20 anos do grupo Pilha Galinhas. Como a UTA não tem apoios de outro tipo, e como segundo André Pereira, “as coisas não se pagam sozinhas, estes concertos terão entradas pagas”. Por razões de segurança o Páteo do Valverde, tem uma lotação de duas mil pessoas, assim, serão colocadas à venda duas mil pulseiras pelo valor de 25 euros cada, válidas para os três dias de concertos. O presidente da União de Tertúlias diz que a organização está esperançada numa boa afluência aos bilhetes de três dias “pois as pessoas estão com fome de feira”.

Nuno Vicente

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