Jornal Valor Local - Edição Março 2022

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Rádio Valor Local - www.valorlocal.pt - Ouça em todo o lado Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 109 • 17 Março 2022 • Preço 1 cêntimo

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Refugiados ucranianos em Vale do Paraíso com “o coração em lágrimas e alegria ao mesmo tempo” Destaque da 12 à 16

NERSANT

Apesar das garantias da empresa

Guerra da Ucrânia com fortes impactes nas empresas da região Economia na 10

População de Trancoso teme passar por novo inferno com reativação das pedreiras Ambiente na 9 PUB


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Saúde

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Hospital de Vila Franca assinalou Dia Mundial do Rim com ações em Azambuja e Alenquer Hospital de Vila Franca de Xira assinalou de forma especial o “Dia Mundial do Rim”. Uma equipa de profissionais de saúde do Serviço de Nefrologia levou a cabo ações de sensibilização em Alenquer e em Azambuja, que passaram pela realização de rastreios à população e por uma sessão didática junto a alunos do 4º ano. No entanto esta iniciativa do hospital não decorreu apenas no “Dia Mundial do Rim” que se assinalou a 10 de março. Segundo uma nota do hospital, o objetivo desta iniciativa, visou o aumento da divulgação e o conhecimento sobre a doença renal, destacando que o serviço de Nefrologia do Hospital de Vila Franca teve como objetivo vários públicosalvo de várias idades. A iniciativa começou a 8 de março com uma visita aos alunos do 4º ano da Escola Básica de Azambuja. As crianças tiveram oportunidade de saber mais sobre a doença renal que afeta cada vez mais a população mundial. Ana Azevedo, diretora do Serviço de Neurologia do Hospital de Vila Franca de Xira, diz num vídeo publicado no canal de facebook do hospital que esta ida à escola teve como objetivo o “aumento

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Ações de sensibilização tiveram lugar também nas escolas

da divulgação e do conhecimento sobre a doença renal” nas diferentes faixas etárias. Ana Azevedo que refere que esta é uma doença que atinge já uma em cada dez pessoas no mundo, considera importante passar esse conhecimento às crianças, nomeadamente, no que toca aos “fatores de risco para a doença

renal e deixar a comunidade alerta para este problema de saúde”. Já em Alenquer, onde foi assinalado oficialmente o “Dia Mundial do Rim”, a iniciativa decorreu acima das expetativas, tal foi o número de pessoas a participarem no rastreio que decorreu na biblioteca local. Segundo uma nota do hospital, a

participação resultou “numa adesão muito significativa, tendo sido detetadas algumas situações que precisaram de encaminhamento”, neste caso para o serviço de Nefrologia do hospital público. Num vídeo divulgado pelo hospital, Anabela Pimenta, enfermeira do serviço de Nefrologia, destaca

a importância destas ações. Para a profissional de saúde “é importante falar nestes dias, mas é também um reforço do que fazemos durante o ano inteiro”. Anabela Pimenta destaca as inúmeras conversas com os utentes e o alerta de complicações que podem aparecer no decorrer da diálise, quando a insuficiência re-

nal já está instalada nestes doentes. Também Teresa Cunha, médica do Hospital de Vila Franca de Xira, reforçou a importância destes rastreios, principalmente, junto da população mais idosa. A clínica referiu a necessidade de se controlar “a glicemia, o peso e a tensão” algo que pode contribuir para a disfunção renal e para a doença renal crónica. Por parte do município de Alenquer, o vereador Paulo Franco que detém a área da saúde, reforçou igualmente a importância da iniciativa do hospital. Para o responsável político da autarquia “vivemos num contexto que do ponto de vista da saúde, foi dada e bem prioridade às questões relacionadas com a covid, mas há um outro tipo de patologias que devem ser analisadas e parametrizadas”. O autarca afirmou-se “satisfeito com a afluência de pessoas a este rastreio”. Ana Azevedo, diretora do serviço de Nefrologia do hospital público, deu conta que “temos uma prevalência elevada de doença renal crónica no mundo. Estima-se que uma em cada dez pessoas sofra de doença renal e opor isso temos de aumentar e trabalhar na sua prevenção”.

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Sociedade

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José Avelino quer instalar museu etnográfico no Palácio Pina Manique União de Freguesias Manique do Intendente, Vila Nova São Pedro e Maçussa quer instalar no Palácio Pina Manique um Museu Etnográfico. A informação foi avançada ao Valor Local pelo presidente da Junta José Avelino, dada a existência de um espólio considerável pertença da freguesia. O autarca refere que a ideia passa pela utilização de duas salas da junta existentes no espaço, já que o local onde está atualmente o espólio não tem condições para ser visitado. José Avelino diz ter consciência de que a mobilidade no interior não é a melhor, mas haverá condições para se melhorar essa lacuna. Atualmente essa seria uma intervenção impossível de concretizar, já que aquele é um edifício classificado. “Está tudo a cair, mas se mexermos em qualquer coisa, aparece logo o Instituto Português do Património Arquitetónico (IPAR)”, lamenta o autarca referindo que o edifício carece de manutenção urgente. Para já, o presidente da Câmara está em conversações com o Governo para dar um rumo ao edifício, que segundo José Avelino po-

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Os usos que o palácio pode oferecer voltam à baila

deria ser transformado, por exemplo, numa pousada captando o interesse de um investidor externo. Mas esta é uma matéria que tem vindo a ser discutida no mínimo

desde o 25 de abril. José Avelino refere que a fachada do palácio está minimamente segura junto ao corpo da igreja, mas aponta para situações de corrosão, no-

meadamente, na proximidade da abertura das janelas que nunca foram concluídas. A exposição aos elementos do tempo tem sido negativa para o monumento que

em 2007 viu cair pedras com alguma dimensão quase em cima dos paroquianos que saíam da missa. As obras de consolidação da fa-

chada que decorreram durante quase dois anos souberam a pouco aos autarcas da época, nomeadamente, ao presidente da Câmara da altura, Joaquim Ramos que defendia que o imóvel passasse para a posse do município, o que nunca veio a acontecer. A construção do palácio foi feita pelo intendente Diogo Inácio de Pina Manique entre os anos de 1733 e o ano de 1805. A obra ficou parada, numa primeira fase por falta de dinheiro, e depois devido à morte do proprietário. Foi inscrito no programa REVIVE, nos últimos anos, numa lista onde figuram 30 monumentos na sua maioria devolutos e fechados, ou em ruínas, sendo que o objetivo do Estado passa pela sua revitalização através da concessão a privados com o objetivo de os devolver à fruição pública e transformar esses edifícios antigos em hotéis, pousadas, restaurantes e espaços culturais, sem que tenha de ser o Governo a assegurar o pagamento total dessas obras. Desde que essa lista foi divulgada não há conhecimento de que tenham surgido interessados em adquirir o Palácio de Pina Manique.

Escola de Vila Nova da Rainha inaugurada por Secretária de Estado A secretária de Estado da Educação, Inês Ramires, inaugurou no dia 4 de março as obras de requalificação da Escola Básica de Vila Nova da Rainha. As obras demoraram um pouco mais do que previsto, pois atravessaram todo o período crítico da pandemia e a consequente falta de materiais. Ainda assim, o projeto apresenta uma traça moderna, onde figura a ligação com a traça original das escolas do Plano Centenário mas com as comodidades exigidas hoje em dia. Silvino Lúcio, presidente da Câmara de Azambuja, frisou a importância do projeto, e ao mesmo tempo agradeceu aos técnicos da autarquia e à empresa construtora, a Construaza, sedeada no concelho de Azambuja. O autarca frisou, igualmente, que

este equipamento “estava identificado e planeado na Carta Educativa Municipal e que se enquadra na estratégia da autarquia que dá prioridade máxima à educação”. Silvino Lúcio frisou ainda que um dos objetivos passou por “harmonizar o respeito pelo passado com aposta no futuro” referindo-se ao aproveitamento do edifício existente. O autarca salientou, igualmente, a forma como tem trabalhado com o Governo, até na descentralização das competências, embora tenha lembrando o caso mais recente relacionado com “a requalificação da Escola Secundária de Azambuja” que custará cerca de cinco milhões de euros e que não, tem o apoio do Governo. Silvino Lúcio aproveitou a presença da governante para solicitar os bons ofícios da secretaria de Estado.

Inês Ramires destacou a importância das autarquias como parceiras do Governo, e referiu-se a esta obra “como uma aposta ganha”, frisando que é “com a proximidade ao poder local que conseguimos soluções mais eficientes e mais próximas do que a população quer”. Esta remodelação criou duas salas de aula para o 1º ciclo, para um total de 52 alunos e duas salas de atividades para o ensino préescolar, onde estarão mais 50 crianças. O edifício está equipado com instalações sanitárias para adultos e para crianças, gabinetes de trabalho para professores e educadores, e espaços de arrumos. Nesta nova escola, existe também um refeitório com a valência de sala polivalente – e uma biblioteca/mediateca escolar.

Inauguração teve lugar no dia 4 de março

Alverca pode receber Loja do Cidadão A cidade de Alverca do Ribatejo pode receber a Loja do Cidadão que ficará a norte de Lisboa. Essa é pelo menos a intenção do presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, que o anunciou em reunião do executivo. O município apresentou candidatura neste âmbito ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) à semelhança da

autarquia do Cartaxo que também está na corrida para uma loja deste tipo mas na sua área geográfica. O presidente da Câmara diz que é chegada a hora “de também nós disponibilizarmos serviços de forma confortável e concentrada, não só aos cidadãos do concelho, como também aos que nos procurarão, uma vez que esta loja a ser aprovada será uma loja

do cidadão para toda a zona norte da Área Metropolitana de Lisboa”. O presidente da Câmara de Vila Franca destaca que este espaço, se vier a ser concretizado, servirá também os concelhos vizinhos que ficam a norte, nomeadamente Azambuja ou mesmo Benavente. O autarca defende a concentração de valências na futura loja,

como forma de prestar um melhor serviço às populações. Esta foi de resto uma proposta de Fernando Paulo Ferreira, que em campanha eleitoral, sublinhou a necessidade de um espaço destes naquele concelho às portas de Lisboa. A nova loja a ser aprovada pelo Governo, ficará alojada em instalações da Auchan em Alverca. O local não é pacífico para a oposi-

ção, nomeadamente, a CDU que aponta como deficientes os acessos rodoviários e a pé ao local. A autarquia terá ainda de pagar uma renda anual, o que também levantou algumas críticas por parte de toda a oposição inclusive do PSD. Ainda assim a proposta será agora submetida à próxima Assembleia Municipal. As Lojas de Cidadão financiadas no âmbito deste aviso do Gover-

no terão de cumprir um prazo máximo de abertura até 31 de dezembro de 2023 e não se podem localizar num concelho onde já exista outra Loja de Cidadão. A taxa máxima de financiamento aplicável a cada operação a apoiar no âmbito deste aviso é de 100%, até ao limite máximo de 900 mil euros (sem IVA), sendo a dotação afeta a este concurso de 12,5 milhões de euros.


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Obra do Mercado de Alenquer sofre paragem até abril município de Alenquer decidiu suspender as obras de requalificação do mercado de Alenquer. Durante a última reunião do executivo, o vereador com o pelouro das obras, Tiago Pedro anunciou que em meados do mês de fevereiro foram encontradas dificuldades por parte dos empreiteiros no que respeita ao piso do equipamento que remonta à década de 40. “Os pilares apresentavam fissuras com consequente perda de solidez do solo com características arenosas. O empreiteiro pediu uma reunião ao município para dar conta da situação no sentido de se efetuar um reforço do edifício contra possíveis riscos sísmicos dada a situação encontrada e como tal fortalecer toda a estrutura, dado que os processos construtivos de 1949 são diferentes dos de hoje”. Em entrevista ao Valor Local, Tiago Pedro esclarece que o solo de Alenquer é arenoso, sendo zona de aluvião por estar junto ao limite do curso do rio, e já na construção do centro de saúde local foi necessário recorrer “a estacas de betão colocadas a 37 metros de profundidade”, sendo que existia

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Projeto do mercado da década de 40 não coincidia com a realidade

esse conhecimento geológico prévio quando se encetou a obra do mercado. “Foram partilhadas com o projetista as peças de ar-

quitetura do mercado datadas da década de 40. O que aconteceu foi que já no decurso da obra durante a picagem de alguns ele-

mentos percebeu-se que havia uma discrepância quanto aos materiais utilizados em relação ao que estava em projeto”, e como

tal “os pilares que era suposto serem em betão foram construídos em tijolo sobreposto, e atendendo a esta questão e uma vez que re-

movemos toda a laje do interior do mercado, tendo-se verificado algumas microfissuras, entendemos por bem reformular a denominada ‘bolacha’ do pavimento onde agarram os pilares que culmina no reforço de todo o edifício”. O autarca refere que a interrupção deve prolongar-se até abril adiando com isso a reabertura do mercado em mais dois meses do que os seis inicialmente previstos. Face a algumas críticas por parte da oposição que acusou a Câmara de não ter previsto o que está a acontecer e com isso ter efetuado um mau planeamento, o vereador das obras rejeita referindo que são circunstâncias normais que sucedem neste tipo de obras de grande intervenção, “à semelhança do que aconteceu também com o mercado de Santarém” contemporâneo do de Alenquer. Quanto ao impacto financeiro “não será muito significativo porque no fundo trata-se do reforço da laje que passará a ser mais robusta com mais ferro e betão”. A obra está parada desde 22 de fevereiro e será retomada no mês que vem, o que equivale a mês e meio de paragem.

Marco Teles, bombeiro de Azambuja, esteve na Polónia a prestar ajuda aos refugiados M arco Teles, bombeiro voluntário em Azambuja, foi um dos portugueses que esteve na linha da frente na ajuda aos refugiados na fronteira da Ucrânia com a Polónia. O operacional integra uma equipa de socorro e salvamento localizada em S. João da Talha, concelho de Loures, denominada Associação Humanitária de Busca e Salvamento Internacional. Salienta o “ânimo triste” dos ucranianos no momento em que deixam toda uma vida para trás e chegam a um país vizinho sem qualquer tipo de expetativas. Marco Teles, de 45 anos, foi um dos 17 voluntários a estar presente nesta equipa que partiu de Portugal na segunda dia 7, uma equipa que integrou médicos, enfermeiros, auxiliares de socorro e pessoal de apoio logístico,

numa caravana que rumou à Polónia via terrestre. O objetivo passava por levar medicamentos para a fronteira da Polónia com a Ucrânia, que de resto estão a escassear no território. Para além dos medicamentos, o grupo levou igualmente roupa e bens alimentares para o campo de refugiados. Ao Valor Local, o voluntário, disse que esta foi uma “experiência marcante” da qual não se vai esquecer, salientando o caráter humanitário desta missão. Se o voltassem a convidar não hesitaria em regressar ao teatro dos acontecimentos. Tão cedo não se vai esquecer da tristeza estampada no rosto dos refugiados. Marco Teles esteve a cerca de oito quilómetros do conflito, e confirma a azáfama no campo

de refugiados, mas vinca que durante os dias em que lá esteve e apesar dos relatos, nunca ouviu qualquer explosão, isto tendo em conta que estava a escassos quilómetros das fronteiras. Habituado a situações de ajuda, Marco Teles diz que esta foi a sua primeira experiência humanitária, e ao nosso jornal refere ser “difícil explicar os sentimentos depois de ver aquilo tudo”. A ASSBSI-EMERGENCY Associação Humanitária de Busca e Salvamento Internacional é uma entidade sem fins lucrativos que foi constituída em 4 de junho de 1998, com o objetivo, entre outros, de prestar ajuda humanitária nacional e internacional, fazer formação na área da emergência, prestar cuidados médicos e transporte de doentes.

Marco Teles integrou a missão da Associação Humanitária de Busca e Salvamento Internacional

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Azambuja

Pontos de água gratuitos têm sido salvação para agricultores na União de Freguesias êm sido às centenas os agricultores que estão a aproveitar os pontos de água gratuitos que a União de Freguesias Manique do Intendente, Vila Nova S. Pedro e Maçussa colocou à disposição da população. José Avelino, presidente da União de Freguesias, recorda ao Valor Local que este é um projeto antigo e que ainda não está terminado, dadas as necessidades dos pequenos agricultores sobretudo em ano de seca. O presidente salienta a importância do projeto também para os hortelões, porque o nível da água nos poços tem baixado e há dificuldades em encontrar pontos de água para regas. Para ajudar os agricultores, a junta iniciou em 2013 um projeto de aproveitamento de água das muitas minas existentes no espaço público, evitando-se assim desperdícios de líquido importante para os usos das pessoas que recorrem a estes pontos. O aproveitamento através da construção de tanques e de locais de recolha foi uma aposta ganha ao ponto de o presidente da junta planear a abertura de mais um ponto de água em Arri-

T

Investimento foi superior a 50 mil euros nas várias bicas da freguesia

fana. Para já a autarquia disponibiliza três pontos: em Manique, Vila

Nova de São Pedro, e em Torre Penalva, sendo que a procura em Vila Nova de S. Pedro foi tan-

ta que a junta teve de alargar a capacidade existente para 50 mil litros. Para breve, a junta de freguesia diz querer alargar esta rede. Para

além de Arrifana, José Avelino, aponta como meta a Maçussa. O autarca diz que a ideia é aproveitar a fonte existente, mas o espaço precisa de obras para que as

viaturas possam parquear e abastecer. A junta prepara-se para comprar um terreno uns metros mais abaixo, e canalizar para ali a água com um ponto de recolha com condições. José Avelino refere que a água não é potável e que nos locais de recolha, a informação está bem assinalada. “Apesar disso sei que há pessoas que a bebem”. Esta é uma água calcária utilizada apenas na rega e para os animais, embora José Avelino desaconselhe este último uso. O autarca refere que, até aos dias de hoje ,não tem havido abusos por parte da população, mas sabe de pessoas de freguesias vizinhas que se abastecem na freguesia. O autarca diz que pensou numa espécie de cartão de acesso, mas para já não estão previstas restrições, ressalvando que as obras nos três pontos de água, tiveram um custo para os fregueses acima dos 50 mil euros no total. O presidente da Junta vinca, entretanto, que está vedada a lavagem de automóveis naqueles locais. Sendo este um projeto em desenvolvimento tem recolhido a adesão da população inclusive com cedência de terrenos dos particulares para estas obras.

Parque fotovoltaico da Torre Bela

Aura Power desenvolve contactos para aquisição de terrenos com vista a nova LMAT O

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consórcio composto pela Aura Power e CSRTB que vai construir um campo de energia fotovoltaica na quinta da Torre Bela, na União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de São Pedro, está a desenhar um novo traçado para a linha de muito alta tensão indo finalmente de encontro às pretensões da população de Casais das Boiças, freguesia de Alcoentre. Recorde-se que a população deu conta da sua revolta ao Valor Local, durante o ano passado, por o projeto prever o atravessamento da localidade por aquelas linhas quando Casais das Boiças já possui várias estruturas daquele tipo e com variados incómodos para a população. A ideia defendida pela população passa, antes, pelo atravessamento do olival, com “ligação mais à frente em Vale de Judeus /IC2”, conforme deu conta um grupo de moradores na nossa edição impressa de abril de 2021. Diogo Santos é proprietário de terrenos em Quebradas e conta que

há alguns meses que esse contacto teve lugar. A parcela de terreno requerida pela empresa tem cerca de cerca de um hectare e fica a um quilómetro de um lar de idosos existente na localidade de Quebradas. Foram falados preços, mas reforça que não tem ideia desse valor “porque o assunto foi tratado pelo tio”. “Mas pelo que sei ainda não foi nada decidido e julgo que não existirão valores certos”. Mas sabe de contrapartidas que foram oferecidas em troca do abate de eucaliptos com vista à reflorestação e que incluem sobreiros, medronhos e pinheiros. Não tem conhecimento de contactos com outros proprietários. “Não conheço muitos, porque aquilo é zona de mato e por isso desconheço quem sejam os donos”. O traçado como explica Diogo Santos não “vai ficar perto das habitações nem perto de Tagarro, nem perto de Quebradas, é mais ou menos a meio”. Recorde-se que o projeto está previsto para uma área de 775 hecta-

res, num investimento de 170 milhões de euros com a criação de 1000 postos de trabalho na fase de construção e 10 postos permanentes após esta fase. A central está desenhada para a quinta na parte em que fica de frente para a Companhia Logística de Combustíveis prolongando-se até à entrada de Alcoentre para um total de 638 mil 400 painéis solares. Contactámos Simon Coulson, CEO da Aura Power sobre o ponto de situação tendo em conta que o projeto de modificação da LMAT terá de entrar de novo em consulta pública na Agência Portuguesa do Ambiente, mas este refere apenas que “neste momento o licenciamento do projeto segue a tramitação prevista por lei e em estrita articulação com as diversas entidades”. “O nosso objetivo é contribuir de forma célere e eficaz para a mitigação do aumento significativo dos preços da eletricidade, redução da dependência energética e das emissões de CO2 em Portugal”, acrescenta.


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Inauguração da nova delegação do Sobralinho da junta de freguesia A

União de Freguesias de Alverca Sobralinho inaugurou, no início de março, as novas instalações da delegação do Sobralinho na antiga Casa da Juventude. A iniciativa, que juntou antigos autarcas de várias forças políticas e população, foi carregada de algum simbolismo, tanto mais que este era um desejo antigo, desde a altura em que as freguesias foram desagregadas. Claúdio Lotra, atual presidente da junta, destacou na sua intervenção que este foi um dos compromissos assumidos aquando das eleições. O autarca reforçou que com este edifício, cedido pela Câmara Municipal de Vila Franca, os trabalhadores e os fregueses passam a ter melhores condições, recordando igualmente que também “os CTT passam a ter instalações condignas e acessíveis a todos”. Para o autarca, a partir de agora, “os trabalhadores terão mais condições para melhor atender os nossos fregueses, e os nossos fregueses passarão a conseguir sem dificuldade, sem degraus e sem obstáculos intransponíveis, aceder aos serviços”. O

Fernando Paulo Ferreira e Cláudio Lotra na inauguração do espaço

edifício passou para as mãos da junta em 2016, mas ficou sem uso até agora com a entrada em funcionamento das novas valên-

cias. Lotra recorda que a passagem deste espaço “foi fruto do entendimento entre o então vice-presi-

dente da Câmara Municipal, Fernando Paulo Ferreira, e o à época presidente da Junta de Freguesia Afonso Costa”, agrade-

cendo o esforço de ambos, ressalvando o facto de Fernando Paulo Ferreira ser agora presidente de Câmara e ter sido este

a inaugurar o espaço. O novo edifício tem ainda uma sala polivalente com capacidade para acolher alguns eventos “sendo que não poderia continuar fechado, desaproveitado e em degradação” reforçou Lotra. No entanto, a intervenção não se ficou apenas pelo edifício. A junta aproveitou para requalificar o largo envolvente depois de ter sido desativado um parque infantil devido às poucas condições de segurança para as crianças. No local foi “calcetado”“ o brasão da antiga vila do Sobralinho pelo mestre calceteiro Vitor Graça, que ajudou assim à requalificação deste espaço. Fernando Paulo Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, enalteceu o trabalho da junta. Para o autarca “a vida autárquica faz-se de vontades embora possam demorar na sua concretização”. Fernando Paulo Ferreira colocou enfoque “na política de proximidade, na facilitação do acesso das pessoas aos serviços públicos, e aí a junta de freguesia esteve bem ao concretizar este anseio longo”.

Junta de Freguesia de Azambuja investiu em novos fardamentos para os funcionários A

Junta de Freguesia de Azambuja investiu em novos fardamentos para os funcionários. Segundo André Salema, presidente daquela junta, está em causa a visibilidade e claro a segurança dos funcionários, algo há muito pretendido. Ao todo a junta terá despendido cerca de 3000 euros em novos fardamentos, para 11 funcionários que habitualmente andam no espaço público, com proteção adequada e também refletores para a visibilidade. A ideia é possibilitar uma melhor visualização de quem anda na rua a executar trabalhos, para que seja visto com mais segurança por parte, por exemplo dos automobilistas. Em declarações ao Valor Local, o presidente da junta salienta que “esta ação permitirá criar condições para maior segurança

nas tarefas operacionais que ocorrem no espaço público”. Ao mesmo tempo, o autarca acredita que as novas fardas podem também contribuir para a “valorização do serviço público e dos nossos trabalhadores" prestam à Freguesia. Tratam-se de “novos vestuários de trabalho de alta visibilidade”, que estão a ser adotados também noutras juntas de freguesia, compostos por parka, casaco, tshirt, calças, polos e boné. No ano passado, a junta de freguesia já tinha investido no melhoramento da sinalização das viaturas. Ao Valor Local, André Salema recorda que a junta reforçou a sinalização de balizamento dos veículos da autarquia e para breve está prevista a decoração das viaturas com material refletor para uma melhor visibilidade.

O investimento foi de três mil euros

Arruda dos Vinhos

Vereador do PSD propõe novo estudo para o transporte rodoviário devido ao choque petrolífero O vereador do PSD na Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, João Pedro Rodrigues, apresentou uma recomendação no sentido de a autarquia sugerir junto da Comunidade Intermunicipal do Oeste (Oestecim)

para que revisse os termos do estudo que a empresa VTM Consultores está a realizar com vista ao futuro do transporte rodoviário na região – que pode passar pela atribuição de uma concessão ou pela compra da

maioria das participações sociais de um operador já existente – tendo em linha de conta a escalada no aumento dos combustíveis por via da guerra na Ucrânia. O presidente da Câmara, André

Rijo, disse compreender a inquietude do autarca do PSD, mas alegou que o estudo por parte da VTM e consequente decisão da OESTECIM estão longe do seu fim, sendo que deverá ter de passar ainda no cri-

vo da DGAL, e do Tribunal de Contas, entre outras entidades, e que quaisquer diligências no sentido de ir de encontro à recomendação poderiam ser extemporâneas. O autarca estima que até se

chegar a bom porto poderão decorrer cerca de dois anos, sendo que “ninguém sabe o que vai acontecer com a guerra na Ucrânia”. A proposta do PSD recebeu o voto contra da maioria PS.


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Crise na Ucrânia no centro do debate das mulheres socialistas de Vila Franca s mulheres socialistas de Vila Franca de Xira organizaram um debate, no passado dia 10 de março, durante o qual se falou de “direitos humanos”. Numa altura em que a invasão da Ucrânia pela Rússia sobe de tom, o debate acabou por ser dominado por este mesmo assunto. Esta é uma iniciativa periódica da concelhia das Mulheres Socialistas de Vila Franca e desta vez as convidadas foram Susana Amador, secretária nacional do PS para as autarquias, e Isabel Santos, eurodeputada no Parlamento Europeu, com a moderação da dirigente local, Célia Monteiro. A noite, de casa cheia, foi dominada pela Rússia e pela Ucrânia. Nessa mesma noite chegavam a Portugal cerca de três centenas de refugiados, um assunto que não passou em branco, dado o interesse humanitário e a “avalanche” de solidariedade que os portuguese têm produzido. Ao Valor Local, Isabel Santos declarou que esta “guerra” está a ser seguida de muito perto por parte do Parlamento Europeu. A eurodeputada enfatizou o poder

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Iniciativa das Mulheres Socialistas com a guerra na Ucrânia em pano de fundo

das sanções postas à Rússia, e sublinhou que as mesmas têm um poder significativo na economia daquele país e que o ocidente e a NATO não devem ter medo de Putin. “Não devemos ter medo, e sobretudo devemos defender as vidas das vítimas”, referiu a eu-

rodeputada ao Valor Local enfatizando que “está claro quem é a vítima e quem é o agressor”. A eurodeputada vincou, ainda, que na sua opinião a NATO não reagiu da forma como se esperava. Isabel Santos tem acompanhado de perto este assunto num momento delicado da Eu-

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ropa. “Entendo que há um tempo para a escalada e um tempo para uma tentativa de estabelecer pela via do diálogo uma solução. Mas não podemos ficar eternamente à espera de uma solução enquanto há pessoas a serem mortas, crianças a sair das suas casas sozinhas, e en-

quanto vemos bombardeamentos de maternidades e hospitais”. No que toca à União Europeia, Isabel Santos vincou que ficou surpreendida com a união dos estados-membros contra a Rússia. “É bom que a Europa se mantenha unida e que mante-

nhamos esta força e esta determinação neste combate pela democracia e pelos direitos humanos e pela paz”. No mesmo sentido foi a intervenção de Susana Amador, que se referiu com preocupação sobre este conflito e como tem subido de tom.

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Apesar das garantias da empresa

População de Trancoso teme passar por novo inferno com reativação das pedreiras fantasma da reativação de uma das pedreiras existentes em Trancoso na União de Freguesias de Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz começa a manifestar-se. Está para começar a extração de calcário na pedreira pertença da empresa Batalha dos Anjos Lda que a adquiriu à Mota-Engil. A pedreira tem uma área de exploração de 275 mil 258 m2. Durante o mês de março decorreu uma reunião entre moradores, empresa, Câmara de Vila Franca e junta de freguesia, e apesar de os novos donos da pedreira terem deixado algumas garantias de forma a sossegar a população, ainda permanecem bem vivos os traumas que a pedreira da antiga construtora do Tâmega deixou quando na década de 2000 se trabalhou a todo o gás das seis da manhã à meia noite, durante dias e dias seguidos, com vista à construção da autoestrada 10 no troço entre Loures e Arruda dos Vinhos, com a população a pagar a fatura dos incómodos. Sónia Reis e José (nome fictício porque diz não querer arranjar engulhos depois da reunião com a empresa) são dois dos moradores de Trancoso. Em particular, José lembra-se da paisagem natural que rodeava a localidade com árvores de fruto, e muitos animais mas que foi substituída por uma coroa de crateras que envolve, atualmente, a localidade de Trancoso por força da exploração das pedreiras. A antiga construtora do Tâmega

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Pedreira da Batalha dos Anjos LDA atualmente

abriu falência e hoje é a Tâmega Engineering, contudo o cenário deixado após as obras da A10 permaneceu durante muito tempo – “Tinha uma área de exploração de 400m2 e extravasou todos os limites e não se efetuou qualquer tipo de requalificação durante muitos anos. Serviu para depósito de todo o tipo de detritos, como bidons, pneus, chapas, mas chegou-se ao cúmulo de se deitar para lá peles e cabeças de javalis”. Há pedreiras na zona que têm sido exploradas ao longo do tempo, mas que deixaram de ter “guarda e o alvará inscrito no portão e passaram a servir de

caixote do lixo”. Entretanto há cerca de um ano e depois de algumas queixas, a pedreira foi tapada e passou a ser supervisionada, “o que não invalida o que já enterram”. A população não quer voltar a sentir as detonações como aconteceu no tempo da construção do troço rodoviário e isso foi deixado claro na reunião com a Batalha dos Anjos Lda, que deu essa garantia à população de que tentaria por força de tecnologia existente nos nossos dias minorar essa questão. José recorda – “Na altura da A10 imagine o que era estarmos aqui no clube e os co-

pos tremerem por todos os lados, para além das fissuras que os rebentamentos deixavam nas fachadas das casas. Reparámos as nossas casas, e agora alguém nos vem dizer que vai voltar tudo outra vez”. “Tiveram a hombridade de marcar esta reunião connosco. A própria Câmara tem sido mais dialogante do que no tempo de Alberto Mesquita mas estamos expectantes quanto ao que vamos ter daqui para a frente”, acrescenta Sónia Reis. Os vários atores envolvidos predispuseram-se a comunicar “sempre com a população”. Quanto às garantias deixa-

Acumular de lixos na zona do antigo Restaurante o Pinheirão Q uem passa no IC2 no concelho de Alenquer já se deparou com o acumular de lixos de diversa ordem junto ao recinto onde funcionou o antigo e agora devoluto restaurante “O Pinheirão”. O assunto já foi suscitado em reunião de Câmara pelo vereador da CDU, Ernesto Ferreira, que alertou para a necessidade de se contactar o proprietário com consequente vedação daquele espaço para que não fique ao alcance dos prevaricadores. O presidente da Câmara, Pedro Folgado, referiu que existe um processo litigioso em tribunal que opõe os proprietários, pelo que admitiu que terá de ser o município a tomar posse administrativa daquele terreno e efetuar a limpeza, porque o recinto é privado. O vereador do Ambiente, Paulo Franco, constatou que a deposição de lixos e monos é notória no concelho e

não apenas na zona do Pinheirão. Na freguesia de Santana da Carnota esta é uma realidade bem presente em alguns locais estratégicos da freguesia onde são largados monos, e resíduos de obras com muita frequência quando exis-

te um serviço municipal para o efeito. “Devemos continua a apostar na sensibilização até porque possuímos uma linha gratuita para que as pessoas nos contactem com vista à recolha dos verdes e dos monos. Vamos continuar a in-

sistir”. À hora de fecho desta edição, o município informa que já notificou três vezes o proprietário para limpeza do recinto e a sua vedação mas que o mesmo permanece incontactável.

Recinto do antigo restaurante está transformado numa lixeira

das foi dito que proceder-se-ia à instalação de sismógrafos e aparelhos de medição da qualidade do ar. Para já a empresa “andou a arranjar os acessos e a arrumar a casa por assim a dizer”, sendo que a atividade extrativa ainda não foi iniciada. A cortina de pó que se formava aquando da exploração da antiga construtora do Tâmega ainda está bem presente na memória dos moradores, “com a fruta dos pomares aqui perto a ficar completamente branca”. É algo que esperam que não se venha a repetir. A Batalha dos Anjos Lda comprometeu-se ainda a fazer circular os seus ca-

miões por acessos exteriores à localidade de Trancoso referindo ainda que a atividade será muito circunscrita, sendo que ficou assente “que a produção é para consumo interno das obras deles, as máquinas a utilizar serão de menor dimensão, e que não vão trabalhar todos os dias”. Um cenário pintado com cores agradáveis e que os moradores esperam para ver. Quanto à assunção dos custos em caso de danos provocados “não evidenciaram isso porque entendem que não vão existir”, referem os dois moradores. Sobretudo porque “têm licença para o dobro da área que está a descoberto nesta altura”, evidencia José. Até ao final doa ano, a empresa deve iniciar os trabalhos no terreno. Presente na reunião, o presidente da União de Freguesias de Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz, Mário Cantiga, diz ter ficado satisfeito com a reunião, sendo que teve a sensação de que a população “também ficou porque estabeleceu-se uma relação de compromisso com o proprietário da pedreira que deixou uma série de garantias que esperamos venham a ser cumpridas”. “Mostraram disponibilidade para se minimizar ao máximo os impactes da pedreira na vida das pessoas com diálogo permanente”. O Valor Local enviou uma série de questões à Câmara de Vila Franca junto do presidente Fernando Paulo Ferreira sobre este tema mas não obtivemos respostas. PUB


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NERSANT

Guerra da Ucrânia com fortes impactes nas empresas da região Associação Empresarial da Região de Santarém (NERSANT) decidiu lançar mão de um inquérito para aferir dos impactes que a guerra da Ucrânia está a suscitar com o aumento do preço das matérias-primas à cabeça. De acordo com a NERSANT há casos de empresas que vão ter muitas dificuldades para absorverem os custos das matérias-primas sem que isso se repercuta nos preços aos clientes. Só no combustível a escalada de preços está cada vez mais presente no dia a dia das empresas. Nesta semana os aumentos foram de 0,12 euros para a gasolina e os 0,15 euros para o gasóleo por litro. Mas dia 21 de março, deverá haver novo aumento. No setor, fala-se até em aumentos totais entre os 0,50 euros e os 0,70 euros por litro até ao final do mês. Segundo a Nersant registaramse, nos últimos três meses, aumentos nas matérias-primas, nomeadamente, no ferro (58 por cento) no níquel (103 por cento), no gás natural (18 por cento), e no brent (58 por cento). Mas o mais significativo, quando analisamos o preço médio da pri-

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Guerra na Ucrânia veio agudizar a crise nas matérias-primas meira quinzena de março de 2021, para o valor médio de hoje, “há um aumento de 408 por cento, tendo passando de 49,52 euros, para 251,70 euros”. Para compreender de que forma as empresas estão a sentir estes

agravamentos de custos, a NERSANT desenvolveu um inquérito rápido junto dos seus associados, tendo em vista compreender os termos em que os efeitos da guerra na Ucrânia estão a afetar o tecido empresarial. Foi apurado

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que os valores elevados da energia afetam 80,7 por cento das empresas. Em 13 por cento das empresas o peso desta despesa é superior a 30 por cento. As repercussões dos preços elevados da energia nos transpor-

tes/logística afetam 80 por cento das empresas. Quando se analisa o peso médio da fatura dos transportes, no produto final, 40 por cento das empresas registam uma repercussão inferior a 10 por cento, mas 46 por cento tem uma

incidência entre os 11 e os 30 por cento. No que respeita às matérias-primas, 94,8 por cento já verificam os respetivos aumentos. Quando se analisa o peso médio destes aumentos das matérias-primas, 45 por cento regista uma variação até 20 por cento, mas em 33,3 por cento já é superior a 30 por cento. As empresas também manifestaram preocupação com alguns aspetos a considerar: A banca pressiona cada vez mais os financiamentos para que possam suportar o brutal aumento das matérias-primas e produtos acabados. Mas há também dificuldade em cumprir prazos devido à falta de existência de materiais e equipamentos. A escassez de matériaprima é uma realidade e pedem por isso uma intervenção direta do Estado na redução dos impostos nos combustíveis, eletricidade e gás. Nas empresas dos setores do aço galvanizado há a registar aumentos na casa dos 50 por cento. Por outro lado, é adiantado que face ao descalabro dos preços temos empresas na região a parar parcialmente devido ao elevado custo da energia.

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Dia Mundial da Água

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Refugiados ucranianos em Vale do Paraíso com “o coração em lágrimas e alegria ao mesmo tempo” Sílvia Agostinho uma história com demasiadas semelhanças com milhões de muitas outras. Desde que estourou a guerra na Ucrânia que mais de dois milhões de cidadãos daquele país estão a fugiram rumo aos países que fazem fronteira como a Polónia, a Húngria, a Roménia, ou a Moldávia. Daqui seguem para muitos outros países da União Europeia. Portugal tem sido o destino de muitos. Foi assim para uma mãe de 45 anos e os dois filhos de 9 e 14 anos. Anna Yasko chegou com o filho Iona e a filha Varvara ao nosso país no dia 10 de março. Foram recebidos pelo presidente da República e depois de cumpridos os trâmites legais estiveram a viver com mais algumas dezenas de compatriotas, todas mulheres e muitas crianças, no Pavilhão Desportivo de Vale do Paraíso no concelho de Azambuja. Na Ucrânia ficou o marido a lutar contra o exército russo. (O Valor Local esteve a falar com esta família no sábado dia 12 de março em direto no nosso Facebook numa emissão que recolheu milhões de

É

Presidente da Câmara de Azambuja com família ucraniana e Violeta, luso-ucraniana que ajudou na tradução

visualizações. No domingo ficámos a saber que tinham sido encaminhados para uma família de acolhimento em Alcoentre).

Anna recorda que abandonou a sua casa em Kiev, a capital, debaixo do som das bombas. Em três horas pegou nos filhos e nos pou-

cos pertences, e foi até à estação de transportes mais próxima. “Quando começaram a cair os prédios à volta foi quando decidimos

que tínhamos mesmo de ir embora”, refere à nossa reportagem. Sem saber para onde ir embarcaram numa viagem que não tinha

um destino certo. Na Ucrânia e na altura do embarque para os comboios e autocarros é comum ver malas a voarem para fora para

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Março 2022 que caibam mais alguns passageiros. No caso desta família foram quase 14 horas como sardinha em lata até chegarem a Lviv na fronteira com a Polónia. Fugir era o mais importante. Todos os dias mantém o contacto com o marido. O facto de haver rede de internet no pavilhão é uma mais-valia. E no dia da nossa reportagem eram muitas as mulheres a tentarem estabelecer contacto com os maridos que ficaram na guerra. Anna Yasko era professora na Ucrânia e agora espera encontrar um emprego para conseguir dar curso aos sonhos de ambos os filhos no mundo da música. Varvara toca piano e violino e Iona guitarra. A comunidade local sabendo da paixão musical das crianças proporcionou-lhes rapidamente instrumentos musicais. Iona tocou para a nossa reportagem dois temas, e logo de seguida chegaram através das nossas redes sociais muitas mensagens de parabéns e de votos de boa sorte a esta família. Um emigrante de Aveiras de Cima até fez questão de garantir que entregaria a este jovem ucraniano uma palheta para a guitarra. Anna Yasko pergunta-nos onde há escolas de música perto de Vale do Paraíso. Indicamos que na própria freguesia há uma banda mas também em Azambuja, assim como noutros locais que ficam a alguns quilómetros. “Se for preciso vamos a pé”, garante-nos. Aprender a língua é também uma prioridade. Portugal foi o destino escolhido por esta família como pelas restantes

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O início dos preparativos para receber os novos habitantes de Vale do Paraíso que estão em Vale do Paraíso trazidas pela “Ukrainian Refugees” UAPT, uma associação criada por um empresário ucraniano radicado no nosso país desde os anos 2000 e que em tempo recorde fretou vários aviões para trazer compatriotas para o nosso país. “Estávamos a seguir no Facebook esta associação, que nos disse que Portugal era um bom sítio, não só porque é longe da Ucrânia e distante do conflito, mas principalmente porque as pessoas de

Portugal são muito queridas, têm um coração mole e estão sempre aqui para nos ajudar”. Desde que chegou a Portugal e a Vale do Paraíso mais em concreto “que tem sido inexplicável a onda de emoção que sentimos. As pessoas agarram em nós e abraçamnos. A ajuda é tanta que não há palavras”, descreve Anna, especificando – “O coração está em lágrimas e alegria ao mesmo tempo”. Voltar ao seu país é algo que vai estar posto de parte durante muito

tempo. “Corremos muitos riscos no nosso país, vimos os aviões a passar e a despejar bombas com muito fumo. Estamos muito traumatizados com tudo isto”. Para classificar Putin, esta família só tem uma palavra – “É um animal, porque não pode ser uma pessoa normal. É um cobarde que está dentro de um bunker ao contrário de Zelensky que está ao lado do povo”. Mas lamenta que o povo russo “esteja a ser castigado porque se manifesta contra esta guer-

ra pelo seu presidente”. Sobre a ofensiva russa concorda que Putin está a perder terreno porque “queria tomar Kiev em quatro dias e não está a conseguir, sendo que os países vizinhos estão com a Ucrânia neste combate contra o presidente russo”. Recorde-se que depois do pedido de adesão à União Europeia levado a cabo pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, a Moldávia e a Geórgia também se uniram neste desiderato. Putin tem sido contra a adesão

quer à Nato quer à União Europeia por parte dos países que fazem fronteira com a Rússia. Em 2014 conseguiu fazer com que o anterior presidente ucraniano Viktor Yanukovych desistisse dessa velha ambição, num momento histórico, que levou à revolta da população com consequente queda do presidente, exilado desde então na Rússia. Os ucranianos veem na adesão à União Europeia uma forma de progresso civilizacional e económico.

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Presidente da Câmara de Azambuja enaltece espírito solidário – “O nosso povo é demais!” pós o contacto de um dos interlocutores da associação “Ukrainian Refugees” UAPT, o município de Azambuja decidiu dizer sim a esta operação que consiste em oferecer um lugar para que as famílias possam ficar de forma temporária até serem encaminhadas para soluções mais definitivas por parte da associação. Chegaram no dia 10 de março e no dia seguinte, alguns dos refugiados já tinham para onde ir. No dia da nossa reportagem estavam 21 pessoas na Casa da Juventude e cerca de 69 no Pavilhão Desportivo de Vale do Paraíso. À hora de fecho desta edição estão 53 repartidas por ambos os espaços, mas vão chegar mais nos próximos dias. No pavilhão fazem as suas refeições e higiene. Como há muitas crianças à mistura há brinquedos e mesas de pingue-pongue para irem passando o tempo. A comunidade local e não só está muito empenhada em confortar e dar todo o carinho possível a estas pessoas. Silvino Lúcio, presidente da Câmara de Azambuja, descreve esta jornada e este arregaçar de mangas por parte do município como “muito emocionante”. A Câmara esperava levar para o concelho 140 pessoas, “mas muitas tinham familiares e amigos à espe-

A

Bens não param de chegar a Vale do Paraíso. No dia da nossa reportagem chegaram mais ofertas

ra e não foi necessário”. Neste processo, o autarca saúda o espírito dos corpos de bombeiros do concelho, da Cruz Vermelha e da sociedade civil que contribuíram para esta causa bem como os funcionários da Câmara que “têm feito um trabalho extraordinário”. “O nosso povo é demais. Temos dois pavilhões da EPAC

completamente cheios com dádivas de pessoas do concelho e até de fora”. Mas não foram apenas bens alimentares ou de higiene que a população deu, também choveram ofertas de micro-ondas, aquecedores, camas de bebé numa onda de solidariedade infinita ao ponto de o município anunciar nas suas redes sociais que já

não necessitava de mais. “Esta onda solidária não tem comparação. Não param de chegar pedidos de pessoas a quererem vir para aqui (Vale do Paraíso) ajudar estas famílias, a disponibilizar os seus préstimos para o que for preciso”. Já as famílias apoiadas “mostram a sua grande gratidão”. “Aqui podem fazer as suas refei-

ções e tomar banho, ao contrário dos seus compatriotas que estão refugiados em estações de metro sem condições nenhumas, infelizmente”. Ao serviço desta missão estão seis pessoas falantes de ucranianos, imigrantes estabelecidos no nosso país há vários anos e que dominam bem o Português, ou jovens luso-ucranianos. “Vamos mantendo aqui uma harmonia familiar e oferecendo o melhor que temos, e se mais tivéssemos mais daríamos”. Se, entretanto, as famílias ucranianas arranjarem acomodação fora das estruturas da Câmara, “vamos encaminhar estes bens para a Polónia, para o campo de refugiados”. Conforme a Rádio Valor Local deu conta no programa especial “SOS Ucrânia”, a autarquia em conjunto com uma empresa de transportes do concelho, vai enviar um camião para a Ucrânia com o fruto das dádivas da população, ficando o município responsável pelas despesas relacionadas com as portagens e o combustível. Através do Governo por intermédio da secretaria de Estado para a Integração e as Migrações, a Câmara tem estado a articular no sentido de dar soluções de vida àqueles cidadãos com a possibili-

dade de serem levados para outros municípios e serem-lhes dadas oportunidades no curto e no médio prazo. No entanto será possível fixar algumas das mulheres ucranianas “porque temos um tecido empresarial que se pode adaptar a estas pessoas”, embora seja escassa a oferta de habitações. Para já uma empresa de fabrico industrial de bolos sedeada em Aveiras de Cima e o Pingo Doce manifestaram vontade de acolher possível mão de obra, bem como uma empresa algarvia. O autarca diz que é necessário existir um olhar atento a possíveis abusos e situações de tráfico humano. “Há uma empresa que está disponível para levar 20 senhoras e os filhos, mas temos de estudar muito bem para que não se verifiquem situações menos claras, já basta o que estas pessoas passaram”. O presidente da Câmara saúda ainda algumas ofertas que têm vindo por parte das empresas fixadas no concelho, nomeadamente, grandes grupos de distribuição que providenciaram os mais diversos tipos de bens. O autarca conclui referindo que “nós azambujenses devemos ter orgulho porque estamos a ajudar uma causa bastante nobre”. PUB


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Voluntários de Vale do Paraíso já são os primeiros amigos dos refugiados ucranianos Passeio de bicicleta organizado no fim de semana

Grupo infatigável de Vale do Paraíso que tem estado a ajudar no pavilhão aria Antonieta, Domingos Pereira e Filomena Esteves são apenas três dos muitos voluntários de Vale do Paraíso que se têm entregado de corpo e alma a proporcionar as melhores condições possíveis aos que fugiram da guerra na Ucrânia, e que estão a encontrar um porto de abrigo nesta localidade. É com muita emoção e com um sentido de missão que estão a encarar esta tarefa desde o dia em que os refugiados chegaram a 10 de março. Passam muito do seu tempo livre depois de um dia de trabalho no recinto do pavilhão, incluindo os fins de semana. Filomena Esteves e Maria Antonieta estão encarregues da cozinha com a preparação de refeições e limpeza do espaço. Inicialmente a Câmara de Azambuja pretendia contratar para fornecimento de refeições a mesma empresa que trabalha com as escolas do concelho, mas face ao avolumar de oferta de alimentos, a agulha mudou. “Deram-nos tantos bens alimentares que decidimos começar a cozinhar para estas pessoas, e não há nada que se compare ao cheirinho a comida. O ânimo deles até mu-

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dou, porque o odor da comida a ser preparada dá-nos aquela sensação de conforto, de que estamos em casa, e isso também aconteceu aqui”, conta Filomena Esteves. Entre as refeições que já foram servidas refere que confecionaram “stogonoff” que “adoraram” e uma espécie de “empadão de atum com pão”. Tudo é racionado para que não haja desperdício na cozinha. Mas até a sopa de beterraba, a borscht, típica daquela zona do mundo, as cozinheiras de Vale do Paraíso já experimentaram cozinhar com a ajuda das mulheres ucranianas que estão no pavilhão. “Perguntam se podem ajudar e têm colaborado na cozinha”. Filomena Esteves confidencia que esta é uma experiência enriquecedora a todos os níveis. “Uma das senhoras tem o marido a lutar perto de uma das centrais nucleares. No outro dia estava numa videochamada (aliás essa senhora anda sempre com o coração nas mãos) e chamou-me. O marido do lado de lá fez-me um gesto de agradecimento ao mesmo tempo que chorava compulsivamente. São coisas que ficam para sempre. Sinto-me muito pequenina perante aquilo que

eles estão a passar”. Os mimos por parte da comunidade de Vale do Paraíso sucedem-se: Uma criança também fez anos, entretanto, e foi “confecionado um bolo”. Maria Antonieta que também está entregue à cozinha relata que “são todos muito amorosos”. “Assim que soube que vinham para cá os refugiados disse logo ao presidente da junta, ao Sérgio, que contasse comigo para aquilo que fosse necessário, e cá estou com muito amor”. Já quanto à sopa de beterraba diz que se está a aprimorar pois “fica quase igual à deles”. Também uma travessa de fatias paridas confecionada recentemente desapareceu num ápice, contam as duas habitantes de Vale do Paraíso. Em menos de uma semana várias famílias de refugiados já foram encaminhadas para casas de acolhimento. “Em poucos dias ganhamos muito apego às pessoas. Um menino agarrou-se a mim com muita pena de ter de ir.”, dá conta Filomena Esteves. Os voluntários têm transmitido às famílias que no caso de não se sentirem confortáveis para abandonar o pavilhão para não irem. Há um medo do desconhecido e

a mudança de cenários em muito pouco tempo também está a mexer com o lado psicológico destas pessoas. “No fundo, antes de irem procuram obter aprovação junto de nós, aconselharem-se no fundo. Têm medo, porque ainda agora chegaram. Sentem-se serenos aqui e há receios de uma nova mudança brusca, porque há semanas que estão numa roda-viva”, enfatiza Filomena Esteves. “O que está a acontecer é que

nos pedem a opinião. Ficamos com o contacto quer da família de acolhimento quer dos refugiados. Já tivemos notícias dessas pessoas que passaram por aqui e que foram embora. Enviaramnos fotografias. Confiam muito em nós e procuram aconselharse connosco”, evidencia, referindo que o google translator acaba por ser o maior amigo de portugueses e ucranianos nesta aventura. “No primeiro dia vinham muito tristes e amargurados o

que é natural porque caíram aqui de paraquedas”, acrescenta Maria Antonieta. “Depois de o gelo ter sido quebrado, cresce aqui uma amizade, e os que saíram ficaram com os nossos contactos e nós com os deles, e houve promessas de um dia nos visitarmos mutuamente”, acrescenta Domingos Pereira, evidenciando – “Dizemos às pessoas que se não se sentirem bem que entrem em contacto connosco”. “Nunca se sabe como as coisas se vão pro-

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porcionar, porque ao fim de algumas semanas podem começar a surgir atritos. É um pouco como nós quando recebemos visitas nas nossas casas e ao cabo de alguns dias já estamos desejosos que se vão embora. É incontornável. Mas eles sabem que podem sempre contar connosco”, acrescenta Filomena Esteves. As famílias que desejem acolher refugiados, por estes dias, podem inscrever-se quer nos municípios que já demonstraram essa disponibilidade, quer na própria associação “Ukrainian Refugees” UAPT, entre outras entidades. A solidariedade não conhece limites, e já foram oferecidos alguns instrumentos musicais dado que no pavilhão estiveram ou ainda estão algumas crianças praticantes. Guitarras, um piano e um violino foram emprestados ou oferecidos. “Vamos ter um violino cá para que uma menina possa ficar mais entretida. Foi um senhor de Sintra que decidiu fazer esta oferta bem como mais duas flautas, sabendo nós que pelo menos o violino é um instrumento caro. As pessoas tentam minimizar o sofrimento deles”, acrescenta Domingos Pereira. As ofertas chegam de todo o lado, desde o concelho até outras zonas entre os distritos de Santa-

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jornalvalorlocal.com Sérgio Alexandre, presidente da junta de Vale do Paraíso, enaltece comportamento da população

Sérgio Alexandre junto a um mural de desenhos realizados pelos alunos das escolas do concelho de boas vindas aos refugiados rém e de Lisboa. Muitas marcas individualmente já se quiseram associar. No dia da nossa reportagem chegou mais uma carrinha com bens enviados por um empresário. “Temos os stocks completamente abastecidos desde alimentação passando pela comida entre outros bens”. A vertente do entretenimento para ajudar estas pessoas, especialmente as crianças, está a ser proporcionada por Domingos Pereira. No primeiro fim de semana organizou um passeio de bicicleta para os mais pequenos, e sem grande dificuldade moradores do

concelho disponibilizaram bicicletas. “É assim a solidariedade dos portugueses, estamos sempre dispostos a ajudar”. Na sexta “lancei o repto e no sábado apareceram 20 bicicletas”. A memória dos rostos destes miúdos assim que viram as novas companheiras para passearem por Vale do Paraíso é inesquecível- “A felicidade foi enorme, agarram-se a mim e disseram obrigado Portugal”. No próximo fim de semana “vamos organizar uma sessão de pinturas, mas isto é tudo muito dinâmico porque as pessoas vão

saindo para as suas famílias de acolhimento. O que preparamos tem de ser em função das idades. As minhas filhas e as amigas estão a organizar esse workshop para passarem aqui umas horas. Penso que este vai ser um processo contínuo, porque uma vez que temos esta estrutura, deverá ser um primeiro porto de abrigo para os que cheguem aqui à região de Lisboa”. “Esta experiência vai ficar para a história de Vale do Paraíso, embora todo o concelho e a região estejam a aderir de uma forma extraordinária”.

Sérgio Alexandre, o presidente da junta de freguesia de Vale do Paraíso, refere que estes têm sido dias de muitas emoções, que tenta controlar e sobretudo revela que faz um esforço para não se apegar muito às pessoas. “Sei que depois será mais difícil para mim quando se forem embora”. Têm sido muitas as horas que a equipa da junta tem dedicado a esta população que agora é uma espécie de “uma segunda família para nós”. “Depois de um dia de trabalho repartido entre as nossas profissões e o tempo que passamos aqui, quando chega a hora de nos deitarmos na almofada temos uma sensação de dever cumprido e de satisfação connosco”. O presidente da junta é o primeiro a acender as luzes e o último que as apaga no pavilhão. Entre voluntários e a população que vai ajudando como pode com a oferta de bens, Sérgio Alexandre fala em centenas de pessoas, “e isso dá-nos muita força”. “Tem sido incrível o carinho que demonstram para esta causa. A Câmara de Azambuja também

Março 2022 tem feito tudo o que está ao seu alcance. Temos a certeza de que vamos deixar uma marca forte e que estas pessoas nunca mais se vão esquecer de nós”. O presidente da junta apenas lamenta o turismo de curiosos que começa a surgir em Vale do Paraíso – “Pessoas que querem ver isto como aconteceu no fim de semana. Tivemos de resguardar os refugiados porque isto não é um espetáculo. Estamos a lidar com seres humanos. Aqueles que querem vir dar produtos e bens são bem-vindos, mas contactem a junta ou a Câmara antes.” A junta de freguesia está também a preparar um conjunto de atividades para facilitar a sua integração com passeios, aulas de música, e mais tarde dar-lhes também a conhecer as tradições da terra, a gastronomia, monumentos e a Casa Colombo. Algumas senhoras, dado que têm chegado apenas mulheres, questionam sobre oportunidades de emprego, sendo que a junta refere que existe trabalho na logística, mas alugar uma casa é algo mais difícil, embora seis proprietários de Vale do Paraíso tenham disponibilizado as suas habitações gratuitamente, pelo menos nos primeiros tempos, para quem deseje arranjar um emprego na zona.

Comunidade ucraniana da região reforça sentimento de gratidão aos portugueses

Radicada no país há alguns anos, Maryia Moroz não tem olhado a esforços para ajudar os compatriotas

os primeiros dias da guerra, a Rádio Valor Local levou a cabo uma emissão especial em que ouvimos três ucranianas radicadas em Portugal já há vários anos. Mariya Moroz reside no Cartaxo e esteve envolvida em campanhas da solidariedade para receção de bens com destino aos países onde muitos refugiados têm chegado desde que a guerra rebentou no dia 24 de fevereiro. “As pessoas têm sido muito generosas e compreensivas, espetaculares mesmo”. Medicamentos, e roupa térmica são os bens mais necessários, entretanto. Muitas carrinhas já partiram rumo à fronteira da Polónia com a Ucrânia onde estão os maiores campos de refugiados.

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A residir no nosso país há 18 anos tem toda a família na Ucrânia, pelo que a angústia é imensa todos os dias. Quando telefona para saber se estão todos bem, o coração dispara e é com voz embargada que dá conta do seu desespero. Tem uma irmã enfermeira que no dia da nossa reportagem ainda trabalhava em Kiev. “Tenho familiares mais para o lado da fronteira com a Polónia onde as coisas ainda estão mais ou menos sossegadas”. Ainda assim exprime que tudo “é um horror” e que os seus familiares que não saíram do país conformaram-se de que “estamos em guerra e que têm de trabalhar e defender o país”. Não pensam em fugir mas “em lutar até ao

Recolha de bens promovida no Cartaxo fim”. Por estes dias “vive-se com o coração nas mãos com medo pelos nossos familiares”. No acolhimento aos refugiados que possam ir viver para o Cartaxo “já algumas pessoas deram o seu nome a disponibilizarem-se para os receber”. Emigrante há mais de uma década, e a trabalhar como empregada de limpezas não tem dúvidas de que Portugal acolhe bem os cidadãos que tentam ter uma vida melhor no nosso país. “Ao longo dos anos sempre tive muitas provas de que os portugueses são pessoas bondosas, mas ainda consigo ficar surpreendida”. Mas também há solidariedade em sentido contrário. Veronica Dovodnyakovka é uma ucraniana

empresária radicada no nosso país há 17 anos. Decidiu apoiar a Associação Desportiva “Os Pestinhas” de Povos, Vila Franca de Xira, com equipamentos que possibilitaram a continuidade da sua atividade. “São crianças com muito talento, mas cujos pais não tinham possibilidade de fazer face a este tipo de despesas. Reunimo-nos com o clube e decidimos ajudar através da oferta de equipamentos, pagamento de seguros, e outras contribuições.”. A ucraniana ainda tem familiares no país, onde “a situação é muito preocupante”. “Estamos abandonados e a viver com medo constante de que rebente uma bomba nas casas”. “Muitos tentam fugir, mas não é fácil, ainda por cima é

inverno e as condições são más”. Recorde-se que os homens entre os 16 e os 60 anos são obrigados a combater. Quanto à ajuda dos portugueses à Ucrânia diz não ter ficado surpreendida pois por norma “ajudam bastante neste tipo de causas”. “São um ótimo povo”. João António, presidente da coletividade, saúda o apoio da empresária ucraniana porque “se não fosse esse apoio não poderíamos competir. Assim vai permitir que as três equipas da formação de futsal participem nas provas com material desportivo patrocinado pela empresa”. Nataliia Tkach é também uma imigrante que reside na nossa região, no Carregado, há 20 anos. Num tom profundamente emocio-

nado agradece a todos os portugueses e em especial “às muitas crianças portuguesas que trouxeram brinquedos”. “Muito obrigada aos portugueses pela educação que deram aos vossos filhos, muito obrigada pela compreensão pelo que se passa na minha terra”. Refere que muitos ucranianos estão a juntar bens nas suas casas para depois serem enviados para um grande armazém em Lisboa e daí para a Polónia. Quanto à sua família que ainda está na Ucrânia dá conta de que “não querem sair de lá, mas combater para expulsar o Putin”. “Não queremos que os russos fiquem com o nosso país”. Quanto aos portugueses: “Adoro-vos por tudo o que estão a fazer”.


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“O Crime e o Castigo”

António Loureiro, antigo agente da PJ, passa em revista casos da sua carreira na Rádio Valor Local Sílvia Carvalho d’Almeida

ntónio Loureiro é presidente da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcoentre, e foi agente da Polícia Judiciária durante cerca de 20 anos. Tem chegado aos ouvintes no último ano com o programa “O Crime e o Castigo” na Rádio Valor Local, no qual tem contado momentos e peripécias da sua vida como investigador bem como analisado temas quentes da atualidade criminal, experiência de que está a gostar bastante, mas confessa: “Ainda não me sinto muito confortável a falar em direto ou a ser filmado.” O programa, que passa quinzenalmente sempre às quartas-feiras, às 18 horas, na Rádio Valor Local, com transmissão através do Facebook fala de casos baseados na “experiência profissional como agente da Polícia Judiciária” de António Loureiro. Isto numa primeira fase dado que foi ainda diretor e diretor adjunto de estabelecimentos prisionais, nomeadamente, do Estabelecimento Prisional de Alcoentre. O ex-agente da PJ graceja e exclama: “Primeiro prendi-os e depois guardei-os!”. Nasceu no concelho da Azambuja, mais precisamente em Alcoentre, onde cresceu, até que foi para a tropa. Filho da terra, serviu na base da Ota, na aviação, e mais tarde foi para a capital, onde trabalhou como empre-

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António Loureiro

gado de escritório. No entanto, decidiu concorrer a um concurso para agentes da Polícia Judiciária, sem expectativas de ser selecionado, pois como conta, no dia dos testes, “o auditório e mais umas quantas salas da Faculdade de Direito de Lisboa estavam cheias”, e como tal confessa que nunca pensou que pudesse vir a ser selecionado. Ainda para mais não tinha ligações familiares ou de qualquer tipo na polícia, e havia quem as tivesse. No entanto, os testes correramlhe bem, e essa foi a profissão que abraçou com dedicação durante mais de duas décadas. Conta-nos que um dos casos

que mais o marcou, foi o do desaparecimento de uma criança numa pequena aldeia do distrito da Guarda que apareceu morta não muito longe dali, a qual relatou recentemente num dos episódios de “O Crime e o Castigo”. Até aos dias de hoje emocionase com os contornos do caso, e revela que durante muito tempo não conseguiu contar aos familiares a situação com a qual se deparou ao encontrar o corpo. A propósito disto, perguntamos se é difícil fazer uma separação clara entre o que se passa no trabalho e a vida familiar e pessoal, sendo que responde que “é importante separar as coisas”,

mas garante que é difícil. Este caso, lembra-nos o caso Maddie McCann, ocorrido a 3 de maio de 2007, no Algarve, e que foi um dos mais mediáticos em Portugal, envolvendo altos representantes diplomáticos ingleses, numa clara, para muitos, ingerência numa investigação criminal portuguesa, que culminou no afastamento do caso do seu colega Gonçalo Amaral, inspetor responsável pela investigação na altura. Relembre-se que Amaral defendeu no seu livro “A verdade da mentira “ que gerou muita polémica no país e no estrangeiro, o envolvimento dos pais da criança no desapareci-

mento, eliminando a tese de rapto, como se teria pensado inicialmente. Acerca disto, António Loureiro pensa que algumas evidências consubstanciam em parte a teoria de Gonçalo Amaral, e que não deveria ter existido o envolvimento de autoridades inglesas no caso, que tomou proporções diplomáticas e mediáticas inimagináveis e que prejudicou as investigações, numa fase inicial, que é a mais importante para averiguação dos fatos. Diz-nos que sempre haverá corrupção, pelo menos enquanto os prevaricadores tiverem o falso sentimento de que nunca serão apanhados pelas autoridades. Acerca disso, refere ainda que o crime anda sempre um passo à frente, pelos valores financeiros que envolve, que podem proporcionar métodos e ferramentas mais sofisticadas, ao passo que lamenta que exista pouco investimento em meios de investigação para as polícias. Contudo não é da opinião generalizada de que o poder político tem alguma vontade em que a corrupção não deixe de acontecer. De facto, refere que são necessários mais meios, e também legislação mais específica e com menos alçapões que permitam aos criminosos evadir-se. As principais características de um bom investigador são, na sua opinião, a capacidade de não pensar que se sabe tudo à priori, e ir de mente aberta para

Crónica de Nuno Vicente

“Vamos ao teatro” em Alenquer D esde o passado dia 18 de fevereiro e até ao próximo dia três de abril, Alenquer vive o seu ciclo de teatro, o “Vamos ao Teatro”. Uma iniciativa da Câmara Municipal de Alenquer em parceria com a Associação Alenpalco, formada em 2019, pelo ator e encenador Simão Biernat, que regressado de uma temporada em Praga (República Checa) sentiu que era necessária uma estrutura para promover a cultura e a área artística no concelho de Alenquer. O objetivo da associação é trabalhar a nível de cultura no e para o concelho. Para nos falar deste ciclo, o Simão passou pelos estúdios da Rádio Valor Local e falámos um pouco do que já passou e do que ainda está para vir. Desde a abertura que teve lugar no Teatro Ana Pereira, na Liga dos Amigos de Alenquer, onde

foi apresentado o “Banquete no Palheiro” da “Trupe os 4 e o Burro”, (que ainda estará em cena a 18 e 19 de março e até 3 de abril, quando será apresentado pela quinta e última vez o espetáculo “Viagens na Nossa Terra” pelo grupo de teatro da Universidade da Terceira Idade), muito teatro já aconteceu ou vai acontecer nos palcos do Auditório Damião de Góis, Rancho Folclórico do Carregado e bibliotecas de Alenquer e Carregado. Segundo Simão (que tem uma grande atividade na área do teatro educativo, o que se nota, pois os espetáculos apresentados possuem uma ordem cronológica do público alvo: de bebés a jovens, até chegarmos a um público mais adulto) desde que se iniciou nas artes do espetáculo, sempre teve um sonho de organizar um festival de teatro no

seu concelho, mas se já existia um “Março mês do Teatro”, não faria sentido fazer um concorrente e assim nada melhor do que unir esforços com a Câmara e com os seus conhecimentos na área ajudar a dinamizar ainda mais. E a dinâmica funcionou. Nomes conhecidos a nível nacional, como Pedro Giestas ou Diogo Batáguas participam na mostra que terá o seu ponto alto no Dia Mundial do Teatro, a 27 de março, com o espetáculo “Ai a minha filha” protagonizado por Carlos Cunha e Érica Mota. Em tom de brincadeira, diz o Simão que é neste dia também que Carlos Cunha comemora o seu aniversário, e portanto temos que ir todos ao teatro para lhe cantar os parabéns. Então já sabe. Ainda faltam três fins de semana. Vá ao teatro a Alenquer.

Simão Biernat um dos dinamizadores da iniciativa

a investigação. Para além disto, saber responder a perguntas essenciais, como o quem, como, quando, onde e porquê. De resto, estas perguntas são também essenciais no jornalismo, e quando lhe perguntamos se os jornalistas atrapalham as investigações da Polícia Judiciária, refere que quando exercia a profissão, não havia tanto mediatismo dos casos, mas que no geral as parcerias que se estabelecem entre polícia e jornalistas são produtivas para ambos os lados. Quanto ao programa, conta que tudo começou porque conhecia Miguel Rodrigues, diretor da Rádio Valo Local há muitos anos, e que ele lhe dizia que com a sua experiência, deveria escrever um livro para contar as suas memórias. António Loureiro não achou a ideia do livro fascinante no seu caso, e daí surgiu a ideia de passar quinzenalmente uma conversa sua com a jornalista e editora Sílvia Agostinho sobre a temática criminal. Apesar de estar a gostar da experiência, e de todos os programas serem únicos, lamenta que ainda não se sinta completamente à vontade a falar para um número tão grande de seguidores, e nem perante as câmaras, uma vez que o programa também é gravado e transmitido na página do facebook. O retorno por parte dos ouvintes tem sido grande e bastante positivas as críticas que tem recebido.


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Águas do Ribatejo -Serviço Público Sustentável

Sete municípios e 140 mil pessoas unidas pela água AR - Águas do Ribatejo, E.I.M., S.A. (AR) é uma empresa com elevadas responsabilidades ambientais e sociais na área dos sete municípios que serve, Almeirim, Alpiarça, Benavente, Chamusca, Coruche, Salvaterra de Magos e Torres Novas. A empresa constituída em 2007, apenas com capitais públicos das autarquias, é a responsável pela gestão do Sistema Intermunicipal de Abastecimento de Água e de Saneamento da Lezíria do Tejo e do Almonda com um papel fundamental na proteção do ambiente e consequente sustentabilidade ambiental. O modelo da AR foi inovador pelo facto de assegurar a gestão e a exploração das redes de Abastecimento e de Saneamento de Águas Residuais, nas vertentes em “alta” e em “baixa”, de vários Municípios, constituindo-se, portanto, como um sistema Intermunicipal. A AR foi um caso de estudo e investigação e o seu modelo está a ser replicado noutras regiões do país. O reconhecimento público por parte do Banco Mundial, Ministério do Ambiente, Comissão Diretiva do

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POSEUR e de um conjunto de entidades nacionais e internacionais tem sido um reforço positivo para continuar esta caminhada. No início do ano a AR foi aceite por unanimidade como membro do Conselho Mundial da Água (WWC), organismo com mais de 400 membros em 60 países de cinco conti-

nentes, mas onde a AR é a primeira empresa intermunicipal portuguesa a integrar o WWC. A missão confiada à Águas do Ribatejo assegura, por um lado, um serviço de excelência que garante o fornecimento contínuo de água com qualidade e segurança. E por outro, a drenagem e tratamento de águas residuais dos cerca de 140 000 habitantes dos municípios abrangidos com a devolução de efluente tratado às bacias do Tejo e do Almonda, contribuindo para o equilíbrio do Ciclo Urbano da Água. Desde a sua criação, a AR realizou um vasto conjunto de investimentos nos sete Municípios, visando atingir níveis de serviço de excelência em todo o território. Esses investimentos são direcionados para as áreas e territórios com maiores carências do ponto de vista infraestrutural, numa ótica de equidade e solidariedade intermunicipal. Uma das principais virtudes deste projeto foi a de conseguir captar um importante volume de financiamentos comunitários, os quais serviram para alavancar os cerca de 150 milhões de euros de investi-

mento realizados até final de 2021. Foram construídas ou remodeladas cerca de 50 Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), 50 Estações Elevatórias (EE) e quase 500 Km de novas redes de coletores. Nos sistemas de abastecimento de água, destacamos a construção e reabilitação de cerca de 50 captações, 67 reservatórios, 18 Estações de Tratamento de Água (ETA) e 300 Km de condutas nos sete concelhos do universo AR. A concretização destes e de outros investimentos é absolutamente essencial para assegurar a sustentabilidade futura dos serviços e do meio ambiente, contribuindo de forma significativa para melhorar a qualidade de vida das populações e a atratividade dos territórios. A fórmula empresarial adotada pela AR possibilita uma gestão integrada e especializada dos sistemas de abastecimento de água e de saneamento nos municípios aderentes e permite obter economias de escala, de gama e de processo, integrando soluções, que seriam mais dispendiosas se assumidas individualmente por cada município.

Francisco Oliveira*

Um dos principais desafios da AR era o de compatibilizar a necessidade de um grande volume de investimentos com a sustentabilidade financeira da empresa, mantendo as tarifas em níveis adequados e compatíveis com a realidade socioeconómica da região. A empresa manteve um dos tarifários mais económicos da região, que é único nos sete concelhos, e reforçou os apoios às famílias, empresas e instituições com os tarifários: social, famílias numerosas, autarquias e instituições. Em contexto de pandemia foram ainda criadas medidas de apoio específicas para as famílias, empresas e instituições mais atingidas. Seguindo a máxima de que os recursos humanos são o património mais valioso de uma organização, os colaboradores da AR são incentivados para a busca permanente de conhecimento e para a valorização das suas competências. A AR aposta também na inovação, integrando a Comissão de Inovação da APDA. Na AR valorizamos a partilha de conhecimento com as universidades e centros de investigação nacionais e estrangeiros, procurando antecipar soluções

para as necessidades que prevemos a curto e médio prazo. A AR tem também uma forte responsabilidade ambiental perante as comunidades onde garante serviços essenciais e nesse sentido reforçou as campanhas de sensibilização para a redução da pegada ambiental, com a fatura eletrónica, a aplicação myAQUA e o estímulo do consumo da água da torneira por ser “mais saudável, mais económica e mais amiga do ambiente” com redução de resíduos e da pegada carbónica. Numa parceria com a DECO, reforçámos as campanhas para o uso eficiente da água, boas práticas ambientais e consumo da água da torneira nas rádios, jornais, redes sociais e nas várias plataformas de comunicação com os clientes e consumidores. A AR é um bom exemplo de que juntos fazemos mais com menos e somos mais fortes. Vamos continuar a Construir o Futuro. Unidos pela Água! * Presidente do Conselho de Administração da AR

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A sustentabilidade como pano de fundo

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Mário Frota*

Do dia mundial dos direitos do consumidor m sem-número de iniciativas, prantadas na Nova Agenda Europeia do Consumidor (2021/25), que a Comissão Europeia deu oportunamente à estampa, se perfilam no horizonte: * Novo Plano de Acção para a Economia Circular * Plano de Acção para a Poluição Zero * Estratégia para a Biodiversidade * Estratégia do Prado ao Prato * Iniciativa para os Produtos Sustentáveis * Revisão da Directiva Embalagens e Resíduos de Embalagens * Estratégia para a Sustentabilidade dos Produtos Químicos * Electrónica Circular * Iniciativa Carregador Universal (telemóveis e mais dispositivos portáteis)

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* Estratégia para os Têxteis * Estratégia Renovada de Financiamento Sustentável O seu fito é o de promover uma melhor retenção de valor, conferir prioridade a produtos mais seguros e duradouros e preservar os materiais no ciclo económico (recusar, reduzir, reparar, reutilizar e reciclar) no mais extenso lapso de tempo possível. O uso socialmente potenciado dos novos produtos e bem assim as novas abordagens ao consumo exigirão se apetreche os consumidores de informação melhor e mais fiável no que toca à sua sustentabilidade, evitando, em simultâneo, indesejável sobrecarga de informação: excesso de informação equivale a nula informação.

A consulta pública, entretanto promovida, permite reter a ideia de que a ausência de informação é manifesta, enormes as preocupações em torno da fiabilidade das alegações ambientais e da informação em geral sobre os produtos, como obstáculos expressivos a uma maior aceitação das escolhas de consumo sustentável. Na calha uma iniciativa sobre capacitação dos consumidores para a transição ecológica. Versará o acesso dos consumidores à informação sobre as características ambientais dos produtos: durabilidade, possibilidade de reparação ou de actualização, fiabilidade e comparabilidade de tais informações. Estabelecerá requisitos gerais para complementar as regras

mais específicas ínsitas na legislação sectorial, v. g., sobre produtos ou grupos de produtos específicos. Melhor informação sobre disponibilidade de peças sobressalentes e serviços de reparação será decerto factor em prol da durabilidade dos produtos. Além disso, a revisão da Directiva Venda de Bens proporcionará oportunidade para analisar o que mais pode ser feito para promover a reparação e incentivar produtos circulares e mais sustentáveis: analisar-se-á as opções no que toca a meios de defesa do consumidor (preferência pela reparação em detrimento da substituição, o alargamento do período mínimo de garantia para os bens novos ou em segunda mão, ou um novo

A Guerra voltou à Europa guerra, que a nossa geração julgava afastada das nossa vidas, regressou à Velha Europa com uma força avassaladora e em direto nas televisões. A invasão da Ucrânia pelas tropas russas vem acordar-nos para uma realidade que julgávamos bem lá atrás, no tempo da 2ª Grande Guerra. Embora tenha havido guerra na ExJugoslávia nos anos 90, a que talvez não tenhamos dado a devida atenção, a guerra está de novo a ceifar vidas e a destruir cidade inteiras em solo europeu. Este era um cenário impensável há pouco tempo para todos nós.

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Vemos um rasto de morte e destruição nas cidades ucranianas e uma enorme dor e sofrimento a que está sujeita uma Nação livre e soberana com uma população de 44 milhões de pessoas. E tudo levado a cabo por um alucinado saudoso duma velha Rússia imperial. Nomes de cidades como Kiev, Mariupol, Kharkiv, Kherson e outras passaram a ser sinónimos de terror e barbárie perpetrados pelo exército russo. A comunidade internacional tem reagido de forma muito ténue apoiando o povo ucraniano, mas

sobretudo através de sansões aplicadas ao Pais agressor por forma a tentar para a besta russa o mais depressa possível, mas todas as iniciativas têm-se revelado infrutíferas. O número de baixas civis e militares começa a assumir proporções muito grandes e o grau de destruição de infraestruturas é enorme. Miséria e devastação é o que temos pela frente com milhões de pessoas a fugir da guerra, sobretudo mulheres e crianças, porque os homens ficam a defender as suas casas, cidades e Pais do agressor russo. Eu valorizo muito a onda de soli-

dariedade que se gerou por todo o Mundo e as sucessivas manifestações de apoio à Ucrânia, a cidadania ativista e condenatória do regime de Putin, o renascimento da NATO, o regresso dos Estados Unidos à Europa, a união da União Europeia, com uma resposta única e determinada, os esforços humanitários na região, as sanções económicas à Rússia, o comprometimento das grandes empresas internacionais nesta mesma condenação, muitas delas ultrapassando os governos dos seus países embora sempre acompanhada da pressão das

Dia Mundial da Água nserido nas comemorações do Dia Mundial da Água, importa refletir e abordar, quer na generalidade, quer no âmbito dos SMAS VFX, alguns aspetos essenciais no que concerne à importância deste bem tão precioso. É um dado, sobejamente, conhecido por todos, mas nunca é demais evidenciar que a água é fundamental para o planeta. Todos os seres vivos dependem da água! Assim, em primeiro lugar, há que salientar a grande preocupação com a sua escassez que decorre, entre outros fatores, do desperdício, da poluição, das alterações climatéricas e até mesmo do crescimento populacional. Com estes crescentes fatores, a água tornou-se um recurso natural esgotável. É, por conseguinte, dever de todos, repensar a forma como é tratada a água. Não a podemos

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considerar um bem adquirido, mas, saber que está ao nosso alcance é um direito que nos assiste. Caso não exista uma tomada de medidas preventivas, num futuro muito próximo surgirão dificuldades na obtenção de água potável. É nossa obrigação passar a mensagem do uso consciente e eficiente da água. Neste sentido, os SMAS VFX, durante este ano, irão instalar ZMC (zonas de medição e controlo) na rede de distribuição pública de água para monitorizar as perdas de água e ainda instalar válvulas redutoras de pressão com a finalidade de diminuir a probabilidade de ocorrência de roturas e consequentes perdas. De seguida, fazer um apelo à população: “Beba Água da Torneira”. Desde 2014 que os SMAS VFX

têm vindo a receber o Selo de Qualidade de Água para Consumo Humano, atribuído pela Entidade Reguladora de Águas e Resíduos, ERSAR. Esta atribuição revela que a água da torneira é de total confiança, pronta a ser bebida. É devidamente controlada ao longo de toda a rede de abastecimento, desde o ponto inicial de captação até à torneira do consumidor final. Cumprindo os requisitos legais nacionais e internacionais, anualmente, são efetuadas

período de garantia pós-reparação). Tais esforços complementar-seão pela promoção de novos conceitos e comportamentos de consumo, como . a economia da partilha, . novos modelos de negócio susceptíveis de permitir comprar um serviço que não um bem, ou . o apoio às reparações através de acções das organizações da comunidade e da economia social (por exemplo, as «tertúlias de reparações») e de . mercados de segunda mão. Propiciar aos consumidores informações melhores e mais fiáveis significa decerto aperfeiçoar os instrumentos existentes. Os rótulos actualizados com informações sobre produtos e apare-

lhos contemplados na Directiva Concepção Ecológica e no quadro de Etiquetagem Energética, concorrerão para aumentar a sensibilização e gerir as expectativas do desempenho energético dos produtos, contribuindo para o marcante objectivo da eficiência energética. Ademais, adesão e sensibilização para o rótulo ecológico da UE promover-se-iam mediante acções de comunicação e parcerias com os mais partícipes, v. g., os retalhistas, com o fito de o expandir também nos mercados em linha. Como diria Molière, do projecto à obra… distará um abismo! * Presidente emérito da apDC – DIREITO DO CONSUMO – Portugal

Lélio Lourenço opiniões publicas mundiais que desde inicio se manifestaram solidárias com o povo ucraniano e muito criticas da intervenção russa. Também em Portugal se assistiu a uma onda generalizada de apoio ao povo ucraniano e condenação do agressor russo; bem todos menos o PCP, sempre do lado errado da história… As consequências da guerra começam a fazer-se sentir por todo o mundo com consequência o aumento de preços de matérias-primas em geral e da energia em particular. Os preços dos combustíveis co-

meçam a ser impeditivos do normal funcionamento de grande parte das nossa atividades e modo de vida. É preciso que as partes estabeleçam rapidamente um acordo de cessar-fogo que permita colocar um ponto final nesta guerra e impere o direito do povo ucraniano em ser senhor do seu destino!!

João Baião* mais de 9.000 análises laboratoriais. Assim, diariamente, são recolhidas amostras de água para análise. Estas análises são efetuadas pela equipa técnica dos SMAS VFX nos diversos pontos de amostragem, previamente estabelecidos, para serem representativos da totalidade de água distribuída por todo o Concelho, nas várias zonas de abastecimento. Podemos, por conseguinte, garantir, a qualidade da água dos SMAS VFX.

Neste contexto, foram instalados 18 dispensadores de água para enchimento de garrafas em espaços públicos do Concelho. Os dispensadores possuem ativação do caudal de água através do pedal, permitindo aos que utilizam o espaço público encher os recipientes que trazem consigo com água da rede pública, fomentando, deste modo, a utilização da água da torneira como forma ambientalmente sustentável, saudável e económica de consumo. Em suma, não podemos banali-

zar o uso da água. A água é a fonte da vida e os SMAS VFX continuarão a manter o bem-estar dos seus clientes, fornecendo uma água de excelência para consumo. * Presidente do Conselho de Administração do SMAS

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho • NIPC 514 207 426 Sede, Sede do Editor, Redação e Administração: Rua Engenheiro Moniz da Maia, Centro Comercial Atrium , nº 68 Loja 17 2050-356 Azambuja Telefones: 263 048 895 • 263 106 981 • 96 197 13 23 • 93 561 23 38 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23 • Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 • Sílvia Carvalho d’Almeida • TPE-360 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente • Nuno Barrocas • multimédia@valorlocal.pt Colunistas: João Santos • Mário Frota • Lélio Lourenço • Rui Alves Veloso Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Adão Conde Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços Administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt


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Redução de Perdas de Água/Resiliência nos Sistemas de Água/Valor da Água

Daniel

edução de perdas de água, resiliência nos sistemas de água e valor da água são seguramente dos temas mais falados no setor na última década. A relação direta entre estes três temas permite, do ponto de vista sustentável e ambiental, uma gestão mais eficiente dos sistemas de abastecimento de água, promovendo o futuro do setor. Felizmente, existe uma maior consciencialização sobre estes assuntos, sendo possível identificar os principais problemas e desafios, bem como as metodologias de atuação. De acordo com o último Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP 2021) divulgado pela Entidade Reguladora do Setor, suportado em dados de 2020, verifica-se a existência de entidades gestoras com um nível de perdas de água acima dos 70%, em detrimento de outras que se encontram no limiar dos 10%, sendo a média nacional dos últimos anos de cerca de 30%. Feita uma análise do problema de forma mais analítica e transversal, tendo por base os mesmos dados, é possível concluir que se todas as entidades gestoras atingissem um nível de eficiência de desempenho

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de 15% de perdas de água, observar-se-ia uma redução de mais de 134 Milhões m3/ano nas perdas

de água, o que seria suficiente para garantir o abastecimento de água a cerca de 30% da população. No que diz respeito à entidade gestora Águas da Azambuja, tem sido feito um trabalho na redução de perdas de água notável. O investimento na substituição de redes de água, a implementação de tecnologias para uma melhor monitorização do sistema de água, o levantamento cadastral dos siste-

mas de abastecimento, as campanhas de substituição de contadores e as campanhas de deteção

de fugas permanentes permitem obter valores de perdas de água na ordem dos 20%, estando muito abaixo da média nacional de 30%. Falar em perdas de água num ano como o início de 2022, em que verificamos a realidade do cenário de seca a nível nacional, fruto das alterações climáticas, manifesta uma grande insatisfação por parte de quem se foca na eficiência e, diariamente, traça um caminho a pensar na sustentabilidade do se-

tor. Face ao exposto, há uma pergunta que todos devemos fazer: Se na

última década os valores de perdas de água rondam os 30%, sem que existam melhorias significativas com o passar dos anos, a pergunta que se coloca é, estará o trabalho a ser feito corretamente? Analisando os dados de 2020 divulgados no Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal, constata-se que o nível de perdas das entidades gestoras concessionadas atinge um valor aproximado de 17,4%, enquanto o

valor das entidades com gestão direta (Municípios) tem um valor de perdas a rondar os 30,4%, sendo que, 20% dos municípios tem perdas superiores a 50%. O setor das águas tem e terá no futuro uma grande responsabilidade no que diz respeito à resiliência nos sistemas de água, combatendo as alterações climáticas com uma maior eficiência na redução de perdas, recorrendo a fontes renováveis de água e/ou energia, com a sua própria descarbonização e desmaterializando/digitalizando os seus processos. A resiliência das nossas cidades e vilas vão depender, em larga medida, da resiliência dos sistemas públicos de abastecimento de água e saneamento de águas residuais, sendo extremamente importante reduzir as perdas de água, as infiltrações de águas pluviais nas redes de águas residuais e a redução do consumo energético. Tendo todos nós a consciência de que sem água não há sobrevivência, a sociedade considera-a muitas vezes como um bem adquirido, cuja disponibilidade é permanente, não refletindo que em algumas partes do Mundo este bem essencial à vida é escasso e por vezes

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Silva*

inexistente. Desta forma, é essencial sensibilizar e educar as sociedades para esta problemática, fazendo com que haja uma reflexão geral sobre o assunto e agindo de forma que lhe possa ser conferido o real valor. Com o crescente aumento no custo da energia, comunicações, matérias-primas, etc., é importante perceber se o valor pago por cada metro cúbico de água reflete, na sua essência, um valor justo e equilibrado capaz de acompanhar esta escalada mundial de preços. Com o aproximar do Dia Mundial da Água (22 de março), é inevitável suscitar a reflexão sobre os assuntos abordados neste artigo, destacando de uma forma geral que o foco, know how, informação, inovação e recursos disponíveis são denominadores extremamente importantes neste processo geral de melhoria contínua para o desenvolvimento sustentável do setor. * Diretor Geral da Águas da Azambuja


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