Jornal Chafariz de Arruda - Edição Agosto 2017

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Chafariz

Bimestral • Director: Miguel A. Rodrigues • Nº 2 • 4 de Agosto 2017 • 0.01€

de Arruda

Festas de Arruda celebram espírito da candidatura das tertúlias a património nacional Autárquicas 2017

Págs. 7, 8 e 9

Ana Pena, CDU, defende mais Luís Rodrigues, PSD, André Rijo, PS, salienta que investimento nas freguesias quer apostar forte no Turismo mais de 80% das promessas Pág. 4 foram cumpridas Pág. 2 de Natureza Pág. 5 e no meio ambiente


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Ana Pena, CDU, defende mais investimento nas freguesias e no meio ambiente na Pena é a candidata escolhida pela CDU para a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. Professora de profissão, assume a candidatura como independente e tem no currículo a experiência de vogal na Junta de Freguesia da Apelação, concelho de Loures. Em entrevista ao “Chafariz de Arruda”, a candidata diz ter aceitado o convite proposto pala CDU como um desafio e garante que assume uma candidatura que quer ouvir as pessoas. Ana Pena explica que vive em Arruda quase há trinta anos, e que está no concelho por motivos pessoais e profissionais. Como professora do primeiro ciclo, a candidata comunista refere que a opção por Arruda se deveu ao facto de estar perto de Lisboa permitindo também que se pudesse realizar profissionalmente neste concelho. Aos poucos a família foi crescendo e foram ficando. Ana Pena vinca igualmente o facto de “Arruda ser uma terra muito agradável, em que todos nos sentimos muito seguros e muito bem”, vinca. Apesar de independente, Ana Pena, refere que se identifica com os ideais da CDU embora reconheça que “estas decisões não são tomadas de ânimo leve”. “Cheguei à conclusão que ao estar aqui há tantos anos e sendo tão bem-recebida pela comunidade, estava na altura de devolver um pouco daquilo que me deram”. A candidata reconhece que o facto de ter passado pela Junta de Freguesia da Apelação, e embora tenha sido nos anos 80, pesou também na decisão de se candidatar, embora refira que tal é incomparável: “A idade e a experiência são diferentes”, salienta. Não tendo presença no executivo, a CDU tem eleitos na Assembleia Municipal e em algumas assembleias de freguesia do concelho arrudense. Todavia, Ana Pena diz não estar por dentro dos meandros políticos desses órgãos. Ainda assim asse-

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gura que acompanha enquanto cidadã algumas das matérias que vão sendo discutidas. Sobre o atual mandato do PS, a candidata refere que existe “muito trabalho feito”. “Existe muito empenho, e um trabalho que nós valorizamos” e reforça mesmo

concelho e que nas freguesias não tem havido tanto trabalho feito”. A candidata acredita que a seu tempo as obras necessárias nas freguesias serão feitas, mas aponta algum desequilíbrio nos investimentos entre a sede de concelho e as freguesias

nhar toda a informação. Aliás essa é uma queixa da candidata que também já ouviu os comerciantes locais e até a associação empresarial, a ACIS, com a qual já se reuniu. Sobre essa reunião Ana Pena esclarece que a ACIS considera que “Arruda tem

tar a fixação de pessoas aqui”. Quanto à estratégia do PS no que toca à fixação de empresas, Ana Pena vinca que o Partido Socialista está a levar a cabo um projeto tendo em conta os ideais da sua matriz política. Mas neste campo a candidata da

A candidata que tem como bandeira o urbanismo e o património, refere que nesse campo o PS tem sido pouco ambicioso. Ana Pena dá como exemplo a ciclovia feita com recurso a fundos comunitários, incluída na recuperação do parque urbano. A candidata considera

um enorme potencial de crescimento. Tem tudo para poder crescer”, mas considera importante “dar tempo ao tempo para que as coisas se possam desenrolar e ver frutos das iniciativas” que existem, segundo a candidata, que garante que “o trabalho da ACIS merece a confiança da CDU, tendo em conta as suas preocupações e projetos”. No entanto e para tal, a candidata diz ser importante a fixação e o desenvolvimento das empresas no concelho, lembrando a formação dos jovens para essas empresas. Ana Pena junta a isto o setor da educação aludindo à “necessidade de formação”; “partilha”, e “um trabalho em conjunto de modo a fomen-

CDU diz que os comunistas fariam diferente, nomeadamente, no que toca à utilização de fundos comunitários. No que toca à educação a candidata refere a sua preocupação sobre a prevista “municipalização” deste setor que o governo já anunciou, e que consiste na passagem para as autarquias da gestão das escolas. Ana Pena considera que os autarcas devem estar envolvidos “mas temos de perceber como vai ser essa gestão”, e refere a necessidade da “criação de parcerias com o que está à nossa volta” onde se incluem as associações de pais, autarcas e professores. “Sabemos que por vezes esse elo por parte das Câmaras não acontece”.

importante a ciclovia, mas este projeto podia ir mais além e diminuir-se, por arrasto, a utilização de veículos automóveis “aqui na sede de concelho”. A candidata diz não conhecer os projetos existentes “porque não estamos lá (na Câmara)” mas salienta a necessidade de projetos que valorizem o concelho ambientalmente e que diminuam a poluição, lembrando por exemplo a necessidade de criar condições para a utilização da bicicleta. Para a candidata esta é “uma cicloviazinha mais para as crianças ou para quem faz desporto, mas não para ter a utilidade pública que permita melhorar o ambiente por exemplo” referindo que a ciclovia devia ser otimizada.

Candidata apostaria de outra forma nas ciclovias que o PS “aceita as intervenções da CDU e até algumas propostas da CDU em Assembleia Municipal”, salientando, assim, a existência de um bom entendimento com o Partido Socialista. Ana Pena refere mesmo que “algumas ideias e sugestões que podiam ser colocadas em prática, acabaram, efetivamente, por sêlo”. “Portanto é isso mesmo que sentimos”, embora saliente a existência de “outras situações que nós, CDU, achamos que poderíamos fazer diferente”. No que toca às principais necessidades da população de Arruda dos Vinhos, Ana Pena esclarece que nos contactos já feitos “o que se sente é que existe um grande investimento na sede do

mais distantes. Por outro lado, a candidata fala de falta de informação sobre os eventos levados a cabo pelo município, que chocam muitas vezes com iniciativas das associações locais. Ana Pena considera existir falta de articulação neste domínio, frisando que essa é uma queixa de algumas coletividades: “Há muitas iniciativas no concelho, mas acabam por se atropelar umas às outras nas datas e momentos, porque não existe uma informação aglutinada”, defendendo um contato mais direto com as populações e as associações. A candidata refere que Arruda está num meio rural com uma faixa etária com muita idade e nota que a população não consegue acompa-


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Luís Rodrigues, PSD, quer apostar forte no Turismo de Natureza uís Rodrigues é o candidato escolhido pelo PSD para a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. O advogado que foi no passado presidente da Assembleia Municipal, assumese agora como cabeça de lista para tentar recuperar a autarquia para os social-democratas. Com efeito, Luís Rodrigues esteve afastado nos últimos quatro anos dos órgãos autárquicos locais, mas para trás ficam mandatos partilhados com o último presidente laranja da autarquia, Carlos Lourenço. Em entrevista ao Chafariz, Luís Rodrigues considera que muitas das obras que estão agora em curso e levadas a cabo pela gestão socialista de André Rijo, já se encontravam programadas nos últimos mandatos do PSD. Umas estavam pensadas, outras começadas, “como a requalificação de Arruda”, obra que foi concluída apenas numa primeira fase, mas

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dos Vinhos. O candidato refere que mesmo tendo estado afastado da política ativa na Câmara ou Assembleia, foi acompanhando o desenvolvimento dos projetos do PS. Luís Rodrigues rejeita a ideia de que os projetos do Partido Socialista não vão ao encontro das expetativas do PSD e afirma que “todos os bons projetos para Arruda dos Vinhos, sejam do PS ou outra força política são bem-vindos”, referindo o exemplo da loja do cidadão até porque beneficia os arrudenses que assim ficam mais perto de todos os serviços num só espaço. Contudo para o PSD esta obra não é inteiramente da responsabilidade do atual executivo: “Era uma obra que já vinha sendo tratada no último mandato do PSD” vincando a existência de algumas iniciativas na altura para conseguir o projeto para o concelho. No entanto o PSD considera que nem tudo foi bem feito.

tantes desses bairros. Luís Rodrigues refere que no concelho de Arruda fazem falta espaços verdes. O candidato frisa conversas com a população que pede espaços “para que as famílias os possam disfrutar”, vincado a inexistência de tal nas restantes freguesias. Luís Rodrigues lembra também o trabalho feito pelo PSD, nomeadamente, a recuperação dos jardins do morgado e do edificado circundante, local de resto onde o Chafariz gravou a entrevista. Este aliás foi um espaço que recentemente foi aberto à população através da construção de uma porta lateral. Uma obra feita pelo PS local e que Luís Rodrigues aplaude, apesar de lembrar que tal também foi falado em mandatos anteriores de gestão social-democrata. Já no que toca a projetos, Luís Rodrigues assume o “turismo como a principal linha condutora” do seu programa. Ao Chafariz o candidato sa-

considera “nucleares no turismo da natureza e desportos ao ar livre”. Um desses projetos é a construção “em Arruda dos Vinhos de um Natura Park “sendo que a sua localização será junto ao Forte da Carvalha nuns terrenos da “Cena Fogo”, salientando que existe um protocolo entre o município e a empresa para a aquisição dos terrenos. Luís Rodrigues refere que o espaço tem infraestruturas importantes “que sentimos que se estão a degradar todos os dias e podemos fazer a sua requalificação”. A ideia do candidato é criar salas de conferências e um albergue, para que depois se possa no conjunto do projeto, permitir uma “atratibilidade” do espaço. O candidato considera que atualmente o turismo é uma “mola” impulsionadora de receitas no país, e que tal deve ser implantado também em Arruda dos Vinhos, tendo em conta a paisagem “que até muitos arrudenses desconhe-

ximidade com Lisboa “oferecendo natureza e bem-estar”. “Não só atrair os portugueses como os estrageiros” refere, apontando a restauração e a gastronomia locais, vincando ainda a generosidade dos arrudenses e a forma de acolhimento. Todavia todo este projeto, para o candidato, só é possível com o aumento de alojamento. Luís Rodrigues vinca a necessidade de se criar o tal fator de atratibilidade e riqueza para o concelho e depois o promover junto de empresários que queiram dar o passo em frente a nível hoteleiro. Quanto ao fomento de atração de empresas, Luís Rodrigues diz ter “a noção de que o nosso concelho não é industrial”. O candidato fala da proximidade com Lisboa e recorda o que o PSD fez no passado nomeadamente “o Parque das Corredouras que não existia”. “Foi feito pela gestão do PSD”, onde, refere, foram colocadas algumas

cem”. A aposta no turismo da natureza e ar livre são fulcrais para o futuro, e ainda nesta matéria, o candidato destaca a construção de passadiços nos fortes “nomeadamente no Forte da Carvalha e do Cego” fazendo um projeto integrado e aproveitando a pro-

empresas, tendo em conta a autoestrada às portas de Arruda. Quanto à fórmula, o PSD defende “uma via verde para os processos industriais, em que possamos possibilitar e dar benefícios em termos de impostos, nomeadamente da

Luís Rodrigues refere que a maioria das obras já vinham do tempo do PSD no geral, considera que “o PS não acrescentou nada de novo à gestão do concelho.” Luís Rodrigues diz querer fazer uma “campanha pela positiva” salientando que para si o mais importante é dar a conhecer as suas ideias para o futuro do concelho de Arruda

No capítulo das urbanizações em Arruda dos Vinhos, Luís Rodrigues destaca o facto de os espaços verdes se encontrarem, agora, a ser convertidos “em jardins de pedra”. Esse é para si um ponto crítico, e que coloca em causa a qualidade de vida dos habi-

lienta que a candidatura social-democrata pretende apostar em dois eixos: No património histórico e natural e nas famílias e na educação. O candidato considera importante apostar no património natural, e por isso diz querer implantar dois projetos que

derrama e até dar empregos a locais”, vincando que para o PSD, uma empresa que crie postos de trabalho em Arruda, “tem de ser acarinhada”. No que toca à saúde, Luís Rodrigues considera que faltam médicos de família e outros profissionais “para termos o chamado médico de família para todos”. Ainda assim considera que o “Centro de Saúde de Arruda funciona bem”. O candidato refere a boa cobertura pelos hospitais de Loures e de Vila Franca de Xira ao concelho, até porque a proximidade das localidades do norte do concelho a um hospital que não é o de referência, mas que está mais perto, como o de Loures, e o facto de este poder ser usado pela população “é uma mais-valia”. Para a educação, o PSD considera importante a aposta nas infraestruturas já existentes, mas lembra que no caso de Arruda dos Vinhos, as refeições ainda são confecionadas fora do centro escolar. “Achamos que isso tem de ser feito”, e por isso a candidatura a fundos comunitários para o efeito, apresentada pela PS é bem-vinda. Ainda assim, o candidato refere a necessidade de espaços cobertos para que as crianças possam fazer desporto independentemente das condições climatéricas. Luís Rodrigues considera que a aposta na educação deve ser de “excelência” e defende numa interação entre a “escola, os pais, os professores e os alunos”. Esta é “uma coordenação fundamental porque se tivermos bons pais e bons professores, teremos bons alunos”; e defende um papel mais interativo dos pais a nível, por exemplo, das “atividades extracurriculares” de modo a que possam ter um peso significativo, e ligadas “aos conceitos da natureza e às atividades que são típicas do concelho e ministradas fora das salas de aulas”, dando como exemplo atividades na adega de Arruda para se dar a conhecer um pouco do concelho. Luís Rodrigues, desafia entretanto para um debate público, André Rijo, atual presidente da Câmara eleito pelo PS e recandidato. Luís Rodrigues quer esgrimir ideias publicamente com aquele que considera ser o adversário mais direto.


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André Rijo, PS, salienta que mais de 80% das promessas foram cumpridas ndré Rijo recandidata-se pelo Partido Socialista à Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. Advogado de profissão, o candidato conseguiu nas eleições de 2013 “roubar” a autarquia ao PSD que a geria desde os anos 90. André Rijo foi vereador da oposição no mandato 2009/2013. O candidato assegura que as suas prioridades para este mandato são “as pessoas” e como tal diz querer continuar a criar “riqueza e qualidade de vida” em Arruda dos Vinhos. Ao “Chafariz de Arruda”, André Rijo faz um balanço “positivo” do seu mandato. O candidato vinca: “Mais de 80 por cento das nossas promessas estão cumpridas” mas assegura que o trabalho do PS está longe de estar acabado. Para o candidato “os arrudenses conheceram nos últimos quatro anos um executivo que “cumpriu com a palavra dada, honrando a atividade política”. Num breve balanço, o candidato refere que neste mandato houve um esforço para a redução “da carga fiscal para as famílias e para as empresas”, vincando que a dívida municipal foi reduzida em cerca de 30 por cento, de cerca de 7,5 milhões para 5,5 milhões de euros. Ainda assim, reforça que o esforço de reequilíbrio financeiro não o impediu “de fazer obra”, dando como exemplo o jardim municipal, local onde a entrevista com o Chafariz foi gravada, e reforça, ainda, que a utilização do espaço tem vindo a crescer “em contraponto com o passado”. O candidato recorda o investimento nas urbanizações ao nível dos arranjos exteriores e lembra a construção do Parque Urbano das Rotas: “Um espaço com três hectares”, aludindo, ainda, ao jardim do morgado em que o executivo decidiu abrir uma porta lateral para que a população pudesse utilizá-lo com mais frequência. O candidato recorda que ainda há muito por fazer e que isso só faz sentido conversando com a sociedade civil. Para tal relembra a convenção Arruda 2025 que “culminou com a aprovação de um documento estratégico que é um guião para os próximos anos”.

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André Rijo diz que “é impossível fazermos tudo o que queremos em quatro anos” recordando, por isso, a existência do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) e da dívida a este programa que impossibilitou voos mais altos – “Boicotou muito a atividade municipal e as freguesias”, sentencia. O candidato refere ainda a modernização administrativa com a loja do cidadão e com o julgado de paz: “Serviços inovadores no nosso concelho”. No que toca a obras, André Rijo vinca que já encetou o diálogo com a população. Ainda no passado sábado, autarcas, técnicos e população visitaram um conjunto de locais onde a autarquia pretende intervir. Segundo André Rijo, são obras cujos valores poderão facilmente ascender aos cinco milhões de euros, lembrando que para aquela zona “não havia condições de dotação orçamental nem um único projeto, sem ser o do edifício dos antigos paços do concelho que consistia numa adaptação para um museu.” No entanto isso não vai ser possível pois “não há fundos comunitários para espaços museológicos”, refere o candidato que anuncia a reconversão do espaço para empresas. A recuperação da zona histórica, garante o candidato, vai demorar “seguramente mais de dez anos” tendo em conta também as infraestruturas do subsolo que têm de ser modificadas. Esgotos e canalização de água, bem como a criação de calhas técnicas, que fazem parte do projeto que o candidato aponta como fundamental, salientando que não o fez noutra altura, porque o concelho tinha outras prioridades. Uma das ideias transversal a todas as candidaturas é a aposta no turismo, aproveitando os recursos naturais do concelho. O PS não é exceção e enquanto Câmara está a desenvolver o conceito do “Vale Encantado Market”. André Rijo salienta que este projeto nasce para desenvolver ao nível do turismo o chamado Vale Encantado, mas uma das ideias é também chegar às freguesias, sendo que o candidato em Arranhó tem um projeto para alargar o conceito àquela localidade. O candidato salienta mesmo que o conselho consultivo

Recandidato está confiante numa vitória a um de outubro desta organização tem acompanhado as iniciativas promovidas pela autarquia, para a dinamização do comércio local. Aliás André Rijo acredita que o “Vale Encantado Market” pode ser uma mais-valia no que toca à dinamização de todo o comércio. No que toca ainda ao turismo, o candidato recorda a parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, onde os vinhos de Arruda podem ser, por exemplo, degustados e vendidos em plena Rua Augusta e no Mercado da Ribeira, pelos turistas nacionais e estrageiros. Aqui André Rijo salienta as empresas que saíram da incubadora local e que já dão os primeiros passos no turismo de natureza entre outros setores. Para o candidato o conselho económico e estratégico presidido pelo empresário Tino Vieira é outro bom exemplo, já que este é um dos responsáveis pelo porto de Lisboa. O candidato salienta que muito do que vai se passar nos próximos anos em Arruda, está já plasmado no documento estratégico aprovado na convenção Arruda 2025.

Ainda assim vinca que este não é um documento fechado, mas que dá pistas importantes para o futuro. O candidato recorda a necessidade de mais habitação social e vinca que o terreno onde está o bairro João de Deus foi doado à Câmara com esse propósito. Para além disto o documento aponta como prioritária a variante à vila de Arruda, com acesso à zona empresarial das Corredouras. O candidato refere que ainda assim, há muitas empresas a estabelecerem-se em Arruda e dá como exemplo um lar de idosos que em breve será mais uma fonte de emprego no concelho. André Rijo vinca que Arruda tem apenas cinco por cento de desemprego, mas diz que o objetivo é reduzir ainda mais esse número. Para os próximos quatro anos diz querer continuar o trabalho feito até aqui, e entre outras questões refere a necessidade de manter um “pacote fiscal atrativo” para as empresas “com a redução de derrama para quem queira investir e criar postos de trabalho”, salientando a necessidade “da continuidade da redu-

ção dessas taxas”. No que toca à Educação, a meta é continuar o trabalho desenvolvido até aqui. O candidato reconhece que as condições atuais não são as ideais, mas diz ter a noção de que “melhorámos em muito as refeições servidas nas escolas”. No entanto no maior centro escolar, o de Arruda, as refeições não são ainda feitas no próprio estabelecimento: “Não tem capacidade para que sejam confecionadas no local. São feitas no Centro Escolar do Telheiro e transportadas para Arruda, e no caso de São Tiago dos Velhos recebe as refeições confecionadas em Arranhó”. Esse é um cenário que deverá mudar. André Rijo anuncia uma reestruturação profunda no refeitório de Arruda: “Já temos o concurso lançado” para fazer a obra. O candidato teme que as obras arranquem ao mesmo tempo que o ano letivo, mas quer falar com os professores e encarregados de educação “para que não exista muito transtorno no início do ano letivo”. No que concerne ao setor da saúde, André Rijo salienta que “o balanço é positivo”.

“Temos rácios superiores a toda a região e ao país”. O candidato vinca que a unidade móvel de saúde é uma mais-valia e que chega a atender cerca de 20 utentes por dia nas localidades mais distantes. O candidato salienta também que a teleassistência foi um ganho “para as populações mais isoladas e distantes”. Ainda na área da saúde, André Rijo anuncia a criação de delegações dos bombeiros em Arruda e em Arranhó de forma a servir as duas freguesias mais distantes da sede de concelho. André Rijo salienta que Arruda “é um concelho inclusivo e que sabe receber”. “Tratamos todos por igual e não queremos deixar ninguém para trás. Não podemos permitir situações de desigualdade social”, vincando projetos como o cheque social ou a bolsa de manuais escolares, bem como “o apoio aos jovens no acesso ao ensino superior” entre outros projetos. Estas entrevistas estão disponíveis a partir de dia 7 de agosto até dia 9 de agosto, ao ritmo de uma por dia em vídeo em www.chafariz.pt.


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Arrudense Casimiro Ramos lança

“A Terra da Bruxa”

s lendas do “Vale Encantado” vão ser editadas em livro. A ideia partiu de Casimiro Ramos, professor universitário, natural e residente em Arruda dos Vinhos. Ao Chafariz Casimiro Ramos salienta que conseguiu recolher muitas histórias. Algumas já estão compiladas; outras continuam a aguardar pelo momento de serem editadas. Mas há ainda outras tantas que tem vindo a partilhar com os leitores nas redes sociais, nomeadamente, no Facebook. Todavia o livro surgiu há três anos. “À medida que fui escrevendo as histórias senti que tinha conteúdos que jus-

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tificavam um registo para memória futura”. Daí até surgir esse registo foi um passo, pois se não o fizesse “muita coisa se perderia”. Casimiro Ramos vinca a necessidade de manter as “histórias” para memória futura em respeito, por um lado, pelas pessoas que partilharam consigo “hábitos e costumes dos nossos antepassados”, e por outro lado, “na esperança que isso também possa ser incorporado na Cultura dos nossos vindouros”. “Mais do que deixar uma memória escrita, é sobretudo um dever e um tributo à minha terra”, refere ao Chafariz. Casimiro Ramos vinca que a

recolha das histórias tem vindo a acontecer desde sempre, mas em livro, apenas em 2013, considerou essa hipótese. Sobre o livro, este é um compêndio de várias histórias que marcaram o autor e que se baseiam na recolha de testemunhos de pessoas “que têm contato com a medicina popular e com os hábitos e costumes dos nossos antepassados”. Entre os relatos mais marcantes, Casimiro Ramos refere a conversa “com uma descendente da Dona Adelaide (bruxa de Arruda), sobretudo pelo que isso representou”. Todavia o autor enfatiza que a reza para o mau-olhado foi aliás, à sua maneira, muito

Professor universitário foi em busca das lendas da terra

marcante. Ao Chafariz enfatiza o facto de essas pessoas e sem que aparentemente se encontre “uma explicação racional”, “conseguirem aliviar a carga de energia negativa de outrem através de uma reza, de uma maneira impressionante”. Casimiro Ramos diz-se impressionado com o “ritual que lhe está associado e a crença em se tirar o mal e fazer o bem” e isto é para o autor “algo que, da forma como me foi contado e partilhado, é verdadeiramente fantástico”. Acrescenta ainda que “o livro contém essa reza e o seu misticismo como fundamento de uma das histórias contadas, mas obviamente num enquadra-

mento imaginário”. Este projeto que preserva a memória das lendas do Vale Encantado tem uma componente pedagógica a pensar nas crianças. Segundo Casimiro Ramos “o primeiro objetivo é passar a mensagem às crianças que em Arruda quando falamos da Bruxa, não é uma coisa má ou de pessoas más, mas sim de pessoas boas”, e acrescenta que é importante transmitir o pensamento de que estas “procuravam ajudar os outros através de técnicas a que hoje chamamos medicina popular, pelo que não devemos sentir medo, ou maldição, mas sim orgulho”. Este é um livro que inclui igualmente o relato de hábi-

tos e costumes dos antepassados, “desde os trajes passando pelas brincadeiras”. Aborda ainda os difíceis trabalhos do campo em que homens e mulheres labutavam, e as “mazelas” que daí surgiam”, refere o autor que acredita que essas passagens também darão o mote para que os mais velhos sintam curiosidade em ler o livro que será lançado a 14 de agosto próximo. O trabalho de Casimiro Ramos tem um custo de 11 euros e poderá ser comprado em todo o país, nomeadamente, nas livrarias Bertrand e FNAC. No site da Chiado editora e no seu próprio site do autor em: www.jm-innovation.com.


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Festas de Arruda com diversos pontos altos e seis a 18 de agosto, Arruda volta a entrar no tempo particular das suas festas e como é hábito a curiosidade sobre o programa das mesmas acentua-se à medida que os grandes dias estão para chegar. Em entrevista ao “Chafariz de Arruda”, o vereador Mário Anágua dá a conhecer alguns dos pontos altos dos festejos cujo programa pode ser consultado mais em detalhe no site da Câmara de Arruda (cm-arruda.pt). Logo a abrir as hostilidades e ainda no dia cinco de agosto, o destaque vai para a sexta edição do concerto de bandas Francisco Rosa Mendes numa organização da Santa Casa da Misericórdia a acontecer na praça de touros. “Trata-se de uma organização que tem vindo a crescer em termos de qualidade e sempre com bastante público”, refere o autarca. No âmbito das comemorações dos 500 anos do foral, a corrida de touros integrada como é habitual no cartaz das festas será à antiga portuguesa em honra dos cinco séculos que passam da efeméride. Abrilhantarão o espe-

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táculo os cavaleiros Ana Batista, Telles Bastos, Duarte Pinto, Francisco Palha, Miguel Moura e Rouxinol Júnior. Estarão presentes os forcados amadores de Vila Franca e de Arruda. Será no dia 17 de agosto a partir das 22 horas na praça de touros local. Antes pelas 20 horas, iniciase o desfile até à praça de touros. Este ano a figura de cartaz principal no que respeita à vertente musical será a fadista Raquel Tavares. O concerto está marcado para as 21h30 do dia 18 de agosto. “Penso que será um concerto onde o público aparecerá em grande número”. No dia 12 de agosto, acontece outro dos momentos culturais importantes das festas com o lançamento do livro “Património Artístico da Igreja Matriz de Arruda dos Vinhos” de Ana Raquel Machado. “Trata-se de uma oportunidade para se poder presenciar um pouco do trabalho desta historiadora e do que desenvolveu sobre a igreja matriz”, descreve Mário Anágua. A 18 de agosto é apresentado o livro científico da Edição Crítica do Foral de Arruda – “Arruda dos Vinhos (1517) Uma

Mário Anágua deixa o convite para que mais pessoas venham a Arruda comunidade concelhia, Memória e Futuro – Transcrição do Foral Manuelino de 15 janeiro de 1517”, a ter lugar no auditório municipal. Este ano a festa será também influenciada pela candidatura a património cultural e imaterial da cultura nacional, com a recolha “do máximo de elementos e de assinaturas para levar a cabo esse fim”.

Está a ser reunida “toda a história acerca das tertúlias móveis de Arruda”. “Trata-se de um movimento arrudense, com uma cultura própria que queremos destacar”. Este ano, o investimento financeiro nestas festas ronda os 45 mil euros. Mário Anágua deixa o convite para os que queiram visitar as festas de Arruda que na sua verten-

te religiosa vai de seis a 15, “com as novenas, a procissão de velas e a grandiosa procissão”, sendo por isso um bom cartão-de-visita no âmbito do turismo religioso. Por outro lado e na vertente profana, “o destaque vai para as largadas, e para os concertos com os Lucky Duckies pelas 23h30 de 15 de agosto, e de Raquel Tavares (data e

hora atrás descritas), e para a corrida de touros”, que na opinião do vereador “serão momentos a não perder”. Destacando ainda o evento Há Jazz no Terreiro que se traduz num concerto que “tem vindo a ganhar cada vez mais qualidade”. Este ano acontece no dia 13 de agosto, no Largo do Terreiro, pelas 16h30.

Padre Daniel Almeida salienta importância da procissão

“Silêncio na chegada ao Largo impressiona” procissão de 15 de agosto, e a procissão de velas a 12 são os principais pontos altos da vertente religiosa das Festas de Arruda, em honra de Nossa Senhora da Salvação. Foi no tempo de D. Manuel I que a tradição teve o seu início quando o rei “prometeu arranjar a igreja se fosse salvo” quando se refugiou em Arruda por causa da peste que grassava por Lisboa, conta o padre Daniel Almeida que se encontra na paróquia de Arruda há oito anos. A seis de agosto, começam as novenas que duram durante nove dias, e que também integram a vertente religiosa do evento. Terminam a 14 de agosto. São sempre às nove da noite e compõem-se por uma oração do terço, e “uma exposição do Santíssimo”, recuperada recentemente, e hino à Nossa Senhora da Salvação.

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O ponto alto é no dia 15, dedicado à procissão, que começa com uma oração ao meio dia e a missa para os peregrinos às 17 horas, seguida do desfile propriamente dito. “Esta é uma festa que congrega muitos fiéis não só do concelho de Arruda mas de muitas localidades próximas, como do Sobral, Loures, Vila Franca de Xira, Alenquer”. A única imagem que segue na procissão é a de Santa Maria Mãe de Deus, ou seja Nossa Senhora da Salvação. Este ano, a abrir “vem um guião, depois os bombeiros, os estandartes das quatro paróquias, os anjos, os apóstolos, os mártires e muito em especial os anjinhos, crianças que as famílias religiosas e devotas desta tradição trajam a rigor. “São muitos os miúdos que surgem vestidos de anjinhos em comparação com muitos outros locais”, salienta o pároco. Esta trata-se de uma marca

distintiva da procissão e há até quem comente que é por aí que se tira a ilação sobre a qualidade do evento – “Saber se os anjinhos seguiam ou não bem aprumados”. Nesta procissão também não faltam homens dispostos a carregar com o andor de Nossa Senhora. Tarefa para a qual nem é preciso haver inscrições. “Uns por devoção, outros por uma promessa”. E por isso “há quem comente que cada vez há mais homens a quererem carregar o andor”. Seguidamente surge “uma multidão de senhoras descalças com o intuito de pagarem promessas, de uma forma muito impressionante”. O padre Daniel Almeida ficou surpreendido com a devoção de Arruda à sua padroeira mas também foi necessário incentivar ainda mais este culto, e por isso apelou na sua chegada a esta paróquia no sentido de os paroquianos colocarem colchas brancas à

janela à passagem da santa. Sobretudo é o “grande silêncio que se sente sempre que chegamos ao largo da Câmara que mais impressiona, apesar de no ano passado não ter sentido esse aspeto da mesma maneira. Havia mais barulho. Foi pena, até porque é um momento forte

que toca muita gente, e essas pessoas estão à espera de o sentir e ter esse impacto”. Mas tudo começa no dia 14 à noite em que Nossa Senhora já está no andor. Até à hora da procissão no dia seguinte, “muita gente passa pela igreja para estar um pouco ao lado da imagem em

oração e veneração à Santa sempre em silêncio”. Ainda no campo religioso, haverá uma missa das tertúlias no domingo antes das festas. “Trata-se de uma missa em que surgem representadas as várias tertúlias, composta por uma bênção e um ofertório”.

Pároco refere que teve de puxar pela tradição na decoração das varandas


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Tertúlia da Amizade comemora 25 anos cada vez com mais espírito de solidariedade completar este mês de agosto 25 anos a Tertúlia da Amizade acaba por ser uma das mais emblemáticas das festas de Arruda. As festas em honra de Nossa Senhora da Salvação constituem-se como o principal evento da sua atividade, mas ao longo do ano a tertúlia também integra outras festividades e participa ainda em ações de solidariedade. Composta por pessoas da terra com a tradição nas veias, e originalmente composta por funcionários da autarquia, a tertúlia adquiriu, à época, um autocarro descapotável. Atualmente faz parte das tertúlias móveis que participam na festa, e este ano integra também a candidatura deste movimento a património cultural e imaterial. Dela fazem parte 50 pessoas aficionadas que se juntam no

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autocarro para conviver, comer, beber, e assistir às largadas através deste palco privilegiado. Já não é composta maioritariamente por funcionários da Câmara, mas no fundo por jovens aficionados. Arruda dos Vinhos é pioneira no movimento das tertúlias móveis e por todo o país este fenómeno tem despertado curiosidade. Ana Janeiro, desta tertúlia que é também uma associação, conta que até à data a mesma não possui uma sede, embora tal continue a fazer parte dos planos mas não a curto/médio prazo. “Não houve essa possibilidade, e por isso durante o ano o autocarro fica debaixo de um telheiro nos bombeiros voluntários”, expressa. No dia 11 de agosto, sai rumo às festas e depois permanece estacionado até à próxima edição do evento. Em setembro, a associação participa

nas festas das Cardosas, e “sem receber, ao contrário do que muita gente pensa”, acentua Filipa Santana, presidente da direção da tertúlia que começou nestas andanças ainda em criança quando o avô estava à frente de uma outra tertúlia. (Este movimento associado às festas já terá mais de 50 anos). A associação vive exclusivamente da quotização dos sócios, dos donativos e dádivas da comunidade, do comércio e das empresas, até tendo em conta algum tipo de investimento que tem de ser realizado no autocarro que já tem mais de 50 anos. “Todos somos filhos da terra e por isso a tradição vai-se mantendo e há sempre vontade de ajudar”. Anualmente, a tertúlia realiza um almoço de Natal onde comparecem os patrocinadores e os sócios, e nos últimos anos conseguiram reunir cerca de 100 pes-

É assim o autocarro desta tertúlia soas. As festas compreendem 11 tertúlias móveis e duas fixas. E o convívio durante os dias

da festa faz-se também do intercâmbio que há entre tertúlias num espírito de familiaridade e amizade. A Rua

Cândido dos Reis de repente torna-se na Rua das Tertúlias. “Nesses dias recebemos os nossos amigos e pa-


Chafariz de Arruda

Agosto 2017 trocinadores”, refere Ana Janeiro que enfatiza desta forma o espírito daqueles dias – “É como se vivêssemos num prédio e as pessoas andassem de casa em casa sem que haja barreiras”. Os autocarros são também como pequenas casas, onde existem cozinhas com frigorífico e grelhador, mas também há sofás e cadeiras para se confraternizar. “É como uma mini casa onde passamos uns dias por ano”; acrescenta Filipa Santana. Trata-se da única oportunidade do ano em que os tertulianos podem passar tempo juntos, mas também é nesta altura que chegam os emigrantes, e como tal é mais uma forma de aproximação entre os arrudenses. Os forasteiros têm muita curiosidade “em perceber o que é isto das tertúlias móveis”, e por isso mesmo quando não estão a acontecer as largadas há sempre gente interessada em ver o que se passa na Rua Cândido dos Reis. “Acabamos por ser naturalmente um cartão-de-visita da festa”, refere Ana Janeiro. Esta tertúlia também faz da solidariedade a sua bandeira e participa ativamente em ações de angariação de

bens e recolha de géneros alimentícios e roupa canalizados para os mais carenciados, mas também junto de outras associações como os bombeiros com um donativo financeiro e bens. “Como somos tão ajudados sentimos também a obrigação de ajudar quando podemos”, diz Ana Janeiro. A junta de freguesia de Arruda é outra das entidades com as quais a tertúlia colabora, nomeadamente, no Dia do Idoso em que os seus membros ajudam na distribuição de comida e em toda a logística inerente ao evento. Tertúlia espera momento ao rubro no assinalar dos seus 25 anos Neste momento, a tertúlia está completamente focada na comemoração dos seus 25 anos que se assinalam a 11 de agosto, ou seja durante as festas, que se constituirá por um concerto com o grupo MJ no jardim municipal a partir das 23 horas. “Vai ser uma grande festa para a população. Será a nossa forma de retribuir. Não faria sentido nenhum para a tertúlia uma festa num recinto fechado, e apenas para nós.” As expeta-

tivas para este concerto são muitas até porque será um concerto num camião palco e por isso a tertúlia espera um jardim municipal “cheio de gente”. “Seria uma grande alegria ter o concelho de Arruda em peso a cantar-nos os parabéns até porque vamos ter um bolo e muitas surpresas”, refere Ana Janeiro. Durante as festas, as tertúlias apresentam também a nova t-shirt e neste campo Ana Janeiro e Filipa Santana tentam não entrar em pormenores. Este ano a cor será preta mas não há mais para desvendar por enquanto. “Mantém-se em segredo absoluto e neste momento está guardada numa garagem”, adianta Ana Janeiro. A t-shirt é abençoada na Missa das Tertúlias também parte integrante do cartaz religioso destas festas. “A ideia é que nenhum tertuliano saia maltratado nas largadas desta festa”, acrescenta Filipa Santana. Tertúlias Móveis a Património Cultural e Imaterial Esta é uma candidatura lançada pelo município e na

Festas de Arruda 9

Ana Janeiro e Filipa Santana junto à denominada Rua da Tertúlias qual as tertúlias se revêm por completo como não podia deixar de ser. Para a Tertúlia da Amizade tal é por isso um motivo de “grande orgulho”. “Como estamos tão envolvidos neste momento por vezes não damos conta do nosso pioneirismo enquanto tertúlias móveis, e é isso que o município está a procurar potenciar”, acrescenta Ana Janeiro que dá conta do estado de perplexidade do visitante quando chega a Arruda e percebe que uma rua se encontra ocupada pelos autocarros e neles centenas de

pessoas dedicadas à festa e a cumprir uma tradição. Até porque “largadas há em todo o lado mas com esta estrutura só mesmo aqui”. Este movimento é tão antigo que Filipa Santana recorda-se que o seu avô chegou a usar, à época, não um autocarro mas uma carroça. Segue-se agora também uma fase de recolha de assinaturas “porque merecemos este reconhecimento bem como as gerações anteriores e as futuras”, concordam as tertulianas. O presidente da Câmara de Arruda, André

Rijo, dá conta que nesta altura a candidatura vai tomando forma, e que inclusivamente convidou Elísio Sumavielle, antigo secretário de Estado da Cultura, e atual diretor do Centro Cultural de Belém, conhecido aficionado, para também se envolver neste projeto, o qual aceitou de imediato. Arruda tem procurado recolher o exemplo de outras paragens que igualmente viram projetos, que de alguma forma evocam o espírito das largadas, (como o da capeia arraiana, no Sabugal), serem reconhecidos.

Obra sobre o património artístico da igreja matriz apresentada dia 12 de agosto historiadora Ana Raquel Machado vai lançar no dia 12 de agosto a obra “Património Artístico da Igreja Matriz de Arruda dos Vinhos”, ao qual se tem dedicado desde a altura em que ingressou no curso de História de Arte. Desde 2013 que desenvolve um projeto sobre o património artístico em contexto religioso em Arruda dos Vinhos. Em março do ano passado foi convidada a integrar a comissão científica dos 500 anos do foral, ao mesmo tempo, que lhe foi pedido este trabalho que está prestes a apresentar. A obra tem o prefácio do professor Vítor Serrão, uma das personalidades mais eminentes nestas matérias, e procurou estudar à luz da documentação existente as obras que se encontram nesta igreja erigida no tempo de D. Manuel I. O seu objetivo no trabalho que tem vindo a desenrolar na sua terra, não só nesta igreja mas mais recentemente também na da Misericórdia, passa também por incutir junto da população a necessidade de preservação

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do património artístico das igrejas. A igreja matriz vai receber uma verba para pintura no âmbito do orçamento participativo, e tal é mais uma prova de que “está a ser bem tratada por todos nós”, considera a historiadora. Esta edição considerada de “luxo” será a primeira monografia artística da Igreja de Arruda dos Vinhos, monumento artístico da diocese de Lisboa. E este monumento é tão mais importante porquanto encerra no seu interior um espólio apreciável nas diversas vertentes da arte não só na pintura mas também na escultura, azulejaria. “Entrar na nossa igreja é quase o mesmo que ir a um museu e sem pagar bilhete”, salienta. Acredita-se que num primeiro momento terá sido esta igreja uma mesquita ao tempo das ocupações árabes, mas ao refugiar-se em Arruda por causa da peste, D. Manuel I fez deste templo um dos mais apreciáveis da região de Lisboa. “A nossa igreja consegue preservar pintura muito boa do Mestre de Arruda dos Vinhos, e do Mestre da Lourinhã, ambos muito importantes na sua época. Temos

também escultura de enorme qualidade do século XV que tem sobrevivido ao longo dos séculos”. A própria imagem de Nossa Senhora da Salvação, que nem sempre conheceu essa designação, é outro exemplo e dela a obra apresenta “fotos de muitíssima qualidade antigas e atuais”.

A publicação conta com muitas fotografias do interior da igreja. A fachada como hoje é conhecida é diferente da que dominava o edifício no século XX, pois terá sofrido diversos restauros. A pouca documentação foi um dos entraves ao trabalho talvez pelos reveses das Invasões Francesas,

mas foi possível constatar que Nossa Senhora da Salvação nem sempre se terá chamado assim, também constam nomes como Santa Maria da Arruda, Nossa Senhora do Pranto, Nossa Senhora da Assunção. Outro pormenor curioso é o de uma escultura em mármore de

Ana Raquel Machado dá a conhecer o seu trabalho

São José que está no interior da igreja que pode ter sido doada pelo arquiteto do chafariz. Ana Raquel Machado acrescenta ainda que a partir de setembro serão realizadas, a partir das 10h de todos os sábados, visitas guiadas a este importante património.


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Câmara apresenta projeto para a requalificação urbana da zona histórica de Arruda dos Vinhos Câmara de Arruda dos Vinhos deu a conhecer o seu projeto para a requalificação urbana da zona histórica. O périplo começou no Largo do Terreiro, no dia 29 de julho. Os arquitetos responsáveis pelo projeto Marco Paulo Antunes e Ana Bonifácio explicaram as ideias para as diferentes localizações. Até à data nenhuma delas está fechada, aguardando pelos contributos da população que deseje ver requalificado o espaço urbano. Por exemplo o Largo do Terreiro aparece “requalificado” naquilo que os próprios arquitetos designaram como esboço, com árvores e algum mobiliário urbano. Uma casa hoje devoluta apresentar-se-á à posteriori de cara lavada. E será possível a fruição deste espaço de uma forma mais aprazível para a população. “A ideia é que a partir daqui se possam desencadear outras iniciativas”, explicou o arquiteto ao aludir a concertos e algum tipo de espetáculos como hoje já acontece com o “Há Jazz no Terreiro”. Esta operação terá também como objetivo que a partir de uma melhoria do espaço público, os particulares sintam o apelo de mudar os seus imóveis requalificando-os também. O Largo do Terreiro habitado na sua maioria por pessoas mais idosas “não está a atrair jovens nem negócios”, transformou-se “simplesmente num parque de estacionamento”, dificultando até “o socorro das ambulâncias”, se pensarmos que a maioria dos que cá vivem já têm uma idade avançada, aludiu o arquiteto. Seria necessário fazer uma espécie de mini corredor da mobilidade onde os veículos possam passar sem comprometer a nova matriz de fruição desejada para aquela zona antiga, através de uma “passagem tangencial” à semelhança do que acontece “nas praças espanholas”. Uma das soluções para o parqueamento automóvel pode passar por um espaço com capacidade para tal junto à junta de freguesia de Arruda. “Não é ao pé das nos-

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sas casas mas é uma hipótese” deixou no ar. No Largo do Terreiro fomos encontrar Maria Madalena Costa, já com uma idade longa, reside há apenas sete meses no local, pois teve de abandonar o seu casal situado perto do Pingo Doce. Adaptou-se bem à nova morada, e tem apenas um reparo – “A estrada devia ser arranjada mesmo junto à minha casa, porque tem uma inclinação e os carros quase que batem”, diz, mostrando a irregularidade no piso. Perante a hipótese de o largo poder sofrer um novo arranjo urbanístico mostra-se entusiasmada com a ideia e até confessa que não conhecia esta parte de Arruda até ao momento em que veio morar para a localização em causa. “Gosto muito da vizinhança, muitos vêm bater-me á porta para saber como estou”, diz. Maria Odete vive com Maria Madalena Costa e também se mostra agradada com o bairro. Um dos edifícios que aparece requalificado, é uma casa particular de uns sobrinhos do marido de Maria Emília Rosa – “Gostava de ver isto como novo mas que eu saiba está tudo a cair aos bocados lá para dentro”. A comitiva seguiu depois para um novo espaço, bem perto, onde funcionava o antigo quartel de bombeiros, na parte das traseiras. O projeto contempla uma parede de escalada onde antes estava a torre do edifício. Também a rua onde se encontra a junta de freguesia pode vir a ser um dos espaços contemplados no futuro. Para já a rua surge com um novo piso, e com uma nova zona de estar mesmo em frente ao edifício da autarquia desaparecendo o gradeamento em ferro e o muro. “Pensámos em transformar isso numa série de canteiros e de escadas” e quem sabe transformar o local num novo ponto de encontro à semelhança do que acontece no largo da Câmara, e de certa forma substituir-se ao Cantinho da Alegria “demasiado pequenino e que foi arranjado à pressão”, enfatizou o arquiteto. A zona do Miradouro de onde hoje se avista a obra em curso do parque urbano

No terreiro onde algumas vizinhas simpáticas aguardavam a comitiva

Na zona do Miradouro

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Agosto 2017 das rotas também foi contemplado e no futuro pretende-se que seja ao mesmo tempo “um local onde se está no parque sem se estar”. Receberá uma pérgula e algum mobiliário urbano nos escassos centímetros em que se encontra. No projeto chama-se Miradouro da Corujeira, “como forma de tirarmos partido desta alavanca que é o parque urbano”. “Trata-se de uma paisagem cheia de cambiantes, e por isso achamos que vale a pena esta ideia de janela no miradouro”, acrescentou Ana Bonifácio. O colega corroborou – “Estas pequenas obras fazem sentido tendo em conta que se calhar a maioria de nós não vinha até este tipo de sítios há não sei quantos anos. É um espaço que ficou esquecido, e que até já teve negócios como o ‘Segredo da Cozinheira’.” Um dos projetos mais ambiciosos prende-se com a denominada zona das cascatas, hoje ao abandono, e com o esgoto a correr a céu aberto. A intervenção pode vir a contemplar a instalação de passadiços para a prática de algum desporto ou simplesmente de passeio. No local, toda a requalificação do espaço do rio e das margens terá de ser uma realidade caso contrário não fará sentido. O arquiteto enfatizou a beleza do local e as potencialidades que pode vir a oferecer. A visita terminou no adro da igreja junto ao antigo posto da GNR, e no futuro pode oferecer condições interessantes para a instalação de projetos de empresas do ramo agroalimentar. “Ao não estar a ser usado, este edifício corre sérios riscos, e não podemos deixar que sendo tão emblemático possa cair no esquecimento”. A calçada em xadrez tem obstaculizado ao estacionamento selvagem no local pelo que o futuro deste recanto pode ser promissor. Trazer mais pessoas é também o objetivo através de uma refuncionalização do edifício. O estacionamento automóvel poderá ter como destino algumas bolsas existentes no Beco Torto, mas o principal destino para esta questão deverá mesmo passar pelo estacionamento da junta. Já durante a apresentação do projeto na sua globalidade que decorreu no auditório do Morgado, o presidente da Câmara, André Rijo, falou num custo global para os cinco locais de 2 milhões e meio de euros, podendo chegar aos cinco milhões tendo em conta a necessidade de se intervir a nível do

As ditas Cascatas também estão contempladas

Adro da Igreja e antiga GNR subsolo com infraestruturação e substituição das redes, dados os problemas de fuga de água e os locais onde o esgoto é unitário o que origina custos acrescidos na ETAR. O autarca tem como ambição no caso de ser reconduzido para mais um mandato fazer pelo menos a obra do Largo do Terreiro e a das Cascatas nos próximos quatro anos, sublinhando ainda a abertura de linhas de crédito para que os particulares apostem também na requalificação dos seus edifícios, contributo sem o qual a renovação do centro histórico não terá a sua razão de existir.

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População da Tesoureira desesperada com obra interminável ontinuam, ao contrário do que já seria expectável nesta altura, por terminar as obras na estrada da Tesoureira que obrigam a população daquele lugar da freguesia de Arranhó a fazer mais 20 quilómetros diários nos seus trajetos. O presidente da junta de freguesia local, Gonçalo Rodrigues, refere ao Chafariz que continua a enviar emails para a Câmara de Loures, a responsável pela obra, porquanto fica na confluência dos dois concelhos, mas sem receber resposta. “O senhor presidente não responde, estamos fartos de telefonar e nada, também fizemos um abaixo-assinado com cerca de 500 assinaturas e até à data a informação é nula”. O autarca fala numa “falta de respeito enorme” para com “as pessoas da Tesoureira que estão completamente desesperadas com a situação”, “obrigadas que estão a percorrer mais de 20 quilómetros nos seus trajetos para se deslocarem à sede de freguesia”. A carrinha da junta também está obrigada a au-

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mentar os quilómetros nos seus trajetos. “É gravíssimo e uma autêntica vergonha o que está a acontecer ao cortarem uma estrada camarária sem que haja uma alternativa”. A população vê-se assim obrigada a fazer desvios até à freguesia do Milharado, concelho de Mafra, e Venda do Pinheiro, também no mesmo concelho. Com isto, afetase a qualidade de vida das pessoas, e também o comércio em Arranhó, não tem dúvidas em salientar o presidente da junta. Sobre a atuação do município de Arruda, o autarca considera que o arranjo da Estrada da Tesoureira foi bandeira política de André Rijo, porque há 18 anos que a estrada estava cortada, mas possuía um acesso, e quando chegou à Câmara “disse que graças a si tinha resolvido o problema, e agora diz que não é nada com ele, que a responsabilidade é do concelho vizinho”. Contudo “se o assunto já estivesse resolvido já andava aí outra vez a vangloriar-se”. Recorde-se que esta é uma intervenção que se refere a

Obras continuam a dificultar a vida dos fregueses um muro de suporte de estradas na EM 530-1 em Bucelas. A obra já deveria estar terminada mas a necessidade de mais estudos geológicos e de consolidação do talude e da estacaria acabaram por atrasar a intervenção. A

somar a isto, a autarquia de Loures teve de ter em atenção ainda a questão dos custos dos trabalhos a mais. O presidente da Câmara de Arruda informa que a empresa encarregue da obra, a Pragosa, retomará os traba-

lhos a 16 de agosto. O autarca diz-se sentir “co-responsável” pelo estado de coisas, até porque foi pela sua “insistência que a autarquia de Loures decidiu assumir a obra”. Refere ainda que continua a insistir na necessida-

de de ser criado um corredor alternativo em que a circulação se faça de forma alternada até porque a população tem sido “fustigada” por esta situação. A obra poderá ainda prolongar-se por mais alguns meses.

Câmara de Vila Franca reitera intenção de processar município de Arruda por causa dos acessos do hospital Câmara de Vila Franca de Xira vai, ao que tudo indica, até às últimas consequências quanto à dívida de 200 mil euros que o município de Arruda deve no que respeita aos acessos ao hospital que serve mais quatro concelhos da região: Vila Franca, Azambuja, Alenquer e Benavente. A Câmara de Arruda assumiu esse compromisso ainda no mandato anterior e até à data é a única Câmara que ainda não pagou. Alberto Mesquita já falou em levar o caso a tribunal. Confrontado com este ponto de situação André Rijo, presidente da autarquia, diz compreender a posição do município vizinho, e atira responsabilidades numa primeira instância para o seu antecessor no cargo que geriu o dossier dos acessos e assumiu

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responsabilidades. Sendo que também foi referido à época, em setembro de 2013, que a Câmara apenas pagaria após resolvido um diferendo com a ARS-LVT quanto ao muro de suporte do centro de saúde de Arruda, que ainda está em tribunal. Neste caso estão envolvidos 100 mil euros a que a autarquia de Arruda terá direito mas que a ARS nega. Face ao imbróglio jurídico, tendo em conta que o processo continua a arrastar-se nos tribunais, o autarca de Arruda tem tentado gerir o caso com o presidente da Câmara de Vila Franca, argumentando que face à dívida do seu município não tem sido possível pagar “tudo ao mesmo tempo”. André Rijo quereria ainda discutir com Alberto Mesquita outros dados do acordo, nomeadamente, o facto de Arruda estar hoje mais longe do

hospital do que antes. (O novo edifício situa-se em Povos a uns escassos quilómetros do antigo.) Contudo André Rijo acha que esta “é uma questão fulcral na determinação do rácio da dívida”. Por fim o autarca pediu um plano de prestações suave que não comprometesse as finanças da Câmara de Arruda e “todo um trabalho de sustentabilidade da dívida”. “Fizemos algumas propostas ao senhor presidente Alberto Mesquita que as rejeitou. Não critico, ele estará a defender os seus interesses.” Sendo assim, as negociações entre os dois concelhos estão “congeladas”. “Entretanto o senhor presidente teve a cortesia de me informar que desencadearia os procedimentos legais, e portanto estamos a aguardar”. Alberto Mesquita ouvido pelo Chafariz confirma esta inten-

Acessos ao hospital continuam a ser arma de arremesso entre as autarquias ção tendo em conta “que o município tem de defender os seus interesses” apesar “de o atual presidente de Arruda ser um excelente autarca e uma excelente pessoa com quem mantemos boas relações, como também já mantínhamos com o presidente

Carlos Lourenço”. Mesquita refere que a Câmara de Arruda apresentou um plano de pagamentos mas que este era composto por prestações muito curtas e muito diluídas no tempo, o que tornava impossível aceitar a proposta. A autarquia de Vila Franca

avança para tribunal até porque “essas instâncias existem para isso mesmo, para dirimir este tipo de conflitos”. Quanto ao resto afiança que as relações institucionais com o município de Arruda não ficaram até à data comprometidas.


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Opinião 13

Comunicações electrónicas: denunciar os embustes, proteger os vulneráveis Vodafone pretende cobrar-me a mais que o pacote acordado, 16,96 €, pelo hipotético “acesso” ao canal PREMIUM, através do telemóvel. Reclamei pelo facto de nada ter solicitado nem beneficiado, mais a mais pelas horas inventadas… No entanto, da Vodafone tentaram explicarme que bastaria, por vezes, uma ligeira distracção (um mero toque num símbolo qualquer, para aceder aos canais) e advertiu-me de que teria de pagar o valor exigido, reclamando, se quisesse, para a empresa que explora tais canais (a “mobibox”). Porque a V. já lhes tinha pago tal montante. De outro modo, suspender-me-iam o serviço”. Entendamo-nos: . Se não contratou, não tem de pagar: só há responsabilidade contratual se houver contrato, como o disse, de certa feita, o Conselheiro Pires da Rosa. . Ninguém pode, impunemente, forjar estratagemas em or-

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dem a uma qualquer cilada. . A responsabilidade primeira incumbe à operadora que tem de barrar o acesso seja a que tipo de serviços for, a menos que o consumidor a eles pretenda aceder, facto de tem de ser objecto não só de um pedido seu, como de confirmação, sob pena de inexistência do contrato. . Não cabe ao consumidor dirigir reclamação a hipotético fornecedor com o qual não contratou: a reclamação dirigir-se-á só – e tão só - à operadora. . A Vodafone, ao exigir um tal montante, sem correspondência a qualquer serviço efectiva e regularmente prestado, comete um crime de especulação passível de prisão (para os seus dirigentes se se pedir a despersonalização da sociedade e se se fizer recair a responsabilidade penal sobre os seus gestores) e multa. . O consumidor pode, por direitas contas, pagar só o valor resultante do contrato e a operadora não pode, por isso, suspender-lhe o serviço: “A prestação do serviço públi-

co não pode ser suspensa em consequência de falta de pagamento de qualquer outro serviço, ainda que incluído na mesma factura, salvo se forem funcionalmente indissociáveis.” (n.º 4 do artigo 5.º da Lei dos Serviços Públicos Es-

senciais). . O consumidor tem direito, nos termos desta Lei, à denominada “quitação parcial” (artigo 6.º): “Não pode ser recusado o pagamento de um serviço público, ainda que facturado

juntamente com outros, tendo o utente direito a que lhe seja dada quitação daquele, salvo o disposto na parte final do n.º 4 do artigo anterior.” E tais serviços são dissociáveis, isto é, podem ser separados sem afectação do ser-

Mário Frota* viço principal (o serviço de telemóvel e o eventual acesso a canais de filmes em um tal suporte). . Por quitação se entende o acto de pagar ou satisfazer uma dívida, um encargo ou uma obrigação. . Por quitação se entende ainda o “documento que prova um pagamento ou recebimento”. . E a quitação parcial (de parte da pretensa dívida) é legal, no caso, e não pode a operadora recusar-se a dá-la, sob pena de se tornar responsável pela recusa. Em conclusão: o consumidor tem todo o direito de se recusar a pagar o que não consumiu. E a empresa não pode fazer-lhe exigências absurdas. Mais, deve usar o livro de reclamações, agora em formato electrónico (só para os serviços públicos essenciais desde 1 de Julho em curso), para nele lavrar o seu protesto. Com conhecimento à entidade reguladora – a ANACOM, para que possa instaurar à operadora os competentes autos.

És estudante do ensino público? “Tás” “tramado”! ou a desigualdade perante a lei… ma jovem concorre ao ensino superior público. Efectua a inscrição que faz depender, a seu modo, de concessão de bolsa. Em 15 de Outubro de 2010 paga de inscrição 225 €. Bolsa recusada. Por não ter hipótese de suportar as propinas, cancela a inscrição. Não frequenta uma só aula. Passados estes anos, tem o Fisco à perna: o Estado moveu-lhe uma execução e tem de pagar, com juros e o mais, para cima de 1.041, 51€. Os montantes são devidos? Já não prescreveu a dívida?”

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Se se tratasse de estudante do ensino privado ou cooperativo a dívida estaria prescrita: Prescrevem no prazo de dois anos (Código Civil: alínea a) do art.º 317): “Os créditos dos estabelecimentos que forneçam alojamento, ou alojamento e alimentação, a estudantes, bem como os créditos dos estabelecimentos de ensino, educação, assistência ou tratamento, relativamente aos serviços prestados.” Trata-se, porém, de uma prescrição que se funda na presunção do pagamento. A presunção de pagamento só pode ser ilidida “grosso modo” por confissão do devedor: e a confissão extraju-

dicial só valerá se for prestada por escrito. A afastar-se, por hipótese, a prescrição de dois anos, a que recai sobre prestações periodicamente renováveis, v. g., as propinas, é de cinco anos (Código Civil: g) do artigo 310). No entanto, a educação é um serviço público essencial, ainda que fora de catálogo. E a prescrição dos serviços públicos essenciais (dos do catálogo) é de seis meses. Estas disparidades aumentam de tom, contudo, quando se trata de estudantes do ensino público: “a propina está sujeita ao prazo de prescrição de oito anos previsto no art.º 48º da

Lei Geral Tributária como, também, ao termo inicial do curso desse prazo previsto no preceito… e não pode classificar-se como um “tributo periódico”, constituindo, antes, um “tributo de obrigação única”, cujo prazo de prescrição se inicia, por isso, na data em que o facto tributário ocorre”. (acórdão de 20-05-2015 do Supremo Tribunal Administrativo) No caso vertente, o facto tributário «substancia-se, não no acto de matrícula ou de inscrição, mas na frequência ou fruição do serviço público de ensino durante um período de tempo lectivo», o que significa que alegando-se e provando-se que não houve

«frequência ou fruição» do serviço, inexiste facto tributário e, consequentemente, inexiste dívida a sujeitar a execução fiscal. O facto é que há patente desigualdade perante a lei. Os estudantes do ensino privado (ou equivalente) têm um estatuto legal mais favorável que os do ensino público. O que contraria flagrantemente o artigo 13 da Constituição da República que estatui sobre o “princípio da igualdade”: “1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. 2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer

direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.” Daí que haja que reivindicar, em análogas situações, a inconstitucionalidade da regra que sujeita os estudantes do ensino público a condições mais gravosas que os do ensino privado no que toca às propinas e ao mais. Algo de que as associações de estudantes não poderão deixar de considerar para os devidos efeitos. *apDC – associação portuguesa de Direito do Consumo O autor não aderiu ao AO 90


Chafariz de Arruda

14 Opinião

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Editorial

Festas da Nossa Senhora da Salvação e Eleições Autárquicas em Agosto no “Chafariz de Arruda” stão aí as Festas da Nossa Senhora da Salvação. Nelas o “Chafariz de Arruda” reforça a sua posição. Aumentamos o número de exemplares à disposição da população, mas aumentamos também o número de páginas. Queremos estar assim à altura das Festas anuais da Vila de Arruda dos Vinhos que todos os anos atraem milhares de forasteiros.

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Para assinalar estas festas o “Chafariz de Arruda” falou com alguns dos elementos cruciais que compõem o evento. Ouvimos a parte pagã através da Tertúlia da Amizade que completa 25 anos de atividade e com o pároco Daniel Almeida que assegura, claro, a parte religiosa dos festejos em Honra da Nossa Senhora da Salvação. A completar meio ano de existência o “Chafariz de Arruda” vai assumindo cada

Espaço da Rosinha

“Olá amiguinhos!!! Estamos no verão!!! Sol, calor e muita diversão!!! Mas… temos de ter alguns cuidados! Devemos beber bastante água, sumos de fruta naturais, usar roupas largas e não esquecer o chapéu e protetor solar!!! Boas Férias!!! Com muitas brincadeiras e não se esqueçam de me visitar. www.facebook\rosinhabynini

vez mais o papel do jornal local de Arruda dos Vinhos. Não só através das suas reportagens, como através dos anunciantes que se quiseram associar desde a primeira hora a este projeto e que sem eles não seria possível fazer chegar este jornal a todas as freguesias do concelho de Arruda dos Vinhos de forma gratuita. Este é um jornal para a população. A nossa componente será sempre a de dar ouvidos aos problemas que

povoam a nossa comunidade e sempre que possível fazer eco disso mesmo nas nossas páginas. É esse o papel da comunicação social local e é isso mesmo que tencionamos fazer. A edição deste mês do “Chafariz de Arruda” é também especial noutro sentido. É a primeira vez, desde a nossa existência que passamos por umas eleições autárquicas, e essa é uma matéria que tratamos nesta edição.

No jornal de agosto, entrevistamos os candidatos à Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. Ouvimos Ana Pena da CDU, Luís Rodrigues do PSD, e André Rijo do PS. Ficaram por ouvir os elementos do CDS que para além de não quererem indicar o nome do seu candidato, não confirmaram a existência do mesmo, recusando a entrevista proposta pelo “Chafariz de Arruda”. O jornal impresso é por si

Miguel Rodrigues

um meio limitado nos dias de hoje cada vez mais vocacionados para a imagem, por isso e aproveitando as tecnologias que estão à nossa disposição e o knowhow já ganho no jornal Valor Local, decidimos fazer as entrevistas em vídeo. Estas serão disponibilizadas na íntegra no site em www.chafariz.pt para que todos possam ficar informados das diferentes propostas e posições que os partidos têm para Arruda dos Vinhos.

NA HORA DE COMPRAR CASA... Olá a todos mais uma vez, Na última edição falei-vos da decisão de comprar uma casa e a posterior procura da mesma, hoje irei abordar o tema “Como escolher o banco certo”. A maior parte dos compradores não compra uma casa a pronto e por isso ao recorrer a crédito bancário deverá ter em atenção vários fatores que podem e devem influenciar na escolha do banco. Assim sendo, deverá verificar taxas de juros, seguros e comissões bancárias. Quanto às taxas de Juros recomendo a simulação de crédito em vários bancos de forma a perceber quais as melhores condições. Embora os seguros de vida sejam obrigatórios, há já instituições bancárias que permitem que os mesmos sejam contratados a outras empresas. As comissões bancárias variam de banco para banco e dividem-se normalmente em três fases: comissões iniciais (estudo de contrato), comissões de vigência do contrato (amortizações e/ou reembolso atencipado) e comissões de termo de contrato. Pode até parecer que as diferenças são poucas mas não se esqueça que vai fazer um contrato a vários anos e no total poderemos estar a falar de várias centenas de euros. Assim sendo, pesquise, informe-se ou recorra à ajuda de um profissional da área que certamente lhe indicará o melhor caminho. Um abraço a todos, Envie as a suas questões para pviduedo@icloud.com

Nota de Redação O “Chafariz de Arruda” entrou em contacto com a comissão política do CDS-PP que apesar de manifestar a sua intenção de se candidatar as estas eleições não quis indicar o nome do candidato e por consequência recusou a possibilidade de uma entrevista.

Ficha técnica:

Paulo Viduedo

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Agosto 2017

Artes e Espectáculos 15

Tauromaquia Homenagem a Manuel Jorge de Oliveira

béns pela sua tipicidade. Voltando a Manuel Jorge de Oliveira, encontraram-se ali à sua volta, velhos amigos,

doente. Manuel Jorge de Oliveira, daqui a 10 anos, que faças o mesmo.

em lides de êxito, como sempre finalizadas com os seus célebres violinos ao estribo e rematadas com rojões de morte certeiros. Isto aconteceu no dia 13 de junho, numa corrida que alternou com Mario Perez Langa e Ginez Cartagena, os quais foram premiados com 2 orelhas cada. No final, saída em ombros para os 3 artistas.

Praça de Toiros de Albufeira Foi no dia 23 de junho, que Manuel de Oliveira, tirou com êxito a prova de cavaleiro praticante. Uma lide muito agradável, tanto a citar como a cravar em seu sítio. Temos cavaleiro, ou não fosse Manuel filho de uma grande figura da arte, Manuel Jorge de Oliveira.

Manuel Jorge de Oliveira O Cavaleiro Azambujense foi homenageado num almoço evocativo dos 40 anos de alternativa, almoço este que foi “presidido” pelo conhecido Padre Vítor Melícias e por João Duarte. O repasto teve lugar num restaurante típico dos Casais da Amendoeira, uma casa que merece os para-

daqueles que o acompanhavam nos tempos em que a sua carreira estava no auge. Tempos esses, os anos 70 e 80, que foram recordados pelos presentes nos discursos de ocasião. Foi um almoço em beleza. Daqueles de que se diz que dão saúde a quem está

Ana Rita Mais uma vez, Ana Rita, é considerada a melhor rejoneadora portuguesa que anda por terras de Espanha. Em Ávila, cortou 4 orelhas

Nesta corrida, onde também foi júri da prova de Manuel de Oliveira, fez a despedida de praticante Parreirita Ci-

gano e mais uma vez brilhou este futuro cavaleiro do povo. Anteriormente, no dia 17 de junho, João Oliveira, tirou alternativa de bandarilheiro profissional na praça do Cartaxo com uma boa atuação.

Parreirita Cigano a alternativa Parreirita Cigano é o toureiro do povo, e justificou-o no dia 29 de junho no Campo Pequeno. O cavaleiro do Cartaxo, discípulo de Manuel Jorge de Oliveira, veio à mais importante arena do país receber a alternativa e teve uma noite onde confirmou que a merece com toda a justiça. Parreirita mostrou que quer ser como era o seu mestre, o toureiro do povo. Esteve bem em tudo, no citar de tábuas a tábuas, na visão dos terrenos e no cravar a ferra-

António Salema gem no seu sítio, cheio de emoção e de lentidão, o que dá a beleza ao momento. A noite ficará na história de Parreirita e Manuel Jorge de Oliveira e na memória de todo o público presente. Por gratidão, Manuel Jorge, convida Parreirita e lidar a duo o seu toiro, convite feito com a maior dignidade da arte. Parreirita sai o triunfador da noite e voltou ao Campo Pequeno uma semana depois, integrado num cartel com os triunfadores de Las Ventas. Os restantes cavaleiros estiveram relativamente bem a cumprir a sua missão, e quanto aos forcados destacaram-se os do Aposento da Chamusca com a melhor pega da noite.


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Agosto 2017


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