Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 58 • 23 Fevereiro 2018 • Preço 1 cêntimo
Valor Local Eventos na 9
Vila Franca de Xira
Campanha do sável é cartão-de-visita durante o mês de Março
Eventos na 9
Antigas escolas primárias ganham nova vida
Destaque da 10 a 13
Governo não intervém e qualquer dia Ponte Dona Amélia fica presa por arames Sociedade na 6
Mês da Enguia de regresso a Salvaterra de Magos
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Passeio ribeirinho entre Cartaxo e Azambuja deverá ser realidade
Mudar o esteiro é também um dos objetivos em Azambuja
recuperação do Esteiro de Azambuja e a criação de um caminho pedonal até à zona da Praia da Casa Branca vão ser uma realidade até ao final do mandato. Segundo Luis de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Azambuja em entrevista ao Valor Local, este é um projeto que irá mais tarde ligar a um outro, neste caso um passeio ribeirinho, que unirá os municípios de Golegã, Santarém, Cartaxo e Azambuja, sendo que não está excluída a ligação ao atual passeio ribeirinho de Vila Franca de Xira que em breve po-
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derá chegar ao Carregado A obra que corresponde aos concelhos ribatejanos que não o de Vila Franca é uma obra no âmbito da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo. Luís de Sousa salienta a construção de um caminho pedonal que começará junto à estação da CP em Azambuja e que seguirá até à ponte sobre a Vala Real. Aí o percurso pedonal entrará noutra rota, através de caminhos pedonais já existentes, alguns mesmo utilizados pelos “Caminhos de Santiago”. Segundo o autarca, este projeto
no âmbito do Portugal 2020, irá também englobar a recuperação da Vala do Esteiro “tornando-a navegável e com alguns pesqueiros porque somos um povo que não gosta só de toiros e cavalos, também gostamos de pesca”, refere o autarca que salienta que esta obra deverá estar pronta até ao final do mandato. Luís de Sousa refere ainda que o projeto tem um custo estimado de um milhão e cem mil euros, e será suportado em parte por fundos da União Europeia. O autarca refere, por outro lado, que nesta altura a Câmara Muni-
cipal já está a preparar o concurso para a obra que reconhece estar “um pouco atrasado”. Os dois projetos deverão mudar “radicalmente” a face da zona ribeirinha, tanto de Azambuja como do Cartaxo e dos outros municípios ribeirinhos. Luís de Sousa salienta que para já não existe previsão para que arranque a ligação entre concelhos, mas refere que o estudo preliminar que inclui a divulgação, a recuperação de pavimentos e sinalética, aponta para gastos na ordem dos quatro milhões de euros. Pedro Ribeiro, presidente da Câ-
mara Municipal do Cartaxo, com quem Azambuja faz fronteira, vinca por seu lado a importância deste projeto que na sua opinião irá atrair mais pessoas para estas zonas. Em entrevista ao Valor Local, o autarca salienta que o seu município é um dos promotores da ideia que surge no âmbito do Portugal 2020, sendo que um dos objetivos “é a promoção e a valorização do Tejo, ambiental, social e economicamente e sabemos hoje que é importante tornar estas zonas clicáveis e mais agradáveis para os passeios a pé”.
Pedro Ribeiro diz-se defensor da ideia, embora não exista ainda qualquer previsão para o arranque do projeto que foi já abordado em reuniões da CIMLT. O edil considera que a potencialização dos caminhos religiosos como “os Caminhos de Santiago” que se juntam nestes concelhos, a par com “outro tipo de intervenções que se vão complementar, são fatores determinantes para atrair mais pessoas aos nossos territórios e termos mais e melhores infraestruturas” de modo a que se possa atrair mais investimento para estes concelhos.
Projeto de turismo rural surge na Quinta do Malcurado s freguesias de Azambuja e Vale do Paraíso vão ter em breve um novo hotel. Segundo Luis de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Azambuja, já se encontra nos
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serviços do município o projeto para a construção de moradias, T1, T2 e T3 na Quinta do Malcurado, que fica precisamente na fronteira das duas freguesias. O presidente da Câmara salien-
tou ao Valor Local que os proprietários deste empreendimento já estão a pagar as respetivas taxas, pelo que se congratula com a existência deste projeto em Azambuja.
O Valor Local tentou contatar os proprietários, mas até ao fecho desta edição, tal não foi possível. A quinta do Malcurado foi construída em 1893. O seu nome re-
mete para um milagre ocorrido na cura de uma doença por intercessão de Santa Ana, mãe de Maria e avó de Jesus Cristo. Na frontaria da quinta existe um painel de azulejos onde Santa Ana
Faleceu Antigo comandante dos bombeiros de Azambuja Faleceu no passado dia 29 de janeiro Mário Oliveira Jorge. O Comandante do Quadro de Honra dos Bombeiros de Azambuja, responsável pela construção do atual quartel dos bombeiros, faleceu após doença prolongada com 91 anos.
Mário Oliveira Jorge esteve desde sempre ligado aos bombeiros, tendo-nos confessado recentemente que quando ouvia a sirene ainda se recordava dos quarenta anos que teve ligado à instituição, dos teatros de operações em que esteve envolvido e de todas as situações que passou,
isto numa altura em que os meios eram poucos e os bombeiros dependiam apenas de voluntários. Nessa mesma conversa, reafirmou a sua confiança nos soldados da paz, cujos tempos teriam mudado e na sua opinião para melhor.
Mário Oliveira Jorge esteve mais precisamente 42 anos ao serviço do corpo ativo dos Bombeiros, tendo sido um dos comandantes que esteve mais tempo no ativo. O comandante do Quadro de Honra recebeu o Crachá de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses e a Medalha de Mérito Muni-
cipal – Grau Ouro da Câmara Municipal de Azambuja em 2012. Mário Oliveira Jorge dá ainda nome à Praceta junto da Estátua do Bombeiro, chamada hoje “Praceta Comandante Mário Oliveira Jorge”, por proposta da Junta de Freguesia de Azambuja.
surge representada de acordo com a convenção da hagiografia cristã, mostrando um livro (ou, neste caso, um pergaminho) a sua filha, que representa a doutrinação de Maria nas Escrituras.
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Gripe não levou a aumento do número de consultas nos centros de saúde na região os últimos meses do ano passado, os portugueses foram alertados para a necessidade de se prevenirem contra a gripe dada a prevalência de uma estirpe mais aguda da doença. Até inícios de dezembro de 2017 já tinham sido administradas 1,2 milhões de vacinas em Portugal. Segundo o Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo (ACES) que engloba os concelhos de Azambuja, Vila Franca de Xira, Benavente, Alenquer e Arruda dos Vinhos, e a diretora executiva do mesmo, Maria do Céu Canhão, as queixas mais frequentes desde novembro de 2017 a janeiro de 2018 – nas idas aos centros de saúde por parte da população da região – reportam-se sobretudo a episódios de febre e tosse, mas especialmente os de infeção aguda
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do aparelho respiratório. Houve no período presente mais casos por exemplo de pneumonia do que em novembro, dezembro de 2016 e janeiro de 2017: 231 con-
tra 216 registados no ano passado. Contudo em 2016/2017 houve mais casos de infeções agudas respiratórias: 4460 contra 3493 (ver quadro). A síndrome
gripal também teve mais incidência no ano passado com 1150 casos contra 676. Por isso, Maria José Canhão refere que a vaga de gripe deste
ano “não teve uma maior preponderância de que em anos anteriores”. “Registou-se um pico mais tardio na evolução da gripe mas não houve um maior núme-
ro de diagnósticos”, acrescenta. Também no ano passado houve mais população a dirigir-se ao atendimento complementar dos centros de saúde: 5879 em 2016/2017. Neste ano foram contabilizados 5734. Por outro lado, e mais recentemente assistiu-se ao rebentar pelas costuras do hospital de referência no que às urgências diz respeito. A diretora do ACES considera que também houve mais gente a prevenir-se neste inverno com a toma da vacina, mas o número deveria ter sido mais ambicioso tendo em conta o número de idosos com mais de 65 anos e os grupos de risco. “Na ARSLVT foi este ano administrado o maior número de vacinas alguma vez registado, tanto ao nível dos CSP como das farmácias”, conclui.
Bombeiros da Merceana vencedores do Orçamento Participativo de Alenquer oram dados a conhecer os vencedores do Orçamento Participativo de Alenquer no dia 16 de fevereiro. O projeto mais votado foi o dos bombeiros da Merceana que viram atribuída uma nova ambulância tendo sido o projeto mais votado da edição de 2017 num total de 2161 votos. Esta ambulância tem uma dotação de 72 mil 987 euros. Para Nuno Santos, comandante da corporação, este novo equipamento vai permitir dotar de melhores condições o socorro às populações. Em segundo lugar ficou o projeto apresentado pela junta de freguesia de Meca que visa o melhoramento da estrada entre a Estalagem e a sede de freguesia, com um custo total de 74 mil 995 euros . Em terceiro ficou o projeto que visa o melhoramento e a reabilitação do Campo de Jogos 25 de abril em Abrigada com um custo de 74 mil 995 euros. Na quarta posição ficou o projeto com um orçamento mais baixo que se destina ao estudo e descoberta do “Sítio de Algares”, património natural existente na freguesia de Vila Verde dos Francos. Por último foi ainda contemplado o projeto para a construção de telheiros no Centro Escolar do Carregado que vai beneficiar também de uma verba de 74 mil 995 euros. Já antes tinha sido inscrito como concorrente mas apenas à terceira os proponentes conseguiram chegar a bom porto nesta matéria. Foram ainda dados a conhecer os vencedores do Orçamento
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Participativo Jovem em que foram escolhidos os projetos “Sensações Inclusivas” destinado a crianças com necessidades especiais com um custo de 3500 euros. Os jovens escolheram ainda o projeto de um acampamento jovem radical na Serra de Montejunto com um custo de 3970 euros; a festa jovem “V Sunset” foi outra das vencedo-
ras cabendo-lhe um orçamento de 1500 euros. Por último foi ainda selecionado o projeto “Ajuda aos Animais” relacionado com a necessidade de se dar melhores condições aos mesmos com um custo de 900 euros. Para o presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, o processo do OP que se iniciou em
2014 e que alguma polémica tem suscitado ao longo dos anos, tendo em conta que muitos dos projetos vencedores em anos anteriores têm resvalado para lá da data limite de execução, tem se revelado como uma “fonte de aprendizagem”. E realçou “a capacidade de envolver cada vez mais pessoas e entidades como escolas, coletividades,
bombeiros”. “Por isso saúdo quem aposta neste exercício de cidadania não se acomodando e querendo estar desperto para as várias situações”. O autarca referiu que desde 2014 que os alenquerenses têm aderido com maior ou menor intensidade, se bem que os tempos de desconfiança em relação a este projeto, na sua opinião, foram apenas no
seu início. Pedindo contudo desculpa por alguma morosidade quanto ao tempo em que a resposta demora mais por parte dos serviços internos da autarquia. Já o vereador responsável pelo pelouro do OP, Paulo Franco, felicitou todos os que participaram, e os vencedores “porque também trabalharam para que isso acontecesse”.
Responsáveis dos bombeiros felizes com o primeiro lugar e a nova ambulância
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Blogger de Vila Franca apresenta-se no mais famoso festival de chocolate do país blogger vilafranquense, Susana Veloso, autora do blog “Deliciosa Paparoca” (deliciosapaparoca.pt) vai estar presente na XVI edição do Festival Internacional de Chocolate de Óbidos que tem por tema as alterações climáticas e a promoção de um consumo sustentável. Este é também um lema na forma como cozinha par além da paixão por chocolate. O convite surgiu por parte do município de Óbidos que há vários anos realiza este que é um dos certames mais populares do género em Portugal e que mais visitantes atrai, sendo por isso uma forma de divulgação
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para chefs, bloggers, entre tantos outros amantes da cozinha. Imprescindível é cozinhar com chocolate e Susana Veloso vai estar num showcooking que decorre no dia 24 de fevereiro entre as 11h30 e as 13h00, no qual vai apresentar três receitas: “Palitos de Queijo da Ilha com Chocolate Negro e Pimenta Rosa” (entrada), “Chocolate Quente Aromatizado com Laranja” e “Trufas Energéticas de Chocolate”. “Todas as receitas estão isentas de açúcar adicionado (além do naturalmente presente no chocolate)”, refere a blogger, acrescentando que estas iguarias vão ser prepa-
radas com o mínimo desperdício. Por exemplo, a casca de laranja é utilizada numa receita e o sumo do citrino na outra. A apresentação decorre no Palco Showcooking, por onde vão passar outros foodbloguers e chefs. No fim de cada apresentação há degustação das receitas, “por isso quem assiste não ficará a salivar”, garante. No festival também vão ser apresentados alguns novos produtos e os visitantes podem ainda deslumbrar-se e surpreender-se com as esculturas de chocolate realizadas pelo chef chocolatier brasileiro Abner Ivan e sua equipa.
Susana Veloso e a sua Deliciosa Paparoca em Óbidos
Benavente reforça equipa de psicólogos para fazer face ao insucesso escolar s municípios da Lezíria do Tejo aderiram no âmbito do Portugal 2020 a um programa que visa combater o insucesso escolar nas escolas da região, principalmente no final do terceiro ciclo onde este é mais evidente. Com o nome Plano Integrado
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e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar visa através da colocação de técnicos no terreno, nomeadamente, psicólogos diminuir as causas deste fenómeno. Benavente que já possuía o programa Salute desde 2007 com o intuito de intervir neste tipo de
contextos mais problemáticos também através de uma equipa multidisciplinar, é um dos concelhos abrangidos por este plano. A vereadora com o pelouro da Educação, Catarina Pinheiro Vale, salienta que com esta nova valência pretende-se ampliar o que
Autarca fala de um programa arrojado para a Educação
já existe no terreno. Fenómenos como a indisciplina ao nível do segundo e terceiro ciclos, bem como o combate ao insucesso, realidade premente a nível do sétimo, oitavo e nonos anos, são apenas alguns dos objetivos. Para a vereadora, “este projeto da Comunidade Intermunicipal acaba por ser inovador”. Algumas iniciativas vão ser dinamizadas ao abrigo deste programa que visam envolver os professores, os alunos e os encarregados de educação. No total serão recrutados quatro psicólogos clínicos e uma educadora social que se vão juntar a outros tantos técnicos que já estão no terreno desde 2007, nomeadamente, psicólogos, terapeuta da fala, técnicos de serviço social, música e desporto. Um dos objetivos deste novo programa está relacionado com a necessidade de se ir ao encontro das famílias que têm dificuldades em acompanhar o percurso escolar dos filhos, ou mesmo as ditas famílias desestruturadas em que os problemas sociais podem ser mais acentuados e estar na origem de situações mais proble-
máticas. “Queremos dar mais competências aos encarregados de educação tendo em conta a necessidade de se apoiar mais as famílias”. Diversas atividades serão promovidas e incluem atividades em salas de estudo com as famílias numa lógica também de alguns esquemas/terapias de relaxamento que ajudem o aluno em contexto de estudo como o “mindfullness” (espécie de treino mental). Estas são abordagens que têm surgido em voga nas mais diferentes áreas e considera-se que a Educação pela forte carga de exigência e stress possa vir a ser beneficiada também. Outra das ideias prende-se com um laboratório móvel que circulará pelos vários concelhos ainda no âmbito da filosofia deste projeto. Se este era um programa que fazia falta, ou se era mais um programa comunitário que estava ali à mão de semear dos municípios, Catarina Pinheiro Vale diz que no caso do concelho de Benavente sentia-se efetivamente a necessidade de se enveredar por algo deste género. “Já estávamos a imaginar algo dentro deste
âmbito no seio do Conselho Municipal de Educação, porque a escola hoje tem mais exigências, os alunos também são diferentes”, e “os modelos de Educação estão completamente desfasados do que deveriam ser”. Já no conjunto dos municípios da Lezíria “queremos uniformizar estes novos conceitos nos diferentes municíopios de acordo com o que este programa encerra”. Embora a escolaridade obrigatório vá até ao 12º ano, existe a necessidade de se consertar estratégias em torno do insucesso, “nomeadamente quando falamos do terceiro ciclo, altura em que se nota que os alunos começam a comprometer a assiduidade às aulas”. Pela experiência que o município já tem no que toca ao apoio psicológico aos alunos, a vereadora considera que “acaba mesmo assim por haver recetividade quando se confronta o estudante com essa necessidade embora numa fase inicial este possa desconfiar”. “O psicólogo em contexto escolar tenta sempre encaminhar o aluno no sentido de encontrar uma solução para o seu caso”.
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Governo não intervém e qualquer dia Ponte Dona Amélia fica presa por arames s Câmaras Municipais do Cartaxo e de Salvaterra de Magos estão preocupadas com a utilização que consideram abusiva por parte dos veículos pesados que passam na Ponte Dona Amélia que liga os dois concelhos. As duas câmaras destacam em comunicado conjunto que há competências de entidades estatais para a manutenção e conservação da estrutura, que não têm vindo a ser observadas e por isso exigem que
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a Infraestruturas de Portugal, entidade que superindente a estrutura, leve a cabo as suas responsabilidades na manutenção da ponte, até porque as mesmas constam de um protocolo assinado em 96, altura em que a estrutura foi adaptada ao trânsito rodoviário. Numa acão conjunta, ambos os municípios decidiram interpelar as entidades estatais e da última reunião resultaram algumas medidas como a limitação do peso dos veí-
Travessia necessita de intervenção urgente
culos permitidos naquela estrutura. Helder Esménio, presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, e Pedro Ribeiro, presidente da Câmara do Cartaxo, estiveram na semana passada no terreno, onde em conjunto com os técnicos de ambas as autarquias, colocaram nova sinalização, esperando que isso possa minimizar a passagem “abusiva” de veículos não ligeiros naquela travessia.
Em entrevista ao Valor Local, Helder Esménio, fala de uma situação que para já não é de risco, mas para que não o seja no futuro, defende medidas urgentes. O autarca refere que a estrutura sofre de algumas “patologias” porque foi “dimensionada há mais de vinte anos e estava previsto que estaria afeta ao trânsito ligeiro”. Esménio lamenta que por “falta de meios das autoridades na fiscalização” a ponte esteja a ser utiliza-
da por veículos com excesso de carga, podendo provocar no futuro alguns danos na estrutura, que já de si sofre com o mau estado do tabuleiro e dos corrimãos que atravessam a mesma. Para além desta questão que levou os autarcas a pedir reuniões à secretaria de Estado, existe ainda uma situação mal resolvida desde o tempo da construção da travessia da ponte ferroviária, mesmo ali ao lado. De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Salvaterra, os trabalhos de construção daquela travessia deixaram uma “estrutura” que serviu para a construção da ponte mas que “causa remoinhos” e coloca em causa a estrutura e a fundação da ponte. Esménio fala de um relatório da Agência Portuguesa do Ambiente que dá conta de um desassoreamento e de um outro relatório da Câmara do Cartaxo que apontou para esta deficiência que agora importa corrigir. Pedro Ribeiro, presidente da Câmara do Cartaxo, vincou ao Valor Local que esta situação provocou “um grito de revolta” por parte dos autarcas. Pedro Ribeiro lamenta aquilo a
que chama de desinteresse dos organismos do Estado em cumprir as obrigações acordadas aquando da abertura da travessia e salienta que a responsabilidades dos municípios correspondiam apenas à manutenção do tabuleiro da ponte, sendo as fundações da responsabilidade das entidades estatais. O presidente da Câmara do Cartaxo salienta também que os dois municípios têm andado atentos ao estado da estrutura e foi isso que permitiu desencadear agora as medidas. O autarca salienta que as medidas preliminares foram tomadas na sequência de reuniões com algumas entidades estatais, mas tem “a consciência de que esta situação foi também despoletada devido a algum comportamento abusivo” por parte de alguns condutores, salientando a falta de meios por parte da GNR para fiscalizar 24 horas por dia os condutores. Paulo Silvério, Tenente Coronel da GNR de Santarém, frisou que a postura da guarda passa pela prevenção. O militar vinca que é habito fazerem-se ações, mas que face a esta situação estas poderão ser intensificadas.
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Três anos depois da criação de um grupo de estudo
Rio Maior ainda à espera de uma solução para a poluição á três anos foi constituído o Grupo Intermunicipal para a Sustentabilidade do Rio Maior e da atividade pecuária. Composto pelas autarquias de Santarém, Rio Maior, Cartaxo e Azambuja (Vala Real) tinha como objetivo encetar estratégias que devolvessem o equilíbrio ecológico a este afluente do Tejo. Num momento em que a poluição e as descargas das celuloses no rio Tejo estão na ordem do dia, quisemos saber junto de um dos porta-vozes dos movimentos ambientalistas que têm estado na linha da frente nesta matéria, acerca do ponto de situação em relação ao que se delineara e aos objetivos para o futuro. Manuel João Sá do Movimento Ecologista de Vale de Santarém refere que três anos passados, um dos destaques relacionou-se com um debate que existiu há cerca de um ano que juntou autarcas, ecologistas e os produtores suinícolas mas poucos passos foram dados em frente “pois ambientalmente, é certo, não existiu evolução”. Um dos locais mais problemáticos refere-se a São
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Em Azambuja onde é mais conhecido como Vala Real
João da Ribeira “onde uma fábrica de tomate lança poluição para o rio que fica vermelha, ou negra, ao mesmo tempo que surge o peixe morto”. As denúncias têm-se sucedido mas sem sucesso por parte das entidades responsáveis. De resto as empresas suinicultoras também continuam a marcar terreno neste campo da poluição
do afluente do Tejo. Espuma e mau cheiro são neste caso o pão nosso de cada dia. Neste aspeto, a ETAR de Santarém também pode ser uma causa tendo em conta o seu deficiente funcionamento, segundo o ambientalista. Para além disso, “nota-se a grande proliferação de jacintos com consequências para a qualidade
da água como a sua eutrofização”. O Movimento Ecologista de Vale de Santarém em conjunto com o Movimento Ar Puro de Rio Maior, e Eco-Cartaxo vai tentar em breve saber quais as démarches que se seguem por parte dos agentes com responsabilidades políticas nesta matéria dado que não há
novidades desde há um ano, “até porque nesse encontro demos a conhecer as fontes e os locais onde a poluição existia mas que eu saiba pouco ou nada se fez”. Neste encontro falou-se ainda da perspetiva de as empresas que se situam ao longo do rio e que o estão a poluir poderem aceder aos fundos comunitários de modo a
apetrecharem-se em condições. Manuel João Sá confessa que nesse encontro as empresas suinicultoras acabaram por não se manifestar especialmente ou com vontade de mudar o paradigma de alguma forma. O ambientalista saúda no entanto a vontade das câmaras municipais para se mudar algo. “Queremos saber nesta altura que passos foram dados, se houve alterações quanto à forma de operar das suinicultoras”, nomeadamente em Rio Maior também com a fábrica de tomate”. “Muitas dessas fábricas começaram em pequena escala mas foram aumentando a produção, pelo que as Etar ou não existem ou estão aquém das necessidades, por outro lado, a fiscalização também acaba por ser incompetente, chegando esses mesmos responsáveis a adiar as visitas aos locais”. O ambientalista saúda contudo o projeto das autarquias ribeirinhas em causa quanto à ciclovia que ligará os vários concelhos e que poderá permitir uma nova qualidade de vida para os que esperam pelo fim da despoluição do rio.
Autoridades ainda não contactaram Câmara de Alenquer tendo em vista o encerramento da pecuária Valinho Agência Portuguesa do Ambiente (APA) em meados janeiro último decretou o encerramento da suinicultura da Valinho em Abrigada, mas até à data a Câmara de Alenquer não foi informada pelas vias oficiais apenas pela comunicação social, não estando a par que démarches se seguirão. Recorde-se que a APA decidiu aplicar uma multa de 800 mil euros pelas descargas residuais desta empresa nas ribeiras e rios nas várias partes da região onde opera, nomeadamente, também em São Gregório nas Caldas da Rainha, a qual também deverá ser encerrada. Em Abrigada há muito que a população se queixava dos maus
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cheiros, e numa reportagem realizada in loco há um ano atrás pelo Valor Local registámos as queixas dos habitantes desta freguesia bem como os de Ventosa, onde ainda labora a pecuária Berbelita também responsável por maus cheiros tendo colocado a assembleia municipal de Alenquer em tribunal, quando esta chumbou o pedido da pecuária para atualização das instalações no âmbito do Novo Regime do Exercício da Atividade Pecuária. Ouvido pelo Valor Local, Pedro Folgado, presidente da Câmara refere que se sente satisfeito tendo em vista o quadro de alegada reposição da qualidade de vida dos munícipes de Abrigada, isto
porque não estavam a ser cumpridos pela empresa “os requisitos legais para a sua laboração”, com “as entidades competentes a verificarem in loco mais do que uma vez as descargas das ETAR que criavam um problema de desequilíbrio ambiental muito grave”. Fica por resolver o caso da pecuária Berbelita, que intentou uma intimação para proteção de direitos, liberdades e garantias, pedindo ao tribunal a anulação da decisão da Assembleia Municipal e a sua substituição por outra que declarasse o interesse municipal. A empresa tem tentado ganhar tempo pelas vias administrativas. Paralelamente, deu entrada tam-
Aspeto das descargas provocadas pelas suiniculturas bém um pedido no mesmo sentido junto da Direção Regional Agricultura e Pescas que foi “liminarmente indeferido”, atesta o autarca. Contra esse indeferimento, a Berbelita, intentou “uma ação
de impugnação acompanhada de providência cautelar de suspensão provisória de eficácia do ato administrativo”. O tribunal decretou a providência enquanto se aguarda a decisão final. Deste
modo, juridicamente o pedido formulado pela Berbelita está pendente (por via dos processos judiciais). Sendo assim e no que concerne às ilegalidades urbanísticas “não pode este município atuar.”
Vereador socialista demarca-se do aterro vereador do executivo socialista António José de Matos demarcou-se na última reunião de Câmara do projeto do aterro de resíduos não perigosos localizado na Quinta da Queijeira em Azambuja, que tem causado grande celeuma junto das populações mais próximas. No dia 17 de fevereiro técnicos da Triaza efetuaram uma
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visita guiada junto da população para explicar a forma como funciona o aterro do ponto de vista ambiental. António José de Matos confessou que os responsáveis políticos do concelho acabaram por ser vítimas de um engano pois inicialmente, nas suas palavras, “estávamos perante um aterro de resí-
duos industriais banais e não de resíduos não perigosos”, cujo leque de abrangência quanto ao que ali é depositado é maior. Sendo que a maioria do que ali chega são resíduos indiferenciados de acordo com a escala de resíduos. O vereador não descarta a possibilidade da qualidade de vida das populações sair afetada com o
que podem ser os anos vindouros do aterro. “Neste momento temos uma célula aberta, vamos ter ainda mais duas”, refere. No que diz respeito à visita ao aterro disse que também já lá se deslocou com data marcada onde apenas se viam alguns inofensivos “plásticos” e o cheiro era menor.” Neste aspeto, o vereador do PS
acabou por ser criticado por David Mendes da CDU: “Se alguma vez pensou que ia sair dali um aterro de inertes, então pensou mal. Não vale a pena andarmos aqui com desculpas. Temos é de criar condições para que o que ali existe não se transforme num grande problema, principalmente a nível do subsolo”.
António José Matos
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Mês da Enguia de regresso a Salvaterra de Magos á na sua 22ª edição e este ano com um número recorde de restaurantes aderentes, ou seja 21, o Mês da Enguia volta a subir a fasquia para mais uma edição. Ao que tudo indica a forte carga poluidora proveniente das descargas da celulose no norte do Ribatejo não afetou a qualidade da já designada rainha do Tejo que de um de março a um de abril será servida à mesa dos estabelecimentos de restauração do concelho. Nos últimos anos têm sido batidos os recordes de enguias consumidas na restauração concelhia, e em 2018 as expetativas não são diferentes. Em 2017, foram consumidas 6,5 toneladas. Ao Valor Local, o presidente da Câmara, Hélder Esménio, refere que se tentou fazer um grande esforço quanto à questão da poluição no Tejo. Depois do episódio da espuma em Vila Velha de Ródão, o Tejo conseguiu recuperar em parte, e no que diz respeito à enguia não é dos mais afetados por este tipo de situação. Na apresentação do certame, o presidente da Câmara, Hélder Esménio, referiu que o número
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de visitantes tem aumentado todos os anos. Para isso também tem contribuído na sua opinião o número de atividades que vão decorrendo ao mesmo tempo como a feira de artesanato, e as exposições em vários pontos do concelho, assim como, os passeios na natureza e no Tejo que estão disponíveis também nestes dias em que dura o evento, naquilo que o autarca designou como “a criação de produto” com o intuito de fazer com que o certame vá mais além do que “a simples ida ao restaurante para provar a enguia”. Uma das novidades na edição de 2018 prende-se com o facto de este ano o Salão de Artesanato adquirir caráter nacional com a presença de artesãos vindos não apenas do concelho ou da região mas de todo o país. O programa a desenvolver no pavilhão do Inatel ao longo do mês de atividades compreenderá entre outros espetáculos com as coletividades, ranchos folclóricos, bandas filarmónicas, marchas populares, e stand up comedy entre muitas outras. Presente na conferência de im-
prensa de apresentação do certame, o presidente da entidade de turismo Ceia da Silva, elogiou como é hábito as virtualidades do evento ao mesmo tempo que anunciou alguns dos projetos para o turismo na região do Ribatejo como as redes de “walking”/pedestrianismo que estarão praticamente concluídas e no fundo pretenderão consolidar o que se chama de turismo de natureza, um dos pontos fortes da região. Ao mesmo tempo deu conta da certificação dos restaurantes e da carta gastronómica da região. O responsável aludiu ainda a outros programas em marcha como o do turismo religioso com os Caminhos de Santiago e Fátima com um calendário e estruturas próprias e a criação da marca “Ribatejo, Viva a Festa”. A maioria dos restaurantes aderentes, no total 13, situa-se na área da União de Freguesias de Salvaterra e Foros de Salvaterra, pelo que o presidente da junta, Manuel Bolieiro, refere que este é um certame “que traz muitos visitantes que aguardam por esta altura do ano para virem provar a
enguia ao nosso concelho”. Para o autarca, os restaurantes de ano para ano têm tido a preocupação de inovarem com novos pratos, e por isso estão de parabéns. Bolieiro enfatiza também o programa cultural com as exposições e o salão de artesanato. Quanto aos restaurantes muitos deles já participam no evento como é o caso do José da Marreta em Marinhais, cujo proprietário José Cruz, salienta algumas das especialidades que confeciona à base de enguias como a cataplana, a enguia escalada, a enguia frita com arroz de feijão, e como não podia deixar de ser o prato coroa sempre que nos lembramos deste peixe do rio: o ensopado de enguias. Já Georgina Santos do Bom Garfo também de Marinhais arrisca um pouco mais e é possível apreciar no seu estabelecimento um Calulu de enguia, no fundo é um estufado de peixe com inspiração angolana – “Como há por aqui muitos retornados que vieram daquele país acaba por ser um prato bastante pedido”. Mas no Bom Garfo também há caldeirada de enguia, molhata de enguia, enguia frita.
Enguia frita é sempre um dos petiscos mais apreciados com a Rainha do Tejo
Presidente da Câmara quer ultrapassar as 6,5 toneladas consumidas em 2017
Vila Franca de Xira
Campanha do sável é cartão-de-visita durante o mês de Março
Chef Luís Machado deu um showcooking sobre sável frito com açorda concelho de Vila Franca de Xira volta a receber durante o mês de março mais uma campanha gastronómica dedicada ao sável. “Março Mês do Sável” tem vindo a crescer nos últimos anos e granjeado cada vez mais participantes. São mais de três dezenas de restaurantes que participam na iniciativa, que só no ano passado serviu mais de oito mil doses no município de Vila Franca de Xira. Durante todo o mês de março, aos fins-de-semana, os visitantes são convidados a saborear este peixe de rio confecionado com açorda de ovas que tem feito as delícias de muitos.
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António Félix, vereador com o pelouro do turismo da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, salientou ao Valor Local, que espera que este ano se suplante as oito mil doses servidas no ano passado. “Esperamos que este ano o Mês do Sável volte a subir e a ter mais visitantes, e que volte a ser um sucesso, já que é para isso que trabalhamos”. António Félix salienta que a questão relacionada com a poluição no rio tejo “não deverá influenciar a campanha até porque se antes o sável vinha apenas do Tejo agora vem de outras proveniências e está garantida a quali-
dade do mesmo”, refere o vereador que destaca que este ano já o provou e por isso – “Atesto a qualidade. Já o comi neste mês de fevereiro e estava ótimo”. A campanha do sável tem mais de trinta anos e o tradicional é comer-se sável frito com açorda de ovas, contudo o vereador não se define como um paladino da inovação na confeção do prato, até porque esta é uma comida tradicional dos pescadores e dos ribatejanos e isso não deverá mudar. “O sável está muito consolidado. As pessoas vêm para comer sável frito com acorda, não para procurar inovações”, salienta António Félix que garante que esta
Durante o mês de março, em vários restaurantes do concelho campanha já está consolidada junto dos restaurantes habituais. Mas Vila Franca de Xira não tem apenas sável. O vereador António Félix puxa mesmo pelos galões e recomenda o vinho “Encostas de Xira” produzido na Quinta da Subserra em Alhandra para acompanhar este prato tradicional. Ao Valor Local, o vereador salienta o “esforço” do município para a recuperação das vinhas e métodos de produção de vinho, que está agora a dar os primeiros frutos. Aliás, António Félix recorda mesmo que a inovação foi da produção às garrafas passando pelos rótulos cujo desenho é as-
sinado pelo vilafranquense Vasco Gargalo. O “Mês do Sável” que foi de resto apresentado no dia 20 de fevereiro na entidade de turismo de Lisboa, será também promovido em vários outros eventos. Em março, a BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa) será um dos locais, onde o município de Vila Franca de Xira, para além de utilizar o espaço do “Turismo de Lisboa”, terá pela primeira vez um stand próprio e com uma agenda própria para o dia do concelho a 2 de março. Para além deste evento nacional, a autarquia marcará presença também em Santarém na Feira Nacional da Agri-
cultura no salão Prazer de Provar, que este ano tem como tema o olival e o azeite. Quanto à confeção do sável frito com açorda de ovas, existem algumas variações, mas este é um prato típico do Ribatejo segundo o chef Luís Machado que confecionou esta iguaria num show cooking durante esta apresentação em Lisboa. Ao Valor Local, o chef lembrou as origens deste prato, salientando a sua importância histórica e referiu inclusive que se antes este era um prato para os mais pobres hoje não é tanto assim, até porque os ingredientes são caros e isso faz toda a diferença.
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Valor Local
Fevereiro 2018
Antigas escolas primárias ganham nova vida De há uns anos para cá, sobretudo desde que o Governo impôs a necessidade dos centros escolares para os alunos do primeiro ciclo, que as crianças deixaram de aprender a ler, a escrever, a contar nas ditas escolas do Plano Centenário. Por ali já tinham passado os seus pais, e estes estabelecimentos acabam por encerrar uma mística muito particular pois mesmo depois de abandonados acabaram por converter-se em sedes de associações, extensões de atendimento de juntas de freguesia, centros de estudo, entre outras valências. Ninguém quer deixar morrer as escolas da sua infância. uiados pelo arqueólogo da Câmara de Vila Franca de Xira, Henrique Mendes, ficámos a conhecer o Centro de Estudos Arqueológicos do concelho onde antes funcionou a escola primária de Cachoeiras. Se num primeiro impacto foi visto como um local distante para uma valência deste tipo no concelho de Vila Franca, surge agora como um epicentro da atividade académica ali desenvolvida com uma paisagem campestre e sugestiva que tem encantado os especialistas que ali se deslocam, e até a população se tem mostrado rendida à nova funcionalidade ali existente. Normalmente este centro de estudos está aberto para as visitas das escolas. No inverno funciona mais por marcação mas durante o verão está de portas abertas quase sempre. O centro está a funcionar desde 2015, mas a escola estava encerrada há três anos. O equipamento já não se apresentava nas melhores condições alvo de algum vandalismo com vidros e portas partidos mas também situações de infiltrações, “embora o edifício não estivesse muito mau”, relata o arqueólogo. No interior da pequena escola que contava apenas com uma sala de aula foi criado um espaço de exposição e de escritório dos ar-
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queólogos. Já noutra sala onde funcionava a cantina está armazenado todo o espólio importante que os estudiosos trouxeram das escavações nos vários locais com interesse arqueológico no município. Apesar de estarmos num território “muito modificado pela ação humana temos contudo vestígios muito importantes”. Muitos dos sítios arqueológicos já foram alvo de várias campanhas ao longo dos anos como a Pedreira Moita da Ladra ou o Povoado de Santa Sofia da idade do Bronze, na zona onde hoje se encontra o viaduto da A1 em Vila Franca. Tratou-se de um achado “muito importante à época pois não se conhecia algo tão remoto neste território de Vila Franca”. Foram descobertas três cabanas. “Um sítio insuspeito para um território como este”. A idade do Bronze remonta a três mil anos A.C. “Presume-se que já havia trocas comerciais na altura”. Neste momento, “a grande aposta” da equipa de arqueólogos da Câmara é o Monte dos Castelinhos, datado do século I A.C. “com uma importância enorme quanto à conquista romana do Vale do Tejo, numa zona com casas, muros, à época, muito bem preservado”. Não se pensaria à partida na existência de um patri-
Henrique Mendes faz parte da equipa que costuma estar em Cachoeiras
mónio tão rico como este “à entrada de Vila Franca”. “Que disparate!”, pensava-se. Este sítio é também a grande aposta do município tendo em conta a criação já desse campo arqueológico com a Faculdade de Letras e Universidade Nova de Lisboa. “Todos os anos fazemos uma campanha no
Arqueólogos do concelho instalaram-se de armas e bagagens
local, sobranceiro à Vala do Carregado, na freguesia de Castanheira do Ribatejo, com mais de 10 hectares”. Durante muitos anos “passou ao lado do interesse dos arqueólogos nacionais mas quando aqui chegamos ficámos despertos para as suas potencialidades, com um projeto de interven-
ção anual que tem dado os seus frutos”. Segue-se agora a aquisição dos terrenos pertencentes a particulares “que têm facilitado as escavações no local”. Nem sempre é fácil os proprietários acederem ao trabalho da ciência mas neste caso a autarquia teve alguma sorte, tendo em conta também que não é possível a construção no local. O estudioso reforça mais uma vez a importância do local do ponto de vista geoestratégico sobre o Vale do Tejo com uma visão de 360º da área geográfica onde nos encontramos e que se encontra a meio caminho das antigas cidades de Lisboa (Olissipo) e Santarém (Scallabis), sendo que já na altura era local de passagem e de viagens. Com uma arquitetura itálica bem vincada “com uma grande casa quadrangular, pátio central, cobertura com telhas”, descreve já no que toca aos vestígios encontrados. Os materiais datados pelos arqueólogos nestas escavações integram-se muito bem no período histórico em questão, nomeadamente, um escudo romano “que já esteve exposto em vários museus em Espanha”. Material cerâmico com características do mundo itálico é outro dos aspetos. Também importante neste espólio que podemos encontrar na antiga escola primária das Cachoeiras,
encontram-se os vestígios da “Villa Romana de Povos do século III e IV. Uma estrada romana foi também descoberta aquando da construção do Museu do NeoRealismo. O monumento do Forte da Casa inscrito nas Linhas de Torres não podia deixar de figurar nesta exposição. Possui um centro interpretativo. “Fomos dos primeiros municípios a intervir nesta questão das Linhas de Torres com uma intervenção no Paiol o que nos permitiu desenterrar aquela área”. O projeto que envolve várias câmaras municipais em torno do legado das Linhas de Torres “continua”. “Sendo um projeto de grande dimensão mas com poucos passos dados nos últimos anos”, com a uniformização da a sinalética em torno destes monumentos que se situam em concelhos como Vila Franca, Sobral de Monte Agraço, Arruda dos Vinhos, Mafra. Neste centro de estudos arqueológicos tem sido possível fazer inventariação e estudo das coleções dando-lhes dignidade. O anterior vereador da Cultura Fernando Paulo Ferreira foi quem apresentou o espaço – “Não quisemos dizer que não, caso contrário podíamos não conseguir melhor”, revela Henrique Mendes. “Pensámos que era um bocadinho longe mas que ia dar para o que queríamos”.
Valor Local
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Em Arrifana, antiga escola serve para se estar mais próximo da população Presidente da junta abre as portas da escola uma vez por semana para atender fregueses
Escola de Arrifana estava encerrada há vários anos
m Arrifana, na União de Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa a antiga escola primária está hoje sob gestão da junta local, no âmbito de um processo que ainda não ficou completamente fechado com a Câmara de Azambuja. No local funciona hoje uma delegação da junta que todas as semanas está aberta aos fregueses que ali desejem tratar dos mais diversos assuntos. Isto no caso de uma das salas de aula. A outra está alugada para escritórios de uma empresa local
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de panificação por 200 euros por mês. A antiga escola primária de Arrifana estaria fechada há mais de 20 anos. A pequena aldeia há muito que não conseguia ter crianças para sentar nos bancos da mesma. Nos últimos anos foi totalmente remodelada pela junta de freguesia no mandato entre 2009/2013. José Avelino, atual presidente da união de freguesias, conta que o local encontrava-se em mau estado com o chão bastante degradado – “Tivemos de substituir os forros dos al-
pendres, pintar, afagar e envernizar o chão bem como a reparação das janelas e dos estores”. O autarca conta que a Câmara passou a gestão desta escola para a junta como forma de compensação pelas obra que a autarquia teve de fazer no cemitério local de Manique – “A Câmara não pagou essas obras e chegou-se a um acordo de cavalheiros com a passagem desta escola para a nossa alçada, embora ainda não esteja em nome da junta, porque a Câmara ainda não conseguiu finalizar os trâmites junto do minis-
tério da Educação”. Para José Avelino acaba por ser uma mais valia tendo em conta que uma vez por semana os fregueses podem deslocar-se ao local para tratar dos mais diversos assuntos. O presidente diz ainda que “teve a preocupação de não mudar muita coisa no interior da escola, de forma a manter um pouco daquilo que era antigamente”. Assembleias de freguesia também funcionam neste espaço quando possível – “É um espaço que traz muitas memórias ainda às pessoas aqui da al-
deia”. Noutro ponto da freguesia, a junta pensa em recuperar a antiga escola primária de Casal de Além para que sirva de sede à associação de caçadores local, ou outras atividades como aulas de formação, reuniões. Estando em marcha um protocolo nesse sentido. Sem fim à vista para já está a questão relacionada com a antiga escola primária de Maçussa para onde esteve pensado um centro de dia. Com uma população envelhecida, não se conseguiu descortinar até à data outro tipo de fi-
nalidade. Contudo, a Casa do Povo de Manique seria a entidade a gerir o espaço mas não conseguiu chegar a bom porto neste domínio. A escola está fechada, “e não vejo grande viabilidade de abertura no futuro”. A população de Maçussa “gostaria de ver aquele edifício com vida mas é com pena que isso não acontece”. A localidade terá cerca de 20 ou 30 pessoas em lar, pelo que “um centro de dia seria positivo para tirar os idosos um pouco da solidão dos seus lares”, refere.
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Valor Local
Fevereiro 2018
Associação “Caminhando” na antiga escola de Cardosas m novo conceito de aprendizagem está a ser implantado na antiga escola primária de Cardosas. Ainda a dar os primeiros passos, pretende dar uma nova perspetiva do ensino doméstico previsto pelo ministério da Educação, mas que há muito caíra em desuso. Nos últimos tempos e tendo em conta que são cada vez mais os pais a procurarem outras abordagens fora do ensino oficial, tal método tem vindo a ganhar espaço em algumas partes do país. Rute Baptista, psicóloga, e Sandra Rodrigues, professora mas que neste contexto se afirma como tutora, dão a conhecer este espaço multidisciplinar que para além de se concretizar como um local de transmissão do mesmo tipo de conteúdos às crianças como se estivessem numa sala de aula tradicional, inclui ainda workshops voltados para os pais, e outras atividades, repartidas por várias salas da antiga escola num ambiente confortável e acolhedor. Assim nasceu a Associação Caminhando em março de 2017 que inclui não apenas o centro de aprendizagem mas também o projeto “Casa de Cultura” que inclui tertúlias e workshops com os pais, nomeadamente, relacionados com temáticas da criança e bebés, entre outros; e o projeto “Caminhando com a Natureza”. À primeira vista poderíamos pensar que a antiga escola funcionaria hoje como um simples espaço de Atividades de Tempos Livres (ATL) mas não é esse o âmbito. “O nosso objetivo passa por trabalhar com crianças cujas famílias apostem no ensino doméstico, mas não tem nada a ver nem com um ATL nem com um jardim-de-infância”, desmistifica Sandra Rodrigues.
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Responsáveis da associação querem afirmar este conceito A associação acolhe crianças dos três aos cinco anos que frequentam as atividades de “oficinas e de playgroups (brincar em grupo)”. Neste âmbito, a Caminhando também consegue ter horários flexíveis para os pais, “que nos procuram porque querem dar uma outra resposta de educação aos seus filhos”, acrescenta Rute Baptista. Dos seis aos 10 anos, a criança tem uma aprendizagem dos conteúdos semelhante em parte ao que teria numa escola do ensino oficial, embora e segundo as duas responsáveis através de abordagens com outro nível de estímulo que podem passar por atividades ao ar livre e de descoberta que em última análise pretendem ser, a título de exemplo, mais eficazes no ensino da Matemática ou do Por-
tuguês. As aulas acontecem neste espaço, mas os exames são realizados nas escolas do ensino oficial para estes alunos, (que continuam matriculados nas mesmas), de forma a ficarem em pé de igualdade em relação aos que não optem por esta via. Nesta altura, e tendo em conta que a associação começou a funcionar com o ensino doméstico em janeiro de 2018, estão a frequentar as aulas três alunos no que equivaleria ao primeiro ciclo do ensino básico; e dois na sala da pré-primária, grosso modo. O objetivo passaria no futuro por quinze em cada sala, num total de 30 no máximo. Face à necessidade de um ensino mais acompanhado ou individualizado, Sandra Rodrigues refere que tal não chocaria com os
objetivos deste tipo de aprendizagem “porque se o grupo for mais diversificado, em que cada criança tem a sua experiência pessoal, tende a existir uma maior entreajuda”, refere Sandra Rodrigues que concretiza – “Neste tipo de aprendizagem nem todas as crianças têm de estar a fazer o mesmo tipo de trabalho, funciona antes de acordo com o ritmo, e necessidade da criança, e dentro daquilo que a família estipulou”. Como há mais do que uma responsável da associação na sala “dá para perceber se determinada criança se está a sentir bem ou não com o que está a fazer”. Estes centros de aprendizagem não são propriamente muito comuns no país, e em Cardosas tem suscitado curiosidade por parte da
população. Na Caminhando, a compra de manuais não é obrigatória. Segundo as responsáveis há vários à disposição naquele espaço. “Cada um escolhe o manual que prefere acompanhar”. Sendo certo que “há sempre o compromisso com os pais de que este ensino é rigoroso”. Neste espaço, o valor que cada encarregado de educação paga é de 250 euros “que pode baixar no caso de ser o próprio pai/mãe a querer vir dar algumas aulas, até porque alguns deles são formados e têm conhecimentos”. Quando o aluno sai do ensino doméstico, e tem de passar para o ensino oficial, as dúvidas surgem naturalmente. Neste aspeto Rute Baptista refere que um dos valores da Caminhando prende-se com a
autonomia, em que “a criança aprende a estudar”, o que por si só “já é um passo significativo” tendo em conta essa transição. Apesar de em Cardosas, o ensino doméstico estar previsto apenas até ao quarto ano, o mesmo pode prolongar-se por todo o ensino obrigatório como acontece, por exemplo, na Escola da Ponte em Santo Tirso, onde as responsáveis foram beber este modelo, alvo de estudo nacional e internacionalmente. Rute Baptista e Sandra Rodrigues não escondem que ainda há receios quanto ao ensino doméstico quanto “ao seu rigor, certificação e a adaptação à posteriori ao ensino oficial no 5º ano como é o nosso caso, mas aos poucos temos vindo a tentar eliminar esses mesmos receios”.
Salvaterra de Magos
De escola para quartel da GNR projeto já é antigo e é encarado como a derradeira solução face à falta de condições que durante muitos anos os militares da GNR tiveram de enfrentar no atual quartel de Salvaterra de Magos. Mais recentemente, a um de fevereiro, foi publicado em Diário da República a portaria que autoriza finalmente a possibilidade de o posto territorial se instalar definitivamente de armas e bagagens na antiga escola primária da Avenida. O presidente da Câmara, Hélder Esménio, ao Valor Local refere que nesta altura serão precisos mais dois anos para se esperar pela transferência em definitivo para o edifício em causa tendo em conta a necessidade de obras que serão assumidas pelo ministério da Administração Interna com a adaptação da escola para quartel. Encontram-se estimadas em 650 mil euros e têm
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uma calendarização para 2018/2019. Até lá os militares que já não pernoitam há alguns anos no antigo quartel, face à acentuada falta de salubridade e à inexistência do mínimo de conforto, continuarão a frequentar as instalações alugadas pela Câmara no antigo hospital da Santa Casa da Misericórdia para o efeito. A Câmara ainda chegou a sugerir a hipótese de um terreno que não foi para a frente. “Aguardamos agora com ansiedade pelo início das obras”. Recorde-se que, em 27 de fevereiro de 2015, foi assinado um protocolo de cedência entre a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos e a GNR, homologado pelo ministério da Administração Interna, que visava então a cedência das instalações da antiga Escola Primária da Avenida em Salvaterra de Magos para o futuro
posto daquela força policial na sede de concelho. O ministério da Administração Interna ainda sugeriu que fosse a Câmara a elaborar o projeto de adaptação da escola. O presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio, refere assim que “é com satisfação que vejo que o Governo da República dá agora passos, três anos depois, no sentido de assumir na plenitude as suas responsabilidades em matéria de segurança, cuidando das instalações do nosso posto territorial e dos homens e mulheres que ali prestam serviço, pois nos últimos anos tem sido o Município de Salvaterra de Magos a assumir sozinho essa responsabilidade, uma vez que o atual posto é propriedade do município e o espaço que os militares habitam (antigo Hospital da vila) é custeado pela Câmara Municipal”.
Será neste local que os militares do concelho vão passar a estar
Valor Local
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Start Up Cultural na antiga escola da Quinta da Serra antiga Escola da Quinta da Serra na freguesia de Arruda dos Vinhos vai dar lugar a uma Start Up Cultural. O projeto é uma novidade no concelho de Arruda dos Vinhos, todavia o modelo já foi implantado noutros municípios como em Lisboa. Fábio Morgado presidente da Junta de Freguesia de Arruda dos Vinhos, salienta que esta ideia pretende fomentar a “arte”, dando ao mesmo tempo uso ao espaço da antiga escola já há muitos anos desativada. O autarca salienta que o facto do lugar da Quinta da Serra se encontrar afastado da sede de concelho foi também um dos motivos que levou a junta de freguesia em parceria com a Câmara Municipal a sedear ali este projeto. Para Fábio Morgado, a cultura deve ser descentralizada, por isso, na sua opinião faz sentido levar para fora dos centros urbanos projetos como estes que visam dar ferramentas aos artistas para que estes possam “criar” com algumas condições e sossego, que habitualmente não têm nas suas casas, locais onde em regra trabalham. Ao Valor Local, Fábio Morgado
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refere que este espaço tem como objetivo dar condições “aos artistas para que eles criem cultura” referindo que a antiga escola da Quinta da Serra deverá ser mais diversificada culturalmente. O autarca refere que as dimensões da antiga escola permitem o acomodamento de vários artistas, de vários setores, sendo que as divisórias serão amovíveis pelo “que se um artista precisar de um pouco mais de espaço, seja possível fazer essa adaptação”, embora numa primeira fase sem isolamento acústico, no futuro, esse passo poderá sofrer esse tipo de ajustamentos. Fábio Morgado salienta que a escola permitirá acolher ateliers de artistas, bem como a construção de um pequeno auditório “para que por exemplo possamos ali descentralizar algumas reuniões da assembleia de freguesia”. Sendo esta também uma ideia do executivo. Pintura, arquitetura, barros, lavores, e música serão algumas das disciplinas que poderão funcionar naquele espaço, sendo que nesta altura e sem qualquer base de dados, o autarca apenas sabe
Presidente da junta quer dar uma nova vida a escola desativada apostando na Cultura que existem interessados. Sendo o concelho de Arruda, um município com uma forte propensão cultural, Fábio Morgado diz que não haverá problemas em ocupar aqueles espaços, referindo igualmente uma parceria, ain-
da não formalizada, com a Universidade Lusófona de Lisboa. Fábio Morgado refere que os interessados deverão apresentar uma candidatura que será apreciada por um conselho consultivo. A partir daí, será feita a sele-
ção dos artistas que deverão ter alguns objetivos, desde que exequíveis, a cumprir para beneficiar a custo zero daquele espaço. Esta é uma iniciativa que está na sequência dos objetivos previstos no plano estratégico “Cultura
ao Morgado”, tendo em conta os planos de revitalização e valorização das escolas “desativadas” do concelho de Arruda dos Vinhos. A Start Up Cultural deverá ser uma realidade até final do ano.
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Valor Local
Ensinar a aprender vs aprender a ensinar esde sempre o ser humano foi transmitindo ao seu semelhante o conhecimento. Inicialmente, como todos os animais através da intuição e dos comportamentos repetidos que permitiam distinguir o que deve ser feito do que não deve ser feito. A evolução do neocortex ao longo de 4 milhões de anos foi permitindo que o cérebro humano passasse a possuir outro conhecimento que não somente aquele que é registado no cérebro primitivo composto pelo sistema límbico (com mais de 500 milhões de anos). O desenvolvimento do neocortex e a capacidade dos humanos em desenvolverem raciocínios lógicos e complexos veio transformando a sua vida num ser que acumula e transmite conhecimento ao longo da vida. Quanto mais o conhecimento, mais foram, desde sempre, discutidas as melhores formas de transmissão do mesmo, sendo por isso sempre um tema em debate. Desde a antiga Grécia até aos dias de hoje todos os métodos
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utilizados, reutilizados ou experimentados tiveram os seus momentos de maior sucesso, mas também de profundas criticas quer dos educados, dos educadores, dos pais ou dos governantes. Enfim de toda a sociedade. Estando sinalizada a era atual como a época do conhecimento, cujas teorias sustentam fundamentadamente que esse atributo é a maior vantagem competitiva das pessoas e das empresas, a verdade é que nos debatemos com o tradicional problema de como o transmitir da melhor forma. Apesar das taxas abandono escolar serem as mais baixas de sempre, o dia a dia nas salas de aula mostra um abandono da escola como nunca antes registado. Não fisicamente, mas psicologicamente. Eles estão sentados ou de pé na aula, mas na verdade, a “mente” numa elevada percentagem deles, não está lá. Está no mensager, ou no WhatsApp, ou em outra coisa qualquer, mas não na aula. Mais do que nunca esta evidência aprofunda a necessidade de
sabermos a melhor forma de ensinar de modo a conseguirmos que o principal interesse e entusiasmo para as crianças e para os jovens seja: aprender. Debatemos o tema, sobre conteúdos, horários, atividades curriculares e extra curriculares e tantas outras metodologias que são algumas das razões para o melhor sucesso da tarefa, mas não chegará se não voltarmos a mudar o paradigma. Ao longo dos últimos séculos a transmissão do conhecimento tem-se baseado em ensinar competências e capacidades. Mas, a parte fundamental, que anteriormente numa sociedade em que os pais não tinham a lufa do dia a dia, era transmitida pela experiência de como viver em sociedade, essa não é praticamente transmitida nas escolas e em casa também não porque os pais, também já tiveram pais que não o conseguiam fazer. Esta evidência começou a ser profundamente sentida nas organizações que desde há anos que recebem jovens com elevadíssimos conhecimentos técni-
cos, mas profundamente frágeis nas habilidades essenciais de sobrevivência e convivência como seja, o lidar com insucessos, evitar depressões, auto motivar-se, relacionar-se harmoniosamente ou manter um diálogo agradável. Tal facto, está na origem da crescente importância das investigações em Inteligência Emocional e, sobretudo, com os trabalhos de Daniel Goleman, sendo hoje uma das temáticas que assume caráter prioritários nos cursos para quadros de empresas, pós-graduações em gestão, licenciaturas e mestrados. Todavia, as habilidades emocionais que todos possuímos desde a criação do feto (ao contrário do neocortex que só funciona em pleno a partir dos 3/4 anos de idade) necessitam de ser ensinadas e aprimoradas desde o nascimento. Para que isso suceda também teremos, nós pais e avós de aprender as técnicas de ensinamento de gestão das emoções, e também os educadores e assim por diante por toda a cadeia
Vender por 9 e cobrar 3 vezes mais… ontratei o serviço de telemóvel, com um limite de chamadas razoável, por 9,99€. A princípio, as facturas apresentadas estavam correctas. Depois, começaram a aparecer facturas de valores mais elevados: 19,36€, 26,66€, etc. Sem qualquer detalhe. Sempre que ia à loja e reclamava, diziam-me que tinha de pagar e mais nada… Não sei o que mais fazer.” Na verdade, a factura deve ser discriminada, não pode ser cega, consoante os dizeres do artigo 9.º da Lei dos Serviços Públicos Essenciais: * O consumidor tem direito a uma factura que especifique devidamente os valores dela constantes;
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* A factura deve discriminar os serviços prestados e as correspondentes tarifas; * A factura deve traduzir com o maior pormenor possível os serviços prestados, sem prejuízo da salvaguarda dos direitos à privacidade e ao sigilo das comunicações; * A factura deve ter periodicidade mensal. Se a factura não especificar devidamente os valores inseridos, o consumidor deve exigir que o façam, sob pena de pagar só – e tão só – o que tiver sido objecto do contrato. A haver resistência, o consumidor exigirá o livro de reclamações e nele aporá a sua discordância para que o facto fique registado. Pode usar o livro de re-
clamações em suporte electrónico, existente, por ora, só nos serviços públicos essenciais. Deve usar ainda da faculdade, prevista no artigo 6.º da Lei dos Serviços Públicos Essenciais, de pagar só o que contratou, exigindo a quitação parcial: “Não pode ser recusado o pagamento de um serviço público, ainda que facturado juntamente com outros, tendo o utente direito a que lhe seja dada quitação daquele…” E deixando o remanescente (o que não pagou e não veio discriminado) para discussão, se for o caso, no tribunal arbitral de consumo. Que deve accionar de imediato para evitar quaisquer surpresas. Ademais, a Lei de Defesa do
Consumidor, no seu artigo 9.ºA, diz agora, no que toca a pagamentos adicionais: * A operadora tem de obter o acordo expresso do consumidor para qualquer pagamento adicional que acresça à contraprestação acordada relativamente à obrigação contratual principal; * A obrigação de pagamentos adicionais depende da sua comunicação clara e compreensível ao consumidor, sendo inválida a aceitação pelo consumidor quando não lhe tiver sido dada a possibilidade de optar pela inclusão ou não desses pagamentos adicionais; * O que aqui se dispõe aplica-se também às comunicações electrónicas, para além de outros
Fevereiro 2018 Casimiro Ramos*
educativa. As sociedades orientais fazem-no ancestralmente e o mundo ocidental começa a despertar para isso. Em Portugal também já temos alguns estabelecimentos escolares (exemplo da escola da Ponte) que utilizam metodologias de ensino que seguem esta linha de atuação que dá primazia à formação do jovem, em primeiro lugar como pessoa e depois, como aprendente de conhecimentos e capacidades. De que serve uma criança falar três línguas aos 5 anos se não lhe ensinamos como reagir a uma nota que não foi tão boa como esperava ? de que servem essas competências se ela se fecha num quarto em jogos de vídeo. De que serve tudo isso, se vive o dia a dia irritada, revoltada e infeliz? Tudo isto acontece, não por culpa dela, não por culpa dos pais, nem dos professores. Acontece porque precisamos de mudar o paradigma. Torna-se urgente aprender a sermos boas pessoas, a lidarmos com as emoções, a conseguirmos encontrar
dentro de nós a força da nossa natureza, a gostarmos dos outros como eles são. No fundo a conhecermo-nos a nós próprios, das nossas forças e das nossas fragilidades e logicamente a desenvolvermos a capacidade de relacionamento social com os outros de forma pura e não somente virtual. Só assim poderemos aprender e ensinar os outros a serem em primeiro lugar, melhores pessoas. Transmitindo valores, princípios, regras e disciplina, os pilares da sociedade, mas também do conhecimento, porque não existem bons profissionais que não sejam em primeiro lugar, boas pessoas. *Docente Universitário do Instituto Superior de Gestão em Gestão de Recursos Humanos e coordenador no mestrado em Gestão do Potencial Humano. Investigador em Comportamento Organizacional e Inteligência Emocional.
Mário Frota*
contratos que a lei especificamente enuncia. Por conseguinte, o consumidor dispõe de um sem-número de armas que pode usar contra a operadora caso a factura exceda os valores inicialmente acordados. E não tem de pagar o que não foi objecto do contrato, devendo restringir-se aos seus termos e limites. E tem de ficar tudo muito claro ou, como se dizia outrora, “clarinho, clarinho, para militar entender”… Quem cobra injustificadamente o que não deve comete crime de especulação. Crime a participar ao Ministério Público. Ilícito social a denunciar à ANACOM.
O facto de muitos consumidores serem assim “levados na curva” está a enriquecer de modo ilícito as operadoras, já que isto acontece, não de forma isolada com um só consumidor, mas com muitos milhares ou centenas de milhar… Em conclusão: pagar só o que contratou, reclamar quanto à diferença, recorrer ao tribunal arbitral, participar o facto, se não houver esclarecimento ou rectificação, à entidade reguladora e ao Ministério Público. * apDC – DIREITO DO CONSUMO
Valor Local
Fevereiro 2018
Editorial
Opinião 15 Miguel António Rodrigues
Ilustração Bruno Libano
A homenagem a El Salamanca justo que se homenageie um homem que tanto deu à tauromaquia local e nacional. António Salema, “El Salamanca” tem sido desde sempre um defensor dos valores das tradições tauromáquicas. Isso é bem espelhado não só neste livro que será agora lançado no dia 24 de fevereiro, no qual tive a honra de participar a convite do próprio, como também nas suas diversas atividades ao longo destes 91 anos. Com efeito António Salema sempre esteve ligado à tauromaquia. Destes 91 anos colecionou amigos, e a muitos outros criou oportunidades de carreira. Ana Maria, Carlos Pimentel, Manuel Tavares, são apenas alguns dos toureiros que passaram pelas suas mãos, depois de ter pegado na Escola de Toureiro de Azambuja a convite de Etelvino Laureano, outro filho das terras ribatejanas e de quem António Salema sempre foi amigo. Permitam-me neste texto exprimir a minha experiência pessoal com “El Salamanca”, que a meu convite voltou a escrever no jornal MalaPosta no início dos anos 2000, mas que antes já tivera participações noutros jornais locais. Desde pequeno que me habi-
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As escolas do plano centenário oje, o tema da edição do ValorLocal leva-me a que escreva sobre o assunto: as escolas do Plano Centenário. Nunca andei numa escola do Plano Centenário. Fiz a instrução primária na única escola que havia, então, em Azambuja e arredores. Aquela escola na Rua Direita (como era conhecida na altura a Rua Eng. Moniz da Maia) que foi misericórdia antes de ser escola e hoje é a Biblioteca Municipal. Uma biblioteca que não foi iniciada por mim, mas que tive a sorte de inaugurar. Fiz a cerimónia de inauguração na mesma sala onde, mais de quarenta anos antes, eu aprendi a ler e a contar, a decorar os rios e as serras de Portugal, as linhas de caminho de ferro, e levei várias doses de reguadas do Professor Mota, primeiro, e da sua esposa, depois. Aquele edifício agora cor de rosa foi sempre um marco determinante nas diversas funções que de-
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sempenhou. Um exemplo de solidariedade e misericórdia, quando vocacionada a causas de apoio social. O local por onde gerações de azambujenses, indígenas e casaleiros, aprenderam esses três pilares da civilização que são ler, escrever e contar. Nas salas por onde cantei o Hino Nacional, por baixo dum crucifixo e do olhar paternal da fotografia do Doutor Salazar, passaram a minha mãe, a minha avó, os meus bisavós e por aí fora. Nunca fiz, enquanto Presidente da Câmara, qualquer intervenção de fundo numa escola do Plano Centenário. Talvez porque a intenção dos diversos Ministros que passaram pela Educação fosse acabar com o tipo de escola que as Centenárias simbolizavam. Ou porque a filosofia reinante na área da Educação seja a de massificála e despersonalizá-la, tornandoa mais técnica que humana, e não o ensino de proximidade e disci-
plina que as escolas do Plano Centenário representam- o que deu no mesmo: a sua extinção. Obriga a verdade a que se diga que as Ditaduras também fazem coisas bem feitas. O problema é que por cada atitude benéfica cometem cinquenta tropelias e atentados à dignidade humana. O programa das Escolas Centenário foi um plano bem pensado e executado, delineado com uma finalidade nobre que cumpriu: democratizar um pouco mais o acesso a letras e números. É curioso como um regime projetou e pôs em marcha um plano que ia de encontro aos princípios que esse mesmo regime combatia ferozmente noutros contextos. As escolas centenárias combatiam o analfabetismo crónico do País, que era uma coisa que dava muito jeito a uma Ditadura. Gente que não sabe ler nem escrever não enche a cabeça com ideias revolucionárias que perpassam
tuei a ouviu o Senhor António Salema a falar de toiros. Passava muitas vezes na sua tertúlia na Rua Espírito Santo, onde “Salema” via corridas de toiros espanholas e tentava incutir aos miúdos, que como eu, brincavam nessa rua o espírito aficionado. Salema, sempre foi paciente com os novos valores. Lá da rua, segundo sei, ninguém seguiu a profissão de toureiro, mas todos ficaram mais aficionados e crentes que a Feira de Maio é o verdadeiro espelho da Festa Brava em Azambuja, e em muito o devemos a António Salema. Certo é que, mesmo sem “novos valores” lá na rua, Salema continuou a busca, encontrou mais tarde em Pedrito de Portugal, Paulo Jorge Ferreira e mais recentemente em Ana Rita o brilho que faltava para um nome verdadeiramente azambujense na arte de tourear Não são tão poucas as vezes quanto isso, aquelas que me disse ter pena que Ana Rita não tenha oportunidades em Azambuja, também não são poucas as que lamenta que Paulo Jorge Ferreira esteja emigrado nos Estados Unidos. Talvez até seja o melhor caminho para ambos, apesar de lamentar que não
apareçam mais “artistas”. A publicação deste livro é certamente uma homenagem a António Salema. O livro que tem na capa a sua fotografia a preto e branco e onde são bem visíveis as marcas da vida. Tem ainda o mérito de doar as receitas a duas instituições do concelho. E se somarmos a isto o facto do livro ter sido escrito pelo próprio, volta a afirmar não só que Salema é um homem de grande coração, como é um azambujense e um aficionado genuíno. António Salema é atualmente o colaborador mais velho do Valor Local. Colaboração que aceitou graciosamente e que todos os meses cumpre com mais disciplina do que muitas vezes a própria equipa redatorial. Por isso, a edição deste livro é uma homenagem mais do que merecida a um homem que desde sempre tem Azambuja e a Festa Brava no coração. Pela parte do Valor Local e enquanto diretor, resta-me dizer que é com muito orgulho que temos entre as nossas fileiras “o Mestre el Salamanca” com quem esperamos contar por muitos anos.
Joaquim António Ramos
por panfletos mais ou menos clandestinos. As escolas centenárias obedeciam todas ao mesmo projeto – ou ao mesmo tipo de projeto -, o que cheira assim a coisa de comunista, programa à União Soviética, uma série de construções todas iguais a espalhar por esse País fora, tipo Bairro Operário da cintura de Lisboa. E não consta doutras obras públicas esta opção arquitetónica tipo republica de leste. As escolas centenárias eram iguais para todos. Não havia uma Escola Centenária para ricos e uma Escola Centenária para pobres. Não. Era igual para todos, o filho do agrário com o filho do agricultor, o do médico com o do pescador. Conviviam e aprendiam nas mesmas salas ou brincavam debaixo das arcadas que as caracterizavam ricos e pobres, numa promiscuidade social incompatível com a rígida fronteira
de classes sociais que o Estado Novo promovia e formatava. Só não podia era haver mistura de sexos, meninas com meninos – o Estado Novo podia dar a sua escorregadela nos rígidos princípios de estratificação social que defendia com bufos e polícias. Mas nessas coisas que podem levemente cheirar a sexo e pecado, a Igreja é que mandava, e misturar sexos era coisa que não agradava a Sua Eminência o Cardeal Cerejeira. Foi um bom plano, o das Escolas do Plano Centenário. Ainda por cima, no plano arquitetónico, e no meu ponto de vista, são belas construções. Mas a verdade é que a filosofia que se introduziu na área da Educação provocou que deixassem de servir e foram sendo encerradas e abandonadas. Duvido que haja hoje qualquer escola do Plano Centenário a funcionar como Escola.
As Autarquias, a quem tinha sido atribuída a propriedade das escolas, ficaram com a responsabilidade de manter em pé uma estrutura que não tinha função e, como casa desabitada é casa abandonada, foram-lhes dando, e bem, outras finalidades – no nosso caso, atribuídas a Associações ou Coletividades. Outros Municípios deram-lhes outras utilidades e algumas até foram vendidas para habitação. Eu cá acho muito bem, desde que conste da venda a obrigatoriedade de manter a traça. Olhem, eu, por exemplo, não me importava nada de morar na Escola do Plano Centenário dos Casais de Britos. Já viram a beleza daquele edifício? Já repararam que dela se vê até ao sul do Tejo?
16 Opinião
Valor Local
Que temporada taurina aí vem? oi no passado dia 1 do corrente mês que se iniciou a temporada de 2018. Dia aziago para a tauromaquia lusa, em particular para a forcadagem que, nesse dia, perdeu dois dos seus mais notáveis expoentes. À mesma hora que em Mourão se rompia praça para o primeiro festival taurino da III Feira Taurina de Nossa Senhora das Candeias, falecia João Nunes Patinhas, cabo fundador dos Amadores de Évora e um verdadeiro Senhor e aficionado. De regresso a casa, vindo de Mourão, perdeu a vida num brutal acidente de viação António Manuel Cardoso “Néné” antigo cabo dos Amadores de Alcochete, apoderado de toureiros e empresário das Praças de Évora e de Alcochete. No entanto, nem estes infortúnios nem as adversas condições climatéricas fizeram arrefecer a afición que encheu a bem cuidada praça desta vila raiana, manifestando assim quão penoso foi suportar o defeso. Posto isto, que será que nos reserva a temporada agora iniciada? Será que vai ser melhor que a anterior? É esse, seguramente o desejo de todos os aficionados,
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mas para que tal se verifique há que conjugar vontades e acções nesse sentido. Sou daqueles que entendem que a cultura não se faz e menos se desfaz, por decreto, pelo que não serão os insistentes e cobardes ataques dos anti-taurinos que porão em risco uma tradição profundamente enraizada no sentir da Nação Lusa. A tauromaquia terá o seu fim, isso sim, no dia em que o público deixe de acorrer às Praças. Há pois que, tudo fazer para que jamais tal seja possível. São no entanto os intervenientes no “mundillo” taurino os principais responsáveis por defender a “Festa” dos seus detractores. Tal desiderato só será conseguido credibilizando e dignificando o espectáculo e restituindo-lhe a emoção que muitas vezes lhe vai faltando. Não pode o espectador na bancada pensar “isto é fácil, também sou capaz de fazer”. Cabe pois aos toureiros superarem-se em cada lide, em cada faena. Aos forcados, ex-libris da nossa Festa, que não falte o arrojo e a galhardia. Aos ganadeiros que se apurem em cada dia que passa em conseguir que a sua divisa seja a primeira entre
iguais, para que saiam às praças toiros com idade, peso e trapio, mas também com transmissão, com classe, com codícia e “fijeza” e já agora com nobreza e com duração. Como disse o maestro António Ordoñez “se pára o toiro pára a Festa”. Quem sou eu para duvidar! E as empresas? Como é fundamental o papel das empresas na montagem de bons cartéis, nas datas tradicionais, bem promovidos e com preços adequados à categoria da Praça mas também, ao cartel que se anuncia. O que será preferível? Ter um quarto de Praça com bilhetes a €30 ou €40 ou a casa cheia com bilhetes a €10 ou €15? Bem sei que a lotação da Praça é aqui um factor determinante mas, nem por isso acho que esta questão não deva ser alvo de ponderação pelas Empresas. Tem aqui particular relevo o papel das entidades proprietárias dos tauródromos – em regra Misericórdias e Autarquias. Devem ter em atenção a capacidade e credibilidade dos putativos arrendatários, que devem, contratualmente, ser obrigados ao cumprimento de um caderno de encar-
gos que tenha em conta o número e a qualidade dos espectáculos propostos e não apenas a quantia que oferecem pela exploração da Praça. Mas, por outro lado devem as entidades proprietárias ser realistas quanto ao valor base dos concursos para a exploração das suas Praças, defendendo assim, afinal, o êxito do negócio para ambas as partes. Também os prazos dos arrendamentos devem ser o mais longos possível. Convínhamos que não é fácil estruturar e investir num negócio apenas com a expectativa de um ano ou dois de exploração. A Comunicação Social pode e deve ser um veículo privilegiado de promoção da Festa e divulgação da crítica que, desejavelmente, deverá ser isenta e pedagógica. Não me parece curial que se diga que está mal sem se dizer como estaria bem e julgo de todo errado que se procure ser agradável e “politicamente correcto” e se limite a análise a afirmações do tipo “esteve correcto” ou “andou regular”. Só assim será possível que o público não falte nas bancadas. Os
Fevereiro 2018 Rui Casqueiro Haderer*
aficionados, que vão à Praça e pagam os seus bilhetes, são o suporte sociológico e económico da Festa de Toiros e, parece-me desejável, que todos os seus intervenientes tenham isso em mente. Mas não temos também nós, aficionados, obrigações para com a tauromaquia? Claro que sim! Isto é particularmente verdade quanto às Tertúlias, grupos e clubes taurinos, já que representam uma afición organizada, mais informada e talvez, mais esclarecida. Cabe-nos a nós passar a mensagem às actuais e às novas gerações, alargando a base social de apoio à tauromaquia, esclarecer, ensinar, respeitar, criticar e premiar. É nossa obrigação defender intransigentemente a tauromaquia em todas as suas vertentes, os seus princípios e os seus valores. No ano transacto, foi possível à Associação de Tertúlias Tauromáquicas de Portugal, com o apoio da Prótoiro, de que aliás é parte integrante, obter ganho de causa quanto à execução de um projecto que, no âmbito do Orçamento Participativo Português, visa classificar, junto da UNESCO, a tau-
romaquia como Património Cultural Imaterial de Portugal. Mas agora há que concretizar o projecto e para isso, havemos de contar com todos os intervenientes no meio taurino nacional. Sem divisões, sem “capelinhas”, sem desconfianças ou más vontades. Dessa forma, a tauromaquia sairá triunfante e preservada de futuros ataques dos seus inimigos e com ela, todos nós triunfaremos também. Aqueles que têm a sua vida profissional ligada ao toiro e os outros que, sem valor que lhes permita pisar as arenas, sentem uma imensa divida de gratidão por quem lhes proporciona a mais bela das artes. Que a temporada de 2018 nos traga belos e bravos toiros, grandes lides, fantásticas faenas e gloriosas pegas em Praças de Toiros com lotações esgotadas. Cabe a todos nós fazer por isso. * Presidente da Tertúlia “Festa Brava”
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Valor Local
Divulgação 17
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26.º Concurso para Jovens Cientistas: Candidaturas até 20 de abril Estão abertas as candidaturas ao 26.º Concurso para Jovens Cientistas até 20 de abril. De âmbito nacional, o Concurso tem como objetivo promover os ideais de cooperação e intercâmbio entre jovens cientistas e investigadores, estimulando o aparecimento de jovens talentos nas áreas da Ciência,Tecnologia, Investigação e Inovação. Desenvolvido desde 1992 pela Fundação da Juventude, esta edição do Concurso é organizada em colaboração com a Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica.
Podem participar neste Concurso, estudantes a frequentar, em Portugal, o ensino básico, secundário ou primeiro ano do ensino superior, com idades compreendidas entre os 15 e os 20 anos. Esta iniciativa pretende incentivar um espírito competitivo nos jovens, através da realização de projetos científicos inovadores, enquadrados numa das seguintes áreas de estudo: * Biologia; * Ciências da Terra; * Ciências do Ambiente; * Ciências Médicas;
* Ciências Sociais; * Economia; * Engenharias; * Física; * Informática/Ciências da Computação; * Matemática; * Química * Bioeconomia. Mais informações, designadamente os Prémios, disponíveis no website da Fundação da Juventude. Fonte: Fundação da Juventude
Abertas Candidaturas no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica (SAICT) O Alentejo 2020 lançou dois concursos, no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica (SAICT), para os Domínios Prioritários “Tecnologias críticas, energia e mobilidade inteligente” (SAICT-45-2018-02) e “alimentação e floresta” (SAICT-45-2018-03). O objeto destes concursos consiste em conceder apoios financeiros a projetos que visem aumentar a produção científica e tecnológica de qualidade reconhecida internacionalmente, em domínios estratégicos alinhados com a es-
tratégia de I&I para uma especialização inteligente (RIS3) e estimular uma economia baseada no conhecimento e de alto valor acrescentado. * Os beneficiários dos apoios previstos nestes concursos são as entidades não empresariais do sistema de I&I, nomeadamente: * Instituições do ensino superior, seus institutos e unidades de I&D; * Laboratórios do Estado ou internacionais com sede em
Portugal, em região abrangida pelo presente regulamento; * Instituições privadas sem fins lucrativos que tenham como objeto principal atividades de I&D; * Outras instituições públicas e privadas, sem fins lucrativos, que desenvolvam ou participem em atividades de investigação científica; O prazo para a apresentação de candidaturas decorre até ao dia 9 de abril de 2018 (18 horas). Fonte: Alentejo 2020
Concurso para Equipamentos e Infraestruturas Sociais O Alentejo 2020 lançou concurso (ALT20?42?2018?09) para conceder “Apoio ao investimento em infraestruturas e equipamentos infraestruturas sociais na área da deficiência, da terceira idade e da infância, de modo a melhorar as respostas sociais existentes”, no Domínio da Inclusão Social e Emprego. São suscetíveis de apoio no âmbito do presente Aviso de Concurso, desde que enquadradas no exercício de pla-
neamento de infraestruturas sociais denominado de “mapeamento”, fixado segundo os procedimentos estabelecidos mediante Deliberação da CIC n.º24/2015, de 26 março de 2015, as operações com enquadramento na tipologia ? “Investimento na área dos equipamentos sociais” (secção II do Capítulo IX e secção III do Capítulo IX apenas tipologia referente a Unidades de Cuidados Continuados, do RE ISE, desde que enquadradas nos Pactos para o
Desenvolvimento e Coesão Territorial (PDCT). Os apoios às infraestruturas sociais estão condicionados ao mapeamento das necessidades de intervenção aprovado pela Comissão Europeia. O prazo para a apresentação de candidaturas decorre até às 17:59:59 horas do dia 28 de junho de 2018. Fonte: Alentejo 2020
18 Fotorreportagem Carnaval
Valor Local
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Bolo com 110 metros para o maior folião de Samora maior Carnaval do Ribatejo realizou-se em Samora Correia atraindo muitos milhares de foliões. O corso foi mais uma vez diversificado, muito ao estilo trapalhão, com plumas mas também
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brilho, cor, sambistas e meninos de coro, travestis e matrafonas. Foi mais um Carnaval com muitos carros alegóricos e milhares de participantes. O Carnaval de Samora Correia é organizado pela ARCAS
(Associação Recreativa e Cultural Amigos de Samora), e Câmara Municipal de Benavente e com um dinamizador muito especial: Joaquim Salvador: ator, encenador, cenógrafo, dinamizador cultural e
um dos responsáveis pelo grupo de Teatro Revisteiros e pelo Grupo “A Jangada” nos Açores. Joaquim Salvador que tem sido um dos grandes “motores” deste Carnaval e do seu sucesso fez
anos este ano no dia do Carnaval. Tendo em conta esta coincidência, e após o desfile carnavalesco, na Praça da Republica havia um bolo com 100 metros à espera do Joaquim Salvador e de todos quantos
quiseram partilhar este momento. Participaram neste exta Carnaval 11 pastelarias que quiseram prestar esta homenagem ao Joaquim Salvador em dia de Carnaval e de festa de aniversário.
Bolo de homenagem a Salvador
Joaquim Salvador um dos expoentes máximos do Carnaval de Samora
Desfile com foliões de todas as idades
Valor Local
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Instantâneos 19
CDS Azambuja mantém José Carlos Matos na liderança
António Salema “El Salamanca”
Tauromaquia Azambujense
osé Carlos Matos foi reeleito presidente da concelhia do CDS de Azambuja no passado dia 17 de fevereiro. Com ele, avançam Vasco Borda d’Água, Helena Maciel, Cláudia Borda d’Água e Ana Carina Silva. No que toca à mesa do plenário concelhio, esta é composta Rodrigo Ryder, como presidente, Vasco Lima e Raquel Laureano. “Após dois anos onde a afirmação foi o maior desafio, agora vem o tempo de crescer e mostrar que se pode marcar a diferença pela política positiva que marca a forma de estar do CDS”, refere o presidente da concelhia. Numa nota á imprensa, José Carlos Matos agradece a confiança dos militantes na equipa agora
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António Salema, O livro ia 24 de Fevereiro de 2018, será o dia em que no auditório do Páteo do Valverde em Azambuja será lançado mais um livro de António Salema, dedicado ao tema da tauromaquia. Depois dessa apresentação que terá lugar pelas 15:00, haverá pelas 16:30, na Praça de Toiros Dr. Ortigão Costa, um treino prático de toureio a pé para o público ver e analisar os jovens perante as reses. Voltando ao livro. Este tem fotos de António Salema, de Ana Rita, a cavaleira do concelho de Azambuja que se tem destacado como rojeneadora por terras de Espanha tanto a tourear como a matar e de Parreirita Cigano, o jovem cavaleiro do Cartaxo de recente alternativa e que tem alcançado grandes êxitos nas suas atuações.
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Ana Rita, abriu temporada
eleita e lembrou os desafios para os próximos dois anos de mandato. O presidente da concelhia destaca que no passado o desafio das autárquicas foi ultrapassado “com os excelentes resultados eleitorais que todos conhecemos” e agora inicia-se um novo ciclo que “pretende ter como meta o crescimento e a consolidação daquilo que realmente significamos para a política azambujense”. As eleições para os órgãos autárquicos serviram, também para a eleição dos delegados ao congresso do CDS. Na concelhia de Azambuja foram eleitos Vasco Lima e Vasco Borda d’Água como delegados à reunião magna dos centristas.
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João Nicolau à frente dos socialistas de Alenquer
Rui Rei na corrida para a liderança do PSD de Vila Franca
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cavaleira ribatejana, já iniciou a temporada de 2018. Foi no passado dia 18, que atuou em França, na Praça de Toiros de Arazacq e não poderia ter entrado de melhor maneira neste ano taurino. Perante toiros de Conde de Mayalde a cavaleira lusitana alcançou um triunfo, tendo cortado duas orelhas e saindo em ombros. Um grande olé Ana Rita e que a Virgem de Macarena te acompanhe.
ui Rei, antigo vereador e atual líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira, é para já o único candidato à liderança do PSD local. A candidatura de Rui Rei às funções que já desempenhou no passado, surgem na sequência da demissão do atual presidente da concelhia local, Vítor Silva. Fonte do PSD, contatada pelo Valor Local, refere que na origem desta demissão estão os resultados das últimas autárquicas e das diretas nacionais que elegeram Rui Rio. Para além disso a mesma fonte refere a falta de organização interna naquela estrutura. Rui Rei é para já o único candidato à liderança da concelhia de Vila Franca de Xira que apostou em Helena Jesus para liderar uma candidatura à Câmara, conseguindo fazer acordos tanto no município como em algumas juntas de freguesia, para tornar as mesmas governáveis. De acordo com um documento enviado aos militantes de Vila
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Franca de Xira a que o Valor Local teve acesso, Rui Rei Refere que acredita ter “as características pessoais de motivação e de conhecimento para liderar, construir e implementar um projecto de ambição para o PSD em Vila Franca de Xira”. Rui Rei refere ainda nesse documento interno a necessidade de uma mudança urgente na comissão política concelhia de Vila Franca de Xira “pois se não ousarmos fazê-lo, ficaremos à mar-
gem da escolha dos nossos cidadãos” referindo que só através da mudança é possível “voltar a colocar o PSD na lista das principais opções dos eleitores no nosso concelho”. O deputado municipal vinca ainda a necessidade de estruturar a concelhia para “disputar os desafios que vamos enfrentar nos próximos anos, ajudando o nosso partido a vencer as eleições europeias e legislativas agendadas para 2019”.
Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade; NIPC 514 207 426 Sede, Redação e Administração: Rua Alexandre Vieira nº 8, 1º andar, 2050-318 Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23; Sílvia Agostinho • CP 10171 • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Acácio Vasconcelos, José João Canavilhas, António Salema “El Salamanca” Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt
oão Nicolau é o novo presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista de Alenquer. As eleições decorreram a 15 de fevereiro e contou com “muita adesão por parte dos militantes”, lê-se em nota de imprensa. João Nicolau que é atualmente líder da bancada do PS na Assembleia Municipal de Alenquer, vai presidir ate 2020 à concelhia de Alenquer composta por vinte e cinco militantes das quatro secções do Partido Socialista no Concelho de Alenquer (Alenquer, Pereiro de Palhacana, Ota e Ventosa). Nesta primeira reunião da Comissão Política
Concelhia do PS Alenquer, para além da tomada de posse dos novos membros, foram ainda eleitos os membros do secretariado da concelhia. José Augusto Honrado, Liseta Almeida, Samuel Ferreira, Carlos Granadas, Rosa Brandão, Paulo Franco, Ricardo Silva, Dora Pereira, Luís Figueiredo e Fernando Silva são alguns dos nomes deste órgão. Esta foi uma
candidatura única que teve como “objetivo apoiar os autarcas que diariamente dão a cara pelo Partido Socialista à frente dos destinos do município de Alenquer e da esmagadora maioria das freguesias do concelho, e fazer chegar a atividade da estrutura do partido a cada vez mais pessoas”. Numa nota enviada ao Valor Local, João Nicolau refere que a maioria absoluta dada ao PS nas últimas autárquicas “dá à nova Comissão Política Concelhia do PS Alenquer uma responsabilidade acrescida para manter o PS Alenquer na linha da frente da defesa dos interesses das populações e do concelho”.
Paulo Afonso eleito líder do PS Vila Franca
primeira reunião da Comissão Politica do Partido Socialista de Vila Franca de Xira, presidida pelo recém eleito Paulo Afonso, ficou marcada pelas eleições da Mesa da Comissão Politica e do Secretariado. A reunião que juntou perto de centena e meia de militantes, decorreu no auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, que foi recuperada pelo PS aos comunistas nas últimas eleições autárquicas.
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Ambos os órgãos a escrutínio resultaram de uma lista única, sendo que a Mesa da Concelhia é agora presidida por Sandra Marcelino. Isabel Santos e André Vaz, são assim os secretários. Já no que toca ao secretariado, a lista proposta por Paulo Afonso, presidente da concelhia já ficou em funções. Entre os militantes estão Ana Costa, António Sousa João Baião, Jorge Zacarias, Marina Tiago, Mário Nuno Duarte, en-
tre outros. Este ato na vida do PS de Vila Franca de Xira, contou com as presenças de Marcos Perestrello, presidente da FAUL, Maria da Luz Rosinha, secretária Nacional para as Autarquias e Deputada à Assembleia da República, Fernando Paulo Pereira, presidente da Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira e Alberto Mesquita, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
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