Valor local dezembro 2017

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Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 56 • 19 Dezembro 2017 • Preço 1 cêntimo

Valor Local Edifícios na região à espera de uma segunda vida

Fechados a sete chaves Destaque da 12 a 15

Vasco Gargalo no epicentro do cartoon a nível internacional

As tramas do Aterro

Triaza acusada de abate de sobreiros sem autorização

Ambiente na 10 e 11

Cultura na 23


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Ultramaratonista cumpre objetivo na Volta ao Ribatejo a Correr ultramaratonista João Paulo Félix conseguiu cumprir mais um desafio com a realização da Primeira Volta ao Ribatejo a Correr. A partida foi dada no dia 14 de dezembro, pelas 11horas, frente à Câmara Municipal de Salvaterra de Magos. A chegada aconteceu este domingo, 17 de dezembro, pelas 9h30 da manhã, no mesmo local. Contas feitas foram 328km realizados em 70horas e meia. À chegada, João Paulo Félix era um homem feliz e agradecido pelo apoio dos muitos amigos que se juntaram a ele em algumas fases do percurso. “As dificuldades foram muitas principalmente devido à chuva e ao facto de ter tido os pés rebentados aos 55km, mas tudo foi superado porque é preciso acreditar e eu acreditei sempre muito”, referiu. “O apoio que recebi de todos foi fundamental”, acrescentou. Os objetivos do atleta foram a promoção turística do Ribatejo, o incentivo à prática de exercício físico e o desafio pessoal. O percurso saiu de Salvaterra Magos e passou por Benavente, Samora Correia, Vila Franca de

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João Paulo Félix recebido por Manuel Bolieiro, presidente da junta, e Hélder Esménio, presidente da Câmara

Xira, Azambuja, Valada, Santarém, Alcanena, Torres Novas, Tomar, Ferreira do Zêzere, Sardoal, Abrantes, Constância, Carregueira, Chamusca, Alpiarça, Almeirim, tendo seguido depois

pela EN118 em direção a Benfica do Ribatejo, Muge, Marinhais e Salvaterra de Magos, numa ligeira alteração ao inicial estipulado. A União de Freguesias de Salva-

terra de Magos e Foros de Salvaterra, a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos e a Entidade de Turismo do Alentejo e Ribatejo foram algumas das entidades parceiras nesta iniciativa.

A 1ª Volta ao Ribatejo a Correr teve também um cariz solidário, já que alertou para a importância do trabalho desenvolvido pela Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM).

Mal terminou esta aventura, João Paulo Félix está já de olhos postos na próxima, que será realizada em fevereiro num percurso que liga o Porto a Lisboa.


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Pedro Pinheiro um dos melhores do país no seu escalão no BTT om 31 anos, Pedro Pinheiro é hoje um atleta completo. Natural da pequena freguesia de Cardosas, Arruda dos Vinhos, Pedro soma títulos e campeonatos graças à sua força de vontade. Tendo conseguido um sétimo lugar na Taça de Portugal XCO e um terceiro lugar na Taça de Portugal de Maratonas, em 2017, algo que atribui ao seu empenho e ao “apoio da família que tem sido fundamental, assim como aos amigos e ao clube”, refere ao jornal Chafariz de Arruda. Aos cinco anos, a madrinha ofereceu-lhe a primeira bicicleta e desde aí, nunca mais largou as duas rodas. Ao Chafariz, Pedro Pinheiro lembra que desde que se conhece que sempre quis ser ciclista e soma no seu currículo algumas das disciplinas mais duras deste desporto. Começou pelo ciclismo de estrada, passou pelo duatlo, e há 5 anos, depois de uma paragem, voltou mas desta vez à modalidade de BTT. Pedro Pinheiro guarda de resto em casa todos os troféus que exibe com orgulho e que mostra o seu percurso profissional desde a altura em que corria no Lousa até aos dias de hoje em que corre com amigos com a camisola do “Rodinhas” de Rio Maior. Aliás essa é a sua missão atualmente. Pedro Pinheiro tem levado o nome da equipa que o acolheu a todo o país e prepara-se para uma prova ibérica em Espanha, onde “estarão os melhores”, refere. Este é aliás o seu “maior desafio”.

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O atleta tem colecionado sucessos no BTT

Ao Chafariz de Arruda, o ciclista diz que para esta prova é importante o apoio da Junta de Freguesia de Cardosas, entre outros apoios, mas refere que levar o nome da terra a uma prova destas é um fator de orgulho para si. Pedro Pinheiro diz estar em forma para esta prova, recordando ao Chafariz que tem treinado todos os dias, durante vários quilómetros e que até vai de bicicleta para o trabalho, sempre que o tempo o

permite, fazendo o percurso das Cardosas a Arranhó. O atleta diz que o objetivo é completar a prova, e lembra que nos dias que correm já só anda de bicicleta como amador. Há pelo menos 10 anos que deixou de correr profissionalmente. A crise e aquilo que considera ser o desinteresse pela modalidade, levou-o a abandonar, mas cinco anos depois, voltou às bicicletas, mas desta vez em BTT onde também já soma al-

guns prémios. Paulo Pinheiro é agora o terceiro melhor atleta do país no seu escalão e tem como referências Joaquim Gomes e Joaquim Agostinho. Conseguiu em 2017 a consagração como vice-campeão regional de maratonas, vice-campeão regional de XCO, tendo sido vencedor da Taça Joaquim Agostinho – “Um prémio especial”, refere. Com apenas uma prova de BTT atualmente, Cardosas já foi um

centro nevrálgico do ciclismo. Pedro Pinheiro diz que gostava de voltar a ver os dias de glória na sua localidade, mas diz ter consciência que isso não é fácil. Não há pessoas suficientes para ajudar na organização e até isso se sente nas provas de BTT que são organizadas anualmente. Todavia Fábio Amorim, o novo presidente da Junta de Freguesia, assegura que essa é uma matéria que está em cima da mesa. Há

circuitos, etapas em linha e cronoescaladas que podem vir a ser feitos na localidade, trazendo de novo as Cardosas para o epicentro do ciclismo. Contudo, o autarca refere que essa é uma matéria que, mais dia menos dia, será concretizada, até porque, salienta, tal estava no seu manifesto eleitoral. Fábio Amorim refere, no entanto, que o regresso do ciclismo de estrada será importante para a localidade, fomentando a vida local e dando a conhecer o que de melhor existe nas Cardosas. Uma situação que hoje já se verifica com a prova de BTT que percorre toda a freguesia. Aliás, o presidente da Junta diz ambicionar implementar um circuito de ciclismo que permita trazer atletas sub-23 em preparação para a Volta a Portugal do Futuro, e que é possível uma parceria com a freguesia de Arruda dos Vinhos em matéria de desenvolvimento do desporto, designadamente do ciclismo nas suas várias vertentes. No que toca a Pedro Pinheiro, Amorim salienta que a freguesia apoiará o atleta com combustível para as deslocações até aos locais das provas nacionais e regionais, “até porque temos algum excedente derivado do uso eficiente deste recurso”. O presidente da junta refere que será importante para a terra que Pedro Pinheiro leve o brasão da freguesia a todo o país e que esse tipo de apoio pode ser estendido a outros atletas de outras modalidades se assim o justificarem.

Alenquer e Torres Vedras, “Cidade Europeia do Vinho” lenquer em conjunto com Torres Vedras representará para o ano a “Cidade Europeia do Vinho” no âmbito da Rede Europeia de Cidades do Vinho (RECEVIN). Uma candidatura conjunta que permite mais uma vez um lugar de destaque aos vinhos da região de Lisboa no panorama do setor a nível europeu, depois de Palmela, Reguengos de Monsaraz, e Pico nos Açores, já terem sido também “cidades europeias do vinho”. O presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, refere que este é um projeto que poderá trazer diversas mais-valias, depois de no ano passado o Pico ter levado a melhor aos dois municípios da região Oeste. Nos últimos anos, os vinhos da região de Lisboa conheceram um novo dinamismo depois de anos de menor reconhecimento, suplantados neste domínio pelos vinhos do Alentejo e do Dão. “Trata-se pois de uma oportunidade

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para os vinhos de Lisboa serem ainda mais conhecidos enquanto produto endógeno”. O autarca salienta que outras localidades portuguesas que já receberam esta designação conseguiram em dada altura alavancar os seus vinhos e o turismo, “trazendo mais gente que quer investir e visitar”, como pretende que seja agora o exemplo de Alenquer. A ideia é que em 2018, Alenquer e Torres Vedras consigam captar parte do fluxo da grande vaga de turistas que chega a Lisboa e “que já começam a ficar um bocadinho cansados de ficarem apenas pela capital”, e que “preferem diversificar a sua passagem por este país”. Em 2018,no âmbito da “Cidade Europeia do Vinho” serão diversificadas cerca de 60 atividades, algumas das quais o município já leva a cabo, outras serão entretanto acrescentadas como a realização de galas que fazem parte

do caderno de candidatura, que ao englobar dois concelhos permitiu trabalhar em escala. Do lado português, disputaram ainda esta candidatura, as localidades de Cantanhede, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Peso da Régua e Silves, Torres Vedras e Alenquer, que contaram com o apoio dos municípios de Lisboa e da Comunidade Intermunicipal do Oeste, que integram a região vitivinícola de Lisboa, justificaram a candidatura “pela importância socioeconómica que a vinha e o vinho” têm na região. A Rede Europeia das Cidades do Vinho (RECEVIN), que integra municípios de 11 países europeus, lançou em 2012 o concurso anual “Cidade Europeia do Vinho”, para intuito turístico. A RECEVIN - Rede Europeia de Cidades do Vinho é constituída por cidades com forte incremento económico da viticultura e que se localizam em áreas protegidas.

Cerca de 60 atividades serão dinamizados no ano que vem


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Cheias de 1967 dão origem a livro sobre a noite da tragédia Noite mais Longa- história e memória da cheia de 2526 de Novembro de 1967” é o nome de um livro escrito por Alberto Santos, José Leitão Lourenço e Raquel Raposo, editado recentemente por ocasião dos 50 anos do acontecimento que vitimou 46 pessoas no concelho de Alenquer. Alberto Santos, presidente da Alenculta, refere ao Valor Local que se começou a pensar em escrever esta obra há dois anos, porque “a data é marcante tendo em conta a relação das pessoas de Alenquer com o rio”, espelhada à posteriori na construção do presépio na encosta da vila. Ao longo dos dois anos o estudioso socorreu-se da imprensa local e nacional mas mais especificamente incidiu-se em documentação oficial da Câmara à época com dados preciosos para este estudo que coloca a catástrofe em perspetiva. “Foi um trabalho árduo porque essas pastas com esses documentos estavam nos estaleiros da autarquia, na Barnabé”. Estava por fazer esse inventário dos documentos que nesta altura já podem ser consultados na biblioteca municipal. Foi sobre esta documentação que o trabalho se incidiu. Armando Calado, à época chefe da polícia em Alenquer, foi quem produziu o documento, com a data de fevereiro de 1968, com a lista de vítimas da tragédia, e que Alberto Santos refere ser esta uma “listagem rigorosa com correções de dados e de listagens anteriores”.

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A lista indicava o nome, o sexo, o local onde o corpo foi encontrado e onde permanecia sepultado. Um dos principais objetivos foi o de trazer a lume o número correto de vítimas da tragédia, “com os nomes das mesmas porque toda a gente merece ter uma identidade” sublinha. Alberto Santos assegura que até à data ainda ninguém desmentiu o número encontrado pela Alenculta de 46 mortos mais uma criança de 18 meses desaparecida. Para isso contribuiu não apenas a lista de Armando Calado mas também os dados fornecidos pelas conservatórias, bem como os da imprensa e igualmente o testemunho de pessoas ainda vivas, “o que nos permitiu corrigir, cruzar e afinar a estatística final”. O critério não obedeceu a outro que não o de se ter morrido no concelho, sem se atender à naturalidade ou proveniência de cada um. “Mas hoje também sabemos que 70 pessoas naturais de Alenquer morreram noutros concelhos como em Quintas, Vila Franca de Xira, bem como Loures e Alhandra”. A obra lançada compõem-se de várias partes: o enquadramento histórico, a listagem das cheias mais importantes que houve em Portugal e Alenquer, a descrição da vila como era nos anos 60 para se enquadrar a noite da cheia naquele fim-de-semana, e o entendimento da intempérie como fenómeno climático. Alberto Santos considera a obra da Alenculta “pioneira ao permitir um

Obra traz pela primeira vez uma contagem mais realista do número de mortos

retrato histórico-social objetivo sem influências políticas do Estado Novo ao contrário de outras obras editadas à época”. Nas pastas da Câmara o autor teve ainda acesso “à descrição dos prejuízos por setor de atividade, e ao valor que lhes foi atribuído para fazer face aos estragos”. As cheias de 1967 provocaram um prejuízo total no concelho, segundo o que apurou, de 50 mil contos, o que “hoje seriam 22 milhões de euros”. No capítulo da

reconstrução e numa comparação com o cataclismo dos incêndios de 2017, o autor acredita que para a época e estando o país a viver na ditadura, os apoios foram mais céleres e mais eficazes – “O mecanismo utilizado foi igual ao dos incêndios de Pedrógão e do centro do país, ou seja as pessoas fazem face aos estragos até cinco mil euros, apresentam a documentação às Câmaras que depois pagam e recebem os subsídios do Governo

central distribuindo à posteriori aos lesados.” No caso de Pedrógão, o hiato de tempo foi superior: demoraram quatro meses para se resolver o que se vai fazer. No caso da cheias, quatro meses depois já estavam a fazer pagamentos. Neste livro estão ainda espelhados relatos de quem viveu esta experiência dramática nomeadamente os pais do bebé de 18 meses que hoje vivem em Arruda dos Vinhos, cujo corpo nunca foi

encontrado, sublinhando que aquelas pessoas bem como todas as outras que perderam família e amigos nas cheias ainda precisam de apoio psicológico, algo que na altura do acontecimento não existia. O estudioso traça desde já o seu próximo objetivo: poder ter acesso aos documentos enviados pela Câmara de Alenquer ao Governo Civil de Lisboa que deverão estar acessíveis em breve na Torre do Tombo.

Cartaxo assinalou os 202 anos de elevação a concelho s Comemorações do 202.º Aniversário de Elevação do Cartaxo a Concelho tiveram início, no dia 10 de dezembro, com o descerramento de três placas topomímicas, em homenagem a personalidades que se distinguiram pela “sua ação e contributo na transformação da comunidade”, refere o município em comunicado. A tarde terminou com a sessão solene que levou algumas centenas de pessoas ao Centro Cultural do Cartaxo e teve como momentos de destaque a atribuição de medalhas de mérito municipal e medalhas a bombeiros municipais. A primeira placa a ser descerrada, na Urbanização do Vapor, passou a ter como topónimo Frederico Howell, a segunda placa, na Urbanização do Quintalão, foi dedicada a Francisco José Ferreira e a Urbanização do Valverde passou a contar com a Rua José Rebordão. Frederico Guedes, trineto de Frederico George Howell, que se fez

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acompanhar de outros elementos da família, enalteceu o papel do seu trisavô, propondo que o estudo histórico do seu contributo possa ser aprofundado, quer no que respeita à engenharia civil regional e nacional, quer no que res-

peita ao desenvolvimento do Cartaxo. O bisneto elencou obras como o Hospital da Santa Casa da Misericórdia, construído e inaugurado no seu mandato enquanto presidente da Câmara ou o edifício que hoje é a Biblioteca Munici-

pal, para ilustrar o trabalho do engenheiro civil formado em inglaterra. Madalena Rebordão, filha de José Rebordão – acompanhada da sua filha e do seu marido –, esteve presente no descerramento da

Na inauguração de uma das ruas que recebe nome de figura da terra

placa que atribui ao médico, oftalmologista durante mais de 50 anos, o topónimo de uma rua na Urbanização do Valverde, assumindo considerar “o reconhecimento justo pela dedicação e entusiasmo” com que o seu pai exerceu medicina durante mais de meio século, para além da sua dedicação à causa pública. Bisneta, trineta e tetraneta de Francisco José Pereira, estiveram presentes no descerramento da placa que ostenta o nome do repubicano convicto que viria ser o primeiro presidente da Câmara do Cartaxo, depois da implantação da república. Maria Hélia Viegas, a bisneta, afirmou a importância de “saber que vai ser sempre lembrado no Cartaxo”, informando que a família pretende doar à Câmara Municipal uma reprodução de um retrato de Francisco José Pereira. Maria Manuel Simão, estudiosa da vida e do papel de Francisco José Pereira na divulgação dos ideais republicanos no Cartaxo,

esteve também presente na cerimónia e lembrou que pela sua ação quer em comícios, quer “através do jornal O Provinciano”, mais tarde Ribatejo, “republicanizou o concelho”. Pedro Magalhães Ribeiro, presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, que descerrou as placas ao lado dos familiares dos três homenageados, assegurou que “há muito por fazer no município do Cartaxo, na área da toponímia”, assegurando que ao “atribuir topónimos a ruas quer da sede de concelho, quer das freguesias, se cumpre uma das nossas missões”, referindo-se “à obrigação que temos, enquanto responsáveis autárquicos, de contribuir para que aqueles que se destacaram na nossa comunidade, quer pela sua ação profissional, quer pela sua ação política, social ou humanitária”, possam ver perpetuada “no tempo e na história do concelho, a sua ação, o seu trabalho e a sua relevância na definição da nossa identidade comunitária”.


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Manique do Intendente

Junta compra Capela de Santo António por 12 mil euros União de Freguesias de Manique, Maçussa e Vila Nova de São Pedro adquiriu no verão passado a capela de Santo António, adjacente à Praça dos imperadores. Segundo José Avelino, presidente da junta, tratouse de um negócio muito antigo e que já vinha do tempo do anterior presidente, Herculano Valada. A capela, até aqui propriedade particular, esteve anos ao abandono e os sinais disso são bastante visíveis no exterior, levando a junta a reforçasse as portas laterais e as janelas para que o templo não sofresse mais às mãos dos vândalos. Aliás, ainda recentemente, era notícia no Valor Local o estado de abandono do edifício e as

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portas arrombadas que permitiram, entre outros factos, que o pouco que restava do seu património fosse delapidado. No interior, refere José Avelino, pouco existe. Para além de alguns bancos, pouco ou nada será possível salvar, com a exceção do púlpito que ainda está em bom estado de conservação. Todavia, uma das preocupações são as infiltrações de água. As chuvas têm tendência a agravar problemas e por isso o presidente da Junta quer no imediato reforçar o telhado para evitar que a água estrague o seu interior que refere “está num estado bastante aceitável”. O edifício era propriedade de uma família e custou aos cofres

da junta cerca de 12 mil euros. José Avelino diz que há ideias para aquele local, que já foi no passado um palheiro e um armazém. O presidente lembrou as dificuldades em adquirir o monumento, tendo em conta a existência de vários herdeiros, o que terá dificultado as negociações. O espaço que foi comprado com os dinheiros da junta de Freguesia aguarda agora por um projeto. José Avelino diz que não existe forma de fazer uma candidatura a fundos comunitários, pois não existe uma rubrica para a recuperação do espaço e afiança que será a própria junta com o eventual apoio do município a atualizar o mesmo. Ali poderá nascer em breve

Monumento teve um custo de 12 mil euros

uma sala para congressos e outros eventos, como por exemplo as reuniões da junta de Freguesia que atualmente são feitas

num primeiro andar, e sem acesso para pessoas com deficiência. Não há, no entanto, previsões

para que a autarquia local implante este projeto, mas Avelino espera consegui-lo neste mandato.

Fregueses de Manique criam abaixo assinado pela demolição do novo mercado Durante a visita do executivo à obra em finais de 2016

m grupo de cidadãos continua a exigir a demolição do novo Mercado de Manique, cuja obra iniciada no ano passado ainda não se encontra concluída. Este grupo de pessoas residente na localidade em questão não se conforma com o que considera ser uma espécie de atentado arquitetónico tendo em conta o desenquadradamento da obra em relação ao edifício contíguo da escola primária, datado de 1965 e que na opinião dos 114 subscritores do abaixo-assinado “tem um valor patrimonial inquestionável para a freguesia que importa valorizar e preservar”. A Câmara de Azambuja já referiu que a obra no local teve lugar depois de ou-

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vir “os legítimos representantes dos munícipes na freguesia” os quais não terão levantado obstáculos. Mas Nuno Carvalho, um dos dinamizadores do abaixo-assinado, refere que a junta disse não ter sido ouvida. Para este grupo de cidadãos, o facto de a obra estar parada, e “o consequente abandono do já edificado também não dignifica Manique do Intendente”. Por estas razões, os habitantes que estão contra o mercado naquele local referem “a necessidade de ser demolido, com a próxima solução a ser equacionada levar em linha de conta a existência no local de um edifício antigo e de características particulares.” Sendo as-

Alenquer lança cartão de fidelização para o comércio do concelho Câmara Municipal de Alenquer lançou em parceria com a Associação Comércio e Indústria de Alenquer (ACICA) e a Santa Casa da Misericórdia da Merceana um cartão de fidelização para o comércio local. O objetivo segundo Paulo Franco, vereador com a área económica do município, é encontrar o perfil de cada consumidor e conceber uma estratégia de abordagem tão personalizada quanto possível, conseguindo saber dos seus hábitos de consumo, do seu agregado familiar e outros aspetos. Para o vereador, esta é uma fase importante para a modernização e fidelização do comércio do con-

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celho. O responsável diz que tal fortalece as marcas e revela mesmo que pode atrair mais clientes. Um dos exemplos apontados passa por deixar que os comerciantes criem as suas próprias parcerias. É possível de acordo com o vereador que uma loja crie descontos para que os consumidores comprem noutra loja e vice-versa. “Mas todo este processo tem muito mais a dar.” O vereador esclarece por seu lado que é importante o empenho da Santa Casa no projeto, mas também da associação de comerciantes local que tem como missão criar e fomentar cursos

para que os comerciantes consigam aprender as mais-valias deste cartão, que vai muito além das simples época natalícia. Carla Pereira, provedora da Santa Casa da Merceana, aludiu à iniciativa de forma entusiasta e Hélder Miguel presidente da ACICA ressalvou que os cursos não são obrigatórios, mas importantes para que os lojistas que não dominem as técnicas informáticas consigam tirar deste cartão o máximo partido. Aliás este é um cartão que está relacionado diretamente com o Portal de Negócios de Alenquer. Junta-se assim a outros tantos projetos que têm tentado dinami-

zar este setor que sofre com a concorrência das grandes superfícies e da proximidade dos grandes centros urbanos como Torres Vedras ou Lisboa. Segundo Paulo Franco, é importante o registo no portal de negócios, pois tal permitirá disponibilizar questões que vão definir o perfil dos consumidores e delinear as campanhas mais importantes, tendo em conta os seus hábitos, para cada um deles. Já Pedro Folgado, presidente da Câmara Municipal de Alenquer, destacou esta iniciativa como positiva, reconhecendo que os hábitos consumistas dos portugueses estão a mudar.

sim a antiga escola primária de Manique, referem, “deve ser aproveitada para a instalação do novo mercado, potenciadno o edifício existente e transformando-o num equipamento funcional com condições para vendedores e utentes”. Por outro lado, “a envolvente do edifício deve ser aproveitada para a criação de estacionamento para quem vende e para quem compra e para a instalação da venda ambulante”. O projeto tal como está retira visibilidade ao edifício da escola e não tem espaço para a venda ambulante ser feita em condições com necessidade de os vendedores terem de fazer negócio na via pública.

Parceria entre o município, ACICA, e Santa Casa


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Câmara de Azambuja acusada de “trapalhadas” nos apoios às coletividades

forma como a Câmara de Azambuja estabelece os critérios de apoio às coletividades foi criticada pela oposição durante a última reunião de Câmara. Este ano, o município atribui 48 mil euros às associações para as suas atividades do ano que vem, mas com base em relatórios de há dois anos. Esta forma de procedimento tem como génese o facto de a Câmara ter durante os tempos da crise atrasado os pagamentos ao movimento associativo, sem nunca ter chegado a corrigir e atualizar esse modus operandi. O vereador do PSD, Rui Corça, considera que desta forma as coletividades é que estão a subsidiar a Câmara, “porque têm de fazer propaganda desse apoio, quando estão a recebê-lo com dois anos de atraso”. Para o autarca “não se consegue explicar a falta de estratégia da Câmara, ao prejudicar desta forma as associações, quando se podia introduzir um sistema de apoios semelhante ao que se usa nos fundos comunitários”, refere, concluindo que “estamos perante uma grande trapalhada”. A vereadora do PSD, Maria

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João Canilho, juntou que “é possível prever um montante para as atividades regulares do ano que vem, e excecionalmente atribuírem-se apoios para as atividades que não estavam previstas, sem nos estarmos a reportar há dois anos atrás”. O vereador com o pelouro das Coletividades, António José Matos, concordou que a situação deverá ser corrigida, e deu a entender que será feito um debate com as associações no que toca às suas atividades, à questão do transporte, e outras situações de incumprimento, tendo em conta a necessidade de reorganização do regulamento – “O novo documento será baseado num plano de gestão e relatório de atividades com balancete de contas, e depois vamos lá ver se posteriormente não vão dizer que as coletividades receberam e não fizeram o que estava estipulado”, ironizou. A dada altura do debate, o vereador das Coletividades chegou a insurgir-se contra o discurso de Rui Corça quando este focou “a necessidade de fiscalização dos apoios a serem dados”, referindo

que tal afirmação era sinónimo de estar a tentar colocar em causa o trabalho das coletividades e dos funcionários da Câmara. O vereador da oposição retorquiu, alegando que respeita o trabalho dos voluntários que estão à frente dessas associações bem como os funcionários – “Contudo não são trazidos ao nosso conhecimento os dados que permitam perceber o cumprimento do que está acordado com as associações, e no fundo a salvaguardá-las, porque se um dia o Tribunal de Contas sancionar a forma como estes procedimentos são feitos, as associações é que vão sair penalizadas”, e acrescentou – “Não estamos a faltar à consideração para com as associações”, disse referindo ainda que “as cerimónias de beija mão em que as associações estendem a mão para receber uma migalha é que são reprováveis”. Oposição estranha valor para atividades de Natal atribuído à ACISMA A vereadora do PSD, Maria João Canilho, estranhou a apresenta-

Autarcas concordaram na necessidade de reformulação do regulamento de apoio às associações ção de um valor de 31 mil 370 euros que a Câmara vai transferir para a Associação Comércio Indústria e Serviços do Município de Azambuja ao abrigo de um protocolo tendo em vista as atividades de natal que decorrem durante este mês no âmbito de uma parceria entre a Câmara e a coletividade. “Como é que se chega a este conjunto de atividades quanto ao seu financiamento e a distribuição dessas verbas?”, questionou a autarca tendo em conta a falta de um descritivo por parte da ACISMA e consequentemente da Câmara. Segundo o presidente da Câmara de Azambuja dentro de 60 dias, a associação terá inevitavelmente de apresentar essas

contas referentes ao programa “Natal Aqui”. Maria João Canilho ainda juntou – “Temos de ser transparentes, não basta falarmos de um valor, pois a ACISMA até podia dizer que eram 200 mil euros e depois prometia o relatório” ilustrou para se referir à falta de documentação anexa. O programa “Natal Aqui” contempla na sua maioria atividades dinamizadas pelas associações e IPSS’s do concelho. A este propósito, o vereador do PSD Rui Corça, também refere que “o processo é pouco transparente porque tanto dá para desconfiarmos que a verba é insuficiente como demasiado abrangente para aquilo que se pretende realizar no concelho

quando não vem acompanhada de um relatório de custos. Vamos pois aguardar por esse relatório daqui a dois meses, e pela apresentação de todas as contas e faturas, o mesmo serve para a Poisada do Campino que beneficiou de uma verba de 12 mil euros para as comemorações do seu aniversário sem existir esse descritivo, e mais uma vez salvaguardo que não está aqui em causa, o mérito e o esforço das nossas associações, mas uma enorme falta de capacidade do executivo de gerir estes processos”. O presidente da Câmara concluiu argumentando que dentro de dois meses todas essas contas serão mostradas.

GOP Benavente

Ribassor e balneários da Murteira são destaque do Orçamento para 2018 m 2018, poderão finalmente arrancar, entre outros, os projetos relacionados com os arranjos exteriores da Ribassor em Benavente, com um custo de 477 mil euros; a construção dos balneários do campo de futebol da Murteira no valor de 400 mil euros; a Requalificação do Parque Rui Luís Gomes em Samora Correia. Os mesmos constam das Grandes Opções do Plano apresentadas em reunião de Câmara, onde um dos destaques vai também para a subida de custos com o pessoal. O presidente da Câmara, Carlos Coutinho realçou que este é um

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“orçamento de grande responsabilidade e compromisso” e que espelha “a capacidade de amealhar do município ao longo dos anos”. Pedro Pereira, da oposição socialista, referiu que em matéria de despesas com pessoal, este orçamento aumenta em 19 por cento os custos com o número de funcionários da autarquia, ao passar dos cinco milhões e 700 mil euros para os sete milhões e 200 mil euros, “quando nem todos os casos de (novos empregos) estão bem justificados”. Para além de que “não resolve a situação precária dos avençados da Câmara”. Carlos Coutinho aludiu que o au-

mento de verbas a gastar com o pessoal decorre em parte do aumento do salário mínimo e do descongelamento de carreiras. Quanto aos recibos verdes, espera também que a Câmara seja abrangida por uma recente medida governamental para aqueles trabalhadores. O PS é da opinião ainda que este orçamento “alimenta demasiado a máquina do futebol” (dos clubes) esquecendo as demais modalidades”. “Estão previstos 650 mil euros sendo que 250 mil são para o relvado sintético do Futebol Clube Estevense que só tem futebol sénior e 400 mil euros são para in-

fraestruturas de apoio no Estádio da Murteira - sem esquecer que o campo ainda está na propriedade da Companhia das Lezírias e que a Câmara deveria pensar na sua aquisição - , e quando o Sport Clube Barrosense há muito que reivindica melhores balneários”. Carlos Coutinho referiu que no caso das modalidades são praticadas em equipamentos municipais o que não acontece no futebol. E adiantou ainda que no orçamento do ano que vem estão contemplados 300 mil euros para as piscinas de Benavente. Para além de que já fez outras obras como a substituição do tapete sin-

tético da Associação Recreativa do Porto Alto, e outras requalificações em equipamentos desportivos. Entre outras propostas o Partido Socialista, elencou a necessidade de mais habitação social, com a antecipação para 2018 do valor de 169 mil euros previsto para 2019, para a construção de seis fogos habitacionais, e a construção de 2019 a 2021 de mais 24 fogos. O presidente da Câmara referiu que espera cumprir a promessa de 30 novas casas a serem construídas neste mandato. Já o vereador Ricardo Oliveira, do PSD, realçou a falta de ambição

deste orçamento e o facto de o município “continuar mais uma vez a bailar com a mais feia” ao não procurar colar-se a concelhos talvez mais dinâmicos e ambiciosos. Quanto às obras apresentadas concordou com algumas, mas só depois de concluídas “se conseguirá avaliar da sua maisvalia”. Concordando contudo com algumas das medidas inscritas que também faziam parte do seu programa eleitoral como a requalificação do museu municipal de Benavente, reabilitação da biblioteca, construção dos balneários do Grupo Desportivo de Samora Correia.

Pedro Afonso é o novo secretário executivo da OesteCim edro Afonso, natural de Alenquer, vai tomar posse como Secretário Executivo da Comunidade Intemunicipal do Oeste (Oestecim), uma organização que junta todos os municípios da zona oeste. Com Pedro Afonso, integra também este organismo, Paulo Simões. Ambos subsituem André Macedo que esteve no cargo nos últimos anos.

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A tomada de posse destes elementos decorre a dia 21 de dezembro, sendo que ambos terão funções distintas. Paulo Simões ficará responsável pela internacionalização da marca Oeste e Pedro Afonso, responsável pelos assuntos internos. Pedro Afonso e Paulo Simões ficarão como administradores da OesteCim, e estarão na dependência hierárquica do conselho

executivo que é composto por todos os presidentes de Câmara do Oeste, e a Assembleia Intermunicipal. De acordo com Pedro Afonso que diz querer esperar pela tomada de posse para falar mais aprofundadamente do assunto, o facto de a entrada destes elementos ter sido aprovada por todos os autarcas “só nos deve motivar ainda mais para concre-

tizar a enorme tarefa que aí vem com novas descentralizações, e com os fundos do Portugal 2020” e lembra que “a Cim já é a entidade gestora e fiscalizadora dos transportes públicos de passageiros”. Já quanto à responsabilidade acrescida por via da confiança dos autarcas refere “que essa é sempre a mesma como em tudo aquilo em que estive inserido, de dedicação to-

tal”. Pedro Afonso foi vereador do PSD na Câmara Municipal de Alenquer e no mandato anterior esteve ao lado de José Manuel Mendes (PSD) na junta de freguesia do Carregado. No seu Facebook confessa que o convite para o novo cargo partiu de Pedro Folgado (PS), atual presidente da Câmara de Alenquer e presidente da OesteCim.


8 Instantâneos

Valor Local

Tauromaquia Azambujense Ai está o Natal

Parreirita Cigano

C

hega o Natal e o vosso El Salamanca apresenta a todas as suas boas festas. E agora deixo algumas mensagens em particular.

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Ana Rita

Manuel Oliveira

nquanto todos os aficionados estão a aguardar a chegada da temporada próxima, os artistas esses também já estão atentos a 2018, esperando obter novos êxitos. Ana Rita é uma dessas artistas que espera obter resultados com a sua renovada quadra de cavalos de toureio. A artista que já tem algumas corridas agendadas do outro lado de lá da fronteira, perspetiva repetir em 2018 a temporada que passou e onde alcançou triunfos por terras de Espanha e França. Esperamos então poder relatar muitas mais façanhas desta artista do concelho de Azambuja. Ana Rita, que deseja a todos boas festas.

anuel Oliveira vai caminhando a passos largos a caminho da alternativa. Um jovem a impor o seu estilo próprio. Da última vez que estivemos com ele desejou a todos boas festas. O mesmo te desejamos a ti Manuel.

E

arreirita Cigano deseja a todos boas festas e nós desejamos que tenha muitas corridas onde obtenha êxito com o seu toureio. Olé.

M

Paulo Jorge Ferreira ste cavaleiro está lá longe do outro lado do Atlântico, mas não se esquece das suas raízes e dos seus conterrâneos e deseja boas festas a todos.

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Dezembro 2017 António Salema “El Salamanca”

Rui Jardim Rui Jardim um toureio a pé que mostra um toureio diferente e que sonha um dia ser matador de toiros desejamos boas festas. O mesmo deseja ele a todos.

A

Manuel Jorge de Oliveira

O P

mestre do toureio Manuel Jorge de Oliveira deseja a todos boas festas.

ara terminar, falta o António Salema desejar a todos boas festas e boas corridas e muita sorte.

Abrigada Intermaché de Abrigada voltou a associar-se à campanha de recolha de alimentos do Banco Alimentar. A recolha aconteceu no primeiro dia de dezembro e contou com a generosidade dos muitos clientes que não ficaram indiferentes à iniciativa. O próprio Intermaché de Abrigada, também contribuiu com bens alimentares, oferecidos neste caso pelos gerentes Carla e Ricardo Rodrigues

O

Cartoon: Bruno Libano

Ficha técnica:

Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade; NIPC 514 207 426 Sede, Redação e Administração: Rua Alexandre Vieira nº 8, 1º andar, 2050-318 Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 3351 • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 3351 • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23; Sílvia Agostinho • CP 10171 • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Acácio Vasconcelos, José João Canavilhas, António Salema “El Salamanca” Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt


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Economia 9

Presidente da NERSANT defende a criação da Startup Ribatejo Presidente da Direção da NERSANT defendeu na sessão de encerramento do projeto Empreender +, a necessidade da criação de uma nova incubadora de empresas em Torres Novas, no seu pavilhão de exposições. Esta nova infraestrutura vem completar o ecossistema empreendedor da NERSANT, denominado por Startup Ribatejo. Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR- Centro) que foram desafiadas a apoiar a iniciativa. Na sessão de encerramento do Empreender +, Maria Salomé Rafael, presidente da Direção das NERSANT, fez uma resenha do trabalho da associação empresa-

A

Associação assume querer continuar a expandir a marca da Nersant rial na área do empreendedorismo, começando por dizer que

esta preocupação não é de agora, tendo já “largos anos”. A dirigente

afirmou que o apoio técnico da associação empresarial nesta

área é de especial relevância para o sucesso das startups que se criam com o apoio de projetos como estes. “A NERSANT, para além de apoiar os empreendedores no processo de criação da empresa, faz ainda um acompanhamento do recém-negócio durante os primeiros dois anos de atividade”, ressalvou. Enalteceu ainda a cooperação entre os vários agentes do território, nesta missão do apoio ao empreendedorismo. “A NERSANT tem neste momento a Startup Santarém completamente cheia, e vai avançar em breve para a criação de uma nova em Alcanede e outra ainda em Coruche. Para além disso, estamos também a trabalhar com Rio Maior e noutros locais devidamente protocolados,

como é o caso de Mação, por exemplo”, fez saber. Mas, continuou: “queremos chegar ainda mais longe. Para fecharmos o nosso projeto de empreendedorismo em toda a região, precisamos criar em Torres Novas uma infraestrutura onde possamos levar a cabo este trabalho. Temos ao dispor o nosso pavilhão de exposições, que necessita de obras, e esperamos poder contar com o apoio da CIMT e da CCDRC para o efeito”, concluiu a presidente da direção da NERSANT, que afirmou ainda que “só com a criação desta nova incubadora, estaremos em condições de afirmar a marca do nosso apoio ao empreendedorismo, que queremos imprimir a toda a região, e que denominamos por Startup Ribatejo”.

Alentejo 2020 destaca-se no país na aprovação de candidaturas das pequenas empresas aos fundos comunitários

Comissão Diretiva do Alentejo 2020, já aprovou cerca de 101 candidaturas apresentadas pelas micro, pequenas e médias empresas inovadoras do Alentejo ao SI2E - Sistema de Incentivos ao Empreendedorismo e ao Emprego. Este volume de aprovações significa que o Alentejo 2020 já tem mais de 50 por cento das candidaturas decididas e que mais de 70 por cento dos avisos de concurso abertos têm decisão.

A

Os projetos aprovados contam com um montante total de apoio de 3,9 milhões de euros do Fundo Europeu de desenvolvimento Regional - FEDER e 487,8 mil euros do Fundo Social Europeu – FSE Esta situação coloca o Alentejo 2020 numa posição de destaque, tendo sido o primeiro Programa Operacional Regional a aprovar candidaturas a este Sistema de Incentivos, em Outubro de 2017. O SI2E - Sistema de Incentivos

ao Empreendedorismo e ao Emprego apoia de forma simplificada pequenos investimentos empresariais de base local e discrimina positivamente as iniciativas empresariais dos territórios de baixa densidade. Tem ainda como especial enfoque a criação de emprego, aprovando projetos que conduzam e se traduzam numa significativa criação líquida de emprego. As candidaturas aprovadas cor-

respondem aos concursos lançados pelos Grupos de Ação Local e as Comunidades Intermunicipais do Alentejo, com quem a Autoridade de Gestão do Alentejo 2020 celebrou protocolos de articulação funcional, congregadas em torno de uma estratégia integrada para um território sub-regional ou local, para a implementação das DLBC – Desenvolvimento Local de Base Comunitária.


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As tramas do Aterro

Triaza acusada de abate de sobreiros sem autorização

Os problemas no aterro de resíduos não perigosos, nesta altura, vão muito além dos maus cheiros e dos incómodos daí resultantes. Uma série de pormenores administrativos estão a levantar as mais sérias desconfianças. Na linha de fogo chegou a estar a Câmara de Azambuja por ter dado um dos passos para a legalização do aterro, mas agora as atenções viram-se para a CCDR que faltou a uma vistoria e que não respondeu às questões do Valor Local. O Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta já sabe do corte de sobreiros mas não sabemos se vai atuar em conformidade, mas parece que não. processo de transição da gestão Sílvia Agostinho o dia 18 de dezembro, o ater- da pedreira sempre pugnou pela ro de resíduos não perigosos, “recuperação paisagística da enlocalizado na Quinta da Queijeira, volvente”. Pedo Ribeiro diz estraAzambuja, recebeu a visita de nhar ainda que a Suma/Mota Engil uma comitiva composta pelas vá- tenha conseguido obter autorizarias entidades licenciadoras e fis- ção para aumentar a área de excalizadoras do aterro de resíduos ploração de aterro que inicialmennão perigosos, entre as quais a Agência Portuguesa do Ambiente, uma comissão de acompanhamento da Câmara que periodicamente se desloca ao local e o Instituto da Conservação da Natureza e Floresta (ICNF), este último no âmbito de um possível “arranque de centenas de sobreiros e azinheiros sem autorização”, conforEmpresa não me nos foi referido em entrevista procedeu à por Pedro Ribeiro, gerente da Zubareia, antiga proprietária da pe- requalificação dreira que laborou no local. A gran- paisagística mas arrancou de ausência de peso foi a Comissobreiros são de Coordenação da Região alegadamante de Lisboa e Vale do Tejo (CCDRà margem da lei LVT), entidade licenciadora e fiscalizadora, que preferiu não enviar técnicos ao local numa vistoria entendida como importante. Pedro Ribeiro conta que está a sentir-se lesado e olhado de lado pela população do concelho de Azambuja, dado que labora neste concelho, e que é ao mesmo que é apontado o dedo, quando o assunto é o aterro paredes meias te seria de 4,6 hectares e nesta alcom a vila de Azambuja, e argu- tura já terá autorização para labomenta que enquanto liderou este rar em 25 hectares, ou seja a qua-

N

Carta da Leirimóbil para a Câmara de Azambuja sobre a ação da Triaza

se totalidade da exploração. O empresário terá depois de muita insistência junto da Câmara de Azambuja conseguido marcar a vistoria que aconteceu na segunda-feira no âmbito do auto de cumprimento do plano de recuperação paisagística. Aliás diz mesmo que o que

Suma/Mota Engil, seria efetuar essa recuperação ainda antes de o aterro entrar em funcionamento. Isto na versão da Zubareia: “Isso está bem explícito no contrato de arrendamento, contudo o que eles dizem (Triaza) é que só têm responsabilidades na gestão do ater-

quando advertimos que a recuperação paisagística não estava feita”, a qual compreendia a limpeza de caminhos, de linhas de água, e a recuperação da propriedade na sua totalidade. Isso segundo o empresário não foi levado a cabo – “A Câmara e a CCDR preferiram ig-

estava assente com a empresa que atualmente gere o aterro, a Triaza, pertencente ao grupo

ro”. “A própria Câmara podia ter evitado ao não emitir a licença de obra, mas optou por nos ignorar

norar”. Pedro Ribeiro não tem dúvidas – “Há interesses maiores neste caso, e entidades que estão

a ser coniventes com a empresa que gere o aterro, só assim se explica como conseguiram ir aumentando a área do aterro com tanta facilidade”. Recorde-se que Azambuja terá de conviver paredes meias com a unidade que se encontra a menos de 300 metros de habitações, em desconformidade com o que a lei dita, durante 24 anos. O empresário diz ainda que se tiver de ser a Zubareia a assumir a recuperação paisagística “vai exigir o direito de regresso à Triaza mas também quero ver se a Câmara tem interesse nesse objetivo de fazermos com que a recuperação da envolvente ao aterro possa ser uma realidade”. O Valor Local contactou a CDDRLVT, uma das entidades que estará debaixo de fogo, enumerando as diversas questões relacionadas com o funcionamento do aterro, mas até ao fecho desta edição não recebemos qualquer resposta. Luís de Sousa, presidente da Câmara de Azambuja, ao Valor Local, refere que na passada semana encontrou-se com o vice-presidente da CCDR-LVT durante um evento da Águas do Ribatejo, em que este lhe disse estar a par das “barafundas” que se estão passar em Azambuja envolvendo o aterro, e que o sossegou ao dizer “que tudo está conforme a lei”. Segundo


Valor Local

Dezembro 2017 uma informação escrita que a Câmara recebeu daquela entidade – “Não foram registadas infrações de ambiente, estando a ser cumprido o alvará de deposição de resíduos em aterro”. A CCDR nesta visita que fez terá aconselhado tão somente a que se tape mais vezes os resíduos depositados de modo a minimizar a questão dos maus cheiros. “Mas isso também foi graças à Câmara que ‘apertou’ com eles (Triaza)”, acrescenta Luís de Sousa que assegura ainda que os técnicos da Câmara têm algum nível de conhecimento para avaliar se o que está a ser feito se encontra em conformidade. Sobre a recuperação paisagística do aterro, Luís de Sousa concorda que poderá ser difícil dada a autorização de expansão. Questionado se não se sente preocupado com o futuro da população estando em perspetiva uma espécie de mega aterro, o autarca não esconde algum incómodo com a questão mas atira – “Se as coisas estão mal então que mandem fechar o aterro”. “Não quero que fiquem dúvidas de que me preocupo com as pessoas, e com o futuro do concelho”, assegura não escondendo o desconforto. Nesta altura questionámos o autarca se chegou a ser em alguma ocasião pressionado pela CCDR para agilizar os processos no que à Câmara diz respeito como a autorização das obras de apoio à estrutura, (um pequeno escritório que existe no local, e que no fundo permitiu que

todo o processo andasse para a frente), ao que o presidente da Câmara negou – “Apenas falei com o presidente da CCDR pessoalmente no dia da inauguração”. O autarca mostra ainda documentação que, no seu entender, sustenta que não terá cometido ilegalidades como quando autorizou o aterro no local que estaria a violar o PDM, tendo sido reportado tal facto ao Ministério Público – “A Assembleia Municipal ao aprovar a declaração de interesse público municipal, segundo o que nos diz o advogado, aprova automaticamente o uso do terreno para aterro”. Esta é uma questão que a Leirimóbil colocou à Câmara, e que no âmbito da ausência de resposta por parte do município a dada altura, recorreu aos tribunais. A Leirimóbil é a empresa parceira da Zubareia neste dossier, que também exige a colocação de coberto vegetal no âmbito da requalificação paisagística na propriedade por parte da Triaza. A Câmara de Azambuja já respondeu de acordo com o aconselhado pelos advogados. Munícipe aponta o dedo às entidades envolvidas no processo António Pires é como se sabe o cidadão do concelho que reside mais perto desta unidade. Têm sido frequentes as suas queixas em reuniões de Câmara quanto aos maus cheiros e às moscas, e

o seu ativismo neste assunto é por demais conhecido. No dia da vistoria instalou-se do outro lado da estrada nacional de frente para o aterro com uma lona onde se podiam ler as acusações relativamente ao abate de sobreiros de forma ilegal. Em entrevista ao Valor Local falava dos medos da população (mais diretamente atingida pelo aterro) em dar a cara nesta luta. Estamos a falar mais propriamente de residentes na denominada Quinta da Marquesa. Quanto ao corte de sobreiros que ocorreu no início da obra, e sendo um espetador privilegiado pois vive paredes meias com o aterro e é com frequência que anda pelas proximidades do mesmo a tirar fotografias do que por lá vai vendo, garante que não estamos a falar de meia dúzia de exemplares mas de centenas conforme já conseguiu ver. Para além de que “nunca tiveram licença para o fazerem”. “A Câmara também não pode dizer que não sabia de nada porque no livro de obra está especificada a data de início da desflorestação. Afinal quem licenciou o abate de sobreiros?”, interroga-se. O munícipe vai mais longe e exibe uma imagem de uma fatura da autarquia onde estão discriminadas diferentes operações aquando dos preparativos para a instalação do aterro, que recorde-se foi inaugurado nos primeiros meses deste ano, nela consta, entre outros itens faturados, o valor unitário respei-

Ambiente 11

António Pires volta a dar conta do seu descontentamento tante ao corte de vegetação (envolvendo sobreiros e outras espécies bem como mato), que segundo diz António Pires “não foi cobrado pela Câmara para que não houvesse rasto”. Já esta terça-feira, dia 19 de dezembro, em reunião de Câmara, o munícipe questionou diretamente o presidente da autarquia sobre a desmatação que não foi cobrada e de acordo com o regulamento poderia, nas suas palavras, depois de analisados os processos, render nove mil 257 euros aos cofres da autarquia tendo em conta os m2 da área em causa. Luís de Sousa limitou-se a dizer-se desco-

nhecedor desta realidade dos sobreiros remetendo documentação para mais tarde. “Não escondo nada nesta matéria, e estou de consciência tranquila. Só sei que vai uma grande guerra entre a Triaza e a Leirimóbil”. O munícipe diz ainda, ao Valor Local, que está a pensar em enviar para o Ministério Público do Cartaxo a documentação que tem em suas mãos. Fonte do Valor Local disse à nossa reportagem que o ICNF quando confrontado no local com o corte de sobreiros preferiu não tecer grandes considerações numa atitude de praticamente fechar os olhos. (Dado esta visita ter

coincidido com fecho de edição do nosso jornal neste mês de dezembro, esta é uma matéria e um dado que queremos apurar na próxima edição). A nossa redação voltou a colocar à Triaza a possibilidade de uma entrevista para em janeiro dar a conhecer a sua posição, que nunca quis dar até ao momento. A empresa tem sido acusada de rececionar materiais para os quais não obtém autorização, mas como não tem mostrado interesse em falar com os jornalistas não conseguimos apurar se esses relatos são ou não mito urbano, pese embora o leque de resíduos aprovados para este aterro seja alargado.


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Edifícios na região à espera de uma segunda vida

Fechados a sete chaves Vários edifícios na região aguardam por uma nova vida, e no caso da Casa da Câmara em Manique do Intendente, antigo “hospital” de Azambuja e Chemina em Alenquer (uns mais degradados e devolutos do que outros) são ainda o exemplo de persistência na memória coletiva e de quem anseia dar nova funcionalidade a estes espaços. Sílvia Agostinho Miguel A. Rodrigues ncerrado em 2009, o velhinho Centro de Saúde de Azambuja desespera agora para ser reutilizado. Com efeito o edifício inaugurado na década de cinquenta, mais propriamente em maio de 1959, e pago com o dinheiro da população, está a passar por uma vida difícil, embora o seu passado também não tenha sido fácil. Ainda hoje conseguimos descortinar vários relatos junto da população mais idosa acerca do edifício e de como ele funcionava. Foi erguido com recolha de donativos junto da população, através da Misericórdia local, e à Misericórdia foi retirado durante as nacionalizações no pós 25 de abril. O povo organizou festas, cortejos de oferendas, e várias ações para possibilitar a construção de um edifício moderno, até porque até então, o antigo Hospital da Misericórdia funcionava na Rua Espírito Santo, onde hoje é o Abrigo do Pe-

E

regrino. O povo, esse, ainda se lembra das cirurgias ali realizadas, ou das camas de internamento. E aqui e ali, lá encontramos algumas pessoas onde no local se submeteram a operações simples como a retirada do apêndice. Manuel Ferreira, atual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Azambuja e médico, guiou o Valor Local numa visita pelas instalações agora devolutas do antigo Centro de Saúde de Azambuja. O “hospital” como ainda muitos o chamam, é hoje uma sombra do que foi, e Manuel Ferreira lamenta o estado de abandono a que tudo chegou. O médico recorda com nostalgia os anos em que ali deu consultas. Lembra-se ainda dos tempos em que se faziam algumas intervenções médicas “e com bons resultados” esclarece. Manuel Ferreira recorda a enfermaria existente no primeiro piso, e o local das consultas infantis, hoje um traço daquilo que eram até

2009, altura em que foi inaugurado o novo edifício, construído uns metros mais à frente, e que substituiu o velhinho centro de saúde. O médico refere que o edifício esteve mais de 40 anos fora da alçada da Misericórdia. Com a “nacionalização” em 1974, o velhinho hospital da Misericórdia foi explorado pelo Ministério da Saúde e só em 2009 foi devolvido e em parcas condições ao seu proprietário, a Santa Casa. Cada passo que dávamos com Manuel Ferreira pelos corredores fantasma desta unidade que em tempos conheceu “muita vida”, fazia com que o médico lembrasse os anos que ali ministrou consulta. À entrada uma senhora que ia a passar lamentou o estado de abandono do edifício, e enquanto o provedor ia tirando a corrente para abrir o portão, esta aproveitava a presença do responsável para se lamentar do estado em que alguns meliantes deixaram o mesmo. Sintoma de que a população não esquece este espaço.

As portas e janelas foram totalmente arrancadas, e o responsável até já questiona se valerá a pena a Misericórdia gastar dinheiro para emparedar o edifício que mais dia, menos dia será um hospital de cuidados continuados, assim se espera. Ladeamos o edifício e entrámos pelas antigas urgências, o mesmo local onde também entravam as ambulâncias: Neste ponto não existe uma porta e também tem sido por aqui que os vândalos entram. Muitos são jovens em idade escolar que não conseguem arranjar melhor passatempo depois das aulas. Manuel Ferreira lamenta que o património se encontre num estado de degradação tão visível. Ninguém diria que apenas passaram sete anos desde o seu fecho, pois aparenta estar encerrado há muitos mais. Num determinado local ainda há vestígios de um pequeno incêndio quizá provocado durante um furto de cobre em que os meliantes furaram os fios, e nem o quadro elétrico escapou.

Edifício aguarda a transformação em unidade de cuidado

Vários são os cabos desprendidos do teto, indicando esse tipo de conduta. Ao entrarmos, deparamo-nos com um chão coberto de vidros, fuligem e muitos dejetos de pombos. Algo impensável, se recuarmos alguns anos e nos lembramos como estaria imaculado aquele edifício, embora já com mais de 50 anos de uso, e que era o orgulho da população.

Manuel Ferreira vai apontando para o teto e para as salas onde já não existe mobiliário, com a exceção dos armários da pequena cozinha onde diz ter feito algumas refeições com os colegas, e lembra o nome de algumas auxiliares que ajudavam a preparar esses momentos que eram também de convívio entre os profissionais que ali prestavam serviço. Mas o cenário é no mínimo deso-


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os continuados

lador e deixa o médico com muitos sentimentos nostálgicos, porque quase não criou memórias no novo centro de saúde até porque só lá esteve alguns meses. Nos corredores, os vidros amontoam-se. Os dejetos dos pombos e algumas madeiras obrigaram-nos a ter cuidado. No local faziam-se pequenas cirurgias, mas hoje e num centro de saúde de nova geração como aquele que existe na

sede de concelho, uma vacina contra o tétano tem de ser administrada em Vila Franca num serviço normal de urgência, que Azambuja já não tem. Com as portas totalmente escancaradas, os antigos gabinetes onde noutros tempos se fizeram consultas e outros tratamentos, estão hoje à mercê de tudo o que a mente humana queira fazer ali. Há paredes grafitadas e até pares de

Degradação multiplica-se a cada corredor

sapatos perdidos dão os bons dias a quem passe para lá do portão que o médico consegue abrir e fechar com algum custo fruto da passagem do tempo e da ferrugem que já atacou. Não há nenhum gabinete inteiro, mas curiosamente ainda existem dois intactos com as portas totalmente trancadas e que aparentemente sobreviveram à tentação dos ladrões. Ao olharmos de cima abaixo dá para perceber o quão danificado está o velho espaço, “mas a estrutura é boa, dá para mais de cinquenta anos” refere o médico que insiste em reaproveitar o mesmo. Mais ao fundo chegamos ao que era antes a ala da vacinação e da pediatria. Um espaço que foi muito importante para muitos dos azambujenses mas onde já nem se vê o autocolante da “Chico” que dizia Bebé a Bordo, colado numa das janelas, e que tão familiar chegou a ser para os pais e mães do concelho. Subimos ao primeiro piso. Manuel Ferreira aponta para a claraboia que quer substituir e recorda que ali ao lado será prolongada uma parte para acrescentar 20 camas, sendo que uma unidade de cuidados continuados no distrito de Lisboa tem muita procura e é comparticipada pelo Estado, o mesmo que entregou o edifício em más condições. À partida será um valência rentável para a Misericórdia que não quer deixar morrer o projeto. Manuel Ferreira que falou um pou-

co da história do espaço mostrou os dois quartos que serviam para enfermaria “basicamente para as pessoas mais pobres” e recordou todo o movimento que aquela unidade gerava. “Trabalhei aqui durante 24 anos, de dia e de noite, víamos cerca de três a quatro pessoas no período noturno. Hoje nada disso temos no novo centro de saúde”. E lança um dado curioso completamente impossível nos dias de hoje – “Só num ano houve 20 mil atendimentos. Fiz o estudo desses mesmos atendimentos por patologia e chegámos à conclusão que apenas quatro por cento dos doentes acabaram por ser transferidos para Vila Franca”.

Destaque 13 Unidade de Cuidados Continuados para dar nova vida ao edifício A Unidade de Cuidados Continuados é um projeto antigo mas que mergulhou mais recentemente num impasse depois de quase ter saído do papel quando a Misericórdia de Lisboa equacionou a sua comparticipação, tendo abandonado a ideia entretanto. O projeto contemplava 40 camas, num total de cerca de 30 a 40 postos de trabalho, e poderia comportar ainda a instalação de uma unidade de fisioterapia, bem como consultas de especialidades médi-

cas. Manuel Ferreira explica que o edifício onde antes funcionava a morgue será para demolir no caso de o projeto poder vir a ganhar novamente um destino mais auspicioso, já que o provedor adianta ao Valor Local que poderá estar em cima da mesa a possibilidade de surgir entretanto um novo parceiro. O projeto tem um custo de um milhão e 500 mil euros. Só em projetos a Misericórdia de Azambuja já gastou cerca de 40 mil euros a pensar na unidade em causa. No total entre este novo equipamento e o antigo a Santa Casa de Azambuja passaria a dispor de 73 camas.

Provedor e médico Manuel Ferreira reavivou memórias


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Chemina aguarda pela libertação dos fundos europeus Fábrica da Chemina, cujo nome oficial era Empresa de Lanifícios Tejo, ainda é considerada um dos ex-libris da vila de Alenquer. O complexo que já se encontrava encerrado há sete anos quando ardeu em março de 2000, tem sido alvo ao longo dos anos de inúmeras ideias quanto ao seu futuro. Os alenquerenses gostavam de ver a imponente fachada ganhar vida e as paredes ressurgirem dos escombros e da cinza. Aliás nesta altura restam apenas as fachadas. O interior é agora uma amálgama de tábuas, pedra e vegetação, contudo continua a atrair as atenções e os sucessivos executivos têm tentado reescrever a história do famoso edifício, seja para adaptação a centro cultural, ou até para hotel de charme, entre outros fins. A fábrica da Chemina está neste momento consagrada num programa de regeneração urbana à espera que sejam libertadas verbas por parte dos fundos estruturais. O presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, refere que desde que assumiu funções em 2013 tem encetado contactos com diversos agentes hoteleiros como o grupo Ibis, Altis, entre ou-

A

tras cadeias, no sentido do reaproveitamento do espaço para uma unidade daquele género. “A grande maioria estava mais focada em investimentos em centros urbanos de outra envergadura e a vinda para Alenquer poderia significar um risco para esses investidores. A crise que foi vivida nos últimos anos fez desaparecer, ainda mais, essa possível vontade de se instalarem na vila”, refere. “O que me foi dito é que o edifício até era muito interessante, e que daqui podia sair um projeto igualmente interessante, mas como o retorno seria mais difícil decidiram não arriscar”, confessa. O edifício ainda foi observado in loco por investidores chineses não diretamente relacionados com a hotelaria mas que poderiam fazer despontar um projeto relacionado com esta área no local. A ideia era fazer da Chemina um hotel onde pudessem ficar alojados empresários chineses que viessem tratar de negócios a Lisboa ou à região. Esses investidores até acabaram por fazer um estudo económico mas acabaram por verificar da inviabilidade do projeto no sentido de o poder retirar do papel. Uma das desvantagens relaciona-se

com a arquitetura do edifício que recorde-se serviu de sede a uma das mais profícuas indústrias no local, composto por naves de três andares, mas que já à época do grande incêndio apresentava um estado de degradação acelerado com muitas madeiras apodrecidas e a estrutura muito velha. Segundo o presidente da Câmara, o edifício é muito comprido mas é estreito inviabilizando desta forma projetos mais modernos que se pudessem implantar no local. A autarquia colocou de parte a vinda de um investidor para o local, e apresenta nesta altura alguns projetos que aguardam luz verde dos fundos comunitários. A obra está inscrita como se sabe no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) para ser requalificada com a consolidação das fachadas e do espaço público envolvente, bem como o interior numa segunda fase. Vários projetos estão em cima da mesa, nomeadamente através da criação do Instituto Financeiro de Reabilitação Urbana com a hipótese de a Câmara se candidatar a um empréstimo com juros baixos “e com isso avançar-se para a reconstrução do edifício na sua to-

A fachada do edifício tem seduzido investidores mas sem se chegar a bom porto talidade”, afirma. A autarquia pensa consultar a população para o que possa vir a ser desenhado para o interior do edifício – “Imagino que o consenso seja difícil. Há várias ideias que poderiam avançar com a possibilidade de um auditório maior do que aquele que já existe, ou até vir a reunir aqui serviços da Câmara.” A Ordem dos Arquitetos também foi consultada para possíveis ideias para o espa-

ço. Até 2020, a Câmara espera conseguir fazer com que a obra possa avançar no terreno. Só para a recuperação das fachadas e do espaço envolvente o orçamento é de dois milhões e 700 mil euros ao abrigo dos fundos comunitários, se a verba chegar a ser atribuída. Hoje, o edifício encontra-se vedado com tela e rede e em alguns lo-

cais encontra-se mesmo emparedado. O autarca diz que não tem sido alvo de vandalismo nos últimos anos. Já chegaram ao município pedidos para a realização de filmes publicitários que a autarquia tem recusado dado que a construção existente compromete a segurança – “Temos vindo a monitorizar o edifício e as fachadas mas não tem existido problemas embora urja recuperar as fachadas”.


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Destaque 15

Casa da Câmara em Manique a aguardar por novo impulso cultural anique do Intendente resultou num misto de estética do barroco e de formalismo neoclássico, assim diz o historiador e museólogo José Machado Pereira ao referir-se à obra de Pina Manique nesta vila do concelho de Azambuja, cuja Casa da Câmara é um dos expoentes máximos da passagem do intendente geral da polícia em finais do século XVIII pela localidade, uma das poucas a ser projetada em gabinete no país a par de Vila Real de Santo António e Porto Covo. A Casa da Câmara, ou se quisermos chamar a “Casa da Câmara e Cadeia do concelho de Manique do Intendente” como se chamava à época é hoje um monumento que ainda encerra alguma beleza mas cujas portas apenas se abrem algumas raras vezes por ano, depois do abandonado em 2008 pela GNR que chegou a estar no local, em plena praça hexagonal da vila. O edifício é imponente, e apresenta as armas de Pina Manique na sua frontaria. Num destes dias o Valor Local visitou o seu interior pela mão do presidente da União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de São Pedro. O monumento recebe hoje em dia, mas raras vezes por ano, exposições, feiras, e até já tem servido de camarins para espetáculos como a Rainha das Vindimas ou o Manifestival, mas o desejo da junta seria o de conseguir manter o edifício aberto tendo em vista a possibilidade de ali funcionar o polo da biblioteca. Ao calcorrearmos o edifício com duas escadarias que se destacam, ainda se respira o ar de antiguidade monumental, com os azulejos trabalhados a darem o mote. Numa das salas as paredes apresentavam alguns frescos, mas os homens da GNR durante a sua estadia acabaram por cobrir com tinta essa obra da qual ainda se destacam uns pequenos resquícios. No rés-do-chão do edifício funcionava o atendimento e no primeiro andar estavam as camaratas. Até ao século XIX foi Câmara, até à transferência da sede de município para Azambuja. A GNR esteve durante várias décadas neste edifício e havia ainda uma parte que servia de garagem para os automóveis; e cavalariças se quisermos recuar mais anos atrás. Hoje em dia serve de arrecadação para as atividades das coletividades. José Avelino realça que desde que entrou para a junta que tem tentado dinamizar o espaço seja com exposições, seja com feiras do livro, exposições de pintura e artesanato. A junta aguarda agora que a Câmara efetive o protocolo

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Casa da Câmara foi o único edifício acabado no tempo de Pina Manique que aguarda aprovação tendo em vista a dinamização do espaço que tem conhecido algum grau de degradação. “Fala-se em trazer para aqui a exposição do Pina Manique, ou até a biblioteca, ou o museu etnográfico que está atualmente noutro local. Se fosse transferido para aqui seria mais fácil abrir à população ou a quem quisesse visitar o espólio”, refere Avelino que conta que já se pensou em candidatar este edifício aos fundos comunitários mas esta é uma intenção que nunca saiu do papel. A junta “tem feito alguma pressão, até ao nível de conseguirmos obras quanto à iluminação e às paredes. O próprio telhado tem metido alguma água e seria importante darmos dignidade”. Na opinião do presidente, conseguir-se a abertura desta casa seria visto como algo muito positivo para a população. O presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, refere ao Valor Local que a autarquia tem vontade de dar finalmente um empurrão ao projeto de dar nova vida a este edifício até conforme constava já do seu programa eleitoral. A ideia é neste momento criar um Centro Interpretativo de Pina Manique e Centro Cultural da Casa da Câmara em Manique do Intendente. “Já estamos a trabalhar neste projeto querendo fazer também uma ligação entre a Cultura e o Desporto através de uma idealização de rotas de caminhadas que passam pela visita ao local”. O projeto passará ainda por percursos a pé igualmente por outros locais daquela união de freguesias no Castro e na Maçussa. A ideia é no fundo dinamizar “o turismo rural” ancorado nesta futura vertente cultural. “A lógica é desenvolvermos algo semelhante ao que já foi feito em Vale do Paraíso com Cristóvão

Colombo; ou D. João I em Alcoentre, e neste caso criarmos ali uma centralidade para a figura do Pina Manique”. Neste momento o projeto baseia-se para já em ideias entre o executivo. Quanto a fundos comunitários, refere que “estamos a fazer já essa prospeção para podermos aferir desse enquadramento”. “Se não conseguirmos terá de ser a Câmara a suportar porque aquele património é nosso”. O autarca sublinha que as ideias para o local até têm surgido, mas refere que a GNR depois de ter abandonado o edifício demorou a dar a chave. Assistiu-se a alguma degradação do local, e inclusivamente retiraram do interior os sanitários, e a cozinha que existia também teve de sofrer obras. No primeiro andar junto às salas que

serviam de camaratas alguns espaços interiores já revelam algum

grau de perigosidade com a degradação a tomar conta de um

espaço privilegiado fechado há quase 10 anos.


16 Dossier: Águas

Valor Local

Dezembro 2017

Câmara de Arruda investe 200 mil euros na rede de água município de Arruda dos Vinhos vai aplicar uma verba cujo valor se situará um pouco acima dos 200 mil euros, nos próximos dois anos, para investimento nas redes de água, tendo em conta que este é o município que regista um maior volume de perdas de água dos concelhos do Oeste, cerca de 50 por cento, avança o jornal Chafariz de Arruda. O presidente do município refere, que esta é uma área que se tem revelado como “um calcanhar de Aquiles” do município, e este investimento na sua opinião não tem paralelo na história mais recente da atividade da Câmara. “Chegamos a um ponto que é fruto de várias décadas de desinvestimento nas redes de água neste setor”, refere. Apesar do investimento de alguma monta, André Rijo garante que pelo menos nos anos mais próximos, a conta da água não vai aumentar além da inflação, embora alerte que o paradigma da água barata já é passado. O défice tarifário e os prejuízos neste domínio chegam, segundo as contas do autarca, a 300 mil euros por ano, e por isso “é hora de deixar de enterrar a cabeça na areia como a avestruz”. A nível nacional, os melhores exemplos andam nos 12 a 15 por cento de perdas de água. Os prejuízos nesta área no concelho dizem ainda respeito a consumos de água não faturados como de resto vinha acontecendo até

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Perdas de água são assinaláveis neste concelho

esta altura com os bombeiros de Arruda que não tinham contador de água, ou seja “havia ali 250m3 de água por mês que andavam a ser contabilizados como perda, embora não o fossem na realidade”. Nesta altura, a autarquia está a proceder à colocação de contadores nesta associação bem como noutras, mas também nos equipamentos públicos municipais como o pavilhão. Com isto, estes 50 por cento, e só com a colocação dos contadores já poderão baixar para os 45 ou 43 por cento, segundo o autarca.

Contudo o investimento que a Câmara vai lançar para o ano, (e que espera ver aprovado pela assembleia municipal em dezembro), servirá para ações de correção cirúrgica das ruturas nas condutas, nomeadamente, nas zonas rurais, de mais difícil deteção, e que passarão a ser monitorizadas de forma mais eficiente através do sistema da telemetria – “Isto vai permitir que controlemos ao minuto a água que está a entrar no reservatório e a que está a sair, conseguindo seccionar os consumos e a medição da rede”, diz acrescentan-

do que assim será possível “determinarmos em que setores estaremos a perder mais água”. Seguidamente, será elaborado um plano de ação que “nos permita estancar as ruturas onde a ‘hemorragia’ for mais forte e fazer uma caracterização da rede através de um estudo”, ilustra. Substituindo-se por conseguinte as condutas que estiverem danificadas. “Queremos que 2018 seja o ano zero no combate ao desperdício da água”. O autarca traça o objetivo de chegar ao fim do mandato nos 20 a 25 por cento. No final de 2018, o autar-

ca prevê reduzir em cerca de 10 a 15 por cento as perdas na rede, depois da implantação do projeto. Face a este quadro, o autarca prefere não atirar eventuais culpas deste cenário à possível falta de investimento em alta da extinta empresa intermunicipal “Águas do Oeste” mas sobretudo ao município, porque “como sabemos este tipo de obras nem sempre são rentáveis do ponto de vista político leia-se votos”. O autarca refere que esta foi sobretudo uma opção política de direcionar o investimento para

esta área nos dois primeiros anos de mandato. Apesar de integralmente suportado pelo município, no futuro a Câmara espera que a União Europeia liberte verbas do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR), “mas só o fará se antes houver investimento”. Em 2018, garante o autarca, o tarifário será atualizado apenas na sua componente variável, à taxa de inflação estimada para o ano que vem que será de 1,4 por cento segundo o Orçamento de Estado. As componentes fixas da fatura que chega a casa do cidadão serão mantidas. Em perspetiva estará a criação de uma empresa intermunicipal para a gestão da água, depois de falhado o modelo da Águas do Oeste. André Rijo é entusiasta da ideia, a par com outros municípios da região. Outros ainda não estarão motivados. A procura de escalas será um dos motivos que poderá alavancar a constituição dessa empresa. Numa das últimas reuniões de Câmara foi ainda aprovada por unanimidade uma recomendação do vereador da oposição PSD, Luís Rodrigues, tendo em conta a necessidade de poupança de água, possíveis soluções, e a necessidade de obras. Parte desses objetivos já tinham sido traçados pelo executivo que nessa mesma reunião deu a conhecer os projetos em curso.

Águas da Azambuja entrega cheque de 1500 euros à Casa Mãe empresa Águas de Azambuja vai entregar à “Casa do Pombal – A Mãe” uma verba de 1500 euros resultante de uma campanha que decorreu junto dos consumidores e espera assim contribuir para um natal um pouco mais feliz naquela instituição. A IPSS ligada à Paróquia de Aveiras de Cima é uma obra do Padre António Cardoso e acolhe crianças em risco de todo o país. Esta é uma obra com uma dezena de anos, mas que em pouco tempo já faz a diferença na vida destas crianças.

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Desta vez a Águas de Azambuja prepara-se para entregar em cerimónia pública a realizar esta quarta-feira, 20 de dezembro, cerca de 1500 euros. A verba, segundo a administração, foi recolhida através da adesão dos clientes ao débito direto. Segundo a administração da empresa ao Valor Local, “por cada adesão ao débito direto ou à fatura digital a Águas da Azambuja doou um euro à Casa do Pombal –a Mãe”, “uma verba significativa se tivermos em conta o universo dos consumidores azambujenses e o facto de o dé-

bito direto ser uma opção recentíssima da empresa.” De acordo com a ADAZ, a Casa Mãe foi escolhida em parceria com o município de Azambuja. A administração fala numa campanha de adesão com sucesso e admite que no futuro não estão de lado campanhas semelhantes. Já quanto a outros destinatários, a empresa refere que nenhuma situação está fora de hipótese, mas assegura que no futuro terão de ser avaliadas “em função da realidade e do tipo de campanha”.

Padre António Cardoso é um dos rostos da Casa do Pombal a Mãe


Valor Local

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Dossier: Águas 17

Águas do Ribatejo inaugura duas ETAR e anuncia empreitadas de 6 Milhões de Euros A empresa intermunicipal Águas do Ribatejo assinalou o seu 10.º aniversário, no dia 13 de dezembro, com a inauguração de duas estações de tratamento de águas residuais (ETAR) em Samora Correia e em Benavente e o anúncio de novas empreitadas nos concelhos de Torres Novas, Almeirim e Benavente com um investimento superior a 8 Milhões de Euros. aniversário da empresa, criada há 10 anos exclusivamente com capitais dos municípios que aderiram para gerir os sistemas de abastecimento de água e de saneamento duma área que abrange uma população de 150.000 pessoas, foi assinalado com uma sessão que contou com a presença dos antigos presidentes das Câmaras Municipais de Benavente, Coruche, Alpiarça e Chamusca, alguns dos protagonistas na génese do projeto. Na mesa redonda participou também o secretário executivo da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, António Torres que foi apelidado como “o pai da criança” dado o seu empenho na condução técnica do processo de criação da empresa municipal. “Foi um parto muito complicado. Uma longa maratona com muitas pedras no caminho, mas o tempo veio dar-nos razão”, disse António Torres. A sessão da manhã teve ainda as participações do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, do presidente da ERSAR (entidade reguladora), Orlando Borges, do ex-ministro do Ambiente (20052009) Francisco Nunes Correia e do presidente do Grupo de Apoio ao PENSAAR 2020, Diogo Faria de Oliveira. Na plateia cerca de centena e meia de entidades representadas pelos seus gestores e técnicos. Samora Correia foi por um dia, a Capital Nacional da Água. Em dia de aniversário, a prenda foi o anúncio da aprovação de duas novas candidaturas financiadas pelo POSEUR PORTU-

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Lançamento da primeira pedra da nova etar do Porto Alto GAL2020 para empreitadas a realizar nos concelhos de Almeirim e Torres Novas. Várias pistas foram lançadas durante o debate quanto ao futuro do setor em que muito se fez em matéria de qualidade da água que bebemos mas em que continuamos aquém no que respeita à necessidade de substituição de condutas de água. Será de acordo com Faria de Oliveira, técnico afeto ao programa governamental PENSAAR 2020, uma tarefa muito séria a fazer no futuro e que de-

morará décadas tendo em conta as debilidades da rede de águas. Mas ao contrário do que seria de esperar, o setor das águas é na sua generalidade eficiente em Portugal. Os dados se assim podemos dizer ficam de certa forma mascarados tendo em conta a existência de sistemas altamente eficientes como os dos grandes centros e também da Águas do Ribatejo, por oposição ao que é regra em zonas onde essa eficiência parou há muito no tempo. As perdas de água são por outro lado

outro dos grandes objetivos que também aguarda o setor. Após o almoço, a comitiva seguiu para o lançamento da prime ira pedra da Nova ETAR de Samora Correia que vai servir uma parte significativa da freguesia contemplando tratamento para os efluentes domésticos e industriais. A obra, que inclui as estações elevatórias e condutas, está orçada em mais de 4,6 milhões de euros e deverá ser inaugurada no primeiro trimestre de 2019. O secretário de Estado do Am-

biente, Carlos Martins comprometeu-se a participar na inauguração após o enchimento do primeiro caboco da obra com a ajuda dos presidentes da AR e do Município de Benavente e da vogal do Conselho de Administração da Águas do Ribatejo. O presidente da Câmara de Coruche e do Conselho de Administração da Águas do Ribatejo, Francisco Oliveira, disse que os investimentos nas ETAR da Murteira e da Quinta do Papelão, inauguradas nesta tarde e aquele que teve

o lançamento da primeira pedra — a ETAR de Samora Correia— se inserem no esforço de recuperar o “défice de cobertura” em matéria de saneamento, uma vez que a região está “razoavelmente bem dotada” em termos de abastecimento de água. A Águas do Ribatejo integra os municípios de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Chamusca, Coruche, Salvaterra de Magos e Torres Novas numa área territorial de 3240 km2 e um universo de 150 mil consumidores.


18 Opinião

Valor Local

O futuro cultiva-se no presente stamos no meio de uma revolução silenciosa; um triunfo da criatividade, do espírito empreendedor da humanidade através do mundo. Estou convencido que o seu impacto no seculo XXI igualará ou excederá o que teve a revolução industrial nos séculos XIX e XX.” Jeffry Timmons (1942-2008) in the Entrepreneurial Mind, 1989. De acordo com as informações que nos chegam, todos os dias, provindas dos mais diversos meios de comunicação social, Portugal e alguns dos seus atores estão em espaços de relevância mundial, quer seja, em relação à forma como as pessoas vindas dos mais diversos locais do mundo olham para o nosso País, quer em eventos mundiais que acontecem no nosso país e ainda no que se refere aos cargos que são ocupados por concidadãos a liderar organizações mundiais. Esta onda que assolou positivamente nos últimos anos, deve-se a uma multiplicidade de competências e habilidades próprias de um

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País com cerca de 900 anos de história. Será interessante perceber qual é o denominador comum ou descobrir um padrão que unifique todas estas ações e eventos que acontecem e bem, num curto espaço de tempo. A descoberta ou reconhecimento de padrões é cada vez mais essencial numa sociedade em constante mudança, por vezes, vertiginosa. Um cidadão empreendedor que pretenda colocar uma ideia em prática deve reconhecer o padrão que permita criar um produto, serviço ou modelo que tenha o potencial para se desenvolver e crescer. Esse padrão são as competências relacionais naturais dos portugueses. Um valor intangível que se converte em tangível na forma destacada como Portugal aparece, sendo em alguns temas, o centro estratégico da Europa. E em relação à Azambuja? Um Concelho com atributos naturais e estruturais que permite alocar um tecido industrial de excelente qualidade e diverso. Estando Portugal no “olho do fura-

cão” do panorama internacional, que competências e habilidades devem os municípios promover e potenciar para tornar longa a “onda” que assolou o nosso País? E sobretudo como capitalizar este enorme ativo intangível em cidadãos “gazela”? As pessoas esperam e desejam cada vez mais fazer parte das decisões tomadas sobre a sua cidade e estar ainda mais envolvidos de forma directa na transformação das suas cidades. É consensual aceitar que passámos de uma economia industrial para uma economia do conhecimento e que hoje vivemos uma economia criativa. A chave é a criatividade! Como afirmou, Richard Florida, a melhor forma de prever o futuro é criá-lo. As escolas são locais essenciais e estruturantes de qualquer sociedade moderna. Um espaço onde todos podem ser intervenientes ativos, catalisadores para um mundo melhor e sustentável, ajudados por heróis silenciosos, como é o caso,

Dezembro 2017 Rui Pinto*

dos seus professores, onde toda uma comunidade interage de forma a termos melhores e mais bem preparados cidadãos. As escolas do Concelho de Azambuja, têm ao longo dos tempos, revelado um olhar atento para além das paredes do espaço escolar e têm motivado os seus alunos para projetos nacionais e internacionais. Este é um fator essencial para que os jovens do Concelho percebam o contexto onde se vão inserir. Mais do que dar soluções, as escolas devem ensinar a colocar as questões certas. Temos professores que conseguem chamar a atenção dos seus alunos para o desenvolvimento de atividades de experimentação, assegurando que a pedagogia é baseada na prática, na ação e em projetos educativos centrados na resolução de problemas, com aplicação prática e em responsabilidade individual. Defendo que o maior desafio que temos pela frente enquanto defensores de um concelho voltado para o cidadão é alocar nas escolas as competências relacionais. Escutar

ativamente, comunicar de forma clara e persuasiva. As escolas devem promover projetos experienciais, em equipa, simulando situações reais e ajudando a desenvolver mecanismos que permitirão atingir melhores resultados. “Olhar o mundo com novas lentes e estimular mentes curiosas.” Passar do modelo de respostas para o modelo das perguntas e desenvolver um cenário de aprendizagem… (Cunha). O diálogo entre câmaras, escolas e tecido empresarial deve assentar em dinamizar e investir em projetos nas escolas que envolvam uma cultura de empreendedorismo, enquanto processo catalisador de mais criatividade, inovação, crescimento e desenvolvimento, como forma de promover uma cultura mais inovadora e empreendedora. Estes projetos procuram despertar entre os mais jovens as competências e hábitos empreendedores, tornando-os mais proativos, resilientes e dispostos a assumir riscos, mostrando-se assim mais preparados para fazer face

aos desafios crescentes de uma sociedade em mudança. Dotar os alunos das competências de um futuro empreendedor, tornando-os (a “eles próprios”) protagonistas do seu próprio futuro. O desenvolvimento económico de um Concelho tão relevante como o de Azambuja, deriva do que for investido na melhor e maior qualidade dos seus cidadãos, nomeadamente nas faixas etárias mais jovens. As indústrias, nomeadamente, as inovadoras e criativas vão para os locais onde floresce esta massa crítica de enorme valor intangível. Estamos envolvidos com enorme paixão na procura dos melhores processos que permitam acelerar este crescimento. Construir o futuro em torno da Inovação. *(inovaempre@cm-azambuja.pt)

Produtos-milagre: o “novo” nome da “banha-da-cobra” Mário Frota*

Eis os produtos-milagre Panaceia universal Da “raspa” ao “óleo” de bagre Tudo “marcha” em Portugal! correu-nos tornar aos “produtos-milagre” que com o “assentimento” das autoridades públicas passam incólumes no pequeno ecrã. Com efeito, ninguém parece resistir aos efeitos miraculosos dos “cogumelos” que se insinuam como que dando mais “tempo” à vida e mais “vida” ao “tempo”… E a produtos quejandos que irrompem com uma força tal nos meios de maior impacte que o universo-alvo crê tratar-se de “remédios para todos os males”… autêntica “panaceia universal”! Quer se calcem de fantasmagorias quer trinem como nos anún-

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cios dos elixires da juventude… E daí a que (in)cautos “abram os cordões à bolsa” vai um minúsculo passo… A lei, com efeito, proíbe-os. Mas os intrincados passos de dança entre entidades com competências para o reprimir deixam perplexos os mais zelosos dos escrutinadores. O Código da Publicidade proibiaos num dos dispositivos aditados em 1998 e revogado, entretanto, em 2008: “1 - É proibida, sem prejuízo do disposto em legislação especial, a publicidade a bens ou serviços milagrosos. 2 - Considera-se publicidade a bens ou serviços milagrosos, para efeitos do presente diploma, a publicidade que, explorando a ignorância, o medo, a crença ou

a superstição dos destinatários, apresente quaisquer bens, produtos, objectos, aparelhos, materiais, substâncias, métodos ou serviços como tendo efeitos específicos automáticos ou garantidos na saúde, bem-estar, sorte ou felicidade dos consumidores ou de terceiros, nomeadamente por permitirem prevenir, diagnosticar, curar ou tratar doenças ou dores, proporcionar vantagens de ordem profissional, económica ou social, bem como alterar as características físicas ou a aparência das pessoas, sem uma objectiva comprovação científica das propriedades, características ou efeitos propagandeados ou sugeridos. 3 - O ónus da comprovação científica a que se refere o número anterior recai sobre o anunciante.

4 - As entidades competentes para a instrução dos processos de contra-ordenação e para a aplicação das medidas cautelares e das coimas previstas no presente diploma podem exigir que o anunciante apresente provas da comprovação científica a que se refere o n.º 2, bem como da exactidão material dos dados de facto e de todos os benefícios propagandeados ou sugeridos na publicidade. 5 - A comprovação científica a que se refere o n.º 2 bem como os dados de facto e os benefícios a que se refere o número anterior presumem-se inexistentes ou inexactos se as provas exigidas não forem imediatamente apresentadas ou forem insuficientes.” Em substituição, um texto mais enxuto, mas tão abrangente

quanto, emergente da União Europeia e transcrito em 2008 na Lei das Práticas Comerciais Desleais: “São consideradas enganosas, em qualquer circunstância, as seguintes práticas comerciais: … Alegar falsamente que o bem ou serviço é capaz de curar doenças, disfunções e malformações.” As práticas persistem… As Ordens dos Médicos e dos Farmacêuticos já vieram a terreiro denunciar os efeitos catastróficos dos produtos-milagre que continuam a ser publicitados, sem rebuço, entre nós… E a insurgir-se, com base em estudos científicos, contra marcas e produtos.

Em vão, porém! As Ordens nada podem contra as Hordas que tudo desregulam, dominando o mercado com os “maravedis” que com facilidade arrecadam porque a “banha-dacobra” e seus vendedores são mais convincentes que a razão e a ciência… Valerá a pena insistir? Com as autoridades (na forma) a dormir? * apDC – DIREITO DO CONSUMO


Valor Local

Dezembro 2017

Balanço hegados ao fim de mais um ano importa agora fazer um breve balanço sobre o que foram estes últimos 12 meses. Com efeito este foi um ano de crescimento a todos os níveis. Crescemos em número de exemplares distribuídos, chegando à média de oito mil por edição, crescemos em leitores e crescemos ao nível dos clientes. É certo que existe um clima mais propício ao investimento, mas

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esse investimento não aumentava, caso o valor Local não fosse apelativo, tanto ao nível estético como ao nível dos conteúdos. Uma das razões está relacionada com a tenacidade das reportagens que apresentamos. É nossa política ter um jornal com notícias. Para tal é preciso ir aos locais, falar com as pessoas, porque estar sentado em frente ao Facebook e aguardar que as notícias apareçam, não faz o nosso

Miguel António Rodrigues

género. Desde 2013 que o Valor Local vai ao terreno e é no terreno onde ouvimos as mais variadas histórias, fazendo delas as notícias que todos os meses são lidas no jornal ou no nosso site de forma diária. No entanto, também podemos atribuir grande parte do sucesso à autonomização do projeto, que desde fevereiro voou por conta própria, deixando para trás outros

tantos quatro anos. No próximo ano, 2018, o Valor Local assinala cinco anos de edições regulares. Nesse sentido vamos promover uma série de atividades. Ao mesmo tempo vamos rever todos os meses as histórias mais marcantes dos últimos cinco anos que nos foram contadas por cidadãos, ou vamos saber o que é feito de projetos, casos, e realidades das quais demos conhecimento nestas pági-

Honrar o passado, compreender o presente e preparar o futuro umpriram-se no passado dia 12 de dezembro quarenta e um anos sobre as primeiras eleições autárquicas livres realizadas em 1976. Afirmou-se, sem discussão, a partir dessa data, a

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democracia representativa baseada na legitimidade eleitoral dos órgãos do poder administrativo, nomeadamente do poder local, estabelecendo-se eleições genuinamente democráticas.

Opinião 19

Esta foi, sem dúvida, uma importante mudança, imprescindível para a consolidação democrática e para a modernização social, económica e cultural do nosso País.

Presentemente o ano de 2017 fica assinalado pelas eleições autárquicas do passado mês de outubro com a reeleição do Partido Socialista para conduzir o futuro da Câmara Municipal de Vila

nas. Algumas histórias tiveram um desenrolar feliz, outras nem tanto. É importante saber, por isso, como estão alguns dos nossos entrevistados e assuntos, que abordámos e que agora queremos recordar. Por último, resta-me em nome de toda a equipa, desejar umas Santas e Boas Festas e a todos os que ajudaram a crescer este projeto, não deixado de incentivar

quem tem uma história para contar, porque como é evidente, poderão sempre contar connosco.

Luís Monteiro

Franca de Xira, devendo ser enaltecida também a grande conquista alcançada através da eleição da Manuela Ralha para o executivo municipal (como independente) – a primeira pessoa em cadeira de rodas com funções executivas, como vereadora, numa autarquia em Portugal – uma mudança pioneira que servirá certamente para alterar o estigma existente atinente às pessoas com deficiência, demonstrando que todas e todos somos válidos, dando um verdadeiro significado à palavra inclusão. 2017 fica também marcado pelos investimentos da Câmara no Município de Vila Franca de Xira e que foram repartidos por todo o Concelho pelas várias áreas de atividade municipal, designadamente espaço público; educação; solidariedade; desporto; património histórico e cultural; segurança e saúde pública, permitindo assim a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar das populações. Na última reunião extraordinária e pública da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira ficou demonstrado, com a aprovação do Orçamento Municipal para 2018 e grandes opções do plano para 2018/2022, que a situação financeira da Câmara Municipal e dos SMAS continua sólida e estável, e a estratégia de investimento definida foi concretizada permitindo encarar o novo ano com confiança no que diz respeito ao futuro do Concelho. Assim, é importante destacar al-

guns investimentos de grande relevância que serão desenvolvidos no Município já em 2018, em todas as freguesias, nomeadamente no que concerne à limpeza e higiene urbana; ao reforço das ilhas ecológicas; à requalificação, conservação e melhoria da rede viária municipal; à requalificação do espaço público e reforço das acessibilidades pedonais; à criação de uma rede de ciclovias municipais; à integração de comunidades desfavorecidas; projetos de solidariedade; educação; aos projetos de qualificação ambiental; bem como às reparações de instalações e equipamentos municipais. Ao nível dos impostos municipais é importante também frisar e enaltecer que o IMI no Concelho continuará com a percentagem mais baixa permitida por lei, ou seja, 0,3%. Estou certo que de modo a garantir a continuidade do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo Partido Socialista todas e todos são importantes – dos Cidadãos às Associações, Instituições, Escolas e Empresas Locais – e todos devemos sentir-nos convocados para ajudar na construção de um futuro Municipal com mais igualdade de oportunidades, mais sustentável e com maior qualidade de vida, num Concelho que será certamente mais participado, inclusivo, competitivo e solidário.


20 Opinião

Valor Local

Recuperar o património recuperação de Património é um tema que me apraz particularmente. Qualquer espécie de Património, seja ele o natural ou o edificado, representem valores urbanos ou naturais, traduzam-se ou não em material ou imaterial. Sim, porque coisas que são próprias duma comunidade, os seus usos e costumes tradicionais, o seu cancioneiro popular, a gastronomia, embora não representem nada em termos físicos, são seguramente, também, um Património a preservar, valorizar e divulgar. Começo, contra o que é o meu costume, por felicitar o Valor Local

que me desculpem os que me leem regularmente e sabem que, nas minhas crónicas anteriores, tenho sempre omitido qualquer referência ao facto de ter sido presidente da Câmara Municipal de Azambuja. Mas neste caso, tenho que forçosamente referir-me às funções que desempenhei, pois os meus Executivos deram sempre uma importância estratégica à recuperação do Património, público ou privado e, na verdade, recuperámos todos os monumentos mais ou menos arruinados que eram ou puderam vir a ser propriedade do Município (e foram vá-

nique do Intendente. Pena foi não termos conseguido que o Estado assumisse as suas obrigações naqueles que são sua propriedade. Eu penso que há dois tipos de “património” edificado: os que se enquadram no primeiro tipo são estruturas que podem ser classificadas de interesse nacional ou municipal, sejam eles monumentos ou edifícios públicos e mesmo edifícios privados com particular relevância arquitectónica ou histórica. Em situações destas, se a propriedade é pública, admito todas as possibilidades de intervenção, com prioridade para o investimen-

para ver – ninguém imagina utilizar a estátua do Marquês de Pombal para nada-…bem, parece-me que o exemplo foi mal escolhido porque os futebóis até o Marquês beliscam… Mas edifício monumental recuperado e não utilizado, ao fim de uns anos está em estado semelhante e, entretanto, não serviu para nada. É por isso que me “dá gozo” ver as iniciativas que se desenvolveram e decorrem na Escola Grandela de Aveiras de Cima, que funciona como biblioteca e centro de animação cultural, ou assistir às atividades sociais e culturais do

por ter enveredado por esta temática da preservação do Património, que não é digamos, um dos campos preferidos da Comunicação Social, por ser pouco dado a sensacionalismos e tricas. Vou restringir-me, neste artigo de opinião, ao Património edificado. E

rios). Em abono da verdade, tal processo já vinha de Executivos anteriores. Lançámos também as bases para a recuperação do edificado privado, criando as Áreas de Reabilitação Urbana (ARUS), numa primeira fase em Azambuja e Ma-

to público. Mas a experiência de mais de quarenta anos em Câmaras diz-me que tem que lhe ser dada uma utilização. A utilização duma estrutura destas é tão importante como a iniciativa da sua recuperação. Excluindo, naturalmente os Monumentos que são só

também recuperado Palácio do Conselheiro Frederico Arouca ou do Convento das Virtudes (que até Vacaria foi em tempos idos…). Como referi, admito todo o tipo de metodologia para este tipo de reabilitações, que vão desde o investimento público puro, ao mecena-

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Dezembro 2017 Joaquim António Ramos

to, às parcerias com privados ou até à concessão a privados com obrigação de reconstruir ou reabilitar. Foi assim que foi feito, por exemplo, na Escola Grandela de Tagarro ou no Palácio Frederico Arouca, em Alcoentre. A talhe de foice: incomodar-me-ia que o núcleo central do Forte de Peniche fosse entregue a um privado e não aquilo que é hoje, um Museu da Resistência. Mas nos espaços anexos, não me incomodava nada que fosse concessionado um hotel privado – com as devidas obrigações de preservar e recuperar o público e o privado. O Estado tem uma dupla missão por cumprir quando estes monumentos edificados são propriedade de privados. Por um lado, criar legislação que evite que as guerras de heranças prolonguem indefinidamente a agonia de palácios, quintas históricas, edifícios muitas vezes até oficialmente classificados. Por outro, criar mecanismos fiscais (isenções) e financeiros (fundos perdidos, empréstimos bonificados), para permitir este tipo de intervenções. Não o tem feito ou tem-no feito de forma descoordenada e pontual. Mas há um segundo tipo de recuperação e reabilitação de património tão ou mais importante que o primeiro enunciado. É a recuperação de zonas abandonadas e degradadas de cidades e vilas. Nós assistimos nas últimas décadas a um fenómeno curioso – e desastroso – nas nossas vilas e cidades: foram-se esvaziando e caindo aos poucos no centro, enquanto na periferia cresciam como cogumelos blocos em altura. A explicação é fácil: para além de que reconstruir bem é mais caro do que fazer de novo em altura, as necessidades modernas não se coordenam com a dimensão que essas pequenas casas dos centos das vilas e cidades têm. Dantes havia muita vida em pequenas áreas; hoje, vive-se pouco em grandes salas e quartos de apartamentos periféricos. Também aqui é necessária a

mão do Estado e, neste caso particular, alguma coisa tem sido feita, nomeadamente com a simplificação burocrática e os benefícios fiscais que a criação de Áreas de Reabilitação Urbana vieram trazer. Aliás, isso já é visível, por exemplo, aqui no centro de Azambuja. Mas é preciso ir mais longe. Em minha opinião e, particularmente nesta época de pressão sobre a habitação, dada a sua escassez, há que tomar medidas profundas, para além de alargar a simplificação e os benefícios fiscais actuais. É preciso que se crie legislação urbanística que facilite e promova a união de artigos matriciais nos nossos centros históricos, a fim de se reconstruir, sim, mas com a dimensão que actualmente se exige. Só assim será possível competir com os apartamentos que circundam as nossas terras. É preciso que se criem outros fundos financeiros (que eu saiba, só há um tal Programa Jessica e não conheço ninguém que dele tenha beneficiado) para que a reconstrução seja viável. Sem esses estímulos financeiros, a grande maioria dos proprietários não tem capacidade financeira para promover a reabilitação do seu património. Poderão alguns questionar a que título é que o Estado vai participar na reconstrução dum edifício privado. E porque não? – respondo eu-, a recuperação dos nossos centros históricos não é um bem público? Não há tanta gente a viver em casas “de borla”? Julgo, sinceramente, que só com medidas corajosas aos níveis referidos poderemos, sustentadamente, inverter esta tendência de abandono dos centros das nossas vilas e cidades e subverter a sua gradual ruina.


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Valor Local

Divulgação 21

Os conteúdos são da exclusiva responsabilidade da ACISMA - Associação, Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja

Ano Europeu do Património Cultural 2018 Por proposta da Comissão Europeia o Parlamento Europeu adotou a Decisão que estabelece 2018 como o Ano Europeu do Património Cultural (AEPC 2018). O AEPC 2018 é enquadrado pelos grandes objetivos da promoção da diversidade cultural, do diálogo intercultural e da coesão social, visando chamar a atenção para o papel do património no desenvolvimento social e económico e nas relações externas da União Europeia. Objetivos O AEPC 2018, pela sua escala e pelo contexto de mudanças que se vivem na Europa, será um momento importante para chamar a atenção não só para as oportunidades que o Património Cultural oferece, mas também para os imensos desafios que hoje se colocam – a globalização, o desenvolvimento acelerado da utilização de novas tecnologias de informação e comunicação, as crises de valores e de identidade, as alterações climáticas e os conflitos, as pressões e contradições geradas pela cada vez maior mobilidade humana por todo o planeta. De acordo com o documento proposto pela Comissão Europeia ao Parlamento Europeu, são objetivos gerais do AEPC 2018, em síntese, incentivar e apoiar, designadamente através do intercâmbio de experiências e boas práticas, os esforços da União Europeia, dos Estados-Membros e das autoridades regionais e locais, para proteger, valorizar e promover o património cultural europeu, referindo em especial: * património cultural como um elemento importante da dimensão internacional da União contribuir para a promoção do papel do património cultural europeu enquanto elemento central da diversidade e do diálogo interculturais; * potenciar o contributo do património cultural europeu para a economia e para a sociedade, através do seu potencial direto e indireto; * contribuir para a promoção do Europeia. Os objetivos específicos apontam fundamentalmente para: * incentivar uma abordagem centrada nos cidadãos, inclusiva, prospetiva, integrada e transetorial; * promover modelos inovadores de governação e de gestão a vários níveis do património cultural que envolvam diferentes partes interessadas; * promover o debate, as atividades de investigação e de inovação, de intercâmbio de boas práticas; * realçar o contributo positivo do património cultural para a sociedade e para a economia; * promover estratégias de desenvolvimento local na perspetiva da exploração do po-

tencial do património cultural através da promoção do turismo cultural sustentável; * apoiar o desenvolvimento de competências especializadas e a transferência de conhecimento; * promover o património como fonte de inspiração para a criação contemporânea e a inovação; * sensibilizar para a importância do património cultural europeu através da educação, visando em especial os jovens e as comunidades locais; * realçar o potencial da cooperação internacional no domínio do património cultural para o fortalecimento dos laços com países fora da União Europeia; * incentivar o diálogo intercultural, a reconciliação após conflitos e a prevenção de conflitos; * promover a investigação e a inovação no domínio do património cultural; * Incentivar sinergias entre a União Europeia e os Estados Membros, incluindo o reforço na prevenção do tráfico ilícito de bens culturais. De igual modo é também muito relevante a associação temática do AEPC 2018 com o ambiente, o património natural, as alterações climáticas e os problemas daí decorrentes para o património cultural, aspeto crucial para o futuro do património. O Ano Europeu do Património Cultural 2018 em Portugal envolverá domínios muito diversificados. Espera-se que muitas entidades públicas e privadas, associações e organizações não-governamentais promovam projetos e atividades com objetivos, escalas e caraterísticas distintas. Incentiva-se, em particular, os museus, palácios, monumentos, municípios, fundações, associações de defesa do património, associações de profissionais do setor patrimonial e museológico e outras organizações da sociedade civil de todo o país a associarem-se ao Ano Europeu do Património Cultural. A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), em articulação estreita com o Coordenador Nacional do AEPC 2018 em Portugal e com outras entidades no âmbito da tutela do Ministério da Cultura, disponibiliza o site http://anoeuropeu.patrimoniocultural.gov.pt/ e uma página no Facebook dedicados ao Ano Europeu do Património Cultural 2018, através dos quais a DGPC procurará assegurar uma ampla divulgação de atividades, com caráter aberto e dinâmico. As entidades interessadas em incorporar a programação dos seus projetos na plataforma integrada no site deverão entrar em contacto com a DGPC, através do endereço anoeuropeu-patrimoniocultural2018@dgpc.pt ou telefonicamente através do nº de tel. 213614336. Fonte: D.G. Património Cultural


22 Negócios Com Valor

Valor Local

Dezembro 2017

Dinamismo e Confiança

Mário Simões lidera mercado imobiliário em Azambuja ário Simões e a sua equipa continuam a liderar o mercado imobiliário em Azambuja. Com efeito 2017 “foi sem dúvida o nosso melhor ano de sempre” já que o consultor atingiu um feito único e irá terminar o ano com mais de 100 transações imobiliárias. Não há, no entanto, segredos para o sucesso da sua equipa, que tem mostrado um profissionalismo e uma dedicação a este setor, que de resto tem sido algo reconhecido tanto pelo Grupo Remax Vantagem, como pela Remax Portugal e principalmente pelos clientes. Aliás, ao Negócios com Valor, Mário Simões reconhece que nesta altura grande parte dos clientes já é mais do que isso: “São amigos” e refere que acompanha as suas vidas de forma bastante familiar. Há casos onde é convidado para as festas de família, reconhecendo assim o seu empenho nos melhores negócios envolvendo-os em todo o processo. Além disso refere também que já acompanha várias gerações da mesma família, dos pais aos filhos, que muitas vezes mudam de

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habitação e que contam com a ajuda da sua equipa. “Já tenho a mãe que comprou. O filho que comprou, vendeu e voltou a comprar”, refere Mário Simões que aposta também na relação de confiança com os clientes, a qual já mantém há mais de 7 anos. Para o consultor, este processo “faz uma carreira”. “Acho que quando se consegue este nível de credibilidade, o processo já corre normalmente”. O consultor líder no mercado em Azambuja refere, no entanto, que o sucesso também se deve à sua equipa. “Desta fazem parte, para além de Mário Simões, o André, a Catarina e a Andreia e vamos terminar 2017 como o melhor ano de sempre” reforça. Todavia, o consultor espera que o próximo ano o mercado continue a crescer. Para tal também vai contribuir a abertura da nova loja da Remax em Azambuja. Esta é uma loja agregada à loja do Carregado, mas com todas as condições para receber clientes e tratar dos seus processos. Mário Simões que nos últimos

Mário Simões e equipa na recém-inaugurada loja da Remax em Azambuja anos tornou-se numa cara conhecida não só dos azambujenses, mas do país inteiro, com participação em vários programas televisivos a nível nacional, vai ter assim um local mais próximo, tendo em conta a necessidade, por exemplo de conseguir naquele espaço reu-

nir e tratar de toda a documentação dos seus clientes, e evitar idas ao escritório mais próximo, que neste caso é no Carregado. Mário Simões destaca, entretanto, que o Grupo Remax Vantagem tem mais de 20 lojas em várias localidades, e isso torna mais fácil a

interação com o cliente. Se for necessário encontrar-se com um cliente em Lisboa, rapidamente agenda uma reunião para a loja da Remax Vantagem mais conveniente, algo que não acontecia em Azambuja há perto de cinco anos, mas agora é uma ques-

tão que fica resolvida com a abertura deste espaço a Remax Planície, que se insere numa política de proximidade da empresa. De acordo com o consultor, à loja de Azambuja, juntam-se os novos espaços em Samora Correia, Sobral de Monte Agraço e Rio Maior.


Valor Local

Dezembro 2017

Cultura 23

Vasco Gargalo no epicentro do cartoon a nível internacional Miguel A. Rodrigues cartunista vilafranquense Vasco Gargalo tem vindo a somar pontos nos últimos anos. Mas foi durante 2016 e 2017 que Gargalo se tem evidenciado mais ao nível internacional. Em entrevista ao Valor Local, Vasco Gargalo explica que mantém, desde a última conversa com o nosso jornal em 2016, o foco na sua vida profissional “com a mesma atitude, muito trabalho, dedicação, persistência, perseverança”, mas acrescenta que é fundamental “a paixão por esta arte, que se mantém até aos dias de hoje”. O autor que desenha todos os dias diz sentir a necessidade de mostrar a sua perspetiva através do desenho: o outro lado das noticias, com humor e até mesmo com uma reflexão sobre esses acontecimentos, e refere que esta é uma outra forma de jornalismo, uma outra maneira de ver o mundo. Gargalo lembra que assumiu através dos seus desenhos, “um compromisso com o mundo” salientando igualmente a importância das redes sociais que têm um papel fundamental na divulgação e internacionalização do seu trabalho, reconhecendo que tal foi uma rampa de lançamento para esse percurso que tem vindo a traçar pela imprensa nacional e internacional. Vasco assume de resto uma atitude muito apaixonada e positiva com a sua profissão. Ser cartunista não é fácil, mas Gargalo já está ao nível dos melhores internacionalmente, e esse reconhecimento começou a ser mais visível em outubro de 2016 com um cartoon para assinalar os cinco anos da guerra na Síria, inspirado na obra

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Um dos trabalhos que contribuiu para internacionalização de Gargalo “Guernica” do Pablo Picasso. Vasco Gargalo diz que esse foi o momento de viragem da sua carreira internacional, tanto que esse mesmo desenho tem sido replicado na imprensa internacional e tem mesmo “sido objeto de estudo pelas universidades, jornalistas e escolas de todo o mundo”. Jornais como Basler Zeitung na Suíça, Moderne Tider na Dinamarca, Ouest France, e a Revista Sábado em Portugal, levaram a que outros órgãos também os publicassem, alguns online outros em papel. São os casos do jornais Liberation, The Guardian, Washington Post, Rolling Stones, e Al-Jazeera. A estes media juntam-se os jornais Diário de Noticias, jornal Público, Sapo 24, graças à internet. Refere Gargalo que o cartoon foi também partilhado na página de Andrew Stroehlein, European Media Director Covering human rights, media & conflict worldwide, e que isso lhe granjeou uma visibilidade que o próprio desconhecia, lembrando que tudo começou “num clique” e não tem parado até aos dias de hoje. Já neste ano, Gargalo soma con-

vites. Os seus trabalhos já foram expostos em Nantes, durante o Festival de Cinema Espanhol, e em julho noutra exposição em Le Puy en Velay em França no Museu Crozatier. “Em agosto fui convidado para uma exposição em Inglaterra”, refere acrescentando que o seu cartoon foi eleito um dos melhores cartoons do ano pelo jornal Politico.eu, e integrou o catálogo e a exposição do World Press Cartoon 2017. Vasco Gargalo é hoje um dos cartunistas portugueses com mais distinções nacionais e internacionais. O autor reconhece a importância dos prémios que já recebeu, mas lembra que “não existem prémios sem trabalho”. “Os melhores prémios que tenho recebido, são os jornais e as revistas que apostaram nas minhas publicações” mas adverte que não trabalha “para concursos e para prémios”. Por outro lado “trabalho para publicar cartoons/ilustrações na imprensa nacional e internacional e esse é o meu foco principal”. Para Gargalo, o reconhecimento dos editores, diretores editoriais e diretores de arte “é o melhor prémio que podemos receber, são

eles que fazem a história do meu trabalho”. Vasco Gargalo recorda entre outras as distinções que granjeou nos últimos meses, como são os casos do Concurso Internacional Aydin Dogan na Turquia, Concurso das Nações Unidas 2016, PortoCartoon (2016/2017). Por outro lado, lembra também o facto de ter integrado a exposição do World Press Cartoon 2017 e o Prémio Stuart 2009. Com colaborações regulares em jornais e revistas nacionais e estrangeiras, o cartunista diz que tem tido muito trabalho. Gargalo colabora regularmente com revista Sábado, onde tem um cartoon de opinião todas as semanas e com a revista D, do Correio da Manhã. Colabora pontualmente com o Jornal Expresso, com o Jornal I e com Le Monde Diplomatique edição portuguesa: Ao nível internacional, assina com a Courrier Internacional francesa, mais recentemente com o jornal grego Dromos. Noutras publicações colabora com o jornal europeu Politico. eu e com outras publicações internacionais. Quanto à inspiração, Gargalo assume que o seu trabalho “vive dos

conflitos internacionais” por isso refere que existe a necessidade de estar atento a essa realidade. O cartunista lembra que se expressa através do desenho e que por isso “estar próximo dessas realidades” é algo fundamental para o seu percurso. Na imprensa internacional, essa colaboração têm-se verificado com alguma regularidade nos últimos tempos, tornando o seu trabalho mais ativista, mais próximo desses conflitos, por vezes como se fossem “balas de papel”, “Sem esse propósito não fazia sentido desenhar” refere. Gargalo refere a necessidade de sentir esses conflitos: “Para conseguir desenhar sobre eles, estar informado e atento são ingredientes fundamentais para enriquecer o meu trabalho” e assume-se como “uma espécie de repórter do desenho”. “O desenho de imprensa tem essa força, consegue rasgar fronteiras, sem traduções, podendo ser publicado em qualquer parte do mundo, esse é talvez o seu grande impacto”.

Ao Valor Local, Vasco Gargalo diz que está longe do topo da carreira. Por outro lado refere que está seguir o seu caminho e a traçar o seu percurso com “assertividade e muita persistência”. “Nunca senti até ao momento que tenha chegado ao topo”. Gargalo é pragmático e afirma que essa análise só vai conseguir fazê-la no final da sua vida. “Quero olhar para trás e dizer que valeu a pena toda a dedicação que tenho vindo a desenvolver todos os dias” Continua a sonhar com o futuro, pois tem “muitos objetivos traçados, e vou continuar a trabalhar para tentar alcançar esses objetivos”. Quanto ao presente, Gargalo diz estar focado nos cartoons editoriais: “Este é o meu universo, como se fosse a minha missão, começo a ficar sem tempo para outro tipo de trabalhos, mas continuo a ilustrar livros para crianças e adultos”. Essa é outra vertente do trabalho de Vasco que lembra: “já são dez anos a ilustrar o universo das crianças, para crianças que ainda somos”.

Inaugurado o Centro de Documentação da Falcoaria Câmara Municipal de Salvaterra de Magos inaugurou no dia um de dezembro o Centro de Documentação “Joaquim da Silva Correia e Natália Correia Guedes”. A iniciativa assinalou o primeiro aniversário do reconhecimento pela UNESCO da prática da Falcoaria em Portugal como Património Cultural Imaterial da Humanidade, numa candidatura liderada pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos e apresentada em conjunto com a Universidade de Évora e a Associação Portuguesa de Falcoaria. A autarquia assumiu nesta candidatura a criação de um Centro de Documentação com o objetivo de investigar, adquirir e disponibilizar informação sobre a prática da Falcoaria e, ao mesmo tempo, promover e divulgar a Falcoaria Real de Salvaterra

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de Magos, mantendo atualizadas e disponíveis ao público as coleções que o venham a constituir. O novo espaço reúne, por isso, uma biblioteca, um arquivo e uma sala de leitura. No mesmo local funciona também a sede da Associação Portuguesa de Falcoaria e o Espaço Cátedra UNESCO. Na cerimónia de inauguração, o presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio, destacou a importância do Centro de Documentação para “todos aqueles que queiram estudar a arte da Falcoaria e a história do concelho”. Passado um ano do anúncio que consagrou a falcoaria de Salvaterra em Adis-Abeba, Etiópia, Hélder Esménio relembrou algumas peripécias daqueles dias em que a ansiedade era

muita para se conhecer finalmente o anúncio da UNESCO, como o facto de a comitiva portuguesa ter chegado atrasada “quando todos os outros países estavam à nossa espera”. Foram dias em que se roeram as unhas, e o nervosismo era muito. Pra trás tinham ficado muitos anos de investigação e a concretização de um sonho em realidade. O autarca salientou ainda que em 2013, o número de visitas à falcoaria rondava os três mil por ano, e atualmente chega aos 15 mil. Por seu turno, o presidente da Associação Portuguesa de Falcoaria, Pedro Afonso, agradeceu a cedência de espaço por parte da autarquia para a criação da sede da associação e sublinhou a mais-valia do novo Centro. “O facto de termos um Centro de Documentação sobre

Falcoaria em Portugal é um passo gigante, estamos na linha da frente do que de melhor se faz no mundo e é uma semente para o conhecimento, académico e não académico, sobre Falcoaria”, disse. Filipe Themudo Barata, representante da Universidade de Évora, felicitou a Câmara Municipal por esta aposta. “Não há muitos centros de documentação especializados como este”, referiu. Para Natália Correia Guedes, este centro “é um convite dirigido aos salvaterrenses que têm em casa documentos, objetos e memórias e que os devem oferecer à terra”. A criação deste Centro de Documentação vem fortalecer o registo assumido em 2014 de “Salvaterra de Magos - Capital Nacional da Falcoaria”, tornando

a Falcoaria Real num edifício que preserva a evolução histórica da falcoaria, aliando o conhecimento e a investigação à prática desta arte milenar cada vez mais ativa no nosso país. Fundamentação da atribuição do nome Centro de Documentação “Joaquim da Silva Correia e Natália Correia Guedes” Natália Correia Guedes, doutorada em Museologia, desempenhou vários cargos públicos, designadamente o de subsecretária de Estado da Cultura entre 1990 e 1991, quando se realizou a compra do Edifício da Falcoaria Real por parte da Câmara Municipal ao Conde Monte Real. Fundadora e presidente da Associação Portuguesa de Falcoaria é descendente dos falcoeiros

holandeses que se fixaram em Salvaterra de Magos no século XVIII, ao serviço da coroa portuguesa. Joaquim da Silva Correia, pai de Natália Correia Guedes, dedicou muito do seu tempo à pesquisa sobre a história de Salvaterra de Magos e sobretudo ao estudo da falcoaria, do edifício da Falcoaria Real e à descendência da sua esposa aos falcoeiros holandeses de Walkenswaard. O estudo e pesquisa de Joaquim da Silva Correia e Natália Correia Guedes deram origem à publicação de um livro em 1989 “O Paço Real de Salvaterra de Magos”, sendo até então uma das obras mais completas sobre a história da nossa vila. A doação de Natália Correia Guedes constituiu-se como o primeiro acervo documental recebido pela Falcoaria Real.



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