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Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 80 • 19 Dezembro 2019 • Preço 1 cêntimo Ambiente na 10 e 11
Valor Local
Vila Franca Centro: Fechou há seis anos mas os problemas continuam
População de Azambuja movimenta-se pelo fecho do aterro Ambiente na 12
Exclusivo: Pedro Ribeiro, da antiga Zubareia
Triaza faz tudo o que quer e Câmara é culpada no licenciamento das três células Entrevista Pedro Almeida, da SIVA
Antigos comerciantes a pagar IMI e sem acesso às suas lojas Destaque da 16 à 19
Empresa garante que não vai sair de Azambuja Economia na 21 PUB
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Obras no parque de pesados do Carregado vão ter de esperar terreno que a Câmara de Alenquer adquiriu a um particular para a instalação do parque de pesados, no Carregado, começou há alguns meses a receber as viaturas. Contudo o projeto ainda não está concluído porque para além das terraplanagens, não há muito mais no local exceto a placa que diz que em breve vai nascer o futuro parque de pesados. Ernesto Ferreira, vereador da CDU, diz que a Câmara nunca apresentou um estudo para o que ali pretende fazer. Recorde-se que a autarquia anunciou a construção de instalações sanitárias, duches, bar e segurança. O terreno na Quinta da Medanha teve um custo de 1,2 milhões de euros. O objetivo sempre foi o de retirar tráfego do interior da localidade do Carregado, e após uma primeira tentativa que acabou numa espécie de parque junto à Barrada, contra o qual a população protestou durante vários anos por ser uma fonte de ruído e de pó. Ao Valor Local o presidente da Câmara, Pedro Folgado diz que a autarquia quis antecipar a entrada em funcionamento da obra face aos
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Placa indica que as obras vão ter lugar
protestos da população da Barrada. O autarca confirma que ainda
não existe um projeto mas que a seu tempo será dado a conhecer. “Só quem não está no poder
é que julga que as coisas aparecem de qualquer maneira”. As obras da requalificação urbana
são uma das prioridades da Câmara e como tal “tudo a seu tempo”. Pedro Folgado estima
apresentar o projeto no ano que vem e proceder às obras entre 2020 e 2021.
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Alenquer Presépio de Portugal com lotação esgotada esmo com mau tempo nos primeiros dias, as iniciativas natalícias em Alenquer no âmbito da animação de Natal têm estado acima das expetativas. Rui Costa, vice-presidente da Câmara Municipal com o pelouro da Cultura, salienta por isso que Alenquer é cada vez mais “o Presépio de Portugal”. O autarca refere que todas as iniciativas decorrentes desta quadra, que há cerca de quatro anos têm trazido de novo à tona o espírito natalício, apresentam um balanço “muito positivo”, apesar das condições climatéricas ocorridas a meio do mês de dezembro. Rui Costa recorda que no primeiro fim-de-semana a autarquia teve de parar as entradas no recinto situado na Romeira. “As entradas são mediante as saídas, porque aqui o objetivo é criar momentos de prazer e fantasia às pessoas, e evitar as filas e a demora como acontece noutros locais”. Ao Valor Local, o vice-presidente refere que “esta é uma iniciativa quase nacional” e que recebe crianças oriundas de várias escolas não só do concelho de Alenquer, como de outros locais fora e dentro da região. Aliás o fluxo de pessoas tem sido
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O objetivo é criar momentos de fantasia para toda a família
muito significativo ao ponto do município ter necessidade de repetir espetáculos “porque os horários não eram suficientes”.
O vice-presidente refere que até ao momento o balanço é positivo porque “pela primeira vez temos o nosso pacote dedicado às escolas
completamente esgotado” e reforça que mesmo depois de terminarem as aulas existe muita procura do parque temático.
O vice-presidente adianta que o recinto recebe cerca de 14 grupos por dia, num total que chega às 300 crianças, tendo obrigado o
município a reforçar a oferta. Em parte, esta situação ocorre porque segundo Rui Costa “a nossa relação preço/qualidade comparativamente com o que existe no país é muito interessante e de ano para ano tem passado essa palavra de escola para escola”. No que toca à dinâmica com o comércio local, o vice-presidente salienta que as resistências existentes no passado têm vindo a ser diluídas. O autarca recorda que um dos problemas era o espaço para fazer uma iniciativa deste género dentro da vila e que as dinâmicas encontradas, não só com os espetáculos, como com o próprio comboio que faz a ligação entre a vila e o parque temático, têm sido uma mais valia para aproximar as pessoas. Aos poucos a dinâmica da “Vila Presépio” vai ganhando alento, depois de uma tempo de estagnação no passado. Rui Costa recorda o trabalho feito a nível cultural nos últimos anos e reforça a existência de grandes eventos trimestrais como são os casos da Alma do Vinho, das Festas do Espírito Santo e outras, que na sua opinião contribuem para uma maior dinâmica no concelho de Alenquer.
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Bombeiros de Vila Franca ganham avenida dia de aniversário da fanfarra dos bombeiros de Vila Franca de Xira que comemorou 56 anos, foi o escolhido para assinalar a nova toponímia dedicada aos soldados da paz. Os bombeiros de Vila Franca de Xira davam nome a outra artéria, onde tinham o seu quartel até até 2003, mas essa mesma rua foi, recentemente, renomeada com uma homenagem ao “Maestro” José Júlio. A promessa da junta e da autarquia, foi agora cumprida, eternizando o nome dos Bombeiros de Vila Franca de Xira na avenida que passa em frente ao quartel atual. Entre a rotunda da antiga EPAC até à entrada da cidade, foi agora criada a Avenida dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira, que constitui-se, segundo João Santos, presidente da Junta de Freguesia, como “uma justa homenagem” aos bombeiros. Para o presidente da junta, a agora Avenida dos Bombeiros Voluntários, é uma das principais artérias da freguesia “o que é revelador da importância da associação para o poder autárquico”.
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Com os bombeiros em formatura debaixo de uma chuva insistente, Alberto Mesquita, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, vincou igualmente a importância desta homenagem, destacando o trabalho dos soldados da paz e também deu os parabéns pelos 56 anos da fanfarra local. O autarca salientou, igualmente, o trabalho desenvolvido pela atual direção dos bombeiros de Vila Franca de Xira em todo o trabalho de alteração do topónimo. Vítor Batalha, presidente da direção dos Bombeiros de Vila Franca de Xira, agradeceu o tributo mas lamentou que a Avenida dos Bombeiros não tenha início na entrada da cidade mas apenas a partir da zona da EPAC. O responsável vincou ter esperança que a junta e a Câmara consigam no futuro “estender” a Avenida dos Bombeiros a partir da entrada norte da cidade. Por outro lado, frisou a necessidade da edificação de uma estátua ao bombeiros nos terrenos contíguos ao quartel. Para o presidente da direção, esta é uma velha aspiração.
Momento do descerrar da placa
Câmara Municipal de Salvaterra avança com repavimentações no concelho Câmara Municipal de Salvaterra de Magos deu início à repavimentação de arruamentos no concelho. Na freguesia de Muge estão a ser intervencionadas as ruas Henrique Martins, Dr. António José de Almeida, Armindo Jesus,
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Latino Coelho e pequeno troço na R. Mouzinho de Albuquerque. Seguem-se a Rua João Pinto Figueiredo (troço entre a EN367 e a Travessa da Escola) e a Praceta Manuel Sebastião Marques, em Marinhais e a Rua 25 de Abril (tro-
ço entre a EN367 e o Largo 1º de Maio) na Glória do Ribatejo. O investimento estimado ronda os 100 mil euros beneficiando cerca de 1100 metros de faixa de rodagem que se encontram bastante degradados.
Em curso encontra-se também a empreitada de melhoria da Mobilidade na Área Industrial de Pinhal dos Mouros, junto à EN 114-3, em Salvaterra de Magos, com a pavimentação e criação de ciclovia, numa extensão de cerca de 1800
metros, num investimento de 340 mil euros contando com apoio de cerca de 80 mil euros de fundos comunitários no âmbito do Programa Operacional Regional do Alentejo 2020. Prossegue, ainda, complementando a intervenção da em-
presa Águas do Ribatejo, a reabilitação total da faixa de rodagem das Ruas dos Pescadores, da Restauração e 28 de Março em Foros de Salvaterra, onde previamente se instalarão redes de esgotos domésticos.
Freguesia de Ereira/Lapa quer novo parque infantil e alargamento de cemitério m reunião de Câmara descentralizada, o presidente da autarquia do Cartaxo foi confrontado pelos eleitos na União de Freguesias de Ereira/Lapa quanto a algumas obras necessárias nas duas localidades, como o novo parque infantil na Ereira e o alargamento do cemitério na Lapa. Pedro Ribeiro, presidente da Câmara, adiantou que continua em negociações para a aquisição do terreno para o parque infantil. Tem havido reuniões com o associativismo no sentido de se chegar a um consenso quanto à localização. O autarca falou de negociações com uma empresa imobiliário no sentido de o parque infantil ser construído numa zona central. Já no que se refere à necessidade de alargamento do cemitério da Lapa, prosseguem igualmente algumas negociações, desta feita com o proprietário do terreno ao lado do atual cemitério. “Temos de aferir o valor do terreno para negociarmos eventuais contrapartidas, com o objetivo da aquisição do terreno”. A avaliação do terreno vai ditar qual o passo seguinte por parte do município. A proposta do proprietário passa por a Câmara assumir a vedação do terreno.
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Lista alternativa movimenta-se para a direção da Cerci Flor da Vida stão marcadas para o início do próximo ano as eleições para a direção da Cerci-Flor da Vida em Azambuja. Embora não exista ainda uma data em concreto, certo é que já estão a ser feitos contatos para que exista uma alternativa à atual direção. O Valor Local sabe que Vasco Ramos, antigo dirigente do Centro Cultural Azambujense, está a fazer uma lista, que inclui nomes como Carlos Valada, antigo presidente da Junta de Aveiras de Baixo, Maria João Canilho, vereadora do PSD na Câmara de Azambuja, e Gonçalo Ferreira, que é atualmente o líder da juventude Socialista de Azambuja. Na informação a que tivemos acesso, a atual situação financeira é o mote para que este grupo avance de imediato. Uma nota colocada a circular nas redes sociais dá conta de “uma atual situação financeira gritante pela ausência de competências em gestão”. O grupo aponta o dedo à atual direção que refere ter um orçamento anual de cerca de um milhão e 700 mil euros, “verba essa que pela gestão existente não chega para sustentar a Cerci”.
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Lista será encabeçada por Vasco Ramos O grupo liderado por Vasco Ramos defende: “Não devemos deixar esta instituição cair novamen-
ACES Estuário do Tejo Unidade de Saúde Pública
Saúde Pública
Helena Patrício Técnica de Saúde Ambiental
te no mesmo tipo de gestão, e onde existem interesses políticos superiores à real causa social” e
acrescenta que “os colaboradores estão altamente desmotivados, sem incentivos e muitas ve-
zes com salários em atraso”. Ao que o Valor Local apurou o atual presidente da Cerci e a sua
equipa não vão recandidatar-se. Atuais dirigentes estão há 30 anos à frente da instituição.
Natal em segurança Preparar a festa de Natal, começando pela decoração, organização da ceia e pela escolha dos brinquedos, todos os preparativos requerem atenção e algum cuidado. Seguem-se algumas sugestões para um Natal mais seguro: • Coloque a árvore de Natal num local desimpedido, longe de lareiras e aquecedores ou de quaisquer outras fontes de calor; • Opte por instalá-la em recipiente ou base estável, de modo a que não tombe se a criança lhe mexer; • Desligue as luzes da árvore de Natal durante a noite ou quando sair de casa. • Coloque as decorações de Natal em posições mais elevadas, fora do alcance das crianças, pois podem confundi-las com doces e colocá-las na boca, correndo o risco de se engasgarem ou engolirem. • Não coloque velas em zonas de circulação ou no chão; só devem estar acesas na presença de um adulto, apague-as se houver crianças por perto ou se sair de casa. • Verifique se os presentes são adequados à idade das crianças. Atenção às peças pequenas que se podem soltar e provocar asfixia, aos bordos cortantes, pontas aguçadas ou cordões que possam provocar estrangulamento. • Mantenha as crianças afastadas da cozinha enquanto prepara as iguarias de Natal. Tachos ao lume, forno aquecido, batedeiras, faca elétrica, varinha mágica em utilização, entre outros equipamentos, suscitam a curiosidade das crianças. Na época de frio aquecem-se os ambientes e fecham-se mais as janelas. Mas para prevenir os típicos acidentes de Inverno, como queimaduras ou intoxicações por mo-
nóxido de carbono com lareiras, aquecedores, caldeiras e outros aparelhos de aquecimento, tenha em conta os seguintes conselhos: • Certifique-se de que tem uma proteção estável na lareira. Com muitas crianças em casa, no dia de Natal, pode ser preferível não ter a lareira acesa. Verifique se existe ventilação eficaz; • Afaste os aquecedores das zonas de circulação, de sofás, almofadas, cortinados… • Nunca utilize braseiras ou aquecedores a gás em locais pouco arejados; • Regule a temperatura das caldeiras e outros equipamentos de combustão; • Desligue os aparelhos de combustão sempre que se ausente de forma prolongada. Se viajar: • Nas viagens todos os passageiros, crianças e adultos, devem utilizar cinto de segurança, bem colocado e sem folgas. As crianças até 1,35m de altura devem usar também uma cadeirinha adequada à sua idade, tamanho e peso, bem instalada no automóvel; • Acondicione bem as bagagens pois, em caso de acidente, os objetos soltos podem causar lesões graves nos passageiros. Se não couberem na bagageira ou no porta-luvas prenda-as com os cintos de segurança que estão livres; • Adaptar a condução ao veículo que conduz, à estrada em que circula, às condições climatéricas e à intensidade do tráfego. Estes são alguns cuidados que podem evitar a maior parte dos acidentes ou minimizar as suas consequências. Queremos muitos sorrisos neste Natal e boas recordações para sempre.
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Vila Franca passa a fazer parte do projeto “Cidade dos Afetos” Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo já aderiu ao Projeto Cidade dos Afetos. A iniciativa foi assinalada a 27 de novembro último com uma parceria com a Junta de Freguesia de Alverca e Sobralinho, no auditório da Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense, e que juntou centenas de pessoas, entre as forças vivas da cidade, forças policiais e funcionários do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria do Tejo. Este é um projeto que tem merecido a adesão não só muitas escolas, como de várias entidades com uma forte ligação às comunidades, como são os casos de coletividades e dos centros de saúde, que lidam com a realidade bem de perto. O projeto “Cidades dos Afetos” é um movimento assente nas escolas com base no lema “Escola de Afetos, Escola de Sucesso”, com objetivo de mobilizar toda a comunidade escolar para o desenvolvimento de atividades que apliquem a componente afetiva, de modo a promover o bem-estar e os estilos de vida saudáveis. O objetivo consiste em apresentar o projeto junto dos agrupamentos
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Não faltou a distribuição de afetos entre todos escolares, IPSS’s, juntas de freguesia, entre outras entidades, em que se destaca por exemplo a Equipa de Comunicação e Literacia em Saúde da Unidade de
Saúde Pública ou a Unidade de Cuidados na Comunidade de Vila Franca. O projeto intitulado “Município dos afetos - Aprender com afetos” foi
apresentado numa sessão pública onde as emoções vieram ao de cima, com constantes frases motivacionais tendo em conta o efeito da iniciativa e de algumas
performances apresentadas. A cerimónia contou com momento artístico produzido pela Escola de Bailado Klassic, e a partilha de testemunho de uma das institui-
ções do concelho bem como a entrega de uma prenda simbólica ao coordenador do projeto, Mário Durval. No final da iniciativa e para além dos abraços partilhados entre todos, não fosse esta uma iniciativa de afetos, existiu um momento musical realizado por todos os intervenientes e plateia. A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira aprovou a adesão do município ao Movimento Cidade dos Afetos, e a 10 de Outubro de 2019, assinou o Compromisso de Adesão com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Estuário do Tejo, através da sua Unidade de Saúde Pública (USP), assumindo publicamente que contribuirá, nas suas áreas de responsabilidade, para ajudar a desenvolver os afetos na comunidade. O projeto “Cidades dos Afetos” também assente nas escolas com base no lema “Escola de Afetos, Escola de Sucesso”, com objetivo de mobilizar toda a comunidade escolar para o desenvolvimento de atividades que apliquem a componente afetiva, de modo a promover o bem-estar e os estilos de vida saudáveis.
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CPCJ de Vila Franca ensina crianças a lidar com o abuso sexual urante o mês de novembro, as escolas do ensino básico do concelho de Vila Franca receberam uma ação da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) do concelho com o objetivo de alertar para a problemática do abuso sexual. Através de um jogo de tabuleiro e de uma série de conselhos a cargo de agentes da PSP local tentou-se elucidar as crianças dos quartos anos de escolaridade, entre os 9 e os 11 anos, para alguns pequenos ou grandes sinais que podem revelarse como indiciadores de que um adulto pode estar a ir longe demais nas abordagens e que a sua conduta pode significar uma situação desconfortável, no mínimo, até um abuso de cariz sexual. Uma coisa as crianças ficaram a saber: se esse comportamento as perturbar devem dizer que não, e denunciar. “Aqui Ninguém Toca” assim se chama este projeto que procura ir mais além na quebra de um tabu neste tema, acerca do qual pouco se falava, muito menos num contexto escolar. O Valor Local acompanhou a sessão que decorreu no estabelecimento de ensino da Fundação Cebi, em Alverca, e onde os mais novos demonstraram já adotar alguns comporta-
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Através de um jogo de tabuleiro falaram-se de coisas sérias
mentos aconselhados pelos dois agentes da PSP, Eurico Marcos e Nuno Cabral, como “não falar na internet com desconhecidos”, só usar o whatsapp, aplicativo de
mensagens instantâneas para telemóvel, “para falar em grupo com os familiares”, ou ligar 144, linha de emergência social, sempre que em causa estiver uma conduta re-
provável por parte de um adulto. Ao todo decorreram 68 sessões deste género no município. Carolina Neves, presidente da CPCJ de Vila Franca, refere que a iniciativa
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teve como ponto de partida o Dia Europeu para a Proteção das Crianças contra a Exploração e o Abuso Sexual, assinalado a 18 de novembro. Só nos últimos três anos, e segundo dados do ministério da Justiça, 2752 crianças foram vítimas de abuso sexual em Portugal. A iniciativa teve grande adesão por parte das escolas, e já houve um pedido no sentido de a ação se estender aos terceiros anos de escolaridade. “É necessário alertar cada vez mais para esta problemática, sobretudo porque, na sua maioria, os abusadores estão dentro do próprio seio familiar”, refere Carolina Neves. O tabu associado a estes casos ainda é muito grande, e por vezes a criança fica sem rede quando é vítima sem saber onde e a quem se dirigir, acabando por “achar que a culpa foi sua”. A ideia é fazer com que nestas sessões, os mais jovens saibam que os comportamentos incorretos ligados ao abuso sexual devem ser denunciados. “Tem havido situações em que é a própria escola que dá conta deste tipo de situações, porque há sempre alguém no contexto escolar em quem a criança confia”. A maioria das crianças envolvidas nestas ações da CPCJ têm consciência
do seu corpo e dos limites que cada um pode ter consigo, e como tal sabem que há aproximações que podem ser sinónimo de abuso. Carolina Neves não dá números quanto às estatísticas envolvendo casos de abuso sexual no concelho mas refere que as denúncias que chegam à CPCJ partem de vizinhos, familiares, conhecidos que “fazem uma sinalização anónima”. A partir daí a comissão alerta a Polícia Judiciária, e se necessário o tribunal. Os casos de abuso sexual no concelho envolvem todo o tipo de estratos sociais. “Não se passa apenas nas famílias desfavorecidas” Nos últimos anos, assiste-se a um acumular de penas suspensas para abusadores sexuais, muitas vezes familiares próximos da vítima, o que significa que criminoso e menores vão continuar a conviver debaixo do mesmo teto. Com muita frequência a comunicação social faz eco deste tipo de desfecho para os casos de crimes de abuso sexual. Trata-se de uma realidade que Carolina Neves vê com preocupação, e daí a aposta na prevenção para “darmos as ferramentas necessárias às crianças”.
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Arruda dos Vinhos em risco de ficar sem pista de aeromodelismo Grupo de Aeromodelismo de Arruda dos Vinhos vai ficar sem pista para a prática daquela modalidade. Desde há 15 anos, que este grupo assentara arraiais na Quinta da Tojeira, no Lapão, onde construiu ali a sua pista e uma série de apoios logísticos para os aeromodelistas disporem de todas as condições necessárias. Mas vai ter de abandonar a pista porque chegou ao fim o contrato com o proprietário da quinta, que optou pela não renovação, porque “terá outros objetivos em vista”, refere Hélder Madaíl daquela associação. A notícia foi transmitida há um ano atrás. Até final deste ano, o grupo vai ter de abandonar o local. Assim que souberam deste desfecho que os praticantes da modalidade têm procurado terrenos e quintas do concelho e não só mas até à data sem sucesso. Este é um revés para os amantes do aeromodelismo da região de Lisboa, porque as únicas alternativas são as bases aéreas, em que os constrangimentos são mais que muitos, tendo em conta a observação de diversas condicionantes como dias e horas es-
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Local possui condições ótimas para a prática da modalidade pecíficos. Hélder Madail faz parte deste clube e diz que a modalidade também ajuda na econo-
mia local, pois sempre que há torneios ou competições de aeromodelismo, há restaurantes PUB
que enchem, bem como algum alojamento local espalhado pela zona, já para não falar de supermercados e outras casas de comércio. Sem querer entrar em polémicas diz que “o senhorio” tem as suas razões, e que não há queixas de parte a parte. “Simplesmente o contrato chegou ao fim e não há interesse numa continuidade”. Para trás ficam anos de investimento na pista e nas condições logísticas. O aeromodelista refere que todos os meses o clube pagava uma renda que “não era baixa”, mas os praticantes estavam disponíveis “para pagar um pouco mais se necessário fosse”, para continuarem no local. O grupo procura agora um local para a sua atividade. A orografia de Arruda não é favorável. Ao todo o Grupo de Aeromodelismo de Arruda dos Vinhos tem cerca de 70 praticantes, sendo que 90 por cento são de fora do concelho. Na Quinta da Tojeira, a pista
construída possui 250 metros, ideal para a prática da modalidade, com uma lona especial, parque de estacionamento para 100 veículos, e telheiros, entre outros apoios. “No fundo um mini aeródromo”, refere Hélder Madail. Ao longo dos anos, o grupo terá investido neste projeto cerca de 25 mil euros. As alternativas mais imediatas nesta altura são as bases aéreas da região como a da Ota, ou a de Alverca, ou Montijo, onde “não se pode levar visitas, comer lá, e apenas se pode usar a pista aos fins-de-semana”. Em Portugal não há muitas pistas como a de Arruda, apenas no norte do país. Na região de Lisboa esta é a única opção até à data. O grupo já falou com a Câmara de Arruda e saúda a boa vontade que os responsáveis políticos têm tido, mas “não nos parece que o futuro da modalidade passe pelo concelho, porque não abundam planícies por aqui, ten-
támos em conjunto com a autarquia algumas soluções como na zona industrial, mas não será possível tendo em conta as obras de expropriação para a variante”. Face ao estado de coisas, caem também por terra alguns protocolos do grupo com outras entidades que utilizavam a pista como uma empresa de desenvolvimento de aeronaves não tripuladas de Torres Vedras, ou o Instituto Superior Técnico, cujos alunos da área aeroespacial vinham a Arruda fazer testes, de forma gratuita, na pista que vai deixar de ser do clube. O grupo vai continuar a procurar alternativas, e Hélder Madaíl refere que quem estiver interessado na cedência de terrenos, o grupo compromete-se a fazer as obras necessárias. Basta que o terreno tenha 250 metros de comprimento por 150 metros de largura, e desde que não interfira nas linhas de alta tensão.
Cruz Vermelha quer instalar-se em Benavente Cruz Vermelha Portuguesa quer instalar uma delegação na área do concelho de Benavente. A proposta está a ser analisada pelo município. O objetivo é que sirva de complemento ao serviço de socorro já prestado pelos bombeiros de Benavente e de Samora Correia. Em reunião de Câmara, o presidente da autarquia, Carlos Coutinho, referiu que as duas corporações terão uma palavra a dizer quanto a esta necessidade. Contudo Coutinho é da opinião de que as duas corporações têm dado resposta às necessidades de socorro na área do município. Ao Valor Local, o presidente da Câmara expressa que a entrada em funcionamento no concelho de mais um serviço daquele tipo “não pode colidir com a atividade que, hoje, já é desenvolvida” pelas duas associações humanitárias, e a “sua sustentabilidade”. Contudo salvaguarda que se houver “concordância” dos dois corpos de bombeiros a vinda do serviço da Cruz Vermelha para o concelho pode ser uma realidade.
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População de Azambuja movimenta-se pelo fecho do aterro Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) esteve presente, esta quarta-feira, dia 18 de dezembro, para a ambicionada ação de inspeção ao que é depositado no aterro de resíduos não perigosos em Azambuja. Segundo fonte que esteve no local ao nosso jornal, a CCDR instou com alguma veemência o operador a proceder à cobertura do aterro com coberto vegetal, com o objetivo se evitar ao máximo a propagação dos maus cheiros, como indicam as boas práticas do setor. O responsável da empresa Triaza , Rui Pedro Santos, referiu que isso já podia ter acontecido não fosse a Câmara ter barrado a abertura da segunda célula ao que a entidade do Estado respondeu que isso era problema da Triaza e que tratasse de “arranjar a terra necessária ” para fazer esse serviço. Foi explicado que o aumento dos maus cheiros tem como ponto de partida o facto de a Valorsul nesta altura fazer manutenção dos seus queimadores e desta forma os demais aterros da região é que acabam por receber os resíduos. Segundo a nossa fonte, a questão do amianto causou algum nervo-
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Bandos de pássaros são ameaça à saúde pública
sismo junto dos responsáveis da empresa que receberam a comitiva composta por CCDR, Câmara, junta de freguesia e oposição. “Acho que pode!”, foi assim que
Rui Pedro Santos respondeu sobre a possibilidade de ser depositado no aterro amianto e biodegradáveis. Se as máquinas podem ou não romper os sacos de plástico, PUB
advogou “Podem romper mas tem de se provar que as poeiras chegam cá acima”. Mas os responsáveis da CCDR não se mostraram mais conhecedores ou taxativos quanto à lei segundo a qual, e de acordo com a associação Zero, não se devem depositar biodegradáveis na mesma célula do amianto. A empresa confirmou a receção dos resíduos vindos de Itália e mostrou que faz análises do material em causa. Para os presentes, e de acordo com a nossa fonte, a empresa passou no teste, pelo menos à primeira vista, no que se refere ao controlo dos lixiviados, e da emissão de gases, fazendo ainda análises aos lençóis freáticos com regularidade. Rui Pedro Santos garantiu ainda que a única célula em laboração tem um período de vida útil, e ao ritmo a que a empresa recebe resíduos, de mais sete a oito meses. A Triaza
vai voltar a remeter a tribunal o contencioso com a Câmara para a abertura da segunda célula. A Triaza prevê fazer um investimento de seis milhões no aterro para abertura das demais células previstas e monitorização da unidade depois de chegar ao fim do período de vida útil. O responsável da empresa que sentir-se-á incomodado com a pressão da opinião pública terá desabafado – “Se não querem mais isto aqui, nós vamos à nossa vida e não fazemos cá mais nada, é questão de fazermos contas com a Câmara”. Ainda antes desta visita, o Valor Local enviou um conjunto de questões à CCDR sobre o funcionamento do aterro de Azambuja. A entidade indica que esteve no terreno ainda antes do dia 18, mais exatamente no dia cinco de novembro, numa ação conjunta com a APA e direcionada para a verificação da forma como estavam a
ser depositados os resíduos de construção e demolição contendo amianto. Na ação de fiscalização “pôde verificar-se que a deposição dos referidos resíduos estava a ser efetuada em cumprimento do disposto no Decreto-Lei nº 183/2009, nomeadamente, os resíduos de construção e demolição com amianto eram rececionados devidamente embalados e depositados numa área sinalizada e coberta por material, com vista a prevenir a ocorrência de eventual dispersão acidental de fibras para o ar”. Segundo a CCDR, a célula do aterro, hoje em funcionamento, ainda não atingiu a sua capacidade instalada, sendo que a CCDR “vai continuar a acompanhar o seu enchimento, por forma a prevenir quaisquer riscos ambientais decorrentes de eventual sobrecarga.” É sabido que as entidades do EsPUB
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Dezembro 2019 tado, Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e CCDR têm um entendimento da lei que não é a mesmo da associação ambientalista Zero. Se para as primeiras, o aterro obedece a todas as normas ambientais, grosso modo, para este tipo de estruturas, já a Zero Sistema Terrestre Sustentável diz que o aterro de Azambuja funciona à margem da lei como muitos outros no país. Os ambientalistas vão tentar partir pedra sobre esta divergência, (que surgiu pela primeira vez nas páginas do Valor Local e daqui com eco para a demais imprensa nacional), e a forma como o decreto-lei 183/2009 tem sido posto em prática numa reunião com a nova secretária de Estado do Ambiente nos primeiros dias de janeiro. Diz a Zero que em contacto com os biodegradáveis, como por exemplo, restos provenientes do setor alimentar, considerados como reatores biológicos, os sacos contendo amianto nos aterros
podem romper-se com facilidade, e com isso provocar o arrastamento das fibras quer através dos lixiviados, quer do biogás. Já a APA, em resposta ao Valor Local, refere que sendo o amianto uma matéria mineral, (razão pela qual os resíduos de construção com amianto são considerados resíduos perigosos estáveis e não reativos), “não é expetável que este, em contacto com qualquer outro tipo de material, nomeadamente matéria biodegradável desencadeie uma reação química que origine subsequentes resíduos perigosos”. Moradores à beira de um ataque de nervos António Cartaxo é um dos moradores mais afetados. Vive na Quinta do Carmelo, perto da Nacional 3, e do outro lado do aterro. Esteve na última reunião de Câmara onde suplicou por ajuda. O munícipe cuja quinta não dista
Margarida Dotti é outra das pessoas afetadas pelo caso do aterro
mais do que 400 metros do aterro referiu que já não sabe o que fazer perante os maus cheiros. Já tentou vender a casa, mas não consegue e por outro lado não quererá enganar possíveis interessados. Os maus cheiros começaram logo em dezembro de 2017, mas têm-se intensificado nos últimos tempos. Ao Valor Local, o morador especificou que logo, nessa altura, pediu ajuda à Camara. O presidente da autarquia prometeu uma solução por parte da empresa que nunca aconteceu. "Vêm lixos de toda a parte para ali desde Setúbal até outras zonas, e agora com as cegonhas ainda é pior. Os restos de comida que andam por lá atraem as aves.” Para a família de António Cartaxo, a situação atingiu um ponto de tal insustentabilidade que ainda pensou em vender a casa à empresa para demolição. “Lamento muito que o senhor presidente nunca tenha ouvido a população quando decidiu fazer ali aquele aterro, era obrigação dele!” Sobretudo quando em tempos “nos proibiu de fazer ali um negócio de venda de madeiras, alegando que era reserva ecológica”. Já o morador António Pires, na mesma reunião de Câmara, pediu à autarquia uma intervenção da delegada de saúde, alertou para a necessidade de se fechar o furo na Urbanização dos Espanhóis. Salientou ainda a necessidade de controlo das águas lixiviantes, e da execução do plano de recuperação paisagística junto do proprietário. O munícipe disse mesmo que “Joaquim Ramos, antigo presidente de Câmara, foi o pai da criança, mas Luís de Sousa tem sido um padrasto carinhoso”. Já Luís Pelarigo, residente na Quinta da Marquesa, um dos locais mais próximos do aterro, dis-
Outros aterros - Outras realidades os últimos meses, o nosso jornal tem sido contactado por cidadãos de outras regiões do país com aterros à porta no sentido de estabelecerem contactos com pessoas de Azambuja que estão a viver a mesma situação. É o caso de Estela Lúcio que vive em Setúbal, onde a Mota-Engil explora também uma unidade do mesmo tipo, um aterro de resíduos industriais não perigosos. A habitante daquela região que se debate quanto a este tema há muitos anos lamenta, ao nosso jornal, o facto de o poder local de Setúbal “devotar a esta questão muito pouca importância”. A moradora tem a informação de que muitos resíduos vêm da margem sul do aterro da mesma empresa para Azambuja. “Eu vi com os meus olhos um navio inteiro a descarregar toneladas de amianto, seguindo de camião ali para o aterro. Tenho pessoas, testemunhas de viva voz, a dizerem-me que o amianto foi todo partido e misturado, nada de sacos de plástico”. Atualmente o aterro já com 14 hectares “é algo monstruoso”, apesar de neste caso ficar a cinco quilómetros da cidade. “Depois temos gaivotas, corvos e coelhos aos milhares”, descreve. Recorde-se que o nosso jornal tem contactado ao longo dos anos o grupo SUMA para prestar declarações sobre o aterro de Azambuja, mas apenas vão remetendo por escrito uma ou duas linhas face às questões que enviamos. Nunca manifestaram interesse numa entrevista presencial. Já em Sobrado, concelho de Valongo, no norte do país, existe uma associação designada por “Jornada Principal” que tem levado a efeito ações muito concretas quanto à realidade de um aterro de resíduos não perigosos que também labora a uma distância menor do que aquela que a lei permite. Os maus cheiros do aterro da Recivalongo também são uma realidade mas intensificaram-se nos últimos anos. Com os pés bem assentes no chão, este grupo de moradores sabe que fechar o aterro é difícil, mas embora não deixe de ser um objetivo, têm-se multiplicado em diferentes atividades, desde debates públicos, caminhadas com mais de 1200 participantes, uma petição pública com perto de 3800 assinaturas, campanhas de angariação de fundos para análises periódicas à água de furos, e presença em acontecimentos públicos de maior visibilidade como a passagem da Volta a Portugal com a exibição de material como camisolas pretas com informação alusiva à realidade que a população atravessa. Recentemente o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, passou pela localidade e foi instado a encerrar o aterro. “A Câmara está do nosso lado e fazemos tudo em parceria, e como tal está na calha uma ação popular por atentado ambiental, aliás pedimos revisão do PDM com esse objetivo também”. Por outro lado, “desde que começámos a intervir os maus cheiros diminuíram, passaram a colocar coberto vegetal e a retirar os lixiviados diariamente do aterro”, dá conta Marisol Marques, da associação Jornada Principal.
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se à nossa reportagem que "num dos dias era impossível abrir as janelas". O morador diz que até há poucos meses, o aterro não se revelava tão incómodo quanto isso, mas "dá para perceber que o movimento de camiões é cada vez mais intenso". "Se antes nem se dava muito por aquilo, a não ser mais umas moscas e melgas, mas nada significativo, nesta altura e desde há duas semanas para cá, que não dá para aguentar com o cheiro". Luís Pelarigo confessa que está apreensivo quanto ao futuro e à qualidade de vida no local - "Antes do aterro, esta era uma zona sossegada, sem quaisquer problemas, vivíamos aqui no meio da natureza, sem grandes complicações. Nunca quis andar a dizer mal daquilo só por dizer, porque sinceramente não havia cheiros, nem especiais problemas, mas nesta altura confesso a minha preocupação". Margarida Dotti, moradora na Quinta da Queijeira, é outra das munícipes mais afetadas e que confirma o intensificar dos cheiros mas também o movimento de camiões. A sua casa fica em linha reta em relação ao aterro, do outro lado da estrada. Da sua propriedade conseguimos avistar com nitidez as crateras deixadas pelo areeiro e as toneladas de resíduos que estão a ser depositadas pela empresa no local. Nos últimos tempos tem sido visível a existência de grandes bandos de pássaros no aterro, que por ali andam à
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António Cartaxo vive situação insustentável dado que mora próximo do aterro procura de comida. Sendo este mais um fator de preocupação em termos de saúde pública. Com visão privilegiada sobre o aterro, a moradora não hesita - "É claro que o cheiro tem vindo a piorar, porque cada vez há mais lixo no local. É algo indescritível", sustenta. O tráfego dos camiões que se dirigem para o aterro também é incomparável com o que acontecia há apenas uns meses atrás, com cada vez mais toneladas a serem depositadas na estrutura da Triaza, gerida pelo consórcio Mota-Engil/Suma. "Ainda no outro dia, um amigo meu esteve parado na zona do cemitério e viu passar no espaço de 40 minutos, mais de 30 camiões carregados de lixo só
para o aterro". "Estamos perante algo perfeitamente gigantesco mas infelizmente continuamos a assistir a pouca mobilização das pessoas". Margarida Dotti que na edição de agosto referenciara a necessidade de efetuar análises à água de furo da qual faz uso, face à circunstância de se encontrar paredes meias com o aterro, refere que esses resultados já chegaram mas não existe contaminação até à data. Mas não ficou completamente descansada, e diz que em breve vai pedir uma nova análise, embora o seu custo seja elevado. "São medidos muitos parâmetros por causa da proximidade do aterro, e são cerca de 600 euros que tenho de pagar". PUB
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Valor Local
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Pedro Ribeiro, da antiga Zubareia
Triaza “faz tudo o que quer” e Câmara é “culpada” no licenciamento das três células uma das peças chave no processo de licenciamento do aterro da SUMA na Quinta da Queijeira. Em declarações exclusivas ao nosso jornal, Pedro Ribeiro, responsável da antiga Zubareia, (empresa que explorou um areeiro no local e que se viu impedida de ali continuar a laborar, porque para expandir a área teria de cortar sobreiros, algo que não constituiu obstáculo para a Triaza que conseguiu obter as licenças necessárias e nunca foi penalizada pelo corte de muitos daqueles exemplares), não tem dúvidas em considerar, que é com apreensão que assiste ao desenrolar dos últimos factos que dizem respeito ao funcionamento do aterro. “Dá para perceber que as entidades (do Estado) deixam passar tudo. Aquilo está muito bem feito!”, ironiza.
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Chefe de divisão da Câmara cometeu erro crasso A Zubareia, atualmente, Agregados Ibéricos, em articulação com outra empresa parceira, a Leirimóbil, proprietária do terreno, aponta sérias dúvidas à forma como todo o licenciamento decorreu, nomeadamente, a expansão para além dos 4,5 hectares da área de para um total de 16 hectares para a unidade em causa. “Surpreendentemente verificamos que no proces-
so aparece uma planta em nome da nossa empresa com a implantação, licenciamento de alterações – células e diversos. Somos totalmente alheios a esta planta bem como às que aparecem datadas como plantas de implantação com o nome da nossa empresa”, referia à nossa reportagem a Agregados Ibéricos já em setembro de 2018. É este um dos pontos fundamentais da investigação da Polícia Judiciária. Pedro Ribeiro, em declarações ao Valor Local, em setembro do ano passado, apontava o dedo ao município – “O mais grave é que o chefe de divisão do Urbanismo aceitou como válidas as ditas plantas, e diz ainda que a área de intervenção incide sobre grande parte da propriedade (Planta Geral do Aterro) quando tinha no processo a certidão de localização emitida pela CCDR que dizia: emite parecer favorável à localização do aterro a realizar no areeiro desativado na Quinta da Queijeira”, ou seja apenas na área dos 4,5 hectares. “Infelizmente o caso esta a tomar proporções muito graves, tal como eu previa”, numa alusão ao que tem vindo a ser noticiado face à questão do amianto e dos biodegradáveis. Pedro Ribeiro considera que “a Câmara tem todas as cartas na mesa para pressionar a CCDR”, face à questão dos maus PUB
População pede o encerramento do aterro através de petição
cheiros. Pedro Ribeiro confidencia que já foi ouvido pela comissão de ambiente da assembleia municipal que está há mais de dois anos para publicar as suas conclusões face ao processo de licenciamento mas que continua a protelar esta questão. “Já fui ouvido há bastante tempo, mas não me vou pronunciar sobre aquilo que me foi perguntado”. Perdido no tempo e no espaço ficou um dos principais objetivos quanto à vinda do aterro, a denominada recuperação paisagística. O empresário sintetiza- “A APA e a CCDR sabem perfeitamente o que está acontecer ali. A empresa faz tudo o que quer”. Pedro Ribeiro diz que seria sua responsabilidade proceder à recuperação paisagística “mas a Triaza não me deixa entrar lá dentro”. E como tal tem de ser a Câmara “a atuar”, até porque “nunca mais recebi nenhuma carta para o fazer cumprir”. O empresário sentencia -“A Câmara que autorize, e dessa forma, junto com as autoridades, eles são obrigados a franquear a entrada”. Neste ponto, o empresário é cabal – “A recuperação paisagística contempla uma primeira fase em que a primeira célula (a que atualmente labora) teria de ser enchida com resíduos e depois tapada com dois metros de terra, o resto correspondia ao enchimento de buracos já existentes na propriedade, conforme foi autorizado pela CCDR. A Câmara é que autorizou a abertura de novos buracos (grosso modo as duas células para as quais a empresa tem autorização). Essa autorização diz respeito ao denominado processo despachado em apenas um dia”. Como tal, Pedro Ribeiro diz que
“quando o presidente da Câmara refere que não deu autorização para isso não corresponde à verdade”. “Essa é a grande incongruência: uma autorização referese ao enchimento de buracos, e outra dá autorização para abrir buracos maiores. A CCDR por outro lado diz que deu o aval porque primeiro a Câmara autorizou as obras”. O Valor Local sabe que a CCDR já lavou as mãos de todo o processo de licenciamento atribuindo à Câmara responsabilidades. “Tenho pena da população de Azambuja, dou os parabéns ao Valor Local que foi o primeiro a descobrir aquela história do amianto com os bioresíduos”, acrescenta Pedro Ribeiro. O empresário garante ainda que contrariamente ao que anda a circular em alguns corredores políticos não está à procura de benefícios financeiros neste processo por parte da SUMA, tendo em conta o antagonismo que assumiu a partir de determinada altura. “Podem estar descansados que não quero ganhar dinheiro com isso ou tirar qualquer tipo de benefício”, refere. Oposição pede mais intervenção da Câmara Em comunicado enviado às redações, o PSD local pede também o encerramento do aterro alegando que o atual presidente da Câmara de tudo fez para que Azambuja passasse a conviver com a instalação gerida pelos grandes grupos do setor como é o caso da estrutura em causa ligada à Mota-Engil e Urbaser. O PSD lembra ainda que a polémica não se restringe ao funcionamento mas também ao
licenciamento, com as investigações em curso por parte da Polícia Judiciária. Para além dos maus cheiros, o aterro foi construído em cima de um lençol freático por onde passa a água destinada ao abastecimento público. Aquele partido conclui que vai continuar a bater-se nas diferentes instâncias pelo encerramento do aterro, que recorde-se foi licenciado em 2017 para um período de de 30 anos. Em reunião de Câmara, o presidente da autarquia informou que tem providenciado junto da Agência Portuguesa do Ambiente e CCDR as diligências que considera necessárias face à recente questão da mistura de amianto com biodegradáveis no aterro, mas que continua à espera de respostas. Luís de Sousa garantiu que falará entretanto com o ministro do Ambiente e primeiro-ministro, se necessário for. O vereador do PSD, Rui Corça, lamentou "a falta de empenho" do presidente da autarquia neste caso, para além de não entender "a gravidade do que está à vista", e de se "refugiar constantemente no facto de estar em curso uma investigação da Polícia Judiciária ao licenciamento". "Que eu saiba ainda não é arguido", proferiu. Já o vereador da CDU, David Mendes, acusou o autarca do PSD de "andar a cavalgar politicamente" este caso. David Mendes disse, ainda, que o culpado por todo o estado de coisas, é Joaquim Ramos, anterior presidente de Câmara, que na sua opinião foi o grande impulsionador da vinda do aterro para Azambuja. Para si o aterro é uma realidade consumada, que nunca devia ter existido, mas até a lei está do lado dos operadores, pois
no seu entender o decreto lei 183/2009 não deixa margem para dúvidas de que é possível a deposição de amianto e biodegradáveis, desde que o primeiro siga embalado para aquele tipo de estruturas. Numa das últimas reuniões de Câmara, o presidente da autarquia instado por Rui Corça sobre se vai ou não pedir o encerramento do aterro nas devidas instâncias, referiu que não está nas suas mãos avançar para tal e remeteu para 2021 um melhor desfecho para este problema, porque será a 20 de maio desse ano que caduca a licença ambiental da empresa, pelo que os dados poderão ser jogados novamente. O autarca referiu ainda que se arrepende de ter dado luz verde ao processo, no que respeita às responsabilidades do município, e que agora tem feito os possíveis para minimizar os danos ao máximo. O vereador Rui Corça, ao Valor Local, considera que a Câmara não terá poder suficiente para travar a continuidade do aterro quando caducar a licença ambiental em maio de 2021. O autarca acompanhou a visita ao aterro que se realizou no dia 18 de dezembro e conclui que “as entidades têm de mostrar mais conhecimento e trabalho, bem como capacidade de fiscalização sobre o que acontece nestes aterros, ficaram bem à vista as fragilidades do acompanhamento a estes aterros, até a APA tem dificuldade ou chuta para canto as questões relativas à deposição do amianto” Bloco de Esquerda na Assembleia da República questiona ministro do Ambiente sobre os aterros Numa nota de imprensa feita chegar à nossa redação, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, na Assembleia da República, informa que questionou o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, acerca do funcionamento dos aterros no país, nomeadamente, no que respeita à incompatibilidade, na mesma célula, de resíduos biodegradáveis e amianto, e em particular questiona se o ministério tem conhecimento das condições em que é depositado o amianto no aterro de Azambuja. Também “Os Verdes” fizeram uma série de questões neste sentido, mostrando preocupação quanto ao que está a acontecer em Azambuja.
Valor Local
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Presidente da junta de Ota insta Câmara de Alenquer a pedir mais fiscalização do aterro presidente da junta de freguesia de Ota enviou uma recomendação à Câmara Municipal de Alenquer relativamente ao aterro existente naquela localidade. Diogo Carvalho refere ao Valor Local que o aterro inaugurado em 2008 e cujo fim de vida deverá ser atingido em 2025, está no centro das preocupações, pois apesar dos maus cheiros não
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chegarem ao interior da localidade, que ainda dista alguns quilómetros, há uma onda generalizada de preocupação, junto das populações. A junta pede à Câmara mais fiscalização e contacto com as entidades responsáveis como a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
O autarca refere que deixou de ser produzida informação sobre o acompanhamento da Câmara à unidade, e que o último relatório data de 2018. Uma das preocupações mais prementes nesta altura refere-se ao intenso movimento de camiões que atravessa a localidade rumo ao aterro. “Estamos a falar de 40 a 50 camiões por dia. Nos últimos dois meses
deve ter chegado a mais de 60 camiões diariamente”. Por outro lado “transportam na sua maioria lamas, e basta olhar para as paredes de algumas casas aqui dentro da freguesia que estão todas marcadas com aquela sujidade. As pessoas queixam-se”. “Por outro lado, está em causa a própria segurança das pessoas com tanto tráfego. Já chamámos
Tráfego de camiões rumo a esta unidade está a preocupar população de Ota onde as ruas são muito estreitas
a GNR e contactámos a Câmara mas ninguém nos ouve”. Diogo Carvalho diz mesmo que ninguém sabe o que anda lá a ser depositado. Existiu uma comissão “que esteve parada durante dois ou três anos por inércia da Câmara”, atira, e vai mais longe – “Acho que nem a própria Câmara teve noção disso, simplesmente não sabiam de nada”. A comissão é composta por membros da Câmara, da Assembleia Municipal, e pelo próprio presidente da junta de Ota, presidente da assembleia de freguesia de Ota, Alambi, e CCDR. “A questão andou ao deus dará nos últimos anos, e sou sincero, também não estava muito capacitado para isto”. O presidente da junta diz que ficou alarmado quando se deparou com a passagem pelo interior da freguesia de contentores marítimos com destino ao aterro. Sobre o que levam os contentores no seu interior não sabe mas serão oriundos do estrangeiro. O presidente da junta fala em líquidos provenientes da laboração do aterro que vão parar às linhas de água que abastecem três ou quatro quintas na zona. Dia 16 de janeiro vai acontecer uma reunião nas instalações da Blue Ota, empresa gestora deste aterro. A junta de freguesia diz que não tem a mínima ideia acerca das ações de inspeção da CCDR no local. “Julgo que a Câmara tam-
bém não, porque lhe passa ao lado, e procura não olhar para os problemas onde eles existem”. “Sei que a empresa está desagradada com os nossos pedidos, mas até a própria Câmara está, e eu não percebo porquê”, diz. O aterro pode subir ainda mais em altura e também em expansão. O autarca diz também que em 2015 e 2016 houve autorizações para aumento da atividade, “sem que nunca tenhamos sido consultados”. Entre outros motivos de preocupação e segundo a moção enviada à Câmara estão circunstâncias como o facto de a estrutura ultrapassar a altimetria que constava do projeto; a incidência de dois ou três incêndios por ano no local podem estar a contribuir para destruir a tela de isolamento existente, a que se juntam ainda as toneladas de amianto, entre muitas outras toneladas de outros resíduos, nomeadamente, os importados. Ao Valor Local, o presidente da Câmara Pedro Folgado refuta as considerações de Diogo Carvalho e diz que a Câmara e a comissão têm acompanhado o funcionamento do aterro. O autarca diz ainda que vai providenciar junto da CCDR uma vinda ao terreno mas também diz estar consciente de que “a legislação para os aterros é possivelmente muito permissiva” e que nesses casos “a Câmara pouco pode fazer”.
Azambuja: Recolha dos lixos passa a ser feita pelo grupo Pragosa Câmara Municipal de Azambuja adjudicou o serviço de limpeza de recolha e transporte de resíduos urbanos, e limpeza de contentores à empresa Pragosa Ambiente SA, no valor de cerca de sete milhões de euros, cujo contrato é válido para quatro anos, podendo ser automaticamente renovado por igual período. Nos últimos quinze anos, o serviço esteve adjudicado à Ecoambiente, com queixas fre-
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quentes dos munícipes aos serviços prestados. A proposta em reunião passou com os votos a favor da maioria socialista. A oposição absteve-se. O vereador da CDU, David Mendes, lamentou o facto de Câmara não se ter esforçado por voltar a internalizar o serviço de recolha de resíduos sólidos urbanos, com a aposta numa aquisição de meios e de recursos humanos, e que tenha, antes, optado por
este caminho. Observou ainda que desta feita fica entregue mais uma grande empreitada no concelho ao universo das empresas Pragosa, que depois de ficar com a obra de execução do Parque Urbano da Milhariça, em Aveiras de Cima, ganha agora a concessão dos lixos no concelho. Já o vereador do PSD, Rui Corça, referiu que ficaram por escalpelizar os motivos que estiveram na origem do lançamento
de um novo concurso. “Não me choca que voltemos a ter uma concessão no setor dos resíduos, até porque os privados conseguem escalas, por gerirem vários serviços deste tipo, mas saímos de uma experiência que correu mal, e continuamos preocupados com a execução deste novo contrato”. O autarca sublinhou ainda que os critérios que estiveram na base deste concurso em comparação com o de ou-
tros, como o do parque de lazer previsto para a Milhariça, são divergentes entre si, e “mais parece que foram construídos à medida”. Neste caso para servir os interesses do grupo Pragosa. O presidente da Câmara, Luís de Sousa, concordou no facto de a Ecoambiente não ter conseguido realizar um bom trabalho, mas recordou que no tempo em que era a autarquia a fazer a gestão deste setor, “as coisas não cor-
riam melhor e os funcionários também nem sempre conseguiam fazer um bom trabalho”. No entender do autarca o futuro na recolha de resíduos com a nova empresa pode significar uma lufada de ar fresco pois “a Ecoambiente andava aqui há muitos anos e já não tinha brio”. “Cheguei a andar com eles de um lado para o outro a mostrar onde é que o serviço não estava bem feito”, lembrou.
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Sinais de abandono são expressivos. Foto: André Ramalho/abandonados.pt
Chegou a ser um dos centros comerciais mais concorrid
Vila Franca Centro: Fechou há seis anos mas os problemas continuam Há seis anos que o Vila Franca Centro foi encerrado, mas ainda há quem possua bens no interior do espaço e continue sem acesso àquilo que por lá deixou. Os lojistas que compraram as suas lojas continuam a pagar Imposto Municipal sobre Imóveis, entre 100 a 200 euros. As mágoas perduram e mais do que os prejuízos financeiros lamentam as atitudes da administração. ano de 1994 ficará para sempre marcado na memória dos vilafranquenses. O concelho ainda gerido pelo PCP começava a dar os primeiros passos rumo à modernidade, acompanhando outras localidades da região de Lisboa. Foi na era do anterior presidente da Câmara, Daniel Branco, que se começaram a gizar os planos para construir de
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raiz o maior shopping do Ribatejo. O Vila Franca Centro nascia a 19 de novembro desse mesmo ano, no local onde no passado existira um cinema à moda antiga e com a grandiosidade de outros tempos. O novo edifício, arrojado e de linhas modernas, foi implantado assim no local onde à época existira também um velho terminal ro-
doviário e algumas casas velhas a precisar de reforma. O Vila Franca Centro assumiu-se como uma “machadada” na economia da região, atraindo centenas de pessoas oriundas da Grande Lisboa, mas também da zona centro do país e também do sul. A obra executada pela empresa Obriverca de Eduardo Rodrigues, empresário de Alverca, não de-
moraria muito para ser reconhecida como uma parte importante da economia da região. Não era para menos. O complexo com cerca de 180 lojas, duas salas de cinema, e uma sala IMAX, tecnologia que acabou por não vingar na cidade, foi assinado pelo arquiteto Arsénio Espinosa, mas os planos iniciais previam que fosse Tomás Taveira, que projetou os
edifícios das Amoreiras em Lisboa e os estúdios de informação da SIC, primeira televisão privada do país e contemporânea do Vila Franca Centro. Na memória de muitos, estão as lojas de marcas internacionais, o primeiro McDonalds de Vila Franca de Xira, os cinemas, o bingo do Vilafranquense que chegou a estar no local, bem como toda a
restauração e muitas outras lojas de particulares que vingaram naquela localização. À época faziam-se passeios em família a este centro comercial da moda. À hora de almoço, os restaurantes enchiam-se com os empresários e trabalhadores das empresas circundantes, e até os bancos que se instalaram no interior do complexo possuíam um
Câmara adquire o estacionamento mas não tem outros planos para o edifício o passado mês de outubro, a Câmara de Vila Franca de Xira anunciou a aquisição do estacionamento do Vila Franca de Centro, com a perspetiva de fazer face aos problemas de parqueamento na cidade. Ao todo vão ser investidos perto de 200 mil euros. A aquisição das duas parcelas do edifício que correspondem à zona de estacionamento (cave e 3.º piso) vai permitir disponibilizar à população um total de 188 lugares adicionais de estacionamento. Ao Valor Local, o presidente da autarquia, Alberto Mesquita, refere que estima colocar durante os primeiros meses do ano que vem este espaço à disposição da população. Como tal, a autarquia está a levar a cabo “as necessárias intervenções de limpeza, recuperação e conservação dos espaços que são agora da sua propriedade, assegurando todas as condições, inclusivamente de segurança, para todos quantos venham a utilizar este parque de estacionamento.” O município, às questões do nosso jornal, refere ainda que uma possível reutilização e dinamização futuras não é da sua responsabilidade pois trata-se de um empreendimento privado. Quanto aos problemas dos comerciantes ouvidos na nossa reportagem, e ao facto de ainda possuírem equipamentos diz que a Câmara não tem competências diretas sobre a gestão das parcelas do edifício. No que se refere ao facto de os comerciantes continuarem a pagar IMI, a Câmara alega que a Lei das Finanças Locais não permite que o município faça isenções. Qualquer desagravamento fiscal só poderá ser considerado se houver “tutela de interesses públicos relevantes e a sua formulação deve ser genérica e obedecer ao princípio da igualdade, o que não se aplica neste caso”, diz o município. Isto mesmo já foi respondido aos interessados em 2017, o facto de não existir enquadramento legal Relativamente à higiene do espaço, assegura que “a autarquia já realizou, por diversas vezes, ações de limpeza e também de isolamento do edifício, a fim de impedir atos de vandalismo, ocupação indevida ou mesmo de falta de civismo, que infelizmente ocorrem com frequência”. “Mas também a este nível é essencial que todos cumpram com as suas obrigações”, diz numa alusão a quem tem responsabilidades no edifício. O autarca diz ainda que a Câmara Municipal “tem estado sempre atenta e tem vindo a intervir, em articulação com as entidades financeiras que presentemente detêm a maioria daquele património, no sentido de minimizar os problemas associados ao encerramento prolongado de um edifício daquelas dimensões”. Em tempos, Rui Rei do PSD defendeu a implosão do edifício como uma solução para aquele espaço. Já a CDU, através de Nuno Libório, apresentou reservas quanto ao negócio do parque de estacionamento e lembrou o estado de degradação do edifício, referindo que a Câmara vai gastar 200 mil euros nas obras e contri- Uma obra que causou espanto à sua época pelo arrojo do edifício buir para a ajuda a um privado que deixou o edifício chegar ao estado em que se apresenta.
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Abundam os dejetos de pássaros por todo o edifício. Foto: André Ramalho/abandonados.pt
os do país movimento incrível com filas intermináveis para levantar ou simplesmente depositar um cheque. Nos tempos áureos, o espaço foi ele também o “centro” das atenções. Fizeram-se sorteios de viagens e de carros, à boleia da extinta Rádio Ateneu, que promovia os passatempos junto dos transeuntes e clientes do espaço, e os difundia para a região de Lisboa para os seus ouvintes.
Foram tempos de glamour e de economia em expansão. Nada demovia a dinâmica do espaço que assentava em muito no brio dos comerciantes e no gosto que tinham em ter as suas montras decoradas e os seus negócios a florescer. Aliás, o Vila Franca Centro foi mesmo acusado de “matar” o pequeno comércio. O mesmo que agora tenta sobreviver nas ruas
circundantes do velho centro comercial e que “chora” a falta de clientes. O Vila Franca Centro destronou por breves anos o velhinho Centro Comercial da Mina, mas aquilo que manteve o pequeno centro a funcionar até aos dias de hoje, foi talvez aquilo que faltou para que o Vila Franca Centro prosseguisse aberto: mais espírito de união entre lojistas e administra-
ção. Ouvidos pelo Valor Local para esta reportagem, os comerciantes que ainda hoje têm as suas lojas fechadas naquele complexo, culpam a administração pelo estado a que tudo chegou. A falta de entendimento entre empresários e os responsáveis pela gestão foi o bastante para que se encerrasse as portas de um edifício, com lojas lá dentro que
eram propriedade, em muitos casos, de quem as adquiriu- os comerciantes. Na prática, foi como se um senhorio trancasse a porta do inquilino com todo o recheio dentro de casa e sem que este tivesse a acesso ao mesmo. Aliás esta é uma das queixas para com a administração e o banco que comprou as lojas pertencentes à Obriverca, que as detinha na sua maioria. A Obriverca
que era a principal acionista do Vila Franca Centro, e que de forma quase unilateral fechou as portas do centro, contra a vontade dos outros proprietários, é ainda hoje alvo de críticas por parte dos restantes empresários que apesar de não terem acesso às suas lojas, continuam a pagar impostos sobre elas, nomeadamente o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). PUB
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Comerciantes indignados lamentam mais as atitudes do que o prejuízo financeiro uitos foram os comerciantes que não conseguiram trazer os seus bens para os novos espaços. Ao nosso jornal, explicaram que tiveram cerca de um mês para procurar alternativas, no entanto, em muitos dos casos, não encontraram espaços com dimensão suficiente para transpor alguns equipamentos de grandes dimensões, como foram os casos da restauração, de um ginásio, de um cabeleireiro, e muitos outros. Para muitos a solução foi encontrar lojas mais pequenas, para outros o abandono da atividade e para outros, o desespero foi tal, que ainda nos dias que correm nem querem relembrar o passado. Certo é que até ao último dia, os comerciantes ouvidos nesta reportagem garantem ter tido clientes. Asseguram que na reta final de 2013 o negócio estava em queda, como aliás um pouco por toda a parte. Viviam-se naquela altura os anos duros da crise, mas os clientes contam-nos, continuavam a visitar o Vila Franca Centro e a fazer despesa. Para estes mesmos empresários, a decadência do espaço não tem volta a dar e preferem não falar dos sucessivos atos de vandalismo que o edifício tem sofrido. O desgosto e as lágrimas apoderamse da face de algumas das pessoas com quem falámos, que voltaram a ver os seus bens pessoais completamente arruinados, quando um fotógrafo do site “Abandonados.pt” deu a conhecer ao país o estado em que se encontravam muitas das lojas, como se por aqueles lados tivesse passado um desastre natural, ou estivéssemos perante um cenário de guerra. Os bens foram deixados à sua sorte. Dizem-nos que a dada altura não era difícil entrar dentro do Vila Franca Centro. Os comerciantes dizem que os seus bens não estão nem à guarda do banco, nem de quem comprou as lojas da Obriverca e o estacionamento. Muitos dos lojistas que habitavam à época o Vila Franca Centro estão hoje nas imediações do edifício. São exemplos disso a cabeleireira Fátima Martins, e Luísa Fonseca ligada, neste caso, ao comércio de produtos naturais, agora estabelecida numa loja mais pequena junto ao tribunal. Mas há mais exemplos. Da restauração ao mundo dos telemóveis passando pelas lojas de roupa de marca, muitos foram aqueles que optaram por ficar na zona, porque em parte esperavam manter a clientela, ou porque à época e enquanto o centro esteve ativo,
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Cabeleireira acabou por deixar no local equipamentos bastante caros foram fechando e consequentemente vagando alguns espaços em seu redor. Com o negócio a florescer até 2013, muitos dos lojistas lamentaram o encerramento do espaço. A falta de clientes nunca foi problema e garantem que vinham de muitas zonas, desde Lisboa a Pombal, passando pela própria região. Um desses exemplos é apontado por Fátima Martins. A cabeleireira que hoje está num espaço que é um terço daquilo que eram os seus dois salões, garante que até ao último dia “nunca faltaram clientes”. Talvez por isso muitos dos comerciantes do Vila Franca Centro, considerem que o fecho não se deveu ao aparecimento do Centro Comercial Colombo ou do Vasco da Gama em Lisboa. Embora o acesso via comboio fosse facilitado, certo é que a maioria das pessoas com quem falámos, culpa não só a administração como as pessoas de Vila Franca que se habituaram a desdenhar o que tinham à porta de casa, e agora multiplicam-se em fóruns de debate no Facebook a lamentar o fecho da unidade. Fátima Martins fala com saudade dos tempos de união do Vila Franca Centro. A cabeleireira diz só ter “boas memórias” e as saudades são muitas. “Não gosto de estar numa loja na rua. O ambiente é diferente”, desabafou ao Valor Local. Lá dentro, garante, “angariávamos clientes de todo o lado, que vinham de bem longe”. Hoje abundam na cidade obras um pouco por toda a parte, “que começam e nunca mais acabam”; e existe falta de estacionamento. É com nostal-
gia que lembra que o Vila Franca Centro “foi bom desde o primeiro ao último dia”. A cabeleireira diz que teve quatro anos sozinha num piso, sem outra loja aberta em seu redor, e que mesmo assim o negócio não parava “e sobrevivia bem” lembrando que no início laboravam ali seis cabeleireiros. Foi a única deste setor a permanecer até ao fim, e por si afiança “que o centro fechou pela má administração que teve e pelos condomínios altíssimos”. Com condomínios a rondar os
1500 euros (moeda atual) o centro aberto em 1994 nunca atualizou ou mexeu nestes valores. Em algumas reuniões de condomínio, o assunto terá sido abordado várias vezes, mas a administração que detinha a maioria das lojas, nunca aceitou negociar os valores, embora nos últimos anos, já em decadência, o assunto fosse admitido, mas sem nunca se chegar a vias de facto. Fátima Martins que se assume como uma nostálgica dos tempos de glamour do Vila Franca Centro,
recorda que os valores praticados pela administração eram surreais. Os mesmos valores eram praticados no Centro Comercial das Amoreiras, que fica numa zona nobre de Lisboa, e com um tipo de público substancialmente diferente. Posto isto, “muitos preferiram comprar as lojas”, o que foi o seu caso, porque a soma das rendas mais a soma dos valores de condomínio eram muito mais elevadas. Compensou à época adquirir o espaço à administração, pois fi-
cou-se com uma prestação mais reduzida ao banco. No entanto essa aquisição teria um efeito perverso na vida destes lojistas. Se por um lado era financeiramente mais confortável, por outro a decisão da maioria fechar o centro deixou muitos dos empresários numa situação insustentável. Fátima Martins, chegou a ter dois salões de cabeleireiro, para homens e senhoras, e deu emprego a cerca de duas dezenas de pessoas. Hoje e com um espaço mais pequeno, faz o seu dia a dia com duas empregadas que a acompanham desde esses tempos. Em 2013 fecharam as portas do Vila Franca Centro. A maioria conseguiu encerrar o espaço contra a vontade de outros que tinham lá dentro as suas lojas e que ficaram sem acesso às mesmas, com a agravante de muitos, como foi o caso de Fátima Martins, não conseguirem retirar alguns dos materiais, nomeadamente, equipamentos dos dois salões, por falta de tempo para o fazer e de um espaço condigno para os colocar. Sem certezas quanto ao futuro do Vila Franca Centro, Fátima Martins não vê que a situação possa mudar. Continua a pagar IMI do espaço e a “chorar” o meio milhão de euros investido em material topo de gama. No mesmo caminho está Luísa
Espaço de Fátima Martins hoje está assim. Foto: André Ramalho/abandonados.pt
Valor Local
Dezembro 2019
Luísa Fonseca recorda os conflitos entre lojistas e administração Fonseca. A responsável por uma loja de produtos naturais, revelou ao Valor Local que até ao último dia continuou a manter os seus clientes. Seis anos depois, continua a trabalhar num espaço muito mais reduzido, também cerca de um terço da loja que tinha no Vila Franca Centro. Tal como Fátima Martins, Luísa Fonseca e o marido José Fonseca, deixaram no Vila Franca Centro muitas coisas que não conseguiram levar para o novo espaço. No entanto Luísa Fonseca não precisou de comprar a loja ao Vila Franca Centro. A empresária explica que o seu avô era proprietário
de uma pensão nos terrenos onde hoje está o edifício e que obteve a loja através de permuta, por via de uma herança. “O prejuízo é grande porque a loja ficou lá e não podemos entrar no centro para ir buscar as nossas coisas” e para além disso “somos obrigados a pagar o IMI, caso contrário vão-nos às contas e aos bens pessoais”. Luísa e José Fonseca falam em inconsistência por parte de alguns lojistas. “Muitos não pagavam condomínio” lembrando que quando os comerciantes ocupavam frações alugadas “tinham de pagar não só a renda como o condomí-
nio, e isso tornava tudo mais complicado”, refere o casal que aponta o dedo à inflexibilidade da administração. Na antiga loja estão ainda os móveis e as prateleiras onde os produtos eram expostos. Luísa Martins refere que o espaço era grande, não fechava à hora de almoço e lamenta o facto de ter despedido duas pessoas, a quem teve de pagar algumas indemnizações, e com quem trabalhou desde o início. Agora, Luísa Fonseca está numa loja alugada e por isso lamenta ter um espaço seu que não pode utilizar. Numa das ruas adjacentes ao Lar-
go do Município fica a ourivesaria de Conceição Félix. Diz que foi das últimas a abandonar o centro no último dia do seu funcionamento. Lembra que o negócio, no seu caso, correu bem, mas na generalidade as lojas sentiram e muito a concorrência do Colombo e do Vasco da Gama, que a dada altura deste percurso do Vila Franca Centro abriram portas na capital. “Lembro-me de ter ido num dia ao Vasco da Gama e de ter visto muitas caras de Vila Franca. Afetou e de que maneira”, conta. A gestão do Vila Franca Centro também contribuiu para a decadência daquele complexo pois a dada altura
Destaque 19 “os elevadores já não funcionavam”, e “tínhamos de ser nós, os lojistas a limpar as casas de banho e corredores”. Tudo isso contribui para que “os clientes reclamassem cada vez mais”. O anúncio de que o centro comercial ia fechar deu-se com um mês de antecedência, e por isso teve de fazer as mudanças de forma urgente. O que valeu foi já ter um sítio prévio onde “enfiar as minhas coisas”, caso contrário podia estar, ainda, a contas com os mesmos problemas de outros lojistas que não tiveram meios de retirar o recheio do interior do centro. Contudo não conseguiu replicar nas atuais instalações o que antes conseguira no centro. A sua loja tinha outro glamour. “Vendia outros artigos que não possuo aqui, e clientes de outras zonas do país”. O ambiente entre lojistas e administração era de cortar à faca. “Havia muitas rendas e condomínios por pagar e o clima não era dos melhores”, lembra-se. No seu caso, a loja tinha sido comprada desde o início e como tal o prejuízo acabou por ser elevado. “Foi tudo muito injusto, a administração não geriu aquilo como deve ser. Alguns lojistas não cumpriam com as obrigações, e como tal houve um misto de culpa de parte a parte”. Conceição Félix lembra-se bem do movimento e de um centro comercial auspicioso dos primeiros tempos, com uma dinamização que impulsionava um movimento
nas lojas muito à frente para a época, em que se faziam sorteios, passatempos, e outras atividades. Quanto aos esforços da Camara neste tema, a comerciante lembra que a antiga presidente da Câmara “ainda tentou fazer alguma coisa”, mas “ficou tudo em águas de bacalhau”. Tal como os demais lojistas ainda paga IMI da loja. “Passei 20 anos da minha vida ali. Quando soube que ia fechar faltou-me o chão. Foram muitos dias a trabalhar até às duas ou três da manhã, como os seguranças à espera que eu fechasse a porta. Tive um desgosto muito grande. O que tinha a sofrer já sofri. Já fiz o meu luto”. “Mais do que o prejuízo financeiro, lamento as atitudes”, declara. Venda insólita de uma das lojas Numa das entradas do Vila Franca Centro, está uma placa a indicar o contacto de uma agência imobiliária, a LC Premium. Quem por ali passa pode julgar que o edifício está à venda. É nos dito por Pedro Lemos dessa agência que aquilo que está à venda é uma das lojas pertencentes a uma sociedade que se encontra em insolvência. “Como sabe nessas situações, os credores tentam ir buscar todos os bens, é esse o caso”, embora reconheça que dificilmente a loja será vendida. O centro comercial está fechado e assim deve ficar pelo menos nos próximos anos. PUB
20 Economia
Valor Local
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Alexandre Solis é o novo diretor executivo da OGMA OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, tem um novo responsável. A empresa anunciou em comunicado que a partir de agora Alexandre Solis assume a liderança daquela unidade propriedade da Embraer. O novo CEO da OGMA assume o lugar, depois de ter sido responsável, durante os últimos 20 anos, da Unidade da Embraer localizada em Botucatu, no Brasil. O novo CEO assume esta missão como um “novo desafio com total motivação e vontade de levar a OGMA a fazer mais e melhor” reforçando o empenho da empresa nas áreas da manutenção de aeronaves civis e militares como nos motores componentes. Alexandre Solis lembra ainda o trabalho da empresa nas áreas do fabrico e montagem de aeroestruturas. Que continuará a ser “uma aposta da Embraer” sendo que a OGMA, tem dado na sua opinião “um contributo decisivo para a afirmação da indústria aeronáutica portuguesa”.
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Em conclusão, refere o CEO, “estão reunidas todas as condições para que a OGMA continue a crescer e a desenvolver-se nos próximos anos”. Alexandre Solis é formado em engenharia mecânica pela universidade federal de Itajubá (Brasil), e tem uma especialização em administração e finanças pela Fundação Getúlio Vargas e um MBA Internacional pela FIA – Fundação Instituto de Administração USP – Universidade de São Paulo. Alexandre Solis começou a sua carreira na indústria automóvel e, em 1998, iniciou funções na Embraer, onde nos últimos 17 anos passou pela liderança de várias unidades da empresa no Brasil e no exterior. Já em 2011 foi nomeado diretor industrial da Embraer, assumindo os cargos de responsável pela unidade de Botucatu que é “um centro de excelência de fabricação de estruturas aeronáuticas e montagem de fuselagens para aeronaves civis e militares
da Embraer”, refere a empresa em comunicado. O novo CEO foi responsável pelas áreas de vendas, marketing, finanças e aftermarket.
Entre 2014 e 2017, exerceu funções na Fábrica de Interiores Executivos da unidade da Embraer em Gavião Peixoto. Trabalhou na JV Embraer/Zodiac
no México e contribuiu, em 2006, para a incorporação da Kawasaki pela Embraer, sendo responsável pela produção das asas do Embraer E190.
De 2003 a 2006, no início da joint venture da Embraer/AVIC, foi responsável pela implementação da parte industrial da fábrica de Harbin, na China.
Alexandre Solis conta com currículo vasto no setor
Central Termoelétrica do Carregado arranca com projeto de produção de hidrogénio Central Termoelétrica do Carregado vai passar a produzir e armazenar hidrogénio. A informação foi avançada pelo CEO da empresa António Mexia. Este é um projeto-piloto, que deverá ter início em 2020. Em declarações à agência Lusa, António Mexia refere que este projeto, “deverá ser apoiado pela União Europeia”, e irá produzir hidrogénio “a partir de eletrólise numa central de ciclo combinado”. A informação de Mexia, foi avançada no contexto da conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas que decorreu em Espanha, Madrid. O CEO da EDP salientou que este projeto está incutido numa
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lista, vincando que a mesma demonstra que a EDP é ume empresa já “líder mundial das renováveis”. Da mesma lista de projetos fazem parte as “redes inteligentes” e o eólico, através de uma central eólica no mar, ao largo de Viana do Castelo, entre outros. O projeto de produção de hidrogénio “deverá arrancar no início de 2020”, estando prevista a construção da parte de demonstração na Central de Ciclo Combinado do Ribatejo a partir de 2022. A capacidade deste projeto deverá rondar os 12 megawatt por hora de capacidade de armazenamento, e será “uma referência
e um dos maiores projetos” segundo a agência Lusa. Fonte da EDP citada pela agência de notícias, refere que esta será a tecnologia do futuro, sendo que o uso de renováveis, é “essencial” para que Portugal possa atingir as metas de neutralidade carbónica até 2050. A EDP lidera atualmente o projeto-piloto de demonstração à escala industrial naquela central, prevendo-se que esteja envolvida uma equipa de cerca de 50 profissionais da empresa. O hidrogénio é cada vez mais apontado como uma das alternativas para alcançar um futuro energético limpo, seguro e acessível.
Projeto será inovador segundo o CEO da EDP
Central de Cervejas aposta em painéis solares Central de Cervejas, com sede em Vialonga, anunciou um investimento a rondar os 1,4 milhões em painéis solares. Segundo uma nota de imprensa, este investimento vai permitir garantir cinco por cento das necessidades de energia de Vialonga e de 23% da Luso-Vacariça, em Mealhada. Ao todo a empresa já instalou 6.300 painéis fotovoltaicos, repartidos em duas partes. Metade na fábrica de Vialonga e outra meta-
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Novos investimentos nas renováveis
de na unidade de enchimento da Água de Luso, na Mealhada. Com esta aposta, a empresa vai produzir cerca de 2.845 MWh/ano de energia solar e reduzir em cerca de 1.200 toneladas/ano em emissões CO2, o equivalente à captação anual de CO2 por 53.000 árvores. A Central de Cervejas deixa ainda em aberto a instalação de mais painéis, até porque segundo Nuno Pinto, diretor de comunicação, ouvido pelo site Dinheiro Vivo, ainda
há muito potencial por explorar. Está em marcha um programa de sustentabilidade que contempla ações ao nível da proteção dos recursos hídricos e a compra de matérias-primas de fontes sustentáveis, passando pela redução de emissões de CO2 de acordo com o site económico. Nos últimos cinco anos a empresa cervejeira investiu mais de 140 milhões de euros em projetos de modernização e crescimento.
Valor Local
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Economia 21
Pedro Almeida, Managing Director da SIVA
Empresa garante que não vai sair de Azambuja Pedro Almeida é o novo homem forte da SIVA (Sociedade Importadora de Veículos Automóveis) em Azambuja. A empresa foi comprada recentemente pelo valor simbólico de um euro pela Porsche. Em entrevista exclusiva ao Valor Local, o diretor da empresa, Pedro Almeida, garante a permanência em Azambuja, bem como dos 630 trabalhadores do grupo, apesar de estar preocupado com a saturação de tráfego na Estrada Nacional 3. Miguel A.Rodrigues Valor Local: A Porsche Holding adquiriu a SIVA recentemente. Porquê este interesse neste grupo? Pedro Almeida: A situação financeira da SIVA exigia um reforço de capital e a Porsche Holding Salzburg, a maior empresa de distribuição automóvel europeia, subsidiária do Grupo Volkswagen, apareceu como parceiro natural para adquirir a SIVA e a operação de retalho SOAUTO. A PHS encontrou uma equipa sólida e competente, pronta a alcançar novamente os êxitos de anos anteriores. Ao todo a empresa soma (em conjunto com a SOAUTO) 650 trabalhadores. Existe a informação do aumento dos postos de trabalho. Até quantas pessoas mais a empresa pode contratar? Para que posições? É importante referir que a PHS desde a primeira hora que quis assegurar a continuidade de todos os colaboradores da empresa, para que todos pudessem trabalhar de forma serena e com confiança no futuro. Tendo em consideração que em Azambuja já existiram duas fábricas (Ford e Opel), a SIVA sente-se um bocadinho como a sucessora do trabalho destas? Já estamos presentes em Azambuja há 25 anos. Sempre promovemos uma boa relação com a comunidade local e esperamos continuar a ajudar a desenvolver a região. Existe da parte de algumas pessoas o receio de que o setor automóvel não é estável, sobretudo depois do encerramento das outras empresas e da situação em que a SIVA se encontrava. Quais as garantias que a SIVA pode dar nesta altura aos seus trabalhadores e
aos seus clientes? A entrada da PHS como acionista da SIVA vem trazer o necessário reforço a nível financeiro, e assegurar a sustentabilidade futura da empresa. Ao mesmo tempo, vemos a nossa relação com os nossos parceiros do Grupo Volkswagen consolidada, enquanto importadores das marcas do grupo para Portugal. É preciso referir que o investimento que está a ser feito na SIVA tem objetivos ambiciosos como o aumento de vendas para as 30 mil unidades por ano. O setor automóvel ainda é apetecível em Portugal? Acreditamos que sim. Se assim não fosse, a PHS, com toda a sua experiência e dimensão, não teria feito uma aposta tão séria e ambiciosa na SIVA e no seu potencial. Mesmo fora das nossas portas, basta ver alguns dados como os da produção recorde deste ano na Autoeuropa ou o peso das indústrias derivadas do setor automóvel nas exportações. Nesta altura a SIVA importa para o nosso mercado marcas como a Volkswagen, Audi, ŠKODA, Bentley e Lamborghini. A Porsche será a próxima? Atualmente, não há planos para alargarmos o negócio da importação a outras marcas do grupo. A empresa está há vários anos em Azambuja. No passado outras deslocalizaram a sua produção para outras localizações, nomeadamente, para fora do país. Sendo uma das maiores empregadoras do setor na região, a sua continuidade em Azambuja está garantida pela administração? É preciso começar por esclarecer que a SIVA não tem produção de veículos. No entanto, a operação completa que temos aqui na
Pedro Almeida ambiciona a consolidação das marcas que a empresa representa
Azambuja é muito importante para o desenvolvimento da atividade das marcas representadas. Estamos satisfeitos aqui e não existem planos para mudarmos de instalações. Se vai continuar em Azambuja, pergunto quais são os principais atrativos, em termos económicos e sociais que o concelho oferece? A situação geográfica, praticamente no centro do país, é muito favorável para uma empresa como a nossa em que a logística de distribuição é determinante, assim como as acessibilidades (apesar da EN3 começar a mostrar sinais preocupantes de saturação). Recentemente a SIVA anunciou a intenção de fazer crescer o número de vendas. Este será um desafio fácil ou difícil de concretizar, já que os créditos bancários estão cada vez mais apertados e o segmento de venda de usados parece estar a querer voltar a crescer?
O objetivo que temos de chegar aos 30 mil veículos novos vendidos por ano, a médio prazo, tem em conta o potencial que a nossa organização comercial já demonstrou ter no passado, assim como a extraordinária força das marcas que representamos. O contexto do mercado está cada vez mais agressivo, mas temos todos os argumentos para regressar ao topo das preferências dos nossos clientes. A Porsche Holding Salzburg é agora a maior empresa de distribuição automóvel da Europa. Vê muitas diferenças nos mercados dos outros países, para o mercado português? O mercado automóvel nacional é marcado por uma carga fiscal muito mais pesada do que na maioria dos outros países europeus. Isso distorce a procura e cria uma pressão sobre os preços que penaliza o consumidor. Para além disso, a estrutura do mercado aponta para um peso das empresas nas vendas totais,
e aqui incluímos os operadores de Rent-a-car, mais elevado do que noutros países em que a PHS está presente. Os impostos sobre o setor em Portugal (veículos e combustíveis) são dos mais elevados da Europa. Aliviar esta carga fiscal poderia ajudar no rejuvenescimento do parque português? O envelhecimento do parque automóvel tem vindo a agravar-se nos últimos anos e isso constitui uma ameaça à segurança rodoviária para além de ter efeitos muito negativos em termos de poluição do meio ambiente. Uma forma de acelerar a substituição dos automóveis mais antigos passaria por reintroduzir o apoio ao abate de veículos em fim de vida. Uma coisa é certa: manter a pesada carga fiscal atual contribui para que a taxa de esforço de comprar um automóvel novo em Portugal seja uma das mais altas da Europa. Ainda no domínio dos automó-
veis. Este é um setor que está a ser colocado à prova ao nível tecnológico todos os dias. Os elétricos e os híbridos parecem ser o futuro. Onde se vai situar a SIVA neste setor? As marcas que a SIVA representa em Portugal estão a fazer uma forte aposta nos veículos híbridos e elétricos. Posso dar três exemplos em concreto: o ID.3, o primeiro Volkswagen 100 por centro elétrico, que vai ser lançado em 2020, com um preço acessível, pretende começar a marcar a posição de liderança da Volkswagen nesse campo. Também a Audi está a desenvolver a sua gama de modelos e-tron ao mesmo tempo que lança uma oferta completa de híbridos plug-in. A própria Skoda vai entrar na era da eletrificação para o ano, com o Superb híbrido e depois com o seu primeiro SUV elétrico. São alguns exemplos que mostram a ambição do Grupo Volkswagen – e da SIVA - em liderar o mercado da mobilidade elétrica.
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Valor Local
Uma sugestão de Natal ecordo, sem nostalgia, os Natais da minha infância e juventude. Começavam cedo, os Natais da minha infância. O primeiro cheirinho que me chegava às narinas, anunciando que o Natal vinha aí, era o aroma a canela e aguardente da minha mãe a amassar broas na cozinha. Depois, dava-se a primeira grande reunião natalícia da família: íamos todos, comandados por ela e mais duas ou tês primas ou amigas, moldar as broas e assálas no forno do Ti Horácio, no Rossio, sob o olhar atento do Estaco, que ia mantendo o forno à temperatura ideal para que aquelas bolinhas redondas de massa inchassem, crescessem, fossem cozendo por dentro e crestando por fora, até se transformarem nas broas que se guardavam em caixas de metal e duravam enquanto durassem as Festas: no dia de Reis, estavam tão fofas e apetitosas como nos meados de Dezembro em que saíram do forno. Hoje compramos as broas, as azevias, os coscorões e o bolo rei nas pastelarias, mas o espírito de melhorar a ração com esse tipo de iguarias mantém-se igual ao espírito do “feito em casa” de antigamente. Povoam a nossa casa e as nossas mesas, os mesmos aromas e sabores que há gerações são típicos do Natal. É por isso que, em termos gastronómicos, eu não sou nostálgico dos Natais de antigamente. Depois, na noite de Natal, a família do lado da minha mãe juntava-se toda e comíamos baca-
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lhau cozido com batatas e couves, mais uns fritos de velhozes e coscorões e íamos até à Missa do Galo. Íamos cedo, muito antes da meia-noite, para nos juntarmos aos amigos à roda do tronco que ardia no Largo da Igreja, desejar Boas-Festas e cavaquear as novidades da terra. Os mais pequenos bichanavam aos ouvidos uns dos outros os anseios que esperavam do Pai Natal, os mais velhos confessavam o que iriam dar uns aos outros. Isto porque, nesses tempos, o Pai Natal descia mesmo pela chaminé e a gente só via o que ele tinha deixado no outro dia de manhã. Naturalmente que muitos apenas podiam, nessa noite que se queria de abundâncias, melhorar um pouco a escassa ceia dos filhos e, quando muito, comprar um par de peúgas ou umas cuecas para lhes oferecer. O almoço do Natal era em casa do Avô Ramos. Era o Natal da minha família paterna. Comíamos por tradição pato assado no forno e depois o Avô Ramos fazia um discurso. Sempre igual. Como era o ultimo Natal que, segundo ele, viveria, rapava de cinco notas de conto e dava uma a cada um dos cinco filhos. Durante anos o meu pai e os meus tios lucravam mil escudos com aquela crença do Avô Ramos de que morreria antes do próximo Natal. O que é certo é que os anos foram passando e a tradição foi-se tornando demasiado dispendiosa para o Avô Ramos. Até que um Natal decidiu que afinal talvez ainda visse mais Natais e, para desespero dos filhos, reduziu
substancialmente o presente natalício. Tendo por base um acontecimento da mitologia cristã, o Natal era – e é – acima de tudo um tempo de reunião de família. Num tempo em que a família tradicional, uma só, era estável e permanente e em que as distâncias eram fáceis de vencer, porque umas família tinha, normalmente, um raio de dispersão pequeno e era fácil juntar-se. Depois vieram os tempos das novas formas de família, com as separações e divórcios, os meioirmãos de várias mães ou vários pais, a impossibilidade de, ao contrário do que acontecia até aí, as famílias se reunirem num só bloco. O Natal passou a ser uma correria, os filhos a passar a noite com a mãe e o dia com o pai, os pais a transportá-los dum lado para o outro, entrega uns aqui para anoite, outros ali para o almoço de vinte e cinco, outros ainda acolá para o jantar do mesmo dia. Mudou a forma de viver, a organização social, as formas de comunicação, mas o espírito do Natal manteve-se inalterado: a reunião da família. Por isso é que, em termos familiares, eu não tenho a nostalgia dos Natais da minha juventude, porque temos que perceber a essência por trás da forma. Recordo o envio dos cartões de Boas Festas pelo Correio. Faziase uma lista dos amigos e familiares a quem queríamos desejar as Boas Festas, apontava-se a morada e compravam-se uns cartõezinhos com Pais Natal que se assinavam e despachavam
via CTT. Reparo agora que há anos que não recebo nem envio um cartão de Boas Festas. O Natal acompanhou a evolução da tecnologia e hoje temos telemóveis e mails e Facebook para desejarmos um Bom Natal aos que povoam os nossos afetos. Mudou a forma, mas não mudou a essência dessa outra componente do espírito do Natal, que é lembrarmo-nos e comunicar com os que estão mais longe, aqueles que talvez não vejamos nesta quadra mas que fazem parte da nossa vida. É por isso, porque essa troca de afetos se mantem, embora por outros métodos, que, em termos de amizades, eu não sou nostálgico dos natais de antigamente. É verdade que o Natal foi também atacado pela onda de consumismo que se apoderou do Mundo, nomeadamente nos países mais ricos. E onde dantes era um pequeno brinquedo ou uma peça de roupa que eram uma bênção natalícia e tinha o deslumbramento duma coisa rara, porque única, hoje são muralhas de pacotes e embrulhos que se desfazem à noite, depois do jantar e que os mais pequenos vão desembrulhando e pondo para o lado, na sofreguidão do próximo presente. As listas de presentes que fazemos são um trabalho prodigioso de imaginação, porque temos que adivinhar se o presenteado já tem o objeto em que pensámos ou se algum outro lho dará igualmente. Comprar presentes é uma tarefa de Cíclope, ir a compras ao Vasco da Gama nos
“No final de contas”, são duas as coisas certas na vida: a morte; e os impostos Terra é só uma! Os recursos, apesar de submetidos a processos de transformação contínuos, são sempre os mesmos. Para algumas partes verem os seus recursos aumentados, outras terão de ver os seus diminuídos, necessariamente. Os recursos vão “mudando de mão”; vão sendo redistribuídos. Em grande parte do tempo, a maior parcela dos recursos permanece concentrada num conjunto reduzido de partes. E bem, de uma forma geral, apesar de poder parecer moralmente condenável. Mas não é condenável, de todo. As “maravilhas” da “mão invisível” e do capitalismo em benefício do progresso são insubstituíveis! Em 200 anos de capitalismo, a esperança média de vida mais do que duplicou para a maioria dos Seres humanos. Se isto não é positivo,
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o que será? Ainda assim, a possibilidade de gerar lucro, promovendo comprovadamente a gestão eficiente de recursos, não é infalível. Basta que olhemos para os focos de pobreza extrema em África; para as crianças subnutridas; para o aquecimento global; para a “plastificação” dos oceanos; para a exploração do fator trabalho no extremo oriente. É aqui que devem entrar os Estados, sobrepondo-se à natureza “crua” da “mão invisível” de Adam Smith. Os Estados devem, com “conta, peso e medida”, alterar a lógica da “mão invisível”, isto é, da distribuição “natural” do rendimento das Economias. O Estados podem/devem, para bem do conjunto, ser pro-ativos e intervencionistas. Os Estados devem fazê-lo, em primeiro lugar, pelas seguintes
razões: Garantir o cumprimento das suas funções sociais; Prevenir/mitigar consequências negativas resultantes de atividades económicas (externalidades económicas negativas); Incentivar atividade económicas que originem externalidades económicas positivas. Mas os Estados também intervir no processo de distribuição “natural” do rendimento das Economias com o objetivo de garantir o funcionamento saudável do virtuoso fluxo económico circular (o rendimento das famílias gera consumo; o consumo estimula a produção; a produção carece de mão-deobra; a mão-de-obra aufere remuneração; o rendimento das famílias gera consumo; o consumo estimula a produção; a produção carece de mão-de-obra, e assim sucessivamente).
Os Estados, então, considerando a importância do normal funcionamento do fluxo circular das Economias, para além de outros instrumentos de natureza económica, utilizam a “máquina fiscal”... E assim, a cada momento, para algumas partes verem os seus orçamentos disponíveis aumentados, outras terão, necessariamente, de ver os seus diminuídos. Deve, a este propósito, desejavelmente, prevalecer a lógica da progressividade fiscal, isto é, a transferência de recursos, através de tributação fiscal, deve ocorrer das partes que mais rendimentos têm para as mais desfavorecidas. Por exemplo, se o Estado português decidir estimular a Economia a partir do incentivo ao consumo, poderá optar por diminuir o Imposto sobre o Rendimento Singular (IRS). As famílias veem o seu ren-
Dezembro 2019 Joaquim António Ramos dias que correm é uma aventura quase tão épica como a do próprio Vasco da Gama. Também aí o que nos move é o mesmo de antigamente – a vontade de dar algo nosso a alguém que faz parte da nossa vida e também neste caso se mantem o espírito natalício da partilha e da solidariedade. Também aqui, porque há que distinguir a essência da aparência, não sou, em termos de dádiva, nostálgico do Natal de antigamente. Em resumo: as coisas evoluem e alteram-se, como se vai alterando e evoluindo a sociedade, mas aqueles sentimentos e rituais do Natal, embora sob outra forma, mantêm-se inalterados. Mas…talvez devêssemos pensar que nem todos têm a possibilidade de ter os mesmos Natais que nós. Que há seres como nós que, por caprichos da Natureza ou tragédias da vida, nem sabem o que é o Natal e precisam que para eles seja Natal todo o ano. Que dependem quase exclusivamente daquilo que a Sociedade lhes pode dar ou fazer por eles. E que o que fizermos não é uma qualquer presente mas uma obrigação moral para com eles: nós nascemos e crescemos capazes de gerir as nossas vidas e sermos autossuficientes na sobrevivência. Eles não. Temos inquestionavelmente uma dívida para com eles, porque, para serem justas, a natureza e a vida deviam dar as mesmas oportunidades a todos. Muitos deles vivem em Instituições que a eles se de-
dicam e que sobrevivem com terríveis dificuldades financeiras para lhes proporcionar condições mínimas de dignidade de vida. No caso da nossa terra, vem-me imediatamente à cabeça a CERCI- Flôr da Vida, que ampara os mais desprotegidos dos desprotegidos, os mais carenciados dos carentes. Por isso deixo aqui um repto para que tenhamos uma atitude diferente neste Natal e nos Natais futuros: e se nós, em vez de oferecermos apenas brinquedos novos, uma camisola que vimos numa qualquer montra e que ficaria tão bem a um amigo, um envelope com cinquenta euros lá dentro, oferecêssemos também dentro dum envelope o recibo duma dádiva à Cerci em nome do presenteado? Eu é o que vou fazer: este ano, os meus filhos e os meus netos receberão de mim o recibo duma dádiva à Cerci em nome de cada um deles – a descontar naquilo que gastaria a comprar-lhes objetos supérfluos. Será também uma forma de não ser nostálgico relativamente aos Natais de antigamente. O espírito de solidariedade que deve estar presente no Natal estaria, neste gesto, bem vivo e patente. Vamos a isso?
João Santos
dimento real aumentado e isso facilitará o consumo. O Estado não pode, no entanto, abdicar de parte da receita fiscal, sob pena de não cumprir convenientemente as funções sociais do Estado, as funções de regulação e as de fiscalização, para referir apenas algumas. Assim, em simultâneo com a diminuição do IRS, o Estado poderá aumentar o Imposto sobre o Rendimento Coletivo (“IRC das empresas”), garantindo, se desejar, que o nível global da receita fiscal se mantém inalterado. O inverso também pode ocorrer, caso o Estado deseje estimular a Economia a partir do incentivo à criação de emprego por parte das empresas. De acordo com os dois exemplos anteriores, alteram-se as proporções das contribuições na sua ori-
gem, mas a receita fiscal global mantém-se estável. Num sentido ainda mais abrangente, o mesmo raciocínio pode ser aplicado ao volume global das receitas fiscais proveniente dos imensos impostos diretos e indiretos. Portanto, é possível manter (ou até aumentar) a receita total fiscal arrecadada pelos Estados, não obstante ocorrer uma diminuição efetiva do nível de contribuição fiscal para a maioria da população. Estas operações de aritmética não são complicadas... São muitas, mas não são complicadas. “No final de contas”, são duas as coisas certas na vida: a morte; e os impostos.
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Azambuja Day Summit “Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado”. Roberto Shinyashiki o passado dia 23 de novembro, no auditório municipal teve lugar o Azambuja Day Summit. Este encontro foi marcado pela apresentação das empresas pertencentes à marca HubsLisbonAzambuja (Hubs). Nessa tarde, estiveram a assistir 130 pessoas de diferentes proveniências. O Encontro teve dois momentos distintos: A apresentação de nove das 20 empresas
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Hubs; Após este momento, seguiu-se um lanche para networking entre os presentes e esclarecimentos adicionais. A tarde finalizou com a apresentação de oito empreendedores com ideias de negócio em frente a um júri. Este momento prendeu-se com o Programa, “Azambuja Empreende”, que resulta de uma parceria da Câmara com o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. A que se deve este movimento de rejuvenescimento do tecido empresarial? A Câmara Municipal aprovou o programa “Construir o Futuro em
Torno da Inovação”. Esta aprovação resultou da consciência do seu papel na criação de dinâmicas que permitem adotar estratégias de adaptação por antecipação, assim como modelos de governança mais voltados para o papel ativo do cidadão. A filosofia Hubs, através dos encontros que promove, as empresas que se encontram, a equipa que tem, os parceiros que acreditam na sua estratégia e os seus objetivos estratégicos, tem como missão, estimular e desenvolver soluções que permitam ir ao encontro dos grandes desafios geoeconómicos, tecno-
Rui Pinto*
lógicos, ambientais e societais. Esta estrutura orgânica, nasceu a oito de maio deste ano, com uma apresentação pública. Contempla dois grandes eixos de atuação. Qualificadora de pequenas e médias empresas Entidade de apoio ao incremento das competências empresariais. E também como incubadora de startups. O Hubs pretende paulatinamente vir a ser um pólo de conhecimento e tecnologia que assumirá um papel importante como agente de desenvolvimento económico nacional, acolhendo a participação de todas as empre-
sas, sobretudo PME, que se pretendam qualificar na nova indústria emergente – Indústria 4.0. Tem também os instrumentos necessários para dar robustez às startups que se encontram numa fase inicial. O Hubs faz a ligação entre a conceção de novas empresas com as empresas consolidadas no mercado. Este polo dispõe de uma comunidade empresarial multinacional sensível às necessidades do mercado e dos seus agentes. A designação deste polo Hubs invoca a cultura de parceria associada ao conhecimento tecno-
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lógico e criativo. Na sua génese foi interiorizado pelas empresas de diferentes sectores, o aspeto vital de capacitar as empresas para a adoção da transformação empresarial na quarta revolução industrial com ganhos de competitividade e eficiência. Que soluções se pretendem trabalhar no Hubs para ir ao encontro dos desafios societais? • Smart Economy -Interliga a economia local e internacional com fluxo físico e virtual de mercadorias, serviços e conhecimento. Novos modelos de negócio e comércio apoiados nas TIC • Smart Mobility - Sistemas integrados de transporte e logísitica apoiados nas TIC • Smart Environment - Energias renováveis e as TIC, para controlo, gestão e monotorização das redes de energia, da polui-
ção, dos serviços urbanos de iluminação, resíduos águas e qualidade do ar. • Smart People - A aquisição de competências com o apoio das TIC, promove a criatividade e a inovação, incrementando o nível de qualificações, a aprendizagem ao longo da vida, a pluralidade ética e a abertura de espírito. • Smart Living - Melhorar o bem estar dos cidadãos com impacto nos estilos de vida, comportamento e consumo. A todo e qualquer empreendedor que pretenda fazer parte desta comunidade pode fazê-lo em quatro vertentes: Huber Project - pretende desenvolver um projeto, com ou sem finalidade económica, e pretenda usufruir de um espaço equipado e pertencer a uma rede de contactos. O período de permanência pode ir até 2 anos; Huber Business - para capacitação e qualificação da comunidade empresarial. O período de permanência pode ir até 3 anos (a partir de Junho de 2020); Huber Visitor - para utilizadores que estejam envolvidos em projetos ou pertençam a empresas ou entidades que, por uma questão pontual, necessitem de usufruir de um espaço equipado por um curto período de tempo, para desenvolvimento de negócio e reuniões ou qualificação; Huber Cool – para utilizadores que pretendam usufruir do espaço lounge com acesso ao café com internet. Este artigo iniciou-se com a palavra Sonho. A capacidade de cada um de nós se valorizar, a relação entre todos para um melhor e maior território, tendo em conta a capacidade de antecipar o futuro, de forma a garantir uma acrescida eficiência pela capacidade de aproveitarmos sinergias. Venham a bordo! hubslisbon-azambuja.pt * #hubslisbonazb inovaempre@cm-azambuja.pt
Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho; NIPC 514 207 426 Sede, Redação e Administração: Rua Alexandre Vieira nº 8, 1º andar, 2050-318 Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23; Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Acácio Vasconcelos, José João Canavilhas, António Salema “El Salamanca” Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt
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Exposição “Cheias de 67” acorda emoções e memórias
uitas lágrimas e lembranças vieram à superfície no dia da inauguração da exposição “Cheias de 67” que está patente até abril de 2020 no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira, e que presta homenagem às vítimas da grande intempérie que assolou naquele ano a região. O concelho de Vila Franca foi um dos mais sacrificados, e em particular a freguesia de Castanheira do Ribatejo, e a localidade de Quintas. Em Quintas na noite de 25 para 26 de novembro, foi onde a tragédia causou um maior número de mortes, mais de 60 e no total da freguesia 83, mas há relatos que falam em 90 mortos. Ainda hoje esta aldeia vive sob o espectro do que aconteceu há 50 anos, sem que a população se refizesse completamente do que aconteceu. Nas cheias ficaram familiares, amigos e conhecidos. Luísa Fajarda tinha na altura 13 anos. Faleceram nas cheias os seus avós maternos e uma irmã que vivia com eles. A casa ficou destruída e os corpos foram na enxurrada. O corpo da irmã apareceu logo, mas o da avó poucos dias depois, e o do avô só ao fim de nove dias. No dia da exposição
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Exposição levou dois anos de preparação era uma das pessoas naturalmente mais emocionadas. “Hoje faz-se justiça perante o que aconteceu. Tardou mas finalmente eis a homenagem”, considerou à nossa reportagem. Na sua opinião a exposição retrata fielmente os dias de horror. “Para quem não viveu aquilo está muito elucidativa”. Entre os recortes de jornais da época
está aquele em que surge a foto do corpo da mãe. “Procurei muito este jornal, e agora encontrei”, diz banhada pela emoção. Noutro canto da exposição uma fotografia de uma noiva num caixão traz mais memórias de quem era da família ou amigo da vítima. Até se chegar a este resultado final foram dois anos de intensa
pesquisa, investigação e recolha de material. Manuela Ralha, vereadora com o pelouro da Cultura, refere que apesar de existir informação documental da época esta encontrava-se muito dispersa e a sua recolha revelou-se difícil. Jornais de época, reportagens televisivas, fotografias são apenas uma parte do suporte documental da
exposição. Há a realçar as fotos de Eduardo Gageiro ou do fotógrafo americano, da Life, Terence Spencer, neste último caso, cedidas pela filha. Manuela Ralha dá a conhecer ainda alguns filmes inéditos como o de Mota Redol que mostra o trabalho dos estudantes que face ao perigo da disseminação de doenças como a fe-
bre tifóide, a seguir às cheias, vacinaram as populações, e levaram a cabo um controle sanitário nos concelhos afetados. Acorreram em massa para ajudar as vítimas das cheias um pouco por toda a parte, e em diversas ocasiões nem sempre foram bem vistos pela censura durante este acontecimento. O evento que perdura até aos dias de hoje na memória coletiva do concelho sofreu a ingerência do antigo regime. “O Estado Novo tentou ao máximo ocultar esta tragédia. É de uma enorme disparidade o número de mortos reais em comparação com os oficiais”, realça Alberto Mesquita, presidente da câmara. Na linha da frente do muito que foi noticiado na altura esteve o jornalista Joaquim Letria que é também o curador desta exposição. Da mostra organizada pelo município de Vila Franca, consta um vídeo que o nosso jornal efetuou, na edição de novembro de 2017, junto de alguns dos que viveram aquela noite e os dias que se seguiram à tragédia, com testemunhos na primeira pessoa de habitantes de Quintas e do concelho de Alenquer.
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Casa do Povo de Manique do Intendente Que Aventura esta! Manique do Intendente, 09 de Abril de 2017… Assim dávamos início ao “Projeto Casa do Povo”. O cenário encontrado não era animador e sabíamos que teríamos um longo caminho a percorrer. Um caminho sinuoso onde a coragem e a força de vontade teriam de ser (demasiado) constantes e onde qualquer ambição pessoal teria de ficar excluída. Na época, sabedores da frágil situação financeira, muitos dos nossos associados que poderiam constituir uma Direção, afastaram-se. A própria população de certa forma se afastou, tal não era o descrédito a que tinha chegado a Casa do Povo e prova disso foi o número reduzido de utentes que encontrámos e a falta de controlo nos nossos próprios Equipamentos. Em 2017, a situação de insólito tinha pouco… Era demasiado grave! Uma IPSS, uma Associação criada em 1971 com todo um histórico, um BEM que é de todos, não podia terminar desta forma. O pensamento imediato era negativamente básico: Como controlar estas contas/gastos? Como sobreviver a mais um mês? No desespero, sentíamos que precisávamos urgentemente de “injeção de capital” como vulgarmente dizíamos (e ainda dizemos). Essa injeção infelizmente nunca chegou! Compreensivelmente, as “portas” estavam fechadas. Epah, teria sido tão mais fácil! Mas não… não baixámos os braços! Criatividade, empenho e uma gestão (talvez) demasiado rigorosa, admito! Os resultados foram e vão aparecendo num equilíbrio de “conta-gotas” vitamínico em que nada entorna e tudo se aproveita, se (re)cria, se recicla, se transforma e no fim… Renasce. Nada de Filosofias meus amigos, apenas realidade quotidiana! Hoje compreendemos que assumir a(s) responsabilidade(s) d’uma divida não é fácil e como tal foi muito difícil constituir uma equipa capaz e com a qualidade e dinamismo suficientes para colocar novamente a Casa do Povo de Manique do Intendente no seu devido lugar, servindo a População, restaurando laços com parceiros institucionais entretanto afastados e levando a cabo toda uma restruturação de serviços visando o imediato controlo de gastos, não só no Centro de Dia, como também no Pavilhão Polidesportivo, propriedade desta Casa do Povo. Passados que estão estes dois anos, continuamos com encargos financeiros que são anteriores à nossa gestão, mas que mensalmente e honrosamente cumprimos. No entanto para haver este compromisso de forma continua, tivemos de tomar medidas e optámos por fazer com a frequência necessária diversos eventos ao longo destes anos com o propósito final de angariação de fundos para fazer face às despesas. Assim se cria prestígio! Seria não só uma forma de reforçarmos o nosso capital como seria igualmente uma forma de abrirmos portas à Comunidade, dando a conhecer os nossos serviços e espaços a potenciais utentes. Uma espécie de publicidade, portanto! Para tal contámos sempre com o empenho das nossas colaboradoras que foram abdicando sucessivamente de horas e fins-de-semana em prol da Casa do Povo e sobretudo em prol d’um bem que a “Terra” tanto precisa. Fazendo um balanço geral, o resultado tem sido positivo e consequência disso são as Contas Gerência de 2018 apresentadas em Assembleia Geral, que traduzem uma recuperação de passivo muito significativa. Estamos portanto no bom caminho! Que as Contas 2019 estejam ao mesmo nível! Ao longo deste tempo foram-se abrindo “portas” que estavam há muito fechadas e reforçámos sobretudo laços institucionais e demos oportunidade à criação de outros. Envolvemo-nos com tudo o que de bom se faz na nossa União de freguesias e participamos sempre que possível nas diversas iniciativas de outras Entidades locais. Esta é a Casa do Povo que queremos! O Centro de Dia melhorou e aumentou a sua prestação de serviços, abrindo também ao sábado para a valência de Serviço de Apoio Domiciliário. Haja ambição! Entraram novos utentes e temos estado numa fase crescente sempre ponderada para que de uma forma segura se evitem os erros do passado. E porque a Casa do Povo também é cultura, recreio e ambiente, foi com redobrado prazer que participámos ativamente e abraçámos projetos como o “PAUL com Vida” ou as escavações no “Castro de Vila Nova de S. Pedro”, entre tantos outros! Relativamente ao Desporto, a Casa do Povo tem vindo a recuperar utilizadores no seu Pavilhão Polidesportivo e neste momento dinamizamos atividades como Fitness, Combat Fitness, Zumba, PAFT +55 (ginástica para adultos em parceira com o Desporto do Município de Azambuja), Karaté (DOJO AMKP Manique do Intendente), Futsal infantil/escolar (através de protocolo com a Escolinha do Figo e a EBI de Manique do Intendente), tendo um nível de ocupação do espaço completamente preenchido nos 5 dias uteis da semana. Muito mais haverá a fazer, mas as nossas condicionantes económicas não nos permitem uma maior elasticidade. Neste sentido e aproveitando a ocasião, agradecemos todo o apoio e voto de confiança que nos tem sido dirigido em longo destes quase 3 anos de mandato. Agradecimento que se estende a Particulares, Associados da Casa do Povo, Órgãos Sociais, Funcionárias do Centro de Dia, União de Freguesias, Município de Azambuja, Escola EBI de Manique do Intendente e outras entidades locais como o grupo “Trilhos Pina Manique”, “Tradifana Confeitaria LDA.”, “Festeiros”, CAFMI (Associação de Caçadores), Rancho Etnográfico de Manique do Intendente e tantos outros que de forma sucessiva e dentro das suas próprias limitações nos vão apoiando nesta ainda longa caminhada. E que impertinentes (chatos!!!!) temos sido! Que nos doa os nós dos dedos por muitos e bons anos, porque continuaremos a bater à porta dos nossos vizinhos, dos nossos amigos, dos nossos parceiros e de todos os que nos querem bem! Desejamos a todos Votos de Boas Festas e que o Ano de 2020 seja um sucesso! A Direção!
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Os conteúdos são da exclusiva responsabilidade da Associação, Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja
Candidaturas abertas no âmbito dos Investimentos na área dos Equipamentos Sociais O ALENTEJO 2020 abriu concurso ALT20-42-2019-60 (CIMAA), no domínio da Inclusão Social e Emprego, eixo prioritário da Coesão Social e Inclusão. A prioridade de investimento (9.7) são os investimentos na saúde e nas infraestruturas sociais que contribuam para o desenvolvimento nacional, regional e local, a redução das desigualdades de saúde, a promoção da inclusão social através da melhoria do acesso aos serviços sociais, culturais e recreativos, e da transição dos serviços institucionais para os serviços de base comunitária. O objetivo específico é o apoio ao investimento em infraestruturas e equipamentos infraestruturas sociais na área da deficiência, da terceira idade e da infância, de
modo a melhorar as respostas sociais existentes, com especial incidência no apoio à reconversão, remodelação, ampliação e adaptação infraestrutural da rede social e solidária, viabilizando a promoção de respostas de qualidade aos utentes dos serviços, a adoção de soluções capazes de assegurar a qualidade e modernização. Os beneficiários dos apoios previstos no presente Aviso são, nos termos do mesmo, os Municípios. A área geográfica tem aplicação na NUTS II Alentejo. O prazo para apresentação de candidaturas termina a 30 de abril de 2020. Fonte: Alentejo 2020
Sessões temáticas preparam estratégia regional do Alentejo 2030 No âmbito da preparação da estratégia regional Alentejo 2030, foram realizadas cinco sessões temáticas, uma parceria entre a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Alentejo (CCDRA) e as Comunidades Intermunicipais (CIM) do Alentejo e da Lezíria do Tejo. Com o objetivo de elaborar o Plano de Ação e a Estratégia Regional no horizonte 2030, iniciaram-se os trabalhos, ainda em 2018, com o Contributo Regional para a Estratégia Portugal 2030. Foi um processo participado, trabalhado ao nível sub-regional, com várias sessões alargadas, de debate, que resultaram na identificação de desafios estratégicos e prioridades de intervenção para o Alentejo. O processo foi retomado/continuado com maior intensidade com o primeiro momento do Roteiro 2019, num evento plenário realizado em janeiro desse ano e que incluiu uma conferência sobre “Os desafios da convergência” e 3 mesas temáticas sobre “Os dados e o território”; “A sustentabilidade e o território”; “A governação e o território”. Posteriormente, foram realizadas reuniões com as Comunidades Intermunicipais, com as entidades do conhecimento, com as Associações Empresariais e as empresas, com as ONG, com os Deputados eleitos pela Região e foi preparado e aplicado um questionário aos stakeholders regionais e realizadas entrevistas a pessoas com relevância e pensa-
mento sobre a Região. Atualmente, está a ser revisto e melhorado o documento do contributo regional para o PT2030. Prossegue-se a preparação da estratégia regional e a estabilização/validação dos grandes desafios para o Alentejo no horizonte 2030. Com igual propósito de atualização dos documentos programáticos, as CIM estão a fazer a revisitação das suas Estratégias Sub-Regionais. Nestes trabalhos de preparação da estratégia regional Alentejo 2030, as cinco sessões temáticas foram momentos importantes de partilha de conhecimentos e experiências, de contributos e sugestões para o próximo período de programação. Com foco nos desafios estratégicos para o Alentejo 2030, as sessões ocorreram em Ponte de Sor – “Alargamento da base territorial de competitividade” - Évora “Consolidação do sistema regional de inovação”, Santarém – “Reforço da Ação Coletiva Regional”, Beja – “Sustentabilidade Territorial” e Grândola – “Reforço do sistema urbano regional” Com o foco nos desafios estratégicos do Alentejo, as sessões permitiram balancear o passado recente, olhar o presente e refletir em conjunto sobre o futuro. Das sessões resultaram contributos relacionados com tendências e oportunidades de desenvolvimento, dinâmicas territoriais, dimensões problemas, caminhos para o futuro, agentes a envolver.
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Dossier: Águas 29
Alenquer
Oposição quer estudo sobre o resgate da concessão das águas debate em torno da concessão de águas e saneamento de Alenquer já vai longo. O ano fica marcado pelo aparecimento de um movimento de consumidores que tem exigido o resgate da concessão por parte da Câmara Municipal face ao que se considera ser o elevado preço das faturas praticadas pela Águas de Alenquer e o deficiente serviço prestado com constantes roturas em algumas localidades do concelho. Os dois vereadores da oposição no município de Alenquer, ouvidos pelo Valor Local, defendem que a Câmara deve ser mais proativa nesta matéria, e estão na expetativa perante um novo estudo que será encomendado neste domínio com o objetivo de se apurar, a 15 anos do fim do contrato, o valor da indeminização ao grupo composto por AGS e Aquapor, e quais os custos no caso de a autarquia voltar a assumir este setor. Uma empresa de consultadoria apresentou há poucos anos um valor de 60 milhões de euros, mas o município quererá saber de outras possibilidades. Frederico Rogeiro, do PSD, não tem dúvidas de que um dos grandes problemas que está ao alcance de ser melhorado diz respeito às roturas. “Indigna-me esta situação em ocorrem inúmeras faltas de água, as pessoas passam dias sem água na torneira, e a Câmara tem de resolver a situação” e como tal “propusemos um plano de investimentos em Assembleia Muni-
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cipal”. A proposta foi chumbada “mas parece que não caiu em saco roto porque a comissão de ambiente e ordenamento do território fez uma recomendação nesse sentido”. Esse esforço financeiro rondaria os 80 milhões de euros a serem suportados, neste caso, pelo município, dado que a concessionária alega que passados 16 anos do início da concessão já aplicou a totalidade das verbas previstas no caderno de encargos, 22, 3 milhões de euros. “O parecer da comissão de acompanhamento da concessão, vai nesse sentido: terá de ser a Câmara a fazê-lo”. O PSD diz que aguarda ainda pelo estudo da empresa de Cunha Marques, RPG, referente à indemnização em caso de resgate da concessão, que não chegou a ser apresentado. Mas de acordo com Pedro Folgado, ao nosso jornal, vai ser feito um novo estudo a uma empresa diferente. Frederico Rogeiro não tem muitas dúvidas de que o resultado final não deverá ser “muito diferente daquele que hoje está em cima da mesa”. “Queremos ver um parecer de uma entidade independente, e percebermos ainda a dívida real da Câmara. Não aparece em contas. Deve existir um rabisco. As maiorias absolutas são assim”, acrescenta o vereador da CDU, Ernesto Ferreira. “Não existe um quadro real do que se pode fazer nem dos custos da remunicipalização”, conclui.
Ernesto Ferreira
Frederico Rogeiro Em 2003, a CDU na Câmara com José Manuel Catarino, e na assembleia votou contra. Os vereadores Nandim de Carvalho e Vasco Miguel (PSD) votaram a favor da concessão de águas e saneamento a um privado. Em assembleia municipal o partido abstevese. Com estes anos de distância, Frederico Rogeiro, diz que já tentou obter dados anteriores à entrada em cena do privado, nomeadamente, no que respeita ao contrato com a EPAL para a captação em alta. “À época, a água era vendida muito barata, a estrutura do serviço prestado era muito desequilibrada, não dava margem para as necessidades de investimento. A Câmara não quis subir o preço da água porque politicamente era difícil, e chegou-se ao impasse, porque as
metas e as exigências a nível de saneamento e abastecimento tornaram-se mais exigentes e a Câmara não tinha capacidade, daí a passagem a privados, com todos os riscos para o consumidor”. É célebre o episódio em que Álvaro Pedro, antigo presidente da Câmara, exibiu um cano carregado de calcário. “A única coisa que ninguém soube ter na altura foi a necessária dose de pessimismo. O PSD votou a favor por questões de inevitabilidade”. Na altura “possivelmente ninguém imaginava que íamos ter uma grande crise, pensava-se que o país ia continuar a prosperar, e neste caso esse estado de alma também passou por aqui, e ninguém imaginou o pior”. “Foi muito ao estilo- Hoje resolvemos o problema, se houver mais
quem vier atrás que feche a porta”. Quanto às dívidas à concessionária evocadas pela oposição, o presidente da Câmara refere que não compreende este tipo de questões, porque não há dívidas em orçamento e diz não perceber o facto de sistematicamente alegarem tal circunstância. Reafirma ainda que não está disponível para dar luz verde a novo aditamento ao contrato. Até à data a empresa tem-se refugiado ao máximo quanto a este tema. Tendo respondido apenas a algumas perguntas da comunicação social. Frederico Rogeiro é taxativo quanto à necessidade ou não da Águas de Alenquer dar a cara publicamente numa sessão pública ou outro evento do género – “Vou ser muito claro – De um
lado temos aqueles que não podem fazer nada, e sofrem com isto tudo, do outro aqueles que estão dentro do sistema e se protegem uns aos outros. Estive numa reunião da comissão de acompanhamento da concessão. Fiquei bastante dececionado. A empresa até parecia que nada daquilo lhe dizia respeito. Não sabia de nada nem acrescentou nada. O presidente da comissão também estava lá no meio sem saber muito bem o que dizer, ainda assim foi o que se esforçou mais. Se for para esclarecer alguma coisa acho bem que se dê esse passo para uma sessão pública, mas o que me parece é que seria mais uma perda de tempo. Foi por isso que propusemos a figura do provedor do consumidor que foi recusada”.
SMAS de Vila Franca comemoram 60 anos com mais um galardão de qualidade da ERSAR s Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Vila Franca de Xira voltaram a ser distinguidos com o prémio “Selo de Qualidade Exemplar de Água para Consumo Humano”. A informação foi avançada durante a apresentação do livro que assinala os 60 de atividade da empresa no salão nobre da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Segundo António Oliveira, presidente dos SMAS, esta é mais uma distinção que demonstra a qualidade dos serviços prestados pela empresa à população, vincando que os SMAS dispõem agora de um novo e moderno laboratório que permitirá elevar ainda mais o padrão de qualidade da água em Vila Franca de Xira. “Este trabalho tem sido reconhecido a nível nacional, nomeadamente, com a atribuição do prémio de excelência em 2015, 2017, 2018 e agora em 2019” sa-
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lientou António Oliveira. Esta é um galardão que é atribuído anualmente pela ERSAR –
Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, em parceria com o Jornal “Água &
Foi ainda dado a conhecer o livro que assinala os 60 anos dos SMAS no concelho
Ambiente” e destina-se às entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água que cum-
prem os critérios mínimos identificados no regulamento anual da iniciativa, designadamente no que se refere ao cumprimento do Programa de Controlo da Qualidade da Água para consumo humano definido para cada ano, e cuja percentagem de água segura seja superior a 99%. O responsável salientou ainda que na atualidade “os SMAS encontram-se a implementar o sistema de gestão de qualidade em todos os serviços” bem como “a certificação de águas e efluentes” e a “implantação do plano de segurança da água tendo em conta a prossecução de uma política de melhoria continua”. Já quanto ao livro, a edição deste está integrada no programa comemorativo dos 60 Anos dos SMAS. O documento que conta a história dos SMAS, e que conta com os testemunhos dos antigos responsáveis pela estrutura, inte-
gra-se igualmente na exposição comemorativa e evocativa dos 60 anos dos SMAS, que esteve patente na Fábrica das Palavras. Aliás segundo uma nota de imprensa, foi no decorrer da organização dessa mesma exposição que se chegou à conclusão do interesse dos elementos documentais e iconográficos. Foram, entretanto, compilados e deram origem ao livro “60 Anos dos SMAS”, que visa registar para memória futura toda a história subjacente aos 60 anos desta entidade. Para Alberto Mesquita, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, este livro é um documento importante “para a preservação da memória de todo este percurso histórico, que contém informações e conteúdos relevantes, não apenas para os SMAS, mas para toda a história do nosso território”.
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