Jornal Valor Local - Edição Setembro 2019

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Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 776 • 26 Setembro 2019 • Preço 1 cêntimo

Valor Local Nova lei do Plástico já tem impacto na Região Destaque na 12, 13, 14, 15 e 16 Sociedade na 6

Sociedade na 5

Coligação Mais quer referendo popular para o futuro do Hospital de Vila Franca

Centro de Saúde de Azambuja com consulta pioneira de Prevenção do Suicídio Casos no concelho têm atingido números preocupantes PUB


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Torricado no centro das atenções no debate sobre turismo e gastronomia urismo e Gastronomia” foi o mote para um debate realizado em conjunto pelo Valor Local e a junta de freguesia de Azambuja, no cinema do Centro Comercial Atrium, em Azambuja, no passado dia 14 de setembro, onde se juntaram a nós para uma conversa de duas horas, o vereador com o pelouro do Turismo, António José Matos, Joaquim Ramos da Confraria do Torricado, Júlio Martins em representação da Entidade de Turismo do Alentejo e Ribatejo, e a enóloga Verónica Pereira da Sociedade Agrícola Casal do Conde, Cartaxo. O torricado esteve no centro das atenções tendo em conta a aposta neste prato típico de Azambuja nos últimos tempos, com eventos, e outras atividades, mas em que a restauração “ainda tem de fazer o seu caminho”, concordaram os oradores. O vereador com o pelouro do turismo deu a conhecer que uma das estratégias no que ao turismo diz respeito tem passado, nos últimos tempos, pela captação de turistas integrados em circuitos de visita pelo concelho com paragem em locais como o

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Castro de Vila Nova de São Pedro, e outros, onde ao longo dia dia têm ocasião de assistir a recreações históricas pelo grupo

Terra Velhinha, e como “é óbvio provar o nosso torricado, que por mais que digam que é de outras zonas da região, não é. É de

Azambuja, afirmou perentoriamente. Joaquim Ramos, da Confraria do Torricado, que ainda se encontra em processo de consti-

Iniciativa conjunta entre a autarquia e o Valor Local

tuição assume, neste órgão, a presidência da Chancelaria como Chanceler-Mor. Na restante lista constam os nomes de Rita Orti-

gão Costa que assume o segundo lugar como chanceler. Madalena Aparício assume as finanças como tesoureira, e Miguel Ouro como secretário, no cargo de campino. Lourenço Luzio é o segundo secretário da confraria, assegurando o cargo de jornaleiro. O concelho averiguador é entregue a Conceição Maurício Sousa, coadjuvada por Madalena Tavares e Lúcio Costa. A Confraria do Torricado tem também um Conselho de Sábios, composto por elementos das várias freguesias do concelho de Azambuja. A entidade de turismo, segundo Júlio Martins, encara este movimento da confraria de Azambuja “de bom grado”, embora já tenha surgido no passado uma congénere em Samora Correia da qual atualmente não se conhece expressão. “A entidade não toma partido apenas acolhe todas as boas sugestões que possam impulsionar o turismo” não se imiscuindo em disputas territoriais. Já Verónica Pereira deixou a sugestão de que o torricado vai bem com vários tipos de vinho, do tinto ao branco até ao espumante. “Um vinho que equilibre a gordura do torricado é o indicado”.


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Grupo de hip hop de Salvaterra vence concurso nacional de dança icaram em primeiro lugar na categoria “kids” no Street Dance Awards 2019. O grupo de hip hop e dança contemporânea do grupo Mc Company, em Salvaterra de Magos, conta com um conjunto de jovens que fazem daqueles estilos musicais uma paixão. É o caso de Catarina Cota, 19 anos, que quer continuar a dançar até ser “velhinha e de cadeira de rodas”. O espírito e o companheirismo vivido por um conjunto de cerca de 46 jovens que integram os Mc Company é o que faz com que muitos queiram fazer parte, todos os anos, deste projeto. Catarina Cota está desde o início, quando há 10 anos decidiu que a dança a chamava. “Nem sabia o que era o hip hop”.”Integrava outro grupo de dança mas quando este abriu resolvi passar por aqui”, e por aqui foi continuando. Não esconde que gostava de ficar para sempre ligada à dança, apesar de ter apenas 19 anos. O prémio conquistado “foi importante porque deu ainda mais motivação para continuarmos”. Margarida Duarte, 20 anos, também foi uma das “fundadoras” do grupo, e por isso “é uma felicidade fazer parte”. “Temos uma enorme conexão

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uns com os outros “, acrescenta José João, 16 anos, que está nos Mc Company desde “há um ano e alguns meses”. “Falaram-me muito bem deste grupo, e tenho confirmado isso mesmo”. Para outra das atletas, Carolina Nogueira, 13 anos, “dançar é uma forma de expressar sentimentos, neste caso, quis experimentar algo novo e vim através de amigos”. No futuro “gostava de ensinar outras pes-

soas a dançar para que sintam o amor que eu sinto pela dança”. Ana Cristina Duarte, presidente da associação Mc Company, lembra que tudo começou devido à paixão de um “grupo de meninas pela dança”, cuja cereja no topo do bolo deu-se com a conquista do primeiro lugar no Street Dance Awards, este ano, em Leiria, entre 17 equipas. Neste campeonato de danças urbanas, mostraram

uma coreografia com diversos estilos de hip hop. Há cada vez mais jovens a integrarem coletividades, ou escolas de dança, onde o hip hop é uma das atividades, e no concelho de Salvaterra há outros grupos também dedicados a este estilo. Em Portugal assiste-se a um florescimento de praticantes de hip hop. A sua popularidade deve-se em muito à série Morangos com Açúcar. A série juvenil já

Mc Company a deitar cartas na dança desde há 10 anos

terminou há uns anos, mas esta dança nunca passou de moda, e sobreviveu aos Morangos com Açúcar, continuando a ser um chamariz para muitas crianças e jovens que, na altura, de escolherem uma atividade optam pelo hip hop. Lá fora, esta dança tem ainda mais praticantes e outro nível de profissionalismo. “A dança em Portugal é muito pequenina em relação a outros países, porque

não há apoios, e posso dizer que para um grupo ir lá fora são necessários entre 40 a 50 mil euros, por exemplo”, refere o professor de hip hop Vítor Santos. No caso dos Mc Company, recebe apoios da Câmara mas também tem de recorrer a sorteios, rifas, e vendas de produtos alimentares para angariação de verbas para as deslocações. Mais recentemente, em outubro de 2018, surgiu nesta associação a vertente da dança contemporânea pela mão da professora Marta Salsinha. No final do ano, um grupo dos Mc Company vai participar numa competição internacional. A professora de dança destaca que quer o hip hop quer a dança contemporânea têm de dar o passo em frente, passando a atividades federadas. Nesta altura, apenas a dança de salão tem esse estatuto. “Seria importante em termos de apoios das autarquias e do Estado e quando temos alunas a ficar em quartos lugares a nível europeu”, destaca, enfatizando – “Dar esse passo seria importante como uma forma de reconhecimento dos bailarinos e dos profissionais que se formam”. PUB


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Obras do pavilhão do Grupo Desportivo de Azambuja arrancam em 2020 Grupo Desportivo de Azambuja (GDA) prepara-se para reformular a sua sede social. Para trás ficam os anos do antigo campo da bola e da Travessa da Espenica, onde muitas modalidades se desenvolveram e deram ao clube muitas alegrias. Fundado em 1957, o GDA prepara-se para iniciar as obras que vão dar outro alento à prática desportiva e aos atletas. Trata-se de um investimento de cerca de 300 mil euros, que segundo Alexandre Grazina, presidente da direção, serão fruto de uma promessa do presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa. A nova obra que levará a efeito a construção de dois ginásios e a transformação da entrada e casas de banho da coletividade, será apenas a primeira fase. O dirigente explicou ao Valor Local que a ideia é “juntar toda a família do GDA” que está espalhada

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por vários edifícios, nomeadamente, o espaço da antiga EPAC, onde se encontra o ginásio destinado ao público. Trata-se de uma velha ambição do GDA que há muitos anos tenta encontrar um espaço para congregar todas as modalidades. O local onde está o pavilhão tem ainda margem de progressão e por isso o presidente do clube anuncia a construção dos ginásios e a reformulação da entrada em conjunto com novas casas de banho e o bar, para “dar conforto aos atletas e às famílias”. Alexandre Grazina diz acreditar na promessa de financiamento por parte de Luís de Sousa e por isso assegurou ao nosso jornal que já deu entrada do projeto na Câmara Municipal. Um projeto que poderá estar pronto a meio do ano que vem e que vai possibilitar que o cube deixe livre as instalações da EPAC para a autarquia.

Por outro lado, salienta que este projeto já não é de agora, mas está adaptado assim às novas necessidades do clube. A construção de casas de banho para pessoas com deficiência é apena uma das mais-valias. Outra das mais-valias está relacionada com a vertente desportiva com a possibilidade do regresso do ténis de mesa ao clube. Esta é uma modalidade com muitos praticantes no concelho e que valeu vários campeões nacionais, entre eles a atual presidente da junta Inês Louro que hoje preside à Assembleia Geral Federação Portuguesa de Ténis de Mesa. O GDA tem uma segunda fase para avançar, mas ainda não possui data concreta nem valores associados. A construção de um pequeno auditório e salas para as secções, fazem parte do projeto que quer juntar a família GDA num espaço otimizado para o século XXl.

Clube espera entrar numa nova fase da sua existência

Pedro Texugo, engenheiro informático na CLC

Quando o emprego de sonho está a dois passos de casa edro Texugo é um jovem de Aveiras de Cima a trabalhar em engenharia informática na Companhia Logística de Combustíveis (CLC), onde também fez o estágio curricular. O que nunca pensou é que algum dia viria a trabalhar nesta empresa quando recebeu uma bolsa de mérito no tempo de estudante, quando frequentou o 9º ano na Escola Básica do 2º 3º ciclo de Aveiras de Cima. Foram mil euros nesse ano, mas a CLC acompanhou o aluno até ao 12º ano com a atribuição dessa mesma bolsa. Para si, ter a oportunidade de estagiar e depois trabalhar a meia dúzia de quilómetros de casa na CLC, e no epicentro do comando informático de uma das participadas da GALP com a carga de responsabilidade associada é um sonho. “Foi uma grande sorte, nunca pensei ter esta oportunidade aqui tão perto.

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Engenheiro informático está no comando de operações a nível informático na empresa

Sempre pensei que acabaria por trabalhar em Lisboa em alguma empresa de consultadoria, mas não em Aveiras de Cima”. Pedro Texugo integra o departamento de Sistemas de Informação e Automação que abarca todas os sistemas de digitalização empresarial e de todos os sistemas que controlam o parque desde o pipeline, passando pelas bombas e pelas ilhas. As redes de segurança e cibersegurança estão ainda afetas a este departamento. Pedro Texugo confessa que não esperava sentir tanto entusiasmo por trabalhar nestas áreas. “Estou num centro de operações em que vejo tudo, lido com uma série de vertentes, ainda por cima numa infraestrutura crítica com tanto impacto no país. Tenho contacto com todas as áreas, desde a administração até à mais operacional”.

O departamento de Pedro Texugo que integra não mais do que meia dúzia de técnicos é uma das principais da empresa, e está sujeita a regras muito apertadas impostas pela União Europeia, estando a CLC integrada na rede de infraestruturas da UE. A CLCL possui um planeamento de segurança que permite responder a eventos estruturais como causas naturais ou humanas, até ao domínio da cibersegurança. A protecão contra ataques hacker está a ser potenciado ao máximo a nível de investimento em todo o mundo correspondendo atualmente a 17 vezes mais o PIB de Portugal. Em 2018, sofreu um aumento de investimento na onda dos 20 a 30 por cento. A vinda do 5G é o “equivalente a uma guerra mundial na informática”, o que para Pedro Texugo “é assustador” e um “enorme desafio”.

Obras polémica em Alverca

Alberto Mesquita repudia ataques nas redes sociais construção de um prédio de cinco andares na Rua Sabino Faria em Alverca do Ribatejo levou a que um grupo de cidadãos apresentasse uma providência cautelar por considerar que a obra estaria a violar as regras do Plano Diretor Municipal (PDM). Uma juíza do Tribunal Administrativo proferiu um despacho em que aceita a providência cautelar e a autarquia deve, agora, abrir um período para publi-

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cação de editais e promover a discussão pública. Entretanto, a obra que estava em marcha desde junho foi embargada. Em reunião de Câmara, Alberto Mesquita, presidente da autarquia, lamentou que este tema tenha trazido à mistura “ataques pessoais” e “calúnias” à sua pessoa nas redes sociais. O presidente da autarquia revelouse agastado com a situação: “Se essas pessoas são iluminadas que

vão a votos, porque uma coisa é comunicar, e sugerir alterações, outra é o ataque!”. Alberto Mesquita informou que os editais já foram publicados e as obras foram paradas “por questões de segurança tendo em conta que as zonas que estavam a ser betonadas podiam causar problemas aos prédios contíguos”. A autarquia “apresentou a contestação e temos a consciência tranquila pois tudo o que foi

aprovado é legal”. Para a Câmara “aquela era uma zona desqualificada e a cair de madura”. “Sendo assim a sua modernização será pedra de toque”, respondia, desta forma, o autarca a Nuno Libório, vereador da CDU, que quis saber o ponto de situação deste dossier. “Quero saber quem no futuro vai ressarcir o município por estes atrasos e estes encargos. Em última análise será o Estado. Enfim!”,

lamentou ainda, Alberto Mesquita Recorde-se que em causa está o facto de o grupo de cidadãos contestar a obra por considerar que o prédio não respeita o conjunto “harmonioso” da envolvente, composta por fogos de menor dimensão, nomeadamente, vivendas de dois pisos. Os autores da providência cautelar sustentam que “as novas edificações devem respeitar uma cércea (designação relativa

ao limite da altura de um edifício para uma rua) resultante da média das cérceas da frente edificada em que se insere, entre duas transversais”. O grupo de cidadãos refere que a obra tem impacte nos prédios vizinhos em termos de luz solar, privacidade e estacionamento. Já a autarquia defende que o edifício em causa está no mesmo alinhamento de outros da Rua César Augusto Gonçalves Ferreira.


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Centro de Saúde de Azambuja com consulta pioneira de Prevenção do Suicídio esde 2017 que as consultas de psicologia no Centro de Saúde integram uma componente de Prevenção do Suicídio através da psicóloga clínica e de saúde Conceição Neves que recebe os doentes encaminhados, regra geral, por via da consulta com os profissionais de saúde geral, quando detetam alguns estádios de maior desânimo, depressão, e em que os pacientes falam em colocar termo à vida como uma hipótese, ou que de facto já fizeram uma tentativa no passado. Neste momento, cerca de 20 a 30 pessoas estão a frequentar esta vertente da consulta de psicologia, desde adolescentes até aos mais velhos, sem grandes diferenças entre o número de homens e mulheres. Prevenção é palavra de ordem e no dia 10 de setembro, Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, as profissionais do centro de saúde, Conceição Neves, e a médica de clínica geral, Filipa Rodrigues, mobilizaram-se em duas sessões dirigidas à comunidade e aos que trabalham neste centro de saúde numa ação de sensibilização para uma temática da qual nunca é fácil falar. O concelho de Azambuja, no âmbito dos vários municípios que integram o Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, é o que tem vindo a apresentar as es-

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Empatia do profisisonal é uma das chaves para conseguir chegar ao doente

tatísticas mais preocupantes nesta área. Conceição Neves fala em problemáticas que urgem ser trabalhadas como a da violência doméstica, violência contra idosos, a questão da autoflagelação por via dos cortes nos adolescentes, e no fundo a vida moderna que deixa pouco tempo para que as pessoas fomentem relações de amizade e proximidade, refugiando-se no isolamento. A falta de tempo dos pais para os filhos e a ausência do ver-

Gráfico apresentado no passado valores preocupantes mas nos últimos anos esta realidade tem sido atenuada e números já se situam na média da região

dadeiro diálogo familiar é outro quadro que preocupa as profissionais de saúde. Entre 2013 e 2016, a taxa de suicídios oscilava entre os 1,7 por cento e 2,4 por cento sobre o número de população total (21 mil 814 habitantes) com esta realidade a ser mais premente na freguesia de Aveiras de Cima. Em 2017, a taxa desceu para os 0,8 por cento. Com uma carreira que passou pelo Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos, Conceição Neves dá a conhecer que tem tentado encaixar em consulta todos os que aparecem nesta vertente, e é da opinião de que o hospital de referência deveria prestar um cuidado mais permanente neste domínio. As pessoas a atravessar um quadro daquela natureza “dão sempre sinal de alarme”. Quem passa por situações de violência física e psicológica ou por situações de luto concorre para os cenários mais complicados em causa. “As pessoas vão dizendo que já não têm interesse em andar no mundo, que preferem estar em casa, procuram estar sozinhas, e isso são sinais de alarme”, refere Conceição Neves. Filipa Rodrigues junta – “Normalmente as pessoas vêm por

causas físicas mas o que está por trás é um grande sofrimento psicológico”. Nessas alturas, Conceição Neves tenta encaminhar o doente nas suas consultas. Por vezes há um histórico familiar, porque o quadro tem essa componente genética. Uma vez na consulta “ as pessoas admitem logo todo o abalo psicológico que sentem, desabafam aqui e nunca faltam à primeira consulta”. A psicóloga desmitifica – “Quem está a passar por uma situação em que pensa no suicídio esconde o que se está a passar quando nota que não há abertura dos que o rodeiam, caso contrário essa pessoa pode e quer ser ajudada, e se houver empatia por parte de quem aqui está normalmente não há resistência do doente”. A estatística diz que 90 por cento dos casos que envolvem pensamentos suicidas podem ser revertidos. Mas este não é um trabalho de uma sessão ou duas, é continuado e leva anos. “Atendo os doentes até em situações de emergência nem que seja na minha hora de almoço, basta ligarem-me porque se precisarem mesmo de uma consulta num dia em que estejam mais em baixo faço os possíveis para atender”,

refere Conceição Neves. Os adolescentes são um grupo difícil, e entre esses temos os que, numa dada altura, praticaram atos de autoflagelação. Em Aveiras de Cima tivemos um comportamento coletivo de grupo que envolveu vários alunos. Alguns desses jovens estão a ser seguidos nesta consulta. Os maus tratos familiares e os abusos estão ligados por vezes a estes quadros entre jovens. Conceição Neves diz que o fenómeno da violência doméstica, quer física, quer emocional, no concelho é uma realidade muito presente com situações dramáticas. Chega-se ao adolescente pela empatia. Em algumas das consultas de psicologia promovem-se sessões com os familiares desses jovens através da terapia familiar. O agressor muitas vezes está presente, sendo que “assume o compromisso de mudar, mas acontece que às vezes falha, ou aparece aqui só para controlar, se quer que lhe diga”. O divórcio acaba por ser

uma saída e os filhos acabam por sofrer em todas essas fases. Todos estes quadros de agregados familiares disfuncionais não estão ligados a condições socioeconómicas desfavoráveis como se poderia pensar à primeira vista. “Não é um fator determinante, mas antes alguns comportamentos tóxicos ligados ao vício do álcool, por exemplo”. Os números preocupantes da taxa de suicídios no concelho não são fáceis de explicar mas já o Relatório de Saúde Mental da Lezíria de 2015 falava em 43 por cento da população a viver em situação de pobreza camuflada, “ e isso já é um fator de risco, o envelhecimento neste concelho é muito elevado, e temos um alto concelho muito isolado, para além de que há um histórico familiar de ideação suicida com prevalência acentuada”, diz Filipa Rodrigues. A consanguinidade pode desempenhar um papel preponderante em alguns desses casos.

Estão abertas as candidaturas para as Bolsas de Estudo do Hospital de Vila Franca de Xira eve início no dia 15 de setembro e prolonga-se até 31 de outubro, o prazo de candidaturas à edição de 2019 das Bolsas de Estudo do Hospital de Vila Franca de Xira. As Bolsas de Estudo têm o montante anual de 1.500 euros e pretendem comparticipar o paga-

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mento de propinas e outras despesas dos jovens residentes na área de influência do Hospital Vila Franca de Xira (concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira) que ingressem no ensino superior, preferencialmente, num curso da área

da saúde. Poderão candidatar-se à atribuição destas bolsas os estudantes que preencham um conjunto de condições, entre as quais: terem até 25 anos à data da candidatura; serem residentes, há mais de três anos, num dos cinco concelhos da zona

de influência do Hospital Vila Franca de Xira; terem ingressado no ensino superior com média igual ou superior a 16 valores. Não podem ser detentores de outro curso superior, não ter rendimento per capita por si só ou através de agregado familiar superior ao salário

mínimo nacional, nem possuam outra bolsa de apoio ao estudo. As candidaturas devem ser submetidas através do endereço eletrónico juribolsasdeestudo@hvfx.pt. O formulário de candidatura e regulamento de participação estão dispo-

níveis no site do Hospital Vila Franca de Xira (www.hospitalvilafrancadexira.pt). As Bolsas de Estudo são uma iniciativa do Conselho para o Desenvolvimento Sustentado do Hospital Vila Franca de Xira e da Fundação Amélia de Mello.


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Coligação Mais quer referendo popular para o futuro do Hospital de Vila Franca de Xira Coligação Mais prepara-se para apresentar em Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira, esta quinta-feira, dia 26 de setembro, uma moção em que vai exortar o município a tomar as rédeas de todo o estado de sítio que envolve o Hospital de Vila Franca de Xira e o abandono da José de Mello Saúde da Parceria Público Privada, após o fim do contrato em 2021. Rui Rei, presidente da concelhia do PSD, em declarações exclusivas ao Valor Local é taxativo – “O município de Vila Franca bem como os restantes quatro devem tomar uma posição de força no sentido de acentuarem ainda mais a sua preferência pelo modelo de gestão público-privada dados os benefícios alcançados ao longo de todos estes anos”. Rui Rei diz que o caminho deve ser o de lançar novo concurso para nova PPP, em que o hospital continue a ser gerido por um grupo privado de saúde, dado o contexto dos últimos oito anos em que a José de Mello esteve à frente da gestão. No caso de o ministério da Saúde “entender que não é possível, então nesse caso devemos forçar a possibilidade de ser feito um refe-

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rendo à população”. O autarca e eleito na Assembleia Municipal critica todo o papel que o Partido Socialista e o ministério da Saúde tem assumido em matéria de saúde e da sua gestão, a começar pelo episódio dos refeitórios e o hospital de Vila Franca. “Lamento ainda que a candidata à Assembleia da República, Maria da Luz Rosinha, próxima do governo PS, ainda não tenha dito uma palavra em público. Está muitas vezes em contacto com o primeiro-ministro e nunca a vi pronunciar-se contra esta demagogia da esquerda”. A candidata do PS em declarações ao Valor Local tem demonstrado a sua posição de defesa do hospital e da PPP. Sabemos que Maria da Luz Rosinha estará expectante quanto às cenas do próximo capítulo nesta temática. Recorde-se que a José de Mello Saúde anunciou no dia 10 de setembro, em comunicado de imprensa, a sua decisão de não se manter na gestão do Hospital de Vila Franca de Xira após o fim do contrato em 2021. O grupo entendeu que não estavam reunidos os requisitos para continuar numa espécie de gestão provisória, até

É o fim de um ciclo para a Saúde na região, oito anos depois do início da PPP de Vila Franca de Xira

cesso a nível dos cuidados de saúde na região. Também o autarca de Azambuja, Luís de Sousa, manifestou ao nosso jornal a sua apreensão. Os presidentes de Câmara dos cinco concelhos já se reuniram entre si para debater o estado de coisas. Anúncio não caiu bem junto do corpo clínico do Hospital

2024, conforme chegou a ser sugerido pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, a 31 de maio, quando o ministério da Saúde, anunciou que a Parceria Público-Privada não teria condições para se manter nas atuais condições. A atual gestão da unidade de saúde que serve um total de 245 mil habitantes dos concelhos de Alenquer, Azambuja, Arruda dos Vinhos, Benavente e Vila Franca de Xira, refere que “a incerteza quan-

to ao prazo de renovação e ao modelo de gestão não garantem a estabilidade e a previsibilidade necessárias ao desenvolvimento de um projeto estruturado e de médio prazo”, tendo em conta os níveis de excelência que o projeto da José de Mello Saúde tem conseguido ao longo dos anos, nomeadamente, com as diversas acreditações internacionais e as melhores classificações do SINAS. Acrescenta, ainda, que desde que assumiu a gestão a um de junho

de 2011, o hospital alcançou uma poupança para o Estado de 56 milhões de euros, de 2011 a 2017, de acordo com o relatório de avaliação da Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos do ministério das Finanças e do ministério da Saúde. O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, manifestou em reunião de Câmara o seu descontentamento face a este quadro, indicando que a saída da gestão públicoprivada pode significar um retro-

O Valor Local sabe que a maioria dos médicos e enfermeiros “torceram o nariz” à solução apresentada. António Godinho, médico ortopedista deste hospital, em declarações ao nosso jornal, refere que na sua opinião “o Estado mais uma vez portou-se mal”. O médico sustenta que existe o receio “de vir uma administração pública que venha estragar tudo o que foi feito até aqui”. O médico argumenta com estatísticas e com os rankings alcançados pela unidade de saúde nos últimos anos em comparação com outras unidades hospitalares semelhantes geridas pelo Governo. António Godinho “fala em governar através da ideologia” e lamenta mais uma vez o desfecho desta situação.

Junta de Arruda inaugura start-up cultural junta de Freguesia de Arruda dos Vinhos, inaugurou no dia 21 de setembro, a sua “ Start-Up Cultural”. A ideia da autarquia liderada por Fábio Morgado passou

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por congregar na antiga escola primária da Quinta da Serra, “um polo de inovação cultural da freguesia de Arruda”. Este é um projeto conjunto entre a

Freguesia de Arruda dos Vinhos e o Município de Arruda contemplando uma sala polivalente, onde se pode realizar exposições, tertúlias, servindo a sala também para ensaios para as bandas incubadas. O espaço tem também uma zona de convívio totalmente equipada onde os artistas agregados a esta

start-up, podem fazer as suas refeições e conviver, para além de, uma sala criativa, onde os diversos agentes culturais possam produzir “arte e cultura, e ainda uma zona residencial, com quarto e casa de banho privativa, para albergar futuras residências artísticas” refere o presidente da Junta ao Valor Local.

Para Fábio Morgado (à direita) é o concretizar de uma aspiração da junta

Os artistas ou agentes culturais interessados podem fazer a sua inscrição no site da junta de freguesia. A candidatura será avaliada por um conselho consultivo, o que levará a um protocolo de incubação com os deveres e direitos das partes face ao espaço cedido. Segundo Fábio Morgado “além da componente de desenvolvimento

cultural, munindo os agentes culturais das ferramentas necessárias para singrar, seja através de espaço, divulgação do seu trabalho, a start-up será também um local de comunhão entre artistas e a comunidade, esperando que essa partilha sirva para alavancar o trabalho realizado no referido espaço” salienta.


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Hospital de Vila Franca alerta para perigos do cigarro eletrónico s médicos pneumologistas estão a desaconselhar o uso do cigarro eletrónico. Aquele que até há pouco tempo era visto como um mal menor para quem não conseguia deixar o vício de fumar, é encarado, atualmente, como uma séria ameaça à saúde humana, ao mesmo nível do cigarro comum. Tendo em conta as mais recentes notícias que davam conta da morte por pneumonia de utilizadores de cigarro eletrónico nos Estados Unidos, o Hospital de Vila Franca de Xira promoveu um curso de cessação tabágica dirigido a profissionais daquela unidade hospitalar mas também junto dos que trabalham nos centros de saúde da região. Paula Rosa, médica pneumologista no Hospital de Vila Franca de Xira, refere que a notícia não é uma total novidade, porque a comunidade médica já estaria consciente dos perigos do cigarro eletrónico. A médica especialista elucida que os casos de pneumonia associados a este consumo possuem sintomas bastante severos, tendo em conta a presença de substâncias de caráter lipídico naquele produto que causam dificuldades respiratórias, tosse, febre,

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náuseas, vómitos. Foram descritos até à data oito casos de mortes associadas àquela sintomatologia e ao consumo dos ditos cigarros eletrónicos, que comporta diversas substâncias, “e por vezes até algumas que são adulteradas pelo consumidor”, também “compradas de forma irregular”, o que faz elevar o nível de preocupação quanto aos malefícios desta forma de fumar. “No fundo ainda não sabemos se o risco é o mesmo ou não, porque o cancro (mais associado ao consumo dos cigarros tradicionais) só aparece ao fim de décadas, contudo o que acontece, nesta altura, é o aparecimento de outras doenças, como a pneumonia, que não estava ligada ao cigarro tradicional, e por isso até pode haver um maior potencial de risco nos cigarros eletrónicos”. O hospital de Vila Franca regista cerca de 300 casos de primeira consulta de cessação tabágica atualmente. Sendo que já apareceram casos de pessoas que querem, justamente, deixar de fumar o cigarro eletrónico. Face a este quadro, “há a necessidade de reforçarmos o aviso quanto aos perigos deste

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Taxa de fumadores, com mais de 15 anos, em Portugal

Consumo de cigarros eletrónicos entre os jovens é cada vez mais preocupante

consumo”. A esta unidade hospitalar chegam à consulta mais homens do que mulheres, e sobretudo utentes já com um quadro clínico agravado, sendo portadores de doença obstrutiva crónica, problemas cardiovasculares, e encaminhados por outras especialidades. Situam-se na faixa etária dos 50 aos 60 anos de idade. No dia um de janeiro de 2018, entrou em vigor a nova lei que

450 casos de doença pulmonar e 6 mortes nos Estados Unidos causadas pelo cigarro eletrónico equipara o cigarro eletrónico ao cigarro comum, e ao tabaco aquecido. A especialista enfatiza a atração que esta forma de fumar, (o cigarro eletrónico surgiu em 2007) exerce junto dos jovens com a venda do produto

associada à possibilidade de escolha de sabores a doces e a frutas o que face aos dados presentes é algo que faz soar todas as campainhas. Um recente estudo da Jama Pediatrics relativo ao consumo de cigarros eletró-

nicos pelos mais jovens nos Estados Unidos referia que ao invés o consumo entre estudantes do ensino secundário aumentou quase 80 por cento (entre 2017 a 2018) com o aparecimento de novos dispositivos.

Azambuja recebe jovens italianos e espanhóis no âmbito do projeto “Bemore” projeto “Bemore-Education through Art”, coordenado pelo município de Azambuja, vai realizar a sua primeira experiência transnacional com jovens portugueses, italianos e espanhóis. Esta primeira semana de intercâmbio decorrerá no concelho de Azambuja, entre os próximos dias um e cinco de outubro. O BEMORE é um projeto de parceria internacional entre os municípios de Azambuja (Portu-

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gal), de Villa de Moya (Espanha) e Castel Bolognese (Itália) e é cofinanciado pela União Europeia através do programa “Erasmus+ / Juventude em Ação”. Nesta semana de atividades em Azambuja, o grupo de jovens participantes e de técnicos que os acompanham vai explorar as áreas artísticas da música e da dança. Ao longo dos cinco dias, haverá alguns momentos de enquadramento teórico das dife-

rentes artes, mas não faltarão oportunidades para um contacto direto e prático com a música e a dança. No primeiro dia, o grupo será recebido com uma demonstração das origens culturais ribatejanas onde haverá fandango, jogos tradicionais e um baile à moda antiga. Nos restantes dias, os jovens vão experimentar as danças de salão, as danças sevilhanas, o fado e o folclore genuíno do con-

celho de Azambuja. Do programa, fazem ainda parte duas oficinas práticas, uma com a tradicional ‘cana rachada’ e outra dedicada a instrumentos de percussão com materiais reciclados. Os participantes realizarão, igualmente, dois passeios pela área do município que os levarão a conhecer a lezíria do Tejo e uma aldeia avieira, bem como algum património cultural, com destaque para Manique do In-

tendente e o povoado pré-histórico de Vila Nova de S. Pedro. Recorde-se que o projeto “Bemore-Education through Art” visa testar e validar um modelo de educação não formal, envolvendo um grupo experimental composto por quatro jovens, entre os 14 e os 16 anos, e dois técnicos de cada município parceiro. De acordo com o projeto, que decorre até maio de 2020, haverá, ainda, mais dois inter-

câmbios, um dedicado ao teatro e ao cinema, em Villa de Moya (Espanha), e um terceiro voltado para as artes plásticas e para a fotografia, em Castel Bolognese (Itália). A semana de intercâmbio BEMORE, em Azambuja, terá o arranque no dia um de outubro, pelas 09h30, com um apontamento musical de boas-vindas na Praça do Município e uma receção nos Paços do Concelho.


8 Dossier: Águas

Valor Local

Setembro 2019

Novo laboratório dos SMAS inaugurado em outubro município de Vila Franca de Xira prepara-se para inaugurar a 15 de outubro o seu novo laboratório dedicado aos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) num investimento a rondar o milhão e meio de euros. Foi desenhado para proceder a análises referentes ao ciclo da água no concelho, mas também em regime de outsourcing por parte de outras empresas que desejem recorrer a esta moderna unidade. António Oliveira, presidente dos SMAS, efetuou uma visita guiada aos laboratórios onde ficarão a trabalhar nove pessoas, e que se encontra em fase de acreditação. Face a esta nova infraestrutura e investimento, o objetivo “passa por fortalecer esta valência” com a opção de “do ponto de vista comercial possibilitar a execução de análises químicas e bacteriológicas à água” quer a nível interno quer a pedido de entidades externas. A nova Diretiva da Água para Consumo Humano vem, entre outros aspetos, prever a redução dos limites de concentração de certos poluentes, como o chumbo, compostos perfluorados e bactérias, e a monitorização dos microplásticos na água. António Oliveira refere que está atento à legislação em perspetiva. “Concordo com a diretiva e com a sua transposição, e nesse sentido os

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Investimento no novo laboratório é de cerca de milhão e meio de euros

SMAS têm vindo a adaptar-se nessa vertente da bacteriologia”. A água que abastece o concelho de Vila Franca chega às torneiras via EPAL que também efetua o seu próprio controle da qualidade, sendo que os SMAS procedem ao complemento dentro da sua própria rede. Sempre que se verifique um desvio em algum dos parâmetros através das análises reporta-se o caso à Direção Geral de Saúde. A água do concelho de

Vila Franca não apresenta especiais ocorrências de calcário, e o presidente dos SMAS adianta que a rede de controle gerida à distância através de uma central de operações que monitoriza os 53 reservatórios consegue ir avaliando o PH da água que “imediatamente avisa o laboratório, cujos profissionais se deslocam aos locais e procede-se a esse redimensionamento dos valores”. Trata-se de uma vertente do trabalho

operacional dos SMAS fruto de “um “investimento de meio milhão de euros” que permite o controle remoto de todo o sistema de abastecimento. Há uns anos, existia o registo de algumas queixas quanto à presença acentuada de cloro na água da torneira neste concelho. António Oliveira garante que esse problema diminuiu. São feitas injeções de cloro sobretudo tendo em conta que durante a madruga-

da, (ou seja numa altura em que não são efetuados “tantos pedidos à rede”), para efeitos de uma proteção complementar ao abastecimento da EPAL. Mas também em situações de rotura “para proteção de todos nós consumidores, porque o sistema está aberto e mais vulnerável”. Sobre os galardões atribuídos pela entidade reguladora, e para o presidente dos SMAS o método que antecede a escolha dos siste-

mas que merecem esses prémios obedece a uma lógica que critica. Refere que são efetuadas três recolhas em três pontos diferentes do concelho, em dias e horas também diferentes entre si, das quais “o município não tem conhecimento, nem ninguém terá à partida”. “A minha crítica é que a recolha é efetuada à boca das torneiras, em que as análises serão sempre influenciadas pela qualidade da rede predial”. Essa recolha pode ser em domicílios particulares, casas comerciais, bebedouros públicos. Por isso defende que a amostra a ser analisada deveria ser aquela que corresponde à saída da água dos sistemas antes da entrada na rede predial. Isto porque algumas habitações possuem uma rede que liga às torneiras mais ou menos envelhecida o que pode causar alterações na perceção da qualidade da água e refere os casos de queixas por parte de alguns munícipes de que a água sabe a ferro. “Nesses casos aconselhamos obras na rede interna de distribuição”. O também vice-presidente da Câmara diz que nesses casos são enviados os dois resultados das análises para as entidades competentes com os valores à entrada do prédio e os da água que sai na torneira de determinada habitação. No total são consumidos 10 milhões de m3 de água no concelho por ano .

Águas do Ribatejo prepara investimento de 38 milhões de euros em quatro anos o último ano, a empresa Águas do Ribatejo viu ser-lhe atribuído, pela primeira vez, o selo de qualidade exemplar da água para consumo humano por parte da Entidade Reguladora do Serviço de Águas e Resíduos (ERSAR). No entender de Francisco Oliveira, presidente da empresa que gere o abastecimento de água e o saneamento básico nos concelhos de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Chamusca, Coruche e Salvaterra, e Torres Novas tratase de um “reconhecimento público”, consequência no seu entender “do empenho da empresa no serviço público que presta, sendo que este reconhecimento, mais do que responsabilidade acresce encorajamento e motivação”. A empresa prepara-se ainda para novos investimentos nas suas redes, nos próximos anos, e refere que a percentagem de água segura distribuída pela Águas do Ribatejo é desde 2013, altura de constituição da empresa, superior a 99,5 por cento. Com o objetivo de continuar a

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manter um “serviço de qualidade” a empresa salienta que vai continuar a investir em “novas infraestruturas de tratamento e métodos de gestão dos subsistemas de abastecimento, com planos de segurança da água ou planos de gestão e redução de perdas de água”. Quanto a investimentos para o futuro, a somar aos cerca de 130 milhões de euros já investidos, desde a criação da empresa até final de 2018, “contamos investir, neste ano e nos próximos 4 anos, cerca de 38 milhões de euros”, diz Francisco Oliveira. A parte mais significativa desse investimento, cerca de 20 milhões de euros, destina-se a dar continuidade à ampliação e otimização dos sistemas de recolha e tratamento de águas residuais. Assim, serão construídas oito novas ETAR e 21 serão remodeladas, cerca de 45 quilómetros de novos coletores serão construídos e mais de 80 estações elevatórias serão objeto de intervenção (44 novas e 43 a remodelar).

Presidente da empresa salienta que o objetivo é chegar aos 20 por cento nas perdas de água Relativamente ao abastecimento de água, “prevemos investir cerca de 18 milhões de euros, com um grande enfoque na substituição de condutas, em que mais de 80 quilómetros serão objeto de intervenção”. Destaque também para a

reabilitação de 14 reservatórios e para a criação de 23 novas zonas de medição e controlo juntamente com a substituição de condutas, para a redução das perdas de água. Prevê-se ainda a construção de seis novas captações, uma

estação de tratamento de água e três estações elevatórias. Francisco Oliveira salienta que este é um setor que requere constante investimento, em que as exigências em matéria de qualidade “são cada vez maiores” o que é “positivo para todos nós cidadãos”, mas, do ponto de vista das entidades gestoras, “esse é um enorme desafio e implica, muitas das vezes, avultados investimentos que não são visíveis aos olhos da população.” Já quanto ao objetivo sempre presente nos sistemas de água e saneamento que se relaciona com as perdas de água, no início da empresa, em 2013, o valor das perdas de água nos concelhos acima descritos rondava os 52 por cento, sendo que atualmente esse valor se situa nos 32 por cento. O objetivo será o de chegar aos 20 por cento, dentro da média nacional. Quando se fala em perdas de água referimo-nos a água não faturada, mas não apenas a água que se perde, efetivamente, nas

redes, mas também de outras situações como consumos próprios, consumos fraudulentos, perdas comerciais Reduzir este indicador só foi possível nas palavras do presidente da empresa graças a uma abordagem integrada e sistemática, “atacando” este problema em várias vertentes: instalações de contadores onde anteriormente não existiam, substituição de contadores parados ou com funcionamento deficiente, substituição de condutas com níveis elevados de perdas de água, implementação de telegestão, setorização e monitorização das redes. “Não obstante os resultados já obtidos, existe ainda um longo caminho a percorrer para atingir o objetivo a que nos propomos, que é chegar aos 20 por cento de água não faturada o que, atendendo às características do sistema que gerimos, com mais de 2.200 quilómetros de rede de água num território com povoamento muito disperso, será um resultado de excelência”, conclui.


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Negócios com Valor 9

Azambuja inaugura primeiro alojamento local na vila com Casa da Rainha s antigas instalações do Jornal Valor Local são hoje o primeiro edifício da vila de Azambuja destinado ao alojamento local (AL). O projeto começou há cerca de seis meses, pela mão de João Coelho e Inês Louro que referem ao Valor Local que perceberam as potencialidades do imóvel, um edifício histórico, situado na Travessa da Rainha, que esteve vários anos à venda, depois de terem conhecido o seu interior. Segundo João Coelho, “os quartos estavam todos muito bem estimados e percebemos que facilmente seria possível converter aquela habitação num espaço para acolher hóspedes”. Esta foi de resto uma boa oportunidade até porque como explica “existia um número insuficiente de camas em Azambuja”. O próximo passo passou pelas

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obras de conservação e restauro, o que possibilitou “trazer à tona toda a beleza que a casa tem” refere. Com meia dúzia de meses de atividade, João Coelho assegura que “o negócio ainda está em fase de crescimento e afirmação”. “Temos aproveitado as redes sociais para dar a conhecer a nossa casa. Usamos as plataformas Booking e Airbnb como auxílio à marcação de reservas”. Joao Coelho vinca, entretanto, que este estabelecimento não tem um destinatário específico. “Pelo contrário destina-se a todos aqueles que escolhem visitar a nossa terra”. A casa situa-se mesmo no Caminho do Tejo que liga a Fátima e posteriormente a Santiago de Compostela e por esse motivo “temos registado um número assinalável de peregrinos que escolhem passar aqui a

noite, retemperando energias para a jornada do dia seguinte”. Ao todo, esta casa tem agora cinco quartos, com casa de banho privativa. Todos ostentam o nome de uma rainha que de alguma forma teve uma ligação com Azambuja ou com a região. Está em fase de conclusão um site que dará aos visitantes a possibilidade de conhecer um pouco a história de cada rainha. João Coelho salienta, por outro lado, que num futuro próximo serão desenvolvidas parcerias “para que possamos dar a quem nos visita uma experiência verdadeiramente ribatejana”. A título de exemplo enumera passeios de fim de semana com várias valências, e showcooking de produtos regionais. “Temos várias ideias, mas tudo dependerá do interesse dos parceiros e da vontade das pessoas em nos visitar”.

Situada no centro da vila presta homenagem a algumas rainhas portuguesas

“Comtacto” em Azambuja comemorou décimo aniversário á dez anos no mercado em Azambuja, a “Comtacto” é hoje uma empresa firmada no panorama regional. Com uma forte componente dirigida à assistência e consultadoria nas empresas, a “Comtacto” não deixa de prestar apoio aos particulares, seja através da reparação de computadores, como na venda de consumíveis e máquinas, impressoras ou telemóveis. Com efeito no início deste mês de setembro, a “Comtacto” deu a conhecer as suas novas instalações. Há cerca de três anos mudou-se para uma loja maior e recentemente ampliou ainda mais o seu espaço. Alfredo Serafim, proprietário da empresa, frisou ao Valor Local, que o crescimento da sua firma tem acompanhado a evolução dos tempos e que a ampliação da loja vai no sentido de dar melhores condições aos seus colaboradores na medida em que podem fazer também um melhor trabalho em prol do cliente. O novo espaço, um laboratório moderno e equipado com o material necessário para reparar os computadores, permitirá assim fazer reparações ao nível eletró-

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Empresa organizou uma festa dos dez anos onde convidou clientes e amigos

nico, “não só nos computadores, como também em televisores”. Este novo espaço vem trazer

mais-valias à “Comtacto”, que passa a ter vários postos para testes e que permitirá a reparação em simultâneo de vários

equipamentos. A nova “jóia da coroa” da empresa passa a ser assim um elemento fundamental, já que nes-

te espaço vai ser possível reparar alguns equipamentos, sem recorrer a oficinas de marca e por consequência com maiores

custos. No entanto a “Comtacto” há muito que “pulou” fronteiras. Alfredo Serafim salienta que a empresa já presta apoio a muitas empresas da região, e através de software remoto consegue reparar, se for necessário, um computador de um cliente no Porto, assim como em Lisboa, locais onde tem alguma clientela. Ao Valor Local, o responsável vinca o empenho dos seus colaboradores, destacando que faz parte da sua metodologia, acompanhar os seus clientes com frequência, quer através da consultadoria, quer através da manutenção, tendo em vista a prevenção de avarias nos equipamentos. “Fazemos uma visita nos primeiros dez dias de cada mês aos nossos clientes empresariais”, refere Alfredo Serafim que se assume como “o mais perfecionista possível”. Ao fim de dez anos de atividade a “Comtacto” é hoje uma empresa firmada no mercado, com provas dadas e com vontade “para cá estarmos mais 10 ou 20 anos, ou os que forem precisos”, refere o gerente.


10 Educação

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Transferência de Competências na área da Educação

Câmara de Vila Franca de Xira na expetativa quanto às verbas Câmara de Vila Franca e Xira foi uma das 84 do país que assumiu já, neste ano letivo, a transferência de competências em matéria de Educação por parte do Governo. Até 2021, todos os restantes 278 concelhos terão de aceitar esta responsabilidade. Neste novo quadro, os municípios, no que se refere à Educação, passam a ter sob a sua alçada, ao longo de todos os graus de ensino, a gestão dos equipamentos; manutenção dos edifícios escolares; refeições; recrutamento, gestão e colocação de pessoal não docente e transportes escolares. Em parte as escolas já faziam esta gestão no ensino básico, passando agora a aplicar estas mesmas responsabilidades ao longo de todo o ciclo escolar. O próximo passo é negociar com a tutela as verbas a receber Em cima da mesa, está sempre o dossier das obras de manutenção nas escolas, sendo que no caso do município de Vila Franca de Xira, há estabelecimentos a necessitar de intervenção profunda, nomeadamente, a Secundária Alves Redol em Vila Franca de Xira,

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Aristides Sousa Mendes na Póvoa de Santa Iria, bem como as escolas básicas Soeiro Pereira Gomes, Alhandra, e de Vialonga, em que a autarquia espera poder efetuar contratos-programa com o Governo tendo em vista essas intervenções. Ao Valor Local, o presidente da Câmara, Alberto Mesquita, refere que as obras que carecem de intervenção mais profunda continuarão na alçada do Estado, nas restantes em que são necessários trabalhos de manutenção executados pelo município obedecerão a um calendário específico antes do início de cada ano letivo. Entre os principais objetivos com o assumir destas novas competências e da assinatura de uma Carta de Compromisso, no passado dia 24 de julho – que englobou os agrupamentos de escola e os de escola não agrupada do concelho – encontra-se continuar a garantir “a prestação de um serviço de qualidade em toda a área do município, do pré-escolar ao secundário, obras de manutenção, cumprimento dos rácios ao nível do pessoal não docente e

Município passa a gerir mais de 17 mil alunos

por diversos apoios socioeducativos”. Quanto às verbas que se prevê gastar por parte do município e consequente transferência por parte do ministério, Alberto Mesquita salienta que a autarquia está numa fase de fazer as contas, até porque em curso estão reuniões de trabalho entre a autarquia e a tutela, através de uma comissão

de acompanhamento criada para o efeito, no sentido de “aprimorar os vários instrumentos de gestão que estão associados a esta nova realidade”. A Câmara Municipal procedeu já a uma alteração ao seu plano e orçamento, a fim de acomodar as receitas de acordo com os mapas financeiros enviados pelo ministério, isto sem prejuízo de alguns ajustamentos que

venham ainda a ser necessários, decorrentes do trabalho em curso. No início deste ano letivo, a autarquia assinou com os agrupamentos um protocolo que visa a atribuição de cerca de três milhões de euros que contemplam atividades de tempos livres, de animação e apoio à família e de enriquecimento curricular; transportes escolares; refeições e apoio aos

refeitórios; apetrechamento e gestão integrada do parque informático; subsídios ao funcionamento e a atividades, e também apoio a projetos educativos. Foram ainda contratados 32 novos assistentes operacionais. O município salienta que um dos aspetos a valorizar no quadro de descentralização de competências é a autonomia pedagógica das escolas tornando assim “os docentes mais disponíveis para funções pedagógicas em detrimento de tarefas técnicoadministrativas, que passam a ser asseguradas pela Câmara Municipal.” Com esta medida, passam a estar abrangidos todos os alunos existentes no concelho de Vila Franca de Xira, desde o Pré-Escolar ao Ensino Secundário, o que representa um universo global de 17.340 alunos (dados do Ano Letivo 2018/2019). Sendo já da responsabilidade da Câmara Municipal a rede pública do Pré-Escolar e 1.º Ciclo. Esta descentralização de competências abrange mais 10.952 alunos, do 2.ª Ciclo (2.861), 3.º Ciclo (4.429) e Ensino Secundário (3.662). PUB


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Educação 11

Jovens de Azambuja procuram curso de Turismo para saída profissional ão cerca de dezena e meia os alunos que frequentam este ano o segundo ano do curso de Turismo na Escola Secundária de Azambuja. Com os olhos postos no futuro, estes alunos cujas idades vão dos 15 aos 19 anos fazem planos para que num amanhã próximo exista uma saída profissional, proporcionada por este curso. Com efeito estes alunos são o exemplo de determinação, com vontade de serem úteis ao mercado de trabalho na sua área. São alunos que estão, nesta altura, no 11º ano. Para alguns deles, este curso não foi a primeira opção, mas uma vez a frequentarem esta formação em Turismo agarraram-na “com unhas e dentes”, como confessaram à nossa reportagem. Hugo Sampaio, o professor que leciona a estes jovens do concelho de Azambuja, fala numa atitude positiva dos estudantes. O professor confessa que nem sempre é fácil dar a conhecer o trabalho destes alunos, muito menos encontrar estágios em empresas da região. Ainda assim salienta que algumas portas estão a abrir-se, como é o caso do futuro Posto de Turismo

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de Azambuja, gerido pela Câmara Municipal, que poderá ser uma boa opção. Os alunos da escola Secundária podem, por exemplo, fazer trabalho de receção a convidados ou estar simplesmente na receção de um hotel, mas dada a idade dos mesmos, existe alguma limitação nas tarefas que lhes são adstritas. Esta turma que está agora nas mãos de Hugo Sampaio esteve, por exemplo, na Feira de Maio de 2019. Os estudantes levaram a sério o seu papel e vestiram a pele da mascote da feira e de outras personagens que andaram pelo recinto, algo que foi uma inovação e que até foi bem recebido pela população e autarcas. Mas estes são alunos empenhados. Cristiana de 16 anos assume que o curso que queria era o de Apoio à Infância, no entanto diz-se “feliz”. “Porque estou muito melhor neste curso”. A aluna de Aveiras de Cima considera que esta área é interessante e pondera por exemplo seguir esta vertente quando chegar ao mercado de trabalho. Também Ana preferia o apoio à infância. Mas como o curso não chegou a abrir, Ana teve de seguir outro caminho. Já Laura diz

Jovens estão satisfeitos com a sua opção por este curso gostar do contato com “pessoas novas e conhecer outras culturas”. Este é um ponto para a aluna que considera o curso de turismo o indicado para dar asas às suas aspirações. João Pinto, com 19 anos, diz por seu lado que nunca tinha pensado neste curso. Mas resolveu tentar, até porque “esta pode ser uma experiência nova e uma saída profissional”.

Também Luís Martins, de 18 anos, considera este curso importante: “O turismo é tudo!” e diz que esta disciplina pode ser importante para conhecer outras culturas. Aspira um dia a ser polícia e é da opinião de que este curso não deixa de ser uma mais-valia. Os jovens do curso de Turismo são de resto determinados nas suas intenções. André Cruz com 16 anos preferia Desporto. Ainda

esteve no Cartaxo no curso de Turismo e Pastelaria, mas regressou a Azambuja. Para este jovem, “este curso tem a ver com a cultura, a comida e o turismo” salientando que se está a adaptar bem. Para o futuro André Cruz pondera entrar em Desporto, que era de resto a sua primeira opção. Já Hillary considera importante esta disciplina. A jovem diz gostar de multimédia, ou artes, mas a se-

gunda opção obrigava a deslocações para longe. Diz que tem facilidade no Inglês, e por isso optou pelo turismo. “Estou a gostar do curso e pode ser uma opção de futuro.” Andreia, de 17 anos, teve como opção as Humanidades, mas como gostava de línguas, decidiuse pelo Turismo, porque tinha Inglês. Esta jovem considera seguir para a faculdade na área do Turismo. Marta com 17 anos também teve como primeira opção o Apoio à Infância. Mas como não havia essa hipótese, acabou por seguir para Turismo. Para o futuro, considera poder encontrar algo na área, e deixa como hipótese trabalhar também numa quinta, já que gosta de animais. Diana, com 19 anos, tinha como opção o curso de Saúde, mas acabou por escolher este curso. A aluna diz não estar arrependida e pensa que poderá ser uma maisvalia no futuro. Hugo Sampaio vinca o empenho dos alunos e desdramatiza o facto de este ser um curso profissional. Para o professor, dá “bagagem” aos alunos, preparando-os para o futuro. PUB


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Nova lei do Plástico já tem impacto na Região Sílvia Agostinho té 2023, as lojas vão deixar de disponibilizar ao público os sacos de plástico ultraleves, e as cuvetes de plástico ou poliestireno expandido para pão, frutas e legumes. Foi publicada, recentemente, em Diário da República, a lei que proíbe o seu uso, e obriga à disponibilização, por parte dos operadores, de outras alternativas. No caso do comércio a retalho, os supermercados têm três anos para se adaptar, já os estabelecimentos de restauração dispõem de um ano, ou seja já em 2020, e serão dois anos para o setor dos transportes que servem refeições a bordo como o ferroviário, aéreo ou marítimo. Também em 2019, o Parlamento Europeu aprovou a diretiva que visa proibir o plástico descartável no espaço da União Europeia a partir de 2021.São exemplos os pratos, talheres, cotonetes, palhinhas, varas para balões, recipientes para alimentos e bebidas feitos de poliestireno expandido e produtos de plástico oxodegradável. Algumas das empresas ligadas

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ao setor do plástico estão atentas a esta mudança de paradigma, como é o caso da Isolago SA- Indústria de Plásticos, no concelho do Cartaxo. Rodrigo Barros, administrador, está consciente que apesar da nova legislação emanada dos diferentes poderes, “o consumo de plástico não vai diminuir no mundo inteiro, pelo contrário poderá aumentar”. Até porque o plástico está de tal forma presente nas nossas vidas, que não se limita apenas às restrições anunciadas, pelo que os empresários do setor estão a encarar a legislação de bom grado, embora recusem a diabolização que, por estes dias, atinge esta indústria. “Não estamos com medo de perder consumos ou de se dar uma baixa no mercado, contudo vemos que certas medidas que estão a ser tomadas ao nível político sobre este setor são irracionais e estão a ajudar menos o meio ambiente do que se julga”, e ilustra com o copo de papel para café, que também possui uma estrutura em plástico, embora as pessoas na sua maioria desconheça. Este copo não é biodegradável ao con-

Isolago é fornecedor de matéria prima para plástico usado nos principais supermercados do país

trário do de plástico, e tem de ser encaminhado para aterro, “porque contém misturas dos dois materiais”. Não entra por isso no circui-

to da economia circular, conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia.

“É contra este tipo de políticas que sou bastante contra, e que maioria das pessoas desconhece”. Reconhece contudo ser im-

portante a tara sobre as garrafas de plástico à semelhança do que acontece para o vidro por parte dos supermercados que se en-


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Setembro 2019 contra em perspetiva de ser aprovada. Os empresários do setor pugnam por mais estudos “que provem que há materiais melhores do que o plástico para o ambiente”. Mesmo dentro do plástico, há diferentes variedades. Desta fábrica em Pontével não saem sacos, ou embalagens, mas aditivos sob a forma de pequenas bolinhas destinadas ao processamento de plástico a jusante, onde ocorre a sua transformação com o fim último de chegar ao consumidor. Esta empresa situa-se no nível intermédio do ciclo de produção de plástico. Mas é daqui que, por exemplo, sai a matéria-prima, os ditos aditivos, que mais tarde servirão para produzir os sacos de plástico das várias cadeias de super e hipermercados do país. “O plástico vem das petroquímicas, a nossa empresa coloca cor, e aditivos que possam fazer com que o produto resista melhor ao sol e ao calor, e segundo também o interesse do cliente, que possa ser mais duro ou mais mole, ou aguentar mais ou menos resistência”. As cenas chocantes de vida marinha envolta ou destruída por correntes enormes de plástico têm motivado uma onda de indignação na opinião pública, mas tanto Rodrigo Barros, como Amaro Reis, presidente da Associação Portuguesa da Indústria do Plástico, salientam que a grande per-

Destaque 13

Administrador dá a conhecer o produto final que depois será transformado pelo cliente centagem de plástico que vai parar aos oceanos é proveniente dos rios asiáticos e africanos. “Se acabássemos com a produção de

plástico na Europa não ia resolver em nada essa realidade”, sustenta Rodrigo Barros que afirma que mesmo assim o continente euro-

peu deverá dar o exemplo. Na Europa, a consciencialização ambiental e a reciclagem que se pratica não levam a cenários tão dra-

máticos. Amaro Reis consubstancia: “Não podemos ficar indiferentes aos impactes dos microplásticos na vida marinha, mas a Euro-

pa é responsável por apenas dois por cento dessa realidade. Estamos a falar de países asiáticos que despejam o lixo nos rios, PUB


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onde não há separação nem tratamento de resíduos”. A este propósito a associação apresenta um compromisso do setor com um guia de boas práticas “para que as bolinhas de matéria-prima que se perdem nas cargas e descargas de produtos, (podemos estar a falar da indústria têxtil), não vão parar às águas pluviais e consequentemente oceanos”. A associação tem vindo a trabalhar de perto com organizações ambientais neste tipo de matérias. Certo é que grandes marcas mundiais optaram nesta altura por palhinhas em alumínio e outras em madeira, “mas não há evidências práticas de que seja melhor para o ambiente ou que contribuam para o conceito de mais higiene

Valor Local

ou saúde”. “Sabemos que não podemos viver sem plástico, mas queremos também melhor plástico, mas não devemos penalizar os materiais, mas os comportamentos”, junta Amaro Reis. O problema inerente à poluição associada ao plástico, é “mais comportamental”, porque “se deitarmos fora a palhinha de inox como fazemos à de plástico o resultado será o mesmo”. A comunidade científica prepara-se para efetuar estudos no âmbito do conceito “Life Cycle Asset”, ciclo de vida de um produto desde a sua criação até à sua reciclagem ou encaminhamento para aterro, ou seja “quanto é que ele consome em termos de recursos ao meio ambiente”, refere Rodrigo Barros.

O empresário diz que “havendo estudos concretos que deitem por terra o plástico, nessa altura repensaremos o nosso setor e o caminho a seguir”. Sendo que “em 20 anos deste setor comprovouse ser o plástico o mais económico e o material que consome menos recursos ao meio ambiente. Não basta chegarmos aqui, e dizermos que o plástico é uma porcaria e vamos lá começar do zero, sobretudo quando ainda não há informação científica sobre outros materiais a nível de estudos de migração quanto ao contacto alimentar”, e dá o exemplo – “Não sabemos como reage um saco da de algodão, (em que se gasta mais químicos e água para produzir esta matéria), à deposição conPUB

secutiva de frutas e a possível acumulação de bactérias e resíduos do próprio produto no seu interior”. Rodrigo Barros salienta que a lei que obriga ao pagamento do saco de compras veio reduzir a sua reutilização para saco do lixo, ou seja fora do conceito da economia circular e da sustentabilidade. O responsável refere que já foi produzido um estudo em que salienta que “o saco de papel tem de ser reutilizado três vezes para superar o impacto ambiental do saco de plástico a nível do consumo de recursos no planeta para a sua produção”, mas se estivermos na presença de “um saco de plástico reciclado já teríamos de usar sete vezes o de papel”. “Há ainda estudos que referem que o saco do Continente em polietileno (plástico) consegue ter até três utilizações, até acabar à terceira como saco do lixo, e para isso o de papel tinha de ser usado nove vezes para igualar, e quando sabemos que este material não consegue ter mais do que duas utilizações”. Outra das questões a observar prende-se com o desperdício alimentar, “pois se já hoje com a embalagem de plástico, que consegue dar viabilidade a uma maior vida do produto, perdemos 1/3 dos alimentos no mundo, então imagine o impacte que seria com outros materiais, e se em 2050 vamos ser 10 biliões, então o plástico vai ter um grande papel na conservação de alimentos”.

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Nesta altura, começa também a surgir o conceito do plástico biodegradável como alternativa, mas o responsável da Isolago não vê esta como uma alternativa de futuro, (que deve assentar na reciclagem sobretudo e na reutilização do produto), até porque “tem um impacto ambiental preponderante dado que é produzido a partir do amido do milho” que já entra na cadeira alimentar. A sua biodegradabilidade tem de ser controlada porque ocorre em condições ambientais específicas, e corre o risco de ao ser reciclado entrar em contacto com o plástico normal e contribuir para a sua degradação, para além de “legitimar a cultura do desperdício e dos produtos de utilização única”. “O plástico biodegradável tem o seu espaço em algumas aplicações, mas não pode afetar a reciclagem do plástico convencional, porque como são dois produtos diferentes, é muito importante que se faça uma recolha seletiva, isto é um ecoponto específico para produtos biodegradáveis e compostáveis, caso contrário toda a cadeia de valorização e reciclagem pode ser posta em causa.”, especifica Amaro Reis. A empresa do Cartaxo que tem cerca de 80 por cento da sua produção concentrada no saco ultraleve e no packaging no geral em que incide também esta lei, está a avaliar estratégias futuras, sendo que a internacionalização é já um caminho. “No futuro, podemos,

talvez, dedicarmo-nos mais a outro tipo de produtos como eletrodomésticos, produtos de construção, teremos de nos adaptar e procurar alternativas ao packaging onde o plástico está a ser o caminho. Exigirá especialização e evolução.” Esta empresa em articulação com o meio académico está a testar desperdícios do setor alimentar como um meio para produção de plástico. Já quanto aos clientes finais, as empresas que produzem os sacos ultraleves ou de plástico “há uma expetativa” face à nova lei, “mas penso que estarão a adaptar-se porque a embalagem flexível de filme existirá sempre”. “A indústria do plástico permite muita evolução, já deu muito, e ainda tem muito para dar, por isso penso que o mercado criará oportunidades nesse sentido”. Para o presidente da associação do setor, esta legislação pode significar uma oportunidade para se reinventarem, e reformularem os seus produtos que possam ser reutilizáveis. “A medida terá impacto nas vendas e nos postos de trabalho, mas o setor dos plásticos ao longo dos anos tem acompanhado as tendências, fazendo uso da palavra reinvenção, e creio que vai conseguir criar alternativas para dar cumprimento à diretiva”, dá conta Amaro Reis, que gostaria de ver a discussão centrada “não no Single Use Plastics (Plásticos de Uso Único) mas no Single Use de todo o tipo de materiais”.


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Clientes já reutilizam o saco ultraleve mas estão de acordo com a medida setor do comércio a retalho já estuda as diferentes alternativas tendo como horizonte o ano de 2023. É o caso do grupo Intermarché, onde o Valor Local falou com os responsáveis do supermercado de Abrigada, Ricardo Rodrigues e Carla Rodrigues. Os sacos da fruta, os denominados ultraleves, terão de ser banidos das lojas. Mas já a partir do próximo ano, e como recomenda a lei, terão de existir alternativas ao dispor do cliente em setembro do ano que vem nas secções de frutas e legumes e padaria. No seio da marca em Portugal está em cima da mesa a disponibilização do saco de papel ou o biodegradável. “As opções ainda não são muitas, temos vindo a assistir à introdução de materiais como bambu e outros, mas ainda têm uma componente de plástico, não são 100 por cento biodegradáveis”, refere Ricardo Rodrigues. “Até 2023 ainda temos um caminho a fazer”. Na cafetaria do supermercado, proceder-se-á ainda à substituição das palhinhas e copos de plástico por outros materiais. O gerente acredita que muitos clientes vão sentir dificuldades na mudança, e podem ser causados alguns constrangimentos nas caixas para pagamento, “mas é tudo uma questão de percebermos como será essa evolução”. Contudo “temos clientes que já trazem os seus próprios sacos de casa para frutas e legumes”. Ricardo Rodrigues acredita que “a mudança será mais rápida do que se pensa”, embora reflita que o facto de o saco de alças ter deixado de ser grátis, passando a custar sete cêntimos, apenas cerca de metade dos clientes tem optado por outros tipos de sacos, existindo ainda uma parte assinalável de pessoas que não se im-

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Gerência do supermercado preparada para o desafio

porta de pagar o saco. Neste supermercado, falámos com alguns clientes que andavam às compras na seção de frutas e legumes. A maioria está a par da nova lei. Rosário Carmo confessa que ainda não pensou muito nesta questão, mas em 2023, usará o que estiver à disposição por parte do supermercado, mas confessa que os sacos ultraleves, uma vez chegados a casa, não vão para o lixo. Consegue fazer uma reutilização. “Uso para congelar carne. Por exemplo estou a usar este para levar brócolos, depois de tirar os vegetais, consigo usar para pôr outro produto qualquer”. Aquando da lei em que se passou a pagar os sacos nas caixas, dá conta

que a medida não a afetou porque já trazia sacos de casa – “Na minha opinião, era um desperdício estar a levar tanto saco de plástico”. Pelo que as medidas futuras na sua opinião só pecam por tardias. José Mário, também às compras nesta superfície comercial no dia da nossa reportagem, está ao corrente da medida e confessa que nunca pensou em alternativas, mas no seu caso não faz reutilização dos sacos ultraleves. Quanto à medida – “Tudo depende do que vem a seguir”. Na opção entre sacos de pano ou de papel no futuro, concretiza – “Penso que o papel é melhor, desde que o material seja decente e em condições, que dê para aguentar o peso,

porque em pano, depois acabamos por não o lavar e é uma falta de higiene”. Para levar as compras finais mostra-nos um saco de plástico de alça devidamente dobrado dentro do bolso. Já Teodora Venâncio costuma guardar os sacos ultraleves depois das compras “porque dão jeito para outras coisas”. Também trouxe de casa um saco de plástico de alças de outra compra para não ter de pagar à saída mais sete cêntimos. Sensibilização ambiental dos mais jovens é uma das chaves para o futuro A empresa Valorsul que serve entre outros os municípios de Vila

Franca de Xira, Alenquer, Arruda dos Vinhos e Azambuja, entre outras atividades de sensibilização ambiental que leva a efeito, dá conta de um dos programas que concebe junto das escolas dos 19 municípios agregados a esta empresa de tratamento de resíduos. No âmbito do programa Ecovalor, a Valorsul ofereceu visitas escolares às suas instalações; ações de sensibilização ambiental no espaço da escola; e dois concursos interescolas de separação de embalagens. O concurso dedicado ao ecoponto amarelo envolveu perto de 50 mil alunos e foram recolhidas 309 toneladas de embalagens de plástico, metal e pacotes de bebida, sendo de destacar o desem-

penho dos municípios de Alenquer, Cadaval e Vila Franca de Xira. O concurso dedicado ao ecoponto azul envolveu 27 mil 800 alunos e foram recolhidas 190 toneladas de papel e cartão. Foi possível concretizar esta iniciativa em 11 municípios, com destaque para os resultados em Odivelas, Alenquer, Alcobaça e Lourinhã. O concurso prevê a oferta de prémios pelo desempenho de todas as escolas. Neste ano letivo 2017/18, os prémios ascenderam a mais de 40 mil euros. Relativamente às ações de sensibilização no espaço da escola, a empresa destaca a realização de 2017 ações, abrangendo mais de 50 mil alunos e professores.

Clientes do Intermarché de Abrigada estão preparados para as exigências futuras quanto a sacos de plástico


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Cultura 17

Alma do Vinho ultrapassa todos os recordes “Alma do Vinho” festival dedicado ao vinho, mas também à música superou mais uma vez as expectativas. O certame, que vai na sua terceira edição, juntou durante cinco dias milhares de pessoas no Fórum Romeira em Alenquer. Rui Costa, vice-presidente da autarquia alenquerense, destaca ao Valor Local que “o balanço não podia ser mais positivo atendendo a que se ultrapassaram todos os indicadores das edições anteriores, a satisfação e a energia positiva sentiram-se durante e após o certame” algo que na opinião de Rui Costa “ galvaniza a marca Alma do Vinho” garantindo assim “a manutenção do festival como uma grande aposta deste executivo nas suas raízes e no seu marketing territorial”. Segundo o vicepresidente, a edição de 2019 ultrapassou os números de 2018. Rui Costa refere mesmo que as contas oficiais referem 43 mil os visitantes deste certame. Nesta edição de 2019, estiveram presentes cerca de 40 produtores. O vice-presidente salienta que os convites são formulados pela Comissão Vitivinícola de Lisboa (CVR) em parceria com o município de Alenquer, e são dirigidos a todos os produtores da região. De acordo com Rui Costa este é um número aumentado “ e muito nos satisfaria um dia, ter uma taxa de presenças perto dos 100%”. Para o vice-presidente “a Alma do Vinho é o maior festival de vinhos da Região de Lisboa e como tal, não faria qualquer sentido existir

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um racional discriminatório na seleção dos produtores presentes” vincando que é uma vontade de todos os stake holders do vinho de Lisboa maximizar a notoriedade da região, “que já é a mais medalhada de Portugal, sendo Alenquer o principal propulsor destas distinções”. Para o futuro, a autarquia pondera alargar o convite a produtores de outras regiões do país. Algo que segundo Rui Costa pode acontecer já em 2020, explicando que a ideia consiste em convidar uma CVR a estar presente no certame “junto das dezenas de milhar de pessoas que nos visitam”. No que toca a presenças internacionais, responde assim: “Temos igualmente a intenção de receber um convidado que faça sentido, e por entre a nossa rede de contatos diria que muito provavelmente uma Cidade Europeia do Vinho ou a nossa cidade amiga, Benkovac, com quem temos um acordo de colaboração em torno da nossa casta local, Vital”. Quanto à qualidade dos vinhos, o vice-presidente refere que os vinhos da região “estão cada vez mais surpreendentes e interessantes” e acrescenta que “os produtores apresentam, não só os lotes clássicos de Lisboa com as castas habituais, mas também a saírem para fora de pé com experiências que vêm resultando em vinhos inesperados e muito sofisticados e promissores”. Aliás, os vinhos de Alenquer já são mais do que reconhecidos e isso,

Há cada vez mais produtores a querer fazer parte deste festival

nota-se, segundo Rui Costa no certame- “O que muito nos orgulha, já que somos obviamente bairristas quanto à nossa região Lisboa, e também quanto à nossa sub-região Alenquer. Alenquer distingue-se não só pela qualidade dos vinhos que os seus produtores trazem à luz do dia”. Associada aos vinhos, está a gastronomia e em Alenquer não é exceção. Rui Costa refere que a gastronomia continua a ser indissociável dos vinhos “sendo que o food pairing tornou-se nos dias de hoje uma verdadeira ciência fazendo brilhar escanções por todo o mundo” e acrescenta que “os vinhos, ainda que uns mais do que outros, continuam a ser muito gastronómicos, tornando uma boa refeição uma experiência ainda mais rica, se acompanhada pelo vinho certo”.

Já quanto À promoção do evento, Rui Costa salienta ter encontrado na Região de Turismo do Centro “um parceiro neste festival, colaborando na sua promoção através da comunicação do evento nos seus canais. Não sei se poderemos afirmar que a Região de Turismo do Centro é pouco presente nos eventos do concelho, atendendo à dificuldade que deve ser gerir uma região de turismo tão grande de forma a dar resposta à expectativas de todos”, comentava desta forma o já muito badalado alheamento da entidade dos acontecimentos que vão acontecendo no Oeste. Por outro lado o vice-presidente salienta que “os bons eventos devem fazer o seu caminho, ser sustentáveis e não depender exclusivamente dos seus parceiros, e é este o caminho que julgamos vir

fazendo”. Programação musical em alta na “Alma do Vinho” Pedro Abrunhosa, Rita Redshoes, Gisela João e os Dama, foram os cabeça de cartaz na edição 2019 da Alma do Vinho. A programação musical, tem sido uma preocupação da organização e tem vindo a crescer de ano para ano. Tiago Pedro, responsável por esta área do festival, salienta ao Valor Local que “a cada ano o desafio renovase e a exigência aumenta”. “Já temos marcadas reuniões relativamente à edição do ano que vem, e temos também algumas ideias para o próximo cartaz que certamente surpreenderão pela positiva todos os nossos seguidores” No entanto o responsável não revela qual o cabeça de cartaz de

2020, e espera pelas “reuniões que temos celebradas com as agências dos artistas que ambicionamos contratar”. Com efeito, a Alma do Vinho tem vindo a “acertar” nas escolhas musicais. São em regra nomes que estão na “berra” e que conseguem agregar uma série de fãs. Tiago Pedro esclarece que esta escolha é discutida no seio da organização do festival. Trata-se de “uma equipa muito pequena, mas muito apaixonada pela sua terra e determinada em fazer melhor pelo festival que carrega com o coração”. Ainda assim assume que estas conversas “nem sempre são conversas consensuais, mas no final acabamos sempre satisfeitos com as escolhas e a comunicar a uma só voz, tal como se espera que aconteça com uma equipa”. No entanto a Alma do Vinho, que não deverá mudar de localização nos próximos anos, acarreta algumas dificuldades logísticas para a montagem de alguns espetáculos. São sobretudo os espetáculos musicais dada a logística dos palcos, inerentes ao som e à luz. Ainda assim, Tiago Pedro refere total confiança “num conjunto de parceiros responsáveis e profissionais em quem confiamos totalmente e que fazem com que tudo pareça fácil. A maior dificuldade de produção talvez seja mesmo tentar ter tudo no ar em tempo recorde por forma a não privar os nossos munícipes do seu parque por mais tempo do que o estritamente necessário”.

Mostra de Cinema em Vila Franca de Xira homenageia figuras da sétima arte locais té ao próximo dia um de outubro, a cidade de Vila Franca de Xira vai ser palco da primeira Mostra de Cinema Português. A iniciativa é da sociedade civil e é coordenada pelo realizador e cinéfilo vilafranquense, Bruno Teixeira. Ao todo são cerca de cem os filmes que vão ser exibidos entre os auditórios da junta de freguesia, Ateneu Artístico Vilafranquense, Associação Alves Redol e Escola Secundária Reinaldo dos Santos. A iniciativa arrancou, esta terçafeira, dia 24, apadrinhada pelo realizador Lauro António e homenageou José Vieira Marques, que foi um importante cinéfilo no panorama nacional, natural de Vila Franca de Xira, tendo a seu cargo a criação do maior festival de cinema à época o “Festival da Figueira da Foz”. Coube a Bruno Teixeira, explicar as linhas desta mostra que será inédita no panorama nacional, vincando também a necessidade de homenagear José Vieira Marques, enquanto homem de-

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dicado à arte do cinema. Segundo o jovem realizador de Vila Franca, vão estar nesta mostra 96 filmes, sendo que a organização recebeu mais de duzentas películas, de vários realizadores que mostraram interesse em participar. Bruno Teixeira, falou na óbvia “árdua” tarefa em visionar e selecionar os filmes, mas acredita no sucesso da iniciativa que vai ser repartida em cerca de vinte sessões. Nesta primeira sessão, que acabou por ser uma apresentação da “mostra”, foram apresentados vários documentos, nomeadamente, excertos de entrevistas concedidas por José Vieira Marques no âmbito do Festival da Figueira da Foz. Lauro António falou um pouco da sua experiência com Vieira, assegurando não ter sido amigo íntimo do homenageado, falecido em 2006. O realizador teceu memórias do festival, lembrou os seus filmes a concurso e a convivência que teve com José Vieira, vincan-

do a sua importância para o cinema português e para a cultura entre os anos 60 e a contemporaneidade. Lauro António lamentou o fim do festival que com o tempo foi perdendo espaço e apoios. Aos poucos foram-se realizando outros certames do género no país, e

aquele festival acabaria por ficar pelo caminho. O realizador destaca o início do projeto e recorda que o mesmo beneficiou “do nicho do cinema independente” longe das grandes produtoras americanas e fora dos circuitos mais comerciais. Coube a Maria Cecília Marques

traçar um retrato do irmão. Lembrou a sua vida enquanto pároco da Castanheira e mais tarde em Olhalvo, e recordou-o como um homem determinado e simples que viveu uma vida sem luxos, mas sempre dedicada à arte. A noite foi também dos amigos que aproveitaram para falar de

Vieira Marques foi o nome homenageado no primeiro dia da mostra

aventuras no tempo da ditadura dedicadas aos debates sobre cinema e recordaram o espírito de José Vieira Marques. João Rodrigues dos Santos, presidente da Junta de Vila Franca, enalteceu a figura do cinéfilo, destacando a importância que tem para Vila Franca de Xira, a realização desta primeira mostra de cinema. O autarca comentou a preponderância desta mostra, para frisar “que só assim teremos a possibilidade de mostrar muitos filmes, que não teriam outra forma de serem visionados”. João Rodrigues dos Santos diz acreditar no sucesso desta iniciativa que “terá certamente uma segunda edição” vincando o papel das entidades que apoiaram a “mostra” entre as quais se encontra a junta de freguesia. Esta mostra vai decorrer até dia 1 de outubro, também com destaque para uma homenagem à realizadora vilafranquense Leonor Teles, no dia 28 de setembro, no auditório do Ateneu Artístico Vilafranquense.


18 Opinião

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A prosperidade pode estar a apenas 20 anos!

João Santos

Tudo depende das maravilhas da Educação que é que determina o padrão de produtividade dos recursos humanos de um país? Um dos fatores mais importantes é o nível médio de capital humano disponível nesse país. Este fator, que resulta de um conjunto de propriedades (Educação, especialização profissional, compe-

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tências adquiridas, experiência… ), é determinante para a produtividade de uma Economia. A importância potencial que a Educação assume na eficiência da economia portuguesa é evidente: A Educação (processos de ensinoaprendizagem) desenvolve a capacidade cognitiva; O desenvol-

vimento da capacidade cognitiva promove o pensamento crítico; O pensamento crítico potencia a qualidade das decisões. O nível de produtividade global de uma economia depende da qualidade das decisões tomadas, e em cada etapa dos processos produtivos, sem exceção. Logo, é pos-

sível afirmar que o capital humano detido por cada português, influenciando a qualidade das decisões individualmente tomadas, contribui para a produtividade agregada de Portugal. Não são apenas o raciocínio lógico e as evidências científicas a atestar esta afirmação. No decurso da

Justiça: Acessível e pronta? HÁ QUE TER EM CONTA QUE JUSTIÇA QUE TARDE NÃO É JUSTIÇA PRONTA NEM BURRO QUE SE ALBARDE… a lei no papel à lei no dia-adia… pode distar um abismo! A Lei de Defesa do Consumidor confere ao consumidor o direito a uma justiça acessível e pronta. Com efeito, à justiça não chegam casos de escasso valor económico (que alguns entendem constituir meras bagatelas…), mas que representam – quantas vezes! – algo de muito importante para os consumidores lesados. Ou que, pela repetição, representam o enriquecimento ilícito dos fornecedores (de tostão em tostão até ao mi-

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lhão…). Ou quando os casos são presentes à justiça, até que a paz social se restabeleça decorrem 5, 10 anos! Uma lástima! Justiça que tarda tem sempre o amargo sabor da injustiça! Nem esperar 10 anos por uma decisão que, entretanto, vai causando angústias enquanto o interessado aguarda. Nem esperar 10 anos por 100, que só valem 10 quando a decisão finalmente surge! Nem gastar 100 para recuperar 10… Regra de ouro dos sucessivos planos de acção da União Europeia é a de se subtrair a resolução dos litígios de consumo aos órgãos de judicatura tradicionais (aos tribunais judiciais) de molde a imprimir

às lides rapidez, em condições de gratuitidade ou, ao menos, de não onerosidade. No quadro do crédito ao consumidor (crédito pessoal, crédito ao consumo), a Directiva de 23 de Abril de 2008 prescreve de modo emblemático, no seu artigo 24, sob a epígrafe “resolução extrajudicial de litígios”: “Os Estados-Membros devem assegurar a instauração de procedimentos extrajudiciais adequados e eficazes de resolução dos litígios de consumo relacionados com contratos de crédito, recorrendo, se necessário, a organismos existentes. Os Estados-Membros devem inPUB

centivar os referidos organismos a cooperarem no sentido de também poderem resolver litígios transfronteiriços relacionados com contratos de crédito.” Portugal está de parabéns porque a Lei 63/2019, de 16 de Agosto, introduziu a arbitragem necessária (obrigatória) nos litígios de consumo em geral (até ao valor de 5.000€, alçada dos tribunais de 1.ª instância), modificando o artigo 14 da Lei de Defesa do Consumidor, depois de em 2011 uma outra lei haver feito outrotanto para os conflitos resultantes dos serviços públicos essenciais (Lei 6/2011, de 10 de Março): “… 2. Os conflitos de consumo de reduzido valor económico estão sujeitos a arbitragem necessária ou mediação quando, por opção expressa dos consumidores, sejam submetidos à apreciação de tribunal arbitral adstrito aos centros de arbitragem de conflitos de consumo legalmente autorizados. 3 — Consideram -se conflitos de consumo de reduzido valor económico aqueles cujo valor não exceda a alçada dos tribunais de 1.ª

Segunda Guerra Mundial, e da extensiva destruição de cidades e indústrias, as recuperações extraordinárias da Alemanha Ocidental e do Japão só ocorreram porque estes países possuíam níveis elevados de capital humano. E os países nórdicos, na atualidade, que parcelas

dos orçamentos de estado direcionam para a Educação?! A Prosperidade pode estar a apenas 20 anos! Tudo depende das maravilhas da Educação.

Mário Frota* instância. 4 — Nos conflitos de consumo a que se referem os n.ºs 2 e 3 deve o consumidor ser notificado, no início do processo, de que pode fazer-se representar por advogado ou solicitador, sendo que, caso não tenha meios económicos para tal, pode solicitar apoio judiciário, nos termos da lei que regula o acesso ao direito e aos tribunais. 5 — Nos conflitos de consumo a que se referem os n.ºs 2 e 3 o consumidor fica dispensado do pagamento prévio de taxa de justiça, que será apurada a final.» E a justiça será célere, rápida, nestes casos, porque a decisão, segundo a lei, da instauração do pleito à decisão não pode, em princípio, decorrer tempo superior a 90 dias: “Os procedimentos de RAL – resolução Alternativa de Litígios devem ser decididos no prazo máximo de 90 dias a contar da data em que a entidade de RAL receba o processo de reclamação completo.” Os consumidores estão de parabéns!

Na génese desta lei, o Grupo Parlamentar do PSD. A proposta é da apDC. E terá sido assumida pela Deputada Fátima Ramos e seus pares, que a acolheram de modo incondicional pelo seu manifesto interesse. Ponto é que se dote, agora, os Centros existentes de meios suficientes para acudir à procura que surgirá doravante, se criem centros de arbitragem nos distritos onde não existem e se divulgue a existência destes meios para que os consumidores saibam, em caso de necessidade, a que portas bater. Valeu a pena! Oxalá isso não tarde! * apDC – DIREITO DO CONSUMO - Coimbra


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Opinião 19

O desafio ambiental

odo o eixo fundamental da minha vida profissional foi dedicada a questões de ordem ambiental – excepção feita aos doze anos de “desvio” para a política e, mesmo nesses anos, o saneamento básico, as questões de recolha e tratamento de águas residuais, a eficácia da recolha de resíduos sólidos e a promoção da reciclagem foram matérias que sempre nortearam a minha actuação. Mas eu sou dum tempo em que as questões ambientais se reduziam a isto: tomar medidas para que a nossa qualidade de vida melhorasse, sem pôr em causa os princípios, práticas e costumes em que se baseia a nossa civilização. O conceito de respeito pelo Ambiente é, necessariamente, um princípio que deve fazer parte integrante da educação duma criança e é, como tal, tão fundamental como aquelas premissas básicas que se incutem nos jovens desde tenra idade: o respeito pelo próximo, a honestidade, o sentido de ética e as ferramentas que lhes vão sendo dadas ao longo do seu processo de crescimento para fazerem face à vida tais como aprender a escrever e a contar, desenvolverem uma profissão ou um aptidão que se revele em cada um deles. É uma tarefa em primeira instância da família, depois da Escola e do Estado e em última análise da Comunidade como um todo. Nos tempos em que estive à frente da área de Ambiente do Município de Lisboa, compreendemos que lutar pelo ambiente não era só

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apanhar lixo, tratar de esgotos, plantar jardins ou medir poluições atmosféricas. Percebemos que, se não ganhássemos os cidadãos para as boas práticas ambientais, por mais recursos que fossem afetados ao Ambiente, a melhoria da qualidade de vida seria uma batalha perdida. Daí ter sido o Município de Lisboa pioneiro naquilo a que chamávamos na altura Educação e Sensibilização Ambientais, desenvolvendo campanhas dirigidas para a generalidade da população, sempre com base neste princípio: a salvaguarda do Ambiente está, em primeira instância, na atitude individual que cada um de nós, como cidadãos, tem perante as mais diversas práticas ambientais. E recorrendo ao velho ditado “ de pequenino é que se torce o pepino”, foram desenvolvidas campanhas particularmente dirigidas para as escolas e para a população em idade escolar. Resultaram? Não de imediato. A alteração de mentalidade e atitude face a questões que nos são intrínsecas durante gerações demoram, em regra, uma ou duas gerações até serem interiorizadas e praticadas duma forma natural, como se fizessem parte já da nossa maneira de encarar o mundo. É verdade também que, por vezes, as gerações mais velhas, ás quais estas questões nunca disseram muito, não ajudam muito nesta mudança de mentalidade que hoje em dia se torna urgente e um dos temas mais determinantes da evolução da Humanidade. Não me esqueço de um dia em que estava, na esta-

ACES Estuário do Tejo Unidade de Saúde Pública

Saúde Pública

Ana Teresa Oliveira Técnica de Saúde Ambiental

Joaquim António Ramos

ção do Oriente, à espera do comboio, e uma menino a meu lado, que fora seguramente objeto de ensinamentos sobre comportamento ambiental, ter atirado uma lata vazia de coca-cola para a linha, mesmo nas barbas da mãe e com um recipiente para lixos a dois metros de distância. Não me contive e disse-lhe: ” Então atiras a lata para a linha mesmo com um cesto aí ao pé de ti?”. A minha intervenção valeu-me uma valente descompostura da mãe da criança, que me metesse na minha vida, que fizeste muito bem, filho, olha como a mãe faz. E dizendo

não vão apenas com medidas de persuasão e esclarecimento, mas têm que ser objeto da atenção das entidades públicas, com medidas restritivas e punitivas. Chegámos hoje a um ponto de não retorno, a menos que sejam tomadas medidas drásticas em termos daquilo que chamamos os factores de poluição de terra, ar e água e parece que, finalmente, a maioria dos Governos tomou consciência disso – como o prova, aliás, a Cimeira sobre o clima que decorreu esta semana sob a égide da ONU. Duvido que, por muito extremas que sejam as medidas

isto, abriu a mala donde tirou alguns papéis e lenços velhos e atirou tudo para a linha também… Donde se prova que estas questões de respeito pelo Ambiente

que tomemos, consigamos voltar ao Mundo que conhecíamos há quarenta ou cinquenta anos. Mas já me darei por contente se forem tomadas medidas que revertam a

situação por forma a garantirmos a sobrevivência da espécie humana e da vida na Terra. É claro que a temperatura média irá aumentar nas próximas décadas, provocando o degelo e a subida dos níveis do mar e criando uma multidão de refugiados climáticos. É óbvio que aquela sucessão de quatro estações que era timbre das zonas temperadas não voltará a acontecer, com todas as consequências para a agricultura e a actividade humna, que são hoje já visíveis. É claro que fenómenos climáticos extremos de secas, furacões, enxurradas vão continuar a fazer parte do dia a dia do Mundo nas próximas décadas. É claro que a ilha gigantesca de plástico flutuante que se formou no Pacífico vai manter-se ou mesmo aumentar e a presença de micropartículas de plástico no ar que respiramos, na água que bebemos, nos alimentos que comemos, vão continuar a marcar presença. Estes fenómenos, que são o fruto duma acção continuada durante séculos, não desaparecem dum momento para o outro, por muito atuantes que sejam os ambientalistas e por muito eficazes que sejam as medidas que os Governos ou as organizações mundiais tomem sobre estas matérias. Por isso, cada contributo é um factor positivo. Eu sei que a proibição do uso de determinados produtos de plástico descartável como aqueles que fazem parte da proibição de utilização que o Governo português prepara para 2020, an-

tecipando directivas da Comunidade Europeia, é uma gota de água no Oceano. Sei também que a economia dos países desenvolvidos está sustentada em combustíveis fósseis e nos derivados de petróleo, nos quais o plástico se inclui. E que, por tal razão, é difícil adotar medidas que revertam rapidamente esta situação sem por em causa o desenvolvimento. Mas de que nos serve o crescimento económico, o aumento da produção de bens e serviços se, dentro de um século, a Humanidade não tiver sobrevivido à devastação ambiental e de recursos que ela própria provocou? O grande desafio que se coloca actualmente à ciência é que desenvolva energias alternativas não poluentes de fácil disseminação. O grande desafio que se coloca aos Governos é que apliquem essas medidas com a prioridade que a sobrevivência da espécie exige. Mas tão ou mais importante do que isso, o que se exige a cada um de nós é que, no seu dia a dia, nas suas atitudes e opções, entre como factor decisivo esta avaliação: de que forma é que o que faço contribui para uma melhoria do Ambiente?

Dia Mundial da Saúde Ambiental As alterações climáticas têm consequências sobre a saúde pública. O aquecimento global é gradual, mas os efeitos sobre os fenómenos meteorológicos – tempestades, inundações e ondas de calor – podem afetar alguns elementos importantes para a saúde, como o ar, a água e os alimentos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a Saúde Ambiental inclui “tanto os efeitos patogénicos diretos das substâncias químicas, das radiações e de alguns agentes biológicos, como os efeitos (frequentemente indiretos) na saúde e no bem-estar do ambiente (em sentido lato) físico, psicológico, social e estético, que engloba a habitação, o desenvolvimento urbano, o uso dos solos e os transportes”. O dia 26 de setembro marca o Dia Mundial da Saúde Ambiental, uma oportunidade para destacar o importante contributo que os profissionais de saúde dão para a saúde pública e para o bem-estar das populações em todo o mundo. Os Técnicos de Saúde Ambiental são profissionais de saúde qualificados, integrados em equipas multidisciplinares nos Agrupamentos de Centros de Saúde (particularmente, nas Unidades de Saúde Pública) e realizam as suas atividades, tendo como matriz a utilização de técnicas de base científica com fins de prevenção da doença e promoção e proteção da saúde, articulando-se com outros grupos profissionais da saúde, com autonomia técnica de exercício profissional. Consciencializar os cidadãos para os desafios da sustentabilidade ambiental passa por uma forte aposta na educação baseada numa lógica de participação e de corresponsabilização.

Algumas medidas de proteção de saúde ambiental, que qualquer cidadão DEVE implementar no seu dia-a-dia: - ENERGIA - Sempre que possível, minimize o uso de luz artificial e deixe entrar a luz do sol, abrindo persianas e cortinas. Compre eletrodomésticos e lâmpadas com opção de consumo sustentável que permite uma maior poupança de energia a longo prazo; - ÁGUA - Faça um uso racional da água. Feche a torneira enquanto está a escovar os dentes, lavar o cabelo, fazer a barba ou qualquer outra utilização semelhante. Prefira o duche ao banho de imersão para poupar água. Recolha a água da chuva. Utilize este recurso para regar as plantas, limpar o chão ou lavar o carro. - RESÍDUOS - Separe os resíduos de sua casa para que possam ser reciclados e, depois, deposite-o nos ecopontos. Substitua os sacos de plástico pelos ecobags. Escolha produtos com pouco plástico e/ou com opção de recarga. Dê preferência a produtos embalados em vidro. - AR - Deixe o carro em casa, dê preferência ao transporte coletivo ou público. Se a distância for curta, vá a pé ou de bicicleta. Não faça queimadas. Ajude na plantação de árvores. Com estas medidas pretende-se uma cidadania mais ativa no domínio do desenvolvimento sustentável e para a construção de uma sociedade justa, inclusiva e de baixo carbono, racional e eficiente na utilização dos seus recursos, que conjugue a equidade entre gerações, a qualidade de vida dos cidadãos e o desenvolvimento económico, POR UM AMBIENTE MAIS SAUDÁVEL E PELA SUSTENTABILIDADE DO PLANETA.


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Os conteúdos são da exclusiva responsabilidade da Associação, Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja

Abertas candidaturas no âmbito da Eficiência Energética Instituições Privadas de Solidariedade Social O ALENTEJO 2020 abriu concurso ALT20-03-2019-53, Eficiência Energética - Instituições Privadas de Solidariedade Social (IPSS), no domínio da Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos. A Prioridade de Investimento (4.3) é o apoio à eficiência energética, à gestão inteligente da energia e à utilização das energias renováveis nas infraestruturas públicas, nomeadamente no edifícios públicos e no setor da habitação. O objetivo específico é aumentar a eficiência energética

nas infraestruturas públicas da administração sub-regional e local e na habitação social, apoiando a implementação de medidas integradas de promoção da eficiência energética e racionalizando os consumos. Os beneficiários são, nos termos do presente aviso, as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). A área geográfica tem aplicação na NUT II Alentejo. O prazo para apresentação de candidaturas decorre até dia 20 de dezembro de 2019 (18h). Fonte: Alentejo 2020

O Alentejo 2020 abriu concurso ALT20-30-2019-51, trabalho socialmente necessário (contratos Emprego-Inserção e Emprego-Inserção+), domínio da inclusão social e do emprego. O objetivo específico é promover o desenvolvimento de competências pessoais, sociais e profissionais em especial de desempregados e desempregados com desvantagens necessitando de apoio particular para acesso ao mercado de trabalho. A Prioridade de Investimento (9.1) é a inclusão ativa com vista à promoção da igualdade de oportunidades e da participação ativa e a melhoria da empregabilidade. O beneficiário é o Instituto do Emprego e Formação Pro-

fissional, I.P. (IEFP, I.P.), que assume perante a Autoridade de Gestão (AG) a qualidade de Organismo Responsável pela Execução de Políticas Públicas (BREPP) de acordo com o artigo 39.º do Decreto-Lei n.º 137/2014, de 12 de setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 34/2018, de 15 de maio e o artigo 37.º do RE ISE. As candidaturas estão abertas até às 18 horas do dia 3009-2019. Fonte: Alentejo 2020

INOV Contacto 2019: Candidaturas abertas até 10 de outubro A AICEP acaba de abrir as candidaturas para mais uma edição do INOV Contacto, o programa de estágios internacionais que oferece aos jovens portugueses a oportunidade de realizar um estágio remunerado de 6 a 9 meses, em mais de 80 países, em empresas portuguesas e estrangeiras de todas as áreas profissionais. Até 10 de outubro, os jovens licenciados até aos 29 anos, podem candidatar-se para abraçar um novo desafio no estrangeiro e partirem numa aventura profissional para um destino desconhecido. Em 23 edições, o INOV Contacto já levou seis mil jovens a estagiar em mais de 1.100 empresas e organizações espalhadas por 82 países, em locais tão variados como Estados Unidos, Espanha, Brasil, Moçambique, China, Reino Unido, Namí-

bia, Gana, Cazaquistão, Irão. Nas primeiras quatro semanas após concluírem o estágio, 60 por cento dos participantes encontra emprego, seja na empresa de acolhimento ou numa nova entidade. Com 200 vagas abertas para 2020, as candidaturas decorrem no site do INOV Contacto até 10 de outubro. Durante este período os jovens poderão ver respondidas todas as suas questões em duas sessões de esclarecimento que se realizarão em Lisboa - no dia 18 de setembro, e no Porto - no dia 25 de setembro, a partir das 15h nas instalações da AICEP das respetivas cidades, e para as quais também se podem inscrever online ou simplesmente aparecer. Fonte: Portugal 2020

Parlamento dos Jovens 2019/2020: Inscrições abertas até 25 de outubro Já estão abertas as inscrições para a participação das escolas na iniciativa Parlamento dos Jovens, dedicada ao tema da violência doméstica e no namoro. O Programa Parlamento dos Jovens é uma iniciativa da Assembleia da República dirigida a estudantes dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário, de escolas do ensino público, particular e cooperativo do Continente, das

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Regiões Autónomas e dos círculos da Europa e de Fora da Europa. Culmina com a realização de duas sessões nacionais na Assembleia da República: uma destinada aos alunos dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico; outra destinada aos alunos do ensino secundário. As sessões decorrerão em maio de 2020. Fonte: Portugal 202

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Setembro 2019

Economia 21

Mc Donald´s regressa à cidade de Vila Franca pós seis anos, a McDonald´s reabriu na cidade de Vila Franca de Xira o mais novo restaurante da sua cadeia internacional em Portugal. Com cerca de 60 trabalhadores, o espaço está agora localizado na entrada norte da cidade, bem perto da saída da autoestrada e abriu as portas no dia 18 de setembro. Para trás ficam vários anos de Mc Donald´s no Vila Franca Centro, que fechou em 2013 e que muitas saudades deixou aos vilafranquenses, já que era um ponto de encontro de várias gerações. Seis anos depois, o “Mc” regressa com mais tecnologia, mais evoluído para acompanhar também as exigências da sociedade e dos clientes. Neste novo espaço onde vão trabalhar pouco mais de meia centena de pessoas, há lugar a duas esplanadas, uma cafetaria, e um drive. Sempre a pensar no cliente, o “Mc” aposta forte na formação dos seus colaboradores. Maria Emília Santos, a responsável por este espaço, que também gere os restaurantes de Santarém, Carregado e Porto Alto, afirma que para além da formação, os critérios de higiene e eficiência são seguidos à risca. Para tal, a empresa aposta na tecnologia, monitorizando, por exemplo, os tempos de espera e de resposta do Mc Drive, e também a qualidade dos produtos. Este é o restaurante 171 em Portugal. É o primeiro com uma nova decoração, sublinhada pela responsável do franchising como pioneira, assim como, pelos responsáveis da cadeia de restaurantes

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Responsáveis da cadeia de restaurantes, gerente da loja de Vila Franca e presidente da junta fizeram as honras da casa satisfeitos com a aposta na inovação, que realçaram, igualmente, o empenho dos colaboradores na abertura de mais um espaço que “demorou apenas três meses a colocar de pé”. Estélio Sequeira, diretor de operações da Mc Donald’s, lembrou o percurso do restaurante na cidade de Vila Franca de Xira. O

responsável salientou ter um especial carinho por este regresso a Vila Franca. “Uma vez que foi aqui que fiz a minha formação”, lembrou. Thomas Ko, diretor geral da Mc Donald´s Portugal, agradeceu o empenho de Maria Emília Santos, na abertura deste restaurante bem como o seu compromisso

para com a empresa. O responsável máximo pela Mc Donald´s no nosso país vincou ainda a boa localização e visibilidade deste novo restaurante na cidade de Vila Franca de Xira. Para João dos Santos, presidente da Junta de freguesia de Vila Franca de Xira, o regresso à cidade deste restaurante acaba por ser muito

importante. O responsável salientou que vai permitir “transformar Vila Franca de Xira”, realçando os cerca de 60 postos de trabalho criados pela empresa. Por outro lado, João Santos vincou, igualmente, que uma grande percentagem de produtos consumida, naquele espaço, provem da Italagro, uma empresa transfor-

madora de tomate na Castanheira do Ribatejo, e que com este reforço vai poder “aumenta o seu processo de internacionalização no norte de África”, vincando: “Isto são danos colaterais (no bom sentido) que resultam da instalação de uma marca internacional na cidade de Vila Franca de Xira.”

EDP Distribuição atinge marca histórica na qualidade de serviço m comunicado, a imprensa refere que a EDP Distribuição atingiu, no primeiro semestre de 2019, o melhor resultado de sempre ao nível da continuidade do serviço de distribuição de energia elétrica. O valor referente ao indicador de continuidade de serviço SAIDI (System Average Interruption Duration Index) em Baixa Tensão foi de 27 minutos nos primeiros seis meses do ano, excluindo o impacto de eventos excecionais, representando uma melhoria de 29%, em Portugal Continental, face a igual período do ano passado. Este resultado mantém a EDP Distribuição no grupo com melhores resultados entre as congéneres europeias e reflete o bom desempenho da empresa na consolidação da melhoria da Qualidade

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de Serviço Técnico, na distribuição de energia elétrica, alcançada nos últimos anos, garantindo simultaneamente a redução de assimetrias entre as diversas regiões do país. De igual modo, a EDP Distribuição obteve resultados positivos ao nível dos indicadores TIEPI (Tempo de Interrupção Equivalente da Potência Instalada) em Média Tensão (MT) e SAIDI MT, indicadores utilizados para avaliar o desempenho das redes de distribuição em Média Tensão. Os valores totais registados nos indicadores TIEPI MT e SAIDI MT situaram-se nos 20 e 27 minutos respetivamente, excluindo o impacto de eventos excecionais, o que se traduz numa melhoria superior a 25 por cento relativamente ao primeiro semestre de 2018.

“A marca alcançada resulta da política de investimento e manuten-

ção, assim como do incremento de automatização, controlo remoto

Empresa salienta os bons indicadores alcançados

e evolução da operação da rede, nomeadamente em situações de

crise, da rede de distribuição de eletricidade”, diz a empresa.


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Setembro 2019 PUB


Setembro 2019 atleta do Cartaxo Gabriel Paula vai estar no Mundial de Karaté com as cores da seleção nacional da modalidade. Portugal vai estar no 11º Campeonato do Mundo de Cadetes, Juniores e Sub21, em Santiago do Chile, no Chile, a disputar nos próximos dias 23 a 27 de outubro.

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Valor Local Tauromaquia Azambujense Coisas da Festa Os homens da Festa é que matam a Festa, e cai sem puntilla. Eu dou um exemplo, a carapuça é para o que é. Um ganadero de afición, mas de poucos recursos, quando precisa de um semental encerra um novilho e tenta à verdasca. Se dá má nota

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para tal vida de semental, fica e é metido numa corrida a cavalo. Depois, lá estão os bandarilheiros para levar! Quando são homens que podem, tudo se faz dentro da legalidade ou não se faz! A Festa cai sem puntilla António Salema“El Salamanca”

Corrida de Toiros em Azambuja nicialmente prevista para o passado dia 21 de setembro e adiada devido ao mau tempo, vai realizar-se no próximo dia 29 deste mesmo mês a corrida das Festas em honra de Nossa Se-

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nhora da Assunção. Toiros de João Ramalho para as cavaleiras Sónia Matias, Ana Batista e Mara Pimenta. Os forcados são os de Lisboa e Arruda dos Vinhos.

Feira de Outubro Vila Franca de Xira utubro é mês de feira em Vila Franca de Xira e este ano serão três os espetáculos taurinos a ter lugar na Monumental Palha Blanco Assim no feriado de 5 de Outubro, pelas 22h00, realiza-se uma novilhada de promoção. Novilhos Palha para os cavaleiros Francisco Correia Lopes e Joaquim Brito Paes, e na lide a pé os novilheiros Rafael León da Escola de Málaga, Filipe Martinho da Escola da Moita, Fabio Jiménez da Escola de Salamanca e Duarte Silva da Escola José Falcão. As pegas, essas, estarão a cargo dos Forcados Amadores de Vila Franca.

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A 6 de Outubro (dia de eleições) pelas 17h00 terá lugar uma corrida mista de homenagem ao Maestro José Júlio que comemora este ano 60 anos de alternativa. Toiros Palha para os cavaleiros Luís Rouxinol e Luís Rouxinol Jr., pegando os forcados amadores de Vila Franca. A pé estarão Nuno Casquinha e Manuel Dias Gomes. A tradicional noturna de terça-feira, será no dia 8 pelas 22h00 com Toiros de Passanha para os cavaleiros António Telles, João Moura Jr. e João Telles. Mais uma vez os forcados são os de Vila Franca de Xira.

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho; NIPC 514 207 426 Sede, Redação e Administração: Rua Alexandre Vieira nº 8, 1º andar, 2050-318 Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23; Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Acácio Vasconcelos, José João Canavilhas, António Salema “El Salamanca” Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt PUB


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