Valor Local
Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 43 • 24 Novembro 2016 • Preço 1 cêntimo
Valor Local
Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 43 • 24 Novembro 2016 • Preço 1 cêntimo
Luta sem tréguas na higiene e limpeza urbana
Entrevista
Silvino Lúcio: “Temos trabalho feito à vista de todos apesar das críticas destrutivas”
Págs. 6, 7 e 8
Exclusivo
Rui Corça (PSD) candidata-se para travar “estado de depressão” do concelho de Azambuja Pág. 19
Luís de Sousa deverá anunciar recandidatura em janeiro Pág. 18 Págs. 12, 13, 14, 15 e 16
Sociedade
2 Adega Cooperativa de Arruda apresenta novo site Adega Cooperativa de Arruda dos Vinhos aproveitou a 19ª edição da Festa da Vinha e do Vinho para promover as habituais visitas às suas instalações. Foi ainda inaugurada a exposição “Vinho é o nome da Terra” patente no local. Com o objetivo de promover cada vez mais o enoturismo no município de Arruda, foi também apresentado, no dia 19 de novembro, o site da adega. Segundo os seus dirigentes, visa através de uma “imagem inovadora inspirar o visitante ao deguste dos seus vinhos”. O novo site da Adega Cooperativa de Arruda dos Vinhos está disponível em www.adegaarruda.pt D.A
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Valor Local
Cerci Flor da Vida
O mestre carpinteiro e os seus discípulos
Foros de Salvaterra amplia cemitério União de Freguesias de Salvaterra e Foros de Salvaterra conseguiu finalmente ao fim de 38 anos, legalizar o terreno onde está o cemitério de Foros. A escritura foi feita esta quarta-feira, sendo que a família Oliveira e Sousa doou o terreno à autarquia. Esta iniciativa vai permitir agora que a autarquia possa fazer as tão esperadas obras de alargamento do local. Segundo o presidente da União de Freguesias Manuel Bolieiro. ao Valor Local, este alargamento só foi possível tendo em conta as negociações com o proprietário João José Drummond de Oliveira e Sousa. Até aqui a área disponível era apenas de 9000 m2, aos quais se acrescenta agora cerca de 4000 m2. Com este alargamento o cemitério de Foros de Salvaterra ficará com um espaço de aproximadamente 14 000 m2.
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Câmara de Azambuja promove campanha “Natal na vila” Concelho de Azambuja vai receber em dezembro a iniciativa “Natal na Vila” da Câmara Municipal de Azambuja em parceria com as juntas locais e que vai envolver as diversas comunidades escolares, como são os casos dos agrupamentos e os centros de estudos, bem com a sociedade civil, e diversas IPSS’s. Nesse sentido, e de acordo com o município, as instituições deverão participar com a construção de uma árvore de Natal em material reciclado fomentando assim a criatividade dos participantes. Os trabalhos serão depois expostos nas respetivas sedes de freguesia, nomeadamente nos seus principais largos de 14 de dezembro de 2016 a 6 de janeiro de 2017 Para o município esta iniciativa é importante e tem como objetivo “manter a tradição da Árvore de Natal, tal como a conhecemos”.
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Passeio do Clube Motos Suor e Lama marcado para 4 de dezembro já no dia quatro de dezembro que acontece mais um passeio TT do Clube Motos Suor e Lama integrado no Centro Cultural e Recreativo de Casais dos Britos. Trata-se da oitava edição desta iniciativa que vai destinar-se a Motos, Quads, Utv. Segundo António Ventaneira, a iniciativa deste ano, terá também um aspeto solidário. A organização prepara-se para doar dez por cento de cada inscrição aos Bombeiros Voluntários de Azambuja. O programa começa pelas 7h30 em Casais dos Britos com a abertura das inscrições. Pela 9h.00 começa o passeio sendo que às 11h00 tem lugar um reforço. Às 13h00 os participantes participam num almoço convívio e pelas 15h00 o passeio termina com a oferta de lembranças Esta é uma iniciativa que conta com o apoio do Valor Local. Acresce ainda a logística que nem sempre é fácil, pelo que segundo António ventaneira, foi importante o apoio das empresas do concelho de Azambuja. Ainda neste capitulo, Azambuja vai receber uma das provas do X-Trophy 2016/17. A iniciativa conta com uma parceria do Clubett Msl e está sob a alçada da Federação Portuguesa de Motociclismo. Esta é uma prova importante no calendário regional, sendo que Azambuja a recebe pela primeira vez. O X-TROPHY 2016 é um calendário composto por cinco provas de todo o terreno destinadas a motos, quads e buggies. Estas provas têm acima de tudo um caracter lúdico e de treino, procurando ajudar por um lado a promover as modalidades, e por outro poder proporcionar aos pilotos a possibilidade de treinarem em condições de segurança e junto dos seus competidores.
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A instituição acolhe jovens com idades entre os 15 e os 18 anos a carpintaria da Cerci Flor da Vida, vários jovens do concelho de Azambuja e de alguns concelhos vizinhos têm a oportunidade de aprender um ofício que um dia mais tarde lhes proporcione a inserção no mercado de trabalho. A maioria desses jovens têm dificuldades de aprendizagem escolar, e abandonaram na maioria dos casos os estudos. Com idades entre os 15 e os 18 anos, encontraram em Francisco Coelho, mestre da carpintaria há 19 anos, uma espécie de professor para a vida. Na carpintaria aprendem mais do que apenas a montar pequenos móveis mas também alguns ensinamentos que lhes podem ser úteis um dia mais tarde. Quando chegou à carpintaria há quase 20 anos, Francisco Coelho prognosticou na altura que não haveria de ficar ali muito tempo. “Não me via a ter paciência para aturar miúdos destas idades, mas no fim de contas fiquei a gostar, e a sentir-me realizado com este convívio e aprendizagem, até porque também aprendo muito com eles”, indica. Apesar de “nem sempre mostrarem o gosto necessário para este trabalho, e preciso de os estar sempre a incentivar”. Para conseguir motivar estes jovens, normalmente pouco habituados a hábitos de trabalho e disciplina, é necessário considerá-los como “família”. “Colocá-los à vontade e dizer-lhes que ninguém nasce ensi-
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nado”, prossegue. Saber compreender os jovens em causa é também importante – “Vejo que por vezes andam com problemas em casa e partilham essa informação comigo, tento colaborar com eles, e dar-lhes alguns conselhos”. “Têm de saber que os pais não lhes podem dar tudo para o resto da vida, e que também devem esforçar-se e fazer algo de positivo pelo futuro de cada um deles”, remata. Por outro lado, “fico muito sensibilizado quando partilham coisas da intimidade deles, que com dificuldade conseguem expor diante da psicóloga da instituição. Ficam envergonhados”. “Para nós é como um segundo pai. Desabafamos coisas com ele, das quais não falamos nem com os nossos pais”, acrescenta Emanuel, um dos jovens frequentadores da formação. Este jovem à semelhança dos restantes abandonou o ensino tradicional: “Escola nem falar dela”, não tem dúvidas, mas refere que na carpintaria começou a tomar gosto por esta atividade e quererá colocar em prática no futuro o que aprendeu. Quem sabe fazer disto profissão, “pois não ando aqui para passear”; refere convicto. No caso de Miguel, “a escola também não andava a correr bem. Fiz o sexto, não acabei o sétimo e faltava muito às aulas”. “Gosto de aqui estar, de fazer montagens e de lixar e empalhar”. “Tenho gostado desta experiência,
também,” acrescenta Daniel. Já Rafael sublinha a experiência de trabalhar com o mestre Francisco Coelho –“Já aprendi muita coisa com ele, coisas da vida das quais não me vou esquecer nunca”. Passar a mensagem de que é necessário ter brio neste trabalho é também um dos truques do mestre Francisco Coelho, porque “ninguém compra coisas mal feitas”. São fabricadas e recuperadas diversas peças em madeira neste local. No dia da nossa reportagem, os alunos estavam a produzir pequenos bancos que depois de terminados se destinam à loja de Natal da Cerci. Atualmente frequentam a carpintaria cerca de seis alunos inseridos num curso vocacionado, no total de dois anos incluindo o estágio, para a inserção no mercado de trabalho. Também faz parte deste plano curricular aulas de Tecnologias de Informação e Comunicação; Cidadania e Empregabilidade; Formação para a Integração e Vida Ativa; e Formação em Contexto de trabalho (estágio). Segundo o psicólogo e gestor da formação, Pedro Reis esta metodologia tem provado ser a mais efetiva na orientação destes jovens, em que através da prática e da repetição de tarefas tentam ganhar os hábitos de trabalho que não possuíam antes. “Por vezes são oriundos de meios onde as regras são quebrada mais facilmente, têm uma no-
ção de liberdade sem responsabilidade, e quando aqui chegam há esse choque inicial”. Neste aspeto é também importante o trabalho da instituição com as famílias. Atualmente a Cerci Flor da Vida recebe jovens não só do concelho de Azambuja, mas também de Vila Franca de Xira e de Alenquer. Atualmente cerca de 30 a 40 pessoas aguardam em lista de espera para ingressar nos diferentes cursos da instituição que não apenas neste de operador de acabamentos em madeira e mobiliário. Em breve, a carpintaria poderá receber outros jovens, e para conseguir motivar esta opção Francisco Coelho revela que anda a fazer umas peças diferentes para mostrar a esses possíveis alunos, como uma pequena tronqueira feita com os materiais da carpintaria. A trabalhar com jovens desta faixa etária, Francisco Coelho refere que nem sempre é fácil impor o respeito, “mas não por falta de educação deles, mas porque gostam demasiado de brincadeiras, e nem sempre é fácil pedir-lhes concentração. Mas é próprio da idade”. Muitos jovens já lhe passaram pelas mãos e diz ficar satisfeito quando um dia mais tarde consegue saber que encontraram um rumo para as suas vidas, e têm emprego. “Quando isso não acontece fico um bocado triste, porque adoro quando vejo que conseguiram alcançar algo na vida”.
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Sociedade
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Azambuja
Viagens do Zambujinho assinalam dez anos de atividade comemorar dez anos de atividade “As Viagens do Zambujinho” levadas a cabo pelo setor da Educação do município de Azambuja são bem mais do que simples passeios. Estas são aliás visitas de estudo que mais não são do que rotas temáticas representativas de todas as freguesias do concelho, evidenciando as especificidades que as caracterizam. A iniciativa que começou com a antiga vereadora Ana Maria Ferreira, ainda hoje é alvo de muita procura por parte das escolas do concelho de Azambuja. A ideia é, segundo o presidente da Câmara Municipal, Luís de Sousa, ao Valor Local, mostrar a história passada e o presente do município, isto através de dez rotas que abrangem tanto o alto como o baixo concelho. Os principais destinatários, são os alunos 1º ciclo do ensino básico, sendo também estes os mais ativos e curiosos. Isso mesmo constatamos numa reportagem no passado dia oito de novembro no quartel dos Bombeiros Voluntários de Alcoentre. Os alunos do 2ºB de Alcoentre não se fartaram de fazer pergun-
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tas ao comandante dos bombeiros Eifel Garcia. Muitos já o conheciam da sua faceta de professor de música e por isso a interação foi muito mais fácil. Ainda assim, os jovens alunos ouviram com a atenção possível de uma criança com média de idades entre os 10 e os 12 anos, os conselhos do comandante, sendo que no meio de umas dicas mais sérias lá saia uma piada de um ou outro aluno mais afoito. Mas este é mesmo o objetivo das “Viagens do Zambujinho” algo que tem vindo a ser “galvanizado ao longo dos anos”, conforma salientou o presidente da Câmara, destacando o êxito do projeto junto da comunidade escolar azambujense. Estes dez anos foram de resto assinalados com uma comemoração, segundo o autarca, que vinca igualmente a importância destas viagens terminarem muitas vezes com uma deslocação às reuniões do executivo. “É positivo no sentido de que assim se vão inteirando de como funciona o sistema político do concelho”. Aliás, Luis de Sousa vinca que a recetividade das crianças acaba por ser simultaneamente pedagó-
gica, educacional e também lúdica. No caso da Rota das Vigias em Alcoentre, “constitui-se também como uma brincadeira. Eles gostam de vir aos bombeiros, ver os carros e ouvir as sirenes.” E neste caso há um gosto acrescido porque há uma viagem também no carro de bombeiros até ao moinho que fica junto de uma vigia. Esta aliás é uma iniciativa cuja logística não é fácil. Luís de Sousa refere, no entanto, que vale a pena, mas o facto de serem dez rotas, todas diferentes, acaba por ser algo complicado de organizar. O autarca vinca que a autarquia fornece os transportes e disponibiliza técnicos municipais para acompanhar as crianças e os docentes, muitos deles oriundos de outros locais, e que acabam também por ficar a conhecer um pouco mais o concelho de Azambuja. Luís de Sousa garante no entanto que o sucesso das “Viagens do Zambujinho” será mantido no futuro. Refere que tal vale a pena até porque significa “mais uma forma de aprendizagem e de conhecimento para as crianças”. O município não pode, no entanto, contabilizar o número de crian-
Crianças foram conhecer como funciona o quartel de Alcoentre ças já abrangido por estas viagens de estudo, mas assegura contudo que “milhares de estudantes de todo este concelho já puderam conhecer melhor a sua terra”. .Ao todo são dez as rotas progra-
madas em todas as freguesias: Rota dos Vigias, em Alcoentre: Rota Ambiental em Aveiras de Baixo; Rota do Vinho em Aveiras de Cima; Rota da Lezíria e dos Avieiros em Azambuja; Rota Urbana em Azambuja;
Rota Pina Manique em Manique do Intendente; Rota dos 5 Sentidos em Vale do Paraíso; Rota Industrial em Vila Nova da Rainha; Rota dos Moinhos na Maçussa e Rota da Arqueologia em Vila Nova de São Pedro.
Monte Gordo/Vila Franca de Xira
Demolição de prédios em risco avança com críticas à CGD Câmara Municipal de Vila Franca de Xira aprovou esta quarta-feira por unanimidade a demolição dos dois prédios que se encontram em risco de queda. O assunto arrasta-se desde 2012, e depois de vários processos burocráticos a demolição será mesmo uma realidade e custará aos cofres da câmara cerca de 1.1 milhões de euros. Todavia nem tudo está a ser fácil neste processo e o presidente da Câmara Alberto Mesquita aponta mesmo o dedo à caixa Geral de Depósitos por aquilo que considera ser um entrave neste processo. O autarca esclarece que, em alguns casos, o que está a atrasar
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a compra das frações pela Câmara aos condóminos é o facto destes terem contratado um empréstimo com o banco público. De
acordo com o autarca a negociação com a “Caixa” está a ser difícil ao ponto de as condições propostas pelo banco para a renego-
ciação dos empréstimos existentes apresentarem valores superiores em termos de juros aos atuais.
Urbanização cada vez mais perto de conhecer o seu fim
Na prática o município comprometeu-se a pagar cerca de 50 mil euros aos proprietários para que seja feita uma escritura a favor da Câmara para esta fique proprietária do imóvel e o possa demolir. Ora quem tem empréstimos cujo valor ultrapasse os 50 mil euros, teria de pagar o restante ao banco e é sobre esse restante que o banco público se apresenta mais renitente. Alberto Mesquita, pondera mesmo cortar relações comerciais com a Caixa Geral de Depósitos, argumentando que assim o banco público não está a servir as pessoas. Esta foi de resto uma posição que mereceu da parte de Rui Rei, ve-
reador da Coligação Novo Rumo um aplauso, que também sublinhou estar descontente com muitas das atitudes da Caixa. Rui Rei não perdeu oportunidade para lembrar que este assunto já podia estar resolvido se no mandato anterior a CDU tivesse votado a favor da demolição em conjunto com a Coligação, obrigando Maria da Luz Rosinha, que à época era presidente de Câmara, a avançar mais cedo, já que o PS não tinha maioria. Já a CDU, através de Ana Lídia Cardoso, não se pronunciou sobre o passado, frisando ser mais importante o presente com toda a Câmara a votar por unanimidade este assunto.
Sociedade
4 Vale do Paraíso
Falta de médico leva junta de freguesia a promover rastreio falta de médico na freguesia de Vale do Paraíso levou a junta a realizar um rastreio destinado à população mais velha com o apoio dos bombeiros de Azambuja. Durante a manhã do dia 12 novembro, mais de uma centena de populares aproveitaram a iniciativa gratuita para medir o colesterol, a pressão arterial e os níveis da diabetes. Foram os casos de José Quitério, diabético, que está a ser acompanhado, mas que não quis perder a ocasião para comprovar o seu estado de saúde; e de António Silva que também vai ao médico regularmente. “Vim verificar se a tensão está boa, bem como a glicemia”, destaca Armando Calixto, presidente da Junta, salientou a necessidade de encontrar uma solução definitiva para a população que já não tem médico há vários anos, e por isso, refere que esta fórmula tem ajudado mas não é a ideal, lembrando também a existência de um protocolo com o lar da Associação Nossa Senhora do Paraíso, mas que tem custos para os fregueses. Ao Valor Local, o presidente da junta vincou que a própria autarquia tem nas suas instalações a possibilidade de medir a pressão arterial e em breve poderá também vir a medir a glicemia, “tudo de forma gratuita e destinada a uma população mais envelhecida”.
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Idosos aproveitaram para saber do seu estado de saúde
Sintético do Forense está quase pronto stá em marcha a colocação de sintético no campo do Grupo Desportivo Forense, em Foros de Salvaterra. Dentro de poucas semanas, o campo da Pedrinha deverá apresentar-se de cara lavada aos sócios, praticantes e adeptos quando acabar de ser colocada a relva sintética. Para Sérgio Grou, presidente do clube, ao Valor Local, este é um grande passo para as pretensões do Forense, que espera assim “conseguir angariar mais adeptos, e atletas”, tendo em conta as “excelentes condições” de que vai passar a dispor. O equipamento contará com um campo de futebol de 11, dois de nove e um de sete. Atualmente o clube trabalha com quatro escalões: seniores, juvenis, juniores, e iniciados. Cerca de de 20 atletas integram cada um desses escalões. Mas agora o Forense espera captar atletas para os escalões de petizes e infantis e assim alargar a oferta da prática de futebol a ainda mais crianças da freguesia. “Sabemos que muitos pais estão à espera que o sintético fique pronto para inscreverem os seus filhos”. Sérgio Grou refere que as condições até à data eram muito deficitárias, e estavam a afastar praticantes. “Os seniores já não querem jogar em pelados, e quando temos, em outros concelhos, melhores condições”. Esta obra teve um custo de 200 mil 168 euros.
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Chegada do relvado ao campo
Valor Local
Câmara de Azambuja mostra obras nas freguesias do concelho
Luís de Sousa fez uma visita guiada pelas obras Câmara Municipal de Azambuja levou a cabo no início de novembro, uma visita pelo concelho para dar a conhecer as obras no terreno que deverão estar concluídas nos próximos tempos, bem como as que já se efetuaram desde o início do mandato. O presidente da Câmara, Luís de Sousa, começou por excluir o cenário de eleições daqui a um ano como o pretexto para a obra que está a correr no concelho, alegando antes que durante os primeiros dois anos não seria fácil devido às dificuldades financeiras do município. A visita começou na freguesia de Vila Nova da Rainha, onde as instalações sanitárias do parque de merendas local estão terminadas, o qual servirá de apoio aos muitos peregrinos que atravessam a localidade, bem como a população que assim o entenda. A obra teve um custo de 16 mil 650 euros. Será ainda brevemente inaugurado um parque infantil que sofrerá mais algumas remodelações, e que nos últimos dias recebeu a visita da Autoridade de Segurança Económica e Alimentar (ASAE) que instaurou nova coima. Este parque está orçado em dois mil 957 euros. O autarca lembrou ainda os 28 mil 786 euros investidos no monumento que assinala os 100 anos da aviação militar colocado à entrada da aldeia.
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Já na freguesia de Azambuja, o destaque foi inicialmente dado à colocação de um coletor de águas pluviais e arranjo urbanístico em Casais dos Britos na Rua João Lourenço no valor de 96 mil 282 euros, bem como na pavimentação da Rua de Santa Clara (22 mil 757 euros). A comitiva composta por autarcas e técnicos dirigiu-se posteriormente para Azambuja onde o ênfase foi colocado na obra do novo mercado e na do novo cemitério já concluídas. O concurso para a muito aguardada obra das piscinas deverá conhecer o seu executante até final do ano. A obra tem um custo de 318 mil euros. A também muito falada obra dos campos de ténis está terminada e teve um custo de 5289 euros. Já na freguesia de Aveiras de Baixo foram focadas as obras também a nível de novos parques infantis mas principalmente a recuperação das paredes interiores e cobertura da capela lateral do Mosteiro de Santa Maria das Virtudes (13 mil 769 euros). Foram ainda levadas a cabo obras de pavimentação na freguesia no valor de 36 mil euros. Em Vale do Paraíso foi dado realce à obra do estacionamento no cemitério local e arranjos exteriores com um custo de 42 mil 47 euros, ou a obra do monumento comemorativo do centenário da
freguesia (8 mil 404 euros) Da parte da tarde a comitiva rumou a Aveiras de Cima, onde o presidente da junta local, António Torrão, não resistiu a atirar aquando da passagem por duas ruas recentemente alcatroadas que há muitos anos que aquelas vias não viam “um bocadinho de alcatrão”. Ao longo deste mandato a freguesia recebeu obra no valor de meio milhão de euros. A construção do parque da Milhariça é uma das principais bandeiras do mandato para aquela freguesia. Mas foi ainda dada a conhecer a obra das duas salas do préescolar, cujo concurso foi lançado com um valor base de 250 mil euros. A substituição da cobertura do mercado diário de Aveiras de Cima (151 mil euros); construção da portaria da escola básica de Aveiras de Cima (23 mil 999 euros) assim como de um novo acesso àquele estabelecimento escolar com o intuito de desviar o trânsito; e a execução do parque e jardim dos Chães (84 mil 495 euros) são apenas mais algumas das obras a realizar na freguesia. Em Alcoentre, o presidente da Câmara deu a conhecer a obra do reordenamento do largo da Igreja (2 mil 629 euros) que poderá passar no futuro pela aquisição de uma casa desabitada com o objetivo de alargar aquele espaço da freguesia de modo a permitir
outro tipo de fruição. A obra de 100 mil euros da ponte de Tagarro foi ainda referenciada nesta deslocação. A Câmara está também a proceder ao reordenamento urbano no parque do Maxial em Alcoentre que apesar de contíguo à cadeia é um investimento levado a cabo na totalidade pela Câmara. Perante a questão do vereador da CDU David Mendes se não deveria o Governo ajudar a pagar a obra, Luís de Sousa apressou-se a responder que para estas coisas, “o Estado não se chega à frente”. A obra custa 28 mil 982 euros. Na União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de São Pedro, a obra do mercado de Manique foi ponto de paragem obrigatório. A primeira fase no valor de 60 mil euros ficou terminada em 2015. Durante o ano que vem a obra deverá ser concluída. A casa mortuária em Casais de Além, colocada no Orçamento Participativo da freguesia, deverá estar concluída também em breve. Teve um custo de 95 mil 326 euros. Em Vila Nova de São Pedro, a Câmara mostrou o arranjo no telhado da Casa João Moreira (28 mil 554 euros). Na totalidade, o orçamento da Câmara para as obras nas diferentes freguesias neste ano de 2016 ascende a dois milhões de euros.
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As memórias de José Gameiro da Casa da Ópera de Salvaterra cronista José Gameiro é desde há muitos anos investigador e cronista de factos da história e da cultura de Salvaterra de Magos. Um dos seus tesouros consiste numa série de entrevistas que gravou nos anos 80 com idosos de quase 100 anos que ainda se recordavam de ouvir falar no Real Teatro de Salvaterra e da Casa da Ópera. A inauguração daquele teatro de ópera foi um dos motivos, a par de outros, que contribuiu para a fixação da família real durante longas temporadas em Salvaterra, fazendo com que a localidade se transformasse num novo centro da atividade cultural do país. A população não frequentava as óperas mas era curiosa por saber o que se passava no interior do Teatro Real. Eram os criados do rei que depois desvendavam os
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segredos do que acontecia para lá das portas do teatro. “Até ao primeiro quartel do século ainda exis-
tia uma ou outra taberna, onde depois de uns copos bem bebidos intercalavam as áreas de ópera com
A história de Salvaterra não tem segredos para José Gameiro
cantigas populares”, dá a conhecer José Gameiro ao aludir à identificação e consequente imitação do fenómeno cultural pela população de outrora, refere que essa forma de cantar fazia-se de forma “atrapalhada mas o gosto tinha passado de geração em geração”. O Real Teatro de Salvaterra era no local onde hoje se encontra o restaurante Ribatejano, “e onde permanecem ainda as chaminés que restaram do incêndio”. Recentemente, a investigadora Aline Gallasch fez uma análise histórica da presença deste teatro dedicado à ópera na vila, na altura de D. José I, e inaugurado em 1753. “O Real Teatro de Salvaterra – A Reconstrução de uma memória”, assim se chama a obra. A estudiosa também bebeu dos apontamentos de José Gameiro para a compor. Durante as últimas Jorna-
das da Cultura em Salvaterra, teve ocasião de destacar as impressões deixadas pela museóloga Natália Correia autora de “O Paço Real de Salvaterra de Magos” que em conversa consigo referiu que “até há pouco tempo era normal ouvir pessoas a entoarem áreas de ópera na rua, hábito das lavadeiras e dos lavradores”. Maravilhada ficou também com a descrição dos túneis que foram escavados que supostamente ligariam o antigo palácio real ao convento para o caso da família real ter de fugir. “Ainda há pessoas que têm em suas casas alçapões que supostamente dariam para esses túneis, até porque onde há fumo há fogo”. Para a autora, “estas são memórias importantíssimas e que reforçam a importância cultural de Salvaterra”. José Gameiro começou a interes-
sar-se pela história do concelho, e por estes factos pitorescos que demonstravam a apetência de uma população rural pela ópera, algo que hoje é difícil que aconteça, em 1957 ainda com 12 anos. O seu trabalho em torno da recolha de dados históricos do concelho valeu-lhe em 2014 a atribuição de uma medalha de mérito pelo município de Salvaterra. Diz que um dia mais tarde doará o seu vasto espólio à biblioteca porque os seus filhos “não se interessam por estas coisas”. Algumas obras têm sido editadas pela autarquia tendo em conta o seu trabalho, sendo que “Salvaterra de Magos – vila histórica no coração do Ribatejo” já vai para a terceira edição. O autor de 72 anos encontra-se ainda a compilar seis volumes dos seus cerca de 40 cadernos que também vão ter como destino a biblioteca local.
Intermarché de Abrigada associa-se a iniciativa solidária das escolas agrupamento de escolas de Abrigada promoveu no dia 12 de novembro uma ação de recolha de bens destinados a alunos e respetivos agregados familiares carenciados da localidade. O Intermarché de Abrigada foi uma das unidades escolhidas, e Ricardo Rodrigues, gerente, refere que a superfície comercial não hesita em associar-se a este género de iniciativas, até porque “sentimos que é nossa obrigação ajudar as famílias com mais necessidades” e desta forma dar “o nosso contributo”. O Intermarché de Abrigada para além de acolher a iniciativa de recolha de bens junto dos seus clientes contribuiu também com dois carrinhos de compras constituídos por artigos alimentares de
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diversa ordem. O Intermarché tem procurado ajudar, sempre que solicitado, ao acolher este tipo de ações. O Banco Alimentar contra a Fome também procura a unidade comercial bem como outras instituições, desde os bombeiros passando pelas coletividades, “dentro da política de proximidade do nosso supermercado”, “ajudando a desenvolver o meio onde nos inserimos”. Durante a nossa reportagem, assistimos a uma dádiva generosa por parte de uma cliente do Intermarché. Helena Castro contribuiu com vários produtos enlatados, leite, pacotes de massa e de arroz, e polpa de tomate. “Gosto de dar, lá em casa somos seis, e dou o equivalente a uma ou duas refei-
ções”, refere. Por esta ser uma campanha orientada para ajudar as pessoas da sua terra, confessa que isso também pesou na hora de encher o saco com mais alguns bens do que seria hábito. “Pela minha experiência sei que há muitas pessoas carenciadas em Abrigada e gosto de contribuir”. Até meio da tarde, a recolha do agrupamento já tinha rendido alguns carrinhos cheios de compras, e para Paulo Manso, professor de Educação Moral e Religiosa no agrupamento e coordenador desta ação, a recolha destina-se não só à comunidade escolar mas também à comunidade de Abrigada no geral, apesar de se centrar principalmente na primeira. O es-
pírito de ajuda e de partilha entre as crianças que à entrada do Intermarché se dedicaram a entregar pequenos folhetos sobre a ação e sacos de plástico aos clientes “é de se salientar”. “Toda a comunidade escolar se sente envolvida nesta jornada solidária”. Por outro lado, “tem sido muito positivo o apoio do Intermarché de Abrigada, com a sua forte ajuda”. A ação pedagógica do agrupamento ao envolver as crianças nestas ações passa também por não se fomentar o espírito de que o colega mais carenciado “é um coitadinho”, até porque “não há esse tipo de discriminação”. “Tentamos passar a mensagem de que nunca se sabe o dia de amanhã e se hoje aquela família passa
Iniciativa conseguiu encher vários carrinhos com bens para doação um mau bocado, um dia poderá ser a nossa”. Após a recolha, os bens são armazenados numa divisão da escola e são distribuídos
ao longo do ano. Em época de Natal, “os alunos são convidados a partilhar com as famílias mais necessitadas”.
Terminou OP Alenquer2016
510 mil euros aplicados para a execução de 11 projetos omeira Color Fest” triunfa no estreante Orçamento Participativo Jovem (OPJ) e a freguesia de Carnota, vencedora da 2.ª edição, conquista novamente o primeiro lugar com a “Remodelação e Melhoramentos dos Edifícios e Equipamentos dos Espaços Escolares de Santana da Carnota”. A lógica de dar voz aos cidadãos dominou os discursos que antecederam a revelação dos projetos vencedores – de Graça Fonseca, secretária de Estado da Modernização Administrativa, de Pedro Folgado, presidente da Câmara, e do vereador responsável pela implementação do Orçamento Participativo de Alenquer, Paulo Fran-
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co. Um balanço das três edições também foi nota comum nas intervenções do presidente e do vereador – o primeiro vincou o número cada vez maior de votantes e de projetos apresentados, assim como as verbas disponibilizadas até agora pela autarquia; o segundo apontou a diversidade de participantes e a sua persistência em levar avante as suas propostas, de que é exemplo a sua apresentação em mais do que uma edição. A perspetiva mais técnica coube a Nelson Dias, presidente da Associação In Loco, que presta apoio no âmbito dos orçamentos participativos. E que mostrou indicadores
estatísticos dos três anos de orçamento participativo em Alenquer. Com a apresentação dos projetos vencedores do Orçamento Participativo Jovem teve início o momento mais esperado com o anúncio dos projetos vencedores Foi anunciado o terceiro lugar – “Happyguest Alenquer” – o segundo – “Melhores Condições para Melhores Alunos” – e finalmente o vencedor “Romeira Color Fest”. Só faltava, nesta altura, conhecer os projetos vencedores do Orçamento Participativo 2016. “Música e Património no Concelho de Alenquer”, “Percorrendo o Mercado da Merceana – Requalificação do Espaço do Mercado Merceana e Cir-
cuito Pedonal”, “Centro Cultural Ucraniano”, “Requalificação dos Olhos de Água”, “Trilhos das Grutas dos Algares”, “Espaço de Memória do Círio de Olhalvo” foram os mais votados, apenas superados por dois projetos da freguesia de Carnota, a grande campeã deste concurso, a conseguir o pleno com três orçamentos igual a três vitórias. Nesta edição conseguiu eleger dois projetos, “Espaço Multiusos de Santana da Carnota” que obteve o segundo lugar e “Remodelação e Melhoramentos dos Edifícios e Equipamentos dos Espaços Escolares de Santana da Carnota” que ganhou esta 3.ª edição.
A vitória sorriu novamente a Santana da Carnota
Entrevista
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Valor Local
Silvino Lúcio, presidente da concelhia PS e vice-presidente da Câmara de Azambuja
“Temos trabalho feito à vista de todos apesar das críticas destrutivas” Começou a contagem decrescente para as eleições autárquicas de 2017. O anúncio do candidato do PS à Câmara de Azambuja deverá estar por dias, no máximo algumas semanas, e o presidente da concelhia, Silvino Lúcio, simultaneamente vice-presidente da autarquia faz o balanço dos temas que mais agitaram a vida autárquica, e a vida do partido. ¢ Sílvia Agostinho Valor Local – Falta menos de um ano para as eleições. É o assunto do momento, e como tal começo por lhe perguntar para quando o anúncio da recandidatura de Luís de Sousa à Câmara de Azambuja? Silvino Lúcio – Na altura própria ele terá uma palavra a dizer. Sabendo nós que a orientação do Partido Socialista a nível nacional aponta para que os presidentes de Câmara que desejem recandidatar-se tenham o apoio inequívoco da direção nacional do PS. O mais natural é que se apresente dentro dos próximos dias ou semanas. Bom, o que é mais natural às vezes pode não ser. Imagine que no local próprio o Luís de Sousa diz que não está disponível, aí pode abrir-se um cenário de escolha interna. Mas a probabilidade de ser ele é muito grande. A decisão será sempre dele, que terá de manifestar a sua vontade ou não. Mas neste momento, e com a maior das sinceridades, não tenho nada que me indique que ele não queira continuar. Tem condições políticas e um trabalho feito à vista de todos, apesar de todas as críticas destrutivas em torno da equipa de Luís de Sousa, em que nos apelidam de sermos os piores
de sempre desde o 25 de abril. Mas enfim é da vida e encaixo perfeitamente. Enquanto presidente da concelhia PS gostaria de voltar a repetir o mesmo elenco às eleições ou que se refrescasse a lista com novas caras. Qual é neste aspeto a sua preferência? (Tendo em conta que o senhor à partida também poderá fazer parte dessa lista). No meu caso, o futuro a Deus pertence. Também tenho de possuir vontade. Movo-me por convicções, e não por interesses tal como os meus restantes camaradas. Quanto ao resto e depois de definido o candidato à Câmara, será este a livremente escolher quem o vai secundar quer no sentido de refrescar a lista ou não. Tal e qual como tem sido feito desde o tempo de João Benavente. Contudo temos aqui o caso de algumas pessoas do elenco da vereação que sofreram recentemente algumas ondas de choque como o vereador Amaral até com questões da sua vida pessoal. Por outro lado temos na equipa da Câmara, o vereador Herculano Valada que não é do PS. Como é que estas escolhas se vão conjugar? O que será pesado? Infelizmente há quem goste de misturar aspetos da vida privada
com a vida profissional, e assim denegrirem a imagem das pessoas. Quanto a isto não teço mais comentários. O vereador Amaral tem feito o seu trabalho nos pelouros que lhe couberam. Isso será com certeza avaliado e analisado. Concorda que esses dois vereadores tiveram um mandato apagado? No caso de Herculano Valada, como sabe tratou-se de uma escolha do senhor presidente para dar maior estabilidade ao elenco governativo da Câmara, dado que não estávamos em maioria. É oriundo de outra força partidária que julgo eu não o deverá voltar a convidar em função da escolha que ele fez. De qualquer das formas e por conversas que ele nos tem transmitido, já se sente um pouco cansado, tem 66 anos, e quererá um bocadinho de paz e sossego. No PS essa situação também deverá ser avaliada. Este ano tem sido pródigo em episódios no Partido Socialista. Tivemos o antigo presidente da Câmara de Azambuja, Joaquim Ramos, que logo no início do ano deu entrevistas a mostrar a sua disponibilidade para concorrer às eleições de 2017 como cabeça de lista, nem que fosse como independente. Entretanto parece que já saiu um bocadinho de cena. Na sua opinião isto
foi para baralhar as hostes socialistas? Como é que interpreta este episódio envolvendo o antigo presidente de Câmara? Cada um diz o que entende. Joaquim Ramos teve o mérito de colocar a fasquia muito alta para o PS, desenvolveu um conjunto de projetos, mas em função daquilo que o Partido Socialista definiu ele teria muitas dificuldades em voltar a ser candidato. Mostrou a sua indignação mas o PS definiu um quadro político em que os atuais presidentes de Câmara têm prioridade, e são os candidatos naturais, excetuando os que se encontrem sob algum tipo de investigação policial o que não é o caso de Luís de Sousa. Possivelmente esse episódio foi também de certa forma empolado pela comunicação social. Mas no meio desse episódio houve críticas dele ao atual executivo e isso não foi empolado pela comunicação social. É natural que estando de fora faça uma avaliação do nosso trabalho. Continua a ser um quadro importante do Partido Socialista, embora possa discordar desta ou daquela política. Mas quem foi eleito considera que está a fazer o melhor pelos munícipes. Há um rumo e uma estratégia contrariamente ao que diz a oposição. As contas fazemse no fim.
Joaquim Ramos deixou uma herança pesada? Houve um conjunto de ações e de trabalho feito que transitou para os anos seguintes mas isso é natural, e não quero ir por aí. Toda a gente reclama por obras, mas essas obras obrigam a que haja cabimento financeiro. Algumas, até o próprio Ramos já admitiu que podia não as ter levado a cabo, mas de alguma forma assumiram-se compromissos para o futuro, e nesse aspeto temos honrado esses mesmos compromissos. Tivemos dois anos de poupança e pagámos tudo o que havia para pagar. Luís de Sousa chegou a dizer publicamente que tinha ficado surpreendido com uma ou outra conta que o seu antecessor tinha deixado para pagar. Pode ter havido uma ou outra surpresa mas não era nada por aí além. Posso dizer-lhe que neste mandato já conseguimos renegociar os juros do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) que foi uma mais-valia para o concelho, porque nos permitiu baixar esses juros. Este tipo de ações passam um bocadinho ao lado do cidadão comum mas são importantes para afirmar o projeto, dar-lhe credibilidade e lançá-lo para o futuro. E só assim foi possível ter até ao momento 1,5 milhões de euros de
obras executadas, e outro1,5 milhões de obras lançadas. A oposição chegou a defender a dada altura que pagar a dívida era tão simples como respirar. De qualquer das formas como é que a Câmara tem gerido esse dossier de forma a alcançar o seu objetivo? Hoje conseguimos pagar praticamente contra entrega de fatura o que no passado não era possível. Isto é importante, porque faz com que o concelho de Azambuja seja procurado por empresários de vários ramos. Têm a garantia de que trabalho acabado corresponde a pagamento efetuado. Isso não acontecia antes? Não. Houve um conjunto de obras que foi feito. Isto é tudo muito bonito, mas depois há que pagar a obra. Uma das grandes polémicas do mandato prendeu-se com a questão dos processos da Câmara envolvendo o antigo vereador José Manuel Pratas. Houve um processo em tribunal que acabou de certa forma por dar razão a esta pessoa contra o presidente da Câmara, Luís de Sousa, que à posteriori avançou de novo com mais um processo, e novamente não lhe foi dada razão. Andámos nisto desde 2013 atá há poucos meses atrás. José Manuel Pratas é ili-
Valor Local bado duas vezes, e esta história nunca foi devidamente esclarecida sobre o que é se passou de facto com os documentos da Câmara. Mas permita-me que diga que não vou ser eu a esclarecê-la. Vou guardar algumas reservas, e só vou dizer isto – Na vida devemos ter como linha orientadora a verdade e os princípios, e nesse aspeto o tempo é um grande mestre. Mas no meio deste processo e até tendo em conta declarações de José Manuel Pratas ao nosso jornal, o seu nome também é referido e há declarações menos abonatórias para com o senhor. Não quer falar, mas também implicam a sua pessoa. O que tinha a dizer sobre esse processo já disse. Da nossa parte está fechado. O tempo como lhe digo é um grande mestre. Mas para a opinião pública transmite-se uma ideia de opacidade. Não quer esclarecer, ninguém fala. Ficou tudo no ar. Reforço e é o último comentário que faço em relação a este assunto – Ninguém está acima da justiça. Por duas vezes, o Ministério Público com os dados que possuía, achou que o senhor em causa de que falou estava ilibado de qualquer responsabilidade. Por duas vezes a Câmara também não saiu bem deste episódio. Nem sempre se ganha nem sempre se perde. É só o que tenho a
dizer. “Não somos tontinhos nem os kamikazes das águas” Falemos agora da concessão das águas e saneamento. Ainda há pouco tempo entrou em vigor o novo tarifário resultante do aditamento aprovado em 2015, e já há queixas relativas à cobrança de saneamento básico onde não está disponível para a população. Andámos durante mais de um ano com promessas de que os aumentos não seriam exponenciais. Assistimos àquela sessão pública em que os diretores da Aquapor tentaram de certa forma sossegar a população. De um momento para o outro parece que as promessas foram todas por água abaixo. Gostaria antes de falar nisso de fazer uma retrospetiva de modo a poder enquadrar a sua questão. Como sabe o nosso sistema de águas e saneamento encontravase num estado deficitário face às exigências para o futuro. As nossas condutas já com 33 anos deviam ter sido substituídas aos 25 anos... Nós sabemos que a empresa de águas fez obras, a minha questão tem mais a ver com a transparência. Deixe-me continuar: Em 2006 e quando ainda não era vereador sugeri numa conversa de gabinete com o doutor Ramos que pudés-
Entrevista semos fazer uma reestruturação do setor e com isso criarmos um mini SMAS, olhando para os exemplos de Vila Franca e Amadora. O presidente da Câmara de então concordou mas referiu que seria muito difícil captar investimento. A asfixia na banca já se sentia. E concordei. Daqui a 10 ou 12 anos (quando se chegar aos dois terços da concessão), a Câmara que vier tem a oportunidade de avaliar o trabalho da concessão, fazer uma fiscalização efetiva e obrigar a empresa a entregar todos os sistemas com ‘vida útil’ (remodelados e prontos). Sim mas estamos a falar de um prazo muito prolongado. E agora não se pode fazer nada? A empresa como sabe acionou a cláusula que visava o reequilíbrio financeiro. Chegaram até nós a pedir um aumento exponencial de 46,5 por cento em termos globais. Andámos em negociações durante um ano e meio, dois anos, e conseguimos baixar para 21,5 por cento. Temos a noção de que estamos a pedir um esforço nesta questão do saneamento básico. Há munícipes que não têm o saneamento básico à porta, não possuem forma de se ligarem e essa componente da tarifa está a ser-lhes imputada. Isto também tem uma forte repercussão negativa para a Câmara, que aceita estas políticas da Águas da Azambuja. As pessoas não têm a caixa do co-
letor das águas para se ligarem. Mas a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) defende que esse serviço pode ser fixo ou móvel. Quero também dizer que nós não andamos aqui à espera que as coisas aconteçam. Nós sabemos do impacto negativo que estas medidas produzem, sentimos a contestação da oposição. De repente até parece que a oposição teve razão. As oposições por vezes têm razão, noutros casos enganam-se. Para resolver este estado de coisas o que é que vai ser feito? Estamos a tentar encontrar uma solução equilibrada. Compreendemos a indignação das pessoas por terem começado a pagar por um serviço que anteriormente não era pago. A justificação é esta: As pessoas devem proceder à limpeza das suas fossas e como tal ao pagamento desse serviço. O que posso garantir às pessoas é que estamos a trabalhar com a Águas da Azambuja na procura de uma solução equilibrada. Mas também posso garantir que houve pessoas que se deslocaram à concessionária e estariam convencidas de que para além de já estarem a pagar a tarifa do saneamento (em função dos consumos de água) teriam ainda de pagar a limpeza das fossas, o que não é o caso. Sabemos que 80 por cento dos consumidores domésticos do concelho fazem parte do primeiro e segundo esca-
7 lão. Tivemos o cuidado de baixar a tarifa da água nesses escalões, aumentando no terceiro e quarto escalões para chegarmos a um equilíbrio. Por outro lado, a concessionária anunciou investimentos futuros a rondar o milhão de euros, mas não especificou datas nem locais. Está previsto inverter o sistema de abastecimento de água às freguesias de Vale do Paraíso, Aveiras de Baixo, e Aveiras de Cima com a possibilidade de um ponto de entrega mais acima para além do existente em Virtudes. Isto porque a qualidade da água que nos é fornecida pelo sistema de Vale da Pedra é completamente diferente da de Cilheira (Cercal, Cadaval) que é via Castelo do Bode, ao contrário da atual com origem nas águas superficiais do Tejo, posteriormente corrigida na ETA de Vale da Pedra. Esta nova obra com projeto feito deverá arrancar até final de dezembro. Definimos como prioritária toda a zona envolvente ao depósito de Aveiras de Cima que tem originado um conjunto de situações complicadas... Seria expectável que as pessoas de Aveiras de Cima sofressem com faltas de água durante horas e horas seguidas no verão, estando a atuar um privado no concelho. Isto é admissível? Ninguém deseja que essas situações se repitam. Ouvi a indignação das pessoas. Com certeza que o
caminho não é esse. Mas melhora-se investindo. Mas por que razão isso não foi feito há mais tempo tendo em conta o quadro existente? Era difícil, ou optou-se por outros locais? O projeto inicial não contemplava a substituição daquela conduta, não sendo um objetivo prioritário. Agora temos de tentar diminuir o impacto negativo. Não sendo prioritário pelos vistos só deu problemas. As circunstâncias por vezes obrigam-nos a mudar de rumo. O senhor vice-presidente tem tentado colocar alguma água nesta fogueira das “águas”, falando da esperada baixa das tarifas decorrente da denominada fusão no setor das águas já a partir do início do próximo ano. No entanto, o atual secretário de estado do Ambiente já falou da sua intenção de reverter a fusão, inclusivamente em declarações ao Valor Local. No fundo, o que podemos esperar? Porque consoante os governos há novos anúncios neste setor. Num dado momento as dívidas à Águas de Portugal (um dos fatores que levou à fusão) são muito altas, posteriormente já não é bem assim. O que vamos ter afinal? Ingressámos no sistema de Águas de Lisboa e Vale do Tejo sujeitos a um conjunto de obrigações, mas também levando na carteira as
Entrevista
8 obras que faltavam concretizar no concelho por parte da extinta Águas do Oeste, sempre manifestando a nossa indignação neste ponto, nomeadamente, quanto ao emissário dos Casais das Boiças. Fomos levados a aderir a esse sistema multimunicipal de águas e saneamento... O que à partida podia ser mais benéfico tendo em conta a eliminação de um dos intermediários. Quanto à provável descida de tarifas que lhe perguntei, os efeitos serão visíveis ou não para os consumidores? Qualquer coisa que baixe neste momento é importante até em termos políticos tendo em conta esta escalada de aumentos. De facto, este quadro que temos vindo a descrever poderá ter um impacto negativo nas aspirações do PS de Azambuja nas eleições autárquicas. Não somos tontinhos, maluquinhos nem kamikazes. Não andamos aqui a dar o corpo às balas para no fim prejudicarmos as famílias e exigirmos algo do género – ‘Agora que vos prejudicámos, votem lá em nós’. Obviamente que não. E sabemos que o que está a
acontecer tem o efeito que tem. Não vale a pena escondermos isso. E sabemos que perante tais factos a oposição tem feito seu caminho com os cartazes que já se encontram espalhados pelo concelho. A chamarem-nos de malandros e a argumentarem que possuímos interesses junto da empre-
sa das águas. Trata-se de algo completamente distorcido porque existe um contrato com a empresa e nesse aspeto tentámos minorar ao máximo as consequências. E mais uma vez repito também neste aspeto, um dia a verdade virá ao de cima sobre o esforço que foi feito, em que ficámos a um passo do
resgate da concessão nas negociações. Muito francamente nunca se pensou em reverter a concessão no seio do PS? Não, mas há que dizer que a água baixou. Mas voltando à questão da tarifa de saneamento imputada a quem não tem o serviço por meio
Valor Local da ligação de esgotos, há que referir que são apenas 1700 pessoas. E nesse aspeto vamos ter algumas fases importantes. Vamos reunir-nos com o engenheiro Sardinha da EPAL de forma a podermos concretizar as obras de saneamento na Arrifana, Casal de Além, Torre Penalva, Tagarro, e Espinheira. Mas o que sempre se ouviu dizer é que a extinta Águas do Oeste (AO), agora Águas de Lisboa e Vale do Tejo só faria obra no concelho após o pagamento das dívidas da ADAZ, nomeadamente a que diz respeito aos mínimos que está em tribunal. Sempre recusámos essa dívida, e essas questões não vão obstaculizar a obra no alto do concelho. Neste aspeto quero aqui lembrar que a Águas do Oeste chegou a impingir-nos, a dada altura, através dos presidentes Arménio Figueiredo e Arnaldo Pego, um valor de 348 mil euros de atraso de juros relativo ao aumento de capital em que Azambuja como acionista teve de pagar um milhão de euros, efetuado segundo a AO fora de tempo e daí esses juros. Rebati argumentando que como não se pediu di-
nheiro à banca não teria de existir pagamento de juros. No fim, ainda tentou argumentar sugerindo que a coisa podia ficar fechada com 100 mil euros. De imediato o confrontei e disse que não estávamos a regatear no mercado. E aquela intenção deles conforme nasceu, morreu. E este tipo de casos sucedeu vezes sem conta da parte deles. Temos então a garantia de que as obras vão arrancar no alto do concelho, independentemente da dívida dos mínimos, e será a curto prazo? Claramente. Aproximadamente mil pessoas vão ter saneamento básico à porta. De resto também temos de ser sérios na política e dizer que não há capacidade para levar o saneamento a todos, como os que habitam em locais isolados por exemplo, e neste aspeto estamos a desbravar caminho no sentido de um poço coletivo e encaminhar para o local os efluentes; e a partir dai retirá-los, sendo esta uma solução que está dentro das normas. Entrevista na íntegra em vídeo em www.valorlocal.pt
Câmara promete fiscalização do novo aterro Outra das questões que promete fazer correr muita tinta tratase do aterro de resíduos não perigosos que se encontra em marcha. Muitos acharão que à semelhança das águas esta será uma nova camisa-de-forças onde a Câmara se estará a meter. O que lhe pergunto é se valerá a pena enfrentar a contestação da população em troca de cinco por cento dos lucros da Triaza? Primeiramente há que desagregar algumas questões da pergunta que me é feita. A concessão que de início foi feita à Zubareia para extração de inertes terminou, e não foi a Câmara que autorizou esta nova fase (a cargo da SUMA). A fiscalização após o abandono da atividade da Zubareia com a consequente colocação do coberto vegetal prevista também já não era da nossa jurisdição, mas das entidades competentes, ministério do Ambiente entre outras. A Câmara apenas licenciou as obras à entrada das instalações. Quanto à con-
testação sabemos que inicialmente até disseram que era um aterro sanitário, o que não estava correto. Trata-se antes de um aterro vocacionado para a reciclagem de forma a podermos criar valor. Com regularidade verificamos a deposição no concelho de montanhas de entulho e se tivermos um local para depositarmos esses materiais tanto melhor. Agora pergunta-me: Mas é a pagar? Claro que é. Muitos perguntarão se isto era mesmo importante para o concelho? Não sei se era importante, mas consistiu numa forma legal de podermos corrigir o impacto daquele local preenchido por falhas ao nível do relevo, e tratá-lo de forma equilibrada com fiscalização efetiva. É uma mais-valia para o ambiente. E teremos ainda os maus cheiros que hão-de aparecer. Porque se é semelhante ao existente em Alenquer isso acontecerá, com a agravante de que o do concelho vizinho ainda se situa
a uns quilómetros da Ota (aglomerado populacional mais próximo), o que não acontece no caso de Azambuja. Tenho algumas dúvidas. Mas não sou especialista nesse setor. Não se tentou informar ao máximo acerca desta questão? Apenas sei que não quero estar a dizer alguma coisa que não esteja correta. Uma coisa é certa: os ventos predominantes são de Norte e propagam-se para o campo. Acima de tudo e neste aspeto o município tem de estar o mais preparado possível para a questão da fiscalização, e o melhor apetrechado possível para situações que podem ali acontecer. Se o município além disso puder tirar proveitos para investir posteriormente numa ou noutra área não vejo problemas nisso. Até ao momento, os únicos benefícios traduziram-se na oferta de um ou dois parques infantis. Com certeza que não serão esses os benefícios que a Câmara procura.
Com certeza que outras negociações ocorrerão e daí as mais-valias. Não são muito visíveis ainda. Ainda não, mas o senhor presidente está atento e fará tudo o que estiver ao seu alcance nesse sentido, e procurará diminuir o impacto negativo associado a esta atividade. Tem a noção de que uma vez cá instalada a atividade da empresa, como já está a acontecer, (e à semelhança do que aconteceu com as águas) será muito difícil desistir, se esses impactos ne-
gativos acontecerem? Mas vamos ter de esperar. Naturalmente que toda a gente gostaria de ver naquele local um parque de campismo, ou um hotel, um negócio de charme ou um campo de golfe. Lembro-me de que quando comecei dar os primeiros passos na política há 30 anos vi um projeto ambicioso para aquele espaço, inclusivamente um campo de golfe. O que é que podia ter sido feito e volto a repetir-me – Era numa primeira fase as entidades responsáveis, incluindo a Câmara, terem
obrigado a Zubareia, que entretanto faliu, a repor o terreno. Já se falou que a dada altura se aumentou a extensão da exploração indevidamente, e que neste aspeto o processo foi um pouco nebuloso. Não me parece que os quase 45 m2 autorizados pela CCDR tenham sido ultrapassados. Estão a fazer uma estação de tratamento junto à Nacional 3. Ainda vão fazer mais dois módulos mas daqui a uns anos, depois daquilo devidamente compactado e selado, mas farão dentro das autorizações que possuem. Se houver uma ultrapassagem serão impedidos de o fazer. E ainda temos a questão da revogação da utilidade pública em Assembleia Municipal que não teve eficácia. Sim, mas a empresa já tinha as autorizações da CCDR e segundo o nosso jurista já não podíamos fazer nada. Apenas nos podíamos pronunciar sobre as construções e não sobre os aterros.
“Foi necessário poupar para depois investirmos” No início deste mês foi apresentado um conjunto de obras em que só para 2016 temos um investimento, segundo as minhas contas, na ordem dos dois milhões de euros. Muitos se questionarão acerca do motivo pelo qual apenas agora na reta final do mandato temos tantas obras lançadas e apresentadas. O senhor presidente será a pessoa mais indicada para respon-
der a essa pergunta mas não fujo à questão, e como tal volto a referir que durante os primeiros dois anos foi necessário criar alguma linha de poupança para que no fim de contas pudéssemos levar a bom porto os projetos que apresentámos no início do mandato de acordo com o nosso manifesto eleitoral. Algumas questões não vamos conseguir concretizar mas apraz-me registar que as grandes bandeiras
irão ser resolvidas, nomeadamente, a abertura das piscinas, a implantação do pré-escolar em Aveiras de Cima, a capela mortuária de Casais de Além, o mercado de Manique, o parque de jogos da Milhariça em Aveiras de Cima, entre outras pequenas obras. Para além disso ainda tivemos de investir no parque automóvel: carrinhas e o autocarro que custou 200 mil euros, porque o anterior estava em fim de vida.
Algumas obras eram de facto prioritárias e urgentes, e já vinham de há muitos anos. Temos os casos do cemitério, do mercado de Manique, o próprio mercado mensal, e a repavimentação de estradas. Obras de tal maneira flagrantes que não foram opção política do anterior presidente da Câmara que tiveram de ser os senhores a fazerem-nas. Não entenda dessa maneira.
Houve também outras obras urgentes que foram feitas nos anteriores mandatos. Estas estavam em projeto e considerámos que era importante desenvolvê-las. Agarrámos nesses projetos e nesses compromissos. Na altura da obra da praça de touros, foram anunciadas outras como o Parque Urbano da Milhariça, e a requalificação do arquivo municipal. Não houve condições na altura da praça de touros para se
fazer a da Milhariça, por exemplo. Mas agora espera que a população reconheça que foram os senhores que fizeram essas obras? As anteriores gestões foram do Partido Socialista. Nós somos do Partido Socialista. Honrámos os compromissos e assumimos as responsabilidades que ficaram dos anteriores mandatos. Não há aqui um projeto individual.
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Economia
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Plataforma Logística da Castanheira vai receber indústria espaço da Plataforma Logística da Castanheira vai receber no fim do próximo ano uma empresa ligada à indústria alimentar. A informação foi avançada pelo presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, que salientou o interesse tanto do município como da própria empresa em instalar-se naquele espaço. Sem adiantar qual o nome da empresa, Alberto Mesquita refere que a mesma já manifestou o interesse “em ficar com grande parte dos terrenos”, dado que para isso já existe um acordo entre a entidade que gere a plataforma e a empresa em causa. Contudo essa implantação encontra-se condicionada por algumas alterações, nomeadamente do Plano Diretor Municipal.
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Esta é uma alteração que segundo o presidente da Câmara está a ser trabalhada também por técnicos do município e que a mesma terá de ser objeto de apreciação por parte da autarquia. O autarca diz estar convicto de que “as coisas estão no bom caminho”, e que poderá ser uma espécie de pontapé de seguida para que “outras empresas venham a seguir”. A Plataforma Logística da Castanheira foi criada no primeiro governo de José Sócrates. Esperava-se que esta viesse a impulsionar a economia local e a fixar ali algumas das mais importantes empresas de logística o que nunca veio a acontecer para desapontamento dos autarcas locais e das populações. Alberto Mesquita diz que a autarquia tem tentado
minimizar o impacto da existência daqueles terrenos quase desertos, mas servidos pelo Rio Tejo, pelo comboio e por um nó de acesso à autoestrada construído para o efeito. Em sessão de Câmara, o autarca diz acreditar que a alteração do uso do solo poderá impulsionar a vinda de novas empresas. Nesse sentido admite que aquela que hoje é conhecida como “Plataforma Logística” poderá mudar de nome. Tendo em conta que poderá albergar “outras atividades e não apenas a logística” podendo receber também atividades industriais. Alberto Mesquita que lembra que este processo já tem nove anos, diz ter esperança de que as obras de implantação da nova empresa comecem dentro dos prazos pre-
Primeira empresa deve instalar-se até finais de 2017 tendidos, e ressalva que não poderá avançar mais cedo, dada a necessidade de se esperar pela estabilização dos terrenos. Neste local está ainda em discussão pública a construção de um terminal fluvial há muito ambicio-
nado. A questão foi levantada pelo vereador da CDU Nuno Libório que quis saber se este teria ligação à rede ferroviária dada a sua proximidade. Neste campo, o presidente da Câmara lembrou que a Área de
Intervenção Ambiental está em discussão pública, e por isso não tem ainda indicações se será possível. Todavia por outro lado lembrou que a ideia existe, e à partida seria possível, contudo o autarca não se quis comprometer.
“Alenquer + Natal é no Comércio Local” apresentado Câmara Municipal de Alenquer deu a conhecer o projeto “Alenquer + Natal é no Comércio Local” que visa incentivar as compras no concelho junto das ditas lojas tradicionais. O projeto foi apresentado no início do mês através do presidente da Câmara, Pedo Folgado, e do vereador com o pelouro do Empreendedorismo, Paulo Franco. Uma das entidades parceiras é a Santa Casa da Misericórdia da Merceana através do seu programa “Contrato Local Desenvolvimento Social”, bem como as juntas de freguesia (União de Freguesias de Abrigada e Cabanas de Torres; União de Freguesias de Aldeia Galega da Merceana e Aldeia Gavinha; e União de Freguesias de Carregado e Cadafais) e a empresa de viagens Best Travel. A Associação Comercial e Industrial do Concelho de Alenquer (ACICA) optou por ficar de fora, tendo em conta que o projeto abrange a totalidade do comércio, e não apenas os sócios da associação, “sen-
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do que nos seus estatutos está consagrado que apenas podem fazer ações deste género para os associados. Compreendemos.”, acrescenta Paulo Franco. O objetivo é incentivar as compras no comércio de proximidade com a atribuição de um sistema de senhas e cupões que dão a possibilidade de o cliente se habilitar a prémios de 25, 75, e 150 euros
que poderão ser novamente aplicados nas lojas aderentes através de vouchers. Quem comprar pode então ficar habilitado a comprar de novo através da realização de vários sorteios. Para além das compras, pode ficar ainda habilitado a uma viagem à Ilha da Madeira para duas pessoas. Em cada uma das juntas de freguesia vão ser disponibilizadas tômbolas tendo
em vista os diferentes sorteios, onde os clientes das lojas depositarão até janeiro os cupões. Na vila de Alenquer, a tômbola está disponível no posto de turismo, e na Merceana no edifício dos CTT. Em cada loja aderente será colocado na montra um dístico a demonstrar que aderiu à campanha. O comerciante que deseje participar neste projeto apenas tem de se inscrever
no “Alenquer +”, portal de negócios do município. A campanha vai de um de dezembro a oito de janeiro. O sorteio é no dia nove de janeiro. Sendo esta uma campanha virada para o comércio tradicional abordamos Paulo Franco sobre a vinda de mais uma grande superfície comercial para o concelho no final do ano, algo incontornável, e que tem suscitado alguma apreensão
Momento da assinatura do protocolo com a Misericórdia da Merceana
junto do comércio tradicional. Paulo Franco reflete que no concelho, nomeadamente no Carregado, estão presentes todos os grandes grupos, mas que a decisão não é do município, mas do ministério da Economia. “Nesse aspeto, o comércio tradicional tem um caminho a fazer que passa por exponenciar a sua qualidade através da comunicação, e os comerciantes sentem que esse pode ser o caminho”, refere o autarca que dá como exemplo a realização recente de uma feira stock- off na Merceana que permitiu dar a conhecer lojas, produtos, e a promessa de novas parcerias entre empresários do concelho de Alenquer. “Sabemos das dificuldades dos comerciantes, do facto de realizarem poucas vendas na maior parte dos dias. Tentamos incentivar de alguma forma com estas iniciativas. Pelo que sei na Merceana vão fazer uma iniciativa todos os sábados do mês de dezembro, tendo em conta o sucesso da feira stockoff”.
Alenquer recebe comitivas de investidores estrangeiros ma delegação de empresários angolanos e de representantes das províncias do Bengo, Benguela, Kwanza-Sul e Luanda visitou, no dia 27 de outubro, algumas empresas exportadoras do concelho. A parte da manhã foi de visita a empresas do setor alimentar. O primeiro ponto de paragem foi a Brilha Alimentar e, antes do almoço, a Interaves. À tarde a delegação conheceu a Casa Santos Lima, empresa do setor vitivinícola. Depois de recebidos nos paços
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do concelho, a última visita foi à Quinta da Torre, Sociedade das Salgadas, onde decorreu uma prova de vinhos e degustação de produtos da região, para além de um encontro de networking entre os empresários dos vários municípios. O objetivo da iniciativa foi não só dar a conhecer empresas exportadoras do concelho, de vários setores de atividade, mas também fomentar relações comerciais entre os dois países.Antes; no dia 18 de outubro teve lugar uma visita da
Câmara de Comércio da América Latina. Paulo Franco, vereador na autarquia, refere ao Valor Local que há um interesse especial por parte dos empresários do concelho vocacionados para os mercados exteriores em países emergentes como o Chile, o Perú, e o México, mas em especial a Colômbia. Sendo que neste aspeto esteve também presente a Câmara de Comércio e Indústria Luso – Colombiana que se deu a conhecer junto do tecido económico presente.
Comitiva visitou a Interaves
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Fátima Gregório, presidente da Junta de Freguesia de Marinhais
Novas infraestruturas contribuíram para alicerçar qualidade de vida A acabar mais um mandato, Fátima Gregório (PS) faz um balanço positivo destes últimos três anos. Em entrevista ao Valor Local, a presidente da Junta de Freguesia de Marinhais, concelho de Salvaterra de Magos, salienta “o bom relacionamento com a Câmara Municipal e a maneira como o presidente Hélder Esménio vê o concelho como fundamental para que na nossa Freguesia tivesse acontecido muita coisa”. Entre as obras realizadas neste mandato, a autarca aponta como uma das principais “O Mercado da Cultura” que já “há muito tempo era esperado pela população e autarcas”. Outra das obras importantes consistiu na recuperação da Fonte do Ramalhais a que se juntam outros projetos; destacando-se as obras relacionadas com “aquedutos novos, colocação de manilhas, remodelação de jardins e a manutenção do cemitério” onde se criaram 28 ossários e 21 gavetões no-
vos. Fátima Gregório enfatiza ainda a aquisição de equipamentos, nomeadamente, uma roçadoura para o trator, e também uma carrinha nova para a recolha de monos e verdes tendo sido ainda legalizado o recinto das festas. A autarca vinca como importante no desenvolvimento da freguesia o bom relacionamento com a Câmara Municipal. Algo que não aconteceu no seu primeiro mandato, quando Ana Cristina Ribeiro (BE) era presidente: “Marinhais perdeu muito com isso”, afirma. A presidente da junta enaltece o trabalho da sua equipa que tem sido vital para muitas das obras levadas a cabo pelo executivo. Contudo “só isso não chega”, e por isso Fátima Gregório refere que é com alguma frustração que assiste à falta de civismo por parte de alguns fregueses na questão do devido acondicionamento dos lixos produ-
zidos. “Gostaríamos que as pessoas não se descartassem das responsabilidades”, e acrescenta que “a junta tem um serviço que ajuda nisso, mas muitas vezes é mais fácil despejar junto a um contentor e depois quem quiser que limpe”, desabafa. No capítulo das obras lamenta ainda que não tenha conseguido fazer as necessárias reparações no edifício da junta de freguesia “embora esteja concretizado um projeto para a remodelação do edifício”. Ainda assim, Marinhais é uma vila conhecida como um bom local para se viver. A autarca confirma a “boa qualidade de vida” da freguesia, e aponta mais uma vez a construção do “Mercado da Cultura” que congrega o espaço do cidadão e uma biblioteca, como uma obra de referência. O novo auditório e os investimentos da empresa “Águas do Ribatejo, que também investiu na nossa freguesia, construindo novas
redes de saneamento em muitas ruas de Marinhais também ajudou à melhoria
da qualidade de vida da população.” Contudo a autarca, adverte
que é preciso continuar com o alargamento da rede de saneamento e com a requalificação da rede viária. “Sendo nosso desejo continuar a melhorar os nossos espaços verdes e se possível introduzir máquinas de manutenção para adultos”. Todavia a contrastar com o reconhecimento da qualidade de vida, estão alguns problemas ambientais ainda a debelar. Algumas lixeiras foram erradicadas mas isso, segundo a autarca, não é apenas “uma realidade na nossa freguesia. É também no nosso país. Existem muitas pessoas que exigem das juntas aquilo que é da sua responsabilidade. Se eu faço lixo tenho de ser responsável por ele, reciclando ou colocando nos locais apropriados”, refere Fátima Gregório que lamenta que “muita gente não saiba reciclar ou não queira, preferindo desresponsabilizar-se das suas obrigações”. Fátima Gregório salienta que a junta de freguesia tem uma
Valor Local equipa “a trabalhar de forma incansável” na recolha de monos, por exemplo, e que tem feito pedidos junto da Câmara para que sejam colocados novos contentores do lixo e também mais ecopontos. Com um forte movimento associativo, a Junta de Freguesia de Marinhais vinca que tem tentado dar “sempre o seu apoio”, nomeadamente com “a cedência de espaços para servirem de sedes às associações da freguesia”. As salas do edifício da escola “nova” foram cedidas a várias associações; Grupo de Dan-
Freguesia em Destaque
ças “Os Lusitanos de Marinhais”, Motantíqua, Carnaval, Núcleo Cicloturismo “Os Cansados”, Associação de Pais, Setas do Ribatejo, Artesãos, Moto clube e Vira-latas. Já a escola “velha” foi cedida aos escuteiros que fizeram um trabalho de recuperação do edifício “espetacular”. O antigo Jardim-de-infância de Marinhais foi cedido “O Batuque”. Esta última “tem estado a trabalhar muito bem com o número de alunos a subir em quantidade e sobretudo em qualidade”. Dentro do possível, a autarquia apoia ainda financeira e
logisticamente “quando é solicitada por qualquer associação” cedendo também o pavilhão gimnodesportivo ao Recreativo (karaté), Dreamdancing (Zumba) e GDM (futsal) “a custo zero”. Por outro lado há ainda a cedência de uma sala no recinto das festas “ao Vira-Lata para armazenar rações, e o pavilhão ao rancho no recinto do mercado mensal”. A vila de Marinhais é atravessada pela estrada nacional 118. É por ser palco de muitos acidentes, dado a movimentação naquela via, sendo este um dos maiores pro-
blemas da freguesia. A presidente da junta refere no entanto que “felizmente após muitos pedidos e alguns anos de espera a Câmara colocou iluminação pública na Rua do Cartaxeiro junto ao Cruzamento com a E.N. 118, e isso tem facilitado em muito os automobilistas”. Já perto da Rua do Furo, Fátima Gregório diz saber da intenção em se construir uma rotunda por parte da Estradas de Portugal, sendo que a Câmara continua “a pressionar nesse sentido”. No que toca à Nacional 367 que “atravessa a nossa freguesia
gostaríamos de ver colocada mais sinalização luminosa com velocidade controlada”. Em jeito de balanço, Fátima Gregório que esteve sete anos na junta de freguesia refere que apesar dos primeiros quatro anos de mandato terem sido difíceis, “cuidámos do dia-a-dia das pessoas pois não era possível fazer muito mais”. “Nos últimos sete anos apetrechámos a junta com novos equipamentos, trator, cisterna, roçadoura para trator, carrinhas, corta relvas, e tantas ferramentas necessárias ao dia a dia”, refere a autarca
11 que acrescenta que foram construídas várias travessias para águas pluviais, foi melhorada a recolha de monos e verdes, vincando ainda a construção em curso “de uma nova zona verde na vila junto ao centro escolar”. Por outro lado, vinca que a junta tem fomentado cursos de formação, “cedendo aqui nas instalações da nossa autarquia uma sala para que os formandos não tenham de se deslocar para fora”, ao mesmo tempo que mantém a ajuda aos “idosos e reformados com baixos rendimentos a fazerem o IRS”.
Grupo Desportivo Marinhais salienta boa situação financeira e desportiva Fundado em 1928, o Grupo Desportivo de Marinhais (GDM) encontra-se nesta altura a passar por “uma boa fase”, segundo os seus dirigentes: “tanto a nível desportivo, como no campo financeiro.” Tiago Antunes, presidente da direção, refere ter orgulho na situação financeira do clube que se encontra agora regularizada. “Já liquidámos todas as dívidas que havia ao Estado por forma a nos podermos candidatar a apoios estatais e municipais”, refere. Com olhos postos no futuro acrescenta que, nesta altura, o clube está a “regularizar algumas dívidas a entidades particulares que também tinham sido contraídas por direções anteriores”. Com cerca de 1200 sócios a dificuldade é mesmo receber as quotas. Tiago Antunes refere que é, particularmente, complicado fazer essa cobrança tendo em conta os sócios mais antigos dos quais a coletividade não possui os contactos, “porque à época da sua inscrição não havia telemóveis nem emails
como hoje em dia, e muitos deles já não residem sequer nas moradas constantes na altura em que se inscreveram”. Daí as dificuldades acrescidas na localização dos associados. Ainda assim acrescenta que o clube “vai passando a palavra; e esses sócios progressivamente têm vindo a regularizar a sua situação com a atualização dos dados e das quotas ainda que a um ritmo lento”. À semelhança de tantos outros clubes do país, o Grupo Desportivo de Marinhais também tem dificuldades logísticas. Neste caso, o presidente vinca a necessidade de trocar a velha carrinha do clube tendo em conta as muitas deslocações para fora de casa. Sendo que o atual veiculo já apresenta “algum cansaço”. Por outro lado, há ainda a necessidade de reabilitar a sede do clube. Já em termos desportivos, o Grupo Desportivo de Marinhais está em crescimento. Tiago Antunes esclarece que “desde que esta direção assu-
Clube prossegue o apoio ao desporto jovem miu funções que de ano para ano o número de atletas e de escalões em competição tem vindo a aumentar” e a isto juntam-se os resultados desportivos “cada vez mais positivos”. Apostando no futebol e futsal, o GDM compete em vários escalões. No futebol , alinha com equipas nos sub7, sub11 nos in-
fantis, iniciados e seniores. Já no futsal, compete com os juvenis. Atualmente o clube que apresenta uma vida desportiva muito movimentada, compete nos encontros da Associação de Futebol de Santarém; nos campeonatos de traquinas e petizes, mas também no distrital sub10, sub11, infantis, segunda divi-
são através dos iniciados e seniores; e ainda no campeonato distrital futsal em juvenis. Com cerca de 150 atletas inscritos e a competir e com uma média de idades entre os 5 e os 34 anos, o GDM espera ir ainda mais longe. Tiago Antunes diz que o clube pretende “conseguir a curto prazo todos os escalões de
formação em atividade, de forma a que de ano para ano se automatizem e se vão revezando, para que assim não exista a necessidade de se estar a passar atletas mais novos para os escalões acima”, explicando que tal “a nível evolutivo não é benéfico para os atletas, principalmente nos escalões mais jovens”.Com este passo, o GDM, conseguirá focar-se na melhoria “contínua das condições que podemos oferecer a todos os atletas”. Já no que toca à equipa sénior “pretendemos ter ano após ano um plantel mais competitivo sempre com a esperança de que o GDM volte um dia aos palcos mais altos do futebol distrital e quem sabe aos nacionais, se houver condições desportivas e apoios económicos para tal”. Tiago Antunes, vinca mesmo que o aparecimento de novas modalidades não está fora de questão no futuro. A ideia é “desenvolver em prol de uma maior versatilidade a oferta desportiva em Marinhais”.
“O Batuque” promove a cultura e a expressão artística na freguesia Fundada em 2012, a Academia de Artes “O Batuque” conta com cerca de 27 sócios e nasceu com o objetivo dedinamizar as atividades culturais na freguesia, o que veio a acontecer em colaboração com David de Sousa, professor. Nos dois primeiros anos de vida, a associação “dinamizou essencialmente a atividade da música através de métodos inovadores para as diferentes faixas etárias” e para isto “muito contribuíram as parcerias com as diferentes instituições”. O objetivo conta Eduardo Oliveira, presidente de “O Batuque”, “era pautarmo-nos pela qualidade orientada para o crescimento intelectual, emocional, social e criativo do indivíduo”. Com o objetivo de ser um projeto comunitário, a associação teve sempre presente
a necessidade de encontrar formas no sentido de “que todos pudessem ter as mesmas oportunidades”. O crescimento do projeto e a procura demonstrada pela comunidade foi notória, obri-
gando a direção a encontrar novas forma de corresponder a esses apelos da população. A música continuava a ser importante, mas outras perspetivas abriam-se e daí até a
necessidade de se incluírem outras formas de arte “foi um pulo”. Eduardo Oliveira vinca que de imediato “O Batuque” olhou também para áreas como “a dança, a pintura, a
Diversas componentes artísticas em evidência na associação
escultura, a literatura, o teatro e o cinema”, ao mesmo tempo que se “preservava a identidade cultural do concelho de Salvaterra de Magos”. Sendo Marinhais, uma freguesia com um significativo movimento associativo, “O Batuque” não teve muita dificuldade em encontrar novos elementos, quer fossem diretores ou alunos. Eduardo Oliveira salienta que “nas atividades relacionadas com a música não tem havido dificuldade em cativar novos sócios, com grande naturalidade e rotatividade”. Devendo-se esta adesão “às atividades que a associação tem promovido, ao talento natural dos associados e ao gosto pela música e pelos métodos de ensino utilizados”. Já no que toca a outras áreas, refere o presidente, a resposta não tem sido tão imediata.
O “Batuque” tem cerca de 110 alunos que também são sócios, estando divididos pelas áreas da música, técnica vocal, teatro, pantomima, pintura, escultura, literatura e dança. Com muitas atividades a decorrer, uma das mais importantes, até tendo em conta a época natalícia, que se aproxima é “O Batuque Solidário”. Esta é uma iniciativa que se vai desenrolar a 17 de dezembro. Trata-se de um evento organizado em parceria com a Junta de Freguesia de Marinhais, tratando-se “de um momento cultural, aberto à população em geral, que visa angariar alimentos para apoiar a obra social de apoio às famílias mais carenciadas da freguesia”. Todavia esta iniciativa conta também com a participação de outras associações do concelho de Salvaterra de Magos.
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Higiene e limpeza urbana: Luta sem tréguas Este é um tema que marca com maior ou menor frequência a vida das nossas vilas, cidades e aldeias da região. Há sempre queixas da população em relação ao serviço prestado. As autarquias queixam-se da falta de civismo dos munícipes e da dificuldade em adquirir mais ou menos meios. Os trabalhadores da limpeza andam tristes com o comportamento dos cidadãos. Uma área onde questões como o dever de não se deitar lixo para o chão já não deveria fazer sentido chegados ao século XXI. ¢ Sílvia Agostinho s nove da manhã, o pessoal adstrito ao serviço da limpeza urbana da Câmara Municipal de Alenquer prepara-se para sair das instalações municipais na zona da Barnabé rumo a mais uma jornada de limpeza pelas ruas da vila presépio e da vila do Carregado. No total são 22 pessoas que têm como incumbência limpar o que os demais sujam. Uma tarefa nobre nem sempre compreendida e respeitada pela população, desabafam à nossa reportagem. Para Ana Almeida, 37 anos, a trabalhar há dois meses neste setor e já contratada pela Câmara, a experiência está a revelarse “como muito boa”. A cantoneira afirma que o trabalho em si “é complicado mas faz-se bem”. A discriminação, salienta, é um dos
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pontos negativos. “Por vezes perguntam-me se não tenho vergonha de andar na limpeza, e eu respondo- vergonha de quê?”. Encorajada para esta tarefa pela sua própria determinação, gosta sobretudo do contacto diário com as pessoas, porque “vejo gente diferente todos os dias”. Quando lhe perguntamos sobre o civismo dos transeuntes, avança convicta - “Não é nenhum!”. Geralmente, “são mal educados, mandam tudo para o chão, e não têm respeito pelo nosso trabalho”. Acaba por ser desesperante para esta cantoneira, verificar que mal acaba de limpar, “já está tudo sujo outra vez”. Quisemos saber o que mais extravagante encontrou aquando das suas tarefas, mas movida pelo pudor, diz que nem quer comentar, e ri-se tal como as suas colegas que também fa-
zem parte deste setor. “´Muito nojento”, conclui. A sua volta normalmente incide na zona de Paredes, “onde mal chego já há muito lixo para limpar, sobretudo na zona das escolas”. Pacotes de sumo, restos de comida, latas de coca cola, e um mar de beatas são desde há muito um clássico nas imediações dos estabelecimentos escolares de Paredes. O que vale mesmo é o convívio entre colegas. “Encontramo-nos à hora de almoço e são todas cinco estrelas”. A decana da limpeza da Câmara de Alenquer é Maria da Graça de Jesus, 52 anos, há 20 anos a trabalhar neste setor. Primeiramente na freguesia do Carregado, mais recentemente em Alenquer. Em duas décadas que já leva a trabalhar na higiene e limpeza urbana desabafa que a palavra ci-
vismo não sofreu evoluções “Não respeitam o nosso trabalho, mal limpamos já estão a atirar papéis para o chão, por vezes mesmo à nossa frente isso acontece. Recentemente um senhor fez isso, ainda o confrontei mas fez de conta que não ouviu”. Para esta operacional, este tipo de trabalho é encarado com sentido de dever - “Não desprezo aquilo que faço. Gosto que as pessoas se sintam bem com aquilo o meu trabalho, e já muitas me confessaram que o apreciam”. “Por vezes até brincam e dizem que tenho eletricidade na vassoura”. A cantoneira já fez um pouco de tudo, e chegou a calcetar no Carregado. Quando trabalhou nesta junta de freguesia, confessa que só não foi coveira nem eletricista. E deixa esta lição de vida - “Devemos aprender a
Trabalhadores e autarca junto à nova varredoura fazer tudo e mais alguma coisa. É sempre bom!” Coisas estranhas no lixo já encontrou mas causa-lhe especial transtorno deparar-se, em alguns casos, “com tanta roupa deitada fora”. “Podiam dar esse tipo de bens às instituições ou às lojas sociais”. Na ficção por vezes há histórias
de descobertas horripilantes em caixotes do lixo, mas a realidade é bem mais normal, e Maria da Graça revela que em 20 anos nunca se deparou com gatos mortos ou outros animais domésticos no âmbito das suas rotinas. “Se isso acontecesse o meu estômago dava logo a volta”, de-
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a duz, acompanhada pelas gargalhadas das colegas. Mas “vomitados no chão já é comum”. “As pessoas podiam ter um bocadinho mais de cuidado, e deveriam sentir-se bem com a nossa limpeza, mas isso não acontece. Temos tantos contentores do lixo para depósito dos lixos, mas en-
fiam tudo nas papeleiras, por exemplo”. A cantoneira com facilidade encontra garrafas de vidro nas papeleiras, e quando é o caso corre o risco ainda de se cortar. Maria de Jesus espera ficar na Câmara até morrer ou quanto muito até à reforma, o único se-
não é mesmo a falta de civismo. “Podiam respeitar um pouco mais a nossa limpeza”, deixa novamente o apelo. O município de Alenquer assume que a área da limpeza urbana se constitui como um desafio dado seu território amplo. Neste âmbito, a Câmara alocou de forma ex-
clusiva à limpeza urbana 22 trabalhadores, em que 14 estão alocados à limpeza manual, dois à limpeza mecanizadas, e outros seis a trabalhos complementares das ações de limpeza. No ano que vem o município pretende reforçar as verbas para a componente da higiene e limpeza urbana, “agregando todas as rubricas e contabilizando também a verba aplicada aos recursos humanos, estamos perante um valor de 440 mil euros”. Além do valor das remunerações pagas aos quadros que se encontram alocados a estes serviços, estão neste montante previstos ainda, os investimentos em equipamentos de limpeza, substituição de contentores subterrâneos, Projeto “Reciclar é Poupar”, encaminhamento e tratamento de resíduos e ainda demolição de infraestruturas com amianto e tratamento subsequente. Já no que toca às transferências para as juntas de freguesia (acordos de execução e contratos interadministrativos) o valor ronda um milhão 124 mil euros, “sendo previsível que este valor aumente já que a Câmara se encontra em negociação com as juntas de freguesia no sentido de ampliar as suas competências nas áreas em que esta ampliação faça sentido.” O presidente da autarquia de Alenquer, Pedro Folgado, reforça que ao longo do mandato a Câmara já procedeu à renovação
13 da frota para esta área. Recentemente foi adquirida uma varredoura mecânica nesse sentido, bem como uma retroescavadora. Também se conseguiu contratar novos trabalhadores tendo em conta que a lei o permite fazer desde que as autarquias não se encontrem em desequilíbrio financeiro. São 11 pessoas no total alocadas às freguesias de Alenquer e Carregado, nas restantes juntas o pessoal é contratado pelas mesmas. O presidente da Câmara de Alenquer refere que a sensibilização e educação ambiental nas escolas é também uma das preocupações, bem como incutir hábitos de reciclagem, tendo em conta também o aumento da tarifa dos resíduos sólidos urbanos. A Câmara reservou uma verba de 100 mil euros no orçamento para a aquisição de ecopontos no ano que vem. A Recolte é a empresa encarregue da recolha de lixo no concelho, e segundo a autarquia de 2015 para 2016 verificou-se um aumento da produção de resíduos indiferenciados e orgânicos não recicláveis, o que desde logo faz aumentar os por parte da autarquia. Só neste ano de janeiro a agosto o montante gasto com este serviço foi de 479 mil euros. De janeiro a dezembro do ano passado foi de 730 mil euros, prevendo-se então que 2016 ultrapasse 2015, e em última análise tornar ainda mais pre-
mente a necessidade de reciclagem por parte da população, e a aposta nesta componente da parte do município, tendo como ponto de referência o aumento das tarifas. O autarca desabafa que “as crianças mais pequeninas vão incorporando esta consciência ambiental, no sentido da reciclagem e de não poluirmos o ambiente e os nossos espaços públicos, levam esses ensinamentos para casa. mas ao longo dos anos isso vai-se perdendo, e por isso temos de trabalhar ainda mais a componente da educação ambiental”. Proliferação de outdoors ilegais Uma das principais debilidades ambientais do concelho prendese com a enorme proliferação de outdoors, a maioria dos quais ilegais, que surgem quase como cogumelos do dia para a noite em rotundas e outros espaços mais movimentados. Pedro Folgado demonstra que este é também um combate a ser travado. “Temos trabalhado no sentido de legalizarem os outdoors. Está instalada essa cultura e há que atuar com mais rapidez, mas não é fácil identificar os responsáveis pela colocação desse género de publicidade”, refere. Em alguns casos, a Câmara teve de proceder à retirada dos outdoors.
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Higiene urbana é tema de conversa o concelho de Azambuja, esta é uma questão que tem estado na ordem do dia e que já mereceu várias trocas de galhardetes, e acesas polémicas sobretudo entre o presidente da Câmara, Luís de Sousa, e a presidente da junta de freguesia de Azambuja, Inês Louro. Foi assim aquando da limpeza das ruas na feira de maio, bem como na questão da não disponibilização de trabalhadores pela Câmara, e com Inês Louro a exigir o que entende ser o devido por essa falha. Em maio, e em entrevista ao nosso jornal, a autarca falava em 36 mil euros de indemnização (correspondente a ano e meio de vencimentos com base no salário mínimo, subsídios, e outras regalias desses dois trabalhadores que nunca chegaram à junta). Fomos para a rua ouvir alguns munícipes sobre o estado das ruas e outros espaços públicos de Azambuja. “A limpeza não é feita como deve ser. Uma porcaria”, refere Maria do Carmo que mora na Rua João Afonso Esteves que ainda assim reconhece alguma limpeza recente no local onde mora. “A rua está um pouco mais limpa, mas costuma apresentar-se com uma sujidade enorme”. No que toca aos contentores, o cenário não é mais famoso - “Cheios, cheiram mal e estão sujos”. A limpeza e higiene urbana da vila de Azambuja “antigamente andava melhor”, conclui. A Câmara Municipal de Azambuja, atra-
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vés do vereador com o pelouro da higiene e limpeza urbana, Silvino Lúcio, não esconde que este é um dos aspetos que tem causado “problemas sérios”. Contudo, “é bom não esquecer que em alguns contentores se encontra de tudo”, e dá exemplos: “Tenho este pelouro há sete anos e já vi restos de obras, animais, livros, objectos metálicos, vidros e plásticos e por vezes com o ecoponto ali ao lado”. Apesar da incúria da população, “a Câmara tem, como não podia deixar de ser, chamado a atenção da empresa privada para a sua responsabilidade”. Numa das últimas reuniões de Câmara estas deficiências relacionadas com a recolha do lixo e limpeza dos contentores foram evidenciadas também pela oposição. António Jorge Lopes da coligação de centro direita falou das deficientes lavagens dos contentores por parte da Ecoambiente. Ainda no nosso périplo pelas ruas de Azambuja encontrámos outra residente na vila: “Uma vergonha é só o que posso dizer. Penso que com esta nova direção da junta as coisas têm piorado bastante”, refere Vitória Cardoso que contudo também concorda que o civismo dos transeuntes anda cada vez pior, principalmente no que toca aos dejetos dos cães. Moradora na zona de Horta do Maia refere que na questão dos contentores não observa grandes problemas no local onde reside. “Estão limpinhos”. Mas nas ruas,
“antigamente via-se que as pessoas a andavam todo o dia a limpar, e agora isso não acontece”. “As ruas estão péssimas, e o que não falta por aí é lixo em todos os lados. Antigamente não era muito melhor, mas nesta altura piorou bastante”, diz, por seu turno, Manuel Arenque . No que respeita ao estado dos contentores, este morador na Rua dos Campinos é da opinião de que “ainda vão escapando”. José Silva, morador na Rua da Água Férrea, também dá a sua opinião - “Temos fases diferentes, com alturas em que as ruas andam mais limpas e outras onde se apresentam mais sujas. Sei também que há falta de pessoal e que apenas conseguem trazer para esta tarefa o pessoal do fundo de desemprego. Entendo que a Câmara e a junta deveriam meter mais pessoal nas limpezas”. Estes dois munícipes concordam que o civismo das pessoas também poderia ser melhor. Neste momento e para fazer face a este dossier, a junta tem desde há algum tempo uma empresa privada a operar neste setor com três funcionários nas ruas da freguesia três vezes por semana. Inês Louro refere ainda que contratou dois novos funcionários em virtude da saída de dois que estavam antes no quadro. A junta recorre ainda à solução: desempregados do IEFP que também nesta autarquia tem dado um resultado muito aquém do esperado dada a
Câmara vai investir em mais ecopontos frequência com que entram e pouco tempo depois abandonam este enquadramento sugerido pelo centro de emprego. A autarca é da opinião de quem com a contratação da empresa, “as reclamações diminuíram significativamente”. A junta diz ainda que não desiste dos dois trabalhadores a que tem direito por cedência do município, e “o respetivo valor da indemnização” por nunca terem chegado. Esse valor será de imediato, assegura a presidente da junta, para comprar “uma nova aspiradora porque a nossa está nas lonas”. Silvino Lúcio dá a notícia de que a Câmara pretende pagar “em euros os valores em falta devido à impossibilidade de colocar ao dispor da junta de freguesia os recursos humanos previamente
acordados entre ambos. Podendo assim a junta de freguesia dar cumprimento ao acordo previamente efetuado com o município, e acabando de uma vez por todas com este conjunto de situações”. Em jeito de balanço, Inês Louro agradece “a compreensão dos fregueses”. “Não pensem de forma nenhuma que me dá algum prazer as coisas não estarem devidamente cuidadas. Gostaria de cuidar de Azambuja como cuido da minha casa, mas sem ovos não se fazem omeletes”. Outra preocupação no concelho de Azmabuja relaciona-se com a questão da deposição de monstros nos locais mais inapropriados. Silvino Lúcio diz que esta é uma realidade assustadora e por isso aguarda “com expectativa
muito alta a cedência dos antigos viveiros florestais localizados na Guarita para aí implantarmos um centro de destroçamento de matérias verdes”. Não menos complicada é também a circunstância que se prende com a proliferação de dejetos caninos. “Trata-se de uma situação assustadora e confrangedora assistir a esses casos em locais onde as crianças rolam, rebolam e brincam”. A Câmara vai colocar dispensadores de sacos para apanha de dejetos em locais previamente definidos para o efeito. “Faço votos que as pessoas lhes deem bom uso”, deixa a mensagem esperando que não se pratiquem atos de vandalismo tantas vezes associados a este tipo de equipamentos.
Autarca diz que até uma vaca morta no caminho já viu concelho de Salvaterra de Magos chegou a ser pródigo na quantidade de lixeiras que iam proliferando em algumas freguesias. Esta é uma batalha que nunca mais vai acabar, e Manuel Bolieiro, presidente da União de Freguesias Salvaterra e Foros de Salvaterra, diz mesmo que até uma vaca morta deitada para a borda de um caminho já viu. A somar a isto o facto de muitos terem construído vivendas com jardim, sobretudo em Foros , tem dado azo à produção dos denominados lixos verdes nem sempre devidamente acondicionados nos contentores. O autarca considera que há quatro anos atrás, a situação deste setor no concelho apresentava-se como “gravíssima”. Os primeiros passos da junta em articulação com a Câmara foi no sentido de manter a freguesia limpa. Foi adquirida uma carrinha para a recolha de lixo junto dos contentores, diversas ferramentas, e a colocação de uma equipa permanente nas ruas que às segundas e terças recolhe ramos e verdes, e às quartas e quintas resíduos como
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sofás e madeiras. A colocação de lixos nos pinhais na sua opinião também tem sido minimizada, e “a diferença já se nota”. A junta colocou ainda ao serviço das pessoas um sistema de recolha de monos e eletrodomésticos, em conjunto com a Câmara, para se evitar a colocação junto aos contentores. Neste aspeto da recolha, a Câmara de Salvaterra junta - “Alargámos os dias de recolha, aumentámos em 20 por cento o número de recipientes de recolha, criámos recolha domiciliária”. Neste âmbito, “a Estação de Transferência de Marinhais contribuiu decididamente para travarmos o abandono anárquico de lixos junto às linhas de água, nas estradas e caminhos municipais e nas matas e charnecas do concelho”. Simultaneamente a Câmara e a junta também fizeram operações de limpeza na Praia Doce, Bico da Goiva e Pinheiroca com a revitalização daquelas zonas ribeirinhas, “onde todas as expetativas foram superadas com a população a aderir aos locais com o respeito das regras elementares do civis-
mo”. O segredo para manter estas zonas limpas consiste em não deixar de olhar por elas, “e andar constantemente a limpar” mesmo após a época de verão quando se fala na Praia Doce. Nesta união de freguesias, trabalham dois cantoneiros de limpeza a que se somam os trabalhadores enviados pelo centro de emprego. Contudo esta junta não faz a lim-
peza em todo o território porque a Câmara cuida de parte da limpeza. As tarefas estão divididas por zonas. A Câmara Municipal de Salvaterra estima gastar em 2017 no tratamento de resíduos sólidos urbanos e na entrega para tratamento de outro tipo de lixos e resíduos a quantia de 600 mil euros. A este valor acresce os gastos e o custo
das viaturas, as despesas com pessoal, a aquisição de recipientes de recolha, entre outras. Incúria dos cidadãos desagrada cantoneiras Luísa Teles é cantoneira da junta de Salvaterra/Foros e desabafa sobre “a incúria dos cidadãos que não hesitam em depositar os resí-
Presidente da junta com equipa da limpeza urbana
duos verdes no chão, ao invés de os colocarem dentro dos sacos ou no contentor, tendo em conta que isso tornaria a nossa tarefa mais fácil”. “Até chegamos a oferecer sacos para não perdermos tempo a apanhar os lixos”, acrescenta Manuel . Bolieiro. Apesar de tudo, “houve melhorias neste aspeto por parte das pessoas, que já nos procuram”, acrescenta Luísa Teles que é cantoneira há dois anos. Gosta de fazer esta tarefa apesar de “passado pouco tempo da nossa limpeza estar tudo sujo outra vez porque não há civismo”. Nessas alturas fica triste. Nos caixotes do lixo também se encontra de tudo um pouco “ até coisas novas o que denota a falta de consciência das pessoas”. Nova esta função, Maria Adelaide, também cantoneira na freguesia há quatro meses, refere que não tem notado preconceitos das pessoas em relação a quem cumpre este tipo de tarefas como antigamente. “Alguém tem de limpar”, e para já afirma-se satisfeita com esta função.
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Cartaxo ainda sofre com problemas mas tenta recuperar o concelho do Cartaxo esta é uma área que também tem apresentado deficiências e lacunas de diversa ordem. Os últimos anos têm sido pródigos quanto à contestação da população que não tem hesitado em usar, em grande parte dos casos, as redes sociais para expressar a sua indignação seja por ruas sujas, contentores a abarrotar, maus cheiros variados, ou proliferação de matagais junto a urbanizações ou mesmo em espaços verdes. No início do mandato, a situação era de tal maneira flagrante que até o próprio presidente da Câmara, Pedro Ribeiro, funcionários e cidadãos no geral abraçaram a campanha “Rua Limpa- Todos Contam” em que num determinado dia se dedicavam a limpar as ruas, o cemitério local, entre outros espaços. Pedro Ribeiro, em reunião do executivo, chegou a expressar a sua dificuldade em recrutar trabalhadores para a limpeza urbana na cidade do Cartaxo, dado o número de operacionais adstritos ser insuficiente, e a Câmara estar impedida de contratar. A solução passava por selecionar algumas pessoas em situação de desemprego en-
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viadas pelo IEFP, ao abrigo de programas ocupacionais, mas tal revelou-se quase sempre uma alternativa pouco consistente com a entrada e saída permanentes desses abrangidos pela medida de emprego-inserção. Em declarações ao Valor Local, o presidente da Câmara refere que este quadro “melhorou bastante mas não estamos satisfeitos”. Como o novo Orçamento de Estado é mais flexível quanto à contratação pública de trabalhadores está prevista para 2017 o município recrutar para os seus quadros os trabalhadores em falta. A autarquia refere que também tem tentado procurar atacar a realidade da abundância de matagais no concelho e adianta que no presente ano “batemos o recorde de notificações de proprietários para a limpeza dos seus terrenos”. Em 2012, a Câmara Municipal notificou cerca de duas dezenas de proprietários. Em 2016, foram 218 os proprietários; “com uma taxa de sucesso acima dos 80 por cento”. Naquilo que é responsabilidade direta do município para os Espaços Verdes, dada a” falta de recursos e perante a melhoria da situação fi-
nanceira”, foi iniciado o procedimento para manutenção externa do Parque Central, Ponte da Pedra, Quinta da Cabreira e Pátio das Laranjeiras. Esta manutenção tem uma duração de 2 anos e cobre cerca de 6,5 hectares dos 21 que o município tem a seu cargo. Seria importante para a autarquia acautelar no futuro a existência de um ponto de receção de resíduos verdes bem como resíduos provenientes da atividade da construção. E neste aspeto, foi solicitada à Ecolezíria – Sistema Intermunicipal ao qual o Cartaxo pertence – “que a estação de transferência da Zona Industrial de Vila Chã de Ourique receba o Ecocentro”. “Queremos também através deste sistema intermunicipal, aumentar e melhorar o número de ecopontos, uma vez que aquilo que temos é em número muito insuficiente para as nossas necessidades”, acrescenta Pedro Ribeiro. Neste momento, a dívida do município àquela entidade é de um milhão 962 mil euros, sendo que um milhão 557 mil euros é dívida de capital, e 405 mil euros são juros de mora. Sendo que a autarquia se encontra a negociar o perdão de
juros na sua totalidade ou de forma parcial. Já no que respeita à frota automóvel e restante maquinaria colocada ao serviço deste setor, a Câmara refere que este parque tinha entre 12 a 17 anos. Foram adquiridas duas viaturas usadas “em bom estado o que nos permitiu acrescentar uma viatura à frota e substituir
uma já existente”. No início do mandato existiam três viaturas operacionais, neste momento são quatro viaturas para os quatro circuitos. “Com a atual frota, e com as quatro equipas com horários desfasados, conseguimos, de forma significativa, minimizar falhas na recolha”, dá a conhecer. No que concerne às juntas de fre-
guesia do concelho, foi aprovado ao abrigo dos acordos de execução um montante de 206 mil 176 euros para a limpeza urbana e conservação e manutenção de espaços verdes, sendo que “tudo o que temos acordado tem sido pago a cada Junta de Freguesia”, ao contrário do que “se passou no anterior mandato”.
Diversas ações de limpeza aconteceram no início do mandato
Destaque
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Valor Local
Póvoa, Forte da Casa e Vialonga
Sul do concelho de Vila Franca de Xira é considerada zona crítica zona sul do concelho de Vila Franca de Xira é tida como especialmente crítica em matéria de higiene e limpeza urbana. Para piorar o estado de coisas com alguma frequência se tem assistido a questões com os funcionários da limpeza que reclamam por mais condições de trabalho por parte do município. A freguesia da Póvoa de Santa Iria é apontada como uma das que observa este tipo de lacunas. Vasco Jesus reside na Póvoa de Santa Iria e confessa à nossa reportagem que já teve de comparecer em algumas reuniões da junta de freguesia para reclamar das condições de limpeza da Urbanização Pretas do Morgado onde reside. Com frequência encontra desde ervas daninhas nos passeios, até falta de limpeza no geral principalmente na zona das condutas da EPAL onde abundam ratos e cobras. “Já ouvi dizer que é da responsabilidade da Câmara mas deveriam fazer alguma coisa”, refere. Por outro lado, nos terrenos envolventes a algumas urbanizações os arranjos urbanísticos não foram terminados pelos promotores, pelo que “alguns habitantes deitaram mãos à obra e fizeram pequenos jardins”, nomeadamente em Pretas do Morgado. Onde isso não acontece o quadro revela-se da pior forma possível com o crescimento de gigantescos matagais. “Dá mau aspeto”, diz.
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Num dos jardins do Forte da Casa O morador informa que após dar conta dos casos que mais afligem a população do bairro junto da autarquia da Póvoa, “mesmo assim, e quase sempre, demoram muito tempo até virem solucionar por completo o problema”. “Só após ter exposto as questões em reunião da junta é que começaram a vir ao meu bairro com mais regularidade, mesmo assim apenas vieram limpar após um mês da minha ida a essa sessão”. A junta procurou justificar-se perante o morador alegando que existe uma escassez de pessoal. Vasco Jesus foi informado ainda de que para aquele bairro existe apenas uma cantoneira, e apenas uma vez por semana. “Confesso que só vejo limpeza nas zonas mais movimentadas, há bairros um pouco esquecidos na Póvoa”. Confrontado pelo Valor Local, o
presidente da União de Freguesias Póvoa-Forte, Jorge Ribeiro, começa por referir que a junta já deu início à cura de ervas daninhas nos passeios tendo em conta que tem sido referida esta componente da limpeza urbana como uma das situações a corrigir. “Apenas há algumas semanas atrás conseguimos habilitar uma equipa com formação para fazer a aplicação de produtos fitossanitários. Se porventura temos um défice nessa questão, tentamos a seguir recuperar”, deduz. Tendo em conta a proliferação de vegetação e a necessidade de corte desse mato, o presidente da junta diz que há mais entidades com responsabilidades como a Câmara de Vila Franca, e sobretudo a EPAL, cuja “atuação deveria ser mais regular”. Por outro lado, “há particulares que têm de ser
Vialonga
José António Gomes desesperado com a questão dos dejetos caninos presidente da junta refere que um dos principais combates prende-se com os dejetos dos animais, em áreas como a Marinhota. “Este problema é impressionante, desde jardins a zonas relvadas. Torna-se impossível levar as crianças a estes locais, porque as pessoas gostam muito dos seus animais mas esquecem-se dos outros”, não tem dúvidas em salientar. Ações de sensibilização já foram efetuadas mas sem sucesso, com a tradicional colocação de folhetos porta-a-porta. “Infelizmente quando nos dirigimos às pessoas que têm animais somos maltratados”, continua a desabafar. “Já cheguei a abordar um cidadão tendo em conta essa questão de as crianças também usarem o espaço público onde os animais defecam, e muito ofendido respondeu porque razão estava eu preocupado quando ele tem dois filhos e não se preocupa”.
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notificados pelo município para operarem no sentido da manutenção dos seus lotes para procederem a essa desmatação”. E conclui: “Se todos cumprirem o seu papel teremos uma freguesia limpa”. No caso das urbanizações ainda não rececionadas pela Câmara Municipal, a autarquia de Vila
Franca refere que procede à notificação dos promotores no sentido de assumirem as suas responsabilidades. Na freguesia do Forte da Casa, o Valor Local constatou através de uma publicação no facebook a recorrente colocação de madeiras, colchões e papéis num dos jardins da Rua Baptista Pereira, com vários moradores indignados com a situação. “Trata-se de um caso de falta de civismo das pessoas porque a Câmara Municipal tem dias próprios de recolha desses monstros, à quarta e quinta feira na Póvoa e segunda e terça no Forte da Casa”, A União de Freguesias de PóvoaForte possui entre 18 a 20 pessoas na limpeza das ruas, com sensivelmente “os mesmos meios existentes antes da fusão de freguesias”, diz Ribeiro. Contornar esta dificuldade não foi fácil, tendo em conta a impossibilidade de
contratação, e quando a junta “chegou a ter de aguardar quase quatro meses até que o centro de emprego conseguisse enviar as pessoas destinadas a preencher as vagas no setor da limpeza no âmbito dos programas ocupacionais”. “Gostaríamos de ser mais eficazes mas sem omeletes não se fazem ovos”, desabafa. Para fazer face ao estado de coisas, seriam necessários mais 15 trabalhadores só na limpeza, e mais alguns na área da jardinagem, “porque entre mato e zonas verdes temos mais de meio milhão de metros quadrados por tratar”, e “só com 10 a 11 pessoas”. Mas ressalva - “A freguesia não está no estado de abandono que por vezes querem fazer passar. Temos noção de que há trabalho para fazer, mas os meios que temos não nos permitem sermos mais rápidos, e apenas com o nosso pessoal”.
STAL indignado com Câmara ecentemente, os problemas de limpeza no concelho de Vila Franca de Xira extremaram-se tendo em conta a tomada de posição por parte do presidente da Câmara Municipal, Alberto Mesquita, em relação aos trabalhadores. Numa reunião de Câmara, Mesquita atribuiu os problemas existentes na recolha do lixo a um número elevado e recorrente de situações relacionadas com baixas por doença e licenças de maternidade dos trabalhadores, chegando mesmo a alegar a possibilidade de concessionar este setor a um privado. Através de comunicado, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL) insurgiu-se contra a autarquia, e em declarações ao Valor Local, Ludgero Pintão, daquele sindicato refere se alguma coisa corre mal neste setor não é por culpa dos funcionários mas devido ao desinvestimento da Câmara em novas viaturas e ao insuficiente número de trabalhadores. Perante a questão que incide sobre a necessidade de mais investimento, o município de Vila Franca responde que no próximo ano vai manter esse mesmo investimento neste setor, considerando como “elevada” a contribuição para a limpeza e higiene urbanas, e que passará pela aquisição de mais duas viaturas de 26 toneladas para recolha de resíduos seletivos; a continuação da instalação de ihas ecológicas em todo o concelho ou a continuação da substituição gradual dos contentores tradicionais por novos equipamentos. Ludgero Pintão refere ainda que seriam necessários cerca de 20 trabalhadores por turno, e de certa forma mais organização dos circuitos, e pede ao presidente da Câmara para repensar nas suas declarações. “Não se pode culpar os trabalhadores pública e injustamente”, deduz. Nesta perspetiva, a Câmara salienta que o município tem 61 colaboradores, entre motoristas e cantoneiros. Ainda em resposta ao representante do STAL, a Câmara conclui que “o investimento neste sector de intervenção municipal é muito significativo e está a vista de todos, sendo indesmentível. O que foi afirmado publicamente, de forma perentória, é que o serviço de recolha de resíduos urbanos continuará a ser desenvolvido, como até aqui, diretamente pelos serviços municipais.”, desmentindo a hipótese de ser concessionado. A verba do Orçamento Municipal correspondente a esta área para 2017 ultrapassa segundo as contas do município os três milhões 210 mil euros. Entre acordos de execução e contratos interadministrativos é transferido um valor global superior a 3,5 milhões de euros para as Uniões de Freguesia e Juntas de Freguesia.
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Sensibilização ambiental em Benavente uma das últimas reuniões de Câmara, o vereador do PSD Ricardo Oliveira alertou para a deficiente higiene urbana, em que o lixo no chão é uma realidade “para quem entra no município a partir da Reta do Cabo”. Contentores cheios, e monos junto aos mesmos, tornam este “um cenário que não é desejável para o município”. Para fazer face a este estado de coisas, o município assegura ao Valor Local que em 2017, a Câmara vai adquirir 50 novos contentores e uma nova viatura
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de nove toneladas (equipada com sistema de elevação para grua). A melhoria neste setor deverá passar ainda pela aquisição de um conjunto de ecopontos com o objetivo de substituir os que se encontram danificados bem como algumas ilhas ecológicas. “A Câmara Municipal recrutou também para o seu quadro alguns cantoneiros com funções na recolha diária de resíduos sólidos urbanos, também alguns roçadores para o corte de ervas e que estarão em permanência no mu-
nicípio, sendo que, igualmente, está a decorrer um concurso público para recrutar mais alguns motoristas de pesados que irão conduzir a frota de camiões para essa recolha”, acrescenta Carlos Coutinho, presidente da Câmara. No total a Câmara tem 35 trabalhadores adstritos a este setor a que se juntam os 25 cantoneiros que são contratados pela empresa encarregue da limpeza urbana do município desde fevereiro de 2015. A autarquia reconhece as críticas
e as dificuldades sentidas no quadro deste estado de coisas, mas reflete que em certa medida os constrangimentos sentidos nos últimos anos quanto à contratação de novos trabalhadores também tem condicionado a ação da Câmara. “Por esse motivo, o resultado não é aquele que gostaríamos de apresentar mas é fruto das circunstâncias adversas”, desabafa salvaguardando que 2017 poderá funcionar como um ano de viragem no setor. O Orçamento da Câmara de Be-
navente para 2017 no setor da higiene e limpeza urbana é de 952 mil 200 euros para a deposição de resíduos e recolha selectiva através da empresa intermunicipal Ecolezíria e o pagamento à empresa de prestação de serviços que faz a limpeza diária das ruas. A este valor acresce cerca de 570 mil euros para: materiais; combustível; seguros de frota e de pessoal; conservação e reparação de viaturas e equipamentos resíduos sólidos urbanos; pessoal, amortizações e quota da Re-
siurb. A Câmara Municipal face às dificuldades nesta componente está a preparar uma “grande ação de sensibilização pública que vai brevemente ser aprovada em reunião de Câmara”, com a implementação do novo Regulamente de Resíduos Sólidos Urbanos e Higiene Pública, “e que terá que ser cumprido para que deixem de existir tantos problemas com a deposição do lixo e a utilização dos espaços públicos que a todos pertencem”.
Valor Local
Cultura
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Bienal de Fotografia 2016
Finalistas do Tema Livre expõem universos pessoais Está patente no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira, um conjunto de exposições individuais dos finalistas ao Prémio de Tema Livre da Bienal de Fotografia 2016. Até oito de janeiro de 2017 estes trabalhos podem ser apreciados. Antes, em dezembro serão conhecidos os vencedores. O vice-presidente da Câmara, Fernando Paulo Ferreira, faz um balanço positivo da iniciativa que conta ainda com intervenções de fotografia contemporânea em diversos locais da cidade. As nove propostas selecionadas para a fase final do Prémio Tema livre têm “imensa qualidade” e são o mote para uma vinda a Vila Franca de Xira aliada à vertente curatorial espalhada por diferentes. Apresentamos alguns dos finalistas e as respetivas exposições.
Rui Dias Monteiro, Lisboa
Diogo Bento, Cabo Verde
“Optei por fazer uma instalação de fotografia cruzada com poesia, através de um poema escrito por mim ‘Terra Morta’. Nesta mesa gigante estão reunidas fotos tiradas por mim desde os catorze anos nas casas dos meus avós e dos meus pais. Deste conjunto quis colocar em evidência uma tirada aos meus avós, e outra de uma colcha colocada sob dois volumes. O facto de estar entre os finalistas foi desde já uma ótima oportunidade para mostrar o meu trabalho, e penso que no geral a exposição está ótima, ganhe quem ganhar.”
“O meu trabalho parte de uma reflexão minha acerca de questões de autonomia, e de poder. De que forma neste mundo globalizado temos a oportunidade de sermos autónomos. Daí ter optado por mostrar estas imagens completamente desertificadas que na minha opinião podem ser o potencial para o surgimento de uma sociedade nova. Um território que vive à margem de qualquer Estado ou obrigação. Um território livre. A exposição chama-se ‘Escuta os bárbaros em primeiro lugar’, e visa apelar a que possamos escutar os loucos porque também podem ser sábios. A associação à barbaridade e ao primitivismo estão patentes nestas imagens fotografadas em Cabo Verde”
Nuno Andrade, Almada “Durante um ano fotografei e acompanhei um pequeno grupo de apanhadores de amêijoa no estuário do Tejo, em Ponta do Mato, Seixal. A mostra chama-se ‘Maré Baixa’. Este local é quase como um enclave , um sítio perdido como outros no Tejo. É uma vida que existe mas que passa ao lado da maioria das pessoas. De vez em quando é preciso parar para ver. A maior parte dos que ali vivem lutam pela vida, ou se calhar pela sua própria sobrevivência. É longe mas ao mesmo tempo perto de nós. Tem vista para Lisboa, para Almada, Barreiro. A escolha deste tema foi por acaso, e correspondeu a um local que me atrai desde pequeno. É um sítio felliniano e estranho para mim”.
Diana Rogagels, Tapada das Mercês “A exposição versa o meu universo psicológico e os seus diferentes capítulos que abordam sensações específicas que quis transportar para a fotografia. Diria que a palavra que melhor descreve o meu trabalho é a instrospeção. As sensações são invisíveis mas podem ser absorvidas por outros. Desde os meus 14 anos que fotografo e enquadro o meu trabalho preferencialmente neste género mais abstrato. Ter sido selecionada como finalista foi importante na bienal. O prémio não é importante, mas sim ter oportunidade de expor.”
Política
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Valor Local
Luís de Sousa deverá anunciar recandidatura em janeiro atual presidente da Câmara Municipal de Azambuja, Luís de Sousa, garantiu ao Valor Local que ainda não está fora da corrida à autarquia. Luís de Sousa lamenta que muito se tenha especulado sobre uma eventual desistência sua, mas assegura que isso não é verdade, mantendo a sua intenção de se recandidatar ao lugar. Em declarações exclusivas ao Valor Local, o autarca de 64 anos confirma que embora o cargo exija algum esforço físico, ainda mantém energias para mais um mandato, todavia sublinha que ainda não chegou a altura para o anúncio dessa recandidatura. Luís de Sousa diz conhecer os rumores que dão quase como certa uma desistência sua, mas o atual Presidente da Câmara ironiza salientando que “costuma-se dizer que quando há muita gente com
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sede ao pote, todos querem ir”. Todavia Luis de Sousa reafirma: “Neste momento o que quero dizer é que estou ainda disponível. Ainda não vou anunciar a minha candidatura porque tenho alguns pontos que preciso de esclarecer”. Referindo ainda que só comunicará a sua decisão definitiva ao público, depois de a anunciar no partido, afastando também a hipótese de o fazer publicamente no encontro de militantes do PS agendado para dia 26. Luís de Sousa refere assim que mantem a sua intenção anunciada numa conferência de imprensa dada nos primeiros meses do ano. Já na altura considerou que “era cedo”, e reflete que apenas mostrou a sua disponibilidade “porque andava para aí um camarada nosso (Joaquim Ramos) a fazer listas e a dar entrevistas nos jornais. Era uma barafunda terrí-
vel e achei que devia dar um sinal”. O autarca não querer adiantar para já quais os assuntos que ainda tem pendentes, mas assegura que possui o pleno apoio do par-
tido tanto localmente como na Federação da Área Urbana de Lisboa do Partido Socialista (FAUL). O Valor Local sabe que o autarca tem vindo a ser pressionado para avançar de imediato, mas Luís de
Sousa prefere manter os seus timings, anunciando uma decisão definitiva nos primeiros dias de janeiro do próximo ano. O presidente do Município refere que nesta altura não apoia ne-
nhum candidato à sua sucessão, no caso de não concorrer porque essa questão ainda não se coloca, mas confidencia que as decisões estão empatadas a 50 por cento.
Luís de Sousa diz que tem de acertar alguns detalhes até avançar
Inácio é candidato independente na União Póvoa Forte e entrega cartão de militante do PS antigo presidente da extinta junta de freguesia do Forte da Casa, António José Inácio, assume-se candidato independente à União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa. Na opinião de Inácio, o atual presidente da junta, Jorge Ribeiro, não tem “sabido corresponder às expetativas da população” em domínios considerados chave como intervenção social, cultural e associativa, e manutenção de espaços verdes. Em entrevista ao Valor Local, António José Inácio acrescenta por isso que o perfil de candidato desejável deverá ser aquele que “sabe fazer mais e melhor pela
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população”, e como tal discorda da opção do PS por manter a aposta em Jorge Ribeiro. “Nunca podia ser candidato na sua lista, e muito menos ser segundo ou terceiro na lista do PS para a Assembleia Municipal”. Lugares para os quais foi de resto “convidado”, informa. Inácio confirma ainda que já pediu a demissão da comissão política e do Partido Socialista. António José Inácio para além de ter gerido a junta do Forte da Casa foi ainda presidente da Casa e do Instituto de Apoio à Criança do Forte da Casa, tendo sido acusado de má gestão quer à frente da autarquia quer na gestão da instituição. Inácio não se sente in-
comodado com tais críticas e está certo de que “não pesarão no resultado eleitoral” que acredita conseguir alcançar. Inácio acrescenta que está de bem com a sua consciência e que sempre pautou a sua atuação pública, em todos os domínios da vida “pela clareza, pelo rigor e pela frontalidade”. O agora candidato independente diz ter orgulho no trabalho levado a cabo na junta que resultou num património no valor de 1.029.000€ (um milhão e vinte e nove mil euros) e 107.000 m2 de zona verde tratada”. Quanto ao Instituto de Apoio à Criança, lembra que ainda é o só-
cio nº 1 e fundador do mesmo. Adiantando que conseguiu criar
cerca de 170 postos de trabalho. Inácio que refere estar presente
em todas as assembleias gerais questiona ainda: “Quais as instituições de solidariedade social que não têm problemas de sustentabilidade financeira neste momento?”. Quanto à sua lista, está a ser construída e é composta por pessoas que se dizem “preocupadas com a ineficácia que este executivo, liderado pelo atual presidente Jorge Ribeiro, tem demonstrado ao longo deste mandato e que querem inverter essa situação disponibilizando-se para fazer melhor porque as pessoas merecem mais”.
Inácio considera que Ribeiro não tem estado à altura do desafio
Atual presidente já anunciou a recandidatura
Folgado ainda não fez convites para a Câmara Municipal de Alenquer edro Folgado, presidente da Câmara Municipal de Alenquer, já anunciou a sua recandidatura publicamente. Porém o autarca ainda não deu a conhecer qual a equipa que o vai acompanhar nas listas para mais este ato eleitoral. Ao Valor Local, Pedro Folgado diz acreditar na estabilidade mas refere, contudo, que “não podemos ficar reféns da mesma”, argumentando que no momento ainda não fez quaisquer convites. Folgado vinca que ainda não sabe das intenções dos elemen-
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tos que o acompanham, porque sem contactos feitos não descortina da “disponibilidade de cada um e se querem continuar”. Pedro Folgado diz que não está em causa “querer caras novas “ mas o facto de que as funções de um executivo são bastante exigentes ao nível familiar, por exemplo. “Quase que passamos dias sem ir a casa. São sábados e domingos a trabalhar e por isso depende da disponibilidade de cada um”, refere o atual presidente da Câmara que considera importante a profissionaliza-
ção dos autarcas em termos de dedicação à causa. Pedro Folgado salienta, no entanto, que quando decidiu anunciar a recandidatura conversou com a sua equipa que lhe manifestou o seu apoio, mas reforça que ainda não fez convites. Com Pedro Folgado, estão no executivo Rui Costa, Dora Pereira, e Paulo Franco. Foi alcançada uma maioria absoluta para o Partido Socialista em 2013. O autarca salienta que não está “agarrado à cadeira do poder”, sublinhando ainda que “quatro
anos não foram ainda suficientes para a implantação de uma série de políticas”. Nestes primeiros quatro anos, Folgado diz ter sido importante a equipa ter conseguido “diagnosticar e sanar algumas coisas que vinham de trás” e destaca que com a negociação conseguida pelo município ao nível dos fundos europeus “estamos em condições, de algum modo, de fazer algum investimento, transpondoo para o território através das nossas ideias”.
Folgado ainda não decidiu nomes para a sua lista
Valor Local
Política
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Exclusivo Valor Local
Rui Corça candidata-se para travar “estado de depressão” do concelho de Azambuja A primeira entrevista do candidato da coligação de centro-direita à Câmara de Azambuja é ao nosso jornal, ainda antes do seu anúncio público. Rui Corça quis parar com a especulação e escolheu o Valor Local para dar a conhecer, em exclusivo e em primeira mão, os seus propósitos e a sua linha de orientação às autárquicas de 2017 ¢
Miguel A. Rodrigues ui Corça é o candidato do PSD, e por consequência da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra, à Câmara Municipal de Azambuja nas próximas eleições autárquicas. O candidato escolheu o Valor Local para confirmar o que já há muito se especulava, mas como o próprio disse, só agora é que foi decidido. O nome de Rui Corça foi aprovado por unanimidade nos órgãos nacionais e distritais do PSD recentemente, e por isso tudo o que se especulou até há 15 dias atrás não passou de uma tentativa, segundo fonte do partido, para tentar que o candidato do PSD se revelasse. Aliás o Valor Local sabe que Maria João Canilho, atual vereadora da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra, também esteve na “calha” para ser cabeça de lista, mas ao que apurámos, foi a própria que não quis avançar em primeiro lugar. Rui Corça, salientou ao Valor Local, ter aceitado o convite para encabeçar uma lista devido ao estado em que se encontra o concelho de Azambuja. Em entre-
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vista exclusiva ao nosso jornal, o agora candidato que esteve afastado das lides políticas locais por mais de vinte anos, considera que a atual equipa que governa o concelho não demonstra liderança. O candidato aponta como uma das causas para esta candidatura o facto de o concelho estar “em depressão”. Rui Corça é da opinião de que as pessoas não veem futuro para este concelho a continuar como está. Para o candidato, o estado do município é preocupante, não só ao nível do património como económico e financeiro. O candidato que completou esta semana 50 anos de vida é empresário, e salienta que a existência de muitos edifícios degradados e a falta de limpeza nas ruas são factos sobre os quais as pessoas se manifestam “e que eu também constato”. Rui Corça considera que a Câmara de Azambuja “já teve mais fulgor anímico e financeiro”, e isso de acordo com o candidato reflete-se no dia-a-dia do município. O candidato cuja atividade se centra no ramo da consultadoria,
mais especificamente na captação de fundos comunitários para o setor privado, considera que o atual executivo apresenta precisamente este tipo de lacuna: dificuldade em conseguir apresentar projetos credíveis para a obtenção de fundos da União Europeia para “fazer obra”. Para Rui Corça, o executivo socialista presidido por Luis de Sousa não tem mostrado vontade para captar fundos comunitários “que estão disponíveis, tanto no plano Junker como no Portugal 2020”. O candidato diz que os fundos que têm chegado ao concelho de Azambuja, “entram porta a dentro por via de empresas promotoras de candidaturas e que vêm vender o seu produto, como é o caso do laboratório de águas, ou então e quase que por arrasto no âmbito da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) por Azambuja fazer parte da mesma”. Rui Corça justifica o seu regresso à política com o facto de agora estarem reunidas condições dentro do PSD para uma candidatura
forte. O candidato lembra que no PSD aconteceram, no passado, vários factos políticos, mas considera que a recente união com o regresso de pessoas que estiveram afastadas, nos últimos anos, como os históricos Virgínia Estorninho, e Francisco João Silva, “faz toda a diferença”. Para o can-
didato essa foi uma das razões que o levou a aceitar o desafio, acreditando que o futuro político do concelho poderá passar pelo PSD e CDS nos próximos quatros anos. Rui Corça que não quis avançar com os nomes que vão compor a lista à Câmara, vincou, no entanto, que procura nesta altura pessoas cujo contributo seja importante e decisivo para o concelho, sejam independentes ou dos partidos que compõem a Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra, que integra PSD, CDS e MPT. O candidato que será apresentado oficialmente a 3 de dezembro em Azambuja, reforça, no entanto, que a sua candidatura só é possível dado que atravessa uma fase familiar e profissional que o permite, e alavanca o seu projeto para já
em duas linhas mestras: “A primeira é a transparência”. Rui Corça diz que faltam explicações do atual executivo sobre as atitudes que toma no dia-a-dia. Considera, por isso, que parte da gestão do atual PS “é muito opaca”. “Não há cuidado em explicar as políticas de forma clara, e considero que até as coisas mais complicadas podem ser traduzidas de forma transparente, de maneira a que o cidadão entenda. Acho que isso é possível porque o povo merece”. Rui Corça salienta que a população “não participa de uma forma entendida como desejável na vida da autarquia”. Outra das linhas, refere Rui Corça, é a Solidariedade. Para o candidato o atual momento que o país atravessa, obriga a que “quem governa o nosso concelho promova políticas que amenizem essas dificuldades”. O candidato considera que é premente que o município consiga promover “a igualdade de oportunidades de acesso ao que precisamos na nossa vida seja a Educação, a Cultura, ou o apoio que precisamos de ter quando somos mais idosos, bem como as oportunidades de trabalho para sustentarmos a família”, refere o candidato que lembra que os recursos são poucos e “há que os aplicar nos sítios certos”.
Rui Corça regressa à política azambujense como cabeça de lista à Câmara
Arquivado o caso dos Processos
Ministério Público volta a dar razão a Pratas Ministério Público decidiu pelo arquivamento do caso dos processos que opunha a Câmara de Azambuja e o antigo vereador José Manuel Pratas, acusado de ter ocultado na sua casa processos de obras referentes aos pelouros que manteve na autarquia até 2009. Depois de a Câmara ter recorrido novamente, o tribunal do Cartaxo acabou por não dar razão ao município mais uma vez. O Valor Local teve acesso ao processo e nele pode ler-se que “não foi detetada conduta , ou decisão
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que fosse no sentido de ocultação dos ditos processos de obras da Câmara de forma a lesar os interesses do município”. Para a formulação desta decisão também terá estado o facto de as empresas contra as quais foram levantados os autos terem pagado as coimas a que estavam sujeitas. A Câmara Municipal arrolou novas testemunhas nesta segunda fase, tendo em conta que na primeira não tinham sido chamadas a depor. Foram ouvidos Luís de Sousa, atual presidente da Câmara, o vice-presidente Silvino Lúcio,
o antigo presidente da Câmara Joaquim Ramos, entre outros funcionários e ex funcionários: Mafalda Rei, Paula Grazina, Fernanda Lopes, Maria Teresa Cardoso, e João Pedro Gato; e ainda os antigos vereadores Marco Leal e Ana Maria Ferreira. Alguns dos funcionários testemunharam no sentido de terem chegado a ver alegados processos dentro de sacos no antigo gabinete do ex-vereador e disso terem dado conta superiormente, ainda no ano de 2009, nomeadamente Mafalda Rei. O Ministério Público
entendeu que não seria possível provar se esses documentos seriam ou não os mesmos que viriam a ser encontrados ou vistos na casa de Pratas anos mais tarde. Também o vereador Silvino Lúcio referiu ter visto documentos da Câmara aquando de uma deslocação, em inícios de 2013, a casa de Pratas, mas não conseguiu descortinar se se tratariam dos famigerados processos de contraordenação. O antigo presidente da Câmara, Joaquim Ramos, ao depor também referiu que chegou a ter conhecimento
deste caso, e que iria investigar junto do seu antigo vereador, mas o facto de ter ficado doente entretanto não ajudou nessa tarefa. Cristina Sousa acompanhada de outra funcionária da autarquia foi a última a ver os ditos processos, novamente, em casa de Pratas, nas vésperas da campanha eleitoral de 2013. O Ministério Público desvalorizou de novo o testemunho da atual secretária da presidência, Cristina Sousa, cujo “depoimento não nos mereceu credibilidade”, pode lerse. Não ficou provado o crime de
descaminho, por não se assistir a qualquer tipo de conduta que apontasse no sentido “de destruir ou inutilizar total ou parcialmente algo do poder autárquico”. Para reforçar esta tese, o Ministério Público sustenta que os documentos “até estavam hipoteticamente acessíveis, e não ocultados o que reforça a presunção de não descaminho”. Todos os depoimentos neste processo, “revelaram-se insuficientes para afastar a dúvida razoável” e como tal “é protegida a presunção de inocência”, conclui.
Opinião
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A curva da Jular zambuja está de luto e ainda resta por explicar o acidente que levou a vida a Marta Fazendas e colocou em risco outras três jovens do concelho de Azambuja. A Filipa, a Joana e a Maria João ainda estão hospitalizadas e sob cuidados médicos. O condutor do veículo que alegadamente embateu no carro onde vinham estas jovens, também ficou ferido no acidente e também ele está hospitalizado. O acidente ainda com causas desconhecidas está a ser investigado, mas o local onde aconte-
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ceu há muito que é conhecido pelas autoridades, tanto as que nos garantem a segurança como as que prestam socorro. Numa dúzia de anos, não chegam os dedos de uma mão, para contar o número de acidentes ocorridos naquela curva perto da Jular. A nacional 3 não é famosa pela sua segurança e traçado, mas aquele é um ponto negro, confirmado de resto pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR). Há anos que bombeiros e proteção civil apontam o dedo àquela
curva. Em 2012, Pedro Cardoso à época comandante dos bombeiros de Azambuja, referia aquele local como dos mais preocupantes. Não só devido à visibilidade como às velocidades que as viaturas, nomeadamente vindas do sentido Azambuja – Vila Nova da Rainha, conseguiam atingir. Aliás esta mesma ideia é reforçada também pelo atual comandante dos bombeiros, Armando Batista, salientando que naquela via circulam cerca de 400 pesados por dia. Ora na noite de dia 8, noite do
acidente, também circulavam pesados, mas neste caso alegadamente não existe uma relação direta. O acidente veio de resto alertar para as condições da via. Para a necessidade da construção da tal variante para pesados desde Vila Nova da Rainha até Aveiras de Cima, e que retire os pesados da nacional três, para a colocação de um separador central com a construção de várias rotundas, ou a possibilidade da colocação de um traço contínuo. Todavia, não há nenhuma medida em termos de construção que
Valor Local acabe com os acidentes, seja ela qual for. O civismo esse é mais necessário do que tudo. Começa em cada um de nós. Se os condutores quando forem para a estrada pensarem quem têm uma arma nas mãos, e tiverem respeito pelos outros, as coisas tendem a correm um pouco melhor. Não se sabe a origem do acidente, mas uma coisa é certa, aquele local é famoso pelo desrespeito pelas regras de trânsito. Que o diga o proprietário da empresa Jular, que tem de consertar a rede e os muros várias vezes por
Miguel António Rodrigues mês. Se calhar, vale a pena fazer um exercício de cidadania e pensar nisto.
Universidades Séniores: O presente e o futuro endo professor voluntário numa Universidade Sénior, há um ano, não poderia deixar de partilhar convosco as minhas reflexões sobre os objetivos no presente e no futuro, para estas Instituições. Assim e naturalmente, início esta crónica com a apresentação dos objetivos que entendo, deveriam nortear a ação de cada uma das Universidades Seniores, a saber: Objetivos específicos: (1) Proporcionar conhecimentos por forma a melhorar a interação com os outros e a tomada das melhores atitudes e comportamentos sociais face à perceção da situação que se apresente. Potenciar capacidades inatas mas não percecionadas; (2) Explicitar a evolução dos conceitos até então conhecidos; (3) Privilegiar a interação entre docente e discentes, em uma perspetiva de participação ativa, com a troca de experiências pessoais e profissionais. Objetivos gerais: (1) Um modelo de envelhecimento ativo e saudável com a realização de atividades intelec-
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tual e socialmente estimulantes que melhorem a qualidade de vida da população sénior, proporcionando-lhes convívio e lazer, mas também desenvolvimento cognitivo (aprendizagens, vivências e novas experiências), por forma a sentirem-se ainda úteis e capazes de interagirem em atividades relacionais e sócio-culturais. (2) Garantir que os conhecimentos adquiridos através das matérias ministradas e de outras aprendizagens, sirvam de elemento aculturador, proporcionando ao discente, de forma descomprometida, uma melhor perceção entre realidades distintas (o passado e o presente) que, se pretende, proporcionem um abrir de novos horizontes nos seus conhecimentos, quiçá, ainda muito úteis na sua interação social (voluntariado) e/ou empresarial ou profissional, através dos conhecimentos adquiridos. (3) A promoção de atividades extracurriculares, nomeadamente: - Sempre que se justifique, a apresentação de «factos rele-
vantes da semana» em uma disciplina de Ciências Sociais e Humanas, para discussão em aula, promovendo o gosto pela informação e pela comunicação, desenvolvendo a capacidade analítica e o espírito crítico; - Projeção de vídeos temáticos sobre matérias a lecionar; - Efetivação de visitas de estudo; - Realização de palestras, no decorrer do ano letivo, com divulgação das temáticas e os respetivos palestrantes. Reflexão: Os módulos de “formação sénior”, devem em qualquer área, ser descomplicados, simplificando-se pormenores, tornando-os acessíveis à compreensão, focando-se nos seus pontos essenciais. O que deveria acontecer seria, no meu ponto de vista, uma aprendizagem informal/participativa, mas competencial por estruturalmente formativa (diapositivos com desenvolvimento das matérias), dado o públicoalvo, e pelas razões já aludidas. A opção pela aprendizagem competencial por estruturalmen-
te formativa, deve-se primordialmente a dois fatores de ponderação: I. Porque penso que não faz qualquer sentido uma U/C onde não se plasme o conhecimento possível, visando a perfeita consonância, que deve existir, entre os conteúdos programáticos e os objetivos específicos e gerais, acima propostos. II. Também, pelo facto de ter plena consciência das capacidades cognitivas ainda latentes nos alunos (neste ciclo de vida), alicerçado nas inscrições efetuadas nas diferentes U/C’s e nos diversos estabelecimentos, pois se o fizeram, foi por alguma razão: curiosidade pelas matérias, pela socialização proporcionada, mas também e naturalmente, com o objetivo de obtenção de mais-valias a nível pessoal, com a aquisição de mais conhecimento e, consequentemente, o incremento da sua cultura geral. Antevisão (O futuro das US’s): Antevejo relativamente ao que denomino de “ensino sénior” levado a cabo nestas Instituições, porque tenho a perceção de que será, nas próximas décadas (futuro mais ou menos longínquo), um ensino bem mais exigente, dado o surgimento de uma população sénior cada vez mais jovem e escolarizada e, por consequência, mais atenta e ávida de conhecimento, não procurando nestas instituições apenas a ocupação, a satisfação relacional, social e lúdica, mas algo mais, que tenha a ver com a satisfação do seu intelecto. Dada a premissa, penso que, novas respostas terão de ser dadas no futuro, mais ou menos próximo, pelo que antevejo, a efetivação de parcerias com as Universidades tradicionais (UT), visando o seguinte: 1) Criação do estatuto do pro-
fessor do ensino sénior (reconhecimento oficial da função); 2) Criação e ministração de curso de formação de professor do ensino sénior devidamente certificado e acreditado (capacitação para a função e sua credibilização); 3) Apoio à conceção de U/C’s (certificadas e acreditadas) com módulos e seus conteúdos programáticos, a lecionar à população sénior, contextualizados nas especificidades da envolvência em que se insere cada Universidade Sénior e, do interesse manifesto dos discentes; 4) Propor e/ou apoiar iniciativas das Universidades Seniores (US), nomeadamente na disponibilização de temáticas e oradores para palestras, entre outras atividades que requeiram o apoio da parceria, designadamente em visitas de estudo e/ou em projetos de diversa ordem e de significativo alcance, objetivando a melhoria do envelhecimento ativo e saudável da população sénior. Nota: Procurei no site da RUTIS e em alguns sites de outras Universidades seniores, e não encontrei nada, quanto ao Estatuto do Professor do Ensino Sénior, diz respeito. Em sequência da reflexão/antevisão admito também que, em um futuro próximo, com a introdução de UC’s devidamente certificadas e acreditadas, deverá existir a possibilidade da emissão de “certificados com notação”, desde que, no início de cada ano letivo o(s) aluno(s) interessado(s) nessa situação manifeste(m) esse desejo (escolha livre) ficando naturalmente sujeito(s) a avaliação(ções) (frequências-aferições- e exame final, se necessário), e que se designariam de “diplomas de formação sénior” no âmbito da “Aprendizagem ao Longo da
Augusto Moita Vida” (ALV). Esta nova situação pressuporá a existência de duas classes de alunos seniores, a saber: 1. Participantes; 2. Formandos. Trata-se de uma visão que, em nada interfere com o ensino de formação profissional especializada (on-job training, coaching e/ou formação especializada em contexto de sala de aula) e, muito menos, com o ensino oficial ministrado nas Universidades Tradicionais (licenciaturas, pósgraduações, mestrados e doutoramentos). Como defendo, trata-se de uma visão, de médio/longo prazo, e como tal, naturalmente discutível. 7. Epílogo: - Termino esta crónica com uma pertinente e concludente frase do Prof. Dr. Paulo Mendes Pinto, coordenador da área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona: «Parece que somos cada vez mais incapazes de pensar além do corriqueiro dia-a-dia, do normal e do banal “politicamente correto”, como se o próprio ato de ir mais além no pensamento fosse uma não-necessidade, uma falha, uma irresponsabilidade, até». Pessoalmente recuso a inércia e a banalidade, por isso e enquanto ser pensante, não deixarei de estar atento e de dar a minha opinião/visão sobre todas as matérias que considere relevante. Até à próxima crónica e boas leituras!
Valor Local
Opinião
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O segredo da limpeza ra hoje o Valor Local toca um tema que me diz muito. Aliás, toda a minha vida profissional, quer na Câmara Municipal de Lisboa, quer como Consultor de empresas, foi feita na área do ambiente. Primeiro, nos anos setenta, num conceito mais restrito de ambiente que dizia respeito às águas, águas residuais e resíduos sólidos (vulgo lixo), depois com um âmbito que se foi alargando e expandindo também os meus horizontes, quando as questões ambientais começaram gradualmente a ter uma importância fundamental na qualidade de vida das pessoas e os critérios ambientais se equipararam, em peso, aos critérios técnicos e financeiros na avaliação de qualquer projecto ou iniciativa. Poder-se-á perguntar: porquê, um economista a tratar de questões relacionadas com lixos, limpezas urbanas, espaços verdes, equilíbrio ambiental urbano. Bem, calhou assim. Eu podia ter acabado o meu curso e ter concorrido para um Banco ou uma empresa qualquer, mas o primeiro concurso que se me deparou foi aquele para técnico da Câmara Municipal de Lisboa… Vai daí, quando me apresentei ao serviço, depois de ter ficado em segundo lugar no concurso, salvo erro, espetaram comigo na Estação de Tratamento de Lixos de Lisboa, como “Administrador “ por parte da Câmara. Era eu, nos meus vinte e quatro anos, fresquinho e ingénuo, mais um do Ministério da Agricultura e outro do Trabalho. Em plena época revolucionária Gonçalvista. Provei de tudo: ameaças, greves, protestos, plenários aos fins de semana, chegámos a ficar reféns vinte e quatro horas dos trabalhadores, até as entidades oficiais garantirem
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os salários do mês. Mas de tudo, o que recordo com maior intensidade, foi aquele cheiro a podridão que me entrou pelas narinas e encheu os pulmões, o couro da pasta, os cabelos e o fatinho com que me apresentei em Beirolas – a Estação era precisamente onde hoje é o
Meo Arena, numa imensidão de lodos, canaviais e montanhas de lixo a apodrecer e a deitar para o ar um cheiro pestilento que era um misto de ovos podres e azeite rançoso. Depois saí de lá e fui subindo na hierarquia Municipal até o Engenheiro Nuno Abecasis me no-
mear Director Municipal (foi ele, não foi ninguém do P.S….) e passei a responder perante a Câmara por aquilo tudo e muitas mais coisas. Uma das preocupações que sempre tive foi a de tomar contacto e conhecimento com a prática das grandes cidades europeias nesta
área – por isso viajei muito e diga-se em abono da verdade que a Câmara de Lisboa nunca levantou obstáculos a esta minha ânsia de conhecimento. Tive a oportunidade de ver como é que o Poder Local se organizava para desenvolver todo um conjunto de operações complexas que tinham que ver com a necessidade de uma grande metrópole se livrar quotidianamente, deixando o menor rasto possível, dos despojos do dia a dia dos seus cidadãos. Concluí que as operações eram sensivelmente as mesmas, com meios mais ou menos requintados conforme o desafogo financeiro do País ou do Município em questão. Mas aprendi duas coisas fundamentais, que têm que ver também com o conceito de cidadania que temos e com a nossa atitude perante o espaço comum – a rua, o jardim, o meio urbano. Primeiro constatei a grande diferença entre a atitude dos cidadãos do norte e do sul da Europa. Enquanto que para os cidadãos do norte da Europa – Dinamarca, Finlândia, Alemanha – a rua é uma continuação da sua casa, para os cidadãos do sul a casa acaba à porta de entrada (ou de saída) e o espaço público é responsabilidade Deles (deles, do Poder Local, do Governo, seja de quem for, menos de cada um de nós). Por isso, naqueles países, a responsabilidade pela manutenção da limpeza da rua (não estou a falar da remoção de lixos) é de quem mora nela. Os condomínios de cada lado da rua eram obrigados a manter limpa a faixa de espaço frente ao seu prédio ou moradia até ao eixo da via. Nós, povos do Sul, não : se fôr possível, atiramos pela janela de casa ou do carro tudo o que nos vem à
Joaquim Ramos mão. A rua é com Eles, nós não temos nada com isso, ora essa, para que servem os nossos impostos? A segunda coisa que aprendi é que não havia forma de mudar esta atitude no espaço duma geração. Tem que se começar muito antes, na escola, a ensinar e promover uma atitude face ao ambiente urbano que conduza a uma mudança de atitude. Todos os países ditos “civilizados” tinham a então chamada Educação Sanitária ou Ambiental nas escolas ou instituições vocacionadas para o efeito. Foi por isso, e com muito orgulho o posso afirmar, que a Câmara Municipal de Lisboa foi pioneira na criação duma série de programas de Educação Ambiental e intervenção nas escolas e na Sociedade em geral que, mais tarde, se estenderam a todo o País e à generalidade dos Municípios. É que no fundo, a questão da limpeza urbana reduz-se a uma questão muito simples. Não há qualquer hipótese de um Município ter atrás de cada cidadão um trabalhador de vassoura e pá na mão. O segredo é não sujar. E para isso, temos que ter para com o espaço público a mesma atitude que temos para com o nosso pátio ou quintal – é nosso, é para preservar, não é para estragar!
A Situação Jurídica da Tauromaquia em Portugal ctualmente, no nosso País, os espectáculos taurinos têm de facto uma particular e reconhecida importância, não só a nível artístico-cultural como também a nível económico, marcando aquilo que é a cultura mais profunda e tradicional de muitas regiões do nosso País. Esse é um dos motivos pelo qual, este tipo de espectáculos merece um enquadramento jurídico peculiar que difere substancialmente de outro tipo de espectáculos da mesma índole. Na área da Tauromaquia, é a Inspeção-Geral das Actividades Culturais, vulgarmente denominada de “IGAC”, que tem a com-
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petência tripartida entre assegurar o exercício da actividade tauromáquica em Portugal continental, com especial particularidade nos domínios do licenciamento, fiscalização e direcção dos espectáculos. Em termos legislativos, e no que respeita a eventos de cariz tauromáquico, é de salientar o ano de 2014, em que foram elaborados e publicados dois documentos legislativos que vieram regular alguns sectores deste mesmo tipo de espectáculos. Temos, por um lado, o Decreto-Lei n.º 23/2014, de 14 de Fevereiro que veio implementar um novo regime de funcionamento dos es-
pectáculos de natureza artística e de instalação e fiscalização dos recintos fixos destinados à sua realização, bem como o regime de classificação de espectáculos de natureza artística e de divertimentos públicos, por outro e com dimensão especialmente relevante para esta actividade, o novo Regulamento do Espectáculo Tauromáquico (RET) que foi aprovado, em anexo, ao Decreto-Lei nº 89/2014, de 11 de Junho tendo entrado em vigor no dia 12 de Agosto de 2014 e quem vem reconhecer a actividade como “parte integrante do património da cultura popular portuguesa”, uma actividade cuja “im-
portância (...) está traduzida no número significativo de espectadores que assistem a este tipo de espectáculos”, citando a introdução do diploma. Este novo regulamento prevê outras pequenas alterações na legislação anterior, sobretudo de carácter prático. Entre as alterações mais significativas está o facto de as reses que tenham como destino o consumo humano terem de ser abatidas num período máximo de cinco horas após o final de cada evento. Uma questão importante e que não estava considerada na regulamentação anterior que contava com uma vigência superior a 20
anos. Posteriormente, já no ano de 2015, foi publicada a Lei n.º 31/2015, de 23 de Abril que estabelece o regime de acesso e exercício da actividade de artista tauromáquico e de auxiliar de espectáculo tauromáquico e neste mesmo ano, foi publicada a Portaria n.º 249/2015, de 18 de Agosto que regulamenta o seguro de acidentes pessoais dos artistas tauromáquicos e o seguro de responsabilidade civil do promotor do espectáculo. São estes os principais instrumentos legislativos e que enquadram os espectáculos tauromáquicos legalmente, onde se pode
Gonçalo Mesquita Ferreira concluir que os mesmos obedecem a um regime bastante densificado e complexo, fazendo com que toda esta regulação se reflicta naquilo que é a preservação da integridade não só a nível infra-estrutural como de todos os intervenientes, desde os espectadores ao próprio bem-estar animal, e em todos os períodos do espectáculo.
Ambiente
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Valor Local
Governo dá luz verde aos projetos ribeirinhos de Azambuja ¢ Miguel A. Rodrigues secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, já garantiu à Câmara Municipal de Azambuja que está empenhado em ajudar a resolver o problema do Palácio das Obras Novas, do Esteiro e da Praia da Casa Branca, como de resto já tinha adiantado em visita ao concelho neste verão, mas abre nesta altura mais algumas portas quanto ao sonho da autarquia em revitalizar as zonas ribeirinhas de Azambuja, falando mesmo em fundos comunitários no que respeita à recuperação da Casa Branca. A CCDR vai ainda notificar a empresa que procede à extração de inertes perto da aldeia avieira da Palhota no sentido de retirar os batelões que ali se encontram. Segundo informação do próprio secretário de Estado, já caducou a licença desta empresa. A informação, adiantada em primeira mão ao nosso jornal por Luís de Sousa, foi avançada dias antes pelo gabinete do secretário de
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Estado ao presidente da Câmara de Azambuja. O projeto da Casa Branca pode beneficiar de outro mais vasto e mais abrangente nomeadamente
entre Lisboa e Azambuja, já que o município alfacinha está a estudar o desenvolvimento de um projeto em toda a margem norte do Tejo. O projeto que abrange a
eventual construção de um porto fluvial para servir a Plataforma Logística da Castanheira do Ribatejo, será assim alargado a Azambuja, dado que inicialmente ficaria
Zona do esteiro poderá surgir de cara lavada
apenas por aquela localidade do concelho de Vila Franca de Xira Já quanto ao Palácio das Obras Novas: mudou de proprietário da CCDR para a ARHTejo em 2008, todavia o facto de as cadernetas prediais ainda não terem sido atualizadas para a nova entidade, poderá prolongar a possível recuperação do imóvel. Luís de Sousa salienta, entretanto, ao Valor Local que o Secretário de Estado Carlos Martins está sensível ao facto de muitos empresários desistirem de fazer algo no espaço devido à morosidade do processo. Assim, o autarca salienta que Carlos Martins garante que a sua secretaria de Estado no caso de o município manifestar interesse na aquisição do palácio, “não emitirá uma posição desfavorável para a transmissão do imóvel para o município”. Luís de Sousa refere que com esta informação “há uma nova luz ao fundo do túnel. Já dá para a Câmara pensar no que pode fazer ali. Nomeadamente a sua con-
cessão”. No que toca à recuperação da vala do esteiro, o município já está a ultimar uma candidatura nesse sentido. Também aqui, o município conta com o apoio da secretaria de estado do Ambiente, sendo que “a ARH está disponível para reunir connosco”, salienta o autarca que lembra que já tem a autorização daquela entidade. Ao Valor Local, Luís de Sousa anuncia que o projeto em causa contempla a revitalização das margens e do leito, bem como a construção de uma eclusa perto da ponte. Ainda no esteiro, está previsto um novo muro perto da estação, já que o atual está a precisar de obras, juntando-se a este projeto um bar com uma esplanada flutuante. Estes são projetos que não têm ainda data de construção, mas Luís de Sousa garante que o município e os seus técnicos estão a trabalhar para que estejam prontos o mais rapidamente possível.
CRASM no Montejunto
Mais de 220 animais recuperados Centro para a Recuperação de Animais Selvagens de Montejunto (CRASM) é um projeto de um grupo de cidadãos da freguesia do Vilar, Cadaval, em conjunto com a Quercus, e faz parte da Rede Nacional de Centros de Recuperação do Instituto da Natureza e da Biodiversidade. Os voluntários têm como missão tratar os animais debilitados ou feridos, que depois de avaliados, poderão ou não ser devolvidos à natureza. Até à data, o CRASM já recebeu cerca de 800 animais, dos quais mais de 220 foram recuperados e libertados na vida selvagem Segundo Brizelinda Marques, voluntária, a maioria dos animais recuperados correspondem a
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águias de asa redonda, bufos, corujas, raposas, aves aquáticas, encaminhadas para este grupo através do SEPNA da GNR. No local onde o grupo tem a sua sede, na aldeia da Tojeira, no sopé da serra, um veterinário também colabora no tratamento dos casos que vão surgindo, “o qual nos dá apoio através de cuidados como pequenas intervenções cirúrgicas e exames”. Posteriormente, os animais permanecem nas instalações do Centro, em câmaras de maiores dimensões ou mesmo em longos espaços chamados túneis de voo, para recuperarem a sua condição física e reaprenderem os mecanismos de sobrevivência em estado selvagem. Depois disso, a
serra pode ser o destino, “ou qualquer outro local, onde os animais se enquadrem”. Este centro foi criado em 2007, sendo que ao longo dos anos os voluntários constatam que determinadas espécies vão-se tornando cada vez mais raras. Há menos corvos, embora ainda se avistem muitas gralhas, mas também não predominam nem os grifos, nem os gatos selvagens; ou se quisermos os furões, ao contrário de antigamente. A atividade da caça é também das que mais penaliza a sobrevivência dos animais - “Aparecem-nos muitos animais chumbados como os peneireiros e as águias”. O CRASM funciona dependente
de doações de particulares e empresas. Recentemente na Festa das Adiafas que teve lugar no Cadaval, o grupo vendeu potes de mel tendo em vista angariar verbas para o centro. Alguns beneméritos também vão contribuindo como uma empresa que tem vindo a fornecer aparas para os animais, ou um aviário local que fornece alimentação. A Câmara apoia logisticamente. Quem o desejar pode contribuir para a conservação dos animais selvagens através da entrega de animais feridos ou debilitados; apadrinhar animais em recuperação; doar materiais ou equipamentos úteis; ou integrar voluntariamente a equipa.
Brizelinda Marques é uma das voluntárias no CRASM
Benavente
Praga de jacintos no Sorraia Câmara de Benavente está preocupada com a praga de jacintos que invadiu nas últimas semanas o rio Sorraia. O Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) esteve no concelho para verificar a situação. O quadro em questão segundo o presidente da autarquia, Carlos Coutinho, (explicado durante uma das últimas reuniões de Câmara)“foi potenciado pelas condições climatéricas e pelo facto de, no último ano, não ter havido gea-
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das com a dimensão e amplitude que pudessem, de alguma forma, controlar aquela espécie invasora”, introduzida em Portugal a partir da América do Sul e cuja propagação ocorre, apenas, pelo desenvolvimento da espécie fêmea, que se multiplica pelo seu raizame. É, também referido pelo presidente da Câmara que a acontecer uma atuação no sentido de debelar esta espécie invasora deve ter lugar no período de inverno, quando o rio tem mais correntes e as condições
para o desenvolvimento dos jacintos são menos propícias. Poderá no curto a médio prazo existir uma intervenção articulada entre os diversos municípios, para que seja, também, feita limpeza a montante do rio, num horizonte temporal de três anos. Para já e tendo em conta o compromisso que a Câmara Municipal tinha assumido com a secção de pesca desportiva do Grupo Desportivo de Benavente, e em articulação com a associação de regan-
tes, foi feita a limpeza dum pequeno troço do rio onde se realizou a prova desportiva que estava agendada. Coutinho observa que “o imenso volume de jacintos que foi recolhido naquele troço é, realmente, alarmante”, embora seja dito pelos técnicos do ICNF que 90 por cento da planta é água e que a sua volumetria se reduz facilmente. A Câmara Municipal assumiu o compromisso de fazer a limpeza dos jacintos e de outra vegetação na frente urbana de Benavente.
Município preocupado com a proliferação desta espécie
Valor Local
Instantâneos
Carta ao Director
uriosos os comentários que a publicação de um artigo do jornal Valor Local sobre o colóquio, Pró TauromaC quia – Uma luta pela Liberdade, suscitou junto dos anti-taurinos. É desde logo curioso a atenção dada no Norte a um Jornal local, do Vale do Tejo, ao debruçar-se sobre um tema taurino. É bom sinal os anti-taurinos preocuparem-se sobre o que nós vamos fazendo. Referir a tauromaquia como uma suposta tradição espanhola define bem a ignorância de quem faz tal afirmação, é sabido, no entanto como a ignorância é atrevida. A tauromaquia é um traço cultural dos povos mediterrânicos – todos eles – cultura essa que é multimilenar e que tem profundas raízes sociológicas e religiosas. Essas práticas tradicionais que ao longo de milénios evoluíram para o que é actualmente a corrida de toiros, tem hoje a expressão que é conhecida na Península Ibérica e no sul de França porque apenas nessas regiões mediterrânicas o uro, ancestral do actual toiro de lide sobreviveu. É pois um disparate referir a tauromaquia como uma tradição espanhola. Aliás, é evidente que Portugal tem uma tauromaquia bem distinta da praticada no Reino vizinho, plagiando-lhe e apenas parcialmente, o toureiro a pé. É evidente que, para os anti-taurinos a perda do “ganha-pão” de muitos milhares de famílias que vivem da Festa de Toiros é absolutamente irrelevante. Como não seria? Afinal, tratasse apenas de seres humanos, aquela espécie animal que os animalistas desejam aniquilar. Talvez, a percentagem em termos de emprego, seja ridícula. As pessoas é que o não são. É totalmente falso que existam verbas de apoio à tauromaquia. O que acontece é que centenas de autarquias, por todo o País, interpretando a vontade legítima da maioria esmagadora dos seus eleitores, como é obrigação de qualquer poder democrático, levam a efeito festejos de cariz tauromáquico que, embora as incluindo, vão muito para além das corridas de toiros formais e que têm fortíssimo impacto económico nas localidades e regiões onde se realizam. Felizmente bem poucos são os autarcas que, como um edil de Viana do Castelo, decidiu autocraticamente, proibir a realização de corridas de toiros na Praça local, extravasando em muito as suas competências legais. Claro que o povo não vai nisso e há corridas na mesma, só que numa Praça desmontável … e com casa cheia. Pelo contrário, as organizações anti-taurinas são financiadas a nível internacional por multinacionais de rações e produtos para animais de companhia e também pela “fundação Franz Weber”, organização alemã mas com sede na Suíça que anualmente despende milhões de euros para combater a tauromaquia. Quem diria que os Suíços, tão ciosos dos seus direitos e das suas liberdades, se iriam arrogar no direito de interferir na liberdade e nas tradições culturais de outros povos? Será que uma arte que tocou profundamente vultos de enorme dimensão cultural como Hemingway ou Vargas Llosa, Goya ou Picasso, George Bizet, Ramalho Ortigão, Orson Wells, Júlio Pomar e tantos, tantos mais pode ser apelidada de passatempo de brutos acéfalos? Não há muito tempo, já após o início do seu Pontificado, o Papa Francisco disse e cito: “ As praças de toiros não têm tectos, porque Deus Pai gosta de ver os toiros”. A todos estes argumentos e a muitos outros que poderia invocar, os anti-taurinos fazem orelhas moucas, recusando-se sequer a raciocinar sobre as questões suscitadas. Repetem à exaustão os mesmos argumentos falaciosos que, em boa verdade, acabam por se resumir a “coitadinho do toiro”. Os anti-taurinos simplesmente NÃO QUEREM corridas de toiros, PORQUE NÃO QUEREM, e para eles o assunto está encerrado. Mas atentemos no fundamental. O colóquio teve o título que teve porque a defesa da tauromaquia É DE FACTO uma luta pela liberdade. Invoca-se o estado de direito mas não se refere que, pela lei vigente, a tauromaquia é considerada uma manifestação cultural portuguesa que nos identifica enquanto Nação. Refere-se o primado da maioria mas escamoteia-se a verdade. Oitenta por cento dos deputados à Assembleia da República defendem a tauromaquia e entendem-na como legítima expressão da Cultura Popular Portuguesa. Cabe aqui referir a opinião de um desses deputados. “Já reparam que são os partidos que nasceram muito depois do 25 de Abril que são contra a tauromaquia … aqueles que não lutaram pela liberdade?” Nós, os taurinos somos a maioria. Que não se destorça a verdade. Qual é o espectáculo que, para além do futebol, congrega tão vastas audiências? Os aficionados que frequentam as Praças de Toiros, ao longo da temporada, ultrapassam o meio milhão e as transmissões televisivas atingem audiências de 700.000 espectadores. E tudo no decurso de uma temporada que se resume à Primavera e ao Verão. Como democratas que somos e respeitadores das liberdades individuais, não pretendemos que os anti-taurinos gostem de festejos tauromáquicos. Pois que não gostem! Não têm é o direito de pretender que nós deixemos de gostar. As primeiras leis, que no Mundo foram publicadas com o intuito de proteger e defender os animais, tiveram origem na Alemanha em meados da década de 30 do século XX. Isso mesmo! No consulado de Hitler que foi o carrasco de milhões de seres humanos e o protagonista de uma guerra que mergulhou o Mundo na maior catástrofe dos tempos modernos. Quem diria que era animalista?! Nós, taurinos, somos os mais acérrimos defensores dos animais, apenas não os confundimos com seres humanos. Muitas da ideias e princípios que têm sido apresentados na Assembleia da Republica têm flagrantes semelhanças com as defendidas pelos nazis. Coincidência? Não! Numa Europa cada vez mais carecida da liderança de verdadeiros estadistas e “amolecida” por uma Paz que, apesar de tudo, já conta 70 anos, são cada dia mais evidentes os sinais de ressurgimento das ideologias que conduziram o mundo à hecatombe de 1939/45. O “animalismo” o “veganismo” e muitos outros radicalismos semelhantes, professados por quem tem do mundo uma visão intolerante e totalitária serão os arautos dos tempos negros que aí virão, se os verdadeiros democratas não se opuserem às activas e ruidosas minorias radicais que tudo fazem para destruir a liberdade. Ah! … E a propósito. Os anti-taurinos são-no porque, se alguma vez conseguissem proibir a tauromaquia, condenariam irremediavelmente à extinção esse belíssimo animal que é o TOIRO BRAVO!
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Tauromaquia Azambujense ¢
António Salema “El Salamanca”
Ana Rita echou a temporada em grandeza nos dias 15 e 16 de Outubro com o corte de mais 8 orelhas. Fixou assim em 25, o número de corridas lidadas em Espanha, tendo no total cortado 50 orelhas e 10 rabos. Pela porta grande saúu 22 vezes. Foram belas tardes, que deixaram um bom ambiente para a época que se avista de 2017 e onde a esperam algumas homenagens, como já deixa antever a imprensa e a blogosfera taurina da nossa vizinha Espanha.
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Rui Jardim streou-se no Sobral de Monte Agraço, na 6.ª Novilhada do II Ciclo Nacional de Novilhadas das Escolas de Toureio do Sobral, o jovem azambujense Rui Jardim. Foi uma lide de êxito, Rui bandarilha bem, é bom na muleta, com um toureio sossegado e com arte. Esperamos que esta nova esperança de Azambuja seja em breve uma certeza. A ele e ao seu mestre, Ernesto Manuel desejamos que tenham muita sorte.
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Parreirita Cigano oda a afición espera pela temporada de 2017 deste jovem mas já grande cavaleiro e herdeiro do conhecido matador com o mesmo nome, que neste 2016 deixou água na boca a todos aqueles que acompanharam o toureio a cavalo em Portugal. Onde será a sua alternativa? Quem será o seu padrinho? Será o seu Mestre Manuel jorge de Oliveira. Perguntas que em breve serão respondidas.
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Lourenço Luzio Azambujense Lourenço Luzio, conhecido diretor de corridas, teve a honra de encerrar a temporada de 2016 na Praça de Toiros do Campo Pequeno e segundo a crítica esteve muito bem. Lourenço Luzio que é aficionado desde que se conhece e foi forcado do grupo de Azambuja durante 17 anos. E terminou assim a temporada de 2016, Mas o El Salamanca continuará a trazer aos leitores do Valor Local histórias do mudo da tauromaquia. Quem quiser matar saudades pode assistir no site do jornal, em www.valorlocal.pt a entrevistas em vídeo a algumas destas figuras. Olé!
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