JORGE GUINLE: BELO CAOS, CURADORIA DE RONALDO BRITO E VANDA KLABIN, 2008

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CRONOLOGIA

Maria Lúcia Boardman Carneiro

Jorge Guinle nasce em Nova York, no dia 14 de março de 1947. Filho da americana Dolores Sherwood Bosshard, de personalidade e temperamento fortes, e do bon-vivant Jorge Eduardo Guinle, descendente de franceses, que fizeram grande fortuna no Brasil, especialmente com a concessão da Companhia Docas de Santos quando é o Brasil o maior exportador mundial de café.

então a copiar todos os artistas da arte moderna... Lembro bem que a cada ano concentravame numa escola da pintura moderna. Aos dez anos comecei com o impressionismo. Aos onze, fauve. Aos doze, cubismo. Aos treze, surrealismo. Aos quatorze, abstracionismo, até os dezesseis com o pop art, estilo dominante da época. (Daniel Más, Casa Vogue, 1985). Já experimenta, nessa época, o guache e a aquarela.

A família mora no hotel Waldorf Astoria, em Nova York, até fixarem residência no Rio de Janeiro. Aos três meses de idade Jorge chega ao Brasil, onde permanece até os nove anos. Aqui, as portas para a pintura lhe são abertas por uma específica tela: Leitora sobre fundo negro (Liseuse sur fond noir, 1939). Mais precisamente na Granja Comari, em Teresópolis, ao folhear a revista francesa Realités, quando se depara com essa pintura de Matisse, que agrupa elementos de diferentes universos em um espaço homogêneo.

Depois da morte de seu segundo marido, o romeno Georges Litman, Dolores retorna com o filho para Nova York. O convívio com a cultura européia é agora confrontado e enriquecido com a produção artística norte-americana.

Seus pais se separam em 1955, quando eu tinha nove anos e fui morar com mamãe em Paris até os dezoito anos. Conheci o ateliê do Cícero Dias nessa época, pequenininho. Fascinava-me visitar leilões e coleções particulares, lembro-me de uma mansão imensa nos arredores de Paris, onde vi pela primeira vez telas surrealistas, que me deixaram bastante impressionado. (Daniel Más, Casa Vogue, 1985) Freqüenta entre 1958 e 1962, em regime de internato, a École des Roches, tradicional escola particular na Normandia. Em seu tempo livre em Paris, percorre museus e galerias com assiduidade e mantém estreito contato com o cinema, o teatro e a literatura. A partir daí comecei

Ao voltar para o Rio de Janeiro, em 1965, fica aos cuidados dos avós paternos, Gilda e Carlos Guinle, na rua Tucumã, onde faz de seu quarto ateliê: Quando voltei a morar no Brasil, vim residir com meus avós, no triplex do Flamengo. Pintava no meu quarto, sujava tudo, tapetes, cortinas. Então, meu avô mandou construir um galpão onde eu passava as tardes pintando com meus amigos... Adriano e Ângelo de Aquino. A gente pintava e ficava ouvindo disco de jazz, ou a Rádio Tamoio, que anunciava as músicas com diferentes cores. (Em As paredes da Casa Vogue). No Brasil, pinta seus primeiros óleos: Jazz e Paint (1965 e 1967). Ainda em 1965, mostra alguns trabalhos em exposição organizada pela amiga Ruth Almeida Prado, na galeria do hotel da família, o Copacabana Palace. Nesse período conhece no curso clássico do Liceu Franco-Brasileiro, em Laranjeiras, o crítico de arte Ronaldo Brito, com quem manterá amizade até a morte.


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