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Samanta Aquino
CABUL – 2021
Por que o ódio tranca as casas? Por que o terror mancha este solo Que é tão sagrado, materno? Por que as janelas não esperam mais o ar Fresco e sensível da tarde?
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Por que tantos rebeldes buscam em nome De um deus – ídolo – seguidor, Impor a maldade mascarada de religiosidade? Instaurar a crueldade no lugar da liberdade? Por que nós mulheres sofremos tanto? Que ideais são esses onde o ser mais divino Não é respeitado e sim, covardemente, Maltratado, humilhado, assassinado? Onde está escrito que por nascermos mulheres Erramos, pecamos? Onde está decretado que não sentimos desejo, Não sonhamos, não podemos ser independentes? Por que temos que nos render A quem não ama esta pátria? Pois a pátria somos nós, Seres que a constrói e cuida.
Por que não podemos nos reconfortar De sermos donos dos nossos quereres? Por que temos que obedecer aos desmandos De quem nos tira a brandura dos passos, A segurança dos nossos lares, A vitalidade dos nossos olhares? Cabul, sim, as pipas vão voltar A colorir os céus, os corações. Cabul, as crianças e jovens vão voltar A serem livres para estudar. Calma, essa tempestade vai passar! Nunca vi um rei viver eternamente, Um tirano ser amado verdadeiramente.
Nunca vi as sementes do terror florescerem, Pois quem merece perfume, beleza, São os que lutam pela justiça E trazem bondade no peito. Cabul, não chora, não se desespera, Agora tudo é névoa, incerteza, Contudo, não mate a esperança, a confiança De uma nova história, Que no horizonte vai nascer.