Versátil Magazine 11

Page 1

Ano 2 • Edição 11 • Ago/Set 09 • Para os melhores leitores.

Veículos

Tesla Educação Ambiental

Políticas Públicas

Cidadania

Design e Acessibilidade

1


2


SUMÁRIO

06 Nosso Bairro 22 Veículos Parque da Previdência

Tesla

08 Educação Educação Ambiental

10 Games The Saboteur

24 Cidadania Design e acessibilidade

26 Meio Ambiente Quanto custa uma casa?

12 Pet 28 Gastronomia Cães-guia

29 Vinhos 14 Saúde Lesões?

30 Mix Cultural

16 Turismo 36 Perfil Águas de Lindóia

Kica de Castro

18 Entrevista Odilon Wagner

38 Diversatilidade Foto: Bruno Thomaz


EDITORIAL

SEJA VERSÁTIL!

Expediente Diretor Edgar Kage

Olá amigos, A Versátil Magazine contempla seus leitores com artigos originais de colaboradores que vêm enriquecendo nosso veículo. E também traz inovações em suas edições, como a nova parceria estabelecida com a Rádio USP FM 93,7. A revista tem sido anunciada durante a programação diária da rádio, levando a marca da nossa empresa, dos nossos parceiros e anunciantes para todo o estado de São Paulo. Fazemos questão de dividir esta conquista com todos os leitores que prestigiam nosso trabalho, colaborando, assim, com o desenvolvimento da Revista. O entrevistado desta edição é o ator Odilon Wagner que, atualmente, representa um vilão na novela Caminho das Índias, da Rede Globo. Mas, cá entre nós, de vilão, ele não tem nada. Ele desenvolve um trabalho extremamente importante em prol da comunidade artística, presidindo a Associação de Produtores Teatrais Independentes. Seguidor da doutrina espírita, kardecista, realiza palestras, entre outras atividades relacionadas ao bem estar dos freqüentadores do Grupo Socorrista de Castelã, centro espírita da Zona Oeste de São Paulo. Acima de tudo, Odilon Wagner acredita na força do próprio trabalho e na capacidade existente em cada ser humano de buscar uma sociedade menos egoísta, menos preconceituosa, e mais solidária. Questões sobre meio ambiente, sempre presentes, percorreram várias seções da revista. De automóvel elétrico, construções sustentáveis e casas ecológicas, até uma “aula” sobre educação ambiental com a professora Mary Lobbas, Secretária Executiva do Conselho Municipal da Secretaria do Verde e Meio Ambiente. Nesta edição, abordamos também um assunto de enorme relevância para a construção da cidadania: meios de inclusão das pessoas portadoras de deficiência na comunidade. Conheceremos, na seção Perfil, um pouco da trajetória da publicitária Kica de Castro, em sua agência de modelos portadores de deficiência ou amputados. E vejam, na seção Pets, como a vida dos deficientes visuais pode tornar-se bem mais simples com a ajuda de um amigo muito especial, o cão-guia. Nossa equipe também saiu pelas ruas da região para oferecer a você, leitor, um Mix Cultural bastante variado, para todos os gostos, todos os estilos de vida, com dicas de lazer, peças teatrais e filmes para tornar a sua vida mais divertida. E leve, como ela deve ser! Até a próxima!

Versátil Magazine: para os melhores leitores!

Redação Cláudia Liba redacao@revistaversatil.com.br Jornalista Responsável Silvia Dutra – MTb 15.479 silviadonadoida@gmail.com www.causosdavidalheia.zip.net Diagramação ED+ Comunicação Revisão Valéria Diniz dinizvaleria@yahoo.com.br Comercial comercial@revistaversatil.com.br Colaboradores Adelino Varella, Beatriz Nogueira, Bruno Thomaz, Celso dos Santos Filho, Eduardo Assunção, João Valério, Luciana Mariano, Marcelo Brandt Matsumoto, Marilia Coutinho, Maria Martha Nader, Nancy Otsuki, Paula Carvalho, Ricardo Franco Barbosa. Agradecimento Livraria da Vila Agradecimento Especial Odilon Wagner Foto da Capa Bruno Thomaz www.brunofotos.com Pré-Impressão, Impressão e Acabamento Doron Central de Compras Assessoria Jurídica MM Advogados Tel.: (11) 3294-0800 Distribuição nas regiões do Butantã, Vl. Indiana, Jd. Rizzo, Vl. Gomes, Jd. Bonfiglioli, Morumbi, Vl. Sônia, Jd. Guedala, Vl. São Francisco e Pq. dos Príncipes. Tiragem 20.000 exemplares Versátil Magazine é uma publicação bimestral, distribuída gratuitamente e não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação fornecida, bem como pelas opiniões emitidas nesta edição. Todos os preços e informações apresentados em anúncios publicitários são de total responsabilidade de seus respectivos anunciantes, e estão sujeitos a alterações sem prévio aviso. É proibida a reprodução parcial ou total de textos e imagens publicados sem prévia autorização.

Para Anunciar: (11) 3798.8135 comercial@revistaversatil.com.br www.revistaversatil.com.br

4



NOSSO BAIRRO

Por Beatriz Nogueira Fotos: Edgar Kage

PARQUE DA PREVIDÊNCIA Certamente, você já passou por ele e nem se deu conta de que estava bem ao lado de um lugar de grande biodiversidade.

S

tress, trânsito parado na Raposo Tavares, que tal tentar dar uma olhadinha mais atenta e demorada para a paisagem verde ao lado da loucura urbana? Melhor ainda: se possível, num dia desses, entre, caminhe, relaxe. Você estará, simplesmente, conhecendo um pedacinho da Mata Atlântica! Bem, agora você já sabe. O Parque Previdência, cenário deste Nosso Bairro, é um belo espaço, que se renova dia a dia, garantindo ótimos passeios – especialmente para nós, seus vizinhos moradores do Butantã. A região foi adquirida, em 1950, pelo Instituto de Previdência do Estado de São Paulo e a fundação do Parque deu-se há vinte anos. Até 1968, parte do local transferido à Prefeitura funcionava como um reservatório de água, abastecendo o bairro. Hoje, são 91.500 m2 de área com vegetação remanescente da Mata Atlântica. Passear, por exemplo, pela Trilha do Jequitibá leva os visitantes a uma pequena aventura em meio à riquíssima biodiversidade. Muitas árvores, arbustos, cipós e musgos chamam a atenção. Sem falar na beleza de “epífitas” como as bromélias e as orquídeas. Em geral, as árvores possuem placas indicando o nome específico e o nome popularmente conhecido. Jequitibá, cedro, jacarandá-paulista, embaúba, o pau-jacaré e o tapiá-guaçu são algumas delas. A administradora do Parque, Ariela Bank Setti, informa: “Realizamos algumas atividades de educação ambiental que devem ser agendadas previamente por e-mail. Fazemos trilhas monitoradas e algumas oficinas como sabão ecológico e papel reciclado. Temos também uma composteira e explicamos seu processo durante a visitação das escolas”. O Parque, muito bem cuidado, tem até um plano de manejo. Em 2007, foram plantadas mudas, cujo desenvolvimento é acompanhado de perto por técnicos. Ariela afirma: “Em relação ao plantio, sempre escolhemos espécies de Mata Atlântica, que são características da mata original. Entre tais espécies temos o jequitibá, o palmito, a pitanga, o pau-jacaré e o guapuruvu”. A área também oferece pontos de reciclagem de lixo, de coleta de óleo de cozinha e de pilhas. Visitando o Parque Previdência, o público tem a oportunidade de conhecer seu centro de educação ambiental e um dos CECCO (Centro de Convivência da Secretaria da Saúde), que realizam oficinas e atividades diversas durante a semana (curso sobre orquídeas, yoga, tai-chi). Banheiros e vagas de estacionamento são bastante acessíveis. O que ainda não existe são rampas de acesso unindo os dois patamares da área. Descubra, aproveite o que o nosso bairro tem de melhor!

6

Parque da Previdência Rua Pedro Peccinini, 88 – Jd. Previdência Informações: 11 3721-8951 parque.previdencia@yahoo.com.br



EDUCAÇÃO

Foto: Divulgação

OS CONSELHOS DE MEIO AMBIENTE E A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

H

individualidade envolvida à coletividade. É desse tipo de oristoricamente, no Brasil, não há registros de procesganização que se podem alcançar autonomias participativas sos significativos de participação social na discussão e decisivas em relação ao já constituído. Já existem órgãos de problemas comuns, nas deliberações de alcance legais auxiliando a interferência da sociedade em decisões geral ou nas formas mais simples de atuação política e soligadas ao meio ambiente. cial. Nosso país desenvolveu-se através de um modelo paternalista, em que a sociedade transfere responsaOs Conselhos de Meio Ambiente, instituídos na Constituição Federal de 1988, permitem a parbilidades às classes dominantes e às oligarquias locais. Resquícios deste modelo existem até ticipação da sociedade em políticas públicas A educação sobre o Meio Ambiente. São abertos à forhoje. A história da militância política brasileiambiental permite o mulação e à proposição de diretrizes, esra reafirma a manutenção das oligarquias, entendimento da comple- tratégias, meios, prioridades de atuação, distanciando-se de ações objetivas para a solução dos problemas coletivos. xidade do meio ambiente em avaliação de ações e negociações quanto à Mas, nos últimos 20 anos, surgiram preoseus aspectos biológicos, fí- aplicação de recursos financeiros em favor cupações com ações políticas e sociais, oridos interesses e necessidades dos diversos sicos, sócio-econômicos segmentos sociais. ginadas por movimentos que influenciaram e culturais A legislação brasileira em relação ao meio a reflexão sobre os possíveis rumos do país. ambiente demonstra, invariavelmente, caráter São fatos inegáveis, hoje, a existência de canais de participação ativos e a descoberta do valor de ser pontual e fragmentário. Somente com a Lei Federal n.º 6.938/81 surgiu a Política Nacional do Meio Ambiente, com cidadão, exercendo direitos e deveres em direção à construção e à viabilização de um futuro diferente. Nesse cenário, a criação do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente), incorporando aspectos naturais, sócio-políticos e técniconasceu a concepção da cidadania ambiental. Fundamentada na Constituição Federal de 1988, tornou-se efetivamente científicos. A mesma lei prevê, em níveis federal, estadual e municipal, a criação de órgãos colegiados – Conselhos de discutida pela literatura especializada. Sua realização requer

8


EDUCAÇÃO

Meio ambiente através dos quais a sociedade civil discute problemas e soluções para a questão ambiental. No município de São Paulo, em 1993, a Lei Municipal nº 11.426 criou o CADES (Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) e a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. Dentre suas atribuições, destaca-se a formulação da política de proteção ao meio ambiente, à luz do conceito de desenvolvimento sustentável, através de recomendações e proposições de planos, programas e projetos. Em 2007, ampliando a participação da sociedade civil junto às subprefeituras, surgiu o Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz (inicialmente por meio de Portaria). A lei 14.887/09 de 15 de janeiro de 2009 (artigo 52) ratifica os termos da Portaria mencionada, totalizando 31 Conselhos Regionais no Município de São Paulo. Possui caráter participativo e consultivo constituindose de oito representantes do executivo e oito representantes eleitos entre os

cidadãos pertencentes à sua respectiva região de atuação. Dentre as principais atribuições dos Conselhos Regionais destacam-se: • Colaborar na formulação da Política Municipal de Proteção ao Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz, por meio de recomendações e proposições de planos, programas e projetos ao CADES, às Subprefeituras, à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, à Secretaria Especial de Participação e Parceria e à Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação; • Promover a participação social em todas as atividades das Subprefeituras relacionadas à proteção ao meio ambiente, à promoção do desenvolvimento sustentável e cultura de paz; Os conselheiros são escolhidos pelos cidadãos eleitos em Conferências Regionais de cada Subprefeitura, com a colaboração da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, da Secretaria Especial para Participação e Parceria e da Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação.

Finalmente, a educação ambiental permite o entendimento da complexidade do meio ambiente em seus aspectos biológicos, físicos, sócio-econômicos e culturais. Resultam desse processo aquisições de conhecimentos, de habilidades, de valores e de mudanças comportamentais, através da participação responsável, da prevenção e da solução dos problemas ambientais. Alcançam-se resultados da participação da sociedade à medida que instrumentos como os Conselhos Regionais de Meio Ambiente proporcionam à sociedade civil organizada a participação em deliberações sobre assuntos que a afetam. Desta forma, alcança-se legitimidade do processo e melhoria da qualidade de vida.

Mary Lobas de Castro é Secretária Executiva do Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Mestre em Educação, Arte e História da Cultura e Professora da UMC Universidade de Mogi das Cruzes

Sem taxa de Matrícula


GAMES

Divulgação

Persiga o inimigo, lute, escale prédios e corra pelas ruas de Paris!

T

he Saboteuer chegará às lojas em dezembro, contando a história de Sean Devlin, piloto de automóvel que viveu na França, nos anos 40, época em que os nazistas ocupavam o país. Sean lutava pelas ruas de Paris, movido pelo desejo de vingança, amparado pela Resistência Francesa e pela Inteligência Britânica. O jogo, reconhecido pela crítica especializada, traz um estilo artístico original, enredo dramático e muita ação. Recebeu vários prêmios, como Melhor da E3 2009 da categoria Design Artístico entre os jogos de Xbox360 pela Web site IGN.com. Josh Resnick, presidente da Pandemic Studios, afirma: “The Saboteur é uma experiência completamente diferente de jogos da Segunda Guerra. Em vez de colocar os jogadores no papel de um soldado, eles vão vivenciar a jornada de um homem em busca da vingança, através de um incrível enredo e muita ação explosiva. Cada rua de Paris apresenta inúmeras possibilidades, e todos os quarteirões estão repletos de ação”. Na história, a sensualidade das mulheres e o estilo épico e dramático conduzem o jogador a uma experiência de vingança

10

em relação aos inimigos que tentaram matar Sean. Com trens descarrilados, dirigíveis incendiados ou escaladas nos monumentos famosos de Paris, o herói utiliza armas, explosivos e veículos para completar sua missão. Os parisienses sentem-se amparados e fortalecidos a cada inimigo derrotado por Sean, que combate o Terceiro Reich com todas as suas forças. A mecânica do jogo – denominada Will to Fight (Vontade de Lutar) - e a forma das lutas transformam a cidade oprimida em um lugar brilhante e inspirador, em que os cidadãos reagem contra a tirania. A cada ato de sabotagem contra as forças nazistas, a cor das imagens passa a preto e branco. Outro aspecto interessante é o fato da história levar o jogador a várias partes da França. The Saboteur é compatível com PLAYSTATION3 e Xbox360, para PC. O Ministério da Justiça ainda não informou sua classificação etária. Mais informações nos sites www.ea.com.br e www.twitter.com/pandemicstudios (com as últimas informações da equipe de produção).



PET

Por Cláudia Liba Foto: Divulgação

CÃESGUIA: SEM MEDO E SEM PRECONCEITO

Q

uem possui um bicho de estimação conhece de perto a imensa capacidade de retribuição afetiva que possuem. Demonstram seu amor em divertidas brincadeiras, lambidas carinhosas e até na proteção dos que o tratam bem. Observando os chamados cães-guia, encontramos um exemplo mais do que especial e notável de cuidado constante em relação aos donos – no caso, deficientes visuais. O Pastor Alemão, o Golden Retriever e o Labrador, animais extremamente inteligentes, afáveis e de fácil treinamento, são as raças mais adequadas para ajudar os deficientes em suas tarefas diárias. Na maioria dos países, a presença desses animais já não chama mais a atenção das pessoas. Eles fazem parte do cotidiano, circulando em vários locais públicos. E não há dúvida: os cães-guia influenciam muito na inclusão do deficiente visual na sociedade. No Brasil, segundo dados recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) existem 16,6 milhões deficientes visuais e 160 mil pessoas completamente cegas. Contraditoriamente, o número de cães-guia em

12

nosso país é bastante pequeno se comparado ao de outros. Além disso, há poucos centros de treinamento e instrutores específicos para esses animais. Talvez, esses números sejam o reflexo de uma sociedade que ainda está aprendendo a conviver com diferenças. Em 2005, o presidente Luís Inácio Lula da Silva assinou um decreto regulamentando a Lei do Cão-Guia, estabelecendo que portadores de deficiência visual possam frequentar locais públicos acompanhados por eles. Dessa forma, garante o direito de ir e vir sem constrangimentos. Ao encontrarmos um deficiente acompanhado por seu cão-guia, precisamos observar alguns aspectos que facilitam o animal no bom desempenho de suas tarefas. A vontade quase irresistível, por exemplo, de acariciar o cão ou oferecer-lhe alimentos deve ser inibida: o animal, ao distrair-se, pode falhar em suas tarefas, prejudicando o dono que tanto necessita dele. Relacionamos aqui várias tarefas comportamentais aprendidas e cumpridas com extrema eficiência pelos animais:

– manter uma rota direta, em passos firmes, à esquerda e à frente de seu acompanhante; – parar na calçada antes de atravessar ruas; – reconhecer e evitar obstáculos; – parar no pé e no topo de escadas até receber ordem para prosseguir; – levar o acompanhante até botões de elevadores; – ajudar o acompanhante a subir e a movimentar-se no interior de transportes públicos; – deitar em silêncio enquanto o acompanhante estiver sentado; – obedecer a vários comandos verbais. Bem, agora que já sabemos como auxiliar o cão, vejamos algumas dicas simples para auxiliar o portador de deficiência visual da melhor forma possível: sem medos e sem preconceitos! – Quando ele fizer uma pergunta a você, não se antecipe em tocá-lo ou oferecer-lhe o braço: apenas responda, olhando-o diretamente; – Aproxime-se dele sempre pelo lado direito; – Ofereça espaço para que transite com o cão, mas não toque e nem distraia o animal.



SAÚDE

Por: Marilia Coutinho Foto: Divulgação

MEDÃO DE LESÃO

E

m 2007, durante um treino, sofri uma fratura na fíbula. Na hora, ouvi um barulhinho dentro da perna e senti dificuldade em me levantar. Um amigo que treinava comigo olhou e disse: “acho que sei o que aconteceu...”. Respondi: “não sabe, não! foi apenas uma contratura!”. No hospital, ainda vestindo o equipamento de treino, encaminharam-me ao raio-x. “Não foi fratura”, disse ao técnico. Ele me olhou em silêncio, com um ar entre cautela e pena. Quando o médico confirmou ser uma fratura, sugerindo uma cirurgia, tentei arremessar o celular nele. Mas essa lesão não teve maiores consequências; não houve cirurgia e tudo voltou ao normal. No mesmo ano, aconteceu outro acidente: um peso caiu em meu rosto. Depois de me certificar de que os dentes estavam no lugar, disse aos colegas que olhavam em pânico a poça de sangue no chão: “dão ze azuzdem; dariz é azim besbo, buido vazgularizado”. Essa lesão assustou um pouco mais. Fiz tomografia e outros exames, insistindo que “não era nada”. Há um mês, sofri uma lesão em treino, com ruptura total do ligamento anterior cruzado esquerdo e outros problemas. Dessa vez, vendo-me estatelada no chão com amigos dizendo que meu joelho havia quebrado, desabei: “Não! Não quero! Não quero lesão!”. Assim que meu técnico verificou a ausência da fratura, perguntei: “então posso voltar a

14

treinar agora?” Nada disso é novidade para a Psicologia Esportiva. Segundo os psicólogos da área, lesões sempre envolvem, para qualquer atleta, emoções negativas: frustração, medo, revolta, raiva, sensação de impotência, dificuldade para enfrentar riscos, sensação de vulnerabilidade, negação de riscos e negação da realidade. Atletas vêm em todos os formatos, cores, tamanhos e comportamentos. Sou do tipo que primeiro nega, “foi apenas uma contratura”, depois minimiza, “não é tão grave assim” e, finalmente, peita. Tudo tão pouco realista assim como a reação de excesso de vulnerabilidade, medo ou de dificuldade subsequente para enfrentar riscos. A lesão é um episódio que compromete profundamente a vida do atleta, podendo provocar danos muito mais intensos ao seu bem estar do que ao estrago físico em si. Diante disto, médicos e fisioterapeutas desenvolveram algumas estratégias a fim de solucionar o problema. Diz meu médico, Dr. Fabiano Rebouças, da Clínica Berrini, que os atletas são os melhores e os piores pacientes. Melhores por cumprirem religiosamente o que lhes pedem. Mande-os fazer compressas de gelo cinco vezes ao dia, tomar chá de carqueja com boldo e comer jiló com vinagre e, com certeza, farão. Piores por não cumprirem recomendações como parar de treinar ou competir. É quando ignoram o médico até

se arrebentarem irrecuperavelmente. Melhor, portanto, encontrar um jeito de mantê-los dentro da fé na recuperação. Em coro com ele, meu fisioterapeuta, Bernardo Aron, acha que uma pitada de prevenção vale mais do que um quilo de reabilitação. Assim, o que temos feito, e que ambos recomendam, é a pré-habilitação esportiva – um programa que busca identificar os riscos de lesão, de lesões em desenvolvimento e trabalhar sobre eles para que não se desenvolvam. Não é mágica e não previne acidentes. Se você é atleta e se lesionou, meu conselho é: cerque-se de profissionais competentes, mas otimistas, que entendam a importância do esporte em sua vida; seja disciplinado e rigoroso no tratamento e na fisioterapia. Fisioterapia também não é mágica e só funciona em longo prazo, com muita dedicação e seriedade; seja ousado, busque o ouro e o pódio, mas não seja louco: afinal, tudo tem limite, incluindo seus músculos, ossos, ligamentos e tendões. Uma boa pré-habilitação, bom-senso e um anjo da guarda power quase sempre dão conta do recado.

Marilia Coutinho, Ph.D. CREF 059869-P/SP http://www.bodystuff.org/ Acesse também: http://www.bernardoaron.com http://www.centromedicoberrini.com.br/



TURISMO

É

comprovado: stress se dissolve em água. Aqui mesmo no estado de São Paulo, após duas horas de viagem da capital, é possível livrar-se das tensões, tratar da pele e de uma variedade de doenças e condições e ainda recuperar a energia e boa disposição numa cidade que, há mais de cem anos, atrai leigos e cientistas pela qualidade do que jorra de suas fontes minerais. Águas de Lindóia. Situada na Serra da Mantiqueira, a 945 metros de altitude, o município é uma mistura interessante de beleza campestre e tranquilidade interiorana combinada com o profissionalismo de uma extensa rede hoteleira e toda a infraestrutura de bens e serviços necessária para bem receber os visitantes. Há acomodações e opções de lazer para todos os gostos e orçamentos, um comércio rico em malharias, artigos em couro, tricô e crochê, restaurantes com as delícias mineiras e uma variada lista de atividades para aqueles interessados em turismo ecológico ou esportes radicais. Águas de Lindóia carrega ainda um rico passado histórico e algumas curiosidades interessantes: possui, comprovadamente, a água com maior radiotividade do planeta e foi o município pioneiro no Brasil na prática e divulgação dos benefícios do termalismo, a terapia através da água.

16

Por: Silvia Dutra Fotos: Divulgação

Atendendo a um convite de um amigo, o médico italiano Francisco Tozzi chegou ao Brasil em 1900 e instalou-se na cidade de Socorro, onde começou a clinicar. Nove anos depois, ficou impressionado ao constatar que um padre da cidade de Lindoya tinha se curado de um eczema de pele banhando-se nas águas de uma fonte situada num morro da região chamado de “Águas Quentes”. Dr. Tozzi mandou analisar a água e comprovou suas propriedades curativas. Resolveu, então, adquirir as terras ao redor da fonte, em 1910, iniciou a construção das Thermas de Lindóia. A intenção era criar um espaço para hospedar e tratar doentes através de banhos e terapias utilizando as águas, nos moldes de estabelecimentos similares já bastante comuns na Europa. Como a construção levou meses e o local era muito distante para os carros de boi da época foi necessário prover condições mínimas de conforto e subsistência aos pedreiros e operários. Surgiram, então, as primeiras ruas, armazéns, casas, farmácia e escola ao lado dos três alojamentos das Thermas. Em 1914, Dr. Tozzi inaugurou também a clínica médica, instalando- se com a família no novo povoado. Em 1916, a água mineral passou a ser engarrafada e vendida nas cidades da região, sobre o lombo de mulas. A fama do povoado e dos trabalhos e curas do Dr. Tozzi atraíram gente de peso, como a


cientista Marie Curie, Prêmio Nobel de Química que, naquela época, realizava pesquisas na França sobre a radiotividade. Madame Curie visitou as Thermas de Lindóia em 1928 e, anos mais tarde, testes comprovaram que a água mineral de lá atingia 3.170 pontos na escala radioativa, deixando para trás com grande margem as fontes de Jachimou, na Tchecoslováquia, e a de Bad Gastein, na Áustria, que alcançaram, respectivamente, 185 e 155 pontos. A radioatividade natural da água é benéfica para o organismo. Cada vez mais convencido da qualidade das águas da região, Dr. Tozzi resolveu construir um hotel luxuoso, que atraísse pessoas de alto poder aquisitivo. Naquela época, era prática comum as famílias programarem estadas em locais montanhosos durante as férias. Acreditava-se que o ar puro, a boa alimentação e uma rotina serena, com muito repouso, podiam curar muitos problemas de saúde. Dr. Tozzi viu que o povoado reunia essas qualidades, com a vantagem extra de ter as fontes de água mineral. Em 1929, inaugurou o Hotel Glória, com água corrente, apartamentos com vários quartos, um suntuoso salão de baile e refeições, iluminação elétrica, banheiros independentes e outros “luxos” para a época. O empreendimento mudou a rotina do local. O conforto do hotel, as festas e a presença constante de personalidades ilustres das artes, da política e elite nacional e as crescentes histórias de curas milagrosas transformaram o então povoado numa estância em 1938 e, finalmente, num município em novembro de 1953. Desde então, Águas de Lindóia só tem crescido e aperfeiçoado sua vocação turística. Longe vão os tempos em que era procurada somente por gente interessada em curar dores, reumatismo e esgotamento nervoso com massagens e banhos termais. A cidade hoje é considerada a Capital Brasileira de Eventos do Interior do

Brasil devido ao grande número de salões disponíveis em seus hotéis. São mais de 150 salas que, somadas, ultrapassam 10 mil metros quadrados de área e têm capacidade para acomodar, simultaneamente, mais de 11 mil pessoas. Casamentos, congressos, simpósios, reuniões de grandes empresas, convenções de grupos religiosos, treinamentos de vendas e lançamentos de produtos acontecem rotineiramente na cidade. Há todo um comércio paralelo para dar suporte à realização desses eventos, como banqueteiros, animadores, empresas de segurança e de brindes. Há também uma animada vida noturna, com muita música ao vivo, exposições de arte e cultura. A estrutura hoteleira também serve municípios da região em eventos como a ExpoFlora (festa de flores da Holambra), Rodeio de Jaguariúna, bem como o famoso Encontro Paulista de Autos Antigos e o Festival de Inverno de Águas de Lindóia. Vibrante, dinâmica, dona de um dos mais importantes parques minerais do mundo, Águas de Lindóia encanta com sua beleza tranquila, o charme europeu de sua arquitetura, a variedade e riqueza de seus mais de dois mil estabelecimentos comerciais, a cordialidade de seu povo, o profissionalismo e alto padrão de serviços de sua rede hoteleira e sua tradição em bem receber quem a visita, a trabalho ou a passeio.

17


ENTREVISTA

18

Por Clรกudia Liba Fotos: Bruno Thomaz


U

m bom ator explora várias facetas de diferentes personagens e até de si mesmo. O ator e produtor Odilon Wagner vive isso na ficção e na realidade. Nosso entrevistado possui sérios compromissos com a classe artística, à frente da APTI (Associação de Produtores Teatrais Independentes), lutando pela garantia da alocação de verba pública à produção cultural do país. Odilon também idealiza e promove projetos ligados à assessoria em comunicação. Num agradável bate papo, o autor falou também sobre sua ligação com a doutrina espírita kardecista. Mesmo com tantos trabalhos, inclusive a gravação da atual novela das oito da TV Globo (Caminho das Índias), gentil e muito simpaticamente cedeu alguns momentos de seu dia para conversar conosco.

Versátil Magazine – Interpretar é uma arte que todos podem aprender ou o talento é fundamental para ser ator? Odilon Wagner – Tudo se pode aprender na vida, mas é natural que tenhamos tendências e vocações que nos direcionam para determinados caminhos. É natural que uma pessoa que tem vocação para as artes se expresse melhor que outra com vocação diferente. O ser humano é surpreendente e podemos descobrir novos caminhos e desejos no decorrer da vida. O talento vem da vocação e da transpiração. Já vimos muitos artistas talentosos não conseguirem nada por não terem a disciplina necessária para vencerem.

VM – Com a Nova Lei Rouanet, o FNC (Fundo Nacional de Cultura) poderá fazer empréstimos, associar-se a projetos culturais e repassar verbas para fundos municipais e estaduais. Como presidente da APTI (Associação de Produtores Teatrais Independentes), de que forma vê esta questão? OW – A proposta efetiva da reforma da Lei Rouanet até agora não foi apresentada. Pelo que tem sido divulgado pelo Ministério da Cultura entendemos que a reforma é inadequada e não apresenta soluções para corrigir as falhas apontadas. O pior de tudo é o fato de ser extremamente centralizadora, dando um poder muito grande aos gestores do MINC (Ministério da Cultura) - o que é desaconselhável, pois a tendência é estimular o clientelismo. Aos “amigos do rei”, tudo; já aos outros... É só vermos o escândalo que

envolve o Senador José Sarney e suas organizações sociais, que receberam verbas da Petrobras através da Lei Rouanet. Quem tem mais capacidade de fazer um projeto ser aprovado pela lei Rouanet? Sarney ou um produtor cultural qualquer do Maranhão? Mudanças são necessárias para aprimorar essa Lei que é um mecanismo importante de estímulo à produção cultural. São mudanças pontuais, de simples implementação. Não precisava esse carnaval todo. Nunca entendi por que o MINC, num final de governo, resolveu fazer tal reforma há anos anunciada e de forma tão atrapalhada. No nosso meio comenta-se que toda a polêmica e a publicidade em torno da reforma da Rouanet, só servirão aos anseios políticos do Ministro Juca Ferreira. Dizem que ele será candidato a deputado federal pela Bahia, algo a conferir.

VM – Como a arte pode contribuir para o crescimento do país? OW – As manifestações culturais são reflexos da sociedade e ajudam a pensar sobre nosso país. A gente aprende a ler na escola, mas o teatro, a literatura, a poesia, a música nos ensinam a entender o que lemos. A arte é a mais eficiente arma de combate contra a exclusão social, que gera violência. Quando nossos governantes entenderem isso, teremos um país mais justo. A arte faz bem ao corpo e ao espírito. VM – Mike, seu personagem atual da novela Caminho das Índias (TV Globo) é um golpista. Como é interpretá-lo? OW – Interpretar vilões é sempre bom, porque dá margem a muita polêmica. O Mike é um vilão sedutor, boa vida, que apesar de ser tão “bandido” quanto a Ivone (Letícia Sabatella), é visto com uma certa condescendência. É gostoso interpretar o Mike, apesar de suas maldades.

19


ENTREVISTA

VM – A mudança da lei facilitará o acesso ao teatro, ao cinema e a espetáculos musicais para todas as classes sociais? OW – Nada no projeto aponta para essa direção. VM – Você disse que “o maior legado deixado por Gilberto Gil à frente do Ministério da Cultura foi a visibilidade que deu à pasta”. Você acha que o fato de pertencer ao meio artístico foi importante para a gestão do Gil no ministério da Cultura? OW – Ele trouxe uma grande visibilidade para a Cultura, mas foi um ministro muito ausente e, uma pena, muito mal assessorado. Para ser Ministro da Cultura não importa ser artista. É preciso ser um gestor cultural. A experiência demonstra que a gestão de artistas à frente de ministérios ou de secretarias da cultura foram decepcionantes. VM – Você auxiliou alguns políticos em campanhas e em programas eleitorais preparando-os para debates e aparições na TV. O que pensa sobre tais atividades? OW – Há muitos anos iniciei atividades de assessoria em comunicação, aplicada tanto para políticos como para áreas corporativas, preparando candidatos e executivos com necessidade de se expor em público. Nós atores somos preparados durante meses para fazer apresentações. Imagine a dificuldade que outros profissionais têm para cumprir seus “papéis” na sociedade. Foi pensando nisso que desenvolvi um método de treinamento para não profissionais da comunicação. Trabalhei com candidatos a governador, a deputado, a senador e até à presidência da república. E também com presidentes de empresas e grupos de gerentes. É um trabalho que me dá muito prazer. É muito gratificante ver pessoas vencendo desafios. VM – Por ser uma personalidade pública, provavelmente você já deve ter se sentido admirado e seguido como exemplo por algumas pessoas. O que pensa sobre essa responsabilidade? OW – A pessoa pública tem obrigações diferentes que exigem paciência e perseverança. É como se fossemos vistos com lentes de aumento. O que fazemos se torna público e nossa responsabilidade aumenta com isso. Se fizer uma besteira no trânsito, serei muito mais criticado, todos apontarão o dedo. São ossos do ofício. Ótimas formas de treinar nossas qualidades. VM – Há um aspecto em sua vida provavelmente desconhecido do público: o desenvolvimento de um trabalho voltado à espiritualidade. Como ele surgiu em sua vida? OW – Eu me tornei espírita kardecista aos vinte e dois anos e de lá para cá tento vivenciar os conhecimentos aprendidos dentro dessa doutrina. Faço parte do Grupo Socorrista de Castelã, aonde trabalhamos semanalmente. VM – Qual é a importância da vivência da espiritualidade? Acha um aspecto importante a ser considerado na educação dos filhos? OW – A espiritualidade só tem sentido se for vivenciada no dia a dia. A religião só vale se for seguida e praticada. A prática justifica e honra as religiões. Nós espíritas achamos importantíssimo despertar a religiosidade nas crianças. Devemos lançar as sementes da religiosidade para que saibam que existem “mais coisas entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia”. Quando adultos, as sementes germinarão e eles escolherão seus caminhos.

20


VM – Na comédia teatral Família Mudase, a estrutura familiar é abordada. Como surgiu o argumento da peça? OW – Essa discussão sempre me apaixonou. Quando resolvi escrever essa peça, tinha em mente colocar, na mesma família, pessoas muito diferentes na forma de se relacionar com o mundo. Diferentes na religião, na sexualidade, na condição social, exatamente como é na vida, não é? Quando se tem amor, se respeita o próximo, fica mais fácil superar diferenças. E queria também passar uma mensagem de bom humor, mostrando que, se não nos levarmos muito a sério, tudo é mais simples. VM – Atualmente, existem modificações na estrutura familiar. Você já interpretou, em uma novela, um homem que trocava a esposa por outro homem. Como lidar com o tema da homossexualidade na família? OW – Em Por Amor, de Manoel Carlos, interpretei um pai de família que, depois de muito tempo, descobre seu amor por um outro homem. Quando isso acontece, a primeira pergunta é: “Isso é possível?” Claro que sim, daí o autor abordar tema tão importante e de difícil assimilação pela sociedade. Quando uma descoberta dessas acontece numa família, em geral é um drama, pois os pais não aceitam. O que mais chamou atenção, na época da novela, foi a enorme quantidade de pessoas, de todas as idades e classes sociais, que vinham conversar comigo, dividir suas intimidades, contando casos semelhantes em suas famílias e de uma certa forma se confortando. Nada melhor que o diálogo para aplacar o medo, a vergonha e o preconceito. VM – Estamos próximos de uma data importante, o Dia dos Pais. Qual a influência de seu pai em sua vida? Atualmente, qual a função do pai na família? OW – Os maiores ensinamentos dados por meu pai foram a retidão, a lealdade, a necessidade de cumprir com nossos deveres. Os pais são fundamentais na educação, não só pelo que dão de material, mas, principalmente, pelos exemplos e recados que são deixados através de seus testemunhos. Pais repressivos e agressivos criarão filhos medrosos e covardes. Pais amorosos e pacientes criarão filhos criativos e confiantes. Creio que, principalmente nos dias de hoje, é necessário ensinar aos filhos a noção de limite, uma vez que têm o mundo a seus pés, mas não sabem como lidar com isso.

21


VEÍCULOS

O

Tesla Roadster é o primeiro carro totalmente elétrico do mundo que consegue aliar alta performance, mecânica eficiente com inovações importantes, design atraente, segurança e baixo custo de operação, com o benefício adicional de ser não poluente. Capaz de ir de 0 a 100 km em menos de 4 segundos e de viajar 350 km com uma única carga de bateria, o Tesla é leve, silencioso, possui torque que se mantém estável independentemente de velocidade e mecânica que combina alta tecnologia, eletrônica e computação. Lançado em Julho de 2006, foi capa da revista Times na edição de Dezembro e recebeu o título de Melhor Invenção do Ano na categoria meios de transporte. É uma criação de Martin Eberhard e Marc Tarpenning (engenheiros californianos) com suporte financeiro de investidores como Elon Musk (co-fundador da PayPal), Sergey Brin e Larry Page (criadores do Google). O veículo e a companhia que o produz têm uma história bem original: seus idealizadores - sem qualquer experiência ou conexão com a indústria automobilística americana - decidiram construir um carro totalmente elétrico simplesmente porque não gostavam dos modelos híbridos disponíveis até então. Martin e Marc deram forma à idéia sobre os chassis de uma Lotus, a mesma que fabricava carros de Fórmula 1. Ao contrário dos veículos tradicionais - com mecanismo formado por centenas de peças e sistemas -, o Tesla possui apenas quatro componentes principais: a bateria, o motor e a transmissão. Tal qual um cérebro, um módulo eletrônico comanda esses componentes. A maior inovação do Tesla é a bateria funcionando como tanque de combustível. Construída com uma tecnologia que combina íons e lítio com dispositivos de segurança - mantidos em segredo pela Tesla Motors ela é leve, durável e reciclável. Comparada

22

Por Silvia Dutra Fotos: Divulgação

com outros carros elétricos, a bateria do Tesla armazena altos níveis de energia, mantendo o veículo em movimento por mais de 300 km antes da necessidade de recarga – que demora cerca de duas horas e custa cerca de um quinto do valor gasto com gasolina. São números nunca alcançados por nenhum outro carro elétrico. O motor do Tesla é surpreendentemente pequeno: compara-se a uma melancia e pesa cerca de 50 Kg. Sua eficiência é altíssima, capaz de converter de 85% a 95% da energia da bateria em movimento. Nos motores de veículos à gasolina, muita energia é desperdiçada, gerando calor e contribuindo para o desgaste de toda a mecânica e para o desconforto dos ocupantes. Como o Tesla é muito leve e possui um motor potente (cerca de 15% superior à potência do Ford Mustang 2009), sua velocidade máxima é eletronicamente limitada a 240 Km/h. A transmissão é simples e o câmbio possui apenas uma marcha. Para andar em ré, por exemplo, basta inverter o sentido de rotação do motor. Nesse caso, a velocidade limita-se, eletronicamente, a 24 Km/h. O Tesla também possui um sofisticado módulo eletrônico controlando temperatura, torque, velocidade de rotação do motor e voltagem da bateria. Durante os picos de aceleração, o módulo controla potência superior a 200 kW, o suficiente para acender 2000 lâmpadas incandescentes de 100 Watts cada. Em situações de brecadas, o Tesla também se diferencia de outros carros: seu módulo eletrônico transfere a energia gerada na frenagem para a bateria, recuperando parte de sua carga. Conceito semelhante tem sido usado nesta temporada da Fórmula Um - o tão noticiado KERS (Kinetic Energy Recovery System).

E então? Pronto para comprar o seu? A web site da companhia informa: 300 veículos rodando e 1000 pedidos em lista de espera. Mensalmente, a Tesla Motors produz 80 veículos. O preço ainda é salgado: 100 mil dólares, (200 mil reais) com 75% de entrada no ato da encomenda. O fabricante garante que esse custo inicial se dissipa ao longo do tempo com os valores não gastos com gasolina. Tudo isso sem falar dos benefícios ambientais propiciados pela sua nova tecnologia. Entre na fila. E seja paciente.



CIDADANIA

Museu do Futebol – Juan Guerra

Por Silvia Dutra

DESIGN, ARQUITETURA E ACESSIBILIDADE FACILITAM A ROTINA DOS DEFICIENTES.

O

Brasil possui uma das mais completas legislações do mundo sobre os direitos dos deficientes. Mas a ausência de políticas comprometidas com o cumprimento do que já está no papel impossibilita o acesso de milhões de brasileiros a espaços e a serviços públicos. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram a existência de cerca de 25 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência mental ou física em nosso país. Brasileiros que pagam impostos e que são tremendamente afetados em seus direitos básicos de cidadania pelo não cumprimento das leis. Calçadas esburacadas, bocas de lobo sem grades de proteção, ausência de rampas, de sinalização sonora ou de piso tátil são alguns dos obstáculos que obrigam os deficientes a enfrentar uma dura e desgastante rotina. Escadarias, corredores e portas estreitas, prateleiras e balcões muito altos, carência de banheiros adaptados dificultam e até mesmo impossibilitam a entrada em lojas, escolas, cinemas, teatros, restaurantes, supermercados etc. Muitos não conseguem acesso nem a edifícios públicos, apesar da lei prever que esses devem ser acessíveis e transitáveis, com segurança e autonomia, para todos os cidadãos. Sem contar as dificuldades de transporte público adaptado e o crônico desrespeito às vagas de estacionamento reservadas aos deficientes. A arquiteta, urbanista e designer de interiores Bianca Cristiane comenta que é difícil acreditar que um assunto de tamanha importância seja tão pouco difundido e ainda não faça parte da lista de prioridades dos empresários brasileiros. “Os comerciantes ainda não perceberam que, se suas lojas ou estabelecimentos forem acessíveis, atrairão consumidores ainda ignorados, verdadeiros clientes em potencial. Num mercado competitivo, a inclusão é um diferencial que beneficia não somente os usuários, mas todas as relações de produção envolvidas”.

24

Bianca explica também que os conceitos do design universal podem melhorar a qualidade de vida de toda a sociedade e promover a cidadania. O objetivo desses conceitos compreende a eliminação de barreiras físicas e a criação de espaços e de soluções voltados à diversidade humana, atendendo à maior gama possível de características físicas e sensoriais da população, respeitando não só as necessidades de mobilidade, bem como as de caráter visual, tátil, cognitivo e auditivo, independente de sexo, de idade, de deficiências temporárias ou permanentes. Um bom exemplo dessa concepção pode conferir-se aqui mesmo em São Paulo, no Museu do Futebol do Estádio do Pacaembu. Especialmente planejado para receber todo tipo de público, o espaço oferece atrações a pessoas com deficiências sensoriais, físicas e mentais. Possui rampas e elevadores para acesso às salas expositivas, sinais em Braille, intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), áudio guia e piso tátil para cegos e para pessoas com visão reduzida. Disponibiliza, também, recursos de apoio multissensoriais como maquetes, reproduções e jogos em relevo especialmente desenvolvidos para públicos com necessidades especiais. Formada em Arquitetura, pós-graduada em Design de Interiores, consultora em acessibilidade e membro da Comissão de Acessibilidade e Transporte de Mogi das Cruzes, Bianca afirma que prédios antigos também podem ser reformados visando à acessibilidade, embora economicamente seja mais interessante pensar em um projeto novo já levando em conta tais questões. E-mail: arquiteta_bia@yahoo.com.br



MEIO AMBIENTE

Foto: Divulgação

QUANTO CUSTA UMA CASA: UMA NOVA ABORDAGEM

O

recente terremoto financeiro mundial tem forçado muitas pessoas a repensar conceitos que nos últimos anos se tinham enraizado fundo em suas vidas. A crescente banalização do crédito, a valorização do real com o decréscimo de preço dos bens importados, uma certa cultura de consumo fácil e desperdício pareciam de súbito tornar acessíveis os sonhos de consumo de muitos e levaram as famílias a adotar padrões de vida desajustados. No mercado imobiliário, lançamentos semanais de condomínios/clube encheram o chão de nossas ruas com panfletos em papel couché. O choque com a realidade tem sido violento e especialistas em finanças recomendam a reavaliação do valor do dinheiro e cuidados extras com endividamentos e despesas. Estamos, portanto, em um momento ideal de fazer mudanças e mudar perspectivas. Concentremo-nos, então, na habitação. O tradicional método de avaliar o custo de um imóvel baseiase no seu preço final ou, quando muito, no custo por m2. Todos já escutamos de alguém que está pensando em comprar uma casa ou apartamento, na altura de comparar possibilidades, ficar apenas nessa análise simples. No entanto, e excetuando os raros casos em que não há recurso a crédito, esses são dos números menos relevantes a considerar. Muito mais importantes são os muitos fatores ligados com os custos mensais associados ao fato de possuir e habitar um imóvel. Serão as despesas relacionadas com a prestação do financiamento bancário, a taxa de condomínio, os serviços públicos (água, luz, telefone), impostos e taxas municipais, seguros, e as cada vez mais indispensáveis tv a cabo e internet que terão que ser consideradas porque serão elas que virão mensalmente por todo o tempo de vida no imóvel e, portanto, exercem forte peso na sua viabilidade futura. Deste modo, investir em uma casa não é apenas uma questão de “será que tenho o suficiente para o fazer” mas também, e talvez mais importante “será que num futuro próximo terei todos os meses o suficiente para conseguir mantê-la”. Não

prestando a devida atenção no problema os futuros proprietários poderão tomar decisões negligenciando aqueles custos mensais não tão evidentes quanto os do pagamento do financiamento, aumentando o risco de adquirir um imóvel que um dia não conseguirão manter. É, portanto altura de mudarmos o jeito como enxergamos o conceito “custo de um imóvel” de modo a que este se ajuste mais à realidade e nos proteja contra falsas percepções de valor que poderão revelar-se desastrosas no futuro. Assim, com tantas interrogações ligadas aos custos mensais de propriedade, principalmente na atual atmosfera de incerteza financeira, possuir um imóvel que reduza o risco de esses custos um dia se tornarem insuportáveis é, com certeza, uma solução cada vez mais desejável. A opção por uma abordagem sustentável é o caminho a seguir. Projetos inteligentes, prevendo uso racional de água e eletricidade, terão um custo similar ao dos projetos e tecnologias convencionais, com a vantagem de gerar por décadas economias nas contas mensais. Considerar no projeto a orientação solar e o regime de ventos do local diminuirá consideravelmente os encargos com aquecimento e refrigeração. Para além disso, a conscientização do mercado sobre os reais custos dos imóveis irá depreciar aqueles cujos encargos mensais sejam maiores o que, aliás, já é detectável em alguns casos. Por extensão, imóveis com custos controlados de manutenção tenderão a valorizar-se. Deste modo o impacto positivo da mudança de perspectiva quanto ao real custo de um imóvel será duplo. Por um lado os proprietários terão menos chances de se acharem vivendo em imóveis que não conseguem manter e por outro, em um mercado lotado de edifícios gastadores, o imóvel econômico sairá valorizado. Responda agora: quando planejar o seu novo imóvel, o que será mais decisivo para si, o preço ou o conjunto dos seus custos mensais?

Maria Martha Nader, Arquiteta ecohabitar.arq.br

26



GASTRONOMIA

Divulgação

BEM VIRÁ: NOVIDADE NA VILA

R

estaurante de cozinha variada, que oferece um apetitoso Buffet Gastronômico com jeito caseiro e opções de dar água na boca, o BEM VIRÁ é a mais nova casa da charmosa e original Vila do Jardineiro. Instalado logo na entrada da casa, numa área com fogão a lenha que lembra uma cozinha do interior, o Buffet Gastronômico do BEM VIRÁ é repleto de iguarias como saladas fresquinhas, tortas e quiches, massas, carnes, peixes, aves e guarnições incrementadas que você vai adorar. Leitão à Pururuca, Moqueca de Peixe, Filet Mignon Assado ao Molho de Vinho, Frango Grelhado com Ervas Finas, Pernil Assado na Laranja, Lasanha Tradicional e paella são alguns dos pratos oferecidos. Ao todo, são 12 opções de pratos frios, 12 de pratos quentes e 9 sobremesas, como Pavê de Chocolate, Merengue de Morango e Mousse de Maracujá, que variam diariamente. De segunda à sexta R$ 18,90, sobremesas R$ 4,90 e nos finais de semana R$ 25,90, sobremesas R$ 6,90.

28

Bonito, amplo, confortável, com um serviço eficiente e atencioso e preço excelente, o BEM VIRÁ vai agradar aos que gostam da mesa farta, variada e saborosa. O salão comporta 85 lugares, tem pé direito alto e teto de sapé. Todo envidraçado e cercado de verdes folhagens, é super agradável de se estar, as mesas são bem distribuídas e distanciadas uma das outras. A casa conta, também, com um departamento de eventos muito bem estruturado para auxiliá-lo na organização de festas, confraternizações e almoços e jantares de negócios. Você precisa conhecer!!! Av. Eliseu de Almeida, 1077 – Butantã Fone: (11) 3721-1124 novidade.bemvira@restaurantebemvira.com.br www.restaurantebemvira.com.br


VINHOS

Por Eduardo Assunção

O

2º encontro da Confraria dos Amigos da Versátil Magazine aconteceu na Battuto Trattoria, na Granja Vianna.

O objetivo dessa confraria continua sendo reunir amigos e escolhermos a melhor combinação vinho/comida. A presença, entre os convidados, de pessoas iniciantes no assunto e de outras, bastante conhecedoras do mesmo, enriqueceram muito o encontro. O jantar foi planejado da seguinte forma: Entrada: Carpaccio Milanese (carne bovina crua fatiada com parmesão, azeitona verde e alcaparra). – Acompanha: Espumante Monteiros DemiSec. Para o brinde da recepção não ser excessivamente seco (brut), agradando a todos os paladares. A combinação vinho/entrada satisfez a todos. Primeiro Prato: Risotto di Frutti di Mare (camarão, lula, marisco branco, tomate italiano, pimenta vermelha, alho e salsinha).

– Acompanha: Vinho Ca de Mocenigo Pinot Grigio 2008. Vinho italiano do Friuli, mais aromático e persistente, combinou muito bem com a complexidade de ingredientes e aromas do prato mesmo com alguns dos convidados preferindo tomá-lo à parte. – Acompanha: Vinho Ca de Mocenigo Chardonnay 2008. Vinho italiano do Friuli mais discreto no aroma e paladar, combinou de forma equlibrada com o prato. No entanto, o sabor da comida parece sobrepor-se ao do vinho; Segundo Prato: Cordeiro Assado (pernil de cordeiro assado em forno à lenha, temperado com ervas e vinho branco seco, acompanhado de brócolis, alho e azeite, batatas coradas e molho de hortelã). – Acompanha: Vinho Dom Hermano Touriga Nacional / Shiraz 2004. Combinação perfeita de carne saborosa e suculenta com vinho encorpado, tânico e com aromas de compotas. Envie sua sugestão.

Onde encontrar os vinhos: Tel. 11-3719-1504 www.vilavinhos.com.br

29


MIX CULTURAL

Por Cláudia Liba, Edgar Kage, Paula Carvalho e Nancy Otsuki Fotos: Divulgação

LIVROS A PREDESTINADA de Silvia Brena & Iginio Strafii. Infanto-Juvenil. Maya, típica adolescente, é louca por seu ipod e tem uma amiga inseparável. Sua vida vira de pernas para o ar ao descobrir um dom nada usual: comunicarse com mortos. Editora Planeta Jovem.

ENCONTRE DEUS NA CABANA de Randal Rauser. Auto Ajuda. Professor associado de História da Teologia do Taylor Seminary, Edmonton (Canadá), o autor leva-nos à busca da presença de Deus e à descoberta de esperança em suas palavras. Editora Planeta. ENTRE AMIGAS de Evelyn Holst e Sabine Reichel. Romance. O marido de Sílvia decide raspar os pêlos do peito e levar o celular toda vez que vai ao banheiro. Antes do término do jornal da noite, já está roncando. Ela suspeita de traição, mas sua melhor amiga discorda. Ambas trocam mails sobre este e outros assuntos. Editora Planeta. LANTERNA VERDE CREPÚSCULO ESMERAL DA de Ron Marz. Quadrinhos. Um dos maiores clássicos dos quadrinhos nos anos 90. A edição é um marco para os fãs do personagem, mostrando o nascimento de um novo Lanterna Verde, desta vez, na pele de Kyle Rayner. Edição especial de 196 páginas dedicadas à inesquecível história da queda de um ícone. Editora Panini. MICHAEL JACKSON, A MAGIA E A LOUCU RA de J. Randy Taraborrelli. Biografia. Descrição da história do astro desde a infância até o auge de sua carreira, revelando as fragilidades, as carências, a solidão, seu mundo fantasioso, sua relação com garotos e a decadência de sua imagem. Editora Globo. O ESTALEIRO, de Juan Carlos Onetti. Romance. Cinco anos depois de expulso da pequena Santa Maria, Junta-Cadaveres volta à cidade sozinho, carregando mais do que desilusões e sonhos para continuar a viver. Editora Planeta.

A VIDA BREVE, de Juan Carlos Onetti. Romance. Este romance funda a cidade de Santa María, cenário para uma série de romances do autor. Suas páginas pedem uma leitura atenta, de quem descobre um mundo e mergulha em sua alma sem medo. Perderse por Santa María é procurar o verdadeiro sentido da vida. Editora Planeta.

30

BEBER, JOGAR, F#ER, de Andrew Gottlieb. Romance. Bob Sullivan, traído e abandonado por sua mulher, parte numa jornada buscando felicidade e liberdade. Desiludido, convida-nos a acompanhá-lo em farras e confusões como encher a cara na Irlanda, apostar em Las Vegas e dar asas a seus desejos proibidos na Tailândia. Editora Planeta. A ASCENSÃO DO DINHEIRO, de Niall Ferguson. Administração. Professor da Harvard, referência em história econômica. Neste ensaio, examina a história financeira do mundo, defendendo a ideia do desenvolvimento da moeda e do sistema bancário como sintomas do processo civilizatório. Para leigos ou especialistas, aponta uma transformação econômica pautada no crescimento da China e da Índia. Editora Planeta. EU TE AMO, PHILLIP MORRIS de Steve McVicker. Biografia. O jornalista Steve McVicker narra as desventuras de Steven Russel, um dos maiores mitos da história carcerária dos Estados Unidos. Ao descobrir sua homossexualidade, começa a aplicar golpes para sustentar uma vida luxuosa. Na prisão do Texas, apaixona-se por seu companheiro de cela. Editora Planeta. DESCULPE SE TE CHAMO DE AMOR de Federico Moccia. Romance. Destaca as diferenças entre Niki e Alex. Niki tem 17 anos é divertida e inteligente. Alex tem quase 37, é recém separado da noiva e passa por uma crise no trabalho. Durante um acidente de trânsito, se conhecem e iniciam um relacionamento. As diferenças entre os personagens são os destaques no romance. Editora Planeta. REVOLUÇÃO NA COZINHA de Jamie Oliver. Gastronomia. A culinária criativa, o projeto com quinze jovens carentes e a campanha contra alimentos processados servidos em escolas tornaram Jamie um astro da TV Britânica. Escrito para “pessoas que pensam que jamais poderiam aprender a cozinhar”, o livro traz versões simplificadas de receitas e algumas dicas de utensílios para cozinha. Editora Globo. O POÇO / PARA UMA TUMBA SEM NOME, de Juan Carlos Onetti. Romance. Publicado em 1939, narra a história de um homem de quarenta anos que, agonizando em um pequeno quarto, decide contar sua vida. São duas histórias mostrando momentos complementares e estranhos um ao outro. Editora Planeta.


DVDS QUANDO VOCÊ VIU SEU PAI PELA ÚLTIMA VEZ Arthur Morrison (Jim Broadbent) é diagnosticado com câncer em estágio terminal e descobre que tem poucas semanas de vida. Seu filho, Blake (Colin Firth), inicia uma reaproximação do pai, com quem não tinha contato há muito tempo. O filme acompanha o drama entre ambos. MOONWALKER Musical de Michael Jackson com sucessos que marcaram a carreira do ídolo. Produzido em 1988, no auge da fama do cantor, é um videoclipe de longa-metragem, repleto de efeitos especiais, que conta a história de um herói extraterrestre com poderes mágicos, que vem a Terra para ajudar três crianças a combater um traficante de drogas. DESPEREAUX Baseado num livro infantil de Kate Dicamillo e ilustrado por Timothy B. Ering, o filme conta a história de um corajoso rato, grande demais para seu pequeno mundo. Pequenino e com orelhas enormes, acha que deve ser reverenciado como os personagens dos contos de cavalheirismo, que lê e adora. PALAVRA EN CANTADA Direção de Helena Solberg. Documentário produzido em 2007, com rica trilha sonora e performances inéditas no Brasil, como a encenação de Morte e Vida Severina na França (1966), Dorival Caymmi tocando O Mar ao violão (anos 40) e a entrevista de Caetano Veloso no Festival da Record (em 1967). Com Adriana Calcanhoto, Chico Buarque, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, Jorge Mautner e outros. FOI APENAS UM SONHO Frank (Leonardo DiCaprio) e April (Kate Winslet) formam um casal aparentemente feliz até mudarem de casa e se transformarem em pessoas diferentes do que desejariam ser. Frank tem um trabalho insignificante e April transforma-se numa dona de casa infeliz. Decidida a mudar a situação, resolve deixar de lado o conforto da atual casa e recomeçar sua vida em Paris. CÍRCULO DE FOGO Versão Blu-ray. Direção de Jean-Jacques Annaud, com Jude Law, Ed Harris, Rachel Weisz, Joseph Fiennes, Bob Hoskins. Um jovem atirador russo torna-se o ícone da propaganda russa na 2ª Guerra Mundial e uma lenda viva para o exército russo. Os nazistas enviam seu melhor atirador de elite para matálo e acabar com a esperança de toda a Rússia. GATOS, FIOSDENTAIS E AMASSOS Prestes a completar 15 anos, Georgia está apaixonada por Robbie, novo galã da escola e membro de uma banda. Mas ele anda saindo com sua maior inimiga. Com a ajuda dos pais, do seu gato Angus e dos amigos, Georgia tenta conquistar o garoto. DIVÃ A história bem-humorada de uma mulher que aos 40 anos, casada e com sua vida estável, decide fazer análise. Dirigido por José Alvarenga Jr. e Lília Cabral, José Mayer, Reynaldo Gianecchini e Cauã Reymond no elenco


MIX CULTURAL

CINEMA ADORAÇÃO de Atom Egoyan. Drama. Quando a classe de francês de Simon (Devon Bostick) traduz uma reportagem sobre um terrorista que colocou uma bomba na bagagem da namorada grávida, o personagem começa a desvendar o tenebroso passado de sua família. Os motivos que resultaram na morte de seus pais atiçam sua vida no mundo real e no virtual. Em crise, o adolescente, que vive com seu bem-intencionado tio, isola-se cada vez mais. Sua misteriosa professora de francês passa a ser seu único interesse. Com Rachel Blanchard. ALL ABOUT STEVE de Phil Traill. Comédia. Convencida de que um cinegrafista da CNN é o amor da sua vida, uma jovem excêntrica e viciada em palavras cruzadas (Sandra Bullock) persegue o rapaz por todo o país na esperança de que ele acredite que ambos foram feitos um para o outro. Com Thomas Haden Church. A VERDADE NUA E CRUA de Robert Luketic. Comédia. Abby (Katherine Heigl), produtora de um programa de TV sobre casos amorosos encontra-se insatisfeita e confusa em relação às idéias chauvinistas de seu correspondente. Este, além de provar suas teorias sobre relacionamentos, quer encontrar um amor para ela. Suas táticas levam ambos a um resultado inesperado. Com Gerard Butler. BALÉ VERMELHO de Matthew Aeberhard. Documentário. Numa remota e esquecida imensidão - o lago Natron, na Tanzânia - existe um dos maiores mistérios da natureza: o nascimento, a vida e a morte de milhões de flamingos de asas vermelhas. Em uma das mais belas e dramáticas paisagens do planeta, lutam pela sobrevivência diante de perigos e do próprio destino. Narrado por Zabou Breitman. SE NADA MAIS DER CERTO de José Eduardo Belmonte. Drama. Leo (Cauã Reymond) é um jornalista endividado. Sem dinheiro para o aluguel, para a esposa anoréxica e viciada, para o salário da empregada. Para acabar com suas dívidas, envolvese com Marcin, um ser andrógeno. Com Caroline Abras. CHE  A GUERRILHA de Steven Soderbergh. Drama. Após a Revolução Cubana, Ernesto ‘Che’ Guevara (Benicio Del Toro) atinge o ponto alto de sua fama e de seu poder. Em 1964, vai à Nova York onde e discursa na Organização das Nações Unidas, reafirmando o compromisso com a luta entre o Terceiro Mundo e o imperialismo americano. Reaparece, incógnito, na Bolívia, onde organiza um grupo de cubanos e recrutas bolivianos para iniciar a Grande Revolução latino-americana. História repleta de tenacidade, de sacrifício e de idealismo que falha, levando o revolucionário à morte. Com Rodrigo Santoro. FUNNY PEOPLE de Judd Apatow. Comédia. George (Adam Sandler), um cômico “stand up” de grande sucesso, descobre ter uma doença incurável e menos de um ano de vida. Ira, também cômico, sonha em tornar-se artista. Ambos acabam se apresentando no mesmo local. Com Seth Rogen. O INFORMANTE de Steven Sodergergh. Policial. Vice-presidente de uma empresa do ramo de agronegócios torna-se informante do governo americano. Ao revelar informações sigilosas, o governo passa a perseguir implacavelmente uma gigante do setor. Com Matt Damon. OS NORMAIS de José Alvarenga. Comédia. Sequência do grande sucesso anterior, baseado na série televisiva de mesmo nome, agora o casal Vani (Fernanda Torres) e Rui (Luiz Fernando Guimarães) enfrentam um casamento desgastado. A solução encontrada está em outra mulher, para fazer sexo a três. Com Danielle Winits e Claudia Raia.

32


MÚSICA NÃO VOU PRO CÉU, MAS JÁ NÃO VIVO NO CHÃO de João Bosco. MPB. Considerado uma referência da música popular brasileira, o artista retoma, após 20 anos, a inconfundível parceria com Aldir Blanc. As novas composições da dupla e as regravações de músicas que marcaram os anos 70 tornam o CD mais do que atrativo. Com homenagens a Clementina de Jesus, Nei Lopes e Ray Charles, traz também a parceria com seu filho, Francisco Bosco. Das 13 faixas, sete só com voz e violão. SÃO MATEUS NÃO É UM LUGAR TÃO LONGE ASSIM de Rodrigo Campos. MPB. Traduz o cotidiano de sua infância e juventude vividas em São Mateus – bairro da Zona Leste de São Paulo. A qualidade de seus sambas e canções vem da riqueza afro brasileira e dos instrumentistas que o iniciaram no samba. Influenciado por Altamiro Carrilho, Fabiana Cozza, D. Ivone Lara, Céu, Mariana Aydar, entre outros, seu trabalho mostra arranjos interessantes, ritmo e suavidade. Produção de Beto Villares. BACKSPACE de Pearl Jam. Rock. O lançamento do álbum, que tem formato digital, será em 20 de setembro, com produção de Brendan O’Brien e distribuição pela Universal Records. Os destaques são o single The Fixer (desde julho nas lojas) e o livro ilustrado por Tom Tomorrow.

BEATLES Rock. Em 9 de setembro todos os álbuns oficiais da banda serão relançados, com versões remasterizadas e edições limitadas de mini-documentários sobre as gravações dos álbuns. O game The Beatles: Rockband, com músicas da banda, chega às lojas na mesma data. Para os antigos e os novos fãs dos quatro garotos de Liverpool que revolucionaram a música e os costumes nas décadas de 60/70. THRILLER 2009 SPECIAL 25°ANIVERSARIO de Michael Jackson. Pop. Na época de seu lançamento, Thriller atingiu o fantástico número de 105 milhões de cópias vendidas - e o mundo parou para ver o videoclipe da música que também dá nome ao álbum. Vídeos da carreira do artista compõem esse especial de aniversário. O Álbum original consta no Guiness Book of Records como o mais vendido de todos os tempos, ganhador de vários prêmios, como o Billboard e Grammy. TÔ FAZENDO A MINHA PARTE de Diogo Nogueira. MPB. Filho de João Nogueira, o cantor e compositor mostra seu novo trabalho, com sambas e choros. Traz parcerias e releituras com Arlindo Cruz e Neguinho da Beija-Flor. Destaque para a canção Sou Eu, samba de Chico Buarque e Ivan Lins, gravado em dueto com Chico.


MIX CULTURAL

SHOWS, TEATRO, EXPOSIÇÕES, ETC. PEDREIRA DAS ALMAS de Jorge Andrade. Retrata a derrota das forças absolutistas na revolução mineira de 1842. Desolação e crise econômica instalam-se na região, influenciando o esgotamento de seus veios auríferos. Com o Grupo das Dores do Teatro. Viga Espaço Cênico Rua Capote Valente, 1.323 – Sumaré Informações: 3801-1843 CHARLIE E LOLA – DA TV PARA O TEATRO Os personagens do desenho animado, inspirados na obra da escritora Lauren Child, agora estão no teatro. Lola, curiosa, inventa muitas confusões e seu irmão mais velho vive para tirá-la de apuros. Direção de Roman Stefanski. Teatro das Artes - Shopping Eldorado Avenida Rebouças, 3.970 – Pinheiros Informações: 3034-0075 FILHOS NÃO VÊM COM MANUAL Histórias engraçadas e conflitos da vida de uma senhora são revividos no espetáculo. A montagem inaugura o Teatro Buenos Ayres. Direção de Suzana Lakatos. Teatro Buenos Ayres Rua Sergipe, 120 – Higienópolis Informações: 3829-8109

34

A NOITE DOS PALHAÇOS MUDOS Na peça, baseada nos quadrinhos de Laerte, uma dupla de palhaços mudos invade uma organização secreta para recuperar um nariz roubado. Direção de Álvaro Assad. Com a Cia La Mínima. Teatro Eva da Livraria Cultura Av. Paulista, 2.073 Informações: 3170-4059

MEMÓRIA DA CANA Releitura da peça Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, em que uma família vive um episódio incestuoso. Adaptação e direção de Newton Moreno e do Grupo Os Fofos Encenam. Após o espetáculo, há um jantar nordestino. Espaço dos Fofos Rua Adoniram Barbosa, 151 – Bela Vista Informações: 3101-6640

LIZ Retrato do poder da rainha Elizabeth I (1533-1603). Misturando História, realidade e lenda revela os sentimentos de solidão e de fragilidade da soberana. Direção de Rodolfo García Vazquez. Com Os Satyros. Espaço dos Satyros 1 Praça Roosevelt, 124 – Centro Informações: 3255-0994

FAYGA OSTROWER A exposição conta com 70 obras realizadas entre 1940 e 2001, apresentando três períodos do estilo da artista: o início da carreira, de intensa temática social oriunda do Expressionismo, a passagem pela abstração e a valorização das cores. Estação Pinacoteca Largo General Osório 66 – Luz Informações: 3337-0185

A ARTE DO INSULTO Diversão garantida pelo estilo stand-up, consagrado pelos freqüentadores de teatro, e pela atuação do humorista Rafinha Bastos, um dos fundadores do Clube da Comédia. Teatro Shopping Frei Caneca Rua Frei Caneca, 569 – Bela Vista Informações: 3472-2229 CHAPEUZINHO VERMELHO A montagem da clássica história infantil foi preparada para crianças a partir de 2 anos de idade. Com Paulo Cavalcante. Teatro Ruth Escobar Rua dos Ingleses, 209 – Bela Vista Informações: 3289 2358

A ARTE DIGITAL E A NOVA FRONTEIRA A arquiteta, designer, artista plástica e poeta gaúcha Liana Timm apresenta pela primeira vez a série Paisagens do Interior, 15 trabalhos inéditos em arte digital. A artista já participou de 63 exposições individuais, recebeu 13 prêmios e possui 19 livros publicados. Espaço Cultural Citi Av. Paulista, 1111 – térreo, Informações: 4009-3000 Acesso a portadores de deficiência física pela Alameda Santos, 1146.



PERFIL

Daiane Lopes, 27, paralisia cerebral, falta de oxigĂŞnio na hora do parto.

36

Por ClĂĄudia Liba Fotos: Kica de Castro


FOTOGRAFIA DA ACESSIBILIDADE

A

personalidade escolhida para esta edição é Kica de Castro, nascida em São Caetano do Sul, em 1977. Em 2000, ao terminar o curso de Publicidade, interessou-se por fotografia. Trabalhou na área de eventos como publicitária e fotógrafa antes de iniciar um trabalho em um centro de reabilitação junto a pessoas com deficiência física. Foi quando sua carreira passou a ter objetivos completamente diferentes aos que possuía anteriormente. Ela percebeu a má condição de vida dos deficientes, que ficam isolados do restante da população pelas dificuldades de transitar na cidade. Para eles, é muito difícil, por exemplo, freqüentar cinemas, teatros e outros locais semelhantes. Vivem à margem dos recursos disponíveis aos cidadãos devido à cruel realidade imposta pela sociedade – o que gera uma baixa auto-estima na maioria dessas pessoas. Observando tudo isso, em 2003, Kica começou um trabalho de resgate da auto-estima junto aos deficientes. Através de fotos e com a ajuda de amigas psicólogas, batizou o trabalho de fototerapia. Após dois anos, os fotografados, confiantes, começaram a solicitar oportunidades no mercado de trabalho. A “publicitária-fotógrafa” procurou ajuda em algumas agências de modelo. Inicialmente, conseguiu agenciar os modelos para a área de recepção de eventos. Levou também propostas de trabalho a amigos micro-empresários e a antigos clientes da época em que trabalhava como publicitária. Muitos deles não receberam a idéia de forma positiva. Infelizmente, não é tarefa das mais simples iniciar trabalhos diferentes e inovadores.

Luci Lima, 28, amputada.

Mesmo assim, Kica insistiu na idéia, continuando suas pesquisas. Em 2006, começou um curso de pós-graduação na área e, nesse mesmo ano, deparou-se com trabalhos semelhantes no exterior. “Achei muita coisa na Europa, reality show do tipo BBB na França e, recentemente, soube da existência na Inglaterra de um programa voltado a deficientes físicos. Na Alemanha, há um concurso de beleza chamado A Mais Bela Cadeirante e também uma agência com modelos amputados, a Visable”. Recentemente, montou sua própria agência e já conseguiu estabelecer importante parceria com a Visable. Os contatos renderam bons convites e Kica iniciará um trabalho na Europa, ainda em 2009, com alguns modelos selecionados pela sua agência. “Hoje, temos em nosso portifólio algumas conquistas: desfilamos pela marca TudiCofusi na Casa dos Criadores, participamos do primeiro concurso de moda inclusiva, organizado em São Paulo pela Secretaria da Pessoa com Deficiência Física. E temos destaque em muitas áreas pela presença, em nossa agência, de atletas, de artistas plásticos, de jornalistas, de advogados, de músicos, enfim, de muita gente bonita e com muitos talentos. Nossa meta é entrar com tudo no mercado da moda e da publicidade”, finaliza Kica.

Agência Kica de Castro Fotografias Fone: 11 8131-0154 kicadecastro@gmail.com

Juliana da Costa, 13, paraplégica


DIVERSATILIDADE

– Quero mudar o nome do prédio para Panguaçu. – O quê?? O condomínio com as contas estourando e você quer mudar o nome do prédio?? – disse irado Andrade, o subsíndico. – É revoltante! Conheço este prédio como Canguaçu desde que nasci! Sou contra! – disse dona Gertrudes, indignada. – Canguaçu...? Sempre pensei que o nome do prédio fosse Severino’s... – Severino’s é o nome da lanchonete aí embaixo, dona Mirtes! – cochichou seu Alberto. – Questão de ordem, por favor... – o sujeito da administradora bem que tentava manter a calma. – Senhores, estamos com um problema sério de caixa... – disse o síndico. – Escuta, mas e o problema da fiação elétrica? – Calma, seu Osvaldo, precisamos seguir a pauta. – Então, se o prédio pegar fogo, tudo bem? – Não, eu não disse isso. Estou só seguindo a pauta. – QUEM fez essa pauta? – FUI EU! – disse o síndico, enfezando-se. – Tinha que ser! – Senhores, por favor... – Tenho certeza de que isso aqui vai terminar como a última reunião, quando saímos quase à meia noite e não decidimos nada. E ainda tive que agüentar as provocações da moradora do 15 C! Eu vou embora! – disse seu Odorico. – Eu tenho nome, VIU? – Repito minha demanda: quero mudar o nome do prédio. – Isso não está na pauta, seu Rodolfo. Por favor, vamos seguir a pauta, senão esta reunião não termina! – O síndico está certo. Vamos seguir a pauta! – disse dona Ofélia. – Pois, então, temos um problema nas contas do prédio. Por mais que cortemos gastos, a conta não fecha. Sei que é desagradável, mas creio que não haverá outra saída senão aumentarmos o condomínio. – O quê?? DE NOVO?? – Não aumentamos o condomínio há três anos, dona Lisa. – Olha só quem reclama! Essa mulher está devendo quase um ano de condomínio! É muita desfaçatez! – A senhora cale a boca! – Venha calar... – Meu Deus... seu Geraldo, o senhor que está aí do lado, faça alguma coisa! Elas vão rolar no chão!

38

– Eu quero é mais... Uma sinfonia de risadas abafadas revelou a disposição do grupo. – Por favor, PAREM! Depois de algumas unhadas e tapas, as duas se desvencilharam. – Por favor, deixem-me explicar porque quero mudar o nome do prédio... – Seu Rodolfo, temos uma pauta... – Pra mim essa pauta está completamente furada. Onde já se viu não colocar o problema da instalação elétrica? – O problema da instalação elétrica é o próximo item, seu Osvaldo! – Pois deveria ser o primeiro! – O nome Canguaçu deriva do Tupi, conforme minhas pesquisas... – Senhores, teremos que aumentar o condomínio! Não há jeito! – Absurdo! Eu quero ver as pastas! – As pastas estão à disposição desde o início do meu mandato, seu Haroldo. – Pois eu quero ver agora! – ‘C’anguáh’ significa esterco, e ‘Açu’ significa grande... – Da instalação elétrica ninguém quer saber, não é? Quero ver a hora que o prédio pegar fogo. – Esperem aí... estou interessada nisso que o seu Rodolfo está falando... – Finalmente alguém me dá atenção! – Isto aqui virou uma terapia em grupo! — disse uma voz grave que bem poderia ser o superego do prédio. – Vocês não querem morar num prédio cujo nome significa ‘grande esterco’, querem? – Senhores! Por favor! Silêncio! Seu Rodolfo! Pare com essa história! Temos uma pauta extensa para tratar. – Ei, já são dez e meia! – disse seu Walter – Estou indo. Tchau pra todos! – Já Panguaçu é um nome totalmente diferente. ‘P’anguáh’ significa ‘virilidade’. – O senhor é um obsceno, mesmo! — disse dona Ester, chocada. – Questão de ordem! Temos que votar o aumento do condomínio! – Eu quero saber quem é o idiota que deixa o carrinho dentro do elevador! – Votação... quem for contra o aumento levante a mão! Um, dois, três... – Temos a chance do nome do prédio significar ‘Grande virilidade’ ao invés de ‘Grande esterco’. Uma coisa muito mais auspiciosa! – Onde o senhor pesquisou essas coisas? – Meu filho faz Tupi na USP e me alertou sobre isso. – Aquele vagabundo que fica fumando no corredor estuda?

– NÃO FALE ASSIM DO MEU FILHO! – Senhores, não conseguimos aprovar o aumento do condomínio. Por isso teremos que cortar despesas. Serei obrigado a demitir o porteiro do dia. – Como assim? Seu Amâncio está conosco há quase dez anos! – Eu sei, mas temos que fazer caixa. Caso contrário, não teremos dinheiro pra pagar o seguro do prédio. – O quê? O prédio vai ficar sem seguro e com essa fiação em petição de miséria?! Não acredito! Vou embora! – REPETE O QUE VOCÊ DISSE SOBRE O MEU FILHO! – UM VAGABUNDO QUE FICA FUMANDO NOS CORREDORES! – Senhores, eu... ai meu Deus! Seu Rodolfo pulou sobre seu Amorim e, de quebra, deu uma estocada em dona Eva, que pendeu lentamente da cadeira onde estava e desabou como uma estátua em cima no Schnauzer de dona Ivete, uma senhora que nunca dizia nada, só levantava a mão quando a irmã, dona Guilhermina, mandava. – Ai, meu Pluto! Ai meu Deus! – Hi... – O que eu quero saber é QUANDO vamos tratar das instalações elétricas! – Fala comigo, Pluto! O síndico tentava apartar os dois enquanto mais três moradores deixavam a reunião. – Senhores, se controlem... por favor! Onze horas. Chega ao prédio seu Euclides, o morador do décimo quinto. – Vocês já trataram da infiltração do telhado? – Isso já foi exaustivamente discutido no início da reunião, seu Euclides. – Pois então voltem a discutir que o assunto me interessa! – Vou colocar o nome do prédio em votação... – Para com isso, seu Rodolfo! – ‘Grande esterco’: quem quer manter o nome como está? – Seu Rodolfo! – ‘Grande virilidade’ ganhou de forma unânime! Naquela noite, o saldo foi de um óbito (o Schnauzer), três feridos, uma cadeira quebrada e a rescisão do contrato da administradora. E a mudança do nome do prédio, claro. Alexandre Lourenço é Veterinário, microbiologista, professor, bípede, mamífero e agora, escritor. Não necessariamente nessa ordem. e-mail: duralex@uol.com.br www.microbiologia.vet.br


39



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.