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Pop It Up PUC-Rio | 2014.2 Orientado por Flรกvia Nizia (anteprojeto), Evelyn Grumach (tutora) e Edna Cunha (orientadora) DSG 1032 | 1AC
Sumário O que é Pop? ..................................................................7 Proposta Pop It Up ........................................................9 Existe Mercado ............................................................11 Definições .....................................................................13 Similares e Inspirações ..............................................14 Desenvolvimento ........................................................21 Janet Jackson .................................... 25 Madonna .................................... 27 Beyoncé .................................... 29 Britney Spears .................................... 31 Rihanna .................................... 33 Lady GaGa .................................... 35
E a arte? .........................................................................43 Referências Bibliográficas .........................................48
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O que é Pop?
A música sempre foi um termo recorrente na minha vida pessoal e acadêmica. Desde adolescente vi-me tentado a entender o funcionamento do sistema de um estilo musical (e, para alguns, um estilo de vida) que tenta proporcionar entretenimento para uma vasta gama de pessoas que se identificam com as suas letras fáceis, repetitivas, sem muita “complicação literária” e de rápido consumo. Como disse, o pop é mais do que um mero som, ele possui conceitos, estrutura e, assim como a maioria, tenta agradar a grande massa e se fazer interessante para o consumo e venda. Muitos defendem a não existência desse estilo, pois se baseiam em uma linha de pensamento onde “tudo pode ser pop”. Nesse caso, o pop é aquela música que cai no gosto da população, se tornando popular, sem se prender ao estilo, podendo ser um forró, funk, sertanejo, MPB e por diante. É notório, também, que existe um preconceito existente com essas músicas de entretenimento que possuem um grande apelo popular. Essas músicas são as que tocam nas rádios, nos alto-falantes do cotidiano urbano (celulares, elevadores, táxis, salas de espera), na mídia e que permeiam o dia a dia de grande parte da população. O termo popular esteve muito ligado ao caráter comercial e urbano, podendo chegar a ser classificado por alguns como algo
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pejorativo. Se todas as canções escritas têm por função original o entretenimento de quem as escuta, por que para alguns a ‘música entretenimento’ não tem o seu valor reconhecido na cultura? O autor Henry Burnett escreve que “desde o primeiro momento a música popular já era comercial, e iria tão somente aprofundar essa relação entre criação e venda ao longo dos anos”. O termo popular sempre esteve muito ligado ao caráter comercial e urbano, podendo chegar a ser classificado por alguns como algo pejorativo. Burnett diz que a chamada ‘música de entretenimento’ seria um tipo de música ‘simplória, pequena, banal, de baixa qualidade’ porque não possui comprometimento ‘estético’. Em dado ponto do seu artigo, chega a indagar se esse tipo de música deve sempre ser tida como arte. Talvez esse pensamento explique o motivo do preconceito. Assim como a grande maioria das músicas que são produzidas atualmente, o objetivo principal é fazer com que o seu “produto” seja consumido. No decorrer da história, a música se tornou um objeto de consumo de uma indústria multimilionária (mercado fonográfico) dentro de um sistema ainda maior. Adorno analisa essa Indústria Cultura é como um sistema de alienação dos indivíduos por parte do Capitalismo e que teria como função principal criar falsas necessidades de consumo
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e criar relações sociais (geradas a partir do mesmo ato de consumo), promovendo uma sensação ilusória de relaxamento e descanso da monotonia e ‘exploração’ que o trabalho árduo proporciona. Isso seria uma consequência do trabalho de uma divulgação maciça de imagens conservadoras e, às vezes, estereotipada que seria de fácil acesso a todos, uma ilusão de uma ‘cultura sem esforço’, quase uma mercadoria pronta para ser apreciada por qualquer um. Atualmente a música se tornou um refugio para muitos que a utilizam como meio de expressão, como um escape da realidade ou como uma forma de reflexão para questões do cotidiano. A sua relação com o usuário consumidor faz com que a sua importância seja variante por parte de quem a utiliza e o momento que vive. Todos possuem uma música que o faz remeter a algum momento da vida, por mais simples ou complexo. A música como forma de expressão quebra barreiras e a faz ser um importante item da vida contemporânea.
Proposta Pop It Up
A nomenclatura de um projeto é importante, ter um nome faz com que ele crie uma sensação de crescimento, desenvolvimento e identificação. Pop it Up foi uma brincadeira feita com o nome de uma máquina de simulação de dança muito famosa no fim dos anos 90, a “Pump It Up”. A máquina aparece em vários filmes e em vídeo clipes clássicos, como “Hung Up” (2005) da cantora Madonna. O nome pode ser alterado pois o que foi desenvolvido tem caráter provisório, porem possui um conceito válido que acompanha o desenvolvimento teórico do projeto. Tenho por objetivo desenvolver um projeto gráfico de uma série de cartazes, cujo conteúdo é baseado em artistas populares internacionais que tenham marcado época e a história da música pop mundial. No inicio do desenvolvimento me pendia a questões como a polemicidade dos artistas pesquisados, porém ao desenvolver pesquisas e atividades que me deram dados para criar uma base mais sólida e interessante para descobrir como filtrar e selecionar ao artistas com melhor potencial e importância. A seleção será feita de acordo com a analise do fluxo de informações obtidas em sites referencias para tema música. Revistas renomadas como Billboard, Rolling Stone, diversos fã sites e outros meios de conseguir vastas informações.
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As peças têm como objetivo servir como base para reflexões pessoais sobre a cultura do entretenimento musical e a sua valorização, a importância dos artistas selecionados no contexto e os produtos e questões artísticas envolvidas (como qualidade musical, fama, reconhecimento, etc). Buscarei tentar conectar o mundo dos artistas e conceitos e movimentos de arte que possuem uma identificação em conceitos explorados pelo estilo musical. Um dos objetivos é tentar mostrar a arte que pode ser enxergada, sem preconceitos, nos trabalhos de cada um desses artistas, fazendo uso desses conceitos amplamente aceitos e estudados nas artes plásticas.
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É importante frisar que durante o desenvolvimento de conteúdo e demais etapas criativas, buscarei manter um contato com a atualização da imagem do artista perante a pessoas que consomem os seus produtos e demais pessoas que se identificam e consomem o estilo musical. Isso que dizer que não buscarei somente agradar fãs, mas tentar mostrar uma realidade mais ampla e fiel ao papel histórico de cada nome selecionado. O projeto é para fãs colecionadores.
Existe mercado
Nos últimos anos a indústria voltou as suas atenções para esse nicho. Praticamente todos os CDs lançados nos dias de hoje possuem diferentes versões com materiais extras e exclusivos, fazendo com que cada vez mais essas pessoas comprem versões e edições de luxe, reavivando os fãs colecionadores. O ato de colecionar itens sempre existiu na sociedade, mas para o mercado fonográfico, é importante a venda de vários itens de um mesmo lançamento (versões importadas de outros países, versões com capas diferentes, conteúdo variável, formatos, etc.). A musica internacional representa cerca de 25,6% das vendas de CDs físicos no Brasil, 25,2% de DVDs e BluRays, tendo como principais nomes as cantoras Adele, Beyoncé, Lady GaGa, Justin Bieber, Amy Winehouse, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD). Dados referentes aos primeiros meses de 2013 sugerem que o mercado fonográfico mundial esta em crescimento, segundo dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, em inglês). Os sites de serviços de música online, como Spotify, Grooveshark e o próprio iTunes, sugerem que o papel das assinaturas de musica online é importante para o mercado e ajuda a divulgar novos artistas. Desde 2008, o mercado brasileiro de músicas cresceu cerca de 24%. A receita total do mercado americano chegou ao patamar de US$ 16,5 bilhões. Enquanto no Brasil, a receita é de R$ 398,2 milhões.
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Como o mercado brasileiro não consegue suprir todas essas “novas necessidades”, pode-se notar um surgimento de um mercado alternativo, a criação de produtos fanmades. Eles são produtos personalizados e produzidos por outros fãs, que fazem uso de material extra oficial para criar itens que não são produzidos de modo oficial. Shows variados, músicas que vazam pela internet, vídeo clipes não comercializados, entrevistas e diversos tipos de material são utilizados para promover novos itens. Vale lembrar que geralmente são produtos de utilização de material promocional e que não usados de forma ilegal, sem a devida autorização.
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Busquei pesquisar lojas e modos de venda dos cartazes que serão produzidos. Como o foco é o mercado nacional, grandes cadeias de lojas como a Livraria Saraiva e Papel Craft podem ser opções de ampla distribuição e venda dos mesmos. Porém, creio que a melhor opção seria a galeria digital e as galerias físicas da marca Urban Arts. Eles comercializam produtos variados com base em criações de artistas variados, recebem artes digitais e aplicam a suportes variados (quadros, pôsteres, almofadas, cadernos, canecas, dentre outros).
Definições
Como resultado desse projeto, idealizei a produção de uma série de 4 ou 6 cartazes. Cada cartaz terá como tema um artista selecionado. O formato final continua sendo estudado e permanece não definido. Existe uma vontade de trabalhar com formatos diferentes dos tradicionais (como A2, A3, etc.), creio que o projeto necessite de uma diferenciação de produtos já existentes, pois o destaque seria maior nos pontos de vendas e seria um atrativo para o público alvo. Para produzir os cartazes imagino misturar tipos de impressão diferentes como um offset e serigrafia (silkscreen). Pretendo fazer a entrega das artes dos 5 ou 6 cartazes em formato digital e, pelo menos, 1 cartaz impresso em formato real (1:1). Acho que o projeto só tem a ganhar misturando técnicas de reprodução que são parte fundamental da história do design gráfico. Ao longo das pesquisas de conceituação do projeto, poderá ser percebida que o conceito do popular, reprodução em massa e o trabalho manual, aparecem em vários momentos fazendo com que as decisões tomadas nas definições projetuais sejam justificáveis.
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Similares e inspirações
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Para começar um desenvolvimento criativo das artes dos cartazes, busquei fazer um levantamento de projetos existentes no mercado. Alguns dos projetos citados aqui existem apenas no campo digital e não são comercializados (estão disponíveis na internet para download) e apenas o projeto Draw Me A Song esta disponível para venda via site. Segue uma breve descrição de cada projeto, exemplos coletados e analise de similaridades.
_Pagode Old School “Uma ode ao Pagode” é assim que se auto classifica a página em questão. O projeto gráfico consiste em produção de cartazes online para prestar homenagens a frases que marcaram grandes músicas pertencentes ao gênero musical do Pagode. Os e-cartazes exploram diversas tipografias e são acompanhadas de grafismos ilustrativos. Texto sempre em português e acompanha um cabeçalho que identifica o titulo da música, nome do grupo/cantor e ano de lançamento, além de conter a assinatura da página. A página na rede Facebook conta com 15.404 curtidas. O projeto é basicamente tipográfico com o uso de grafismos. As artes são bastante minimalistas e o foco principal é a frase marcante da música trabalhada. Não existe uso de imagem dos cantores/grupos.
_Music Philosophy O “Music Philosophy” é um site que tem como base cartazes gráficos e/ou tipográficos que são publicados semanalmente. Neles citações de músicas conhecidas se transformam em interpretações filosóficas, buscando uma reflexão de quem vê os cartazes. O projeto é desenvolvido por Mico Toledo, do Reino Unido. Atualmente o site passou por uma reformulação
e migrou para a plataforma do CargoCollective, as artes ainda serão atualizadas. As artes possuem foco principal no trecho da música. O trabalho é basicamente tipográfico, mas em alguns momentos existem ilustrações vetoriais. O trabalho é interessante pelo uso de conceitos fundamentais do design, como pesos diferentes, ritmo e etc.
_Projeto [CDR] Conheci o Projeto [cdr] através do aluno de design Vinicius Mesquita durante o desenvolvimento do projeto 7, semestres atrás. Achei interessante pela exploração de recursos visuais e pela proposta. O projeto “tem como objetivo difundir a cultura brasileira em meios alternativos, fomentando as ruas com cultura” através de intervenções urbanas utilizando estêncil, grafite, pinturas e outras técnicas. O projeto foi criado pelo designer gráfico Eduardo Denne e pode ser encontrado facilmente por muros da zona oeste e do centro da cidade. Podemos notar que imagens dos personagens são utilizadas com tratamento digital e artístico, nunca são reproduzidas de forma total. A composição das imagens e backgrounds torna as criações mais interessantes e garantem um destaque maior para o artista retratado, sem contar que chama a atenção dos transeuntes.
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_Draw Me A Song “Draw Me A Song” é uma marca conceitual que pretende vender cartazes ilustrados com letras de músicas famosas. Segundo o site da marca, o objetivo é fundir as letras das músicas com as artes visuais, para isso cada cartaz possui uma ilustração digital e tipografia estilizada. O projeto foi desenvolvimento pela fundadora Nour Tohme, designer formada pela American University of Beirut. Os cartazes podem ser comprados em formatos A1, A2, A3, A4 e postcard (uma mica), os preços variam de 30 a 3 dólares. Existe uma categorização por estilos musicais e podemos encontrar cartazes com musicas de Madonna, Katy Perry, Rihanna, Amy Winehouse, Bob Marley, Cyndi Lauper e outros. Os cartazes produzidos são bem interessantes e mostram uma boa interação de imagens e tipografia. As ilustrações são bem feitas e podem ser percebidos diferentes usos de estéticas e movimentos artísticos.
_Musica. Entenda do que é feita Esse projeto é formado por uma série de cartazes desenvolvidos pela agencia paulista AlmapBBDO com o objetivo de divulgar a revista Billboard Brasil, lançada em 2010.
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As artes consistem em imagens reticuladas que mostram um artista, mas ao perceber de perto, cada cor da reticula é formada por uma imagem de outro cantor. O interessante é mostrar que um artista atual possui traços de outros artistas antigos. A agencia foi premiada com um Leão de Prata pelas criações desses cartazes. Também busquei expandir a pesquisa de similares a projetos gráficos que poderiam se tornar referencias estéticas. Esses projetos análogos, em sua maioria, exploram a mistura de técnicas e uma liberdade de experimentação de técnicas de representação gráfica. Abaixo segue uma descrição de alguns selecionados e informações analisadas.
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_“Britney: Stages” Livro de 104 páginas que mistura ilustrações e fotografias feitas durante a gravação do documentário ‘Stages: Three Days in Mexico’ da cantora americana Britney Spears. Apesar de ser um livro com muitas fotos, possui algumas inserções de ilustrações e manipulação de imagens com grafismos. São identificáveis referencias aos movimentos, vibrações, repetição e outros conceitos do design utilizados nas composições das imagens. Como pontos negativos, estão a pouca exploração de grafismos e outras interpretações gráficas e a falta de um conceito mais fechado para a composição do livro.
_“SEX” Livro com 128 páginas, encadernação Wire-O e embalado por um envelope metálico. O conteúdo é composto de fotos eróticas e alguns textos como cartas amorosas e eróticas. Foi lançado em 21 de outubro de 1992, precedendo o lançamento do CD ‘Erotica’, dentre os temas como sadomasoquismo e sexo livre. Esse projeto possui diversas interpretações sobre o tema
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sexualidade através de técnicas variadas, como fotografia, interferências gráficas, colagens e outras. O livro é experimental tanto nas técnicas quanto na utilização de materiais e texturas diferentes no miolo. A maioria das imagens faz parte de composições maiores e cria uma estética suja, caótica e dark. Entretanto, o livro possui muitas fotografias e algumas cartas que acabam por mudar o foco do livro, deixando-o similar a um diário de fotos intimas. Outro tipo de material pesquisado foram os tourbooks. Eles são uma espécie de livro de registro de shows/turnês mundiais que são feitas por diversos artistas e que são vendidas em lojinhas nos próprios shows. Esse tipo de produto é muito explorado no exterior, onde a cultura de uma indústria de mega espetáculos é bem desenvolvida e amplamente aceita pela sociedade. Esses livros possuem imagens dos shows, ensaios, bastidores e informações de equipe, set list e locais por onde a turnê passou. As imagens são tratadas e manipuladas digitalmente e exploram conceitos variados, dependendo do conceito da turnê e do artista.
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Desenvolvimento
Para conseguir desenvolver bem o projeto e atingir os objetivos determinados, fiz uma listagem das etapas que necessitaria percorrer para dominar o tema e conseguir o máximo de informações pertinentes que poderiam ser transforadas em guias de conceituação e criação. No primeiro momento tentei entender o que é um artista. Com base em pesquisas e diversas leituras desenvolvi uma espécie de mapa da anatomia de um artista, onde busquei desmembrar os elementos que o compõe e que são relevantes para o seu sucesso e reconhecimento. Usei a ferramenta online Coggle para criar esse mindmapping. Como vertentes principais podemos destacar a produção do artista que são basicamente os produtos gerados pelo trabalho dele, os artistas associados (outros nomes que serviram de influencia, fizeram parcerias e até foram influenciados), o tempo de carreira já que não são todos os artistas que conseguem manter os níveis de sucesso sempre. Outro aspecto importante é o contexto onde esse artista se insere, já que ele faz parte de um sistema social, mercadológico e histórico tendo em vista a sua relevância e trabalho produzido.
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Mapa Anatomia do Pop Star
Esse mapa (ao lado, “Anatomia do Pop Star”) me guiou para entender a complexidade de fatores que influenciam direta e indiretamente na construção de uma imagem do artista e no seu sucesso. É importante destacar que fatores externos como o próprio mercado, produção de equipes (publicitários, empresários, agentes, marqueteiros, etc) são fatores também levados em conta, assim como a vida pessoal do mesmo.
Mapa Dados Frios Uma série de levantamentos de dados numéricos foi feita com fim de entender possíveis conexões entre as cantoras. Com a seleção de 25 nomes, criei mapas visuais de dados de produção (CDs, Singles e vendas) e de fator de sucesso (Tempo de carreira, citações no Google e prêmios recebidos). Esses dados serviram para visualizar a formação de pequenos grupos dentre tantos nomes variados, porém, de fato, esses dados são frios que não tem uma grande relevância para o projeto em si.
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Árvore Genealógica O conceito da criação de uma árvore genealógica foi pensado durante uma conversa com a professora Roberta Portas e a Clarissa durante o periodo passado, quando buscávamos entender de onde se derivavam as cantoras do universo Pop. Essa informação é muito importante e interessante para entender que um artista busca referencia variadas para compor o seu som e a sua imagem. É um ciclo continuo que está em constante atualização.
As Pop stars Com os dados obtidos até esse momento, pude selecionar 6 cantoras do cenário da musica Pop internacional como objeto de estudo e personagens do projeto. Conforme observado com as conexões entre as cantoras, a escolha pode ser livre, porém, escolhi como base a história de cada uma e relevância no cenário musical. A seguir, uma breve biografia de cada.
Mapeamento das conexões dos artistas, “árvore genealógica”
Mapas de levantamento de Dados Frios
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Janet Jackson A americana Janet Damita Jo Jackson (16 de maio de 1966) é a filha mais nova da família Jackson, de onde também saiu o cantor Michael Jackson. A artista começou a sua carreira no mundo do entretenimento em 1974 (durante um show dos Jacksons 5) e já se aventurou como atriz, compositora, produtora e autora. Apesar da família famosa, Janet logo buscou se distanciar e descobrir o seu próprio som. Em parceria com os produtores Jimmy Jam e Terry Lewis, fizeram grandes álbuns como Control (1986), Rhythm Nation 1814 (1989), seu primeiro sucesso mundial, janet. (1993), álbum com grande apelo sexual e The Velvet Rope (1997), um álbum bastante autobiográfico e introspectivo.
Ao longo dos anos Janet se mostrou uma grande artista que soube se adaptar muito bem às mudanças do cenário da musica pop. Seu sucesso se baseia, principalmente, no mercado americano, fazendo com que não seja tão conhecida como Madonna, apesar de terem surgido na mesma época. Mas isso não atrapalhou a carreira de Janet Jackson, que em 2004 apareceu como a nona artista mais bem sucedido da história segundo a Billboard, revista americana especializada em música. Seu ultimo CD de canções inéditas foi lançado em 2008 (intitulado de “Discipline”). O trabalho obteve sucesso bem aquém do esperado, forçando Janet a se retirar do cenário músical e entrando em hiato. Em 2009, foi lançado a sua ultima compilação dos seus melhores sucessos e, após 2 anos, a cantora anunciou que faria uma turnê para a divulgação do CD de greatest hits. Os 80 shows terminaram em dezembro de 2011 e Janet votou a se afastar da música para se dedicar a vida pessoal e outros trabalhos.
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Madonna Madonna Louise Veronica Ciccone (16 de agosto de 1958) é uma das maiores figuras da música Pop mundial. Durante a sua carreira já acumulou 9 prêmios Grammy, 2 Globo de Ouro e suas músicas já receberam 2 prêmios Oscar. Madonna também detém o título de maior vencedora da história do VMA (Video Music Awards da MTV) com 21 estatuetas. Em 11 de Março de 2008, Madonna foi inclusa no seleto grupo de artistas que fazem parte do Hall da Fama do Rock and Roll, título americano cedido aos ícones que fazem história e tem influência no mundo da música por no mínimo 25 anos. A cantora começou a carreira em 1982 e até 2014, já contabilizou mais de 280 milhões de álbuns e 160 milhões de singles vendidos no mundo inteiro, o que a torna a cantora que mais vendeu na história da música mundial. Seu sucesso deriva de escolhas não obvias e desafios que a própria se propôs. Madonna começou a se rebelar e questionar o mundo após perder a mãe durante a sua adolescência. Através das polêmicas que causou ao misturar temas políticos, sexuais e religiosos aos seus produtos (músicas, vídeo clipes e shows), Madonna construiu o seu nome (e fortuna) ao desafiar a sociedade e o – dito – bom costume.
Segundo o livro Guinness e a revista Forbes, ela se tornou a cantora mais rica do mundo com fortuna estimada em mais de 1 bilhão de dólares. Nada mal se comparado ao inicio da carreira quando se mudou para New York e se alimentava basicamente de pipoca e conseguia dinheiro através de trabalhos como modelo para jovens artistas plásticos. Sem precedentes, Madonna ditou modas, tendências e comandou a indústria da musica Pop como ninguém. Graças ao seu trabalho, muito outros artistas surgiram e continuarão surgindo tentando igualar o seu impacto e sucesso que se mantém até hoje. Nas próximas semanas é esperado o lançamento da sua mais nova música de trabalho e o anúncio do seu próximo álbum de inéditas, seguido de mais uma turnê mundial. Madonna é a artista que esta sempre um passo a diante. Em 2009 rompeu com a sua gravadora e trocou o modo de gerenciar a sua carreira. Percebendo os problemas do mercado fonográfico, ela fundou a sua gravadora e transformou os seus álbuns em apenas base para os seus grandiosos mega espetáculos. A mudança esta em perceber que o que gera capital são as turnês e não as vendas de CDs, como antigamente.
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Beyoncé Beyoncé Giselle Knowles (4 de setembro de 1981) é uma das maiores artistas da atualidade, seja como cantora, compositora, dançarina, atriz, coreografa, produtora e empresária. Se tornou conhecida através do sucesso da banda Destiny’s Child, onde era a voz principal. A carreira solo foi apenas uma questão de tempo e em 2003, ela lançou seu primeiro CD em solo, o “Dangerously in Love”. Após um enorme sucesso comercial, foi premiada com 5 Grammys , o Oscar da música americana. O segundo CD, “B’Day” (2006), foi gravado em apenas algumas semanas pois a cantora estava comprometida com o filme “Dream Girls”. Seu terceiro álbum solo, “I Am... Sasha Fierce”, foi um lançamento audacioso pois era um CD duplo em um mercado em crise, mas o sucesso foi garantido. Durante o Grammy de 2010, Beyoncé se tornou a artista feminina mais premiada em apenas uma noite, vencendo 6 das 10 indicações que teve. Ao todo, a cantora já possui mais de 17 prêmios Grammy e contabiliza mais de 115 milhões de CDs vendidos pelo mundo.
de 2000 e em 2011 durante a premiação da revista, recebeu o premio de Billboard Millennium Award, pela sua trajetória na música americana. A cantora sempre figura entre as melhores e mais poderosas cantoras do mundo e isso se deve ao seu trabalho incansável e a todo um planejamento feito pelos seus pais, que desde cedo notaram o talento da filha e buscaram realizar o seu sonho. Beyoncé construiu a sua história e a sua imagem, moldando-a da forma certa para o sucesso. No dia 13 de Dezembro de 2013, a cantora deu a sua mais recente cartada para o sucesso comercial. Sem avisos e sem divulgação prévia, lançou pelo site de vendas musicais, iTunes, seu quinto e ultimo CD, “BEYONCÉ”. O sucesso foi instantâneo. A cantora não só lançou um álbum de inéditas de surpresa como também divulgou todos os vídeos clipes de todas as músicas do respectivo álbum. A repercussão gerou um grande número de vendas e fez com que ela entrasse para o livro dos recordes por estreiar em 1º lugar na lista dos álbuns mais vendidos em mais de 100 países. Esse ano a revista Time incluiu a cantora como a 17ª pessoa mais influente do mundo.
De acordo com a revista americana Billboard, Beyoncé é um das maiores artistas da década
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Britney Spears Britney Jean Spears (2 de dezembro de 1981) pode ser classificada como cantora, compositora, dançarina, produtora e alguns outros rótulos dados a grande maioria dos artistas contemporâneos. Ao longo dos seus mais de 15 anos de carreira, vendeu em torno de 100 milhões de álbuns, 90 milhões de singles e 40 milhões de DVDs, segundo dados da sua gravadora americana RCA Records(filiada a Sony Music no Brasil). Atualmente é a 3ª artista que mais vendeu CDs nos anos 2000 e a 8ª artista que mais vendeu CDs em toda a história dos Estados Unidos. Outros números impressionam, como os mais de 308 prêmios que coleciona durante a carreira, tais quais: Grammy Awards, MTV Vídeo Music Awards, Europe Music Awards, Teen Choice Awards, Billboard Music Awards, World Music Awards, American Music Awards, MTV Vídeo Music Brasil e segue. Ela é a única cantora na história a ter os seus 7 álbuns de canções inéditas a estrear no Top 2 (apenas 1 ficou em segundo lugar) da lista de CDs mais vendidos da América, a Billboard 200. Foi por 9 anos (de 1999 à 2007) consecutivos a celebridade mais procurada da
internet, segundo os sites de busca Google e Yahoo!. Spears também coleciona recordes que estão registrados no livro Guinness World Records. Deixando os números de lado, a cantora se tornou um dos ícones da cultura pop mundial. Artistas como Lady GaGa, Beyoncé, Miley Cyrus, Selena Gomez, Demi Lovato, Adam Lambert já indicaram que Britney foi uma influencia direta em suas carreiras. A sua carreira sempre esteve atrelada a sua vida pessoal. Muitos olhos acompanharam a todos os seus passos através das lentes dos (muitos) paparazzi que sempre a perseguiram durante os anos. Todos os momentos bons e, principalmente, os ruins foram registrados e explorados por tabloides, revistas e sites especializados em fofocas de celebridades. Ao mesmo tempo em que Britney se deixou levar pela mídia, permitindo essa invasão de privacidade, ela se viu sugada e amplamente explorada por eles – chegando a ter o titulo de segunda celebridade mais fotografada da história, perdendo apenas para a Lady Di (morta em um acidente de carro ao fugir de paparazzi).
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Rihanna Robyn Rihanna Fenty (20 de fevereiro de 1988), é uma cantora nascida na ilha de Barbados. A cantora assinou contrato com a gravadora Def Jam após uma apresentação para o produtor Evan Rogers e o rapper Jay-Z (marido da cantora americana Beyoncé). Seu primeiro CD, “Music of the Sun”, foi lançado em 2005 e conseguiu entrar para a lista dos 10 CDs mais vendidos da Billboard. Um ano depois lançou outro álbum, “A Girl Like Me”, onde estava incluída a sua primeira música numero 1 a canção a nível mundial, “S.O.S.”. Mas o sucesso comercial apenas começou em 2007, após o lançamento do CD “Good Girl Gone Bad”, onde a cantora rompia com a imagem genérica de menina boa e se rebelava contra “tudo e todos”, sem motivo aparente. Os singles extraídos desse álbum foram tocados por semanas consecutivas no mundo todo e o CD vendeu mais de 15 milhões de cópias.
Em 2009 a cantora lançou “Rated R”, álbum de sucesso mediano onde cantava sobre os seus problemas amorosos e sobre a violência doméstica sofrida após apanhar do namorado na noite anterior a festa do prêmio Grammy. Já em 2010 a cantora reencontrou o sucesso com o CD “Loud”, chegando a fazer uma extensa turnê mundial e visitando o Brasil para o Rock In Rio. Como a produção é quase que instantânea, a cantora lançou o álbum “Talk That Talk” no ano seguinte, mais um trabalho mediano, sem grandes inovações musicais. Como bagagem a carreira, um tanto quanto recente, Rihanna contabiliza mais de 50 milhões de álbuns e 180 milhões de singles, sendo um dos maiores nomes da era de vendas digitais (mercado base para as suas vendas). De maneira incrivelmente rápida, ela já conseguiu 13 singles #1 na parada da Billboard Hot 100, organizada pela revista Billboard, e é a artista feminina com mais números 1s da década de 2000 e do século XXI.
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Lady GaGa Stefani Joanne Angelina Germanotta (28 de março de 1986), conhecida mundialmente apenas por Lady GaGa, é uma cantora, compositora e produtora musical americana. Após passear durante anos no cenário da música alternativa e underground de New York, assinou um contrato com a Streamline Records, no fim de 2007. Durante o seu início na gravadora, compôs diversas musicas para artistas já consagrados como Britney Spears e assim conseguiu certa notoriedade no mercado. Seu primeiro álbum, “The Fame”, foi lançado em 2008 e fez com que GaGa conquistasse os holofotes. O CD foi um enorme sucesso comercial e os seus singles fizeram sucesso no mundo todo. O álbum chegou a ser relançado com a inclusão de novas músicas e acabou por conquistar 7 indicações no Grammy . O “The Fame Monster”, o nome dado ao relançamento, vendeu mais de 6 milhões de unidades e foi o álbum mais vendido de 2010. O segundo álbum, “Born This Way”, foi lançado em 2011 e conseguiu vender mais de 1 milhão de cópias apenas na primeira semana nos EUA, vendendo no total 6 milhões de cópias pelo mundo. GaGa chegou a fazer uma turnê mundial, chegando a passar pelo Brasil, mas
teve que cancelar a etapa final alegando ter que fazer uma cirurgia no quadril. A excentricidade da cantora ao usar roupas bastante extravagantes, se auto intitular de “mãe monstro” e chamar os seus fãs de “monstrinhos” não garantiu o sucesso comercial do seu mais recente CD, o “ARTPOP” (2013). GaGa prometeu que esse seria o álbum da década e que o sucesso seria garantido, porém o fiasco foi grande. A estratégia de marketing falhou e a cantora demitiu o seu empresário e mudou toda a sua equipe de colaboradores. A ideia principal era misturar a arte com a musica Pop, mas o CD se mostrou apenas genérico e sem grandes inovações nas produções. Lady GaGa sempre disse que foi influenciada por grandes nomes da música como David Bowie, Michael Jackson, Madonna, Cher e Queen. Seu papel e colaboração com a indústria da moda são inegáveis. Sempre busca usar roupas extravagantes, exageradas e opta por apresentações diferentes (beirando o estranho) em shows e clipes. Até agora já vendeu entorno de 23 milhões de CDs e 64 milhões de singles.
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Cronologias Essa importante etapa foi desenvolvida para entender o contexto onde cada artista se insere nos diversos acontecimentos históricos no decorrer das décadas. Fiz um corte histórico entre as décadas de 1980 e 2010 (4 décadas) e desenvolvi uma espécie de linha do tempo para cada uma das 6 cantoras e uma para acontecimentos históricos da sociedade e música. É importante deixar claro que não foi feito um aprofundamento em todos os acontecimentos e anos, foi necessário criar um filtro para selecionar apenas alguns fatos pontuais, porém relevantes. A importância da criação dessas cronologias esta em entender o tempo e o papel que cada uma exerceu. Essas artistas estão inseridas em um contexto musica, tanto quanto em um contexto social pois a amplitude do seu trabalho não se limita apenas ao campo musical, mas também alimenta a industria d moda, revistas de celebridades, canais de televisão e demais costumes de milhares de pessoas pelo mundo. Para cada cantora foi levantados dados relativos a lançamentos musicais, shows, relacionamentos pessoais e outros dados relevantes. A seleção desses dados é de acordo com o mapa anatômico desenvolvido anteriormente no projeto.
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Hist贸rico
Janet Jackson
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Madonna
BeyoncĂŠ
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Britney Spears
Rihanna
Lady GaGa
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TAGS: Janet Jackson
Tags A intensão por trás da criação de tags para cada artista selecionada é tentar imergir no mundo de cada artista com intuito de entender a essência de cada um e buscar palavras que podem ser associadas para descrevê-los. A seleção dessas palavras e/ou verbetes se deu através da pesquisa bibliográfica, leitura de artigos e outros textos produzidos por fã sites e noticias recentes encontradas na internet. Ao fim, desenvolvi um esquema comparativo entre as tags das cantoras e as suas repetições.
Peso
Performer
Sexy
Corpo
Coreografias
Recorde
Pop Movimento
Michael Jackson
Controle
TAGS: Madonna
Sexo
Performer
Rainha Controladora
Pop
40
Polêmica
Choque
Recorde
Inovadora
Experimental
TAGS: Beyoncé
Diva
Sexy Fashionista
Curvas
Sensual
Jovem
Pop Sucesso Workaholic Poderosa
TAGS: Britney Spears
Playback Performer
Corpo
Coreografias
Polêmica
Pop
Sucesso
Recorde
Sorriso
Reabilitação 41
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E a arte?
Os avanços tecnológicos crescentes desde 1960 e mudança de valores da sociedade, culminaram em embates culturais e novas reflexões por parte dos indivíduos. Nas artes isso ficava explicito nas propostas dos artistas em buscar um olhar novo, diferenciado que eram unidos a linguagens diferentes buscando representar uma realidade múltipla, mista e às vezes fragmentada. O pósmodernismo surge denunciando a rotina da sociedade inundada de informações, novas tecnologias que surgem a cada hora e uma nova sociedade de consumo, diversão e espetáculos.
“O momento pós-moderno não apresenta propostas definidas, nem coerências, tampouco linhas evolutivas. Deste modo, diferentes estilos convivem sem choques formando ecletismos e pluralismos culturais. Não há grupos ou movimentos unificados. Além disso, ele não se desfaz do passado que é agregado ao pós-moderno, apenas o tradicional foi eliminado.” - Luciana Leite e Daisy Peccinini (MAC-USP) Tendo em vista os fatos marcantes que ocorreram durante a década de 1990, alguns movimentos artísticos anteriores podem ser associados ao cenário musical e social. A ambiguidade entre tratar assuntos polêmicos e tentar forçar
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reflexões sobre a vida cotidiana são características dessa mentalidade de virada do século XX para XXI. A proposta era fazer com que as pessoas reconsiderassem conceitos e ideias, provocando a sociedade a pensar a sua existência e as relações com questões importantes (sociais, ambientais, mercadológicas, etc). A primeira vista, a Pop Art pode parecer uma escolha óbvia para retratar o momento, mas ao entender bem o cenário, podemos ter certeza que é uma das opções que mais se encaixam com o pensamento da indústria do entretenimento e o cenário musical, através dos artistas que se destacaram. Ao traçar um paralelo com a música, a Pop Art também cresce no Reino Unido e ganha status internacional ao chegar aos Estados Unidos. A Pop Art surge entre o fim da década de 1950 e a década de 1960, os artistas da época defendiam a criação de uma arte que se comunicasse com o publico de forma mais fácil, sem fronteiras e acessível. Começa a surgir uma arte jovem, sexy, chamativa, que faz uso de elementos do cotidiano e da cultura de massa para criar arte com desenhos simplificados e cores saturadas. Existe também uma linha experimental de materiais novos da vida cotidiana e e fácil replicação. A arte começa a ter um maior valor decorativo.
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Um dos contemporâneos da Pop Art americana foi o Nouveau Réalisme, movimento desenvolvido na França em 1960, que faz uso de materiais do cotidiano urbano e materiais reciclados para criar novas formas de representação do real. A associação com o movimento da Pop Art vai além das técnicas de colagens e montagens, o uso de readymades na construção de peças e a representação artística através de várias visões destoantes e sem julgamentos, porém o movimento francês se conecta melhor com o movimento Dadá. O movimento se dissolveu no inicio dos anos 70.
Arte dos anos 80 O pós-modernismo no fim dos anos 70 acaba por mostrar artistas que repudiam a academia e todas as formas de linguagem tradicional de arte, pois as classificavam como corrompidas e dependentes diretas do mercado das artes. Elas representavam uma representação da burguesia e os seus valores. Durante a década de 1980 a pintura volta a ser valorizada após agregar novas características como o uso ilimitado de cores, os formatos inusitados, o uso de objetos do cotidiano como suporte, figurativismo e o expressionismo. A ideia passa a ser ironizar, inverter significados, representar imagens desconstruídas, não se limitar aos formatos dos suportes e misturar técnicas e materiais sem limitações.
Arte dos anos 90 Tal como foi uma década conturbada e movimentada na questão musical, os anos 1990 foram igualmente inquietos nas artes. Na década anterior, o surgimento do movimento punk no Reino Unido veio exerceu uma grande influencia na sociedade, gerando debates que incidiram na literatura, na moda, na música e nas artes. O estilo gráfico dessa época fazia uso de recortes grotescos e composições com o uso de intervenções gráficas espontâneas (como se fossem feitas a mão) com base em fotos, jornais e demais elementos que pudessem gerar subversões de diversas naturezas. A mensagem deveria ser transmitida de forma direta e clara para a população, com conteúdo extremamente politico e critico. O pós-modernismo dos anos 90 faz uso dessa rebeldia e necessidade de se expressar que nasceu em anos anteriores. Essa mentalidade influenciou artistas para produzirem artes conturbadas e provocadoras que flertavam com o erotismo e tabus como morte, exploração relações pessoais e a complexidade da vida cotidiana. Os escândalos e polemicas se tornaram base fundamental para as criações. Algumas características marcantes do movimento pós-morderno
são: inspirações em elementos do cotidiano que são utilizados para gerar reflexão; uma metalinguagem onde a arte é o suporte utilizado para falar da própria arte; o questionamento de paradigmas e demais valores “dúbios” que foram impostos pelo mercado e a realização de trabalhos de um artista através de uma equipe de produção. A vontade dos artistas por uma liberdade de expressão acabou por gerar manifestações artísticas curiosas, talvez de gosto duvidoso, mas, certamente polêmicas. A seguir uma rápida citação dos nomes e trabalhos mais interessantes que marcaram a década de 1990. Jeff Koons é um dos principais nomes da época. Artista conceitual americano ganhou fama ao retratar a sua vida intima com Cicciolina (sua esposa e ex-atriz pornô) através de fotografias e esculturas que mostravam posições e atos de sexo explicito. A série chamada “Made In Heaven” debatia a pornografia como arte e a quebra de um tabu moralista. Recentemente Koons ficou responsável pela capa do álbum “ARTPOP” da cantora americana Lady GaGa, onde uma estátua da cantora foi criada e faz parte de uma colagem de diversos elementos artísticos. O artista britânico Damien Hirst ficou conhecido através de um dos
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trabalhos que se tornaram um retrato da década. O “The Physical Impossibility Of Death In the Mind Of Someone Living” é um enorme aquário onde existe um tubarão tigre nadando em formol (liquido utilizado para manter o animal em boas condições) e que se mostra imponente perante o observador. A obra propõe questões relativas a vida e morte, flerta com o choque e provocação, fazendo com que o observador reflita a sua existência ao mesmo tempo que observa a beleza do animal como se estivesse em uma vitrine. Apesar de ser uma obra de gosto duvidoso para alguns, ela foi vendida por aproximadamente 10 milhões de dólares em 2004. Outra peça criada e vendida por muitos milhões foi o “For The Love Of God”, um crânio verdadeiro com aplicação de 8 mil diamantes em toda a sua superfície. Cindy Sherman, fotógrafa americana e diretora de cinema, se tornou conhecida através dos autorretratos conceituais. Em seus trabalhos buscava explorar uma nova visão do feminismo e seus conflitos de poder. O fotógrafo inglês Richard Billingham resolve transformar o seu álbum de retratos familiares em trabalho, expondo-o para o mundo. As fotos mostram o cotidiano de uma família problemática onde cada personagem possui um problema maior que o outro: o pai é alcoólatra, a mãe fumante obesa e o irmão problemático.
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Quase como um documentário, essas fotos mostram temas desconcertantes e que geram uma visão quase intimista.
A Imagem Fotográfica Nota-se que a fotografia se torna uma importantíssima forma de expressão artística nos anos 90 e que acaba por se tornar quase que uma essência dos anos seguintes, nas décadas de 2000 e 2010. A importância da imagem fotográfica transcende quadros, telas e princípios fundamentais. Sai do poder de técnicos especializados (fotógrafos) e passa a fazer parte da vida de cada pessoa no mundo contemporâneo, onde “cada piscada é um clique”. É impossível não citar a importância da fotografia nessa década. Os primeiros paparazzi surgem ainda na década de 1960, mas começam a se tornar personagens conhecidos do grande público no fim dos anos 80 e durante a década de 1990, atingindo o auge nos anos 2000. Eles possuem como função fazer registros de figuras publica em situações da vida normal. Muitas vezes perseguem as celebridades sem permissão e fazem fotos expondo para o mundo as situações inesperadas e, por muitas vezes, intimas. Esses registros são vendidos para agencias e grandes meios de informação por muito dinheiro.
fotografias de situações intimas acabaram por causar a morte da princesa Diana em agosto de 1997, após uma intensa perseguição de diversos carros de paparazzi pelas ruas de Paris. As fotos da vida pessoal de um artista podem valer muito lucro para tabloides pelo mundo. Ao mesmo tempo em que podem sofrer com o assedio da mídia, muitos são os artistas que fazem uso desses veículos para se divulgar e alcançar o sucesso. O poder da mídia faz parte da plataforma de sucesso dos artistas pop, assim como a sua vida intima. É uma troca. Assim como podem ficar mais famosos, poderosos e ricos, a não colaboração pode destruir carreiras.
Esse mercado cresce a cada dia e faz girar milhões de dólares pelo mundo. Quanto mais embaraçoso e intimo é o clique, maior é o poder de venda. Essa ganancia por
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