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introdução

Apresente pesquisa de projeto tem como principal foco identificar e transformar múltiplos sentidos, experiências e significados, pessoais e gerais, a respeito do município de Holambra, localizado no interior do Estado de São Paulo. Aplicado a isto, será concebido uma marca de cidade conjunto a um sistema de identidade visual capaz de gerar reconhecimento entre pessoa e marca para com o lugar em estudo, potencializando suas especificidades.

objetivo

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Pretende-se entender teorias, detalhes, mecânicas e regras em diferentes aspectos que envolvem a criação de identidade visual para territórios, especialmente o design de marcas de cidade, ampliando o conhecimento e reflexão acerca da temática. Em sentido mais amplo, evidenciar sua necessidade como uma das forças motrizes ao explorar o núcleo cultural da cidade e como este influencia seus moradores e turistas a perceberem seu espaço, monumentos, manifestações culturais assim como seus patrimônios e bases formadoras.

É objetivo entender qual mensagem transmitir por meio de imagens, símbolos, códigos ou iconografias, ao realizar um levantamento de dados para obter respaldo a respostas gráficas capazes de aprofundar no cultural, histórico e social, no que diz respeito às bases de valor que a sustentam como colônia neerlandesa. Também, criar reconhecimento para com os interagentes locais, expandindo a compreensão sobre os elementos da cidade a fim de potencializar sua imagem, fortificar e maximizar boas vivências e experiências turísticas sustentáveis, documentando estas novas configurações em um manual de identidade visualI por meio do design como unidade.

I Ferramenta utilizada com a finalidade de apresentar dados técnicos do universo de marca como sua construção, proporções e aplicações podendo ou não estar incorporado ao brandbook (wheeler, 2019).

16 justificativa

Entre longas vivências particulares no município de Holambra, buscou-se um encontro entre o grande interesse em compreender suas rotas históricas e culturais aliado ao grande interesse na área do design de marcas. Fatores esses que, quando combinados, podem fortificar e maximizar as boas vivências locais através de códigos visuais conectados com a essência local, utilizando-se do design como unidade, a fim de proporcionar uma comunicação coerente com sua tradição.

O principal tema em discussão neste projeto tratará do design de identidade de marcas para cidade ou “place brandingII”, termo inglês que o define. Ao pensar nesta específica área de atuação pouco explorada no Brasil, percebe-se a necessidade de compreender mais sobre o processo criativo a seu respeito, ponto de importante discussão para uma maior difusão da ferramenta no país, como instrumento de potencialização econômica nas cidades.

Observa-se que ao visitar a cidade de Holambra, ou mesmo seus endereços digitais, encontra-se manifestações gráficas fragmentadas e ausentes de um padrão em seu sistema de identidade visual atual. Tais elementos, quando dispostos e divulgados desta maneira, ocasionam parte da desvalorização e da não memorização destes logotipos e elementos existentes, comunicando informações dispostas visualmente de maneira pouco efetiva, consequentemente, a cidade não passa a ser percebida e lembrada positivamente por tais referências.

Visualiza-se, também, um desprendimento das bases que formaram o município, perdendo parte da tradição neerlandesa, fato este considerado natural em razão da mistura com novos brasileiros no território (van der knaap, 2012). Logo, fica claro a necessidade de reforçar tais características únicas que consideram Holambra uma cidade de holofote.

Além disso, em razão do desenvolvimento do turismo em Holambra, bem como sua expansão combinado ao trabalho entre Prefeitura e demais organizações, constata-se que o setor tem potencial para continuar a crescer. Nas palavras de Annemarie van der Knaap, historiadora da cidade de Holambra, o turismo holambrense tornou-se holofote na região em razão de sua forte base neerlandesa, além do característico cultivo de flores e plantas (2012).

II Área que une design e marketing a fim de construir e divulgar cidades, regiões ou países como marcas, utilizando-se de ferramentas e estratégias para destacar-se competitivamente (castanha junior, 2014).

Exemplos de aplicações não padronizadas:

f.1

Registros de placas, avisos e peças digitais presentes em Holambra.

18

Dessa maneira, o lema “Um pedacinho da Holanda no Brasil” tornouse frase muito conhecida entre toda população (van der knaap, 2012). Complementar ao olhar de Annemarie, Kees Wijnen, membro do Instituto de Economia Agrícola e historiador que produziu obras de grande valor cultural para a cidade de Holambra, diz “[...] o fato de ter se tornado Estância TurísticaIII , e prestar serviços no setor de turismo pode representar um fortalecimento da economia do município” (wijnen, 2012, p. 327).

De acordo com o mais atual registro (2019) no Mapa do Turismo Brasileiro, o município de Holambra consta com o recorte territorial “águas e flores paulista” recebendo um desempenho “D”. Este recorte envolve localidades em meio a vales e montanhas, cidades que têm o clima ameno, vales e cachoeiras, abundância de água com excelente qualidade, a influência colonizadora e heranças culturais. A fim de comparação, outras cidades do Estado de São Paulo que compartilham desta mesma categoria são:

Ainda em consulta para fins de justificação acerca da relevância de também explorar as potencialidades do município no setor turístico, constatou-se que, no Relatório de Listagem dos Municípios Inseridos e Excluídos (2019), a cidade de Holambra perdeu sua categoria de desempenho “C” decaindo para categoria de desempenho “D”. Essa informação ressalta como também existe a necessidade de tratar neste projeto a investigação e pesquisa relacionada ao setor turístico holambrense.

Por fim, em consulta ao Plano Diretor de Turismo, elaborado para o município de Holambra pelo CICAP – Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento do Polo Turístico do Circuito das Águas Paulista –, documento que se baseia em estudos de demanda, oferta turística e estudos

tabela 1

Regiões turísticas em São Paulo na categoria águas e flores paulistas.

A categoria

B C

Águas de Lindoia Amparo

Serra Negra Jaguariúna

Socorro Monte Alegre do Sul

D

Holambra

Lindoia

Pedreira

E

III Título concedido pelo governo do Estado de São Paulo a municípios com potencial destino turístico, gerador de deslocamentos e estadas de fluxo permanente de visitantes com expressivos atrativos turísticos de uso público e caráter permanente, naturais, culturais ou artificiais.

técnicos do ambiente para elaborar políticas de turismo para os municípios pertencentes a esta região, foi possível ter acesso às grades de programas e projetos planejados para Holambra. Dessa forma, notou-se, na página 69, uma das seguintes ações a serem desenvolvidas como exigência a se cumprir, a fim de se manter como Estância, conforme Lei Complementar 1.261 de 29 de abril de 2015 (toledo; belini, 2018, p. 3):

1. Contratar profissional suficiente para criação da logomarca

“Holambra” com correspondente manual de aplicação, criação de no mínimo cinco tipos de souvenires contendo a marca da cidade; 2. Registrar a “Logomarca” criada em órgão competente (Marcas e Patentes); 3. Elaborar linguagem de comunicação visual uniforme para os meios de promoção do destino, como: fôlder, flyer, banner, mapas, interface para sites, hot site, vídeos promocionais e mídias sociais.

Tendo isso em vista, verifica-se a coerência e relevância deste projeto como produto de design e comunicação, que visa contribuir ao município como localidade e lar de seus cidadãos, como também de maneira a cumprir com o plano de marketing e promoção do destino adequadamente. Assim, além de compreender, definir e justificar uma estratégia de marca coerente e forte o bastante para sustentar o que a cidade oferece ao seu público, de forma que se reconheçam com o resultado e, turisticamente, ampliando sua rede de influência através do conhecimento e paixão pelos seus elementos, arredores, flores e cores por meio da simplicidade e de significados que estejam em acordo com sua própria história.

20 procedimentos metodológicos

Para conceituação desta pesquisa projetual, a busca por metodologias e teorias processuais em design é de grande relevância, bem como o levantamento de bibliografias para análise. Neste sentido, num primeiro plano, serão considerados o método de gestão de marcas, comprovado pela especialista em branding, Alina Wheeler em “Design de Identidade da Marca: guia essencial para toda a equipe de gestão de marcas” (2019), as rotas históricas percorridas pelo município de Holambra, fatos estes registrados por Kees Wijnen e atualizado por Annemarie van der Knaap no livro “Holambra - A cidade das Flores” (2012). E, o cenário turístico e patrimonial de Holambra, discutido no artigo “Holambra: turismo, patrimônio e perdas” (2017) de João Luiz van Ham MelloIV e Solano de Souza BragaV .

Em segundo plano, complementar as informações apresentadas nas bibliografias acima, o livro “Holambra: A Holanda brasileira” (2007) de Érico Hiller e Jurandyr Salomão trará, de forma sintética, a história do município, auxiliando a formar contrapontos sob um olhar crítico. Para compreender como corresponder ao processo de criação para este projeto de design de identidade para uma marca de cidade, utilizou-se também, da metodologia de Simon Anholt na obra “Competitive Identity” (2007) e da dissertação de mestrado de Marco Aurélio Castanha Júnior (2014).

Num terceiro plano, a fim de que este projeto alcance um resultado consistente, é imprescindível entender um pouco mais sobre o conceito de imagem e como ela se constrói no imaginário humano. As obras “A imagem da cidade” [1999], de Kevin Lynch e “A Imagem da Marca: um fenômeno social” (2008) de Joan Costa contribuíram neste sentido elaborando uma visão ampla e de caráter reflexivo, a respeito do relacionamento entre pessoa, cidade, memória, imagem e marca.

Após entender teorias e regras que permeiam o universo do design, o foco recaiu numa análise de cenário no município em questão, buscando entender e interpretar o passado e presente de Holambra, de modo cultural e antropológico. Dessa maneira seria possível identificar e imergir no DNA da cidade ao entender suas particularidades, o que a faz ser especial, o que a mídia diz a respeito e identificar seus problemas e qualidades.

IV Mestre em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável - EA/ UFMG (2018-2020); Bacharel em Turismo – IGC/UFMG (2015).

V Mestre em Geografia - IGC/UFMG (2011); Bacharel em Turismo - IGC/UFMG (2006).

A fim de ampliar este arcabouço de conhecimento, realizou-se pesquisas quantitativas e qualitativas para entendimento do público-alvo, a fim de compreender como a cidade se conecta ao coração e ao imaginário de todas estas pessoas para descobrir o que pensam do local, onde habitam ou visitam, qual a imagem forma-se ao pensar neste espaço, particularidades da vivência local e, de grande valia, como interagem com os símbolos pertencentes ao município. A divulgação destas pesquisas contou com apoio das plataformas digitais e mídias sociais. Em sequência, é fator de extrema relevância a etapa de cruzar os dados coletados em visitações de campo, entrevistas ao Departamento de Turismo e COMTUR – Conselho Municipal de Turismo – e, por fim, a pesquisa avaliativa direcionada aos moradores e turistas locais. Esta etapa auxiliará na visualização de uma possível solução criativa e nas possíveis estratégias a ser definidas.

Para estabelecer conexões entre teoria e prática, estudos e análises de caso aconteceram de maneira contextual, descritiva e experimental, contando sobre o contexto, analisando processos e estratégias, a solução criativa e resultados, avaliando a identidade visual, seus símbolos, formas, cores, tipografia, look and feel e ativos visuais de três marcas de lugar: Helsinque, a capital da Finlândia, Peru, país na América do Sul e Porto, cidade em Portugal. Ademais, os manuais de identidade ou brandbooksVI disponibilizados em sites, ou pelo departamento de comunicação, ou pelos próprios designers criadores da marca, também serão analisados para então definir e verificar os pilares que melhor simbolizaram as localidades em questão.

Por fim, serão usados como documentação do processo criativo: rafes, sketches, painéis visuais e ou referenciais, vídeos, fotografias que retratem o espaço, a busca de imagens na internet referente as circunstâncias locais e os procedimentos de visita de campo para um maior detalhamento.

VI Instrumento de comunicação que ajuda a educar e a construir a consciência de marca para carregar a visão e seu significado em questão de um jeito portátil direcionando quem o lê ao incorporar aspectos sentimentais e subjetivos podendo ou não apresentar técnicas (wheeler, 2019).

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