PA 3 - Habitação Multifamiliar de Interesse Social

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Projeto 1 - habitações multifamiliares de interesse social projeto arquitetônico 3 Júlia Brenner 15/0013671, Luiz Phelipe Lopes 15/0016514, Sophia Passos 15/0021909 e Victória Dias 15/0023146


Sumário Histórico de Planaltina ...................................... 03 Habitação de Interesse Social ................................ 05 Estudo de Caso 1 - Habitação Popular no Brás, SP .............. 05 Análise e Diagnóstico da Área Urbana Específica............... 08 Projeto de Revitalização Urbana .............................. 10 Estudo de Caso 2 - ITI 68 ..................................... 14 Projeto da Habitação Multifamiliar ........................... 16

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HISTÓRICO DE PLANALTINA

Adaptação do texto “Urbanização em Goiás no SéculO XIX: O Caso de Planaltina” e diagnóstico do grupo

Figura 2. Situação geográfica do sítio de Mestre d’Armas, por Ana Laterza

Figura 1. MAPA DE SITUAÇÃO DE PLANALTINA

O sítio conhecido como Mestre d’Armas, que deu origem à atual Planaltina, foi mencionado pela primeira vez num documento escrito em 1773 pelo secretário do governador da Capitania de Goiás. Sabe-se, também, que as primeiras sesmarias na área foram concedidas a partir de 1741, antes mesmo da fundação do arraial mais próximo, Couros, a cidade de Formosa. Após o declínio do ouro, o Planalto Central permaneceu, num estado de estagnação demográfica e econômica até os anos 1880. Essa foi uma época de intenso crescimento econômico no Centro-Oeste, cujas população e renda per capita dobraram até o início do século XX. A pecuária exportadora foi o principal motor desse crescimento, que precedeu em várias décadas a chegada da ferrovia em Goiás, em 1912.

Foi nesse contexto de desenvolvimento pecuarista que o sítio de Mestre d’Armas teve seu auge. O local, cortado pelo ribeirão de mesmo nome, fica próximo à antiga Estrada Real dos Goyazes, que ligava a capital à Bahia, a 950 metros de altitude. Ao norte da estrada, uma borda de chapada quase intransponível abriga a nascente do Rio Maranhão, principal afluente do Tocantins. Ao sul do sítio estende-se o amplo vale do Rio São Bartolomeu, que corre rumo ao então despovoado sudeste de Goiás. A antiga Contagem de São João das Três Barras, próxima ao vale do Maranhão, era o estabelecimento governamental mais próximo de Mestre d’Armas. O relatório de 1773, indica que o sítio já era habitado e conhecido pelo nome do ribeirão vizinho. Antes mesmo dessa data, em 1741, já há sesmarias concedidas no

local. A maioria das cartas de sesmaria na área data de 1746 a 1772, ano em que Couros foi elevado à condição de vila. Em 1810, os proprietários de três sesmarias financiaram a construção de uma capela expiatória dentro de uma doação de meia légua quadrada de terra na margem oriental do Ribeirão Mestre d’Armas e a margem norte do Córrego do Atoleiro. A consagração da capela a São Sebastião ocorreu em 20 de janeiro de 1811. A vizinha vila de Couros já cumpria, desde finais do século XVIII, as funções administrativas e comerciais urbanas para a região, e oferecia um pouso para os viajantes. O transporte parece ter tipo um papel relevante na localização do sítio. A distância de Mestre d’Armas à estrada não devia exceder uma hora de caminhada. Além disso, situa-se no centro de um triângulo cujos vértices são o pouso de gado da Lagoa Bonita, a nascente conhecida como Águas Emendadas, e o ponto onde o Ribeirão Mestre d’Armas deságua no Rio São Bartolomeu. Em 1838, houve a abertura de um caminho ligando Couros a Santa Luzia passando por Mestre d’Armas. Nesse mesmo ano, Mestre d’Armas já era chamado de arraial e não mais de sítio, numa decisão da assembleia provincial anexando o local à jurisdição da Vila dos Couros e desmembrando-o de Santa Luzia. A nomenclatura indica que a essa altura o terreno doado à Igreja em Mestre d’Armas já possuía um parcelamento residencial. Mais ainda, a decisão legislativa, que implicou dois outros sítios vizinhos, sugere que a influência de Santa Luzia, terceiro maior núcleo urbano da província e antigo arraial aurífero,

estava decaindo ao longo do seu extremo norte. Em contrapartida, Couros se estabelecia como o polo comercial mais ativo no leste da Província. Nos anos seguintes, o arraial teve sua vinculação a Santa Luzia e Couros trocada repetidas vezes, até que em 19 de agosto de 1859, foi constituído Distrito Municipal da Vila dos Couros. No entanto, foi só em 1870 que recebeu o status correspondente de freguesia. Por essa ocasião, a capela foi ampliada para comportar sacristia e consistório, e um registro local de nascimentos e óbitos foi estabelecido. A paróquia ainda não era, todavia, considerada suficientemente importante para ser regularmente curada, de acordo com o Anuário do Estado de Goiás para 1886. Por fim, em 19 de março de 1891, a assembleia estadual erigiu Mestre d’Armas em vila. Tal decisão pode ter sido um reconhecimento da importância crescente do local, que começava a competir com a vizinha Formosa. O autor do Anuário de 1910 descreveu Mestre d’Armas em detalhe, atribuindo-lhe um milhar de habitantes na área urbana e outros tantos na zona rural. Trata-se de números bastante incomuns para a época, na qual 80% da população vivia no campo; caracterizaria, outrossim, um núcleo comercial bastante ativo, contando possivelmente também com alguma atividade manufatureira. O verbete cita ainda a existência de cem casas construídas em cinco ruas e duas praças, uma das quais abriga a Igreja. Havia ainda doze oficinas e quatro lojas. Mestre d’Armas continuou crescendo e ganhando em importância durante a primeira metade do século XX, mas não tomou parte

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na industrialização que começou no Estado nos anos 1940. Conhecida como Planaltina desde 1917, a vila ganhou notoriedade nacional quando, a 7 de setembro de 1922, o Engenheiro ferroviário Balduíno de Almeida fez erguer a Pedra Fundamental da Nova Capital do Brasil, num morro a dez quilômetros da área urbana. Planaltina foi a primeira localidade de Goiás, fora a capital, a ter uma estação de energia — em 1925 — e uma linha telefônica. Em 1935, foi construído a leste da vila o segundo campo de aviação do Estado, depois do Aeroporto de Goiânia, como parte de uma rota planejada entre Buenos Aires e Belém. A construção de Goiânia a partir de 1932, no entanto, reorientou os eixos econômicos de Goiás, em detrimento da importância comercial que Planaltina vinha alcançando. Sua população urbana estagnou em 2.000 habitantes, ao passo que vilas antes menores que isso atingiam a dezena de milhar, sobretudo no caminho que ligava a nova capital ao Sul do Estado. Nenhum edifício público novo foi inaugurado em Planaltina após 1942. A fundação de Brasília alterou inteiramente o destino da vila. A sede municipal, incorporada ao perímetro do Distrito Federal, tornou-se uma cidade-satélite povoada em grande parte por migrantes de outras regiões. Hoje, a cidade conta com mais de cem mil habitantes.

ANÁLISE URBANA Em 1811, foi consagrada a pequena capela de São Sebastião, na margem esquerda do Ribeirão Mestre d’Armas. Posteriormente, atrás da capela e mais longe do ribeirão, estabeleceu-se uma malha irregular com uma rua leste-oeste e três norte-sul, definindo quatro quarteirões com lotes grandes e irregulares. Esse primeiro passo deu origem ao assentamento urbano inicial, identificado como um arraial já em 1838. A essa altura, foi aberta uma estrada ligando Couros a Santa Luzia, passando por um local hoje desconhecido do sítio de Mestre d’Armas. O leito raso do ribeirão prestava-se a uma multiplicidade de passagens além da única ponte existente hoje no centro histórico da cidade. A nave principal da capela é a única edificação que pode ser da-

tada com segurança a esse primeiro período. Quando da elevação do sítio a freguesia, em 1880, a capela foi ampliada com a construção de sacristia, consistório e capela-mor. No ano seguinte, estabeleceu-se um mourão ao seu lado, indicado que até então o largo da capela continuava sendo o principal espaço público do povoado.

Figura 3. CAPELA DE SÃO SEBASTIÃO

Figura 4. desenvolvimento da malha viária de planaltina

Em data incerta, esse assentamento foi ampliado com o estabelecimento de uma malha viária ortogonal a norte e leste do núcleo original. Sabe-se que entre 1895 e 1899 foram construídas as principais edificações em volta da Praça do Jenipapo — hoje Praça Salviano Monteiro, atual ponto central do casco histórico. A abertura dessa praça, portanto, e da atual Avenida Goiás, que corta o centro histórico de leste a oeste, pode ser atribuída à última década do século XIX: a morfologia dos seus lotes difere significativamente daquela do parcelamento original. Em 1910, Mestre d’Armas é descrita no Anuário de Goiás como compreendendo duas praças e cinco ruas — as quatro do parcelamento original, mais a Avenida Goiás. A abertura da avenida e da segunda praça parece ter sido seguida de perto pelo estabelecimento de uma malha ortogonal bem maior, com lotes ainda de dimensões irregulares mas atrelados a eixos perpendiculares. Em 1893, dois anos depois de Mestre d’Armas ser elevada à categoria de vila, registrou-se a implantação de um novo cemitério, ao sul da área urbanizada e delimitado, atualmente, em sua testada leste pela mesma malha ortogonal. Por volta de 1921, essa malha foi completada com a abertura de três avenidas perimetrais: duas na direção norte-sul, enquadrando a malha existente, e uma na direção sudoeste-

-nordeste, acompanhando uma suave crista do terreno. Na Avenida Marechal Deodoro, no extremo leste da vila, foram construídos os dois maiores edifícios públicos de Planaltina — nome adotado em 1917. O primeiro foi a Casa de Câmara e Cadeia, construída entre 1926 e 1932 na interseção da avenida com a Rua Treze de Maio, único eixo leste-oeste do povoado original. O segundo teria sido a nova Igreja Matriz, monumental obra neogótica iniciada na década de 1930, abandonada ainda incompleta nos anos 1940, e reconstruída no mesmo local em 1980. Na Avenida Salvador Coelho, formando o limite oeste da vila e interligando as duas praças, instalaram-se os Correios, cartório, e o principal armazém (década de 1920), assim como as únicas clínica (1926) e farmácia (1938) da localidade. Até 1966, o crescimento urbano de Planaltina permaneceu quase que inteiramente delimitado por essas três avenidas, com a inauguração da Prefeitura (1942) incentivando, provavelmente, a ocupação do trecho norte da vila. A abertura da estrada de rodagem para Ipameri, em 1938, seguida da instalação de padres vicentinos nas proximidades do assentamento, provocaram um vetor de urbanização para sudeste, com a criação de uma nova malha ortogonal alinhada com a estrada. Todo esse conjunto urbano existente ou em formação foi segregado em 1966 pela im-

plantação de um trecho urbano modernista, chamado Setor de Integração, que visava a isolar as famílias tradicionais residentes no centro histórico das massas de migrantes que se estabeleceriam nas novas expansões projetadas para Planaltina. A distribuição de moradias construídas até essa época mostra a consolidação, em Planaltina, de uma separação de níveis de renda. As casas maiores e mais ricas se concentravam no trecho oeste da vila, especialmente em torno das duas praças. O início da estrada para Ipameri, então conhecido como Rua da Palha, e a Avenida Marechal Deodoro abrigavam as casas mais pobres, muitas delas cobertas com choça. Em 1969, o Governo do Distrito Federal introduziu, para uso em novos loteamentos, um modelo de habitação popular de baixo custo, o qual foi também extensivamente aplicado nas expansões norte e sul do centro histórico.

DIAGNÓSTICO DA CIDADE Atualmente, a cidade de planaltina é caracterizada como uma Região Administrativa do DF e é dividida em diversas áreas. O setor Tradicional, Residencial Leste, Residencial Oeste, Residencial Norte, Vila Vicentina, Central, Arapoanga, Estância e de Oficinas. Após analisar o estudo da região administrativa, observa-se a desconexão entre os setores da cidade. O setor tradicional, como já foi descrito, segue uma lógica de malha urbana, o Setor Residencial Leste, outra, o Oeste, outra e assim por diante. Não foi colocado em critério seguir um planejamento padronizado durante a expanção da cidade. Os bairros não são bem conectados, vias comuns entre eles não são encontradas. É difícil atravessar a cidade tanto para carros quanto para ciclistas. Além disso, as diferenças sociais entre os bairros ficam evidentes. Uma característica que merece atenção é a existência da área central, onde são encontrados os setores de recreação, educação, etc. Essa área de escala muito ampliada comparada ás outras áreas de Planaltina se localiza no centro da cidade e é um bloqueio para os fluxos internos.

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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL seu entendimento e sua função A habitação constitui um direito humano fundamental, prevê assim a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), em seu artigo 25: “Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários”. As Habitações de Interesse Social procuram atender às necessidades de moradia voltadas à população de mais baixa renda. A questão das habitações sociais não se trata só da concretização de um volume em uma área estratégica, a solução está intrinsecamente ligada à vontade coletiva da comunidade, o ciclo de vida das famílias e a cultura e história do local. Interagindo com esses fatores sociais, econômicos e também ambientais, os programas de habitação de interesse social buscam sanar a necessidade imediata de moradia pelas famílias de menor renda.

EXEMPLO 1: vista aérea do complexo habitacional de heliópolis - gleba a, EM SÃO PAULO

A relação com o entorno é decisiva para o sucesso do projeto. A disponibilidade de serviços e infraestrutura urbanos como abastecimento de água, coleta de esgotos, distribuição de energia elétrica e transporte coletivos, além de equipamento de lazer, educação e saúde garantem o conforto e inclusão urbana dessas famílias mais necessitadas.

“A habitação popular não deve ser entendida meramente como um produto e sim como um processo, com uma dimensão física, mas também como resultado de um processo complexo de produção com determinantes políticos, sociais, econômicos, jurídicos, ecológicos, tecnológicos. Este entendimento é fundamental se quisermos perseguir a solução do problema habitacional com todas as suas dificuldades e condições de contorno” (ABIKO, 1995). Em uma entrevista para OperaMundi, o arquiteto uruguaio Héctor Vigliecca afirma que trabalhar com habitação social é considerar todo os assentamentos humanos, para assim promover condições de vida nas cidades e, principalmente, estabelecer um ambiente urbano. No seu livro “O terceiro território: habitação coletiva e cidade “ são apresentados os projetos segundo sua inserção urbana e é possível entender como ele cria condições de cidade e cidadania onde não há. Em vez de núcleos habitacionais isolados, seus projetos se diferenciam pela relação que mantêm com a cidade e também pelas soluções que o arquiteto dá sem abrir mão da qualidade arquitetônica.

EXEMPLO 2: Pátio Central do Conjunto Habitacional Rio das Pedras, em são paulo

EXEMPLO 3: FOTO DA HABITAÇÃO SOCIAL COLINAS D’OESTE - MORRO DO SOCÓ E PORTAIS, EM OSASCO - SP

ESTUDO DE CASO 1 - habitação popular no brás, são paulo projeto de hector vigliecca & associados

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MAPA DE SÃO PAULO (MENOR) E MAPA DO BAIRRO DO BRÁS (MAIOR) EM ROSA

O BAIRRO O bairro do Brás localiza-se na região central de São Paulo e inicialmente foi uma região rural pouco povoada. Foi durante a expansão do cultivo do café no estado de São Paulo que a dinâmica do bairro começou a mudar, foram construídas estradas de ferro, o que atraiu indústrias e também muitos imigrantes, principalmente italianos. O Brás se consolidava, portanto, como um bairro pobre, operário e formado basicamente por estrangeiros. Na década de 40, o bairro passou a receber migrantes nordestinos que fugiam da seca. Nos anos 70, a área sofreu uma grande mudança na malha urbana: a implantação do metrô fez com que muitas casas fossem desapropriadas e tal acontecimento mudou a composição do bairro. Atualmente, o bairro do Brás é uma região bastante degradada. Apesar do incentivo à

verticalização na cidade de São Paulo, o bairro ainda é predominantemente horizontal e várias edificações encontram-se abandonadas.

VISTA AÉREA DE PARTE DO BRÁS, SÃO PAULO - SP

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Após a desapropriação e a construção da linha Leste-Oeste do metrô, foram gerados muitos espaços residuais nessa área de São Paulo. Primordialmente, tais espaços foram incorporados ao projeto CURA (Comunidade Urbana e de Recuperação Acelerada), para que se tornassem áreas públicas com equipamentos urbanos. Essas áreas, portanto, nunca foram assim ocupadas e, anos depois, foi lançado o concurso promovido pela COHAB – SP para sua ocupação.

RUA NO BAIRRO DO BRÁS ANTIGAMENTE

O CONCURSO A área dedicada ao concurso seria em uma quadra próxima a linha férrea, justaposta à Estação de metrô de Brás (que se articula com a CPTM – Companhia de Trens Metropolitanos) e destinada a ocupação de uma habitação social. O concurso de 1989 colocava em questão a moradia popular em glebas centrais, ou seja, ocupar um espaço em uma área urbana já consolidada. Além disso, as propostas deveriam considerar o modo de vida já existente no local – respeitar os costumes dos imigrantes e migrantes que ocupavam o bairro.

ANÁLISE DA ÁREA URBANA As áreas próximas ao projeto da habitação social são muito importantes para a consolidação da ideia. O bairro do Brás é conhecido como um dos principais centros do comércio popular na cidade. A área conta com padarias, algumas oficinas, lanchonete e uma creche, mas carece de centros de saúde básica, postos policias e centro de ensino fundamental próximos à área em estudo. O Museu da Imigração localiza-se bem perto do local e é um importante equipamento cultural do bairro. Adjacente à Habitação Social existe o Parque Benemérito José Brás, configurando uma área mais bucólica e proporcionando um espaço de lazer àquela comunidade. Há, também, uma Secretaria da Criança, Família e Bem-estar Social. A rua Campos Sales, uma das ruas adjacentes ao projeto, foi prolongada, possibilitando a conexão dos moradores ao grande sistema viário de São Paulo. Ainda no entorno imedia-

MAPA DE SITUAÇÃO

to se encontram uma estação de metrô (Estação do Brás) e paradas de ônibus, permitindo que a comunidade seja incluída no sistema de transporte público da cidade. As vias adjacentes possuem faixas de pedestres bem localizadas e largas calçadas que, mesmo em condições um pouco precárias e sem muita acessibilidade à cadeirantes, permitem a locomoção a pé. A proximidade do projeto com tantos meios de transporte ajuda na dinamicidade daquela área e na sua interação com o entorno. Com o atual Plano Diretor de São Paulo, o projeto não seria viável, visto que o plano prevê verticalização nas áreas próximas ao metrô. No local onde a proposta seria implantada, hoje funciona uma pequena escola de educação infantil chamada EMEI João Mendonça Falcão. A estrutura da escola conta com acesso a água filtrada, energia da rede pública e saneamento básico.

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BAIRRO DO BRÁS ANTIGAMENTE - VISTA AÉREA

A imagem 1 mostra como o espaço do bairro destinado ao concurso configura-se atualmente, sendo possível ver o comércio local à esquerda, os edifícios vizinhos ao terreno em estudo ao fundo e, à direita, a Escola Infantil João Mendonça Falcão que foi construída no local onde o projeto da habitação popular no Brás de Vigliecca foi idealizado. As calçadas próximas estão em bom estado e acessíveis, apesar do comércio estar visivelmente degradado.

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Na imagem 2 é possível ver a Estação de Metrô do Brás ao centro logo ao lado do muro da Escola João Mendonça Falcão junto à continuação do comércio local. essa configuração permite-nos concluir que, caso o projeto de habitação popular fosse concretizado, os acessos ao transporte público como metrô e ônibus seriam facilitados pela próximidade desses equipamentos urbanos à implantação.

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A imagem 3 mostra o comércio local da rua Piratininga, rua próxima ao local de estudo, onde se encontram bancas de revista, padarias, algumas oficinas, lanchonetes e restaurantes e outras lojas que atendem a comunidade do bairro.

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Na imagem 4 vemos uma das entradas para o Parque Benemérito José Brás, onde é possível perceber que o espaço é bastante arborizado e adequado para caminhadas e contemplação. Além disso, ao fundo, é possível localizar o metrô e uma quadra de esportes sendo utilizada pelos moradores da região.

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por exemplo, a tipologia de vila, a horizontalidade, a integração com o entorno e o uso misto, ou seja, a síntese entre residências e comércio. Os aspectos divergentes estão, principalmente, na disposição e na variedade de espaços internos e externos, além de Sylvio propor locais para uso permanente de toda a comunidade da vila no centro do projeto e, já no projeto de Vigliecca, se idealizou um estacionamento central para automóveis que, mesmo possuindo um pouco de vegetação, não se configura como um espaço de permanência dos habitantes.

PLANTA BAIXA DO PROJETO EM ESTUDO: “HABITAÇÃO POPULAR NO BRÁS”

CORTE TRANSVERSAL 1

CORTE LONGITUDINAL

(1) escalonamento das massas: solidariedade com o entorno CORTE TRANSVERSAL 2

projeto vencedor

vista áerea esquemática, com indicações e desenho do projeto de habitação

O projeto Vigliecca & Associados propuseram para o concurso uma habitação em forma de “U”, que se encaixa nas vias que a cercam. Foi adotada uma tipologia de vila, tendo como referência a ocupação italiana no bairro. As unidades de moradia se dispõem escalonadas, as partes mais altas estão no interior da quadra e as mais baixas voltadas para as ruas. As vantagens desse escalonamento são várias, desde incorporação de mecanismos bioclimáticos até fatores de cunho social. As alturas desencontradas dos apartamentos permitem que haja ventilação cruzada em cada uma das unidades. Já a escolha de posicionar as áreas mais baixas na conformação com a rua, traz para o projeto uma escala mais humana e maior integração com o entorno, justamente o propósito das vilas. Além disso, as janelas estão viradas para o exterior, trazendo sensação de segurança para quem anda nas ruas circundantes e de simpatia com o projeto.

O projeto conta com unidades habitacionais de tamanhos que variam entre 50 e 93 metros quadrados, com espaços que permitem a futura ampliação dos apartamentos e na parte que vai ao encontro da rua, um pequeno comércio. A orientação do edifício em relação ao sol é desfavorável, as maiores fachadas são dispostas de modo que recebem a insolação direta. A implantação do projeto buscava trazer para aquele espaço o morar, o convívio, o pequeno comércio, o quintal e a dinamicidade das ruas, mesmo tendo um equipamento típico de grandes metrópoles logo ao lado: o metrô. A tipologia de vila foi imprescindível parar amarrar essa relação entre a edificação, a rua e os arredores. Hector Vigliecca ganhou menção honrosa pelo projeto da habitação. O vencedor foi projeto de Sylvio de Podestá com sua proposta da “Vila do Brás”, que apresenta muitos aspectos em comum com o projeto em estudo,

(2) unidades habitacionais expansíveis

PLANTA BAIXA DO PRIMEIRO PAVIMENTO DO PROJETO VENCEDOR DO CONCURSO (3) ocupação junto à calçada: comércio e unidades habitacionais expansão da rua campos sales para acesso ao estacionamento estacionamento Estação de metrô PARADA DE ÔNIBUS comércio local (4) rua interna: acesso e integração

PLANTA BAIXA SEGUNDO PAVIMENTO DO PROJETO VENCEDOR DO CONCURSO

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ANÁLISE e diagnóstico Da área urbana específica Legenda percurso SISTEMA VIÁRIO IMAGEM 1 IMAGEM 2 IMAGEM 5 IMAGEM 8 IMAGEM 11 IMAGEM 12 IMAGEM 15 IMAGEM 18 IMAGEM 20

IMAGEM 2 - SISTEMA VIÁRIO

IMAGEM 5 - SISTEMA VIÁRIO (carga e descarga na feira de planaltina)

MAPA DA ÁREA EM ESTUDO - BURITIS I, EM PLANALTINA -DF

INTRODUÇÃO e sistema viário A região visitada na disciplina de Projeto Arquitetônico 3 na cidade de Planaltina, DF, que foi destinada ao projeto das habitações de interesse social, tanto multifamiliares quanto unifamiliares, foi analisada a partir de anotações “in loco” e perspectivas diferentes entre os integrantes do grupo em relação aos aspectos das dimensões morfológicas disponibilizadas na aula da Professora Gabriela de Souza Tenório. A análise focou uma parcela da região denominada Buritis I – a qual possui uma malha urbana distinta do Setor Tradicional de Planaltina – e procurou apontar os aspectos positivos e negativos da área em estudo a fim de entender as problemáticas do espaço para que a intervenção urbana projetada possa melhorar a maneira como os moradores e visitantes utilizam e percebem o local, aproveitando-o da melhor maneira, aprimorando o convívio da comunidade e estimulando sua conservação. O primeiro ponto observado foi em relação ao sistema viário local, é visível a grande quantidade de rotas e pistas para carros entre os quarteirões que são formados pelas residên-

As cargas e descargas de mercadorias ocorrem nas ruas, sem distinção e local próprio, apenas na área próxima à feira que há maior cuidado e local destinado a cargas (imagem 5). Não foram observados quiosques no local, porém há a feira – que movimenta o local e mostra-se bastante importante para a região, um marco visual do local – e pequenas lojas (imagem 7), há também quadras de esportes, várias lixeiras, parquinhos nas escolas, kit malhação, etc (imagem 8). Os estacionamentos na área residencial são escassos, por isso, os carros estacionam no acostamento e, quando há estacionamento formal, há poucas vagas e são mal dimensionadas.

cias locais (imagens 1 e 2), mostrando um grande gasto com pavimentação. Em relação aos pedestres, a maioria das calçadas mostram-se incompletas ou inexistentes onde o fluxo de pedestres é mais intenso, causando desconforto para quem costuma andar a pé e os força a andar pela pista pavimentada (imagem 3) – ameaçando a segurança deles – ou por cima da grama. Ao longo do trajeto, há barreiras como postes, calçadas desniveladas e sem conservação, lixeiras e, visto que os quarteirões de casas são muito extensos, a passagem de um quarteirão ao outro para os pedestres é dificultada.

IMAGEM 3 - SISTEMA VIÁRIO (falta de calçadas contínuas)

Já em relação aos ciclistas, a falta de ciclovias e ciclofaixas é visível e preocupante, visto que os moradores da região utilizam bastante a locomoção por bicicletas e acabam utilizando as vias e calçadas para este fim. Observa-se, também, tráfego maior de ônibus nas vias maiores e mais movimentadas, nas vias próximas à feira e próximas ao ginásio e área institucional. Já as vias internas dos quarteirões (imagem 2) são de mão dupla, com menos tráfego – por ser uma área residencial – e, por isso, possui poucos semáforos e não há paradas de ônibus e táxi evidentes, porém, estas são mais evidentes nas vias com maior fluxo de carros (imagem 4).

IMAGEM 6 - SISTEMA VIÁRIO (estacionamento da feira)

IMAGEM 7 - PEQUENAS LOJAS

IMAGEM 1 - SISTEMA VIÁRIO

IMAGEM 4 - SISTEMA VIÁRIO (ônibus e ponto de ônibus)

IMAGEM 8 - KIT MALHAÇÃO E QUADRA DE ESPORTES

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EDIFÍCIOS, ESPAÇOS LIVRES E USO DO SOLO LOCAL O segundo ponto foi referente aos edifícios, espaços livres e uso do solo local, nesse ponto, os gabaritos predominantes são casas unifamiliares de até 3 pavimentos (imagem 9) – algumas com uso misto – e prédios multifamiliares com pilotis e 4 pavimentos (imagem 10). Na parte residencial unifamiliar, há recuo para carros na parte frontal das casas e, em residências de uso misto, há recuo para sombreamento da entrada e para melhorar a passagem de pedestres. As atividades nas edificações predominantes são de uso residencial, uso misto – residência junto com atividade comercial –, uso apenas comercial e algumas partes administrativas e educacionais (imagem 11).

Ao longo do trajeto na região, notou-se que os fechamentos das casas são em maioria gradeados com grades vazadas (imagem 12) – dando permeabilidade visual as pessoas que passam perto –, porém, existem algumas casas que utilizaram muros e portões sólidos (imagem 13). Já nas áreas livres, há kit malhação, ginásio de esportes, equipamentos de malhação para a terceira idade, muitos vazios urbanos nas áreas próximas aos prédios e não há muito lixo nas ruas em locais inapropriados.

carros que passam nas vias próximas e, na área da feira, há ruídos além dos veículos, como pessoas falando, barulhos vindos da carga e descarga de mercadorias, etc. (imagem 19) e os odores do local não são fortes o suficiente para serem percebidos ao longo do percurso feito a pé durante a visita.

IMAGEM 14 - grande movimentação na entrada da feira de planaltina

IMAGEM 17 - arborização na área de edifícios multifamiliares

IMAGEM 12 - portões vazados

IMAGEM 15 - interior da feira

IMAGEM 18 -arborização na área institucional/educacional

IMAGEM 9 - CASAS UNIFAMILIARES

IMAGEM 10 - EDIFÍCIOS MULTIFAMILIARES

IMAGEM 11 - GINÁSIO DA ÁREA EDUCACIONAL

IMAGEM 13 - portões sólidos

IMAGEM 16 - crianças e adultos percorrendo os espaços nos quarteirões

ANÁLISE SOCIAL

elementos do sítio físico

Outro ponto importante foi a análise social do local, a maneira como as pessoas utilizam o espaço. Perto da feira e dentro dela há bastante gente reunida e passando (imagem 14 e 15), configurando-se um local movimentado, e na área residencial há pouco fluxo de pessoas, visto que há permanência apenas próximo da feira e em algumas praças do centro histórico de Planaltina. Geralmente, crianças e adultos de várias idades e gêneros utilizam o espaço a fim de contemplá-lo, utilizá-lo apenas para passagem, para espaço de recreação, para saída das escolas, etc (imagem 16).

Já em relação aos elementos do sítio físico, sente-se pouca declividade ao percorrer as ruas, ao longo das ruas nota-se boa arborização na cidade que sombreia uma parte do trajeto a pé, porém, onde há maior incidência solar, há falta de sombreamento (imagem 17 e 18), exigindo mais arborização nessas áreas. A ventilação do local é favorável, visto que as edificações são, em sua maioria, horizontalizadas e baixas, favorecendo o fluxo de ar no espaço. Em relação aos ruídos, na área residencial não há tanto som que causa desconforto, apenas os ruídos provenientes dos

IMAGEM 19 - área de bastante ruído (feira ao fundo)

IMAGEM 20 - posto policial próximo à feira

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PROJETO DE REVITALIZAÇÃO URBANA EM PLANALTINA c u lt u r a l

O

N

LEGENDA COMÉRCIO USO RESIDENCIAL USO MISTO CICLOVIAS ÁREAS DE USO COMUM/ EQUIPAMENTOS PÚBLICOS ÁREAs INSTITUCIONAis PROJETO DE HABITAÇÕES MULTIFAMILIARES

A lógica geral de gabaritos da área determina que os lotes que são voltados para a alameda terão 2 pavimentos – térreo comercial voltado a passagem e superior residencial – e os que são voltados para a rua principal terão 3 pavimentos – térreo comercial e 2 pavimentos residenciais – e, também, uso misto, enquanto os demais lotes terão de 1 a 2 pavimentos e serão exclusivamente residenciais. O eixo principal será inteiramente destinado ao uso institucional, racionalizando a organização já existente e desapropriando unidades residenciais irregulares no local para futuras instalações públicas. A calçada que percorre sua extensão será mais larga e caminho será intensamente arborizado para o conforto de pedestres e ciclistas que passam por ali. Ao fim da rua se instalará uma praça (imagem 2), que será o elemento articulador entre essa rua principal e o eixo perpendicular onde serão implantados os edifícios multifamiliares de interesse social.

pilotis e comércio térreo + 4 pavimentos residenciais

MAPA DE SITUAÇÃO - BURITIS I EM PLANALTINA

A partir da análise das problemáticas encontradas na cidade de Planaltina, o projeto propõe alterações na escala macro do centro urbano e também alterações mais pontuais na área nova da cidade, tendo sempre em mente o respeito a identidade local e ao preexistente atual para que o projeto se configure como algo plausível e sucinto. Em resposta à falta de diálogo e a dificuldade de locomoção entre os bairros, foram sugeridas ciclovias e ciclofaixas para ligar áreas de um mesmo bairro e de bairros distintos. A escolha de priorização da bicicleta deve-se ao fato da larga utilização da cidade por ciclistas e para o incentivo de tal meio de locomoção – mais barato e mais sustentável (indicação roxa). Quanto a área de Planaltina em estudo, as principais questões a se resolver consistiam

nos quarteirões muito extensos, além de construções e áreas sem um uso definido.

IMAGEM 1

Como solução, propõe-se que os quarteirões sejam reduzidos, criando assim uma espécie de alameda para os pedestres (imagem 1). Os lotes que delimitam essa passagem serão compostos por comércio recuado no pavimento térreo e nos pavimentos superiores, uso residencial. Além da mudança de uso das construções costeiras, um lote a cada 4 quarteirões será desapropriado, abrindo espaço para um ambiente de convivência mais amplo – com iluminação central, arborização, bancos e equipamentos urbanos diversos. Assim como nos lotes adjacentes à alameda, as edificações voltadas à rua principal terão a mesma composição de uso misto. Essa proposta busca trazer mais dinâmica para essas áreas, tornando-a mais agradável, iluminada e segura.

IMAGEM 2 - PRAÇA

Além disso, as últimas casas dos quarteirões do eixo principal, na direção do eixo perpendicular, terão suas fachadas principais voltadas a este eixo para que o espaço se torne convidativo e não intimidador (imagem 2). Na avenida acima do eixo perpendicular, foi proposto um espaço cultural onde atualmente encontra-se um terreno vazio (indicado no mapa). Para compor as habitações, o projeto procura

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manter a linguagem já existente no local de implantação e se materializa em prédios quadrados com pilotis no térreo e 4 pavimentos acima. Ao todo, os 8 edifícios serão dispostos no eixo de modo a formar alguns espaços não edificados que serão destinados ao bem-estar daquela comunidade. A intenção é formar uma espécie de parque que permeia as edificações, trazendo uma atmosfera mais agradável. Entre as propostas para esses espaços, encontram-se um campo de futebol, uma pista de skate, um parque infantil, um kit malhação e uma agrofloresta.

via do eixo principal

l m n

j

k detalhes do edifício de uso misto

passagem de abertura mais ampla e seus usos alternativos

quadra poliesportiva

Passagem j

Passagem k

0

3m

kit malhação

USO ALTERNATIVO l - PASSAGEM COM VEGETAÇÃO, ILUMINAÇÃO E BANCOS PARA OS PEDESTRES

0

6m

USO ALTERNATIVO m - PASSAGEM COM PARQUINHO INFANTIL

0

6m

0

6m

parquinho infantil

opcional

pista de skate

agrofloresta comunitária

USO ALTERNATIVO n - PASSAGEM COM HORTA COMUNITÁRIA OU JARDIM PARA CONTEMPLAÇÃO

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ESTUDO DE CASO 2 - ITI 68 projeto de RENÉ CARO, DO ESCRITÓRIO C ARQUITECTOS

foto da habitação social iti 68 junto ao seu contexto urbano

Histórico Como contrapeso ao fracasso dos modelos de habitação social periférica desenvolvidos durante os últimos quinze anos na ZMVM (Zona Metropolitana do Vale do México), as autoridades da Cidade do México promoveram diversos programas de desenvolvimento de habitação social e popular em solo urbano e ITI 68 entra como uma alternativa.

planta de situação (cidade do méxico, df, méxico) - iti 68 em vermelho

INFORMAÇÕES BÁSICAS

vista interna dos apartamentos - janelas

ARQUITETO RESPONSÁVEL: René Caro COLABORADORES: Jesús López, Alberto Mendoza, José Luis Rojo LOCALIZAÇÃO: Cidade do México, Distrito Federal, México

vista da habitação em seu contexto urbano

DEMANDA: Famílias de 3 a 5 pessoas

vista interna dos apartamentos - sala/cozinha

QUANTIDADE DE HABITAÇÕES: 18 habitações que variam entre 32 m² e 50 m² PÚBLICO ATENDIDO: Habitação social periférica (classe baixa e média baixa) CONTRATANTE: Desarrolladora Inmobiliaria WELT

FOTO DA FACHADA PRINCIPAL

detalhe das cores da fachada principal

vista interna dos apartamentos - janelas/sala

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ANÁLISE BIOCLIMÁTICA 3

N

O

2’ 1

O residencial 1 possui um shaft de ventilação, pois ele não dispõe de uma fachada posterior que promova a ventilação no banheiro e na área de serviço.

1 0

PLANTA TÉRREO

5M

Pátios sem cobertura, que permitem ventilação e iluminação natural (Apenas a escada é coberta).

Cozinha e Área de serviço voltados para a fachada oeste (mais quente): isolação direta à tarde, a partir das 13 hrS.

2 PLANTA DO PAVIMENTO TIPO

2

2

1 0

5M

Sala (área de maior permanência) voltada para o Leste: insolação direta de manhã.

Fachadas (leste e oeste) voltadas para o pátio: protegidas da insolação direta pela sombra dos prédios adjacentes.

2

Os residenciais 2 e 3 (ver pRANCHA) são vazados, o que permite a ventilação cruzada.

Fachada frontal: por ser voltada para o Leste, é uma fachada quente, mesmo que nascente, o que pode ser desconfortável em um país de clima quente como o México. Suas aberturas são estreitas, o que controla a intensidade de luz no ambiente.

ANÁLISE DA PLANTA DO PAVIMENTO TIPO 0

corte longitudinal aa

0

5m

5M

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PROJETO de Habitação multifamiliar de interesse social detalhe 2 - cobogós

Quanto à formação estrutural do edifício, levou-se em consideração módulos de 6 e 5,5 metros para o lançamento dos pilares que resultam em pilotis no pavimento térreo, ressaltando, também, que a estrutura dos pilares se localiza nas paredes dos

As paredes de ligação das áreas de serviço dos apartamentos com o corredor de circulação do andar são formadas por cobogós (detalhe 2). Esse elemento é criado para, além de garantir a iluminação e a ventilação da áreas – que não seriam possíveis se a parede fosse maciça – criar uma dinamicidade e uma identidade ao pátio interno. Ao circular no corredor, os moradores terão uma interação com a parte de dentro dos apartamentos e com seus moradores – ou seja, seus vizinhos. Os cobogós foram pensados em tons terrosos e com a forma tradicional.

perspectiva da habitação Os 8 prédios propostos terão o mesmo desenho de projeto: planta quadrada, com dimensões de 20x18,15 metros, contendo térreo com pilotis, onde cada andar é composto por 4 apartamentos com 2 tipologias – dois de 2 quartos e dois de 3 quartos –, articulado por um pátio central, onde se encontra a escada de acesso vertical e um pequeno jardim no térreo, tomando como partido os prédios quadrados que existiam na área em estudo. A ideia de fazer um edifício com pilotis remete às características que respeitam o visual local e fazem referência a cidade de Brasília. Ambos os tipos, o menor de área 54 m² (2 quartos) e maior de área 87 m² (3 quartos), contam com sala de estar/jantar, quartos, um banheiro, cozinha e área de serviço, além disso, possuem uma varanda que permite a ampliação dos espaços internos e paredes não-estruturais de fácil remoção, caso o morador deseje. Os apartamentos são destinados a famílias de 3 a 6 pessoas e cada prédio abrigará cerca de 75 moradores.

No pavimento térreo, além dos pilotis e do jardim, haverá a escada de acesso aos corredores dos andares superiores, caixas de correio (detalhe 1) individuais e uma sala fechada com banheiro, depósito e sala de estar para o uso do zelador. O acesso dos moradores será delimitado por um painel de vidro para que a iluminação no térreo seja quase toda feita por luz natural e o controle de entrada e saída de pessoas será feita através de interfone capaz de abrir a porta automaticamente.

detalhe 1 - caixa de correios no pavimento térreo

Na cobertura do edifício foi colocado um painel translúcido liso (detalhe 4) para o fechamento da abertura do pátio central. O painel é elevado com pequenos pilares para que reste um espaço vazado e permita a ventilação deste pátio, além de permitir que a luz natural penetre o ambiente e promova economia de energia elétrica durante o dia devido ao seu material translúcido. Além do painel, a cobertura conta com uma caixa d’água para abastecimento de todos os apartamentos.

detalhe 4 - telhado de painel translúcido e caixa d’água Para solucionar a ventilação dos banheiros adotou-se um forro compartilhado. Cada banheiro tem instalado em seu forro uma grelha que permite que o ar e o vapor d’água se direcionem para fora do ambiente. O espaço vazio que se forma até a laje do pavimento superior é comum aos dois banheiros e, combinado a um elemento vazado que desemboca na área de circulação do prédio e impede que o ar fique preso, facilitando a renovação de ar no interior dos banheiros.

detalhe 3 - painéis móveis translúcidos Além da identidade trazida pelos cobogós no interior do edifício, outro elemento marcante são os painéis móveis e dobráveis translúcidos (detalhe 3) colocados nas varandas das fachada principais. A função desses painéis é promover a entrada parcial de luz no ambiente dos quartos – que pode ser controlada movendo os painéis de um lado para o outro ou recolhendo-o ao dobrar a estrutura –, a entrada de ventilação natural nos ambientes e, também, tornar a fachada do prédio mais dinâmica e “bagunçada”, visto que a posição e as aberturas dos painéis dependem da vontade e da necessidade dos moradores.

laje superior forro compartilhado grelha detalhe 5 - ventilação nos banheiros

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Quarto 8 m² Varanda 8 m²

Quarto Casal 9 m²

Banheiro 4 m²

Banheiro

Banheiro 4 m²

Banheiro 4 m²

Quarto 11 m²

Quarto 8 m² Quarto 8 m²

Quarto Quarto Casal 8 m² 8 m²

iro eiro ² ²

Quarto Casal 8 m² Quarto Casal 9 m² Quarto Casal 8 m² Quarto Casal 9 m²

Varanda 9 m²

Quarto 11 m²Quarto Casal 9 m² Quarto 11 m²Quarto Casal 9 m²

o

Quarto Quarto 11 m² 11 m²

o

Quarto Quarto 11 m² 11 m² Quarto 11 m² Quarto 11 m² Sala Quarto 15 m² 11 m² Sala Quarto 15 m² 11 m² Sala 15 m² Sala 15 m² Sala

Quarto 11 m²

Sala 15 m²

Varanda 9 m²

Legenda LEGENDA Legenda A. serviço Legenda A. serviço Banheiro Legenda A. serviço Banheiro Circulação Legenda A. serviço

Quarto Casal 9 m²

Circulação social

Quarto Casal 9 m²

Quarto 11 m²

Circulação 11 m²

Varanda 9 m²

iro ²

o

A. serviço

Varanda 17 m²

Varanda 9 m²

o

A. serviço 2 m²

Varanda 17 m²

Quarto Casal Quarto 8 m² 8 m²

eiro o²

A. serviço 2 m²

Legenda

Circulação

iro ²

eiro ²

Quarto Casal 8 m² Banheiro 4 m²

Varanda 9 m²

iro ² eiro ²

Varanda 9 m²

Sala / Cozinha 25 m²

Sala / Cozinha 24 m²

Quarto Casal 8 m²

Quarto Casal Quarto 8 m² 8 m²

iro eiro ² ²

Quarto 8 m²

Varanda 17 m² Varanda 17 m² Varanda 17 m² Varanda 17 m²

Varanda Banheiro 17 m² Circulação Circulação social A. serviço Banheiro Circulação Circulação Cozinha social Banheiro Circulação Circulação social Cozinha Quarto Circulação Circulação social Cozinha Quarto Quarto Casal Circulação social Cozinha Quarto Quarto Sala Casal Cozinha Quarto Quarto Casal Sala Sala / Cozinha

Legenda Legenda A. serviço Legenda A. serviço Banheiro Legenda A. serviço Banheiro Circulação Legenda

Circulação 11 m²

Circulação social 38 m²

Quarto 11 m²

A. serviço A. serviço 2 m² 2 m²

Cozinha 7 m²

Cozinha 7 m²

A. serviço Banheiro Circulação Circulação social A. serviço Banheiro Circulação social Cozinha Banheiro Circulação social Cozinha Quarto Circulação Circulação social Cozinha Quarto Quarto Casal Circulação social Cozinha Quarto Quarto Sala Casal Cozinha Quarto Casal Sala Sala / Cozinha Quarto Quarto Casal Sala / Cozinha Varanda Quarto Casal Sala / Cozinha Varanda Sala Sala / Cozinha Varanda Sala / Cozinha Varanda Varanda

Cozinha Quarto Quarto Casal fachada norte - azimute 10º

fachada sul - azimute 190º

Sala Sala / Cozinha Varanda

Sala 15 m²

fachada leste - azimute 100º

fachada oeste - azimute 280º

análise bioclimática Dentro dos apartamentos, os ambientes de longa permanência - sala e quartos - localizam-se nas orientações Leste e Oeste. Estas fachadas são protegidas da incidência solar pelas varandas que produzem um ângulo alfa de 63,44º, bloqueando, assim a maior parte dos raios que atingem a fachada, sendo a fachada Oeste a mais quente. Além disso, as varandas terão um sistema de placas de proteção móveis e translúcidas, que podem ser

ajustadas de acordo com a necessidade de entrada de luz e ventilação. Já nas orientações Norte e Sul, estão localizadas áreas de permanência rápida dentro dos apartamentos. Visto que os ambientes são de rápida estadia, a fachada é formada sem proteção e apenas pelas janelas em fita, ficando a critério do morador o uso de algum elemento interno – como cortinas ou blackout – para o ajuste da entrada de radiação solar.

17


1 O

fachada principal esc: 1:100

18


1 O

fachada secundรกria esc: 1:100

19


1

Corte BB

Corte A

N

O

1

5.58 m

20.00 m

1

5.58 m

18.15 m

10.72 m

1.67 m 3.54 m

6.00 m

Corte C

1 O

6.14 m

planta tĂŠrreo esc: 1:100

20


1 Corte A

N

O

1 Corte BB

20.00 m 4.50 m

5.50 m

4.50 m

3.00 m

3.00 m

1.50 m

3.00 m

1.50 m

5.50 m

1.50 m

1.50 m

1.50 m

1.50 m

2.50 m

3.00 m

2.50 m

1

3.54 m

3.00 m

18.00 m

2.89 m

3.00 m

Corte C

3.08 m

1.50 m

3.00 m

1.50 m

1.50 m

1.30 m

1.70 m

2.93 m

4.00 m

5.50 m

1 O

3.00 m

3.00 m

5.50 m

planta pavimento tipo esc: 1:100

21


O

N

2.45 m

19.85 m 6.70 m

18.00 m

4.10 m

O 1

planta de cobertura esc: 1:100

22


15.50 m

3.00 m

0.50 m

Cobertura

4º pavimento

3.00 m

12.50 m

3º pavimento

3.00 m

9.50 m

2º pavimento

3.00 m

6.50 m

O 1

2.85 m 0.50 m

3.50 m

0.15 m

1º pavimento

Térreo - Pilotis 0.00 m

corte aa esc: 1:100

23


15.50 m

4º pavimento 12.50 m

3º pavimento 9.50 m

1.10 m

1.20 m

0.55 m

2.60 m

0.40 m

3.00 m

0.50 m

Cobertura

2º pavimento

1º pavimento 3.50 m

0.15 m

3.35 m

0.15 m 2.45 m

6.50 m

O 1

Térreo - Pilotis 0.00 m

corte bb esc: 1:100

24


Cobertura 15.50 m

4º pavimento 12.50 m

3º pavimento 16.00 m

9.50 m

2º pavimento 6.50 m

1º pavimento 3.50 m

Térreo - Pilotis 0.00 m

1 O

corte cc esc: 1:100

25


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