Caderno 1
Jornal de Inverno Festival de Inverno da UFPR em Antonina
Prólogo pág. 10 Introdução pág. 12 PROEC & O Festival de Inverno da UFPR em Antonina pág. 19
Segunda-feira, 30 de Outubro de 2017
O projeto e o Festival de Inverno
Victor Uchoa TCC | UPFR #distribuição exclusiva
Jornal de Inverno
Expediente REDAÇÃO E AUTORIA Victor Uchoa ORIENTAÇÃO José Humberto Boguszewski BANCA EXAMINADORA Marcos Beccari & Stephania Paddovani REVISÃO Camila Villanova COLABORADORES Camila Villanova Henrique Lindner Luis Naza Ronaldo Corrêa AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Genilce dos Reis Damaceno Uchoa & José de Castro Uchoa Camila Villanova Everson Paim Patricia Salles Romilda Aparecida Contato victor.reis.uchoa@gmail.com Tiragem desta edição 4 exemplares Impressão Tecnicópias
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Jornal de Inverno – Festival de Inverno da UFPR em Antonina é uma publicação independente fictícia para o Trabalho de Conclusão de Curso de Design Gráfico pela Universidade Federal do Paraná. Ano 2017
TCC | UFPR Segunda-feira, 30 de Outurbo de 2017
RESUMO E
m 1991 nascia a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC) & O Festival de Inverno da UFPR (em Antonina). De periodicidade anual, mais de 25 festivais foram realizados e para sua divulgação, mais de 25 cartazes foram produzidos desde 1991 até 2017, principal peça gráfica desse e de tantos outros eventos. Se por um lado temos um evento com uma duração tão curta de uma semana, porém presente há mais de 25 anos, do outro temos cartazes que duram tão pouco tempo quanto; não se rasga, picota uma memória como se rasgam cartazes fixado nas paredes após o fim do evento. Em 2014 eu pude trabalhar na PROEC e para o Festival, onde entrei em contato com esses cartazes arquivados, sem nenhuma catalogação, registro de autores. Este projeto tem como objetivo produzir uma pequena coleção dos 25 cartazes do Festival de Inverno da UFPR em Antonina e reflexões sobre a composição dessas peças gráficas que, tal como evento, tem uma vida-útil curta. Em forma de narrativa, este projeto apresenta a construção de um catálogo-jornal, que faz uso do efêmero conceito principal. Ainda, este projeto é também minha despedida da PROEC, dos seus servidores e servidoras que realizam esse o Festival de Inverno da UFPR há mais de 25 anos.
ABSTRACT
T
he Pro-Rectory of Extension and
Festival, where I got in touch with these
Culture (PROEC) & The Winter
archived posters, without any cataloging,
Festival of UFPR were borned in
authors registration. This project aims to
1991. More than 25 festivals have been
produce a small collection of the 25 pos-
held annually and more than 25 posters
ters of The Winter Festival of UFPR in
have been produced from 1991 to 2017,
Antonina and reflections about the com-
the main graphic piece of this and many
position of these graphic pieces that, as
other events. If on the one hand we have
an event, have a short shelf life. In the
an event of such short duration of a week,
form of a narrative, this project presents
but present for more than 25 years, on
the construction of a newspaper catalog,
the other hand we have posters that last
which makes use of the ephemeral as a
as little time as; it does not rip, it chucks a
main concept. Also, this project is also my
memory as if ripping posters fixed on the
farewell to PROEC, its servers and servers
walls after the end of the event. In 2014
that hold this Winter Festival of UFPR for
I was able to work at PROEC and for the
more than 25 years.
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Jornal de Inverno
Caderno 1 O projeto e o Festival de Inverno
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Índice 6
PRÓLOGO
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INTRODUÇÃO
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O FESTIVAL DE INVERNO
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Proec e O Festival de Inverno da UFPR em Antonina
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Antonina o Local O Festival Mas o que é o Festival?
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Jornal de Inverno
Caderno 1 O projeto e o Festival de Inverno
PRÓLOGO BOLSA EXTENSÃO
A
proposta deste TCC partiu de um projeto não finalizado de 2014, ano em que entrei na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC) da UFPR como bolsista, a convite do coordenador de cultura prof. Dr. Ronaldo de Oliveira Corrêa.
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O convite à bolsa foi para digitalizar e catalogar os 25* cartazes do Festival de Inverno da UFPR em Antonina, resultando em um editorial-catálogo com selo da PROEC, não apenas para divulgação do festival, mas também como um registro histórico dessas peças. No entanto, em decorrência de outros projetos e suas urgências, a catalogação não foi finalizada, resultando apenas no levantamento de dados dos aspectos físicos (dimensões, processo de impressão, tipo do papel) desses cartazes.
Durante as atividades realizadas entre 2014-2016, da bolsa-extensão, tive contato com diversas propostas de diferentes grupos culturais dentro da universidade: o grupo de estudos barroco LAMUSA, o MusA (Museu de Arte da UFPR), o grupo de Dança Téssera, a Orquestra Filarmônica da Universidade Federal do Paraná, o grupo de coro Madrigal, Caderno de Ensaios TOM, e por fim o Festival de Inverno da UFPR em Antonina.
Dentre os projetos que surgi-
ram, dois foram fundamentais na minha formação acadêmica e pessoal: o Caderno de Ensaios TOM e o Festival de Inverno. O TOM por ser um projeto novo no qual pude estar envolvido desde sua concepção, até me aprofundar na área do design editorial e design autoral, onde tive autonomia para criar a atmosfera gráfica da revista, conceitos e composição. Produzi 3 edições do TOM e pude experimentar diversos processos na criação do editorial, fortalecendo a relação entre o editorial-autoral. O segundo [o Festival de Inverno], também me proporcionou experiências novas na área do design autoral e no design de cartazes, mas o mais importante foi entender a dimensão do Festival de Inverno e como suas propostas educacionais, sociais e culturais são importantes tanto para a academia como para a cidade litorânea de Antonina. Na grandeza do Festival de Inverno da UFPR em Antonina pude
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entender que a universidade não é só o espaço de adquirir conhecimento, mas de vivê-lo e dividi-lo com a comunidade, em diálogo constante. Ao fim de 2016 encerrou-se a bolsa extensão assim como a coordenação do prof. Ronaldo Corrêa, idealizador da catalogação dos cartazes portanto retomo neste TCC a realização de um catálogo dos 25 cartazes do Festival de Inverno da UFPR em Antonina, não só como um registro da memória gráfica do festival, mas como de retribuição à toda experiência e experimentação que a universidade, especialmente à PROEC, me propôs.
SOBRE SER AUTOR
A
necessidade em produzir um material que resgatasse à memória gráfica do Festival de Inverno sempre foi latente na minha vivência universitária desde o meu contato com o evento em 2014. Entretanto os materiais disponíveis e referentes ao evento tratam muito sobre a importância do Festival e pouco sobre a relevância dos cartazes. Frente à ausência desse tipo de material e à um desejo que surgiu durante a minha graduação de analisar peças gráficas, eu me coloco na posição sensível de ser também autor do projeto.
SOBRE A LINGUAGEM
A
subjetividade e a importância desse projeto na minha trajetória como projetista me fazem refletir sobre o uso da linguagem acadêmica, que me distância dos meus objetos de estudo (o cartaz e o editorial). Não busco aqui questioná-la, mas propor que o fazer-design não seja limitado à academia, e que se torne mais próxima e intimista (tanto àquele que escreve como àquele que a lê). Verá que alguns exemplos que trago são revistas de ensaios, como as revistas Senhor, Serrote e Piauí – ou mais tímida e local, Helena – , e jornais como Diário da Tarde. Sendo assim, me baseio na escrita do ensaio e escrevo – e o faço com prazer – os caminhos que vou costurando até chegar ao meu projeto final: um catálogo de análises das peças gráficas cartaz do Festival de Inverno da UFPR em Antonina. Adiantando, as análise feitas sobre os cartazes não são absolutas e devem ser entendidas como um exercício, uma prática, que vai se perdendo ao longo da graduação; análises que partem de minhas inquietações e do meu olhar geradas a partir das minhas reflexões sobre essas peças. A busca pelo entendimento da forma, por uma disciplina formalista ou de crítica a forma, foi (e ainda é) uma constante na minha for-
mação como designer. Não só a forma, mas me encanta observar um quadro e tentar entender porque a mancha gráfica está naquela posição, naquele enquadramento; tentar entender o conceito por trás do explícito. São práticas que eu deveria ter exercido mais, entender mais, e de certa forma, entender o intenso uso do vermelho e preto que acompanham minhas composições. Não busco analisar apenas os/as autores/as dos cartazes, mas também compreender e ampliar minha formação. Sendo assim, uma linguagem acadêmica e distante soaria absoluta à esse projeto que não objetiva-se em ser, mas em buscar, e esta busca é íntima, próxima e pessoal.
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Jornal de Inverno
Caderno 1 O projeto e o Festival de Inverno
Introdução O
projeto a seguir se comporta como um jornal divido em cadernos/editoria. O primeiro, Caderno 1, falará sobre o Festival de Inverno, em um cotexto histórico e as motivações do projeto. O Caderno 2 falará sobre o Editorial, origens, definições, tipos de editorial. O terceiro, Caderno 3, falará um pouco sobre a peça gráfica cartaz e uma busca por um estudo deles. O Caderno 4, sobre o desenvolvimento do projeto. E por fim, o Caderno C, um catálogo dos cartazes do Festival de Inverno da UFPR em Antonina. O primeiro caderno, O projeto e o Festival de Inverno, é um caderno que busca a contextualização da PROEC e do Festival de Inverno da UFPR em Antonina, afim de explicar o surgimento de ambos, contemplando período político nacional e universitário, assim como escolha do local a servir de palco do Festival.
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Na sequência o Caderno 2, Do papel ao Editorial, inicia-se apresentando o referencial teórico que serviu de base para a mi-
nha pesquisa a cerca do editorial, suas linguagens e estilo. Isso para depois iniciar uma explicação sobre como construir um jornal e catálogo, os elementos da página impressa e o conceito que dará sustentação ao projeto. O Caderno 3, Cartazes desta história... destes festivais, falará sobre modo de se ler um cartaz, a partir de um livro chamado How Posters Works, Ellen Lupton, para enfim chegar na última parte onde trago elementos do design gráfico que servem como suporte à estudos sobre os cartazes do Festival de Inverno. também apresentando algumas modelos de estudos buscando o melhor modo explicar as linhas de estrutura e composição que estou identificando nos cartazes, para compor o editorial. Em sequência o Caderno 4, Um editorial para o Festival, trazen-
do detalhamento da construção do projeto final deste relatório, as decisões, tipografia, grid, formato, papeis e montagem. E por último, o Caderno C, Coleção de cartazes do Festival de Inverno, catálogo contendo 25 estudos dos 25 cartazes do Festival de Inverno da UFPR em Antonina (1991-1995).
Problema
D
urante a bolsa-extensão de 2014 que realizei na PROEC, junto com outros/as bolsistas, encontramos um acervo de cartazes em bom estado de conservação, porém sem documentação, registro ou qualquer catalogação. Devido a fragilidade em preservar a memória das edições do Festival de Inverno, foi realizada a catalogação dos cartazes do Festival de Inverno da UFPR em Antonina.
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Delimitação dos Objetos de Estudos
F
estivais Universitários são práticas comuns em muitas universidades federais e estaduais pois são eventos que impulsionam setores econômicos, sociais, e culturais; eles não só refletem as práticas vividas na universidade como levam e atraem a população (local ou não) para conhecer e vivenciar espaços e práticas culturais. No entanto, refletindo a respeito do papel do designer nesses festivais, é possível observar sua importância na construção da atmosfera gráfica desses eventos e na construção da peça gráfica central: o Cartaz. Os cartazes, as filipetas, os folhetos, etc., são as peças efêmeras que constituem a memória gráfica dos festivais. O Festival de Inverno da UFPR em Antonina, criado em 1991, tem importância para toda comunidade acadêmica da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC), como para a comunidade capelista* por movimentar
o turismo, lazer, cultura e economia da cidade durante os recessos de férias do mês de Julho. A história desses cartazes também diz respeito à história do Design Gráfico da UFPR, pois alguns de seus alunos (atuais professores do departamento) criaram cartazes de algumas edições do Festival de Inverno – hoje esses cartazes são feitos pela UNIGRAF, departamento responsável pelas peças gráficas dos grupos artísticos da UFPR. Como forma de resgate da memória desses cartazes, busco desenvolver um editorial que permita compartilhar essas peças com a comunidade acadêmica, principalmente estudantes de design gráfico. Com isso, eu delimito o projeto ao estudo de 25 cartazes do Festival de Inverno da UFPR em Antonina e na criação de um editorial [catálogo] para sua divulgação.
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Jornal de Inverno
Caderno 1 O projeto e o Festival de Inverno
Objetivos
O
objetivo principal do projeto está no resgate à memória e à importância do cartaz como espaço de expressão
e como peça gráfica principal na divulgação do Festival de Inverno da UFPR em Antonina. O projeto também tem como objetivo propor às práticas universitárias [docentes e discentes] a investigação e análise de peças tão marginalizadas e desvalorizadas como cartazes. Por último, e não menos importante, este TCC é um retorno à comunidade da UFPR que realiza o evento anualmente com muita dedicação.
Público (ou Expectadores)
O
projeto busca, em um primeiro momento, o resgate à memória e a importância desses cartazes e do Festival de Inverno da UFPR em Antonina, portanto é destinado as/aos autores dessas peças, a comunidade acadêmica e a capelista que produzem o evento há mais de 25 anos.
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Esse projeto também é destinado as/ aos estudantes de design que, assim como
eu, buscam entender seu próprio processo, as estruturas de composição de peças gráficas, as entrelinhas de um texto, o cheiro do livro novo, e que propõem trabalhos que nos sen-
É nessa etapa que exemplifico os elementos materiais/visuais e conceituais de um editorial e identifico qual melhor forma de criar um catálogo para esse
sibilizam com uma linguagem própria em diferentes espaços de produção e reflexão.
projeto, passando para uma análise mais detalhada do tipo de editorial selecionado, chegando ao conceito.
Metodologia de Projeto
3. Briefing: A partir das informações obtidas no conceito, eu passo a desenvolver o projeto a partir de requisitos que surgiram nas etapas anteriores, fazendo busca de similares e geração de alternativas.
A metodologia seguida nesse projeto segue à proposta da Metodologia Munari, porém, eu divido em 4 grandes grupos: 1. Problema de Projeto: nessa etapa eu busco contextualizar e identificar os problemas relacionados aos cartazes do Festival de Inverno da UFPR em Antonina e aos catálogos de cartazes 2. Informacional: aqui trago toda a pesquisa bibliográfica disponível para entender como se estabelecem os elementos formais e conceituais de um cartaz para fomentar meu estudo.
4. Resultado: Por fim, como solução do projeto, eu chego ao produto final: um catálogo dos 25 cartazes do Festival de Inverno da UFPR em Antonina e seus respectivos estudos.
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Problema de Projeto Festival de Inverno
Informacional
Editorial
Cartazes do Festival
Pesquisa Pesquisa Complementar
Referencial Teórico
Tipos de Editorial
Estudo do Editorial
Estudo dos Cartazes
Briefing
Conceito
Definição
Requisitos
Similares
Alternativas
Resultado CATÁLOGO
Caderno 1
Caderno 2
Caderno 3
Catálogo
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Jornal de Inverno
Caderno 1 O projeto e o Festival de Inverno
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1. O FESTIVAL 13
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Caderno 1 O projeto e o Festival de Inverno
PROEC & O Festival de Inverno da UFPR em Antonina
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PROEC & E A IDEIA DE UM FESTIVAL “A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC) atua por meio da proposição, desenvolvimento e integração de ações de extensão, cultura, políticas sociais e divulgação da produção intelectual e científica, articulando-se com o ensino e a pesquisa de forma inter e multidisciplinar. A interação entre essas ações acontece por meio da reflexão, discussão e atuação sobre o espaço social e os sujeitos nele envolvidos, privilegiando ações conjuntas com as administrações públicas e a sociedade civil, em favor de políticas sociais que buscam a construção de uma sociedade mais justa e solidária e do desenvolvimento sustentável.” (retirado do site da PROEC)
Foto de Antonina [fonte: Flick UFPR]
E
m 1990 a UFPR passava por momentos de eleições diretas, elegendo como reitor o professor do departamento de Letras, Carlos Alberto Faraco (1991–1994). Durante este período o governo federal extinguiu o Ministério da Cultura e encerrou atividades de diversas instituições culturais. Como uma ação política, a universidade criou no ano seguinte a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura tendo como pró-reitora a prof.ª Marcia Scholz de Andrade Kersten (DeCISO–UFPR) e como coordenadora a prof.ª Marcia Simões Fontoura (DeArtes–UFPR) (NASCIMENTO, E. 2002). Em uma reunião informal, a prof.ª Marcia Kerseten e o prof. Eduardo Nascimento (DeDesign–UFPR), à convite do reitor Carlos Alberto Faraco, construíram uma proposta de ação cultural que atendesse as necessidades do público universitário, saindo dos espaços clássicos de reflexão e de práticas acadêmicas, como as salas de aulas. (NASCIMENTO, E. 2002). Mas essa proposta precisava não só atender ao público acadêmico pois era preciso:
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Jornal de Inverno
Caderno 1 O projeto e o Festival de Inverno “(...) novos ingredientes, de caráter contínuo, descentralizador, extensionista e comunitário, que reunisse os mais diversos fazeres artísticos, num envolvimento permanente, intenso e vibrante, de muita troca de criatividade.” (Nascimento, 2002) Nascia assim a idealização do Festival de Inverno da UFPR, tendo como referência os festivais culturais-universitários mineiros. O Festival foi divido em três atividades distintas: minicursos teóricos, oficinas e espetáculos desenvolvidos durante os três períodos de um dia. Rafael Pacheco, coordenador de Eventos da PROEC e diretor do grupo de dança Téssera, foi somado à equipe idealizadora. Até então, existia somente O Festival de Inverno da UFPR, uma sentença incompleta a um evento que precisava de um local para ser sediado e se propunha descentralizador.
ANTONINA – O LOCAL
S
ituada a 85km de distância de Curitiba, a cidade litorânea de Antonina teve sua contribuição histórica para o Paraná durante o século XVII com sua baia e seu porto - desativado em decorrência do crescimento do porto da cidade de Paranaguá. Capelista, o gentílico dos cidadãos e cidadãs de Antonina, é dado pela história da cidade remeter à tradições e costumes religiosos, característicos da colonização portuguesa durante o século XVII. Apesar dos pontos turísticos naturais como Prainha, Ponta do Pita, Ponta do Félix, Rio do Nunes e Pico do Paraná, a desativação do porto e das Indústrias Matarazzo na década de 1970-1980 estagnou a economia da região. Alguns de seus pontos turísticos atuais se caracterizam pela arquitetura do final do século XIX e início do século XX.
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A equipe do Festival escolheu Antonina como cidade-palco do evento pelo seu contexto histórico na história paranaense, um desejo inerente de uma política antiga da cidade de se firmar como centro cultural e ganhar força como polo turístico (NASCIMENTO apud. GEMAEL, 2002) além de atender a outras necessidades da
equipe do Festival, como ter barracões desativados. Não menos importante, o desejo da comunidade capelista de contribuir com a mudança na cidade também foi fundamental para a escolha de Antonina como cidade do Festival de Inverno. Completava-se então a sentença: Festival de Inverno da UFPR em Antonina.
O FESTIVAL
N
ão bastava, apenas, a escolha do local se as propostas não se adequassem ao costumes e valores da comunidade. Era preciso integrar o querer e o fazer cultura das duas partes: universidade e comunidade capelista (NASCIMENTO, E. 2002). Como morador da cidade litorânea, e professor da universidade, Eduardo Nascimento ajudou a estabelecer esse elo entre as partes. Do lado de lá, em Antonina, dialogava com grupos culturais (e.g. Filarmônica de Antonina) e setores administrativos, tendo como objetivo fazer Antonina não somente palco como atração viva e participativa do próprio evento. Do lado de cá, na UFPR, junto da equipe, conciliava os grupos artísticos, oficineiros, funcionários, etc. para levar o
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festival ao litoral, atendendo demandas da universidade e comunidade. Assim, no inverno de 1991, marcada pela voz de Rafael Pacheco a célebre frase dava início ao 1º Festival de Inverno da UFPR em Antonina:
“OK... Tudo pronto. BOA NOITE, ANTONINA!”
Foto do 24º Festival de Inverno da UFPR em Antonina [fonte: Flick UFPR]
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Jornal de Inverno
Caderno 1 O projeto e o Festival de Inverno Mas... O que é o Festival? Ao ler uma matéria antiga na Gazeta do Povo (2000), salta aos olhos o título em todo seu peso tipográfico em uma simples frase: o que é o Festival de Antonina? O Festival nasce como uma política cultural universitária de integrar ensino, pesquisa e extensão com os processos coletivos da participação cidadã nas políticas públicas. Uma política que tem como ação três eixos: oficinas, espetáculos e atividades de formação. Como patrimônio cultural do litoral paranaense, o Festival de Inverno da UFPR em Antonina tem sua importância para a universidade e comunidade pelo estímulo e apoio de diversas práticas, orientações estéticas e culturais, tendo como cenário e co-promotora do evento a prefeitura municipal de Antonina, que dá ao evento suas manifestações populares, culturais e estéticas, permitindo a manifestação e trocas político-culturais.
“(...)o Festival tem como princípio ético estimular e garantir a socialização, o encontro multicultural, geracional e de gênero, na medida em que esses processos de compartilhamento de espaços, temas e práticas permitam a democratização da cultura e da educação, a inclusão social e a valorização dos direitos humanos.“ (trecho retirado do site da PROEC)
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De periodicidade anual, o Festival de Inverno, acontece entre a primeira e segunda semana do mês de Julho, caracterizando-se por shows na rua principal (Rua Carlos Gomes da Costa), madrigais e coro na Igreja São Benedito, danças e peças no Theatro Municipal, oficinas espalhadas pela cidade, dentre outras atrações. O Festival, desde 2014, tem também como preocupação a descentralização do evento, onde algumas oficinas e atrações foram deslocadas por regiões periféricas de Antonina, ampliando o acesso da população e aumentando o número de público nessas regiões. Em 2017, as ações culturais foram ampliadas para outros municípios litorâneos, como Pontal do Paraná, Paranaguá e Matinhos, afim de estabelecer uma maior troca cultural, estética e política, tendo em vista as tradições populares e multiculturais do litoral paranaense (SOUZA, 2017).
No entanto, são informações que ainda não respondem àquela matéria: O que é o Festival [de Antonina]? O evento foi (e ainda é) um dos momentos mais significativos dentro da minha vivência universitária. O Festival se apresentou muito fascinante para mim, muito próximo do corriqueiro e de hábitos que lembram minha casa, meus pais e suas cidadezinhas, dos meus avós e sua comida. O barreado em uma casa ao pé do morro perto da estação de trem, o trapiche e as canoas, as ruínas, o comércio, a arquitetura que parece quase imutável, o coreto, os paralelepípedos, a pequena arquibancada de cimento na rua principal, o teto alto que ecoa os cantos do Madrigal, as barracas da igreja vendendo pastel, o calor pela manhã – salvo pelo vento – e o frio pela noite – salvo pela plateia. A voz alegre que anuncia o início do Festival, jovens, idosos, crianças, casais, risadas, sons e cheiros; coisas que me evocam a alegria e a saudade, um momento onde a vida se faz leve; coisas como essas que respondem aquela pergunta, coisas como essa que são o Festival de Antonina.
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