Vida Universitária | 224

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edição 224 • agosto | setembro 2013

independência Você está pronto para sair de casa?

saúde Exames preventivos para identificar genes com falhas são realidade no Brasil

como você faz a diferença? Descubra como jovens exercem a cidadania com muita boa vontade



índice

O exercício de

cidadania entre os jovens

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cidadãos engajados em causas sociais dão o exemplo, com atitudes que somam à cidadania

ESTAçÃO PUC

MUNDO MELHOR

mercado de trabalho

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mundo afora

sintonia cultural

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Veja por que é importante estar aberto a novidades, e como o mercado pode direcionar sua profissão para diferentes áreas, a partir da graduação.

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Curitiba vai se tornar a capital da arte durante a xx Bienal Internacional de Curitiba, que irá trazer artistas renomados e valorizar a produção local.

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DNA

ENQUANTO ISSO vida docente

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Câmbio, Gemada na estrada

Este espaço é do aluno. Fotos e registros dos acadêmicos que participam de eventos, premiações e diversas oportunidades dentro e fora da Universidade.

A participação dos professores da PUCPR em eventos, lançamentos e congressos é destaque na Vida universitária, com direito a muitas fotos.

Busca por...

diário de bordo

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pergunte para puc

qualidade de vida

vem aí

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Idade saudável

Dúvidas são fundamentais para gerar conhecimento. Aquilo que você não sabe pode ser a pergunta de mais universitários. Saia da dúvida e descubra a resposta.

VEJA +

reportagem

reportagem

filhos

histórico mutações

genético

fatores

FaMília

SINTOMAS

entrevista

reportagem

fatores IRMÃOS mutações diagnóstico árvore pais 32 hereditário doenças hereditário

paisinfluência IRMÃOS

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Exames genéticos são realizados no Brasil há 20 anos. No entanto, o acesso ainda é elitizado e deixa de salvar muitas vidas.

Navegar é preciso! Mas, com segurança

pesquisa

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SINTOMAS filhos genético família histórico

doenças

A alguns passos da independência

Ao se doar para o bem do próximo, alunos que participam do PUC Solidária acabam recebendo muito mais do que a sensação de missão cumprida.

Efeito dominó

Estudantes e professores atentos a eventos, palestras e grandes atividades têm espaço reservado para uma agenda bem selecionada sobre a esfera acadêmica.

REPORTAGENS

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FALANDO SéRIO

drops

registro

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Projeto é criado para conscientizar adolescentes e jovens da real necessidade de uma rotina saudável para um futuro com melhor qualidade de vida.

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Yo soy paraguayo e vim para estudar

Almejando por um ensino de qualidade, paraguaios arrumam as malas para vir estudar no Câmpus Toledo da PUCPR.

na prática

espiritualidade

da puc

O começo de uma grande jornada

Fármaco desenvolvido em pesquisas da PUCPR, a partir da substância da semente de urucum, acelera a cicatrização de lesões na boca. Veja como se dá o processo.


editorial

Jovens com boa vontade

gRÃo-chancElER Dom Moacyr José Vitti

VIDA UNIVERSITáRIA é uma publicação bimestral da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Registrada sob o nº 01, do livro B, de Pessoas Jurídicas, do 4º Ofício de Registro de Títulos, em 30/12/85 - Curitiba, Paraná

Fazer parte de uma juventude protagonista é agir com alegria e comprometimento. A boa vontade nos transforma em cidadãos melhores, com atitudes responsáveis. Entre os princípios de Marcelino Champagnat, agir com coragem é destaque em seus ensinamentos. “O que deve estimular vossa coragem a fazer bem as ações é que Deus se contenta com a boa vontade, com vossos esforços, e que Ele não nos pede o bom êxito”. Pois bem, seja aonde queira chegar, a intenção faz a diferença no percurso. É por esse caminho que apresentamos personagens com atitudes louváveis na matéria de capa desta edição da Vida Universitária. Nela, expomos causas específicas de pessoas, de grupos e, sobretudo, de jovens, que praticam ações em favor do bem comum. Doar-se na mesma proporção em que se alimenta de compaixão. O bem é mútuo. Mas, afinal, até onde nossa cidadania é exercida em sua plenitude? Essa discussão diária é importante para alinharmos nosso papel de cidadãos e também de cristãos. Será que, ao ajudarmos o próximo, não estamos cumprindo nosso papel de protagonistas? A reportagem expõe situações em que atitudes tornam-se indispensáveis para o fomento de uma causa. Não podemos esquecer, de forma alguma, que as boas ações engrandecem a alma e nos tornam melhores do que somos. Mais um assunto que destaco na publicação é a revolução genética no Brasil. Os estudos da medicina estão em avanços constantes, mas, de fato, o que chega aos pacientes? A reportagem traz a discussão sobre a acessibilidade desses testes genéticos, e também de que forma os resultados são apresentados àqueles que já recorrem a eles. Especialistas alertam sobre os desdobramentos do mapeamento genético. E, como de costume, trazemos outros assuntos que relacionam o universo acadêmico a informações relevantes. O importante é que, nessa publicação, nós consigamos levar a você, leitor, a importância das atitudes que toma para o mundo em que vivemos. Toda e qualquer ação se reflete na sociedade. Que nossas atitudes sejam solidárias e demonstrem compaixão pelo próximo. Assim seja!

Boa leitura a todos! Clemente Ivo Juliatto Reitor

consElho EditoRial – PucPR REITOR Clemente Ivo Juliatto VICE-REITOR Paulo Otávio Mussi Augusto PRÓ-REITOR ACADêMICO Eduardo Damião da Silva PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAçÃO Waldemiro Gremski PRÓ-REITOR COMUNITáRIO Másimo Della Justina PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO E DE DESENVOLVIMENTO José Luiz Casela DIRETORA DE RELACIONAMENTO Silvana Hastreiter REdaçÃo JORNALISTA RESPONSáVEL Rulian Maftum - DRT 4646 SUPERVISÃO Maria Fernanda Rocha TExTOS Michele Bravos, Julio Glodzienski e Elizangela Jubanski EDIçÃO DE ARTE Julyana Werneck FOTOGRAFIA Letícia Akemi COLABORAçÃO Olik Comunicação PRoJEto gRáFico E logotiPo Estúdio Sem Dublê | semduble.com REVisÃo tExtual Editora Champagnat PRoPaganda Lumen Comunicação Rua Amauri Lange Silvério, 270 Pilarzinho – Curitiba – Paraná CEP: 82.120-000 www.grupolumen.com.br Para anunciar, ligue: (41) 3271-4700 iMPREssÃo GRáFICA: Fotolaser Gráfica e Editora TIRAGEM: 15.000 exemplares contato Rua Imaculada Conceição, 1155 - 2º andar Prado Velho – Curitiba – Paraná Caixa Postal 17.315 - CEP: 83.215-901 Fone: (41) 3271-1515 www.pucpr.br vidauniversitaria@pucpr.br Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução sem autorização prévia e escrita. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.

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entrevista

O que eu posso fazer por você agora? Foi com essa pergunta na boca e muito amor na mente e no coração que Renata quintella foi para as ruas de São Paulo. Nasceu assim seu projeto de vida: A Jornada de Renata Quintella, cuja ideia central é mostrar que todo mundo pode fazer alguma coisa por alguém e que ajudar é mais simples e prazeroso do que se imagina. Junto com ela, amigos que resolveram apoiar o projeto e que acreditam num mundo melhor, mais bonito e gentil. Para Renata, o segredo da vida é compartilhar. Atitude que torna o que se tem suficiente; faz do caos ordem; da negação, aceitação; de um estranho, um amigo. Compartilhar conduz Renata à sua palavra favorita: gratidão. Por Michele Bravos

O começo de uma grande jornada como você encontra as pessoas que têm feito parte da sua Jornada?

Renata quintela, 39 anos, roteirista

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Saio pelas ruas com umas flores nas mãos. Ofereço a flor e pergunto: “Se eu pudesse fazer alguma coisa por você agora, o que seria?” A pessoa fala e eu faço. Às vezes, me pedem um abraço, um sorriso, um café, um médico, uma ajuda nos afazeres do momento. Às vezes, deixo coisas para as pessoas em

alguns lugares, com um bilhete, livro, brinquedos, roupas. Agora, estou ajudando algumas pessoas que me pedem auxílio pelo Facebook. O foco não são pessoas humildes ou carentes, mas qualquer ser humano, independente da classe social, que precise de uma força.


Ele sou eu. Eu sou assim. O que me motivou a criar o projeto A Jornada foi pensar no sentido da minha vida. A ideia veio da minha cabeça. Eu já fazia e faço isso normalmente com os meus amigos. Eu já fiz compras de supermercado no meu cartão para um amigo que estava sem grana; já fiquei com uma amiga no hospital; já levei amigas na terapia; já fiz festa de aniversário para a filha de outra amiga que estava internada; e muitas outras coisas. Eu também sempre fiz coisas para as pessoas que eu não conheço. Outro dia, vendi um colar meu de ouro no valor de R$ 500

para ajudar um amigo de uns amigos, a pagar os remédios e o tratamento no hospital. Essa pessoa faleceu, mas fiz algo por ela com muito amor. Acho que ela morreu acreditando mais no ser humano, sabe? Um dia, me deu vontade de fazer isso nas ruas, acreditando que o bem e o amor podem – e devem – ser espalhados. Acredito que quando a gente chega perto de uma pessoa com o amor verdadeiro e o real desejo de fazer algo por ela, acendemos aquela luz que existe dentro de todo mundo. Esse é o meu objetivo.

Vi que sempre há alguém filmando, fotografando sua caminhada com as pessoas. há uma intenção de esse projeto virar um documentário ou um livro?

No dia 5 de junho, juntei profissionais amigos para captar a minha jornada pelas ruas. A ideia era registrar e colocar o projeto no meu site pessoal – que ainda está ficando pronto. Com a grande repercussão na internet, a produtora Vila Filmes resolveu preparar um piloto para

uma série de TV. Vamos tentar vender o projeto nos canais a cabo. Um programa real, no qual os protagonistas são as pessoas e seu desejo de fazer algo por alguém. Se acontecer, o programa não vai perder o principal objetivo e o conceito, que é: o que eu posso fazer por você agora?

© Fotos: Milene Milan

a Jornada de Renata quintella é uma documentação daquilo que você é e faz todos os dias? ou, em certo momento, você pensou: “Preciso fazer o bem para mais pessoas” e, então, veio o projeto?

“Porque todo mundo tem uma boa história pra contar. E um desejo para realizar! Tenho certeza de que não existem coincidências, existe, sim, é um plano perfeito de Deus”.

de onde vem o dinheiro para bancar os custos com a realização dos pedidos das pessoas que cruzam seu caminho?

Um vai ajudando o outro. Por exemplo, o dinheiro para realizar o sonho do Thiago de ir à Disney veio de uma agência de eventos que confia em mim e no meu trabalho. Meus amigos já doaram várias coisas. Para a festa de aniversário da

o projeto tem algum cunho religioso? as pessoas, por vezes, associam iniciativas como as suas à religião. como se só quem carregasse uma denominação pudesse ser bom. nessa sua caminhada, o que você me diz sobre o ser humano e o seu “eu” altruísta?

Eu não tenho nenhuma religião. Respeito e acredito em tudo. Já estudei várias e acho que todas nos levam para um único caminho: o caminho do amor. Hoje, estudo kabbalah, que diz que o segredo da vida é compartilhar. Eu acredito muito nisso. Depois da Jornada, muitos caminhos estão se abrindo e pequenos milagres acontecendo todos os dias. O que me incomoda, às vezes, é esse discurso das religiões como se o bem estivesse fora da gente. Como se o bem e o amor morassem na igreja, no

Renata, que estava sozinha no seu dia, fizemos uma vaquinha. Às vezes, eu pago, mas não posso fazer isso sempre e nem é essa ideia. A Jornada parte do princípio de que todo mundo pode fazer alguma coisa por alguém.

pastor, no padre, no líder, e não dentro de nós. Somos, sim, feitos de luz e de sombra. Prezo muito o autoconhecimento. Conheço bem a minha sombra. E tenho certeza da minha luz. Como tenho certeza da sua. E de todos. Não me acho melhor do que ninguém, mas me sinto muito feliz por estar despertando, nas pessoas, o desejo de ajudar o próximo, de levar amor para quem está precisando. Todo dia, antes de sair de casa, peço proteção e rezo para voltar para meus três filhos.

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entrevista

“Somos, sim, feitos de luz e de sombra. Prezo muito pelo autoconhecimento. Conheço bem a minha sombra. E tenho certeza da minha luz.”

quando que a sua Jornada deixa de ser sua e passa a ser do outro?

A partir do momento em que o outro se junta a mim para realizar o sonho, o desejo, a necessidade de outra pessoa. Cada um tem a sua jornada. Quando alguém “compra” a causa, a jornada passa a ser dela. Passa a ser nossa!

como você lida com essa mescla do outro na sua vida? Penso que é preciso muito preparo psicológico para chorar a dor do outro, sentir a solidão do outro, deixar os caminhos se cruzarem e, depois, simplesmente, deixar ir.

Já sofri muito pelo outro. Hoje, entendo que cada um tem seu caminho a percorrer, sua história para contar. Hoje, sei que faço aquilo que preciso fazer e ponto. Não tenho o poder e não tenho mais o desejo de consertar o mundo, de mudar a vida das pessoas. Apenas levo uma esperança, uma luz, para cada um seguir seu caminho e cumprir de alguma forma sua missão. Ao mesmo tempo, entendo que as pessoas não estão acostumadas a receber nada de graça. Não

ofereço nada. Não dou o que não me pedem. Todo mundo precisa sair um pouco da zona de conforto para, ao menos, pedir e, assim, aceitar com gratidão. Não sou a favor de dar esmolas. Encontro pessoas, ajudo-as e seguimos nosso caminho. Não entro na história da vida de ninguém, que muitas vezes é triste e sofrida. Quando vou embora, se dentro da pessoa tiver surgido o desejo de também fazer algo por alguém, a minha missão foi realizada.

Quando eu estava no meu cursinho para o vestibular de Medicina, liderei o movimento Caras Pintadas, em Ribeirão Preto. Quando somos jovens, não temos muito a perder, e sonhamos com um futuro melhor para nós. Na vida, não suporto injustiças. Não furo filas. Não tento tirar vantagens das situações e das pessoas. Se vejo uma injustiça, me meto ali mesmo. Quando eu tive meus filhos, continuei lutando por um mundo

melhor. Agora, para eles. Acho que o que nos motiva a querer um mundo melhor é nossa alma, que guarda uma memória escondida de um lugar melhor para se viver. Sou muito intuitiva. Acredito em outras realidades, naquelas que não enxergamos com nossos olhos físicos. Não sei se esse lugar bom para se viver é aqui, mas é aqui que estamos agora. Então, vamos tentando.

Recentemente, vimos os jovens se organizarem pelas redes sociais e ganharem as ruas. Parece que foi um despertar para o senso de coletivo. E se todo mundo se perguntasse mais o que pode fazer pelo outro?

Acho que muita coisa mudaria para melhor. Entenderíamos o poder que temos juntos. Porque, sim, unidos temos uma força absurda. Acabamos de presenciar um exemplo claro, vivo e real da expressão: “a união faz a força”. Estou perceben-

do isso também na fanpage. Já tenho uma comissão organizando um aniversário no interior de São Paulo. São pessoas se mobilizando com causas e ajudando de verdade.

Você já cruzou o caminho de quantas pessoas desde o início do projeto? até aqui, que história mais marcou sua vida e por quê?

Realmente, os milagres acontecem quando a gente começa a compartilhar. Pessoalmente, acho que foram umas 30 pessoas desde o dia em que começamos (5 de junho), quase 5 mil likes no Facebook e muitas, muitas pessoas ajudadas. Teve gente que, com o projeto, criou coragem para ser voluntária, para sair da zona de conforto, para se unir com outros e fazer o bem para o próximo. Outro dia, fiz a pergunta da Jornada na fanpage e alguém me disse que queria um filho. No mesmo dia, recebi uma mensagem de um

orfanato, de que um garotinho de 4 anos estava liberado para adoção. Coloquei os dois em contato. Não sei se vai dar certo. Mesmo se não der, para mim, isso é a prova de que Deus está de olho na nossa Jornada. No dia em que saímos para a rua, encontrei a Renata, grávida de 4 meses e sozinha em São Paulo. Ela me pediu um bolo de aniversário. Quando vi meus amigos se mobilizando para a festa da Renata e acreditando no meu sonho, resgatei uma história minha e vi que a mão de Deus estava ali.

agora que você já respondeu essa entrevista enorme, eu pergunto: o que eu posso fazer por você?

Fazer uma matéria bem bonita e me mandar a revista quando estiver pronta.

assim como você, vemos outros – jovens e adultos – apoderandose de amor e coragem para fazer desse mundo um lugar melhor. as pesquisas tentam explicar historicamente, sociologicamente. como você explica?

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a REVista Já Está no coRREio, a caMinho dE REnata quintElla.


Muitos caminhos no

mercado de trabalho

mercado de trabalho

A graduação é apenas a porta de entrada para um caminho cheio de bifurcações, que pode levar a possibilidades inusitadas na área de atuação escolhida ou até em outra. Conheça histórias que vão fazer você abrir sua mente

© Foto: Divulgação

Por Michele Bravos, com informações de Julio glodzienski

outRa áREa, MEsMo PRoPÓsito As aulas de Ecologia e os ideais dos movimentos ambientalistas da década de 90 levaram Marciano Cunha a querer estudar Biologia. Ao concluir o curso, veio a vontade de fazer um mestrado. No ímpeto, abraçou a primeira oportunidade: mestrado em Administração. O primeiro ano dessa nova etapa foi decisivo. “comecei a aprofundar meus estudos na área de gestão de Pessoas. isto me trazia certo fascínio, muito semelhante aos encantos que os movimentos ambientalistas trouxeram quando escolhi Biologia”. Cunha percebe que as pessoas mais demandadas no mercado são aquelas que têm uma heterogeneidade de experiências e formações, graças à rapidez com que, hoje, os problemas precisam ser solucionados. Para ele, o grande desafio é encontrar uma linha condutora, um propósito; independe se a área de formação é a mesma da de atuação. “Eu considero que aquele idealismo que eu tinha quando escolhi a Biologia, hoje, manifesta-se de outra maneira. As teorias da Biologia estão sendo usadas para os estudos organizacionais”. noME: MARCIANO CUNHA gRaduaçÃo: LICENCIATURA EM CIêNCIAS BIOLÓGICAS atuaçÃo: Professor da área de Gestão de Pessoas em cursos de graduação e pós-graduação e consultor em Desenvolvimento Humano e Organizacional

dica: A vida proporciona oportunidades que não podem ser desperdiçadas. é importante ser protagonista e não apenas coadjuvante.

© Foto: Gerson Lima

tudo conEctado O gosto por filmes e anúncios fez com que Glaucio Gonzaga optasse por cursar Publicidade e Propaganda. Após ter trabalhando como diretor de arte para uma grande agência, bateu a vontade de ter uma vida social e ser um profissional melhor. Foi aí que resolveu empreender. “Você tem que estar atento. quando estamos insatisfeitos, acabamos procurando outras opções e, muitas vezes, acabamos esbarrando com novas e boas oportunidades”. Surgiram, então, a sua agência de promoção e eventos e o bar. “Desde a faculdade até me incluir no mercado publicitário, fiz muitas amizades, o que facilitou o início do meu negócio. O segmento de comunicação é boêmio e nada melhor que ter bons amigos para serem bons clientes no meu bar”. Em termos profissionais, Gonzaga percebe que sai em vantagem por transitar por vários papéis: cliente, publicitário, consumidor final. “Implantamos métodos e desenvolvemos estratégias de forma diferenciada”. noME: GLAUCIO GONZAGA gRaduaçÃo: COMUNICAÇÃO SOCIAL | PUBLICIDADE E PROPAGANDA atuaçÃo: Proprietário do Bossa Nova Bar e da agência de promoção e eventos Combo Promocional

dica: Relacionar-se bem com pessoas de opinião e bem-sucedidas. De uma nova amizade, pode surgir uma grande oportunidade.

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Š Foto: Felipe dana

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© Foto: nelson antoine

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O exercício de Falar em cidadania é debater sobre direito e dever. O primeiro se usufrui e o segundo se cumpre. E além disso? A Vida universitária apresenta cidadãos engajados em causas sociais que dão exemplo com atitudes que somam à cidadania. Descubra como jovens estão se mobilizando em grupos e exercendo um pouco a mais daquilo que lhes foi atribuído

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entre os jovens

Por Elizangela Jubanski

Exercer a cidadania parece fácil, mas não é tão simples assim. Até mesmo sociólogos e especialistas divergem em questões específicas sobre o tema, principalmente, por levantar questões de direitos e deveres. Afinal, se no Brasil é direito do cidadão ter acesso à saúde, educação, segurança, lazer, vestuário, alimentação e transporte, fazer a garantia desses serviços é um desafio. A questão do voto é um exemplo claro sobre a situação. Essa forma legal de escolher representantes foi um direito adquirido ao longo de décadas de revoluções, já que era restrito a algumas pessoas. Hoje, não votar implica sanções – já que o voto é um dever e, portanto, algo obrigatório. Esferas que envolvem questões legais, morais, culturais e comportamentais não são, portanto, tão simples assim. O que acontece é que o exercício de cidadania está se tornando mais claro e mais difundido nas ações da sociedade, independente da complexidade sociológica que a cidadania traz. A participação efetiva na política, o acesso à informação e a conscientização da coletividade estão fazendo parte do dia a dia do cidadão, principalmente do jovem, que está mais focado no rumo dos acontecimentos. Para o especialista em Antropologia Cultural, o sociólogo Cauê Krüger, o jovem é, historicamente, um forte mobilizador da cidadania há décadas. “Seja pelo momento de estar em formação, pelo seu idealismo, pela energia e vontade de mudar as coisas, por sua fase dentro de um ciclo biográfico ou pela assimilação das novidades, ele foi e é elemento essencial para quase todas as mudanças sociais e culturais”, considera.

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REdE social Qualquer exemplo de mobilização, nos últimos meses, que não cite a rede social, é de se estranhar. Inegavelmente, a ferramenta que compartilha foi importante para a libertação do jovem às causas defendidas. Eventos sem donos, reuniões sem origem e aglomerados de manifestantes sem líder foram marcos para o desenvolvimento da rede social entre os jovens. Hoje, além de ser utilizada, despretensiosamente, no dia a dia, a internet promove questões sociais e amplia o acesso a assuntos polêmicos e opinativos. É um canal que transforma opiniões em formadores de ideias. Toda forma de comunicação potencializa a interação. É o que acredita Krüger, quando o assunto é as redes sociais. “As informações são cada vez mais rápidas, mais independentes e mais plurais. Isso, sem dúvida, potencializa a informação, o debate, a discussão, o engajamento, mas também serve como forma de expressão banal do eu, das opiniões, valores e moralidades individuais”, finaliza.

“Ser cidadão e exercer isso, é tomar a política nas mãos.” [Luana Martins, integrante do Movimento Passe Livre de Curitiba]

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a gEntE EncontRa

A Vida Universitária procurou jovens que vivem dispostos a exercer, e muito bem, a cidadania. São universitários, trabalhadores, profissionais, mas, sobretudo, cidadãos que veem, nas ações voluntárias, um comprometimento diário em busca de resultados. Ora imediatista, ora idealizador. Sempre com muita boa vontade.

PElo tRansPoRtE PúBlico, taMBéM A luta é ampla. Eles se reúnem em praças e, geralmente, bandeiras, tambores, faixas e cartazes os acompanham. O grupo chega de bicicleta e tem argumentos e explicações para cada causa por que lutam. O transporte público é encampado com mais avidez, mas o Movimento Passe Livre (MPL) tem outras lutas contra um sistema corruptível. Sem saber ao certo o número de adeptos, o MPL não tem representantes, por acreditar em uma mobilização horizontal. Em Curitiba, nasceu em 2005, com o objetivo de tornar público o direito à acessibilidade dentro da cidade. Se o gigante acordou, eles não sabem. Mas que o povo brasileiro está descobrindo o que não quer, disso eles têm certeza. Com boné, camiseta preta e uma voz tranquila, a militante Luana Martins, 24 anos, delineou o que a fez entrar na causa e fazer parte do MPL de Curitiba. “Estou nessa luta porque transporte é realmente um direito de ir e vir. A gente paga tanto imposto, a gente constrói esta cidade, então, temos direito de ter acesso aos bens de serviço dela. É nosso e não pode ser tirado da gente, mas acabam tirando e, pior, fazendo com que as pessoas trabalhem e morem em locais distantes”. Luana é massoterapeuta e trabalha diariamente em uma clínica de Curitiba. A informação faz cair por terra a desculpa de quem diz não ter tempo para lutar por alguma causa. Os encontros do MPL são abertos. Eles se reúnem em praças, locais públicos ou, em alguns casos, quando precisam de infraestrutura – para planejar, escrever e desenvolver – a casa de um deles é nomeada para a reunião. Cada cidade que o MPL atua trabalha de forma independente, com agendas e projetos específicos. Porém, segundo eles, as diretrizes precisam ser as mesmas: um movimento federalista, com horizontalidade, autonomia, pluralismo, apartidarismo e independência. “Temos projetos a curto, médio e longo prazo. O primeiro deles é o congelamento da tarifa; em médio prazo é a tarifa zero; e em longo, a gente chama de desmercantilização das relações humanas”, explica Luana. A palavra mercantilização vem do século XIX, tendência de o mercado levar todas as relações para o lucro, para o ganho e para o interesse econômico. “O preço da tarifa é exorbitante e o principal responsável pela exclusão social.

Ele também é vetor do aumento de cidadesdormitório que segregam grande parte dos trabalhadores dos bens e serviços que estão concentrados nos centros urbanos”, acredita o Movimento. O importante para o MPL é o jovem exercer a cidadania dentro daquilo de que ele participa. Fazer parte da democracia é tomar conta de situações. “Ser cidadão e exercer isso, é tomar a política nas mãos. É você cuidar das coisas que acontecem no seu bairro, na sua escola. É você se tornar influente naquilo, cuidando do que é nosso”, aponta Luana. O básico é ir atrás de informação. Jovem informado é um cidadão em alerta. “Às vezes, algumas pessoas não sabem o que querem, mas como elas estão bem informadas, acabam descobrindo o que não querem”, finaliza a militante. E depois disso, alguém duvida de que a causa é só pelos vinte centavos?

dEnúncias O MPL protocolou, em 2010, uma ação no Ministério Público do Paraná (MP-PR) pedindo a impugnação da licitação do transporte público, sob a denúncia de que a Urbs frauda o processo. “Essa licitação dividiu a cidade em três empresas, que, então, assumiram, não havendo, assim, concorrência. Há muitos fatores a respeito dessa denúncia. Por que a Urbs não tem um bico de diesel com uma bomba contadora para contabilizar o gasto das empresas de ônibus? Se essa é a principal base de cálculos para a tarifa, como não regulam? Eles acreditam nos empresários há 25 anos”, delata o MPL. © Foto: Letícia Akemi

Diante disso, a doutora em Ciência Política Luciana Veiga vê a possibilidade de uma mobilização diferente daquela vivida pelos jovens nas décadas de 80 e 90. “O partido deixou de ser o organizador do eleitorado e dos cidadãos. As pessoas estão se reunindo e se mobilizando, mesmo na ausência de lideranças institucionalizadas, típicas da democracia representativa”. Distante da realidade partidária, o cidadão está mais concentrado nos aspectos do cotidiano. “Eles estão mais atentos àquilo que possa lhes garantir mais qualidade de vida. A mulher da classe C quer uma escola que ofereça período integral para seu filho, para que ele possa ter acesso a inglês, esporte e cultura. Isso é incremento de qualidade de vida para ela. Outro quer transporte público, outro quer acessibilidade, e assim por diante”, analisa a doutora.


Daiane e Grazieli uniram a profissão à vontade de ajudar.

duPla do BEM O trajeto da mudança. Uma viagem de ônibus, ao trabalho, fez a jornalista Daiane Rosa, 24 anos, ter um estalo. Amante da comunicação, ela decidiu unir o anseio em ajudar instituições e projetos sociais à criação de um blog. Nasceu, então, o Eu Quero Ajudar Curitiba, que faz o trabalho de identificar necessidades e ajudar a encontrar um voluntário. “As pessoas sempre têm coisas que não usam mais para doar, inclusive eu, e raramente sabem quem está precisando daquilo que elas têm disponível. Um dos objetivos do blog é fazer essa ponte e conectar quem precisa de ajuda a quem quer colaborar, seja com doações ou trabalho voluntário”, explica Daiane. E, para dividir responsabilidade e agregar ideias, ela acionou a companheira de estrada acadêmica Grazieli Teixeira, também 24 anos. “Exercer a cidadania é ajudar quem precisa. Seja da forma que você pode”, defende Grazieli. Na prática, o blog divulga ações ou pedidos de entidades, que esperam retorno de quem visualiza a página. É um meio que as instituições encontraram de divulgar uma deficiência para uma mídia específica. Quem visita rotineiramente a página já sabe que ali vai encontrar algo que necessita de ajuda. Posta quem precisa, visualiza quem pode ajudar. Simples assim! Com a profissão das garotas a serviço do bem, o blog completou a primeira boda sustentando o ideal: suprir um serviço deficiente do Estado. “Acredito que estamos conseguindo desempenhar o nosso papel em busca de uma sociedade mais justa”, finaliza Daiane, observando que dar exemplo com atitudes conscientes também é uma forma de exercer a cidadania.

“Acredito que estamos conseguindo desempenhar o nosso papel em busca de uma sociedade mais justa.”

A frase é sugestiva. A conversa despretensiosa entre Fernanda Cabral e Mariana Ribeiro, em São Paulo, durante um almoço, era justamente sobre a maneira pessimista como a Copa do Mundo estava criando seus adeptos aqui no país. O problema com a falta de infraestrutura vivida por cidades-sedes deixava a mensagem de que poderia ser ainda pior: ‘imagina na Copa?’. Para espantar o mau agouro, as publicitárias usaram o bordão para nomear um projeto com intenções bem positivas. Afinal, se existem projetos e pessoas do bem agora, Imagina na Copa? Estava criada uma forma de incentivar os jovens a fazer dar certo e agir para que um legado de coisas boas chegasse ao Brasil, juntamente com a Copa do Mundo. Se para reclamar não é preciso esforço, para tornar o jovem um agente transformador é preciso se mobilizar e acreditar. O projeto das comunicadoras, Imagina na Copa, cresceu e, hoje, conta com diversos representantes em capitais de todo o país. Aqui em Curitiba, quem representa o Imagina são os universitários Thais Francoski e Augusto Mizutami, com 22 e 19 anos, respectivamente. Eles acreditam que é possível fazer uma virada no Brasil e, para isso, a mudança de atitude de cada um é fundamental. “Vamos focar menos em ‘a culpa é de quem?’ e mais em ‘a responsa é minha também” – é no que acredita o projeto.

Para isso, três projetos já foram criados: Sacolas Verdes, para estimular a separação do lixo reciclável; Leve Este Livro, que oferece à população acessibilidade à leitura, e o Que Ônibus Passa Aqui?, que facilita a mobilização urbana. Thais, que faz Arquitetura e Urbanismo na PUCPR, tornou-se capitã do projeto na capital por acreditar que pode fazer mais pelo país. “O jovem acha difícil começar uma ação transformadora e ver o resultado. Para facilitar, lançamos, mensalmente, missões de fácil implantação por um curto espaço de tempo. Assim, eles veem resultado e isso os faz se engajarem em desafios comuns”. Já Augusto, que cursa Economia na UFPR, vê que o jovem está cada vez mais engajado em causas sociais, mais politizado e menos partidário. “Isso foi resultado de um cansaço generalizado e também do avanço das redes sociais. A nossa geração ouviu vários discursos de governos e esperou durante anos; todavia, a prometida melhoria na educação, na saúde e na segurança pública não aconteceu”.

“Vamos focar menos em ‘a culpa é de quem?’ e mais em ‘a responsa é minha também.” [Projeto Imagina na Copa]

© Foto: Augusto Mizutani

© Foto: Letícia Akemi

E sE MElhoRaR... Fica MElhoR ainda!

Com a vinda da Copa do Mundo, as coisas podem ser melhores.

[Daiane Rosa, do blog Eu Quero Ajudar Curitiba]

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fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer’. Então, somos responsáveis por eles”. Eis que, no meio de todas aquelas pessoas experientes e já calejadas de saber o quanto há, ainda, por fazer, surge Júlia Iarocrinski, com 15 anos. Estudante de um colégio particular em Curitiba e moradora do bairro Batel, Júlia se prepara para morar, no fim do ano, no bairro Alphaville, em Pinhais, região metropolitana, não antes de curtir as férias na Disney, Flórida (EUA). Apesar do nível econômico que a diferencia dos moradores da Vila Icaraí durante a ação, ela enxerga que a realidade que cerca vilas distantes e bairros pobres é cruel. De poucas palavras e com dinamismo típico de quem faz a diferença no mundo, Júlia, já no destino final, ficou responsável por entregar os pães doces, doados pela panificadora

Empório, às crianças. “Tem garotas da minha idade que pensam em shopping, compras, sapatos e outras coisas. Acredito que a gente é mais do que isso”, rebate. A voluntária integra a Turma da Sopa há dois anos. “Pensei que fazer algo para alguém era chato, mas viu como é legal? A gente se diverte”. Realmente, não há como discordar dela.

“Pensei que fazer algo para alguém era chato, mas a gente se diverte”. [Júlia Iarocrinski, 15 anos, da Turma da Sopa]

© Foto: Divulgação

Tentar estancar diretamente – sem intermédios – a ausência do que colocar à mesa era o que uma turma cheia de boa vontade queria fazer. Pessoas que decidiram, ao longo da experiência de vida, que era possível fazer mais para aqueles que têm pouco. Há 20 anos, a Turma da Sopa já levou refeições a diversos locais da cidade. Além disso, eles levam outras doações, como cobertores, roupas, brinquedos e atenção àqueles contabilizados apenas como número de habitantes. O presidente da associação, Manuel Oms Junior, acredita que é fundamental fazer o que está ao alcance para ajudar as pessoas. “Tão próximos de nós e ainda carentes de itens tão básicos. Se o Estado não pode ou não consegue ajudá-los, a sociedade deve se mobilizar para resgatá-los dessa situação”. O grupo com 35 pessoas é dinâmico e se reveza em todas as atividades. Assim, cada um se doa em um determinado momento. Todos são absolutamente importantes para o resultado final. Destino: Vila Icaraí, bairro Uberaba. A bordo de uma Kombi, 400 litros de sopa para cerca de 600 pessoas. Faça chuva ou faça sol, porque a fome não tem hora. Tudo, absolutamente, vindo de voluntários e sem qualquer auxílio governamental. Sobre isso, o engenheiro e voluntário Rubem Melo opina. “Não dá para esperar. Como disse Molière: ‘Não somos responsáveis apenas pelo que

© Foto: Letícia Akemi

quEM tEM FoME

da tRagédia À MoBilizaçÃo nacional A angústia de Rafael Baltresca arrecadou quase 1 milhão de assinaturas para alterar a lei de trânsito. Exemplo de mobilização nacional, a campanha Não Foi Acidente teve um começo trágico. A mãe e a irmã de Rafael foram a um shopping, em São Paulo, para comprar um livro. Na saída, foram atingidas, na calçada, por um carro em alta velocidade. O motorista foi preso em flagrante por homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar. No entanto, foi enquadrado pelo código penal, já que as leis de trânsito são levianas para esse tipo de situação. Foi essa perda irrecuperável o pontapé para a peregrinação em busca das assinaturas. “Depois disso, cansei de contar os casos de acidentes fatais envolvendo álcool e direção, atingindo outras famí-

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lias. Quando a gente deixa de lado a possibilidade do acidente, o acidente acabou de começar. Quando você bebe e dirige, quando dirige em alta velocidade, você já começou o acidente”, reflete. Para ele, o descaso das autoridades com relação às leis brandas sobre quem bebe e dirige é que levou o movimento Não Foi Acidente adiante. De acordo com o Ministério da Sáude, em abril deste ano, 21% dos acidentes de trânsito estão relacionados ao consumo de álcool. Na rede social Facebook, a mobilização para a mudança do código de lei tem mais de 470 mil curtidas. É, por enquanto, o projeto de iniciativa individual que mais mobilizou os brasileiros, principalmente por concluir que a vítima da embriaguez, amanhã, pode ser qualquer um de nós.


EnquEtE

canal diREto

Opinião é bom e todo mundo tem que ter uma. A Vida universitária foi para a rua descobrir o que pensa o jovem sobre exercer cidadania. “Eu leio bastante e procuro me informar sobre vários assuntos. Também participo de fóruns e outros movimentos online. Mesmo assim, acho que faço pouco, assim como a maioria dos jovens. Poderia ser diferente”. sarah Rolim, 16 anos, estudante “Eu vou para a rua mesmo. Estive presente nas manifestações, que, ao contrário do que dizem, tem causa sim: a corrupção. Mas, não sou a favor do vandalismo. Acredito que ir para as ruas é a maneira mais rápida. Exerço minha cidadania ao respeitar o próximo e o ambiente”. Fabíola Peralta, 19 anos “Acesso à informação, acho que é um dos direitos que mais exerço. Participo de petições online e sei da importância que é se informar. A Lei da Ficha Limpa, por exemplo, começou com assinaturas online; então, mesmo atrás do computador, o jovem pode fazer alguma coisa. Também, temos de nos informar de maneiras diferentes, porque a mídia manipula. Então, é nosso dever ouvir várias fontes e estar bem informados, antes de lutar pelo que queremos”. Beatriz Matia, 22 anos, estudante de direito e ciências Econômicas “Eu realmente queria fazer mais. Acho que não exerço meu direito da forma como tinha que ser. Por falta de tempo ou por deixar de lado mesmo. Acredito que sou um pouco individualista quanto a isso. Quero que tudo dê certo, mas poderia estar fazendo mais”. camila scarlet, 18 anos

© Fotos: Letícia Akemi

“Eu fui aos protestos que houve aqui em Curitiba e acho que a forma mais direta de chamar atenção e exercer cidadania é essa. Ir para as ruas é mais visível e uma maneira mais rápida de conseguir aquilo pelo que estamos lutando. As pessoas estão se informando mais e esse acesso está sendo indispensável para mobilizações futuras”. david Braun, 21 anos, estudante de direito “Eu estudo. Acho que fazendo isso bem, já estou exercendo minha cidadania. Futuramente, quero arranjar um bom emprego. O dever de todo cidadão é exercer a cidadania, ir em busca de boas condições de vida e usufruir daquilo que o governo nos oferece. Temos que lutar por esses direitos”. Jonathan Ecker, 17 anos, estudante do Ensino Médio

curitiba é dividida em nove. Como assim? São as chamadas Regionais. Todo bairro pertence a uma Regional: Boa Vista, Santa Felicidade, Matriz, CIC, Portão, Cajuru, Boqueirão, Pinheirinho e Bairro Novo. As Regionais são comandadas por um administrador, que representa a figura do prefeito de uma forma mais próxima à comunidade, para identificar problemas e estabelecer prioridades de investimentos. Semanalmente, as Regionais têm encontros e consultas públicas com a população. Lá, acontecem as Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). É o momento de mostrar a voz e as vontades da região. A administradora regional de Santa Felicidade, Maria José Serenato, vê nas subprefeituras de Curitiba a oportunidade de decisão. “O cidadão pode também participar dos conselhos que, em sua maioria, são deliberativos, podendo indicar políticas públicas nas diferentes áreas, como: saúde, segurança, educação, cultura, garantia de direitos, entre outras”. Ela acredita que, para ter participação efetiva dos munícipios, eles precisam ser informados e orientados sobre o conceito de representatividade. “Temos que formar agentes que possam, com conhecimento da realidade, interferir, de fato, nas ações públicas que atendam às necessidades da região”, finaliza. Participar é o que vale. afinal, quem quer mudar o país tem que começar com a vizinhança, não é mesmo?

quER FazER alguMa coisa? turma da sopa www.facebook.com/SOPACURITIBA Eu quero ajudar curitiba euqueroajudarcuritiba.com Movimento Passe livre fureotubo.wordpress.com imagina na copa imaginanacopa.com.br não foi acidente naofoiacidente.org

“O partido deixou de ser o organizador do eleitorado e dos cidadãos. As pessoas estão se reunindo e mobilizando, mesmo na ausência de lideranças institucionalizadas, típicas da democracia representativa.” [Luciana Veiga, doutora em Ciência Política]

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sintonia cultural

As vantagens de ser curitiba

Bienal Internacional de Curitiba celebra 20ª edição, trazendo artistas renomados para a cidade e valorizando a produção local Por Michele Bravos

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aRtE contEMPoRÂnEa

Saiba o significado de arte contemporânea na opinião de quem entende.

tom lisboa: Eu acredito que a melhor definição seria dizer “não sei”. Desconfio de quem afirma ter certeza a respeito deste assunto. Arte contemporânea é como o conhecimento: quanto mais se estuda, maior é a consciência do que não se compreendeu. é um paradoxo, mas os paradoxos nos levam adiante.

“Entre ‘ter e não poder ir’ e ‘ter um pouco menos e poder frequentar’, prefiro a segunda opção.” [Tom Lisboa, um dos curadores da Bienal Internacional de Curitiba]

evento que vai ser especial em vários sentidos, e nos espaços mais diversificados”. Segundo Teixeira Coelho, um dos curadores gerais da Bienal, a ideia de levar a arte para a rua é quebrar o fluxo limitado da arte, que transita entre críticos, historiadores, colecionadores de arte. “A obra de arte na rua tem a função de interromper o circuito habitual da percepção do usuário da cidade. Se ela fizer isso, já terá feito bastante”. Para aproximar ainda mais o diálogo com o público, a Bienal também organiza ações educativas e palestras. “A Bienal é um território cada vez mais amplo e receptivo para o público em geral”, diz Lisboa.

BiEnal aBERta Para Tom Lisboa, o maior desafio à frente da Bienal Aberta tem sido explicar, afinal, o que é essa proposta. “Como é um conceito novo, foi preciso reforçar a ideia, explicá-la muitas vezes para nosso público-alvo. De modo geral, a Bienal Aberta é uma mistura do Fringe, do Festival de Teatro de Curitiba, com o Guia da Fundação Cultural de Curitiba. No entanto, ela possui características próprias, tais como um conteúdo interativo na internet e parcerias com veículos de comunicação”. O curador afirma que, pelo retorno obtido até o momento, o formato deve ser retomado em futuros eventos.

JoVEns cuRadoREs Os Projetos Especiais da Bienal estão sob os cuidados de jovens curadores. Na opinião de Tom Lisboa, que compõe o time, o mercado, especialmente o de arte, desenvolve-se a partir de novas propostas, novos olhares. “Não acredito que inovação seja uma questão de idade, mas a vivência e a formação interdisciplinar da maioria dos jovens curadores com certeza trazem um frescor para a arte contemporânea”.

REaPRoPRiaçÃo da cidadE

Dios y el diablo en la tierra del sol (2012), de Juan Burgos. © Fotos: Divulgação

Nos próximos meses, Curitiba vai respirar arte – arte contemporânea. Do dia 31 de agosto a 1º de dezembro, a capital receberá a XX Edição da Bienal Internacional de Curitiba. Museus e espaços expositivos serão a nova casa de obras de arte de artistas dos cinco continentes. As ruas ganharão nova roupagem e som, com intervenções culturais que vão das artes visuais à dança e performance. Para Tom Lisboa, um dos curadores da Bienal e mestre em Comunicação e Linguagens, com projetos que transitam pelas áreas de fotografia, intervenção urbana, performance e vídeo, a grande vantagem de um evento como esse acontecer em Curitiba é a sua escala. Ele pontua que em cidades que vivem a realidade de grandes distâncias, como São Paulo, chegar ao espaço cultural é o que acaba se tornando o evento. “Se comparamos a programação de Curitiba com outros grandes centros, estaríamos quantitativamente em desvantagem. Por outro lado, temos mais facilidade no consumo. Entre ‘ter e não poder ir’ e ‘ter um pouco menos e poder frequentar’, prefiro a segunda opção”. Nessa edição da Bienal Internacional de Curitiba, iniciativas culturais que acontecem na capital também estão no roteiro, compondo a Bienal Aberta, um canal de divulgação de ações artísticas da cidade e que está sob a curadoria de Tom Lisboa. O curador conta que os esforços da organização do evento estão voltados para envolver a cidade como um todo durante a Bienal. “A intenção é utilizar museus e galerias, mas também propor exposições em praças, parques, ônibus e ruas. De nossa parte, estamos preparando um

Para o curador Teixeira Coelho, há muitas bienais no mundo. E um bom número delas tem um caráter demasiado fechado, com acesso mediante pagamento. “A Bienal de Curitiba faz uma opção pela arte voltada para o público, uma arte que leva em conta o interesse e a atenção prováveis do público, não só do sistema interno da arte”. Ele ainda afirma que a arte, dessa forma, como irá acontecer em Curitiba, pode colaborar para o processo de reapropriação digna da cidade por parte dos cidadãos.

aPostas

Ciclo Novela, de Eduardo Macarios.

Cada artista escolhido tem uma produção marcante em sua faixa de atuação. “O conjunto de obras selecionadas poderá fornecer uma ideia abrangente da potência da arte urbana hoje”, diz Coelho. O curador destaca a obra móvel da brasileira Regina Silveira e o “enigmático” monumento à água do artista alemão Heinz Mack.


espiritualidade

© Foto: Letícia Akemi

Atos de gentileza geram um mundo mais harmônico Por Michele Bravos

sER gEntil PaRa toda a Vida Uma organização sem fins lucrativos norte-americana, a Life Vest Inside, acredita que incluir a gentileza no currículo escolar contribui para que as crianças sejam menos preconceituosas e mais interessadas em ajudar a buscar soluções para os problemas dos colegas. A ONG também atesta que o ato de ser gentil traz otimismo, alegria e autoestima, o que faz com que as crianças tenham mais capacidade de lidar com situações de pressão. A instituição ainda informa que quem é gentil envelhece mais devagar. Fazem também parte dos projetos da ONG: palestras sobre gentileza, ação esportiva em prol do tema, aplicativo mobile com a ideia de fortalecer um networking para a gentileza e filmes que incentivem práticas gentis. Uma das produções pode ser assistida no próprio site www.lifevestinside.com/. Depois de ver o filme, é inevitável querer ser gentil.

caFé Pago PaRa Você! No Rause Café, localizado em Curitiba, gentileza faz parte do cardápio. Inspirado em um café paulistano, a equipe do Rause implantou a ideia do “deixe um café pago para alguém”. Funciona assim: o consumidor chega e faz o seu pedido. Na hora de pagar, ele é convidado a fazer uma gentileza para um desconhecido, deixando um café pago. Se o próximo cliente que chegar pedir um café, o caixa o informa que não precisará pagar pela bebida. Alguém já fez isso por ele. O barista Otávio Linhares conta que, às vezes, as pessoas ficam desconfiadas e dizem que têm dinheiro para pagar a conta. “Essa ideia do café pago é um exercício de generosidade. Se isso chamou a atenção da pessoa, já valeu a pena”. A equipe do Rause entende que, de alguma forma, precisa contribuir para o despertar de uma consciência coletiva. “Generosidade é troca. Aqui, a pessoa é instigada a cometer uma ação de generosidade, seja pagando um café ou aceitando um”, diz Linhares. O estudante Matheus Cappellato, 16 anos, já tomou um café que alguém deixou pago. “Acho a ideia bem legal”. Ele acredita que gentileza é um ato sutil que faz uma grande diferença. O local conta com outra gentileza: uma garrafa de água à disposição dos clientes. A água é filtrada e servida gratuitamente.

é Mais quE sER Educado

Otávio Linhares desafia os clientes do café onde trabalha a cometerem uma ação de generosidade.

Acreditando que ações de civilidade e solidariedade apontam para um caminho que pode transformar o Brasil, o educador social Daniel Binda, do Centro Social Marista São José (SC), idealizou o projeto Pratique Gentileza para toda a comunidade escolar da instituição. A proposta, que teve início em fevereiro de 2013, promove o desenvolvimento de práticas de gentileza para serem aplicadas no dia a dia de cada um, seja segurando a porta para alguém ou dizendo “bom dia”. Temas como qualidade de vida, saúde, trânsito, violência e meio ambiente são discutidos sob a ótica de atitudes positivas e gentis. “Gentileza é um modo de agir, um jeito de ser. Ser gentil é um atributo muito mais sofisticado e profundo que ser educado. A gentileza é uma característica diretamente relacionada com caráter, valores e ética. Tem a ver com o desejo de contribuir para um mundo mais humano e eficiente para todos”, diz o professor. Binda complementa que, se todos fossem mais gentis, talvez nem se precisasse pensar em justiça ou medidas contra a violência. “Cada um daria o melhor de si para os outros. Gentileza gerando gentileza”, conclui.

efeito dominó

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mundo afora

Yo soy paraguayo

e vim para estudar Na busca por um ensino de qualidade e visando às oportunidades que essa escolha traz para a carreira, paraguaios vêm estudar no Brasil Por Julio glodzienski

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Na procura pela qualificação profissional, alguns paraguaios desembarcaram no Câmpus Toledo da PUCPR para cursar o terceiro grau. A escolha do Brasil não foi por acaso, como explica Lucas Andres Gerhardt, estudante do 5º período de Agronomia. “Vim estudar no Brasil porque o nível de estudo é mais elevado e o reconhecimento na área de trabalho é mais amplo”. O estudante, que está há seis anos no país, pretende finalizar seus estudos e voltar para sua terra: Santa Rita, no Paraguai. Lá, há uma grande demanda do mercado de trabalho na área em que está estudando. Para os paraguaios, um diferencial no ensino brasileiro são os órgãos que administram e regulam a educação no país. A estudante Rosani Reinke, 1º período de Bacharelado em Ciências Biológicas, credita a boa qualidade do estudo, em relação a sua terra natal, à preocupação das instituições em manter professores qualificados. “Há uma cobrança por parte do Ministério da Educação para que as universidades ofereçam cursos bons para os estudantes. Na hora de escolher, os jovens olham

para a qualidade do ensino que a instituição oferece”, conta a estudante, que há 12 anos veio de Hernandalias e pretende ficar no Brasil para aprimorar seus estudos com mestrado e doutorado, conquistando seu espaço no mercado brasileiro. Outro fato que motiva a vinda para o Brasil é a oportunidade de se ter mais presença no mercado de trabalho, ao constar no currículo a graduação em uma universidade de grande porte, como a PUCPR. O universitário Gerhardt acredita que os caminhos se abrem facilmente aqui, e no seu próprio país. Já a estudante Janaine Menegat, do 1º período de Psicologia, considera que, mesmo com um diploma de uma instituição renomada, pode ser difícil conseguir um emprego em seu país de origem. “Retornarei ao meu país depois de minha formação, mas existe ‘o porém’ de como serão as minhas oportunidades lá. Primeiramente, as vagas são oferecidas para os que se formaram e continuaram na região”. O pé atrás é consequência da experiência de amigos, que vivenciaram exatamente isso. No entanto, esses mesmos colegas, ao retor-


uMa cultuRa nÃo tÃo diFEREntE assiM... Arrumar as malas e sair de casa, da sua pátria, é tarefa difícil. Mas, se a mudança é para um lugar de cultura similar à de origem, pode ficar mais fácil. Janaine conta que, como a cultura brasileira e a paraguaia são muito próximas, o processo de adaptação foi tranquilo. É na fala e na escrita que se encontra o maior problema. A língua sempre demanda mais esforço para a adaptação. “Ainda confundo algumas palavras com o castelhano, uma das línguas oficiais do Paraguai, mas o processo está sendo rápido. Isso não resultará em algo que atrapalhe”, completa Janaine, que tem se virado bem nas conversas, mas ainda sofre para escrever. Já para a estudante Karoline Buttini, do 5º período de Medicina Veterinária, que possui família brasileira, a história é inversa e até curiosa. “Foi mais difícil me adaptar à língua espanhola, enquanto morava lá, do que à língua portuguesa”, explica.

© Fotos: Arquivo pessoal

narem para o Brasil, conquistaram espaços de destaque no mercado de trabalho – o que tranquiliza Janaine.

E PoR quE a PucPR? Para a estudante Karoline, estudar na PUCPR é um ponto positivo em seu currículo. “A instituição é boa e possui qualidade no ensino, um diferencial competitivo para mim, e escolhi o Câmpus Toledo por ser mais próximo da região de onde vim”. Ela está no Brasil há sete anos e veio de Puente Kyjhá. No caso da Rosani, a PUCPR estava entre as melhores para o curso que ela queria fazer, Bacharelado em Ciências Biológicas. “Além disso, a PUCPR também oferecia bolsas de estudo, tanto pelo PROUNI quanto pela própria Universidade. Fator que facilitou o meu ingresso no ensino superior”. Já Gerhardt foi influenciado pela popularidade do nome da Instituição. “Escolhi a PUCPR, pois conhecia sua fama. Como tinha colegas que já estudavam na Universidade, fiquei ainda mais motivado a vir estudar aqui”, diz. Opinião da qual Janaine também compartilha. “Ela é a mais conhecida das universidades particulares na minha região, então minha decisão partiu mais por esse conhecimento. Tenho amigos que hoje são formados e me indicaram a PUCPR como ótima opção”, afirma.

lucas andREs gERhaRdt 5º período de Agronomia * 6 anos no Brasil

Rosani KlEin REinKE 1º período de Bacharelado em Ciências Biológicas * 12 anos no Brasil

KaRolinE Buttini 5º período de Medicina Veterinária * 7 anos no Brasil

JanainE dalPuBEl MEnEgat 1º semestre de Psicologia * 5 meses no Brasil

“Vim estudar no Brasil porque o nível de estudo é mais elevado e o reconhecimento na área de trabalho é mais amplo”. [Lucas Andres Gerhardt estudante do 5º período de Agronomia]

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© Foto: Letícia Akemi

da puc

Busca por. . . A maior rede de bibliotecas do país, o Pergamum*, foi desenvolvida em 1988 por um aluno da PUCPR, Marcos Rogério de Souza. Para saber um pouco mais sobre essa experiência vivida ainda na Universidade e os projetos futuros da rede, a Vida Universitária conversou com o ex-aluno. Acompanhe.

Marcos Rogério é filho da PUC e criador de uma rede de bibliotecas que está implantada em várias instituições do país Por Julio glodzienski

Fruto de um tcc, desenvolvido na PucPR, o Pergamum conseguiu um grande espaço no mercado. de onde veio a ideia do projeto?

A ideia principal foi da informatização da própria biblioteca da PUCPR. Eu era estagiário no Centro de Processamento de Dados. Como estava me formando e precisava de um projeto para conclusão do curso de Ciências da Computação, o meu ambiente de trabalho foi uma opção, pois tinha

uma necessidade a ser suprida. Em 1999, em conjunto com a PUC-Rio, nós criamos a Rede Pergamum, para compartilhar serviços e recursos. As universidades uniram esforços para desenvolver e divulgar o software. Assim a Rede Pergamum entrou no cenário nacional.

quais os projetos de destaque atualmente na Rede Pergamum?

Atualmente, estamos trabalhando totalmente direcionados para a internet, e isso nos possibilita uma abrangência internacional. As instituições que possuem ensino a distância são as principais beneficiadas, já que poucos softwa-

res possuem essa tecnologia. Há também esforços para a integração com outros setores da cadeia de produção – por exemplo, a importação de dados de bibliotecas internacionais e o acesso a livrarias.

como esse sistema, considerado o melhor na busca da rede de bibliotecas, pode contribuir ainda mais para a vida do acadêmico?

O sistema facilita as ações dentro da biblioteca: a consulta, o empréstimo e ações administrativas. Só na PUCPR, são 3 milhões de títulos que podem ser consultados e emprestados entre as sedes. Acredito que o principal objetivo futuro seria montar uma grande rede de cooperação entre os alunos e as universidades. Um aluno da

Rede poderia utilizar outras bibliotecas que não fossem da própria instituição em que está matriculado. Assim, ajudaríamos toda uma comunidade acadêmica. Esse tipo de serviço já existe nos Estados Unidos, mas no Brasil ainda não conseguimos implantar esse modelo de cooperação.

quais são os objetivos futuros sobre expansão do sistema integrado para as rotinas diárias das bibliotecas?

Existe a questão da catalogação dos livros digitais. Outro projeto é o armazenamento de arquivos no sistema, que é uma novidade que ajudará todos que possuem o Pergamum. Essa atividade possibilita a guarda de qualquer tipo de documento, o

que pode tomar uma dimensão maior que a parte de bibliotecas atuais. Há também uma vertente sendo desenvolvida para museus. O foco está em ajudar esse segmento a ter um software confiável e que possa realmente preservar nossa cultura.

a Rede Pergamum - PucPR é um sistema informatizado de gerenciamento de dados. o objetivo do software é a criação de uma rede de cooperação entre as bibliotecas, para facilitar o acesso à informação da comunidade acadêmica. atualmente, atende 7 milhões de usuários, 6 mil bibliotecas, e possui mais de 3,8 milhões de títulos disponíveis para pesquisa.

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reportagem

A alguns passos da

Independência Sair da casa dos pais exige planejamento e maturidade

Por thais Vaurof [Especial para a Vida Universitária]

A experiência de morar sozinho faz parte do mundo desejado por muitos jovens. Seja pelo gosto da liberdade ou por conta das circunstâncias da vida, sair da casa dos pais é sempre um processo que exige preparo psicológico e financeiro. Segundo Ricardo Kureski, professor de Economia da PUCPR, o ideal é que o jovem se organize para fazer uma poupança enquanto ainda está na casa dos pais. “Quando ele se mudar vai ter que mobiliar a casa nova e, por isso, vai precisar de uma reserva para não correr o risco de se endividar”, aponta. Quando estiver a procura do imóvel perfeito, Kureski sugere que o primeiro passo seja escolher a localização. Ele explica que os bairros mais nobres e centrais são mais caros, desde o valor do imóvel até o comércio do entorno, e

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isso também deve ser levado em consideração na hora da decisão final. A organização financeira é imprescindível para começar uma vida adulta de sucesso. O professor aconselha que, ao organizar as novas despesas, o jovem monte uma planilha com todos os gastos fixos e também aqueles variáveis, para não ter nenhuma surpresa quando as contas começarem a chegar. “Assim que sair o pagamento, o ideal é reservar o valor das despesas, como transporte e alimentação. O que sobrar, pode ir para o lazer e também para as economias”, explica. Se a intenção é sair da casa dos pais e já ter um imóvel próprio, os jovens levam vantagem na hora do financiamento. “Como os bancos cobram uma taxa de seguro de vida, quanto mais novo começar o financiamento, menor

será o valor desta taxa”, afirma. O professor enumera outras vantagens. Por exemplo: quanto antes se começar a pagar o financiamento, mais cedo também se quita a dívida e ainda se economiza o valor do aluguel, para investir em um imóvel próprio.

aguEnta, coRaçÃo Com todas as contas em dia, é preciso também pensar na maturidade dos jovens, para poder lidar com todas as responsabilidades que envolvem cuidar de uma casa. De acordo com Renate Michel, psicoterapeuta e professora de psicologia da PUCPR, o princípio da maturidade nem sempre é cronológico; na maioria das vezes, a capacidade de a pessoa ter responsabilidade e autonomia é uma evolução que não depende da idade de cada um.


a hoRa cERta Para Renate, não dá para determinar o momento exato em que os jovens estão prontos para seguir sua caminhada sozinhos, “mas se os pais tiverem trabalhado o desenvolvimento do filho a vida inteira, eles vão saber. Afinal, eles acreditam no filho, sabem que, quando a crise chegar, ele vai saber se virar, e, se precisar, os pais estarão na retaguarda”, explica. Mas para os casos mais drásticos, ela brinca: “às vezes só indo embora de casa, para se desenvolver”. Todo processo de mudança exige maturidade e um período de adaptação. Passada essa fase, surgem novos desafios e responsabilidades. Renate explica que, ao longo do tempo, vão surgir problemas e algumas dificuldades, “e é nessa hora que é preciso conversar de novo, recordar as regras e estabelecer um novo vínculo afetivo e de confiança”. E ela ressalta: “Espera-se que lá pelos 25, 30 anos, os filhos já tenham independência financeira e afetiva. Aí os pais só vão saber dos percalços vividos depois que os filhos já passaram por eles. Eles vão saber só das histórias e já não vão mais precisar ajudar os filhos a encontrar soluções”. É nessa hora que os pais vão saber que tudo que eles ensinaram para os filhos foi aprendido com sucesso.

lá EM casa Foi assiM Em 2011, Shaiene Ramão estava com 16 anos e nunca tinha vindo para Curitiba. Veio de Arapongas, no interior do Paraná, para estudar Jornalismo na PUCPR, e a principal dificuldade, antes de sair de casa, foi encontrar

um lugar para morar. “Vim várias vezes para procurar apartamento ou pensão e nunca encontrava. Até que um dia, meu primo comentou no trabalho que eu estava em busca de um lugar para morar. Uma menina que trabalhava com ele disse que estava procurando mais uma pessoa para dividir o apartamento. Acertei tudo com ela e já fiz minha matrícula na Universidade”, lembra Shaiene. Logo nos primeiros meses, a maior dificuldade foi enfrentar a solidão. “Morria de medo de tudo, tudo me assustava, até a quantidade de pessoas na rua. Depois de seis meses, eu queria largar tudo e voltar para casa. A única coisa que me prendia em Curitiba era a faculdade”, conta. Apesar das dificuldades, Shaiene fala que foi mais difícil para os pais se adaptarem do que para ela. “Meus pais sempre trabalharam, então, de alguma forma eu estava acostumada com eles fora de casa, mas eles não. Minha mãe me ligava pedindo para eu voltar, porque para ela ter a única filha longe foi muito difícil. Eu nunca tinha visto meu pai chorar. A única vez que eu vi foi quando ele deixou minha mala no apartamento para eu ficar de vez”, relembra. Shaiene afirma que hoje eles já estão bem acostumados. “No começo, minha mãe queria transferir o trabalho para Curitiba, mas eu falava que se eles viessem eu não ia conseguir crescer nem amadurecer”, afirma Shaiene. Hoje, os pais ajudam a estudante com as despesas da casa, como água e luz. “As coisas da faculdade, alimentação e transporte, eu que banco tudo. Quero começar a trabalhar o dia inteiro para poder ter mais liberdade e pagar minhas contas”, planeja. Já para Carolina Ribovski, estudante de Arquitetura, os sete anos longe da casa dos pais proporcionaram diferentes experiências. Logo que saiu de Itaiópolis, no interior de Santa Catarina, ficou algum tempo morando com os tios. Pouco tempo depois, foi para um apartamento sozinha, onde ficou por quase quatro anos. Para ela, a dificuldade também foi a solidão, principalmente a distância da mãe. “Sempre me dei muito bem com ela, por isso sinto falta da companhia”. Ela conta que, quando morava no interior, a mãe trabalhava na cidade vizinha, então ela já estava acostumada a cuidar dos afazeres domésticos. “O ruim mesmo é quando você está sozinha e sua mãe não está lá para cuidar de você doente, por exemplo. Eu tive que me virar para tudo depois que me mudei”, afirma. Hoje, Carolina mora em um pensionato, onde divide as áreas comuns do lugar com outras 34 pessoas. “As regras são bem claras e não tem confusão; a organização com certeza é a parte boa. A parte ruim é que há uma circulação muito grande de pessoas”, diz.

MissÃo cuMPRida Depois dos filhos estabelecidos fora de casa, a sensação dos pais é de que fizeram um bom trabalho e prepararam seus filhos para o mundo. Mas mesmo assim, a psicóloga afirma que o processo não é fácil para ninguém. “Estatisticamente, quem sofre mais são os pais. O filho vai para o mundo, viver novas experiências e ter o prazer da autonomia. O que resta para os pais é o ninho vazio, a reestruturação do lar e a relação do casal. Os pais, com certeza, têm mais perdas do que ganhos”, conclui.

“Eu nunca tinha visto meu pai chorar. A única vez que eu vi foi quando ele deixou minha mala no apartamento para eu ficar de vez”. [Shaiene Ramão]

© Foto: Letícia Akemi

“A maturidade é um processo que deve começar desde criança. Se os pais conseguirem passar isso para os filhos ao longo do processo de desenvolvimento, quando chegar aos 17 ou 18 anos, normalmente ele estará pronto para começar a vida adulta”, explica Renate. Para a psicóloga, o impacto ao sair de casa vai ser menor se, ao longo dos anos, o jovem já for se acostumando a algumas questões de autonomia e responsabilidade. Quando chega o grande dia, especialmente quando os jovens vão estudar em outra cidade, Renate aconselha que os pais tenham um conversa com os filhos, ditando algumas regras bem simples e claras, para que eles alcancem um senso de responsabilidade e consigam se sair bem na nova etapa da vida. “Os pais devem deixar claro o que pode e o que não pode, incluindo os horários que o filho deve obedecer, e ainda fazer uma supervisão a distância, como, por exemplo, pedir para sempre ligar quando chegar em casa”, destaca. Aos poucos, a confiança vai se estabelecendo e os jovens vão se saindo bem na missão de se tornarem adultos.

shaiene Ramão veio do interior do Paraná para estudar Jornalismo na PucPR.

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© Fotos: Letícia Akemi

vida docente

Vida longa aos

jovens saudáveis Projeto nacional incentiva bons hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos para um futuro melhor. Dados coletados podem gerar mudanças nas políticas públicas de saúde

Por Michele Bravos

Mesmo com acesso à informação, alguns jovens têm para si que, por serem novos, não precisam cuidar da saúde. Negligência grave, pois no futuro a vida poderá cobrar um preço alto pelo descuido com a saúde nos primeiros anos. O doutor em Cardiologia José Faria, professor da PUCPR e coordenador estadual do Projeto Erica (Estudo de Risco Cardiovascular em Adolescentes), concorda que muitos jovens têm essa mentalidade e explica o motivo. “Isso ocorre, pois a maior parte dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como hipertensão e colesterol alto, são assintomáticos”. Então, como convencer o jovem um pouco acima do peso de que é necessária

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uma prática de atividade física contínua e dieta adequada? Como convencê-lo a não fumar, se, muitas vezes, ele ainda vê nesse hábito uma maneira de ser mais sociável? O doutor afirma que só há uma maneira: “esclarecer desde cedo o mal que esses hábitos inadequados podem trazer em poucos anos”. Entendendo que a intervenção por meio de medidas preventivas na infância e na adolescência pode prevenir agravos de saúde e eventos na fase adulta, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC) deram início ao Projeto Erica. Segundo a coordenadora executiva do projeto,

Katia Bloch, “o Erica é o estudo populacional de grande porte mais completo já realizado no Brasil”. Atualmente, ele conta com a parceria de outras instituições de ensino pelo país, como a PUCPR, no estado. O objetivo geral dos estudos é estimar a prevalência de diabetes mellitus, obesidade, fatores de risco cardiovascular e de marcadores de resistência à insulina e inflamatórios em adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos. Segundo a pesquisadora Vivian Rezende, coordenadora adjunta do Erica no Paraná, é a partir desta fase da vida que os fatores de risco para doenças cardiovasculares são melhor identificados.


Entenda a pesquisa

Resultados até o momento O projeto saiu do papel em 2009, porém, somente no começo deste ano, iniciaram-se as pesquisas diretas, a medição e a entrevista com os adolescentes. Portanto, os dados até o momento são parciais. Foi possível perceber que um conjunto de fatores influencia o aumento da incidência e da prevalência das doenças pesquisadas. Vivian aponta que os principais fatores de risco identificados foram: “alimentação inadequada (excesso de sódio, alimentos industrializados, fast foods) e falta de atividade física em virtude do uso de equipamentos eletrônicos, como videogames e computadores”. A influência dos costumes regionais sobre a saúde dos adolescentes ainda é uma hipótese. José Faria afirma que participar de um projeto como esse tem uma grande importância, não só para os pesquisadores, mas para a Universidade. “A PUCPR passa a figurar entre as grandes instituições do Brasil que trabalham com pesquisa epidemiológica. Essa linha de investigação tem crescido tanto na nossa instituição, que, em novembro, celebraremos os 10 anos do nosso programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde”.

“Costumo dizer que a saúde é como uma caderneta de poupança. Se você investir ao longo da vida, terá uma boa reserva mais tarde. Caso contrário, será sempre nos momentos de maior necessidade que você perceberá a falta que ela faz.” [José Faria, professor da PUCPR e coordenador estadual do Projeto Erica]

Políticas públicas Com a etapa de estudo de campo cumprida – a previsão de término é para o fim de 2014 –, ou seja, com jovens esclarecidos acerca das informações que já possuíam sobre hábitos saudáveis, uma nova fase, de maior impacto coletivo, deve se iniciar: a das mudanças nas políticas públicas. O Erica acredita que a principal evolução deve ser na forma como o serviço de saúde é oferecido no país: o atual modelo curativo deve ser transferido para um preventivo, o qual deve começar na adolescência. O projeto prevê oferecer ao Ministério da Saúde dados que possam fundamentar essas políticas públicas, ressaltando ações preventivas direcionadas de acordo com as necessidades identificadas. A pesquisadora Vivian ressalta que as transformações devem estar focadas “na educação em saúde, oferecendo ao adolescente e a sua família as ferramentas necessárias para realização de hábitos de vida saudáveis”. Para isso, também estão surgindo parcerias com secretarias estaduais e municipais de educação. “Elas serão fundamentais para que os resultados do estudo se transformem em ações com impacto na qualidade de vida da população”, afirma Katia. O coordenador estadual José Faria finaliza: “costumo dizer que a saúde é como uma caderneta de poupança. Se você investir ao longo da vida, terá uma boa reserva mais tarde. Caso contrário, será sempre nos momentos de maior necessidade que você perceberá a falta que ela faz”.

Abrangência: capitais e cidades brasileiras com mais de 100.000 habitantes O estudo de campo, momento em que os dados serão apurados diretamente com os adolescentes, acontece da seguinte forma: 1) As escolas selecionadas são contactadas para fins de recrutamento e planejamento da coleta de dados. Os alunos que aceitam participar são entrevistados e examinados dentro das escolas em horários agendados.

© Fotos: Letícia Akemi

Além da ideia de prevenção, outros fatores também motivaram a estruturação desse projeto, tais como: a gravidade das doenças cardiovasculares; a obesidade como forte influenciadora dessas doenças; e os estudos que mostram que adolescentes obesos podem ser adultos obesos. “As doenças cardiovasculares são um problema de saúde pública, em virtude de sua incidência elevada e predominância. É a primeira causa de morte no Brasil e no mundo, além de ser responsável pela alta frequência de internações e aposentadorias precoces. A principal causa das doenças cardiovasculares é a aterosclerose, que possui sua gênese nos primeiros anos de vida, sendo presente, inclusive, na fase intrauterina. Por sua vez, um dos principais fatores de risco para desenvolvimento da aterosclerose é a obesidade. A incidência e a prevalência aumentadas da obesidade infantil vêm despertando preocupação na comunidade médica, em virtude de sua prevalência na fase adulta”, afirma a pesquisadora.

Público: adolescentes de 12 a 17 anos matriculados em escolas públicas ou privadas

2) Parte da entrevista é presencial e a outra é digital. Os alunos recebem aparelhos eletrônicos com cerca de 100 perguntas relacionadas aos seus hábitos. 3) Os alunos passam pela avaliação de medidas antropométricas: peso, altura e pressão arterial, e também pela coleta de sangue (apenas com os alunos do turno da manhã, devido à necessidade de jejum), em que são avaliados níveis de glicemia, perfil lipídico, insulina e hemoglobina glicada. 4) Os resultados são entregues a cada aluno. Se necessário, o adolescente é encaminhado para uma unidade de saúde, para acompanhamento. Estatísticas gerais são enviadas ao colégio, para que as mudanças adequadas sejam feitas, como uma melhora no lanche ofertado na cantina.

Enquete A Vida Universitária foi às ruas para saber como os adolescentes têm lidado com a saúde. Cilielma de Andrade, 17 anos estudante

“Eu sei que eu não como bem. O pior é que também não faço exercício. Confesso que é pura preguiça. Eu não tenho vontade”.

Paulo Ferreira, 17 anos estudante

“Eu como no restaurante universitário da UFPR, porque sei que lá tem comida saudável, é bom para o bolso e não preciso ficar comendo besteira. Corro no fim de semana, pois não consigo encaixar mais atividades no meu dia a dia. Eu sei que não fazer mais exercícios vai me fazer falta”.

Brenda dos Santos, 17 anos operadora de caixa

“Eu como muito mal. Inclusive, tenho bala, chiclete, chocolate aqui dentro da minha mochila. Sei que faz mal, mas eu tenho muita preguiça. Principalmente em dia de frio”.

Luiza Araújo, 15 anos estudante

“Eu como mal, mesmo em casa. Como muita bolacha. Quando a minha mãe cozinha, até como bem. Mas quando não, eu não como bem. Todo dia ao acordar, penso ‘vou fazer diferente’. No fim, eu faço tudo igual”.

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registro

© Fotos: Divulgação

Celebrações

Em junho, a Orquestra Experimental da PUCPR realizou um concerto na Biblioteca Central, em comemoração ao primeiro aniversário. A Orquestra, composta por 24 músicos, entre alunos, ex-alunos, colaboradores e professores da PUCPR, tem como objetivo que as pessoas tenham vivência musical. Para participar, é preciso saber ler partituras. Os interessados podem enviar e-mail para orquestra@pucpr.br.

© Foto: João Borges

O Instituto Ciência e Fé promoveu mais uma edição dos Diálogos Contemporâneos, cujo tema foi Fé e Espiritualidade nas Músicas de Milton Nascimento. O músico esteve na PUCPR e foi homenageado, tendo suas músicas executadas pelos solistas da Orquestra de Câmara da PUCPR e professores e alunos do curso de Música. O teólogo Paulo Botas, o músico Pedro Sol Blanco e o Vice-Reitor, Paulo Mussi, também participaram do evento.

Inaugurações

© Fotos: Divulgação

A PUCPR, com a participação da Rede Marista de Solidariedade, inaugurou o Núcleo de Direitos Humanos. O objetivo é criar um diálogo com a sociedade para desenvolver pesquisas que envolvam a defesa dos direitos humanos. De acordo com a coordenadora do Núcleo e professora do curso de Serviço Social da PUCPR, Jucimeri Isolda Silveira, o desafio é criar conhecimento em coletividade, levando em consideração a teoria e o dia a dia dos cidadãos. Na foto, o Ir. Jorge Gaio, o Reitor da PUCPR, Ir. Clemente Ivo Juliatto, a presidente da Fundação de Ação Social, Márcia Fruet e o procurador-geral de Justiça do Estado do Paraná, Olympio de Sá Sotto Maior Neto.

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© Fotos: Divulgação

No dia 5 de junho, foi inaugurada a capela do Câmpus Maringá da PUCPR, um espaço voltado ao recolhimento e à espiritualidade. A missa foi celebrada pelo Arcebispo de Maringá, Dom Anuar Battisti. O projeto é do artista plástico Sergio Seron, com mobília toda de madeira e a cruz em mosaico, tendo um espaço físico que comporta 35 pessoas. Da esquerda para a direita estão Sérgio Seron, Ir. Paulino Ignácio Jacob, Padre Leomar Antonio Montagna, Ir. Afonso Levis, Dom Anuar Battisti, Ir. Clemente Ivo Juliatto, Ir. Rogério Mateucci e o diretor do Câmpus, Sandro Marques.


Destaque

© Fotos: Divulgação

David Lane, um dos cientistas creditados pela descoberta do gene associado ao câncer p53 em 1979, ministrou palestra na PUCPR. Com o tema “A descoberta de medicamentos no caminho do p53”, sua palestra atraiu professores, alunos e estudiosos ao TUCA. Este gene é considerado o mais significante de todos os genes alterados em células cancerígenas.

A PUCPR está entre as 150 melhores universidades da América Latina, com a 101° colocação, de acordo com o ranking britânico QS (Quacquarelli Symonds). A primeira colocada geral no ranking, pelo terceiro ano consecutivo, é a Universidade de São Paulo (USP). No Paraná, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) obteve a 37ª colocação, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM) obtiveram o 64º lugar e o 84º lugar, respectivamente. Entre as privadas, a PUCPR é a única paranaense classificada no ranking.

© Foto: João Borges

© Fotos: João Borges

A Primeira Jornada da Sustentabilidade, promovida pela PUCPR para debater o tema, contou com a presença de palestrantes da Itaipu, Copel e do urbanista Jaime Lerner. O evento foi aberto pelo decano da Escola de Negócios, Carlos Fontanini, e pelo coordenador do Grupo de Pesquisa em Sustentabilidade Organizacional (GPSO), professor Ubiratã Tortato, que enviou uma mensagem de Cingapura, onde faz seu pósdoutorado. A condução das apresentações coube ao professor Renê Bergel, membro do GPSO.

© Foto: João Borges

As professoras Silvana Hastreiter e Eliane Francisco Mafezzolli, decana da Escola de Comunicação e Artes, representaram a PUCPR na 42ª Conferência da European Marketing Academy, realizada de 4 a 7 de julho em Istambul, na Turquia. O objetivo do evento é promover um intercâmbio internacional de ideias na área de marketing. Na conferência, a professora Silvana apresentou artigo sobre metas do consumidor em shopping center (hierarchical structure of goals) e a professora Eliane sobre consumer-brand identification.

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Encontre a Soul Music na internet.

www.lumenfm.com.br


pesquisa

Floresta tropical

Substância da semente de urucum pode acelerar cicatrização de lesões bucais Por Michele Bravos, com informações de Julio glodzienski

{também} dá remédio

Sabe aquela ferida na boca que, se você come doce, dói; se você come salgado, dói; se você fala, dói? Para quem tem que lidar com isso frequentemente, é um martírio. Uma solução que vem das florestas tropicais pode, em breve, resolver esse problema mais rapidamente e prolongar o período sem a reincidência. Uma pesquisa que está sendo realizada na PUCPR prevê que uma substância extraída da semente de urucum pode acelerar em sete dias o processo de cicatrização dessas feridas – cientificamente, chamadas de úlceras bucais. Segundo a pesquisadora Ana Grégio, dentre as doenças bucais que se caracterizam pela formação de úlceras, destacam-se o herpes labial e as aftas. O estudo está focado em casos recorrentes. “Essas condições são bastante incômodas para os pacientes, uma vez que desencadeiam o processo inflamatório”. As úlceras podem aparecer em qualquer parte interna da boca, como bochechas, gengivas, língua e lábios. A maioria dessas feridas tem causas cotidianas: um dente afiado ou quebrado; dentaduras mal ajustadas; aparelhos; ou pelo descuido de morder a bochecha ou queimar a língua com bebida ou comida quente. Outros fatores, como estresse, exposição excessiva ao sol e imunidade fragilizada por alguma doença, principalmente as que desencadeiam febre, também podem provocar essas feridas e fazer com que elas sejam recorrentes. No caso de reincidência constante, o mais indicado é procurar um médico para que o caso seja avaliado.

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gEngiVas

BochEchas

língua

láBios


COM OS TESTES FEITOS E BEM-SUCEDIDO, É ESPERAR O FÁRMACO NATURAL SER APROVADO E, ENTÃO, PODER SER COMERCIALIZADO. ENQUANTO ISSO, CONFIRA ALGUMAS DICAS PARA PREVENIR ESSAS FERIDAS BUCAIS.

EntEnda coMo é o PRocEsso dE FoRMulaçÃo do FáRMaco E quais PodEM sER sEus BEnEFícios.

21 dias

© Fotos: Sxc.hu | Dreamstime

1 - A história começa na floresta tropical, com o urucuzeiro, árvore do urucum. Quando maduro, o fruto fica vermelho – por isso o nome –, tendo como principal componente dessa coloração a bixina, que está na semente do fruto. Essa é a substância extraída da planta para a formulação do fármaco.

aumento da concentração de colágeno e início da organização dessas fibras. Após esse período de 21 dias de aplicação do fármaco, há um reparo tecidual total das lesões da cavidade bucal.

l Evitar alimentos ou bebidas muito quentes l Reduzir o estresse l Mastigar lentamente l Usar uma escova de dente de cerdas macias l Visitar o dentista, se tiver um dente afiado ou quebrado l Usar protetor labial com FPS 15

14 dias

2 – Após o fruto ser colhido, inicia-se a extração das sementes em laboratórios. As sementes são removidas e secas em estufa a 40 ºC. Em seguida são esmagadas em moinho de martelo.

início do processo de cicatrização [7 dias a menos, em relação aos demais medicamentos]

• A extração da bixina ocorre com o auxílio de um aparelho e dura em torno de seis horas. Durante a extração, obtêm-se cristais de coloração vermelho-púrpura.

7 dias

maior crescimento de tecido celular nas bordas da ferida

3 - A bixina é misturada a um composto chamado dimetilsulfóxido (DMSO), que tem baixa toxicidade e ajuda na absorção sobre a pele. • A bixina é rica em moléculas oxidáveis, com capacidade de cicatrização semelhante à da vitamina A, relacionada com o desenvolvimento e a manutenção do tecido epitelial, por exemplo.

2 dias

percebe-se o início da formação de um tecido rico em colágeno

Com o fármaco pronto, inicia-se a fase de teste da pesquisa. Ele é aplicado duas vezes ao dia nas lesões da mucosa oral. Fonte: www.minhavida.com.br/saude/temas/ulceras-orais

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CAATTATGCCTGAAATCCATGCGGCCATGTAC CTTTGGACTGCCCTAGCAATTATGCCTGAGT ATCCATGCGG CCATGTAACTTTGGACTGTAG CCAGCATREVOLUÇÃOAGENÉTICAGGAA CATGTAACTTTGGACTNOCCBRASILTTACT GCCTGAAATCCATGCGG CCATGTAACTTTGG GACTGCCCTAGCAATTATGCCTGAAATCCATG GGAGCAATTATGCCTGAAATCCATGCGGAAT reportagem

Apesar da significativa participação do país em pesquisas genéticas e dos avanços clínicos vividos por aqui, o Brasil ainda tem muito a caminhar no que diz respeito à acessibilidade aos testes genéticos. Entenda também quem de fato precisa desses exames e o que fazer com um diagnóstico bombástico em mãos Por Michele Bravos

Um exame genético detecta que você é portador de um gene com defeito, colocando-o em um grupo de alto risco de manifestação de uma determinada doença. Câncer, por exemplo. Medidas preventivas são tomadas. O final é feliz. Não é só em Hollywood que esse cenário existe. Essa realidade também é brasileira, há pelo menos 20 anos, mas só está acessível a uma ínfima parcela da população. Foi o caso da atriz Angelina Jolie, ocorrido em maio deste ano e repercutido mundialmente, que abriu portas para uma discussão sobre genética muito além da codificação do DNA. Afinal, quem tem o real direito de fazer um exame genético? A empresária Claudia Rute, 42 anos, tem uma história bem parecida com a da atriz: deformidade no mesmo gene e um histórico familiar de risco. Em 2008, foi aconselhada a fazer o exame genético, que confirmou a doença. No seu caso, exames, cirurgias e internamentos foram e estão sendo cobertos pelo plano de saúde. Ela entende que faz parte de um nicho privilegiado. “O alto custo do exame de mapeamento limita o acesso da população”. Apesar da participação do país em grandes projetos relacionados à genética, como o Projeto Genoma, e a realização de exames significativos, o tema por aqui ainda fica em segundo plano quando o assunto é: acesso para todos.

PROJETO GENOMA Projeto internacional criado com o intuito de mapear o DNA humano. Teve início em 1990 e contou com a participação de cientistas brasileiros. O estudo foi finalizado em 2003.

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REVOLUÇÃO GENÉTICA Para o geneticista Salmo Raskin, o cenário ideal incluiria centros de referência para cada 2 milhões de habitantes. Cada centro seria coordenado por um geneticista e contaria com uma equipe multidisciplinar, biomédicos, farmacêuticos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais. “Em cinco anos, faríamos uma revolução no atendimento de genética médica do país”. Em 2004, essa sugestão foi proposta pelo médico ao Ministério da Saúde, mas até hoje nada foi feito.

De acordo com o geneticista Salmo Raskin, professor do curso de Medicina da PUCPR e fundador do Genetika – Centro de Aconselhamento e Laboratório de Genética, o Brasil teria grandes economias com tratamentos, se incorporasse a área de genética em suas políticas públicas, oferecendo exames genéticos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo. “À medida que o país vai ficando mais desenvolvido, os problemas de saúde vão mudando. Há 20 anos, morria-se de desnutrição, de doenças que ainda não tinham vacinação, de falta de saneamento básico. Hoje, esses casos diminuíram e houve um aumento na parcela de doenças puramente genéticas”. Segundo dados de 2010, do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, as malformações congênitas são a segunda maior causa de mortalidade infantil no Brasil. Raskin afirma que a maioria dessas doenças é de causa genética e poderiam ser prevenidas, mas como a maior parte da população depende do SUS, não há nenhum tipo de atendimento para isso. “Nosso país não está focado em prevenção”. Para um serviço como esse ser oferecido no sistema público, seria necessário uma revolução: profissionais qualificados, geneticistas especializados, uma equipe multidisciplinar e uma força-tarefa para instruir a população. Só o caso pontual de Angelina Jolie quadruplicou os atendimentos na clínica de Raskin. “Pessoas que não tinham a predisposição à doença me procuraram. Mas, tudo bem. Informamos que elas não tinham com o que se preocupar”. Quantas mulheres não ficaram preocupadas, tendo como base apenas seu histórico familiar? “Se a consulta com um geneticista e o exame genético fossem acessíveis, elas poderiam ver que não herdaram o gene, por exemplo. Esse atendimento deveria estar disponível para todos os brasileiros”, diz o especialista.


CAATTATGCCTGAAATCCATGCGGCCATGTAC ACTTTGGACTGCCCTAGCAATTATGCCTGAG AATCCATGCGG CCATGTAACTTTGGACTGTA CCCTAGCAATTATGCCTGAAATCCATGCGGA CCATGTAACTTTGGACTGCCCTAGCAATTACT TGCCTGAAATCCATGCGG CCATGTAACTTTG GACTGCCCTAGCAATTATGCCTGAAATCCATG CGGAGCAATTATGCCTGAAATCCATGCGGAA CCTGAAATCCATGCGGAA quE PEso tEM o FutuRo?

sEM cuRa Em casos de doenças sem cura, a postura é diferente. “Do ponto de vista ético, não é autorizado a fazer investigação genética para doenças incuráveis, em que a medicina não poderá fazer nada. Informar alguém que ela poderá ter Alzheimer, por exemplo, pode gerar uma ansiedade tremenda, tornando o teste uma bomba atômica”, diz Casali. No entanto, existem exceções. Casos em que o médico não poderá interferir no retardo ou aparecimento da doença, mas o resultado influenciará o futuro contexto familiar da pessoa. Para a doença de Huntington, por exemplo, não há tratamento. No entanto, quando alguém possui essa enfermidade, seu filho tem 50% de também tê-la. Um fator importante é que a doença só se manifesta por volta dos 50 anos. Por isso, uma pessoa com 30 anos, cujo pai tem Huntington, pode querer fazer o teste para saber se possui o gene da doença. Caso ela tenha, a probabilidade de a doença ser herdada pela próxima geração é de 50%. Cabe a esse adulto decidir se terá ou não filhos. Caso ele não tenha o gene, não existe chance de a futura geração ter a doença.

doEnças gEnéticas São mais de 20 mil doenças – entre raras e comuns – que podem ser identificadas pelos testes genéticos, informa o geneticista Salmo Raskin. Porém, não existe um exame que as identifique de uma única vez. Entenda mais sobre os principais testes:

1) teste de predisposição hereditária Este foi o teste realizado por Angelina Jolie. O geneticista Casali explica que os candidatos para esse exame são pessoas com histórico familiar de risco. No caso de câncer, pessoas com família que tenha caso de câncer em parentes jovens (menos de 40 anos) ou vários casos da doença no mesmo lado da família (3 casos em qualquer idade ou 2 casos em pessoas com menos de 50 anos). 2) confirmação diagnóstica O geneticista Raskin informa que este é o mais frequente dos exames. Como o nome sugere, o teste é realizado para confirmar um diagnóstico previamente identificado pela análise dos sintomas que estão sendo apresentados e pela avaliação do histórico familiar de risco. 3) Portadores sem sintomas de uma doença Uma mulher tem dois irmãos com hemofilia – doença que, normalmente, manifesta-se no sexo masculino. Essa mulher, que não tem sintomas do problema, deseja saber se ela é portadora do gene e se corre o risco de ter um filho hemofílico, caso venha a ter um menino.

© Fotos: Arquivo pessoal

Como no contexto citado anteriormente, especialistas explicam que o teste genético tem muitos pontos positivos, se entendido como prevenção, principalmente para casos em que atitudes médicas podem interferir no aparecimento da doença. O geneticista José Casali, especializado em oncogenética, afirma que “a prevenção é sempre a melhor escolha. A pessoa só vai se beneficiar, mas precisa estar preparada”. O geneticista ainda pondera que não é uma questão de coragem, mas é melhor enfrentar um risco a enfrentar um câncer, por exemplo. Claudia chegou a pensar que seria melhor conviver com a incerteza, mas, diante de seu histórico familiar, percebeu que era preferível enfrentar e tentar vencer a doença. Suas irmãs, tias e sobrinhas tiveram câncer de mama. Elas optaram por fazer a retirada apenas da mama afetada. No entanto, o câncer se espalhou e atingiu a outra, sendo fatal. Diante disso, Claudia não teve dúvidas em optar pela prevenção. “Eu retirei as duas mamas e, posteriormente, os ovários”. Atualmente, Claudia está tendo um acompanhamento multidisciplinar, para lidar com a possibilidade de ter transmitido esses genes às filhas e também aprender a conviver com as limitações que ficaram após tantas cirurgias.

“Se a consulta com um geneticista e o exame genético fossem acessíveis, ela poderia ver que não herdou o gene, por exemplo”. [Salmo Raskin, geneticista]

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GCCTGAAATCCATGCGG CCATGTAACTTTGG GACTGCCCTAGCAATTATGCCTGAAATCCATG GGAGCAATTATGCCTGAAATCCATGCGGAAT reportagem

polêmicas

Meio a meio

Mesmo diante de todos os exames, cálculos e previsões, Casali lembra que a grande verdade é que “genética não é destino”. Ou seja, identificar que uma pessoa é portadora de um gene com problema não significa, obrigatoriamente, que ela desenvolverá a enfermidade. “Os fatores externos têm forte influência no desencadear da doença, inclusive em casos de mutações hereditárias”, afirma Casali. O geneticista explica que existem dois tipos de mutações: as herdadas e as adquiridas. A primeira se caracteriza por uma falha ocorrida durante o processo de divisão celular e pode passar de geração para geração. A segunda é provocada por fatores do ambiente, estilo de vida, idade avançada. Esse é o caso da maioria dos cânceres. A mutação não necessariamente veio dos progenitores nem obrigatoriamente será transmitida à geração futura. Casali afirma: “Nós somos fruto de mutação. Mutação é evolução”. Diante disso, o próximo passo da genética é descobrir o que faz pessoas com a mesma mutação encontrarem futuros diferentes: umas desenvolvem a doença e outras não. Essa é a chave de pesquisa do EPI Genoma. Segundo Casali, esses estudos também ajudarão a definir melhores formas de prevenção.

Todo mundo pode fazer o exame? A melhor resposta é: nem todo mundo precisa fazer o exame. Quando, por algum motivo, deseja-se fazer uma investigação genética, é necessário passar por uma consulta chamada de aconselhamento genético. Ela inicia com a construção da árvore genealógica da pessoa, também chamada de heredograma.

Com esse histórico familiar, juntamente com eventuais sintomas, o geneticista tem uma suposição. Se for identificado um possível problema, e paciente e médico estiverem de acordo, o próximo passo é realizar o exame genético. O geneticista Casali explica que o Projeto Genoma decifrou toda a enciclopédia que é o DNA. Após essa consulta de aconselhamento genético, é possível determinar o segmento do DNA que tem o gene com algum problema. “O exame é específico daquele pedaço do DNA que pode conter a mutação. Isso é muito mais barato. De R$ 400 a R$ 1.000, e o plano de saúde cobre”. Casali afirma que não estamos preparados para uma realidade em que todos terão conhecimento integral de seu conteúdo genético. Não só pela condição psicológica, já abordada, mas também por questões éticas, como a descriminação genética.

“Os fatores externos têm forte influência no desencadear da doença, inclusive em casos de mutações hereditárias.” [José Casali, geneticista]

Preconceito genético A falta de acessibilidade aos exames genéticos torna esse problema distante do brasileiro. Já nos Estados Unidos o problema é grave e, por isso, existe uma lei norte-americana para a não descriminação das informações genéticas. A medida proíbe que empregadores utilizem um teste genético para decidir a contratação de um novo funcionário, por exemplo. Ela evita também que planos de saúde neguem futuros usuários com predisposições a doenças ou que seguradoras de saúde exijam testes genéticos antes da contratação, o que poderia interferir no valor da apólice. Passado oculto Qual a minha origem? Questionamento comum, mas, muitas vezes, difícil de ser respondido por aqueles que são adotados. Carolina Souza*, 29 anos, é adotada e não conhece seus pais biológicos. Apesar de ter uma vida saudável, conta que gostaria de saber se herdou algum gene mutado que a coloca em risco de desenvolver alguma doença ou que possa ser transmitido para a próxima geração. O geneticista Raskin explica que, num caso como o de Carolina, tentar se conhecer melhor por meio da genética é quase impossível. “Para qual das 20 mil doenças ela vai querer fazer o teste? Não existe um teste completo que desvende, de uma única vez, todos os problemas genéticos”. Raskin informa que, no caso de pessoas adotadas que manifestam algum sintoma, pode ser feito o exame de confirmação de diagnóstico. Jurídica e eticamente, é proibido realizar um exame genético antes da adoção, com o intuito de escolher uma criança perfeitamente saudável. * Nome fictício

FAMÍLIA

histórico

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genético

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hereditário

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JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

© Foto: Divulgação

Estudantes participam de 35º ERESS

Treze alunos da PUCPR, premiados no XX SEMIC realizado em 2012, embarcaram em julho para Recife (PE), onde participaram da 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Os alunos foram acompanhados pelo professor da PUCPR Edvaldo Rosa e participaram da programação do evento, que contou com conferências, simpósios, mesas-redondas, encontros, sessões especiais, minicursos e sessões de pôsteres.

Estudantes de Serviço Social da PUCPR participaram do 35º Encontro Regional de Estudantes de Serviço Social (ERESS) da região Sul do país. Neste encontro, são debatidos eixos temáticos de Conjuntura, Universidade, Formação Profissional, Movimento Estudantil, Cultura e Opressões. Ao fim do encontro, foi eleita a nova Coordenação Regional da Execu- As alunas do curso de Direito da PUCPR Suelen Gonçalves de Oliveira, de Londrina, e Mariana Chain, de Curitiba, com tiva Nacional de Estudantes de Serviço Social, composta por duas estudantes da PUCPR, o aluno de Administração do Câmpus Maringá Rafael Hirata, na Jornada Mundial da Juventude. Mariana esteve ao lado do Papa Francisco durante a Missa de Envio, na praia de Copacabana representando os estudantes de Serviço Social do estado do Paraná.

Intercambistas se despedem da PUCPR

© Foto: Divulgação

O Núcleo de Intercâmbio da PUCPR realizou, em junho, a despedida dos alunos intercambistas internacionais deste semestre. A festa foi no ginásio interno e contou com a presença de alunos, professores e coordenadores das diversas Escolas da Universidade.

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© Foto: João Borges

O Trabalho de Conclusão de Curso de Medicina das alunas Ana Carolina Igami Nakassa, Andréia de Deus Bueno, Bianca Garcez Massignan, Domênica de Martins e Gisele Finato Pires, orientado pelo professor Thyago Proença de Moraes, foi eleito o melhor trabalho do 10° Congresso Mineiro de Nefrologia, realizado em junho. O trabalho concorreu com outros 115 e abordou o tema “Colagenose e Desfechos Clínicos em Diálise Peritoneal - Dados do BRAZPD 2”, maior banco de dados de diálise peritoneal da América Latina.

© Fotos: Arquivo pessoal

© Fotos: Arquivo pessoal

TCC é eleito o melhor


Projeto Rondon

© Foto: Multi Eventos

© Foto: Divulgação

Ciclo de leituras dramáticas

Textos de autores consagrados como Jorge Andrade, Eugene O´Neill, R.W. Fassbinder, Edward Albee e Plínio Marcos foram apresentados no Ciclo de Leituras Dramáticas, em junho, no Laboratório de Teatro, localizado no Laboratório de Comunicação e Artes. O evento é resultado do trabalho desenvolvido durante o primeiro semestre do Projeto Integrador, coordenado pelo professor Cicero Lira. As leituras, conduzidas pelos alunos do 5º período do curso de Teatro, também contaram com a supervisão dos professores Laercio Ruffa e Silvia Monteiro.

Missão Universitária Irmão Henri VergÈs

A competição contou com sete equipes, que concorreram entre si. As vencedoras foram Giovanna Schiller, Jessica Alice Miranda da Silva e Josiane Gomes da Costa. Elas apresentaram a sobremesa “Fleur de Poire”, uma tortelete de creme brulée com peras e sobert de vinho. Entre os jurados, a chefe de patisseria da confeitaria Bella Banoffi, Gabriela Paludo, e a professora de gastronomia do Senac Eunice de Oliveira. O segundo lugar ficou com os alunos Paulo Henrique Cordeiro, Carlos Alberto Junior e Bruno Lingnau. Eles fizeram o prato “Três Amores”, três mini torteletes recheadas com creme de avelã, creme diplomata e creme de pinhão. O terceiro lugar ficou com Erick Kenji Arkoki e Siloel Pereira da Silva. Eles apresentaram o prato “Escondidinho”, uma torta recheada com frutas vermelhas e creme ganache.

© Foto: Divulgação

© Foto: Divulgação

concurso interno de confeitaria

No dia 5 de julho, nove acadêmicos e duas professoras da PUCPR embarcaram rumo ao Pará, para participar de duas operações do Projeto Rondon. A acadêmica Silvana Barioni, do curso de Serviço Social, embarcou em um navio da Marinha do Brasil com um grupo de 15 acadêmicos de outras Universidades do país. Eles desenvolverão atividades na missão denominada ACiSo “Ação Cívico Social”, voltadas às comunidades ribeirinhas localizadas no estado do Pará. O objetivo da Operação Forte do Presépio é desenvolver atividades de capacitação com as lideranças da comunidade, na cidade de Mãe do Rio no Pará.

Acadêmicos de todos os câmpus da PUCPR participam, durante o mês de julho, da Missão Universitária Irmão Henri Vergès. O projeto tem como principal objetivo viabilizar ao acadêmico da PUCPR uma experiência missionária, de modo que o contato com outras realidades desperte o desenvolvimento de valores humanos e cristãos. Os alunos desenvolvem atividades de intervenção socioeducativa nas comunidades das cidades atendidas. As cidades escolhidas para receber a Missão foram Reserva do Iguaçu, que acolhe os missionários dos câmpus Toledo, Londrina e Maringá; Guaraqueçaba, que abriga os missionários de São José dos Pinhais; e Florianópolis, que recebe os missionários de Curitiba.

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diário de bordo

câmbio, gEMada na EstRada

Por equipe gemada na Estrada [Especial para a Vida Universitária]

Viver o clima interiorano e a simpatia das menores cidades do Paraná. é o que propõe um Trabalho de Conclusão de Curso de quatro aventureiros do 8º período do curso de Jornalismo da PUCPR. Daphine Augustine, Jhonny Castro, Rubia Oliva e Julio Cesar Glodzienski – repórter desta revista – compõem a equipe

a viagem começou

que venha o trabalho

Presente do dia

acampamento no campo

conhecendo gente nova

Pseudodia de folga

Com chuva na cabeça e muita preparação, Gemada alinhado e bagagem carregada, saímos às 14 horas do dia 1º de julho. Muita empolgação. Os primeiros quilômetros foram de adaptação à nova realidade. Logo percebemos que viajar em quatro pessoas dentro de um Fusca não seria assim tão difícil quanto imaginávamos. Por volta das 17 horas, decidimos parar para o almoço. O local era desconhecido. Descobrimos que se tratava de Caetano Mendes, um caricato distrito de Tibagi. Ao escurecer, chegamos a Marialva, para conhecer a Dona Maísa, que nos acolheu nessa primeira noite da aventura.

5h30. Ao deixar para trás Marialva, eis que a primeira surpresa brinda o projeto: nosso bagageiro cai. Após alguns rebolados, problema resolvido! Carro pronto, retomamos o caminho. Destino: Jardim Olinda, a menor cidade do Estado. A parada para o almoço foi em um restaurante em Nova Esperança. Tanque cheio e pé na estrada novamente. As placas anunciavam que estávamos próximos de um de nossos quatro destinos do projeto. Quase 12 horas depois do início desse trajeto, é hora de trabalhar. Nossa imersão na cidadezinha adentrou a madrugada.

Ninguém disse que seria fácil, às 6h de uma quarta-feira: estávamos de pé rumo ao Rio Paranapanema, divisa entre Paraná e São Paulo. O cenário foi um presente para nós. De volta a Jardim Olinda, às 8h30, fomos recepcionados em uma reunião na prefeitura com os órgãos públicos locais. De lá, saímos acompanhados do prefeito, que nos mostrou de perto a cidade. No resto do dia, passamos pelas casas conversando com os moradores e realizando nosso trabalho. Trouxemos conosco muitas amizades. Para selar o sucesso da nossa primeira etapa de trabalho, um jantar com o prefeito de Jardim Olinda.

Carro, ou melhor, Gemada, carregado e partimos para o nosso próximo destino: Nova Aliança do Ivaí, a segunda menor cidade do Estado. Saímos de Jardim como se estivéssemos deixando nossa casa para trás. A chegada ao novo destino foi na hora exata. Fomos acolhidos pela primeiradama, que mandou preparar um almoço para nós. O acampamento seria no campo de futebol, mas só depois que o governador do Paraná Beto Richa pousasse no local. Com a barraca montada, percebemos que nosso fogareiro não iria funcionar. Fomos para o centro lanchar. Nos chamaram para sentar a uma mesa e jogar conversa fora. O bate-papo rendeu um convite para um jantar.

Após uma noite gelada no campo aberto, saímos para a rua entrevistar o pessoal da cidade. Já nos sentíamos em casa novamente, tanto que nos referíamos ao nosso acampamento como casa. Já era sexta-feira e estávamos conhecidos em Nova Aliança. Sérgio, o motorista da ambulância da cidade, convidou-nos para um almoço na casa dele. Após a refeição, seguimos nossa pesquisa. Depois de uma tarde de caminhada, fomos cozinhar nossa janta na casa da Dona Tota, uma senhora que nos tirava risos pela forma de ser. Em seguida, fomos para o centro, despedir-nos de todos e agradecer pela recepção.

Quatro horas da manhã de sábado e estávamos prontos para seguir para Cascavel, aproximadamente 350 km de distância. Era nosso dia de folga. De Cascavel fomos para Toledo e então retomamos a estrada rumo à Inajá, onde uma festa de Igreja nos aguardava. Mas, chegamos lá apenas meia noite e meia. O Gemada não estava mais carregando a bateria. Decidimos seguir, com apenas uma lanterna funcionando. A tensão aumentava. Resolvemos, então, pagar para que um moto táxi seguisse iluminando a pista pelos próximos 80 km até o destino. Finalmente em Inajá, cansados, simplesmente, jogamos nossas coisas na varanda de uma longínqua conhecida e dormimos.

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© Foto: Maria Elisa Busch © Fotos: Equipe Gemada na Estrada

Perrengue pela frente

Conhecendo de perto

Última cidade

Além de histórias

Dia de folga

Hora de voltar

No domingo, precisávamos, com urgência, reparar o Gemada para seguir até Santa Inês, com o mínimo de atraso possível. Conseguimos, com a ajuda de dois autoeletricistas, um em Inajá e outro em Itaguajé. Eles nos atenderam em pleno dia de descanso. Entre uma cidade e outra, precisamos empurrar o Gemada por quase 3 km. Aliado ao problema na bateria, uma gasolina de má qualidade nos fez ficar na estrada. Chegamos em Santa Inês depois das 16h, muito cansados. Ainda precisávamos achar um pouso. Com a ajuda da primeira-dama Solange, e da coordenadora do Centro de Referência de Ação Social [CRAS] local, Mara, essa parte foi logo resolvida.

No dia seguinte, acordamos bem cedinho. Como estávamos alojados no CRAS de Santa Inês, era necessário guardar todo nosso aparato de viagem e organizar a sala onde dormimos, antes que as crianças chegassem para a aula. A primeira parada do dia foi na prefeitura, onde o prefeito-interino conversou conosco antes de seguir com sua agenda do dia. A tarde toda foi de entrevistas. Perto das 17h, voltamos ao CRAS para atualizar nosso blog. Nessa hora, veio uma surpresa sensacional: o Nelson, que conhecemos em Jardim Olinda, estava em Santa Inês visitando uma tia. Ele nos convidou para um jantar na casa dela. Nós aceitamos!

Terça-feira, 9 de julho, dia de irmos para Miraselva, nossa última cidade. Acordamos cedo, novamente. Arrumamos todas as bagagens no Gemada e aproveitamos para fazer as últimas entrevistas em Santa Inês. No início do caminho para Miraselva, tivemos um pequeno susto com o carro, mas logo foi resolvido. Passamos, então, por Santo Inácio, para visitar um museu da história da região, que possuía artefatos indígenas e da antiguidade do município. Chegando ao nosso destino, demos uma pequena andada pela cidade, para conhecê-la melhor, e fomos procurar nosso pouso.

O dia foi bastante corrido na quarta-feira, tínhamos uma cidade inteira para desbravar e muitas entrevistas para fazer. Ainda pela manhã, fomos à prefeitura tentar contato com o gestor. Depois, fomos até a biblioteca e conhecemos a Silivânia, uma figura, que cuidava do local e era apaixonada por literatura. Mais tarde, fomos até a Vila Rural, no tradicional bar do Mané do Bosh, sujeito de 80 anos que esbanja simpatia. Ao fim do dia, passamos na Igreja e agradecemos pela viagem. Cozinhamos e dormimos no nosso alojamento.

Hora de levantar acampamento. Coletamos as últimas informações com um dos fundadores da cidade. Tarefa cumprida, seguimos rumo a Londrina, onde demos entrevista para uma emissora de televisão. Podemos dizer que entramos em férias, após 10 dias de intenso trabalho. Aproveitamos para conhecer a cidade e procuramos um hostel para nos hospedar. Um misto de saudade (de casa e de tudo o que tínhamos acabado de viver) e de sensação de dever cumprido era perceptível. À noite, saímos para relaxar um pouco. Afinal, ninguém é de ferro.

Sexta feira, 12 de julho. Hora de voltar para casa. Essa foi a primeira manhã que pudemos dormir até um pouquinho mais tarde. O combinado foi acordar às 10h, tomar café, carregar o Gemada e partir rumo a Curitiba. A saudade de casa era grande. A cada quilômetro deixado para trás, a ansiedade de chegar e contar tudo a todos aumentava. Ao mesmo tempo, a vontade de continuar era grande. Um a um, fomos retornando aos nossos lares, com muitas curiosidades para contar. Agora é preciso descansar, pois essa viagem é só o começo do nosso projeto de TCC. Câmbio, Gemada desliga.

Quer saber mais dessa aventura? Acesse: www.gemadanaestrada.blogspot.com

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na prática

Vivendo a realidade Ao repassar conhecimento e oferecer o que tem de melhor, o aluno descobre que quem ganha mais é, muitas vezes, aquele que se doa

do próximo

Por Elizangela Jubanski

MÃo na Massa Engana-se, porém, quem pensa que eles também não colocam a mão na massa, literalmente. Os voluntários reformaram a escola e casas de famílias da comunidade. Em uma das visitas, eles pintaram

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a quadra, o corrimão, trocaram lâmpadas e arrumaram os ventiladores. Os alunos do curso de Engenharia Ambiental estão na produção de uma horta e organizando o projeto de jardinagem. Os encontros acontecem até o fim do ano, na mesma comunidade e no colégio. A estudante de Design confessa que o plano estratégico tem vários detalhes, mas que, certamente, acaba recebendo mais do que ajudando. “Arrecadar e separar material, acordar cedo, carregar o ônibus, trabalhar pesado, capinar, pintar, lixar, limpar, servir, consertar. Chegar ao fim do dia exausto e se perguntar: valeu a pena? É em momentos como esse da foto que meu mundo para, que a gravidade deixa de existir. Ao ver aquele sorriso, aqueles olhos, aquela inocência linda, eu me respondo: é claro que valeu! A vida simplesmente não tem graça sem esses desafios, e não há como negar que recebemos sempre os melhores prêmios”, descreve Larissa.

“é em momentos como esse da foto que meu mundo para, que a gravidade deixa de existir. Ao ver aquele sorriso, aqueles olhos, aquela inocência linda, eu me respondo: é claro que valeu! A vida simplesmente não tem graça sem esses desafios.” [Larissa Prado, 18 anos, 1° período de Design Digital da PUCPR]

© Fotos: Acervo da Pastoral

“Às vezes nos perguntamos se devemos insistir, se devemos acreditar que ainda há algo de bom e se não seria mais fácil desistir e simplesmente nos acomodarmos nas nossas zonas de conforto”. Essa é Larissa Prado, 18 anos, estudante do 1° período de Design Digital da PUCPR. Ela, ao lado de muitos universitários, professores e voluntários reservam um dia na semana para fazer a diferença. Eles participam do PUC Solidária, projeto que coloca os voluntários em contato direto com as comunidades que sofrem com a falta de infraestrutura. O grupo desenvolve atividades em um colégio estadual no município de Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Cada universitário leva uma área de conhecimento à comunidade, que recebe o aprendizado e o multiplica entre outras pessoas. Uma rede de informações e atenção aos que também querem mostrar a voz ao mundo. Lá, eles têm atendimento nas áreas jurídica, de saúde, de fisioterapia, psicologia, gastronomia – inclusive, fizeram oficina para ensinar as mães a preparar os alimentos da cesta básica de forma atrativa para as crianças. Há acadêmicos que ensinam a produção de jornais comunitários e até mesmo alunos que produzem oficinas de sexualidade, para alertar sobre os riscos de doenças e prevenções contra gravidez indesejada. De acordo com a coordenadora da Pastoral da PUCPR, Ana Lúcia Langner, o objetivo do projeto é acompanhar o desenvolvimento da comunidade e dar oportunidades para que os moradores criem estratégias de crescimento e de uma cultura de paz.

Posso PaRticiPaR? Claro! Vá até o Núcleo de Pastoral, que fica próximo à biblioteca da PUCPR, em Curitiba, e faça sua inscrição. Informações pelo telefone 3271-1397 ou pelo email: pastoral.ctba@pucpr.br



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reportagem

Navegar é preciso, mas com segurança fechar

Nada fica guardado. Comentários, fotos, mensagens e até informações pessoais se destacam nos perfis de redes sociais. Apesar da boa intenção de quem compartilha, há uma série de riscos para quem se expõe. Afinal, você está dando pistas para os criminosos? Por Elizangela Jubanski

* Nome fictício

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Compartilhar é o verbo do momento. Nas redes sociais, nada mais é motivo para esconder, principalmente se o lugar é bacana e a companhia é boa. Expor certas situações requer cautela, já que nem todo mundo conectado quer apenas dividir experiências. A advogada Isabela Guimarães Del Monde, especialista em Direito Digital, afirma que as redes sociais se tornaram um modelo de negócio estabelecido na internet, mas que têm sido usadas para superexposição de dados pessoais e até mesmo de terceiros. “Qualquer ferramenta pode ser prejudicial quando mal utilizada. Já se tem notícias de que, no Brasil, sequestros e roubos foram planejados com base nas informações de geolocalização postadas pelos usuários. O interessado em cometer um crime sabia onde encontrar a vítima”. Triste, mas, realmente, os bandidos estão tendo cada vez mais destreza ao realizar os crimes. É o caso da nutricionista Amanda Souza*, 29 anos, que sofreu violência urbana em janeiro deste ano. Internauta assídua das redes sociais, Amanda tinha contas abertas em pelo menos quatro sites de relacionamento. “Eu sempre gostei de estar online. Sou do tempo do ICQ e do MSN, sempre tive acesso à internet. Nesses últimos anos, estava usando mais o Facebook. Usava quase que como um diário mesmo. Nunca pensei que pudesse ser alvo de algo negativo”, conta Amanda. Mas foi. A nutricionista foi vítima de um sequestro-relâmpago, no bairro Batel, em Curitiba, ao sair de casa. Antes do fato, ela lembra dos últimos cliques dados por meio do celular. “Meus horários sempre foram muito regrados. Eu chegava em casa do tra-

balho (ela coordena uma fábrica de pães na Cidade Industrial), almoçava, ia para a academia e ficava por uma hora. Assim, como em todos os dias, utilizei um recurso disponível no Facebook, o check-in”, lembra. Amanda, em detalhes, lembra que desceu do prédio onde mora e, caminhando, foi em direção à academia, a duas quadras. Dois jovens a renderam usando palavras de ordem: “hoje você não vai para a academia”. Ela foi colocada dentro de um veículo, teve o cartão bancário usado em vários locais, como farmácia e postos de gasolina, e foi mantida refém por duas horas. Embora não tenha sofrido agressões físicas, ao ser encontrada a 30 quilômetros de distância do local onde foi abordada, no município de Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba, Amanda passou por exames de corpo de delito. Com Boletim de Ocorrências nas mãos e um sentimento de impotência desenfreado, a culpabilidade sobre a violência caiu sobre ela, que decidiu sair do mundo virtual. “Pode ser coincidência, porque eu estava com roupa de academia, mas quando eu me lembro deles falando que era para devolver meu iPhone porque tinha rastreador, eu paro para pensar que eles entendiam muito bem sobre tecnologia. É difícil pensar que eu poderia ter evitado”, acredita. Coincidência ou não, a nutricionista fechou a maioria dos perfis que mantinha na rede e, hoje, só usa – às vezes – o Twitter. “Parece que agora, tudo que posto, sinto que estou sendo vigiada”. Na verdade, Amanda sempre esteve vigiada, mas só se deu conta da proporçao disso de uma maneira bem traumática.


© Foto: Arquivo pessoal

‘KatiVEiRo’ O designer gráfico Marcos Dias, 33 anos, vê os recursos das redes sociais como algo primordial na comunicação e não abre a mão de utilizá-los de todas as formas. “Neste fim de semana estava em dúvida onde almoçar e acabei utilizando o Foursquare como ferramenta de sugestão de restaurantes. Utilizo bastante, praticamente em quase todos os lugares onde estou. Seja em casa, no ambiente de trabalho ou em festas”. Em casa? Sim, Marcos dá check-in em casa, batizada carinhosamente pelos amigos como ‘kativeiro’. Cada vez em que chega a sua casa, Marcos ativa o aplicativo e avisa que está lá. No perfil da rede social Facebook, Marcos tem listas imensas dos locais onde foi, que horas, com quem estava e para onde vai. Perigoso? Marcos vê como uma forma de indicar ou sugerir locais para os amigos. No entanto, com tanta exposição, o designer já passou por uma situação inusitada. “Chamei alguns amigos para fazer uma reunião básica em casa, mas outras pessoas acabaram vindo, porque eu tinha feito o check-in. Hoje em dia, eu evito fazer isso, pois como possuo mais de mil amigos, por exemplo, nem sempre é bom avisar quando tem gente em casa”. Muito bem, Marcos! Os usuários precisam lembrar que seus comportamentos nas redes sociais ficam gravados, já que são feitos por escrito. Para o professor de Tecnologia da Informação da ESPM, Rafael Lamardo, é preciso cuidar, além do seu perfil, com as marcações das outras pessoas que fazem parte da sua rede. “O primeiro passo é você gerenciar sua privacidade dentro daquilo que acredita alinhar-se com seu perfil”, explica. “Hoje, o Facebook é muito importante para a construção da reputação da pessoa. Ter um Facebook decente é o ponto zero de qualquer um na sociedade moderna”.

Aproveite enquanto, ainda, dar um check-in depende de você. Desenvolvido pela agência Redpepper, o Facedeals reconhece o rosto da pessoa assim que ela passa pela porta de entrada. Enquanto o cliente entra no estabelecimento, o recurso faz uma busca para encontrar aquele usuário e, então, faz o check-in na rede Facebook – pasmem – automaticamente. O programa foi feito com base em marketing de publicidade, para impulsar a marca das lojas e estabelecimentos comerciais. O Facedeals está em fase de teste pelos criadores do Facebook.

© Foto: Divulgação

© Foto: Sxc.hu

sEM Escolha!

“O primeiro passo é você gerenciar sua privacidade dentro daquilo que você acredita alinhar-se com o seu perfil.” [Rafael Lamardo, professor de Tecnologia da Informação]

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reportagem

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O primeiro passo, de acordo com Isabela, é denunciar para a rede social e, logo em seguida, buscar auxílio jurídico especializado, de modo que seja iniciada uma ação para identificar quem foi o criador do perfil falso. “Nessas situações, pode ser solicitada a indenização e, se for o caso, realizar a queixa-crime à autoridade policial, para que seja investigado se houve ou não o cometimento de crime”, finaliza. Como posso manter seguras as informações compartilhadas? l Não informe endereços pessoais sobre onde mora, em que bairro trabalha e que caminho faz; l Também não há necessidade de detalhar com quem mora; l Atenção às fotos em situações íntimas, como: vestindo saída de banho, na praia ou em casa; l Controle, nas configurações de privacidade, o que cada um pode ver; l Evite utilizar recursos como check-in; l Selecione os amigos que podem fazer marcações em seu perfil; © Foto: Divulgação

Perfil falso Qual o interesse em se passar por outra pessoa virtualmente? A resposta a essa pergunta, muitos internautas que sofrem com essa prática queriam saber. Ao sair do anonimato, Sabrina Cornelsen, 27 anos, que namorou o ator global Caio Castro por quase quatro meses, passou por maus bocados com perfil falsos no nome dela. “Eu fico indignada. Fizeram perfil fake no Facebook e no Twitter. O pior são as coisas que inventam e escrevem como se fosse eu falando e fazendo”, reclama, em entrevista exclusiva à Revista Vida Universitária. Diferente das divulgações publicadas em sites de fofocas, Sabrina não é dentista. Ela é gerente de contas VIP do Grupo Woods. “Cada coisa que as pessoas inventam. Nunca pensei em fazer Odontologia”, revela. A advogada especialista em Direito Digital alerta que, quando alguém se passa por outra pessoa, mesmo que ela não exista, pode haver o crime de falsa identidade. “Porém, para que haja esse crime, é necessário que a pessoa que se passa por outra tenha a intenção de obter vantagem ou causar dano a outra, conforme os artigos do Código Penal”, explica Isabela. Por mais que as redes sociais disponibilizem recursos para denunciar perfis falsos ou situações constrangedoras, algumas vezes os fakes passam batido. “Acho que essa prática poderia se tratar de crime. Não sei nem mexer direito no Twitter, ainda mais denunciar”, diz Sabrina. Sobre isso, a especialista em Direito Digital esclarece também que há uma diferença entre se passar por alguém que não existe – o famoso perfil fake – e se passar por alguém que existe, neste caso, um perfil clone. “Esse último perfil pode trazer muito mais danos ao detentor real da identidade, o que pode agravar a punição de quem utilizou a identidade alheia”, alerta.

l Mantenha sua webcam e o computador desligados quando não estiverem sendo usados; l E-mails suspeitos contêm erros de português, usam assuntos ou imagens ‘exclusivas’; l Ao ser ameaçado pela internet, procure uma delegacia e leve todas as informações possíveis impressas. Com auxílio da advogada especializada.

“[...] para que haja esse crime, é necessário que a pessoa que se passa por outra tenha a intenção de obter vantagem ou causar dano a outra, conforme os artigos do Código Penal.” [Isabela Guimarães Del Monde, advogada especialista em Direito Digital]

Defesa Para se defender dessas práticas e crimes descobertos proporcionalmente com a evolução da internet, o estado do Paraná tem uma delegacia especializada em crimes virtuais. É o Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber), que fica no centro da capital. De acordo com o delegado-geral, Demétrius Gonzaga de Oliveira, 40% dos casos atendidos pelo Nuciber correspondem a crimes de menor potencial ofensivo, como falsa identidade ou ameaças. Ele ressalta que, além de responder a processos na esfera criminal, o infrator também pode arcar com a responsabilidade na área civil. “A maioria das vítimas, via de regra, também pleiteia compensações na área civil, e conseguem indenizações que variam de R$ 15 mil a R$ 35 mil”. O delegado orienta, entretanto, que providências podem ser tomadas contra as ações delituosas na internet. “A primeira coisa a ser feita é arquivar o conteúdo que está sendo visualizado na tela do computador e imprimi-lo. Com o conteúdo em mãos, é preciso procurar a autoridade policial para proceder à lavratura do Boletim de Ocorrência, a fim de que sejam tomadas as medidas cabíveis”, recomenda.

Veja mais Quer saber qual a sensação de ser perseguido por um psicopata? Esse aplicativo é do Facebook e dá, literalmente, um efeito assustador ao ver um homem transtornado hackeando a sua conta na rede social: www.takethislollipop.com



vem aí

Programe-se 23_a_26/09_EducERE

ciclo_dE_PalEstRas:

casa_coR_2013 Desde 1987, a CASA COR é o maior evento brasileiro que compreende exposição de novidades em decoração, design, materiais, tecnologia e equipamentos para decoração, ambientação e arquitetura, além das opções de compras e lazer. Atualmente, envolve 18 cidades do Brasil e de países como Bolívia, Chile, Panamá, Peru e Uruguai. Em todas as edições, renomados arquitetos, decoradores e paisagistas reinventaram espaços livremente compromissados em oferecer ambientes inovadores, sustentáveis e atraentes. A CASA COR acontece entre agosto e setembro, no Clube União Juventus (Rua Francisco Domakosky, 153). www.casacor.com.br/parana

PRoVocatÓRias_Musicais Pensando em gerar discussões relacionadas ao campo da música – educação, produção, legislação e mecanismos de apoio ao músico –, além de reconhecer o papel do educador na área de sua formação, a PUCPR realiza o ciclo de Palestras: provocatórias musicais, com fórum e curso de licenciatura direcionado a alunos da Escola de Comunicação e Arte, músicos e produtores. A inscrição é gratuita, mas as vagas são limitadas. bit.ly/15isC9Y

Em setembro, a PUCPR recebe o xI Congresso Nacional de Educação (EDUCERE), o IV Seminário Internacional sobre Profissionalização Docente (SIPD) Cátedra UNESCO e o II Seminário Internacional de Representações Sociais, Subjetividade e Educação (SIRSSE), voltados para os profissionais da Educação Superior e da Educação Básica, pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação e demais interessados. O evento envolve discussões sobre “Formação docente e sustentabilidade: um olhar transdisciplinar”, com pesquisadores nacionais e internacionais. educere.pucpr.br

sEMana_acadêMica

© Fotos: Divulgação

Fique por dentro das programações dos cursos da Universidade. Durante os meses de agosto e setembro, acontecerão as Semanas Acadêmicas de diversos cursos, como Farmácia, Medicina Veterinária, Engenharia Florestal, Agronomia e Arquitetura e Design. As Semanas oferecem palestras, workshops e mesas-redondas, buscando enriquecer ainda mais o conhecimento de nossos estudantes. www.pucpr.br

24/09_salÃo_do_EstudantE Com mais de 300 expositores, o Salão do Estudante é a maior feira de intercâmbio da América Latina e oferece a possibilidade de cursos no exterior, além de contato com as melhores agências de intercâmbio do país. Lá, o estudante poderá encontrar informações sobre programas específicos para adolescentes, jovens, executivos, profissionais, terceira idade e até para famílias em férias, por meio de programas que vão desde high-school até pós-graduação e MBA no exterior, além de cursos de idiomas, extensão universitária, especialização, traineeship internacional, entre outros. O Salão do Estudante acontece das 15h às 20h. www.salaodoestudante.com.br

13/09_ciência_sEM_FRontEiRas _PÓs-doutoRado_no_nih Desde o dia 5 de junho, estão reabertas as inscrições para submissão de projetos para Pós-Doutorado no National Institute of Health, nos Estados Unidos. Os projetos inscritos devem ser exclusivamente nas áreas de Biociências e Ciências da Saúde no Programa Intramuros do NIH. As inscrições vão até 13 de setembro de 2013, com início de vigência da bolsa nos meses de fevereiro a maio de 2014. www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf/estados-unidos4

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cuRso_PEdRo_alModÓVaR De 16 a 25 de setembro, os estudantes das áreas de Comunicação e demais interessados em cultura audiovisual e arte terão a oportunidade de participar do curso o olhar de Pedro almodóvar: como ele constrói seus filmes. O curso pretende demonstrar como o autor produz sentido por meio da imagem, priorizando a construção de seus filmes. As inscrições podem ser feitas até 10 de setembro. bit.ly/15isC9Y



qualidade de vida

Idade saudável Envelhecer com saúde significa viver cada vez mais

© Foto: Dreamstime

Por Fernanda Brun [Especial para a Vida Universitária]

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“Eu nÃo tEnho Mais idadE”

Para quem já ouviu ou disse essa frase, o conselho é tirá-la do vocabulário. Dentro das suas limitações, não se deve ter medo de experimentas coisas novas nem colocar a idade como um fator limitador da vida, mas sim como um novo momento, com novas experiências. “Com bom senso e entendimento, você vê que envelhecer é uma oportunidade de vida, e que cada marca de expressão é uma história que temos para contar”, completa a especialista.

© Foto: Letícia Akemi

tEoRia na PRática Dalva Formighieri Machado Pereira tem 86 anos. Sorridente, diz que se sente bem mais nova, “com, no máximo, 60 anos! Já não consigo fazer algumas coisas, mas me sinto muito bem”. Para manter a rotina animada, diz que gosta de limpar a casa, lidar com o jardim e cozinhar, atividades que afirma substituírem a necessidade de praticar exercícios: “não fico parada”. Durante este quase um século, ela se impressiona com o quanto a tecnologia tem evoluído e com tudo o que ela pode fazer. Dalva conta que aproveita esse desenvolvimento, e que se encantou com o cinema 3D, quando foi assistir ao filme Avatar. Sua vida social agitada também é outro motivo que a ajuda a manter uma boa qualidade de vida. Semanalmente, encontra-se com amigas e passa tardes jogando baralho; gosta também de viajar, geralmente para Balneário Camboriú, onde encontra a família e se reúne com as amigas. Para quem se pergunta como chegar à idade de Dalva com tamanha disposição, ela dá a receita: “não pare de trabalhar nunca. Esteja sempre se movimentando”. O contato com a família também é mais um fator que a faz sentir mais jovem. “Reunir a família, estar perto deles. Isso ajuda muito”, completa.

da Saúde argumenta que os países podem custear o envelhecimento se os governos, as organizações internacionais e a sociedade civil implementarem políticas e programas de ‘envelhecimento ativo’, que melhorem a saúde, a participação e a segurança dos cidadãos mais velhos”. De um lado, há o benefício para os idosos, assistidos por uma equipe multiprofissional que possibilita a melhora na sua qualidade de vida; de outro, ganham os profissionais residentes, que, ao longo de dois anos, têm a oportunidade de construir seu conhecimento dentro de uma visão multiprofissional e não apenas voltada à sua área de atuação. “Dessa forma, o aprendizado foi muito mais abrangente e sólido”, completa o professor.

saúdE EM Foco A Residência Multiprofissional é desenvolvida na PUCPR, como Instituição Formadora, e na Santa Casa de Curitiba, como Instituição Executora, e envolve profissões como odontologia, enfermagem, educação física, psicologia, nutrição, farmácia, serviço social e fisioterapia. A área temática escolhida para o projeto foi Saúde do Idoso, visando ao atendimento humanizado e interdisciplinar de pacientes hospitalizados e usuários do sistema de saúde, além da contribuição para a geração de conhecimento. A escolha do foco na saúde do idoso não foi por acaso. Paulo Henrique Couto Souza, professor do curso de Odontologia da PUCPR e coordenador da Residência Multiprofissional em Saúde do Idoso PUCPR/Santa Casa de Curitiba, dá a justificativa. “A Organização Mundial

© Foto: Arquivo pessoal

Ano após ano, a expectativa de vida do brasileiro aumenta. Em 1900, por exemplo, era esperado que você chegasse aos 33 anos. Hoje, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número passou dos 74. Os avanços da ciência e da tecnologia podem nos ajudar a atingir essa idade, mas é de cada indivíduo grande parte da responsabilidade. Como nos alimentamos, nossos hábitos e a forma como vivemos são importantes fatores para que a idade chegue trazendo com ela qualidade de vida. O envelhecimento saudável começa quando ainda somos jovens. “Pessoas de idade que hoje vivem bem souberam acumular o que chamamos de capital de saúde”. A afirmação é de Angela Carvalho, especialista em geriatria feminina, que reforça a importância da preocupação precoce com bons hábitos, como não fumar, beber moderadamente, praticar atividades físicas e procurar os recursos da medicina preventiva para evitar que doenças se manifestem de forma severa, além de manter controlada qualquer doença crônica. “O processo de envelhecimento é contínuo. É importante fazer uma reserva para o futuro”, explica. Outro ponto citado pela especialista e facilmente encontrado em matérias sobre envelhecimento saudável usa o termo resiliência. “Ele designa a capacidade de as pessoas se reerguerem perante os diferentes golpes da vida, sejam eles problemas de saúde, desilusões amorosas ou perdas financeiras. São pessoas que conseguiram dar a volta por cima”, conta Angela. A propósito, ter força e disposição para ser positivo depende também de nos mantermos ativos, outro conselho para quem busca qualidade de vida ao longo dos anos. Manter o intelectual alimentado com leituras, música, artes e outras atividades culturais é hábito que pode começar desde cedo ou ser adquirido ao longo do tempo. Além dele, é fundamental ter uma boa socialização, seja com familiares ou com amigos.

“Pessoas de idade que hoje vivem bem souberam acumular o que chamamos de capital de saúde.” [Angela Carvalho, especialista em geriatria feminina]

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...mas

pergunte para puc

E agoRa? A vida acadêmica é rica em descobertas e experiências. Um mundo novo se abre a cada livro, a cada leitura, a cada conversa ou aula. Mas como não poderia deixar de ser, essa vivência é repleta de perguntas. Dúvidas a respeito do universo acadêmico, que envolvem, acredite, não só você, mas a mente de muitos alunos que cursam o Ensino Superior. Fomos atrás de algumas dessas dúvidas frequentes e comuns, e buscamos uma resposta para você tirar sua dúvida aqui, na Vida Universitária.

o quE é uM Plano dE nEgÓcios E coMo ElE é iMPoRtantE PaRa o JoVEM quE quER sE toRnaR uM EMPREEndEdoR?

ERic sEichi saito Direito 10º período

QUEM RESPONDE: Rodrigo Corso, diretor de Planejamento [Lustig Comunicação e Mkt] e Professor de Marketing [TECPUC]: conduzir uma

© Fotos: Arquivo pessoal

empresa sem planejamento é como navegar sem bússola ou GPS. Um plano de negócios é um conjunto de análises e projeções gerenciais, mercadológicas e financeiras que funcionam como a bússola da empresa. Indicam o caminho a ser seguido, permitem tomar decisões mais acertadas e nos levam a uma melhoria continua do negócio. Como prever o futuro é algo impossível, o grande objetivo de um plano de negócios é minimizar a margem de erros. O plano de negócios, para uma empresa, é tão importante quanto as ações geradas por ele, pois um plano que não gera ações é um trabalho sem propósito e sem resultado. E resultado é o que interessa ao empreendedor.

coMo a PucPR Faz a sEPaRaçÃo do lixo PRoduzido na instituiçÃo? é REalizada a REciclagEM E a dEstinaçÃo é coRREta?

alinE PRzYBYsEWsKi Jornalismo 8º período

QUEM RESPONDE: Daniele Cássia de Souza, coordenadora da Qualidade e Meio-Ambiente / diretora de Serviços Gerais [DSG] e da Diretoria de Operações Centrais [DCOC]: a PUCPR possui hoje lixeiras seletivas distribuídas

por todos os Câmpus, tanto em áreas internas quanto externas. Essas lixeiras são identificadas por diferentes cores, etiquetas e sacos de lixo, distinguindo o que são resíduos não recicláveis e recicláveis, os quais, por sua vez, são divididos em papel, plástico, metal e, em alguns lugares, também o vidro. Com isso, os usuários podem descartar seus resíduos corretamente, de acordo com a classificação. Após descartados, eles são recolhidos e encaminhados de acordo com sua característica. Os “não recicláveis” vão para aterro sanitário e os recicláveis, encaminhados para uma segregação mais adequada e, em seguida, destinados à reciclagem.

coMo as REdEs sociais PodEM contRiBuiR PositiVaMEntE PaRa MEu BoM dEsEMPEnho acadêMico? QUEM RESPONDE: Elizete L. M. Matos, profa. na Escola de Educação e Humanidades [Mestrado e Doutorado] em Educação e Pedagogia e coordenadora dos cursos: Formação Pedagógica do Professor Universitário Presencial e Online; Alfabetização e Letramento e Educação Especial com ênfase em Inclusão: as redes so-

ciais podem ser uma grande aliada. Elas permitem que se explore uma variedade de informações, imagens, recursos e possibilidades de ensino, aprendizado e comunicação, estabelecendo trocas, colaboração, socialização extramuros, conectando-se

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com pessoas de diferentes partes e instituições do mundo. Uma das redes sociais online mais utilizadas no momento é o Facebook. Ele possui interfaces que integram recursos interativos na web por meio de comunidades, links, fotos, enquetes, eventos, cocriação de documentos em grupos, bate-papo e demais possibilidades. Esses novos cenários e linguagens apontam oportunidades jamais imaginadas, as quais trazem um valor agregado, minimizando, tempo, custos e distâncias, por meio de interações em rede. No

ambiente universitário, se utilizadas com responsabilidade, criatividade e ética, as redes sociais podem ser um excelente espaço na produção individual e coletiva do conhecimento. Permite-se, assim, que professores e alunos compartilhem e divulguem informações que permeiam a academia, favorecendo a comunicação, a interação e a produção crítica e reflexiva do conhecimento em rede, indo além das fronteiras da sala de aula presencial, estabelecendo-se conexões virtuais. São novos tempos, novas possibilidades.

lucas José MolEtta Engenharia de Produção 5º período




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