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Breveestudosobreopoeta
por Pedro Moreira
O poeta se pela todo de medo. O poeta esquece a luz acesa e corre, quando a luz do banheiro se apaga sozinha. Não costuma chorar tão sempre. Vai dormir bem tarde. Acorda cedo quando quer. Arrota, sobretudo, se comeu bananas. Elas dão uma azia no poeta. Por isso ele não escreve sobre bananas, mas ele as ama. O poeta adora viradinho de banana madura, mas nem tanto. E haja farinha pro poeta por no feijão. Ele come muito mesmo. E depois se arrepende. O poeta não é alegre nem triste. É treva. A luz, quando o alcança é para doer nos olhos. O poeta gosta de dormir com a janela aberta mas é para ver o dia ainda manso, quando o sol é menino. O primeiro choro da noite é da mãe do poeta e das irmãs.
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O poeta não trabalha nunca. O poeta carpe com a caneta na mão. Mas trabalhar ele não trabalha. O ofício do poeta se apresenta como um bocejo. É feito de preguiças os olhos do poeta. Por isso ele olha tudo com demora. Mas de paciência o poeta não sofre. Ele corre pelo mundo. Ainda que seja em câmera lenta, mas corre.
Pedro Moreira (Itaí, SP, 1995) é poeta. Escreve a coluna Mentir palavras para as pedras, no blogue da Concha Editora. Publicou contos e poemas em algumas revistas literárias independentes como a Subversa, a Mallarmargens, a Desenredos e a Bacanal. Edita a Idê, revista literária digital. Reside no interior do Rio Grande do Sul, onde estuda Letras na Universidade Federal do Rio Grande (FURG).