Abravidro
1
Editorial
O raio-X desse momento difícil
I
nfelizmente, o Panorama Abravidro 2017 não traz boas notícias. Depois de uma redução importante no ano anterior, registramos nova queda sobre uma base retraída, ou seja, em 2016, o consumo de vidros planos no Brasil caiu 11,8%. De forma mais concreta: comparando os números de 2016 aos de 2014, quando chegamos ao pico do consumo, foram menos 10 milhões de m2 de vidros processados não automotivos no mercado, correspondente a uma queda de faturamento de R$ 1,8 bilhão. Em consumo per capita, retrocedemos seis anos e voltamos ao patamar de 2010! Diante dessa dura realidade, a pergunta que se faz é: o que teremos pela frente? — resposta que o estudo a seguir não traz. Portanto, cabe-nos avaliar o principal setor consumidor de vidro, a construção civil, responsável por cerca de 80% de nosso mercado. Ao analisarmos o índice de atividade da construção, componente do Monitor da Construção Civil (MCC), observamos no início de 2017 o menor volume de m2 construídos no Brasil da série histórica. Outro indicador importante é o número de lançamentos imobiliários. Durante o segundo semestre de 2016, o volume de lançamentos representava apenas 25% do que se lançava no momento áureo do setor, de 2011 a 2012. Considerando que o consumo de vidro ocorre em média dezoito meses após o início da obra, podemos prever que a recuperação será lenta e gradual.
Diante disso, é natural que os profissionais ligados ao setor vidreiro se perguntem qual a saída para a sobrevivência. Acredito que a primeira e principal regra é ancestral: trabalhemos muito! Em seguida, vamos nos livrar de velhos padrões e buscar novas referências, pois quem não evoluir muito não chegará vivo ao final dessa fase complicada. A Abravidro tem colocado seu foco em ser um apoio importante para as empresas diante desse cenário, assumindo uma agenda de projetos estruturantes a curto e médio prazos. Estão em nossa pauta de trabalho ações para organização de mercado e equilíbrio tributário, produção e revisão das normas técnicas mais utilizadas e treinamentos e consultoria para ganhos de eficiência, entre outros projetos. Só nos resta seguir a regra ancestral...
2
Foto: Dario de Freitas
As expectativas apontam para uma melhora do ambiente econômico a partir do segundo semestre de 2017, com o ajuste dos pilares macroeconômicos, retomada do emprego, evolução da renda e crédito e, principalmente, o avanço das reformas defendidas pelo atual governo federal. Nesse cenário, no curto prazo a atividade de nosso setor estará concentrada em pequenas obras, reformas e ampliações de estruturas existentes.
Alexandre Pestana Presidente da Abravidro
Panorama Abravidro 2017
Pesquisa 2017
P
elo sexto ano consecutivo, a Abravidro publica o Panorama Abravidro, o único estudo sobre o desempenho produtivo e econômico do setor de vidros planos no Brasil. Para a edição 2017 do documento, tivemos a fundamental participação de 69 empresas processadoras de vidros planos — representam 37% do setor de transformação do material no País. Como nos anos anteriores, o estudo foi elaborado pela GPM Consultoria Econômica, que reuniu as informações e as comparou com a Pesquisa industrial anual (PIA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os números de importação e exportação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e também com declarações das usinas de base à revista O Vidroplano. Ressaltamos que os economistas envolvidos — Sérgio Goldbaum e Euclides Pedrozo Júnior — firmaram compromisso de confidencialidade registrado em cartório, garantindo que as respostas dos participantes não serão, sob hipótese alguma, divulgadas de forma individual.
Cadeia produtiva vidreira
Extração de minerais não ferrosos
Construção civil Construtoras | Vidraçarias
Abravidro
Fabricação de vidros (usinas de base)
Indústria automotiva
Indústria moveleira
Transformação de vidros
Indústria de linha branca
3
Indústria de base Capacidade nominal de produção de vidros planos (t/dia) Produtor
Planta 2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
C1
900
900
900
900
900
900
900
900
C2
600
600
600
600
600
600
600
600
C3
600
600
600
600
600
600
600
600
C4
600
600
600
600
600
600
600
600
C5
-
-
900
900
900
900
900
900
RJ
600
600
600
600
600
600
600
600
SP
800
800
800
830
830
830
830
800
VIVIX
PE
-
-
-
-
900
900
900
900
AGC
SP
-
-
-
600
600
600
600
600
SAINT-GOBAIN GLASS
SP
160
160
160
180
180
180
180
180
UBV
SP
240
240
240
240
240
240
240
240
4.500
4.500
5.400
6.050
6.950
6.950
6.950
6.920
CEBRACE
GUARDIAN
Total Fonte: declaração das empresas
Indústria de transformação Processados não automotivos: queda de
Participação por produto em 2016
12,9%
TEMPERADO O temperado não automotivo representa mais de ⅓ de todo o vidro consumido no Brasil
Auto/Comum/Outros
43,5%
Temperado
Insulado
34,7%
PROCESSADOS • A participação de processados não automotivos caiu de 57,3% do mercado em 2015 para 56,5% em 2016 • Entre os processados não automotivos, o temperado participa com 61%, e o laminado, com 16% 4
0,4%
Espelho
7,8%
Tampo etc.
4,4%
Laminado
9,2%
Panorama Abravidro 2017
Indústria de transformação Faturamento de vidros processados (R$/ano) Vidros processados não automotivos: faturamento caiu
Efeitos devastadores da crise no setor Em apenas dois anos – de 2014 a 2016 –, a queda de faturamento dos processados não automotivos foi de 31%, com perdas de mais de R$ 1,8 bilhão, com valores atualizados pela inflação. Essa redução deveu-se em parte pela diminuição de consumo, mas também pelo menor preço unitário
17%
Período
Temperado
Laminado
Tampo, curvo etc.
Espelho
Insulado
Total
Variação real (2016/2015)
-17,6%
-10,8%
-32,2%
-14,6%
-35,2%
-16,8%
2016
R$ 2.147 milhões
R$ 1.007 milhões
R$ 192 milhões
R$ 707 milhões
R$ 68 milhões
R$ 4.121 milhões
2015
R$ 2.606 milhões
R$ 1.129 milhões
R$ 283 milhões
R$ 828 milhões
R$ 105 milhões
R$ 4.951 milhões
2014
R$ 2.952 milhões
R$ 1.296 milhões
R$ 501 milhões
R$ 1.046 milhões
R$ 196 milhões
R$ 5.991 milhões
Fonte: Pesquisa Abravidro realizada pela GPM Consultoria Econômica e Pesquisa Industrial Anual (PIA-IBGE) Excluídos os vidros para indústria automotiva Os números de 2014 e 2015 foram atualizados monetariamente
Consumo de vidros planos (t/ano) Novidade no perfil de consumo: em 2016, a queda na utilização de processados não automotivos foi de 12,9% – uma redução maior do que a diminuição total do setor de vidros planos (11,8%)
Nos últimos dois anos – de 2014 a 2016 –, o consumo de vidros processados não automotivos caiu 196 mil t, equivalente a 10 milhões de m2
Período
Temperado
Laminado
Tampo, curvo etc.
Espelho
Insulado
Automotivo, comum e outros
Total
2016
547.795
145.535
69.493
122.840
6.513
685.600
1.577.776
2015
623.912
163.523
102.195
126.901
7.269
764.207
1.788.007
2014
663.357
169.319
102.600
143.149
9.922
897.208
1.985.555
Fonte: Pesquisa Abravidro realizada pela GPM Consultoria Econômica e Pesquisa Industrial Anual (PIA-IBGE)
Consumo de vidros planos: queda de
11,8%
Abravidro
5
Indústria de transformação Evolução do consumo de vidros processados (t/ano) PROCESSADOS NÃO AUTOMOTIVOS (t/ano)
12,9%
2013
2015
2013
2009
6
2010
2011
2012
2010
2011
2012
2013
2015
145.535
163.523
169.319 2014
2016
2013
2014
2015
2016
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
122.840
126.901
143.149
138.091
128.537
117.007
6.513
7.269
9.922
ESPELHOS (t/ano)
8.569
4.768
5.326
4.970
6.860
VIDROS INSULADOS (t/ano)
2009
157.290
2016
143.361
2015
116.148
2014
103.345
2012
547.795
588.682
2011
623.912
535.874
2010
2016
VIDROS LAMINADOS (t/ano)
663.357
451.833
2009
632.944
375.246
VIDROS TEMPERADOS (t/ano)
892.177
1.023.800
1.088.347 2014
106.754
2012
1.042.526
977.962
886.075 2011
74.653
2010
79.078
2009
749.131
598.697
foi a queda no consumo de vidros processados
2016
Panorama Abravidro 2017
Consumo aparente de vidros planos 11,8% foi a queda do consumo aparente de vidros planos no Brasil. Esse percentual ultrapassou os 20% nos últimos dois anos
12,5%
foi a queda do consumo per capita de vidros planos
Consumo Aparente
População Brasileira
Consumo Aparente
(t)(1)
(habitantes)(2)
Per Capita (kg)
2016
1.577.776
206.081.432
7,66
2015
1.788.007
204.450.649
8,75
2014
1.985.555
202.768.562
9,79
2013
1.975.346
201.032.714
9,83
2012
1.749.627
199.242.462
8,78
2011
1.701.049
197.397.018
8,62
2010
1.548.961
195.497.797
7,92
2009
1.171.350
193.543.969
6,05
2008
1.186.260
191.532.439
6,19
2007
1.016.934
189.462.755
5,37
Ano
Consumo aparente: é a produção nacional, incluindo as importações e excluindo as exportações. A variação dos estoques não é considerada
Voltamos aos mesmos patamares de 2010, ou seja, perdemos seis anos de desenvolvimento no consumo de vidro em função do atual quadro econômico
(1) Foram ponderadas perdas de processo (2) Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Mão de obra na indústria de transformação 2014 2015
9,4%
foi a diminuição de empregos nas empresas de processamento de vidro
2016 33.986 Em apenas dois anos tivemos redução acima de 20% na força de trabalho da indústria de transformação de vidros planos - foram mais de 7 mil empregos perdidos
29.628 26.843
Fonte: Pesquisa Abravidro realizada pela GPM Consultoria Econômica
Abravidro
7
Comércio internacional Balança comercial dos vidros planos Importação - Peso líquido (t) Exportação - Peso líquido (t) Saldo comercial - Peso líquido (t)
596.245
558.751
Dentro das expectativas, as importações apresentaram forte redução – cerca de 85% comparado a 2013
607.077
As exportações de vidro plano mantiveram a tendência de alta, sendo o volume exportado equivalente a toda a produção de um forno de float padrão
434.906 366.782
99.891
2010
86.416
2011
2012
107.919
71.045
71.725
2014
2013
195.767 155.919 80.924 147.613 114.843
2015
2016
8.306
-335.015 -509.829
-487.026
-258.863
-536.032
Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) (1) Incluídas as NCMs 8 dígitos: 7003.12.00 até 7009.92.00
Tivemos o maior saldo na balança comercial dos últimos dez anos. Isso é resultado da valorização do real, drástica redução do consumo doméstico e das medidas antidumping aplicadas ao float incolor e espelho
114 mil toneladas: esse
Balança comercial de vidros processados não automotivos(1) 34.727
foi o saldo da balança comercial em 2016
32.992
31.367
20.042
19.961
20.020
11.698
2.520
2010 -9.178
1.811
2011
1.400
2012
1.719
2013
2.379
2014
2.579
2015
4.081
2016
O comércio internacional de vidros processados não automotivos teve comportamento similar ao ano anterior, com importações representando menos de 3% do mercado interno
-17.463
-18.150
-15.939 -29.967 -33.008
Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) (1) Cesta de produtos: 7006.00.00, 7007.19.00, 7007.29.00 e 7008.00.00
8
-30.613 Importação - Peso líquido (t) Exportação - Peso líquido (t) Saldo comercial - Peso líquido (t)
Panorama Abravidro 2017
Balança comercial de matéria-prima(1) 527.786
499.988
455.881
90% das exportações brasileiras são de vidros em chapa, sem processamento
Importação - Peso líquido (t) Exportação - Peso líquido (t) Saldo comercial - Peso líquido (t)
385.169 263.443
84.318
68.676
2010
55.330
2011
92.609
53.833
2012
137.839 83.422
175.369 131.915 43.454
2014
2013
2016
2015 54.417
-300.851 -170.834
-400.550 -446.154
-459.110
Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) (1) Incluídas as NCMs 8 dígitos: 7003.12.00 até 7005.30.00
Balança comercial de espelhos não automotivos(1) Importação - Peso líquido (t) Exportação - Peso líquido (t) Saldo comercial - Peso líquido (t)
53.581 46.792
44.092
33.493
29.955
27.347
11.837 846
2010
726
2011
303
2012
1.719
264
2013
686
2014
-26.501
1.140
2016
2015 -28.815
-32.767 -46.528
-53.278
-43.406
3.523
-8.314
O saldo da balança comercial de espelhos ainda é negativo, mas aponta tendência de redução nas importações e incremento das exportações
Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) (1) Incluídas as NCMs 8 dígitos: 7009.91.00 até 7009.92.00 Abravidro
9
Termômetro Expectativa de faturamento
72% das empresas esperam manter ou aumentar o faturamento em 2017
As expectativas dos transformadores de vidro plano para 2017 melhoraram: boa parte deles preveem aumento de faturamento
56% 28%
23%
25%
IGUAL
QUEDA
47% 22%
AUMENTO 2016
Número de funcionários
30% das empresas pretendem diminuir o quadro de funcionários, número menor do que em 2016
A intenção de se manter inalterado o quadro de funcionários ao longo de 2017, apesar da expectativa de aumento de faturamento, impõe ganhos de eficiência e produtividade às empresas
56%
49%
30%
22%
23%
QUEDA
IGUAL
21%
AUMENTO 2016
10
2017
2017
Panorama Abravidro 2017
Intenção de investimentos
Pouquíssimas empresas pretendem fazer grandes investimentos em 2017: 3%
Mais de 90% das empresas não pretendem investir ou farão poucos investimentos em 2017, reflexo do baixo nível de atividade apresentado nos últimos anos
56%
59% 38%
23%
22% 3%
POUCOS
NÃO HAVERÁ
GRANDES 2016
2017
Grau de endividamento
44%
A situação de endividamento Significativo, das empresas era mas sob controle bastante satisfatória no início de 2017. A maioria tinha endividamento baixo, inexistente ou controlável. Porém, 19% delas consideram Alto e seus endividamentos preocupante preocupantes ou elevados
37%
Baixo ou inexistente
14%
e ameaça a 5% Alto sobrevivência da empresa
81% das
empresas estão com dívidas baixas ou controláveis
Realização Comercial Casa das Caldeiras Avenida Francisco Matarazzo, 1752, sala 615 Água Branca, São Paulo - SP, 05001-200 www.abravidro.org.br | (11) 3873-9908
Apoio
Suplemento especial da revista O Vidroplano no 533, maio de 2017 | Produção gráfica e editorial: Verbus Comunicação Editorial
Abravidro
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Panorama Abravidro 2017