U M A
ECOVILA NAS “TERRAS DE NGOLA”,
Um modelo de arquitectura sustentável para países em desenvolvimento.
ECOVILA NAS “TERRAS DE NGOLA
Fruto de décadas de guerras o seu interior encontra-se desabitado e os grandes centros urbanos congestionados, vivendo em condições bastante precárias principalmente na capital Luanda.
Um modelo de arquitectura sustentável para países em desenvolvimento
Actualmente, Angola é um país com elevadas taxas de crescimento, permitindo um desenvolvimento sustentado que beneficie o modus - vivendi da sua população.
E C O V I L A N A S T E R R A S D E N G O L A
Este trabalho debruça-se no estudo da viabilidade do repopulacionamento do interior, através dum programa auto sustentável e interdisciplinar de habitação, educação e economicamente autónomo. Foi objectivo respeitar a cultura local, concebendo espaços de baixo custo, com a utilização de materiais locais ou outros, reciclados.
K A T I L A
Tal permitirá um desenvolvimento humano em harmonia com a natureza.
katila.vilar@gmail.com 00351-931613283 00351-213479153
Katila Godinho Vilar
Katila Vilar
G O D I N H O V I L A R
2007/2008
Katila Godinho Vilar
Escola Superior de Design
ECOVILA NAS “TERRAS DE NGOLA”, um modelo de arquitectura sustentavel para paises em desenvolvimento Projecto apresentado à Escola Superior de Design do IADE para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Design e Cultura Visual, ramo de especialização em Design de Produção de Ambientes, realizada sob a orientação científica do Doutor Professor Arquitecto Valter Cardim do Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing – IADE.
I
Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
Dedico este trabalho aos meus pais e ao Fiel. A todos os povos do mundo que procuram uma vida melhor, sem nunca esquecerem as suas raízes.
II
“Regressar a uma escala mais humana não significará um retorno ao passado, mas exigirá, pelo contrário, o desenvolvimento de novas e engenhosas formas de tecnologia e organização social.” Frijtof Capra, O ponto de mutação, 1992: 389
Ecovila nas “Terras de NGOLA” I katila.vilar@gmail.com
O Júri: Presidente:
Presidente: Doutor António Manuel Nunes Pereira, Professor Associado da Escola Superior de Design do IADE
Vogais:
Arguente: Designer José Andrade Vicente, investigador da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, especialista em design sustentável
III
Arguente: Doutor Denis Alves Coelho, Professor Auxiliar da Universidade da Beira Interior
Orientador:
Orientador: Doutor Arquitecto Valter Carlos Cardim, professor associado da Escola Superior de Design do IADE
Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
Agradecimentos:
Aos meus pais, pelo apoio sempre presente e por me ensinarem valores éticos de justiça, verdade e solidariedade. Ao meu orientador e supervisor, Doutor Professor Valter Cardim, pela disponibilidade, entusiasmo e conhecimento que me transmitiu ao longo do trabalho. Aos meus professores de mestrado, António Nunes Pereira, João Santa Rita, Vasco Milne, Emília Duarte, Sandra Saldanha, José Nobre, Eduardo Gonçalves e Carlos Barbosa que, no decorrer do ano, partilharam com a turma os seus conhecimentos. Aos meus amigos, pelo companheirismo, incentivo, irreverência e troca de experiências. Aos meus colegas de turma, em especial a António Diogo e Raquel. À Cristina Pata pela sua colaboração na composição gráfica. Um grande bem-haja.
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IV
Palavras-chave:
Arquitectura para o desenvolvimento, bioarquitectura, design para a sustentabilidade, permacultura, Angola.
Resumo:
Actualmente, Angola é um país com elevadas taxas de crescimento, permitindo um desenvolvimento sustentado que beneficie o modus vivendi da sua população. Fruto de décadas de guerras o seu interior encontra-se desabitado e os grandes centros urbanos congestionados, vivendo em condições bastante precárias principalmente na capital Luanda.
V
Este trabalho debruça-se no estudo da viabilidade do repopulacionamento do interior, através dum programa auto sustentável e interdisciplinar de habitação, educação e economicamente autónomo. Foi objectivo respeitar a cultura local, concebendo espaços de baixo custo, com a utilização de materiais locais ou outros, reciclados. Tal permitirá um desenvolvimento humano em harmonia com a natureza.
Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
Keywords:
Architecture for Humanity, bioarchitecture, design for sustainability, permaculture, Angola.
Abstract:
Angola is presently a country with a very high growth rate which allows for a sustained development which can benefit its population’s modus Vivendi. As a result of decades of war, the interior of the country is deserted and the urban centres are overpopulated offering only the worst kind of living conditions. This project takes on the study of the viability of the re-population of this interior land, via an autonomous self sustainable interdisciplinary habitational, educational and economic programme. Local culture was objectively respected, so for this reason, low cost housing built with local and other materials as well as local recycled materials was conceived. This will allow for human development in harmony with nature.
Ecovila nas “Terras de NGOLA� I katila.vilar@gmail.com
VI
ĺndice
Indice
Agradecimentos
I-V
Resumo/Abstract
VI
ĺndice
VII - X
Lista de figuras Lista de quadros
XI - XVII XVIII- XIX
I – Introdução
VII
1.1 Título do projecto: definição das palavras-chave
p.4
1.2 Justificação do objecto de estudo
p.5
1.2.1 Contexto onde se insere o projecto 1.2.2 A ecovila no âmbito de um projecto de design de ambientes
p.5 p.6
1.3 Limite do estudo
p.6
1.4 Organização da tese-projecto
p.7
Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
ĺndice
ĺndice
II – Contextualização Capítulo 1 – A arquitectura vernacular
p.12
1.1 Características da arquitectura vernacular
p.12
1.2 A arquitectura vernacular em África
p.14
1.2.1 Habitat Dogon – Mali 1.2.2 Habitat Nankana – Ghana 1.2.3 Habitat Masaï – Kénia 1.2.4 Conclusões
p.14 p.16 p.18 p.21
Capítulo 2 – Ecovilas
p.22
2.1 Visão global
p.22
2.2 Aspecto social
p.23
2.3 Aspecto económico
p.23
2.4 Aspecto ecológico
p.24
2.5 Ecovilas Internacionais – análise de casos de estudo
p.26
2.5.1 Tâmera – Portugal 2.5.2 Mbam e Faoune – Senegal 2.5.3 Thlolego – África do Sul 2.5.4 Auroville – Índia 2.5.5 Ecocentro IPEC – Brasil 2.5.6 Conclusões
p.26 p.29 p.32 p.36 p.40 p.48
Capítulo 3 – Tecnologias sustentáveis
p.49
3.1 Ecomateriais
p49
3.2 Tecnologias alternativas
p.52
3.2.1 Energias renováveis 3.2.2 Água e saneamento 3.2.3 Tecnologias para a alimentação
p.52 p.55 p.57
3.3 Conclusões
p.59
Ecovila nas “Terras de NGOLA” I katila.vilar@gmail.com
VIII
ĺndice
ĺndice
III – Projecto Capítulo 1 – Geografia física e humana
p.65
1.1 Geografia física: província de Malange
p.65
1.1.1 A origem do termo Ngola 1.1.2 Morfologia do terreno e clima 1.1.3 Flora e fauna
p.65 p.66 p.72
1.2 Geografia humana: Caracterização do Público-Alvo
p.73
1.2.1 Tradições e religião 1.2.2 Economia de subsistência 1.2.3 Tecnologias 1.2.4 Organização espacial da habitação e mobiliário 1.2.5 Actualização contextual do problema habitacional da sociedade angolana: - os musseques 1.2.6 Conclusões
p.73 p.75 p.76 p.78 p.81
Capítulo 2 – Objectivos do Projecto – propósito
p.83
Capítulo 3 – Metodologias
p.86
3.1 Design para a Sustentabilidade
p.86
3.1.1 Princípio do Urbanismo Inteligente (PIU) 3.1.2 Permacultura
p.87 p.88
3.2 Ergonomia e Design Universal
p.92
3.3 Conclusões
p.92
Capítulo 4 – Desenvolvimento do projecto
p.94
4.1 Ficha de Identificação do projecto “Uma ecovila nas Terras de Ngola”
p.94
4.1.1 Caracterização sistemático do Público-alvo 4.1.2 Caracterização das diversas áreas 4.1.3 Materiais 4.1.4 Energias Alternativas 4.1.5 Conceito de abordagem
p.94 p.96 p.105 p.105 p.107
4.2 Ante-projecto
p.110
4.3 Projecto de execução 4.4 Memória Descritiva e Conclusões Finais
p.113
4.4.1 Melhoria de Eco design 4.4.2 Melhoria para a sustentabilidade 4.4.3 Implementação no terreno
p.115 p.115 p.116
p.82
IX
p.114
Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
ĺndice
ĺndice
IV Anexos
Bibliografia Infografia Anexos
p.117 p.119 p.124
X
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Lista de figuras
Lista de figuras
Figura 1 - p.13 Matriz Vernácula- Papanek 1995
Figura 5 - p.17 Desenho representativo da casa Nankana, Ghana (Bourdier, Trinh:2005)
Figura 10- p.20 Crianças Masaï (http://www.flickr.com/)
Figura a - p.14 Mapa de localização, Mali
Figura c - p.18 Mapa de localização da região Masaï, Quénia
Figura d - p.26 Mapa de localização de Tamera, Portugal
Mali Quenia Tamera
Figura 2 - p.14 Região Dogon, Mali (Bourdier, Trinh:2005)
Figura 6 - p.18 População Masaï (http://www.flickr.com/)
Figura 11 - p.26 Vista geral sobre Tamera (http://www.tamera.org/)
XI Figura 3 - p.15 Desenho representativo da casa Dogon, Mali (Bourdier, Trinh:2005)
Figura 7- p.19 Planta da casa Masaï (Oliver:2003)
Figura 12 - p.27 Tamera biótopo de cura (http://www.tamera.org/)
Figura b - p.16 Mapa de localização, Ghana
Figura 8 - p.20 Casa Masaï (http://www.flickr.com/)
Figura 13 - p.27 Complexo de casas, tipologia casa alentejana (http://www.tamera.org/)
Figura 9 - p.20 População Masaï junto de habitação (http://www.flickr.com/)
Figura 14 - p.27 Interior de casa, construção em superadobe (http://www.tamera.org/)
Gharna
Figura 4 - p.16 Região Nankana, Ghana (Bourdier, Trinh:2005)
Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
Lista de figuras
Figura 15 - p.27 Painéis solares e fogão solar (http://www.tamera.org/)
Figura e - p.29 Mapa de localização de Mbam e Faoune, Senegal
Figura 20 - p.30 Mangais (http://www.gensenegal.org/Colufifa.htm)
Figura 25 - p.34 Vista de habitação (http://www.sustainable-futures.com/)
Figura f - p.32 Mapa de localização de Thlolego, África do Sul
Figura g - p.36 Mapa de localização de Auroville, Índia
Senegal
Auroville
Thlolego
Figura 16 - p.29 População na aldeia (http://www.gensenegal.org/Colufifa.htm)
Figura 21 - p.32 Figura 26 - p.36 Desenho de complexo habitacional Matrimandir (http://www.sustainable-futures. (http://www.flickr.com/) com/)
Figura 17- p.30 População (http://www.flickr.com/)
Figura 22 - p.33 Desenho de complexo habitacional Figura 27 - p.37 Mapa da cidade de Auroville (http://www.sustainable-futures. (http://www.auroville.org/) com/)
Figura 18 - p.30 Mulher a tecelar (http://www.gensenegal.org/Colufifa.htm)
Figura 19 - p.30 Fogão solar (http://www.gensenegal.org/Colufifa.htm)
Figura 23 - p.34 Casa construída em adobe (http://www.sustainable-futures. com/)
Figura 24 - p.34 Trabalhadores a construírem taipal (http://www.sustainable-futures. com/)
Figura 28 - p.38 Biblioteca (http://www.flickr.com/)
Figura 29 - p.38 Guest house (http://www.flickr.com/)
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XII
Lista de figuras
Figura 30 - p.38 Jardim da árvore da meditação (http://www.flickr.com/)
Figura 35 - p.41 Formação em construção em superadobe (http://www.ecocentro.org/)
Figura 40 - p.67 Mapa de localização do projecto, Pungo Andongo e sua envolvente, Satélite (http://maps.google.com/)
Figura h - p.40 Mapa de localização do Ecocentro IPEC, Brasil
Figura 36 - p.50 Uso da terra como material de construção no mundo (http://terre.grenoble.archi.fr/accueil.php)
Figura 41 - p.68 Estrada a caminho do Pungo Andongo (http://www.flickr.com/)
Brasil
Figura 31 - p.40 Arte em Mosaicos (http://www.ecocentro.org/)
Figura 32 - p.40 Natureza (http://www.ecocentro.org/)
Figura 37 - 59 sistema funcional ECOCASA
Figura 42 - p.68 Rio Lucala (foto de Arnaldo Gonçalves)
Figura i - p.64 Mapa de localização do projecto, Angola
Figura 43 - p.68 Escala entre o homem e as Pedras do Pungo Andongo (foto de Arnaldo Gonçalves)
XIII
Angola
Figura 33 - p.41 Figura 38 - p.65 Fotografia da área do IPEC tirada em Mapa do antigo reino do Congo 1999 (http://introestudohistangola. (http://www.ecocentro.org/) blogspot.com/)
Figura 39 - p.66 Figura 34 - p.41 Mapa de localização do projecto, Fotografia da área do IPEC tirada em Pungo Andongo e sua envolvente, 2004 Terreno (http://www.ecocentro.org/) (http://maps.google.com/)
Figura 44 - p.69 Pungo Andongo (foto de Arnaldo Gonçalves)
Figura 45 - p.69 Estrada a caminho do Pungo Andongo (http://www.flickr.com/)
Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
Lista de figuras
Figura 46 - p.70 Pungo Andongo (http://www.flickr.com/)
Figura i - p.73 Mulher Malangina (http://www.flickr.com/)
Figura 55 - p.75 Peixeiras no mercado (http://www.flickr.com/)
Figura 47 - p.71 Natureza em Angola (http://www.flickr.com/)
Figura j - p.73 Homen Malangino (http://www.flickr.com/)
Figura 56 - p.75 Vendedoras de farinha de mandioca no mercado (http://www.flickr.com/)
Figura 48 - p.71 Natureza em Angola (http://www.flickr.com/)
Figura k - p.73 Jovem Malangina (http://www.flickr.com/)
Figura 57 - p.76 Cestaria (foto de Isabel Godinho)
Figura 49 - p.72 Quedas de água de Kalandula (http://www.flickr.com/)
Figura 52 - p.74 Máscara de feiticeiro (foto de Isabel Godinho)
Figura 58 - p.76 Cerâmica (foto de Isabel Godinho)
Figura 50 - p.72 Rosa de porcelana (http://www.flickr.com/)
Figura 51 - p.72 Palanca negra de Angola (http://www.flickr.com/)
XIV
Figura 53 - p.74 Marimba (Oliveira: 1991)
Figura 59 - p.77 Chapéu ambundo tecido em ráfia (Oliveira: 1991)
Figura 54 - p.75 Mulheres a prepararem farinha de mandioca (http://www.flickr.com/)
Figura 60 - p.77 Tecido tradicional feito em ráfia (foto de Isabel Godinho)
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Lista de figuras
Figura 61 - p.77 Tecido africano wax, batik (http://www.flickr.com/)
Figura 67- p.79 Habitação tradicional rural (http://www.flickr.com/)
Figura 73 - p.849 Princípios éticos da permacultura (http://sintropia.org/)
Figura 62 - p.78 Rapariga na cubata (http://www.flickr.com/)
Figura 68 - p.79 Aldeia (http://www.flickr.com/)
Figura 74 - p.90 Classificação das zonas na metodologia permacultural (Morrow: 2006)
Figura 63 - p.78 Velha à janela (http://www.flickr.com/)
Figura 69 - p.81 Musseque em Luanda (foto de Isabel Godinho)
Figura 75 - p.90 Classificação de Plantas e Árvores (http://myurbangardener.com)
Figura 64 - p.79 Cubata rural (http://www.flickr.com/)
Figura 70 - p.81 Vista de musseque (http://www.flickr.com/)
Figura 76 - p.93 Organigrama da metodologia
XV
Figura 65 - p.79 Velho à frente de cubata (foto de Isabel Godinho)
Figura 66- p.79 Rapariga em frente de cubata (http://www.flickr.com/)
Figura 71 - p.84 Análise do sistema
Figura 77 - p.94 Caracterização geral do público-alvo
Figura 72 - p.86 Campos do design para a sustentabilidade (DpS) (Birkeland: 2007)
Figura 78 - p.95 Caracterização geral da população em geral
Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
Lista de figuras
Figura 79 - p.95 Caracterização geral de formadores, administrativos e auxiliares
Figura 85 - p.99 Figura 91 - p.102 Caracterização da zona tecnológica Caracterização da zona de serviços e artesanal
Figura 80 - p.96 Caracterização geral de visitantes externos, turistas
Figura 86 - p.99 Figura 92 - p.102 Caracterização da zona tecnológica Caracterização da zona de serviços e artesanal
Figura 81 - p.97 Caracterização da zona residencial
Figura 87 - p.100 Caracterização da zona educativa
Figura 82 - p.97 Caracterização da zona residencial
Figura 88 - p.100 Caracterização da zona educativa
Figura 93 p.103 Caracterização da zona agrícola e verde
Figura 94 p .103 Caracterização da zona agrícola e verde
XVI
Figura 83 - p.98 Caracterização da zona social
Figura 89 - p.101 Caracterização da zona de ecoturismo
Figura 84 - p.98 Caracterização da zona social
Figura 90 - p.101 Caracterização da zona de ecoturismo
Figura 95 - p.107 Fractal (http://www.flickr.com/)
Figura 96 - p.107 A Terra vista do céu (http://www.yannarthusbertrand 2.org/)
Ecovila nas “Terras de NGOLA” I katila.vilar@gmail.com
Lista de figuras
Figura 97 - p.107 Crop circle (http://www.flickr.com/)
Figura 102 - p.108 Fibonacci (http://www.flickr.com/)
Figura 108 - p.138 Tratamento de águas residuais (Innovatur y el Ceder Aitana: 2000)
Figura 98 - p.107 Girassol (http://www.flickr.com/)
Figura 103 - p.108 Cânone de Leonardo da Vinci (http://www.flickr.com/)
Figura 109 - p.139 Sistema de Captação da Água da Chuva (IPEC)
Figura 99 - p.108 Brócolo (http://www.flickr.com/)
Figura 104 - p.134 A casa saudável (Innovatur y el Ceder Aitana: 2000)
Figura 100 - p.108 Secção aúrea (http://www.flickr.com/)
Figura 105 - p.135 Tratamento de águas residuais (Innovatur y el Ceder Aitana: 2000)
XVII
Figura 100 - p.108 Modulor de Le Corbusier (http://www.flickr.com/)
Figura 106 - p.136 Tratamento de águas residuais (Innovatur y el Ceder Aitana: 2000)
Figura 101 - p.108 Mandala tibetana (http://www.flickr.com/)
Figura 107 - p.137 Tratamento de águas residuais (Innovatur y el Ceder Aitana: 2000)
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Lista de quadros
Lista de quadros
Quadro 1 - p.28 Análise SWOT, Tamera Biotópo de cura, Portugal
Quadro 6 - p.47 Análise SWOT, Ecocentro IPEC, Brasil
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) Pontos Fracos (Weaknesses) Centro de pesquisa para a paz, Pouca planificação urbanística, vertente humanitária e curativa, comunidade fechada, lingua pesquisas científicas para o uso de estrangeira na maioria. tecnologia solar, centros de formação alternativa, alimentação vegan, permacultura, centro de cura, acções de voluntariado em países com problemas. Oportunidades (Opportunities) Ameaças (Threnghts) Abrirem se mais para o exterior , mais Falta de credibilidade por parte de diálogo político, design. governos, desconfiança em comunidades fechadas.
Quadro 2 - p.31 Análise SWOT, Mbam e Faoune, Senegal
Quadro 11 - p.57/58 Tecnologias para a alimentação
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) Pontos Fracos (Weaknesses) Permacultura, Educação para a Planeamento confuso mas com Sustentabilidade, Construções com lógica. materiais naturais, Parcerias com GEN e outros organismos. Oportunidades (Opportunities) Parceiras, Internacionalização, Novos projectos ligados à sustentabilidade.
Ameaças (Threnghts) Por vezes talvez dificuldades de recursos, e não facilidade do governo brasileiro.
Quadro 7 - p.48 Visão global da ECOVILA
Quadro 12 - p.80 Análise SWOT, habitação rural na província de Malange, Angola
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) As diversas actividades que desempenham para empowerment da população, parcerias, colaboração com a GEN, apoio do governo senegalês.
Pontos Fracos (Weaknesses) Deveriam dar mais enfâse à questão da habitação precária.
Análise SWOT
Oportunidades (Opportunities) Ameaças (Threnghts) Mais parcerias, mais empowerment Instabilidade dos governos africanos, em diferentes áreas: educação, saúde, dificuldades de recursos. agricultura, habitação.
Quadro 8 - p.51 Quadro 3 - p.35 Análise SWOT, Tholego, África do Sul Ecomateriais Análise SWOT
Oportunidades (Opportunities) Mais agricultura, mais habitação, estabilidade social, criação de ostos de saúde, escolas para as crianças.
Ameaças (Threnghts) População com receio de voltar aos seus locais de origem, falta de apoio do estado e dos governos provínciais, marcas da guerra.
XVIII Análise SWOT
Ameaças (Threnghts) Instabilidade dos governos africanos, dificuldades de recursos
Quadro 4 - p.39 Análise SWOT, Auroville, India
Pontos Fracos (Weaknesses) Poucas condições: falta de saúde, educação, recursos, agriculturas pobres.
Quadro 13 - p.82 Análise SWOT, musseques de Luanda, Angola
Pontos Fortes (Strenghts) Pontos Fracos (Weaknesses) As diversas actividades que Planeamento confuso. desempenham para empowerment da população, proteção do ambiente, ecoturismo, projecto de vida de uma pessoa a favor da população desfavorecida, uso de materiais locais e de baixo custo, tecnologias apropriadas. Oportunidades (Opportunities) Parcerias, novos projectos, modelo para outras vilas rurais na África do Sul e na África Austral
Pontos Fortes (Strenghts) Zonas rurais, contacto com a natureza, vida mais calma.
Quadro 9 - p.54 Energias renováveis
Pontos Fortes (Strenghts) População alegre apesar das dificuldades
Pontos Fracos (Weaknesses) habitação precária, desemprego, marginalidade, falta de saneamento básico, doenças, falta de energia
Oportunidades (Opportunities) População em paz, vontade de um país novo. Criação de infraestruturas básicas, saúde, educação.
Ameaças (Threnghts) Pouca ajuda por parte do governo em criar soluções viáveis e adequadas para a habitação, ócio da população
Quadro 14 - p.85 Análise SWOT, projecto Ecovila nas Terras de Ngola
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) Modelo urbanístico viável, zonas verdes, cidade universal não importa a nacionalidade, visão espiritual, cidade sustentável.
Pontos Fracos (Weaknesses) Caso demasiada visão religiosa, também poderá a vir a ser um ponto fraco e um constrangimento.
Oportunidades (Opportunities) Modelo de cidade universal a ser implantado pelo o mundo.
Ameaças (Threnghts) Visão religiosa pode ser um constrangimento.
Quadro 5 - p.42/46 Análise dos diferentes espaços do Ecocentro IPEC (http://www.ecocentro.org/)
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) Retorno de comunidades ao mundo rural de forma sustentável, empowerment e educação da população, acções de restauro e preservação da natureza, design ecológico e sustentável, Oportunidades (Opportunities) População em paz, vontade de um país novo. Criação de infraestruturas básicas, saúde, educação.
Quadro 10 - p.55/56 Água e Saneamento
Pontos Fracos (Weaknesses) Acessos, local remoto,
Ameaças (Threnghts) Pouca ajuda por parte do governo em criar soluções viáveis e adequadas para a habitação, ócio da população
Quadro 15 - p.91 Classificação das zonas de permacultura
PERMACULTURA - Zonas Zona 00
A casa, ou o centro do sistema. Arquitectura sustentável e bióclimática e todos os factores que tais conceitos implicam.
Zona 01
Área mais perto de casa, visitada diariamente, onde se coloca os elementos que necessitam cuidado diário: a horta, as ervas culinárias, alguns animais de pequeno porte e árvores frutíferas de uso freqüente.
Zona 02
Um pouco mais distante que a zona 01; aqui encontram-se os elementos que necessitam de ser manejados, mas não com tanta frequência como na zona 01. Árvores frutiferas de pequeno porte, galinhas, tanques pequenos de aquïcultura, e pequenos animais. Oferece protecção à zona 01.
Zona 03
Florestas de alimentos, animais de grande porte, pastagens… Onde se pode incluir culturas agricolas para fins comerciais
Zona 04
Zona semi selvagem, preservação do ecossistema selvagem, reflorestação
Zona 05
Zona selvagem sem intervenção humana. Onde os ecossistemas da natureza vivem naturalmente.
Zona 06
Esta zona encontra-se presente em todas as restantes. Constitui todos os micro-organismos presentes na terra, por exemplo fungos…
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Lista de quadros
Quadro 16 - p.115 Opções de melhoria do Ecodesign Opções de melhoria de Ecodesign Aspectos do Ecodesign Materiais:
Técnologias de construção:
Opções de Melhoria Utilização de materiais naturais de baixo impacte ambiental. Utilização de materiais reciclados, de baixo custo económico. Reutilização de materiais: pneus, mosaicos, garrafas Tecnologias simples que podem envolver as comunidades na sua construção. Uso de
Redução do impacte no decorrer da utilização:
Ciclo de vida dos materiais:
Desenvolvimento de novos conceitos:
tecnologias de baixo custo e sustentáveis. Energia proveniente da água, uso de fogões solares, captação de água das chuvas em tanques e ferrocimento. Utilização de equipamentos de baixo consumo energético. Materiais com um ciclo de vida não muito longo, em que deverá existir m cuidado por parte da população em manter e cuidar das suas construções. Um retorno às origens, desenvolvendo tecnologias modernas sustentáveis.
Quadro 17 - p.115 Opções de melhoria para o Design para a Sustentabilidade Opções de melhoria para o Design para a Sustentabilidade Aspectos do DpS Aspectos socias:
Opções de Melhoria Satisfazer as necessidades de populações carênciadas. (Empowerment, ajuda humanitária) Educação, alfabetização, cursos tecnológicos Criação de postos de trabalho
Aspectos culturais:
Introdução de tecnologias renováveis:
Desenvolvimento de novos conceitos:
Aspectos do Design Inclusivo mobilidade/acessibilidade: Aspectos económicos:
Projecto em acordo com os valores culturais dos povos da região, materiais locais, e naturais. Energia renovável, sistema de captação de água proveniente das chuvas. Utilização de equipamentos de baixo consumo energético. Um retorno às origens, desenvolvendo tecnologias modernas sustentáveis. Vida em comunidade, decisões tidas em consenso da comunidade. Mobilidade no interior da ecovila a pé ou em bicicleta. Fácil acesso de todos. Projecto social de baixo custo.
Quadro 18 - p.132/133 Checklist para o Design humano ecológico (Birkeland: 2007)
XIX
Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
1
I – Introdução
2
3
I – Introdução
1.1 Título do projecto: definição das palavras-chave O projecto aqui apresentado no âmbito do Mestrado em Cultura Visual, na área de especialização de Design de Ambientes, intitula-se “Uma ecovila nas Terras de Ngola _ modelo de arquitectura sustentável para países em desenvolvimento.” O estudo deste trabalho consiste em:
Investigar sobre possíveis habitats sustentáveis para populações de baixo extracto social, afim destes se regenerarem dos seus problemas habitacionais, sociais e económicos. A ecovila sendo um complexo habitacional integrado poderá promover o retorno de populações deslocadas e refugiadas aos seus locais de origem, sem que estas tenham receio de falta de sustento económico.
O título da tese – projecto pode ser dividido em quatro partes: O conceito “ecovila” é o objecto desta investigação a desenvolver. A ecovila será uma pequena aldeia sustentável a ser entendida como um microcosmos de uma sociedade. Terá as funções normais da vivência do ser humano, ou seja, habitar, alimentar-se, ocupar-se, distrairse, ter vida social e económica. Todas estas actividades estarão presentes de forma equilibrada.
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Uma vez que a localização do projecto é em Angola, na província de Malange, mais concretamente cerca das pedras de Pungo Andongo, escolhe-se como titulo “Uma ecovila nas Terras de Ngola”. Entende-se por Ngola a raiz da palavra “Angola”, que por sua vez deriva do kimbundu (dialecto angolano) “Ngolo”, que significa força. A arquitectura sustentável consiste em projectar um edifício tendo em conta a sua envolvente climatérica e as características ambientais do local onde se insere. Por outro lado, pretende optimizar o conforto ambiental existente no interior de uma habitação, usando somente o design e os elementos arquitectónicos disponíveis. Para criar um projecto de arquitectura sustentável, é necessário ao projectista integrar diversos campos do saber, uma vez que cada projecto é único para cada situação, devendo considerar, não só os aspectos ambientais, mas também, culturais e socioeconómicos. É importante ainda complementar a arquitectura criada com recursos energéticos renováveis, afim de minimizar o consumo energético. O termo “modelo” de arquitectura sustentável refere-se à possibilidade da ecovila como um todo, ser considerada como sustentável. É certo que existem outros factores que influenciam o design de ecovilas noutros lugares, no entanto, veremos mais adiante que o modelo de ecovila é uma abordagem para a sustentabilidade. O conceito de “países em desenvolvimento” emerge do termo usado à uns anos de “países de Terceiro Mundo”. Trata-se, na maioria das vezes, de países com grandes recursos, mas com pouco desenvolvimento industrial e humano. Geralmente nestes países, existem graves problemas estruturais, sociais, económicos e habitacionais. Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
I – Introdução
1.2 Justificação do objecto de estudo 1.2.1 Contexto onde se insere o projecto Em África as convulsões sociais, provocadas pelas secas e as diversas guerras civis entre outros factores, empurram as populações do seu habitat para a periferia das zonas urbanas, deixando para trás os seus modos tradicionais de sobrevivência económica, social e habitacional. Chegam às grandes cidades desprovidos de tudo, sem qualquer recurso económico para a situação imediata. Com a urgência que a situação destes povos requer, e com a quantidade de pessoas a invadirem as cidades, os governos vão permitindo o avanço de construções clandestinas e precárias, os musseques. Estes crescem como colmeias em terrenos desestruturados, onde não foram planificados arruamentos, sem redes eléctricas e sem saneamento básico. As famílias recorrem a todos os tipos de materiais básicos, desde blocos de cimento, a chapas metálicas, para aí se abrigarem em muitos casos, definitivamente. Estes “abrigos” encostados uns aos outros e uns, frente a um passo do outro, fazem com que as populações aqui sobrevivam sem o seu quintal aonde as crianças brincavam e os animais cresciam. Agora, adultos e crianças largam cedo os musseques e invadem as cidades à procura de sobreviver de qualquer forma. São em tal número que as cidades não os absorvem. Não existem empregos para todos, escolas, e centros de saúde suficientes. Muitos dedicam-se a formas de marginalidade, transformando a suas zonas habitacionais num antro anti-social e com influência negativa para as gerações futuras.
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Angola, não foge a este cenário. Finalmente em 2002, o país alcançou a paz, após uma guerra civil de 30 anos. Sendo um país com grandes recursos naturais em meia dúzia de anos, assiste-se a um índice de desenvolvimento dos maiores do mundo. A comunidade internacional aposta no seu investimento para daí obter os seus lucros. Não propriamente para resolverem o problema habitacional, social, económico e cultural desses povos refugiados. Estes não constituem o retorno do seu investimento. Tendo nascido e crescido naquela Angola em guerra, actualmente visitando regularmente este país, apercebi-me no terreno que é possível ajudar a criar condições para os mais desfavorecidos. Tendo estudado as suas raízes e a sua história, com poucos meios económicos é viável levar as populações de volta às suas terras aonde podem viver mais dignamente produzindo para o seu autosustento com espaço comum para o seu desenvolvimento cultural.
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I – Introdução
1.2.2 A ecovila no âmbito de um projecto de Design de Ambientes A escolha deste ambicioso projecto no âmbito do Design de Ambientes deve-se ao facto de acreditar que o papel do projectista em geral seja ele designer, arquitecto ou urbanista, deverá ter uma componente ética e responsável perante a sociedade e o meio ambiente. O design sendo o campo transdisciplinar, que abrange diversas áreas, desde a cultura visual à arquitectura, tem a capacidade e a abertura de poder interagir em diversos campos do saber, onde a interacção dos mesmos deverá propor soluções de design, em que o essencial será promover um bem-estar sustentável às pessoas. Segundo Manzini1 , para tal é preciso: 1- Existir uma consistência nos princípios éticos em relação à população e à sociedade nomeadamente, no que diz respeito à justiça perante as comunidades e as gerações futuras, bem como na relação com a natureza, e conservação da biodiversidade. 2- Relacionar o design a questões económicas como por exemplo, fazer uma justa distribuição de bem-estar afim de promover o envolvimento individual e colectivo da comunidade, reforçando a democracia e a criação de comunidades criativas. 3- Que em cada proposta apresentada, o designer tente ter em mente minimizar o consumo energético, promovendo a eco eficiência. (Brezet, Hemel, 1997), além de ser um possível agente na regeneração de propostas dentro do mesmo contexto. Perante estes factores, e segundo Manzini, o design poderá ser um catalisador de mudanças de pensamento, capacitando as pessoas a viverem como querem mas, de forma sustentável, mostrando assim que um novo mundo é possível. Mediante a análise do Design e do papel do designer na sociedade, visto como um impulsionador de uma reforma emergente, é que se insere o projecto de uma ecovila como modelo-tipo de empowerment de uma comunidade de baixo extracto social. Este trabalho pode ser tratado em diversas áreas tais como no ramo da arquitectura e do urbanismo, ou mesmo no design de sistemas2 e de ambientes. A ecovila, vista como um assentamento humano, funcionalmente completo, onde as funções da vida quotidiana, como por exemplo a moradia, a alimentação, a manufactura, o lazer, a vida social e o comércio, funciona como um sistema equilibrado e comunicante entre si. Abrange o conceito mais vasto dos Ambientes visto agora, como a criação de um espaço saudável para a comunidade poder crescer.
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1.3 Limite de Estudo
Sendo o trabalho proposto vasto e o tempo para o elaborar com qualidade curto, optou-se por, nos estudos preliminares e no ante projecto, desenvolver a concepção da ecovila. Esta requer o estudo de vários pólos contendo vários espaços para diversas funções e actividades. É necessário compreender como estes funcionam e quais as suas inter-relações. Por fim, o projecto de execução concentra-se, unicamente, no desenvolvimento de uma área específica.
Manzini blog. http://www.sustainable-everyday.net/manzini/ Systems Design: Processo de definir e desenvolver um consenso para os diversos componentes de um sistema. Conceber mapas de inter relações e inter conectividade entre as diferentes zonas e espaços de forma a conceber um planeamento adequado, estruturado e com lógica. Infopédia: http://en.wikipedia.org/wiki/System_design 1 2
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I – Introdução
1.4 Organização da Tese-Projecto
O trabalho é ambicioso tratando de diversas problemáticas relacionadas com o design, a arquitectura, o paisagismo, a antropologia e a sociologia, estruturando-se da seguinte forma: - Secção 1, a introdução, explica ao leitor o porquê da escolha. É necessário enquadrar o projecto na sua vertente histórica e social, bem como justificá-lo no âmbito do Design de Ambientes. - Secção 2, optou-se pela sua contextualização. O conceito de ecovila é de carácter holístico e engloba diversas áreas. Procurou-se fazer uma pequena retrospectiva da arquitectura vernacular, sobre o conceito das ecovilas em si e ainda sobre tecnologias verdes e sustentáveis. - Secção 3, começa-se a tratar do projecto. Ou seja, importa analisar o nosso utilizador e apresentar-se um breve estudo da antropologia cultural da população angolana, suas tradições, modos de vivência e contextualização actual.
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Os objectivos apresentam o trabalho de projecto, e quais as metodologias que serão abordadas. No seu desenvolvimento, procura-se sistematizar a informação relevante, a caracterização dos utilizadores tipos, bem como a caracterização das diversas áreas, materiais e energias alternativas a serem usados. O conceito de intervenção indica qual a nossa fonte de inspiração e as linhas condutoras de toda a concepção do desenho. O ante projecto ilustra o design da ecovila, as diferentes áreas, os sistemas e relações entre os mesmos, o planeamento urbanístico e paisagístico, e o design das diversas estruturas. Como já mencionado, o projecto de execução trata de estudar pormenorizadamente um só elemento da ecovila. Tratando-se de um projecto académico, os projectos de especialidades serão apresentados de forma superficial, obrigando posteriormente, ao recurso a equipas especializadas nas diversas vertentes técnicas designadamente, da engenharia civil, electricidade e redes.
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I – Introdução
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II – Contextualização
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II – Contextualização
Capítulo 1 – A arquitectura vernacular
Interessa falar sobre arquitectura vernácula por diferentes razões. A maioria da população do mundo vive em habitações auto construídas. Esta reflecte regras próprias a cada comunidade e sua cultura, mas todas têm uma componente ética perante o homem, suas tradições e o meio ambiente3. O projecto de mestrado procura desenvolver um trabalho onde a antropologia do espaço, cultural e ecológica próprias à região onde se insere também esteja presente, afim das comunidades se poderem identificar. Veremos mais adiante, como o conceito de ecovila deriva do conceito de arquitectura vernacular.
1.1 Características da arquitectura vernacular O termo “arquitectura vernacular4” designa estruturas edificadas por construtores que não tenham nenhum conhecimento erudito. Consiste na arquitectura mais difundida pelo mundo e assenta em conhecimentos de práticas e técnicas tradicionais. Os materiais empregues são na maioria naturais encontrados no local, o que permite uma boa adaptação ecológica. Esta, uma vez que é auto construída, tem uma grande preocupação pela escala humana e pelas necessidades físicas e ambientais do homem. O processo de construção é de grande importância, por vezes envolvendo toda a família, ou mesmo a comunidade. Uma vez que o objecto edificado é para ser habitado e vivido pelo homem e sua família, estes dão ênfase à ornamentação e ao decorativismo, criando habitações exóticas próprias à diversidade de culturas existentes pelo mundo.(Oliver, 2007:197)
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A arquitectura anónima como também é conhecida, é encontrada pelo mundo e é extremamente diferente de povo para povo. Podemos justificar o seu aparecimento devido a uma série de razões que se complementam entre si. Segundo Papanek, encontramos:
- Uma explicação metodológica: “o método é a combinação de material, ferramenta e processo.” (Papanek, 1995:133)
- Dispersão e convergência: a diversidade da arquitectura vernácula surge devido à dispersão
geográfica e social. Todavia, o fenómeno da convergência também é visível, quando nos indica que nas mesmas características geográficas, podemos encontrar semelhanças nos materiais e nas técnicas de construção usadas. - Explicação sociocultural: as edificações surgem de necessidades sociais e das relações humanas. As casas vão crescendo juntamente com a família e os espaços vão adquirindo funções próprias. Cada cultura tem a sua noção de conforto e também de escala, devido aos seus padrões culturais e sociais. - Cultural: os valores culturais e a explicação sociocultural são de grande importância quando falamos em arquitectura vernácula, uma vez que esta é edificada pela própria população. As crenças religiosas, esotéricas ou mesmo a moralidade, os costumes sexuais e os tabus determinam a tipologia arquitectónica ou urbanista de uma aldeia ou cidade. Meio Ambiente: Pode ser entendido como qualquer elemento externo ou objecto de análise que pode influenciar sua função ou actividade (Neves, 1996:18) 4 Vernacular: termo que deriva do latim vernaculus, que significa “doméstico, nativo, indígena”. Infopédia, http:// en.wikipedia.org/wiki/Vernacular_architecture. 3
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II – Contextualização
Interessa falar sobre arquitectura vernácula por diferentes razões. A maioria da população do mundo vive em habitações auto construídas. Esta reflecte regras próprias a cada comunidade e sua cultura, mas todas têm uma componente ética perante o homem, suas tradições e o meio ambiente3. O projecto de mestrado procura desenvolver um trabalho onde a antropologia do espaço, cultural e ecológica próprias à região onde se insere também esteja presente, afim das comunidades se poderem identificar. Veremos mais adiante, como o conceito de ecovila deriva do conceito de arquitectura vernacular.
Matriz Vernácula Estética formalista ornamental orgânica
Dispersão geográfica social
Condicionantes: estilo uso pretendido local
Método material instrumento processo
Evolução histórica tipológica
Proprietário designer construtor
Contexto do clima sócio-ambiental
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Designer construtor utilizador proprietário Figura 1: Matriz Vernácula
Cultura imagens do espaço colectivo religião - moralidade trabalho e lazer posição social
De qualquer forma, o respeito pela tradição, pelo artificie, pelos materiais ecológicos e técnicas tradicionais fazem com que as construções vernáculas detenham bastante conteúdo didáctico. Arquitectos e designers têm vindo a mostrar interesse neste tipo de construção afim de recolherem mais informação para darem resposta aos novos desafios ecológicos, onde a descoberta para o futuro será aprender com as lições do passado. Nomeadamente no que diz respeito a:
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- Uso de materiais naturais e ecológicos - Tecnologias tradicionais e apropriadas - Arquitectura bioclimática: orientação para os rios e montanhas, direcção do sol, ventos predominantes, bacias hidrográficas. - Questões culturais e sociais.
Citação encontrada no livro: Victor, Papanek. 1995. Arquitectura e Design _ Lx, Ecologia e Ética. Edições 70, pág. 151.
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II – Contextualização
1.2 A arquitectura vernacular em África
A maior parte do continente africano usa a terra crua como meio de construção. As habitações feitas pelos próprios habitantes das aldeias transmitem a cultura que lhes pertence além de que, constroem consoante o clima e as condições ambientais, bem como com os materiais naturais existentes. A tipologia arquitectónica e urbanista obedece às suas tradições e crenças religiosas. Este saber é na maioria transmitido de geração em geração de forma oral, onde homens e mulheres sabem perfeitamente qual o seu papel no processo construtivo. A diversidade de etnias e de arquitecturas vernáculas são imensas por todo o globo. Uma vez que a localização do projecto de mestrado é em Angola, três exemplos em países diferentes no continente africano, ilustram como a casa é vista, no conceito da arquitectura vernacular, principalmente como um projecto de identidade.
1.2.1 Habitat Dogon6 – Mali (Oliver, 2005, Bourdier, 1996)
Mali
14 Figura a: Mapa de localização, Mali
Figura 2: Região Dogon, Mali
O habitat Dogon é reconhecido pelo Património da Humanidade desde 1989. As habitações mais antigas deste povo situam-se junto às falésias de Bandiagara no Mali, que separam a savana do deserto. Estes instalaram-se aqui no séc. XV fugindo de outras regiões de África. As suas construções são feitas em terra, argila, palha, e esterco de bovino, o que lhes oferece um habitat totalmente camuflado no meio das falésias. Os dogons têm uma crença cosmológica muito forte, que influencia a concepção da aldeia. A organização desta é semi-circular, onde as casas se desenvolvem à volta da casa do ancião da família. A planimetria da habitação é vista como antropomórfica em que suas diferentes zonas se relacionam com o corpo humano. A cozinha é associada à cabeça do homem, e tem uma forma circular. O resto das divisões é de planta rectangular. A casa é composta por dois pisos, sendo o segundo, um terraço destinado à seca das suas colheitas. Este segundo piso é visto como o céu, enquanto que o primeiro representa a terra. O acesso ao terraço é através de escadas em madeira. Os celeiros, distribuídos pelo complexo habitacional também apresentam regras: existem celeiros utilizados por homens e por mulheres. Estes, juntamente com a cozinha podem ter uma planta circular mas são as únicas edificações com cobertura inclinada em colmo. O habitat dogon pode ser interpretado como um pequeno microcosmos. Existe a terra e o céu e nele vive o homem e sua família. Informação deste capítulo retirada dos livros: - Oliver, Paul. 2007. Dwellings. London: Phaidon. Págs. 180-182.
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- Bourdier, Jean-Paul, e Trinh T., Minh-ha. 2005. Habiter un monde: Architectures de l ‘Afrique de l ‘Ouest. Págs 111-115.
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Habitat Dogon
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Figura 3: Desenho representativo da casa Dogon, Mali
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II – Contextualização
1.2.2 Habitat Nankana7 – Ghana (Bourdier, 1996)
Gharna
Figura b: Mapa de localização, Ghana
Figura 4: Região Nankana, Ghana
A etnia Nankana é oriunda do nordeste do Ghana. A aldeia é composta por vários complexos habitacionais familiares dispersos e separados por culturas agrícolas. Normalmente estas casas são construídas em terreno ligeiramente inclinado, permitindo o escoamento das águas, contidas nos próprios solos. Uma única entrada virada para sudoeste protege as habitações dos ventos fortes, oriundos do norte. As divisões dos homens e das mulheres encontram-se separadas por diferentes habitações e espaços destinados às suas actividades. A delimitar, um pequeno muro com cerca de um metro, cria pátios interiores, onde existe uma mudança sistemática entre espaço interior e exterior, ou seja, entre o espaço social e o íntimo. A maioria das edificações tem um telhado plano destinado à secagem de cereais. Os jovens homens e mulheres têm uma única divisão que possui um tecto inclinado, com cobertura em colmo. O espaço destinado aos homens é composto por duas divisões, uma para receber amigos e outra mais privada. A área das mulheres é similar mas uma terceira divisão é anexada, a cozinha. Ainda existe uma cozinha comum com acesso directo ao pátio, para serviço da comunidade. As edificações são construídas pelos homens, posteriormente, finalizadas pelas mulheres. Estas tratam de rebocar em terra crua, o que permite alisar e moldar a estrutura, e de ornamentar as edificações com motivos geométricos com baixos-relevos, com canas-de-açúcar e corpo de serpente. A habitação é vista como um lugar fértil e de longevidade, enquanto que o motivo da serpente que circunda todo o complexo habitacional, o ouroroboros8 , reflecte a simbologia da imortalidade e da eternidade.
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Informação deste capítulo retirada do livro: Bourdier, Jean-Paul, e Trinh T., Minh-ha. 2005. Habiter un monde: Architectures de l ‘Afrique de l ‘Ouest. Págs 95-101. 8 Ouroroboros: Animal mitológico, representado na maioria da vezes por uma serpente enrolada em si mesmo, ou por um dragão, um peixe. Ser vivo que se alimenta por si mesmo, simbolicamente traduz a natureza cíclica do universo, a autosuficiencia e o eterno retorno. (Chevalier, Gheerbrant, 1993: 716) 7
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II – Contextualização
Habitat Nankana
Dapurè
Poka Dapuré
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Saraga
Dègo Danga
Dègo
Saraga
Zinzaka
Gongonga Bongo
Danga
Bopaka
Zinzaka Dètiné
Gongonga
Zongo
Bopaka
Vanana
Dètiné
Bongo Isoarga Dètiné
Nandènè Bésenga
Bonga zongo
Banré
Zongo
Zongo
Bagére
Yanga
Kuluko Talanga Ponga
Tampuré
Bagere : altar Bakéné: sótão do homem Banré : pequeno sótão Besenga : fronteira parede Bimbina: escadas Bonga zongo: abrigo para o burro Bopaka: sala de recepção para o homem ou a antecâmara do bongo. Danga: cozinha ao ar livre Dapure: espaço por detrás do habitat Dego: sala de estar para o trabalho e o descanso Detine: espaço coberto por telhado em palha para um homem não casado ou mais raramente para uma mulher jovem Gongonga: cozinha ao ar livre descoberta Isoarga: lugar para o chuveiro à Kuluko: galinheiro Nandènè: espaco para o gado Poka Dapure: espaço de trás da casa onde a Mulher cultiva a o quiabo, o rumex, o feijão e os amendoins Ponga: abrigo onde o homem recebe os seus visitantes Saraga: cozinha interior Talanga: lugar precedente à entrada do habitat Tampuré: área de deposito do lixo orgânico Vanana: pequeno patio esmero Yanga: entrada para a casa Zalanga: fio entrelaçado para suspender as cabaças Zinzaka: espaço para cada agregado Zongo: redil
Figura 5: Desenho representativo da casa Nankana, Ghana
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II – Contextualização
1.2.3 Habitat Masaï 9– Quénia (Oliver, 2005)
Kenia
Figura c: Mapa de localização da região Masaï, Quénia
Figura 6: População Masaï
O povo Masaï é uma etnia nómada que se dedica, fundamentalmente, à pastorícia e à caça. Actualmente este povo oriundo do Quénia e da Tanzânia tem vindo a sedentarizar-se, fruto da apropriação, por terceiros, das terras que ora ocupavam. Os Masaï conhecem bem as suas terras e vão vivendo segundo os ciclos da natureza. Durante a estação das chuvas, mudam os seus acampamentos para zonas onde a terra é mais árida, voltando posteriormente aos mesmos locais na estação seca. O facto deles se sedentarizarem, provocou a sua entrega à agricultura, actividade não exercida até aí. As pequenas aldeias Masaï são em forma circular, com uma cerca em paus de madeira a delimitar o espaço e a guardar o rebanho. A organização familiar é do tipo patriarcal, havendo uma habitação para o chefe e para cada uma das suas mulheres. As casas, chamadas de enkaji, medem cerca de 3mx5m e cerca de 2m de altura. São normalmente construídas pelas mulheres, em forma de caracol, em pau a pique forrado a terra crua, com vegetais e gordura de animal. Aqui cozinha-se, come-se, dorme-se e guardam-se bens pessoais. A vida social é sobretudo feita no exterior. A enkaji só tem uma abertura para o exterior, a porta, e actualmente existem estudos para melhorar a habitação típica.
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Ao contrário das suas casas simples e rudimentares, os Masaï têm bastante gosto pelo ornamento, usando panos africanos coloridos, e bastante joalharia, feita em missangas, fazendo deles um povo muito elegante. Tem fortes crenças religiosas, sobretudo animistas10 ; acreditam que a vida selvagem é sagrada e que a cabra é uma oferenda de Deus. Uma vez que a vida é uma bênção, os Masaï ao longo de toda a existência, têm ritos de passagem, afim de a celebrar.
Informação deste capítulo retirada do livro: Oliver, Paul. 2007. Dwellings. London: Phaidon. Págs. 75-79. 10 Animistas: Religião pagã que crê que em todas as coisas terrestres, animadas e inanimadas têm um poder espiritual. Alma dentro de objectos materiais como em máscaras ou outras representações. (Molyneaux, 1997) 9
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II – Contextualização
Casa Masaï
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Figura 7: Planta da casa Masaï
O formato“concha caracol” da entrada de uma casa Masaï . A porta é de tecido de vime com uma abertura para permitir a entrada de alguma luz. Não existem janelas.
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II – Contextualização
Figura 8: Casa Masaï
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Figura 9: População Masaï junto de habitação
Figura 7: Crianças Masaï
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II – Contextualização
1.2.4 Conclusões As tipologias da arquitectura vernacular desenvolvem-se sobretudo a partir do clima, dos materiais existentes na região, e da tecnologia disponível, mas também a partir da organização do trabalho e das relações sociais entre os povos. Os sistemas simbólicos variam e reflectem-se de forma diferente de povo para povo, todavia está presente um sentido espiritual forte, estreitamente ligado ao Cosmos e à Natureza. A organização dos habitats é uma forma de estabelecer relações entre as comunidades e entre o seio familiar. É um facto que, nas etnias indígenas, o respeito pelos anciãos é notável, bem como o cuidado pelas crianças, pois estes são a evolução da linhagem da família. Em África cada um tem o seu lugar no processo construtivo, onde é necessário construir mas também preservar a habitação. O ornamento e a decoração contribuem para a identificação cultural do povo, suas crenças religiosas, tradições e mitos. (Bourdier and Trinh T., 2005) Hoje, o fenómeno da globalização provoca discussões sobre a identidade dos povos e os multi culturalismos. A globalização esforça-se por criar padrões iguais para sociedades distintas. No entanto, tal cria desenraizamento, diferença e movimentos de afirmação negativos. Torna-se urgente resgatar e preservar esses valores culturais próprios aos diferentes povos, contribuindo igualmente para a qualidade de vida exigida hoje. Só assim, estas comunidades se sentirão incluídas dentro do seio do seu próprio grupo, como no seio da diversidade dos povos, tão própria ao mundo que habitamos.
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Por outro lado, desde tempos remotos que o homem concebeu a imagem do mundo como um axis mundi centrado, precisando deste eixo vertical para se localizar, mesmo que tenha que percorrer diferentes caminhos para o encontrar. Os lugares ou espaços arquitectónicos constituem diferentes pólos onde os acontecimentos mais significativos da existência humana são experienciados, ao mesmo tempo que constituem pontos de partida para outros lugares circundantes. (Norberg-Schulz, 1975) A relação entre espaço, arquitectura e existência do ser humano é um tema complexo, mas é certo que a identidade do homem está intrinsecamente conectada com a experiência do lugar (Norberg-Schulz, 1975). Segundo Gaston Bachelard no seu livro a Poética do Espaço, refere que a casa é “uma das grandes forças integrantes da vida do homem”11 , ou seja nesta, ele desenvolve diferentes actividades que, na sua totalidade, dão significado à sua existência.
Citação encontrada no livro: Christian, Norberg-Schulz, Existência, espacio y arquitectura (Editorial Blume, Barcelona, 1975), 39 11
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II – Contextualização
Capítulo 2 – Ecovilas
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Nos últimos 20 anos, apercebemo-nos que as ecovilas têm vindo a aumentar pelo mundo inteiro. Este súbito interesse deve-se ao facto das condições ambientaisn e sociais do nosso planeta serem alarmantes. Surge então um novo paradigma, o da sustentabilidade, que procura substituir o sistema linear da tecnosfera por uma estratégia de eco desenvolvimento, baseada na bio regeneração do capital natural. As ecovilas poderão ser definidas como comunidades locais que visam minimizar o impacto ecológico enquanto maximizam o bem-estar psicológico e social do homem. São comunidades pacíficas, socialmente justas e sustentáveis. Como já foi anteriormente demonstrado, os indígenas com as suas construções vernáculas também vivem em harmonia com a terra, devido ao facto de desenvolverem uma relação íntima com a Natureza e o seu habitat. Eles cooperam com os ecossistemas13 de forma cíclica afim de manter a saúde e a integridade dos mesmos. As ecovilas estão estreitamente ligadas a este tema de arquitectura vernácula, porém, procuram transmitir melhor bem-estar e conforto, próprios dos tempos modernos, simultaneamente visando proteger, restaurar, criar e manter um estilo de vida que integre, fundamentalmente, os seguintes factores: - Uma visão holística, de espiritualidade activa, celebrando a vida, preservando as culturas ancestrais e as tradições, fomentando as artes. Esta visão espiritual deverá estar implícita em todas as actividades e noutros aspectos de uma ecovila;
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- Uma solidariedade social, que visa a transparência e o cooperativismo, ou seja a governação adequada e justa, a educação, a saúde e uma comunicação saudável;
- Uma economia local sustentável, agricultura, pescas, manufacturas;
- O restauro e protecção da natureza de forma durável, o uso de recursos de forma sustentável bem como o uso de energias renováveis. (http://www.gaiauniversity.org/)
2.1 Visão global
O desenvolvimento sustentável abrange três temas principais: social, económico, e ecológico. É necessário reconhecer mais um tema: a visão global, ou o propósito que conduz e movimenta as ideias. O novo paradigma emergente mostra existir uma consciência colectiva que vem reflectindo sobre a noção de ecossistema e de organismos vivos interdependentes no espaço unitário, na sua diversidade, evolução e mudança. A nova mudança global é então definida como a evolução do mecânico ao holístico, do material ao espiritual. Torna-se importante fomentar o lado espiritual, ao celebrar cerimónias, rituais, reuniões, festas e actividades artísticas. Consoante o propósito da ecovila este pode ou não estar mais acentuado. A intenção é abraçar o lado espiritual diversificado, não importando a religião mas sim o contacto com as forças da natureza e do divino. Informação deste capítulo retirada do site: http://gen.ecovillage.org/ Ecossistema: deve ser entendido como o conjunto de plantas e animais que interagem juntos com o meio ambiente. (Neves, 1996:20) 12 13
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2.2 Aspecto social
A evidência arqueológica mostra-nos que o primeiro padrão de organização social, se adequava plenamente à natureza, de forma igualitária. (Oliver, 2005) Actualmente, deveremos reinventar as maneiras de conviver prevalecendo a harmonia e o cooperativismo. Fomentar e criar comunidades com significado e propósito, poderão levar-nos, num futuro próximo, a viver de forma sustentável. As ecovilas, vistas como protótipo de um centro para viver e aprender, juntam pessoas de culturas diversas, raças, religiões ou ainda extracto social variados, estimulando assim o contacto com a diversidade. Têm como visão uma nova cultura de paz e de prosperidade, ao procurar o acordo mútuo das decisões e o respeito. Os utilizadores ao terem uma voz e um lugar activo dentro da comunidade, operam com criatividade, o que capacita as populações. As ecovilas vistas como um microcosmo da sociedade, têm diversas actividades desenvolvidas pelos próprios habitantes. Os exemplos de actividades de forma integrada poderão ser: os pequenos ateliers de manufacturas diversas, a protecção de crianças enquanto os pais trabalham, a agricultura conjunta, os pequenos escritórios e o comércio, ou ainda a promoção de actividades artísticas, tais como cantares, dança, teatro... A organização social das aldeias tradicionais, presente ainda em muitos recantos do mundo, prova ser o modelo mais ecologicamente sustentável. Todavia, muita desta população foge destas aldeias devido a problemas de ordem económica ou ansiando por um mundo pós industrializado. As ecovilas podem ser uma forma destes se manterem no mundo rural, com melhores condições de vida e acesso ao mundo tecnológico de forma equilibrada. Influenciam o bem-estar do ser humano, uma vez que terão mais tempo para educar os seus filhos trabalhando no local onde vivem e em benefício da comunidade.
23
A cooperação, o trabalho integrado, e o pequeno negócio permitirão aos utilizadores regenerarem-se e centrarem-se em si próprios e com a natureza. A comunicação é o elemento fundamental para o processo de entendimento, onde reuniões, encontros e celebrações facilitam as relações entre as pessoas chegando a um consenso na tomada das decisões a favor da comunidade.
2.3 Aspecto económico
No mundo industrial, e economia é a disciplina predominante. Todos os outros valores e assuntos desenvolvem-se subordinados a ela. Inclusivamente, a ecologia14 é vista como um subsistema da economia, quando deveria ser o contrário. O ambiente e a natureza são a fonte de recursos para todas as actividades humanas. Nos últimos anos, o homem tem-se vindo a aperceber que os recursos estão a escassear e torna-se urgente remediar esta situação.
Ecologia: Estudo do habitat dos seres vivos e das relações existentes entre os mesmos e com o meio. (Duvigneaud, 1996) 14
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II – Contextualização
O novo paradigma da sustentabilidade leva a compreender que a economia tem de ser um subsistema da ecologia. A escala e a natureza das actividades humanas têm como limite a capacidade dos ecossistemas da terra. Para levar a cabo este novo paradigma, mudanças de valores éticos claros e determinados deverão ser impostos. Por vezes o problema existe nas convicções dos seres humanos, já muito pouco habituados ao verdadeiro sentimento da ecologia. Três ecologias serão necessárias, ecologia mental, social e ambiental, formando agora uma ecosofia que deve estar implícita em toda a actividade humana (Guattari, 1996) A descentralização permitirá o empowerment das comunidades, promovendo-se economias alternativas e locais, em que o uso de recursos se faça conscientemente e que estes possam ser regenerados. As ecovilas ou outras comunidades ecológicas promovem e desenvolvem este tipo de actividades económicas. Consoante o local de implementação e o que a região oferece, estas procuraram o seu sustento. O modelo económico surge então deste novo paradigma holístico e procura sobretudo: . Um lado social, ou seja, criar emprego e oferecer alimentação à comunidade, o cuidado das crianças e da população idosa. . Um lado ambiental, ou seja, projectos relacionados com o a reflorestação ou a regeneração do meio ambiente. . O pagamento justo e equilibrado dos trabalhadores, voluntários e organismos investidores ou de cooperação. Concluindo, a economia das ecovilas têm um sentido humanista, de justiça e transparência que procura não se sobrepor ao meio ambiente e ao uso dos seus recursos energéticos.
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2.4 Aspecto Ecológico A perspectiva ecológica é uma parte fundamental na criação de ecovilas. Os designers deverão ter o cuidado ao criar a estrutura e layout da ecovila pois esta deverá responder o mínimo impacto ambiental ao mesmo tempo que procura preservar e favorecer a natureza sempre que possível. Para tal, a estratégia consiste em colaborar com a natureza, procurando criar um sistema vivo que se auto mantenha e se auto regenere. O projecto de design de ecovilas é um projecto transdisciplinar de filosofia holística15 . Aos designers, são necessárias disciplinas de design como por exemplo a permacultura16, o eco design, ou o systems design. O projectista deverá ter conhecimentos de diversos campos, como por exemplo botânica, arquitectura paisagista, energias renováveis, sociologia e antropologia. A ecologia é o estudo dinâmico das relações interdependentes da vida. Ou seja, tudo está intrinsecamente ligado, gerando um intercâmbio de energia, nutrientes, e informação. O design de assentamentos ecológicos deverá ter em conta a complexidade, a diversidade e a intercomunicação dos sistemas presentes na natureza.
Filosofia holística: Do grego Holos, que quer dizer Todo; visão de que o todo não é somente o somatório das partes. As partes relacionam-se entre si. Visão sistémica e abrangente. (Wilber, 2004:17) 16 Permacultura: Conceito com 30 anos, desenvolvido pelo investigador australiano, Bill Mollison. Quer dizer “cultura permanente” e é um método de integração global de vários componentes da actividade humana afim de planificar e criar habitats em harmonia com a natureza. 15
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II – Contextualização
É necessário portanto, construir edifícios saudáveis, onde os aspectos ambientais, os custos e o conforto do ser humano sejam particularmente analisados. A construção de ecovilas pode surgir nas mais diferentes formas e materiais, valorizando sobretudo o uso de materiais naturais. É importante usar os princípios do design solar passivo e da ventilação dos edifícios, assim como o uso de energias renováveis e de tecnologias apropriadas. Em todos estes factores os custos deverão ser os menores. Outro assunto importante que as ecovilas focam é a questão da alimentação. Estas procuram criar o seu próprio alimento, para sustento da comunidade. Mais uma vez a permacultura é o método de planeamento que permite observar, perceber o meio ambiente e aí melhor adequar e implantar as culturas agrícolas. Ao copiar a natureza sempre que possível, ao preservar e restaurar o meio ambiente e os ecossistemas, ao usar energias e tecnologias apropriadas, as ecovilas são um grande caminho para a sustentabilidade do planeta. Adiante veremos de forma mais aprofundada a questão dos materiais e das tecnologias renováveis, para termos uma melhor compreensão das escolhas que farão parte do projecto. Afins de ilustrar estes conceitos inerentes à ecovila, foram escolhidos cinco ecovilas localizadas em diferentes locais do mundo.
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II – Contextualização
2.5 Ecovilas Internacionais – análise de casos de estudo
Tâmera
Figura d: Mapa de localização de Tâmera, Portugal
Figura 11: Vista geral sobre Tâmera
2.5.1 Tâmera 17– Portugal (http://www.tamera.org) Tâmera Biótopo da Cura, é uma comunidade com cerca de 250 pessoas, adultos e crianças, habitando em Cólos, na costa alentejana, numa área de 35 acres. Esta ecovila caracterizase como sendo um “espaço experimental de formação para o desenvolvimento de aldeias de pesquisa de paz e biótopos de cura”. Esta encontra-se associada ao programa da GEN, Global Ecovillages Network, e vai desenvolvendo acções de formação nas áreas de arquitectura ecológica, áreas curativas naturais bem como na participação de uma rede política para o desenvolvimento da paz no mundo.
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Estudantes desenvolvem um programa de três anos vivendo em comunidade, onde podemos encontrar população oriunda de outros países. Existem programas mais curtos sobre sustentabilidade ou sobre o que é viver em comunidade, destinados a crianças e jovens. Os habitantes de Tâmera realizam, frequentemente acções de voluntariado em países em vias de desenvolvimento, como é o caso da colaboração com a Colômbia ou Israel. A aldeia desenvolve-se naturalmente sem grande planeamento arquitectónico. Existem algumas casas da tipologia arquitectónica tradicional, os montes alentejanos, enquanto que novas estruturas foram criadas em construção natural. A comunidade segue os princípios da permacultura, cultivando o que consomem, dando grande importância à alimentação. Existe um centro de pesquisa em energia solar, destinado à produção de energia eléctrica, mas também para melhorar as condições atmosféricas das estufas. A par de uma cozinha comunitária com fogão a gás, existem fogões solares para actividade culinária. É uma comunidade sem religião, essencialmente focada na pesquisa de novas formas de relacionamento entre seres humanos e a natureza, entre vida individual e colectiva. 17
Informação deste capítulo retirada do site: http://www.tamera.org
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II – Contextualização
Figura 12: Tâmera biótopo de cura
Figura 13: Complexo de casas, tipologia casa alentejana
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Figura 14: Interior de casa, construção em superadobe
Figura 15: Painéis solares e fogão solar
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II – Contextualização
Análise SWOT TAMERA
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) Pontos Fracos (Weaknesses) Centro de pesquisa para a paz, Pouca planificação urbanística, vertente humanitária e curativa, comunidade fechada, lingua pesquisas científicas para o uso de estrangeira na maioria. tecnologia solar, centros de formação alternativa, alimentação vegan, permacultura, centro de cura, acções de voluntariado em países com problemas. Oportunidades (Opportunities) Ameaças (Threnghts) Abrirem se mais para o exterior , mais Falta de credibilidade por parte de diálogo político, design. governos, desconfiança em comunidades fechadas. Quadro 1: Análise SWOT, Tamera Biotópo de cura, Portugal
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II – Contextualização
2.5.2 Mbam e Faoune 18– Senegal (Dawson, 2006)
Senegal
Figura e: Mapa de localização de Mbam e Faoune, Senegal
Figura 16: População na aldeia
Faoune é hoje a sede de uma organização que tem o apoio do governo senegalês, a COLUFIFA (Comité de luta para o fim da fome). Esta trabalha com 350 aldeias rurais no Senegal e em alguns países vizinhos como a Gâmbia, a Guiné-Bissau e Conakry, procurando capacitar a população, promovendo educação, infra-estruturas, construção de casas usando bambu local, e uso de fogões solares. Ao cooperar com a GEN, Global Network Ecovillages e outras organizações internacionais (ONGs), a COLUFIFA procura erradicar a pobreza, a degradação do meio ambiente, ao mesmo tempo que procura a autonomia financeira e segurança alimentar das comunidades locais. Ao invés de construir novas comunidades estes procuram capacitar as existentes criando infraestruturas.
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Nas aldeias de Mbam e Faoune destacam-se, sobretudo:
. Educação: alfabetização, expansão da rede internet e contacto com
. Segurança alimentar: agricultura orgânica com os princípios da permacultura;
. Gestão de água potável e lixo;
. Conservação do meio ambiente: reflorestação e regeneração do
. Saúde: construção de centros de saúde;
. Economia local: cultivo e venda de sementes de sésamo, cosméticos naturais,
computadores;
ecossistema dos mangais junto aos rios que têm vindo a desaparecer;
produção de mel, artesanato, nozes e sementes, ecoturismo;
Informação deste capítulo retirada do livro: Dawson, Jonathan. 2006. Ecovillages, New frontiers for Sustainability. US: Chelsea Green Publishing Comp. 18
The Schumacker briefings. Págs. 26-29 .
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II – Contextualização
Figura 17: População
Figura 18 Mulher a tecelar
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Figura 19: Fogão solar
Figura 20: Mangais
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II – Contextualização
Análise SWOT MBAM E FAOUNE
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) As diversas actividades que desempenham para empowerment da população, parcerias, colaboração com a GEN, apoio do governo senegalês.
Pontos Fracos (Weaknesses) Deveriam dar mais enfâse à questão da habitação precária.
Oportunidades (Opportunities) Ameaças (Threnghts) Mais parcerias, mais empowerment Instabilidade dos governos africanos, em diferentes áreas: educação, saúde, dificuldades de recursos. agricultura, habitação. Quadro 2: Análise SWOT, Mbam e Faoune, Senegal
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II – Contextualização
2.5.3 Thlolego19 – África do Sul (http://www.sustainable-futures.com)
Thlolego
Figura f: Mapa de localização de Thlolego, África do Sul
Figura 21: Desenho de complexo habitacional
O Thlolego Development Project (TDP) na África do Sul surgiu em 1991 pelo sul-africano Paul Cohen ao adquirir terra suficiente para aí começar o seu projecto. Este consiste numa pequena aldeia com cerca de 50 famílias. O significado de Thlolego em dialecto Tswana é “ desenvolver segundo as origens locais”, e o conceito de todo o projecto consiste em trabalhar com a população e a comunidades local que provém de um meio rural pobre, capacitando-os afim de construir o capital humano e social. A aldeia de Thlolego foca-se nos conceitos acima referidos de uma ecovila: agricultura sustentável, empowerment da população, preservação do meio ambiente, educação. O Thlolego Educational Institute trata de investigar e desenvolver programas de formação, de preservação do meio ambiente e também de promover o crescimento em termos sociais e económicos. O Thlolego Residential Village é a parte habitacional da aldeia, construída segundo o método de planeamento da permacultura, do design de ecovilas, sustentabilidade e economia local. Por fim, a Tshedismosong Farm School é uma escola que promove ensino básico para 150 crianças de Thlolego e arredores. O TDP ainda desenvolve um projecto paralelo, o Thlolego Building System (TBS), ou seja um modelo de construção habitacional de baixo custo que combina os sistemas construtivos sustentáveis, permacultura, colector de águas pluviais, tratamento de lixo orgânico, bem como sanitários secos, tratamentos de águas residuais e aquecimento de água a partir do sol.
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As casas são construídas em adobe, segundo o princípio do design passivo, o que permite melhor eficiência energética, uma vez que a terra é um bom material térmico. Procurando ser um sistema integrado, o TBS soluciona o tratamento de lixo orgânico transformando-o em composto natural, voltando a ser reutilizado na terra, como adubo. O sistema das casas de banho secas ou compostáveis funciona da mesma forma, segundo o processo de decomposição. As águas pluviais são captadas através dos telhados e armazenadas em depósitos para, posteriormente, serem aproveitadas no dia a dia, como uso doméstico ou irrigação. De seguida, as águas cinzentas são filtradas até que possam, de novo, ser reutilizadas.
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Informação deste capítulo retirada do site: http://www.sustainable-futures.com
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II – Contextualização
A produção de alimento funciona segundo o método da permacultura, um sistema que visa usar os conhecimentos tradicionais, a tecnologia moderna e sobretudo o bom senso, ao analisar o terreno e os seus sistemas para implementação das culturas agrícolas. Visto o TDP estar próximo de uma área de valor cultural da África do Sul onde se situam as ruínas de uma aldeia da idade do ferro, Molukwane, este decidiu criar uma área de ecoturismo, recebendo visitantes e organizando expedições pela região. O TDP é um projecto de grande interesse e de empowerment de uma população de baixo extracto social. A visão humanista de Paul Cohen permitiu criar um modelo de aldeia sustentável na África do Sul capacitando as pessoas a viver mais dignamente, aprendendo e criando os seus filhos de forma saudável.
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Figura 22 : Desenho de complexo habitacional
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II – Contextualização
Figura 23: Casa construída em adobe
34 Figura 24: Trabalhadores a construírem taipal
Figura 25: Vista de habitação
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II – Contextualização
Análise SWOT THOLEGO
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) Pontos Fracos (Weaknesses) As diversas actividades que Planeamento confuso. desempenham para empowerment da população, proteção do ambiente, ecoturismo, projecto de vida de uma pessoa a favor da população desfavorecida, uso de materiais locais e de baixo custo, tecnologias apropriadas. Oportunidades (Opportunities) Parcerias, novos projectos, modelo para outras vilas rurais na África do Sul e na África Austral
Ameaças (Threnghts) Instabilidade dos governos africanos, dificuldades de recursos
Quadro 3: Análise SWOT, Tholego, África do Sul
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II – Contextualização
2.5.4 Auroville20 – Índia (http://www.auroville.org/)
Auroville
Figura g : Mapa de localização de Aurovile, India
Figura 26: Matrimandir
. Auroville não pertence a ninguém em particular. Pertence à humanidade na sua totalidade. Mas para pernoitar em Auroville, é necessário que seja um voluntário da Consciência Divina. . Auroville será o lugar da educação permanente, do progresso constante e da juventude que não envelhece. . Auroville quer ser a ponte entre o passado e o futuro. Aproveitando as descobertas exteriores e interiores, quer audazmente se lançar em realizações futuras. . Auroville será o lugar da busca material e espiritual para dar a um corpo vivo a unidade humana concreta.
Carta de Auroville21
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Podendo ser considerada como uma cidade universal no sudeste da Índia, foi construída segundo a visão da “Madre” (Mira Alfassa) e do guru indiano Sri Aurobindo. A comunidade surgiu em 1968, e a proveniência dos habitantes de Auroville provem de 35 países, sendo que, somente um terço é indiana. Auroville pode ser vista como a experiência da cooperação intercultural e desenvolvimento, sendo já considerada como modelo de cidade do futuro. O arquitecto responsável pelo master plan foi o francês Roger Anger, que desenvolveu a cidade a partir de um centro como se fosse uma galáxia. O centro comporta um centro de meditação, o Matrimandir, e à volta situa-se uma área a que ele chama a zona de paz com um auditório e jardins temáticos com plantas e flores específicas. O plano urbanístico da cidade desenvolvese a partir de quatro linhas de força, sendo estas a residencial, a industrial, a internacional e a cultural. Auroville tem uma componente espiritual muito forte, mas sendo considerada uma cidade, funciona dentro do conceito de sustentabilidade. Esta não é mais que a cidade indiana com mais produção de energia alternativa. Para além desta componente energética, Auroville desenvolve ainda acções de reflorestação, catalogação de sementes e plantas medicinais, manufacturas e vendas de artesanato bem como outros serviços locais a favor da comunidade.
20 21
Informação deste capítulo retirada do site: http://www.auroville.org/ Carta de Auroville, in http://www.auroville.org/. (Junho.2008)
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II – Contextualização
Mapa da Auroville
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Figura 27: Mapa da cidade de Auroville
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II – Contextualização
Figura 29 : Biblioteca
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Figura 29 Guest house
Figura 30: Jardim da árvore da meditação
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II – Contextualização
Análise SWOT AUROVILLE
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) Modelo urbanístico viável, zonas verdes, cidade universal não importa a nacionalidade, visão espiritual, cidade sustentável.
Pontos Fracos (Weaknesses) Caso demasiada visão religiosa, também poderá a vir a ser um ponto fraco e um constrangimento.
Oportunidades (Opportunities) Modelo de cidade universal a ser implantado pelo o mundo.
Ameaças (Threnghts) Visão religiosa pode ser um constrangimento.
Quadro 4: Análise SWOT, Auroville, India
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II – Contextualização
2.5.5 Ecocentro IPEC22 – Brasil (http://www.ecocentro.org/)
Brasil
Figura 31: Arte em Mosaicos
Figura h : Mapa de localização do Ecocentro Ipec, Brasil
Figura 32: Natureza
O ecocentro IPEC, ou Instituto de Permacultura do Cerrado, está localizado em Pirenópolis, no estado de Goiás, no Brasil, desde 1998. Esta ecovila está focada sobretudo para o desenvolvimento de soluções práticas de forma sustentável para os problemas actuais da maioria da população brasileira, no que diz respeito à habitação e à construção. O instituto desenvolve estratégias de habitação ecológica, planeamento, incluindo saneamento responsável, energia renovável, cuidados com a água e segurança alimentar. O ecocentro IPEC ainda promove cursos regulares nestas áreas, capacitando pessoas a viverem de forma sustentável e equilibrada. Apesar de verificarmos que não existe um planeamento urbanístico estudado, como se assemelha ao estudo do urbanismo, o IPEC foi criado a partir dos princípios da permacultura de Bill Mollison. Ou seja, cada elemento é posicionado em relação ao outro, de modo a criar uma relação sinergética, provocando assim que, cada elemento tenha diversas funções. Os recursos biológicos renováveis são de grande importância, como a captação da água das chuvas, ou a criação de adubo e fertilizante natural a partir da compostagem. As energias renováveis ou mesmo a manutenção da biodiversidade, cultivando poli culturas e voltando a plantar nas zonas periféricas do habitat, faz da ecovila um pequeno micro clima no meio da zona árida do Cerrado brasileiro. Como diversas ecovilas, como por exemplo a de Thlolego na África do Sul, estas procuram ter um sustento económico de forma sustentável. Pequenas empresas e actividades são desenvolvidas em paralelo, todas dentro da mesma filosofia ética, criando pequenas empresas locais em benefício da comunidade.
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Informação deste capítulo retirada do site: http://www.ecocentro.org/
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II – Contextualização
Figura 33: Fotografia da área do IPEC
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Figura 34: Fotografia da área do IPEC
Figura 35: Formação em construção em superadobe
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II – Contextualização
Análise dos diferentes espaços do IPEC
Zonas
Fotografia
Descrição
Método Construtivo
1a abordagem ao IPEC - por onde passam os visitantes e estudantes. A Loja Verde também funciona neste espaço.
Adobe feito no local
Escritórios do IPEC
Fardos de palha de arroz, uma das paredes em superadobe
Centro de realização de cursos, palestras e eventos. Capacidade para 120 pessoas.
Tijolos de Solocimento
Centro Residencial e de convivência para os estudantes do IPEC. À volta pequenos lagos para criar um microclima.
Superadobe + reboco natural
5 - Centro de Educação e Escritórios
Para profissionais do IPEC
Adobes secos ao sol + reboco natural
6 - Biblioteca
Biblioteca de Apoio ao Centro de Educação e à Vila Ecoversitária
Adobe e Cúpula com Mosaicos
7- Praça do Amor
Praça desenvolvida segundo a técnica do Tijolo armado. Permite inserir elementos como garrafas de vidro e permitir a reciclagem do material
Tijolos de Solocimento, Garrafas de vidro
1 - Recepção
2 - Administração
3 - Centro Mollison de Estudos Sustentáveis
4 - Vila Ecoversitária
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Quadro 5: Análise dos diferentes espaços do Ecocentro IPEC
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II – Contextualização
Análise dos diferentes espaços do IPEC
Zonas 8 - Toca do Tatu
9 - Cozinha Ecoversitária
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10 - Cozinha Cooperativa
11 - Casa Mãe
12 - Praça da Alimentação
Fotografia
Método Construtivo
Descrição
Museu do Subsolo - Objectos encontrados nas suas escavações
Cobertura em Telhado vivo
Espaço para quem quiser preparar sua comida; serve de ponto de encontro aos estudantes
Tijolos de Ferrocimento, forno em Cob
Confecção de comidas de agricultura orgânica produzida pelo IPEC - Venda
Superadobe e Tijos de Solocimento
Casa existente. Actualmente funciona como alojamento de estudantes e voluntários
Tijolo Convencional
Zona ao ar livre onde servem as refeições.
Tijolos de Solocimento, pedra, forno em Cob, e mosaicos
13 - Casa do Cob
-
Cob
14 - Casa da Madeira
-
Uso racional da madeira
Quadro 5: Análise dos diferentes espaços do Ecocentro IPEC
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II – Contextualização
Análise dos diferentes espaços do IPEC
Zonas
Fotografia
Descrição -
15 - Casa de Fardo de Palha
16 - Anfiteatro Mangueira
17 - Casa do Mel
18 - Chuveiros
19 - Sanitários compostáveis
20 - Sanitário com água
21 - Sistema de captação de água
Método Construtivo Fardos de palha sobre superadobe
Zona de anfiteatro debaixo da sombra de uma mangueira
Bancos em superadobe
Espaço onde são processados e embalados os produtos provenientes das abelhas.
Taipa leve
Água aquecida através de painéis solares. Ferrocimento, material de baixo custo que permite moldar e fazer formas curvas. Designam-se por sanitários secos. Equilíbrio entre métodos rurais tradicionais e exigências higiénicas das sociedades modernas. Sem uso de água. Sanitário Convencional. Resíduos reciclados por tratamento biológico
Ferrocimento decorado com mosaicos
Caixas em ferrocimento para armazenamento da água proveniente da época das chuvas
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Tijolos de Solocimento e adobe
Superadobe
Ferrocimento
Quadro 5: Análise dos diferentes espaços do Ecocentro IPEC
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II – Contextualização
Análise dos diferentes espaços do IPEC
Zonas
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Fotografia
Descrição
Método Construtivo
22 - Núcleo de água
Modelo de despoluição de águas residuais por via natural. Vários estágios de limpeza de água. Micro ecossistemas aquáticos.
Ferrocimento
23 - Galinheiro
Modelo de galinheiros móveis. As galinhas ajudam a manter os sistemas vivos, a limpar o solo e adubar. Compostagem de resíduos: o esterco cai no minhocário. Este sistema compõe um excelente fertilizante, cheio de proteína de alto valor nutritivo. Viveiros de plantas e árvores do brasil e do mundo que servem para o reflorestamento da região.
Madeira
Agricultura orgânica
Não aplicável
27 - Hortas Mandala
Agricultura orgânica. Hortas em forma circular, fácil irrigação, e sentido estético.
Não aplicável
28 - Swales
Valas de infiltração. A água das chuvas é aqui captada e ao mesmo tempo filtrada até chegar ao rio.
24 - Coelhos e Minhocas
25 - Viveiros
26 - Hortas
Tijolo convencional
Tijolos de solocimento e madeira
UNão aplicável
Quadro 5: Análise dos diferentes espaços do Ecocentro IPEC
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II – Contextualização
Análise dos diferentes espaços do IPEC
Zonas 29 - Agroflorestas
Fotografia
Descrição Florestas de alimentos. Pomares com árvores de fruta: bananeiras, pitangas, mangueiras, goiabeiras e mamoeiros.
Método Construtivo Não aplicável
Quadro 5:Análise dos diferentes espaços do Ecocentro IPEC
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Análise SWOT ECOCENTRO IPEC
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) Pontos Fracos (Weaknesses) Permacultura, Educação para a Planeamento confuso mas com Sustentabilidade, Construções com lógica. materiais naturais, Parcerias com GEN e outros organismos. Oportunidades (Opportunities) Parceiras, Internacionalização, Novos projectos ligados à sustentabilidade.
Ameaças (Threnghts) Por vezes talvez dificuldades de recursos, e não facilidade do governo brasileiro.
Quadro 6: Análise SWOT, Ecocentro IPEC, Brasil
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II – Contextualização
2.5.6 Conclusões Após estes exemplos de ecovila espalhados pelo mundo, compreendemos melhor que não importa a direcção que esta aborda, importa sim procurar viver de forma mais integrada com o homem e com a natureza afim de preservar o globo, suas espécies, e biodiversidade. Consoante as necessidades do local, estas podem abranger mais uma respectiva área que outra. O que é certo é que, o modelo da ecovila procura soluções viáveis e alternativas para a erradicação da pobreza e a degradação do meio ambiente.
48 Quadro 7: Visão global da ECOVILA
Nos últimos trinta anos, conceitos como as três ecologias são cada vez mais abordados. A maioria da população mundial vive insatisfeita; torna-se importante que o ser humano tome consciência e adquira uma visão mais ampla do mundo, de que todos fazemos parte. Transformar a tecnologia em eco tecnologia, a cidade máquina em eco urbanismo, a construção contaminante em construção ecologicamente sustentável começa por educar o cidadão, e a sociedade. As ecovilas abordam o conceito de antropologia ecológica, que visa estudar “as relações entre a dinâmica populacional, a organização social e a cultura das sociedades humanas e o meio ambiente nos quais estão inseridas.” (Neves, 1996:18) O movimento das ecovilas ainda é visto como um movimento alternativo de pequena escala, por vezes confundido com comunidades hippies. Todavia, já existe uma rede global de ecovilas (GEN) que procura novos desafios e formas de activismo onde prevalece a ideia de manutenção da identidade cultural, viver em paz, de forma sustentável. 23
23
http://gen.ecovillage.org/
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Capítulo 3 – Tecnologias Sustentáveis
O conceito das ecovilas visa abordar o uso de materiais naturais e tecnologias alternativas a serem aplicadas. Como já foi referido, todo elemento encontra-se posicionado em relação ao outro, cada aplicação tem a sua função, que é composta por vários elementos. Ou seja, qualquer material ou tecnologia aplicados têm a sua razão de ser relativamente ao conjunto e ao funcionamento dos sistemas. As tecnologias verdes também funcionam da mesma forma, onde o uso de recursos biológicos renováveis, a reciclagem energética, e o uso de energias renováveis como o sol, o vento, a água, contribuem para a sustentabilidade do meio. Esta secção está dividida em duas partes. Na primeira, abordam-se os materiais de construção ecológicos e na segunda parte, uma abordagem geral sobre diferentes temáticas para melhor captar a energia, finalizando com uma tabela mais explícita sobre as características, as vantagens e as aplicações possíveis a que se destinam.
3.1 Ecomateriais 49
Actualmente, a construção de edifícios tem uma grande responsabilidade no impacto do ambiente global do mundo, uma vez que consome entre 45% a 60% dos materiais extraídos da natureza, além da grande energia que consome para o seu fabrico.24 Para reduzir os danos causados na atmosfera, como por exemplo o aumento do CO2, a poluição do ar e das águas, bem como o aquecimento global e todos os seus problemas associados, torna-se urgente transformar os resíduos novamente em recursos, e os materiais usados, em materiais renováveis e limpos. Os materiais têm um ciclo de vida; após o fecho do mesmo, cabe ao design e à tecnologia encontrar soluções pertinentes para reciclá-los, dar-lhes novas funcionalidades, afim de lhes proporcionar nova utilidade. Neste capítulo foi somente feita uma análise de materiais construtivos naturais, porém o tema dos ecomateriais abrange também este reaproveitamento de materiais tecnologicamente já reciclados. O estudo aqui apresentado faz um levantamento de novas técnicas de construir em terra, bem como noutros materiais naturais, como por exemplo a palha. O critério de selecção, além da sua vertente natural, foi feito a partir das características do próprio material, rapidez de execução e baixo custo económico. A referir que, no conceito de arquitectura para o desenvolvimento, faz todo sentido usar materiais localmente disponíveis e de baixo custo, como a terra. Segundo Jean Dethier, “desde que os homens constroem cidades, há cerca de 10.000 anos, a terra crua tem sido, através de tradições eruditas e populares um dos principais materiais de construção utilizados.” (Dethier, 1993: 15) Já o arquitecto egípcio Hassan Fathy25, a partir dos anos 30, trabalha para os países mais desfavorecidos com ética e independência. Ele procura ir de encontro às reais necessidades da população de baixo extracto social, e cria alojamento usando materiais locais, e de baixo custo. A terra crua é a alternativa, uma vez que desde o Antigo Egipto já aí se faziam grandes construções em terra (Dethier, 1993).
24
http://www.mcdonough.com/
25
http://terre.grenoble.archi.fr/accueil.php
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II – Contextualização
Nos últimos anos, têm surgido novas técnicas, como por exemplo as construções em superadobe, inventadas pelo arquitecto iraniano Nader Khalili na década de 1980, consiste numa manga, ou saco de prolipropileno cheios de terra, uma vez amontoados e bem batidos, criam paredes resistentes, e de grande isolamento térmico e acústico, além de proporcionar formas orgânicas. (http://www.calearth.org). Outra forma de construção natural e rápida, consiste em criar paredes com fardos de palha, posteriormente revestidos com uma argamassa natural em terra. Este material ao criar paredes espessas e largas também é um bom isolador. Ao revestimento em terra convém adicionar um pouco de cal, afim de eliminar insectos e outros bichos e fungos. A tabela que se segue faz-nos uma breve referência sobre possíveis materiais e técnicas usadas na construção ecológica e natural de habitats.
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Figura 36: Uso da terra como material de construção no mundo
Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
II – Contextualização
ECOMATERIAIS Técnicas e materiais construtivos
Fotografias
Descrição
Características
Vantagens
Aplicação
Um dos mais antigos métodos construtivos (3000 anos de história). Tijolos de terra crua, misturada com palha e secos ao sol.
Dimensão varia consoante o tamanho da forma. Qualquer terra serve.
Isolante térmico, P a r e d e s eficiência, con- exteriores, fecção de tijolos interiores rápida e simples, qualidade do ar, independente do uso de cimento, baixo custo
Cob
Técnica originária da Inglaterra (séc. XIII). Barro argiloso moldado, com palha, areia e água
Permite moldar formas orgânicas e artisticas, resistente, massa de modelar
Isolante térmico, eficiência, confecção de tijolos rápida e simples, qualidade do ar, 100% independente do uso de cimento, baixo custo
Super adobe
Técnica inventada pelo arqo iraniano Nader Khalili. Sacos de prolipropileno cheios de terra sobrepostos uns nos outros.
Permite moldar formas orgânicas e artisticas, resistente, adaptavel a qualquer tipo de solo.
Baixo custo, P a r e d e s eficiência tér- exteriores, mica, compatível interiores com obras de grande envergadura, 90% terra, 10% de cimento
Taipa de pilão
Técnica antiga usada em todo o globo, sobretudo no Médio Oriente. A partir de moldes laterais em madeira ou plástico, a terra é batida e comprimida juntamente com um pouco de cimento
Rapidez de construção
Baixo custo, P a r e d e s eficiência tér- exteriores, mica, compatível interiores com obras de grande envergadura, 90% terra, 10% de cimento
Taipa leve
Técnica parecida com a Taipa de pilão, mas mais leve. Material palha juntamente com barro. Posteriormente comprimido.
Rapidez de construção, leveza, ideal para divisórias interiores.
Eficiência térmica, mas não acústica.Baixo custo
Pau-a-pique
Técnica usada pelo mundo, consiste em criar estrutura em paus de madeira entrelançados entre si e forrar com terra argilosa (tabiques)
Técnica simples, de aparência rústica,
Conforto térmico P a r e d e s exteriores, e acústico, interiores
Adobe
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Paredes exteriores, interiores, fornos
Paredes interiores
Quadro 8: Ecomateriais Ecovila nas “Terras de NGOLA” I katila.vilar@gmail.com
II – Contextualização
3.2 Tecnologias alternativas
Esta secção encontra-se dividida em vários subcapítulos:
- O primeiro trata das energias renováveis, ou seja das energias alternativas ao modelo de
energia tradicional, uma vez que tem a sua fonte garantida e um impacto ambiental bastante menor. - Um segundo intitulado água e saneamento, apresenta novas propostas para captar e armazenar a água, bem como a soluções para a humidificação dos solos e por conseguinte sua fertilização para a agricultura. O item saneamento, propõem métodos naturais de tratamento de águas residuais, esgoto e dejectos. - Por fim, uma vez que se propõem desenvolver um projecto rural e ecológico auto-suficiente, faz-se uma análise de soluções práticas de como produzir uma agricultura eficiente e de forma orgânica.
3.2.1 Energias renováveis 26(http://www.energiasrenovaveis.com/) As energias renováveis podem surgir de várias fontes, que podem ser classificadas da seguinte forma:
- Biomassa: A energia é produzida a partir de substâncias orgânicas, a partir da acumulação da
energia solar. Materiais como a madeira, a serradura, papéis reciclados, embalagens, ou cascas de plantas, como a cana-de-açúcar ou o arroz, servem para a produção de energia por biomassa. Apesar de pouca poluição atmosférica, a desvantagem deste tipo de energia é o grande desmantelamento de florestas e a produção de vastos campos agrícolas.
- Eólica: Energia proveniente da força do vento que posteriormente poderá ser transformada
em energia mecânica, como por exemplo os barcos à vela ou os moinhos, ou ainda em energia eléctrica. Para produzir a energia eléctrica, grandes turbinas ou aerogeradores são colocados em locais com muito vento. O movimento do cata-vento através de um gerador produz a electricidade. A energia eólica é uma das fontes de energia renovável mais promissoras, sobretudo se for usada em grande escala.
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- Geotérmica: Energia obtida pelo calor do interior da terra. As fontes geotérmicas poderão ser
a rocha quente seca ou húmida ou ainda os vapores secos. Apesar de ser uma energia renovável em que a fonte não se esgota, a sua extracção pode provocar alguns inconvenientes como por exemplo a poluição sonora ou ainda odores desagradáveis devido à natureza corrosiva.
- Hídrica: A energia hídrica é provocada por uma grande massa de água em movimento, que
posteriormente se pode transformar em energia mecânica ou eléctrica. A água em movimento, passando por turbinas ligadas a geradores, ou seja o princípio das grandes barragens hidroeléctricas, produz electricidade. É uma fonte de grande potencial, mas com grande impacto ambiental. De referir que em Angola, a maioria da electricidade produzida provém da energia hidroeléctrica uma vez que existem inúmeros rios com grande caudal, e por conseguinte barragens como a de Kapanda, Cambambe... 26
Informação deste capítulo retirada do site: http://www.energiasrenovaveis.com
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II – Contextualização
- Hidrogénio: O hidrogénio é a molécula mais abundante em todo o universo, podendo trans-
formar-se em energia a partir da sua libertação provocada pela combustão do hidrogénio. Ainda é um método bastante dispendioso e em pesquisa, mas que nos tempos próximos, cada vez mais automóveis a utilizarão.
- Oceanos: A energia proveniente dos oceanos pode surgir a partir do fluxo das marés, da en-
ergia térmica, das correntes marinhas, ou ainda a partir da energia das ondas. Dependendo da forma como se a quer aproveitar, diferentes sistemas são usados para captar a energia proveniente dos oceanos. Ainda não é um recurso bastante explorado mas que, como qualquer produção de energia em grande escala, poderá a vir a provocar alguns danos aos ecossistemas marinhos.
- Energia Solar: A energia solar é proveniente de qualquer captação de energia luminosa e
térmica proveniente do sol, transformada em energia eléctrica ou mecânica. A energia solar é captada por painéis foto voltaicos, criando electricidade que posteriormente poderá ser armazenada em baterias. Outro sistema proveniente da energia solar, são os aquecedores solares: a energia solar atinge uma superfície escura onde é transformada em calor, podendo assim aquecer uma quantidade de água. A energia solar tem grandes vantagens sobretudo se for usada em grande escala em toda a área tropical do globo. É uma energia limpa mas ainda um tanto dispendiosa. Porém é um método eficaz para ser usado em lugares remotos sem acesso a outro tipo de energia eléctrica.
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A abordagem às energias renováveis mostra que pesquisas científicas se esforçam para encontrar alternativas à combustão dos recursos fósseis, como o petróleo, recurso que daqui a 50 – 60 anos será escasso. Mesmo um país como Angola, que continua a encontrar novas reservas de petróleo, deve pensar em arranjar alternativas mais amigas do ambiente. A nível da construção e da arquitectura importa salientar que os métodos mais usados consistem na produção de energia a partir da energia solar, eólica ou ainda a partir da biomassa, como poderemos analisar na tabela que se segue.
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II – Contextualização
ENERGIAS RENOVÁVEIS Tecnologias p/ a energia. Energia solar:
Fotografias
Descrição
Características
Vantagens
Aplicação
A partir de placas fotovoltaicas o sol converte-se em energia eléctrica. Esta pode ser armazenada em bateriais para uso posterior.
Placas feitas em cristais de sílica e outros componente sensíveis à luz que posteriormente geram energia eléctrica.
Pouco impacto ambiental, energia renovável e limpa. Durabilidade, pouca manutenção.
Produção de energia eléctrica.
A água passa por painéis de energia solar, entra fria e sai quente
Energia limpa, independente da rede convencional eléctrica e de gás para o aquecimento de águas.
Aquecimento de água a partir de energia solar.
Energia eólica:
Príncipio do catavento aliado a tecnologias modernas, produz as turbinas éolicas. Ideal ara sistemas de energia híbridos (solar/vento)
Baixo custo, energia lima, durabilidade e eficiência.
Produção de energia em pequena escala e em grande escala a partir do vento.
Biomassa:
Energia e calor produzido a partir da combustão de lixo, e desperdicios agricolas, florestais, ...
Custo elevado, não prático.
Não é prático.
Energia que provém da água A partir de turbinas hidraúlicas e de gerador, a água em movimento produz energia eléctrica.
Uso de dia e de noite. Pequenas turbinas de baixo custo. Desvantagens: gasto de água desnecessário.
Produção de energia eléctrica.
Combustível vegetal
Menor impacto ambiental que o consumo de combustiveis fósseis como o petróleo. Menor aquecimento do planeta.
Combustivel usado nos transportes, geradores...
Células Fotovoltaicas
Aquecedor Solar de Baixo Custo
Quadro 9: Energias renováveis
Veicúlos e máquinas movidos a óleo vegetal. Reciclagem de olhos vegetais.
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II – Contextualização
O conceito de arquitectura bioclimática procura reduzir o consumo de energia usada na climatização ou na iluminação dos edifícios usando a interacção do edifício com o seu meio envolvente. Ao aproveitar os recursos como o vento ou o sol e implantar o edifício de forma a beneficiar destes recursos, a arquitectura bioclimática procura produzir os níveis de conforto luminoso e térmico aos utilizadores reduzindo o gasto energético consumível.
3.2.2 Água e saneamento
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Cada vez mais a água potável do planeta tem vindo a escassear e a poluir-se. O aquecimento global tem aumentado a extensão de desertos e em muitos países, as populações sofrem de grandes carências e dificuldade em encontrar água potável. O continente africano é o caso mais visível. Cabe à humanidade encontrar formas de alterar esta situação, não só sabendo usar de forma racional e educada esse bem precioso, mas também usando alternativas para melhorar a sua captação. Aproveitando as águas pluviais, a água potável poderá ser posteriormente usada noutras estações climáticas mais secas, para uso doméstico ou para a irrigação dos solos na agricultura. Uma vez que os solos do planeta também têm vindo a ficar mais estéreis, uma alternativa para humidificar os solos e armazenar água das chuvas, é a criação de “swales”, que consistem em criar canais aproveitando os níveis friáticos dos solos. Posteriormente essa água poderá também ser canalizada para pequenos lagos. A contaminação dos solos e da água têm vindo a aumentar devido à grande poluição industrial. Torna-se urgente também arranjar métodos para poluir menos, ou transformar esses poluentes em recursos. Numa pequena escala, a criação de sanitários secos em que os dejectos se transformam em novos recursos é uma solução viável sobretudo em habitats rurais. O tratamento das águas residuais também pode ser feito por um método natural, a biorremediação, que consiste em regenerar as águas a partir dos microrganismos existentes nas plantas.27
ÁGUA E SANEAMENTO Tecnologias p/ a água
Fotografias
Descrição
Características
Vantagens
Usabilidade
Tanques cilíndricos em ferrocimento com paredes entre 3 e 4 cm. As águas são captadas, e canalizadas para estes tanques.
No caso de tanques p /armazenamento de águas pluviais, a água é canalizada mas antes filtrada.
Baixo custo, baixa manutenção, construção simples e téconlogica social (captação de águas pluviais).
Escavações sobre curvas de nível topográfico com o intuito de armazenar água que provém da chuva.
Ao criar uma vala para armazenamento de água e nas laterais plantar plantas e arbustos, a água é retida o que vai permitindo melhor humidificação dos solos.
Humidificação Agricultura, águas e fertilização para lagos, aqüiculde solos. tura.
Tanques de ferrocimento
Swales
Captação e armazenamento de águas pluviais, criação de pequenos lagos naturais ou para ratamento de águas residuais a partir da técnica de biorremediação.
Quadro 10: Água e Saneamento 27 Informação deste parágrafo retirada do site: http://www.ecocentro.org
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II – Contextualização
ÁGUA E SANEAMENTO Tecnologias p/ a água
Descrição
Características
Os dejectos são lançados para câmaras de compostagem sem uso de água, usando somente papel higiénico e serradura para acelarar o processo de decomposição.
Sanitário feito a um nível superior. Abaixo encontrase uma caixa preta metálica virada para o sol com uma chaminé para saida do gás metano. Após uma câmara cheia, esta é retirada e repousa por um período de 3 meses transformando-se em adubo.
Não contaminação dos solos e da água, e transformação dos dejectos humanos em composto orgânico que servirá de adubo para os solos, sem cheiro. Adaptação a locais sem rede pública.
Importante educar os utilizadores das boas práticas de uso de um sanitário compostável, como por exemplo o não deitar materiais inorgânicos e tóxicos e o não uso de água.
Técnica que consiste em utilizar seres vivos, plantas e seus componentos para tratamento e águas residuais.
Consiste na criação de pequenos reservatórios e lagos de ferrocimento, que consoante o seu grau de impureza usa diversos tipos de organismos vivos para seu tratamento.
Uso de plantas e microorganismos, sem cheiro, lado estético (uso de vegetação), sem cheiro.
Tratamento de águas residuais.
Tratamento de esgoto convencional. Este é direcionado a uma valeta de 1x1x4 que pode ser repetida paralelamente.
No interior da valeta um tunel em tijolos recebe os resíduos, que são tratados por plantas e microorganismos de forma aeróbica e anaeróbica. Por cima plantam-se árvores que continuaram a filtrar todo o processo.
Tratamento de esgoto por meios naturais onde já exista um sistema convencional. Não utilização de químicos.
Tratamento de águas residuais do sistema convencional. Sistema que só pode ser utilizado em pequena escala.
Fotografias
Vantagens
Usabilidade
Tecnologias p/ saneamento Sanitário Compostável
Biorremediação aeróbica
Infiltrador séptico
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Quadro 10: Água e Saneamento
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II – Contextualização
3.2.3 Tecnologias para a alimentação
As tecnologias para a alimentação destinam-se ao uso dos recursos existentes para a fertilização natural dos solos na agricultura. Os sistemas estão todos interligados e encadeados, como por exemplo os dejectos dos animais poderem ser reutilizados afim de criarem adubo natural através da compostagem.
TÉCNICAS PARA A ALIMENTAÇÃO Técnicas Fotografias p/ a alimentação
Descrição
Características
Vantagens
Usabilidade
Proveniente da fermentação anaeróbia da matéria orgânica
Para fazer o biofertilizante é necessário um tambor, que possa ser vedado ou são depositados os resíduos naturais com boa fonte de nitrógeneo.
Disponibiliza nutrientes, corrige a acidez do solo, aumenta a microvida dos solos, boa ventilação e drenagem, ambiente adequado para insectos e pequenos animais benéficos para as plantas
Adubo, fertilização de solos, reciclagem de resíduos. Antibiótico natural que ajuda o controle de fungos e insectos.
A decomposição da matéria orgânica de forma aérobica. Liquída ou não.
A decomposição é aeróbia, ou seja, realizada por microorganismos que necessitam de ar para sobreviver. Microorganismos necessitam de água, é importante manter o composto húmido.
Disponibiliza nutrientes, corrige a acidez do solo, aumenta a microvida do solos, boa aeração e drenagem, ambiente adequado para insectos e pequenos animais benéficos para as plantas
Adubo, fertilização de solos, reciclagem de resíduos.
Biofertilizante
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Compostagem
Fontes de Carbono Palha, bambu, ma- Material fibroso, deiras, capim seco e de lenta decomposição e sem cheiro
Diversas aplicações. Neste caso ajuda a decomposição e reciclagem de resíduos.
Em geral, urina, soro de leite, sangue, vísceras, restos de peixe, algumas plantas aquáticas
Ajuda no processo de decomposição e reciclagem de resíduos.
Fontes de Nitrogênio Material de fácil decomposição de cheiro forte, geralmente húmidos.
Quadro 11: Tecnologias para a alimentação
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II – Contextualização
TÉCNICAS PARA A ALIMENTAÇÃO Técnicas Fotografias p/ a alimentação
Descrição
Características
Vantagens
Ao desenvolverem-se estas criam túneis nos solos que permitem uma melhor oxigenação dos solos e desenvolvimento das raízes resistente, adaptável a qualquer tipo de solo.
As fezes e a urina dos animais ao passarem pelo minhócario transformamse em húmus. Mais fósforo, nitrógeneo, magnésio e cálccio nas plantas
Usabilidade
Minhocário Animais que se alimentam da proteína vegetal, transformando-as em protéina animal.
Pequenos Animais
Galinhas, patos, Consomem os recabras, ovelhas.... síduos das hortas, limpam os solos, criam carne saúdavel e os seus restos, composto.
Carne branca, limpeza de solos, elemento fundamental dentro do sistema.
Fogão que utiliza Chapa metálica o sol como fonte condutora de de energia. calor. Esta encontra-se direccionada para o sol afim de aquecer mais rapidamente.
Uso do sol, e não da madeira. Apropriado para climas tropicais, baixo custo, ideal para sistemas humanitários, e preservação do ambiente. Saúdavel.
Ajuda como adubo e fertilização dos solos.
Fogão solar
Quadro 11: Tecnologias para a alimentação
Cozinhar.
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II – Contextualização
3.3 Conclusões
A concepção de um habitat ecológico é um mapa sistémico das diferentes tecnologias para produzir energia. O design de sistemas na arquitectura procura uma visão holística afim de criar a eficiência do mesmo. Conceitos como a arquitectura climática, ou mesmo a permacultura, ajudam a compreender a relação dos elementos, afim de cooperar com os mesmos, proporcionando o conforto humano e ambiental.
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Figura 37: sistema funcional ECOCASA
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Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
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III - PROJECTO
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III – Projecto
A ecovila tentará incorporar o modus vivendi tradicional e rural da sociedade angolana, especialmente da zona onde for implementada, e focar-se-à na auto-sustentabilidade do meio e no conforto básico da sua população.
Tunisia
Marrocos
Algéria
Libya
Sahara
Mauritania
Malí
Burkina Fasso
Guinea
Ghana
Niger
Egipto
Chad
Angola
Sudão
Nigéria
Ethiopia
Gabon
QueniaSomália
Congo
2 Região - Angola
Tanzânia
Angola
Zambia
Mocambique
Zimbabue
Namibia Botswana
Malange
Africa do sul
1 País - Africa
3 Cidade - Malange
Figura i: Mapa de localização do projecto, Angola
O projecto de mestrado consiste em desenvolver uma ecovila perto das pedras de Pungo Andongo, pois interessa perceber a zona onde este se insere. Nomeadamente a morfologia do terreno, a flora e a fauna, o clima da zona, bem como as estrutura social dos povos que aí habitam, seus hábitos, costumes e tradições. A vivência do local, as habitações tradicionais e os seus materiais também serão de grande complemento a fim de criar uma ecovila de acordo com o espírito do lugar. Após a análise da geografia física e humana, e o estudo de como a população habita ora nos musseques ora no mundo rural, apresento a direcção que a minha ecovila vai abordar, ou seja os objectivos concretos que esta irá focar. O trabalho de mestrado tem vindo a abordar uma metodologia de trabalho, que será melhor apresentada e explicada. Posteriormente, um balanço de todo a análise feita define uma ficha de identificação do projecto, onde o conceito de intervenção é apresentado, e onde se apresenta que tipo de materiais e tecnologias serão abordados no desenvolvimento do mesmo. O ante projecto e o projecto de execução ilustram o trabalho. Por fim, uma conclusão, memória descritiva, revê os items propostos, e foca um elemento essencial a qualquer projecto que é a sua viabilidade de implantação no terreno, quais os desafios e os constrangimentos que se podem vir a encontrar. Ecovila nas “Terras de NGOLA” I katila.vilar@gmail.com
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III – Projecto
Capítulo 1 – Geografia física e humana
1.1 Geografia física: província de Malange 1.1.1 A origem do termo Ngola A escolha do título para o trabalho aqui apresentado “Uma ecovila nas Terras de Ngola” surgiu pelo o facto do nome “Angola” ter raiz no termo “Ngola”, que era título de um dos potentados Ambundos que existiam no Antigo Reino do Ndondo (nas actuais províncias do Bengo, Kwanza Norte, Kwanza Sul e ainda Malange). Por sua vez, o termo Ngola deriva do kimbundu “Ngolo” que significa força. Os Portugueses depreenderam que o chefe Ngola era aquele que detinha a força, e a suas terras eram as “Terras de Ngola”, passando posteriormente a ser as terras de Angola e somente Angola. “É particularmente na região que decorre entre o Pungo Andongo e o Duque (actualmente Kalandula), que o complexo histórico dos Ngolas toma proporção (...)” 28. (Redinha, 1969)
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Figura 38: Mapa do antigo reino do Congo
Citação por Redinha, José, proveniente do Boletim Cultural da Câmara Municipal de Luanda, No 23, Abril – Junho, 1969, páginas 25-31, encontrada no website http://introestudohistangola.blogspot.com/2006/05/31-donde-vem-onome-angola.html. 28
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III – Projecto
1.1.2 Morfologia do terreno e Clima29
Figura 39: Mapa de localização do projecto, Pungo Andongo e sua envolvente, Terreno
66 O interior do território angolano é composto por um grande planalto, cortado por grandes rios que aí nascem e que dão origem a três grandes bacias hidrográficas que alimentam cerca de 2/3 do território. A província de Malange, cuja capital tem o mesmo nome, situa-se a cerca de 400 km a leste de Luanda, entre as províncias do Uíge, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Bié e as Lundas, abrangendo uma superfície total de 97.000 km2. Situa-se no planalto, onde as altitudes podem variar entre os 500 e os 1500 m. O clima é tropical húmido, e em média as temperaturas anuais variam entre os 20o e 24o, enquanto que os níveis pluviómetros podem variar entre os 1000 e 1750 mm. A humidade relativa anda na ordem dos 30 % ao ano. De Setembro a Maio encontra-se o período mais quente. É nesta altura que se dá a época das chuvas. Entre Maio e Setembro encontramos um período mais fresco e seco, chamado de cassimbo. O local escolhido situa-se cerca das pedras negras do Pungo Andongo, a cerca de 100 km da cidade de Malange. São uma cordilheira de formações rochosas situadas perto das margens do rio Kwanza, a 1110 m de altitude. É um local de grande poder da natureza, que transmite o espírito da savana africana, de terra vermelha e céu azul sem poluição.
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III – Projecto
Mapa de localização do projecto
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Figura 40: Mapa de localização do projecto, Pungo Andongo e sua envolvente, Satélite
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III – Projecto
Figura 41: Pungo Andongo
68 Figura 42: Rio Lucala
Figura 43: Escala entre o homem e as Pedras do Pungo Andongo
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III – Projecto
Figura 44: Estrada a caminho do Pungo Andongo
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Figura 45: Estrada a caminho do Pungo Andongo
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III – Projecto
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Figura 46: Pungo Andongo
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III – Projecto
Figura 47: Natureza em Angola
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Figura 48: Natureza em Angola
O projecto deverá responder a estas questões climatéricas uma vez que estamos em clima tropical, ou seja, a forma segue o clima. No conceito de arquitectura tropical, importa prestar atenção ao controle de luz diurna, criando sombras para o homem, e também à ventilação dos espaços interiores. O material de construção deverá contemplar o isolamento térmico dentro dos espaços interiores.
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III – Projecto
1.1.3 Flora e fauna30
Figura 49: Quedas de água de Kalandula
A província é essencialmente agrícola e pecuária, em que a população planta sobretudo mandioca, batata-doce, amendoim, girassol, algodão, feijão, soja, arroz, e hortícolas. A vegetação é composta por savana, e floresta aberta, ou então floresta – savana. A famosa Rosa de Porcelana é a mais nobre das plantas aqui existente.
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Figura 50: Rosa de porcelana
Figura 51: Palanca negra de Angola
Existem dois parques naturais na região, o parque nacional da Cangadala e a reserva natural do Luando, em que se pode encontrar a Palanca negra gigante. Como recursos turísticos, ainda se destacam as Quedas de água da Kalandula, as Pedras do Pungo Andongo, e ainda o túmulo da Rainha Nzinga Bandi.
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III – Projecto
1.2 Geografia humana: Caracterização do Público-Alvo
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Figura i: Mulher Malangina
Figura j: Homem Malangino
Figura k: Jovem Malangina
Aos povos de Malange dá-se o nome de Ambundos. As suas origens provêm dos Ngolas e Jingas. Estes fazem parte do grupo etnolinguístico quimbundo, um dialecto banto. O dialecto quimbundo é o mais falado das línguas bantas sendo mesmo o dialecto falado no Antigo Reino do Congo. Os ambundos são conhecidos por serem grandes organizadores de estado. Por exemplo no séc. XVI, sob a autoridade do Ngola Jinga, irmão da que viria a ser a Rainha Nzinga Bandi, foi instituído, pelos Portugueses, o designado reino de Angola.
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A referir que o homem de origem banta tem várias mulheres e numerosos filhos, sendo estes a garantia da subsistência e da linhagem da família. Na região de Malange, os Ambundos têm ainda grandes capacidades musicais, construindo e tocando a marimba, um xilofone curvo ou ainda, apetência para o artesanato. A indumentária hoje consiste em roupas à europeia, mas é muito frequente ver por toda a África o pano colorido conhecido pelo pano do Congo.
1.2.1 Tradições e religião A abordagem deste capítulo relacionado com a religião dos povos Ambundos será abordada de forma mais ampla, uma vez que os Ambundos são de origem dos povos Bantos. A par de pequenas diferenças entre etnias consoante a localização dos povos em geral o princípio filosófico é o mesmo. Apesar da maioria dos povos de Angola se ter convertido ao catolicismo, após a chegada dos portugueses, os bantos, aí aliam as suas crenças e costumes tradicionais, ditas de animistas. No animismo a crença em seres espirituais, em almas ou em espíritos constituem o elemento base onde o culto dos mortos e dos antepassados é o culto central das manifestações religiosas. Em Angola, os povos bantos acreditam num ser supremo, o Nzambi, criador de todas as coisas. Dependendo da região associam este à chuva, ao trovão, ao oceano, e sobretudo ao Sol. Em geral, são profundamente religiosos e dão grande importância ao espírito dos antepassados, do qual fazem representações nos seus altares. Informação deste capítulo retirado dos livros: Redinha, José. 1974. Etnias e Culturas de Angola. Luanda: Ed. Instituto de Investigação Científica de Angola. Lima, Mesquitela. 1964. A etnografia angolana: considerações acerca da sua problemática actual. Luanda: Ed. Instituto de Investigação Científica de Angola. 31
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III – Projecto
Os povos bantos já concebiam a Terra como sendo redonda, e sintetizavam o princípio filosófico na cosmogonia dos quatro momentos do Sol, os quais assinalavam pelos quatro pontos cardeais. Estes acreditavam que o sol bem como a alma humana percorre sucessivas voltas ao redor da Terra. Quatro cores básicas ainda dão mais ênfase a este culto: - Negro: a concepção na escuridão do útero (nascente) - Vermelho: a força máxima (meio dia) - Branco: o vazio do corpo sem vida, cor do luto e da morte (poente) - Amarelo: a cor verdadeira do sol, a cor que emana toda a inspiração, a partir do qual a alma recomeçará sua jornada rumo a uma nova encarnação/manifestação de sua existência eterna no plano material (reencarnação). As lendas e os mitos, bem como os provérbios, servem para dar relevância a esta religião natural. As danças e o folclore tradicional, acompanhado por música e pelo o uso de máscaras diversas servem para invocar os espíritos e celebrar a vida.
74 Figura 52: Máscara de feiticeiro
Figura 53: Marimba
Importante referir que, por toda Angola, a música participa na vida diária dos Angolanos. Na província de Malange, a tradição musical é conhecida desde o tempo dos Ngolas e Jingas (séc. XVI). Os tocadores de batuques e tambores bem como os tocadores de xilofone manual ditas, marimbas, são de grande qualidade rítmica. A música é acompanhada por danças e rituais carnavalescos, e no mundo rural têm sobretudo um carácter sagrado ou iniciático. Estas celebrações rituais demonstram que “Deus reina, os antepassados governam, as divindades secundárias ajudam, as magias complementam, as superstições previnem. (...)”. (Redinha, 1974)
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III – Projecto
1.2.2 Economia de subsistência
Figura 54: Mulheres a venderem farinha de mandioca no mercado
São um povo ligado, principalmente, à agricultura e um pouco à pecuária. Os povos da zona de Malange praticam uma agricultura tradicional mas um pouco mais desenvolvida, contudo a agricultura destes povos é em harmonia com a terra e de forma ancestral. Nesta zona, as lavras também apresentam práticas agrárias muito cuidadas.
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A actividade agrícola é feita pelas mulheres, mas os homens auxiliam quando se trata de efectuar o desbaste e a limpeza do terreno. Como já foi referido os principais cultivos desta zona são a mandioca, a batata-doce, o algodão, o feijão, a soja, o arroz, e as hortícolas. Na zona de Malange a preparação de derivados de mandioca, como a farinha de mandioca emprega muitas pessoas. A apicultura também é explorada, uma vez que em geral os africanos reconhecem o seu valor energético. A população que vive perto dos rios também vive da actividade piscatória. A par da produção agrícola como meio de subsistência, a população vende em mercados tradicionais o seu excedente. Nos mercados podem-se encontrar outras actividades comerciais, como alfaiates, sapateiros, cabeleireiros, costureiras, artesãos. Estes estão organizados consoante a venda do produto.
Figura 55: Peixeiras no mercado
Figura 56: Vendedoras de farinha de mandioca
É provável que o nomadismo e a entrada tardia na fase agrícola e sedentária, bem como os problemas que encontram actualmente no País, não desenvolvam os meios económicos de subsistência. É necessário incentivo por parte das instituições, formação de profissionais, afim de garantir um avanço, quer na agricultura, quer noutras actividades. Como veremos no próximo capítulo de tecnologias e materiais, os povos angolanos em geral e nomeadamente os Ambundos têm grande capacidade para o artesanato, podendo vir a ser um meio de subsistência sustentável para as comunidades. Ecovila nas “Terras de NGOLA” I katila.vilar@gmail.com
III – Projecto
1.2.3 Tecnologias - Cestaria, e Esteiras:
Figura 57: Cestaria
Os materiais variam de fibras, varas, caules, caniços e palhas, a outros produtos vegetais. A maioria da sua cestaria e das esteiras, é em técnica cruzada e torcida, contudo usam diversas técnicas de entrançados, entrelaçados, entrecruzados, etc. Os motivos são sobretudo geometrizados, e algumas tiras tingidas de preto, castanho ou amarelo, fazem realçar o desenho. Diz-se que, as artes da cestaria em Angola terão tido origem nas armadilhas para a pesca, sobretudo nos rios. Posteriormente passou para uso na agricultura. Encontramos assim uma grande diversidade de objectos utilitários feitos em cestaria para todas funções, desde armadilhas para a pesca, ao transporte de alimentos, a peneiras, ... Qualquer das duas técnicas, a cestaria bem como a confecção de esteiras, derivado às suas diversas utilidades e funcionalidades serão sempre utilizadas pelos povos africanos, também devido à qualidade técnica e à abundância da matéria-prima.
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- Cerâmica:
Figura 58: Cerâmica
Angola é rica em diversos tipos de argila. Encontramos pelo País diversas composições de solos argilosos de várias tonalidades, desde a argila branca a barros vermelhos e pretos. A cerâmica angolana caracteriza-se pela ausência da roda de oleiro. A criação das peças é feita de forma manual ou torneada à mão. A técnica mais arcaica ainda hoje utilizada é a criação dos vasos a partir de “cordão”, e começando pela base. Posteriormente as loiças são cozidas num forno a lenha. A cerâmica utilitária normalmente é feita por mulheres e a artística por homens, sendo o trabalho, geralmente, feito ao ar livre. É compreensível a cerâmica ter sido inventada pelas mulheres devido à necessidade de confeccionar comida e armazenar água. Novamente encontramos uma variedade de objectos utilitários desde panelas, a vasos, ou potes para armazenamento de água. A cerâmica abrange uma diversificação de iconografia e de motivos antropomorfos, normalmente ou figurativos ou geométricos, mas também a nível da textura podemos encontrar peças lisas ou rugosas. De uma maneira geral, a olaria é feita por mulheres, mas surgidas a industrialização e a cerâmica artística, esta técnica é cada vez mais uma prática masculina. Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
III – Projecto
- Tecelagem e Tecidos:
Figura 59: Chapéu ambundo tecido com raizes
É frequente ver no interior do país e, por exemplo, na zona de Malange a tecelagem de tecidos tradicionais é realizada em tear manual. O tecido já é conhecido desde o Antigo Reino do Congo, uma vez que a matéria-prima como o algodão, o sisal, ou a ráfia são abundantes. José Redinha refere no seu livro “Etnias e Culturas de Angola” que no período colonial a qualidade do algodoeiro era muito boa, o arbusto desenvolvia-se espontaneamente chegando mesmo ao tamanho de uma árvore. Contudo actualmente esta indústria caiu em desuso e por toda a África foi substituída pelos tecidos africanos, com motivos africanos, mas manufacturados na Holanda.
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Figura 60: Tecido tradicional feito com raizes
Figura 61: Tecido africano wax, batik
- Metalurgia: A siderurgia é a actividade tradicional mais utilizada em Angola, e o trabalho do ferro e do cobre, como na maioria dos povos bantos, mostra ter um carácter mágico e religioso. Geralmente os forjadores são tidos como pessoas estranhas, detentores do poder e da energia, podendo mesmo ser conectados como manipuladores de remédios tradicionais. Geralmente no seio das sociedades tradicionais, o forjador tem um status elevado.O material usado normalmente é a limonite dos pântanos. Sendo o ferro utilizado para fins utilitários, o cobre tem fins ornamentais, considerado um metal precioso. Os motivos usados são sobretudo desenhos geométricos. Actualmente, com a industrialização e as aculturações, este trabalho tem vindo a ficar em desuso, como tantas outras actividades artesanais. Contudo os povos de Angola têm grande capacidade artesanal, e grande abundância de matéria-prima para a sua confecção.
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III – Projecto
1.2.4 Organização espacial da habitação e mobiliário32
Figura 62: Rapariga na cubata
Figura 63: Velha à janela
A arquitectura angolana teve início na construção de túmulos, devido à importância do culto dos antepassados, nos povos bantos. Poderemos dizer que esta tem um carácter permanente, uma vez que os túmulos são construídos em pedra. Quanto à habitação tradicional, ditas “palhotas” ou “cubatas”, sempre teve um carácter efémero, devido ao material empregue, à importância que lhe é atribuída e também derivado a superstições. A arquitectura é muito diversa em todo o País, devido à sua extensão, ao facto de existirem povos culturalmente diversos e também da diversidade das matérias-primas. Neste capítulo, serão apresentadas, sobretudo, as características gerais dos povos bantos e referências à zona de Malange, bem como características do mobiliário tradicional usado.
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- Organização espacial da habitação: As construções caracterizam-se por serem de carácter efémero, leves e pobres em construção, salvo excepções. Originalmente, as habitações consistiam em espaços circulares, mas ao longo dos tempos foram adquirindo uma planta rectangular ou quadrada. Hoje os espaços de planta redonda são espaços de carácter e fim religioso. A planimetria do espaço residencial é actualmente rectangular, com duas ou três divisões. Normalmente a casa é pequena e tem um carácter, principalmente, de abrigo, espaço para pernoitar. A vida do povo africano, em geral, é feita no exterior. A tarefa de cozinhar, por norma é feita numa divisão exterior, agregada ao espaço residencial. É muito frequente ver as aldeias serem construídas ao longo da estrada de acesso. A par das habitações privadas existem habitações comuns a favor da comunidade, como por exemplo, celeiros, arrecadares ou mesmo dormitório para crianças. As habitações dos povos angolanos caracterizam-se pelo uso de madeiras frustres e aparelhadas, colmo, argila crua e cozida (como por ex. os adobes, tijolo e telha), pedras, alvenaria e cimento. A alvenaria e cimento são sobretudo materiais usados nas zonas suburbanas das cidades, devido a aculturações. No espaço rural, é muito frequente ver construções em pau a pique ou em adobe, com uso de reboco de barro, feitas pelos próprios habitantes, normalmente pelos homens, ajudados pelas mulheres.
Informação deste capítulo retirado do livro: Redinha, José. 1973. A habitação tradicional angolana: aspectos da sua evolução. Luanda: Ed. : Fundo de Turismo e Publicidade de Angola. Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08 32
III – Projecto
Na maioria das habitações das zonas rurais, a cobertura é feita em colmo. Dependendo da zona geográfica, a inclinação por vezes é mais elevada, e a camada é maior devido às chuvas tropicais. Na zona de Malange a cobertura é aplicada com inclinação normal, sendo o colmo substituído de quatro em quatro anos. O pé direito das habitações é relativamente baixo. Era frequente encontrar habitações com pinturas parietais, sempre dentro dos tons brancos, avermelhados e acastanhados. Esta técnica tem vindo a perder importância, devido ao desenraizamento da cultura tradicional, motivo, entre outros, de aculturações com outros povos e sobretudo influência europeia, ou mesmo, dos problemas que enfrentam para sobreviverem. As superstições, como por exemplo, existência de espíritos malignos após uma morte, numa habitação levam as cubatas a serem abandonadas ou mesmo queimadas. No entanto, derivado da crescente transição de valores culturais, os aglomerados têm tendência a serem mais permanentes. Todavia, é necessário dar uma contribuição na qualidade de vida destes povos, mantendo os seus valores culturais.
Figura 64: Cubata rural
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Figura 65: Velho à frente de cubata
Figura 66: Rapariga em frente de cubata
Figura 67: Habitação tradicional rural
Figura 68: Aldeia
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III – Projecto
Análise SWOT HABITAÇÃO RURAL
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) Zonas rurais, contacto com a natureza, vida mais calma.
Pontos Fracos (Weaknesses) Poucas condições: falta de saúde, educação, recursos, agriculturas pobres.
Oportunidades (Opportunities) Mais agricultura, mais habitação, estabilidade social, criação de ostos de saúde, escolas para as crianças.
Ameaças (Threnghts) População com receio de voltar aos seus locais de origem, falta de apoio do estado e dos governos provínciais, marcas da guerra.
Quadro 12: Análise SWOT, habitação rural na província de Malange, Angola
- Mobiliário: Sendo o mobiliário, uma peça de complemento da casa, e uma vez que os povos angolanos vivem sobretudo no espaço exterior, o mobiliário só relativamente há pouco tempo é que começou a adquirir algum significado no espaço residencial. Contudo o mobiliário artístico é deveras cuidado e trabalhado.
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Antigamente, o móvel com mais importante era a cadeira, trono do chefe da aldeia. Hoje, sendo as habitações mais permanentes, o mobiliário começa a representar mais utilidade. Actualmente, o mobiliário económico é facilmente adquirido, substituindo o mobiliário tradicionalmente manufacturado. O mobiliário artístico é hoje uma representação das peças antigas usadas. Portanto, normalmente a peça é manufacturada e talhada num bloco único. As peças mais comuns são bancos, cadeiras e mesas em que as peças podem adquirir mesmo um carácter escultórico novamente com pernas de formas e entalhos antropomorfos ou de desenhos geométricos. As madeiras utilizadas são diversas mas sempre, boas madeiras.
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III – Projecto
1.2.5 Actualização contextual do problema habitacional da sociedade angolana: os musseques33 O quotidiano da maioria da população, concentrada nas zonas suburbanas das cidades é apreendido de forma muito complicada. Sobrevive-se nos musseques, pois, as condições de vida, são, de facto, muito precárias. O êxodo para as cidades ao longo dos últimos 30 anos foi muito rápido, devido à guerra, às secas, à doença, e à fome, no entanto, aí a vida não melhorou. Os musseques cresceram à volta das cidades de forma desordenada, até mesmo anárquica, como garantia de que a guerra e a fome não chegariam até à população. O desemprego é enorme e os problemas diários que encontram são gravíssimos. As famílias africanas são numerosas, e as construções feitas pelos próprios habitantes são rudimentares, feitas na maioria com blocos de cimento, um telhado em chapa, portas e janelas também com o que encontram. A planta é rectangular, e existe somente duas a três divisões. A electricidade é desviada dos postes públicos e a água, distribuída irregularmente, para reservatórios espalhados pelos bairros, não chega para toda a população que aí vive. Praticamente, não existe saneamento básico, e apesar de algumas habitações terem uma fossa séptica, a maioria não tem área de quarto de banho. A recolha de lixo é um problema grave. Este panorama aumenta doenças como o HIV sida, malária, cólera, febre-amarela, mas também o alcoolismo e a marginalidade.
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Contudo, apesar da vida precária, a população tem um carácter alegre. Devido ao clima, a maioria das pessoas vive no espaço exterior, aí tomando as refeições, como acontecia no espaço rural. A habitação funciona, essencialmente, como abrigo nocturno. A fonte de rendimento da maioria da população, sem qualquer qualificação profissional, consiste em pequenos negócios e venda de produtos baratos por entre as ruas do centro da cidade, trabalhos em casas de pessoas mais abastadas, ou transporte de pessoas em táxis colectivos. A capital Luanda é o microcosmo de Angola, pois aí se encontra gente proveniente de todo o País. As infra-estruturas da cidade foram construídas para albergar 500 000 habitantes. Actualmente, aí residam cerca de 4 milhões, onde as populações vivem aglomeradas em bairros normalmente organizados consoante a província de onde vêm.
Figura 69: Musseque em Luanda
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Figura 70: Vista de musseque
Informação retirada pela vivência local e pelo site: http://www.unangola.org/pnud.asp Ecovila nas “Terras de NGOLA” I katila.vilar@gmail.com
III – Projecto
Análise SWOT MUSSEQUES
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) População alegre apesar das dificuldades
Pontos Fracos (Weaknesses) habitação precária, desemprego, marginalidade, falta de saneamento básico, doenças, falta de energia
Oportunidades (Opportunities) População em paz, vontade de um país novo. Criação de infraestruturas básicas, saúde, educação.
Ameaças (Threnghts) Pouca ajuda por parte do governo em criar soluções viáveis e adequadas para a habitação, ócio da população
Quadro 13: Análise SWOT, musseques de Luanda, Angola
1.2.6 Conclusões O retrocesso dos últimos 30 anos de guerra civil deixou marcas gravíssimas na população angolana. Os problemas são enormes, principalmente de carácter social, cultural e habitacional. A população está totalmente desenraizada da sua cultura ancestral.
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Apesar da produção de petróleo e extracção de minerais, o governo angolano esta a encetar esforços em programas maciços de habitação social, onde existe o compromisso nos próximos quatro anos, serem construídos fogos habitacionais por todo o Pais. É certo que é visível um esforço por parte do governo em criar escolas, centros de saúde... mas o país é vasto e os problemas são muitos. Não obstante, existem as ajudas à população existente provenientes pela Igreja Católica, e pelas ONGs que operam no terreno por todo o país, na área da saúde, na educação e na arquitectura para o desenvolvimento. O artesanato e os ofícios poderão ser de grande contributo, permitindo a regeneração das comunidades. A arquitectura para o desenvolvimento deverá ter como razão ética construir localidades e aglomerados para a população, evitando a perca da antropologia do espaço vivencial da própria cultura. É importante descobrir onde é que a tradição e a modernidade se encontram, proporcionando, ao habitante uma melhor qualidade habitacional e de vida. Para já ainda aqui fica para melhor compreensão, a actualização do agravamento das condições em que a maioria dos povos angolanos e africanos em geral, vivem diariamente.
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III – Projecto
Capítulo 2 – Objectivo do Projecto
A ideia conceptual do projecto destina-se à reintegração do homem com a natureza e sobretudo consigo próprio. De facto, o projecto focar-se à sobretudo na área do cooperativismo, do desenvolvimento e no empowerment da população angolana que, devido a 30 anos de guerra, fome e secas, se encontra totalmente desenraizada dos seus valores culturais, vivendo nas zonas peri-urbanas das cidades, enfrentando graves problemas habitacionais, sociais e educacionais. Face a este cenário, pretende-se criar uma comunidade sustentável que permita o encontro do conhecimento tradicional com o moderno, e garantindo:
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. uma base social, que sustente a saúde dos membros da comunidade, valorizando a diversidade e a integração cultural, onde os utilizadores sejam responsáveis pelas suas acções, considerando as necessidades das gerações futuras. (design cultural e de certa forma, inclusivo). . onde os sistemas ecológicos sejam diversificados e saudáveis e que, ao executarem as funções de sustentabilidade, promovam recursos para as pessoas mas também para outras espécies. (princípio da sustentabilidade). . onde a economia é saudável e diversa, adaptando-se nomeadamente aos utilizadores, mas também ao meio ambiente onde se insere reconhecendo os limites sociais e ecológicos do crescimento. O trabalho enquadra-se dentro do conceito de arquitectura para o desenvolvimento, que se esforça por trabalhar com os governos, organizações não governamentais, e com designers e arquitectos e regime de voluntariado, em encontrar soluções viáveis e de baixo custo, por vezes trabalhando com as comunidades locais em criar as infra-estruturas que dignifiquem as suas condições de vida. Para dar um exemplo, refere-se o trabalho da Architecture for Humanity34 , ou a associação Architecture et Développement35 entre outros. O projecto consiste em criar uma ecovila na zona rural da província de Malange, cerca das Pedras do Pungo Andongo, um local remoto da savana africana de grande beleza. A ideia é trazer de volta as comunidades que vivem nas periferias das cidades, em musseques, de volta para o interior do país, mas de forma sustentável. Para tal, é necessário criar pólos habitacionais completos, que contenham as funções primordiais para o conforto saudável da vida humana, de forma simples e humilde. Portanto, a ecovila abrange várias áreas das quais se destaca, a área residencial, a área social, um pólo educativo, um pólo tecnológico, e uma zona de ecoturismo. Esta área de ecoturismo complementa a economia da aldeia, mas também promove a consciencialização dos turistas pela preservação da natureza. Para complementar estas diversas áreas existe uma zona de serviços, para alimentação do sistema, e uma zona agrícola. Para garantirmos a sustentabilidade do meio, o projecto da ecovila está planeado para 150 pessoas. Não quer dizer que no futuro as estruturas não possam ser multiplicadas, mas importa salientar que, neste caso, será importante estudar e melhorar o sistema de alimentação energético e tratamento de dejectos. 34 35
http://www.architectureforhumanity.org/ http://www.archidev.org/ Ecovila nas “Terras de NGOLA” I katila.vilar@gmail.com
III – Projecto
Outro factor importante é, uma vez que se pretende contribuir na melhoria da habitabilidade destes povos, ter em atenção a sua cultura. O estudo feito sobre a antropologia cultural e a geografia física do local, ajuda a compreender as suas necessidades e projectar edifícios dos quais a população se identifica de acordo com o meio onde se insere. O extenso capítulo sobre a contextualização procura dissecar as diversas problemáticas do projecto, factores importantes que o conceito a ecovila aborda e questões relevantes a ter em conta na elaboração do projecto em si. Começa-se agora a tratar do projecto em si. A análise do sistema aqui apresentada visa a sistematização dos objectivos do projecto, mas também o seu enquadramento cultural, o possível alimentador do projecto e o receptor. Importa também salientar quais as restrições que se pode encontrar na concretização do mesmo. Angola é um país africano, que apesar de possuir fortes índices de crescimento, aí encontramos grandes dificuldades burocráticas e de logística. Todavia, a meta do projecto é ambiciosa, e de grande valor ético.
META:
AMBIENTE DO SISTEMA
SISTEMA ALIMENTADOR:
Governo de Angola Governo Provincial de Malange, ONG’s Programas para o Desenvolvimento (ONU), Empresários privados Igreja, Outros.
INPUTS:
Apoiar a Habitação, Alimentação sustentável, Educação/Formação, Emprego, Desenvolvimento Sustentável, Empowerment da comunidade, Lazer /Turismo, Apoiar o retorno ao interior do País.
Habitantes da comunidade, Adultos e Crianças, Técnicos auxiliares, Administração, Formadores, ONG’s, Governo Províncial, Recursos Técnicos e Pedagógicos, Turistas.
Governo Angolano, Situação actual do País, Baixo Índice de Escolaridade da população, Extracto Social precário, difícil acesso aos recursos básicos...
SISTEMA RECEPTOR:
OUTPUTS: SISTEMA ALVO : ECOVILA
RESTRIÇÕES:
Residir, Trabalhar, Aprender, Debater, Visitar, Expor, Vender, Organizar, Cultivar.
POPULAÇÂO Desfavorecida,
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Possíveis visitantes.
REQUISITOS:
Espaço Residencial, Espaço social, Espaço educação, Espaço tecnológico/ artesanal, Espaço ecoturismo, Espaço serviços, Espaço Verde, (Apoio ao Sistema).
RESULTADOS DESPROPOSITADOS:
Possíveis lesões dos habitantes no espaço, falta de recursos sócio pedagógicos, doenças tropicais.
Figura 71: Análise do sistema
Como todo o projecto de arquitectura e design, este deverá seguir uma metodologia de trabalho. O próximo capítulo trata de apresentar quais as metodologias usadas para a concepção e desenvolvimento do mesmo. Posteriormente, sistematiza-se as necessidades concretas do projecto, quais as variáveis circundantes e quais os requisitos a serem ultrapassados. O conceito de abordagem define o leit motiv do projecto, ou seja a linha condutora do trabalho proposto, qual a nossa fonte de inspiração na elaboração do mesmo.
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III – Projecto
Análise SWOT projecto Ecovila nas Terras de Ngola
Análise SWOT Pontos Fortes (Strenghts) Retorno de comunidades ao mundo rural de forma sustentável, empowerment e educação da população, acções de restauro e preservação da natureza, design ecológico e sustentável, Oportunidades (Opportunities) População em paz, vontade de um país novo. Criação de infraestruturas básicas, saúde, educação.
Pontos Fracos (Weaknesses) Acessos, local remoto,
Ameaças (Threnghts) Pouca ajuda por parte do governo em criar soluções viáveis e adequadas para a habitação, ócio da população
Quadro 14: Análise SWOT, projecto Ecovila nas Terras de Ngola
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III – Projecto
Capítulo 3 – Metodologias
As metodologias projectuais são usadas para organizar o projecto por etapas e desenvolver o projecto de forma gradual e racional. Ao usar as metodologias de design, controla-se melhor a orientação do processo criativo além de que, se estabelece uma linguagem comum ao longo de todo o projecto. A organização e a racionalização do projecto procuram estruturar melhores soluções funcionais, e os materiais usados, além de rentabilizar o projecto, a nível temporal, a nível de custos, e de erros que possam surgir. O projecto da ecovila abrange diversas metodologias uma vez que é um projecto vasto. Como a questão central é a sustentabilidade, este abordará metodologias do design para a sustentabilidade (DpS). No que diz respeito ao planeamento urbanístico, usaremos os princípios do urbanismo inteligente, e a permacultura. No design das estruturas edificadas, a ergonomia, a antropometria e a psicologia da forma complementarão de forma significativa para criar o conforto dos utilizadores.
3.1 Design para a Sustentabilidade O Design para a Sustentabilidade (DpS) visa essencialmente em “fazer mais com menos”: no desenvolvimento de qualquer projecto, dever-se-á ter em mente o menor consumo de recursos, sejam eles subjectivos ou objectivos (desde os recursos temporais, aos intelectuais aos mais concretos, ao uso de materiais e logística). O design ecológico, conceito onde se insere o projecto da ecovila, opera em diferentes estágios e escalas de desenvolvimento que surgem, desde o ecodesign ao planeamento regional. No caso da ecovila e no âmbito do projecto de mestrado, esta abordará factores como o ecodesign, a arquitectura ecológica, e o design de comunidades.
Ecologia Urbana
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Ecologia Industrial Design Comunitário
Planeamento Bioregional
Construção Ecológica
Arquitectura-Eco
Ecodesign
Figura 72: Campos do design para a sustentabilidade
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III – Projecto
Ou seja: . No âmbito do ecodesign, dever-se-á ter em conta a escala do produto, a redução de materiais tóxicos e energia. A ideia consiste em, sempre que possível, reutilizar e reciclar materiais já usados anteriormente. . À escala do edifício e no campo da arquitectura ecológica, deve-se procurar o mínimo impacto ambiental das estruturas edificadas, adoptando técnicas de design solar passivo, uso de materiais naturais, tratamentos de resíduos, água e energias renováveis. A arquitectura ecológica tenta capacitar a produção humana de forma saudável, e confortável, através de um design correcto. À escala comunitária, é importante reduzir o impacto ambiental das edificações através dos princípios já referidos como o ecodesign, a arquitectura ecológica, a construção ecológica, o planeamento ecológico, bem como práticas de co-housing 36 e permacultura. Por fim, à escala urbana, o planeamento da ecovila deverá ter em atenção a mobilidade, com a redução de transporte e energia.
3.1.1 Principio do Urbanismo Inteligente (PIU) Relativamente a esta questão de planeamento urbanístico, pode-se referir os dez axiomas do Princípio do Urbanismo Inteligente (PIU), postos em prática pelo arquitecto Christopher Charles Benninger37 no contexto asiático. O PIU é uma teoria que visa essencialmente:
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1. Equilíbrio com a natureza: trata-se de colaborar e usar os recursos da natureza em vez de explorá-los. Tentar evitar a desflorestação afim de não provocar a erosão dos solos, a destruição dos ecossistemas, e outros exemplos na mesma ordem de ideias. Identificar as zonas frágeis do meio, e promover o restauro e a conservação, através do controlo de densidade, uso da terra, e planeamento espacial. 2. Equilíbrio com a tradição: trata-se de dar atenção à tradição e à cultura do próprio povo para quem se está a projectar, mas também ao estilo dos edifícios já existentes, para que o objecto não fique desfazado do seu conjunto.
3. Uso de tecnologia apropriada: consiste em pensar num edifício saudável, ou seja materiais, técnicas, sistemas de infra-estruturas, condições geo climáticas, e recursos locais. 4. Convivialidade: no planeamento urbano, o factor convivialidade é de extrema importância. É necessário promover além do conhecimento de si próprio, o contacto com outras pessoas, afim de estas se poderem encontrar, se conhecer, e gerar relações pessoais, de convívio entre vizinhos, e entre comunidades.
O conceito de Co-Housing surgiu nos anos 60 no norte da Europa. Consiste em comunidades intencionadas, onde as zonas de serviços são para uso de toda a comuniudade, ou seja jardins, cozinhas, zonas de serviços, transportes. A diferença entre o conceito de co-housing e as ecovilas, é que estas últimas têm uma forte componente ecológica. (Dawson, 2006:16). 37 Christopher Charles Benninger é um arquitecto indiano responsável entre outros pelo planeamento urbanístico de novas cidades no continente asiático, bem como a reformulação da capital do Botão, Timphu. (http://www.ccbarch. com/tsp_more.htm, e http://www.dudh.gov.bt/thimphustructural/Index.html). 36
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III – Projecto
5. Eficiência: procura-se o equilíbrio entre o consumo de recursos como energia, custos e tempo com o planeado, ou seja o conforto, a segurança, a acessibilidade, a higiene. 6. Escala humana: o espaço urbanizado é para ser usado pelo homem. Consiste na criação de edificações de acordo com as medidas antropométricas a fim de promover o conforto do ser humano. 7. Matrix de oportunidades: o planeamento urbano deve favorecer o desenvolvimento pessoal, social, e económico. Fomentar educação, lazer, abrigo, saúde, emprego, mobilidade, e necessidades básicas entre outros...
8. Integração regional: a cidade pode ser vista como uma parte orgânica de um sistema ambiental, socio-económico e cultural, que por sua vez faz parte duma região. É importante garantir o desenvolvimento sustentável de todo o planeamento urbanístico afim de não prejudicar a região onde está implantada. 9. Movimento e deslocação equilibrados: deverá existir um equilíbrio entre redes de transportes, onde se deve procurar favorecer redes mais saudáveis onde o consumo energético seja menor. Dever-se-á fomentar as zonas pedestres ou as estradas para bicicletas como meios de locomoção alternativos. 10. Integridade institucional: aqui trata-se de criar uma cidade de governação transparente, onde a participação do cidadão seja activa. (Este último aspecto não será abordado no trabalho proposto.
3.1.2 Permacultura 88 Para além das metodologias de Design relacionadas com o planeamento urbanístico e arquitectónico, o design da ecovila também abordará metodologias usadas no conceito da permacultura. A permacultura é uma teoria que surgiu nos anos 70 por dois australianos, Bill Mollison e David Holgren, essencialmente usada na concepção de espaços rurais. Ao reparar que o modelo agro-industrial estava a criar problemas como a erosão dos solos, a contaminação destes e da água, a redução da biodiversidades e a desfertilização, estes começaram a desenvolver ideias para criar um sistema de agricultura mais estável e sustentável. Rapidamente, verificaram que o conceito de “agricultura permanente” passou a “cultura permanente” e hoje abrange o desenho de assentamentos humanos através da ecologia e do design (Morrow, 2006). É uma ferramenta de carácter holístico, em que os princípios éticos consistem na preservação da terra enquanto Gaia ou seja, reconhecendo que o planeta é um organismo vivo, fonte de vida de que nós fazemos parte; na preservação da humanidade, ajudando a contribuir para a criação de comunidades mais justas e saudáveis, e por fim, na partilha equilibrada dos recursos, sem os explorar.
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III – Projecto
AGRICULTURA INTEGRADA
AGRICULTURA ORGÂNICA E BIODINÂMICA
AGROSSILVICULTURA E TÉCNICAS FLORESTAIS INTEGRADAS COM A NATUREZA
HORTICULTURA BIO-INTENSIVA
CAPTAÇÃO DE AGUA ( KEYLINE)
CULTIVO DE VERDURAS/ PLANTAS NA FLORESTA
EXTRATIVISMO BIO-ARQUITECTURA
DESIGN PASSIVO PARA ENERGIA SOLAR
MANEJO DA TERRA E DA NATUREZA
CARVÃO E GASOFICAÇÃO DA MADEIRA ESPACO CONSTRUIDO
TITÚLO NATIVO
POSSE DA TERRA E COMUNIDADE
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS ECOVILAS HABITAÇÕES COLECTIVAS
PRINCIPÍOS ÉTICOS DE DESIGN E PERMACULTURA
EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE DESIGN DA PERMACULTURA
FERRAMENTAS E TECNOLOGIA
AGRICULTURA APOIADA NA COMUNIDADE
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DESIGN PASSIVO PARA ENERGIA SOLAR
FERRAMENTAS MANUAIS TRANSPORTE POR BICICLETAS
CONTABILIDADE EMERGÉTICA INVESTIMENTO ÉTICO
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO NATURAIS AUTOCONSTRUÇÃO
BANCO DE SEMENTES
MANEJO HOLÍSTICO DOS CAMPOS
COOPERATIVAS ORGANIZACOES CORPORATIVAS
CAPTAÇÃO DE AGUA E REUTILIZAÇÃO
CULTURA E EDUCAÇÃO
ECONOMIA E FINANCAS SAÚDE E BEM ESTAR ESPIRITUAL
PRODUTOS DE COMÉRCIO JUSTO
ESPIRÍTO DO LUGAR
WWW.WWFOUND
MORTE COM DIGNIDADE
SISTEMAS LOCAIS DE TROCA
YOGA E OUTRAS DISCIPLINAS SOBRE O CORPO/MENTE/ESPIRÍTO
REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM EDUCAÇÃO EM CASA E PEDAGOGIA WALDORF LEITURA DA PAISAGEM
PARTO EM CASA E ALEITAMENTO
ARTE E MÚSICA PARTICIPATIVA
SAUDE PREVENTIVA MEDICINA HOLÍSTICA
ECOLOGIA SOCIAL E PESQUISA DE ACÇÕES
Figura 73: Princípios éticos da permacultura
A permacultura opera a partir da compreensão da interacção de todos os sistemas do meio ambiente: sol, clima, microclimas, ventos, orientação, água, solos, vegetação, animais... O design permacultural trabalhará todos estes elementos, afim de optimizar e colaborar com a natureza em si. A metodologia frequentemente usada na permacultura consiste na Metodologia O OBREDIM (Observation, Bounderies, Ressources, Evaluation, Design, Implementation, Maintenance): 1. Observar: e compreender o espaço e sua relação com a envolvente. 2. Área circundantes: Analisar ecossistemas, região e áreas vizinhas. Qual a sua relação com o espaço. 3. Recursos: todo o tipo de recursos necessários e envolvidos na concepção do projecto. 4. Síntese: após a análise dos items anteriores, é necessário equacionar e sintetizar os dados relevantes para a elaboração do projecto. 5. Design: criação e desenvolvimento do projecto, tendo em atenção, criar relações sinergéticas entre todos os elementos do ecossistema. 6. Implementação
7. Preservação
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III – Projecto
Estes dois últimos aspectos não farão parte do projecto de mestrado uma vez que dizem respeito à implementação real do projecto no local. Apesar do conceito de permacultura visar o estudo exaustivo do local, o design permacultural procura o uso de padrões existentes na natureza, uma vez que esta também funciona consoante padrões, e também classifica a sua área de intervenção consoante zonas ilustradas no quadro e na figura abaixo.
Figura 74: Classificação das zonas na metodologia permacultural
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Figura 75: Classificação de Plantas e Árvores
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III – Projecto
Zonas Permacultura
PERMACULTURA - Zonas Zona 00
A casa, ou o centro do sistema. Arquitectura sustentável e bióclimática e todos os factores que tais conceitos implicam.
Zona 01
Área mais perto de casa, visitada diariamente, onde se coloca os elementos que necessitam cuidado diário: a horta, as ervas culinárias, alguns animais de pequeno porte e árvores frutíferas de uso freqüente.
Zona 02
Um pouco mais distante que a zona 01; aqui encontram-se os elementos que necessitam de ser manejados, mas não com tanta frequência como na zona 01. Árvores frutiferas de pequeno porte, galinhas, tanques pequenos de aquïcultura, e pequenos animais. Oferece protecção à zona 01.
Zona 03
Florestas de alimentos, animais de grande porte, pastagens… Onde se pode incluir culturas agricolas para fins comerciais
Zona 04
Zona semi selvagem, preservação do ecossistema selvagem, reflorestação
Zona 05
Zona selvagem sem intervenção humana. Onde os ecossistemas da natureza vivem naturalmente.
Zona 06
Esta zona encontra-se presente em todas as restantes. Constitui todos os micro-organismos presentes na terra, por exemplo fungos…
91 Quadro 15: Classificação das zonas de permacultura
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III – Projecto
3.2 Ergonomia e Design Universal
A ergonomia, associada ao Design Universal, contribui para compreender e resolver questões relacionadas com a actividade humana. A compreensão das inter-relações que se estabelecem entre o homem e os outros elementos do sistema, visam criar condições de trabalho mais adaptadas às características humanas, onde factores como o bem-estar, a segurança e a eficácia são de grande importância para estabelecer uma melhor qualidade de vida aos utilizadores. Questões como, compreender o nosso público-alvo, suas características e capacidades, e toda a sua envolvente física, ambiental, comunicacional, e organizacional, fazem estabelecer exigências e requisitos que nos levarão a uma melhor solução de design. Apesar dos princípios do Design Universal38 estarem mais direccionados ao design de produto e ao Design Inclusivo39 , serão uma mais valia nos interiores dos diferentes espaços da ecovila. Os sete axiomas do Design Universal visam essencialmente: 1. Uso equitativo: este conceito refere-se ao uso igual para todos os utilizadores, portadores de deficiência ou não. 2. Flexibilidade: simplicidade do objecto, adaptabilidade ao utilizador, minimização de riscos de acidentes.
3. Simples e intuitivo: facilmente identificável, fácil manuseamento, fácil construção.
4. Informação perceptível: fácil compreensão, habilidade sensorial, fácil legibilidade.
5. Tolerância ao erro: minimização de acidentes, através da sua construção, resistência, ou advertências legíveis.
92
6. Baixo esforço físico: eficiência e conforto afim de provocar o mínimo esforço físico.
7. Comodidade: dimensionamento correcto, escala antropométrica, adaptabilidade às medidas do homem, postura e mobilidade.
3.3 Conclusões Actualmente o estado do mundo mostra-nos que o Design para a Sustentabilidade (DpS) é uma ferramenta necessária e urgente afim de mudar posturas comportamentais. O DpS promove soluções ecológicas de forma integrada que abrangem o mais simples pormenor da nossa existência, a todo o ambiente que nos circunda. Um projecto como o da ecovila envolve problemáticas complexas, sobretudo no que diz respeito: - À arquitectura dos vários edifícios que compõem a ecovila, o design dos seus espaços, tendo em consideração as actividades que aí se desenrolam e os sistemas que se interligam.
O conceito de Design Universal surge em 1997, pela Universidade da Carolina do Norte e visam de forma equitativa estabelecer um status igual para todos os utilizadores em relação ao uso e à utilização de um mesmo objecto. (http:// design.ncsu.edu/cud/). 39 Design Inclusivo: Actividade do design direccionada sobretudo para um público-alvo específico, como por exemplo pessoas de terceira idade ou portadoras de deficiência, que normalmente sofrem de exclusão social. 38
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III – Projecto
- O estudo dos diferentes sistemas para que estes tenham maior eficiência, tendo em consideração o mínimo de impacto ambiental e menor custo económico: sistema alimentação, sistema energia, sistema água e saneamento. - Ao planeamento do território, ou seja à implementação das estruturas edificadas no terreno mas também ao planeamento urbanístico e paisagístico no local onde se insere. O contributo da Ergonomia, ao usar metodologias como o User Centered Design (UCD) e a antropometria para estudar e compreender as necessidades reais dos utilizadores e suas limitações, ajudará a conceber o sistema adequado ao homem, de acordo com os aspectos físicos, cognitivos, e organizacionais. (Duarte, 2008). A metodologia proposta na figura que se segue é do tipo retroactiva, o que quer dizer que, a qualquer altura do projecto é possível voltarmos a considerar a investigação feita à priori, a contextualização da temática proposta.
Problemáticas Criação de uma Ecovila na Província de Malange em Angola
- Modelo de arquitectura sustentável, - Arquitectura para o desenvolvimento, - Empowerment de comunidades locais de baixo extracto social.
Design para a Sustentabilidade
- Princípios do Urbanismo Inteligente (PIU) - Permacultura.
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Análise / Contextualização
- Arquitectura vernacular, - Ecovilas, - Tecnologias sustentáveis.
Ergonomia
- UCD (User Centered Design) - Design Universal.
Metodologias e Ferramentas
Metodologias e Ferramentas
Síntese
Síntese
Conclusões
Conclusões
Ecovila em Terras de Ngola Arquitectura Sustentável, para o desenvolvimento. Projecto RURAL.
Figura 76: Organigrama da metodologia
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III – Projecto
Capítulo 4 – Desenvolvimento do projecto
Os próximos capítulos visam sistematizar as envolventes do trabalho. É importante compreender o nosso público-alvo, bem como as diferentes áreas do sistema Ecovila, quais as variáveis circundantes e os requisitos necessários. Trata-se de um projecto rural, num ambiente climatérico tropical e húmido e sobretudo dentro do conceito de arquitectura para o desenvolvimento. Deverá focar a sustentabilidade do meio ambiente e da população aí inserida.
4.1 Ficha de Identificação do projecto “Uma ecovila nas Terras de Ngola” 4.1.1Caracterização sistemático do Público-alvo A ecovila pode ser considerada por um macro sistema, composto por várias áreas distintas. Ela está essencialmente focada para o empowerment da população nativa, proveniente de um extracto social baixo, de grandes carências sócio educacionais. O público-alvo da ecovila é formado, maioritariamente, por um grupo de residentes, mas também por pessoas externas, sendo estes, formadores, professores, técnicos administrativos e auxiliares. Uma vez que a localização do projecto serve também para promover o ecoturismo daquela região, uma área de ecoturismo trará os visitantes e turistas curiosos, promovendo uma melhor integração entre extractos sociais. Como já foi referido, pretende-se criar uma aldeia no máximo com 150 pessoas distribuindo-se da seguinte forma:
94
- 70% Adultos e crianças – residentes locais - 30% Pessoas externas, das quais: - 10% Técnicos, professores, administrativos - 20% Visitantes externos, turistas
ECOVILA População de extracto social baixo
Adultos Homens e Mulheres
Crianças e Jovens
Formadores / Técnicos Administrativos
Formadores / Profs e Técnicos
Visitantes/Turistas
Administrativos e Auxiliares
Figura 77: Caracterização geral da população em geral
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III – Projecto
É imprescindível analisar as características e a proveniência de cada segmento do público-alvo, bem como os seus comportamentos, interesses e capacidades, afim de compreender os utilizadores do projecto. Assim teremos:
A população em geral: População de extracto social baixo Adultos Homens e Mulheres
Dos 18 aos 45 anos
Proveniência: Meio Rural e Meio Urbano (população que habita nas zonas peri-urbanas das cidades)
Dos 45 aos 65 anos
Interesses: Interesses: Uma vida mais calma, Melhorar de vida, cuidar dos netos, jogar, aprender, trabalhar, conversar, ouvir música, conversar, dançar, ouvir música, conhecer, cuidar ver televisão, estar com a família, comer dos !lhos, ver televisão Comportamentos: Curiosos, activos, em geral espontâneos
Crianças e Jovens
Características:
Comportamentos: Pessoas mais calmas, mais razoáveis em geral
Capacidades: Capacidades mais limitadas, ou porque ainda não estão totalmente desenvolvidas, ou porque já estão em declínio
Dos 12 aos 18 anos
Dos 0 aos 12 anos Interesses: Descoberta da vida, brincar, aprendizagem lúdica, ir à escola
Interesses: Brincar, Aprender, ouvir música, dançar, actividades desportivas, conversar
Comportamentos: Curiosos, activos, em geral espontâneos
Comportamentos: Pessoas mais calmas, mais razoáveis em geral
Capacidades: Normais, por vezes alguma de!ciência física (minas de guerra, amputados)
95 Figura 78: Caracterização geral do público-alvo
. Formadores, professores, administrativos e auxiliares: Formadores, Professores Adultos Dos 23 aos 60 anos Interesses: Diversas formações académicas, técnicoprofiissionais, ou outras, interesses diversificados
Proveniência: ONG ‘s, técnicos locais, meio urbano, meio rural
Administrativos, Auxiliares
Características:
Proveniência: Meio Rural e Meio Urbano
Administrativos:
Auxiliares:
Adultos Dos 23 aos 60 anos
Adultos Dos 23 aos 60 anos
Interesses: Diversas formações académicas, técnicoprofissionais, ou outras, interesses diversificados
Interesses: Formação académica entre a 4a classe e o 9o ano.
Proveniência: ONG ‘s, técnicos locais, meio urbano, meio rural
Proveniência: meio urbano, meio rural
Figura 79: Caracterização geral de formadores, administrativos e auxiliares
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III – Projecto
. Visitantes, externos, turistas:
SISTEMA ALVO: ECOVILA / ecoturismo Turistas e Visitantes Externos Adultos Homens e Mulheres
Características:
Dos 45 aos 65 anos
Proveniência: Meio Urbano
Crianças e Jovens
Dos 12 aos 18 anos
Interesses: Diversos Intuito: Conhecer o meio ambiente natural, geografia, flora e fauna, cultura local Comportamentos: Interessados, comunicar, conhecer, passear, desfrutar, Relaxar, passear...
Figura 80: Caracterização geral de visitantes externos, turistas
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4.1.2 Caracterização das diversas áreas Esta análise pretende compreender a função de cada área específica, quais as principais actividades que aí se desenrolam e as várias tarefas implícitas a desempenhar pelos utilizadores. Por outro lado, interessa-nos também compreender quais as diferentes variáveis a que estes estão sujeitos, como por exemplo, as variáveis físicas, ambientais, comunicacionais e sociais. Todos estes factores ajudarão a entender quais as exigências e os requisitos de cada parte do projecto. Poderemos classificar as diferentes áreas da ecovila da seguinte forma:
Zona residencial: A área residencial é composta por 30 casas com 2 a 3 quartos. Como visto anteriormente, no capítulo sobre a geografia humana, é de realçar que a população de origem banta faz a zona da cozinha num pequeno anexo adicional à casa. Cada zona residencial deverá ter uma área de infra-estruturas de apoio, como por exemplo para armazenamento de água potável, sanitário somente com um lavatório e uma pequena horta para abastecimento.
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III – Projecto
Zona residencial: Variáveis:
Área 1 – O espaço residencial
Utilizadores:
Actividades:
População em geral, adultos, Idosos e crianças. Extracto social baixo, Cultura angolana, Origem Étnica: Ambundos.
Consequências:
Homem: Comunicar, socializar, descansar, comer, dormir, lazer, cuidar da família.
Envolvimento físico: Habitação p/ família c/ 2-3 filhos sala, 2-3 quartos, cozinha anexa WC, arrumos.
Dormir, Cozinhar, Socializar, Instalações sanitárias, Conviver, Espaço de família.
Para o Sistema: Qualidade habitacional: Boa relação familiar; Má qualidade habitacional; Má relação familiar, conflitos. Para o Homem: Relação familiar.
Envolvimento ambiental: Clima tropical, (32o 70%hum.) no exterior, insectos à noite, calor, humidade, luminosidade, exterior, pouco ruído. Envolvimento comunicacional: Comunicação verbal, gestual, música, empatia. Envolvimento organizacional: Relação comunicacional entre família, organização do espaço habitacional.
Figura 81: Caracterização da zona residencial
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Área 1 – O espaço residencial
Actividades:
Dormir, cozinhar, socializar, Instalações sanitárias, Conviver, Espaço de família.
Exigências:
Soluções:
Deverá ter o necessário de uma habitação residencial, cozinha com fogão, bancada de trabalho, lava-loiça, arrumos, quartos c/cama, e armários, sala com sofá, mesa de comer, segurança para as crianças, fácil acesso.
Espaço adequado à construção; Ter em conta antropologia cultural dos utilizadores; Equipamento específico; Controle de calor, ventilação e insectos; Materiais ecológicos naturais e de baixo custo; Energias renováveis, sistemas de canalização.
Requisitos: Espaço para a sua construção, boa circulação entre as pessoas, controle de calor e ventilação adequada, controle de mosquitos e insectos, espaço rural = fácil limpeza, equipamentos necessários para cada actividade, energia, (água, electricidade, gás).
Figura 82: Caracterização da zona residencial
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III – Projecto
Zona social: A área social é composta por cozinha comunitária, zona de estar, centro de informação/recepção, centro para pequeno comércio, além de um anfiteatro destinado a eventos culturais. Variáveis:
Área 2 - Espaço social
Utilizadores:
Actividades:
Todos os utilizadores do sistema: População em geral, adultos e crianças, formadores, professores, administrativos, auxiliares, visitantes exteriores. loja de artesanato local. Espaço comunitário, recepção, escritórios, mercado local, centro de encontro, cozinha comunitária, espaço para brincar.
Consequências:
Homem: Ponto de informação e de encontro, comunicação, convivência, troca, lazer, descanso. Envolvimento físico: Salas de escritórios, recepção, mercado, espaço exterior, sombras, zonas verdes. Envolvimento ambiental: Calor, humidade, luz natural forte, ventilação.
Para o Sistema: Cooperativismo, relação entre as pessoas, troca de informação, empowerment da comunidade. Para o Homem: Relação entre as pessoas, convivência, bem estar emocional.
Envolvimento comunicacional: Convivência, comunicação entre todos, música, dança. Envolvimento organizacional: Organização espacial dos diferentes espaços, equipamento. especí!co, electricidade
Figura 83: Caracterização da zona social
Área 2 - Espaço social
Actividades:
Espaço comunitário, recepção escritórios, mercado local, centro de encontro, cozinha comunitária, espaço para brincar, loja de artesanato local.
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Exigências:
Soluções:
Espaço adequado dos espaços necessários, fácil acesso e limpeza, equipamento específico, electricidade, rede informática, telefones/internet, espaços polivalentes.
Espaço adequado à construção; Ter em conta antropologia cultural dos utilizadores; Equipamento específico Controle de calor, ventilação e insectos; Materiais ecológicos naturais e de baixo custo; Energias renováveis, sistemas de canalização.
Requisitos: Espaço adequado à construção, equipamento específico, controle de calor, ventilação e insectos. Materiais ecológicos naturais e de baixo custo. Energias renováveis, sistemas de canalização dos recursos. Controle da iluminação geral natural e arti!cial. Segurança dos espaços.
Figura 84: Caracterização da zona social
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III – Projecto
Zona tecnológica e artesanal: A área tecnológica e artesanal é composta por várias oficinas para elaboração de artesanato local. Diversas salas destinadas aos vários ofícios, como, marcenaria, atelier de tecelagem e costura, cerâmica e metalurgia. Neste pólo é possível aprender as diferentes tecnologias, mostrar e vender o valor artesanal e cultural que o artesanato tem como fonte de economia local. No centro tecnológico, os habitantes residentes junto de formadores, bem como, professores eventualmente externos, desenvolvem actividades que fomentam o valor cultural destes povos, além de servir à capacitação das comunidades, desenvolvendo a sua educação e pequena economia. Área 3 - Espaço tecnológica e artesanal
Utilizadores:
Actividades:
Consequências:
Variáveis:
Homem: Desgaste físico e intelectual, concentração, motivação, atenção, aprendizagem.
Formadores, professores, alunos e população em geral.
Alfabetização, cursos técnico-profissionais, ateliers de tecnologias.
Envolvimento físico: Dimensão das salas de acordo c/ no de utilizadores, equipamento especí!co. Envolvimento ambiental: Calor, humidade, ventilação, ruído, Iluminação natural e arti!cial.
Para o Sistema: Qualidade dos espaços, aprendizagem, empowerment da população, criação de postos de trabalho. Para o Homem: Desgaste físico e intelectual, riscos de ferimentos, consoante o tipo de actividade.
Envolvimento comunicacional: Comunicação verbal e gestual, conteúdos, aprendizagem.
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Envolvimento organizacional: Aulas diversas, ateliers de trabalho relação de comunicação profs e alunos, colegas administração.
Figura 85: Caracterização da zona tecnológica e artesanal Área 3 - Espaço tecnológica e artesanal
Actividades:
Exigências:
Soluções:
Cursos Espaço adequado das salas, ateliers técnico-profissionais, postos de trabalho, fácil acesso, fácil limpeza, ateliers de tecnologias. caixotes do lixo, rede informática, telefones/ internet , salas de aula com equipamento específico. espaço de descanso e para comunicação.
Requisitos:
Espaço adequado à construção; Equipamento específico; Controle de calor, ventilação e insectos; Materiais ecológicos naturais e de baixo custo. Energias renováveis; Sistemas de canalização dos recursos; Controle da iluminação geral natural e artificial; Segurança dos espaços.
Equipamento específico resistente, recursos e materiais ecológicos e de baixo custo, fácil limpeza, electricidade, fácil circulação de pessoas, controle da luz natural e boa ventilação.
Figura 86: Caracterização da zona tecnológica e artesanal
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III – Projecto
Zona educativa: A área educativa é o pólo escolar para as crianças mas também para alfabetização de adultos. Uma zona de lazer e de desporto também são propostas. Uma escola compreende várias salas de aula, uma recepção, uma biblioteca e mediateca, além de um átrio e uma zona de serviços para auxiliares.
Variáveis:
Área 4 - Espaço educativo
Utilizadores:
Actividades:
Consequências:
Homem: Desgaste físico e intelectual, concentração, motivação, atenção, aprendizagem.
Formadores, professores, alunos (crianças e adolescentes), adolescentes.
Alfabetização, cursos técnico-profissionais, ateliers de tecnologias
Envolvimento físico: Dimensão das salas de acordo c/ no de utilizadores, equipamento especí!co. Envolvimento ambiental: Calor, humidade, ventilação, ruído, Iluminação natural e arti!cial.
Para o Sistema: Qualidade dos espaços, aprendizagem, empowermet da população, criação de postos de trabalho. Para o Homem: Desgaste físico e intelectual, riscos de ferimentos, consoante o tipo de actividade.
Envolvimento comunicacional: Comunicação verbal e gestual, conteúdos, aprendizagem. Envolvimento organizacional: Aulas diversas, ateliers de trabalho, relação de comunicação profs e alunos, colegas administração.
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Figura 87: Caracterização da zona educativa
Área 4 - Espaço educativo
Actividades:
Alfabetização, ensino básico,curso técnico profissionais.
Exigências:
Soluções:
Espaço adequado das salas, postos de trabalho, fácil acesso, fácil limpeza, caixotes do lixo, rede informática, telefones/internet, salas de aula com equipamento especí!co, espaço de descanso e para comunicação.
Requisitos:
Espaço adequado à construção; Equipamento específico; Controle de calor, ventilação e insectos; Materiais ecológicos naturais e de baixo custo; Energias renováveis; sistemas de canalização dos recursos; Controle da iluminação geral natural e artificial; Segurança dos espaços.
Equipamento especí!co resistente, recursos e materiais ecológicos e de baixo custo, fácil limpeza, electricidade, fácil circulação de pessoas, controle da luz natural e boa ventilação.
Figura 88: Caracterização da zona educativa
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III – Projecto
Zona de ecoturismo: Como forma de fomento à economia e sustento da comunidade, uma vez que o local de implementação do projecto é de grande beleza natural, proporciona-se uma área para ecoturismo, onde visitantes externos possam descansar e estar em contacto com a natureza e com os povos nativos, sua cultura e modo de vivência. 10 pequenos quartos ou bungalows, uma recepção e uma zona de estar e lazer, além de zonas de apoio, formam este complexo habitacional para turistas. Variáveis:
Área 5 – Espaço Ecoturismo
Utilizadores:
Actividades:
Consequências:
Para o Sistema: Integração de comunidades, criação de postos de trabalho, Integração com a natureza.
Homem: Descansar, desfrutar, passear, contacto com a natureza.
Visitantes exteriores, turistas,empregados (população geral), auxiliares, administrativos.
Descansar, passear pela natureza,conviver, descobrir, conhecer, partilhar, lazer, actividades lúdicas ligadas à natureza e ao mundo rural.
Envolvimento físico: Quartos com dimensões casal e solteiro, recepção, zona de serviços, cafetaria. Pequenos almoços. Envolvimento ambiental: Calor, humidade,, luz natural forte, ventilação.
Para o Homem: Integração com a natureza. conhecer meio ambiente, pessoas novas, altruísmo, sentimento de partilha.
Envolvimento comunicacional: Convivência, comunicação entre todos, descansar, partilhar. Envolvimento organizacional: Organização espacial dos diferentes espaços, equipamento específico, electricidade, zonas de lazer.
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Figura 89: Caracterização da zona de ecoturismo
Área 5 – Espaço Ecoturismo
Actividades:
Descansar, passear pela natureza,conviver, descobrir, conhecer, partilhar, lazer, actividades lúdicas ligadas à natureza e ao mundo rural.
Exigências:
Soluções:
Espaço adequado dos espaços necessários, fácil acesso e limpeza, equipamento especí!co, electricidade, rede informática, telefones/internet, ventilação, controle de mosquitos, sinalética, segurança contra incêndios.
Requisitos:
Espaço adequado à construção; Equipamento específico; Controle de calor, ventilação e insectos; Materiais ecológicos naturais e de baixo custo; Energias renováveis; Sistemas de canalização dos recursos; Controle da iluminação geral natural e artificial; Segurança dos espaços; Zonas verdes e de sombra.
Energias renováveis, controle da luz, boa ventilação dos espaços, electricidade, comunicações, fácil acesso, zonas de descanso e de estar.
Figura 90: Caracterização da zona de ecoturismo
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III – Projecto
Zona de serviços: Para fazer funcionar todo o sistema da ecovila e as suas diversas zonas e estruturas, será necessário uma zona de serviços de apoio. Esta é composta essencialmente por casa de máquinas para armazenamento e transformação de energia, tratamento de águas residuais e lixo. Apesar de existir uma zona centrada de serviços, cada subárea da ecovila tem a sua área de apoio. Variáveis:
Área 6 – Espaço Serviços
Utilizadores:
Actividades:
Trabalhadores no sistema, auxiliares.
Zona de armazenamento e tratamento de águas, zona deenergias renováveis, zona de arrumos e de apoio às diferentes áreas do sistema.
Consequências:
Homem: Esforço físico, dores lombares, manutenção dos serviços de apoio ao sistema.
Para o Sistema: Essencial para o correcto funcionamento do sistema.
Envolvimento físico: Espaço p/ armazenamento, zona de máquinas, tratamento de águas, energias renováveis.
Para o Homem: Essencial ara o correcto funcionamento do sistema.
Envolvimento ambiental: Clima tropical, humidade.
Envolvimento comunicacional: -
Envolvimento organizacional: Distribuição correcta dos serviços.
102
Figura 91: Caracterização da zona de serviços
Área 6 – Espaço Serviços
Actividades:
Zona de armazenamento e tratamento de águas, zona de energias renováveis, zona de arrumos e de apoio às diferentes áreas do sistema.
Exigências:
Soluções:
Medidas de segurança das diferentes zonas, bom isolamento, organização adequada, fácil acesso e circulação, sinalética, extintores.
Espaço adequado à construção; Equipamento específico; Controle de calor, ventilação e insectos; Energias renováveis; Sistemas de canalização dos Recursos; Controle da iluminação geral natural e artificial; Segurança dos espaços.
Requisitos: Controle térmico, isolamento, ventilação do espaços, devidamente identi!cados, equipamento especí!co, manutenção de máquinas, limpeza.
Figura 92: Caracterização da zona de serviços
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III – Projecto
Zona agrícola e verde, circundante a todas as restantes áreas:
A área verde estará presente em todo a ecovila e procurar-se-á aplicar as metodologias da permacultura, ou seja identificar as diferentes zonas e aí fazer as zonas agrícolas. Importante referir que o verde cria frescura e será essencial para criar um ar mais fresco aos complexos habitacionais.
Variáveis:
Área 7 – Espaço Verde
Utilizadores:
Actividades:
Consequências:
Homem: Esforço físico, dores lombares, exposição ao sol, pequenos ferimentos.
População geral, auxiliares, trabalhadores, visitantes exteriores.
Agricultura, cultivo de mel, pecuária, ...
Envolvimento físico: Espaço exterior.
Para o Sistema: Produção de alimento p/ a comunidade. Sustentabilidade, trabalho.
Para o Homem: Auto-sustentabilidade. Combate à fome.
Envolvimento ambiental: Calor, humidade, insectos.
Envolvimento comunicacional: Trabalho em conjunto, parceria.
Envolvimento organizacional: Organização do espaço verde por áreas de cultivo., zona de arrumos produtos e utensílios agrícolas.
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Figura 93: Caracterização da zona agrícola e verde
Área 7 – Espaço Verde
Actividades:
Exigências:
Soluções:
Agricultura, cultivo de Organização das zonas de cultivo, mel, pecuária, ... sistema de rega, água, microclimas. Organização das zonas de pecuária.
Organização das zonas de cultivo; Permacultura; Organização espacial do meio natural; Energias renováveis, água; Paisagismo; Zona de arrumos.
Requisitos: Ventilação, Canalização de águas, algumas zonas de sombra, jardins.
Figura 94: Caracterização da zona agrícola e verde
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III – Projecto
O projecto da ecovila tem uma grande componente paisagística. Sendo a sua localização no interior do país e o objectivo do trabalho é fazer regressar comunidades ao seu meio natural, os jardins do complexo, complementarão o reflexo de um relacionamento entre o homem e as plantas. O paisagismo destina-se a planificar os jardins, mas também o que rodeia as zonas exteriores, como acessos, zonas de descanso e lazer. Para projectar um ambiente paisagístico importa ter em atenção a forma, a harmonia, a cor e a textura bem como, a sua integração com a residência. Situando-se nos trópicos, respeitará a flora existente desta zona climatérica, criando jardins tropicais com plantas resistentes e adaptadas a estes climas. A diversidade da flora tropical é vasta: somente na África tropical existem 21.000 espécies de plantas superiores 41. Os jardins tropicais albergam palmeiras diversas, helicônias, pândanos, calatéias, fetos, filodendros, estrelitzas, cheflera, dracenas, gengibres, ágaves, bananeiras ornamentais, costelas-de-adão, árvores subtropicais, bromélias, orquídeas, bounganvílias, trepadeiras, entre outros... O arquitecto paisagista Burle Marx foi o que mais desenvolveu este tipo de jardins, que actualmente são uma forma de expressão nos trópicos 42. Segundo os princípios permaculturais, jardins em espiral de ervas aromáticas ou mesmo o uso de plantas comestíveis poderão complementar os jardins de flores e plantas. (Morrow: 2006). Este tipo de intervenção fará realçar sentidos como o olfacto e o paladar, além da visão. Algumas zonas destinam-se a jardins desérticos e rochosos. Aqui a maioria das plantas desenvolveram a habilidade de conservar a água e acumulá-la durante um certo tempo. Plantas cactáceas, agaváceas, crassuláceas, e bromeláceas 43, criaram ambientes por vezes considerados rudes devido aos espinhos e à aridez do terreno. No entanto, os cactos mostram toda a sua graciosidade quando as flores desabrocham. Este tipo de jardins não requer grande manutenção, além de que não necessitam de muita água. Em anexos, poderemos encontrar informação sobre paisagismo, e sobre estes dois tipos de jardins referidos.
> Pontos-chave:
- Jardins tropicais - Principios permaculturais - Jardins desérticos
104
Em conclusão, importa salientar que todas as zonas da ecovila deverão ter áreas funcionais e infra-estruturas destinadas ao armazenamento e condução de energia, armazenamento de água potável, tratamento e saneamento. A par da zona de serviços, pequenas áreas existirão para apoiar as diversas zonas.
Fonte: http://www2.iict.pt _website do Instituto de Investigação Científica Tropical, Lx. Fonte: http://www.jardineiro.net 43 Fonte: http://www.jardineiro.net 41 42
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III – Projecto
4.1.3 Materiais A terra é um material tradicionalmente usado ao longo dos séculos, de boa plasticidade e boa massa térmica. Como já mencionado, Angola enquadra-se no mapa do uso da terra crua na arquitectura44 , onde a técnica usada é o pau a pique. Trata-se da criação de uma estrutura em madeira, posteriormente revestida a terra misturada com ervas e plantas. Pela análise anteriormente feita sobre os materiais naturais e ecológicos, mas também sobre a antropologia cultural dos ambundos, o material de eleição para o projecto da ecovila é a terra crua. Existem porém, técnicas de construção mais recentes, práticas e resistentes que o pau a pique. Dependendo da edificação, usar-se-á uma técnica de construção em terra crua específica. Por exemplo, o superadobe assim como o cob, são técnicas favoráveis à criação de formas curvas, enquanto que, para a construção de linhas rectas, o adobe e os fardos de palha são mais aconselháveis. De qualquer forma, o projecto da ecovila procura usar materiais naturais de baixo custo e que possam também ser reutilizados como pneus de borracha, garrafas, etc... A ideia consiste em envolver a população na construção do projecto, usar materiais que possam ser facilmente encontrados no local, para minimizar todos os custos envolventes. Os materiais usados deverão ser cuidados ao longo da vida, sendo que o ciclo de vida dos materiais precisa de ser mantido e por vezes substituído, como é o caso das madeiras. Concluindo, os materiais e as técnicas de construção ecológicas são numerosas e a escolha será feita consoante a estrutura a criar, que poderá combinar diversas técnicas e materiais, incluindo estruturas prefabricadas para ajudar ao seu suporte e resistência. Remete-se o leitor para o quadro no 8 Ecomateriais, situado no capítulo das Tecnologias Sustentáveis, bem como para o Ante-Projecto, Projecto de Execução e Memória Descritiva, onde os materiais vem referidos.
4.1.4 Energias Alternativas 105
. Energia:
A sustentabilidade aborda o tema das energias renováveis, como uma fonte inesgotável e como um método alternativo a ser cada vez mais utilizado no futuro próximo. Importa analisar as condições reunidas para cada projecto e fazer a escolha consoante as mesmas. O projecto da Ecovila nas Terras de Ngola é um caso particular: cerca de 20 km do local de implementação do projecto, situa-se a barragem hidrográfica de Cambambe. Neste caso, o investimento em energia solar não se justifica, optando-se na implementação do projecto no terreno, investir no transporte e na transformação da energia de alta tensão em média e baixa tensão. Uma vez tendo electricidade, o aquecimento de água também poderá ser feito através de forma eléctrica, por via de termoacumuladores de água. De referir que uma vez que o projecto se situa nos trópicos, o volume de água quente não será significativo. A cozinha comunitária comportará também um fogão eléctrico, prescindindo totalmente ao uso do gás no projecto da ecovila. Porém cada família deverá confeccionar a sua comida a partir do fogão solar. Por outro lado, pela análise feita anteriormente aos costumes da população, a cozinha situa-se num espaço anexo muitas vezes ao ar livre, o que possibilitará o uso do fogão solar sem problema. Deverá somente existir uma acção de formação de como usar o fogão solar e os cuidados a ter.
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Ver figura 36: mapa do uso da terra crua
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III – Projecto
Esta escolha deve-se ao facto de tentar incentivar a população a viver de forma mais sustentável e também para ilustrar que outros métodos alternativos são eficientes, sobretudo em países tropicais e em países em vias de desenvolvimento, com uma maioria de população ainda em dificuldades.
> Pontos-chave:
- Energia eléctrica proveniente da água - Aquecimento de água por termoacumuladores (electricidade) - Fogão eléctrico/Fogões solares
. Água e Saneamento:
O local escolhido para a implementação do projecto situa-se nas margens do rio Lucala. Como podemos analisar, o projecto reúne uma quantidade de recursos energéticos para a vida da população no meio rural. Não obstante, a ecovila também prevê a criação de tanques em ferrocimento para o armazenamento de águas pluviais proveniente da estação tropical, ou seja de Outubro a Maio de cada ano. Esta água posteriormente será para uso doméstico. O sistema para captar a água funciona da seguinte forma: a água é captada através das coberturas das edificações e canalizadas para o tanque em que previamente foi tido o cuidado de a filtrar. As águas sujas serão posteriormente tratadas pelo método da biorremediação, sendo por fim utilizadas para rega na agricultura. A água potável usada para beber em África convém sempre ser fervida e desinfectada com gotas de lixívia para precaver doenças como a cólera, doença muito frequente nesta zona do globo. Importa ainda referir a questão do saneamento. Como projecto rural que é, no meio selvagem, a ecovila comportará casas de banho secas, favorecendo assim o ciclo natural do alimento, transformando os dejectos em adubo. O processo de compostagem no interior da câmara é realizado por microrganismos que vão decompondo a matéria. A compostagem de cada câmara dura entre três a seis meses. Deverão existir duas câmaras para cada casa de banho, pois estas vão sendo alternadas. Estas estarão direccionadas para a zona de maior exposição solar para activar a decomposição. A casa de banho compostável não usa qualquer descarga de água, em vez disso usa serradura de madeira (CO2) que poderá ser proveniente da zona das tecnologias, onde se prevê uma marcenaria. O uso do CO2 ajudará no processo de decomposição mas também a eliminar os odores. Estes e o gás serão eliminados através de uma chaminé.
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Procura-se assim que cada elemento tenha a sua função dentro do sistema, garantindo assim a reciclagem e a renovação de cada ciclo.
> Pontos-chave:
- Armazenamento de águas pluviais - Tratamento de águas residuais de forma natural - Casas de banho secas - Compostagem – Adubo natural
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III – Projecto
4.1.5 Conceito de abordagem O conceito consiste numa procura de reintegração do homem consigo mesmo e com a natureza. 64% da população de Angola vive num estado de sobrevivência, atravessando dificuldades de vária natureza. Criar ordem para que a sociedade possa evoluir, será o nosso objectivo. A natureza é composta por um sistema dinâmico de padrões, ciclos, onde existe um harmonioso estado de inter-relacionamento dos seus elementos. Nós vivemos num universo de padrões por vezes caóticos, como é o caso dos fractais, em que a natureza é bastante rítmica. Ao mesmo tempo, existe uma ordem natural do Universo. No livro O Ponto da Mutação de Frijtof Capra, podemos encontrar uma citação de Ervin Lazlo que diz que existe “uma progressão da multiplicidade e do caos para a unicidade e a ordem” (Capra, 1992:282). Desta forma, o homem também deveria ir vivendo de acordo com esse equilíbrio dinâmico, afim de não se encontrar totalmente alienado. Para ilustrar essa harmonia, as fontes de inspiração para o desenvolvimento do projecto surgem através da matemática, da geometria e do biomimetismo45. O biomimetismo, conceito que consiste em aprender com a natureza e tentar adaptar esse conhecimento no design, permitirá criar as estruturas da ecovila de forma mais integrada com o meio ambiente, assegurando os conceitos que envolvem a sustentabilidade, como por exemplo o poupar energia, a redução de custos e a eficiência do sistema. O processo que leva à forma do planeamento urbanístico e arquitectónico da ecovila parte de imagens simbólicas de padrões geométricos existentes na natureza. Deste modo, poderemos encontrar os fractais46, os “crop-circles”47, a espiral, entre outras formas geométricas simples.
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Figura 95: Fractal
Figura 96: A Terra vista do céu
Figura 97: Crop circle
Figura 98: Girassol
http://www.biomimicryinstitute.org http://n100best.org/index.html 46 Fractais: consiste num objecto geométrico que pode ser dividido em partes e em que cada uma será semelhante ao objecto original. Infopédia: http://en.wikipedia.org/wiki/Fractal 47 Crop circles: padrões geométricos que surgem nas plantações de cereais. (Silva: 2002) 45
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III – Projecto
A arquitectura, ao longo dos séculos, sempre procurou a perfeição ao tentar construir edifícios à escala humana e à imagem do Cosmos. Podemos referir as pirâmides de Gizé, o cânone de Leonardo da Vinci, e mais recentemente o Modulor de Le Corbusier 48,com a sua preocupação pelas proporções humanas. A geometria sagrada49 vem reforçar a ideia de uma ordem natural da vida, não obstante, cheia de ritmos e mutações. Planear a ecovila de acordo com os princípios dos fractais e dos padrões geométricos, permitirá também proporcionar uma evolução, caso a população da ecovila venha a aumentar. O caos padronizado transforma-se também em mandala ou seja, na representação geométrica dinâmica entre homem e cosmos. O desenho procura responder a estes conceitos filosóficos, e para tal, o uso de linhas orgânicas e fluidas, bem como o uso de formas geométricas que se possam repetir, conjugar e criar outros objectos, responderão ao leit-motiv que acompanha o trabalho. Não se menciona aqui qualquer tipo de religião, e principalmente, o projecto da ecovila não se enquadra em nenhuma prática religiosa. Porém, na reforma emergente de um novo paradigma, as religiões sintetizam-se num conceito mais profundo, o da celebração da vida, do sistema planetário Gaia e do respeito pelo homem e pelas outras espécies50.
Figura 99: Brócolo
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Figura 100: Modulor de Le Corbusier Figura 101: Mandala tibetana
Figura 102: Fibonacci
Figura 103: Cânone de Leonardo da Vinci
Le Corbusier: http://www.fondationlecorbusier.asso.fr/fondationlc.htm Geometria sagrada: “Estudo das ligações entre as proporções e formas contidos no microcosmo e no macrocosmo com o propósito de compreender a Unidade que permeia toda a Vida. ” http://www.flordavida.com.br/HTML/geometria.html 50 Ver anexos: A CARTA DA TERRA (http://www.earthcharter.org/), Somos todos Africanos (http://leonardoboff.com/site/lboff.htm) 48
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III – Projecto
O ambiente que se pretende transmitir procura estar em sintonia com a cultura da população. O uso de materiais locais, as iconografias usadas pelos povos africanos que provêm dos desenhos geométricos, ao desenho de animais selvagens e máscaras e cores fortes, complementarão o recriar a identidade africana. A beleza do próprio lugar e as zonas verdes encerram a ligação com a terra.
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III – Projecto
4.2 Ante-projecto O local escolhido para desenvolver o projecto da ecovila, situa-se no caminho para as pedras do Pungo Andongo em terraplanagem ali existente. A escolha deve-se ao facto do local já se encontrar provido de acessos, além da vontade de restaurar o meio ambiente danificado. A forma geral da ecovila segiu a forma das terraplanagens existentes. O posterior desenvolvimento das suas zonas nasce de acordo com o conceito apresentado anteriormente dos fractais, que permitirá a aldeia crescer num conceito de caos padronizado, criando mais pólos habitacionais. De referir que os materiais usados são essencialmente materiais naturais, e outros reciclados e de baixo custo. As tecnologias de construção são de certa forma simples, permitindo o envolvimento da população local na sua construção. Os desenhos que se seguem ilustram e permitem uma melhor percepção do projecto desenvolvido.
Terreno projecto
Mapa de ventos
Mapa de zonas permaculturais
Planta base
Mapa de climas
Mapa de legendas
Mapa de acessos
Mapa de zonamentos
Mapa de logos
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III – Projecto
4.2 Ante-projecto
Cozinha comunitaria
Ecoturismo
Escola
Casa planta interior
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Escola/ Anfiteatro
Zona tecnologica
Zona residencial
Posicionamento do sol
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III – Projecto
4.3 Projecto de execução – habitação residencial
Implementação
Zonamento
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Planta
Planta cotada
Planta de tecto Mestrado em Design e cultura visual I Design de produção de ambientes I 07/08
III – Projecto
4.3 Projecto de execução – habitação residencial
Corte 1
Alçado
Corte 2
Alçado 1
Corte 3
Pormenores
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Fotos maquete
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III – Projecto
4.4 Memória Descritiva e Conclusões Finais
O projecto de mestrado consiste em criar uma alternativa para as pessoas que vivem nas zonas periféricas dos poucos centros urbanos existentes, num vasto país como Angola. O trabalho proposto centra-se nesta temática e o projecto de execução aborda o espaço residencial. O estudo efectuado sobre a cultura local destes povos, indica-nos que, actualmente, estes escolhem viver em planimetrias rectangulares. Geralmente, a população vive no exterior, usando o interior para se abrigar durante a noite. Tal hábito deve-se ao factor clima, uma vez que nos situamos nos trópicos. As famílias são numerosas e jovens. A tarefa de cozinhar é muitas vezes feita no espaço exterior ou numa divisão anexa. A habitação proposta tenta reflectir estes valores culturais. Tem cerca de 90 m2 incluindo a área exterior coberta. Pode ser considerada uma boa área para um projecto social, mas também há que se considerar tratar-se dum país vasto sem problemas de densidade populacional. A habitação tem uma sala e dois quartos, além de uma cozinha e um pequeno espaço para higiene pessoal. A zona exterior, com assentos, permite à família conviver ao ar livre mas de forma abrigada. Contrariamente à tecnologia de construção usada na região, o pau a pique, escolheu-se o superadobe para edificar a casa, com reboco de terra com cal para precaver possíveis insectos ou outros bichos. As paredes interiores são em adobe à vista. As paredes divisórias têm dois métodos construtivos distintos. Nas paredes que fazem fronteira com o exterior, o método de aplicação do adobe é designado por rap trap, e consiste na aplicação dos tijolos de adobe numa parede dupla de forma a criar um isolamento interior. As paredes divisórias interiores, são aplicadas de forma comum, numa única fileira. Nas janelas aplicam-se persianas verticais em madeira que permitem controlar a entrada de luz dentro de casa. O equipamento é amovível, feito em madeira. Os tecidos usados são tecidos africanos do tipo wax. Cada habitação tem um sistema de captação de água das chuvas proveniente do telhado, canalizando-a posteriormente para dois reservatórios de água. A água usada na cozinha e no lavatório é proveniente destes reservatórios, que estão devidamente revestidos com mosaicos formando padrões africanos. De lembrar que os sanitários existentes na ecovila são comunitários e estão divididos. Num local usa-se água noutro podemos encontrar os sanitários secos compostáveis.
114
Cada núcleo habitacional é em forma circular e é composto por 3 a 6 casas, dependendo da sua implementação no terreno. No centro, encontramos um pequeno jardim temático simbolizando os elementos existentes na terra: fogo, água, madeira, vento, metal, terra. Outros dois fazem ainda alusão à época de prosperidade em que se encontra o país: paz e amor. Alguns destes núcleos encontram-se de frente para a estrada que atravessa a vila, dado que estes povos normalmente situam as suas habitações ao longo das vias. A opção pela forma circular do conjunto, traduz o desejo em que a população viva mais em comunidade, mas tentou-se respeitar ainda, o seu costume em edificar as suas casas no sentido da estrada. Ao centro dos núcleos habitacionais encontraremos uma praça, com uma grande árvore africana, e uns bancos circulares feitos novamente em superadobe. Poderemos ainda encontrar uns toldos que permitiram criar sombra, para as pessoas aí desenvolverem qualquer actividade. O objectivo do projecto é criar algo simples, de fácil método de construção e de baixo custo, mas que melhore consideravelmente a qualidade de vida de populações carenciadas.
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III – Projecto
4.4.1 Melhoria de Eco design
Quadro 16 Opções de melhoria do Ecodesign
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4.4.2 Melhoria para a sustentabilidade
Quadro 17 Opções de melhoria para o Design para a Sustentabilidade
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III – Projecto
4.4.3 Implementação no terreno Na elaboração de qualquer projecto, deveremos ter em atenção a sua viabilidade de concretização física. O projecto da Ecovila em Terras de Ngola apresenta-se como um projectopiloto para tentar resolver problemáticas reais existentes em Angola e em países em desenvolvimento. As ecovilas procuram o empowerment de comunidades bem como a sua autonomia e sustentabilidade. A concretização do projecto dependerá sobretudo da vontade dos governos locais, mas também poderá ir buscar apoios a outras entidades, como organizações não governamentais que trabalham na área do desenvolvimento, entidades privadas, ou outras entidades. Para o sucesso do projecto deveremos envolver as comunidades na sua construção bem como entender quais as suas necessidades básicas e adequá-las da melhor forma, no projecto. O projecto aqui apresentado reside somente numa proposta de abordagem de implementação no terreno de uma ecovila sustentável. Naturalmente que envolve o aconselhamento e a participação de equipas técnicas específicas, como arquitectos, arquitectos paisagísticos, e engenheiros, ONGs e outros. Existirão na certa contratempos, uma vez que nos encontramos num país em desenvolvimento e que ainda atravessa dificuldades de diversa ordem. Mas aqui se encontra o desafio de poder trabalhar com comunidades locais, de baixo extracto social e com o intuito de melhorar a sua qualidade de vida.
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Bibliografia:
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Infografia:
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Sustentabilidade, Ecologia e Permacultura (consultados em Maio de 2008)
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Arquitectura, Urbanismo e arquitectura para o desenvolvimento (consultados em Maio de 2008) http://www.ccbarch.com/ http://www.architectureforhumanity.org http://www.eartharchitecture.org http://www.wholesystemsdesign.com/
Energias e tecnologias renováveis (consultados em Junho de 2008) http://www.remosa.net/remosa/webRemosaIntro-lang-po.html
Blogs: http://ecocriacoes.blogspot.com/ blog de Filipe Francisco http://ecologiaambiente.blogspot.com/: blog do Prof. Dr. Jacinto Rodrigues
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IV - ANEXOS
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Anexos
Ética: A carta da terra (http://www.earthcharter.org/) Somos todos africanos (http://leonardoboff.com/site/lboff.htm)
p.125 p.131
Sustentabilidade:
p.132
Quadro n.18 - Checklist para o Design humano ecológico (Birkeland: 2007) A casa saudável (Innovatur y el Ceder Aitana: 2000) Tratamento de águas residuais (Innovatur y el Ceder Aitana: 2000) Sistema de Captação da Água da Chuva (IPEC)
p.132 p.134 p.135 p.139
Antropometria:
p.140
Las Dimensiones Humanas en los Espacios Interiores, (Panero e Zelink: 1991)
p.140
Botânica e Paisagismo (http://www.jardineiro.net, http://www.paisagismobrasil.com.br):
p.146
Jardins tropicais Jardins desérticos Plantas aquáticas A importância do paisagismo na arquitectura
p.146 p.147 p.148 p.149
Paineis de apresentação
p.150
124
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Anexos
Ética A carta da terra (http://www.earthcharter.org/) Preâmbulo
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo se torna cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça económica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações. Terra, Nosso Lar
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A protecção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.
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A Situação Global
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológicos e sociais. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis. Desafios Para o Futuro
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais, não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, económicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes.
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Anexos
Responsabilidade Universal
Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual a dimensão local e global está ligada. Cada um compartilha da responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida, e com humildade considerando em relação ao lugar que ocupa o ser humano na natureza. Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, todos interdependentes, visando um modo de vida sustentável como critério comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos, e instituições transnacionais será guiada e avaliada.
Princípios
I. Respeitar e cuidar da comunidade da vida
1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
a. Reconhecer que todos os seres são interligados e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos. b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.
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2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais vem o dever de impedir o dano causado ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas. b. Assumir que o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder implica responsabilidade na promoção do bem comum. 3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.
a. Assegurar que as comunidades em todos níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada um a oportunidade de realizar seu pleno potencial. b. Promover a justiça económica e social, propiciando a todos a consecução de uma subsistência significativa e segura, que seja ecologicamente responsável. 4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as actuais e as futuras gerações.
a. Reconhecer que a liberdade de acção de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras. b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apoiem, a longo prazo, a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra. Para poder cumprir estes quatro amplos compromissos, é necessário:
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Anexos
Ética - A carta da terra
II. Integridade ecológica
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida.
a. Adoptar planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável em todos os níveis que façam com que a conservação ambiental e a reabilitação sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento. b. Estabelecer e proteger as reservas com uma natureza viável e da biosfera, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural. c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçadas. d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas, ao meio ambiente, e prevenir a introdução desses organismos daninhos. e. Manejar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de formas que não excedam as taxas de regeneração e que protejam a sanidade dos ecossistemas. f. Manejar a extracção e o uso de recursos não renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que diminuam a exaustão e não causem dano ambiental grave. 6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de protecção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.
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a. Orientar acções para evitar a possibilidade de sérios ou irreversíveis danos ambientais mesmo quando a informação científica for incompleta ou não conclusiva. b. Impor o ónus da prova àqueles que afirmarem que a actividade proposta não causará dano significativo e fazer com que os grupos sejam responsabilizados pelo dano ambiental. c. Garantir que a decisão a ser tomada se oriente pelas consequências humanas globais, cumulativas, de longo prazo, indirectas e de longo alcance. d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioactivas, tóxicas ou outras substâncias perigosas. e. Evitar que actividades militares causem dano ao meio ambiente. responsável. f. Adoptar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito. 7. Adoptar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.
a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos. b. Actuar com restrição e eficiência no uso de energia e recorrer cada vez mais aos recursos energéticos renováveis, como a energia solar e do vento. c. Promover o desenvolvimento, a adopção e a transferência equitativa de tecnologias ambientais saudáveis. d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam as mais altas normas sociais e ambientais. e. Garantir acesso universal a assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução
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Anexos
Ética - A carta da terra 8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplica-ção do conhecimento adquirido.
a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento. b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuam para a protecção ambiental e o bem-estar humano. c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a protecção ambiental, incluindo informação genética, estejam disponíveis ao domínio público. III. Justiça social e económica 9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, distribuindo os recursos nacionais e internacionais requeridos. b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma subsistência sustentável, e proporcionar seguro social e segurança colectiva a todos aqueles que não são capazes de manter-se por conta própria. c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem, e permitir-lhes desenvolver suas capacidades e alcançar suas aspirações. 10. Garantir que as actividades e instituições económicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável.
a. Promover a distribuição equitativa da riqueza dentro das e entre as nações. b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e isentá-las de dívidas internacionais onerosas. c. Garantir que todas as transacções comerciais apoiem o uso de recursos sustentáveis, a protecção ambiental e normas trabalhistas progressistas. d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais actuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas consequências de suas actividades.
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11. Afirmar a igualdade e a equidade de género como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades económicas.
a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas. b. Promover a participação activa das mulheres em todos os aspectos da vida económica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias. c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e a educação amorosa de todos os membros da família. 12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.
a. Eliminar a discriminação em todas suas formas, como as baseadas em raça, cor, género, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social. b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas a formas sustentáveis de vida.
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Anexos
Ética - A carta da terra c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis. d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual. IV.Democracia, não violência e paz 13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de contas no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões, e acesso à justiça.
a. Defender o direito de todas as pessoas no sentido de receber informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e actividades que poderiam afectá-las ou nos quais tenham interesse. b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações na tomada de decisões. c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de assembleia pacífica, de associação e de oposição. d. Instituir o acesso efectivo e eficiente a procedimentos administrativos e judiciais independentes, incluindo rectificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos. e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas. f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efectivamente. 14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
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a. Oferecer a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir activamente para o desenvolvimento sustentável. b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade. c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no sentido de aumentar a sensibilização para os desafios ecológicos e sociais. d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma subsistência sustentável. 15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimentos. b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável. c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas. 16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.
a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações. b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para manejar e resolver conflitos ambientais e outras disputas. c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até chegar ao nível de uma postura não provocativa da defesa e converter os recursos militares em propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica. d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa. Ecovila nas “Terras de NGOLA” I katila.vilar@gmail.com
Anexos
Ética - A carta da terra e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico mantenha a protecção ambiental e a paz. f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações correctas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte. O caminho adiante
Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adoptar e promover os valores e objectivos da Carta. Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa, e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca iminente e conjunta por verdade e sabedoria. A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Porém, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objectivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade têm um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efectiva. Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacional legalmente unificador quanto ao ambiente e ao desenvolvimento. Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida.
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Ética - Somos todos africanos Somos todos africanos (http://leonardoboff.com/site/lboff.htm)
Sempre que entram em crise, as civilizações começam a olhar para o seu passado, buscando inspiração para o futuro. Hoje estamos no coração de uma fenomenal crise planetária que afecta todas as civilizações. Ela pode significar um salto rumo a um estado superior da hominização bem como uma tragédia ameaçadora para toda a nossa espécie. Num momento assim radical, não é sem interesse sondar as nossas raízes mais ancestrais e aquele começo seminal em que deixamos de ser primatas e passamos a ser humanos. Aqui deve haver lições que nos podem ser muito úteis. Hoje é consenso entre os paleontólogos e antropólogos que a aventura da hominização se iniciou na África, cerca de sete milhões de anos atrás. Ela se acelerou passando pelo homo habilis, erectus, neandertalense até chegar ao homo sapiens cerca de cem mil anos atrás. Da África ele se propagou para a Ásia, há sessenta mil anos, para a Europa, há quarenta mil anos e para as Américas há trinta mil anos. A África não é apenas o lugar geográfico das origens. É o arquétipo primal, o conjunto das marcas, impressas na alma do ser humano, presentes ainda hoje como informações indeléveis à semelhança daquelas inscritas em nosso código genético. Foi na África que o ser humano elaborou suas primeiras sensações, onde se articularam as crescentes conexões neurais (cerebralização), brilharam os primeiros pensamentos, se fortaleceu a juvenilização (processo semelhante ao de um jovem que mostra plasticidade e capaz de aprendizagem) e emergiu a complexidade social que permitiu o surgimento da linguagem e da cultura. Há um espírito da África, presente em cada um dos seres humanos. Vejo três eixos principais do espírito da África que podem significar verdadeira terapia para a nossa crise global.
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O primeiro é a Mãe Terra. Espalhando-se pelos vastos espaços Africanos, nossos ancestrais entraram em profunda comunhão com a Terra, sentindo a interconexão que todas as coisas guardam entre si. Mesmo vítimas da exploração colonialista, os actuais Africanos não perderam esse sentido materno da Terra, tão bem representado pela quéeniana Wangari Mathai, ganhadora do prêmio Nobel da Paz por plantar milhões de árvores e devolver assim vitalidade à Terra. Precisamos nos reapropriar deste espírito da Terra para salvar Gaia, nossa Mãe e única Casa Comum. O segundo eixo é a matriz relacional (relational matrix no dizer dos antropólogos). Os Africanos usam a palavra ubuntu que significa a força que conecta a todos, formando a comunidade dos humanos. Quer dizer, eu me faço humano através do conjunto das conexões com a vida, a natureza, os outros e o Divino. O que a física quântica e a nova cosmologia ensinam acerca de interdependência de todos com todos é uma evidência para o espírito Africano. À essa comunidade pertencem os mortos. Eles não vão ao céu. Ficam no meio do povo como conselheiros e guardiães das tradições sagradas. O terceiro eixo é os rituais. Experiências importantes da vida pessoal, social e sazonal são celebrados com ritos, danças, músicas e apresentações de máscaras, portadoras de energia cósmica. É nos rituais que as forças negativas e positivas se equilibram e se aprofunda o sentido da vida. Se reincorporarmos o espírito da África, a crise não precisará ser uma tragédia.
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Sustentabilidade
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Quadro 18: Checklist para o Design humano ecolĂłgico
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Sustentabilidade - Checklist para o design humano e ecológico
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Quadro 18: Checklist para o Design humano ecológico
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Sustentabilidade - A casa saudável
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Figura 104: A casa saudável
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Sustentabilidade - Tratamento de águas resíduais
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Figura105: Tratamento de águas resíduais
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Sustentabilidade - Tratamento de águas resíduais
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Figura106: Tratamento de águas residuais
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Sustentabilidade - Tratamento de águas resíduais
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Figura107: Tratamento de águas resíduais
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Sustentabilidade - Tratamento de águas resíduais
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Figura108: Tratamento de águas residuais
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Sustentabilidade - Sistema de captação da água da chuva
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Figura109: Sistema de Captação da Água da Chuva Ecovila nas “Terras de NGOLA” I katila.vilar@gmail.com
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Antropometria - Las Dimensiones Humanas en los Espacios Interiores, (Panero e Zelink: 1991)
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Antropometria - Las Dimensiones Humanas en los Espacios Interiores, (Panero e Zelink: 1991)
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Antropometria - Las Dimensiones Humanas en los Espacios Interiores, (Panero e Zelink: 1991)
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Antropometria - Las Dimensiones Humanas en los Espacios Interiores, (Panero e Zelink: 1991)
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Botânica e paisagismo - Jardins tropicais
Jardins tropicais: Neste jardim temos a sensação de que o homem não interferiu muito na paisagem. Assim como no estilo inglês, o jardim tropical também tem caminhos de contornos naturais. Sua essência e descontraída e avessa a podas e simetrias. Criado pelo paisagista Roberto Burle Marz, com certeza sua principal característica e a sua utilização de espécies de regiões tropicais e subtropicais.
Plantas de cores vivas e formas esculturais como palmeiras, dracenas, bromélias, helicônias, bananeiras, gengibres e orquídeas estão entre as muitas opções. Neste estilo também não podem faltar pedras, lagos ou fontes sempre com a aparência o mais natural possível.
! Estes jardins acabam se tornando os preferidos de aves e insectos coloridos que acrescentam mais vida e beleza ao ambiente. Reforce sua atenção para isto e ofereça agua limpa e comedouros apropriados aos passarinhos. Aqui os elementos como bancos, pergôlados, vasos, são bem vindos, desde que se integrem harmonicamente.
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Para isto de atenção aos materiais e texturas que devem ser naturais ou boas imitações de madeira, pedra, cipó, vime, sisal, bambu, côco, etc. Os equipamentos de iluminação podem ser discretos ou de aparência rústica.
Sugestões de plantas
Árvores
Palmeiras diversas Helicônias Pândanos Calatéias Samambaias Filondendros Estrelitzas Cheflera Dracenas Gengibres Agaves Bananeira Ornamental Costela de Adão
Bromelias Orquídeas Boungavilias
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Botânica e paisagismo - Jardins desérticos Jardins desérticos: O jardim desértico ou rochoso tem por objectivo reproduzir uma paisagem árida. Ele e caracterizado principalmente pela presença de plantas xerofitas, espécies que desenvolvem a habilidade de reduzir a perda de agua e acumula-la para períodos de estiagem. Os jardins desérticos podem ser informais, temáticos ou ate contemporâneos : O jardim desértico informal segue linhas orgânicas, como no estilo inglês. Neste jardim há poucos ou nenhum acessórios. O jardim temático esta relacionado com a cultura e as plantas xerofitas de um determinado pais ou região. Assim podemos ter jardins representando a catinga do nordeste brasileiro, jardim do cerrado, jardins desérticos contemporâneos são livres na forma e contem elementos ousados, como vasos, pedras e acessórios com formatos inovadores e materiais novos. Apesar das variações, os jardins desérticos, apresentam elementos em comum, como as plantas simétricas e com formas geométricas intrigantes. Os espinhos também estão muito presentes o que torna este jardim uma boa solução para quem sofre com cães e gatos frequentemente destruindo as plantas. Devido aos espinhos e escamas – defesas naturais contra a perda de agua, as plantas dos jardins desérticos tem uma textura própria, alem de tonalidades acinzentadas e amareladas muitas vezes.
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E um jardim que requer pouquíssima manutenção. Não existem regas constantes ou podas. As adubações são leves e os replantios bem esparsos. Apesar de simples de manter, este jardim necessita de um excelente sistema de drenagem, já que seus habitantes não toleram nenhum tipo de encharcamento. E um jardim marcado pela rusticidade e próprio para lugares inóspitos, com insolação directa e ate mesmo com ventos fortes. Por esta característica e ideal para coberturas de prédios e para varandas ensolaradas.As forracões com pedriscos e areia são também muito importantes neste jardim. Elas trazem naturalidade ao espaço e realçam a bela forma da plantas. Também são auxiliares na drenagem do solo. No entanto , deve-se ter cuidado na escolha e utilização destes pedriscos, pois a mistura de pedras, de cores e formas muito contrastantes, ! e pode prejudicar o efeito. Um exemplo de mal uso de pedriscos e a mistura de brita (angulosa escura ) com arenito polido ( claro e aredondado). Aflorações de rochas maiores são muito bem vindas e complementam o jardim, mas devem seguir as cores, formas e tonalidades dos pedriscos utilizados como forracao. Ha que ter cuidado também com pedras modificadoras do pH do solo, como rochas calcáreas, evitando-as para não afetar a fertilidade
(http://www.jardineiro.net, http://www.paisagismobrasil.com.br) Ecovila nas “Terras de NGOLA” I katila.vilar@gmail.com
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Botânica e paisagismo - Jardins desérticos e plantas aquáticas No jardim árido deve-se evitar gramados verdejantes ou qualquer outra planta de folhas largas e macias. As plantas do jardim desértico tem geralmente ausência de folhas ou folhas rudimentares (cactos e euphorbiaceas), folhas suculentas (agavaceas, crassulaceas), ou folhas fibrosas e finas (agavaceas).Apesar de muitas pessoas acharem este jardim demasiado agressivo e sem graça, ele sabe conquistar sua fatia de admiradores. Afinal admirar as magnificas flores do deserto é privilegio exclusivo dos amantes de plantas xerófilas. São jardins muito ecológicos por economizarem a preciosa água. Alem disso, dispensam agrotóxicos, pois são muito resistentes a pragas e doenças.
Sugestões de plantas: Cactàceas (cadeira-de-sogra, urumbeta, coroa-defrade, orelha-de-coelho, etc) Agaváceas (agave/ agave-dragão, piteria-do-caribe, iucas, etc) Crassuláceas (babosa, rosa-de-pedra, calanchoê-fantasma, etc) Aizoáceas (rosinha-de-sol, litops, cacto-argarida, etc) Bromeliáceas (de folhagem estrita, acizentada e espinhenta) Euphorbiàceas (catcto-cadelabro,etc) Lamiàceas (alecrim, lavanda, etc) Asclepiadáceas (estapélia, etc) Asphodeláceas (bubine, lírio-rocha)
Plantas aquáticas:
Plantas Marginais:
Plantas flutuantes:
Bananeirinha-de-jardim Beri-silvestre Bracatinga-rósea Cavalinha Cleome Copo-de-leite Curculigo Flor-de-lis-da-siberia Gengibre-branco Gengibre-vermelho ĺris-amarelo Lírio-amarelo-do-breio Mulungu Papiro-brasileiro Ruélia-azul Taro Trombeteiro
Agrião Cavalinha Copo-de-leite Gengibre-branco Junco Lôtus Mureré Ninféia-branca Ninféia-azul Ninféia-vermelha Papiro-brasileiro Sombrinha-chinesa Vitória-régia
Aguapé Alface-d’água Marrequinha
“As plantas palustres são características de locais encharcados, elas se desenvolvem na proximidade de lagos e tanques e muitas vezes se confundem com plantas marginais, invadindo um pouco as margens dos lagos.”
“ As plantas marginais preferem locais rasos, como margens de lagos e permanecem com as raízes e a primeira porção do caule e folhas submersos, alem disso oferecem excelente abrigo para a vida silvestre, como rãs, insectos e outros animais aquáticos.”
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“ São plantas que ficam flutuando na superfície do lago, não possuem raízes fixadas a nenhum substrato e necessitam de sol pleno. Oferecem sombra para os seres submersos.”
(http://www.jardineiro.net, http://www.paisagismobrasil.com.br)
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Botânica e paisagismo - A importância do paisagismo na arquitectura
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! Ecovila nas “Terras de NGOLA” I katila.vilar@gmail.com
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Paineis de apresentação I
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IV
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