Cartilha Sepe

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O governo apresenta seu projeto para a educação...

Seu plano é CULPAR o profissional, e a meta é PRIVATIZAR a Educação!

Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do RJ

Março 2011


Seu plano é me culpar,

Sua meta é privatizar!

governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, anunciou no início do ano o seu Plano de Metas para a Educação. Segundo ele, o Plano visa colocar o Rio entre os cinco melhores Estados brasileiros no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Isso porque, na última avaliação feita pelo IDEB, a educação no Rio foi avaliada como uma das piores, ganhando apenas do Piauí nesse quesito. Isso apenas revelou aquilo que os profissionais da educação já sabiam há muito tempo: o governo estadual é responsável pelo descumprimento do direito de todo cidadão a uma educação de qualidade, pública e gratuita. O secretário de educação, Wilson Risolia, recebeu a tarefa de responder a este resultado, aplicando um “Choque de Ordem” na Educação Estadual. Um projeto de marketing político logo estabeleceu que o Plano de Metas era a salvação da educação no Rio. Apesar disso, os profissionais da educação continuam a considerar insuficientes as medidas anunciadas pelo secretário. Além disso, consideram que o Plano representa um verdadeiro ataque aos direitos conquistados historicamente. A presente cartilha procura argumentar e demonstrar este ponto de vista. Aqui, explicamos por que os trabalhadores em educação mais uma vez se organizam e mobilizam para resistir às metas anunciadas apontando para os verdadeiros problemas que da educação pública no estado do Rio de Janeiro.


sumário Processo seletivo para funções pedagógicas

5

Revisão de licenças médicas

7

Currículo Mínimo

9

Remuneração variável

11

Auxílio qualificação para professores

13

Auxílio transporte

15

Aulas de reforço nos contraturnos

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As 10 metas para educação de qualidade

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Salário Digno para qualidade da educação

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Processo seletivo para funções pedagógicas


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O que significa

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sse ponto visa atingir resultados numéricos e, dentro de uma lógica empresarial, coloca as escolas, as coordenadorias e todos os envolvidos no processo pedagógico competindo entre si na busca pelos “melhores resultados”. Essa lógica prejudica o cotidiano dos trabalhadores, o ensino como um todo e representa um ataque à autonomia e a democracia das escolas. O acompanhamento do desempenho dos profissionais será feito, segundo o secretário de educação, Wilson Risolia, em tempo real. Um painel de controle informatizado ficará disponível para o governador e seus secretários. Esse monitoramento deixa clara a intenção do governo de culpar os profissionais pelos problemas da educação no estado.

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O PLANO É ME CULPAR, A META É PRIVATIZAR!

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REVISテグ de licenテァas mテゥdicas


Mais uma ofensiva contra nossos direitos!

governador ameaça investigar a veracidade das licenças médicas. Cabral insinua que muitas licenças são duvidosas, que os profissionais estariam inventando doenças para não trabalhar. Para tal, o governo contratará empresas especializadas que, segundo eles, a principal finalidade será aumentar o poder de fiscalização sobre servidores e escolas. O objetivo real é fazer com que o máximo de profissionais retornem às suas atividades (doentes ou não!). Dessa forma, o governo economiza e mascara o real problema, que a falta de concursos públicos e salários de qualidade capazes de manter os profissionais trabalhando no estado. Assistimos, mais uma vez, o direcionamento de verba pública para empresas privadas. Além disso, o governador e o secretário de educação chamam os profissionais da saúde de incapazes por concederem licenças indevidas. Eles também não pagarão gratificação aos profissionais da educação que não tiverem 70% de presença. Até as licenças-maternidade serão consideradas como falta nesse processo de contagem.

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G ra d e cu rricu l a r c o m m u it o co nt eúd o pa ra s e pa ss a r a o s a l u n o s e pou quíss i m o t e m po di s po níve l pa ra e n s i n a r.

Dá t e m po?

Currículo

Mínimo


O FIM da autonomia pedagógica!

governo arbitrariamente instaurou o Currículo Mínimo. Isso aconteceu sem nenhuma discussão com os profissionais da educação. A Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC) estabeleceu uma grade curricular muito extensa e em desacordo com os conteúdos já trabalhados nos anos anteriores. Esse currículo penaliza os professores e alunos, pois serão exigidas grandes quantidades de assuntos em pouco tempo. Esse projeto representa o fim da autonomia pedagógica das escolas, pois a adoção deste currículo em sua íntegra é uma imposição.

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Fim do direito à

paridade!

profissional de Educação da Rede Estadual sabe o que representou no interior das escolas a Política de Gratificação por Desempenho. A bonificação será oferecida de acordo com o desempenho das escolas e coordenadorias. Serão considerados: fluxo escolar, rendimento dos alunos, infraestrutura das escolas, entre outros fatores que estão fora do controle dos profissionais da educação. Além disso, apenas os professores regentes e o diretor receberão o maior valor estabelecido em cada meta, penalizando os demais profissionais de educação e excluindo os animadores culturais e funcionários das escolas. Há uma promessa de que os profissionais que atingirem as metas estabelecidas pela secretaria, receberão até 3 salários a mais no ano de 2012. A ideia aqui é premiar os “mais capazes”, aqueles que apresentarem os resultados considerados satisfatórios pelo governo estadual. Esta medida é equivocada porque rompe com o direito à paridade, já que é destinada apenas aos servidores ativos. Além diso, experiências anteriores já demonstraram que bonificações e prêmios não surtem efeito. O projeto cria a ilusão de que todos podem ser beneficiados, quando na verdade a pequena quantidade de servidores que serão beneficiados está condicionada a existência de verbas pré-estabelecidas. MARÇO 2011 - SEPE

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Auxílio qualificação para professores


Propaganda

enganosa propaganda feita pelo governo mostra que o Plano vai funcionar como uma política de valorização e qualificação. Mas analisando profundamente, vemos que isso é uma mentira! Na verdade, ele se mostra como uma política excludente, porque não garante mais um reajuste anual e igual para todos os profissionais da educação, ativos e aposentados.

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AuxĂ­lio

transporte 1


Vamos continuar lutando pelo valetransporte! a forma como foi instituído, o auxílio transporte não levou em consideração alguns fatores importantes, como o valor real das tarifas e o número de transportes utilizados para o deslocamento nos diferentes municípios do estado. Além disso, os professores que possuem duas matrículas deveriam ter o direito de receber o auxílio pelas duas matrículas, já que todos os outros descontos em folha de pagamento se utilizam da lógica de matrícula e não do CPF. MARÇO 2011 - SEPE

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Aulas

o ç r o f e r de

nos

A transferĂŞncia

de dinheiro pĂşblico para a iniciativa privada

con


s o n r u t ntra egundo o governo, haverá apoio pedagógico para os alunos com dificuldade de aprendizagem. Isso a princípio nos parece ótimo, mas, mais uma vez, indo a fundo, podemos ver mais uma manobra para mascarar os reais problemas do ensino no Rio de Janeiro. Na realidade, o governo resgatará três projetos já existentes: Autonomia (Fundação Roberto Marinho), Mais Educação (Governo Federal) e Entre Jovens (Unibanco). Em dois destes casos, trata-se de transferência direta do dinheiro público para a iniciativa privada. Mais uma vez, retira-se da escola o seu papel de formular o projeto político pedagógico de acordo com a realidade local. É necessário ressaltar que a política do Currículo Mínimo e da diminuição da defasagem idade/série, do modo como foi anunciada pelo governo, retira dos alunos a oportunidade de estudarem em uma escola que garanta um ensino de melhor qualidade. MARÇO 2011 - SEPE

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As 10 metas para uma Propostas pelos profissionais da educação

eta 1: Nenhuma criança sem escola:

Construção de escolas e garantia de atendimento em todas as etapas de ensino. Diminuição do número de alunos por turma (20 alunos nas séries iniciais, 25 nas demais).

Meta 2: nenhum aluno sem professor:

Concurso imediato para todas as disciplinas. Retorno imediato da matriz de 30 tempos e ampliação gradativa da grade curricular. Ampliação gradativa do horário de permanência dos alunos na escola.

Meta 3: nenhum profissional desvalorizado.

Valorização salarial e profissional. Descongelamento do plano de carreira dos funcionários administrativos. Antecipação de todas as parcelas da incorporação do nova escola. Reajuste emergencial de 26%.


educação de qualidade Meta 4: nenhum professor sem escola.

Lotação dos professores em apenas uma escola. Fim da perda da lotação por motivo de licença médica. Lotação dos docentes II sem perda de direitos.

Meta 5: nenhuma escola sem funcionário.

Concurso imediato para funcionários administrativos. Fim da terceirização. Revisão do quantitativo de funcionários, respeitando o tamanho e o número de alunos de cada unidade. Normatização das tarefas de cada setor administrativo.

Meta 6: nenhum profissional sem direito à formação.

Licença remunerada para estudos. Convênios com universidades públicas para formação continuada de professores e funcionários.

Meta 7: nenhuma escola sem estrutura.

Construção de quadras poliesportivas em todas as escolas. Construção de bibliotecas em todas as escolas.

Meta 8: nenhuma educação sem democracia.

Processo de escolha do dirigente escolar através de eleição direta. Garantia de grêmios livres. Autonomia das equipes pedagógicas para criação/implementação dos projetos pedagógicos

Meta 9: nenhum educador discriminado. Ato de investidura para os animadores culturais. Paridade para aposentados.

Meta 10: nenhuma economia nos investimentos em educação.

Ampliação dos recursos destinados à educação estadual, elevando até 35% de todas as receitas do estado aplicadas exclusivamente na educação estadual.

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Salário digno

é condição

para qualidade

da educação

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alário decente é essencial para uma educação de qualidade. A cada dia útil, deixam a rede (exonerações, aposentadorias e abandonos) mais de 10 professores e funcionários. A alta rotatividade impede a continuidade e a identificação do profissional com a escola onde trabalha. Além disso, na medida em que adquire experiência e formação, o profissional se transfere para outra rede, impedindo que o necessário processo de formação continuada deixe frutos na rede estadual. Uma comparação entre as condições de trabalho e salários do Colégio de Aplicação da Uerj, do Colégio Pedro II e da rede estadual aponta muitas diferenças. Veja abaixo:

Como podemos ver, as condições são bem diferentes. Um professor do CAP-Uerj ganha quatro vezes mais do que um professor da rede estadual, tem muito mais tempo para planejamento e ainda tem a possibilidade de trabalhar em regime de dedicação exclusiva (ganhando mais). Isso sem contar com outros fatores fundamentais para a qualidade da educação, como, por exemplo, número de alunos por turma, estrutura de funcionamento, laboratórios e quadras, bibliotecas etc. MARÇO 2011 - SEPE

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Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação

Lu ta r se m p re p e la

educação

, p ú b l ic a d e q u a l id a d e va lo ri za nd o o p ro fi ss io na l !

Junte-se à luta! Sindicalize-se: 22

www.seperj.org.br/sindicalizacao.php MARÇO 2011 - SEPE

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wwww.seperj.org.br


expediente Texto: Direção Colegiada do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (gestão 2009-2012).

Diagramação e arte: Caio Amorim e Mariana Gomes

(contato p/ trab.: 9249-0184 / 8378-0986 - revista Vírus Planetário - www.virusplanetario.com.br)

Ilustrações: Carlos Latuff e Clóvis Lima Impresso na Ramandula Gráfica e Editora Ltda contato: 3988-2545 / Delano Teixeira: Nextel 7888-6136 ID 98*47169 Tiragem: 20 mil exemplares

Realização:

SEPE-RJ - Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro Endereço: R. Evaristo da Veiga, 55/ 8º andar, Centro, Rio de Janeiro/RJ Contato: www.seperj.org.br/fale.php | Telefone: (21) 2195-0450

Campanha Salarial 2011


Por uma educação pública sem mercantilização.

Mobilizar é preciso! Embarque nessa luta! Os 10 Princípios do Fórum

1

Defender a educação pública, gratuita, laica, democrática e de qualidade social, em todos os níveis, como um direito social universal e dever do estado.

2

Exigir do poder público a garantia de acesso e de permanência, assegurando efetiva assistência estudantil (moradia, transporte, meia entrada nos eventos culturais, bolsa de manutenção etc.).

3

Defender a organização de um efetivo Sistema Nacional de Educação que articule e garanta o cumprimento das responsabilidades educacionais dos diferentes entes federados.

5

Combater todas as formas de mercantilização da educação e a introdução de critérios produtivistas no trabalho dos (as) profissionais da educação e na avaliação das instituições e dos (as) estudantes. Articular a luta em prol da qualidade da educação com a defesa da garantia pelo Estado das condições de trabalho dos (as) profissionais da educação, incluindo a valorização salarial e a autonomia didático-científica. Defender formação inicial e continuada, pública e gratuita, presencial e de qualidade de todos (as) os (as) trabalhadores (as) em educação em todos os níveis e modalidades educacionais.

7

9

4

Defender a aplicação imediata de montante equivalente a pelo menos 10% do PIB na educação pública em todos os níveis e que as verbas públicas sejam destinadas somente para as escolas públicas.

6

Exigir controle social sobre a educação privada como concessão do poder público. É função do Estado regulamentar e fiscalizar seu funcionamento, observando a garantia de carreira digna aos (às) seus (suas) trabalhadores (as) e a autonomia didáticocientífica diante de suas mantenedoras. Exigir que a gestão democrática das

8

instituições e sistemas educacionais seja realizada por meio de órgãos colegiados democráticos

10

Ampliar o debate com os movimentos sociais e populares e entidades acadêmicas com o objetivo de reconstruir o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública e fortalecer luta pela elaboração coletiva e democrática do Plano Nacional de Educação 20112012, tendo como referência o Plano Nacional de Educação: proposta da sociedade brasileira.

www.fedep.org.br


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