Edição 36 (Completa)

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MUITAS MÃOS PARA CONSTRUIR

UMA MÍDIA ALTERNATIVA COLETIVA E DEMOCRÁTICA!

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Fazer uma revista de esquerda não é uma tarefa fácil. Especialmente, quando se trata de questões financeiras. Infelizmente, a Vírus neste momento se encontra em uma situação de crise financeira. Estamos buscando mais parceiros entre sindicatos e organizações de luta que compreendam o papel primordial da comunicação para uma sociedade justa e sem opressões. Entretanto, até nos estabilizarmos, esse processo pode demorar mais alguns meses. Portanto, estamos pedindo a sua ajuda para que a revista continue viva, relatando a realidade de forma crítica, irreverente para contruir uma outra sociedade. Acesse: apoie.virusplanetario.net para saber como participar

Edição 36 da Revista Vírus Planetário Março/Abril 2015

Com conteúdo:

MEDIA + FAZENDO

Capa: Ilustração de Carolina Porfírio

EXPEDIENTE: Rio de Janeiro: Alexandre Kubrusly, Ana Chagas, André Camilo, Artur Romeu, Bruna Barlach, Bruno Costa, Caio Amorim, Camila Medeiros, Camille Perrisé, Chico Motta, Débora Nunes, Diego Novaes, Fernanda Alves, Gustavo Ferreira, Joyce Abbade, Julia Campos, Laura Ralola, Leandro Santos, Mariana Moraes, Raoni Tenório, Regina Gomesas, Thais Linhares e Vinicius Almeida | São Paulo: Ana Carolina Gomes, Duna Rodríguez, Gustavo Morais, Hamilton Octávio de Souza, Jamille Nunes, Jéssica Ipólito, Lu Sudré, Marcelo Araújo | Brasília: Alina Freitas e Thiago Vilela | Minas Gerais: Ana Malaco | Ceará: Caio Erick, Joana Vidal, Livino Neto e Lucas Moreira | Piauí: André Café, Nadja Carvalho e Sarah Fontenelle | Paraná: Elisa Riemer e Tiago Silva | Mato Grosso do Sul: Bárbara de Almeida, Eva Cruz, Fernanda Palheta, Jones Mário, Marina Duarte, Rafael de Abreu e Tainá Jara | Rio Grande do Sul: João Victor Moura, Maiara Marinho e Rafael Balbueno Diagramação: Caio Amorim

Conselho Editorial:

Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti e Diretoria de Imprensa do SEPE-RJ

Parceiro:

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A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação, Editora e Comércio de Revistas com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 21 3502-7877

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DDH


contra a desigualdade

Afinal, o que é a Vírus Planetário?

Acredite num jornalismo pela diferença,

Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principalmente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus Planetário: Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas excluídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano. O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível. Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media e Revista o Viés de Santa Maria (RS) nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.

sumário

Editorial

V

amos falar de construir, de trabalho coletivo. Da história de uma revista que, há 36 edições, resiste. A cada nova edição trazendo para o(a)s leitore(a)s uma alternativa real ao que se vê nas bancas e na TV. Trazendo uma outra visão de mundo, concernente com um projeto de sociedade que seja justo, onde a barbárie não seja a tônica.

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Hamilton Octávio de Souza_ Esquizofrenia de um país sem projeto de desenvolvimento

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Diálogos_Conjuntura Política do Brasil

A história da Vírus - construindo e mostrando que é sim possível fazer outra forma de jornalismo que represente aos interesses das minorias - tem grandes semelhanças com a luta das mulheres pela sua emancipação e resistência num mundo que lhes nega a humanidade. Também por isso que, sempre que passamos pelo mês de março, voltamos nosso olhar para as perspectivas da luta feminista. Não que não pautemos o combate ao machismo (e contra todas as formas de opressão) todos os dias, mas cada mês de março analisamos o último ciclo anual. É verdade: o feminismo cresce. Cresce não só nas redes sociais, cresce nas ruas, nos movimentos sociais, nos partidos de esquerda, nas universidades e também nas fábricas. Ainda que cresça, encontra a resistência ferrenha do machismo, em ataques cada vez mais violento contra as mulheres em todos os âmbitos, desde a política até às ruas. Crentes da ideia de que é possível resistir e que é preciso vencer, nesta edição, abordamos um outro aspecto do feminismo e da luta: as mulheres que se armam para defender suas vidas e suas comunidades. Longe de defender a guerra como único caminho, no entanto perto da crença de que essa resistência e luta é fundamental quando os jogos são impostos pelos homens e pelo patriarcado, saudamos as mulheres guerreiras, guerrilheiras, batalhadoras, de luta, na luta. Na realidade ou na ficção, porque representatividade importa. “Sabendo que era possível, foi lá e fez”. Façamos!

9 Sórdidos Detalhes 10 Fazendo Media_Propagando a Opressão

12 Entrevista Inclusiva_Maria Clara Araújo 15 Direitos Humanos_ Para Que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça!

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CAPA_Feminismo_Lute como uma mulher!

23 Bula Cultural_Indicações e contra 24 Bula Cultural_Vai ter quadrinista mulher, sim!

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Luciane Soares_”Vamos Combinar”, nbão deu certo. é preciso acabar com as UPPs no Rio de Janeiro


HAMILTON

OCTAVIO DE SOUZA Hamilton é jornalista, professor na Pontifícia Univerdade Católica de São Paulo (PUC-SP) e membro da equipe da Revista Vírus Planetário

ESÍS DE UM PA I QU SEM ZODE PROJETO E FR O T N E M I V L DESENVO NIA As crises econômica e política tendem a se agravar com mais arrocho salarial, aumento do desemprego e a falta de credibilidade nas instituições, partidos e políticos Ilustrações: Ribs - facebook.com/matheusribsoficial


A

s manifestações de 13 e 15 março, em defesa e contra o governo Dilma Rousseff, mostraram tão somente a ponta do iceberg do descontentamento geral na sociedade brasileira. De um lado, uma manifestação contra o impeachment da presidente, mas fortemente também contra as medidas econômicas da atual gestão, em especial dos inúmeros cortes nos programas e benefícios sociais. De outro lado, o descontentamento das classes médias ampliadas, principalmente contaminadas e indignadas pelas inúmeras denúncias e processos de corrupção. Para se dimensionar a gravidade da crise atual faz sentido estabelecer uma comparação com as duas situações da maior gravidade na embrionária democracia brasileira: a crise do mensalão, em 2005, quando o governo Lula ficou desarvorado e quase foi à lona; e o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992, quando manifestações massivas das classes médias e dos movimentos sociais de esquerda, muitos deles influenciados pelo PT, provocaram a renúncia do presidente. O quadro atual é muito mais caótico e desmantelado do que a situação na época do Collor. Agora todas essas forças sociais e políticas também foram para as ruas, mas em campos diferentes e antagônicos. Em 1992, a substituição do “Caçador de Marajás” se deu com o apoio da grande imprensa, das instituições e com partidos estruturados e prestigiados. Itamar Franco assumiu com amplo apoio do PMDB e do PSDB, e com a simpatia da sociedade. Convidado, o PT não quis participar do governo, mas não jogou força na oposição pela oposição. A saída de Collor abriu caminho para a eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994 e a escalada do PT para emplacar Lula oito anos depois, em 2002. Os partidos – vitoriosos e derrotados – estavam preservados. Agora o escândalo da Petrobras atinge duramente os partidos de sustentação do governo, especialmente o PT. Outros escândalos, como os dos trens, em São Paulo, e do mensalão mineiro, atingem também duramente o PSDB e outros partidos. O povo, nas ruas, destila ódio e nojo aos partidos e aos políticos; nas últimas eleições, em 2014, mais de 30% dos eleitores não votaram em nenhum candidato a presidente, ficaram no branco, no nulo e na abstenção. A desmoralização do sistema representativo atinge as pessoas de maneira esquizofrênica, pois alimenta o desânimo e a apatia e ao mesmo tempo provoca a ira e o protesto despolitizado. A crise de agora começa a atingir duramente a grande base da pirâmide social, justamente as faixas mais baixas de renda que se beneficiaram com as políticas sociais dos governos Lula e Dilma, favorecidos pelo forte crescimento da China. O país conseguiu segurar a onda porque o Estado despejou rios de recursos públicos nos setores produtivos para evitar a recessão e o desemprego, como aconteceu nos Estados Unidos e na Europa. A fórmula mágica, que o petismo denominou euforicamente de “neodesenvolvimentismo”, não passou de um sonho de verão, acabou varrido do cenário nacional em

Sem mobilização e luta as classes trabalhadoras vão sofrer nos próximos meses o verdadeiro massacre patrocinado pelo capitalismo”

2014 – que fechou as contas com o ridículo PIB de 0,1%, sem avanços na redução das desigualdades. Encurralado pela direita no seu “neodesenvolvimentismo”, o segundo governo Dilma desistiu de tentar alternativas ao modelo neoliberal, e, ao contrário, optou pelo retrocesso ao mesmo modelo ortodoxo que destruiu a economia nacional de Collor a FHC, quando o país sofreu a mais brutal desindustrialização e desnacionalização, a mais cruel retirada de conquistas e direitos das classes trabalhadoras. Agora, enquanto o homem mais poderoso do Brasil – Joaquim Levy – opera, a serviço dos bancos e do capital especulativo, a nova onda de dilapidação do patrimônio nacional, as centrais sindicais, os movimentos sociais e os partidos de esquerda enfrentam terrível paralisia política – estão sem projetos capazes de conquistar as ruas e dar outro rumo para o desenvolvimento do Brasil. Sem mobilização e luta as classes trabalhadoras vão sofrer nos próximos meses o verdadeiro massacre da serra elétrica patrocinado pelo capitalismo. O momento exige a imediata retomada da nucleação e da formação política, a união de todos contra a selvageria do capitalismo. O momento exige a construção de amplas redes de resistência e de luta nas fábricas, nas escolas e nos bairros populares do país. Sem luta não há conquista!

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DIÁLOGOS

Mabelle Bandoli,

em Discutindo Democracias: Vivemos um período francamente reacionário, dentro e fora do Congresso. É claro que existem saídas. Factíveis, concretas e de médio prazo. Aliás, existem oportunidades que temos perdido, todos os dias, de construir outras formas de mobilizar os descontentamentos da sociedade, pela esquerda. O citado Projeto de Participação Social poderia ter sido uma alternativa para discutir formas de viabilizar a política e a democracia que queremos e podemos construir, com temas que estão ainda na ordem do dia. O fato é que ele foi – e continua sendo- negligenciado, e a militância governista não fez mais que criar um muro de lamentações vitimistas depois da sua derrubada, em outubro passado. Espero que toda a ansiedade, os ânimos exaltados e o sentimento de urgência que têm mobilizado os setores preocupados com o crescimento da direita se concentrem em sustentar essas e outras medidas, bem como em construir novas. Não é com alarmismo nem com discursos apocalípticos que faremos frente à onda neoconservadora. Muito menos com as já batidas lamúrias que marcam as falas governistas. Aliás, é preciso abrir mão dessa falácia que coloca o governo petista e seu partido como vítimas dessa história. 8

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Charge de Vini Oliveira retrata o nível de desumanização de muitas pessoas que foram às marchas do dia 15 pedir a volta da ditadura, apoiar as forças repressoras policiais, que assassinam milhares de jovens negros e pobres nas favelas e periferias de todo o Brasil, como foi o caso do menino Eduardo Ferreira, assassinado pela polícia no Complexo do Alemão no dia 02/04

Pedro Henrique Campos, em entrevista para o El País Existe um jogo de empurra para ver de quem é a culpa, e isso fica muito à mercê dos conflitos políticos atuais. O problema transcende as principais siglas partidárias, PSDB e PT. A prática de pagamento de propina na Petrobras vai além disso. Pode ser que tenha surgido no governo do FHC e do Lula um esquema para financiamento de campanha. Este tipo específico de procedimento talvez tenha sido criado nestes governos, com o envolvimento de diretores da estatal e repasse para partidos. Mas isso é apenas um indicativo de quão incrustadas na Petrobras estão estas construtoras. Muitas dessas empresas prestam serviço para a estatal desde 1953, e existem registros de que essas práticas ilegais já existiam nesta época. As empreiteiras são muito poderosas. Estamos vivendo um momento singular, elas estão bastante acuadas, mas elas são muito importantes no Parlamento, no processo eleitoral e para pautar as políticas públicas. Vimos no governo Lula a retomada de vários projetos que foram concebidos durante a ditadura, como a transposição do rio São Francisco e a construção de Belo Monte, por exemplo. E isso remete ao poder que esses empresários continuam tendo no Governo. “Quem faz o orçamento da república são as empreiteiras”, disso o então ministro da Saúde Adib Jatene em 1993. O fato é que os empresários fizeram uma transição de muito sucesso para a democracia. Elas haviam se apropriado de parte do Estado durante a ditadura, e continuam lá na democracia.


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FAZENDO

MEDIA Abril de 2015 | Ano 12 | Número 119 | www.fazendomedia.com | contato@fazendomedia.com

a média que a mídia faz

d n a g a p o r P

A OPRESSÃO

a luta contra o machismo da publicidade Por Camila Medeiros O machismo está infiltrado em todas as áreas da sociedade. Por isso não é de se surpreender que nossos livros, filmes e propagandas estejam também recheados de opressão. Ora a mulher é tratada como objeto de decoração, ora como única interessada nas tarefas domésticas ou única responsável pelos filhos; também como aquela pessoa que só encontra prazer no consumo desenfreado ou, ainda, como super mulher, aquela que desempenha mil papéis durante o dia - o que, vamos combinar, não tem nada de romântico e por trás dessa imagem há sempre uma mulher desamparada por alguém (normalmente, um homem) que não está assumindo suas obrigações. Sendo assim, a publicidade ressalta hoje tudo aquilo contra que nós, feministas, lutamos e, para piorar, a justificativa na maior parte das vezes é de que “é apenas humor”. E é sob essa justificativa que o CONAR, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, responsável por regular a publicidade no Brasil, arquiva denúncias e permite a circulação de várias propagandas machistas. Fazer humor, reforçando esteriótipos, não tem nada de inovador e criativo e qualquer um pode fazer. A qualidade da publicidade se mostra justamente quando são capazes de fazer algo divertido sem oprimir ninguém. Somos incentivadas a sermos consumistas desde criancinhas o tempo todo e, quando crescemos, esse mesmo consumismo vira alvo de piada na propaganda: a 10

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mulher descontrolada que não consegue parar de comprar, que depende do cartão de crédito do marido. O Kinder Ovo rosa com bonequinhas e panelinhas aparece na televisão com apenas meninas abrindo - e felizes. O lugar da mulher é delimitado claramente pela publicidade, desde criança! O espaço da mulher é o lar, e os filhos e as tarefas domésticas são suas obrigações. Seu lazer? Gastar dinheiro, que é retratado como o dinheiro do marido, claro. Não nos sentimos contempladas! Não nos sentimos representadas! E o problema vai além de limitar os gostos e atividades (o que já é bem sério): em 2014, o Ministério da Justiça lançou uma campanha com o intuito de diminuir o uso do álcool com o nome de “Bebeu, perdeu”, que incentiva a cultura do estupro. A partir do momento em que a mulher bebe, ela não pode reclamar, não pode negar? Pois é assim que funciona a cultura do estupro: a culpa passa a ser da mulher, porque bebeu (ou estava de roupa curta etc). Nada faz com que a mulher perca o direito de dizer não, mas a publicidade do Ministério da Justiça diz ao público justamente o contrário. Enquanto feministas passam dias e dias lutando contra a culpabilização da vítima, acolhendo mulheres vítimas de estupro, vem uma publicidade com um alcance enorme e reforça esse pensamento pavoroso. Em tempo, após vários questionamentos, o governo retirou os vídeos e imagens do ar. Sendo otimistas: muita felicidade saber que houve tantos questionamentos assim. Ainda na linha desastro-


sa da cultura do estupro, nesse carnaval teve a campanha da Skol “Esqueci o ‘não’ em casa” - que contou com a personalização nos outdoors com fita isolante “E trouxe o nunca”, feita por mulheres indignadas, seguida de mais uma vitória feminista quando após muita repercussão a campanha foi retirada pela Skol, que se retratou. Se formos à origem do problema, veremos que ele começa nas agências de publicidade quando analisamos a pesquisa “A mulher publicitária, preconceito e espaço profissional: estudo sobre a atuação de mulheres na área de criação em agências de comunicação em Curitiba” , realizada em 2009, que conclui que as mulheres correspondiam a menos de 20% nas áreas de criação. Além da maioria dos criadores ser composta de homens, existe o fato de que as mulheres que trabalham nessa área muitas vezes sofrem pressões diversas e acabam sendo obrigadas a reproduzir essas campanhas para não perder o emprego. Então, o problema está na criação, mas como podemos contribuir com isso se não somos publicitários? Há pouco tempo, a assessoria de imprensa do CONAR emitiu a seguinte frase em entrevista à revista Publica: “Não existem muitos casos de propagandas machistas no Brasil, porque a publicidade brasileira é madura para perceber que a pior coisa que pode fazer é irritar o consumidor, seja ele mulher, homem ou criança”. Essa frase nos leva a crer que eles nem sabem ou percebem a quantidade de publicidade machista e opressora que está por todos os lados. Acreditamos que uma mudança só seja possível pressionando! Nós da Vírus nos comprometemos em denunciar toda publicidade machista que encontrarmos e divulgar no Facebook para que o máximo número de pessoas possa denunciar também. Vamos pressionar o CONAR e mostrar para as agências que publicidade machista não passará!

Somos incentivadas, o tempo todo, a sermos consumistas. desde criancinhas”

Arte de Elisa Riemer

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foto: facebook Maria Clara Araújo

Entrevista realizada pelo Canal das Bee

Por Jessica Tauane e Victor Larguesa

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ue o acesso ao ensino superior no Brasil ainda é para poucos não é segredo. Quando se trata das universidades públicas, o recorte de classe é claro: a maioria das pessoas pobres estão do lado de fora. Se essa é a triste realidade das pessoas cisgêneros, para as pessoas trans, o acesso ao ensino superior é quase nulo. De fato, grande parte dos transgêneros não consegue concluir nem o ensino básico. Mas não é porque as coisas estão assim que assim devem permanecer. Maria Clara Araújo é travesti e ficou conhecida por uma conquista muito importante nesta luta, ela entrou na universidade ao ser aprovada no ENEM. Caloura de pedagogia na UFPE, Maria nos conta sobre esta nova fase da vida e sobre todas as barreiras que ainda tem que ser derrubadas para conquista da cidadania plena para todas as pessoas trans. 12

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Jessica Tauane: Bom, primeiro eu quero te dar os parabéns por você ter entrado na universidade, lá de Pernambuco, na Federal. E inclusive eu li numa matéria que você falou “Eu vou entrar nessa, eu quero essa”... Eu quero essa, tipo, todo mundo me perguntando “Você vai fazer quantos vestibulares?” e eu “Um só, eu quero só UFPE ou UFPE”. Jessica Tauane: E conseguiu!! Eu queria saber qual a importância disso pro movimento? Quando a gente fala sobre representatividade, eu tô falando sobre eu estar naquele lugar enquanto uma pessoa trans, enquanto uma pessoa que socialmente não está naquele ambiente. Porque é preciso que as pessoas tenham consciência que elas não convivem com pessoas trans. A gente não vê mulher trans trabalhando em farmácia, em banco, em supermercado... Então, quando eu me vejo dentro de uma universidade, não sendo estudada, mas estudando, isso é muito importante. Porque eu sei que, quando eu entrar na minha sala, quando as pessoas tiverem a consciência de que tem uma pessoa trans ali, é um impacto muito grande. É sobre isso que eu gosto de dar ênfase. E por eu ter esse privilégio e como eu tenho consciência que essas meninas não têm esse espaço, elas não têm a abertura para entrar lá dentro, é bem difícil. Então eu sempre gosto de levar como meta que se eu tenho esse privilégio que eu o use em prol de outras pessoas, que não têm a mesma chance que eu. Enfim, é uma realização própria e para o movimento. Tô extremamente feliz, pulando de alegria. Jessica Tauane: Você foi uma das 95 pessoas trans que fizeram o Enem. E a diferença entre o número de pessoas trans pro total de pessoas que realizaram a prova é... Nossa, é muito impactante! Foram 9 milhões de pessoas e 95 pessoas trans e travestis que pediram o nome social. Então é uma diferença muito grande! Isso mostra o quanto nós não temos esse acesso. E eu não culpo essas pessoas! Eu converso com algumas meninas trans, né, ou travestis do meu bairro e quando eu falo sobre “Ah, eu quero entrar numa universidade, eu quero fazer um curso”, as meninas falam “Por quê?” e isso é muito duro. Mas elas falam “Pra quê?” e “Por que tu vai passar por essa violência? Por que tu tá indo pra um lugar que ninguém te quer? Por que tu vai pra um lugar que tu sabe que vai sofrer algo lá?”. Eu tenho ideia de que, se pra mim já foi dificil entrar naquela universidade, vai ser mais difícil ainda eu resistir dentro daquela universidade. Porque as pessoas irão sempre fazer questão de lembrar que ali não é um lugar pra eu estar. Mas eu acho que aqui vai ser meu lugar também e eles vão ter que me engolir. Victor Larguesa: E o que é genial, né, porque além de criar todo esse empoderamento pessoal, ainda cria precedente e se torna referencial para que outras Marias se

enxerguem nela e comecem também a correr atrás. Jessica Tauane: E falando “Se a Maria tá lá, se a Maria resiste, se a Maria pertence àquele lugar, eu pertenço também, eu posso também”. E o movimento trans tem batido muito nessa tecla, da gente ir para esses espaços, da gente transitar. Uma amiga minha falou pra mim que ela ficava surpresa comigo andando na rua todos os dias como se fosse algo natural. Na cabeça dela foi uma supresa boa, mas é muito triste. É algo muito triste quando eu saio na rua e não vejo outras meninas trans, outras meninas travestis. E, quando eu saio a noite, eu vejo essas meninas. Victor Larguesa: E Apesar de tudo isso você ainda teve, vamos dizer, “sorte” de ter um apoio dentro de casa, que é a sua mãe. E a gente percebe, muito pelas redes sociais, a sua proximidade e a sua afetividade com a sua mãe. Conta um pouquinho pra gente como que é isso. Porque muitas meninas trans que passaram por aqui foram expulsas de casa, que foi uma coisa que você não sofreu. E não liguem se eu começar a chorar falando sobre a minha mãe... Porque é um assunto que me emociona muito. Antes de eu começar a falar sobre minha relação minha mãe, é preciso que todos tenham a devida consciência que existe um ciclo natural na vida de uma pessoa trans ou travesti: ela se assume, ela sai da escola por causa do preconceito, ela é colocada pra fora de casa, ela para na prostituição, porque não tem outro emprego e quase sempre essa menina morre. A nossa expectativa de vida é de 30 a 32 anos, isso é algo muito duro. E, quando eu me assumi pra minha mãe, nessa mesma semana a gente saiu pra comprar roupa e minha mãe chorou, quando a gente escolheu a roupa, pagou a roupa, pegou o ônibus, no caminho do centro da cidade e depois no caminho da minha casa... E foi muito duro, porque filho algum quer ver você fazendo a mãe chorar. E eu perguntei à minha mãe “Mãe, por que a senhora tá chorando?” e ela disse “Eu tenho medo do que pode acontecer com você”. E isso é algo que foge das mãos dela. Por minha mãe, eu viveria embaixo da asinha dela e lá eu ficaria segura. E infelizmente eu tenho que tocar minha vida. Fora da asa da minha mãe, eu tô exposta a qualquer tipo de coisa. Quando eu saio de casa pra rua, eu tô exposta a todo tipo de violência, eu posso não voltar. Vírus Planetário - março/abril 2015

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ENTREVISTA INCLUSIVA_MARIA CLARA ARAÚJO

Equipe do Canal das Bee entrevista Maria Clara

quando eu me vejo dentro de uma universidade, não sendo estudada, mas estudando, isso é muito importante.”

Talvez por isso ela fique sempre tão insegura quando que eu viajo e afins. Porque tô longe dela, ela não pode me proteger como ela gostaria. Eu fico extremamente feliz por eu ter construído essa relação utópica, eu não vejo a maioria das minhas amigas ter uma relação tão boa com os pais, tão boa quanto eu tenho com minha mãe. E a minha mãe é tudo pra mim! Agora eu recebi a notícia que eu passei no vestibular e, antes de eu ficar feliz por mim, eu fico feliz por ela. Uma das primeiras coisas que eu me lembro da escolinha foi minha mãe sempre me colocando pra frente, dizendo “Você é inteligente, estude para você ser alguém na vida e depois você ajudar a mamãe”. E hoje eu entrar na universidade federal, tendo consciencia que muitas vezes minha mãe pagou escola particular sem ter de onde tirar, e me colocou em colégio estadual público, mas que era longe de casa, tinha que pagar passagem muito cara... Então minha mãe sempre se esforçou muito pra me dar um ensino de qualidade. E quando eu passo numa federal, antes de ser uma realização minha, é uma realização dela.

Vânia (que é o nome da minha mãe) tá gritando aqui ‘Glória a Deus!’”, agradecendo a Deus, tá muito feliz! E depois ela ligou pra mim e foi um chororô: eu chorando de um lado, ela chorando de outro. E a ligação caiu por causa da TIM. Mas foi incrível! Eu escutei muito que eu ia dar desgosto pra minha mãe, eu escutei de tia próxima que eu ia ser o desgosto da família... Uma cena que me marca muito até hoje. Hoje eu tenho uma família que se esforça por mim. Eu tenho uma mãe que de 5 em 5 minutos me diz que me ama e que não sabe viver sem mim. É o maior presente que eu posso ter, entende? As pessoas perguntam “Maria, mas você não liga de piadinha na rua?”. Eu posso até ligar, mas quando chego em casa tenho um sorrisinho e um abraço e um “eu te amo” que faz valer a pena.

Jessica Tauane: Vai ter trans na universidade, sim! E se reclamar vão ter muitas! E se não reclamar também, vai ter mesmo assim!

Jessica Tauane: Como foi quando você ligou pra ela, quando você ficou sabendo que passou? Você tava aqui no Rio e ela lá em Recife, né? Como foi? Então, né, ela tava na casa da minha tia e eu liguei pra minha tia e falei “Fala pra mainha que eu passei no vestibular”. Depois minha prima colocou assim no inbox “Tia 14

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Mãe de Maria Clara raspa sua sobrancelha. Tradição de Recife ao se passar para uma faculdade | Foto: facebook Maria Clara Araújo


direitos humanos

PARA QUE NUNCA SE ESQUEÇA, PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA! Após a divulgação do relatório da Comissão Nacional da Verdade, em dezembro de 2014, a verdade é que ainda há muito o que ser contado. 51 anos depois do Golpe que deu origem a ditadura empresarial-militar no Brasil, as torturas e perseguições políticas continuam nas favelas e perirferias. De fato, a transição para um regime mais democrático foi importante, crucial. No entanto, essa democracia está longe de ser para todos porque, assim como durante a ditadura, são as empresas que ditam os rumos do país e não os interesses legítimos do seu povo. Por isso que a ilusão da liberdade e democraria está nos bairros nobres, enquanto nas favelas e periferias temos tanques de guerra e assassinatos de crianças e adultos, à revelia. Momentos capazes de massacrar com o físico e o psicológico de qualquer um. É essa tortura institucionalizada e legalizada que quem sai às ruas hoje, em 2015, com cartazes pedindo “intervenção militar” ajuda a manter viva na imaginação grotesca de cada torturador em potencial. Neste quadrinho Gus Morais ilustra e comenta alguns trechos do relatório. Chocante, real e imperdível.

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direitos humanos



feminismo

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SÃO PAULO CULPA SÃO PEDRO

-Você luta como uma menina -Obrigada!

s guerrilheiras curdas seguem exemplo o de mulheres lutadoras históricas e sã protagonistas no processo de defesa do curdistão contra o estado islâmico s e Lorena Castillo

Por Bruna Barlach, Camila Medeiro

tos já ouviram essa expressão Você luta como uma garota!” Mui Normalmente dirigida a homens ser dita em diversas situações. ientemente “fortes” ou “máscuque não são considerados sufic ta fosse um demérito, afinal, los”. Como se lutar como uma garo isso verdade? Eu te desafio a dizer garotas não sabem lutar, não é a fio desa te s, here mul de o cito curd para uma das mulheres do exér ? arar enc guerreiras Vikings. Vai dizer isso pra Maria bonita, ou pras e indústria da guerra que produz Sabemos que existe toda uma rras gue do, mun pelo es sacr a mas vende armas e, por isso, incentiv encapitalismo. É claro que não pret o em mov que mas ido, sent sem s here mul que i estamos falando aqu demos incentivar guerras, mas de plo exem r Que es. liderar revoluçõ são muito capazes de lutar e curdo, conhecido como Rojava, exis o itóri terr um de e oest uma? No o nde ente ralismo Democrático que te um projeto chamado Confede te às ideias de autodeterminação nen opo l Estado como o principa Esse projeto não busca obter fron dos povos e sua independência. luta essa io: trár con o nte ame just teiras de um Estado-Nação, mas de livre de Estado. O confederalis revolucionária busca uma socieda se iden dun esta sta ideias do anarqui mo democrático se baseia nas em favor de uma sociedade não ta men argu que n, kchi Murray Boo e tário social, no municipalismo liber hierárquica baseada na ecologia na democracia direta. pegam em armas, em que o povo Uma revolução em que mulheres conselhos locais aos distritos para curdo se organiza desde os menores e s as pessoas podem conversar uma democracia direta, onde toda insurg está que de eda s da nova soci opinar sobre as diferentes questõe a no Curdistão. Podemos observar agor do rren oco está do, é isso que todos os níveis de organização, em nesse processo todo a aceitação, mnessa luta, onde elas estão dese da inserção das mulheres curdas ico. Islâm do Esta ao no combate penhando um papel determinante

Guerreiras curdas - foto reprodução

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feminismo Ilustrações: Adriano Kitani

Elas não estão ali somente porque as condições da guerra contra o Estado Islâmico requeira isso, mas porque mulheres curdas estão metidas nesse processo como grandes protagonistas de um duro combate às forças que mais matam, escravizam e massacram os povos oprimidos da região. E nesse meio todo, o que mais surpreende é o fato de mulheres estarem lutando, reivindicando e protagonizando uma revolução justamente em um lugar em que o patriarcado mais é cruel com elas, um local onde os direitos das mulheres são brutalmente negados. Assim, é lindo e encantador que deste meio, tenham nascido mulheres revolucionárias. É importante falar que a origem dessa revolução se deu na história do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), organização esta que tem sido central para o mo-

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vimento de libertação curda desde sua criação em 1978. O PKK foi criado como um grupo de guerrilha marxista-leninista no Norte do Curdistão (Sudeste da Turquia), combinando uma forma de nacionalismo curdo à luta por emancipação social. O partido cresceu e tornou-se uma substancial força de guerrilha que conseguiu resistir aos ataques do segundo maior exército da OTAN num conflito que ceifou a vida de mais de 40 mil pessoas ao longo de 30 anos. O Estado turco deslocou centenas de milhares e alega-se ainda que tenha usado tortura, assassinato e estupro contra a população civil. Mesmo assim, não conseguiu quebrar a resistência curda. Desde sua criação, o PKK expandiu sua influência tanto na Turquia quanto em outras partes do Curdistão.

Podemos fazer um paralelo com outro movimento libertário que ti-

nha o direito das mulheres como algo fundamental: estamos falando do movimento zapatista que se iniciou na década de 1990, quando uma força de guerrilha desconhecida composto de indígenas maias conquistou as principais cidades de Chiapas, o estado mais pobre do México. Os zapatistas se rebelaram contra o neoliberalismo e o genocídio social e cultural das populações indígenas do México. Ya Basta! era o grito de guerra “fruto de 500 anos de opressão”, como afirmava a Primeira Declaração da Selva Lacandona. Eles tomaram as armas enquanto o capitalismo global celebrava o suposto fim da história e a ideia de revolução social parecia um anacronismo romântico pertencente ao passado. Apesar de os zapatistas serem famosos por seu autogoverno e pela rejeição da noção de vanguarda histórica, as raízes do


Exército Zapatista de Libertação Nacional são similarmente marxistas-leninistas em essência. Assim como o PKK, as ideias de autogoverno e de revolução de baixo para cima dos zapatistas provinham de uma longa evolução histórica. A luta dos zapatistas começou após tentativas falhas de paz com o governo mexicano após o levante zapatista. Os povos indígenas queriam um acordo em que tivessem autodeterminação em relação a educação, justiça e organização política com base em suas tradições e no controle coletivo de terras. Atualmente, assim como em Rojava, eles se organizam e funcionam através de assembleias e conselhos populares. E, claro, as mulheres participam do processos de tomada de decisão em pé de igualdade e são representadas em todas as posições eleitas, que são sempre compartilhadas por um homem e uma mulher. As mulheres ainda formam uma grande parte da força de guerrilha zapatistas e assumem altas posições no comando militar. O grande envolvimento de mulheres indígenas no projeto político dos zapatistas é facilmente comparável ao envolvimento das mulheres na defesa de Kobane, mulheres que lutam e que lideram, mulheres com vozes na revolução. E qual a importância dessas revoluções para nós? Elas mostraram que a libertação das mulhe-

o que mais surpreende é o fato de mulheres estarem protagonizando uma revolução justamente em um lugar em que o patriarcado mais é cruel com elas

res como algo indispensável para a libertação da sociedade como um todo. No Curdistão, o quadro teórico que coloca o desmantelamento do patriarcado no centro da luta é chamado de ‘jineologia’ (jîn significa ‘mulher’ em curdo). O uso desse conceito resultou não só num super empoderamento das mulheres no Curdistão, um acontecimento notável lá, mas não menos notável, aqui, em comparação ao feminismo liberal ocidental. A realidade é que as lutas em Rojava e em Chiapas são exemplos poderosos para o mundo, demonstran-

Lute como uma garota Desenvolvedora de jogos e ilustradora, Carolina Porfírio cria uma série de ilustrações baseadas em heroínas, guerreiras e lutadoras da ficção. Essas personagens são exemplos de que as mulheres também sabem lutar, mas, mais do que isso, servem de inspiração para que as garotas se empoderem e se vejam como protagonistas de suas vidas, como são as personagens em suas histórias. “Iniciei a ‘Fight Like a Girl’ com o propósito de desabafo e acredito que muitas mulheres se identificaram com a série pelo mesmo motivo”, conta Carolina. As ilustrações são de meninas e mulheres da ficção, mas elas inspiram as mulheres e garotas na vida real. Claro que ver mulheres como protagonistas, guerreiras e lutadoras ainda não é regra mesmo na ficção, como bem coloca a criadora da série,“é certo que nós, mulheres, somos pouco – e muitas vezes mal – representadas em jogos, filmes e séries. São poucas as mulheres das quais podemos nos orgulhar, que não são hipersexualizadas, que são protagonistas ou possuem um papel forte na trama”. São muitas as personagens já retratadas e ainda não há previsão de fim da série. E cada nova ilustração é recebida pelos curtidores de sua página no Facebook, facebook.com/kaolcaradeboi, com grande entusiasmo. Novas personagens são sugeridas diariamente e novas garotas estimuladas a lutar. Como uma garota. Ilustração: Carolina Porfírio - facebook.com/kaolcaradeboi Vírus Planetário - março/abril 2015

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feminismo

a libertação das mulheres é indispensável para a libertação da sociedade como um todo”

do o vasto potencial da auto-organização de base, a importância de laços comunais para combater a atomização social forjada pelo capitalismo e, principalmente, que a revolução será com, para e por mulheres.

MULHERES NA LUTA Como a força e a capacidade de enfrentar inimigos, problemas enormes e até mesmo uma guerra revolucionária não são vistas como características das mulheres na nossa sociedade, é comum que tenhamos dificuldade de elencar mulheres que representem esses valores. Apesar do que dizem as forças ideológicas que tentam neutralizar o poderia feminino, a verdade é que a história conta com diversas incríveis mulheres lutadoras. Maria Bonita, cangaceira do início do século XX foi uma mulher nordestina que lutou por justiça e contra um sistema que relegava aos camponeses uma vida miserável. Primeira mulher a fazer parte de um bando de cangaceiros, Maria morreu lutando. Assim como a cangaceira fez na primeira metade do século, outras mulheres igualmente guerreiras lutaram contra o sistema num dos episódios mais tristes de nossa história: a ditadura militar. Iara Iavelberg é um dos nomes mais importantes quando pensamos em resistência e luta contra a ditadura. A paulistana foi militante

socialista e fez parte de diversos movimentos como o MR8 e a Vanguarda Popular Revolucionária. Teve como companheiro o muito mais conhecido Carlos Lamarca, mas, o que poucos sabem, é que Iara destacou-se muito mais que seu par, tendo sido um dos quadros de direção do movimento à época. Morta pelos homens da ditadura com uma saraivada de tiros. Iara conviveu com Dilma Rousseff, esta cujo destino todos conhecemos, vindo a se tornar a primeira presidenta do país. Famosa também, e fiel às raízes comunistas, Olga Benário Prestes precedeu estas guerrilheiras em alguns anos, sendo uma grande inspiração a todas as mulheres militantes até hoje. Mandada ao Brasil junto de Luís Carlos Prestes, Olga era um dos quadros designados a conduzir um processo revolucionário no Brasil. Acumulando ao fracasso do projeto pelo qual ela viria ao país, Olga foi presa e extraditada para Alemanha. Era época da Segunda Grande Guerra e a Alemanha estava tomada pelo regime nazista. Como judia Olga acabou sendo levada a um campo de concentração logo que desceu do navio. Foi um exemplo de resistência e superação no campo, onde empoderou diversas outras mulheres, até ser assassinada no campo de extermínio, junto com outras 199 mulheres. Fruto da resistência também é Angela Davis, exemplo de luta que ainda persiste. Mulher negra e socialista, Angela nasceu em um dos estados mais racistas dos EUA. Integrou os Panteras Negras, uma das maiores referências de resistência do movimento negro na América. Abolicionista criminal, Davis foi vítima de um dos julgamentos mais emblemáticos de seu país, do qual saiu livre e foi largamente homenageada por pensadores, artistas e ativistas políticos. Em sua estádia em Cuba, pós julgamento, Angela foi recebida por uma enorme manifestação pública dos negros cubanos que encontraram nela um avatar para a discussão do racismo dentro do regime cubano. Atualmente Angela vive nos EUA e é uma grande referência viva das mulheres em luta e da luta das mulheres.

VOCÊ SABIA... Beatrix Kiddo (Uma Thurman) do Kill Bill é inspirada numa mulher real. Tura Satana aos dez anos foi estuprada por cinco homens, que não foram condenados pela justiça. Ela então passou a aprender e treinar artes marciais para durante anos rastrear e se vingar dos seus agressores.. Sendo uma mulher imigrante nos subúrbios de Chicago e após essa experiência traumatizante, Tura organizou uma gangue de autodefesa feminina que se chamava “The Angeles”. A gangue era composta por garotas imigrantes de várias origens, como polonesas, italianas etc. Com botas e jaquetas de couro, “The Angeles” podia responder ao machismo nosso de cada dia com uma bela de uma surra. Foi atriz e dançarina, além de claro, mito eterno e grande exemplo. Tura também inspirou um ícone da ficção feminina e grande referência para uma geração de mulheres, Xena, a princesa guerreira, que além de poderosa foi uma das primeiras (e mais importantes) mulheres protagonistas lésbicas da história. Ilustração: Carolina Porfírio - facebook.com/kaolcaradeboi

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Bula cultural

algumas recomendações médico-artísticas

Indicações Canal das Bee Com um mix de irreverência e bom humor, o Canal das Bee conquistou uma lacuna no mundo dos vídeos pela internet: abordar a temática LGBT. Com diculinária a entrevistas e de vão que as program ferentes vídeos humorísticos o canal é sempre uma boa pedida tanto para se informar sobre notícias e questões do universo LGBT como para se divertir, além de um ótimo instrumento para politização acerca dos direitos e da luta LGBT contra as opressões.

Jout Jout Com pouco tempo na internet, essa vlogger rapidamente conquistou espaço de destaques com uma linguagem diferente, direta e falando sobre diversos assuntos, como relacionamentos e praia de naturismo. O canal ganhou maior desta que com o vídeo #NãotiraoBatomVermelho, que fala sobre como identificar (e se livrar) de relacionamentos abusivos. Fica no ar a vontade de ver mais vídeos feministas no canal.

Contraindicações Max e Mariano,

“Vou Jogar na Internet”

Com toda a luta que temos travado contra a exposição, é triste vermos que tem gente que quer ganhar dinheiro apoiando a exposição de mulheres, conhecida como “revenge porn”, ou pornô de revanche. O nome advém do fato que estes vídeos são compartilhados por ex-namorados que, insatisfeitos com o término, se vingam desta forma. Uma ideia? Apenas NÃO faça isso! E passe longe de músicas que defendam violência contra a mulher.

POSOLOGIA ingerir em caso de marasmo ingerir em caso de repetição cultural ingerir em caso de alienação manter fora do alcance das crianças nocivo, ingerir apenas com acompanhamento médico extremamente nocivo, não ingerir nem com prescrição médica

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Bula cultural

algumas recomendações médico-artísticas

VAI TER QUADRINISTA Já tá tendo! As minas das tintas e palavras na luta e resistência contra o machismo e pela representatividade das mulheres. Ilustração de Lila Cruz. - facebook.com/ colorlilas

MULHER, SIM! Por Bruna Barlach Entre linhas e palavras, as mulheres têm rompido mais uma barreira, conquistando o espaço no mundo dos quadrinhos. Com iniciativas autônomas ou metendo a cara nesta machista indústria que tem por costume ignorar suas leitoras, e também as artistas, os quadrinhos feitos por mulheres estão na pauta do dia. E essa explosão parece que veio pra ficar. Criadora do projeto Zine XXX, Beatriz Lopes relata que, no final de 2014 resolveu se emancipar totalmente de qualquer “brother” de maneira que seus projetos serão todos realizados com mulheres e para mulheres. Isso depois de ter passado alguns anos tentando ser reconhecida pelos homens quadrinistas como parte deste clube e tendo como resposta da parte deles ofensas machistas, abusos morais e a certeza de que, sendo mulher, jamais pertenceria aquele clube. A decisão da quadrinista retrata bem este movimento que surge de mulheres construindo seu espaço com outras mulheres, para outras mulheres.

CONTRA O VELHO MACHISMO NOS QUADRINHOS, PELAS MINAS “O que mais me incomoda ainda é a predominância de autores masculinos nas mostras, nos debates e mesas de discussão. E nem é porque não há autoras.”- exclama Lila Cruz, jornalista e quadrinista que trabalha também com assessoria em projetos criativos.

Ilustração de Rebeca Prado - facebook.com/incbeca

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Rebeca Prado diz que “Muita gente ainda não acredita que as mulheres vieram pra ficar.” Como outras artistas desta área, Rebeca publica em sua página no facebook. Mas também faz coletâneas impressas demonstrando que a tônica deste momento dos quadrinhos, principalmente os independentes, é unir o virtual e o material. Caminho este que foi seguido com maestria pelas minas do Zine XXX, uma publicação coletiva que conseguiu através da internet unir colaboradoras de todo o país dentro da proposta de construir uma publicação de minas, para as minas. O projeto, como muitos outros, saiu da virtualidade através de um financiamento coletivo e materializou-se em publicação em 2014.

O que mais incomoda ainda é a predominância de autores masculinos nas mostras e debates”

Por Thais Linhares

ORGANIZANDO AS INFORMAÇÕES Interessadas em toda esta movimentação, as mulheres do Lady’s Comics estão criando o “Banco de Mulheres Quadrinistas”, o BAMQ. A ideia é fazer um levantamento de todas as mulheres que trabalham na criação de quadrinhos, sejam artistas, roteiristas, coloristas, arte-finalistas, chargistas e etc. Se você quiser conhecer o projeto ou contribuir, tem mais informações no site www.ladyscomics.com.br/bamq. Quem são essas mulheres também é um dos interesses de Raquel Vitorelo que além de produzir seus quadrinhos encabeçou um documentário sobre mulheres artistas, o “Mulheres Desenhadas”. Disponível no Youtube (www.bit.ly/muldesen) o documentário fala da trajetória da própria artista e de outras mulheres. Esta matéria não se fecha aqui. Eu que também sou mulher e quadrinista, testemunho com os pelos eriçados e o coração entoando uma melodia de vitória este momento. E muitas outras matérias sobre mulheres artistas virão nas nossas próximas edições e também no site da Vírus. Ilustração de Thais Linhares

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LUCIANE SOARES Luciane Soares da Silva é do Núcleo de Estudos de Exclusão e da Violência -NEEV, professora associada Universidade Estadual Darcy Ribeiro

“VAMOS COMBINAR”:

NÃO DEU CERTO

É PRECISO ACABAR COM AS UPPS NO RIO DE JANEIRO Em 2007, uma ação com 1350 policiais levou a morte de aproximadamente 40 pessoas e a um número muito maior de feridos no Complexo do Alemão. Em sua grande maioria, homens jovens, mortos pelas costas. São vários os relatos de tortura a crianças, mortes e saques nas casas de moradores. Relatos de assassinatos com facas, tiros pelas costas, tudo denunciava as execuções que não podem ser classificadas como “confrontos” para justificar a Chacina do Complexo do Alemão, noticiada pela imprensa mundial como uma mega-operação no combate ao tráfico.

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A tropa perdeu qualquer referencial ético para atuação na favela.”

Em 17 de outubro de 2010, o então Secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, o economista Ricardo Henriques, criava um bordão para o investimento nas UPPs sociais, que seriam em suas palavras, “uma política de cidadania e desenvolvimento social nestes territórios”. Com a frase “Vamos combinar” criava-se uma proposta de pacto, com o objetivo de coordenar e facilitar a adoção de uma agenda comum entre territórios de favela, governo, sociedade civil e ... setor privado Em abril de 2012, empresários compareceram ao Morro Santa Marta para participação em um seminário com o sugestivo título “ O poder da iniciativa privada na transformação social do Rio”. Além do secretário José Mariano Beltrame e da major Pricila Oliveira, estavam neste evento a jornalista Miriam Leitão, um executivo do Banco Santander e o presidente da Ligth. A “grande ideia” deste encontro era integrar a população destas áreas através dos “negócios”.

artigos denunciavam a especulação imobiliária que contribuiu para a chamada “remoção branca”, o aumento do número de casos de abuso policial e a consolidação de uma política de guerra no interior destes territórios.

O projeto das Upps foi saudado pela sociedade civil e por parte da intelectualidade fluminense (com raríssimas exceções,) como uma aposta que merecia um voto de confiança. De outro lado ficaram pesquisadores cujos

Mesmo considerando a amostra das opiniões registradas por meio eletrônico, limitadas, é essencial registrar o apoio dos leitores da grande mídia, tanto em relação às Upps, como em relação à redução da maio-

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O desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias de Souza em julho de 2013, deu início a uma campanha de questionamento em relação a atuação da polícia em casos semelhantes. O caso Amarildo atingiu definitivamente o coração do projeto de pacificação. Na semana em que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprova a PEC que propõe a redução da maioridade penal no Brasil, de 18 para 16 anos, um menino de 10 anos é morto no Complexo do Alemão. Moradores acusam a Polícia Militar de ter feito o disparo que vitimou Eduardo de Jesus Ferreira. Poucos dias atrás, no Lins, Patrick Ferreira de 11 anos, foi atingido por um tiro de fuzil.


Ilustração de Grimoire - facebook.com/zinegrimoire

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ridade penal. De fato, as declarações de “um nordestino a menos”, “defender a população de bem”, “na escola é que não estava”, convergem para um único ponto: a legitimação da ação policial, justificada pela suposta ligação entre moradores de favela e traficantes. Das 37 unidades de policia pacificadora implantadas no Estado, o Complexo do Alemão é o território mais populoso com 129.770 habitantes. Na página Rio Social da Prefeitura do Rio de Janeiro, a soma de 1,8 bilhão é apresentada como investimento nas áreas pacificadas, com ações em educação, saúde, serviços, urbanização e eliminação de áreas de risco. Entramos na Era da Gestão Virtual do espaço. Usando recursos tecnológicos com mapas aéreos das favelas, informações sobre equipamentos urbanos e investimentos, estes gestores produzem imagens de mudança social local. A tropa, tal qual o filme de Copolla, Apocalipse Now, perdeu qualquer referencial ético para atuação na favela. E nenhum comando, nem o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, poderão resolver isto com prisões, suspensões ou expulsões. A especulação imobiliária segue aliada aos discursos dos “cidadãos de bem”. A

Temos de acabar com as Unidades de Policia Pacificadora e desmilitarizar as polícias no Brasil.”

nebulosa anônima que forma “a opinião pública” berra por mais Estado penal, mais prisões e endurecimento das penas. Não há remédio, saída ou solução. Temos de acabar com as Unidades de Policia Pacificadora e desmilitarizar as polícias no Brasil. Pelo fim da morte de policiais, pelo fim da morte de civis, pelo fim da morte de crianças como Eduardo.

Não teve Páscoa no Alemão. Eduardo de Jesus Ferreira, 10 anos filho de Terezinha Maria de Jesus. Ilustração de Ribs - facebook.com/matheusribsoficial

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traço livre Por Tavarez | Veja mais em: www.bit.ly/tavarezperiferia

A Militarização da Vida nas favelas do Rio de Janeiro tem consequências drásticas para a nossa juventude negra.

policiais, uso de armas não letais (que surpreendetemente matam na mão destes policiais)* e tantos outros casos.

O Estado mata diariamente 6 pessoas através da sua eficiente política de segurança pública. Em áreas com UPP a polícia tem realizado, arbitrariamente, toque de recolher, perseguição as atividades culturais, perseguição aos moradores que denunciam os abusos

A História em Quadrinhos acima é um relato, com algumas adaptações, de um jovem que foi assassinado por um policial da UPP Pavão-Pavãozinho/ Cantagalo com um tiro nas costas. Mais uma vez, prática comum da polícia e do judiciário brasileiro, o Estado não

foi responsabilizado pela morte que foi considerada auto de resistência. Sobre violações de direitos em favelas com UPP: www.bit.ly/direitoshumanosupp *Mateus de Oliveira, 17 anos, foi assassinado por PMs da UPP Manguinhos com arma não letal.


Os urubus não podem tomar a petrobras!

www.seperj.org.br

FORA CORRUPTOS E CORRUPTORES!

POR UMA PETROBRAS 100% PÚBLICA E ESTATAL Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas.

organização: Notícias da campanha:

www.apn.org.br www.tvpetroleira.tv

www.sindipetro.org.br


38 anos na luta em defesa da Educação Pública!

Sindicato Estadual dos Profissionais

de Educação do Rio de Janeiro

DORI A C R E M O É Ã N E D Ú SA o da

A!

ã riva tizaç p e d a m ulação: Toda for p o p à e m a taqu u é e d ú sa E B SERH!

À DIGA NÃO

Saúde pública é um direito:

defenda o Hospital Universitário Antônio Pedro!



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