O RIO DE JANEIRO CONTINUA DEMOLINDO
Remoções destroem favelas na “Cidade Olímpica”
KBELA - A LIBERTAÇÃO DA MULHER NEGRA
Filme debate processo de embranquecimento
R$5 edição nº 37 junho/julho 2015
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Edição 37 da Revista Vírus Planetário Junho/Julho 2015
Com conteúdo:
MEDIA + FAZENDO
Capa: Ilustração de Matheus Ribeiro - Ribs
EXPEDIENTE: Rio de Janeiro: Alexandre Kubrusly, Ana Chagas, André Camilo, Artur Romeu, Bruna Barlach, Caio Amorim, Camila Medeiros, Camille Perrisé, Chico Motta, Débora Nunes, Fernanda Alves, Gustavo Ferreira, Joyce Abbade, Laura Ralola, Leandro Santos, Letícia Catete, Mariana Moraes, Matheus Ribeiro, Matheus Thomaz, Raoni Tenório, Thais Linhares | São Paulo: Ana Carolina Gomes, Beatriz Trevisan, Duna Rodríguez, Gustavo Morais, Hamilton Octávio de Souza, Jamille Nunes, Jéssica Ipólito, Lu Sudré, Marcelo Araújo, Renato Silva, Roberta Veloso, Sabrina Santos e Sara Sallum | Brasília: Alina Freitas, Erin Fernandes e Thiago Vilela | Minas Gerais: Ana Malaco | Ceará: Caio Erick, Joana Vidal, Livino Neto, Lucas Moreira e Vicente Monteiro | Piauí: André Café, Nadja Carvalho e Sarah Fontenelle | Paraná: Caroline Tetericz, Elisa Riemer, Tiago Silva e Vinicius Prado | Mato Grosso do Sul: Eva Cruz, Jones Mário, Marina Duarte, Rafael de Abreu e Tainá Jara | Rio Grande do Sul: João Victor Moura, Maiara Marinho e Rafael Balbueno | Santa Catarina: Camila Saplak Diagramação: Caio Amorim
Conselho Editorial:
Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti e Diretoria de Imprensa do SEPE-RJ
Entidade
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A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação, Editora e Comércio de Revistas com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 21 3502-7877
Parceira: COMUNICAÇÃO E EDITORA
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DDH
contra a desigualdade
Afinal, o que é a Vírus?
Acredite num jornalismo pela diferença,
Muitos não entendem o que é a Vírus, principalmente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus: Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumi r nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas excluídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano. O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível. Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media e Revista o Viés de Santa Maria (RS) nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.
Editorial
sumário
P
assamos da metade de 2015. Um ano no qual presenciamos, até então, uma série de acontecimentos que nos deixam com péssimas perspectivas do que virá. O avanço do conservadorismo do Congresso e do Senado trouxe prejuízos diretos à população, principalmente para as pessoas pobres e trabalhadoras. O cenário não é diferente para as mulheres e para as pessoas LGBT que tem tido seus direitos negados, suas pautas ridicularizadas sem encontrarem espaço para suas demandas nas instâncias desta farsa democrática em que vivemos. Se nas eleições presidenciais de 2014 havia uma falsa polarização de projetos entre PT e PSDB, nota-se que as concessões feitas pelo PT na escalada ao poder, nos idos de 2002, trouxeram consequências catastróficas. Os mandos e desmandos de Eduardo Cunha na presidência da Câmara que através de manobras inconstitucionais está levando o barco para o caminho que lhe interessa navegar mostra que não há mais nenhuma remota possibilidade de mudança pelo caminha da conciliação de classes. Ainda mais diante de uma realidade em que a direita se rearticula, saindo às ruas pedindo não só o impeachment da presidenta Dilma, mas também mostrando que busca um caminho extremo com pedidos de intervenção militar.
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Hamilton Octávio de Souza_Aliança maldita deu no que deu
6 Bula Cultural_Filme Kbela 8 Bula Cultural_Indicações e contra
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Entrevista Inclusiva_Orlando Zaccone
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CAPA_Redução da Maioridade Penal
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Não há nada mais difícil do que fazer oposição de esquerda a um governo como o do PT hoje, que traiu a classe trabalhadora e todos os grupos oprimidos de tantas maneiras que torna sua defesa impossível. Ainda assim, o caminho da oposição de direita nos levará para um futuro tão ou mais nefasto. Por isso é hora de fortalecer a lutas pelos nossos direitos e tomar as ruas, as praças, a internet, os locais de trabalho, as escolas e universidades, todos os espaços reivindicando nossas pautas. O papel da mídia contra-hegemônica é fundamental neste processo e por isso nós da Vírus seguimos firmes em frente, buscando crescer e resistir, mesmo que todas as barreira sejam colocadas no nosso caminho. Esperamos ter vocês conosco nesta jornada de luta, todos os dias. Se haverá um horizonte melhor para nós será este que nós construiremos. O caminho da transformação está em nossas mãos.
da edição completa
Remoções: Em meio aos escombros, a resistência
21 Varal Artístico 22 Piauí_Salve o Pedral 24 Traço livre 25 Humor 26 Humor_Passatempos Virais
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HAMILTON
OCTAVIO DE SOUZA Hamilton é jornalista, professor na Pontifícia Univerdade Católica de São Paulo (PUC-SP) e membro da equipe da Revista Vírus Planetário
ALIANÇA MALDITA DEU NO QUE DEU
Os trabalhadores e as organizações populares e de esquerda precisam juntar forças para enfrentar a grave crise política e econômica gerada nos governos do PT
O
O povo brasileiro está pagando caro agora o preço de uma aventura política e eleitoral iniciada em 2002 quando a principal liderança do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, conduziu o partido a uma aliança com as forças tradicionais do empresariado e do conservadorismo nacional. Desde então, o que se viu foi o ataque paulatino às esquerdas, dentro e fora do PT, a completa domesticação dos sindicatos e movimentos sociais mais combativos na área de influência petista, a despolitização da luta de classes e uma escalada ainda incompleta de concessões ao capital, à direita e aos postulados do neoliberalismo. Anteriormente os governos de Collor de Mello e de Fernando Henrique Cardoso já haviam bombardeado as atribuições do Estado, desmantelado a Constituição de 1988, retirado direitos dos trabalhadores e escancarado o país aos interesses mais mesquinhos e predadores dos capitais nacional e internacional. Vivemos o pior dos horrores de 1990 a 2002, com a liquidação do patrimônio público nos leilões das privatizações, com a “flexibilização” das leis trabalhistas e a entrega das atividades essenciais, entre as quais saúde e educação, ao jogo dos mercados. Mas, até então, amplos setores populares e a maioria das organizações sociais e de esquerda formavam as mais diferentes trincheiras da oposição. Os campos de delimitação entre esquerda e direita, progressistas e conservadores estavam bem mais claros e definidos, sem a confusão de uma geleia geral.
Dilma-Mãos de Tesoura - Ilustração: Ribs - facebook.com/matheusribsoficial
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Vírus Planetário - junho/julho 2015
No entanto, a guinada iniciada pelo PT em 2002, com vistas exclusivamente às eleições e ao seu projeto particular de poder contribuiu decisivamente para que, nos últimos 13 anos, não só boa parte do
PT aderisse ao ideário do pensamento dominante, como também – ao não fazer o devido combate político pela esquerda – possibilitou que os setores carcomidos da direita, cautelosos desde o fim do regime militar, voltassem a ganhar desenvoltura e nova energia no seio das classes médias e dos assalariados em geral.
ERROS E DESVIOS Qualquer análise honesta da conjuntura atual precisa obrigatoriamente considerar os graves erros e desvios políticos cometidos pela cúpula dirigente do PT, que, ao longo de anos, foi responsável pela metamorfose vivida pelo partido, a começar dos abraços dados nos antigos inimigos dos trabalhadores, o abandono das bandeiras e das lutas socializantes, até assumir sem escrúpulo ou vergonha o papel de gestores da burguesia e operadores do aparelho de repressão do sistema. Ou alguém ainda tem dúvida de que o PT não seja um partido da ordem capitalista? Durante algum tempo – já no controle do governo federal – os discursos e as práticas a favor do modelo político-econômico foram dourados com benesses sociais na direção de atendimento das parcelas mais miseráveis da população, na recuperação do salário mínimo, na redução da secular e gritante desigualdade. Tais programas evidentemente foram bem recebidos e conquistaram levas de agradecidos e apoiadores, enfim, uma base social a reconhecer os méritos da situação diante do descaso explícito dos governos anteriores. Vivemos entre 2008 e 2013, nos governos do PT, a grande ilusão do paraíso terrestre em que toda a sociedade e todos os brasileiros estavam ganhando: os pobres ganharam o Bolsa-Família, o Prouni, o FIES, o novo cálculo do salário mínimo baseado em PIB crescente; e os ricos ganharam nos impostos desonera-
“
alguém duvida que o PT seja um partido da ordem capitalista?
dos, nas obras e serviços superfaturados, nos empréstimos com juros subsidiados, no superávit primário garantido, na especulação imobiliária e na brutal transferência de renda possibilitada pelo juro elevado e o crédito incentivado. No final das contas, a tal política lulista segundo a qual todos ganham, na verdade dava aos pobres menos do que a décima parte do que era dado aos ricos. Por isso mesmo foram os ricos que quebraram o Estado brasileiro, que sugaram até o último tostão as reservas do BNDES, os repasses do Tesouro e os fundos que deveriam ter destinação exclusivamente social – entre eles o FAT e FGTS -, mas que foram destinados para tentar segurar a debandada do empresariado no momento em que a sangria dos recursos públicos chegou ao esgotamento. O colapso já estava evidente no início de 2014, mas em ano eleitoral o governo e a direção do PT pelo estelionato e deixaram a verdade sobre a crise para depois das eleições.
DISCURSO E PRÁTICA Entre o Dilma-1 e o Dilma-2 ficou evidenciado que o discurso dourado do PT para enganar os trabalhadores e os pobres estava sendo desmascarado pela prática – mais precisamente pelas medidas do chamado “Ajuste Fiscal”, que nada mais fez do que cortar investimentos e programas da área social e vitaminar o superávit primário, com a elevação dos juros, que é o mecanismo que permite rápida transferência de renda da maioria da população e dos recursos públicos para os que especulam com o dinheiro, em espe-
cial o setor financeiro e os rentistas detentores dos títulos do tesouro nacional. Enquanto cortava verbas do FIES, restringia o Prouni com novas regras para o Enem, e reduzia a um terço os recursos do Pronatec, o governo anunciava novas linhas de crédito aos empresários pelo BNDES, Banco do Brasil e Caixa Federal. Enquanto deixava as universidades federais sem recursos nem mesmo para o pagamento dos serviços de limpeza, o governo anunciava pacote de privatização de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, com financiamento público. Enquanto negociava ajuda para os grupos empresariais envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras, o governo editava medidas provisórias para cortar seguro-desemprego, auxílio-doença e pensão por morte. Ao mesmo tempo em que trataram de alimentar sua aliança econômica com os banqueiros e os empresários, com inúmeros danos para os trabalhadores, os governos do PT também priorizaram as suas alianças políticas com os partidos tradicionais, a começar do PMDB, mais PR, PRB, PP, PTB e outras siglas menores. Por isso mesmo não se pode dizer que tenha ocorrido alguma contradição entre a vitória de Dilma, em 2014, e o aumento das forças conservadoras no Congresso Nacional – dominado pelo reacionarismo evangélico, pelos ruralistas e pelas bancadas da truculência punitiva e policial contra qualquer avanço no campo dos direitos humanos, da cultura e do comportamento.
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Bula cultural
algumas recomendações médico-artísticas
Foto: Leliane de Castro
A LIBERTAÇÃO DA MULHER NEGRA
Curta debate processo de embranquecimento e a libertação dos padrões eurocêntricos. 6
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Fotos: Alile Dara Onawale
Por Beatriz Trevisan “Uma experiência audiovisual sobre ser mulher e tornar-se negra.” É assim que o curta Kbela, criado, dirigido e produzido por Yasmin Thayná, é definido em seu site (kbela.org). Em entrevista para a Ovelha Mag, Yasmin completa: “O filme é uma sequência de metáforas presentes no cotidiano de boa parte das mulheres negras do mundo”. De acordo com a página do curta no Facebook, a proposta do projeto é trazer ao público as manifestações do racismo e da resistência, por meio de uma narrativa poética. A tentativa é de aumentar a representatividade e romper com a hegemonia branca das produções artísticas, que, aliado à mídia racista, faz com que a maior parte das grandes produções que chegam até nós seja composta de equipes de maioria branca, com poucos atores principais e diretores negros. Em entrevista para o Geledés, Yasmin conta que a produção foi inspirada no filme Alma no Olho, do cineasta negro brasileiro Zozimo Bulbul. A produção nasceu a partir do conto Mc K_bela, posteriormente adaptado para o teatro. A história fala sobre uma jovem negra moradora da baixada fluminense que, após anos se submetendo às pressões eurocêntricas da sociedade, decide, finalmente, se libertar e aceitar seus cabelos naturais, sem interferências químicas. O filme, assim, retrata a realidade da mulher negra, em especial a brasileira, que é pressionada a se encaixar num ideal branco e aprende a refutar sua ancestralidade, e o processo de se desprender disso e empoderarse, com foco na transição capilar. A idealizadora do projeto convocou, pelo Facebook, mulheres negras a contarem suas histórias de libertação do embranquecimento socialmente imposto e de situações cotidianas em que o racismo estava presente. Em apenas três dias, foram recebidas mais de cem histórias. Foram dois dias de gravação no Rio e, hoje, o documentário já está fazendo muito barulho: o teaser marcou presença no 8º Encontro de Cinema Negro Brasil, África & Caribe, em maio e junho, no Odeon, e foi indicado pelo Blogueiras Negras na lista das 25 mulheres negras mais influentes da web de 2014. O lançamento do curta está previsto para agosto desse ano.
INTERSECCIONALIDADE Uma das atrizes do projeto é a pernambucana Maria Clara Araújo, que, com apenas 19 anos, já é um grande nome na luta afrotransfeminista. A jovem foi uma das 95 pessoas que puderam usar seu nome social no ENEM. Aprovada no início do ano na UFPE, ela representa um marco para as transexuais e travestis de todo o Brasil, pois, após sua chegada, a universidade regulamentou o uso do nome social nos registros. “Eu existo! Nós existimos!”, clama, em seu manifesto por igualdade, postado no seu perfil do Facebook.
Na página da Kbela na mesma rede social, afirma-se: “fizemos questão de ter nesse time Maria Clara Araújo, (...) [que] vem se destacando na luta por empoderamento das mulheres trans no Brasil, com discurso e ativismo atravessados pela questão racial. (...) Não dá para enfrentar o racismo sem discutir o transfeminismo negro.” A questão da representatividade, aqui, também pesa bastante. “Uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro aponta que, nos últimos 10 anos, apenas 4.4% das atrizes no elenco principal de filmes nacionais eram negras. No mesmo período, nenhum dos mais de 200 filmes nacionais de maior bilheteria teve uma mulher negra na direção ou como roteirista. ‘E eu fiquei com essa pesquisa da UERJ na cabeça. Tem pouca mulher preta cis hétero no cinema nacional, imagina as trans*?’”. É possível acompanhar a caminhada do Kbela pelo newsletter disponível no site, pela página no Facebook e pelo canal no Youtube, onde já está disponível o primeiro teaser.
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direitos humanos
A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E
O MEDO DE QUE O MEDO ACABE A redução da maioridade penal, apresentada como solução pelo discurso do medo, pode ter consequências sérias, mas a diminuição da violência não é uma delas.
Por Maiara Marinho
Polícia ocupa Morro do Caju, zona norte do Rio de Janeiro | Foto: Luiz Baltar - luizbaltar.com.br
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Alguns homens desse país defendem que a vida seja um instrumento de punição. Punem as crianças pobres e negras como consequência de sua condição de vida. Matam a quem nunca ofereceram, ao menos, um indício de dignidade. O sorriso no rosto dos deputados que votaram pela redução da maioridade penal em assembleia é uma afirmativa do crescimento do ódio no país. E eles querem que justamente quem é atingido por suas políticas excludentes riam junto. Entretanto, ainda que a manipulação em massa seja uma tentativa insistente da mídia tradicional, quem sofre as consequências da exclusão e da desigualdade não se engana com as
Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa mentiras disparadas pela televisão. O questionamento feito certa vez pelo poeta uruguaio Mario Benedetti é trazido para cá como uma dúvida inquietante. “Numa perfeita foto do jornal, senhor ministro do impossível, vi enlevado e eufórico e perdido de riso o seu rosto simples. Serei curioso senhor ministro: de que se ri? de que se ri?”. A redução da maioridade penal é discutida no mundo inteiro há muito tempo. Os países possuem políticas
diferentes. Os Estados Unidos é o país com a política mais repressora do mundo. Do lado oposto, a Suécia fecha prisões pelo decrescimento de presos. Cada população vê a política de combate à criminalidade de maneira diferente. Mas, ainda que faça parte do processo democrático a exposição de ideias, não se pode negar os dados que apontam a falta de efetividade no combate à criminalidade com a redução da maioridade penal. Nenhum país no mundo que reduziu a idade penal conseguiu diminuir a criminalidade. Vírus Planetário - junho/julho 2015
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rioremoções de janeiro Ilustrações: Adriano Kitani
EM MEIO AOS ESCOMBROS,
A RESISTÊNCIA A luta de favelas no rio de janeiro contra as remoções da “cidade olímpica”
Por Letícia Catete
Entre escombros de demolição de moradias em Manguinhos (zona norte do Rio), um resto de uma placa de campanha do prefeito Eduardo Paes, governante da cidade que mais removeu moradias da história da cidade Foto: Luiz Baltar - luizbaltar.com.br
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Vírus Planetário - junho/julho 2015
Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa
ENTREVISTA INCLUSIVA:
ORLANDO ZACCONE Por Vitor Suarez
Confira a entrevista na edição completa digital ou impressa
“A função do delegado é soltar”. Esta colocação emblemática de Orlando Zaccone, delegado da polícia civil do Rio de Janeiro que contraria todos os esteriótipos que possamos atribuir a um delegado. Conhecido por ser contra o sistema de punição vigente e a favor da total legalização das drogas como única forma de acabar com a criminalização da população negra e pobre, Zaccone fala sobre a grande falácia da redução da maioridade penal e sobre como o Estado cria inimigos para esconder os verdadeiros culpados em entrevista a Vitor Suarez para o canal Trocando Ideia: www.youtube.com/trocandoideia reprodução
Os urubus não podem tomar a petrobras!
www.seperj.org.br
FORA CORRUPTOS E CORRUPTORES!
POR UMA PETROBRAS 100% PÚBLICA E ESTATAL Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas.
organização: Notícias da campanha:
www.apn.org.br www.tvpetroleira.tv
www.sindipetro.org.br
38 anos na luta em defesa da Educação Pública!
Sindicato Estadual dos Profissionais
de Educação do Rio de Janeiro
DORI A C R E M O É Ã N E D Ú SA o da
A!
ã riva tizaç p e d a m ulação: Toda for p o p à e m a taqu u é e d ú sa E B SERH!
À DIGA NÃO
Saúde pública é um direito:
defenda o Hospital Universitário Antônio Pedro!
A U S E G E L E SEPE O Ã Ç E R I D NOVA Em seus quase 40 anos de existência, o Sepe vem se destacando na defesa da educação pública e de qualidade. No período de 30 de junho a 2 de julho os profissionais das redes públicas do Rio de Janeiro participaram das eleições para sua direção no triênio 2015/2018. Foram disponibilizadas urnas itinerantes e nas sedes Central, dos núcleos municipais e regionais do sindicato, todas à disposição para que os milhares de profissionais de educação filiados pudessem eleger os seus representantes para a direção geral e de cada um dos 47 núcleos em todo o estado, assim como das 9 regionais do município do Rio. O Sepe é um dos maiores sindicatos do estado e tem mais de 600 mil professores e funcionários na sua base. A participação da categoria foi fundamental para a consolidação do processo eleitoral. Votando os profissionais de educação das escolas públicas estaduais e municipais fortaleceram a luta do sindicato pela educação pública de qualidade e pela valorização da categoria.
Confira o resultado da eleição que definiu a direção do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (SEPE/RJ) para o triênio 2015-2018
Veja abaixo os resultados finais para a direção do Sepe Central:
Chapa 8: Sepe que te quero forte 4015 votos (26,52%) Chapa 1: Unidade, Luta e Democracia se faz com a Categoria 2643 votos (17,45%) Chapa 2: Oposição, Por um Sepe de Vitórias 2.512 votos (16,59%) Chapa 7: Só a luta muda a vida. O Sepe tem que mudar 2141 votos (14,14%) Chapa 6: Chapa Quente, Por um Sepe Classista, Combativo e Pela Base. Oposição de Esquerda por uma Nova Direção 1327 votos (8,76%) Chapa 4: Avançar na Luta, O Sepe que Queremos Pela Base 1115 votos (7,36%) Chapa 3: Educação 736 votos (4,86%) Chapa 5: Novos Rumos. Por um Sepe de Classe e com a categoria 653 votos (4,31%) Brancos - 537 votos (3,29%) Nulos - 649 votos (3,97%) Total de votantes - 16.328
38 ANOS NA LUTA EM DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA
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