Edição 16 Vírus Planetário completa

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Vírus Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça

R$5 edição nº 16 agosto

Planetário Mato Grosso do Sul:

Memórias da Ditadura sobre o Rio Paraguai provam q ue a

Tortura permanece impune

Professores, funcionários e estudantes das universidades federais estão em greve há quase três meses por melhorias no ensino superior

R$ 5,00

Continuamos a série de entrevistas Eleições 2012 com o candidato do PSTU à prefeitura do Rio de Janeiro

Greve na Educação

nº16

Cyro Garcia

ISSN 2236-7969


Enquanto isso, na sala de injustiça, o

ministro de minas e energia, edison lobão já está anunciando que o próximo leilão do petróleo brasileiro está próximo de acontecer...

Aê to Gale bl oc do m era, os und te te de o! S m pr a rr pet ão ae 1 r no óle 74 ma o, n r! a

e o ss o e sileir m o C bra a... o ux pové tro

...os empresários brasileiros e estrangeiros já começam a juntar a merreca pra comprar mais poços e ganhar muito mais dinheiro

m

vuuummm

Ma õõÊE ! Quem Quer pe tróleo? Entretanto, algo não esperado por lobão e seus comparsas ainda pode acontecer: O povo brasileiro tem que se mobilizar e Exigir:

“o petróleo tem que

ser nosso!”

Olha o desespero do lobão quando notar que seus planos diabólicos irão por água abaixo...

E aí??? Quer que essa história tenha um final feliz? Então, participe da campanha Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas.

NOVIDADE! Acompanhe a campanha e outras notícias pela TV Petroleira em www.tvpetroleira.tv

Notícias da campanha: www.apn.org.br Participe do abaixo-assinado: www.sindipetro.org.br

organização:


traรงo livre

Por Carlos D Medeiros | Veja mais em: facebook.com/Fucalivro


o i e r l r a o C Vir Luzia Cardoso: Parabenizo a Revista pela excelência do conteúdo e por compartilhar com a percepção de não neutralidade, seja nas artes, nas ciências, na política e na vida cotidiana. Cátia Sousa: Matérias instigantes e de relevância. Adorei a edição de junho! Vocês estão de parabéns!

>Envie colaborações (textos, desenhos, fotos), críticas, dúvidas, sugestões, opiniões gerais e sobre nossas reportagens para contato@virusplanetario.net

Queremos sua participação!

Afinal, o que é a Vírus Planetário? Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principalmente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus Planetário: Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas excluídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor é

necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano. O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível. Recentemente, inauguramos um Conselho Editorial (nomes ao lado) com integrantes de movimentos sociais e intelectuais que referendam e apoiam a revista. Em breve, ampliaremos os participantes do Conselho.

Expediente: Rio de Janeiro: Aline Rochedo, Artur Romeu, Caio Amorim, Felipe Salek, Ingrid Simpson, José Roberto Medeiros, Julia

Maria Ferreira, Maria Luiza Baldez, Mariana Gomes, Miguel Tiriba, Noelia Pereira, Renata Melo, Rodrigo Teixeira, Seiji Nomura e William Alexandre | Campo Grande (MS): Marina Duarte, Rafael de Abreu, Tainá Jara, Daniel Lacraia, Jones Mário e Fernanda Palheta | Brasília: Thiago Vilela, Alina Freitas, Ana Malaco, Luana Luizy, Elis Tanajura, Tais Koshino Diagramação e projeto gráfico: Caio Amorim e Mariana Gomes Ilustrações: Rio de Janeiro: Carlos Latuff e Carlos D. Medeiros Santa Maria - RS: Rafael Balbueno (revistaovies.com) Revisão: Bruna Barlach Colaborações: Rodrigo Mariano

Conselho Editorial: Adriana Facina, Ana Enne, André Guimarães, Carlos Latuff, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, João Tancredo, Larissa Dahmer, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Tarcisio Carvalho, e Virginia Fontes

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Anuncie na Vírus: marketing@virusplanetario.net #Impressão: Print Express #Tiragem: 2.500 exemplares

Comunicação e Editora A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro


Editorial “Num tempo página infeliz da nossa história, passagem desbotada na memória das nossas novas gerações” (Vai Passar – Chico Buarque) Em Corumbá, coração do pantanal sul-mato-grossense, mais um episódio triste que rememora o período da ditadura militar brasileira, o NavioPrisão. Uma história entre tantas outras não reveladas que nos atenta para a importância da Comissão da Verdade. A nossa memória precisa se tornar conhecida para que episódios como este não se repitam. Enquanto hoje desfrutamos das conquistas sociais, não podemos esquecer os que lutaram , sofreram e morreram pela tão sonhada democracia. É preciso fazê-los presente através da lembrança, desta memória que tantos renegam.

Sumário 6

Ana Enne_Tocando em um ponto sensível_Adoção

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Internacional_A democracia tardia sob um olhar egípcio

O passado deve ser compreendido para que sigamos um futuro consciente do que almejamos. E somente por meio do conhecimento dos fatos reais de nossa história é possível de fazê-lo. Falando em consciência, trazemos nesta edição mais uma entrevista sobre as eleições municipais. Desta vez com o candidato a prefeito do Rio de Janeiro, pelo PSTU, Cyro Garcia. A dois meses das eleições é preciso um olhar mais profundo das propostas apresentadas. E a Vírus continua objetivando dar espaço àqueles que não o tem na mídia grande. “Greve geral, em toda Federal” As universidades federais estão paradas desde o dia 17 de maio. A mídia grande pouco fala sobre o assunto. O que os grevistas realmente querem? Conversamos com professores, servidores e alunos. E a resposta é uma só: Melhorias na educação. O Canecão, tradicional casa de shows na Zona Sul do Rio de Janeiro que sempre pertenceu à UFRJ e finalmente saiu das mãos da iniciativa privada, já estava há mais de um ano desativado fruto da disputa entre reitoria que tem planos de devolvê-lo a empresários, e a comunidade acadêmica que quer o canecão como um espaço cultural público e democrático. Cansados de esperar, estudantes da Comissão de Greve da UFRJ estão desde 22 de julho ocupando o Canecão como parte dos protestos da greve. O Canecão Ocupado já recebeu diversas atividades artísticas como shows, provando que a cultura deve ser gratuita e a serviço do povo. Quem é Mahmoud Ahmadinejad? Para entender aquilo que nos é estranho e distante é preciso tirar o preconceito e a crítica dos olhos e apenas observar com atenção. Nós fomos à coletiva de imprensa com o presidente do Irã. E trazemos nessa edição uma matéria limpa, sem grandes adjetivos criados para referenciar um dos homens mais temidos do ocidente. Ahmadinejad falou do Holocausto, da bomba atômica, e ainda da sua posição perante a mídia internacional. Golpe no Paraguai Ainda nesta edição um alerta importante para toda América Latina: O Golpe no Paraguai. O presidente paraguaio, Fernando Lugo foi destituído a 14 meses de encerrar seu mandato e em seu lugar assumiu o vice conservador, Federico Franco. Levantamos questões para que pensemos no posicionamento do Brasil diante do ocorrido: O que podemos fazer enquanto latino-americanos? Será uma tendência? Boa leitura!

10 Bula Cultural_Beirut 12

Bula Cultural_A música que une gerações

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O Sensacional Repórter Sensacionalista

15

Internacional_No Paraguai, golpe virou impeachment

18 Internacional_Ahmadinejad 20 Educação_”Greve geral, em toda federal!”

24

Eleições 2012_Entrevista_Cyro Garcia

28 Mato Grosso do Sul_Navio Prisão 32 Entrevista Inclusiva_Cia Triângulo Rosa

35 Varal Artístico


Ana Enne Ana Enne é professora do departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF), jornalista formada pela PUC-Rio e doutora em Antropologia pelo Museu Nacional (UFRJ).

Tocando em um ponto sensível As “filas de espera” para adoção e a formação de imaginários excludentes

Adoção. Eis um tema delicado. Por tudo o que envolve emocionalmente, tanto para aqueles que adotam, quanto para os que são adotados, mas também para aqueles que, profissionalmente, lidam com o intenso e problemático processo legal e psicológico que envolve os casos de adoção.

Foto: Agência de Notícias do Acre

Por que escolhi, então, falar sobre essa temática? Tenho tido, recentemente, interações com pessoas que adotaram ou estão em processo de adoção. Em geral, as falas apontam para a excessiva burocracia que cerca o ato de adotar, por vezes se arrastando por anos, o que faz com que as pessoas aguardem longamente “na fila” ou acabem adotando “por fora”, ou seja, através de processos informais, não mediados pelo Estado, o que por si só já cria dilemas éticos dos mais diversos, que não me cabe desenvol-

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Vírus Planetário - agosto 2012

ver aqui, pela complexidade do tema e pelos limites de espaço.

A maior parte dos candidatos à adoção prefere bebês brancos, sem doenças e sem vínculos familiares”

No entanto, isso gerou, em mim, uma pergunta angustiante: por que o Estado não acelera a burocracia nestes casos, quando sabemos que existem tantas crianças em busca de famílias que as acolham? Mas acabei tendo a oportunidade de conversar com uma assistente social que trabalha no campo da adoção. E, como sempre quando nos dispusemos a ouvir os múltiplos lados, ela me apresentou um outro e preocupante ponto de vista: a longa espera seria menos culpa da burocracia (embora essa também exista) e mais da expectativa da maior parte dos candidatos à adoção, que preferem bebês de poucos meses, brancos, sem doenças e sem vínculos familiares. Segundo

a assistente social, há uma defasagem entre as crianças que em geral estão aptas para a adoção (a maior parte das vezes são crianças negras, de mais idade, com problemas dos mais diversos tipos, incluindo vínculos familiares mal resolvidos e uma primeira infância sem tratamentos múltiplos) e o perfil que a maior parte das famílias deseja. Isso acaba gerando um duplo descompasso e uma dupla fila de espera: dos que pretendem adotar e daqueles que precisam ser adotados. Ou seja, existe um pouco dito acerca dos processos de adoção que esbarra em uma série de construções de imaginário coletivo e que resvala nos preconceitos e expectativas da classe média, principal candidata nos processos de adoção. Ao mesmo tempo, estamos diante de um Estado burocrático, que também acaba fazendo menos do que deveria para ajudar na desconstrução desse imaginário que alimenta uma “fila” que sua lógica burocrata termina por consolidar. No meio disso, muitas crianças que precisam de ajuda e apoio. Acho que precisamos pensar sobre isso, de uma forma menos superficial. Pelo que pude perceber dessa pequena imersão neste complexo mundo que envolve os processos de adoção, há um esforço legítimo de culpabilização do outro (famílias culpam o Estado pela sua lentidão; o Estado culpa as famílias por sua demanda excludente) que acaba não tocando no ponto central: como desmontar esse imaginário que seleciona, exclui, discrimina e acaba criando frustração de todos os lados?


internacional

Foto: Reprodução

A democracia tardia

sob um olhar egípcio

Ibrahim Saker conta como, após a revolução, o Egito vive a crise de um país desestruturado pela corrupção Por Ingrid Simpson e Maria Luiza Baldez No dia 25 de janeiro de 2011, o Egito começou a viver um momento revolucionário em sua história. Inspirado nos protestos que tomaram parte na Tunísia, os quais colocaram fim na ditadura lá existente, iniciou-se uma revolução. Na cidade do Cairo, capital do país, a população se reunia na Praça Tahrir, em prol de um único objetivo: protestar pela democracia.

A massa revolucionária ansiava por ser ouvida sem opressão, questionando o autoritarismo do exército e do governo, os baixos salários e o desemprego. E, para tal, era imperativo que se acabasse com a ditadura de Hosni Mubarak, já há 30 anos no poder. A Vírus Planetário teve um batepapo com o egípcio Ibrahim Saker,

que contou sobre as suas vivências e pensamentos diante deste momento pelo qual está passando o seu país. Um momento em que a população quis reivindicar seus direitos.

O processo revolucionário Ibrahim conta que as experiências foram violentas. Certa vez, para impedir que as pessoas chegassem à Vírus Planetário - agosto 2012

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Ilustração: Carlos Latuff

Nós costumávamos brincar: para que votar se já sabemos os resultados?”

Praça Tahrir e se juntassem aos manifestantes, a agência de segurança local fechou os portões da estação de metrô, jogou gás lacrimogêneo e bloqueou as entradas de ar, causando muitas mortes por asfixia. Indignados com o número elevado de mortes em confrontos, os manifestantes começaram a revidar. Era um verdadeiro caos, os egípcios subiam nos carros da polícia, tacavam fogo nestes, batiam nos policiais. A polícia, então, percebendo que não conseguiria conter a massa, decidiu recuar. Com o objetivo de fazer com que as pessoas ficassem com medo e não se envolvessem mais nos protestos, libertaram os presos, incluindo os criminosos, deixando a cidade vulnerável a saques e roubos. Foi criado um sistema de segurança entre o povo, os chamados comitês. Cada comitê, com o uso de armas, fazia a segurança de sua própria rua. Para entrar em uma área os moradores deveriam estar usando, por exemplo, um pano com uma cor específica no braço para identificá-lo. Caso alguém passasse por aquele local sem a utilização do devido código de identificação, este seria interrogado ou, ainda, morto, caso algum morador desconfiasse que aquela pessoa era um preso fugitivo. Mubarak deu ordens ao exército para conter as pessoas, porém ele se recusou.

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Depois do primeiro choque, foi preciso escolher o ‘menos pior’ ”

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Governo do SCAF Em 11 de fevereiro, Hosni Mubarak renuncia o poder e, no dia seguinte, o vice-presidente Omar Suleiman faz o mesmo. Ao Conselho Supremo das Forças Armadas (SCAF) foi designado o comando do país, enquanto se organizam as eleições presidenciais e a elaboração de uma nova Constituição. Via-se uma pequena sombra de democracia. O povo egípcio até então não a conhecia. Não haviam votado em uma eleição séria, não-corrupta. “Nós costumávamos brincar: para que votar se já sabemos os resultados? Neste momento, tem alguém votando no candidato do Partido Nacional Democrático por mim! Fazíamos piada”, conta Ibrahim. Contudo, aos poucos, as pessoas começaram a perceber que nada mudou. A polícia estava mais calma, porém era a mesma e a corrupção no governo ainda existia. As Forças Armadas adiaram as eleições, postergando o momento em que deveriam abrir mão do go-


verno. “Foi assim que percebemos que eles queriam ficar no poder. Até o Exército havia se corrompido”, diz Ibrahim.

Eleições Finalmente, após dezesseis meses do SCAF no poder, as eleições ocorreriam, em junho de 2012. A competição era basicamente entre quatro candidatos: Mohamed Mursi, membro da Irmandade Muçulmana, Ahmed Shafiq, primeiroministro do ex-ditador Mubarak, e dois candidatos liberais: Abul Futuh e Sabahi. Abul Futuh e Sabahi receberam muitos pedidos para se juntarem em uma única chapa. Porém, não se uniram e acabaram por dividir os votos da corrente liberal, o que levou Shafiq e Mursi para o segundo turno. “Só então a população percebeu o desastre. Foi um arrependimento geral.”, lembra Ibrahim. Depois do primeiro choque, foi preciso escolher o “menos pior”. Por um lado, não se queria um Egito islâmico, regulado pelos termos da Irmandade Muçulmana; mas também não agradava a ideia de votar em um candidato do antigo regime. Para o povo egípcio, as decepções não terminaram por aí. Quando a eleição estava se aproximando, houve um golpe militar. A Suprema Corte do Egito, no dia 15 de junho, dissolveu o parlamento, que havia sido eleito justamente. Deste modo, o presidente eleito será apenas um instrumento, sem ter o seu verdadeiro poder para governar o país. Foi anunciado que o Conselho Supremo das Forças Armadas (SCAF), que governa o país desde a queda de Mubarak, teria o Poder Legislativo até que outro parlamento fosse eleito. “Isto é contra até mesmo a Constituição do Egito, que é conservadora e duvidosa. O SCAF não foi designado para fazer as leis, nem a nova Constituição”, comenta Ibrahim.

Resultado No dia 24 de junho de 2012, saíram os resultados das eleições, consagrando Mohamed Mursi o primeiro presidente eleito democraticamente no Egito. Mursi tomou posse no dia 30 do mesmo mês.

Diga não à demolição d o

iasERJ!

Cabral: o governador que fecha escolas, hospitais... O governador do estado do Rio, Sérgio Cabral, vinha se especializando em uma triste característica: a de fechar escolas, tais como as dezenas que foram fechadas no final do ano passado, sob o pretexto da municipalização das unidades. Agora, não contente com isso, o governador também determinou a extinção do Hospital Central dos Servidores do Estado, que faz parte do IASERJ, na Praça da Cruz Vermelha, Centro do Rio. Ou seja, além de ser um conhecido inimigo da Educação pública, pagando salários arrochados aos professores e funcionários administrativos, usando e abusando da terceirização das escolas e tendo como contrapartida as piores colocações nos índices que atestam a qualidade do ensino país, o governador “resolveu” fechar um hospital que está em pleno funcionamento. Trata-se de um acordo em que Cabral cedeu o Hospital Central ao Instituto Nacional do Câncer, do governo federal. Acordo este que foi feito de cima para baixo, com pouca ou nenhuma discussão com os principais interessados: os próprios servidores estaduais. A verdade é uma só: o fechamento do hospital é mais uma ação deste governo contra o patrimônio público estadual. Os servidores pagam, mensalmente, um imposto relativo ao IASERJ. Verbas para manter a unidade existem. Mas onde o governador as aplica? O governo conseguiu derrubar a liminar na Justiça que o movimento em defesa do IASERJ havia conseguido e impedia a extinção da unidade. A Secretaria Estadual de Saúde, assim que derrubou a liminar, começou a desalojar os pacientes, no dia 13 de julho - com o apoio do Choque da PM, de maneira irresponsável e truculenta, em alguns casos, sem o consentimento das famílias. O próprio diretor do hospital não foi avisado 35 do desalojamento e pediu exoneração em anos protesto.

Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro

www.seperj.org.br Vírus Planetário - agosto 2012

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Bula cultural

algumas recomendações médico-artísticas Foto: Divulgação

Beirut Por Alina Freitas

Banda norte-americana produz Tropicália made in USA

Zach Condon era um garoto de 16 anos de idade na cidade de Santa Fé, Novo México, quando, cansado da vida pacata que levava, largou o colégio para se aventurar pelo Leste Europeu. Apaixonado pela cultura dos Bálcãs, Condon uniu referências ciganas ao folk e desde 2006 está encantando todas as faixas etárias.

um EP (Extend play) que faz parte dos discos B-side da banda. O disco é composto por apenas 3 faixas riquíssimas, que lembra as músicas balcãs. A faixa tema do EP foi utilizada pela Rede Globo como trilha sonora da microssérie Capitu.

Estamos falando do líder do Beirut, uma banda norte-americana. Seus dois primeiros álbuns foram lançados em 2006, o Gulag Orkestar e o Lon Gisland. Desde então esta mistura de folk e indie tem se tornado conhecido em todo o mundo. Aqui no Brasil a banda se tornou conhecida com a faixa Elephant Gun,

A banda é composta de baixo, bateria, acordeão e um naipe de metais que varia entre tuba, trombone e trumpetes, além de um teclado e xilofone que fazem parte da orquestra regida por Condon. O flugelhorn e o ukulele (ver box laranja) são os principais instrumentos usados pelo vocalista.

O video elephant gun, um dos mais acessados da banda no youtube, é uma mistura de música mexicana e folk. Conta uma história lúdica, traz algo do amor platônico e/ ou do amor não correspondido, que quem sentiu sabe do que se trata. O clima de bebedeira e luxúria do clipe lembra a perdição dos poetas malditos antigos que buscavam na boemia o analgésico para seus sentimentos conflituosos e delirantes. A mistura da dança clássica com a contemporânea realça todos estes significados. Elephant Gun é o nome dado a uma arma de caça de ani-


Flugelhorn é um instrumento de sopro que possui uma campânula mais cônica em contraposição à do trompete. Foi originalmente concebido nos meios militares, para comandar as alas da infantaria e da cavalaria, de maneira análoga a uma corneta. O artista Chuck Mangione sempre foi um adepto do Flugelhorn, possuindo uma grande discografia em discos, sendo seu primeiro sucesso “Feels So Good” na década de 80. Ukelelê é um instrumento musical de cordas beliscadas, geralmente com 4 cordas de tripa ou, mais usualmente, com materiais sintéticos como nylon, fluorocarbono, entre outros. No PréSegunda Guerra Mundial, foi utilizado por músicos de vaudeville como Roy Smeck e Cliff Edwards. Por ser muito portátil e barato, foi muito popular entre músicos amadores durante a década de 1920.

mais grandes, e a musica também é um protesto contra a matança de elefantes e de outros animais. A primera vez que a banda veio ao Brasil foi em 2009, quando fez sua turnê em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Em entrevista, Condon declarou que a música brasileira faz parte da sua inspiração “(eu) gosto bastante da tropicália, é uma influência porque tudo que eu ouço se torna uma influência de alguma forma. A Tropicália ainda é muito cultuada por aqui, sempre foi. E eu, claro, sou um fã. Na faculdade, eu assistia a aulas de português, simplesmente porque tinha muita vontade de cantar nessa língua. Claro que jamais fui capaz de escrever algo em português, mas me ajudou muito nas minhas canções prediletas do Caetano Veloso e do Gilberto Gil”. Muitas das letras da banda são inspiradas na literatura latino-americana de Jorge Luis Borges, de Gabriel García Márquez e do chileno Roberto Bolaño, além do cinema francês. Isso para não mencionar Coney Island [bairro mais ao sul do Brooklyn, em Nova York] e outros aspectos da vida em Nova York.

Indicações Projeto Santa Música faz! A música nas ruas, nos guetos, nas comunidades... na vida da cidade Tendo a arte como elemento de transformação cultural, social, ambiental e econômico, nasceu o Santa Música Faz!, uma festa livre e democrática empenhada na ocupação criativa do espaço público e na divulgação da música como ferramenta para a paz. Trata-se de uma iniciativa que começou na França e que no Brasil encontrou ressonância. A ideia é promover uma ocupação musical nas comunidades, e assim, aumentar a autoestima local a partir da arte, levando uma programação diversificada e respeitando a musicalidade regional. Em plena época de discussões ambientais, o Santa Música engrossa o coro contra a poluição e promove também parcerias ambientais.

Contraindicações Joelma Calypso

Não, a contraindicação não é sobre sua voz e nem por suas músicas. A falta de bom senso de Joelma, vocalista da banda Calypso (com Y mes mo) provou ir além do gosto para o figurino e para esco lha do marido. Em passagem por Belém, Joelma aconselh ou um fã homossexual a “virar homem, casar, ter filhos e dar muitas alegrias para os pais”. Segundo ela, a mudanç a deixaria “papai do céu maravilhado”. Joelma negou tudo e deixou claro: “Tenho até um amigo gay”. Claudia Leitte já não está sozinha como a única homofóbica entre as fofas intérpretes brasileiras. Uma graça. Só que ao contrário!

A Banda afirma que irá voltar ao Brasil até o final do ano. Até lá, podemos beirutar por aí. Então, afine seu ukulele e seu bandolim, pegue a sua campainha, seu trompete, suas panelas e baquetas e desça pra vida. Ocupe as praças, ruas, universidades, escolas e beirut à beça.

ingerir em caso de marasmo ingerir em caso de repetição cultural ingerir em caso de alienação

Para conhecer mais a banda acesse www.beirutband.com

manter fora do alcance das crianças nocivo, ingerir apenas com acompanhamento médico extremamente nocivo, não ingerir nem com prescrição médica

POSOLOGIA

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Bula cultural

algumas recomendações médico-artísticas

A música que une gerações “E eu sei que você sabe/Quase sem querer Que eu OUÇO o mesmo que você...” Por Aline Rochedo Faço das palavras de Renato Russo as minhas: “O rock foi o caminho. Nenhuma outra forma iria traduzir o que eu queria dizer. Ele fala daquilo que você sente e é o mesmo que outras pessoas sentem. E você descobre que não está sozinho”. São várias gerações que mantém o elo com a música superando as diferenças cronológicas e de classe social. Através dos elementos musicais, e aqui me refiro especificamente ao rock, diversos grupos juvenis puderam se reconhecer e compartilhar o sentimento de fazer parte de um universo com seus próprios códigos e significados. A princípio, a música que os pais não gostavam era a preferida dos filhos e houve uma fenda entre gerações, pois se tratava de um gênero que refletia e falava à juventude num período marcado pela destruição das 12

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guerras, num mundo que sinalizava a emergência de uma nova forma de fazer política.

E para começar, o rock brasileiro nos anos 1980 Nos anos de 1980, a juventude brasileira expressou de maneira diferente o pensar e exteriorizar a sociedade. A geração que cresceu durante o processo de ditadura civil-militar foi educada em um momento de desarticulação política e instabilidade. Para Gisele Nunes Silveira, professora de História que viveu o período, as bandas da geração 1980, além de documentar uma passagem importante de nossa história, são um marco na música brasileira: “Ser roqueiro era sinônimo de louco, ‘com cara de bandido’, como dizia Rita Lee, ou consumidor alienado do produto cultural

estadunidense. Fomos ousados o suficiente para transformarmos ritmo em movimento cultural, mostrando que a ‘geração Coca-Cola’ tinha algo a dizer, algo a cantar”.

...A essência da música transcende a idade Atualmente, os elementos de identidade do rock com seu público transcendem os limites sociais, temporais e as diferenças geracionais. Para Beatriz Nunes Leonardo, que conheci no último “Rock in Rio” em companhia de sua mãe Gisele Nunes da Silveira, esta relação trans-geracional é muito gratificante Sua principal surpresa foi ver a mãe dançando e se divertindo: “Naquele momento eu senti que somos mais que mãe e filha, somos amigas e estamos juntas na mesma sintonia”.


Pais e filhos em diversos shows. Gerações unidas pela música Fotos: Aline Rochedo

Conheci também Marishell Porchio com seus filhos e sobrinhos no show comemorativo das Bandas Ultraje a Rigor e Biquíni Cavadão, no Rio de Janeiro. Ela conta: “Desde que eles eram pequenos, eu colocava músicas para tocar e explicava as letras ou falava para prestarem atenção que era legal. E o rock é contagiante!”, declarou euforicamente.

O roqueiro ontem, hoje, sempre... O rock nacional está em fase comemorativa. Bandas como Paralamas do Sucesso, Titãs. Capital Inicial, Plebe Rude, e a saudosa Legião Urbana, dentre outras, completam ao longo da década seus trinta anos. Acompanhei alguns dos shows de aniversários e foi um prazer neles encontrar famílias inteiras. Marina Alves, de 17 anos, que estava com seu pai em uma das apresentações, diz que o que mais a atrai no rock anos 1980 são as letras. Seu pai, Luiz Otávio, conta que o rock nacional marcou a sua trajetória: “A primeira vez que eu vi os Paralamas foi no morro da Urca em 1990. Será a primeira vez que verei o ‘Capital Inicial’ ao vivo e em companhia da minha filha que também gosta das músicas”.

Para Marishell Porchio a grande satisfação é poder compartilhar o que se admira: “Estar com meus filhos curtindo um show de rock e saber que eles estão se divertindo tanto quanto eu me faz perceber que nossa ligação é especial. Ao contrário de tantas coisas que se vê por aí, é um exemplo de que não existe barreira de idade quando pais e filhos convivem como parceiros. E como tantas coisas que dividi com eles, dividi o prazer de ouvir rock!”.

... Eu canto como se as canções fossem minhas São ideias e utopias pelas quais os fãs ouviram, ouvem e ainda repetem os versos de suas canções preferidas como se fossem de sua própria autoria. Para Cristiane Guelli, também frequentadora de shows de rock, não se trata da banda preferida, trata-se de ser rock: “O rock me mobiliza para ver jovens, adultos e velhos harmonicamente imbuídos”. As canções se destacam pelo vasto universo de valores, posturas, emoções, atitudes e preferências. Cristiane, que curte rock com seus sobrinhos e amigos, completa: “A musica é contínua. O rock entra na minha alma. E o que mais me encanta hoje é o encontro de gerações no mesmo palco, cantando as mesmas coisas... gritando as mesmas emergências sociais. Ora, nós somos iguais!”.

O surgimento das culturas juvenis está estreitamente associado ao nascimento do “rock and roll” nos anos 1950 e, desde então, o rock é utilizado pelos jovens como meio de auto definição, um emblema para marcar a identidade do grupo. Os principais marcos identificáveis e divisórios da história internacional do rock são: primeiro, 1954-1955, com a explosão de rock and roll clássico; segundo, 1963-1964, a invasão inglesa; terceiro, 1967-1972, conhecido como a era de ouro (o amadurecimento sincrônico de artistas de vários gêneros, incluindo a primeira invasão inglesa e a ascensão dos reis da guitarra); quarto1968-1969 com a explosão hard rock; e quinto, 1975-1977 com a explosão punk. No Brasil, enfrentou dificuldades para conquistar seu espaço. Antes da explosão nos anos 1980, sua trajetória passa por três momentos distintos. Primeiramente, destaca-se a atuação dos artistas, na década de 1950 com os irmãos Campello. O segundo momento refere-se aos anos 1960 com a Jovem Guarda e o terceiro, no final dos anos 1960 com o movimento Tropicália e nos anos 1970 com os Mutantes e Raul Seixas, até a formação do grupo Vímana. Estas épocas definidos por gerações distintas contribuíram para o fortalecimento do rock nos anos 1980. Vírus Planetário - agosto 2012

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Por Rodrigo Mariano facebook.com/dilmapersidenta

*Improvável, mas não impossível.

PresidentA Dilma Vana EM...

#chatiada

Bom, primeiro um olá para os amigos leitores. Olá, amigos leitores! Vim aqui nessa revista (que eu não conhecia, mas agora o povo está dizendo que está famosa) comentar alguns fatos. Os comentários também vão com imagens, para que vocês possam ver a minha expressão facial no que se refere aos momentos em questão. Arredondei as bordas para ficarem parecidas com as daquele aplicativo para celular, o instagram. Eu considero que, sem tergiversar, fico mais simpática e bacana :) Ah 01 bj pos amgs internautas do face <3

Ausência justificada A equipe médica que assessora o prefeito Eduardo Paes tem tido trabalho extra durante a campanha. Segundo os médicos, Paes tem sofrido de um desarranjo intestinal agudo toda vez que há um debate com os demais candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro. A doença, que é popularmente conhecida como "se borrando de medo", parece não ter cura. Há boatos de que os sintomas se agravam toda vez que Paes chega perto de um skate. Após o pequeno tombo, não registrado (infelizmente) por vídeo, o candidato à reeleição declara ser inviável seu deslocamento. Seja qual for o local. Exceto estúdios de TV, onde ele também cai, mas com audiência.

Olimpíadas A equipe carnavalesca do governo voltou de Londres com muita muamba e muitos planos para a abertura dos jogos de 2016 no Rio de Janeiro. Caso o Maracanã fique pronto até lá, o espetáculo será grandioso. A presidenta Dilma superará a chegada da rainha Elizabeth II à cerimônia. Fontes indicam que ela virá montada em Paulo Maluf, que será preso pela Interpol ali mesmo. O hino será cantado por Valesca Popozuda. A coreografia promete.

Greve preocupa o planalto A greve da educação já começa a preocupar a presidenta Dilma. Seu neto, já com quase 2 anos, corre o risco de encontrar as faculdades em greve quando passar no vestibular, em 2020. O menino, que já demonstrou vontade de seguir carreira política e já integra o Núcleo Maternal do PMDB, depende de novas negociações da avó para não ter seu futuro prejudicado. Segundo fontes da cozinha do planalto, Dilma estuda a possibilidade de suspender a reforma do décimo andar do hotel Glória para oferecer nova proposta aos professores. Eike Batista ficará chateado. Serra mandou dizer que é isso mesmo! 14

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Ilustração: Carlos Latuff

internacional

No Paraguai, Golpe virou Impeachment Por Aline Rochedo, Seiji Nomura e William Alexandre A América Latina, desde a segunda metade do século XX, foi marcada por uma série de golpes de Estado perpetrados contra os governos eleitos que, sob a tutela dos EUA, instalaram longas ditaduras por todo o continente. Num contexto de Guerra Fria, as potências capitalistas, temerárias da influência da União Soviética no leste europeu, intensificaram o combate à ameaça comunista em território americano. Sucederam então uma série de ações para derru-

O caso do Paraguai pode ser ensaio para outros golpes ditatoriais na América Latina? bar presidentes classificados como “populistas”, a exemplo de João Goulart no Brasil e Salvador Allende, no Chile. Tais golpes provocaram uma onda de manifestações populares e ações repressivas dos Estados que, em alguns casos, levaram a violentas guerras civis. Após longos e dolorosos anos de resistência deu-se um processo de reabertura democrática, no qual a participação de jovens universitá-

rios e secundaristas foi fundamental, como o “Movimiento de Libertación Nacional” no Uruguai, o “Movimento de Izquierda Revolucionária” no Chile , bem como a de partidos políticos de esquerda, muitos funcionando na ilegalidade. Aliada a isso e à chegada de personalidades da esquerda ao poder, essa parece ser uma página virada na história das Américas. Mas será mesmo? Há controvérsias. Como diziam as célebres palavras

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“VENCEMOS!”, diz a elite paraguaia golpista Ilustração: Rafael Balbueno

de Karl Marx no 18 Brumário, a história parece se repetir, mas em sua versão falsificada. A tragédia das ditaduras do século passado retorna sob o signo da farsa democrática, escondendo uma realidade bastante cruel, o autoritarismo do Capital.

Os EUA vêm testando uma nova forma de intervenção: o ‘golpe parlamentar’”

Impeachment ou golpe? Movimentos sociais brasileiros se organizaram em uma Comissão Contra o Golpe do Paraguai. A Comissão é composta por ADUFRJ, AMES, ANDES, Brigadas Populares, Casa da América Latina, CEBRAPAZ, CONAM, Consulta Popular, CUT, CMP, CTB, FAFERJ, FAMRIO, FEMAB, FAMAC, FUP, Fund. Mauricio Grabois, Justiça Global, Levante Popular da Juventude, MPA, MST, PCB, PC do B, PCR, Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Sindicato dos Metalúrgicos, Sindipetro-RJ, UBM, UJC, UJS, UEE RJ, UEES, UMP e Unegro. Segundo o integrante da comissão e diretor do Sindipetro, Emanuel Cancella, o processo relâmpago de 24 horas não propiciou o direito adequado de defesa para Lugo: “em lugar nenhum do mundo é assim. Com o Nixon levou três anos, com debate no congresso, senado, STF. Com o Collor, também demorou e o debate foi levado para a rua. No caso do Lugo, não houve tempo para nada disso. Acreditamos que se o debate fosse para as ruas, a reação popular seria forte”, pondera. As alegações abstratas de Lugo estar governando de maneira “imprópria, negligente e irresponsável” em relação aos conflitos agrários que assolam o país e o impeachment como álibi jurídico escondem uma constante na história americana. As classes dominantes sempre estiveram por trás dos golpes de Estado, visando manter seus privilégios econômicos e evitar a redução das desigualdades sociais. O membro do comitê e do Movimento dos Sem Terra (MST), Joba Alves, acredita que houve uma sabotagem no episódio do massacre dos camponeses, para que pudessem ser arquitetadas desculpas para o golpe: “durante a ocupação de terra, os policiais que foram mobilizados para o local foram atacados por armas, o que causou um confronto que terminou com a morte de camponeses e policiais”. Segundo Joba Alves, foram atiradores de elite, agentes profissionais infiltrados na ocupação que fizeram os disparos: “trata-se de uma intervenção dos Estados Unidos que objetiva negociar uma base militar na região, fato impedido pelo governo de Lugo e retomado pelo novo governo”, afirma Alves. Ainda há suspeitas de que a elite empresarial e agrária do Paraguai também teve um papel grande no processo, assim como a Monsanto, que foi uma das principais articuladoras dos latifundiários. Para o membro do comitê, Francisco Soriano, uma das maiores dificuldades do governo de Lugo conseguir resistir foi a ausência de classe operária e o fato de os movimentos sociais serem menos organizados no Paraguai.

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No último 22 de junho, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, foi destituído a 14 meses de encerrar seu mandato e em seu lugar assumiu o vice conservador, Federico Franco. Sua defesa entrou na Justiça com duas ações que questionavam as regras do Senado e a falta de tempo hábil para a defesa. A primeira ação de inconstitucionalidade, que questionava as regras do impeachment, foi rejeitada pela Justiça. A segunda ação, que foi aceita, deve ainda levar pelo menos mais dois meses para um desfecho relevante que abra um precedente para que Lugo volte ao governo. Caso o impeachment seja anulado, o processo volta para o Senado, que terá outros 18 dias para uma manifestação. Lugo, ligado a movimentos sociais de esquerda e ex-bispo da Igreja Católica, tem em seu histórico a atuação em parceria com os sem-terra do país. No entanto, os conflitos agrários no Paraguai têm crescido nos últimos anos, o que culminou com o conflito de Curuguaty, em junho deste ano. Seus opositores o culpam por má gestão desta crise, o que se transformou em mote para o suposto ‘impeachment’.


Eua já previam golpe Nesses últimos anos, os EUA vêm testando uma nova forma de intervenção nos países sul americanos, cuja característica principal é sua aura supostamente democrática: o “golpe parlamentar”. A primeira experiência desse tipo ocorreu em Honduras, em 2009, em que o presidente Manuel Zelaya foi deposto e deportado, sob a acusação de ter desrespeitado as normas constitucionais e, com isso, “trair a pátria”. A deposição de presidente Fernando Lugo, há pouco mais de um mês, segue essa mesma lógica de tomada de poder, como confirma a historiadora Lívia Magalhães: “trata-se de uma ação arquitetada a partir do Congresso”. O documento da embaixada dos EUA em Assunção, vazado pelo wikileaks, registra um possível golpe parlamentar contra Fernando Lugo: “Rumores indicam que o general Lino Oviedo e o expresidente Nicanor Duarte estão trabalhando juntos para assumir o poder por meio de instrumentos (predominantemente) legais que deverão afetar o presidente Lugo

O caso do Paraguai pode ser ensaio para outros golpes ditatoriais na América Latina”

nos próximos meses. O objetivo: capitalizar sobre qualquer tropeço de Lugo para iniciar o processo político no Congresso, impedir Lugo e assegurar sua supremacia política”. Tais documentos liberados recentemente mostram que desde a posse de Lugo, em 2009, os Estados Unidos já previam o golpe: “os grupos envolvidos são os mesmos que antes estavam no poder há várias décadas: os latifundiários e o Partido Colorado.” Completa a historiadora. Até o momento o governo de Obama não se pronunciou sobre o ocorrido.

O Partido Colorado por trás do golpe ou a frente dele? Em entrevista a uma rede televisiva venezuelana, a TeleSUR, Fernando Lugo acusou diretamente o empresário Horacio Cartes de estar vinculado à tentativa de golpe. Cortes é o pré-candidato a presidente nas eleições previstas para 2013 pelo conservador Partido Colorado. “Esse processo de impeachment é inconstitucional, nele estão unidas as forças mais conservadoras do país”, declarou. Em 2008. Lugo foi eleito com 41% dos votos e sua candidatura interrompeu 60 anos de poder do Partido Colorado, sendo destes 35 anos de governo militar. Apesar não ter apoio da maioria no Congresso, Lugo mantinhase com poder por meio da aliança com o PLRA (Partido Liberal Radical Autêntico), de Federico Franco, seu vice-presidente. A aliança entre ambos foi rompida em 2011.

Estamos ameaçados? No momento histórico e social atual, os golpes têm uma conotação diferente dos ocorridos no século XX. Emanuel Cancella defende a ideia de que um dos maiores motivos que levariam a um golpe seria a busca por reservas minerais, como petróleo e água, sobretudo nos países latinos: “por isso, achamos que estão de olho na Venezuela e no Brasil. O golpe pode ter sido um recado para Chávez e Dilma. Os EUA têm reservas de petróleo para cerca de dois anos apenas. Pode ser que planejem resolver a crise financeira com nossas reservas”. Infelizmente, o caso do Paraguai pode ser ensaio para outros golpes ditatoriais na América Latina e por isso devemos ficar em estado de alerta. Neste sentido, o Mercosul poderia assumir um caráter mais social, de forma a promover uma maior integração entre os povos da América Latina e não apenas econômicas. O presidente deposto do Paraguai, Fernando Lugo Foto: Rafael Alejandro


Foto: Thiago Vilela

internacional

Ahmadinejad O demônio da imprensa grande Em meio à realização da Cúpula dos Povos na Rio+20, fomos ouvir, desarmados, o presidente do Irã em entrevista coletiva Por Alina Freitas e Thiago Vilela Numa imprensa onde impera a desinformação, xingamentos como “antissemita, machista, demônio e racista” são apenas apelidos carinhos pelos quais toda a grande mídia ocidental faz referência ao suposto “ditador” do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Fomos convidados a uma coletiva de imprensa com o presidente, e aproveitamos para revelar algumas destas questões.

“Em nome de Alá” Em primeiro lugar, é necessário entender um pouco mais sobre o Irã. Lá existe uma teocracia, um sistema de governo onde as leis são baseadas nos princípios do Corão (livro sagrado do islã). O governo é controlado pelo aiatolá Khamenei, que possui o controle total sobre as forças armadas, mídia, poder judiciário e nunca será deposto, pois o cargo de aiatolá é vitalício. 18

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A presidência é o poder executivo, mas seus poderes estão abaixo do aiatolá. O presidente é eleito de quatro em quatro anos mediante eleição direta, como é o caso de Ahmadinejad. O aiatolá, entretanto, tem poder para depor e intervir em qualquer escolha do representante eleito

Holocausto Uma das principais polêmicas que envolvem o presidente do Irã é sobre sua suposta posição de negação do Holocausto. “Se isso (o Holocausto) aconteceu na Europa, e pelas mãos de governos europeus, por que exatamente o povo palestino precisa pagar por isso? Nós nos opomos ao assassinato de pessoas em qualquer lugar (...) Caso o Holocausto seja usado como pretexto para o sofrimento do povo palestino, então, inevitavelmente,

também é necessário discutir o Holocausto”. Ahmadinejad, como fica claro na conversa acima, nunca afirmou que o Holocausto não ocorreu, mas sim algo muito mais complexo. Se você observar o contexto das suas declarações, irá perceber que ele nega, na verdade, o uso que está sendo feito da história do Holocausto, utilizado como “carta-branca” para a criação do Estado de Israel em pleno território de maioria muçulmana e, hoje, responsável pela subjugação do povo palestino pelos judeus. Além disso, o presidente sempre destaca que os judeus foram apenas um dos grupos perseguidos e mortos pelo nazismo, não sendo sequer maioria (ver box). A omissão dos demais grupos seria utilizada para reforçar o uso político do Holocausto.


Acreditamos que ninguém deve manter armamento nuclear”

Bomba atômica “Essa questão é um dos sinais de injustiça dessa ordem atual. Os países possuidores desses armamentos poderosos são ameaças a outros países que não podem ter. Eles querem ter todo gerenciamento e gestão. Acreditamos que ninguém deve manter armamento nuclear, mas acreditamos também que a energia nuclear deve ser acessível a todos”. O programa nuclear iraniano foi lançado na década de 1950, na

Mortos do Holocausto 17 milhões de soviéticos 6 – 7 milhões de polacos dos quais 3 – 3.5 milhões de polacos judeus 5.6 – 6.1 milhões de judeus dos quais 3 – 3.5 milhões de judeus polacos 3.5 – 6 milhões de outros civis eslavos 2.5 – 4 milhões de prisioneiros de guerra (POW) soviéticos 1 – 1.5 milhões de dissidentes políticos 200 000 – 800 000 roma e sinti 200 000 – 300 000 deficientes 10 000 – 25 000 homossexuais 2 500 – 5 000 Testemunhas de Jeová Fonte: Shulman, William L. A State of Terror: Germany 19331939. Bayside, New York: Holocaust Resource Center and Archives.

época governada pelo Xá Mohammad Reza Pahlevi, uma monarquia autocrática pró-Ocidente. Sendo signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear, ele possui o direito de enriquecer urânio para ser usado como combustível na geração de energia nuclear com fins civis, como o Irã afirma fazer. Israel não é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, então não é obrigado a obedecê-lo. Acredita-se que o país tenha até 400 ogivas nucleares, mas Israel se nega a confirmar ou permitir que suas instalações nucleares sejam inspecionadas.

Cobertura da Mídia sobre o Irã “Um aspecto dessa ordem são a imprensa e as propagandas enganosas. Como os relatos que fazem sobre o Irã e como a maior parte falam somente sobre o deserto e a grande população pobre. Das nossas 32 milhões de pessoas, 4 milhões são estudantes e centenas são profissionais. Em biotecnologia somos os primeiros e no campo industrial temos ganhado espaço. Todos juntos temos que enfrentar essa situação, nunca podemos nos deixar enganar. A África, apesar de estar cheia de recursos, vive na miséria. Eles querem humilhar as nações, afirmam que elas são o atraso, mas disfarçam a dominação e a ocupação que eles fizeram e ainda fazem. A ocupação do Iraque durou mais de 50 anos, eles criaram o Saddam. A imprensa independente tem que ajudar e contribuir para acabar com isso. Já temos sinais da queda dessas imprensas ocidentais. Estou seguro que tudo isso irá mudar”. De perto, os chifres não parecem tão grandes assim, mas calma, se investigarmos mais a fundo eles voltam a crescer. Denúncias sobre violações de direitos humanos e assasinatos, principalmente ligadas à atuação do presidente, ainda são frequentes, e cabe à mídia alternativa também denunciar e investigar estes crimes. A demonização do presidente do Irã é consequência de interesses geopolíticos estratégicos de países com projetos bem definidos na região do Oriente Médio. Esse tipo de imagem que se cria só estimula o aumento de um preconceito anti-islâmico no ocidente. No entanto, não queremos ser levianos nas críticas a um país que faz perseguição política e cultural, além de ser acusado de fraudar eleições. No final das contas, mocinho ou vilão, depende sempre do ponto de vista, não é? Vírus Planetário - agosto 2012

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educação

, l a r e g e v e “Gr ” ! l a r e d e f a d o t em

Servidores, professores e estudantes do funcionalismo público federal de todo o país estão em greve há quase 3 meses por melhorias na educação. Foto: William Sousa


Por Alina Freitas, Thiago Vilela e Seiji Nomura Uma série de atividades tem sido organizadas pelos grevistas nas últimas semanas, culminando, no último dia 18 de julho, com a grande Marcha Nacional à Brasília, realizada em cidades de todo o país. Vladimir Lunes, professor de medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), ressalta que a luta é contra a precarização do ensino público: “É importante a contribuição de todos. O avanço dos Movimentos sociais está de volta aqui na UFPB, estamos bem articulados e sabemos que a luta é pela melhoria da educação, pela não privatização dos hospitais universitários, entre outros motivos que o governo tenta mascarar junto com a mídia”. Em João Pessoa, na UFPB, o ato foi incluído na programação do Encontro Nacional dos Estudantes de Serviço Social (ENESS). Duas mil pessoas, entre docentes, alunos e técnicos-servidores pararam o trânsito da Avenida Epitácio Pessoa, no centro da cidade.

Reivindicações A greve nacional começou em 17 de maio e hoje atinge todas as instituições, exceto a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Itajubá (Unifei). As reivindicações são simples, sendo o ponto central a reestruturação da carreira docente, prevista no Acordo 04/2011 - descumprido pelo governo federal. No dia 13 de julho o governo apresentou ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES/SN) uma proposta de reestruturação da carreira, mas as principais reivindicações teriam sido postas de lado – o próprio aumento de salário não acompanhava a inflação, tendo possibilidade, para algumas categorias, de haver redução salarial até 2015.


No dia 24 de julho, uma nova proposta foi apresentada, mas noral Fluminense (UFF) e diretor de vamente rejeitada pela categoria. Uma nota divulgada pelo ANDES Universidades Públicas da União explica que “o texto mantém a desestruturação da carreira docente. Nacional dos Estudantes (UNE), A expectativa era que explica a situação: “Existe o governo absorvesse uma dificuldade do goveras críticas feitas pelo no de negociar com as caComando Nacional de tegorias em greve, por uma Greve à proposta antequestão de prioridade ao A greve está ajudando na rior e apresentasse nova pagamento da dívida publiconstrução de um novo proposta que, de fato, ca e com a copa do mundo. atendesse às nossas reiEsse comprometimento do movimento estudantil.” vindicações (o que não orçamento federal com o lufoi feito)”.

Hoje, a principal reivindicação do Comando Nacional de Greve Estudantil (CNGE) é o investimento de 2 bilhões para a Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Lucas de Mello, delegado do CNGE pela Universidade Fede22

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Ilustração: Rafael Balbueno

Para estudantes e servidores, a expectativa de avanço em suas reivindicações é ainda mais complicada, pois o governo se recusa a negociar com estas categorias enquanto os professores estiverem em greve.


Ilustração: Carlos Latuff

o d a p u ão oc

Canec

Atividades culturais e debates no Canecão Ocupado Fotos:Oilo - www.oilo.com.br

No dia 22 de julho, como parte das ações radicalizadas da greve das universidades federais em resposta à má vontade do governo em apresentar uma proposta para os grevistas, estudantes da UFRJ ocuparam o Canecão. Famosa casa de shows em Botafogo no Rio de Janeiro, o Canecão até então estava cedido à iniciativa privada, que explorou o espaço comercialmente desde 1967, tendo sido reintegrada à posse da UFRJ em 2010 e desde então recebeu pouquíssimas atividades culturais. “Nossa proposta é que o Canecão se torne um espaço 100% público, a partir de um fórum paritário entre estudantes professores e funcionários. O espaço deve ser acessível à população, com ingressos a preços populares”, afirma a estudante de comunicação Carol Barreto, uma das integrantes da Comissão da Greve Estudantil da UFRJ. “No plano específico, temos duas demandas centrais: audiência pública com o reitor para negociar assuntos como assistência estudantil, refeitórios e outros assuntos de interesse dos estudantes”, afirma. Além disso, os estudantes também procuram reivindicar que o governo receba os estudantes, funcionário e professores em greve e o investimento de 10% do PIB na educação. O Canecão Ocupado está em plena atividade e já recebeu shows de bandas como El Efecto e uma roda de samba com Galotti. No dia 3 de agosto, recebeu uma edição especial da festa ‘Maracangalha’ que contou com mais de 800 pessoas lotando o local. “Também fazemos audiências públicas com artistas e sociedade civil para discutir o futuro do Canecão”, lembra Carol Barreto. No sábado, dia 4 de agosto, o cantor Tom Zé em seu show no Circo Voador foi surpreendido com uma faixa arremassada ao palco “Tom Zé, vem tocar no canecão ocupado”. O músico logo surpreendeu a plateia com uma música improvisada saudando a ocupação. Assista ao vídeo deste momento no link - www.abre.ai/tomze

cro dos empresários e dos banqueiros compromete o investimento nas áreas sociais. O anúncio dos ministros Mercadante e do Mantega em relação ao aumento do investimento na educação demonstra o tom que o governo dá para a greve (na época, os ministros disseram que o país ‘quebraria’ caso aumentasse tanto o investimento em educação)”, lembra Lucas. Nas últimas semanas o governo vem anunciando várias medidas que dificultam a mobilização dos grevistas, como o corte do ponto e um decreto de substituição de servidores, que permite a substituição dos servidores durante o período de greve.

A luta continua! “É fundamental que todos participem da greve, servidores, técnicos, terceirizados, estudantes - todos sofremos juntos com a precarização da educação. Acreditamos numa transformação para uma universidade popular, acessível a todos e todas, e isso só será possível lutando por uma educação de qualidade”, ressalta Sarah Hintz, estudante da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Uma coisa é certa: a greve está ajudando na construção de um novo movimento estudantil. O surgimento

do Comando Nacional de Greve Estudantil e de pautas unificadas para os estudantes, através da realização de diversas assembléias que envolveram a participação de milhares de estudantes expressa a força deste movimento. Resta saber se a greve sairá vitoriosa, e quais serão os rumos do movimento estudantil daqui para frente. Vírus Planetário - agosto 2012

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eleições 2012

Fotos: Caio Amorim

Cyro Garcia

Continuando a série de entrevistas de candidatos nesta eleição de 2012 iniciada com o candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, pelo PSOL, entrevistamos o candidato do Partido Socia-

lista dos Trabalhadores Unificado - PSTU, Cyro Garcia. Cyro foi bancário, dirigente do sindicato da categoria e tem uma história que se confunde com a história do sindicalismo carioca e brasileiro. Fundador do PT e da CUT, e depois dos respectivos rachas, do PSTU e da CSP-Conlutas, Cyro chegou a ser deputado federal entre 1993, assumindo como suplente a vaga de Jamil Haddad durante dez meses, “uma experiência rica para comprovar in loco como os parlamentares representam as elites, apesar de ser possível algumas ações importantes”. Nascido no interior de Minas Gerais, na cidade de Manhumirim, em 26 de outubro de 1954, mas criado no subúrbio carioca, o hoje historiador e professor detalha suas opiniões sobre a política na cidade e seu programa de campanha e de governo. Fique ligado, nas próximas edições, serão entrevistados os candidatos a prefeito de São Paulo.

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Nós vamos mostrar para a cidade que existe uma maneira diferente de se fazer política.”

Por Aline Rochedo e Caio Amorim Como você começou sua militância? Comecei na década de 70, em plena ditadura militar, no ano em que eu entrei na universidade. Eu sou bacharel em direito pela UFRJ e lá eu conheci o Hélio Fernandes Filho, ele me convidou para uma reunião. Depois nós formamos um grupo de teatro, que era o TRALD (Teatro de Resistência dos Alunos de Direito). Junto com isso participei da reabertura do CACO (Centro Acadêmico Cândido de Oliveira – Direito UFRJ), ele estava fechado desde 1968 por conta do AI-5. Entrei para o Banco do Brasil em 1976 e conheci a Frente de Oposição Sindical Bancária, que era uma organização clandestina que fazia oposição à junta interventora que estava no sindicato a mando da ditadura militar. Participei dos debates da construção e da fundação do PT como parte da Convergência Socialista. Fiquei no PT até 1992, quando a nossa corrente foi expulsa por decidir apoiar o “Fora Collor”. Em 1994 criamos o PSTU. Participei da fundação da CUT também, fui vice-presidente do Sindicato dos Bancários de 1983 a 1985 e presidente de 1988 até 1991. Após anos de problemas com a CUT resolvemos tentar resgatar a autonomia e a independência do movimento sindical através da criação de uma nova Central, a CSP-Conlutas, da qual sou dirigente. Isso porque a CUT, por exemplo, só estava servindo para atender aos interesses dos patrões e do governo. Ela está mais empenhada em corroborar a política econômica do governo do que lutar pelas reivindicações dos trabalhadores, lamentavelmente. Nossa Central reivindica a autonomia e a independência, além de muitas outras lutas. Em 1996, foi minha primeira candidatura a prefeito, já pelo PSTU. Em 2006, fizemos uma coliga-


ção nacional com o PSOL e PCB, com a Heloísa Helena como candidata a presidente. Em 2008, aqui no Rio, fizemos a coligação com o PSOL e o PCB, eu fui candidato a vereador, eu sou suplente da coligação do vereador Eliomar (PSOL). E nós tentamos agora, nessas eleições, compor uma frente com o PSOL e o PCB. Lamentavelmente, o PSOL fechou uma postura – no meu ponto de vista – muito auto proclamatória, porque vai caminhar sozinho contra dois blocos de direita muito fortes: um do Eduardo Paes, com incontáveis partidos e financiado pelas grandes empreiteiras envolvidas nos megaprojetos, Copa do Mundo, Olimpíadas; e o outro, das famílias Maia e Garotinho. Então, seria muito importante a unidade da esquerda. Lamentavelmente, o PSOL teve essa postura, isso nos forçou a lançar uma candidatura, porque pelo menos nós vamos apresentar pra cidade a nossa proposta, nosso programa e mostrar que existe uma maneira diferente de se fazer política.

Sua candidatura é mais para marcar posição mesmo do que para disputar de fato? Temos que ser realistas, no próprio campo da esquerda é inegável o peso que vai ter a candidatura do Marcelo Freixo, com os apoios que ele tem, pessoas ligadas à cultura, e a própria projeção ganha por ele a partir da intervenção na Assembleia Legislativa. É um companheiro pelo qual tenho maior respeito e carinho, temos diferenças políticas por sermos de partidos políticos diferentes, mas a gente se dá muito bem. Chegamos a lançar uma proposta que seria a companheira Vera Nepomuceno, dirigente do Sindicato dos Profissionais de Educação (SEPE), como candidata à vice do Marcelo Freixo. Mas ele lançou o Marcelo Yuka na imprensa, nós achamos um bom nome pelo trânsito que ele tem em vários setores, isso pra nós não seria um impeditivo. Não teríamos nenhum problema em ter uma chapa que seriam dois companheiros do PSOL, os Marcelos, e nós continuávamos interessados em fazer a coli-

gação. Lamentavelmente, a Janira Rocha (presidente estadual do PSOL) e o Freixo colocaram que as correntes internas do PSOL que tinham seus candidatos tinham uma restrição a fazer uma coligação conosco nas proporcionais porque saberiam que eu seria candidato a vereador pela coligação, e o meu nome seria um forte candidato a uma dessas vagas de vereador que a coligação faria, dada à possibilidade de o Marcelo Freixo puxar mais votos para a legenda. Nós temos uma legislação eleitoral que não respeita a vontade do eleitor. Eu já fiquei entre os 50 candidatos a vereador mais votados e não entrei porque não tínhamos o coeficiente eleitoral. Essa legislação está voltada para favorecer as grandes coligações, então para um partido pequeno como o nosso, que não está coligado, a inviabilidade é quase absoluta.

Freixo, que vai sofrer uma pressão muito grande para ser aquela candidatura mais ampla possível, e quando houver determinadas situações que o Freixo não vai falar, nós vamos ter a oportunidade de colocar, como uma crítica mais contundente à política de segurança. A eleição é municipal, a questão de segurança é estadual? Bom, mas o prefeito é da cidade, as pessoas morrem e são assaltadas, violentadas na cidade. Então o prefeito tem que interferir nessa questão. Sem falar que tem coisas que são diretamente da prefeitura mesmo, como a Guarda Municipal, que é um absurdo você ter uma guarda municipal pra ficar correndo atrás de camelô e inviabilizando pessoas que estão tentando defender seu pão de cada dia. Uma das propostas que a gente defende logo de cara é a extinção da Guarda Municipal e a realocação dos traba-

Nós temos uma legislação eleitoral que não respeita a vontade do eleitor e voltada para favorecer as grandes coligações”

Mas para vocês coligação só na majoritária não seria interessante... Porque não teria nenhuma contrapartida. Com uma candidatura majoritária há visibilidade, a possibilidade de colocar o seu programa, sua proposta para a sociedade. Quando não acontece, estamos apenas cedendo parte do nosso tempo da tevê para uma possibilidade de eleger alguém no âmbito legislativo. O PCB aceitou apoiar o Freixo mesmo assim. Nós achamos que a nossa candidatura em determinadas situações iria ajudar a pressionar a candidatura do

lhadores da Guarda Municipal em outras atividades, o que não vai faltar é trabalho numa cidade do tamanho da nossa. Queremos fazer uma crítica contundente a essa política de militarização da segurança, que acaba encobrindo a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais.

Há grandes empreendimentos sendo postos em prática na cidade, como o Porto Maravilha, obras do Maracanã e ligadas aos megaeventos. Como lidar com esses projetos em andamento em um possível governo? O que a gente não pode de maVírus Planetário - agosto 2012

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eleições 2012 - Cyro Garcia

Nós vamos ter que impedir os despejos de moradia”

neira nenhuma é permitir o que já aconteceu, por exemplo, nos Jogos Pan-americanos de 2007, onde algumas obras se tornaram depois obras fantasmas, o que aconteceu lá na África do Sul na Copa do Mundo de 2010, com uma série de estádios suntuosos que hoje em dia são elefantes brancos. Se nós detectarmos algum tipo de obra nesse sentido, com certeza vão ser paralisadas. A questão é como a gente pode fazer com que essas obras que hoje estão a serviço dos megaeventos se transformem em retorno para a população da nossa cidade, principalmente a população mais carente. Não tem como, até porque é da ordem estadual impedir as obras do maracanã, mas eu tenho certeza absoluta do que o Maracanã depois de pronto não vai ser mais o nosso Maracanã. Aquele Maracanã que eu frequentei e vi o Garrincha jogar e por isso sou torcedor do glorioso Botafogo, onde assisti Brasil e Paraguai na geral, nas eliminatórias de 1969, e a geral era uma coisa ultra democrática, as torcidas se misturavam, isso eu sei que não vai acontecer. Aquilo que for, no âmbito da prefeitura, impedir que esse tipo de coisa aconteça. E impedir os despejos de moradia, nós vamos ter que acabar com isso, reurbanizar sim. Por exemplo, nós temos a favela do Metrô-Mangueira, que fica bem em frente ao Maracanã. Não tinha porque aquelas pessoas serem desalojadas. Aquilo tinha que passar por um plano de reurbanização e as pessoas permanecerem ali. Fruto da luta da gente, uma parcela daqueles moradores vai para um conjunto habitacional do projeto “Minha casa, minha vida” na própria favela da Mangueira (que fica ao lado). Mas vários foram transferidos pra Cosmos, sem nenhuma infraestrutura, com presença de milícias. Esse tipo de coisa nós vamos barrar. E vamos reorientar as obras e os

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investimentos no sentido de que não somos contra a realização da Copa e das Olimpíadas aqui, mas somos contra que esses eventos venham pra cá pra ser um festival da Delta e de outras empreiteiras e construtoras, e a classe trabalhadora não tenha nenhum tipo de retorno e que não tenham acesso a esses eventos com ingressos a preços exorbitantes.

Quais as estratégias para se adquirir credibilidade perante a população como um todo, diante de uma perspectiva socialista de governo? O capitalismo faz uma disputa ideológica ferrenha em relação à consciência da população, e, lamentavelmente, a maioria das pessoas acaba achando que esse modelo econômico é o limite, o máximo que nós podemos chegar, até porque tivemos uma experiência frustrada da implantação do socialismo em alguns países, aonde o capitalismo acabou sendo restaurado. Mas isso não significa que o socialismo não possa vir a ser implementado com sucesso, até para que seja resguardada uma questão fundamental que é a questão da democracia. Para ganhar essa credibilidade nós temos que entrar num debate ideológico e mostrar aos trabalhadores que se tem um modelo que está falido é o capitalismo, porque é um modelo excludente, concentrador de renda, onde se tem um número cada vez menor de pessoas cada vez mais ri-


Se tem um modelo que está falido é o capitalismo”

cas e um número cada vez maior de pessoas passando necessidade, aos milhões abaixo da linha de pobreza. O sistema é voltado exclusivamente para o lucro e nós, na nossa cidade, sofremos as consequências disso. Por exemplo, eu cresci no subúrbio, eu me banhei na praia de Ramos, e hoje tem que ter um piscinão porque a praia de Ramos é imprópria para banho; um percentual enorme do esgoto de nossa cidade é jogado in natura e vai direto dos rios para a Baía de Guanabara; a questão da TKCSA instalada na Baía de Sepetiba, não só promovendo doenças a todos os moradores de Santa Cruz, como uma poluição absurda e acabando com todo o ecossistema da Baía de Sepetiba. A cidade sofre as consequências da implantação do modelo capitalista. Nós temos que ter a capacidade de mostrar que esse modelo é que está falido. E que só através do socialismo, onde a gente vai ter a produção voltada para a necessidade dos seres humanos e não para o lucro do capital, é que nós vamos ter condições de poder acenar perspectivas para nossa juventude, nossos filhos, para nossa sociedade como um todo. E queria aproveitar para transmitir minha solidariedade aos companheiros da Associação Homens e Mulheres do Mar – AHOMAR, que tiveram agora dois companheiros assassinados porque estão enfrentando interes-

ses poderosos na Baía de Guanabara no COMPERJ, envolvendo inclusive a Petrobras, uma série de empresas, porque estão defendendo a pesca, o ecossistema da nossa baía e foram assassinados. O tempo de televisão é pouco, um minuto e meio, mas é aí que a gente tem que ter a capacidade de mostrar que esse sistema capitalista é que está falido e que nós temos que apresentar uma proposta socialista pra cidade. É uma ilusão também, de que na hipótese de uma vitória na eleição nós vamos conseguir implementar o socialismo no Rio de Janeiro. Nós do PSTU somos trotskistas, filiados a Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional, que é uma organização trotskista. Se a grande polêmica do Trotsky com Stalin foi de que o Trotsky não acreditava - e a realidade mostrou que ele estava certo - no socialismo em um só país, quanto mais numa só cidade. Agora, nós podemos tomar uma série de medidas que vão no sentido de pavimentar o caminho pra implementação do so-

cialismo, tais como essas que eu coloquei. Principalmente, medidas que incorporem a população trabalhadora pobre da cidade e inclua essa população nos direitos ao acesso a uma vida de qualidade, que passe por saúde, por educação, por emprego, por uma segurança onde ela não seja oprimida, mas sim respeitada.

Em caso de um segundo turno com o Marcelo Freixo, vocês já têm alguma posição definida? Sem dúvida, a gente apoia. Da mesma forma como nós procuramos o PSOL para formar uma frente que lamentavelmente não se concretizou, é uma questão de coerência. Nós vemos nos companheiros do PSOL parte do nosso arco de alianças. Nós já marchamos com esses companheiros em outros momentos. E temos coligação com o PSOL em outras cidades como Natal, Belém... Então é claro que se o Marcelo for pro segundo turno nós vamos apoiá-lo. Assim como eu tenho certeza que se eu for pro segundo turno – vai que acontece uma hecatombe (risos)-, ele vai me apoiar também. Vírus Planetário - agosto 2012

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mato grosso do sul

Navio Prisão Por Marina Duarte, Tainá Jara e Jones Mário O período mais conturbado da história recente do Brasil foi o do regime militar. De 1964, com o golpe, a 1985, com a abertura política, o país viveu nas sombras da falta de democracia com diversas formas de repressão realizadas pelo então grupo dominante, os militares. Em regiões afastadas dos grandes centros do país a ditadura passou despercebida aos olhos da maioria da população, com ajuda do aparelhamento dos meios de comunicação por parte do governo. Não foi diferente em Mato Grosso, que em 1979, em meio ao Regime Militar, foi dividido, dando origem ao estado de Mato Grosso do Sul. Corumbá, cidade interiorana, localizada no coração do pantanal sul-matogrossense, contava, nesta época, com uma população de cerca de 100 mil habitantes. Às margens do 28

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A tortura realizada pela ditadura militar sobre o Rio Paraguai permanece impune

A embarcação, que pertencia a empresa estatal de Serviço de Navegação da Bacia do Prata, ficava ancorada no meio do rio Paraguai, longe das margens”

Rio Paraguai, centro político-econômico em Mato Grosso e região de tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Bolívia a cidade tinha grande influência nas ideias políticas do local, no qual predominavam as ideologias trabalhistas e de esquerda entre os mais diversos setores da sociedade. O predomínio dessas ideias políticas durante o período da ditadura militar não era visto com bons olhos. O

estado de Mato Grosso contava com um dos generais do comando central do golpe, o General Syzeno Sarmento, que já havia sido, inclusive, cotado para substituir Costa e Silva em 1969. Ou seja, um dos principais golpistas estava no Mato Grosso. Sarmento foi um dos principais mandantes das prisões ilegais que ocorreram pelo estado, e dentre esses casos, um dos mais conhecidos é do “Navio Prisão”.


Arquivos dos crimes da ditadura permanecem ocultos Ilustração: Carlos Latuff

A Marinha havia ficado responsável pelas prisões na cidade de Corumbá. As ordens de fazer um “limpa” na cidade pantaneira partiram do general Syzeno Sarmento e de um almirante. O bispo da cidade, Dom Ladislau Biernaski, conhecido pelos trabalhos que desenvolveu com movimentos sociais, ficou alarmado com o acontecido. Ao comparecer onde os presos estavam confinados, deparou-se com pessoas amontoadas no galpão da Marinha e implorou para que fossem tiradas de lá, temendo que fossem violentadas. Desde então, alguns presos seriam transferidos para um navio.

Os presos eram submetidos à repressão e torturas para que ‘contribuíssem com as investigações’ ”

ancorada no meio do rio Paraguai, longe das margens. Isso deprimia ainda mais os presos que se viam impotentes, longe da cidade e das famílias. “Levavam quem ia prestar depoimento de barco até o navio”, diz. Lá, o indivíduo poderia passar horas ou dias preso, até que fosse liberado. Muitos ficaram traumatizados com o acontecido e outros foram perseguidos até mesmo anos após a ditadura, sendo demitidos de seus empregos, por exemplo. Por se tratar de um estado conservador e onde muitos não associavam o regime militar a uma ditadura, o preconceito também prevalecia sobre as opiniões da população acerca dos presos políticos. “As pessoas que eram presas acabavam taxadas de bandidos, mas não tinham feito nada”, se indigna o exvereador. Além do Navio, Benedito revela que na cidade de Miranda, a 224 quilômetros de Corumbá e importante polo de extração de minério de ferro da região, funcionava uma espécie de “Trem-Prisão”. Miranda vivia uma efervescência política grande na época e a ditadura não deixou barato. Lá, ao invés do navio eram usados os vagões-curral

Benedito Rodrigues da Costa tem 70 anos e era bancário, sindicalista e vereador de Corumbá quando foi instaurado o Regime. Ele conta que chegou a ser interrogado dentro do navio, mas não permaneceu preso, ao contrário do que aconteceu com alguns de seus companheiros. “Tem um que foi sindicalista também, e ficou 30 dias preso no navio. Foi o que permaneceu maior tempo”, relembra. Segundo Benedito os presos eram submetidos à repressão e torturas para que “contribuíssem” com as investigações. O Navio-Prisão exercia um forte apelo psicológico sobre os presos políticos. Benedito conta que a embarcação, que pertencia a empresa estatal de Serviço de Navegação da Bacia do Prata, ficava

Vítimas da ditadura no Pantanal aguardam para primeiro dia de cárcere e prestação de depoimentos no Navio Prisão | Foto: Acervo - Lairson Palermo

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Vista aérea das margens do Rio Paraguai em Corumbá | Foto: Site Prefeitura de Corumbá

Jânio Quadros no Hotel Santa Mônica, em Corumbá, onde ficou exila do Foto: Rodrigo Teixeira

Jânio Quadros em Corumbá Por criticar duramente o regime de exceção, Jânio Quadros, presidente do período de janeiro a agosto de 1961, ficou exilado por 120 dias na cidade de Corumbá no ano 1968, no quarto 606, do Hotel Santa Mônica, no centro da cidade. Hoje o hotel abriga uma galeria de fotos e documentos em homenagem ao ilustre hóspede, baseada no livro “Diário de um confinado”, do jornalista Mauro Ribeiro. Os quatro meses em Corumbá foram determinados pelo então presidente, o marechal Artur Costa e Silva, que governou o Brasil de 15 de março de 1967 até 31 de agosto de 1969. Por ordem do Ministro da Justiça da época, Luís Antônio da Gama e Silva, Jânio Quadros foi preso pelo Exército e encaminhado para o exílio na cidade que pertencia ao então estado do Mato Grosso. A finalidade era isolar o ex-presidente e afastá-lo das manifestações políticas, que eram constantes em 1968. Mesmo com os direitos políticos cassados, Jânio tinha grande apelo popular.

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dos trens para manter os presos políticos da cidade. Os mesmos usados no transporte do gado. Segundo rumores, os torturadores os enchiam com água onde os presos eram mergulhados para forçar confissões. Os confinados no navio eram muitos, e de dias em dias, mais alguns eram acrescentados à “tripulação”. Entre os presos e depoentes haviam vereadores, carroceiros e até mesmo bancários e empresários. Benedito defende que muitos eram levados sem motivos claros. Bastava ter recebido Jânio Quadros para jantar, ter relacionamento com algum sindicalista ou ter ideais diferenciados para ser chamado a depor, mesmo que a população não apresentasse grande subversão aos ideais do regime. Em 1979, foi promulgada a lei nº 6.683, conhecida como Lei da Anistia, que concede anistia política aos que cometeram crimes políticos, a servidores da administração Direta e Indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, à fundações vinculadas ao poder público, sindicalistas, entre outros. Ou seja, a partir dessa lei, os prejudicados são

“perdoados” por seus possíveis crimes e podem mover ações judiciais para ressarcimento de algum dano, mas o procedimento ainda é muito atrasado. “Dizem que tem mais de 60 mil processos para análise”, conta Benedito, que também se encontra nessa fila de espera e mostra a situação de andamento de seu processo: sequer foi apresentado relator. Os depoimentos já dados sobre o Navio são muitos e as histórias diversas. O que aconteceu vem sendo revelado aos poucos. A omissão de vários fatos ocorridos durante a ditadura no Brasil ainda é uma realidade vigente, inclusive, por interesse de alguns setores da sociedade civil e do próprio governo. Tanto que apenas em 2011, foi aprovado o Projeto de Lei que cria a Comissão Nacional da Verdade (PLC nº 88/2011), que tem como finalidade examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas entre 18/09/1946 e 05/10/1988, prometendo revelar muito do que foi oculto durante o período em questão. Muitas críticas surgiram diante da criação da Comissão da Verdade. A principal foi apresentada pelos setores mais conservadores da


Corumbá Corumbá (do tupi-guarani: lugar distante) é localizada a 427 km da capital sul-mato-grossense, Campo Grande, e a noroeste do estado de MS. Devido à facilidade de navegação pelo rio Paraguai é uma das mais importantes zonas portuárias do país. Faz fronteira com Bolívia e Paraguai, o que incide nos costumes de sua população.

sociedade. Eles argumentam que a Comissão se trataria um revanchismo político dos militantes de esquerda que sofreram violação de direitos humanos por parte dos militares, e que não exploraria a questão dos crimes cometidos pelos revolucionários da época. Porém a Comissão, juntamente com os Comitês Estaduais, tem como

fim a análise de todas as denúncias apresentadas, independente do lado da qual provém. Os Comitês Estaduais são integrados pela sociedade civil, que permite a facilitação de denúncia e documentação dos fatos apresentados à Comissão Nacional. O Comitê Estadual de Memória Justiça e Verdade de Mato Grosso do Sul, oficialmente aberto no dia 25 de maio deste ano, é constituído por entidades e fundações que discutirão, investigarão e tomarão as medidas necessárias acerca dos casos ocorridos durante o período do regime militar no estado de Mato Grosso do Sul, na época, ainda Mato Grosso. As torturas ocorridas no “Navio Prisão” terão uma atenção especial do Comitê.

A abertura do Comitê Estadual é o começo para descobrirmos o que aconteceu durante a época”

Aliás, o termo “Navio Prisão” foi cunhado pelo advogado Lairson Palermo, que cuida de muitos dos casos de vítimas do navio, inclusive o de seu Benedito. Lairson é um dos que estão envolvidos com a abertura, considerada por ele tardia, do Comitê de Mato Grosso do Sul. “A abertura do Comitê Estadual é o começo para descobrirmos o que aconteceu durante a época”, afirma. Para ele, esta poderá ser uma ferramenta essencial para revelar o que aconteceu no estado e que foi tão oculto pelos lençóis da ditadura no país.

A criação da Comissão da Verdade é uma importante conquista da sociedade brasileira. O fato de se instaurar uma Lei como esta apenas 24 anos depois do período de redemocratização do Brasil revela uma forte influência dos setores conservadores nas decisões do país e uma grande resistência em se falar Esculacho, ou escraSilva nesse assunto. Estar estabelecida por lei Foto: Leandro cho, é a forma direta de proa investigação de casos de violações dos testo que está sendo utilizadireitos humanos nesse período não gada por diversos movimentos rante a sua solução. Por isso, é essencial sociais para denunciar os a participação da sociedade através dos ex-agentes que participaram direta ou indiretamente Comitês Estaduais e de grandes presda ditadura militar brasileira. sões sociais, inclusive na forma singela Pode ser feito por forma de mais muito eficiente de esculacho, que protesto público em frente vem sendo realizado por alguns grupos a um local específico que militantes em certas regiões do país. tem alguma ligação com o Afinal, a história de cada povo faz sua denunciado ou por forma de intervenção visual no espaço, com por exemplo, pichações com dizeres como: “Aqui mora identidade e a Ditadura militar brasileium torturador”. ra não poder ser enterrada.

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Entrev

Luth Laporta, Marcelo Galo e Eduardo D’Albergaria Foto: Thiago Vilela

ista IN clusiva

Companhia Revolucionária

:

Triângulo Rosa

Como esquecer o polêmico posicionamento homofóbico do deputado federal Jair Bolsonaro, em programa humorístico de rede nacional? Ou o pronunciamento emblemático, da deputada estadual Myrian Rios, exibido pelo canal de televisão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro? Foram esses casos absurdos, reflexo de uma representatividade caduca no poder legislativo, que impulsionaram o surgimento da Cia Revolucionária Triângulo Rosa. Em um cenário em que as redes sociais também se tornam uma ferramenta de auto-organização de grupos, os integrantes começaram a se encontrar. Uns já se conheciam e outros também indignados se apropriaram da identidade de uma luta comum. O grupo, que tem pouco tempo de criação, já demonstra atuação expressiva no plano de luta do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).

da batalha cotidiana desse grupo heterogêneo, formado por cerca de 500 apoiadores.

Seminários de formação política; ações direEduardo D’Albergaria (Duda), Luth tas; crítica ao capitalismo rosa; enfrentaLaporta e Marcelo Galo, militantes da Cia mento aos discursos homofóbico e entendem que o momento é de necessidade de luta transfóbico, sobretudo de lidepolítica dos movimentos sociais: de articulação, diálogo ranças fundamentalistas e confronto. Inconformados com pequenas conquistas no evangélicas, atuantes STF e STJ e com os reforços de estereótipos de personagens gays do poder legislatiem novelas globais, os integrantes acreditam que os indivíduos precivo; fazem parte sam se movimentar e fazer política.

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Nosso papel é fazer um trabalho de formação política, atuando na nossa comunidade, que ainda se apresenta muito despolitizada, sugada pela lógica do mercado.”

Por Alina Freitas, Ana Malaco, Elis Tanajura e Thiago Vilela Como foi a formação do Coletivo e qual a proposta de grupo enquanto movimento social? Galo: Quando o grupo se organizou, depois da indignação dos pronunciamentos dos discursos homofóbicos dos deputados Myrian Rios e Jair Bolsonaro, percebi uma despolitização imensa dentro da comunidade gay no Brasil. Já havia lido a respeito da atividade militante que deu origem ao primeiro partido político homossexual na Argentina, os Putos Peronistas, que fez um trabalho fundamental e responsável pelo avanço dos direitos homossexuais naquele país. E nós sentíamos falta desse movimento, mais organizado, no Brasil. Não vemos, por exemplo, grupos gays e ONGs fazendo formação política. A proposta sempre se limitava a Parada Gay e a uma ou outra festa. E um dos pilares, essencial em qualquer movimento, são os cursos de formação política. Duda: A gente viveu, sobretudo a partir dos anos 90, o fim dos coletivos e da ideia de movimentos sociais LGBT, reflexo do movimento social como um todo. O que existia eram ONGs que atuavam, em maior parte, nas políticas de prevenção ao HIV; e as organizações das Paradas de Orgulho Gay. E, na nossa avaliação, esse arranjo político não é suficiente para fazer o enfrentamento político aos fundamentalistas. Primeiramente porque as ONG’s dependem financeiramente para a sua sobrevivência do Estado. E no governo atual, aliado aos fundamentalistas, não há enfrentamento nem por parte da bancada do PT e nem das ONGs. Outra dimensão,

é que as ONGs são entidades profissionalizadas, para quem não interessa o surgimento de novas lideranças. A nova liderança acaba sendo uma ameaça à sobrevivência econômica dos indivíduos que sustentam determinada ONG. Os fundamentalistas fazem um embate de posição política na sociedade. Nosso papel não é enfrentar as ONGs, mas fazer um trabalho paralelo de formação política e de comunicação, atuando na nossa comunidade, que ainda se apresenta muito despolitizada, sugada pela lógica do mercado, com sua subjetividade colonizada pelo capitalismo Pink. E, obviamente, atuação direta.

Qual é o histórico de ação durante esse um ano de atuação da Cia? Galo: A primeira ação foi na Parada Gay de Brasília, e nossa iniciativa foi simples, mas ainda não havia sido feita nas paradas daqui. Confeccionamos cartazes. Isso causou, devido ao teor das mensagens, uma diferença muito grande. Os cartazes eram bem provocativos. E depois, decidimos participar de outras marchas além das paradas gays. Pois nossa atuação significava uma conquista de espaço público. Participamos da Marcha da Corrupção, da Maconha, das Vadias, pela Educação Pública. Duda: A gente amadureceu e percebeu que só conseguiremos fazer um enfrentamento político se tivermos uma visão da demanda social. Ou seja, não vamos combater a homofobia e o machismo sem ter aliança com o movimento feminista. Não iremos combater a homofobia sem qualida-

de de uma educação pública, laica e emancipatória. Nós entendemos que devemos unificar os movimentos, que nossos debates são legítimos e que a conquista pelo espaço público é uma questão decisiva para a disputa. Luth: A última grande atuação direta da Cia Revolucionária foi o Ocupa Parque. Organizado por diversos coletivos do Distrito Federal, é uma resposta à homofobia institucionalizada que se torna cada vez mais explícita pelas atuações da polícia militar e civil na região. A polícia começou com agressões físicas e verbais e proibição de demonstração de afetividade entre homossexuais. Depois, com o fechamento de um bar, através da operação “Clarear” que contou com 250 policiais, 40 viaturas e um helicóptero. Tudo isso para fechar um bar, que era um espaço que havia sido apropriado pela comunidade LGBT da periferia. A operação é resultado de uma higienização para deixar o Parque da Cidade “limpinho” para a família heterossexual, burguesa e branca que vive no Plano Piloto. O Ocupa Parque DF foi um evento para acusar o caráter homofóbico do Governo do Distrito Federal e para reivindicar a posse dos locais públicos. Duda: O que retoma a discussão da conquista do espaço público. Todas as tentativas de uso do espaço da rua têm sido atacadas seja por setores da sociedade mais conservadores, ou pela forma institucionalizada. Como por exemplo a Avenida Paulista, em São Paulo, que era um espaço conquistado como espaço de liberdade pela comunidade LGBT, tem sido constantemente palco de deVírus Planetário - agosto 2012

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eNTREVISTA iNcLUSIVA_Cia Revolucionária Triângulo Rosa

A Companhia em ação. Acima, na Marcha da Maconha de Brasília e abaixo no debate contra a bancada evangélica pelo PLC 122, que criminaliza a homofobia

monstrações de agressões homofóbicas, assim como o Parque da Cidade em Brasília. Não vai ser se escondendo que vamos superar a homofobia, o preconceito só é vencido no convívio, no confrontamento, no estranhamento.

Qual é o perfil ideológico da Cia Revolucionária? Duda: A Cia é formada por caldeirão de pessoas com influências diversas. Mas que se posicionam claramente, com um perfil de esquerda. Ao questionarmos a desigualdade econômica como base das opressões sociais. A Cia é uma grande aliança da Teoria Queer e a Teoria Marxista. A primeira é uma teoria sobre gênero que afirma que a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos são o resultado de uma construção social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais. O que direciona o diálogo dentro da Cia de negação e afirmação de identidade. E o casamento com a teoria marxista se dá nas dimensões que a Teoria Queer não alcança. De organização, de disputa política, macropoder. Entendemos que a disputa tem que ser pensada de uma forma mais ampla e mais crítica de uma análise da atual conjuntura.

Como o coletivo tem atuado em relação ao projeto de “Cura gay”? Galo: O Luth dentro da Cia começou uma campanha “Marisa Lobo: Cure meu heterossexualismo”, que ganhou uma notoriedade nas redes sociais. A teoria Queer argumenta que, assim como a homossexualidade, a heterossexualidade também é construída culturalmente. Luth: O sufixo “ismo” foi usado na campanha para tratar a heterossexualidade como doença, assim como é vista a homossexualidade pela bancada evangélica fundamentalista e por outros grupos homofóbicos. O Projeto [Decreto Legislativo (PDC) 234/11], apelidado de “Cura gay”, propõe a suspensão dos parágrafos que determinam que os psicólogos não podem reforçar na mídia preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais e nem fazer qualquer ação que favoreça a patologi-

zação de sexos diversos. Esse projeto do deputado de João Campos pode trazer um retrocesso no texto do Conselho Federal de Psicologia, ao resgatar o tratamento psicológico da homossexualidade. Além de intervir em um texto específico da comunidade profissional de psicólogos, de forma arbitrária. Duda: Os fundamentalistas fazem um debate manipulador com a sociedade, ganham o terreno do debate público e as ONGs tentam negociar nos corredores do Congresso. Mas a disputa do Congresso não deve ser uma disputa dos corredores. O Congresso é um grande teatro de demonstração de força. A nossa luta é todo dia, contra o racismo, o machismo e a homofobia.

O movimento se configura de vanguarda no enfrentamento legislativo pela proximidade com o centro do poder no Brasil? Duda: O fato de estarmos em Brasília é um diferencial. Mas existe uma necessidade que grupos se organizem política e criticamente em todos os estados. Dentro também do movimento estudantil, nas universidades. Mas o projeto estratégico da Cia Revolucionária é um dia deixar de existir. Na medida em que alcançarmos o objetivo de transformar uma sociedade, que não será mais excludente.

Holocausto Gay Os homossexuais foram um dos grupos perseguidos pelo regime nazista. O triângulo rosa era um emblema colocado nas roupas dos presos que os identificava no campo de concentração. O nome da Cia é uma homenagem ao pouco notório holocausto gay na Alemanha nazista. E Revolucionária porque o grupo propõe uma revolução sexual.

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varal artístico

Em Cena contato@virusplanetario.net

Formam dueto dois viventes desvalidos Por entre becos, cruzamentos, precipícios. Negada a origem, vão-se os passos percorridos. Após a queda, ao frio e à fome, os artifícios. Não temem nuvens, trovoadas, nem o breu. Noites ao relento nos cantos da cidade. Não há mais brilho ao olhar que enlouqueceu Emparedado ao roubarem-lhe a idade. Se, por acaso, as feridas vêm à tona, Se agonizam os dois seres lá no chão, Vemos campanhas que apelam ao coração. Surgem padrinhos, pois a cena emociona. E ganha teto, companhia e proteção... Não o humano mas o seu amigo, o cão.

Luzia M. Cardoso

Por Eduardo Marinho

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Quem não respeita a

educação pública, não merece seu

Nessas eleições, não vote em candidatos que querem destruir a educação pública. A educação tem que ser 100% pública, gratuita e de qualidade. Por isso, exigimos:

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voto!! 35 anos

Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro

www.seperj.org.br


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