10ª edição Vírus Planetário

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porque neutro nem sabonete, nem a Suíça

edição nº 10 maio/junho de 2011

www.virusplanetario.com.br

ExCLUSIVO!! Tudo sobre o casamento

real! Entre

Sir Malafay e Lady Bolsonazi revelamos quem matou Bin Laden

Michael Löwy “Há uma contradição insolúvel entre a lógica capitalista, que impõe a ‘expansão’ infinita da produção, e os limites do meio ambiente.”

É o Pet, É o Pet, É o Pet...

O Gringo

Mais querido do Brasil Às vésperas da despedida como jogador, Petkovic fala sobre politica, guerras, futuro e até futebol

ENTREVISTA Claudia Santiago e INCLUSIVA com Vito Giannotti O casal fundador do NPC (Núcleo Piratininga de Comunicação) em um batepapo sobre mídia e política no Brasil.

Caminhando contra o vento...

10 edições de Vírus Planetário!! Com 3 anos de vida, botamos o bloco na rua com jornalismo por um outro mundo!


A liberdade só vem através da transformação.

A transformação só vem com Educação pública de qualidade

Escola não é fábrica, Aluno não é mercadoria, Educação Não é Negócio! O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação - SEPE - luta há 34 anos por uma educação pública de qualidade em todo o estado do Rio.

34 anos

Depois de muitas lutas e conquistas, esse ano não poderia ser diferente. Estamos em campanha para um reajuste salarial digno, além de denunciarmos e rejeitarmos os planos “milagrosos” do governo estadual e municipal.

Nossa luta é por: Construção de escolas e diminuição do número de alunos por turma. Concurso imediato e ampliação gradativa do horário de permanência dos alunos na escola. Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro

Acesse nosso site para mais informações:

Valorização salarial e profissional. Reajuste salarial emergencial! Concurso imediato para funcionários administrativos. Fim da terceirização. Processo de escolha do dirigente escolar através de eleição direta. Garantia de grêmios livres.

www.seperj.org.br


Editorial

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Sumário

Oswaldo Munteal_ O golpe de 64 está sendo televisionado?

“Mas nos deram espelhos, e vimos um mundo doente.” (Índios, Renato Russo – Legião Urbana)

Quando aconteceu a barbárie na Escola Municipal Tasso da Silveira em Realengo, uma das primeiras coisas que nos veio à cabeça foram os versos da bela canção de Renato Russo. A agonia crescente na melodia de Índios se encaixa perfeitamente como trilha sonora da condição de miséria de espírito em que se encontra a humanidade. Não à toa, que o homem criou um sistema tão opressor, como o capitalismo. A chacina realizada por um homem completamente fora de si reflete é fruto da competição, do individualismo exacerbado, sentimentos tão presentes no imaginário da maioria da população, massacrando qualquer sentimento de humanidade, qualquer sopro de felicidade. Não se trata de vitimizar o assassino Wellington, mas é necessário perceber que ele foi um transmissor do sentimento de ódio, que vai e vem e passa despercebido, aos poucos, em trocas desiguais. Uma hora, a conta não bate. Relações desiguais estabelecidas antes da revolução industrial que instaurou o capitalismo, bem antes disso, o ser humano sempre teve relações desiguais, bárbaras, homicidas. Entretanto, apesar de sempre haver essa miséria humana, há sim uma evolução pela racionalidade, e é por essa que precisamos batalhar para o desenvolvimento de uma sociedade justa, igualitária e – principalmente – possível.

Dez edições, três anos, periodicidade bimestral, rumo ao mensal!

5 Ana Enne O dia em que o Supremo calou a fanfarronice 6 O Sensacional Repórter Sensacionalista Alê do Bem

8 Bula Cultural_ Entre Bundas, Araras e Disneylândias 10 Bula Cultural_ Budrus 12 Mundo_ Aonde foi parar a mundança? 14 Esportes_Entrevista Petkovic 16 O que pensa a grande imprensa?_ A chacina e o pânico da mídia

17 Meio Ambiente_Vale a pena o risco? 19 Entrevista_Michael Löwy 20 Entrevista Inclusiva_Cláudia Santiago e Vito Giannotti_NPC

24 Vírus 3 anos!_Retrospectiva 25 Sórdidos Detalhes 26 Brasil_A luta dos trabalhadores acabou? 30 Direto de Sampa_Bola e Arte: O dinheiro é uma miragem

Nesta décima edição, comemoramos três anos de Vírus Planetário, com muitas dificuldades, mas estamos começando finalmente a dar nossos primeiros passos depois de muito engatinharmos. Dada o grau de preconceitos cristalizados que vemos serem veiculados diariamente na mídia grande, a comunicação alternativa é uma ferramenta fundamental para construirmos um mundo em que haja felicidade para todas e todos Foi também o que ressaltou os jornalistas Claudia Santiago e Vito Giannotti, coordenadores do Núcleo Piratininga de Comunicação, em nossa entrevista Inclusiva. Ainda nesta edição: uma avaliação sobre os usos da energia nuclear (Michael Löwy apresenta a alternativa ecossocialista para a crise ambiental), um especial sobre os trabalhadores no Brasil e um bate-papo com o ídolo do futebol Petkovic.

Afinal, o que é a Vírus Planetário? Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principalmente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus Planetário: “Há 400 mil anos, nos tornamos Homo Sapiens. Desde então, nos diferenciamos uns dos outros”. Revista Vírus Planetário. Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos voz a pessoas excluídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano. A humanidade é o vírus do homem, e o homem é o vírus do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível.

EQUIPE: Editores: Caio Amorim, Mariana Gomes e Seiji Nomura Redação: Rio de Janeiro - Caio Amorim, Mariana Gomes, Seiji Nomura, Maria Luiza Baldez, Júlia Bertolini, Daniel Israel, Fernanda Freire e Artur Romeu | São Paulo - Carlos Carlos Diagramação: Caio Amorim e Mariana Gomes Ilustrações: Clóvis Lima, Carlos Latuff, Maurício Machado e Débora Vaz Colaborações: Vinicius Almeida, Oswaldo Munteal, Ana Enne, Muniz Sodré, Raquel Paiva e Rodrigo Santaella Agradecimentos: NKP, MC Leonardo, Mano Teko e Juninho

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OSWALDO MUNTEAL

O golpe de 64

Oswaldo Munteal é professor de história na UERJ, Facha e PUC-Rio. Pesquisador da FGV, coordenador do grupo de pesquisa Núcleo de Identidade Brasileira e História Contemporânea (NIBRAHC)

está sendo

televisionado? Só a novela do SBT “Amor e Revolução” não basta para termos uma revolução e um mundo em que haja mais amor

O SBT está transmitindo uma novela que trata da história do golpe militar de 1964. Não podemos esquecer que folhetim é uma farsa. Muitas vezes capaz de fraudar até a realidade. Conhecemos muitas novelas que estão aí. Aliás, a maioria tem exatamente esta característica. Qual a diferença da que passa tarde da noite? O fato de retratar a memória recente, com anestesia perto do que foi, com romances, e com todos os ingredientes de praxe, inclusive os depoimentos ao final. E mais ainda, sobre um tema que os brasileiros conhecem pouco. E aqueles que lembram, preferem esquecer. Não podemos condenar a novela, afinal os saudosistas do antigo regime já o fizeram. O que nos resta? Querer mais, é claro! A realidade é sempre mais complexa do que se apresenta, nesse sentido precisamos pensar, porque afinal não estamos num auditório no “topa tudo por dinheiro” não é mesmo? Durante a semana, a ditadura no SBT, no final de semana a Porta da Esperança e similares. Nesse sentido, cabenos aqui refletir sobre o nosso passado recente, e colocar seriamente a questão: Afinal até que ponto conseguimos passar a limpo esta história, e o que é necessário para fazê-lo?

história recente às nossas crianças, sendo assim os livros didáticos precisam apresentar os fatos ocorridos durante a ditadura militar de 64. 3- É necessária uma verdadeira liberdade acadêmica, sem as amarras de uma sociedade de castas, hierarquizada e apodrecida. Os princípios da revolução francesa são importantes para a vida acadêmica. Não podemos nos fechar e ignorar os sentimentos da sociedade. É necessário falar para as pessoas comuns de maneira direta. Isso não significa se submeter, nem menosprezar o nosso trabalho na universidade, pelo contrário, aponta para a relevância do mesmo. Por fim, tenho a dizer que “Amor e Revolução”, tem muito amor piegas, nenhum golpe, e muito menos revolução. Os brasileiros não precisam de novela, mas de escola. Nem de uma “história verdadeira”, mas da interpretação sobre os fatos, e da apuração rigorosa dos crimes cometidos nesta época. O meu olhar é de um cidadão que não vê novelas, portanto, não estou bem treinado, para a crítica deste veiculo tão ambicionado. Os que acham que a novela resolve, desprezam a sabedoria do nosso povo, que afinal já sabe do que em parte é feita a história: “de tanta covardia” pelo dito popular.

É necessário falar para as pessoas de maneira direta”

Penso que temos três níveis de análise: 1- O papel dos meios de comunicação e a necessidade da sua democratização. 2- Uma profunda revolução na educação brasileira. Não podemos sonegar a

Que absurd o!! não

foi nada disso que aconteceu! Eu era muito mais bo nito que es ator! Vamos se tirar essa novela do ar agora !!


ANA ENNE Ana Enne é professora do departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF), jornalista formada pela PUC-Rio e doutora em Antropologia pelo Museu Nacional (UFRJ).

Intolerância e discriminação não podem ser considerados direitos de opinião ou liberdade de expressão.

No dia 5 de maio de 2011, em decisão histórica, o Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, reconheceu que a união estável homoafetiva é equivalente à união entre heterossexuais, gerando uma série de novas possibilidades, no campo dos direitos, para milhares de cidadãos brasileiros. Foi, sem dúvida, um grande passo, dentre os muitos que ainda precisam ser dados. Mas talvez, nesse momento, essa decisão unânime do maior órgão judicial do país tenha tido um sabor ainda mais especial, por vir de encontro às falas preconceituosas e arrogantes do deputado Jair Bolsonaro, do PP-RJ que historicamente vem manifestando, em seus discursos e ações, posturas discriminatórias e aviltantes aos direitos humanos e individuais. O episódio ocorrido em março de 2011 é exemplar a esse respeito. Entrevistado pelo polêmico programa CQC, da Rede Bandeirantes (cujos integrantes são pródigos em fazerem piadas também preconceituosas e aviltantes, em nome de um humor supostamente livre e avesso ao “politicamente correto”), Bolsonaro assumiu, mais uma vez e publicamente, sua homofobia.

E ninguém, em uma sociedade justa e tolerante, pode, sem ser de forma cínica ou perversa, exigir o direito liberal de livre opinião para discriminar, perseguir, maltratar, diminuir, hostilizar. Defender posições preconceituosas, racistas, homofóbicas, sexualistas, classistas, discriminatórias etc. não é direito de opinião. É crime. E é crime porque já avançamos no campo das conquistas dos direitos ao criminalizar práticas que agridam, desrespeitem o princípio da igualdade, criem dor e ódio. Não é possível tolerarmos mais essas falas. Não são polêmicas, são criminosas. Definitivamente, é premissa: não é justo reivindicar direito liberal da livre expressão para práticas totalitárias e discriminatórias. Isso não é democrático, é retrocesso e deveria ser combatido, não tolerado em nome de um princípio liberal conveniente e muito menos incentivado.

Fazer piadas às custas da discriminação é triste, ultrapassado e totalitário.”

Nas redes sociais, os alinhados com a luta contra os preconceitos, travaram, após tomarem conhecimento de tais declarações, ferrenha batalha discursiva contra os partidários desses comentários. Sim, pois existem partidários, e eles são muitos. E esse é, por um lado, um dos maiores problemas de falas como a de Bolsonaro. Elas não são solitárias, ao contrário, elas ganham volume e se adensam em um mar de outras falas e ações preconceituosas, não protegidas pelo cargo político e talvez mais violentas e inconsequentes, por vezes desaguando em práticas físicas de discriminação e perseguição ao diferente, como nos diversos casos de agressão gratuita a homossexuais, travestis, prostitutas etc. O discurso fanfarrônico do deputado histriônico parece só discurso, amontoados de palavras e frases. Nada mais inocente do que essa interpretação. Discursos são performativos, palavras que criam mundos, se convertem em atos, principalmente quando proferidos por alguém que por um mecanismo qualquer (nesse caso, o voto) é imbuído de alguma autoridade para proferi-los. Mas mesmo se discursos similares ao de Bolsonaro se limitassem ao suposto mundo simbólico das palavras e imagens, nem assim deveríamos tolerá-los. Discursos preconceituosos também geram desconforto e dor para aqueles que vitimam, pois a discriminação simbólica também é traumática.

O recado do Supremo foi claro. Chega de discurso fanfarrão de preconceito e discriminação. Isso vale também para as piadas. Não é engraçado, não é moderno, não é livre. Fazer comentários e piadas às custas da perseguição, discriminação, intolerância e do preconceito é triste, ultrapassado e totalitário. E cada vez mais, esperamos, passível de julgamento e criminalização.

Ilustração: Clóvis Lima


*Improvável, mas não impossível.

A fama em quinze minutos ALÊ DO BEM

Prêmio “Jayr BolsoNazi” de inovação social Estou de volta para contar vocês de um dos maiores eventos da vida social do Rio de Janeiro, desses que servem para dividir quem está IN e quem não está. E vocês que são meus leitores (chiquérrimos, com certeza) sabem que quem não está In, está Out! Estou falando do grande prêmio “Jayr BolsoNazi” de inovação social, assunto que todo mundo está comentando. Quer dizer, todo mundo que interessa, não é, meus amores? O prêmio é lançado em homenagem ao grande deputado Jayr BolsoNazi, conhecido por sua atuação contra a promiscuidade e aqueles que tentam denegrir a imagem da família e dos bons costumes da gente educada desse país. Euzinha aqui entrei pela porta da frente, com direito a tapete vermelho e tudo. Como não sou boba, nem nada, já fiquei de olho em quem tava lá só para marcar presença e quem eram as estrelas da noite.

Um Rio de Bem! Outra fala que foi acompanhada de gostosas gargalhadas foi a de João Maria Biltramimimi, secretário de alguma pasta que não lembro do Rio de Janeiro. Biltramimimi tentava falar que “Estamos acabando com o problema da criminalidade no Rio de Janeiro”, mas era constantemente interrompido por sonoras risadas do governador Sério Canalha, do secretário Rodrigo Battem e de seu braço direito Alain Turnovsky — que foi afastado em uma operação injusta. O prêmio de Biltramimimi foi patrocinado por um consórcio de construtoras e imobiliárias chamado “Um rio do bem é um rio sem pobreza”.

Muita gente cochichava quando ela entrou, porque até alguns anos atrás era impensável que ela aparecesse aqui no meio dos grandes homens e mulheres desse país, até porque seu mentor (apesar do bom governo) atentou um pouco contra a ordem brasileira. Porém ela vem mostrando que mulher sabe botar ordem na casa e tem feito um governo de primeiro mundo para os cidadãos de bem desse país: arriscando um salto alto e um vestido preto do estilista Aleksandro Ércovito, desfilava a presidenta Vilma Houseff. Não é que depois que fez um retoque aqui e ali e deixou de usar sempre vermelho, Vilma chega a abafar até mesmo a presença de Sério Canalha e Écio Neva, que foram bem discretos. Outro figurão esperado para a noite, Zezinho Sierra, não apareceu; os produtores pediram desculpas porque, parece, esqueceram de mandar os convites para o nosso adorado tucano! Vamos aos babados: Diego Maynarggi era o favorito para o de inovação da imprensa, mas foi superado por Cakho Barcelona. Maynarggi, que já estava subindo no palco crente que ia receber o prêmio, se revoltou quando anunciaram o nome do concorrente, “A vitória de Barcelona demonstra o domínio petralha sobre a organização do prêmio! Foi escolhido um jornalista alinhado com a ditadura lulopetista!”, gritava ele, tomando à força o microfone. O escândalo só parou quando seguranças arrastaram Maynarggi para fora da sala. Que papelão!

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Vírus Planetário - MAIO/JUNHO 2011

Suspense para a premiada Todo mundo já sabia para quem iria o prêmio da cultura, patrocinado pelo ÉCADI — menos a própria pessoa que ia receber! Todos olhavam para a ministra Ananias de Olhanda, que ficou “meio autista” brincando com as ervilhas do seu prato, até que chamaram seu nome. “Desculpa gente, mas acho que ando dormindo no ponto”, disse a premiada enquanto todos os empresários na plateia riam. “Queria dedicar esse prêmio aos artistas desse país, como a Maria Infâmia, que merecem uma lei mais justa de direitos empresariais... quer dizer, autorais!”.


Ele merece! Ele merece! O prêmio de inovação em jornalismo vai para Cakho Barcelona, por seu “Emprego: Repórter”. O experiente jornalista revelou que o que se esconde atrás das câmeras é um simpático cameraman e o que se esconde atrás da notícia são dedicados repórteres andando de lá pra cá. A única falha do programa é que ele não consegue nos mostrar 24 horas por dia como os repórteres e câmeras fazem seu trabalho, o que pode gerar críticas de espectadores mal intencionados. Mas ele revelou seu novo projeto: um Big Brother só de jornalistas! Só assim para acabar com essas críticas de quem acha que são grandes corporações controlando a informação, ligando a TV e ver como o Cakho trabalha com os fatos! Seu programa sobre os canteiros de obra onde houve greves foi excelente, mostrando que os grevistas vivem muito bem surfando e recebendo por seu trabalho, e não tinham nada que cometer os atos de vandalismo por causa de uma simples briga com um motorista de ônibus! O Cakho merece: seu programa sobre as greves da construção civil em Jirau, Suape e outros buracos foi excelente, mostrando que os grevistas vivem muito bem surfando e recebendo por seu trabalho. 22 mil trabalhadores não tinham nada que cometer atos de vandalismo, ainda mais por causa de uma simples briga com um motorista de ônibus!

Al’doh Rebola Aldinho comemorou dançando o clássico do É o Tchan, “Segura o Tchan”.

Ganhador do prêmio de desenvolvimento agrário por suas propostas de modificações no Código Florestal atual. “O código atual é muito restritivo para os ruralistas, tanto que não era cumprido nem nas cidades nem no campo. É dever do Partidão defender os oprimidos, que nesse caso são os grandes produtores rurais desse país, que têm de enfrentar uma lei criada contra eles, leis trabalhistas restritivas e ainda têm de armar seguranças contra os temidos sem-terra”, afirmou Rebola ao receber o prêmio. “Sei que ainda é pouco para melhorar a situação dos ruralistas, que precisam de juros ainda mais baixos do BNDES, mais terras para plantio e mão-deobra mais barata (boias-fria estão caros), mas estou fazendo a minha parte”, concluiu o deputado, arrancando aplausos da plateia, principalmente de Régia do Arte.

Casamento real Gente, babado, gritaria e confusão! Enquanto a gentalha toda (que nunca nem passou perto de London) comentava o casamento da enjoada da Kate com o príncipe Wilian (que, por sinal, vai ficar careca logo, logo), o verdadeiro casamento bafônico foi outro. O plebeu Jairo Bolsonazi e o membro da realeza Sir Malafey aproveitaram a onda de união homoafetiva pra oficializar sua antiga união. Com a decoração mais luxo EVER, os pombinhos juntaram as escovas de dentes num clima super aconchegante e moderno. Em um porão cheio de simpáticas caveiras e materiais que produzem energia elétrica (para dar o clima de meia-luz), os noivos exibiram um figurino exuberante. Bolsonazi estava radiante usando sua linda farda do exército. E Malafey não esqueceu a bíblia abençoada na Terra Santa que sempre carrega embaixo no braço. Ah, a sacolinha do dízimo também não poderia faltar, mas, dessa vez, mais chique, feita à mão por costureiras francesas. Só ficou uma dúvida sobre um elemento estranho da decoração, que ninguém sabia exatamente para que servia. Eram duas madeiras, uma ao lado da outra, e uma paralela ao chão, ligando as duas. Parecia uma dessas barras que o saradões da minha academia usam pra manter o bíceps de boffyscândalo. Questionados sobre esse estranho objeto, os noivos preferiram não comentar. Só disseram que serviu para tornar os interrogatórios do governo militar mais eficientes. Tem fotos do casamento no face, gente! Não percam! E teve boatos que o BolsoNazi estava na pior. Se isso é estar na pior, pórrãn! Que que deve ser estar bem, né?

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algumas recomendações médico-artísticas Divulgação

Bula cultural

e s a r a r A , s a d n u B e r Ent

s a i d n â l y e n s Di

Por Seiji Nomura* Máscaras de carnaval, brindes do MC lanche, embalagens de cereal e o desfile da escola de samba do Salgueiro se reuniram em torno de um único tema, um filme com o singelo nome de “Rio”. Até o prefeito Eduardo Paes do Rio de Janeiro participou da promoção da animação, entregando as chaves da cidade para a o protagonista, um arara azul chamado ‘Blu’, e para o diretor, o brasileiro Carlos Saldanha — conhecido pela trilogia ‘Era do Gelo’. Segundo a Folha de São Paulo, a divulgação do filme foi o maior investimento dos estúdios Fox no Brasil, com investimento de U$$74 milhões no mundo todo por parte de seus parceiros, sem contar a participação da estatal brasileira Rio Filme, que só no carro alegórico do Salgueiro investiu R$3 milhões. A expectativa em torno de “Rio”, portanto, é a de que seja não só uma história, mas também um cartão postal em 3D da cidade, que se prepara para receber a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016. Não dá pra descontar que como filme, “Rio” é uma narrativa cativante e que ‘Blu’ é um protagonista muito simpático. O arara é sequestrado ainda criança e levado para uma vida pacata em Minnesota com sua dona Linda. Quando descobre que é a única esperança de sua espécie, Blu volta para sua terra para se encontrar com Jade, a última fêmea entre as araras azuis. No meio do embalo, os dois vão parar novamente nas mãos dos contrabandistas de aves. A ‘base’ dos vilões da história, como não podia deixar de ser nesses filmes ‘pra gringo ver’ sobre o Rio, fica em uma favela.

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Animação “Rio” tenta fugir do óbvio, mas reforça uma visão excludente de ‘cidade maravilhosa’ A aventura beira o musical e conversa constantemente com o carnavalesco. As cores e a dança saltam o tempo todo de lugares improváveis, como de cinzentas casas de uma favela ou de um segurança que rasga seu fino terno, revelando uma sunga purpurinada antes de cair no samba. O filme nos impõe um ritmo feiticeiro e sedutor, que afeta diretamente seus personagens. Pouco a pouco, tanto Blu como sua dona estão envolvidos por um encanto do Rio, deixam de lado a caretice de suas vidas no interior dos EUA e despertam para um lado vibrante, colorido e selvagem. Não há um segundo do filme que não seja recheado de paisagens ou atrações turísticas, saltando aos olhos de Blu ou de Linda. Eles aterrissam em um aeroporto que parece ser vizinho à praia de Ipanema, trafegam por casas do Centro Histórico com calçadas de Copacabana, enveredam por exuberantes florestas virgens – que ficam ao lado das espantosas favelas —, isso quando não estão no exuberante carnaval. Tudo o que se passa fora da história principal parece dirigido por uma agência de turismo, que teve o cuidado de contratar um bom diretor para que o filme não fosse mais um panfleto. Na telinha, a cidade vira uma Disneylândia de carnaval, samba, selva e mulheres rebolantes — além de um fascínio por uma pobreza malandra ou por nativos simpáticos.

*colaborou Pedro Henrique Barros


“ Olhares estrangeiros É difícil não se lembrar de outras produções estrangeiras sobre o Rio, como o episódio-incidente-diplomático dos Simpsons e filmes como ‘Feitiço do Rio’, Blame it on Rio, no original. Logo se percebe que a nova animação até que renova, mas muito pouco. Nessas narrativas, a cidade era a terra para onde fugiam os bandidos e os ávidos pelo turismo sexual, lugar onde as pessoas são menos ‘civilizadas’ e mais espontâneas ou onde driblam cobras no meio das ruas (ou onde mulheres amortecem pássaros em suas bundas), a maior parte disso está presente em ‘Rio’, sob uma roupagem diferente. É preciso tirar o chapéu para Carlos Saldanha pela sátira da ideia do turismo sexual e da ‘mulher fácil’, subvertendo a relação entre Blu e Jade, quando ele vem para o Brasil só para “se reproduzir” e acha que ela também pensa assim. Mas é triste a cena dos macacos roubando os turistas por diversão e ostentação, usando street dance para distraí-los. Se o Zé Carioca foi criado em tempos em que os estadunidenses instituíram a “política de boa vizinhança”, buscando afastar os países da América Latina da influência comunista através de pequenas concessões e agrados, Blu é criado em outro contexto. Agora, a grande razão para voltar os holofotes para o Brasil é o papel que o país vem assumindo como parte dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China, países que puxam o desenvolvimento

Não há um segu ndo do f paisage ilme que ns turís não este ticas, m ja reche as ele fo ado de ge de se r um pa nfleto”

do capitalismo mundial) e, no curto prazo, o maior filão para o grande capital são a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016. O Rio de Janeiro de “Rio”, depois que passa a sua narrativa simples, fica como mais um grande sonho a ser consumido por turistas, tal como é a ideia de uma savana em um país africano ou restaurantes chiques em Paris. Produções como essa ou as campanhas em torno das Olimpíadas e do “Rio, uma marca do Brasil”, além de publicidade, ajudam a justificar mudanças na organização da cidade e no direcionamento dos investimentos públicos e privados. É o caso de remoções na Vila Autódromo, na Lapa ou em outros pontos da cidade, bem como uma das razões para o enorme gasto com reformas no Sambódromo e no Maracanã, para citar alguns exemplos. Neste último, haverá redução maciça dos lugares disponíveis (A Veja coloca a previsão de que passará de 86 mil para 76.5 mil assentos) e aumento de preços — mostrando que as mudanças não se dirigem à maior parte da população carioca... Como mostram os investimentos do primeiro parágrafo, o alvo das imagens também são os que vivem no Brasil. Os cariocas do filme não são servos estúpidos e nem completos selvagens irracionais, são sim sedutores e

espertos, belos e corajosos — ainda que um pouco desajeitados — muito como nós gostaríamos de nos ver. Refletem o que cada um de nós pode ser, ao se integrar ao circuito da globalização e do turismo, lucrando com a vinda dos estrangeiros ou arrumando um emprego em um hotel ou agência ou simplesmente recebendo alegremente os novos visitantes. O que não é exibido na tela é que todo esse processo exclui a maior parte da população ao menos parcialmente, reservando o grosso do lucro para grupos empresariais. A maioria dos cariocas só assistirá aos jogos olímpicos através da TV, como é o caso do carnaval do sambódromo. Na hora de sermos gentis com os turistas, de votarmos ou de comprarmos nas empresas, todos somos cariocas ou brasileiros. Quando o assunto é definir as prioridades do Estado ou das empresas privadas, ou no mínimo uma socialização dos lucros, só alguns de nós participamos da “festa”. Longe de ser exceção, é a regra do capitalismo internacional, insustentável e desigual.

Esse cenário maravilhoso que a ararinha azul Blu admira é maravilhoso para todos?

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Bula cultural

algumas recomendações médico-artísticas

Do outro lado da fronteira sada -violência foi u ão n a , s” ru d u Em “B lo do mais um capítu para solucionar no-israelense conflito palesti

Por Daniel Israel Ayed Morrar e Júlia Bacha dão o tom no documentário “Budrus”, dentro de um formato de produção independente (com baixo orçamento e sem o financiamento de algum estúdio), contou com a própria Júlia, Ronit Avni e Rula Salameh. Ayed é um militante pacifista e representa o vilarejo, situado na Cisjordânia, que serve de título à obra; e Bacha é a diretora, brasileira, que estudava História do Oriente Médio na Universidade de Colúmbia e já tinha feito outros documentários sobre a região. Mas Júlia também estava se preparando para começar o Mestrado na Universidade de Teerã, quando soube que não obteria o visto do governo local, depois de esperar um ano. Então, ela aceitou o convite para editar 250 horas de gravação, material da AlJazeera (rede muçulmana de televisão, com sede no Catar), que resultaram no documentário “Sala de controle” (2004). Em seguida, veio “Ponto de Encontro” (2006), do qual ela foi co-diretora com Ronit Avni. Até que, em 2009, Júlia, Ronit e Rula lançaram “Budrus”, que retrata a história de um movimento não-violento surgido em um vilarejo palestino cuja população estava prestes a ver sua principal fonte de renda – a plantação de oliveiras – ser destruída por tratores do Exército de Israel.

de criar uma força-tarefa que fosse capaz de se opor, sem violência, ao avanço devastador das máquinas que estavam a serviço do Exército – e não menos do Estado – de Israel, Morrar obteve um feito nunca alcançado por qualquer governante, israelense ou palestino.

trilhar o caminho da resistência não-violenta”. Nem por isso, deixou de haver derramamento de sangue, devido aos tiros e bombas jogados pelos militares israelenses, que em contrapartida recebiam pedras e palavrasde-ordem. A toda tentativa de parar os tratores usados na destruição das oliveiras, homens e mulheres, jovens e idosos eram interpelados de forma brusca pelos soldados.

O desequilíbrio de forças nos permite entender que há muito chegou o momento da fundação de um Estado Nacional Palestino.”

Diante desse drama, Ayed Morrar, que no documentário e no cotidiano representa a resistência palestina em Budrus, conseguiu o apoio de militantes israelenses a esta causa, além de neutralizar qualquer divergência entre os próprios palestinos, sobretudo nas figuras do Hamas e do Fatah. Com o intuito

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A articulação com judeus israelenses, ativistas dos direitos humanos como ele, junto com moradores de Budrus e vilarejos próximos e membros do Fatah e do Hamas, impediu a destruição das oliveiras e a construção de uma cerca que passaria dentro de Budrus, se estendendo pela escola e cemitério locais. Ao fim de tudo, foi alcançado o propósito de Morrar. Em discursos ao longo do filme, ele enfatiza que “é do interesse do povo palestino

O desequilíbrio de forças nos permite entender que há muito chegou o momento da fundação de um Estado Nacional Palestino, afinal, ainda hoje, este é o sistema político que rege a vida dos povos soberanos. E se a soberania pode não assegurar a um povo que o governante de outro país invadirá as suas terras, para Ayed Morrar a não-violência continua sendo a melhor, ou única, solução para qualquer conflito. Até porque, como ele diz, “é preciso esvaziar nossas mentes do pensamento tradicional”.

Acesse nosso site: www.virusplanetario. com.br para mais dicas de documentários e vídeos relacionados a Budrus


Indicações Livro “A história das cores Escrito pelo subcomandante Marcos e ilustrado por Domitila “Domi” Domínguez, o livro relata o surgimento do mundo a partir de uma lenda dos povos nativos de Chiapas, no México, onde está refugiado o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). A obra está pautada no ideal de que “o mundo será alegre se todas as cores e todos os pensamentos tiverem seu lugar”. Marcos e Domi apresentam ideias antiglobalização, dentre as quais a preservação cultural dos povos originários.

Caravanas Euclidianas

Projeto organizado pelo jornalista Noilton Nunes e exibido na TV Comunitária do Rio de Janeimoram em regiões que jovens ro apresenta a carentes e estudam em escolas públicas a importância da obra “Os sertões”, de Euclides da Cunha. Eles têm contato com o processo de transformação pelo qual passou o autor, que, no início da repressão à Vila de Canudos, chegou a apoiar o governo brasileiro. Ao final do encontro, cada estudante recebe um exemplar do livro.

Contraindicações Banco da Árvore

Neutralize suas emissões diár ias de gás carbônico – que não é o principal poluente da atmosfera, mas o gás metano (CH 4) – ao comprar créditos de carbono e bancar – literalm ente – a compensação pelo ar condicionado ligado ou o carro usado para trabalhar. Este é o lema da aberração acim a, só que, como o ecocapitalismo não existe, afinal ou o indivíduo adota uma postura ecológica, ou capitalista, o Banco da Árvore é obra de alguém que queria lucrar da forma mais rápida. Ainda assim, a pior parte fica por con ta da instituição que audita essa anomalia: a Escola Sup erior de Agricultura Luiz de Queiroz, vinculada à USP. Olh e para a esquerda antes de ir a fundo em www.bancodaarvo re.com.br.

POSOLOGIA ingerir em caso de marasmo ingerir em caso de repetição cultural ingerir em caso de alienação manter fora do alcance das crianças nocivo, ingerir apenas com acompanhamento médico extremamente nocivo, não ingerir nem com prescrição médica

Desde 1952, os livros que inspiram as cabeças do mundo estão aqui.

Manifesto Ecossocialista Como se vê, o documento é uma crítica ao “desenvolvimento sustentável” defendido pelo sistema capitalista. Como escreveu Leonardo Boff, “não pode haver sustentabilidade e desenvolvimento econômico”. Militantes como o escritor Michael Löwy são signatários deste documento, que, em seu segundo parágrafo, sustenta que “as crises ecológicas e o colapso social deveriam ser vistos como manifestações diferentes das mesmas forças estruturais”. Para ler, acesse o link: http://va.mu/DRv

Livraria Livros do Mundo desde 1952 Av.Rio Branco, 185, subsolo, Centro. Rio de Janeiro - Tel. 21 - 2533-2237

www.leonardodavinci.com.br


mundo

Aonde foi parar

a mudança? Política externa dos EUA, “consagrada” com morte de Bin Laden, revela que a mudança de Obama, eram apenas cartazes muitos bonitos, mas enganosos.

Por Rodrigo Santaella Deus pela existência do presidente Obama e parabenizando veementemente o presidente. Era óbvio. Em algum momento conseguiriam matar Osama Bin Laden. Não vejo nada de tão surpreendente ou especial no evento em si. Já os reflexos que essa morte gerou na sociedade norte-americana – as reações, as comemorações, o discurso do presidente, etc. – merecem reflexões mais cuidadosas. As motivações e desdobramentos de toda essa comoção social, que lembra a comemoração da vitória de uma guerra, podem dizer muito sobre os próximos passos da política externa dos EUA, e consequentemente do jogo da geopolítica mundial.

O outro viés do discurso presidencial, e talvez o mais assustador, é o da busca incessante por novas desculpas para continuar o processo de invasão, massacre, ocupações – sem esquecer é claro do enriquecimento e acumulação – dos Estados Unidos no Oriente Médio. As desculpas, principalmente no mundo atual onde a informação circula de forma absurdamente rápida, não têm um prazo de validade muito longo. Bin Laden já estava esgotando o seu, e a prova disso é que a captura e o assassinato do terrorista não abriram espaço, em nenhum momento, para um discurso de amenização da “guerra ao terror”. Agora é preciso “nos manter vigilantes”, “continuar na caça dos terroristas”, “lutar dia após dia pelos valores americanos”, etc. Começam a surgir teorias que oportunamente mostram que Bin Laden não era mais a cabeça pensante da Al-Qaeda, e que o egípcio Ayman al-Zawahiri já liderava a organização há algum tempo. Ele, seguramente, passará ao estrelato mundial como novo grande alvo, nova justificativa para o que quer que seja.

É assustador ver milhares de pessoas nas ruas celebrando apaixonadamente a ‘vingança norteamericana’.”

O discurso do presidente Obama teve um duplo objetivo. O primeiro é o de estabelecer a morte de Bin Laden como uma vitória justificadora de todos os esforços da última década. Foram mais ou menos 920 mil mortes, dez anos de esforços militares e duas guerras “convencionais” para se chegar à morte do terrorista. E agora, tudo isso é justificado logo pelo presidente que, em sua campanha, tanto criticou os gastos, as mortes etc. Beira ao ridículo perceber como uma questão que era combatida na campanha eleitoral passou a ser, com a morte de um homem, o maior instrumento de propaganda do atual governo norte-americano. Talvez se trate de uma boa lição para os que ainda creem que os democratas podem trazer uma esperança plausível de uma política minimamente progressista nos Estados Unidos. Neste sentido, é bastante pedagógico para os crédulos que dois expoentes da ultra-direita norte-americana, Rush Limbaugh e Glenn Beck, amanheceram, em seus respectivos programas de rádio, agradecendo a

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Entretanto, dentre tudo que trouxeram essas quase 24 horas passadas desde a morte de Bin Laden, o mais assustador é a reação da sociedade norte-americana. É assustador ver milhares de pessoas nas ruas, muitas delas muito jovens, que eram crianças em 2001, celebrando apaixonadamente a “vingança norte-americana”, a “justiça que foi feita”. Algumas situações denunciam o perigoso processo de “fascis-

tização” da sociedade norte-americana: a veemência da comemoração – os gritos de “USA, USA, USA” vararam a madrugada – e os pedidos para que o jogador de basquete Chris Douglas-Robert, saísse do país por ter se recusado a comemorar a morte de Bin Laden. A população do país mais poderoso do mundo dá sinais de que segue caminhando em direção a um destino bastante perigoso, no qual a aniquilação do outro é o horizonte permanente. Morre Osama Bin Laden, mas mantêm-se vivos os fundamentalismos do mercado e da religião. Com as celebrações, a sociedade dos EUA não só coaduna com essa manutenção, como fortalece esses fundamentalismos. Em tempo: em um mundo onde tudo é mercadoria, lê-se a seguinte manchete: “Bolsas e petróleo em alta após a morte de Bin Laden”. Retratos de uma sociedade que é a caricatura dos tempos em que vivemos. Pouco mais de um mês antes da declaração da morte de Osama Bin Laden, no dia 18 de março, véspera da chegada de Barack Obama ao Rio de Janeiro, centenas de manifestantes marcharam até o Consulado norte-americano. Acesse nosso site para saber como foi a prisão por três dias de 13 manifestantes, relatadas nessa história: http:// va.mu/DqD . A HQ ao lado conta um pouco sobre este fato. Será que ao ver tamanha astúcia de Cabral América aqui no Rio, Obama mandou nosso glorioso herói para matar Bin Laden? Charge: Carlos Latuff


Por Clóvis Lima

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esportes Foto: Caio Amorim

ENTREVISTA:

Petkovic Há exatos dez anos, Petkovic fazia o gol de falta que ia dar o tri-carioca para o Flamengo e lhe consagrar como um dos maiores ídolos da história rubro-negra. O que Pet não imaginava é que ia também ser ídolo de outras duas grandes torcidas cariocas, a tricolor e vascaína. Prestes a fazer seu jogo de despedida pelo Flamengo, marcado pra dia 5 de junho contra o Corinthians, Pet falou sobre socialismo, sua vida na Sérvia e as mudanças no futebol.

Como você está vendo a preparação do Brasil para os eventos esportivos?

Por Caio Amorim e Vinicius Almeida Como foi viver em um país socialista? Como você se definiria politicamente? Petkovic: Quando eu era criança, era muito bom para viver. Porque você não tem preocupações, só se diverte e vai à escola. E a vida socialista é boa porque todo mundo vive bem, os impostos são todos aplicados realmente nos serviços sociais. Todo mundo vive da mesma maneira, tem um bom salário. E essa é a parte boa vivida por algum tempo. Mas muito em breve, a região da Iugoslávia se tornou toda capitalista, e nossa maneira de vida começou a incomodar. Todo mundo tinha terminado a escola, tinha emprego , mas o mundo começa a se globalizar e você quer ser melhor, quer ter mais. Quando aconteceram as mudanças, começaram os interesses econômicos, políticos, e aí criou-se a desestabilidade no país. Começaram os problemas da etnia, da religião, uma avalanche. A Sérvia é um país que agora quer privatizar as coisas, virar capitalista. Todas essas mudanças, que já nos últimos 20 anos aconteceram, conturbaram muito o país e geraram muitos danos às pessoas, no seu modo de viver. Eu não me defino porque eu não sou membro

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de nenhum partido político nem na Sérvia, nem aqui. Mas eu sou um cidadão que quer o melhor para a cidadania. No mundo ideal, o socialismo é perfeito. Então, vamos dizer que seria ideal se a gente vivesse em um mundo que todo mundo trabalha, tem a mesma pró-atividade e que sejamos todos

Eu me orgulho do muito de ter si as ídolo das torcid asco do Flamengo, V e Fluminense.”

iguais. Temos que dar as mãos uns aos outros, querer ser iguais em direitos de aprendizagem, de ter acesso à informação, de ter a sua expressão de liberdade. Isso é o mundo socialista de verdade. Este é o mundo que seria muito bom, o socialismo destes direitos: do estudo, da informação orientação, livre expressão.

Petkovic: Acho que esses eventos, que vão ser grandes para o Brasil e para o Rio de Janeiro principalmente, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, estão indo em um ponto fundamental desse crescimento, do Brasil como país e potência mundial da economia. Vai ser gasto o dinheiro público e, obviamente, vai ter desperdício em algumas coisas, gastos exorbitantes, como acontece nos outros países, mas há resultado final. Isso é fundamental. E eu acredito, claramente, que o Brasil vai conseguir isso. Que o Rio de Janeiro, principalmente, vai conseguir se tornar a cidade maravilhosa em todos os sentidos, depois das Olimpíadas. A infra-estrutura no Rio de Janeiro até hoje não acompanha esse sinônimo de maravilhosa. Essas Olimpíadas vão puxar isso. O importante é que não seja ruim e que a gente comece a progredir..

A que você atribui ao fato para você não ter sido bem recebido por todas as torcidas por onde passou? Petkovic: Primeira coisa que eu me orgulho muito é ter sido ídolo de três torcidas (Flamengo, Vasco e Fluminense) do Rio de Janeiro, isso não é fácil. Confirmando a tese de que tem essa admiração por meu trabalho, tantos anos desse privilégio, é em grande parte da minha conduta profissional, minha dedicação que conquistou admiração das torcidas e dos amantes do futebol. E também a competência tem que ir junto, porque sem ela, não há tanta admiração. Quando eu saí do Flamengo, eu não queria. Queria encerrar minha carreira no Flamengo. Mas eu tive que sair, e temia a recepção do


Pet em ação por diversos times do Brasil. À direita, levanta o prêmio que ganhou como melhor meia esquerdo no Brasileirão de 2009. Fotos: site oficial - www.petkovic10.com

Vasco, porque estava sendo chamado de “carrasco do Vasco”. Mas fui muito bem recebido lá. Depois fui para o Fluminense, mas lá já foi mais natural a minha ida. Porque eu fui quando voltei da Arábia, é diferente. E agora, estou vivendo esse momento nove anos depois, vou encerrar minha carreira no Flamengo.

Você falou desta mudança, como você enxerga os interesses que muitos empresários têm nesses times,como você enxergou isso ao longo da sua carreira? Petkovic: O futebol também sofreu mudanças desde a minha chegada aqui, como tudo. Mudou com a lei Pelé,e agora, o futebol brasileiro já se tornou competente até na parte econômica, que antes não era. Tinha muito pouco dinheiro e, agora, tem mais investimento. Tem protegidos em todas as áreas, os que levam mais e melhor. Se gosta de um jogador e do outro não se gosta. A livre expressão e paixão pelo futebol leva todos nós a darmos pitacos, somos técnicos, fazemos melhor, discutimos o futebol. Todo brasileiro entende e isso já tem no sangue.

Você acha que os clubes podem ajudar na educação dos jogadores? Petkovic: Claro! E estão fazendo. Vários clubes estão investindo em cursos de inglês para os jogadores, para aprender a falar, e se preocupam. Logicamente, não dá para fazer de uma hora pra outra, porque precisa criar essa infraestrutura.

Você se considera um jogador melhor por conta da educação que você teve na Europa? Petkovic: Muitos craques e ex-craques não tinham isso, mas tinham um dom. A parte física conta muito. Você pode ser o malabarista da bola, mas se não tem preparo físico, não dá. Então, tem que haver treinamento, tem que melhorar as suas competências também junto a um grupo. É um conjunto, você tem que ter velocidade, corte, arranque. Precisa saber conviver com o seu companheiro, aceitar o erro dele e concordar com as suas virtudes e vice-versa.

Falando um pouco da sua carreira, quais são seus planos? Você pretende ser dirigente? Fale sobre o documentário sobre sua vida. Petkovic: O documentário foi lançado na Sérvia no dia 4 de maio e, no Brasil, vai ser dia 26 de maio. Esse é o planejamento mais breve, mais recente. Depois, a despedida do Flamengo vai acontecer aqui, vai acontecer na Sérvia também. Aqui, e na Sérvia também contra o Estrela Vermelha, no Marakana (estádio de Belgrado nomeado em homenagem ao estádio carioca), a data não foi definida ainda, mas já está se falando sobre isso. E, bom, quando parar realmente, no futuro, vou ser um técnico e ver coisas como a honorífica e cônsul honorário da Sérvia, como presidente da câmara de comércio.

na sua maneira de jogar, mas eles também foram exemplos na vida. E, hoje em dia, especialmente no Brasil, os jogadores estão mais profissionais. Acho que temos que substituir um costume ruim por um bom, mostrando exemplos positivos. Eu quero, no futuro, dar esse exemplo, eu quero que crianças se espelhem em mim, não só como o bom jogador Pet, mas também como o cidadão Pet, com uma vida social, profissional exemplar, um bom pai e um bom cidadão.

Temos que dar as mãos uns aos outros, querer ser iguais em d ireitos.”

Quais jogadores você considera que reproduzem esse exemplo de profissionalismo, de seriedade com o futebol, além da capacidade técnica? Você acha que é ídolo para novos jogadores de futebol? Petkovic: Meus ídolos foram Zico e Michel Platini. O Zico, além do jogador, também é uma pessoa muito boa que está um fazendo um trabalho maravilhoso como técnico, um exemplo a ser seguido. O Michel Platini também tem uma vida profissional muito boa depois da sua carreira como jogador, como diretor de futebol e comentarista esportivo na TV. Antigamente, eu não prestava atenção na conduta profissional de um ídolo, só

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O que pensa a grande imprensa?!

RAQUEL PAIVA E MUNIZ SODRÉ

A chacina e o pânico da mídia Hipocrisia de editores diante do massacre em realengo pode impedir a reflexão necessária sobre o papel da escola na sociedade

Raquel Paixa e Muniz Sodré são Jornalistas, escritores e professores da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Em seguida à tragédia da escola em Realengo, o advérbio “talvez” tornou-se o protagonista das narrativas jornalísticas sobre o acontecimento. Como na realidade são muito obscuras as causas reais do que se passou, a mídia tenta aplacar a angústia da motivação vazia com um sem-número de explicações oriundas dos discursos competentes (psiquiatras, psicanalistas, sociólogos, articulistas etc.) que, apesar de razoáveis construções argumentativas, redundam inevitavelmente no “talvez”. Acreditamos que não poderia ser de outra maneira: a passagem ao ato do serial killer é aquilo que os lógico-matemáticos chamam de “indecidível” quando se deparam com determinados problemas de computabilidade sem saída.

Pânico – e não medo – é o termo correto para o fenômeno. Embora seja preferencialmente utilizado nas situações descritas como “catastróficas” (terremotos, inundações, incêndios etc.), ele se espraia, entretanto, por modalidades diversas caracterizadas por intenso terror subjetivo e por temor contagiante de perigo. Não se define, pois, por um estado emocional específico, e sim por uma desestruturação de conduta, que tanto pode ser irruptiva (como quando se tenta escapar de um prédio que desaba) ou latente. O medo é outra coisa: desde O Leviatã (de Thomas Hobbes), é aquilo que mantém o vínculo pacífico e virtuoso dos homens, de tal maneira que o governante “deve dispor das forças necessárias para suscitar o terror que

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Opção dos editores O bullying, tema agora recorrente na mídia brasileira, é fenômeno muito antigo, que aumenta na razão inversa do decréscimo de autoridade dos professores. Autoridade não é poder coercitivo, mas o crédito disciplinar advindo de um reconhecimento que Estado e sociedade atribuem à docência. A crise dessa autoridade equivale à crise da educação enquanto processo de socialização dos jovens na direção de uma cidadania reflexiva e criativa. Na escola que apenas “informa” – tendência crescente na privatização do ensino, onde estudante é redefinido como “cliente” – a educação cede o lugar a uma ambígua “instrução”, sem qualquer ideal republicano.

Como essa instrução é efetiva junto aos filhos das classes abastadas e tende a “guetificar-se” em face de um mundo externo potencialmente “duro”, não se pergunta sobre crise de autoridade ou sobre violência latente. A violência se torna de fato irruptiva e endêmica nas escolas situadas em zonas “desfavorecidas”, onde é grande a amplitude das desigualdades sociais. A violência escolar é, assim, também um fenômeno da exclusão social. Apenas repercutir a superfície narrativa da tragédia é entregar-se à atração do pânico latente e perder a ocasião de refletir sobre o porquê desse excesso de violência contra a escola, lugar sobre o qual os antigos ideais educativos depositaram esperanças enquanto comunidade-máter da socialização republicana. Agarrar-se às metáforas da pura monstruosidade do assassino é a hipocrisia neoliberal dos editores.

Ilustração: Débora Vaz - www.rabiscosdadebora.blogspot.com

A partir desse vazio, a mídia resvala inadvertida ou deliberadamente para a instilação do pânico social. Na tentativa de exaurir o assunto antes que se esgote o ciclo (geralmente curto) de atenção pública inerente a um noticiário, os jornais esmiúçam detalhes, entrevistam vizinhos e autoridades, reconstroem topograficamente o itinerário da chacina. As revistas semanais carregam nas tintas retóricas do texto, à beira da sub-”literatura” cinematográfica. Na capa da Veja, o título “O monstro mora ao lado” é o pastiche aterrorizante de alguns blockbusters à disposição dos consumidores nas locadoras de devedês.

leve a vontade dos indivíduos à conformidade e à concórdia”. Estaria, portanto, como força agregadora, no próprio vínculo comunitário: “Longe de ser sem objeto, esse medo é o próprio objeto do desejo que funda o grupo e o confunde” (Daniel Sibony, psicanalista francês).


mundo >> meio ambiente Ilustração: Carlos Latuff

Vale a pena o risco?

A necessidade criada pelo consumo em excesso ea fragilidade do supost o “risco zero” das usinas nucle ares

Por Júlia Bertolini, Maria Luiza Baldez e Mariana Gomes Recentemente, o mundo se comoveu com um grande desastre natural que abalou o Japão. Devido ao terremoto, uma das principais centrais nucleares do Japão, localizada em Fukushima, foi afetada, causando um dos maiores acidentes nucleares da história. O acidente na usina de Fukushima levantou um sério questionamento: afinal, as usinas nucleares, que correspondem a menos de 3% de toda a geração de energia no Brasil, são realmente necessárias? O Greenpeace desenvolveu um estudo que levou em conta o atual panorama energético brasileiro e o PIB médio previsto para as próximas décadas. A organização chegou à conclusão de que o país precisará aumentar a matriz energética em, pelo menos, quatro vezes. Atualmente, as hidrelétricas possuem a participação mais significativa na geração de energia elétrica no Brasil, alcançando quase 80%, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). O presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Edson Kuramoto, argumentou que a diversificação da matriz energética brasileira é fun-

damental para suprir a demanda do país no futuro. “As usinas nucleares são importantes porque, a partir de 2025, quando o nosso potencial hidráulico se esgotar, o país precisará de alternativas que gerem energia em grande escala e que dêem segurança ao sistema elétrico nacional”, explicou. Isto é possível devido à riqueza do solo brasileiro que, segundo Kuramoto, possui a sétima maior reserva de urânio do mundo. Em termos energéticos, “é comparável ao pré-sal brasileiro”, completou. Os críticos ao uso desse tipo de energia dizem que não há como garantir risco zero no desenvolvimento nuclear. O que mais assusta é a gravidade dos acidentes. Um simples vazamento, por menor que seja, expõe a população ao risco de contaminação por radiação, que causa uma série de doenças como câncer, má formação fetal, aborto, síndrome gastrointestinal e problemas de sistema nervoso. De acordo com o Greenpeace, no caso de acidentes, a energia renovável tem uma grande vantagem. A organização afirma que, por mais que existam riscos de acidentes em uma hidrelétrica, é possível remediar os riscos e aproveitar a mesma área para outros fins. Isso não é possível no caso nuclear, já que os rejeitos são uma preocupação mesmo após a desativação de uma usina.

Ao contrário da geração de energia solar e eólica, as usinas nucleares não dependem de fatores externos para funcionar. “É preciso haver um suporte para substituir essas alternativas, que são intermitentes”, alega o presidente da Aben. Para coordenador da campanha de energia do Greenpeace no Brasil, Ricardo Baitelo, construindo usinas nucleares, o país tem de lidar com elas por cerca de 50 anos, e com seus rejeitos por milhares de anos. “Não existe uma solução arquitetônica e científica que garanta a estocagem desse rejeito por tanto tempo de uma maneira invulnerável para o meio ambiente”, esclareceu. Apesar de não dependerem de combustíveis fósseis e por isso não gerarem diretamente gases de efeito estufa, o lixo nuclear ainda gera muitas dúvidas. Há quem diga que mas são necessários milhares de anos e monitoramento para armazenar o lixo nuclear até que ele tenha se decomposto totalmente. Todo o material radioativo descartado das usinas em Angra fica armazenado dentro de reservatórios dentro do Complexo, porque não existe um destino final seguro para o material. Para Ildo Sauer, coordenador da pós-graduação em Energia do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), o governo deveria cancelar a construção da nova usina, Angra 3. Sauer afirma que investimentos em energia eólica, solar e de Vírus Planetário - MAIO/JUNHO 2011

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A energia nuclear é “ totalmente dispensável para o Brasil.”

biomassa, pequenas centrais hidrelétricas e um pequeno investimento em energia térmica são suficientes para atender a demanda brasileira prevista para 2040, já considerando os cálculos do IBGE de estimativa de crescimento populacional para daqui a 30 anos. O engenheiro nuclear disse ainda, em seminário na UFRJ dia 26 de abril, que as usinas nucleares previstas pelo governo federal custarão cerca de 40 bilhões de reais e que apenas metade desse valor investido em fontes renováveis seria suficiente para suprimir a demanda brasileira. Sauer ressaltou os riscos do armazenamento de lixo radioativo que hoje somam cerca de mil toneladas de lixo tóxico.

Smithers, solte os cachorros nesses ecochatos do greenpeace e nesse tal de Löwy

Alguns especialistas dizem que as regras de segurança brasileiras são consideradas eficazes, mas não são cumpridas e fiscalizadas com rigor, o que ampliaria os danos em caso de um possível acidente. Os treinamentos com a população que vive na área próxima à usina em Angra deveriam ser feitos a cada dois anos. No entanto, a maior parte da população nem sabe que eles existem e com que freqüência são realizados. Para aumentar a preocupação, já se admitiu que estão previstas as construções de outras usinas nucleares – mas não se sabe ainda com precisão onde serão instaladas e qual o montante do investimento. O presidente da Aben afastou a ideia de que as fortes chuvas e os deslizamentos, característicos de Angra dos Reis, possam afetar de algum modo o funcionamento das usinas. Para ele, a situação territorial de Angra não afeta a segurança. “Foi feita uma análise de risco de inundação, considerando fortes chuvas ou até ondas de cinco metros de altura e não há riscos de inundação nos prédios da usina. Há um estudo de deslizamentos das encostas que ficam por perto e, caso acontecesse um deslizamento, ele não atingiria a usina”, afirmou. A luta contra a energia nuclear no Brasil começou em 1990, quando ativistas e a população já se reuniam em volta da usina nuclear em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e tentavam impedir o que foi o marco inicial do investimento brasileiro em energia nuclear. A primeira usina nuclear brasileira fica há cerca de 320km de São Paulo, maior metrópole do país, e 190km do Rio de Janeiro. Atualmente são cerca de 170 mil moradores em um raio de 20km entre as duas usinas, Angra I e Angra II, e um único acesso terrestre para sair da região. Por um lado, a proximidade das usinas dos grandes centros permite a economia na distribuição da energia. Por outro, dificulta alternativas de emergência em casos de vazamento ou outros acidentes nucleares.

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O Brasil já possui a maior parte dos equipamentos para a instalação da terceira usina nuclear em Angra, fato extremamente criticado por ambientalistas.”

Desde o início do interesse nacional pelo desenvolvimento de energia nuclear, nos anos 50, o Brasil busca a tecnologia necessária na Alemanha, um dos primeiros países a rever seu programa nuclear depois do acidente ocorrido no Japão. A decisão de investir no desenvolvimento nuclear aumentou durante o período da ditadura militar, e em 1969, o governo delegou a Furnas Centrais Elétricas S.A a missão de construir a primeira usina nuclear brasileira. O contexto político era marcado pelas tensões da Guerra Fria e pela corrida nuclear entre EUA e União Soviética. Esse pode ter sido um dos fatores que influenciou o governo militar a autorizar a construção da segunda usina nuclear, em 1974. O início da “Era Nuclear Brasileira” ocorreu com o Acordo de Cooperação Nuclear entre Brasil e Alemanha, um ano depois. Em conseqüência do acordo, o Brasil já possui a maior parte dos

equipamentos para a instalação da terceira usina nuclear em Angra, fato extremamente criticado por ambientalistas. Para eles, isso significa que o país vai utilizar tecnologia já defasada e com riscos de acidentes maiores. Segundo o presidente a Eletronuclear, a inauguração de Angra 3 seguirá como prevista, em 2016, e o governo federal não deve reduzir ou descartar os investimentos nesse modelo de energia. Para o Greenpeace a geração de energia a partir de combustível nuclear representa um grande perigo para as pessoas e o meio ambiente. “No Brasil temos um potencial grande de todas as energias renováveis, principalmente eólica, biomassa e solar. A energia nuclear é totalmente dispensável para o Brasil e pode ser substituída por outras mais limpas, baratas e mais rápidas de se fazer”, protestou Baitelo. Segundo a organização, é um erro ressuscitar o Programa Nuclear Brasileiro.


Ilustração: Carlos Latuff

TA:

VIS E R T EN

Michael Löwy

Nascido em São Paulo e radicado na França, Michael Löwy é tido como um dos maiores intelectuais marxistas do mundo. Fundador do movimento ecossocialista, Löwy em entrevista para Vírus, expõe sua opinião acerca dos recentes acontecimentos no Japão na usina nuclear de Fukushima e propõe o ecossocialismo como única saída para a crise sócio-ambiental.

De que forma o ecossocialismo pensa políticas energéticas para grandes países como o Brasil? Michael Löwy: As políticas neoliberais obedecem exclusivamente aos interesses imediatistas do capital e do lucro. Há uma contradição insolúvel entre a lógica implacável da competição capitalista, que impõe a “expansão” ao infinito da produção, e os limites naturais do meio ambiente. O Brasil tem condições para uma política energética alternativa, saindo do ciclo infernal carvão – petróleo - energia nuclear. Existem condições ideais para se desenvolverem fontes de energia renováveis, como a hidroelétrica - sem projetos monstruosos e faraônicos como Belo Monte – a eólica, e a solar. Mas isto implica no controle público das empresas produtoras de energia, para permitir reorientar os investimentos e a tecnologia. A mudança de política energética é sobretudo uma questão de vontade política. É importante estabelecer um diálogo entre movimentos sociais urbanos, camponeses e indígenas. Há reivindicações comuns, como o desmatamento zero, para salvar a floresta amazônica da destruição promovida pelas multinacionais, madeireiras, o agronegócio, os latifundiários e outros parasitas. As hidroelétricas tem seu lugar, mas somente na medida em que não prejudiquem as populações ribeirinhas. Para sair desta opção entre a morte atômica e uma lenta asfixia pela mudança climática, é necessário uma ruptura radical com a lógica capitalista. O ecossocialismo representa uma proposta realista e concreta de transição energética.

Como você acha que os presidentes mais populares da América Latina pensam a questão energética? Michael Löwy: Existe nestes governos, que tem uma dinâmica progressista e popular, uma contradição entre seu discurso, ecológico e anti-capitalista, e uma política pragmática de exploração das energias fósseis tradicionais. Obviamente, não se pode exigir que Evo Morales ou Chavez deixem de um dia para outro de explorar estas energias que fornecem o essencial das entradas em divisas para o pais. Mas falta uma política con-

O ecossocialismo representa uma proposta concreta de transição energética.”

sequente de diversificação das fontes de energia. Até agora, a experiência mais interessante é a do Parque Yasuni no Equador: sob pressão dos movimentos indígenas e ecológicos, o governo do presidente Correa decidiu que o petróleo de Yasuni ficara no sub-solo - com a condição de que os países ricos assumam a metade do preço deste petróleo (o que até agora esta longe de ser o caso).

Você acha que o desastre em Fukushima pode trazer mudanças na política energética mundial? Por que o desastre de Fukushima pode ter mais impactos políticos no ocidente do que Chernobil ? Michael Löwy: Esta tragédia irá, sem dúvida, reforçar os movimentos anti-nucleares em todo o planeta, obrigando alguns governos a abandonarem progressivamente a opção nuclear, que se revelou perigosa. Ao que parece, já é o caso da Alemanha. O risco é que, no quadro capitalista, o abandono do nuclear seja acompanhado de uma intensificação da exploração das energias fósseis responsáveis pelo aquecimento global, como o carvão e o petróleo. Fukushima é uma verdadeira virada na história da energia nuclear. O acidente de Chernobil foi atribuído pelo lobby nuclear e pelos governos capitalistas ao atraso tecnológico da URSS e seu sistema burocrático de gestão. Fukushima são centrais nucleares “modernas” e a companhia japonesa proprietária destas usinas é uma das maiores empresas privada do mundo. Já não ha desculpa, é o próprio sistema de energia nuclear que está em jogo.

No caso de um país como o Japão, a energia nuclear é realmente a única escolha? Michael Löwy: De forma alguma! O Japão poderia instalar em seu entorno marítimo grande quantidade de moinhos eólicos, alem da energia solar. Nada disso foi tentado, os vários governos do pais que mais sofreu com a energia atômica (Hiroshima) construíram centrais nucleares em grande escala, com o resultado que se vê.


ENTREVISTA INCLUSIVA:

Para construir um mundo melhor, é preciso construir uma outra comunicação. Na edição comemorativa da Vírus Planetário, decidimos entrevistar um dos principais agentes nesta luta, Cláudia Santiago e Vito Giannotti, idealizadores e coordenadores do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), que completa 20 anos de existência ano que vem. Dedicados a aprimorar e criar iniciativas na área da comunicação popular, os membros do NPC realizam cursos, palestras e debates sobre o tema, além de produzir boletins, jornais e livros destinados aos trabalhadores. “Nossa pauta é ampla, não podemos fazer o jogo da grande mídia”, afirma Cláudia Santiago, “nós temos que tratar dos temas que interessam aos trabalhadores”. Para Vito Giannotti, muitos setores da esquerda não compreendem que sem comunicação não existe mudança de sociedade. “A visão do [teórico marxista] Gramsci sobre hegemonia é muito clara: convencimento e força. Convencimento é ganhar a cabeça e o coração das pessoas, e isso só se dá pela divulgação e difusão das suas ideias, da melhor forma possível”, explicou ele. “Só temos duas saídas: ou ficar chorando e lamentando que a mídia não nos dá espaço; ou fazermos a nossa imprensa”, arrematou Giannotti. Além de cartilhas, cursos de comunicação popular e outras atividades de luta pela democratização da comunicação, O NPC acaba de inaugurar a livraria Antônio Gramsci no térreo do mesmo prédio de sua sede na Rua Alcindo Guanabara, 17 na Cinelândia, Rio de Janeiro

Por Caio Amorim, Daniel Israel, Mariana Gomes e Seiji Nomura Como foi sua chegada ao Brasil? Como foi sua chegada ao Brasil? Vito Giannotti: Eu vim com um grupo que ti-

Vito vim com um grupo que tinha umGiannotti: misto de Eu idealismo político e religioso, nha um dede idealismo político e religioso, típico damisto década 1960. Nós andamos por vátípico da década de 1960. Nós andamos por vários países do mundo – Israel, Jordânia, França, rios países do mundo – Israel, Jordânia, França, Itália. E tinham dois brasileiros nesse grupinho. Itália. E tinham dois brasileiros grupinho. Em 1966, eles estavam voltandonesse ao Brasil, e eu Em juntei 1966, eles estavam voltando Brasil, ee coeu me a eles. Eu gostei, acabeiao ficando, me juntei a eles. Eu gostei, acabei ficando, e começamos participar da luta contra a ditadumeçamos a faculdade participar da contra a ditadura. Eu fazia na luta Itália, mas tínhamos ra.ideia Eu fazia faculdade na Itália, mas tínhamos a de que, para fazer uma transformação a ideia de que, para uma transformação real, tínhamos que fazer ser operários. Decidi ser real, tínhamos ser operários. Decidi duser metalúrgico em que São Paulo, onde trabalhei metalúrgico em São Paulo, das onde trabalhei durante cinco anos. Participei várias lutas dos rante cinco anos. das várias lutas dos metalúrgicos, eraParticipei um sindicato dominado por metalúrgicos, era um da sindicato dominado por pelegos, interventores ditadura, amigos dos pelegos, interventores daNós ditadura, amigos dos militares e dos patrões. nos constituímos militares e dossindical, patrões.tentando Nós nospuxar constituímos como oposição as lutas como oposição sindical, tentando puxarpessoas, as lutas na categoria. Como milhares de outras na categoria. de outrasemprego, pessoas, fomos presosComo váriasmilhares vezes, perdemos váriasEu vezes, perdemos emprego, fomos presos torturados. sempre fui apaixonado fomos torturados. sempre apaixonado por leitura e um dosEu poucos quefui tinha estudado por leitura e umentão dos poucos quea tinha estudado em faculdade, comecei ajudar a fazer em faculdade, então panfleto. comecei a ajudar a espefazer boletim, jornalzinho, Acabei me boletim, jornalzinho, panfleto. Acabei me especializando em comunicação. cializando em comunicação.

Foto: Seiji Nomura

Cláudia Santiago e Vito Giannotti


No capitalismo não haverá democracia na imprensa, porque ela é o pé do sistema.”

O que você acha dos militares que dizem que não houve tortura na ditadura? Eles dizem que precisa haver julgamento dos “terroristas”. O que você acha disso? Vito Giannotti: (risos) Esses militares são torturadores, assassinos, esquartejadores, estupradores, que fizeram isso com muito prazer. Como, no Brasil, nada foi apurado, todos os torturadores foram promovidos, estão ganhando bem, com a vida tranquila. É claro que eles vão dizer que não teve tortura. Mas não teve só tortura, teve morte, esquartejamento. Todo preso político era torturado. O meu amigo Olavo Hansen, químico de Santo André, foi preso numa manifestação durante o Primeiro de Maio e o corpo foi achado quatro dias depois, esquartejado e queimado, dentro de um carro jogado em um córrego em São Paulo. Isso aconteceu porque ele não quis falar nada. O que eles chamam de terroristas, eram lutadores contra um regime ditatorial que usurpou a democracia no Brasil. Esses lutadores já foram mais do que satisfatoriamente julgados, presos, mortos e esquartejados. Os agentes que, a serviço do Estado, perseguiram, prenderam e mataram brasileiros e brasileiras é que não foram julgados. Esses estão impunes por aí com belas aposentadorias.

Vocês acham que a novela do SBT cumpre o papel de exibir o que nunca foi mostrado?

nho, é uma proposta comercial da emissora, embora possa haver ideologia no trabalho do autor.

Claudia, como foi trabalhar tantos anos na CUT? Claudia Santiago: Na imprensa sindical você tem que aprender a fazer tudo, campanha de sindicalização, panfleto, cartaz. Houve um tempo em que fazíamos cartazes com mensagens políticas no Rio de Janeiro uma vez por semana, hoje em dia isso é difícil. Era muito bom ver nossas mensagens nos postes. Eu tinha uma identificação total com a política da CUT. Outra coisa que eu gostava muito era de conhecer a classe trabalhadora como um todo. Eu me sentia em casa em qualquer sindicato filiado à CUT. Me relacionava muito bem com todo mundo, principalmente com os gráficos. Era outro tempo da comunicação, mandávamos os textos feitos na máquina de escrever, ele fazia as tiras compridas, cortava, ficava esperando de madrugada para entrar na fila até liberar o material. Eu ficava esperando com minha filha pequena no colo. Era um processo muito completo o que o jornalista sin-

Acho que os militares vão colocar uma bomba no SBT, tudo pode acontecer, vindo deles.”

Vito Giannotti: Sim, mas eu acho que não vai até o fim. É uma belíssima novela, mas eu acho que os militares vão colocar uma bomba no SBT. Tudo pode acontecer, vindo de quem prendeu, estuprou, matou.

Você acha que hoje o jornalista trabalha pra uma empresa e não por um ideal?

Claudia Santiago: Eu gosto do autor Tiago Santiago desde quando ele escrevia Os Mutantes, da TV Record. A maneira como ele abordava o tema da polícia n’Os Mutantes já revelava o que ele pensa sobre a ditadura. Ele mostrava a tortura, a repressão aos mutantes, que eram os “diferentes”, que em Amor e Revolução são os revolucionários. Não acredito que o SBT tenha ficado bonzi-

Claudia Santiago: Acho que houve uma grande virada no perfil do jornalista, mas isso não é recente. O jornalista da época da ditadura, hoje está na imprensa alternativa. Ainda tem pessoas com esse perfil segurando à duras penas nas grandes redações, mas num quadro geral, o jornalista é muito integrado com a empresa onde trabalha. E isso se reflete no dia-a-dia, porque ele não participa

dical tinha com as etapas de produção naquela época. do sindicato dos jornalistas, dos movimentos sociais. Ele se forma e informa também por essa empresa de comunicação, e isso faz com que ele não se diferencie, ele também consome a informação que ele produz. Então ele não é mais um pensador diferenciado.

Como e quando você saiu da CUT? Claudia Santiago: Minha vida foi a CUT durante 20 anos. Eu brigava pela área de comunicação da CUT e pensava ela como um todo. Eu era a Claudinha da CUT. Não saí por briga política, ao contrário. Uma semana antes da minha demissão eu participei do 1º de maio em Bangu. Minha demissão foi uma surpresa. Me ligaram numa sexta-feira e me disseram “preciso que você venha pra assinar sua demissão”. Foi muito feio, eles disseram que não ia ter mais imprensa na CUT e demitiram todo mundo alegando falta de dinheiro. Queriam que eu fosse terceirizada, sendo que nós tínhamos acabado de começar uma luta contra as terceirizações. Eu não aceitei porque não acho que as coisas podem ser tratadas dessa maneira, e se havia uma crise financeira, isso tinha que ter sido conversado com os trabalhadores do setor para chegarem a uma decisão.

O que você acha da CUT hoje? CS: A CUT tem em seu estatuto uma definição muito clara da luta pelos interesses imediatos dos trabalhadores. Ou seja, desde o bebedouro que não funciona, ao salário, o assédio moral. Entre esses há os interesses históricos, que é a luta geral pelo socialismo. A CUT tem muito disso ainda, mas precisamos ver quem criou a CUT. As pastorais, os grupos marxistas, os sindicalistas de oposição. Foi uma luta muito bonita contra a ditadura, pela democratização dos sindicatos, contra uma estrutura sindical muito atrelada ao Estado, herdada de Getúlio Vargas. E essa CUT chegou ao governo. O projeto político deles venceu as eleições. Num dia essas pessoas eram Vírus Planetário - MAIO/JUNHO 2011

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ENTREVISTA INCLUSIVA_Cláudia Santiago e Vito Giannotti

O governo brasi leiro poderia ter feit o muito mais na área da comunicação.”

tra-hegemônica. Em pouco tempo passamos a dar cursos de comunicação para sindicatos, e pelo jeito o pessoal gostou. dirigentes sindicais e no outro elas viraram representantes de um governo. Ou seja, deixou de ser sindicalista e virou representante do empregador. E isso gerou uma confusão bem grande na CUT. O que eu sentia era uma preocupação em se manter uma entidade combativa, mas os esforços para não desgastar o governo são muito maiores, essa é a maior preocupação. E isso faz com que haja muitos problemas em diversos momentos, como foi há pouco tempo com a vinda do Obama. O secretário geral da CUT estava participando da construção do ato contra o Obama, mas depois a CUT se retirou. Eles vivem esse dilema o tempo todo.

Como nasceu o NPC? Vito Giannotti: O NPC nasceu da necessidade de os trabalhadores poderem comunicar suas ideias livremente. Nossa ideia foi batalhar para melhorar essa comunicação. Para os trabalhadores poderem divulgar suas ideias, fazer a disputa. Porque, se um material midiático for bonito, bem feito, com o conteúdo que os trabalhadores querem, é o grande instrumento para disputar com a mídia comercial. Começamos juntando as experiências da Cláudia, que vinha de cinco ou seis anos na imprensa sindical, com a minha, que era um prático. Começamos a desenvolver atividades de formação em comunicação sindical, popular e con-

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Claudia Santiago: Quando eu saí da CUT, o NPC cresceu muito, porque a energia toda que eu gastava lá comecei a gastar no Núcleo. Eu fui uma das idealizadoras, porque acredito que os trabalhadores precisam ter sua própria imprensa. Acho que no capitalismo não haverá democracia na imprensa, porque ela é o pé do sistema, eu acredito na Vírus Planetário, em projetos desse tipo. Um dos objetivos do Núcleo é ser uma imprensa dos trabalhadores, onde eles podem falar o que pensam e o que querem. E essa imprensa tem que refletir toda uma sociedade que interesse aos trabalhadores. No filme Rio, por exemplo, onde estão as pessoas más? Na favela. E a imprensa dos trabalhadores é o contraponto disso. Eu acredito que filmes desse tipo não vão deixar de existir, então temos que desconstruir essa subjetividade. Além disso, precisamos ter uma imprensa que se comunique com os trabalhadores, a linguagem tem que ser subordinada à capacidade de compreensão do leitor, e a esquerda trabalha pouco essa questão.

Qual é a sua opinião sobre a cobertura da mídia no caso das crianças que foram executadas em Realengo? Claudia Santiago: A cobertura desse caso foi mais do que vender notícia. Houve omissão uma série de informa-

ções sobre como chegou-se a esse ponto. Além disso, o entorpecimento que isso causa nas pessoas é criminoso, porque elas ficam presas às imagens daquele espetáculo que se deslocam do seu dia-adia real. É um tempo perdido, quando se podia estar pensando na sociedade que gera esse comportamento. Essa cobertura leva as pessoas a uma não-ação nesse raciocínio. Sabemos que a solução não é colocar grade nas escolas, mas a mídia leva as pessoas a pedirem sangue, a reduzir a idade penal, a sugerirem pena de morte. E as pessoas não raciocinam sobre o tipo de sociedade que gera esses acontecimentos, sobre os problemas de saúde mental no Brasil. Criam-se estereótipos e aumenta-se o discurso reacionário da população. Vito Giannotti: Não vejo qualquer coisa de excepcional. Uma pena que tenha sido em Realengo, que fica em uma área periférica do Rio de Janeiro, porque fica mais fácil justificar medidas repressivas, a exemplo da UPP e das ações do Bope. Nada tem a ver, especificamente, com a violência na cidade. O que aconteceu naquela escola pode acontecer em qualquer parte do mundo. Qual é o objetivo da mídia? Aumentar a necessidade de repressão. Mas ela não questiona que o Brasil seja o país onde mais se mata mulheres, onde homossexuais são assassinados.

O que vocês pensam sobre o controle da mídia no Brasil e as experiências na Venezuela, Bolívia e Argentina? Vito Giannotti: Ensinam aos estudantes, na maioria dos cursos de Comunicação, que a mídia é neutra, imparcial. A mídia tem dono e defende o interesse da sua classe. E os trabalhadores devem perder qualquer ilusão nessa mídia. Não tem democracia alguma nos jornais,


Atividades e cartilhas realizadas pelo NPC. À esquerda, sala do Cine Odeon lotado para o “Hoje é dia de cinema”, atividade com exibição de filmes com conteúdo refelxivo e debates voltada para alunos de cursos de Pré-Vestibular comunitários. À direita, curso na Cidade de Deus

eles escrevem o que eles querem, através dos jornalistas. Se não gostarem de algum jornalista, tiram e colocam outro. Só temos duas saídas: ou ficar chorando e lamentando que a mídia não nos dá espaço; ou fazermos a nossa imprensa. Mas existe uma falta de compreensão na esquerda de que sem comunicação não existe mudança de sociedade. A visão de Gramsci sobre hegemonia é muito clara: convencimento e força. Os tra Convencimento é ganhar a cabeba ça e o coração das pessoas, e isso perde lhadores devem r qua só se dá pela divulgação e difusão mídia lquer ilu das suas ideias, da melhor forma são n tradic possível. É uma mentira a ideia da a ional concessão pública, é tudo doação. ” Podemos comparar com o tempo colonial no Brasil, quando Dom João distribuiu imensos pedaços de terra a donatários, no que ficou conhecido como sesmaria. Como é uma doação, os donos fazem o que quiserem, não há nada de público. Nós temos que exigir conselhos que regulem o funcionamento de rádios, TVs, como acontece com a BBC, na Inglaterra. Quando foi aprovada a Lei de Meios, na Argentina, havia 60 mil pessoas nas ruas. Claudia Santiago: O governo brasileiro poderia ter feito muito mais na área da comunicação. O primeiro governo Lula não fez absolutamente nada, a Conferência Nacional de Comunicação aconteceu já no final do governo, a repressão às rádios comunitárias foi enorme. Comparando com o resto da América Latina, nada foi feito para mudar esse cenário.

A imprensa tem ódio do Lula, e já está trabalhando pra desconstruir a imagem dele e mostrar que a Dilma representa “avanço”. Eles querem detonar o Lula pelo que ele fez de melhor, que foi a política externa, e mostrar que agora Dilma vai fazer diferente, vai se relacionar de outra forma com o Irã, com Cuba (risos). Bate-se o tempo todo em qualquer avanço proposto, mas não se pode recuar por esse motivo. Tem duas maneiras de lidar com isso: ou negocia-se e faz-se o jogo do capital; ou parte-se para a briga. O Hugo Chavez, a Cristina Kirchner e o Evo Morales foram para o pau! E até agora não vi nenhuma mudança no Brasil nesse sentido. Temos um papel muito importante. Precisamos primeiro entrar nesse debate, entender o que aconteceu na América Latina em termos de comunicação, e o que aconteceu no Brasil. E aí precisamos ver o que a gente quer, colocar na mesa a nossa pauta. Por exemplo, rever as concessões de rádio e TV no Brasil é urgente. E não é só brigar pra tirar da mão de quem está, é lutar para nós termos o nosso espaço. Pessoas que se dedicam a fazer uma imprensa diferente sem receber nada por isso devem ser reconhecidas, é nisso que temos que investir. E não temos que nos pautar pela mídia comercial. Ela tem sua própria pauta, nós temos que ir atrás das nossas. Eles querem que a gente debata determinados assuntos, mas nós temos que tratar da pauta dos trabalhadores. Nossa pauta é ampla, mas não podemos fazer o jogo da grande mídia. Vírus Planetário - MAIO/JUNHO 2011

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retrospectiva

Vírus 10 edições: uma retrospectiva Revista Vírus Planetário chega a sua 10ª edição, em três anos de muito trabalho.

Por Fernanda Freire A criação da revista, em maio de 2008, surgiu da ideia de estudantes que pretendiam fazer um trabalho crítico, mas, ao mesmo, tempo irreverente. Muitos esforços foram empreendidos até que a primeira publicação saísse do papel. Sem patrocínio, a primeira, assim como grande parte das duas edições seguintes, foram pagas do bolso dos próprios integrantes. Mesmo assim, não desistiram. É o que conta um dos fundadores da publicação, Caio Amorim, que também é editor e diagramador. Hoje, a revista, que até a 6ª edição era distribuída gratuitamente,é composta por cerca de 10 jovens jornalistas – estudantes e recém-formados - comprometidos em levar a informação sob outro ponto de vista. Para Caio Amorim, a comunicação é um dos principais métodos de politização e disputa pela construção de outro projeto de sociedade. “Nos consideramos contra-hegemônicos, inclusive, pelas extremas dificuldades que passamos para produzir a Vírus Planetário, sendo a principal delas a falta de dinheiro e muitas ‘batidas de porta na cara’ dadas por possíveis patrocinadores que desacreditam no projeto ou não concordam com a linha política da revista”, declarou. De acordo com Mariana Gomes, editora, repórter e diagramadora da revista, a mídia tradicional trabalha atrelada a interesses comerciais e, por isso, deixa de noticiar fatos importantes para população. Ou mesmo quando noticiam, não atingem o foco do problema, passando

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Outro personagem importante nesse processo foi o desenhista Maurício Machado. Ele entrou em contato com o projeto através do curso pré-vestibular superficialmente por eles. “A proposta comunitário do Morro da Providência, do da Vírus é ir a fundo, incomodar se for qual fazia parte. “Logo de cara, achei o preciso, e dar voz àqueles que são igprojeto muito legal. Pude ver que a renorados ou criminalizados diariamente vista é feita com amor, porque todos são pela mídia empresarial. Fazemos isso voluntários. Além disso, era uma ótima com bom humor e, ao mesmo tempo, oportunidade para publicar meus decom seriedade”, explicou. senhos”. Maurício destacou também o aprendizado extraído Seiji Nomura, também edida convivência com tor e repórter integrantes e com as da publicação, matérias do periódiconsidera que, ou nt vista já enfre re A co. “Antes eu achaum dos papéis fios, sa de s de va que sabia muito, an gr dos veículos da a to mas quando entrei ui m m te a esquerda no mas aind para a equipe da VíBrasil é fazer .” conquistar rus , abri meus hofrente ao posiciorizontes”, acrescennamento do país tou o desenhista. enquanto potên-

cia emergente no capitalismo mundial. “A revista é essencial não só para expor a importância de combatermos o Brasil imperialista, mas também o problema da exclusão de grande parte da população”, acrescentou Seiji.

Segundo a professora do Departamento de História da UFF e leitora da Vírus, Adriana Facina, o grande diferencial da revista é a linguagem. “Eu acompanhei o surgimento da Vírus e sei que é uma revista popular, com uma linguagem inovadora. A forma como eles associam o texto bem-humorado com desenhos ou charges faz com que a abrangência seja maior. Eles conseguem sair dos jargões usados por sindicatos ou mídias alternativas pesadas e atingem um público que se interessa por política, mas não se identifica com revistas de esquerda tradicionais”, contou.

A equipe da Vírus já contou com pessoas de várias áreas de conhecimento. Ao final da primeira edição, Artur Romeu e Maria Luiza Valois, estudantes da PUC-Rio, interessaram-se pela revista e passaram a dedicar boa parte de seu tempo a ela. Também participaram Dally Schwarz, aluna de Estudos de Mídia da UFF, os desenhistas Javier Pedrosa e Francis Carnaúba. E Gil Guigon, designer formado pela Uerj que diagramou as três primeiras edições. A décima edição representa um marco na história da revista, que já enfrentou grandes desafios, mas ainda tem muito a conquistar. “Talvez hoje estejamos começando a consolidação da revista, em termos de espaço de venda - em bancas, locadoras e livrarias alternativas, sebos etc. A sensação é de estarmos de fato tirando o projeto do papel e co-


locando na prática. E isso só foi possível graças à colaboração de pessoas que mergulharam de cabeça, corpo e alma”, destacou Caio. Daqui em diante, se espera que a Vírus Planetário continue desempenhando seu papel na organização de uma sociedade mais justa e democrática, durante muitos anos. “Nós começamos o projeto quando éramos universitários, e, hoje, a maioria de nós já é formada. Somos jovens jornalistas buscando um meio mais digno para trabalhar, onde a gente possa exercer nosso direito de criticar e ser criticados, de debater democraticamente as pautas, sem as mãos de ferro de um editor subordinado ao mercado, mas que isso seja feito sempre de maneira divertida e com uma linguagem acessível”, concluiu Mariana.

A Mentira varrida pra debaixo do tapete

sórdidos hes... detal

“feliz dia mundial da liberdade de imprensa! Me dá esse transmissor AGORA, PORRA!” Foto: Dorlene Meireles/Grupo ECO

Fiel protesta no dia seguinte a sua detenção e fechamento da rádio

No dia mundial da Liberdade de Imprensa, 3 de maio, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e a Polícia Federal resolveram comemorar de um jeitinho especial, fechando mais uma rádio comunitária. Dessa vez, a escolhida foi a Rádio Santa Marta, inaugurada em agosto do ano passado pelo rapper Fiell. A escolha da rádio fechada é completamente aleatório, né gente? Não tem nada a ver com o fato de Fiell ser um dos líderes comunitários que contestam o estado de coerção instalado com a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Santa Marta, e com o fato de ele ser constante alvo de abusos policiais por suas contestações. Enfim, Fiel e Antonio Carlos Peixe, também diretor da rádio foram detidos, “enfiados” em um camburão, levados para prestar depoimento e foram liberados. O transmissor continua em posse da ANATEL, mas a rádio continua a transmitir pelo site: www.radiosantamarta.com.br .

sHOW do milhão: O Rio é mesmo lindo, né, gente? Enquanto isso, o governo estadual do RJ gasta milhões e milhões (só no primeiro mandato foram mais de R$ 500 milhões )em propaganda para dizer que existe um novo Rio (marca registrada do Brasil) pacificado e maravilhoso para todos. Aham! Ok! A gente finge que acredita só porque essa propaganda é bonitinha.

É tempo de democracia? Parece que os responsáveis pelo fechamento do Núcleo de Terra e habitação da Defensoria Pública do Rio de Janeiro não tentaram exterminar os direitos apenas da população carente, mas sim de qualquer um que estivesse envolvido com o departamento. No início de maio, após o afastamento dos defensores do setor, os estagiários receberam um telegrama informando que não mais estavam “aptos a desempenhar a função para o qual foram designados”. Quando tentaram voltar ao local de trabalho, foram impedidos por um segurança de recolher os seus pertences da sala e, ao insistirem, foram demitidos com um telefonema. Enquanto isso, o governo estadual e prefeitura do Rio de Janeiro seguem demolindo moradias populares para o “progresso” passar. Viva! Rio 2016 é nóis! Yes, we créu!

“viva o progresso do país graças aos grandes produtores agropecuários! Eba! FORA ECOCHATOS!” As alterações propostas no Código Florestal brasileiro causaram grande mobilização de diversos setores da sociedade. Entre os pontos polêmicos propostos na mudança do código, estão a redução da faixa mínima de proteção dos rios e a redução da restauração obrigatória de vegetação nativa ilegalmente desmatada desde 1965. No final, até Aldo Rebelo fugiu da raia e decidiu de presidir a votação. A esperança dos ruralistas, a favor das modificações, é que ele seja aprovado antes de junho, quando começa a valer decreto presidencial que regulamenta crimes ambientais e pode multar os infratores. No entanto, pode ser que, quando você estiver lendo essa notinha, as mudanças já terão sido aprovadas pelo Senado, tudo num grande “acordão” entre ruralistas e evangélicos. Agora, resta ficarmos de olho nas contrapartidas. Dizem as más (e boas) línguas, que tem a ver com o PLC 122, que criminaliza a homofobia. Será?

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mundo devia Brasil “Tudo nessa história se ligar...”

a... v il S m u is a “Era só m que a estrela não brilha...”

Esse é o José da Silva, morador de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Por Maurício Machado

*Versos de “Rap do Silva”, Mc Bob Rum A área onde ele mora também “propriedade” da milícia, e o pobre Zé tem que pagar a esses sanguessugas pra morar lá.

Sua casa fica perto da TKCSA (ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Altântico) empresa que produz milhões de toneladas de fumaça tóxica que vão parar no pulmões dos moradores da região.

Mas não pára por aí: O José pegou DENGUE!

Mas o Hospital público perto de sua casa está fechado...

E

...E o hospital mais longe é administrado por uma instituição privada que está se lixando para a população. Não precisa ser um gênio pra perceber que a única coisa pública que funciona nesse país é o setor de arrecadação.

1 Sem saúde...

Deveria ser Fuligem simples: da csa O Sr. José trabalharia; pagaria seus tributos; e esses tributos subsidiariam sua justiça Onde os seguranças social.

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Revolta contida vírus da dengue

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2 em trens lotados... Sardinhas Abre fácil

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Mas não! Ele tem que trabalhar...

chicoteiam passageiros.

Pois é!

Que piada!


Foto: Felipe Corazza

A luta dos

trabalhadores brasileiros Trabalhadores mostram, através de revoltas como a de Jirau, que sua luta está mais viva do que nunca. Embora boa parte dos meios de comunicação e próprio Ministério do Trabalho prefira nomear a data como “Dia do Trabalho” ao invés de “Dia do Trabalhador”, o que não se pode negar é que a data histórica representa a luta dos trabalhadores. Decretado feriado no Brasil por Getúlio Vargas, o 1º de maio tornou-se o Dia do Trabalhador não por acaso. Uma manifestação ocorrida em Chicago, nos Estados Unidos, em 1886 foi fortemente reprimida, e contou com a participação de milhares de pessoas e tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias. A história nos lembra que e o 1º de maio rememora todos os anos os trabalhadores que morreram em luta por melhores salários, condições de trabalho dignas, respeito e justiça. Este ano, como tem sido há algum tempo, o movimento sindical comemorou a data de diversas formas, cada setor, com sua bandeira. Para o presidente da CUT-RJ, Darby Igayara, o dia do trabalhador deve ser de reflexão, mas também de festa. “É dia de homenagearmos todos os homens e mulheres que deram suas vidas em defesa dos direitos dos trabalhadores, da democracia e da liberdade”, destacou. Já para o dirigente da Intersindical,Vinícius Codeço, houve um es-

acabou? Por Mariana Gomes e Seiji Nomura

forço para resgatar o caráter de luta do 1° de maio, pois outras centrais transformaram a data num dia de shows e sorteios de brindes. “Fomos, juntamente com a Plenária dos Movimentos Sociais, para a zona portuária do Rio dialogar com a população local sobre a política de remoções que o governo do Estado e a prefeitura, estão implementando com vistas aos mega-eventos no Rio e os interesses da especulação imobiliária”, declarou.

Lutas e conquistas Do ponto de vista econômico, muito se questiona sobre a viabilidade das propostas defendidas pelos trabalhadores. É o caso, por exemplo, da redução da jornada de trabalho. Mas, para o economista e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), André Guimarães, a luta pela redução da jornada de trabalho é histórica e pode ser considerada mais importante do que a luta por melhores salários. “É temerária a afirmação de que os lucros irão ‘diminuir’ ou mesmo ‘desaparecer’ com uma redução da jornada. Em primeiro lugar, do ponto de vista econômico - que é o ponto de vista do capital - a redução de jornada leva a um aumento da intensidade do trabalho, há diversos estudos que demonstram esse efeito sobre o aumento da produtividade.

Por outro lado, há um ganho do ponto de vista humano, os trabalhadores terão mais tempo para as relações pessoais, o enriquecimento cultural e intelectual”, explicou o professor. Durante anos e anos de luta, muitas conquistas foram alcançadas pelos trabalhadores. Uma das mais importantes foi a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas em 1º de maio de 1943. No entanto, muitos setores da sociedade acreditam que os direitos previstos na CLT, frutos da mobilização popular, estão com os dias contados. “Embora a conquista de direitos pareça muito significativa pela existência de uma legislação trabalhista, ela é em grande parte ilusória. Desde os anos 90, a legislação tem sido recorrentemente modificada, diminuindo direitos e criando empregos precários”, lembra André Guimarães. Além disso, pesquisas mostram que os direitos não são respeitados e a legislação trabalhista é contornada não só por pequenas empresas informais, mas também por grandes empresas. “A fiscalização é quase inexistente e a punição, quando há, é mínima para quem desrespeita direitos trabalhistas. Vide recentemente o caso das obras do PAC em Jirau, uma obra do governo. Se a legislação fosse mais dura, a construtora deveria ser proibida de participar de obras públicas”, declarou André. Vírus Planetário - MAIO/JUNHO 2011

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Brasil

Trabalhadores na Greve de Jirau

Outra questão importante é o grau de organização dos trabalhadores. Enquanto alguns poucos contam com a proteção e o cumprimento dos direitos trabalhistas, uma grande maioria está desprotegida mesmo com a existência de leis. “O problema de fundo não está na conquista de direitos, mas na própria condição de assalariado”, arrematou o economista.

A perigosa reforma da previdência Há também uma polêmica no que diz respeito aos direitos trabalhistas é a reforma da previdência. A última delas, ocorrida em 2005, causou forte impacto no dia a dia da população. Além disso, as consequências políticas com as quais o então governo Lula precisou arcar foram notórias. Houve uma divisão clara entre as lideranças, resultando, inclusive em rachas nos partidos da base do governo. A mobilização popular, segundo membros do movimento sindical, evitou que esta reforma

“ A moticvoançdão das greves f ições d

o e traba ram as pés sim lho no local.” as

fosse ainda mais catastrófica. “Nós da CUT fomos contra a reforma, especialmente contra a cobrança da contribuição previdenciária dos servidores aposentados. Hoje continuamos defendendo a tese de que a previdência não é deficitária. É só aplicarmos o conceito de seguridade social definido pela Constituição de 1988, que deve ser formado por previdência, assistência e saúde”, afirmou Darby. Segundo o dirigente da Intersindical, a reforma foi um projeto que retirou direitos da classe trabalhadora e foi o início de um complexo processo de fragmentação do movimento sindical. “Sabemos que existem setores burgueses poderosos pressionando para que tenha uma nova reforma, para aprofundar a retirada de direitos dos servidores públicos e dos trabalhadores da iniciativa privada”, destacou Codeço.

Cenário otimista? De acordo com especialistas e com a maioria dos movimentos sociais, o cenário atual não é nada favorável para os trabalhadores. O crescimento econômico parece trazer algumas melhorias nas condições de vida da população, mas a distribuição da renda continua favorável ao capital financeiro e o ganho dos trabalhadores é muito pequeno. Além disso, os serviços públicos básicos hoje são, na prática, privatizados, favorecendo mais uma vez o capital financeiro. “Em alguns aspectos, as condições dos trabalhadores melhoraram, mas os ganhos dos trabalhadores comparados como os do capital financeiro foram pífios”, opinou André.

Ilustração: Bira

No entanto, para a CUT-RJ, o cenário é de otimismo e os trabalhadores têm boas chances de conquistar a redução da jornada, o fim do fator previdenciário, entre outras reivindicações da classe trabalhadora. “Consideramos que há um projeto democrático-popular em curso no país desde o primeiro governo Lula, e que será continuado pela presidenta Dilma. No entanto, somos críticos, por exemplo, da política de se enfrentar a inflação através do aumento dos juros, que inibe investimentos e gera desemprego”, explicou Igayara. De acordo com Vinícius Codeço, não será fácil alcançar novas conquistas no Governo Dilma. “Não creio que o governo tomará as medidas necessárias, como a taxação das grandes fortunas, reforma tributária, 10% do PIB para educação, entre outras, porque não querem correr o risco de perder o apoio da

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ao judiciário, que intimou a Camargo Correa e suas subcontratadas a providenciar alojamento e transporte para os locais de origem e garantir os direitos trabalhistas dos empregados.

Sindicato X Demissões

Imagem retrata a greve dos trabalhadores de Chicago, que ocorreu em 1º de maio de 1886 e inspirou a comemoração do dia do trabalhador.

burguesia nacional”, argumentou. Codeço acredita que só a mobilização mudará este cenário. “Ou os trabalhadores se mobilizam em torno de suas reivindicações, ou podem esperar sentados o governo se mexer contra os interesses do capital”, arrematou. Para André Guimarães, os trabalhadores estão desorganizados e desmobilizados, e a hegemonia política do capital financeiro é quase absoluta. “O capital está representando por todos os partidos majoritários, seja da situação ou da oposição. Esta hegemonia política e o prosseguimento das políticas neoliberais - que ao que parece irá se acelerar no governo de Dilma - mostram uma situação negativa para conquistas reais dos trabalhadores.”, concluiu.

Um grito nos canteiros do progresso As revoltas nas obras de Jirau-RO, São Domingos-MS, Porto do Açu-RJ, Pecém-CE, Suape-PE e Caraguatatuba-SP mostram um lado obscuro da suposta euforia brasileira. Em um país considerado por muitos como “passivo” ou “cordial”, perto de 160 mil trabalhadores (segundo dados do DIEESE) se revoltaram contra a precariedade em que viviam em lugares tão distantes entre si durante o mês de março. A manifestação mais significativa talvez seja a da Usina Hidrelétrica de Jirau, por envolver 22 mil trabalhadores da obra, além de ser a maior obra do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), orçada em cerca de 12 bilhões de reais.

Apesar de a construtora Camargo Correa, responsável pela obra, ter declarado que não recebeu as reivindicações da categoria, a revolta não surgiu propriamente dos sindicatos, segundo Atnágoras Lopes, da secretaria executiva nacional da Central Sindical e Popular (CSP)/Conlutas. Para ele, a insatisfação com as condições de trabalho teria chegado a um ponto insuportável, enquanto os órgãos oficiais ainda não haviam atuado. Atnágoras explica que a motivação das greves foram as péssimas condições de trabalho no local. “Tem o elemento da terceirização, o elevado grau de repressão da chefia, que beirava o

Cerca de 160 mil trabalhadores se revoltaram contra péssimas condições de trabalho”

paramilitar: em um refeitório para oito mil trabalhadores, ao lado da fila, seguranças passavam com armas em punho. Os trabalhadores ficavam em função por quatro meses e iam para casa por apenas cinco dias”, explicou. Durante as paralisações em Jirau, foram provocados incêndios em alojamentos e quebra de caixas eletrônicos de bancos da cidade. A procuradora do Ministério Público do Trabalho de Rondônia, Paula Roma de Moura, afirmou que as ações violentas foram causadas por uma pequena parte dos revoltosos. “Está se tentando punir 22 mil trabalhadores por conta das ações de poucos”, defendeu a procuradora, que está investigando o caso. O Ministério Público encaminhou uma ação

Logo em seguida ao fim dos protestos, o secretário-geral da presidência, Gilberto Carvalho, anunciou que a construtora Camargo Correa demitiria cerca de quatro mil trabalhadores, por conta de uma “redução no ritmo das obras” e alegando que haviam sido contratados funcionários em excesso. No dia 6 de Maio, o Ministério Público acionou a Justiça do Trabalho de Rondônia para impedir as demissões. “O acordo que embasava a autorização para a ação da empresa não seguia as leis para as demissões em massa. Apesar de o Sticcero (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil do Estado de Rondônia), ter assinado a autorização, não foi feita nenhuma consulta aos trabalhadores, ao contrário do que determina a lei. O vicepresidente do sindicato, Altair de Oliveira, declarou não ter conhecimento algum do documento e confirmou não ter ocorrido a consulta aos trabalhadores”, afirmou Paula Roma. Além do risco das demissões em massa, há também a possibilidade de que as próprias condições de trabalho que motivaram as revoltas permaneçam inalteradas. Em Jirau, um acordo foi feito entre o Sticcero e a Camargo Correa. “Além de melhorias salariais, o acordo garante uma série de melhorias nas condições de trabalho e intervalos menores para que os trabalhadores visitem suas famílias, com passagens custeadas pelas empresas”, explicou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (à qual o Sticcero é filiada) do Rio de Janeiro, Darby Igayara. Entre as reivindicações da Conlutas, baseadas nas dos próprios trabalhadores, mas direcionados para diretrizes nacionais, se encontram a descriminalização total das revoltas de março, o fim da subcontratação e da terceirização em obras públicas, o aumento da fiscalização nas obras e a garantia de descanso de 10 dias a cada dois meses trabalhados para quem se instala nos alojamentos. No caso de reincidência, seria feita a suspensão integral da concessão e/ou do contrato da obra. *A Camargo Correa optou por não conceder entrevista — atitude que parece ter sido tomada em relação a qualquer meio de comunicação que procure mostrar o lado dos trabalhadores na questão. Confira a entrevista com economista e professor da UFF, André Guimarães na íntegra em nosso site pelo link: http://va.mu/DUO


Bola e arte

Futebol, arte e transformação social Direto de Sampa

O dinheiro é uma miragem miragem miragem miragem

Carlos Carlos é vídeo-ativista e repórter da TVT (Tv dos Trabalhadores). Trabalhou no “Programa Novo” da TV Cultura e foi demitido após ouvir do novo diretor: “Me chamaram pra deixar o programa mais comercial, você não faz esse perfil”. Em poucos meses na tv, foi um diferencial com tiradas políticas e matérias ousadas como a que fez na Conferência Nacional de Comunicação de 2009.

www.bolaearte.wordpress.com

A saga de um jornalista que não quer se vender. Pois é, camaradas leitores do Brasil inteiro: pra quem acompanhou a última edição da Vírus, lembra do dilema que eu estava passando, né?? A falta de tutu. Feijão?? Não, ainda não estava nesse ponto, mas grana mesmo, dinheiro REAL.

qualquer ser humano, nada pode comprar isso, pode dizer aí a quantia de dinheiro que você quiser, que, repito, NADA PODE COMPRAR ISSO!!! Vivemos numa era em que isso que eu acabei de dizer é coisa de maluco, fico como um lunático que ainda não acordou pra “realidade”… mas vejam só, eu digo o mesmo dos adoradores desse alpiste diário entregue por quem domina o status quo: quem vive afogado na realidade do TER, do PARECER, da AUTO-MENTIRA, ainda não acordou pras verdades essenciais de todo ser vivo nesse planeta.

E dentre indagações e reflexões a cerca do assunto, agora posso comemorar com vocês: arrumei um trampo fixo!!! Prum pai de família isso é luxo, saber que vai pingar algum todo final de mês, faz toda a diferença… quem é pai ou mãe sabe do que eu estou falando. Mas, apesar desse cascalho pingante mensalmente, não é isso que está me deixando realmente feliz e entusiasmado. O meu bem-estar vem do fato de eu estar trabalhando em um local que eu realmente acredito: lá o meu tipo de trabalho, que não é nem um pouco tradicionalista, é respeitado, inclusive me chamaram por isso…

Raul Seixas dizia: “A arapuca está armada e o alpiste é tentador”. Dinheiro não é o único alpiste, mas é um dos principais. Podem se passar séculos e todos os sistemas políticos possíveis e imagináveis, que o universo vai estar sempre ali, a natureza sempre ali, o amor sempre ali, mostrando o que realmente interessa pra quem quer se conhecer profundamente, estando pronto até pra sofrer pra depois poder sorrir de verdade.

Realizo as minhas vídeorreportagens na TVT – Tv dos trabalhadores (www.tvt.org.br), enfocando e defendendo interesses do povão brasileiro, e não há nada melhor que isso. Uma grande oportunidade.

E é por essas e outras que eu digo:

Fazer o que acreditamos nos previne de enfartos, isquemias cerebrais ou qualquer tipo de doenças crônicas do que quer que seja. Ser o que somos de fato é o maior alimento pra alma de

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Vírus Planetário - MAIO/JUNHO 2011

O DINHEIRO PAGA CONTAS, MAS NÃO DEIXA DE SER UMA MIRAGEM.

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Enquanto isso, na sala de injustiça, o ministro de minas e energia, edison lobão anuncia

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que o próximo leilão do petróleo brasileiro já tem data pra acontecer: 12 de setembro...

Aê G a tod leera, o te blo m cos undo! m pra Sã d ter e petr o 174 ra e ó no m leo, na ar!

...os empresários brasileiros e estrangeiros já começam a juntar a merreca pra comprar mais poços e ganhar muito mais dinheiro

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vuuummm

Ma õõÊE! Quem Quer petróleo?

Entretanto, algo não esperado por lobão e seus comparsas ainda pode acontecer: O povo brasileiro tem que se mobilizar e Exigir:

“o petróleo tem que

ser nosso!”

Olha o desespero do lobão quando notar que seus planos diabólicos irão por água abaixo...

E aí??? Quer que essa história tenha um final feliz? Então, participe da campanha

O Petróleo tem que ser nosso!

Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas. organização: Notícias da campanha: www.apn.org.br

Notícias da campanha: www.apn.org.br Participe do abaixo-assinado: www.sindipetro.org.br


Por uma educação pública sem mercantilização,

Mobilizar é

preciso! Embarque nessa luta!

1

Defender a educação pública, gratuita, laica, democrática e de qualidade social, em todos os níveis, como um direito social universal e dever do estado. Exigir 2 do poder público a garantia de acesso e de permanência, assegurando

3

efetiva assistência estudantil (moradia, transporte,

Defender a organização de um efetivo Sistema Nacional de Educação que articule e garanta o cumprimento das responsabilidades educacionais dos diferentes

entes federados.

5

meia entrada nos eventos culturais, bolsa de manutenção etc.).

4

Os 10 P rincípi os do Fór um:

Defender a aplicação imediata de montante equivalente a pelo menos 10% do PIB na educação pública em todos os níveis e que as verbas públicas sejam destinadas somente para as escolas públicas.

Combater todas as formas de mercantilização da educação e a introdução de critérios produtivistas no Exigir controle social trabalho dos (as) profissionais da educação e na avaliação das sobre a educação privada como concessão do poder público. É função instituições e dos (as) do Estado regulamentar e fiscalizar seu funcionamento, observando a estudantes. garantia de carreira digna aos (às) seus (suas) Articular a luta em prol da trabalhadores (as) e a autonomia qualidade da educação com a defesa da garantia didático-científica diante de suas pelo Estado das condições de trabalho dos (as) mantenedoras. Exigir que a gestão democrática das profissionais da educação, incluindo a instituições e sistemas educaciovalorização salarial e a autonomia nais seja realizada por meio de órgãos didático-científica. colegiados democráticos Defender formação inicial e continuada, pública e gratuita, presencial e de qualidade de todos (as) os (as) trabalhadores (as) em educação em todos os níveis e modalidades educacionais.

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Ampliar o debate com os movimentos sociais e populares e entidades acadêmicas com o objetivo de reconstruir o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública e fortalecer luta pela elaboração coletiva e democrática do Plano Nacional de Educação 2011-2012, tendo como referência o Plano Nacional de Educação: proposta da sociedade brasileira.

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Acesspe.o:rg.br

e www.fed

é uma das entidades participantes do Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública (FEDEP). Na luta pela educação pública, gratuita e de qualidade, da creche à universidade!

UFRJ EM DEBATE:

E, em junho, não perca!

29/06

no campus Praia Vermelha a situação da Praia Vermelha Mais informações: www.adufrj.org.br


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