Prévia Edição 26 Revista Vírus Planetário

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Público X privado_Por

que é necessário (re)estatizar os transportes?

Vírus Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça

R$5 edição nº 26 setembro 2013

Planetário

As facetas da violência de Estado cada vez mais evidentes

fim da polícia militar O papel da PM e sua necessária desmilitarização

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Afinal, o que é a Vírus Planetário? Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principalmente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus Planetário: Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas excluídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano.

O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível.

Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media (www.fazendomedia.com) e nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.

Expediente: Rio de Janeiro: Aline Rochedo, Ana Chagas, Artur Romeu, Beatriz Noronha, Bruna Barlach, Caio Amorim, Camille Perrisé, Catherine Lira, Chico Motta, Eduardo Sá, Gabriel Bernardo, Julia Campos, Julia Maria Ferreira, Livia Valle, Mariana Gomes, Matheus Lara, Miguel Tiriba, Raquel Junia e Seiji Nomura | Mato Grosso do Sul: Marina Duarte, Tainá Jara, Jones Mário, Fernanda Palheta, Eva Cruz e Juliane Garcez | Brasília: Alina Freitas, Edemilson Paraná, Luana Luizy, Mariane Sanches e Thiago Vilela | São Paulo: Ana Carolina Gomes, Duna Rodríguez, Jamille Nunes, Jéssica Ipólito, Luka Franca e Sueli Feliziani | Minas Gerais: Ana Malaco, Laura Ralola e Paulo Dias Diagramação e projeto gráfico: Caio Amorim Ilustrações: Adriano Kitani (SP), Andrício de Souza(SP), Aroeira(RJ), André Dahmer(RJ) Revisão: Bruna Barlach, Camille Perissé, Laura Ralola

Conselho Editorial: Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti e Diretoria de Imprensa do Sindicato Estadual dos Profissionais de Edução do Rio de Janeiro (SEPE-RJ) Siga-nos: twitter.com/virusplanetario Curta nossa página! facebook.com/virusplanetario Anuncie na Vírus: contato@virusplanetario.net #Impressão:

www.virusplanetario.com.br Comunicação e Editora A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 3164-3716


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Editorial

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A porta que se abriu jamais se fecha... Chegamos a setembro ouvindo os ecos dos gritos que reverberaram nas ruas. Chegamos a setembro e novos gritos ainda são ouvidos. O período de lutas que jorrou no mês de junho, resultado de um grande acúmulo político e da força de tantas pessoas e organizações engajadas em transformar o mundo em que vivemos, finalmente rompeu a barreira que separa as pessoas das ruas. Mesmo com medo, mesmo vivendo um período de repressão violenta. Acima de tudo e apesar disso, não houve uma semana sequer na qual numa cidade, ou outra, grandes ou pequenos atos não tenham ocorrido. O grande grito, aquele que levou jovens, idosos, crianças, trabalhadores, estudantes, aposentados e tanta gente de múltiplas identidades às ruas foi, naquele momento, difícil de ser compreendido. Mas três meses depois, as lutas políticas têm se tornado cada vez mais claras, assim como os grupos que as constroem. E mesmo diante de todo o fascismo desmobilizador e de toda a truculência policial, não há sinal algum que o destino das lutas seja terminar tão cedo. É hora de colhermos as conquistas, de apontarmos os culpados e de, mais do que nunca, nos unirmos pela transformação radical da sociedade. Os mecanismos de ação são cada vez mais diretos e a reação do poder público é cada vez mais distante do ideal de democracia e mais próxima de um estado de exceção que prende aqueles que ousam desafiar a ordem, mesmo que virtualmente. Hoje em dia, ter uma página na internet que defenda a luta direta contra o sistema pode levar a prisão dos seus administradores mesmo que seja impossível enquadrá-los legalmente. Se não podemos recorrer ao Estado, se o poder público não é nosso, se aqueles que deveriam ser agentes de segurança pública agem para defender o interesse privados dos governantes, que caminho nos resta? Conhecer para desvendar. Entender para transformar. Lutar para que tudo mude. Este conhecimento passa por conhecer suas ferramentas da luta, passa por buscarmos o fim de uma segurança pública (e de um Estado) militarizado e passa pelo avanço de consciência política na prática, enfrentando cotidianamente aqueles que nos oprimem e nos exploram, pois só assim nos aproximaremos de um novo mundo, igualitário, democrático e de todos nós. É o que fazemos todos os dias na Revista Vírus Planetário e o que lhe convidamos a construir conosco. (e não deixe que ninguém os engane: as ruas são nossas, para serem palco de novos gritos, de nossas cores, da nossa revolta e de todas as nossas conquistas!) Ass: Vândalos da Revista Vírus Planetário *Na Capa, frames do vídeo gravado por manifestantes em Brasília que na manifestação do dia 7 de setembro, em que o Capitão Bruno, da Polícia Militar, ao ser indagado porque lançou, sem nenhuma prerrogativa, spray de pimenta na direção de quem protestava, respondeu sarcástico: “Porque eu quis”. Confira aqui - www.tinyurl.com/ capbruno

Sumário

da edição impressa

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Ana Enne

8 Fazendo Media 10 Nome social - a luta pela cidadania trans*

12 Colunista convidado_Carlos Eduardo Martins

14 Entrevista Inclusiva_Laura Paiva 18 Público, privado, concessão e estatização

23 CAPA_Fim da PM 28 Sórdidos Detalhes 29 Bula Cultural_Entrevista Coletivo 308 | Arte de Rua

34 Política_Levanta a tua bandeira 38 Traço Livre


Ana Enne Ana Enne é professora do departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF), jornalista formada pela PUC-Rio e doutora em Antropologia pelo Museu Nacional (UFRJ).

Infelizmente, os vândalos não tinham youtube nem facebook

Ressignificando o termo “vândalo”

Tenho falado, constantemente, acerca da necessidade de se disputar os sentidos na luta pela hegemonia do significado. Acho que isso se aplica de forma urgente ao signo “vândalos”, muito em voga nesse contexto de mobilizações sociais. “Vândalos” foi o termo eleito pela grande mídia para classificar e, automaticamente, desclassificar a ação de parte dos manifestantes, em especial a que envolvia enfrentamento com a polícia, uso de pedras e força, destruição de patrimônio privado e público, saques etc. Mas, de forma geral, passou a ser sinônimo claro de toda ação envolvendo enfrentamento com a polícia, mesmo com as evidências indicando que a brutalidade, a violência, o atentado à vida e à ordem partiram, na maior parte das vezes, da própria polícia, o que levaria, no mínimo, a uma necessidade de relativizar-se quem, nestes casos, seriam os “verdadeiros” vândalos. Entendo que talvez seja importante, no entanto, lutar pela palavra em si, pelo signo enquanto significante deslizante, peça fundamental na arena de disputas pelo significado. Segundo a wikipedia, no verbete “vândalos”, o primeiro a associar o termo com um “espírito de destruição” sabia perfeitamente disso, como podemos ver no trecho abaixo: “O termo “vandalismo” como sinônimo de espírito de destruição foi cunhado no final do século XVIII, em janeiro de 1794, por Henri Grégoire, bispo constitucional deBlois; ele cunhou o termo e o tornou comum através fonte: www.facebook.com/MasJaEVandalismo

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Vírus Planetário - setembro 2013


Página “Mas já é vandalismo” no facebook ironiza comentário senso comum - www.facebook.com/MasJaEVandalismo

de uma série de relatórios para a Convenção, denunciando a destruição de artefatos culturais como monumentos, pinturas, livros (...). Em seu livro Memoirs, ele escreveu: “Inventei a palavra para abolir o ato”. “ (grifos meus) “Inventei a palavra para abolir o ato”! Henri Grégoire estava por dentro: o discurso é ato, cria mundo, gera não só a interpretação da realidade, mas a própria realidade, que, para além de existir materialmente, é sempre construção social. Então precisamos, penso eu, assim como Grégoire, re-inventar a palavra para instaurar o ato. Pois quem eram os tais dos vândalos? O que eles tinham, fizeram, criaram, para além da representação consagrada e hegemônica de terem sido o tal povo que saqueou Roma em 455, “destruindo muitas obras primas de arte que se perderam para sempre” (no mesmo verbete da Wikipedia que citei acimafala). As principais referências sobre os vândalos são construídas pelos povos que, supostamente, eles destruíram. Não se tem algo mais vândalo, por assim dizer, sobre o ser vândalo, só um olhar ocidentalizado sobre a identidade vândala? Não parece semanticamente muito justo que a representação sobre o outro seja construída na ausência do outro, só abarcando o outro visto pelos olhos do “um”, principalmente um “um” rancoroso e posteriormente vitorioso. Mais uma vez, não parece semelhante com o que faz a

Minha proposta? Lutar pela positivação da palavra “vândalos””

mídia no que tange às representações dos manifestantes como vândalos? Não fica faltando a representação que os “vândalos” teriam/têm deles mesmos? Porque, obviamente, os vândalos teriam uma riqueza cultural que não conhecemos, porque a história que nos chega não foi escrita por eles. Contribuíram, assim como outros povos, para a cultura ocidental, mas seu registro na história é o de saqueadores e destruidores. Passaram a ser estigmatizados em um momento, segundo o wikipedia, de atribuição explícita de sentido, no século XVIII, pelo tal Grégoire. E é neste recorte de sentido, apresentado como verdadeiro, que a mídia hegemônica ancora a representação dos manifestantes brasileiros atuais como vândalos. Minha proposta? Lutar pela positivação da palavra “vândalos”, e não negá-la e empurrá-la como uma praga semântica para o outro. Vamos nos apropriar do vandalismo como essa riqueza cultural que não foi contemplada e reconhecida, como essa voz que nunca foi ouvida, como esse povo que sob pressão teve que se mover e construir novos sentidos para sua vida... Vamos ser vândalos com orgulho, mas não por que quebramos tudo, mas por que somos aqueles que não puderam ter voz na história, que não tiveram sua cultura registrada e reconhecida, que são traduzidos pela hegemonia com a perversão do sentido único, fetichizados pelo olhar colonizador em um misto de desejo e repulsa. Vamos nos libertar do sentido dado, pronto, fechado, e recusar não só estigma de ser classificado como vândalo = desordeiro, mas recusar principalmente o estigma a que foram confinados os próprios vândalos, de quem sabemos tão pouco. Os vândalos também foram oprimidos pela história hegemônica e, de certa forma, também é nosso dever lutar por eles. Infelizmente, os vândalos não tinham nem youtube nem facebook e acabaram sendo relegados, pelo olhar dominante, a um lugar fixado: o da destruição e da ausência de história própria. Devemos, por eles e por nós, desconfiar disso e lutar pela flexibilidade dos sentidos. Somos todos vândalos, não somos todos vândalos, nem mesmo os vândalos, pelo visto, eram os vândalos...e é isso o que importa da cultura, como me ensinou Stuart Hall, que ela seja essa imensa “arena de disputas pelo direito de significar”.

* A versão completa do artigo pode ser lida em nosso site - www.virusplanetario.com.br Vírus Planetário - setembro 2013

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FAZENDO

*É isso mesmo, caro leitor, agora a Vìrus e o Fazendo Media são um veículo único!

MEDIA

Setembro de 2013 | Ano 10 | Número 109 | www.fazendomedia.com | contato@fazendomedia.com

Entrevista:

a média que a mídia faz

Stela Caputo

“Ensino Religioso aumenta intolerância nas escolas públicas” Foto: Arquivo pessoal

Por Eduardo Sá Encantada com o aprendizado e as crianças nos terreiros, a autora de Educação nos terreiros – e como a escola se relaciona com as crianças do candomblé, publicado pela Pallas em 2012, Stela Guedes Caputo, pesquisou a fundo a relação da religião afro brasileira com a educação pública. Defensora da extinção do ensino religioso obrigatório, ela evidencia em suas pesquisas como crianças sofrem com a discriminação. Segundo ela, o cenário tende a piorar, com o conservadorismo se enraizando cada vez mais no conteúdo das disciplinas e a pauta do Vaticano sendo incorporada.

Você pode falar um pouco sobre o que originou a pesquisa do seu livro? Eu era jornalista, trabalhava n’O Dia, e em 1992 recebi uma pauta do editor para fazer um mapeamento dos terreiros na Baixada Fluminense. Quando cheguei ao terreiro de Mãe Palmira, o Ile Omo Oya Legi, em Mesquita, vi o Ricardo Neri, um menino ogan, tocando atabaque. Não sabia que as crianças podiam ocupar cargo na hierarquia do culto. Publicamos uma matéria sobre como as crianças aprendem no terreiro, inclusive o yoruba, e respeitam a hierarquia e

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Vírus Planetário / fazendo media - setembro 2013

a ancestralidade. Mas com os limites de uma página de jornal, e também porque nos jornais hoje temos uma pauta e amanhã outra. Continuei estudando como as crianças aprendem no terreiro no mestrado, doutorado e pós-doutorado. As crianças começaram a dizer que havia problemas na escola. Em 1992 eu já havia escutado do Ricardo, com 4 anos, que uma professora o chamou de filho do diabo. Achei estranho, e quando voltei em 1996 ouvi o mesmo. Então estabeleci dois caminhos na pesquisa: saber como as crianças aprendem, que é uma coisa inesgo-

tável, e como são discriminadas na escola. Fiquei na escola e no terreiro, entrevistei professores de Ensino Religioso (ER) e de outras disciplinas para verificar qual era a relação. Resultou na minha tese de doutorado e depois no livro. Entendi melhor o candomblé e vi que essas crianças não mudaram de opinião. Elas tiveram filhos e constatei que na nova geração, infelizmente, é pior. As crianças estabeleciam táticas, diziam que eram católicas na escola para não sofrer. Elas têm orgulho da fé, religião, hierarquia, comunidade de terreiro, se sentem muito bem, mas do portão


Capa do livro de sua autoria

Sabemos que a raça é um conceito político que só pode desaparecer enquanto categoria de análise social quando o racismo também desaparecer.”

para dentro. Isso é o cruel de uma prática que eu chamo de discriminação religiosa e racial, porque a maioria é negra.

Você pode descrever melhor essa associação entre religião e raça? O candomblé chega com os negros escravizados. A classe dominante brasileira queria “apenas” o corpo escravizado para erguer este país sob seus interesses, mas não sabia o que vinha dentro desse corpo. Dentro do corpo vieram os inkices, voduns e Orixás. Esse sagrado, nenhuma chibata arrancou e nem a morte é capaz de arrancar. Sabemos que a raça é um conceito político que só pode desaparecer enquanto categoria de análise social quando o racismo também desaparecer. O racismo é um sistema completo, integral. Quando você odeia alguém por sua raça você o odeia inteiramente, inclusive seu modo de crer e significar o mundo.

Os alunos frequentam as aulas de Ensino Religioso? A Constituição diz que a oferta da disciplina é obrigatória e a frequência facultativa, mas a frequência é praticamente de 100% por vários motivos. Muitas escolas se-

quer avisam que os alunos podem não frequentar essas aulas. Muitos pais também desejam o ER na esperança de resolver problemas de indisciplina ou agressividade dos filhos e filhas, o que também é desejado por professores que já lidam cotidianamente com esse problema na escola. No Fórum de 2010 entrevistei 20 dos 100 professores que compareceram, e todos afirmaram que desejam que a frequência dos alunos seja obrigatória. Desejam que sua disciplina seja plena como as demais, e isso também vale para avaliação. ER confere uma nota, mas não reprova. Todos também disseram desejar que o ER reprove. Como um aluno de candomblé vai participar de uma aula que fala de catolicismo? Ele não se reconhece, recebe um livro didático dizendo que ele não respeita a vida e a natureza, apesar de o candomblé ser uma religião altamente ecológica. Como fazer uma avaliação de ER se a perspectiva desse professor é a conversão? Se não revertermos o processo que avança, um dia o ER vai conferir uma nota que reprove.

Quais as propostas dos diferentes setores que discutem a questão? Não há unanimidade. Há quem ache que é possível um ER plural, já alguns católicos reconhecem a impossibilidade de qualquer ensino religioso que não seja confessional. Há os que defendem um ER que fale da história das religiões. As religiões devam ser impedidas de circular nas escolas? Não, porque não somos um Estado ateu. Somos um Estado laico e somente a garantia total da laicidade pode garantir que as diferentes expressões religiosas circulem com seus símbolos e tensões nas escolas. Pensar que a disciplina de ER é o espaço dos Direitos Humanos é esvaziar as disciplinas de sua principal função. Então não há disfarce. Defendo uma PEC que retire da Constituição a obrigatoriedade do ER das escolas públicas.

Vírus Planetário / fazendo media - setembro 2013

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Por Catherine Lira Com olhar atento e precisão nas palavras, a menina Laura Paiva, de apenas 17 anos tem protagonizado junto a comunidade do Horto, no bairro do Jardim Botânico, uma intensa luta contra a retirada de centenas de famílias de suas casas. A comunidade que fica no bairro do Jardim Botânico está ameaçada de remoção por conta da proximidade com o Parque do Jardim Botânico. Hoje cerca de 650 famílias vivem na comunidade e todas podem ser retiradas. Para contar esta história da comunidade Laura escreveu no ano passado o livro “Diários de uma invasora”, nele, ela faz um perfil histórico do Horto, apresenta uma pesquisa e também mostra os interesses escusos por trás da justificativa dada pelo governo de ampliação do Parque e de defesa do meio ambiente.

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Foto: Wesley Prado Heredia

Entrevista INclusiva:

Laura Paiva “

Eu já era uma ‘i

nvasora’ antes de nascer”

Confira a entrevista na edição completa digital ou impressa

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política

Público, privado, concessão e

estatização Ilustração: Daniel Carvalho - www.jornalpimba.com

Foi também por 20 centavos... e muito mais!

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O transporte funciona para qu

em?”

Por Camille Perissé e Matheus Lara O Brasil hoje vive um cenário de transporte público de calamidade. Salvo raras exceções, uma delas o transporte de Curitiba, a avaliação sobre o sistema de transportes é terrível, tanto pelo preço quanto pela qualidade. A situação do transporte acende, então, uma discussão que tem sido pauta de 10 entre 10 discussões políticas desde o ciclo de privatizações iniciado pelo PSDB em 1998 até os dias de hoje, em que setores estratégicos do nosso país, tais como portos e terminais, continuam sendo privatizados. O transporte deve ser público ou privado? Inicialmente, pensemos por que o transporte coletivo. Os maiores investimentos públicos em mobilidade urbana no Brasil (e em grande parte do mundo) são voltados para a cir-

culação de automóveis: construção de avenidas, pontes e viadutos. Do ponto de vista econômico, um sistema de transporte coletivo seria mais vantajoso para o Estado, pois uma sociedade que depende de automóveis individuais precisa arcar com grandes custos sociais e ecológicos – por exemplo, a alta poluição, que gera custos de saúde com problemas respiratórios da população. Do ponto de vista social, o planejamento das cidades através do transporte individual produz a saturação das vias, os engarrafamentos e, assim, uma grande perda de horas do dia no trânsito. Além disso, o transporte individual depende de um alto nível de consumo e garantia do direito de ir e vir apenas àqueles que têm poder econômico.

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa

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direitos humanos

Fim da PM

O papel da Polícia Militar e sua Por Julia Campos, Matheus Lara e Seiji Nomura necessária desmilitarização

Ilustração: Adriano Kitano - www.pirikart.tumblr.com

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Por conta da forma como a Polícia Militar e, principalmente, o Batalhão de Policiamento de Choque vem atuando nas manifestações, temos observado qual é o tipo de atuação que a política de Segurança Pública exige dos policiais, em enfrentamento com os manifestantes. Além disso, vem acontecendo um longo debate sobre a necessidade da desmilitarização e unificação da polícia brasileira, como foi apontado inclusive pela ONU. Também vemos que há um trabalho feito para que esse tipo de atuação seja visto como uma opção pessoal do policial, personificando uma forma de agir como sendo de certos indivíduos ou grupos específicos. Não existe um esforço em entender o motivo real dessa ação policial nos atos e o porquê dessa intervenção tão caricata e repressora.

O mês de Junho se apresentou como um mês que aprofundou a discussão sobre as lutas que os movimentos sociais, populares, estudantil, partidários e sindicais vinham se esforçando em colocar para a sociedade há tempos. Além disso, foi um mês de intensa mobilização – atos, manifestações, passeatas, fóruns, assembleias e etc –, e pudemos ver como os estados iriam encarar as manifestações e os manifestantes em meio a tal turbulência. A principal via de “diálogo” estabelecida entre os governos e os manifestantes foi a Polícia Militar e o Batalhão de Policiamento de Choque. E sua resposta preferida foi a extrema repressão às mobilizações, o que para a surpresa dos manifestantes (e nossa) contribuiu para o aumento do número de pessoas nas ruas e nos atos seguintes.

As mobilizações vêm obtendo desdobramentos importantes na democratização do país: desde o recuo do aumento das passagens em todos os estados, a instauração de CPI’s do transporte, a agilização do processo de implementação do voto aberto no Legislativo (Senado e Câmara) e a derrubada da PEC 37 até a construção e manutenção de fóruns de discussão em paralelo com assembleias de núcleos locais (no Rio de Janeiro, já existente em 7 bairros). Tais possibilidades de novas formas de gestão, de formação e discussão política e demandas conseguidas nas ruas via luta objetiva, sempre serão enfrentadas pelo Estado. Quando a ideologia do capitalismo e de sua falsa democracia não dá conta de resolver os problemas, uma atuação mais direta e intensa é utilizada para abafar a tentativa de superação desse sistema socioeconômico e suas contradições.

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa

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A verdade varrida pra debaixo do tapete

s o d i d r só . . . s e h l deta

“Porque eu quis”

fonte: www.facebook.com/Porqueeuquis

Vivendo nos Horizontes Mas nem adianta denunciar Tire as mãos do mouse em nome da lei! Aquele seu amigo envolvido com política te chamou pra ajudá-lo a moderar a fan page que ele criou no facebook? Cuidado, esse é o caminho mais curto para ir parar na cadeia. Cansados de fazerem prisões arbitrárias nas ruas agora a polícia decidiu buscar em casa perigosos portadores de facas e criadores de conteúdo de páginas políticas da internet. Administrador da página Black Bloc RJ e dois de seus colaboradores, presos por formação de quadrilha armada (jogue todas as suas facas fora, correndo) podem ser só os primeiros. Ao que tudo indica muitas outras páginas estão sendo investigadas e o destino de seus administradores pode ser o mesmo. E a mídia grande ainda em coragem de bradar que vivemos em um estado de direito. Pena que não dá pra rir quando toda nossa liberdade de expressão e de organização está em risco. Até mesmo organização pelo facebook.

Tire as mãos do mouse em nome da lei! Aquele seu amigo envolvido com política te chamou pra ajudá-lo a moderar a fan page que ele criou no facebook? Cuidado, esse é o caminho mais curto para ir parar na cadeia. Cansados de fazerem prisões arbitrárias nas ruas agora a polícia decidiu buscar em casa perigosos portadores de facas e criadores de conteúdo de páginas políticas da internet. Administrador da página Black Bloc RJ e dois de seus colaboradores, presos por formação de quadrilha armada (jogue todas as suas facas fora, correndo) podem ser só os primeiros. Ao que tudo indica muitas outras páginas estão sendo investigadas e o destino de seus administradores pode ser o mesmo. E a mídia grande ainda em coragem de bradar que vivemos em um estado de direito. Pena que não dá pra rir quando toda nossa liberdade de expressão e de organização está em risco. Até mesmo organização pelo facebook.

Quem é você, diga logo se gosta de mim...

Hoje todos os mascarados procuram SEUS DIREITOS! E quem diria que no Rio de Janeiro, terra do carnaval, as máscaras seriam proibidas. Tem coisas que só a falta de democracia do mestre Cabral faz pra você. Esse projeto de lei insano que proíbe a liberdade de manifestação foi considerado tão genial pelos donos dos podres poderes que rapidamente se espalhou pelo Brasil. Quem estivesse mascarado, se recusasse a se identificar poderia ser detido para a averiguação, afinal, mascarado, na rua, certamente é um criminoso.

Capitão do batalhão de choque do DF, capitão Bruno parece ainda não ter superado a fase do desenvolvimento cognitivo na qual todos acham que o mundo gira ao seu redor. Depois de fazer um grupo de manifestantes seguir suas ordens, colocálos sentados no chão, tirar suas bandeiras e ainda impedi-los de seguir em frente com a sua manifestação, Bruno bonificou os manifestantes com gás de pimenta na cara. Curioso diante de tal arbitrariedade um manifestante ousou perguntar o motivo de tal atitude. E a resposta? Porque eu quis! Pode ir lá denunciar. Sim, a certeza da impunidade é tão grande que os militares nem precisam mais esconder que o que motiva seus atos é pura crueldade contra a população.

Ilustração: Nico

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Ironicamente – para nós – outros mascarados continuam frequentando as man i fe s t a ç õ e s . Esses vêm armados, sem identificação e prontos para manifestarem... a sua raiva. E vem com autorização do estado para atacar os manifestantes ao seu bel prazer.


Ilustração: Iconoclassistas

Um espectro ronda a internet...

Vem aí a Tv Vírus! O jornalismo pela diferença, contra a desiguldade que você já conhece marcará presença em nossa webtv - em fase final de preparação!

Lançamento oficial em setembro

virusplanetario.net Vírus Planetário - setembro 2013

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Educação Estadual

anos

Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro

na luta!

Profissionais da educaç ão de São Gonçalo, que entraram em greve em maio realizam ato na pre feitura

Greve na Educação Pública do Rio de Janeiro Em agosto, os profissionais das escolas estaduais e municipais do Rio de Janeiro entraram em greve por valorização profissional, melhores condições de trabalho e por mais investimentos na Educação Pública da parte dos governos estadual e municipal. Ambas as greves mobilizaram milhares de profissionais de educação, que saíram para as ruas, com o apoio da população, para exigir do governador Cabral e do prefeito Eduardo Paes mais verbas para a Educação, reajuste salarial e o fim das políticas meritocráticas e do desrespeito com a autonomia pedagógica nas escolas públicas.

Rede municipal: uma das maiores greves da história Os profissionais das escolas municipais do Rio realizam uma das maiores greves da sua história, mobilizando mais de 80% das escolas e colocando na rua milhares de manifestantes em assembleias lotadas e passeatas que pararam o Rio de Janeiro. Veja o que a rede municipal reivindica: reajuste de 19%; plano de carreira unificado; 1/3 da carga horária para planejamento; e o fim da meritocracia.

Rede estadual também está em greve No dia 8 de agosto, os profissionais das escolas estaduais também decidiram parar por tempo indeterminado. A greve nas escolas estaduais é contra o Plano de Metas do governador Cabral e do Secretário Wilson Risolia, que querem implementar a meritocracia a todo custo na rede estadual. O que a rede estadual reivindica: reajuste de 28%; Melhores condições de trabalho; 30 horas semanais para funcionários; Democracia nas escolas – eleição para diretor de escola; Fim do plano de metas e do projeto Certificação; A derrubada do veto do governador Sérgio Cabral ao artigo do Projeto de Lei 2.200, que garante uma matrícula uma escola para os professores.

www.seperj.org.br


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