Prévia Edição 27 Revista Vírus Planetário

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Presos políticos_Em pleno 2013, advogados se desdobram para defender manifestantes

Vírus Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça

R$5 edição nº 27 outubro 2013

Planetário

educação na rua Greve dos educadores do Rio luta por dignidade há 2 meses e arrasta população para as ruas. Polícia endurece repressão

Fortaleza

Parque do Cocó

Resistência popular em defesa da natureza Após 84 dias de ocupação, parque é desocupado brutalmente

Hamilton Octávio de Souza O professor de jornalismo e ex-editor chefe da revista Caros Amigos fala sobre as perspectivas da mídia alternativa O Sensacional Repórter sensacionalista

Empresa de armas menos letais vence o prêmio Nobel da paz.

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Com conteúdo do

MEDIA FAZENDO

Entrevista INclusiva:

Edição Digital reduzida.


36 anos

Os motivos da greve na educação do Rio de Janeiro Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro

Por que a rede estadual está em greve? Reivindicamos: Reajuste de 20%. Eleições diretas para Diretores das escolas. Carga horária de 30 horas para os funcionários administrativos. 1 matrícula em 1 escola para o professor Que nenhuma disciplina tenha menos de 2 tempos de aula por semana. 1/3 de carga horária para planejamento. Suspensão dos processos contra o sindicato. Fim das perseguições aos profissionais e do inquérito administrativo contra o professor Mauro. Abono funcional dos dias de greve no governo Cabral.


Por que a rede municipal está em greve? Reivindicamos: Um plano de carreira elaborado com a participação da categoria. À esquerda, manifestação do dia 15 de outubro, dia do professor, que levou mais de 40 mil pessoas ao centro do Rio. Abaixo, profissionais em passeata. Mesmo embaixo de chuva, categoria não cede na luta!

A imediata reabertura de negociações da prefeitura com o SEPE Que a prefeitura elabore e divulgue um plano de construção de novas escolas e a diminuição de alunos por turmas. Que a prefeitura cumpra a lei que prevê a imediata climatização das salas de aula. A imediata construção de um plano de reformas e melhorias da estrutura física das escolas, creches e EDI’s, e suas instalações. O reconhecimento de nossas colegas que manipulam alimentos em nossas Que seja garantida a diversidade no ensino de língua estrangeira em nossas escolas com a permanência de ensino de espanhol e frânces na grade escolar. O fim do professor polivalente. O professor deverá lecionar apenas para as disciplinas para as quais possui uma formação específica. O fim da meritocracia. Uma educação de qualidade não pode se pautar prêmios e bônus conseguidos a partir do cumprimento de metas estabelecidas fora da realidade de cada unidade escolar. Autonomia pedagógica. Cada unidade escolar precisa ser independente na preparação de seu projeto político pedagógico assim como no estabelecimento de metas e objetivos de acordo com a realidade de seu aluno e sua comunidade escolar. Imediato cumprimento da lei que garante ao professor 1/3 de sua carga horária para a realização de atividades de planejamento. Redução da carga horária dos funcionários para 30 horas.

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Gestão Mobilização Docente

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traรงo livre

Por Julia de Faria Veja mais em: www.thinkolga.com

Por Adriano Kitani Veja mais em: www.pirikart.tumblr.com


o i e r l r a o r C Vi >Envie colaborações (textos, desenhos, fotos), críticas, dúvidas, sugestões, opiniões gerais e sobre nossas reportagens para

contato@virusplanetario.net Queremos sua participação!

Afinal, o que é a Vírus Planetário? Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principalmente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus Planetário: Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas excluídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano.

O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível.

Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media (www.fazendomedia.com) e nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.

Expediente: Rio de Janeiro: Alexandre Kubrusly, Ana Chagas, André Camilo, Artur Romeu, Bruna Barlach, Bruno Costa, Caio Amorim, Camille Perrisé, Catherine Lira, Chico Motta, Débora Nunes, Eduardo Sá, Joyce Abbade, Julia Campos, Julia Maria Ferreira, Livia Valle, Marcelo Araújo, Mariana Gomes, Mariana Moraes, Matheus Lara, Miguel Tiriba, Raquel Junia e Seiji Nomura | São Paulo: Ana Carolina Gomes, Duna Rodríguez, Gustavo Morais, Jamille Nunes, Jéssica Ipólito e Luka Franca | Brasília: Alina Freitas, Edemilson Paraná, Luana Luizy, Mariane Sanches e Thiago Vilela | Minas Gerais: Ana Malaco, Laura Ralola e Paulo Dias | Ceará: Iorran Aquino, Joana Vidal, Livino Neto, Lucas Moreira e Rodrigo Santaella | Piauí: Nadja Carvalho | Bahia: Mariana Ferreira | Paraíba: Mariana Sales | Mato Grosso do Sul: Marina Duarte, Tainá Jara, Jones Mário, Fernanda Palheta, Eva Cruz e Juliane Garcez Diagramação: Caio Amorim Foto capa: Erick Dau / Oilo

Conselho Editorial: Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti e Diretoria de Imprensa do Sindicato Estadual dos Profissionais de Edução do Rio de Janeiro (SEPE-RJ) Siga-nos: twitter.com/virusplanetario Curta nossa página! facebook.com/virusplanetario Anuncie na Vírus: contato@virusplanetario.net #Impressão:

www.virusplanetario.com.br Comunicação e Editora A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 3164-3716


Sumário

da edição impressa

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Direitos Humanos_Reforma Agrária e Fome

Editorial

11 Ceará_Parque do Cocó 14 Direitos Humanos_Visibilidade por Direitos

Novos cotidianos

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Fazendo Media_ Democratização da TV

A cada dia que passa, acordamos para maior certeza de que 2013 não é um ano qualquer, nem muito menos fácil de ser interpretado. A dinâmica das movimentações sociais dá um ritmo complexo ao nosso cotidiano, que não é/será mais o mesmo. E os discursos da mídia grande não chegam nem perto de dar conta disso. Por isso a Vírus, em tempos como esse, tem uma responsabilidade redobrada na sua tarefa de comunicar diferente, de dialogar, de construir a pluralidade de vozes e apontar os novos e possíveis rumos de nossa sociedade, que pode e deve ser livre - no sentido mais concreto que essa palavra representa. É com esse sonho prestes a saltar de nosso peito que buscamos refletir aqui, nas próximas páginas, sobre os recentes acontecimentos que dizem respeito a todos nós, que transformam nossas vidas, todo dia. Porque notícia não é rotina.

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Entrevista Inclusiva_Hamilton Octáviko de Souza

26 CAPA_Educação na Rua 30 Política_Manifestos de um Novo Cotidiano

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Bula Cultural_É Coisa de Louco

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O Sensacional Repórter Sensacionalista

As greves e ocupações vem ganhando força como estratégia política dos setores da população explorados pelo Estado burguês e pela sociedade do Capital. A greve dos professores no Rio de Janeiro e a ocupação do Parque do Cocó em Fortaleza são exemplos disso. Do outro lado as consequências do estado de exceção que está instaurado se desnudam quando voltamos nosso olhar aos presos políticos do último período. Nesta edição também temos a entrevista inclusiva com o jornalista Hamilton Octávio de Souza, demitido da Caros Amigos por participar da greve de abril que orgulhosamente se une ao coletivo que constrói a Vírus Planetário e com sua experiência debate o novo momento da mídia alternativa, suas perspectivas e potencialidades.

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FAZENDO

MEDIA

Outubro de 2013 | Ano 10 | Número 110 | www.fazendomedia.com | contato@fazendomedia.com

a média que a mídia faz

fonte: página “Ocupe a Mídia” no facebook

Democratização da TV Canal da Cidadania permite que municípios brasileiros tenham duas faixas de conteúdo comunitário na TV Digital aberta Por André Camilo O Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) prevê um conjunto de canais explorados pela administração pública e por entidades das comunidades locais. O Canal da Cidadania será um deles e utilizará a tecnologia digital para executar uma multiprogramação de faixas de conteúdo. Quatro faixas de programação serão divididas entre o Poder Público municipal, estadual e outras duas para associações comunitárias. O Canal da Cidadania está em fase de implantação. Um cronogra-

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Vírus Planetário / fazendo media - outubro 2013

ma foi estabelecido pelo Ministério das Comunicações, que prioriza, até junho de 2014, a solicitação de outorga do canal por parte dos municípios. Emissoras educativas ligadas a governos também podem pedir autorização à multiprogramação neste período. Em seguida será a vez dos Estados. Por fim, serão publicados avisos de habilitação para selecionar as associações comunitárias que ficarão responsáveis pela programação em cada localidade. Isso quer dizer que

movimentos sociais e outras organizações poderão levar a programação de sua escolha para a TV aberta. Segundo informação disponível na página do Ministério das Comunicações, apenas 120 municípios de pequeno e médio porte solicitaram autorização para exploração do Canal da Cidadania. Para fazer o pedido, os governos municipais tem que apresentar, entre diversos documentos, certidão negativa de débito com a união e projeto técnico para instalação do sistema irradiante de acor-


“ Ativistas em São Paulo denunciam relação do senador Fernando Collor de Melo com a Globo e pedem aprovação da ADPF 246, documento que questiona a outorga e a renovação de concessões de radiodifusão a pessoas jurídicas que possuem políticos titulares de mandato eletivo como sócios ou associados. | Fonte: Página “Ocupe a Mídia” no facebook

Canal da Cidadania pode ser encarado como uma oportunidade para mídias independentes”

do com norma técnica específica para a TV Digital. Apesar de ser uma proposta tardia e longe do necessário para consumar a democratização da TV brasileira, o Canal da Cidadania pode ser encarado como uma boa oportunidade. A mídia independente terá maior alcance, gerando reflexão social em escala ampliada e levando o debate visto na internet para uma parcela maior da sociedade. Anualmente, serão abertas chamadas públicas pela página do Ministério das Comunicações (www.mc.gov.br) para habilitação de entidades civis interessadas em explorar a faixa de conteúdo reservada às associações comunitárias. Os interessados terão 60 dias para responder às chamadas cumprindo uma série de requisitos, como: explicar a finalidade da programação, não estar vinculada a governos, não ter fins lucrativos e assegurar direitos de participação a demais pessoas físicas da comunidade que está inserida. A norma que regulamenta o Canal da Cidadania está disponível, na íntegra, na página do Ministério das Comunicações. Uma das opções do menu da página direciona para Perguntas Frequentes, onde o interessado pode tirar suas dúvidas de forma mais simples e descobrir as exigências estabelecidas.

Engajamento Para a democratização da TV ser iniciada de fato, será necessária pressão popular por parte dos movimentos sociais, mídias independentes e associações comunitárias. A articulação é necessária devido a importância da abertura de espaço na programação da TV, que hoje é dominada pelo capital privado, sob interesse de poucas famílias com ligações políticas duvidosas. Além de unir forças, a sociedade civil precisa se organizar para conquistar a oportunidade e atender os requisitos estipulados pelo Governo. O fato é: uma porta foi aberta. Para descobrir se o Canal da Cidadania atenderá os objetivos que levaram à sua criação, é necessário o engajamento. Poderemos constatar que o caminho começará a virar realidade quando assistirmos na TV aberta a liberdade de troca de informação vista hoje na internet, que já está sob risco de censura.

Democratização da informação na América Latina A Venezuela pode ser considerada uma precursora da democratização da TV na América do Sul. Hoje, o país vive uma mudança de câmbio político, chamado de Revolução Bolivariana. Se os meios de comunicação tem papel importante neste processo, a TV aberta tem um papel essencial, pois foi através deste meio que a parcela mais desfavorecida da população passou a ter informação de qualidade e adotou outro ponto de vista a cerca da sociedade. Antônio Lisboa, chefe do Parque Nacional do Viruá, situado no Estado de Roraima, vive próximo à fronteira com a Venezuela há mais de

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FAZENDO

MEDIA

A Rede Globo foi desenhada pela Time Life e pela CIA para ser um canal de dominação cultural”

Um outro

olhar

é

possível! uma década. Segundo o geógrafo, o parque capta o sinal da TV aberta venezuelana. Nas visitas que fez ao país, julgou que a população tinha elevada consciência política. Ele recorda que crianças com menos de dez anos brincavam com ele por ser brasileiro e, consequentemente, alienado pelo O Globo, assim como os argentinos eram alienados pelo Clarín. “Se perguntarmos para qualquer criança se hoje eles são socialistas ou capitalistas, eles dirão que são capitalistas em transição ao socialismo e que vivem uma democracia representativa em transição à democracia protagônica ou participativa”. Dos nove canais da TV aberta na Venezuela, quatro deles são estatais: o Telesur de jornalismo internacional; o VTV, canal oficial do governo focado em debates políticos; o Vive, produzido por mais de 30 TV’s comunitárias com programação voltada para a juventude, baseado em ideologia revolucionária; e o TVES, um canal educativo. Durante os programas dominicais ao vivo da VTV, Antônio declara ter assistido o expresidente Hugo Chávez lendo em rede nacio-

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Durante 2º Grande Ato Contra o Monopólio da Mídia, manifestantes atiram esterco na fachada da sede da Rede Globo, em São Paulo por conta do envolvimento da emissora com o Golpe Militar de 1964 | Fonte: Página “Ocupe a Mídia” no facebook

nal trechos de livros de Nietzsche, Noam Chomsky, entre outros pensadores. “Fui algumas vezes à Venezuela. Quando voltava ao Brasil, me sentia atravessando um abismo, como se estivesse me mudando de continente, tamanha a diferença de consciência que a massa tem em relação à nossa”. Segundo Antônio, se a proposta televisiva da Venezuela funcionasse hoje no Brasil, os debates públicos, as manifestações provenientes do mês de junho, estariam sendo transmitidas ao vivo para toda a população. “A TV Vive existe na Venezuela para isso, para o processo revolucionário. Se existisse aqui transmitiria ao vivo debates que acontecem hoje nas ocupações país a fora”. Um processo parecido ocorre no Equador, onde um terço da TV terá concessão privada, outro terço será comunitária sem fins lucrativos, e a outra parte pública. Segundo o presidente Rafael Correa, o intuito do governo equatoriano é democratizar os meios de comunicação e enfrentar a oposição feita pelos proprietários das empresas de comunicação, em sua maioria ban-

queiros. “O poder midiático é muito maior que o poder político. São meios de comunicação dedicados a defender interesses privados. O mundo precisa entender o que se passa na América Latina”, respondeu Correa após ser questionado sobre a nacionalização dos meios de comunicação durante entrevista à Wikileaks. Pouco se ouve na grande mídia a respeito da iniciativa do Canal da Cidadania justamente por que aqueles que detém o monopólio dos meios de comunicação não tem o menor interessse na democratização desses meios.

Telesur Dentre outras iniciativas de integração entre a América Latina e o Caribe, Chávez criou a Televisión del Sur (Telesur), uma rede de televisão multi-estatal sem fins lucrativos com o lema “Nuestro Nuerte es el Sur”. A iniciativa recebeu apoio de países como Argentina, Bolívia, Cuba, Equador, Paraguai e Uruguai. O conteúdo é produzido por correspondentes em 12 países, inclusive no Brasil. O canal pode ser aces-

sado gratuitamente através de sua página (http://www.telesurtv.net/) e também em canais locais de alguns países de língua espanhola. Antes do lançamento do satélite Simón Bolivar, em 2008, houve um grande debate na Venezuela em relação à abrangência da transmissão do sinal. A maior parte do governo e do povo venezuelano queria que o satélite cobrisse o extremo norte da América do Sul, direcionado ao Golfo do México e, consequentemente, o sul dos Estados Unidos. Hugo Chávez direcionou o sinal para que cobrisse principalmente o Brasil. Apesar de o sinal ser enviado ao Brasil, o governo brasileiro desconsiderou o feito e não autorizou o sinal da Telesur para a TV aberta. Antônio Lisboa acredita que a transmissão do Telesur não foi aprovada pelo impacto que causaria ao cenário político atual e pela ligação política entre a Rede Globo e o governo americano. “A Rede Globo foi desenhada pela Time Life e pela CIA para ser um canal de dominação cultural responsável por promover o mais intenso processo de alienação televisiva do mundo, que é o que a gente vive no Brasil há décadas.

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Ilustração: Ramon Cavalcante

ceará

Democracia cercada e destruída Depois de 84 dias de ocupação, Parque do Cocó é brutalmente desocupado.

Por Lucas Moreira, Livino Neto e Rodrigo Santaella O Parque do Cocó, maior parque urbano da América Latina, está sendo atacado. Os mandantes do corte de 97 árvores para construção de 2 viadutos são os próprios gestores públicos: o prefeito Roberto Cláudio e o Governador Cid Gomes, ambos

recém-filiados ao PROS (Partido Republicano da Ordem Social). Depois do anúncio do prefeito sobre a construção dos viadutos em 5 de junho, históricos nomes das lutas sociais no Ceará: Rosa da Fon-

sêca, Maria Luiza Fontenelle, João Alfredo e outros, já se colocavam ali para defender o “pulmão da cidade”. Os tapumes que encobriam a obra caíram revelando o crime ambiental: as árvores já estavam sendo derrubadas, fora das vistas de todos.

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa 12

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Entrevista INclusiva: Foto: arquivo pessoal

Nós só conseguiremos um novo sistema de comunicação num processo revolucionário

Por Jéssica Ipólito e Jamille Nunes

Hamilton Octávio de Souza

Hamilton Octávio de Souza é jornalista com mais de 40 anos de profissão. Trabalhou na construção da mídia alternativa desde o início de sua carreira, ainda estudante, ao mesmo tempo em que trabalhava na mídia grande. Hoje professor da PUC-SP, o ex-editor chefe da Caros Amigos, começa a integrar a equipe da Revista Vírus Planetário de São Paulo e neste mês é nosso entrevistado numa conversa sobre o papel da mídia, o desenvolvimento da mída contra-hegemônica e seu papel na transformação da sociedade.

*Confira a íntegra da entrevista em nosso site: www.virusplanetario.com.br

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A B s o m a V

ã l i e L o LUTO PELO BRASIL! 21 de outubro é o Dia da Traição Nacional. Em 1995 FHC chamou o Exército para ocupar as refinarias e calar a voz dos petroleiros. Em 2013 Dilma Rousseff convoca as Forças Armadas para garantir o leilão de Libra. A Presidência da República se volta contra o povo e abdica da soberania nacional para garantir os interesses das grandes corporações empresariais. A Constituição foi rasgada. Respeitar a vontade do povo e assegurar a soberania são princípios constitucionais aviltados neste momento. Leiloar Libra, o maior campo de petróleo do Brasil, uma riqueza estimada em 1,5 trilhão de dólares, é trair o Brasil.


R A R AR

! a r b i L e d ão Brasileiras e brasileiros, no dia 21 de outubro vamos manifestar nossa indignação. Vá para as ruas com a Bandeira do Brasil, vista-se de preto, coloque fitas pretas nos carros e panos pretos nas janelas, em sinal de luto pelo Brasil.

Não ao leilão de Libra! Participe do abaixo-assinado: www.tinyurl.com/leilaonao Notícias da campanha: www.apn.org.br www.tvpetroleira.tv


política

Educação

na rua

Greve dos educadores do Rio luta por dignidade há 2 meses e arrasta população para as ruas. Polícia endurece repressão

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Ato dos profissionais da educação no dia 23/08 na Av. Presidente Vargas, centro do Rio Foto: Alexandre Kubrusly

Por Camille Perissé, Débora Nunes, Julia Campos, Mariana Moraes e Matheus Lara Nas manifestações que aconteceram durante junho em todo o Brasil, como relatado na matéria “Amanhã será maior” da edição 25 da Vírus, algumas palavras de ordem se destacaram nos gritos da multidão. Os “Da Copa eu abro mão! Eu quero mais dinheiro pra saúde e educação!” e “Ah! Professor vale mais que o Neymar!” junto com cartazes de “Quero educação padrão FIFA!”, denotam o quanto a educação é importante para o povo brasileiro. A educação pública, “coisa de comunista”, que já foi bastante atacada pelas elites conservadoras se tornou anseio comum. Seja de direita ou de esquerda, conservador ou progressista, é consenso na sociedade atual que sem educação pública de qualidade um país não tem futuro. De acordo com o censo escolar de 2013, o Brasil possui cerca de 40 milhões de estudantes na rede pública nos ensinos infantil, fundamental e médio. E em quais condições encontram-se as escolas onde 20 por cento da nossa população passa metade do dia? A precariedade das escolas por todo o país possui características semelhantes: professores mal pagos, sucateamento, currículo engessado, carga horária baixa, desvalorização e terceirização de funcionários públicos (chamados de funcionários de apoio: merendeiros, porteiros, zeladores e demais que atuam na infraestrutura de uma escola), falta de professores, falta de material didático, salas abarrotadas de gente e falta de democracia (eleições diretas para a direção nas escolas). Aprender alguma coisa num cenário deste...só sendo muito sinistro mesmo! Não bastasse toda a crise do sistema educacional brasileiro, vivemos ainda uma ilusão: de que a qualidade do ensino das nossas escolas pode ser medida a partir da nota que se tira no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Este ‘índice’, baseado no PISA (Programa Internacional de Avaliação do Estudante), tenta comparar a educação

Ler, escrever e fazer contas, ser á que essa é a única função da escola ?”

em vários países. A meta do governo federal é que a educação brasileira atinja até 2021 a mesma avaliação que os países desenvolvidos tinham em 2003. A princípio isso pode parecer uma coisa boa, mas ter um índice idêntico ao dos países europeus não significa que a educação seja como a de lá. De acordo com Daniel Cara, coordenador geral da campanha nacional pelo direito à educação e também membro do Fórum Nacional de Educação, “(o IDEB) é um instrumento válido, mas dá uma fotografia muito distorcida. Precisa ser aperfeiçoado, com a construção de um sistema nacional de avaliação da educação básica que inclua outros elementos, como variáveis socioeconômicas dos alunos, o lugar onde as Escolas funcionam e os insumos que existem em cada Escola”. Os exames do IDEB, aliados à política da meritocracia, formam uma mistura explosiva com potencial de transformar escolas em meros cursinhos pré-ideb. Não é raro ver estados e municípios que reduzem ou cortam disciplinas que não são avaliadas pelo exame para que professores cumpram com as metas estabelecidas pelo governo. Para a informação do leitor, o IDEB leva em conta apenas exames de Português e Matemática. Ler, escrever e fazer contas, será que essa é a única função da escola? Mesmo que fosse, todas as crianças são iguais, com realidades idênticas para serem assim avaliadas?

A educação no Rio de Janeiro A meritocracia tem sido a tônica da escola pública no município do Rio de Janeiro. Ao invés de pagar melhores salários, o prefeito resolve pagar por produtividade e joga a responsabilidade da educação no profissional e não na gestão pública. Enquanto isso, os professores são obrigados a planejarem suas aulas sem remuneração e se veem obrigados a utilizar cadernos pedagógicos impostos. Em audiência pública, realizada no dia 21 de maio, a professora Suzana Gutierrez, diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (SEPE/RJ), ressaltou que “em muitas escolas de boa qualidade não é esse, o tipo de material oferecido às crianças”. A professora ainda pondera que “o maior problema tem a ver com a discussão da autonomia pedagógica, porque cada realidade dos alunos é bem diferente”. O piso salarial do município é de R$ 1.147 (22,5 horas de trabalho) e a Rede Municipal não possui um plano unificado de cargos e salários. Enquanto isso, o prefeito Eduardo Paes cria o Ginásio Carioca (GC), que pretende habilitar professores de uma disciplina a dar aula de outras. Em tese, nada impede que o professor de matemática dê aula de português. Paes argumenta que o professor só fará o GC por vontade própria, mas um profissional que recebe R$ 1.147 tem muita escolha? Apesar de terem conquistado um plano de carreira com muita luta

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política

Única resposta às reivindicações dos educadores têm sido a forte repressão policial. Ilustração: Laíssa Gamaro

O Governo presenteia os professores:

na histórica greve de 89 dias em 1988, a Rede Estadual não está em condição superior. O Governador Sérgio Cabral não realiza concursos públicos para funcionários das escolas e terceiriza as funções de Servente, Merendeira, Vigia e Zelador. De acordo com o Deputado Estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), a empresa Facility detém R$ 531 Milhões em contratos com o Estado para a prestação desses serviços nas escolas. O governo estadual deixa de realizar concurso para contratar empresas privadas. Freixo afirma que “o que está em jogo não é só um debate pedagógico, o debate é de grana, de interesse financeiro. Os contratos com a Facility são de meio bilhão”. Tendo a carga horária de diversas disciplinas reduzida, os professores não têm tempo de planejar aulas e sofrem sanções de diretores escolhidos pelo Governador. Em termos de salário, os professores conquistaram na década de 80 um piso de 5 salários mínimos e os funcionários 3,5. Os educadores querem ter seus salários atualizados, o que acarreta em pisos de 3 e 2 mil reais, respectivamente. Nesse ano os educadores conseguiram a aprovação da lei “uma matrícula, uma escola” para que o professor não seja mais um andarilho. Mas Cabral passou por cima da decisão dos deputados e derrubou a lei. Nessa situação, depois de inúmeras tentativas de estabelecer um diálogo com Cabral e Paes, as redes municipal e estadual decidem ir para a Greve. Sem dúvidas, a greve da educação no Rio em 2013 ficará marcada na história das mobilizações pró-educação no Brasil. Principalmente pela reação violenta do Estado.

A greve As greves das redes municipal e estadual do Rio iniciaram-se no dia 8 de agosto e surpreenderam ao mobilizar 80% da categoria no estado. No dia 23 de agosto, o prefeito Eduardo Paes, em reunião com o SEPE/ RJ, se comprometeu a elaborar um plano de carreira em conjunto com a categoria. Com base nessa promessa, a rede municipal interrompeu a greve. No entanto, Eduardo Paes enviou, sem consultar a categoria, um plano 18

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golpista em caráter de urgência à Câmara Municipal. O plano deixa de contemplar 93% dos educadores. Após ser traída, a rede municipal, voltou à greve no dia 20 de setembro. Nesse dia, os professores decidiram ocupar o 13° andar da prefeitura, visando a retirada do caráter de urgência do plano de carreira, mas saíram dali apenas com a promessa de uma audiência com o secretário Pedro Paulo para a segunda seguinte, 23/09. No dia combinado, a prefeitura cancelou a reunião e publicou nota informando que não negociaria com categoria paralisada. A revolta aumentou. Na quinta-feira (26/09), quando estava prevista a votação do novo Plano de Cargos e Salários do município. Cerca de cem grevistas e apoiadores ocuparam o plenário da Câmara Municipal, impedindo a votação. A intenção era permanecer ali até terça (dia 1º de outubro), para quando foi remarcada a votação. O dia mais marcante na luta dos profissionais da educação foi também o mais triste. Na noite de sábado (28), a Polícia Militar retirou ilegalmente os professores que


Profissionais da rede de educação e aposentados usam de criatividade para protestar contra o vice-governador Pezão e a secretária municipal de educação Claudia Costin Foto: Matheus Lara

Professores não têm tempo de s planejar aulas e sofrem sançõe o de diretores escolhidos pel Governador”

Grevista mesmo deitada, continua a gritar palavras de ordem no megafone em protesto no dia 10/10 | Foto: Erick Dau / Oilo

ocupavam a Câmara. Atos de violência e covardia foram diversos: agarrões, tapas, uso de cassetetes, gás de pimenta, bombas de estilhaço, gás lacrimogêneo, até o uso de armas de choque. Resultado: 2 professores presos e vários hospitalizados. Os dias 29 e 30 também foram marcados por muita violência. No dia 1º/10 a FAETEC, que já estava em greve, resolve unificar as forças com o SEPE. Neste dia aconteceria a votação do Plano Golpista. A Câmara foi completamente cercada por policiais e bombas foram lançadas até do alto da Casa Legislativa, atingindo todos os seres vivos que passassem pelas ruas naquela tarde. As portas da Câmara estavam fechadas para a população. Mesmo assim, o Plano foi aprovado, com 36 votos a favor e 3 contra. Retiraram-se do plenário a bancada do PSOL - Renato Cinco, Eliomar Coelho, Paulo Pinheiro, Jefferson Moura (Rede); Verônica Costa e Marcio Garcia do PR; Brizola Neto (PDT); Reimont (PT) e Teresa Bergher (PSDB). No último dia 7 de outubro, aconteceu uma nova manifestação, que ocupou a Avenida Rio Branco com cerca de 50 mil pessoas. Como de praxe foi reprimida violentamente ao seu final e atacada pela mídia grande com acusações de “vandalismo”. No dia seguinte, Eduardo Paes confirma que cortaria o ponto dos profissionais e abriria processos administrativos. Diante dos absurdos, as mobilizações têm crescido cada vez mais. No feriado de 15 de outubro, dia do professor, foi realizada outra grande manifestação que saiu da Candelária em direção à Cinelândia. Cerca de 40 mil pessoas foram repudiar a forte violência que os educadores que estão lutando por melhorias na educação estão sofrendo. Ao final, do ato, uma das repressões mais fortes por parte da PM desde o início dos protestos em junho. Mais de 200 pessoas foram detidas aleatoriamente, apenas por estarem sentadas nas escadarias da Câmara Municipal. Mais de 60 foram autuadas pela Polícia Civil e permanecem presas até o momento do fechamento da edição (16/10), a maioria foi acusada de formação de quadrilha. Acompanhe as atualizações em nosso site: www.virusplanetario.com.br e na nossa página no facebook: www.facebook.com/virusplanetario

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Bula cultural

algumas recomendações médico-artísticas

É coisa de louco! Hotel e SPA da Loucura na zona norte do Rio de Janeiro ressignifica os sentidos

Por Marcelo Araújo Eis que um amigo me fala sobre o Hotel e Spa da Loucura. Pensei logo: Já gostei do nome! Então ele disse que era um hospital psiquiátrico que fazia um tratamento diferenciado, voltado arte e poesia. Nossa, aí minha cabeça deu mil giros! Fui pesquisar mais sobre o evento que ia rolar no dia seguinte, o Sarau Tropicaos. Sem pestanejar, me comprometi de ir lá conferir. Procurei saber onde é, como chegar e tudo mais. Peguei um ônibus da Tijuca e parti para o Engenho de Dentro. Desci no final da Dias da Cruz e es20

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tava perdido… Tão perdido quanto meu celular, que na semana anterior me deixou e foi vagar por aí. Sem, portanto, o google maps para me salvar. Porém, sempre em mente que antes desse aplicativo ou até mesmo do GPS existir, existia o “quem tem boca vai à Roma”! Fui perguntando. Alguns sabiam o que era o antigo Hospital Pedro II, outros sabiam o que era o Hotel da Loucura. No final, me achei. Ou quase… Meu primeiro pensamento ao chegar na frente do lugar foi: como eu entro aí? Tudo apagado, as grades cercam um complexo que se vê

abanado e completamente escuro. Mal vejo a entrada… fui caminhando um pouco mais e vi a entrada de carros, mais iluminada. Perguntei para os funcionários, “Hotel da Loucura, onde é?” eles, “Segue aquele casal ali!”. O casal estava quase sumindo no breu, e nessa hora, outro pensamento: você vai seguir pessoas no escuro em um manicômio? (…) É, eu segui! Por esse caminho: Sigo o casal, pelo caminho, eles já adiantados, entram em um prédio mais iluminado. Ufa! vou seguindo as vozes, e parece que eles também. E finalmente cheguei! Hotel e Spa da Loucura!


Foto: Marcelo Araújo

“ Minha cabeça gira umas 10 mil vezes com as obras nas paredes, as frases e tudo o que dá pra ver nas fotos. Deixei as voltas da minha cabeça trabalhar com a câmera. Não falei com ninguém, esse é o meu processo fotográfico: o silêncio e a observação (ou autismo, como alguns amigos dizem). Uma mistura de cores, formas e perspectivas que fazem qualquer fotógrafo se emocionar com as possibilidades. Depois encontrei

Faz pensar sobre o que é a lou cura, sobre como vivemos e como tratam os uns aos outros”

Gustavo Erlach, um artista que conheci também em alguns trabalhos noturnos e que tinha sua exposição também em exibição. Assim foi minha aventura por esse lugar mágico, que todo mês faz seu Sarau e traz te faz pensar sobre o que é a loucura, sobre como vivemos e como tratamos uns aos outros. Tudo isso só foi possível pela iniciativa do coletivo Norte Comum. Carlos Meijueiro, articulador do coletivo, diz que o objetivo é uma emancipação artística e cultural da Zona Norte em relação ao Centro e Zona Sul do Rio de Janeiro. E define a atuação do Norte Comum no Hotel da Loucura da seguinte forma: “O Hotel é uma ocupação cultural ali dentro daquele caos. Foi construído ano passado para receber os participantes do encontro anual de psicologos, artistas, medicos e pessoas interessadas em pensar

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Bula cultural

algumas recomendações médico-artísticas

Fotos: Marcelo Araújo

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Confira mais fotos aqui: www.tinyurl.com/loucura123

a transformação no mundo através da arte e do afeto chamado OCUPA NISE. Ele é pensado como um tumor do bem pra matar o hospício.” Os detalhes sobre o funcionamento do hospital são bem distantes da nossa atuação ali. Hoje o Norte Comum está lá sediado e fazendo essa gestão da ocupação. Articulamos grupos, artistas e interessados em produzir algo por lá, ou só participar desse lugar de encontros. A ideia é que até a virada do mandato da Prefeitura o trabalho lá esteja maravilhoso, para não corrermos risco de ser expulsos. E isso a gente só faz se geral chegar junto. Rua Ramiro Magalhães, 521 – Casa do Sol 3º andar – Engenho de Dentro (Instituto Municipal de Assistência a Saúde Nise da Silveira) 22

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Bula cultural

algumas recomendações médico-artísticas

Indicações AnarkoFunk “No meio dessa fúria Buquê de flor de aço Pedra portuguesa Granada de palhaço Embrulhada no poema Surgida da fumaça Emanada dos dedos Dá um beijo na vidraça”

Contraindicações “Compra coletiva” (Porta dos Fundos) Por que não ver graça numa troca de mercadorias onde “o que” se vende é o corpo ou a relação sexual oferecida por uma prostituta? Por que não achar graça de uma mulher jogada na sarjeta, tendo que recusar a “obrigação” de fazer sexo num momento em que aparenta estar tentando se recuperar de tudo que passou pela noite? Por que não rir de toda uma caracterização sobre uma atividade profissional que acarreta em situações de exploração que não temos nenhum pouco de noção? No fim, será que esse “consumidor” conseguiu esse “produto” a força? Que tal tentar responder essas perguntas e dar um “não gostei deste” no link:

Essa é uma das letras anarquista grupo do que faz funks politzados e os levam para as manifestações no Rio de Janeiro. Ouça a música do grupo: www.soundcloud. com/anarkofunk

www.tinyurl.com/compraporta

Tv Vírus Está no ar a WebTv da Revista Vírus Planetário! Foi lançada no mês passado e já tem 12 vídeos online no YouTube e mais de 12.000 visualizações. A proposta é ser um canal gratuito com conteúdo audiovisual variado, que seja primordialmente crítico da lógica capitalista. Acesse o canal, deixe seu comentário, crítica e sugira conteúdo! www.tv.virusplanetario.net www.youtube.com/virusplanetario

POSOLOGIA ingerir em caso de marasmo ingerir em caso de repetição cultural ingerir em caso de alienação manter fora do alcance das crianças nocivo, ingerir apenas com acompanhamento médico extremamente nocivo, não ingerir nem com prescrição médica Vírus Planetário - outubro 2013

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Estamos em greve contra a precarização da educação do Rio de Janeiro.!

A transformação só vem pela educação de qualidade! Uma educação de qualidade só vem com a valorização do educador e com infra-estrutura. 36 anos

Confira notícias sobre a greve e a luta da educação: Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro

www.seperj.org.br


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