Não-Monogamia - Reconstruir o conceito de família para libertar a sociedade das opressões
Vírus Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça
R$5 edição nº 30 fevereiro 2014
Planetário
#SomosTodosGuarani-Kaiowá
Resistência indígena Até quando a sociedade brasileira verá o extermínio dos povos indígenas sem fazer nada?
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Afinal, o que é a Vírus Planetário? Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principalmente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus Planetário: Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas excluídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano.
O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível.
Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media (www.fazendomedia.com) e nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.
Expediente: Rio de Janeiro: Alexandre Kubrusly, Ana Chagas, André Camilo, Artur Romeu, Bruna Barlach, Bruno Costa, Caio Amorim, Camille Perrisé, Catherine Lira, Chico Motta, Débora Nunes, Eduardo Sá, Joyce Abbade, Julia Campos, Julia Maria Ferreira, Livia Valle, Marcelo Araújo, Mariana Gomes, Mariana Moraes, Matheus Lara, Miguel Tiriba, Raquel Junia e Seiji Nomura | São Paulo: Ana Carolina Gomes, Duna Rodríguez, Gustavo Morais, Hamilton Octávio de Souza, Jamille Nunes, Jéssica Ipólito e Luka Franca | Brasília: Alina Freitas, Edemilson Paraná, Luana Luizy, Mariane Sanches e Thiago Vilela | Minas Gerais: Ana Malaco, Laura Ralola e Paulo Dias | Ceará: Iorran Aquino, Joana Vidal, Livino Neto, Lucas Moreira e Rodrigo Santaella | Piauí: Nadja Carvalho, André Café, Sarah Fontenelle, Mariana Duarte e Diego Barbosa | Bahia: Mariana Ferreira | Paraíba: Mariana Sales | Mato Grosso do Sul: Marina Duarte, Tainá Jara, Jones Mário, Fernanda Palheta, Eva Cruz e Juliane Garcez Diagramação: Caio Amorim | Foto capa: Crianças indígenas na área de retomada da Aldeia Água Bonita na periferia de Campo Grande (MS) | Foto por: Lucas Moreira Victor
Conselho Editorial: Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti e Diretoria de Imprensa do Sindicato Estadual dos Profissionais de Edução do Rio de Janeiro (SEPE-RJ) Siga-nos: twitter.com/virusplanetario Curta nossa página! facebook.com/virusplanetario Anuncie na Vírus: contato@virusplanetario.net #Impressão:
www.virusplanetario.com.br Comunicação e Editora A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 3164-3716
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Editorial
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Construir um veículo contra-hegemônico como a revista Vírus Planetário não é fácil. É preciso um grande investimento de vontade e de trabalho militante de profissionais que sabem que não é possível transformar a sociedade sem travar uma disputa séria no campo da comunicação. E é por isso que hoje contamos com uma equipe de 82 pessoas, presentes em 11 estados construindo este projeto. No entanto, não adianta todo este trabalho se não pudermos contar com a ajuda de todos que acreditam nesse projeto: nossos leitores, apoiadores, parceiros de luta, sindicatos e outras entidades que estejam convencidas da importância da Vírus Planetário. Isso porque para existir na nossa sociedade capitalista, infelizmente, precisamos de dinheiro. Dinheiro para manter a revista funcionando e para conseguir atingir nossas metas de crescimento. Para que a Vírus chegue mais longe e consiga cada vez mais cumprir seu objetivo de mostrar que outra forma de fazer jornalismo é possível para todos os cantos do país. Por isso, nesta edição de fevereiro chamamos a todxs para virem construir conosco a ponte para vencer este desafio através da campanha de apoio a revista, disponível neste endereço eletrônico: www.apoie.virusplanetario.net Cientes do nosso desafio e completando neste mês 30 edições da revista, trazemos à tona debates fundamentais para engrenar o ano de 2014, um ano que promete ser de muita luta nas ruas e de grandes discussões sobre os rumos da sociedade. Acompanhamos a caravana pela demarcação das terras indígenas e trouxemos desde lá a importância de nos somarmos a luta dos povos originários, que historicamente têm sofrido com as mazelas da colonização e do capitalismo. Ainda sobre a perseguição e opressão, a situação dos presídios é tema de reportagem e bandeira de luta do movimento de Direitos Humanos. Em tempo de justiçamentos e posicionamentos punitivistas, a nossa luta é pela libertação da humanidade. Libertação da humanidade que passa por rever a quem serve nosso modelo de relacionamento e como o capitalismo está intrincado em nossas vidas e em nossas relações transformando a forma com que nos relacionamos em relações de posse e utilizando o amor, a carência e toda a cultura por trás destes temas para nos deixar dia a dia mais infelizes, automatizados e alienados. Que a sua jornada pela nossa trigésima edição seja boa e, não se esqueça: a Vírus Planetário não existe sem você.
Sumário
*da edição reduzida
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Hamilton Octávio de Souza_ Criminalizar o povo é camuflar a realidade
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Sociedade_A quem serve a monogamia?
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Presídios_O círculo vicioso da violência
18 Sórdidos Detalhes 19 Bula Cultural_indicações e contraindicações
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Bula Cultural_O punk não morreu?
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SomosTodosGuarani-Kaiowá_O povo indígena resiste
28 Entrevista Inclusiva_Lídia Rodrigues 32 Fazendo Media_Babões da mídia querem o sangue do povo
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O Sensacional Reporter Sensacionalista
hamilton
octávio de souza Hamilton é jornalista e professor na Pontifícia Univerdade Católica de São Paulo (PUC-SP) e membro da equipe da Revista Vírus Planetário
Criminalizar o povo É camuflar a realidade Grupos dominantes – empresários, banqueiros, oligarquias, mídia e novos partidos da ordem – apostam na repressão para conter a insatisfação popular e a rebeldia de diferentes segmentos sociais.
A incipiente democracia brasileira está em crise. Pode ser por esgotamento da atual representação política, o modelo econômico-social que não contempla a todos ou pela existência de governos alienados, hipócritas ou simplesmente distanciados da realidade do povo. O fato é que o neoliberalismo, mesmo na sua versão desenvolvimentista, não dá mais conta de atender as demandas mais urgentes da maioria da sociedade. O descontentamento se alastra na mesma proporção em que o descaso com os bens e serviços públicos é denunciado nas ruas. O sinal da crise é evidente: cada vez mais o Estado precisa usar a força para garantir o funcionamento de coisas banais, como o transporte coletivo, o passeio no shopping e o treino de um time de futebol. De um lado, os poderosos e as autoridades de plantão, com as suas respectivas bases de sustentação pendendo para a direita, certamente a grande mídia, preferem apontar a existência de “vândalos” em tudo que se move na sociedade, tratam de criminalizá-los rapidamente para ganhar a opinião pública, em vez de enfrentar os problemas e buscar as soluções. Nessa toada, todos os dias o país perde em liberdade de ex6
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pressão e democracia e ganha em autoritarismo. Em nome da “paz social”, o Estado, para proteger os interesses de uma minoria privilegiada, usa cada vez mais a força para sufocar os que não suportam tamanha humilhação e crescente discriminação.
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Esses governos estão cada vez mais na dependência da força, viciados na opção pela truculência. Não tem mais a palavra para oferecer”
Os governos, nos vários níveis, não mais se sustentam pela política. Precisam das tropas de choque da PM e das guardas nacional e municipal para impedir a ação dos que reclamam, reivindicam, protestam ou simplesmente querem circular livremente nos espaços reservados aos que podem consumir. Esses governos revelam a face do pânico diante da manifestação do povo. Temem ser des-
tronados, mesmo quando o alvo é apenas uma pequena e simples exigência por maior eficiência num serviço público fundamental. Esses governos estão cada vez mais na dependência da força, viciados na opção pela truculência, não conseguem mais convencer por meio de diálogo racional, civilizado e confiável. Não têm mais a palavra para oferecer. O uso de aparato policial e judicial – para reprimir e indiciar – tem sido sistematicamente usado para conter protestos das mais variadas motivações, desde o leilão do pré-sal, no Rio de Janeiro, até os treinos dos times do futebol, em São Paulo. As tropas de choque pagas com dinheiro público são chamadas para tudo: garantir a segurança de eventos privados, de centros comerciais privados, de autoridades e personalidades, de delegações esportivas nacionais e estrangeiras, dos transportes coletivos, dos bancos, das escolas, dos banhistas nas praias, torcedores nos estádios, plateias nos shows, parentes nas portas dos presídios, etc. E nunca se viu tanto “vandalismo” no Brasil como o que tem pipocado nos últimos nove meses, com todo tipo de protagonismo. É de se perguntar o que aconteceu como aquele povo ordeiro, hospi-
Montagem da página “Movimento Pró-corrupção” www.facebook.com/ProCorrupcao ironiza a única solução apresentada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin
taleiro, pacífico, cordial e amante do carnaval e do futebol, cantado em prosa e verso na música e na literatura? Não dá para chamar todo o povo de “vândalo”, como tem feito sistematicamente os veículos de comunicação. Mas é isso que tem acontecido: “vândalos” são os jovens que fazem rolezinhos nos shoppings; “vândalos” são os amigos e familiares do trabalhador assassinado pela PM na periferia; “vândalos” são os tor-
cedores dos vários times que brigam nas arquibancadas e que cobram o mínimo de dignidade aos bem remunerados jogadores de futebol; “vândalos” são os usuários de ônibus, de metrô e de trens de subúrbios que fazem quebra-quebra toda vez que o péssimo serviço dos transportes fica pior ainda; enfim, “vândalos” são todos aqueles que questionam a realização de uma Copa do Mundo de Futebol regada com dinheiro público quando as prioridades da Nação são outras completamente diferentes.
Cada dia mais ridículo O discurso hipócrita dos grupos dominantes – diante das mais variadas manifestações do descontentamento popular – beira sempre ao ridículo, tal qual o do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao afirmar que o quebra-quebra no metrô
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Hamilton Octávio de Souza fonte: www.facebook.com/foralckmin
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A criminalização tem sido uma estratégia ideológica dos grupos dominantes”
paulistano, dia 4 de fevereiro, foi algo “orquestrado” – depois que milhares de passageiros ficaram presos nos túneis, por mais de hora, no escuro, sem ar-condicionado, com temperatura superior a 40º C, e sem qualquer informação sobre os defeitos do sistema. Mais ainda: milhares de passageiros foram “tocados” para fora das estações sem receber o dinheiro de volta pelo serviço não prestado, e ficaram sem alternativa de transporte para ir e vir do trabalho para casa. Numa situação terrível como essa, degradante em qualquer lugar do mundo, o foco das declarações oficiais e da mídia não ficou na péssima qualidade do serviço público, mas no “vandalismo” do povo. Situações como essa estão se repetindo pelo Brasil afora, nas ruas, nos bairros, nas periferias, nas favelas, nos morros, nas prisões, aglutinando cada vez mais pessoas que até então estavam engolindo em silêncio o enorme desrespeito que tomou conta de tudo aquilo que se tem contato na vida em sociedade: os apagões nos transportes e na energia elétrica diante de preços extorsivos; as filas nos hospitais diante dos milhões pagos de juros; a queda da qualidade do ensino público diante da sórdida exploração privada da educação. O gozado disso tudo é que a mesma mídia que torce pela guerra civil na Síria e para a derrubada do governo da Ucrânia pelo povo (lá são manifestantes e não “vândalos”), aqui vive a apontar as mais básicas reivindicações populares como sendo uma grave ameaça à ordem social. A criminalização tem sido uma estratégia ideológica dos grupos dominantes na medida em que sinalizam para o conjunto da so-
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fonte: página “Ocupa Alckmin” no facebook
ciedade (especialmente para os setores conservadores da classe média) que o manifestante é uma coisa, exerce um direito democrático, mas o “vandalo” é outra coisa; é o manifestante que não acata a ordem ditada pelo aparato repressivo. Da mesma forma, o passageiro do metrô, do ônibus e do trem de subúrbio é uma coisa – o cidadão silencioso, submisso, obediente – e, outra coisa é o “vândalo”, aquele que quebra o trem quando o trem quebra e deixa todo mundo pelo caminho. O torcedor é o cara que vai ao campo de futebol para aplaudir, não importa o fracasso do seu time, o alto preço dos ingressos, o péssimo espetáculo, enquanto o “vândalo”, que é diferente do “torcedor comum”, é aquele que cobra desempenho, protesta, gosta de futebol, mas não cai no engodo de uma Copa do Mundo “ufanizada” pela Rede Globo. O consumidor é uma coisa – o jovem que vai ao shopping para comprar ou só olhar as vitrines –, que é muito diferente do “vândalo” que vai ao shopping fazer um rolezinho com a meninada do bairro. Essa criminalização vai ao infinito, está sendo aplicada como rótulo generalizado para diferentes segmentos sociais, e só tem como objetivo esmagar todo tipo de comportamento que incomoda a ordem ditada pela “paz social” de um sistema que
favorece a minoria, promove brutal concentração da renda e da riqueza, protege privilégios. Ter posição contrária à Copa do Mundo é enfrentar, atualmente, todo o aparato de sustentação de um evento privado – da FIFA – sob o patrocínio do Estado, das corporações e da grande mídia. O que se espera, do brasileiro, na visão dos grupos dominantes, é que ele se comporte igual a gado, que aceite ser tocado e que caminhe de cabeça baixa para o matadouro sem a menor resistência. Só está faltando mesmo relançar aquele adesivo que fez sucesso por ocasião da Copa de 1970, no governo Médici, no qual ao lado de uma bandeira do Brasil estava a seguinte inscrição: “AME-O OU DEIXE-O”. Será que não passa pela cabeça dos poderosos que todo mundo
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Os grupos dominantes esperam que o brasileiro se comporte igual a gado,”
que é cidadão, trabalhador, manifestante, passageiro, torcedor, consumidor, pode também ser um “vândalo” em potencial? Não passa pela cabeça das autoridades que a realidade brasileira cria e alimenta “vândalos” todos os dias? E que ser “vândalo”, nesse momento, pode ser apenas uma reação direta aos descalabros que temos de enfrentar todos os dias? E que ser “vândalo” é também uma perspectiva de mudança diante do cinis-
mo que tomou conta do cenário político? O que aconteceria, por exemplo, se todos os “vândalos” (assim nomeados pelos grupos dominantes de direita) se tornassem revolucionários? Está claro que a criminalização generalizada das pessoas que participam das manifestações populares é uma maneira safada de desviar a atenção das questões principais, é querer camuflar e esconder os verdadeiros problemas da realidade.
Foto original: Passarinho (Prefeitura de Olinda) Inspirado na página “Mas aí já é vandalismo” - https://www.facebook.com/MasJaEVandalismo
Preparem a cadeia que o Carnaval 2014 vem aí!
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A verdade varrida pra debaixo do tapete
s o d i d sór . . . s e h l a det
campanha: adote um(a) reaça mala da mídia! Os chamados grupos de “Justiceiros” andam a fazer estragos por aí: torturas, execuções, humilhações, enfim, são muitas e violentas as formas de vingança contra os que batizaram de “bandidos”. O lema é tão simples quanto antigo: “bandido bom é bandido morto”. Mas cá pra nós, os mesmos que matam um ladrão de mercado com requintes de crueldade são os mesmos que se calam diante da impunidade de Thor Batista, por exemplo, que por dirigir acima da velocidade atropelou e matou um ciclista que passava pela rua. Sua pena ninguém ainda o viu cumprir; mas os “justiceiros” não se incomodam com isso, estão mais preocupados com os pobres e negros, afinal, quando se mata um destes, sendo ou não um criminoso, a foto fica com mais cara de “Justiça” e o público acredita mais facilmente que estará protegido, afinal, “preto lembra pobre que lembra bandido que lembra preto que lembra pobre...”. Andam a fazer o velho trabalho que a chamada Justiça comum já faz, e do mesmo modo perpetrar o racismo e o classismo. Como os justiceiros dão conta apenas da “camada pobre e preta” dos criminosos, existem por aí fortes indícios de que o jornal “Cidadão de Bem”, outrora criado pela famosa liga de “justiceiros” chamada Ku Klux Klan, voltará com tudo em sua nova versão, agora brasileira. A briga agora é para saber qual editora ficará com esta responsa: Grupo Abril, Globo, SBT, etc... Já pensaram até na capa da primeira edição: “A ONDA BRANCA VARRE O BRASIL: a hora e a vez de Bolsonaro para Direitos Humanos – que não defenderá bandidos!”. E como está de vento em popa, a campanha “adote um bandido” entre os reacinhas de plantão na internet, lançamos a nossa: “Adote um(a) reaça mala da mídia grande!”. Ilustração: Rafael Balbueno
montagem: www.facebook.com/ProCorrupcao
Rachel, a má Rachel SherAzedo e o SBT mostram mais uma vez que estão buscando a vanguarda do reacionarismo na televisão brasileira. A transmissora, já deu fama a nomes como Carlos Massa (Ratinho) e agora consolida uma voz tão reacionária que conseguiu superar a Veja nos comentários do caso do menino torturado e amarrado nu ao poste. A apresentadora, ídolo de reaças de plantão, defende publicamente a tortura e a violência contra aqueles a quem julga criminoso, pois, ora, o “cidadão de bem” precisa se defender. Sem isso, como ficará tranquilo para ir ao shopping, comer em bons restaurantes, entrar tranquilamente em seu carro, dentre outros afazeres inadiáveis? Para ela, as prisões arbitrárias e as execuções policiais não são suficientes para lhe dar tranquilidade. Há ainda muitos suspeitos nas ruas – negros e pobres –, ainda mais em tempos de manifestações e “vandalismos”. A não ser que o vandalismo criminoso seja de um Justin Bieber, pois afinal, trata-se apenas de um adolescente. Nessa hora a máxima “adote um bandido” podia bem servir para ela própria, SherAzedo, Leve um Justin Bieber pra casa! Mas a gente sabe que tudo isso acontece porque a Rachel é a irmã-gêmea má, todo mundo sabe que a Rutinha é boa e a Rachel é má, como foi revelado aqui www.facebook.com/RuthSheherazade
Montagem: www.facebook.com/RuthSheherazade
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Fotos: Jessika Pamella
Entrevista INclusiva:
Lídia Rodrigues Por Joana Vidal “Camila” foi uma das músicas de maior sucesso do Biquíni Cavadão. Nos shows que fui, a galera cantava animadamente. Depois de conversar com a Lídia, descobri que “Camila” é uma música que fala sobre abuso sexual. Camufladamente, como o abuso acontece. Obscuro, tal qual está o mercado de turismo e exploração sexual que, em constante movimento, se relaciona intrinsecamente com o modelo de cidade posto. Agora, imagina na Copa. Lídia Rodrigues é ativista feminista e dos direitos da criança e do adolescente. Segundo ela mesma, “não é uma opção ser ativista desse campo. Tem coisa que a gente escolhe, tem coisa que escolhe a gente. Isso não é só uma coisa que eu faço pelo mundo, é uma coisa que o mundo faz por mim”
Confira a entrevista na edição completa digital ou impressa Vírus Planetário - fevereiro 2014
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direitos humanos
O povo indígena
resiste
Até quando a sociedade brasileira verá o extermínio dos povos indígenas sem fazer nada? Por Lucas Moreira Victor e Ana Claudia Meira* A história do nosso país está marcada pelo ataque às comunidades indígenas desde sua colonização. São, portanto, 514 anos de genocídio das mais diversas etnias, de apropriações das suas terras originárias e imposição de uma nova cultura. Em um segundo momento há o estabelecimento de elementos modificadores da cultura indígena, o que atualmente ocorre com autorização e/ou omissão da justiça. O processo de colonização não findou. Diariamente, dezenas de etnias tem tido seus direitos retirados pelas políticas desenvolvimentistas do Estado brasileiro, que encontrou um aliado mortífero: o agronegócio, principal responsável por esse processo de extermínio, e que tem como ferramentas, uma segurança particular capaz de assassinar –
nos últimos 10 anos 283 lideranças Guarani-Kaiowá, somente no Mato Grosso do Sul; bem como um leilão – Leilão da Resistência, realizado dia 8/12/2013, em Campo Grande (MS), que visava arrecadar recursos para aumentar a “segurança” nas terras retomadas pelos indígenas. Outra arma utilizada pelos ruralistas vem sendo a bancada no Congresso Nacional, que tem como alvo certificar que emendas constitucionais sejam aprovadas, todas objetivando a completa eliminação dos direitos reservados aos povos originários. Em 1882 industrializou-se o processo produtivo da erva-mate em todo o território das comunidades Guarani-Kaiowá, sendo esse processo, o grande responsável pela desocupação de inúmeras famílias
indígenas. O que antes era uma vasta área desses povos tradicionais, atualmente não passa de plantação de soja e cana. Impera nessas terras crimes contra a vida, através de assassinatos brutais, de pulverização de agrotóxico sobre aldeias, envenenando as suas águas, tornando o que antes era um solo de plantio, em terras improdutivas, e até levando a morte de indígenas por envenenamento. Essa violência do agronegócio, enquanto base de sustentação do capitalismo brasileiro, extrapola não somente os direitos humanos, bem como os limites da dignidade humana. É importante evidenciar os inúmeros casos de assassinatos, incêndios, desaparecimentos de indígenas, estupro de mulheres, envenenamento de águas e terras. Esses casos, aliados
*Colaboraram os membros da Brigada de Solidariedade aos Povos Guarani Kaiowá - 13 de Janeiro
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Crianças indígenas em sua terra de retomada da Aldeia Água Bonita, periferia de Campo Grande, Mato Grosso do sul. Fotos: Brigada de Solidariedade aos Povos Guarani Kaiowá - 13 de Janeiro
ao total abandono do Estado no que se refere à saúde, educação e alimentação, em conjunto com a omissão do poder judiciário de nosso país frente às execuções de lideranças e homologação de terras, entre outros abusos, são casos que permanecem sem justiça. Os Guarani-Kaiowá estão vivenciando um momento decisivo em sua história, resistindo heroicamente contra o agronegócio – que expande sua fronteira agrícola através da devastação de florestas, envenenamento do solo, despejo de comunidades indígenas e ações violentas de seus paramilitares com a conivência do Governo e da Justiça – buscando retornarem aos seus territórios, garantindo o que lhes pertencem por direito. Atualmente existem várias terras retomadas pelos/as indígenas, por outro lado, vários fazendeiros/as entraram com pedidos de “reintegrações de posse”. Dessa forma os indígenas podem ser retirados com violência policial e/ou dos pistoleiros a qualquer momento de suas terras tradicionais. A prática utilizada pelos ruralistas é a de intensificar as
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O que antes era uma vasta áre a desses povos tradicionais, atualmente não passa de plantação de soja e cana”
ameaças contra a vida dos indígenas, engrossando os contratos com a empresa Gaspem (Dourados, MS), que fornecia1 “segurança” às fazendas. No mesmo estado, desde 2005, há registros de casos de violência rural com envolvimento da Gaspem. Existem relatos de ameaças feita por funcionários da empresa à comunidade Guarani-Kaiowá Apyka’i (Curral do Arame). Em 2009, a mesma comunidade teve seus barracos criminosamente queimados, voltando a ser repetido o fato em 2013. A participação da Gaspem no episódio está sendo investigada, além do possível envolvimento da empresa nos ataques às comunidades Lagoa Rica, Laranjeira Ñanderu, Ñaderu Morangatu, Sombrerito, Pyelito Kuê e Guaiviry – todas próximas a áreas reivindicadas como tradicionalmente indígenas. Sendo os funcionários da empresa os principais acusados da morte dos indígenas Dorvalino Rocha e Nízio Gomes, em processos que tramitam na Justiça Federal de Ponta Porã. A Aldeia Apyka’i recebeu nova ordem de reintegração de posse, acompanhe mais notícias em: http://campanhaguarani.org/apykai
Indígenas mortos na comunidade Apyka’i por pulverização de agrotóxico sobre as aldeias e atropelamentos criminosos. Vírus Planetário - fevereiro 2014
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direitos humanos
Violência contra os Guarani-Kaiowás
#SomosTodosGuaraniKaiowa Brigada de Solidariedade aos povos Guarani Kaiowá – 13 de Janeiro A Brigada de Solidariedade aos povos indígenas Guarani Kaiowá aconteceu nos dia 6 a 16 de janeiro percorrendo várias aldeias do Mato Grosso do Sul, conhecendo a realidade de diversas etnias como Guarani, Kaiowá, Guató, Kadiwéu e Terena. O objetivo é somar na luta em defesa das comunidades indígenas, mas pra isso era necessário esse primeiro momento de contato onde os militantes entenderiam melhor o que passam esses povos na luta por suas terras de origem, seus direitos básicos e suas vidas. As violações que acontecem principalmente contra os Guarani Kaiowá são ataques à vida desses povos, a essa importante cultura, aos direitos humanos. O clamor é que os movimentos sociais, as ONG’s e toda a população se juntem e abracem a causa indígena para que possamos avançar cada vez mais! Pela agilidade no processo de demarcação e homologação das terras indígenas, basta de massacre!
Manifestação por rapidez na regularização fundiária da aldeia Água Bonita, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
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O cacique Ládio Verón, da aldeia Taquara, Juti (MS), viu seu pai Marcos Verón ser brutalmente assassinado em 2003, a mando de fazendeiros, frente toda a aldeia. Atualmente, ameaças contra sua vida são feitas, por conta de sua atuação política em defesa dos direitos dos povos indígenas, ameaças que também acontecem com as demais lideranças da região. Segundo o relatório, “Violência contra os povos indígenas no Brasil”, do Conselho Indigenista Missionário, o número de assassinatos passou para 37 no ano de 2012, entram também para a estimativa violências diretas aos povos Guarani-Kaiowás: 11 tentativas de homicídios, 8 homicídios culposos, 6 ameaças pessoais de morte, 4 ameaças a comunidades inteiras
Liderança indígena Kaiowá mostrando registro de sua filha que foi levada pela FUNAI e nunca mais foi vista por ele
(86 vítimas), 1 abuso de poder, 4 situações de racismo e discriminação étnica cultural (12 vítimas), além de 2 casos de violências sexuais. A triste análise da conjuntura passa a ser ampliada no que diz respeito as omissões por parte do poder público, sendo 5 casos de desassistência na área de saúde (14.249 vítimas), 1 caso de desassistência na área de educação escolar indígena (500 vítimas), 13 casos de desassistências gerais (1.633 vítimas), sendo essa última violência caracterizada pelo descaso com indígenas mantidos em condições subumanas, como barracos de lonas às margens de rodovias que não possuem nenhum tratamento de resíduos ou esgoto, luz elétrica ou água tratada, sendo incluídas a lista a não entrega de cestas básicas, situações de trabalho escravo ou análogo à escravidão. Outro reflexo perceptível e alarmante do agronegócio, são os elevados números de suicídios no estado. A cada seis dias, um jovem GuaraniKaiowá tira a própria vida. Dentre os motivos estão o confinamento nas reservas e a falta de perspectivas de seus territórios sagrados serem demarcados. Entre os anos 2000 e 2012, houve 611 casos de suicídio no
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O que resta é se pint ar para essa guerra contra as cercas do capital, em defesa de uma longa vida para os povos indígenas”
estado de Mato Grosso do Sul, das etnias Guarani-Kaiowá. Dos casos de suicídio entre indígenas ocorridos no Brasil, entre os anos 2003 e 2010, 83% destes aconteceram no Mato Grosso do Sul, apesar deste estado concentrar menos de 10% da população indígena do país. A resistência dos povos indígenas rompe as fronteiras e caminha na esperança da construção de um país que respeite todos e todas. Uma tomada de consciência coletiva é necessária, a fim de que o individualismo dos representantes deste sistema econômico cruel e assassino não extingua a cultura originária de nosso país. O sangue e o sonho dos antepassados indígenas permanecem nessa terra, resta a geração presente buscar, dentro de si, a verdade que existe
e que tentam esconder. Apesar dos galhos terem sido cortados, seus frutos roubados e até seu tronco queimado, as raízes estão vivas e ninguém pode arrancá-las. A pureza do sorriso de um povo massacrado, por um desenvolvimento assassino, pelo progresso que destrói a tudo e a todos, deve voltar a florir. O que resta é se pintar para essa guerra contra as cercas do capital, em defesa de uma longa vida para os povos indígenas, lutando por esse povo, por seus anciãos, seus netos e pelos guerreiros desse pedaço de chão! Afinal, cada cidadão brasileiro possui uma ligação com os povos indígenas, cada brasileiro é um pouco índio!
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FAZENDO
MEDIA
Fevereiro de 2014 | Ano 11 | Número 113 | www.fazendomedia.com | contato@fazendomedia.com
a média que a mídia faz
Babões da mídia querem o sangue do povo A defesa de milícias privadas, linchadores de aluguel e grupos de extermínio revela o atraso civilizatório de quem aposta na “justiça” pelas próprias mãos. Por Hamilton Octávio de Souza
arte: Bruna Barlach
De tempos em tempos a posição mais extremada de alguém da mídia cria desconforto até mesmo aos setores conservadores e de direita – da mídia e da sociedade. É o que aconteceu na última semana, quando uma notória comentarista do SBT, a TV de Sílvio Santos, defendeu em rede nacional o apoio aos atos de violência praticados por uma gangue de motoqueiros, que atacou, espancou e prendeu em um poste, covardemente, no Rio de Janeiro, um adolescente de 15 anos. Não é de hoje que jornalistas e privilegiados cidadãos com amplo acesso aos meios de comunicação usam e abusam de discursos a favor da truculência de vigilantes, milicianos e esquadrões da morte. É sintoma persistente num país que não se livrou das heranças coloniais e escravocratas, em que a brutal desigualdade ainda separa o mundo em casa grande e senzala, ricos e pobres e acintosamente divide a sociedade entre os portadores e os desprovidos de direitos. A característica mais evidente deste tipo de postura – que tem porta-vozes na mídia, no Congresso
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Nacional, nas Forças Armadas e nos mais diferentes espaços públicos e privados – é que seus autores não apenas se colocam acima das regras mais elementares do pacto de vida em sociedade, mas deliberadamente confrontam as leis, a Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU em 1948.
Já tivemos em horário nobre da televisão brasileira inúmeros apresentadores de programas regionais e/ou nacionais, que defendiam abertamente o massacre de cidadãos acusados ou suspeitos da prática dos mais simples delitos, como o roubo de alimentos ou de qualquer bem de uso pessoal. Tais jornalistas e comunicadores sem-
pre se valeram de bordões como “bandido bom é bandido morto” ou “lugar de bandido é na cadeia”, tudo para sensacionalizar os casos muitas vezes baseados apenas na versão da polícia. É inaceitável verificar que as grandes redes de TV – Globo, Record, SBT, Band – ainda abrigam programas nos quais o babão ou a babona de plantão, verdadeiros pitbulls da selvageria, continuam destilando ódio de classe ou étnico ou de gênero ou de sexo contra pessoas indefesas e fragilizadas, utilizando assim o poder da comunicação de massa para atiçar contra elas toda a ira do sistema, inclusive a dos indivíduos que são pagos para matar. Da mesma forma ainda temos no Congresso Nacional e nos vários níveis do Legislativo, parlamentares eleitos pelo voto popular que defendem as mais medievais formas de violência, seja contra os povos indígenas e os trabalhadores rurais sem terra ou seja contra as mulheres, os gays ou os jovens negros e pobres das periferias do Brasil, que são – em todas as estatísticas, as maiores vítimas fatais da intolerância econômica, social e cultural. Todo mundo deve se lembrar de uma frase de um deputado federal de São Paulo, quando defendeu um estuprador que havia assassinado a sua vítima. Ele disse:“quer estuprar, estupra, mas não mata”, como se tal interpretação pudesse amenizar a barbárie contida na ação criminosa. Todo mundo também deve se lembrar de que na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro já tivemos, até recentemente, diversos aliados das milícias formadas nos bairros da Baixada Fluminense.
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Os concessionários das emissoras de rádio e TV adoram os programas que babam violência e defendem a barbárie”
Existem, em São Paulo, inúmeras denúncias sobre a atuação dos grupos de extermínio formados nos quartéis da Polícia Militar do Estado de São Paulo, integrados por PMs, e que são responsáveis por inúmeros assassinatos nos últimos anos. Seus crimes são acobertados pelas autoridades e fazem parte não apenas da política de intimidação das populações periféricas, mas também, muitas vezes, esses policiais estão envolvidos nas organizações do tráfico de drogas, roubo de cargas e desmanches de veículos furtados. Nada disso é novidade no Brasil: nos anos de 1960 e 1970 atuaram em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e outros estados, os famigerados “esquadrões da morte”, todos comandados por policiais. Durante anos esses esquadrões assassinaram centenas de pessoas sem passagem policial, suspeitos de crimes e presos (muitas vezes retirados de delegacias e cadeias) como se seus integrantes fossem “juízes” e “tribunais” da sociedade acima da lei e do respeito aos direitos dos cidadãos – entre os quais os de ter presumida a sua inocência, ter ampla defesa e, se condenado, por Justiça idônea, cumprir a pena sem a violação de sua integridade física. O que parece chocar muita gente, atualmente, é verificar que na imprensa e nos mais influentes meios de comunicação, ainda existem profissionais – jornalistas ou não – adeptos e propagandistas das práticas do “justiçamento” de pessoas por grupos que se consideram acima das leis e da sociedade. Infelizmente, os concessionários das emissoras de rádio e TV adoram os programas que babam violência e defendem a barbárie, porque aumentam a audiência pelo sensacionalismo, mas eles lavam as mãos quando o conteúdo exige a sua responsabilidade. Se a ausência de segurança pública é um problema sério no Brasil, e se os cidadãos comuns estão cansados da inoperância do Estado, a saída evidentemente não é acirrar uma guerra sem fim no seio da sociedade, que só vai favorecer ainda mais os ricos e poderosos (que podem comprar e dispor de todos os esquemas para garantir a sua segurança), mas está em exigir dos políticos e das autoridades medidas que reduzam as desigualdades e melhorem as condições de vida para todos. Fora disso será apostar na barbárie generalizada.
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! o d n u m o muda 14º Congresso Ordinário do Sepe será em março Tema do Congresso: As jornadas de junho, o sindicato e a luta pela educação pública, laica de qualidade - contra a criminalização dos movimentos sociais
Passeata em defesa da educação pública, no dia 15 de outubro, no Centro do Rio (Foto: Samuel Tosta)
De 26 a 29 de março, os profissionais da educação pública do Rio de Janeiro participarão do 14º Congresso Ordinário do Sepe, no Clube municipal, na Tijuca. Durante quatro dias, professores, funcionários administrativos e aposentados estarão se debruçando sobre o debate a respeito da educação pública, discutindo estratégias e buscando alternativas para traçar a mobilização e a resistência contra o desmonte da escola pública, gratuita e de qualidade e a luta pela dignidade do profissional de educação, contra as políticas educacionais meritocráticas que a maioria dos governantes tenta impor no Brasil e no Rio de Janeiro. Neste ano, o Congresso irá debater a educação pública, as grandes mobilizações populares realizadas em 2013 e a luta contra a criminalização dos movimentos sociais. O Congresso é o mais importante fórum de deliberação do Sepe, maior sindicato do estado. A expectativa é que este evento supere o congresso de 2011, com a participação de mais de mil delegados, filiados ao sindicato, eleitos pelas escolas e assembleias específicas de aposentados e profissionais “fora da rede”. A sua finalidade é a de organizar a categoria para as suas lutas, adequando a estrutura interna da entidade para a defesa dos direitos dos profissionais e da escola pública.
Por isso, convocamos a todos para o 14º Congresso do SEPE!
www.seperj.org.br