Prévia edição 25 Revista Vírus Planetário

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Entrevista Inclusiva_Black Bloc_Violência contra a violência policial e opressão do capital

Vírus Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça

Planetário

Não desaprend emos a sonhar

amanhã será maior!

Um levante anti capitalista, co

mo não se via h á décadas, saco de o Brasil

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R$5 edição nº 25 julho 2013


Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas.

Vamos barrar os leilões do petróleo! organização:

Participe do abaixo-assinado: www.tinyurl.com/nao11leilao Notícias da campanha:

www.sindipetro.org.br

www.apn.org.br | www.tvpetroleira.tv


traรงo livre

Por Gustavo Morais / Veja mais em: www.gusmorais.com


o i e rr ral o C Vi >Envie colaborações (textos, desenhos, fotos), críticas, dúvidas, sugestões, opiniões gerais e sobre nossas reportagens para

contato@virusplanetario.net Queremos sua participação!

Afinal, o que é a Vírus Planetário? Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principalmente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus Planetário: Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas excluídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano.

O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível.

Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media (www.fazendomedia.com) e nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.

Expediente: Rio de Janeiro: Aline Rochedo, Ana Chagas, Artur Romeu, Bruna Barlach, Beatriz Noronha, Caio Amorim, Catherine Lira, Chico Motta, Cristiano Magalhães (fotografia), Eduardo Sá, Gabriel Bernardo, Ingrid Simpson, Julia Campos, Julia Maria Ferreira, Livia Valle, Maria Luiza Baldez, Mariana Gomes, Matheus Lara, Miguel Tiriba, Noelia Pereira, Raquel Junia, Seiji Nomura e William Alexandre | Mato Grosso do Sul: Marina Duarte, Tainá Jara, Jones Mário, Fernanda Palheta, Eva Cruz e Juliane Garcez | Brasília: Alina Freitas, Edemilson Paraná, Luana Luizy, Mariane Sanches e Thiago Vilela | São Paulo: Ana Carolina Gomes, Duna Rodríguez, Gustavo Morais (ilustrações), Jamille Nunes, Jéssica Ipólito, Luka Franca e Sueli Feliziani | Minas Gerais: Ana Malaco, Laura Ralola e Paulo Dias Diagramação e projeto gráfico: Caio Amorim Ilustrações: Adriano Kitani (SP), André Dahmer (RJ), Aroeira(RJ), André Dahmer(RJ), Diego Novaes(RJ), Paulo Marcelo Oz(MG), Rafael Balbueno(RS), Rafael Costa(RS) Revisão: Bruna Barlach e Aline Rochedo Capa: Foto de Julia Maria Ferreira

Conselho Editorial: Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti e Diretoria de Imprensa do Sindicato Estadual dos Profissionais de Edução do Rio de Janeiro (SEPE-RJ) Siga-nos: twitter.com/virusplanetario Curta nossa página! facebook.com/virusplanetario

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Comunicação e Editora A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 3164-3716


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Editorial

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Sumário

Amanhã será maior Um estranho sentimento nos atravessa no presente: não existe melhor momento para se estar vivo. Após a redemocratização, vimos gradualmente um Brasil neoliberal tornando-se não menos militarizado, cada vez mais privatizado e sentenciador. Na medida em que perdíamos paulatinamente as esperanças de lutas tão insistentes de outrora, assistíamos ao surgimento de desafios cada vez mais duros. Em pleno ano de 2013, ainda vivemos resquícios das chacinas de décadas anteriores, ainda vemos uma Maré em luto, pagando o preço de um Brasil enfraquecido que de repente se levanta com seus diversos focos de insurgência. Acreditamos estar diante de um dos momentos mais difíceis, mais cruciais, e também dos mais resistentes já vividos, pelo menos para um início de século, dada a anestesia em que muitos se encontravam – a geração “saímos do facebook” vai ao encontro da geração que já dizia há muito tempo no morro, “no dia que a favela descer, a cidade vai parar”. Quando câmaras legislativas são ocupadas, agências bancárias apedrejadas, barricadas armadas e centenas de milhares vão às ruas e retornam, mesmo após viver na pele o poder de fogo da polícia e sua ilusória não-letalidade, pelas manifestações, sabemos que há um novo Brasil de luta surgindo. Só se fala disso: em toda mesa de bar, em todo perfil de facebook, em aulas pelas escolas e universidades, reuniões familiares, esquinas e camelôs – e até no Leblon, bairro nobre onde mora o Governador do Rio, Sérgio Cabral. Da Turquia ao Brasil, estamos produzindo outros modos de lutar, de criar coragem, de estar na rua, de viver junto. Pois houve quem passasse um dia sem cumprimentos. Já hoje, levamos vinagre para a passeata, pois sabemos que alguém irá precisar em algum momento – assim como roupas saqueadas (que momento...). Cada Amarildo desaparecido nas favelas e periferias de todo o Brasil nos importa MUITO e movimentamos meio mundo (na verdade bem mais que isso, como vemos no facebook) para achar e não aceitar nenhum direito a menos. Cada mãe moradora de favela que perde seu filho e sangra uma vida inteira pela brutal injustiça nos é nossa mãe, nossa filha, nossa irmã. Os gritos são vários. A partir dos exemplos de Porto Alegre e São Paulo, acabamos com o aumento das passagens no Rio de Janeiro. Mas ainda não paramos. Abrimos mão das leis de exceção da Copa, queremos desmilitarizar a polícia e saber onde está Amarildo. Queremos que Cabral e Paes caiam, assim como todo o retrocesso dos direitos das mulheres e dos homossexuais. Queremos que a esquerda se revigore, e mais, que seja respeitada, sem ser criminalizada como muitos companheiros foram por esses últimos meses. Mesmo sem saber para onde iremos, insistimos: todos temos uma certeza, há um estranho sentimento, uma nova coragem, uma criatividade, uma felicidade em se estar vivo. Pois é possível lutar, e descobrir-se cada vez mais coletivo. A Revista Vírus Planetário, desde o início presente pelos atos e passeatas, apoia o povo brasileiro e seu momento mais do que esperado. Somos todos Aldeia Maracanã, ainda; e somos todos inesquecíveis, insistentes, inesgotáveis. Parafraseando Sérgio Sampaio: Não tiremos o bloco da rua, brinquemos, botemos pra gemer

(da edição completa)

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Ana Enne_ O ano em que parte do Brasil entendeu que precisa ocupar e ser a mídia

8 Internacional_A venda do Parque Gezi a R$0,20

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Bula Cultural_Indicações e Contraindicações

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Bula Cultural_Música e Reistência #2 Música também é protesto

16 Fazendo Media_ O maior dano que se tem ao patrimônio é o dano à dignidade humana

20 Sórdidos Detalhes 22 Brasília_Lutar não é crime 25 CAPA_Movimentos Sociais_O povo nas ruas

30 Política_Jacobino ou Girondino 32 Política_A Copa não é nossa 36 Entrevista Inclusiva_Black Bloc 38 Traço Livre


Ana Enne Ana Enne é professora do departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF), jornalista formada pela PUC-Rio e doutora em Antropologia pelo Museu Nacional (UFRJ).

2013:

O ano em que parte do Brasil entendeu que precisa ocupar e ser a mídia

Ilustração: André Dahmer

Uma vez, preenchendo um documento em um cartório, quando perguntada sobre minha profissão, respondi: “professora”. Lembro-me de meu pai me questionando: “mas você também é jornalista! Por que você nunca responde isso?”. Na hora respondi que era em parte por ter muito orgulho de ser professora, mas por também não ter me identificado com a profissão de jornalista, que eu escolhera por sonho e por considerar um dos ofícios mais importantes da história moderna. Mas a vida profissional foi tão decepcionante que abandonei o jornalismo e, de forma geral, passei a considera-lo um embuste. Quando o Centro de Mídia Independente, há anos, criou seu sensível e preciso slogan, “Não odeie a mídia, seja a mídia!”, muitos de nós o adotamos como lema diário e forma de ação. Venho insistindo sobre esse ponto, assim como muitos companheiros, com frequência: a luta 6

Vírus Planetário - julho 2013

As grandes emissoras de televisão mentem, as grandes revistam mentem, os grandes jornais mentem!”

política necessariamente passa pela cultura, pelo simbólico, pela produção de sentido, pelo direito à significação. Por esta via, disputar as formas de expressão e comunicação é fundamental, pois sem o direito à voz, à fala, ao texto, à imagem, sem a liberdade do dizer, nos quedamos submetidos à hegemonia discursiva dos que constroem as representações dominantes. E sem acesso aos meios para divulgar as contra-vozes, as dissonâncias, os outros pontos de vista, a diversidade e as múltiplas representações, ficamos presos ao poder monopolista de divulgação daqueles que

controlam as informações e a produção das ditas “verdades”, muitas vezes mentiras ideológicas, interesses políticos e econômicos, estratégias de distinção e submissão do outro. A luta pela democratização da comunicação tem sido, dessa forma, pauta constante de diversos movimentos sociais já há décadas. E na corrente de protestos que varam o Brasil nas últimas semanas, essa pauta se transformou em emergente, gritante, pulsante, saindo das salas de aula dos cursos universitários mais críticos, das mobilizações mais seg-


Acesse nossa loja virtual! mentadas, dos “exércitos de brancaleones”, dentre os quais me orgulho de ser parte ativa, que há tempos vêm chamando a atenção para isso. A escandalosa, mentirosa, aviltante cobertura da grande mídia hegemônica sobre os protestos escancarou o que não dá mais para esconder: as grandes emissoras de televisão mentem, as grandes revistam mentem, os grandes jornais mentem! Mentem (ou se omitem e silenciam, e não esqueceremos essa covardia) porque têm interesses, mentem porque estão alinhadas ao grande capital, mentem porque parte de seus profissionais nada pode fazer porque é submetido às regras do mercado e parte não tem vergonha na cara, endossando de forma vergonhosa a mentira que alimenta o senso comum, perpetua as injustiças, mantém essa desigualdade histórica acintosa. Não tem vergonha na cara porque não honram o juramento que fizeram como jornalistas, de lutar por uma sociedade mais democrática e justa, de buscarem a verdade, de valorizarem a vida sempre. Não tem vergonha na cara porque não são dignos de seus outros tantos companheiros de profissão que lutam, se colocam, não aceitam as ordens hegemônicas, valorizam essa profissão tão importante nas conquistas da modernidade, muitos dos quais tenho a honra e o privilégio de conhecer. Ações como a dos valorosos anônimos que filmaram e transmitiram ao vivo as manifestações, como a do NINJA (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), bem como os depoimentos, fotografias, posts, comentários, vídeos, artigos postados em sites, blogs, redes sociais, jornais e revistas alternativas, compartilhados, distribuídos, re-apropriados, discutidos, nos lembraram mais uma vez que o jornalismo é vida, é prática, é luta. Dentre os muitos ganhos que as recentes manifestações públicas nos trouxeram, destaco neste momento esta: elas estão fazendo cair as máscaras do jornalismo mentiroso e capacho e fazendo renascer um jornalismo de espírito, aquele que um dia me fez me apaixonar e escolher essa profissão. Esse jornalismo me representa e me enche de orgulho. E é em nome dele que precisamos dizer não só “Seja a mídia”, de forma independente e anônima nas múltiplas redes sociais, mas precisamos e temos o dever de lutar pela democratização da comunicação, incluindo aí a luta contra o monopólio da comunicação de massa, inconstitucional, ilegítimo e injusto. “O monopólio da mídia sufoca a liberdade de expressão”, dizia uma das faixas dos protestos. “Ocupe a mídia”, dizia outra. É isso aí, estamos na luta.

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Bula cultural

algumas recomendações médico-artísticas

Indicações Humoristas de esquerda es Na contramão da onda do “humor” que apela para as opressõ e para o senso comum para arrancar risadas fáceis e alienadas, dois humoristas de esquerda se destacaram no último período: Rafucko e PC Siqueira. Rafucko, humorista e militante já há tempos tem usado de seu humor como ferramenta de luta política. Durante os protestos não foi diferente, tanto que acabou sendo detido pela PM. Confira seu trabalho em www.rafucko.com. Já PC Siqueira surpreendeu a todos ao lançar no seu canal www.youtube.com/maspoxavida um vídeo se posicionando, pela esquerda, a favor dos protestos e explicando de forma incrivelmente didática o que é direita e esquerda. O vídeo já teve quase dois milhões de acessos.

Contraindicações Organizações fascistas na internet Não é nenhuma novidade que a internet é o antro da diversidade ideológica e como ferramenta pode ajudar e muito nas mobilizações mas, ao mesmo tempo, também potencializa a criação e articulação de grupos perigosos. Com as manifestações dos últimos meses diversos grupos fascistas têm se organizado em páginas do facebook para tentar se apropriar do movimento e dizer “não ao comunismo que ameaça família brasileira.”

“Eu sou passiva, mas meto bala” A música “é uma declaração de guerra das bichas do terceiro nte mundo”, uma música de protesto bem-humorada e irrevere bicos homofó s pastore os contra compôs Erratik K-trina que a drag que, indo contra a lei que diz que vivemos num país laico, tentam Um legislar contra os direitos da diversidade sexual e de gênero. er do dos melhores hits do momento, mostra que no que depend movimento LGBTT a homofobia não passará!

A diferença entre Julian Assange (à esquerda), diretor do Wikileaks, que revela planos importantes dos países imperialistas e Marc Zuckerberg (à direita), criador e dono do facebook

Facebook

Tom Zé “Convite à Pira“Transporte pora”, Rock”, “Povo Novo” e “Discurso do Papa”. Em tempos de tanta pomovimentação lítica com milhões de pessoas indo as ruas primeiro para protestar pelos seus direitos, Tom Zé não se conteve e acompanhando o ritmo dos movimentos lançou quatro novas músicas, três delas sobre os protestos dos últios inmos meses e uma sobre a relação do papa (e da Igreja) com o polêmic ser de medo sem Zé, Tom é Zé Tom iros. teresses finance ra. consegue, aos 76 anos, continuar na vanguarda musical brasilei

A rede social não é segura (vários usuários são monitorados por agências governamentais) e tem uma política de publicação de conteúdo que reproduz o falso moralismo machista e homofóbico. Mas nos últimos meses a situação piorou: além de não bloquear páginas e imagens de opressão e discurso de ódio ainda deixou quase todas as páginas dos veículos de esquerda sem acesso às suas contas. Nunca é demais lembrar que no facebook nós não somos os clientes, nós somos os produtos! E produtos não tem direitos.

POSOLOGIA ingerir em caso de marasmo ingerir em caso de repetição cultural ingerir em caso de alienação manter fora do alcance das crianças nocivo, ingerir apenas com acompanhamento médico extremamente nocivo, não ingerir nem com prescrição médica

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Vírus Planetário - julho 2013



FAZENDO

*É isso mesmo, caro leitor, agora a Vìrus e o Fazendo Media são um veículo único!

MEDIA

Março de 2013 | Ano 10 | Número 104 | www.fazendomedia.com | contato@fazendomedia.com

a média que a mídia faz

O maior dano que se tem ao patrimônio é o dano à dignidade humana Ignorar, cooptar e criminalizar: palavras de ordem da mídia hegemônica

Comunidade do Horto, próxima ao Jardim Botânico e à sede da Rede Globo na zona sul carioca, na luta contra as remoções. | Foto: Luiz Baltar

Por Aline Rochedo e Eduardo Sá Estamos acompanhando, desde as primeiras manifestações, os processos dos jovens presos de forma arbitrária e ilegítima pela polícia após as passeatas. Os manifestantes vêm sofrendo violência física e simbólica por parte da polícia e da mídia, respectivamente.

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Diante da repercussão dos casos em redes sociais e mídias alternativas, a mídia comercial procurou, insistentemente, para entrevistas, os advogados da organização não -governamental DDH (Instituto de Defensores dos Direitos Humanos), cuja sede abriga a redação da Revis-

ta Vírus Planetário e que advogam ativamente na defesa desses casos. Algumas coletivas aconteceram, mas as informações não chegaram ao grande público. O que notamos foi uma constante utilização do discurso oficial do Estado como única versão nos noticiários desses meios,


Foto: Julia Maria Ferreira

Há uma constante utilização do discurso oficial do Estado como única versão nos noticiários”

reforçando o estereótipo criminal de perseguição aos integrantes das manifestações e aos movimentos sociais.

“Nem tão violentos como dizem, nem pacíficos como desejam” A cobertura nas mídias tradicionais incita a divisão nos atos de protesto, atribuindo um cenário de “bons” e “maus” manifestantes. Criminalizando grande parte dos movimentos sociais envolvidos, estimula as reações virulentas que vêm sendo cometidas pelas forças policiais, mostrando um jornalismo omisso no que concerne a ações de repressão dos governos do estado do Rio de Janeiro, São Paulo e outros - ocorridas de forma deliberada e contínua. Um exemplo desta prática foi o caso dos estudantes Caio e Juliana, no Rio de Janeiro, presos nos protestos do dia 17 de junho, quando mais de 300 mil pessoas foram às ruas. Aluno de Engenharia Metalúrgica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Caio Brasil Rocha, de 19 anos, ficou retido na Cadeia Pública Bandeira Stampa, no Complexo Penitenciário de Gericinó, Rio de Janeiro. Juliana Isméria Campos Vianna, de

20 anos, amiga de Caio, graduanda de História na Universidade Federal Fluminense (UFF), permaneceu na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no mesmo Complexo de Gericinó. Ambos acusados de roubo e formação de quadrilha. A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap) divulgou para a mídia fotos dos estudantes presos e com uniformes de presidiários. Juliana e Caio desconheciam a divulgação pela grande imprensa e estavam indignados com a forma pela qual os fatos estavam sendo veiculados. “Estou muito preocupada com a imagem que a mídia está fazendo da gente e ainda generalizando tal imagem a outros jovens que estavam na manifestação”, conta Juliana. Os estudantes negaram que tenham praticado furto ao final da manifestação realizada no centro do Rio. Não deram detalhes da detenção, pois relataram que irão provar a inocência apenas diante do júri. Para Juliana, foi válido participar da Manifestação e mostrar o que o governo tem feito para reprimir os manifestantes. “Eu não me arrependo de ter sido presa e só não volto às ruas neste momento porque preciso proteger a minha imagem, já que a mídia destorceu totalmente os fatos. O povo continuará nos agredindo com o que a mídia está construindo”, criticou. Caio, que é ligado ao Partido Comunista Revolucionário (PCR), explicou que sua fiança, de R$ 2 mil, foi paga por três entidades sindicais com a ajuda de colegas de universidade. Já Juliana teve sua fiança de mesmo valor paga pela Associação dos Docentes da UFF, ADUFF. Os advogados do DDH, junto a um coletivo de voluntários da OAB, estão de plantão atuando de forma ativa e voluntária na defesa dos direitos humanos nos casos de prisões arbitrárias.

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FAZENDO

MEDIA Outros casos de prisões arbitrárias foram presenciados: cidadãos que transitavam pelas ruas no Eu não me arrependo de ter sido presa e só momento das manifesnão volto às ruas neste momento porque tações, como mendigos, preciso proteger a minha imagem, já que a pessoas com problemas de esquizofrenia e sem documídia destorceu totalmente os fatos.” - relata a mentação. No protesto de estudante Juliana Vianna 11/07 que ocorreu no Palácio Guanabara, sede do governo estadual do Rio de Janeiro, mais de 20 jovens foram presos. Detidos no mesmo local, moradores dos prédios no entorno nico. Até jornalistas independentes piscavam as luzes e batiam nas panelas em solidariedade aos manifese da mídia tradicional, que chegou tantes. Alguns advogados os acompanharam até a 5ª DP, onde prestaum pouco depois, também sofreram depoimento e foram liberados. ram no conflito. O repórter do jornal A Nova Democracia saiu ferido A reportagem presenciou uma repressão truculenta por parte dos na perna. A cena era de guerra policiais, que ocuparam as ruas ao redor do palácio com centenas de em Laranjeiras, com várias barricaagentes. Dois caveirões, um caminhão com jato d’água, dezenas de modas pelas ruas. Este cenário contos e carros militares, além dos furgões para levar os presos. Presença tinua a se repetir nos diferentes da Força Nacional, Tropa de Choque e Polícia Militar, alguns deles sem protestos até o fechamento desta identificação na farda e usando capuz, além de outros à paisana. Muito edição. gás lacrimogênio, tiros de borracha e pistolas de choque. Revistas indiscriminadas, prisões arbitrárias, pessoas agredidas e moradores em pâ-

Mídia grande ofusca a verdade por trás de seus interesses e acordos econômicos e de poder | Foto original: Aline Rochedo

Jornalismo Democrático X Imprensa Omissa

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Segundo George Orwell, “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”. Não é novidade dizer que a posição da mídia corporativa tem cumprido um papel estratégico ao ignorar os relatos do povo. Nenhuma voz envolvida nos conflitos ou de pessoas que lhes são solidárias é ouvida, de modo a apresentar apenas um lado da história. Priorizando um relato ‘oficial’ das manifestações, trazido pelas agências estatais, ela reforça a posição do governo. Reproduz sistematicamente os termos “vândalos”, “baderneiros”, “depredação”, e não explica por que os alvos são sempre os mesmos: bancos, pontos de ônibus, postos da polícia e, sobretudo, palácios e assembleias. As manifestações representam a força do direito expressivo de “dizer” que estão nas ruas: seja


Juliana, estudante presa por se manifestar em coletiva para a imprensa que nunca divulgou sua fala. | Foto: Aline Rochedo

fazem relatórios. Os relatórios são entregues para os editores e estes fazem a ‘matéria’. Então é um nível absurdo de controle da informação”, explicou. Os editores dessas mídias selecionam as questões que mais interessam à política das suas empresas, refletindo um processo comercial na produção da informação, de modo a evidenciar a contradição entre sua função social e sua relação capitalista.

por meio da música, cartazes, vestimentas, gritos, pichações e também momentos de fúria. Estas movimentações do povo brasileiro não foram bem compreendidas e, tampouco, plenamente assimiladas pelas agências estatais, que recorreram a velhas soluções calcadas numa lógica autoritária, características típicas dos regimes ditatoriais para aplacar as vozes dos descontentes que ocupam, legitimamente e por causas necessárias estruturais, as ruas do país. Para o jornalista Gustavo Barreto, colaborador em vários coletivos de comunicação alternativa, as

restrições dentro da esfera da comunicação são recorrentes desde o período da ditadura militar. Barreto também defende que “quanto maior é a organização mais restrita é a informação por ela difundida”. Segundo ele, o problema talvez não seja o jornalista em si, pois no jornalismo profissional a grande questão é o editor central, o coordenador editorial de uma determinada mídia. “Isso vai desde uma mudança de um texto como um todo, o que é uma manipulação evidente, a questões mais emblemáticas. Por exemplo, os jornalistas da revista Veja não fazem ‘matérias’, eles

Conversamos com dois jornalistas da Rede Globo, que pediram para não serem identificados. Um deles afirmou que a questão não está na técnica do jornalismo em si, mas na política que a perpassa: “Eu já escrevi vários textos que foram alterados. Tenho amigos que se enquadram facilmente nesta prática, mas eu sempre sofro muito. Não forjando os fatos, poderíamos desenvolver um senso crítico nas pessoas, evitando que todos fossem comprados por uma ideia apenas”, disse o jornalista. O outro repórter estava cobrindo um dos protestos, e relatou sua angústia por não se identificar nas manifestações devido à indignação dos manifestantes com a emissora. Ele não se queixou de intervenções editoriais, mas destacou sua falta de segurança e indisposição dos seus superiores para tal situação. No entanto, ficou clara sua vontade de levar um “furo jornalístico” para a redação e agradar a hierarquia, fato que é estimulado nos cursos de jornalismo.

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A verdade varrida pra debaixo do tapete

s o d i d r só . . . s e h l deta

“BARATAS! Vivendo nos Horizontes

Me deixem ver suas patas!”

Aumentam os protestos, aumenta a hipocrisia de Cabral Quantas crianças pequenas já foram assassinadas pela PM do governador do Rio, Sérgio Cabral nas favelas do estado? Pois é, e não é que em coletiva de imprensa no dia 29/07, o governador apelou para a piedade com seus filhos pequenos para que cessem as manifestações na rua onde mora. Cabral quis se vitimizar. Não foi a toa. No jogo político dos grandes partidos, crises são resolvidas com marqueteiros e não com negociações com o povo. Cabral, Pezão e Paes (a baratinha à esquerda que se esforça em vão pra que a crise não respingue nele) já ligaram os motores e fazem reuniões diárias com uma equipe de contenção de danos.

ustração: Aroeira | Créditos: Aroeira - jornal O Dia

Como sempre, a lei foi aplicada com dois pesos e duas medidas, pois “o Estado esmaga o oprimido, ao rico tudo é permitido”, já diz A Internacional. Convidados espirituosos que estavam presentes na festa resolveram atirar coisas nos manifestantes, primeiro foram notas de R$20 e depois foi um belo cinzeiro que atingiu em cheio o rosto de um manifestante. A polícia tratou de agir rapidamente e começou a atirar balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para proteger o direito de ir e vir do cinzeiro, que não pode atingir o solo, tendo sido atrapalhado pelo manifestante. Devido a sua brilhante atuação na segurança particular, tudo indica a PMERJ já está preparada para ser mais uma instituição do RJ a ser privatizada. Qual será o novo nome da instituição? Será PMX?

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Vírus Planetário - julho 2013

Foto: facebook.com/ImagensRevolucionarias

Mas nesses tempos de povo acordado e facebook a mil, alguém vazou que ia rolar um casamento de insetos. Assim, foi todo mundo lá reivindicar uns “cocretes” pagos às custas da exploração diária no transporte do Rio de Janeiro. De acordo com o G1 (da Globo) eram apenas 50 manifestantes, apesar de terem mudado de ideia algumas vezes (até o fechamento da edição o número oficial era de 200 pessoas, leitores da Vírus afirmam que os manifestantes estão fazendo mitose). O número certo não se sabe, mas foi suficiente para o governador não ter sido visto entrando na festa e nem na igreja (será que entrou de helicóptero!?).

Afinal, nossa luta é pelos filhos dos removidos de suas casas por conta da Copa, dos mortos nas filas de hospitais, dos filhos de tantos Amarildo.

Cabral se lamenta por seus filhos, não pelos de Amarildo.

O Rio de Janeiro continua sendo... propriedade de Jacob Barata. Em festa suntuosa organizada pelo Clã Barata e o Clã Cabral foi selado o novo contrato... digo... casamento. A união foi entre a Dona Baratinha, também conhecida como Beatriz Perissé Barata, neta do mafio...ops! empresário Jacob Barata, que controla mais da metade das empresas de ônibus do Rio de Janeiro, e Francisco Feitosa Filho, cujo pai é o ex-deputado cearense Francisco Feitosa. O casório, chamado de “casamento de ladrão” por populares, tinha como lista de presentes alguns faqueiros que custavam cerca de R$5 mil e parecia que ia ser outro suntuoso evento para constar nas colunas sociais.

Isso, contudo, não impede os opositores de contragolpear esse marketing. Afinal, nada mais ridículo, em época de desaparecimento de Amarildo, ele se vitimizar usando duas crianças que nada tem a ver com nada. O crápula usa os próprios filhos para salvar sua carreira política! Temos que refletir sobre a sociopatia absurda de uma pessoa assim! E não arrefecer. Quem colocou os filhos dele na reta foi ele e não os manifestantes.


#Cadê O Amarildo? Foto: www.facebook.com/NaoEPor20CentavosMudaBrasil

Certamente essa hashtag passou por você. Em gritos, em cartazes, pessoas do mundo inteiro (literalmente) perguntam para o governo do Rio e para a PM: Cadê o Amarildo? Amarildo, pedreiro, pai, marido, morador da Rocinha, foi levado pela UPP para “averiguação” no dia 14/07. Desde então ninguém sabe, ninguém viu onde foi parar. Não é novidade, casos como este acontecem o tempo todo nas favelas, a grande diferença é que dessa vez, o grande público ficou sabendo. Ficou sabendo porque as mesmas pessoas que estão nas ruas protestando, que estão na internet e no trabalho discutindo política abriram os olhos para a realidade política do país. Se o Amarildo não é o primeiro (e infelizmente não deve ser o último) não haverá mais silêncio com esse tipo de atitude. Cada um importa. Amarildo importa e importa para cada um de nós. O final dessa história certamente não será dos melhores para ele e para sua família, mas ela traz um fio de esperança de que não nos calaremos mais e unidos protegeremos uns aos outros contra a violência de Estado e contra a ditadura do capital que mata todos os dias.

Máquina de opressão nas favelas vira xodó da classe média

A presença da Dilma podia nem fazer tanta diferença na final da Copa das confederações, uma vaia a mais, uma a menos... Já o Caveirão do BOPE... esse não poderia faltar. O veículo, estrategicamente em frente ao Maracanã para evitar qualquer tipo de invasão dos que não deveriam estar na área da FIFA, virou o centro das atenções dos torcedores que chegavam ao estádio para assistir ao jogo entre Brasil e Espanha. Sim, esse aparato policial usado para matar nas favelas. Para eternizar o momento os torcedores pediam para a PM fazer os cliques... Como policiais, eles são ótimos fotógrafos.

Ilustração: Diego Novaes | diegnovaes.blogspot.com

Torcedor Fifa Tem certeza que a Copa das Confederações foi no Rio de Janeiro? Não terá sido em alguma colônia brasileira nos países Bálticos? Populares relatam que o único negro que se encontrava no estádio era o Cantor Thiaguinho. Só torcedor Padrão FIFA. Ao que tudo indica o Padrão-Fifa será patenteado pelo Sheike Batista. Para respeitar o novo conjunto de regras imposto à torcida no Rio de Janeiro o cântico do Neguinho da Beija-Flor sofrerá “sutis” alterações. Vejam a nova letra atualizada: “Domingo, não vou ao maracanã... Pra torcer pro time que sou fã. Não pode foguete nem bandeira, Eles tão de brincadeira, Acabou a tradição. Só vai ter cadeira numerada Não tem mais arquibancada, nem geral e nem povão.

Ilustração: Diego Novaes | diegonovaes.blogspot.com

E se teu time botar pra ferver, Não tire a camisa! Eles podem te prender. E se teu time botar pra ferver, Não tire a camisa! Eles podem te prender |Na Marcha das Vadias também queriam saber Onde está o Amarildo.

ÔôôôÔÔ ôôôôÔÔ ÔÔ CABÔ”

Foto: facebook.com/ MarchaDasVadiasRioDeJaneiro Vírus Planetário - julho 2013

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brasília Foto: Reprodução/Internet

Lutar não é crime! Por Thiago Vilela São seis horas da tarde e o pôr do sol vai tingindo de laranja o céu de Santo Antônio do Livramento, bairro do Distrito Federal. José Santos Silva dirige tranquilamente seu velho caminhão, levando dois netos, menores de idade, para passear. É quando recebe uma ligação que mudará completamente o transcorrer dos eventos dali em diante. Pela manhã, José participou de um protesto organizado, entre outros, pelo Comitê Popular da Copa e pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Depois de fecharem a Avenida Eixo Monumental e colocarem fogo em pneus, os manifestantes finalmente conseguiram uma reunião com Antônio Carlos Lins, presidente da Terracap, companhia imobiliária de Brasília. 16

Vírus Planetário - julho 2013

Como o Governo do Distrito Federal e a mídia local criminalizam a ação dos movimentos sociais

Entre outras pautas, os manifestantes protestam contra o modelo de financiamento adotado na reconstrução do Estádio Mané Garrincha. Sem concordar com as regras do BNDES, que incluem total transparência no uso dos recursos, a Terracap preferiu vender terrenos do Distrito Federal para fazer caixa e bancar sozinha a obra. Assim, mais de 200 lotes foram vendidos, e o valor do estádio (inicialmente orçado em 696 milhões) ultrapassou 1,5 bilhão de reais. É a Arena mais cara dentre as 12 cidades-sede do mundial. - Alô? - José Santos? - É ele.

- Estamos em frente à sua casa, gostaríamos de fazer orçamento para um frete. Sandra Oliveira, filha de José, está em casa. Ela ainda não sabe, mas os homens que bateram à porta há alguns minutos, querendo fazer o orçamento de um frete, são da Polícia Civil. Não há farda, não há viatura. Há a perseguição política. Sandra solicitamente revela o telefone de seu pai.

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa



Ilustração: www.facebook.com/GlobalEquality

Jacobino ou

Girondino?

Esquerda ou direita? De que lado você se senta?

Por Julia Maria e Mariana Gomes Após a Guerra Fria, principalmente ao longo do século XXI, criou-se um falso consenso de que Esquerda e Direita são conceitos ligados à velha ordem mundial e, portanto, já esgotados. No entanto, as manifestações do último mês mostraram que não só há um interesse em criar novas práticas políticas, como também rediscutir e ressignificar a política. Os velhos embates entre Esquerda e Direita, nomenclaturas que muitos julgavam não existirem mais, foram desenterrados quase como uma rearqueologia dos termos. Reacendia ali um velho debate conceitual da política. Os conceitos de Esquerda e Direita nasceram durante a Revolução Francesa. Os Jacobinos, que se alinhavam (fisicamente mesmo) à es18

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querda representavam uma linha de pensamento mais libertária e radical, enquanto os Girondinos, mais conservadores, sentavam-se à direita. Aí, então, os Jacobinos passaram a chamar os Girondinos de “turminha da direita”, e o termo pegou. Para a cientista política Clarisse Gurgel, a ideologia de direita se baseia em uma natureza humana individualista e competitiva. Seu modelo correspondente é o da iniciativa privada e livre concorrência. Já a ideologia de esquerda vai desde a distribuição igualitária de riqueza até a superação do capitalismo.

Direita e esquerda nas ruas?

O mundo pós-Guerra Fria se empenhou em apagar as marcas das ideologias que incitavam a luta anticapitalista. As novas gerações foram rotuladas como “sem ideologias” e pouco interessadas em política. Mas,

Os símbolos de ideologias políticas se misturaram nas ruas. A bandeira vermelha anticapitalista e o nacionalismo exacerbado atrelado a um discurso antipartidário violento, típico de regimes de extrema direita, estiveram

para Clarisse Gurgel, o que vemos hoje é a hegemonia de uma ideologia sobre as demais. Contudo, ela afirma que há uma linha nítida separando Esquerda e Direita, principalmente no que diz respeito aos princípios e aos métodos de atuação. “Ser de esquerda e ser de direita oscilará entre levar até as últimas consequências a crítica à lógica do mercado nas relações sociais, políticas etc. Como dizia Marx, a prática é o critério da verdade”, defende.

ni Ilustração: Adriano Kita

política


Não existe mais esquerda e direita?

es até os nossos dias ad ed ci so as s da to “A história de lutas de classes” Karl s da ia ór st hi a o nã não foi se Marx

direita Aqui é o lugar onde pensam:

ESQUERDA Neste quadrado ficam

>> Que se você nasceu rico a sorte é

sua e se você não nasceu rico o problema é seu

>> Que a meritocracia é a melhor form

a de organizar a sociedade

aqueles que:

>> Defendem os direitos

sociais ária ade mais justa e igualit

>> Lutam por uma socied mo o maformas de opressão co >> São CONTRA todas as ismo, a transfobia... o rac chismo, a homofobia, ação, como o onde não haja explor >> Lutam por um mund ha pesado para que grandes trabal quando muita gente quanto quem eiros vivam no luxo, en empresários e banqu s ha gal er de mi trabalha continua a viv balhadores der os direitos dos tra >> Vão às ruas para defen e do povo pobre o impacto meio ambiente e com >> Se preocupam com o e humana tem causado ao planeta rial que a atividade indust lhor, justo, tro mundo (muito me >> Acreditam que um ou ssível é po igualitário e fraterno)

>> Que só os melhores devem se dar

>> Que são contra todo tipo de política

bem

reparadora que vise lutar contra o machismo, o racismo, a homofobia >> Que os homens são naturalmente superiores e podem oprimir as mulheres, que os bran cos são naturalmente superiores e podem oprimir os neg ros e assim por diante >> Que a religião deve se intrometer em questões do

>> Que o governo não deve investir

Estado

dinheiro em saúde, educação e que cada um que se vire pra ter o que precisa >> Que privatizar as empresas públicas fazendo com que elas gerem grandes lucros aos emp resários e ofereçam péssimos serviços é uma boa ideia

*Nem todas as pessoas de esquerda ou direita preenchem os ítens colocados, mas listamos alguns dos ideias progressista à esquerda e conservadores à direita. Ao mesmo tempo, muitas pessoas que não se definem politicamente preenchem um ou mais ítem de cada coluna, fazendo com que ela seja, sem saber, de esquerda ou direita.

lado a lado por alguns dias. Mas depois, o que se viu nas ruas, segundo inúmeros relatos, foi um embate ideológico no qual os partidos de esquerda e movimentos sociais foram agredidos – inclusive fisicamente - por outros manifestantes. Mauro Iasi, presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Adufrj), afirma que há uma grande heterogeneidade nas ruas. “Esse ódio a partidos pode ser compreendido, já que muitos deles se aproximam dos movimentos sociais para ven-

der seus candidatos e depois abandonam suas bandeiras”, opina Iasi, que ressalta a importância desses movimentos na luta diária. Para Clarisse, isso ocorre devido à adesão dos jovens à crítica conservadora aos partidos políticos. “Esta crítica, ao contrário de resultar na superação da lógica de mercado na política, acaba por dispersar os jovens na crença na solução individual dos problemas. Com isto, só a direita se organiza”, argumenta. Clarisse acredita que a esquerda no Brasil tem um grande desafio pela frente. Para ela, as diferentes práticas e métodos que contemplam a igualdade social, precisam dialogar. Os espaços de discussão, como as plenárias amplas e frequentes, são fundamentais para a organização de decisões coletivas. “Ser de esquerda implica na rejeição da ideia de que o povo é incapaz de tomar decisões. A noção de democracia para a esquerda implica na busca por processos decisórios horizontais”, defende Clarisse.

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política

A Copa

não é

nossa

Privatizaçã o, repressã o policial, legislação de exceçõe se remoções f orçadas ca racterizam a preparaç ão dos Me gaeventos

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa


Entrevista INclusiva:

Black

Bloc As ideias por trás das máscaras Vândalos, bandidos, baderneiros, arruaceiros. As denominações que a mídia dá para os manifestantes são cada vez mais criativas e cada vez mais depreciativas. A tática Black Bloc se consiste em forma de resistência às repressão de manifestações aplicada por movimentos anarquistas que personificam tudo aquilo que tem sido criminalizado pela mídia grande. Nós conversamos com alguns dos militantes que se vestem de preto e cobrem seus rostos, não apenas para dificultar a sua identificação, mas para demonstrarem que fazem parte de um movimento que é internacional e não nasceu no Brasil, nem em junho de 2013. Desde a década de 1970 em Seatle, Estados Unidos, quando surgiu a ideologia Black Bloc, diferentes células tem se formado ao redor do mundo, defendendo a ação direta e a defesa dos manifestantes. Sua atuação no Egito e na Grécia tem ganhado muito destaque, principalmente através de vídeos na internet. Muito por conta disso o grupo tem ganhado mais espaço no território brasileiro. O grupo, que é alvo de investigação dos serviços de inteligência da Polícia, admite que existe infiltração de agentes externos em seu meio. Não descartam a possibilidade de que possam ser policias disfarçados, mas garante que estão desenvolvendo um método interno de avaliação e filtração para que isso não continue a acontecer.

Confira a entrevista na edição completa digital ou impressa

Ao contrário do que apresenta a grande imprensa, ao invés de um grupo de “vândalos” e “baderneiros”, os Black Blocs se apresentam como um grupo anticapitalista que se presta ao papel, inclusive, de defender os manifestantes da opressão policial. A mídia grande, por má fé ou falta de qualidade na apuração jornalística, parece ainda não ter entendido isso, mas parte das ruas parece já ter compreendido senão o grito de “não tem PM, não tem Choque, mas tem os Black Blocs” não seria entoado com tanta força como nas últimas manifestações.

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Educação Estadual

anos

Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro

na luta!

Rede municipal de educação do Rio em estado de greve Escolas municipais do Rio vão parar no dia 8 de agosto e assembleia no América pode decidir greve Os profissionais de educação das escolas municipais do Rio farão uma paralisação de 24 horas no dia 8 de agosto. Neste dia, haverá uma assembleia na sede do América Futebol Clube (Rua Campos Sales 118 – Tijuca), na qual a categoria irá decidir pela entrada ou não da rede municipal em greve. Até hoje, a prefeitura não concede reajuste há mais de um ano e nem iniciou a negociação salarial com a categoria, que reivindica reajuste de 19%. Veja o que a rede municipal do Rio reivindica:

1 - Reajuste de 19%; 2- Plano de carreira unificado já!; 3 - 1/3 da carga horária para planejamento; 4 - Fim da meritocracia.

Rede estadual também vai parar em agosto Os profissionais das escolas estaduais também vão parar por 24 horas no dia 8 de agosto para lutar pela derrubada do veto do governador Sérgio Cabral ao artigo do Projeto de Lei 2.200, que garantia uma escola para cada matrícula dos professores da rede estadual. Também faz parte das reivindicações da categoria a garantia do 1/3 para planejamento dos professores, conforme determina a Lei do Piso Nacional. A categoria também protesta contra a proposta da SEEDUC de Educação à Distância para a Educação Básica, que institui um percentual de 20% de aulas semipresenciais para os alunos. A proposta, claramente, é uma tentativa do secretário Risolia de maquiar a carência de profissionais na rede. Ao invés de abrir concurso público, ele e o governador Cabral querem promover um verdadeiro roubo de conhecimento dos alunos das escolas públicas estaduais.

www.seperj.org.br


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