Prévia Edição 17 Vírus Planetário

Page 1

VÍRUS Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça

R$5 edição nº 17 setembro/ outubro 2012

PLANETÁRIO

Unidade de Polícia Pacificadora

LIBERDADE VIGIADA? Por que apenas trocar de mãos as armas não resolve os problemas nas favelas do Rio de Janeiro.

Edição Digital reduzida

A Cultura além do espetáculo Mostramos uma série de iniciativas de coletivos independentes de arte e intervenção político-cultural.

A participação popular na política Uma reflexão sobre a democracia para além do voto

Clique aqui www.va.mu/YRS7 para adquirir a edição impressa pela internet e receber em casa Clique aqui www.va.mu/YRTB para comprar a edição digital completa.

Clique aqui - www.va.mu/ ONzW para ver os pontos de venda


Enquanto isso, na sala de injustiça, o ministro de minas e energia, edison lobão já

e o ss o e sileir m o a C br ... o uxa pové tro

está anunciando que o próximo leilão do petróleo brasileiro está próximo de acontecer...

Aê to Gale bl oc do m era, os und te te de o! S m pr a rr pet ão ae 1 r no óle 74 ma o, n r! a

...os empresários brasileiros e estrangeiros já começam a juntar a merreca pra comprar mais poços e ganhar muito mais dinheiro

m

vuuummm

Ma õõÊE ! Quem Quer pe tróleo? Entretanto, algo não esperado por lobão e seus comparsas ainda pode acontecer: O povo brasileiro tem que se mobilizar e Exigir:

“o petróleo tem que

ser nosso!”

Olha o desespero do lobão quando notar que seus planos diabólicos irão por água abaixo...

E aí??? Quer que essa história tenha um final feliz? Então, participe da campanha

Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas. Acompanhe a campanha e outras notícias na

Notícias da campanha: www.apn.org.br Participe do abaixo-assinado: www.sindipetro.org.br

organização:


traรงo livre

Por Carlos D Medeiros | Veja mais em: facebook. com/Fucalivro

Por Vitor Vanes Veja mais em www.vitorvanes.blogspot.com


o i e r l r a o r C Vi

Eduardo Oliveira de Carvalho: Não entendi porque titubearam sobre o governo Ahmadinejahd. Será que a culpa da ditadura é só do Aiatolá? Não dá pra ter dúvidas sobre o governo do Irã. Uma revista que diz defender os oprimidos não pode ter dúvidas sobre o governo do Irã. Nem muito menos fazer o governo do Irã como bode expiatório para uma disputa com a grande mídia.

>Envie colaborações (textos, desenhos, fotos), críticas, dúvidas, sugestões, opiniões gerais e sobre nossas reportagens para contato@virusplanetario.net

Errata: A primeira foto da página 34 na edição anterior (número 16), que ilustra a entrevista inclusiva com a Cia Revolucionária Triângulo Rosa é de autoria de Paula Rafiza. Pedimos desculpa pelo fato de não termos dado os créditos, pois as fotos nos foram cedidas pela Cia Triângulo Rosa, entrevistada.

Queremos sua participação!

Afinal, o que é a Vírus Planetário? Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principalmente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus Planetário: Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas excluídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor

é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano. O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível. Recentemente, inauguramos um Conselho Editorial (nomes abaixo) com integrantes de movimentos sociais e intelectuais que referendam e apoiam a revista.

EXPEDIENTE: Rio de Janeiro: Aline Rochedo, Artur Romeu, Caio Amorim, Felipe Salek, Ingrid Simpson, José Roberto Medeiros, Julia Maria

Ferreira, Maria Luiza Baldez, Mariana Gomes, Miguel Tiriba, Noelia Pereira, Renata Melo, Rodrigo Teixeira, Seiji Nomura e William Alexandre | Campo Grande (MS): Marina Duarte, Rafael de Abreu, Tainá Jara, Daniel Lacraia, Jones Mário e Fernanda Palheta | Brasília: Alina Freitas, Ana Ribeiro Malaco, Mariane Sanches, Luana Luizy, Tais Koshino e Thiago Vilela Diagramação e projeto gráfico: Caio Amorim e Mariana Gomes Ilustrações: Rio de Janeiro: Vitor Vanes (vitorvanes.blogspot.com. br), Carlos Latuff e Carlos D. Medeiros Revisão: Bruna Barlach Colaborações: Chico Motta Foto Capa: Complexo do Alemão onde recentemente foi instalada uma UPP - foto por Maria Buzanovsky (mariabuzanovsky.com.br)

Conselho Editorial:

Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Carlos Latuff, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, e Virginia Fontes e Vito Gianotti

Siga-nos: twitter.com/virusplanetario Curta nossa página! facebook.com/virusplanetario

www.virusplanetario.com.br

Anuncie na Vírus: marketing@virusplanetario.net #Impressão: Print Express #Tiragem: 2.500 exemplares

COMUNICAÇÃO E EDITORA A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro


Edição Digital reduzida Clique aqui www.va.mu/YRS7 para adquirir a edição impressa pela internet e receber em casa Clique aqui www.va.mu/YRTB para comprar a edição digital completa.

Editorial

Clique aqui - www.va.mu/ ONzW para ver os pontos de venda

Democratizando a democracia

6

Sorrisos em cartazes, ‘defensores do povo’ pra lá, ‘salvadores da pátria’ pra cá e a gente no meio, zonzos. Com jingles de Naldo, Michel Teló e tudo quanto é músico que esteja à mesa, as eleições invadem a gente sem querer saber quem é rei ou maltrapilho – desde que traga a salvo o bendito título de eleitor. Estamos convocados a passar a tocha para que uns ou outros liderem à frente. Evidente que não podemos ignorar que através do voto, alguns candidatos podem fazer a diferença para o povo e os movimentos sociais. Ainda assim, é triste que esta seja a interpretação que se dá à democracia nos nossos tempos: que o poder ‘emana’ do povo para seus representantes e não que o poder deve estar nas mãos do povo. Em altos brados, políticos defendem suas propostas e se vangloriam de suas realizações. Nesta edição, damos destaque a um dos projetos mais polêmicos do Rio de Janeiro e, com a possível exportação do modelo, do Brasil: as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Entrevistamos moradores do Salgueiro e especialistas no assunto para falar sobre o projeto de maneira geral e a situação da UPP do Salgueiro em particular. Por um lado, as opiniões dos entrevistados refletem o alívio com a diminuição dos tiroteios, mas reclamam contra a continuidade do controle armado do cotidiano – mas agora feito pela polícia. Com a resolução 013, por exemplo, a polícia passa a poder gerenciar a cultura na região, instituindo proibição a alguns tradicionais bailes funk. Além disso, a valorização das casas e dos serviços acaba causando uma espécie de ‘remoção branca’, que acaba forçando moradores antigos a migrarem para outras áreas. As opiniões sobre o projeto são controversas, diferente do mar de rosas que se costuma apresentar nas campanhas eleitorais. Negando a falsa ideia de que votar uma vez a cada dois anos signifique ‘participação popular’, preparamos uma reportagem em que entrevistamos intelectuais e militantes sobre os limites que o nosso sistema político e econômico colocam para a democracia e como mudar esse quadro. Todos concordaram que o contexto é ‘limitado’, mas cada um fez diversas propostas, desde mecanismos de participação como sindicatos, conferências públicas e mecanismos de pressão até ideias como a da ‘não-participação’. Ainda nesta edição: espaços culturais para além do espetáculo e do grande mercado, a marcha patriótica da Colômbia e uma entrevista com a pesquisadora Nelma Gusmão, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Regional da UFRJ, sobre como os megaeventos estão sendo usados para impor um modelo de cidade para o Rio de Janeiro.

Sumário

(da edição completa)

Internacional_Uma Colômbia em Marcha

8 Bula Cultural 9

Bula Cultural_CD Pedras e Sonhos - El Efecto

10 Bula Cultural_Mate com Angu 12 Bula Cultural_A cultura para além do espetáculo

15 Sórdidos detalhes 16 O sensacional repórter sensacionalista

18

Sociedade_1+1+1+1+1... e o poder do povo

22

CAPA_Rio de Janeiro_ As vozes que a UPP não escuta

26

Brasília_Noroeste, terra sagrada ou vendida?

28 Entrevista Inclusiva_Nelma Gusmão 32

Movimentos Sociais_ Por terra, território e dignidade

35

O sensacional repórter sensacionalista


Bula cultural

algumas recomendações médico-artísticas

Indicações Iconoclassistas Acreditando que a comunicação é uma prática política, os iconoclasistas buscam a expressão por meios das imagens. Embora, muitas vezes, as imagens sejam consideradas inofensivas, o coletivo entende que são elas que constroem e influenciam o imaginário social, por conta de seus múltiplos significados. Assim, procuram usar as suas representações como uma ferramenta para a transformação, incomodando o receptor para que ele não permaneça na mesma posição submissa em que a mídia tradicional o coloca. Para o diversificado grupo, as imagens são formas de esclarecimento – por isso, criam cartografias críticas e mapas coletivos, retratando situações históricas e políticas indo-afro-latinas e além. Acessando o site www.iconoclasistas.com.ar, você pode conhecer o trabalho incrível dos iconoclasistas. Só um detalhe: o conteúdo da página é em espanhol. Mas não desanime, é possível compreender os textos!

Contraindicações Músicos vendidos Dudu Nobre, Diogo Nogueira, Alcione, Monarco da Portela, e o cantor Buchecha foram os primeiros a aderir à campanha do atual prefeito, Eduardo Paes. Não coincidentemente, os mesmos artistas foram os que mais fizeram shows para a prefeitura nos últimos anos. Alguns inclusive sem licitações, pagos pela RioTur. A cantora Alcione já chegou a receber R$210 mil por um show da Prefeitura do Rio realizado no Reveillon de Copacabana. Monarco teve CD e shows de anivesário bancados pela gestão. Não muito diferente é o caso do Naldo, que vendeu a música mais chiclete do ano – “Amor de Chocolate”- para o candidato Rodrigo Maia, a versão começa com “Rodrigo é a cara do novo, pode acreditar…” Aham, pode deixar! Já estamos acreditando.

Exposição “Impressionismo: Paris e a Modernidade” Diretamente do Museu D’Orsay, um dos mais famosos de Paris, o Brasil recebe uma mostra de acervo impressionista inédita na América Latina. A exposição “Impressionismo: Paris e a Modernidade” reúne 85 quadros de pintores renomados como Monet, Van Gogh, Renoir, Gauguin, Degas e Cezanne. A mostra já esteve em Brasília, permanece em São Paulo até o dia 7 de outubro e, por fim, chega ao Rio de Janeiro. Se você não mora em nenhuma destas capitais, quem sabe não organiza um fim de semana para passeio?

POSOLOGIA ingerir em caso de marasmo ingerir em caso de repetição cultural ingerir em caso de alienação

manter fora do alcance das crianças nocivo, ingerir apenas com acompanhamento médico extremamente nocivo, não ingerir nem com prescrição médica

6

Vírus Planetário - SETEMBRO / OUTUBRO 2012


Pedras e Sonhos

são nossas únicas armas El Efecto lança tão aguardado CD que ultrapassa os limites da beleza e da emoção Por Caio Amorim

Destaca-se também a qualidade da gravação, ponto em que os discos anteriores pecavam. Dessa vez, a banda teve uma preocupação minu-

ciosa para que tudo saísse perfeito. Cada arranjo baila cristalino para a audição de seu fiel público. Além disso, as músicas parecem mais acessíveis – em termos de linguagem - à grande parte da população. Quem tem sentimento, não ousa ficar indiferente às novas letras. Mesmo com melodias mais claras, que remetem a uma brasilidade presente em canções consagradas de Paralamas do Sucesso e Gilberto Gil, a banda não perde a pegada e o ecletismo. Ainda assim, é recomendável ouvir algumas músicas com as letras em mãos para maior compreensão e reflexão. O álbum traz a exaltação da luta popular contra megaempresários num arranjo belíssimo de rock com xaxado em “O encontro de Lampião com Eike Batista”; uma primorosa crítica à mídia hegemônica em “N’aghadê”; a faixa-título ganhou uma roupagem arrepiante, com diversas nuances, aceleração de ritmo e a inserção do discurso do Subcomandante Marcos do Exército Zapatista, com sons de passeatas em diversos países latinos ao fundo. Isso

Quem tem sentimento, não ousa ficar indiferente”

Ilustrações: divulgação

Há situações em que nossa humanidade e sentimentalidade não podem ficar presas e devem extravasar os limites do papel. Por isso, não me furto a registrar que ouvir os 50 minutos do terceiro CD da banda El Efecto , “Pedras e Sonhos”, é uma das experiências mais intensas que alguém pode ter. O álbum consagra El Efecto com uma das melhores senão a melhor - banda de todo o cenário musical brasileiro. A qualidade e originalidade são explícitas em cada acorde de suas músicas e em cada vírgula de suas letras. As músicas de Pedras e Sonhos afloram não só nossas utopias, mas também a inspiração para que muitas pedras filosóficas, metafóricas e físicas (por que não, em alguns casos?) voem (e elas precisam voar) para sonhos dançarem e assim, construirmos com muita garra, dança, música, suor e lágrimas, um mundo em que haja felicidade para todas e todos.

sem mencionar a linda atualização de “Os saltimbancos” de Chico Buarque, em que, dessa vez, “Os Assaltimbancos” libertam o grito preso por tantas correntes da contas-correntes. Tudo muito belo a não ser por uma falha capital: a profunda “Ciranda”, lançada no ano passado, inexplicavelmente, ficou de fora para dar lugar à regravação de “A caça que se apaixonou pelo caçador” presente no primeiro CD. Fica a impressão de que o grupo teve a humildade de não lançar um CD perfeito. Brincadeiras à parte, o lançamento oficial do disco no Rio de Janeiro será no Studio RJ (Av. Vieira Souto, 110, Arpoador) no dia 26/09, às 20h30, com entrada franca (pague quanto e se quiser). “Pedras e Sonhos” está disponível para download gratuito e completo no site www.elefecto.com. br, onde se encontram mais informações sobre agenda. Vírus Planetário - SETEMBRO / OUTUBRO 2012

7


Bula cultural

algumas recomendações médico-artísticas

A Cultura para além do

espetáculo... Coletivos de cultura atuantes em diversas áreas da cidade do Rio de Janeiro provam que o espaço da cultura não pode ser o da exclusão

Ilustração: Vitor Vanes

Por Aline Rochedo e Julia Maria

Quando pensamos em cultura, infelizmente, ignoramos, muitas vezes, as manifestações culturais que nos cercam cotidianamente. Quase sempre remetemos cultura à ideia de erudição, para aquilo que se constrói mentalmente como o “culto”, o “hierarquizado”, ou seja, algo que não é acessível para todo mundo. Assim, nos esquecemos de valorizar o que é nosso, o que fazemos de forma livre e genuína, nata da nossa gente! Tal retrato distorcido da cultura ocorre em diversos lugares do mundo, e no Rio de Janeiro não é diferente. Ingressos para shows internacionais esgotam-se em horas, a prefeitura modifica o trânsito, jornalistas descabelam-se por credenciais, além de filas enormes e entradas caríssimas. E tudo isso fica estampado nas manchetes dos jornais, como: “Show histórico no Rio empolga multidão”, “Show Business ultrapassa as expectativas” dentre outras. É importante que haja grandes eventos e sejam trazidos artistas internacionais, mas será que vale gastar tanto dinheiro para realizar tais shows e, contraditoriamente, investir tão pouco na cultura de base na cidade? O espaço da cultura não pode ser o espaço da exclusão. Lutando contra a hegemonia dos megaeventos, os projetos Norte Comum, Bonde da Cultura, Domingo é dia de Cinema e demais iniciativas culturais anônimas em nossa cidade, fogem da logística de um mercado que invadiu os espaços culturais cariocas. Tais iniciativas instigam uma espécie de militância da cultura, uma luta contra a concepção de que o acesso à cultura é simplesmente pagar a entrada e aplaudir o espetáculo. Estes militantes da cultura são pessoas comuns preocupadas com os processos culturais que se perderam nos guetos, nas ruas, nas favelas, no samba dos bares, nas rodas, nas cirandas, no funk, no rap, na cantiga, na poesia, na literatura, no teatro, no cinema. A iniciativa de mapear a história de seu espaço social e valorizar o que seu povo tem produzido enriquece e amplia a teia de relações culturais de uma sociedade.

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa


A Mentira varrida pra debaixo do tapete

sórdidos hes... detal Por Maria Luiza Baldez

“Somos um Rio... você é outro!” Não é preciso ser nenhum especialista para perceber as mentiras contadas pelo atual prefeito Eduardo Paes para ser reeleito: basta ser carioca. Fazendo propaganda do seu sistema de transporte, o BRT, os corredores Trans e o Bilhete Único, afirma-se que ficou para trás: “o engarrafamento crônico nas principais vias do Centro e da zona Sul” e “perder horas no deslocamento para o trabalho em ônibus de péssima qualidade”. Bem, um fato é certo: Dudu Paes não anda de ônibus, não é, gente? Até porque, Bilhete Único só funciona para ônibus sem ar condicionado. Já ta recebendo a regalia de uma passagem só, seria muita folga mesmo exigir um fresquinho. E tem muito mais. Quando é para se gabar de saúde, adivinhem o que ficou para trás? A “falta de leito em hospitais municipais” e os “idosos que passavam horas na fila para obter atendimento médico”. Depois da abertura das Clínicas de Família, acabaram por completo os problemas. Só que ao contrário! Que isso, colocar curativo em cima de machucado não é curar, não. O atendimento é maravilhoso... mas só para os outros. Se internar lá nem pensar, né! Na sessão “Legado Olímpico”, nosso planejamento para suportar os megaeventos de 2014 e 2016, o que ficou para trás foi – uma pausa, esta é sensacional -: os alagamentos nas vias em dias de chuva forte na cidade. Taran! Acho que ele se esqueceu de 2010 ou viu a galera de bote ajudando os outros e pensou que fosse esporte! Ilustrações: Carlos Latuff

Se o objetivo era criar um site de humor, é um sucesso! Aliás, quando um carioca vê um problema – o que não é raro – já virou jargão dizer “imagina só como vai ser na Copa e nas Olímpiadas”. Então, pelo menos, nisso ninguém ta botando fé. Pois é, não precisa nem ser adivinho que a gente já sabe: com este planejamento, o tumulto tende a piorar. Agora, respondam: como um prefeito vai fazer alguma coisa por esta cidade se não consegue ver os problemas mais fundamentais que passamos por aqui? Olha a poeira se acumulando embaixo do tapete... Alô, Rio de Janeiro! Para conferir as informações dadas , acesse http://www.eduardopaes15.com.br/ e veja com seus próprios olhos como pode ser grande a cara de pau para se gabar de tantas “realizações”.


sociedade


1+1+1+1+1...e

poder do

povo

Porque a soma de indivíduos não é igual a um a democracia?

Por Artur Romeu e Seiji Nomura A ideia original era a de escrever uma reportagem sobre os mecanismos e canais de participação da sociedade no processo de tomada de decisão. Pensamos que poderíamos aproveitar as eleições municipais e sugerir um debate sobre a construção democrática para além do voto. Parecia uma boa ideia. O problema é que ao conversar com nossos entrevistados, acadêmicos e ativistas políticos, nos deparamos constantemente com o seguinte depoimento: “vivemos numa democracia mínima”. Para ser bem sincero, o que ouvimos foi um verdadeiro desfile de adjetivos do estilo: “muito baixa”, “restrita”, “limitada”, “incipiente”. Ao tentar conhecer os caminhos da participação social esbarramos com o desafio de explorar o significado de democracia, engolido pelo senso comum.

Ilustrações: Iconoclassistas

Que fique bem claro: nenhum dos entrevistados tampouco sugeriu que estamos sob uma ditadura. Não se trata disso, mas sim de encarar o consenso entorno do sistema em que vivemos. A assistente social e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Larissa Dahmer, ressalta que a construção democrática é um processo de luta pela ampliação de direitos. “Se percebermos a construção da concepção da democracia no seu sentido histórico, vamos ver

que quem vai buscar radicalizar esse conceito é a classe trabalhadora, dizendo ‘não queremos ter somente a liberdade de vender a força de trabalho, a gente quer ter acesso a direitos políticos e sociais’”. Apesar de uma série de conquistas, como os direitos à associação, ao voto, às liberdades de expressão, de religião, de ir e vir, a professora acredita que ainda estamos muito longe da ideia de democracia no seu sentido pleno. Para ela, entender democracia no capitalismo pressupõe reconhecer que existe um limite imposto pela própria lógica do sistema. “O liberalismo admite direitos políticos desde que não sejam ameaçadores, mas tem restrições aos direitos sociais porque prejudicam a lógica do mercado. Não estamos aqui o tempo todo levando porrada. Mas vivemos num sistema que consegue fazer com que todo dia, todo mundo levante e acredite que vai vencer na vida. As pessoas não pensam: vamos melhorar de vida

coletivamente. As pessoas pensam: eu vou melhorar de vida. Isso é muito forte. “ Nascido e criado no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, o ativista político, Alan Brum, é um dos coordenadores da ONG local Raízes em Movimento. Com sede no Morro do Alemão, o grupo atua desde 2001 em parceria com entidades de direitos humanos para promover melhores condições de vida na região. Segundo Alan, ainda estamos num processo inicial do que pode ser uma democracia no sentido literal da palavra – “poder do povo”. “O que a gente tem são eleições, quando ano após ano somos lembrados que o processo de representatividade está falido. Isso nos traz outra perspectiva para pensarmos a democracia. Espaços em que tenhamos princípios de atuação processual e não esporádicos. Acredito qparticular como sendo superior”, aponta José Rodrigues.

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa


rio de janeiro

As vozes que a UPP

não escuta

No Salgueiro, favela da zona norte do Rio de Janeiro, ouvimos o que os moradores pensam sobre a Unidade de Polícia Pacificadora e conversamos com especialistas que analisam a UPP

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa


ENTREVISTA INCLUSIVA:

Nelma Gusmão

Por Artur Romeu

A lógica de uma cidade onde a dificuldade de se viver é sinal de desenvolvimento “Outro dia peguei um táxi, o motorista puxou papo e eu disse que estudava planejamento urbano. Ele virou para mim e disse: ‘Que bom! Porque está precisando’, como se esse estudo pudesse me conferir o poder de resolver todos os problemas da cidade.” Nelma Gusmão de Oliveira é doutoranda do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional da UFRJ (IPPUR) e professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Desde 2008, ela acompanha os preparativos do Rio de Janeiro para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Em setembro, Nelma defende sua tese de doutorado sobre as relações de poder na interseção entre o campo da produção do espetáculo esportivo e a produção da cidade. Ela conversou com a Vírus Planetário sobre como os megaeventos se tornaram o motor de uma reforma urbana que atende a certos interesses econômicos e políticos na construção de uma cidade que privilegia os negócios em detrimento da população. “Antes de perguntarmos para que serve tudo isso, temos que nos perguntar a quem serve tudo isso”.

Confira a entrevista na edição completa

Fotos: Arquivo pessoal


Quem não respeita a

educação pública, não merece seu

Nessas eleições, não vote em candidatos que querem destruir a educação pública. A educação tem que ser 100% pública, gratuita e de qualidade. Por isso, exigimos:

_O fim das avaliações e gratificações baseadas na meritocracia _O não fechamento de escolas _Manutenção dos Triênios dos servidores _Planos de Carreira unificados _Concurso Público para contratação de professores e funcionários _Piso salarial de 5 salários mínimos para os professores e 3,5 salários mínimos para os funcionários _Eleições diretas para diretores de escolas

voto!! 35 anos

Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro

www.seperj.org.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.