Vírus Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça
R$5 edição nº 20 fevereiro 2013
Planetário
tem morador! Espaços populares por todo o Brasil são ameaçados de remoção
Entrevista INclusiva com
OcupeaCidade
Com intervenções artísticas urbanas, coletivo critica a especulação imobiliária em São Paulo
Aldeia Maracanã resiste
A luta dos índios agora é pela primeira Universidade Indígena
Pinheirinho(s) Realidade de Pinheirinho (SP) um ano depois. E a Ocupação Novo Pinheirinho em Brasília
Com conteúdo do
FAZENDO
MEDIA
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Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas. Notícias da campanha: www.apn.org.br www.tvpetroleira.tv organização: Participe do abaixo-assinado:
traço livre
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Afinal, o que é a Vírus Planetário? Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principalmente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus Planetário: Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas excluídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano.
O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível.
Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media (www.fazendomedia.com) e nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.
Expediente: Rio de Janeiro: Aline Rochedo, Ana Chagas, Artur Romeu, Beatriz Noronha, Caio Amorim, Chico Motta, Eduardo Sá, Gabriel
Bernardo, Ingrid Simpson, Julia Maria Ferreira, Maria Luiza Baldez, Mariana Gomes, Miguel Tiriba, Noelia Pereira, Raquel Junia, Seiji Nomura e William Alexandre | Mato Grosso do Sul: Marina Duarte, Tainá Jara, Jones Mário, Fernanda Palheta, Eva Cruz e Juliane Garcez | Brasília: Alina Freitas, Mariane Sanches, Luana Luizy e Thiago Vilela | São Paulo: Ana Carolina Gomes, Bruna Barlach , Duna Rodríguez e Luka Franca | Minas Gerais: Ana Malaco e Laura Ralola Diagramação e projeto gráfico: Caio Amorim Ilustrações: Carlos Latuff (RJ), Paulo Marcelo Oz (MG) e Ricardo Tokumoto (MG) Revisão: Bruna Barlach Colaborações: Edemilson Paraná, Luiz Baltar, Renan Otto, Ratão Diniz, Raquel Oliveira, Fábio Caffé, Daniel Carvalho e Diogo Salles Capa: foto: Renan Otto
Conselho Editorial: Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Carlos Latuff, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti e Diretoria de Imprensa do Sindicato Estadual dos Profissionais de Edução do Rio de Janeiro (SEPE-RJ) Siga-nos: twitter.com/virusplanetario Curta nossa página! facebook.com/virusplanetario
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Comunicação e Editora A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 3164-3716
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Sumário
(da edição completa)
Editorial
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Bula Cultural_O som que vem das ruas Bula Cultural
7 8 Bula Cultural_Deixa o carnaval
Tem morador. Mesmo quando não podemos ver, mesmo por onde não passamos, mesmo longe da gente, em outras cidades, em outros espaços, a verdade é que pelo Brasil inteiro tem gente morando e gente tentando morar. Gente a quem foi negada a chance de ter um teto sobre si, mas que nem por isso se calou: foi atrás de conseguir seu espaço. Nesta edição, mostramos gente que lutou pelo direito de morar e perdeu, um ano depois a história do Pinheirinho, em São José dos Campos-SP, ainda nos comove e faz com que pensemos qual é o limite da imposição da força policial mandada pelo Estado. O Pinheirinho foi dizimado, mas sua memória permaneceu e inspirou um Novo Pinheirinho em Taguatinga-DF. Mas fevereiro tem carnaval, e esse clima de festa transpira por nossas páginas em diferentes expressões e tons, trazendo não só suas cores, mas também seu aspecto político, questionador e belamente brasileiro. E como nem só de carnaval vive a cultura brasileira, o duelo de MCs de BH está aqui para representar a cultura de rua. De Minas também vem a Mostra de Cinema de Tiradentes, um dos principais pontos de encontro para os cinéfilos e entusiastas da sétima arte. Como arte, cultura, política e Vírus sempre caminham juntas, na inclusiva demos um giro por São Paulo nas palavras do coletivo de artistas OcupeaCidade. Lá e cá vamos ouvir falar muito sobre especulação imobiliária e como o desejo de se ganhar muito dinheiro a qualquer custo tem despido a cidade de seu papel central de agregador de pessoas, quando se proíbe não somente o direito à moradia, mas o direito a existirmos, convivermos, andarmos, brincarmos e vivermos, de fato, nas grandes cidades. Depois de ocuparmos e resistirmos juntos com os indígenas na Aldeia Maracanã (antigo Museu do Índio, ao lado do estádio Maracanã - em reforma para os megaeventos que irá receber), mostramos um pouco da trajetória dessa aldeia que sobrevive com todas as pressões que um centro urbano com um metro quadrado ultra-valorizado como o Rio de Janeiro pode causar. Após conseguirem a vitória pela não-demolição do prédio, os índios lutam agora para permanecerem ali, mantendo a aldeia viva e construindo a primeira Universidade Indígena do país. Chegamos a edição de número 20, duas dezenas, duas vezes dez! Não poderíamos deixar passar em branco esta edição sem agradecer a todos aqueles que ajudam a construir a Vírus cotidianamente, seja como leitores, como compartilhadores de nossa página, como curtidores no facebook. Sempre bom lembrar que a cada dia queremos que nossa voz ecoe mais longe e, para isso, você também está convidado a fazer parte desta comemoração e da construção da revista. Participe.
ser!
11 Bula Cultural_Quem é você na MOstra de Cinema de Tiradentes
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Rio de Janeiro_De Cabral a Cabral, 513 anos de opressão
18 São Paulo_Outros Janeiros 22 Brasília_Quando morar é um privilégio...
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CAPA_Ensaio Fotográfico: Tem Morador!
32
Fazendo Media_O agrotóxico atravessa samba
35
Fazendo Media_Entrevista: João Martins
38 Entrevista Inclusiva_Coletivo OcupeaCidade
42
O sensacional repórter sensacionalista
Bula cultural
algumas recomendações médico-artísticas
Ceu Na Terra. Foliões agitam as ruas de Santa Teresa e esbanjam alegria. Foto: Raquel Oliveira
Deixa o
Carnaval ser! O carnaval é ou não é a festa do povo?
Por Aline Rochedo É impressionante como uma cidade se transforma no Carnaval. São cores, sons, cheiros, pessoas, que nos dão a sensação de estarmos noutro lugar, transmutandonos em turistas. Lugares como Rio de Janeiro, Ouro Preto, Olinda, Recife, Salvador, dentre tantos, abremse para acolher um número imenso de pessoas de todas as partes. E estes visitantes transitam ente nós, trazem suas diferentes culturas que se agregam, derrubando as fronteiras.
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Vírus Planetário - fevereiro 2013
Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa
Contra a privatização dos Hospitais Universitários!
NÃO À
EBSERH! Gestão Mobilização Docente
e Trabalho de Base
www.aduff.org.br
rio de janeiro
De Cabral a Cabral...
513 anos de opressão
Aldeia indígena em pleno centro urbano resiste aos ataques do capital que sob a desculpa dos megaeventos deseja lucrar com o terreno.
Por Aline Rochedo, Ana Chagas, Beatriz Noronha Bruna Barlach e Chico Motta Nos dias atuais, há ainda quem se comporte como os desbravadores do século XVI, associando o domínio de uma cultura sobre outra a um processo legítimo e natural. Preconceituoso e cerceador, o termo civilizar ainda é utilizado repetidamente ao se referir aos índios, muitas vezes justificando ações truculentas e ilegítimas como a demolição do antigo prédio de Memória Indígena da Aldeia Maracanã. Na ocupação cultiva-se verduras e frutas em uma pequena horta e cozinha-se em um forno a lenha. O lugar, além de centro cultural, serve de abrigo temporário ou permanente para índios de todo o país que chegam ao Rio de Janeiro para trabalhar, estudar e participar de eventos.
Ilustração: Carlos Latuff
Enquanto isso, o governo do estado do Rio de Janeiro pretende ali construir um estacionamento. Mais uma vez, as autoridades governamentais priorizam interesses das grandes corporações, o transporte individual mais poluente e elitizado, e atropela-se parte importante da nossa História além do nosso senso de coletividade. Ressaltam que se trata de revitalizar o “Maracanã”, palavra ironicamente de origem tupi, como se demolir um edifício histórico mais antigo que o próprio estádio fosse essencial ao projeto. Falácia deslavada, desmentida pela FIFA e por diversos pareceres técnicos.
Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa 8
Vírus Planetário - fevereiro 2013
Simulação do ex-prefeito eduardo Cury e Geraldo Alkmin removendo moradores do Pinheirinho. | Foto: Portal do PSTU
são paulo
Outros janeiros Por Ana Carolina Gomes e Bruna Barlach
Pinheirinho jamais será esquecido
22 de janeiro de 2012. Essa data ficaria marcada para sempre na vida das famílias do Pinheirinho. Acordadas pela polícia, com violência, elas foram arrancadas de suas casas, de suas vidas, sem respeito, sem dignidade. Numa manhã de domingo em São José dos Campos onde não houve lei. Dias antes houve uma grande comemoração, com a chegada da liminar que garantia que os moradores não seriam expulsos. Mas infelizmente o governo tem toda a força policial ao seu lado, contra a qual, muitas vezes, não se pode brigar com um pedaço de papel.
Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa
Depois de expulsas de suas casas, as famílias foram levadas a um acampamento onde ficaram sob vigilância direta da polícia e continuaram a ser sistematicamente agredidas pelos policiais. Agressões verbais e agressões físicas. Ali, a lei também não conseguia chegar.
Vírus Planetário / fazendo media - fevereiro 2013
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brasília
Quando morar é
um privilégio...
Por Alina Freitas, Edemilson Paraná e Thiago Vilela. Shopping centers, grandes supermercados e mega-empreendimentos imobiliários com apartamentos que beiram R$ 800 mil. Desde o último dia 4 de janeiro, essa é a vizinhança de mais de 400 famílias com renda de 0 a 2 salários mínimos. Elas não ganharam na loteria, muito menos foram beneficiadas pelas promessas de programas habitacionais do governo. A razão pela qual passaram a viver na área é uma só: não tem para onde ir. Em mais uma homenagem à ocupação Pinheirinho, despejada há um ano violentamente em São Paulo pelo governo local, o acampamento foi batizado de Novo Pinheirinho. O prédio ocupado pelas famílias no centro de Taguatinga, a 20 quilômetros de Brasília, está abando10
Vírus Planetário - fevereiro 2013
Ocupação urbana do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto completa um mês de resistência no coração da especulação imobiliária em Taguatinga – DF
nado há cerca de 20 anos. O dono, Abdalah Jarjour, um grande empresário da capital, pretendia construir um shopping no local. Abandonado, o imóvel vazio era usado para o uso e comércio de drogas tendo sidoi palco de crimes como estupros e assassinatos. Alguns moradores de rua alegam viver no local há mais de 14 anos. Há um mês acampadas no prédio, as famílias integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) reivindicam a construção de moradias populares e o cumprimento de um acordo rompido pelo Governo do Distrito Federal que, após a ocupação de um terreno em Ceilândia em 2011 pelas mesmas famílias, prometeu o pagamento de auxílio-aluguel e a inclusão dessas no programa habitacional do gover-
no local, o Morar Bem. Após poucos meses de pagamento, o auxílio foi cortado e a lei que regulamentaria o auxílio para as famílias não foi encaminhada à Câmara Legislativa do Distrito Federal. O governo se negou ainda a cadastrar o MTST como entidade apta a registrar famílias no programa. O nome Novo Pinheirinho, o mesmo da ocupação de Ceilândia, remete, também, ao fato de que se trata da mesma luta pelas mesmas pautas de 2011. Disposto a fazer do prédio um conjunto habitacional, o MTST já obteve sinalizações do Ministério das Cidades e da Caixa Econômica Federal de que é possível realizar a compra do terreno, avaliado em mais de R$ 150 milhões, para a construção de moradias pelo programa Minha Casa Minha Vida. In-
Foto: Aferidor de Vuelos (www.facebook.com/aferidor.devuelos)
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Logo após a ocupação do esqueleto abandonado há 20 anos, o proprietário, Abdalla Jarjour, fez uma declaração à imprensa: “Eles invadem minha área e eu tenho que ficar dando explicação pra ‘Zé e pra Mané’ (sic), por que minha obra tá a 18, a 15 a 20 anos?[...] eu estou trabalhando com meu dinheiro, pra não dever nada a ninguém. Se eu quiser demorar mais cinco anos é problema meu”.
“
Em volta do “esqueleto” estão alguns dos prédios mais caros do Distrito Federal.”
Pelo contrário: pelo menos desde 1988, se ele quiser demorar mais 5 anos o problema é NOSSO. Como nos ensinam a Constituição e o Estatuto da Cidade, o uso da propriedade deve cumprir função social. Faz-se necessário, portanto, diferenciar legítimos direitos de propriedade de pretensões abusivas relacionadas a ele. Jarjour é a voz da especulação imobiliária. A imagem a baixo, elaborada pelo militante Renato Moll, deixa claro os reais motivos de uma ordem de despejo rápida e precipitada como esta:
transigente, o Governo do Distrito Federal, de quem depende a desapropriação do imóvel, se nega a participar da mesa de negociações.
Briga na Justiça O “esqueleto de Taguatinga”, como é conhecido pelos moradores da região, quase foi demolido em várias ocasiões. Em acordo com o Governo do Distrito Federal, firmado em 2007, o dono se comprometeu a reiniciar as obras que, segundo ele, abrigariam uma faculdade particular — projeto acabou oficializado apenas em 2011. Desde então, pouca coisa, além de uma rudimentar pintura externa do prédio, foi realizada. Em estado de abandono, o imóvel serve como um pote de ouro, um investimento a longo prazo garantido pela especulação imobiliária do Distrito Federal, uma das mais avassaladoras do país. Em volta do “esqueleto” estão alguns dos prédios mais caros do Distrito Federal. Disposto a impedir a requalificação do imóvel para que sirva como moradia para as famílias o empresário entrou na Justiça reivindicando a reintegração de
Infográfico: Renato Moll fonte: www.tinyurl.com/avudj5v
posse e a desocupação do local. Acatado o pedido, a Justiça decretou 10 dias para que as famílias deixassem o prédio. Mobilizados para impedir o despejo, apoiadores do movimento recolheram assinaturas de intelectuais e juristas renomados de todo país, entre eles o jurista Fábio Konder Comparato, em defesa do direito à moradia. Eventos públicos foram realizados e uma campanha pela manutenção das famílias no local foi iniciada. A Assessoria Jurídica Universitária Popular Roberto Lyra Filho, projeto de extensão da Universidade de Brasília (UnB) que presta assessoria ao movimento, conseguiu derrubar na Justiça a decisão que determinava a desocupação. O empresário Abalah Jarjour acionou um time de bem-pagos advogados para recorrer. Perderam novamente. A disputa segue. O abandono do prédio, parado a mais de 20 anos visando a especulação imobiliária, escandaliza a população, mas a ocupação dos Sem Teto de baixa renda em área nobre é uma pedra no sapato da elite local, que vê ameaçados muitos de seus interesses. Acuado e sem argumentos razoáveis para a desocupação das famílias, Jarjour conta com o apoio do Governo do Distrito Federal, de grandes empresários e dos principais veículos da imprensa regional, que protagonizam inserções patéticas como a do comentarista Alexandre Garcia, da TV Globo, que confundiu Sem Teto com Sem Terra e questionou, ao vivo, o quê os acampados plantariam no local.
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brasília
Fotos: Aferidor de Vuelos (www. facebook.com/aferidor.devuelos)
vezes fazem os moradores passarem por grandes dificuldades, um cinema foi montado na ocupação com lonas, projetor e caixa de som. O cineclube atrai moradores e apoiadores para momentos de descontração. Imagens gigantes de momentos do acampamento foram transformadas em lambelambe e coladas em diferentes lugares do prédio, relembrando a grande poesia que é união da comunidade.
Dando vida ao “esqueleto” Se ao lado do dono do prédio estão a elite e o poder local, um exército de apoiadores se mobilizou para garantir a moradia das famílias e dar vida ao “esqueleto”. Recursos e ajuda de todo o tipo, desde alimentos e roupas a assessoria jurídica e de comunicação, chegam de todos os lados. Um grande sarau de apoio ao movimento foi realizado na ocupação com música, artes-plásticas, dança e atrações infantis. Uma roda de samba com os moradores em comemoração a queda da liminar que determinava a desocupação do prédio, além de debates, discussões públicas e eventos de apoio foram realizados na UnB, em bares e cafés da cidade. Para o aniversário de um mês da ocupação, que ocorre dia 4 de fevereiro, está prevista uma grande festa no acampamento. A vida das famílias segue normalmente, apesar das dificuldades. A grande maioria sai cedo para trabalhar e volta à noite, numa rotina comum a dos demais trabalhadores do Distrito Federal. Para animar os dias chuvosos, comuns nessa época do ano em Brasília e que muitas
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Assembleias gerais são realizadas corriqueiramente para informar os acontecimentos e decidir com as famílias os rumos do movimento. Num cenário composto por lonas e tijolos, concreto envelhecido, vigas enferrujadas e terra, vê-se crianças correndo, pessoas conversando, varrendo a frente de suas “casas”, em suma, vivendo e morando. Mas nem tudo são flores. A estrutura é precária, as famílias sofrem com as intempéries e faltam recursos para dar conta das necessidades de alimentação de mais de 400 famílias. Por isso, o movimento vive em campanha por apoios e novas doações. E por isso luta, resiste e acredita num amanhã diferente, com moradia para todos, em que a vida digna de seres humanos tem mais valor do que um “esqueleto” sem alma.
*Durante o fechamento desta edição, a justiça determinou a reintegração de posse do local e deu um prazo de 48 horas para que as famílias desocupassem o prédio. Para informações em tempo real, acesse: http://tinyurl.com/novopinheirinho
ensaio fotográfico
O Rio de Janeiro mostrado nas propagandas do governo e nas lentes da grande mídia leva-nos facilmente a pensar que vivemos tempos de fartura: em uma cidade sofisticada, moderna, democrática e não excludente. Mas só quem vive na pele o peso de ter seus direitos violados, simplesmente por morar em regiões de interesse do mercado imobiliário, sabe que não há nada a ser comemorado. Foi para mostrar o outro lado dessa história, o cotidiano das comunidades, suas lutas e principalmente a força e a beleza desses moradores, que nos orga-
nizamos em um projeto coletivo de documentação o “Tem Morador”. Nosso objetivo é apoiar, divulgar e dar visibilidade, através de nossas fotos, às pessoas simples e fortes como nós: o povo. A continuação do nosso trabalho de documentação só é possível graças às inúmeras parcerias que foram se estabelecendo com o tempo, ao carinho que recebemos em todas as visitas que fazemos às comunidades, e às lições de solidariedade que tivemos de pessoas que doam suas vidas para terem seus direitos e os do próximo respeitados.
Luiz Baltar e Renan Otto, fotógrafos da agência Imagens do Povo
Confira o ensaio fotográfico na edição completa digital ou impressa
*É isso mesmo, caro leitor, agora a Vìrus e o Fazendo Media são um veículo único!
FAZENDO
MEDIA
fevereiro de 2012 | Ano 10 | Número 103 | www.fazendomedia.com | contato@fazendomedia.com
a média que a mídia faz
Agrotóxico atravessa samba Movimentos sociais elogiam samba da Vila Isabel e questionam patrocínio da Basf Desfile da Vila Isabel | Foto: RioTur / AsCom
Por Eduardo Sá Organizações, movimentos sociais e pesquisadores, que integram a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, entregaram no último dia 29 de janeiro uma carta à vice-presidente da Unidos de Vila Isabel, Elizabeth Aquino. O documento elogiava a escola pelo samba enredo “A Vila canta o Brasil celeiro do mundo – água no feijão que chegou mais um”, composto por Rosa Magalhães, Alex Varela e Martinho da Vila, que enaltece a agricultura familiar. A carta também criticou o patrocínio da empresa alemã Basf, uma das maiores fabricantes de agrotóxicos do mundo, devido à associação da imagem do grupo com a biodiversidade. Campeã do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, a Vila Isabel encantou na sapucaí, com o samba enredo que moveu as multidões em coro. Mas a que preço?
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Entrevista INclusiva:
OcupeaCidade
Coletivo
O coletivo OCUPEACIDADE surgiu na cidade de São Paulo, em meados do ano de 2006, como uma proposta de unir pessoas interessadas em produzir coletivamente ações artísticas nos diversos espaços da cidade, de maneira a criar novas relações com o território vivido cotidianamente pelos habitantes da nossa metrópole – sejam eles artistas ou não. Desde então vem atuando como um grupo aberto, de livre participação, propondo ações onde o processo de produção coletiva constitui o método de trabalho, e o principal objetivo é a participação ativa dos sujeitos na vida da cidade.
Algumas pessoas colaboraram com o grupo e foram realizadas intervenções urbanas, murais, ações em parceria com outros coletivos, exposições e oficinas – além da produção de trabalhos como cadernos, posters, vídeos, gravuras e painéis. Da mesma maneira que tem como proposta a participação aberta, existe também uma abertura para a utilização de linguagens artísticas inéditas na trajetória do grupo, propiciando assim um processo contínuo de construção de situações coletivas onde a heterogeneidade e a diversidade de olhares constituem o material fundamental.
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Vírus Planetário - fevereiro 2013
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36 anos
Educação Estadual
na luta!
Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro
Remoção de funcionários das escolas estaduais:
Quem tem q ue sair é o Cabral e o Risolia!
Os serventes, inspetores de alunos e as merendeiras das escolas estaduais (os funcionários administrativos), muitos com mais de duas décadas de trabalho em escolas espalhadas pelo estado inteiro, estão sendo removidos, compulsoriamente, de suas unidades de origem. Em seus lugares, o governo do Estado vem colocando pessoal de empresas privadas, em um processo de terceirização dos nossos serviços públicos, que já conhecemos onde vai dar: corrupção e superfaturamento. Este ataque atinge mais de cinco mil funcionários estatutários, concursados e que já haviam definido as suas vidas pessoais e profissionais em função das escolas onde trabalhavam. O governo alegou que a medida era uma determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Mas em audiência acompanhada pelo Sepe e pela Comissão de Educação da Alerj, o próprio presidente do Tribunal negou que existisse um parecer, determinando a remoção dos concursados das escolas para dar lugar a terceirizados. Quem tem que pedir para sair é o secretário Risolia e o governador Cabral, que promovem a destruição da escola pública. Os funcionários reagiram ao arbítrio do governo, com várias manifestações realizadas na sede da Secretaria de Educação, como mostra a foto. Não aceitaremos a remoção dos funcionários administrativos!
Calendário da Rede Estadual: 23 de fevereiro (sábado): assembleia da rede estadual de educação, às 14h, na ABI (Rua Araújo Porto Alegre 71/9º andar).
www.seperj.org.br
COMPAREÇA!!