Entrevista: Luiz Carlos Azenha_Mesmo
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na internet, mídia grande impõe seu poder
anos!
Vírus Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça
R$5 edição nº 23 maio 2013
Planetário
ura.. . c u lo é o m lis a it p Se desafiar o ca
o c u o l e d o d n a b m u m e t i u
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antimanic No mês da luta
ade e o direito à cid ra cu u lo a s o m omial, discuti
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Afinal, o que é a Vírus Planetário? Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principalmente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus Planetário: Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas excluídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano.
O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível.
Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media (www.fazendomedia.com) e nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.
Expediente: Rio de Janeiro: Aline Rochedo, Ana Chagas, Artur Romeu, Beatriz Noronha, Caio Amorim, Catherine Lira, Chico Motta, Eduardo Sá, Gabriel Bernardo, Ingrid Simpson, Julia Maria Ferreira, Livia Valle, Maria Luiza Baldez, Mariana Gomes, Miguel Tiriba, Noelia Pereira, Raquel Junia, Seiji Nomura e William Alexandre | Mato Grosso do Sul: Marina Duarte, Tainá Jara, Jones Mário, Fernanda Palheta, Eva Cruz e Juliane Garcez | Brasília: Alina Freitas, Luana Luizy, Mariane Sanches e Thiago Vilela | São Paulo: Ana Carolina Gomes, Bruna Barlach , Duna Rodríguez, Jéssica Ipólito, Luka Franca e Sueli Feliziani | Minas Gerais: Ana Malaco, Laura Ralola e Paulo Dias Diagramação e projeto gráfico: Caio Amorim Ilustrações: Carlos Latuff (RJ), Paulo Marcelo Oz (MG) e Adriano Kitani (SP) Revisão: Bruna Barlach e Jones Mário Colaborações: Juliana Rocha Capa: Arte sobre foto original de Ben Heine
Conselho Editorial: Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Carlos Latuff, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti e Diretoria de Imprensa do Sindicato Estadual dos Profissionais de Edução do Rio de Janeiro (SEPE-RJ) Siga-nos: twitter.com/virusplanetario Curta nossa página! facebook.com/virusplanetario
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Comunicação e Editora A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 3164-3716
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Editorial
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O que é a comunicação? O documentário “Levante sua Voz – 2009 – Direção: Pedro Ekman / Produção: Intervozes” (assista aqui – www.tinyurl.com/levantesuavoz) define a comunicação como, acima de tudo, um direito humano. Os cinco últimos anos para nós da Vírus foi um aprendizado na prática em como compreender 100% essa concepção (e continua sendo). Obviamente que, literalmente, essa concepção é clara. Mas é preciso ir além (ou mais profundamente). Entender a comunicação como direito humano é entender que nós, seres humanos, cheios de imperfeições, podemos nos desenvolver dentro de uma lógica que nos leva à desumanização. Mas, por outro lado, podemos também, por meio de conscientização, de muita militância (a luta pela democratização da comunicação é uma delas) fortalecer nosso lado mais belo, aquele que nos conforta, nos transborda de emoção e preenchimento – mesmo que por poucos instantes – e assim lembramos de correr para a rua, olhar e lembrar que “a tua dor é minha, e minha dor é tua”. Portanto, compreender a comunicação como direito humano e que “direitos se conquistam”, como lembra o “filme-bíblia” do jornalismo militante, é compreender que existe em todas as outras pessoas a mesma matéria que te constitui e que constitui tod@s aqueles que lutam diariamente (com todos os defeitos e contradições que existem) para destruir todo o mal inventado pelo ser humano e seus mirabolantes sistemas de injustiça, do capitalismo selvagem ao pós-moderno. Como dizia Rousseau, o ser humano nasce bom, a sociedade que o corrompe. E assim vem sendo desde 15 de maio de 2008, quando fomos pegar nossa primeira edição na gráfica e levar para o evento de lançamento. Entender que devemos colocar sempre toda nossa emoção, sentimento e potência em cada letra que digitamos ou cada traço que desenhamos; abdicar de facilidades, aceitar a dureza de noites viradas, de construir com pouquíssimo apoio e dinheiro algo que custa muito caro. Só que, para nós, é maior o ainda o valor de manter viva uma alternativa de comunicação que inspire as pessoas a construir um mundo em que sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres. Onde haja felicidade para tod@s! Há exatamente cinco anos, nós estávamos animados, eufóricos e nervosos enviando nossa primeira edição da querida Vírus Planetário para uma gráfica que hoje nem existe mais. Além dos detalhes da edição, acertávamos também os detalhes do evento de lançamento na Vila dos Diretórios (onde ficam os Centro Acadêmicos e DCE) da PUC-Rio. Correria para organizar para os shows, exibição de curtas e sarau de poesia que fizeram parte do evento de lançamento. Nesse exato instante em que fechamos esta 23ª edição, estamos tão ou mais à flor da pele quanto há cinco anos. A felicidade é de transbordar cada sorriso em nossos rostos. O que para muitos parecia não passar de uma brincadeira (coisa que uma revista com humor pode sofrer) de um grupinho de estudantes politizado (vistos como “rebeldes sem causa”), já na distribuição de sua primeira edição, mostrou que a Vírus vinha ao mundo (ainda num papel-jornal bem do vagabundo) para ficar. Ganhávamos a atenção de estudantes das principais universidades públicas e privadas do Rio de Janeiro, e até de São Paulo. Em 23 edições, xingamos, criticamos, exaltamos revoluções vitoriosas ou em processo, debochamos dos algozes do povo, sempre berrando, gritando, pois “pedras e pedras são nossas únicas armas, e se as pedras não voam os sonhos são em vão”. Então, vambora fazer voar nossos sonhos de todas as maneiras possíveis. Fechamos um ciclo de cinco anos, e entramos agora em uma nova fase, com ainda mais responsabilidades, falando pra cada vez mais gente (são milhões por semana em nosso facebook), mais vigor, mais ânimo e fagulhas no peito. Ainda é só começo! “Vamos caminhando, aqui se respira luta!” Que cada palavra, cada imagem, cada emoção aqui impressa ecoe em nós como uma batida forte de tambor de todas as músicas que tanto expressam luta e expiram alegria. Guiando como um metrônomo para que não percamos o tempo, não percamos o ritmo que deve ser seguido. Mesmo com tanta barbárie, sabemos que outra humanidade quer emergir e vamos, assim, caminhando por uma estrada à esquerda, mal sinalizada, tortuosa e longa. Mas vamos cada vez mais unidos e assim, cada vez mais nos libertando, semeando, a cada parada, verbos à flor da pele que plantamos no chão do céu de cada boca que aqui grita, canta, dança, pula, xinga, enfim, ama. Emanemo-nos amor! *Citações das músicas: “Os Assaltimbancos” “Pedras e Sonhos” - El Efecto. “Verbos à Flor da Pele” - F.Ur.T.O e “Da entrega” - Teatro Mágico
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Sumário
(da edição completa)
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Traço livre
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Sociedade_À mercê da boa vontade polícia - resoluçao 013
10 Sórdidos Detalhes 12
Movimentos Sociais_A Vitória do Povo de Porto Alegre
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Bula Cultural_Indicações e Contraindicações
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Bula Cultural_Uma História de Amor e Fúria
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Internacional_O movimento estudantil e a guerra na Colômbia .
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CAPA_Sociedade_O que é ser antimanicomial?
26 Fazendo Media_5 anos da Vírus 28 Fazendo Media_Entrevista: Luiz Carlos Azenha
32 Minas Gerais_Dandara resiste! 34 Ensaio fotográfico 40
O sensacional repórter sensacionalista
41 Passatempos Virais 42 Traço Livre
Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas.
Vamos barrar os leilões do petróleo! organização:
Participe do abaixo-assinado: www.tinyurl.com/nao11leilao Notícias da campanha:
www.sindipetro.org.br
www.apn.org.br | www.tvpetroleira.tv
De 20 a 24 de maio com PARALISAÇÃO
em 22 de maio
Participe! Um a mais é muito mais! Reunindo forças, conquistamos direitos.
sociedade Ilustração: Ben Heine
O que é ser
antimanicomial? No mês da luta, mostramos como você tem mais a ver com isso do que pensa. Por Livia Valle Rosa Luxemburgo certa vez disse que quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem. A potência desta frase encontra-se no exercício que ela nos abre: de pensar a sociedade em que vivemos. Qual o sentido de existir correntes e quais correntes nos constituem? O ocidente especializou-se em produzir na modernidade formas gerir a população a partir dos comportamentos dos grupos e indivíduos. Escolas, fábricas, prisões, hospitais e manicômios, surgem como instituições encarregadas de regular os corpos assim distribuídos nestes espaços, destinados a uma vigilân-
cia. Como dispositivo de aprimoramento ou exclusão dos comportamentos, esta era presente também nas ruas através da polícia, e dentro dos lares privados pela família. Consolidando-se para além de seus muros, as instituições disciplinares passaram a fazer parte do cotidiano, moldando silenciosamente nossos hábitos. Modos de convívio produziam-se então junto ao ordenamento da sociedade industrial em desenvolvimento no século XVIII. Com o capitalismo em ascensão, os corpos enquanto força de trabalho foram escolhidos como seu primeiro objeto de controle, e assim, ciências nasciam para estu-
dar e sofisticar seu desempenho. A infância surgia como um saber e parte da ideologia burguesa de uma família nuclear, até hoje típica: heteronormativa e constituída pela propriedade privada, a herança e a tutela, apoiada nas normas da sexualidade e na orientação ‘correta’ para vida adulta e o trabalho, em preparo também através da escola. Para a gestão liberal funcionar, havia então toda uma normatividade e linearidade, que ia da vida organizada desde o nascimento até a esteira fabril, e por todos os espaços. O controle dos gestos, desde os mínimos, torna-se algo contínuo, imperceptível e realizado por todos. O corpo é assim docilizado por toda a malha social.
Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa Vírus Planetário - maio 2013
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FAZENDO
MEDIA Entrevista:
Luiz Carlos Azenha Vi o mundo resiste na blogosfera Foto: Arquivo pessoal
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As redes sociais têm capacidade e ameaçam os monopólios da comunicação”
Por Eduardo Sá O blog Vi o mundo (www.viomundo.com.br) está, como outros produzidos por jornalistas independentes, entre os mais conceituados no Brasil. Sustentado desde 2005 pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, que já passou por diversos veículos de comunicação, inclusive a Rede Globo, publica informações diariamente sobre a política brasileira e do mundo. Sempre mantendo seu espírito crítico, é também alvo de ação judicial, realidade enfrentada por outros jornalistas da blogosfera. Na entrevista ele comenta porque não fechou o blog, como está sustentando seu trabalho na internet, e a necessidade de regulamentação a mídia no Brasil. Repórter da TV Record desde outubro de 2008, Azenha considera seu blog um espaço dos movimentos sociais e de contraponto à mídia tradicional. Seu site chega a 40 mil acessos diários, e no facebook e twitter somados chega a quase 50 mil seguidores. A equipe é formada pela jornalista Conceição Lemos, Leandro Guedes (vendas), a Agência Café Azul e Kauê Linden, da Hostnet (tecnologia), mas conta com centenas de ajudantes informais, que sugerem ou escrevem textos e divulgam a produção nas redes sociais.
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Vírus Planetário / fazendo media - MAIO 2013
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Qual a sua situação atual com a justiça, após as ações que foram movidas contra você, e como está o funcionamento do seu blog? A única ação em andamento é a que foi movida pelo atual diretor de Jornalismo da TV Globo, Ali Kamel. Ele argumentou que foi citado várias vezes em meu blog de forma crítica, o que seria parte de uma campanha de difamação. Replicamos que se trata de figura pública, já que além de dirigir o Jornalismo da emissora Kamel nunca evitou debates públicos, com artigos publicados em O Globo e livros como Não Somos Racistas. Ele argumentou que não tem tanto poder assim na Globo, o que rejeito completamente, já que trabalhei subordinado a ele e sei quanto ele manda, diretamente ou através de prepostos. Finalmente, ele teria sido citado como ator de pornochanchada, já que nos créditos do filme Solar das Taras Proibidas, disponível nas redes sociais, consta o crédito de um ator chamado Ali Kamel. Rebatemos lembrando que a única citação assinada por mim foi para dizer que se tratava de um homônimo e que este homônimo poderia se sentir ofendido se comparado ao diretor da Globo. A título de explicar o absurdo deste último ponto – que foi a base para a condenação do blogueiro Rodrigo Vianna – conto sempre o seguinte caso: quando o chefe do tráfico na Rocinha, Nem, foi preso, descobri que o advogado dele se chamava Luiz Carlos Cavalcante Azenha.
Os processos são uma forma de atacar nossa credibilidade, de tentar nos calar e de intimidar outros blogueiros”
A Record o entrevistou e colocou na TV o crédito Luiz Carlos Azenha, advogado do traficante Nem. Por conta disso, muitas piadas foram feitas a meu respeito nas redes sociais. Era só o que faltava eu processar quem fez piadas a respeito! Da mesma forma, Kamel processou outro colega, o blogueiro Marco Aurélio Mello, por causa de uma peça de ficção. Depois de processar uma piada e uma peça de ficção, só falta o Kamel processar os irmãos Grimm por se identificar com personagens deles! Fui condenado em primeira instância, mas recorremos e vamos levar ao STF, se for o caso. Atribuo os processos a uma tentativa de judicializar a política, já que eu e outros processados estivemos na linha de frente das denúncias de manipulação do noticiário da Globo – e temos credibilidade para fazê-lo porque todos vimos o processo por dentro, na campanha eleitoral de 2006. Os processos são uma forma de atacar nossa credibilidade, tentar nos calar e de intimidar outros blogueiros para que não reproduzam nossas denúncias sobre a emissora. Porém, é importante lembrar que o que testemunhamos também foi testemunhado por muitos outros colegas da Globo, alguns dos quais muito em breve talvez falem a respeito.
Partindo da sua experiência em relação às ações judiciais sofridas por seu blog, como você vê a atividade da mídia alternativa na internet?
Presumo que as ações, dezenas delas, movidas em todo o Brasil contra blogueiros, demonstram que as redes sociais têm capacidade e ameaçam os monopólios da comunicação, sejam locais, regionais ou nacionais. Refletem a incapacidade da elite brasileira de aceitar o contraditório, e a insatisfação dos leitores, ouvintes e telespectadores, cansados do discurso repetitivo da grande mídia, que criminaliza os movimentos sociais, detona a Política e prega a destruição do Estado. Existe um fosso entre o discurso milenarista da mídia em relação a governos trabalhistas – “fim do mundo”, “comunismo”, “mar de lama”, “república sindicalista” – e a melhoria real na vida das pessoas. É neste descompasso que crescem os blogs que oferecem informação alternativa. Na campanha de 2010 fomos taxados de “blogs sujos” por um dos candidatos. A mídia embarcou nessa. E passou a nos atacar como “patrocinados pelo governo”, “blogs chapa branca” ou “blogs petistas”. No entanto, quando se abriram as contas do patrocínio oficial descobriu-se que... a Globo, só a emissora de TV, sem contar as emissoras a cabo da Globo, abocanha 43% das verbas oficiais; os portais ficam com a maior parte do patrocínio na internet. Blogs como o meu não aceitam patrocínio de empresas públicas, estatais ou governos em qualquer esfera. Já pensaram se a Globo, a Veja, a Folha
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FAZENDO
MEDIA
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Regulamentar não é censurar (...) É dotar a sociedade de meios para evitar a concentração do poder midiático na mão de poucos
e o Estado fizessem o mesmo? Quanto o contribuinte brasileiro não economizaria? É importante lembrar que o senador Roberto Requião, quando governador do Paraná, cortou todas as verbas publicitárias. Economizou um bocado de dinheiro e o mundo não acabou. Advogo que outros governos façam o mesmo.
Em sua carta de despedida do blog cita as dificuldades financeiras. Quais seriam as soluções nesse sentido para criação de mídias independentes? O blog continua funcionando, depois que a reação dos internautas me fez voltar atrás. Decidimos implantar o crowdfunding, um esquema pelo qual os leitores financiam a produção de conteúdo próprio. Desde o primeiro encontro nacional de blogueiros eu defendo que a gente desenvolva produção própria de conteúdo, que nos livre da reprodução de notícias dos grandes meios, ao mesmo tempo nos livrando da pauta formulada nas grandes redações. Mas, para isso, precisamos de dinheiro. Jornalismo custa caro. Nossa solução foi recorrer aos leitores. As doações não cobrem todos os custos, mas pelo menos permitem que a gente mantenha o blog funcionando, arcando com os custos de advogados e outros enquanto buscamos as soluções de financiamento de longo prazo. Acreditamos que há espaço para outras iniciativas, como fundações público-privadas que financiem o jornalismo investigativo ou cooperativas de jornalistas. Acho que a gente vai encontrar soluções fazendo.
Você e um grupo de jornalistas mais críticos têm participado de diversos movimentos, como o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Quais são as reivindicações do movimento, inclusive no campo das políticas públicas para o setor? São muito amplas e cada jornalista ou blogueiro tem seu próprio elenco de prioridades. Eu diria que me empenho especialmente pelo Direito de Resposta e pela Lei de Iniciativa Popular, que busca recolher 1,5 milhão de assinaturas para um projeto de regulamentação dos meios eletrônicos.
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Por quê? O Direito de Resposta, extinto quando se derrubou a Lei de Imprensa, é uma forma de inibir os assassinatos de caráter que a mídia usa contra dissidentes. A inexistência do Direito de Resposta é essencial para a mídia manter intacto seu poder de coação e de extorsão em relação a anunciantes, governos, partidos, políticos e autoridades em geral. Quem sai da linha é submetido ao assassinato de caráter. De outra parte, até a ONG conservadora Repórteres Sem Fronteira já diz que o Brasil é o país dos 30 Berlusconis, onde uma única emissora de TV – sem contar suas emissoras na TV fechada – abocanha 43% de todas as verbas do governo federal. Uma enormidade! Por que regular? Porque os meios eletrônicos são concessões públicas, pertencem ao povo brasileiro, não aos concessionários. Se regulamos a energia elétrica, o gás e o serviço de telefonia, por que não regular a comunicação? É preciso ter regras sobre a renovação de concessões, por exemplo, sobre a propriedade de emissoras de rádio e TV por membros do Congresso e sobre punições para quem desrespeitar as regras. No Reino Unido, uma democracia, o Ofcom desempenha este papel desde o início dos anos 2000, inclusive debatendo os conteúdos disseminados por emissoras de rádio e TV. Censura? Os britânicos acreditam que não e não é, já que
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os casos de manipulação ou de infração dos códigos de conduta só são considerados depois que o conteúdo foi ao ar. Exemplo? Se uma emissora viola a lei para fazer uma reportagem, ela fica sujeita a receber sanções. Não deveria ser assim? A mídia deveria ficar acima da lei? Os britânicos acham que não. Mais que isso, agora, depois do escândalo causado pelo jornalismo de Rupert Murdoch, o barão da mídia cujos subordinados violaram o sigilo telefônico de fontes, os britânicos debatem a criação de um órgão independente que tenha poder de sancionar conteúdo impresso! Não estamos falando disso, ainda, no Brasil, mas na regulamentação de emissoras de rádio e TV, que são concessões públicas, nos pertencem e devem satisfação, sim, à sociedade.
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Nos fale sobre sua passagem pela Globo e a pressão exercida por ela depois no seu trabalho jornalístico? Tudo o que posso dizer é que, na Record, embora do pontode-vista de hierarquia eu esteja no mesmo patamar da Globo, ou seja, de um simples repórter, posso opinar muito mais sobre minhas reportagens e definir o ângulo delas, a pauta e o próprio texto com uma liberdade que nunca tive na Globo. Na Record, por exemplo, escrevo o texto e, a não ser pelas críticas normais de uma redação, feitas por colegas – o produtor ou editor que trabalham comigo naquela tarefa –, não preciso submetê-lo à censura prévia. Na Globo, até mesmo aquelas entradas ao vivo, nas quais você imagina que o repórter está improvisando, são précombinadas nos mínimos detalhes com a hierarquia da emissora. Na cobertura política, então...
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Dandara
resiste!
Referência nacional na luta por moradia, comunidade terá sua história registrada em documentário.
Por Ana Malaco
Esse ano a comunidade Dandara comemora seus 4 anos de (r)existência. Em homenagem a essa luta a ocupação recebeu, durante uma intensa semana de filmagens, o diretor argentino Carlos Pronzato. A convite das Brigadas Populares, organização política que trabalha na auto-organização da Dandara, Pronzato e sua equipe mergulharam nas ruas e nas casas da comunidade em busca de depoimentos e memórias que tecessem a história do local. A ocupação foi batizada com o nome da guerreira Dandara, símbolo da resistência negra e feminina no país. Com cerca de 6 mil moradores a comunidade está localizada na
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região da Pampulha, área de amplo interesse do mercado imobiliário, conhecida pelo conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer e por abrigar o Mineirão, estádio que será sede de jogos da Copa de 2014. Para Wagna Vieira Lima, moradora que vivencia e constrói a história de luta da comunidade desde o princípio (em abril de 2009), o documentário será muito importante para o reconhecimento da luta dos moradores. Através da divulgação desse trabalho “a comunidade e o cotidiano do povo que quer simplesmente o direito de morar e se organizar por outro projeto de sociedade ganhará visibilidade”, afirma.
Confira a reportagem e o ensaio fotográfico na edição completa digital ou impressa
36 anos
Educação Estadual
na luta!
Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro
Educação estadual vai realizar paralisação no dia da votação de reajuste na Alerj A rede estadual do Rio vai paralisar as atividades no dia da votação na Assembleia Legislativa do projeto de lei do governador Sergio Cabral, que propõe um reajuste salarial de 7% para a educação. O projeto será votado em maio. O Sepe orienta a categoria para que fique atenta à convocação do sindicato sobre a futura data da votação. Os professores e funcionários administrativos continuam em estado de greve.
estadual se reuniram na Hebraica, em Profissionais de educação da rede | Foto: Samuel Tosta/Sepe maio Laranjeiras, no dia 8 de
O Sepe apresentará emendas ao PL do governador, com o objetivo de adequar o projeto às principais reivindicações da educação. A categoria não aceita o reajuste de 7% proposto por Cabral. Este índice não recompõe as perdas salariais dos últimos anos e está muito abaixo do que os profissionais de educação reivindicam: piso salarial de cinco salários mínimos para o professor e 3,5 salários mínimos para funcionários. Apenas nos mandatos de Cabral, as perdas da educação ficaram acima de 20% (IPCA). Outro problema é que o piso salarial do professor é muito baixo: R$ 1.001,82 (cargo: professor docente 1 de 16 horas). Com este salário inicial, um reajuste de 7% será irrisório. A pesquisa feita pelo Sepe no Diário Oficial do estado confirma que, de janeiro a abril, 308 professores pediram exoneração – média de duas exonerações por dia. Os baixos salários e as más condições de trabalho são os causadores dessa verdadeira sangria.
>>Escolas municipais do Rio de Janeiro paralisam atividades dia 22 de maio Os profissionais das escolas municipais do Rio de Janeiro vão paralisar as atividades no dia 22 de maio. A categoria realiza no mesmo dia um ato na prefeitura, às 11h, e assembleia, às 14h, no Clube Municipal (Rua Haddock Lobo, nº 359, na Tijuca). No dia 18 de abril, a categoria realizou uma paralisação de 24 horas, com um ato em frente à prefeitura e assembleia no Instituto de Educação (foto de Rafael Gonzaga). Veja as principais reivindicações da rede municipal: 1) Reajuste salarial: 5 salários mínimos para professor e 3,5 salários para funcionários; 2) Plano de Carreira Unificado, com valorização pelo tempo de serviço e formação; 3) Fim dos projetos e da meritocracia. Em defesa da autonomia pedagógica.
Plebiscito da rede municipal foi prorrogado!! O Plebiscito para avaliação da política educacional do governo municipal foi prorrogado até 22 de maio. A enquete, iniciada em abril, foi prorrogada devido a uma série de tentativas da SME de impedir a realização da consulta nas escolas, iniciada em abril. O Sepe mantém em seu site (www.seperj.org.br) o link eletrônico para que a categoria possa participar da votação pela internet e dizer o que acha da política educacional do prefeito Eduardo Paes e da secretária de Educação Cláudia Costin.
www.seperj.org.br
10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO PÚBLICA JÁ! Andes-SN
Central Sindical e Popular - Conlutas