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S K AT E B O A R D I N G C O L L E C T I O N
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L E V I . C O M / S K AT E B O A R D I N G
A COMPREENSテグ DA DESORDEM
Fotos: Fernando Martins Ferreira
O que separa o homem da natureza além de uma ideia? Ideia de segurança que fabricou uma batalha unilateral. Uma ideia de domínio. Há violências em todo lugar, tanto aqui quanto lá. A violência do devir e a de quem se defende do inevitável. Como seria reorganizar esses fragmentos da noção de progresso humano, de modo a eliminar a separação forçada entre homem e natureza? Reintegrar suas construções ao todo, partindo da percepção de que isso já ocorre, queiramos ou não. Não há qualquer separação. O que há é a negação de nossa natureza. A negação de que nós somos parte desse todo. Não se trata de negar o impulso criador inerente ao homem. Somos criadores e transformadores dentro desse todo. Somos Castores, Forneiros, Abelhas, Formigas, Cupins. A barreira imaginaria é extremamente destrutiva e deve ser transposta. A reconciliação é necessária. Sob um prisma cartesiano, reorganiza-se a medida. E, da compreensão desse Maya, busca-se a religação.
Gabriel Bueno - slide
Gabriel Bueno
Jo達ozinho Tonini Barbieri e Jeff Debs
Para viver uma melhor relação nos grandes centros urbanos, o pensamento de aldeias urbanas começa a ser substituído pela vontade de integrar. A cidade é das pessoas e para as pessoas, um pensamento que desperta a vontade de cuidar e querer se apropriar, tomar pra si questões que antes muitos esperavam ser de responsabilidade do poder público. Acreditam, agora, no poder do coletivo e das comunidades e têm voz para discutir a cidade, um comportamento novo para a maioria, mas comum para quem vive o skate.
Por trás do Tatu Skate Park, está a Rio Ramp Design, escritório carioca referência na construção de pistas de skate na cidade e agora também no Brasil - e, provavelmente muito em breve, no mundo. Bruno Pires, 26 anos e Sylvio Azevedo, 37, se conheceram no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste da cidade. Bruno foi o primeiro cliente da skateshop de Sylvio, a Versão-02. Para os dois, a arquitetura foi consequência natural da admiração e percepção da cidade a partir do skateboard.
Enquanto a cidade se arruma, essa nova identidade urbana é pensada a partir dessa cena, “Entender a arquitetura e olhar de uma forma que precisa da cidade como o surfe do mar, mas diferente para a rua é mérito do skate”, diz também redesenha o mapa carioca. Sylvio. “O skatista conhece as construções antes, pensa de maneira funcional e renova o olhar Estaria, então, a cartografia do skate carioca, para o entorno. E é por isso que cada projeto sendo refeita? é diferente, tem uma linguagem e precisa se encaixar no contexto, não seguir fórmulas para Nessa onda de obras, o Parque de Madureira ser- desenhar uma praça que não tenha utilidade ve como um marco para a nova fase da cidade. naquele espaço, não leve em consideração as O espaço, inaugurado há pouco mais de um ano pessoas que moram ali, o lugar.” “É o princípiona Zona Norte carioca, fez com que as atenções -base do urbanismo, que muitas vezes acaba se voltassem para uma área pouco apreciada, esquecido”, complementa Bruno. embora com forte histórico cultural, ligação proveniente do samba. Madureira agora, além Antes do Parque de Madureira, o bowl do Arpodo endereço da quadra da Portela e do famoso ador e a Pista do Pontal do Recreio passaram Mercadão, é também o bairro do skate, graças ao pelas mãos - e também serviram de cenário Tatu Skate Park, 3.850 metros quadrados divipara as manobras - da dupla. didos em bowl, banks, plaza e pista de downhill. O parque, uma tentativa de valorizar a cultura Em paralelo à isso tudo, movimentos como Duó, carioca além da orla e das praias da Zona Sul, I Love XV, Rio Sul, HZC 33, entre outros, se tem seu reconhecimento em grande parte pelo organizam para que o skateboard transforme a seu skate park, consagrado como um dos melho- cidade e dão cara à forte cena DIY carioca, com res do mundo, já tendo recebido nomes como a forma livre de exploração das ruas. Foi assim Tony Hawk, Daewon Song e virado quintal para com a quadrinha de vôlei da Lagoa, onde o skate brasileiros como o carioca Nilo Peçanha. tomou o espaço, já que essa era sua vocação. Do ponto de vista da sociologia urbana, é o bairro como um todo quem ganha: A apropriação da quadra e os obstáculos de madeira logo deram lugar ao primeiro caixote “As obras são positivas a partir do momento em de cimento, um corrimão e aí já estava feito: que reforçam as identidades presentes e não as Com a iniciativa dos locais em transformar o substitui. Existe um reconhecimento das mesespaço numa plaza, Bruno e Sylvio foram os mas e a pista de skate como elemento da vida responsáveis pelo projeto, logo depois abraçado das pessoas. Reconhecer isso como próprio é um pela Nike e Prefeitura e inaugurado em 2011. passo muito importante para a proteção e conservação dessas obras”, teoriza “É a ideia do uso e contra uso do espaço, tem um Adolfo B.Ibañez, arquiteto restaurador espaestado de presença em cada lugar que o skate nhol, já acostumado à acompanhar o processo conquista na cidade, já que o skate nasce da de gentrificação e alteração de cidades prestes expressividade de um grupo, não cria depena receber grandes eventos, observando que em dência do estado e atravessa classes”, explica Madureira, a cultura do skate foi amplificada e Hilaine Yaccoub, antropóloga, que participou inserida naturalmente no contexto. do projeto de integração e reurbanização das
favelas do Rio, o “Morar Carioca”. “Quando eu chegava nas favelas da Barreira do Vasco e do Caju para realizar as pesquisas do projeto, os meninos corriam pra pedir pista de skate. É uma forma de se locomover nas vielas estreitas, se relacionar com a música, com o estilo e traz uma certa liberdade, um balanço próprio”, diz, enumerando os pontos que fazem a maioria trocar a bola pelo carrinho. “Sem contar que só depende de você, é individual e coletivo, mas não tem a pressão de fazer o gol, um fator relevante para quem ainda busca a inserção social.” Entre outros pontos desse mapa que é redesenhado buscando integrar de todas as formas, acrescentamos o Engenhão, o Cosmic Bowl, em Cosmos, o Parque Radical da Lagoa e a reforma da Praça Duó, o quintal da dupla da RRD. O anfiteatro da Duó nunca tinha visto um espetáculo antes dos skatistas se apropriarem do espaço e colocarem a mão na massa. Dig Barbosa, Jhou Silva e Rodrigo Braga, o Pombo, eram figurinhas fáceis das ruas da Barra da Tijuca, até que decidiram se aventurar no Bowl da Duó, que logo de início já se mostrava limitado demais para suas manobras. Se as construções de madeira feitas pela turma no anfiteatro eram levadas pela prefeitura, não demorou para que os meninos resolvessem colocar a mão na massa e criar obstáculos fixos. O trabalho era de madrugada, e contou com a ajuda de Pires, Azevedo e do bowlrider Nilo Peçanha. “Fomos fazer uma pirâmide e quando ligamos para o Sylvio, descobrimos que estava tudo errado...Aí, ele e o Bruno começaram a chegar junto, com muito cimento, areia e churrasco. Fizemos de tudo, até não ter mais o que fazer. Foi assim, inclusive, que surgiu a “teta” do meio da praça”, recorda Dig. Pombo, hoje um dos organizadores do coletivo Duó, lembra que o lugar era abandonado pelos moradores e pelo poder público. “Há mais ou menos 12 anos andei pela primeira vez na Praça do Ó e foi diferente do que eu estava acostumado, já que o espaço da minha rua era bem limitado e o asfalto, terrível. Passei a voltar sempre e, nessa época, o anfiteatro era compartilhado com capoeiristas, boleiros, pivetes, usuários de droga, travestis, crianças e só quem morava perto mesmo é que vinha pra andar de skate. Em pouco tempo, criamos um grupo, nos tornamos muito amigos e as coisas começaram a mudar”, relembra. “Em pouco tempo a praça
Arte: Gabriel Vianna
LĂŠo Rodrigues - smith
New York City pigeon man 2011.tif
Bethlehem Clark 2012.tif
London Klaus 2010.tif
Arte Muda
Fotos: Nestor Judkins
San Francisco camera obscura 2011.tif
Madrid abuelo 2012.tif
London eel 2010.tif
Allahabad 2013.tif
London MarkG2011.tif
New York City bathroom 2012.tif
Stockholm Ben 2011.tif