Vista 31 by Vista

AGO/SET2010 vista.art.br

CAPA #030 CAPA #031 S Akira Shiroma S Gustavo 'Black Alien' M NoseGrind MF Alex Brandão

T Flavio Samelo

14 36 46 58 68 74 76 78 80

EDITOR CHEFE: Alexandre Marten xande@vista.art.br PRODUÇÃO, DIREÇÃO & EDIÇÃO DE CONTEÚDO: Tobias Sklar tobias@vista.art.br PROJETO GRÁFICO, ARTE & DIAGRAMAÇÃO: Frederico Antunes frederico@chibachiba.com EDITOR FOTOGRAFIA: Flavio Samelo flaviosamelo@gmail.com COLABORADORES TEXTO: Flavio Samelo, Gilberto Custódio Jr, Lucas Pexão & Ricardo Tibiu COLABORADORES FOTOGRAFIA: Alex Brandão, Caetano Oliveira, Fabiano Lokinho, Flavio Samelo, Gaston Francisco & Robson Sakamoto AGRADECIMENTOS: Sesper, Trampo, Billy Argel, Walter Nomura Tinho, Fabio Bitão, Carlos Dias, MZK, Mateus Grimm, Bruno 9li, Barnero, Silvana Melo, Klaus Bohms, Daniel Marques, Akira Shiroma, Fabio Schumacher, Alexandre Cotinz & Gabriel Sândalo Comercial : Alexandre Marten RS: 0 (xx) 51 8413.6898 SP: 0 (xx) 11 6152.2013 Administrativo: Gustavo Tesch gustavo@vista.art.br Periodicidade: bimestral Distribuição: distribuição@vista.art.br Distribuição gratuita realizada em boardshops, galerias de arte, blitz & cadastro. Impressão: Gráfica Pallotti Para anunciar: anuncie@vista.art.br ou 0 (xx) 51 3012.7078 Fale conosco: leitores e lojistas, comuniquem-se com a Vista através do e-mail contato@vista.art.br ou através do telefone 0 (xx) 51 3012.7078 Confira os canais da Vista no site: www.vista.art.br

Você está pra começar a folhear uma das edições mais locas da Vista, pelo menos pra mim é. Começamos com um projeto que está em andamento há quase 2 anos, envolvendo artistas, skatistas, produtores, fotógrafos, vídeomakers, músicos, arquitetos e sabe-se lá mais quem. O projeto Destroy and Create, apresentado pela Adidas Skateboarding, numa parceria com a Vista, mostra a relação da preocupação que o skatista tem com a arte a qual está impressa em seu shape, ao mesmo tempo, também não, após ele montar seu skate para a sessão. Além disso toda a relação entre fotógrafos, vídeomakers, e skatistas foi traduzida em artes visuais nunca antes mostradas com tanta sinceridade, liberdade e originalidade. Falando em liberdade e sinceridade, trazemos também a história por trás da volta e Charles Chaves ao Brasil depois de 14 anos fora. O próprio nos contou o que fez por lá, como foi esse tempo todo, o porque da volta e seus planos para o futuro. Contrariando todas as opiniões, Chaves, uma das lendas do skate brasileiro, decidiu voltar ao Brasil por um motivo muito simples, andar de skate com seus amigos de verdade. Falando em amigos, fizemos uma entrevista com Anthony Claravall, o videomaker responsável por um dos vídeos mais legais dos últimos tempos, o Give me my money Chico, que conta com três brasileiros de peso na equipe principal. Um time onde a amizade e a alegria entre os membros é evidente. Falando em evidente, fomos atrás do homem por trás do projeto Harvest, o japonês Haroshi. Em entrevista ele conta sua vida no skate e como chegou a ideia de usar shapes usados para criar esculturas que tem tido uma grande repercussão na mídia mundo afora. Aproveite e fale sobre esses assuntos você também.

F Fabiano Lokinho

O ATO DE ANDAR DE SKATE, INVARIAVELMENTE, ENVOLVE DESTRUIÇÃO. TANTO QUE “SKATE AND DESTROY!” É UM DOS SEUS LEMAS. POR MAIS QUE OS SKATISTAS EVITEM FALAR SOBRE ISSO, ANDAR DE SKATE EM UM TERRENO GRADUALMENTE CAUSA SUA DESTRUIÇÃO (MAS NÃO MAIS QUE A DESTRUIÇÃO CAUSADA POR CARROS!). OS MOVIMENTOS AGRESSIVOS DOS MELHORES SKATISTAS PODEM ENTORTAR O METAL E QUEBRAR O CONCRETO. O ATO DE ANDAR DE SKATE AINDA SUBMETE SEU PRATICANTE A UMA CERTA AUTODESTRUIÇÃO ACIDENTAL, PROVOCADA PELOS TOMBOS DE MANOBRAS FRACASSADAS. AINDA EXISTE A DESTRUIÇÃO DO SKATE COMO OBJETO, PROVOCADA PELO ATRITO DAS MANOBRAS COM AS SUPERFÍCIES PERCORRIDAS. A PARTE MAIS VISÍVEL DESSA DESTRUIÇÃO ESTÁ NO SHAPE, A PRANCHA DE SKATE QUE CARREGA EM SUA SUPERFÍCIE COMPOSIÇÕES GRÁFICAS E/OU ILUSTRAÇÕES DE ARTISTAS GERALMENTE RELACIONADOS AO UNIVERSO DO SKATE. USADO, O SHAPE GANHA MARCAS MUITO PARTICULARES, RISCOS QUE REGISTRAM A EXPRESSÃO CORPORAL DO SKATISTA SOBRE A ARQUITETURA.

Também vindo dos anos 80, sobrevive o lema “Skate and Create”, aludindo ao skatista como ser criativo, flaneur contemporâneo que aprecia arquitetura com o corpo, vaga pela cidade em busca de experiências e, inspirado por essa maneira distinta de usar a arquitetura, se expressa das mais variadas formas. Além do skate como expressão corporal, a arte visual, música, fotografia, vídeo/cinema, design gráfico e literatura são campos amplamente desbravados por skatistas. Depois de anos utilizando redes alternativas e veículos independentes, a arte dos skatistas se fundiu ao mainstream. Esse ponto de vista de criadores oriundos do skate, essa raiz, atualmente é explorado em exposições e livros de arte, fotografia, design e literatura, coletâneas de música, filmes e documentários. Sim, o skate gera destruição, mas trata-se de uma consequência do ato criativo.

T Lucas Pexão (curador)

19 S Klaus Bohms M Bs tailslide F Alex Brandão

www.vista.art.br www.twitter.com/destroy_create http://destroyandcreate2010.tumblr.com

O skatista novato costuma comprar o primeiro shape influenciado pelas ilustrações em sua superfície e, ao longo dos anos, estabelece uma relação íntima com esses desenhos e designs, mesmo que provocando a destruição dos mesmos. O ruído visual provocado pelo desgaste dos shapes acaba constituindo uma nova ilustração que se transforma ao longo do uso e registra o ato performático do skatista em sulcos na madeira. Muitos skatistas guardam seus skates destruídos, às vezes quebrados ao meio, apreciando suas ranhuras e o que sobra das ilustrações originais. Existem inúmeras fontes e infinitas leituras, mas certamente o skate como objeto e como cultura é determinante para a popularização do design gráfico desconstruído, sujo e “destruído” que marcou os anos 90. Tanto é que David Carson, o designer mais emblemático desse período, uma década antes, teve como laboratório a revista Transworld Skateboarding, onde trabalhou como diretor de arte e teve a liberdade para experimentar.

Atualmente o shape de skate, além de ser consumido para o ato de andar de skate, é colecionado como suporte para arte e design gráfico, exposto como um quadro, na parede, nas casas de seus colecionadores, em galerias e museus. Além dos gráficos produzidos industrialmente, o shape se consolidou como um suporte para desenhos, pinturas e colagens originais de artistas. Exposições de shapes pintados já se tornaram um clichê a nível global, mas até agora nenhum projeto deu continuidade ao ciclo natural de uma arte de shape: o processo destrutivo da prática do skate. A idéia de completar esse ciclo, com shapes carregando arte original, está na minha cabeça há pelo menos cinco anos, mas agora ela se alinhou com o momento atual do skate brasileiro e se concretizou de fato. Em Destroy and Create shapes de skate foram usados como suporte para a produção de obras de arte por artistas com raízes ou conexões com esse universo. Em um segundo momento, os shapes foram montados como skates (ganhando eixos, rodas e rolamentos) e usados por um grupo de skatistas, que andaram de skate e fizeram manobras na cidade. Os shapes/obras foram semi destruídos ou, dependendo do ponto de vista, recriados durante o processo, em uma colaboração entre cada artistaskatista e skatista-artista.

A função

S Akira Shiroma

F Fabiano Lokinho

M Wallride F Fabiano Lokinho

Os artistas convidados para criar obras de arte usando shapes tem uma relação especial com o skate e sua cultura. Não por acaso, todos entenderam o projeto rapidamente e se dedicaram a criar um trabalho inédito para ser destruído por manobras. Silvana Mello, a gaúcha que se mudou para São Paulo para andar de skate e hoje é uma das principais artistas urbanas brasileiras, manteve sua sensibilidade particular na pintura e nas miniaturas e componentes eletrônicos que colou no shape. Fabio Amad “Bitão” escavou e cortou seu shape para criar formas e compor com padrões feitos com stencil, ainda assim mantendo a estrutura da prancha que incrivelmente não quebrou durante as manobras. O músico e artista Carlos Dias pintou a madeira na frente e no verso, mostrando duas faces de seu estilo, e portanto foi a única que recebeu uma lixa transparente. Luis Flavio “Trampo” e Alexandre Cruz “Sesper”, lendas da arte relacionada ao skate em Porto Alegre e São Paulo, respectivamente, previram o desgaste e trabalharam em diferentes camadas, que foram se revelando ao longo da session. Marcelo Barneiro transpôs o trabalho que desenvolve em telas para o shape com tintas que resistiram bem ao atrito, resultando em uma interferência sutil que deu movimento aos pássaros pintados. Já Mateus Grimm optou por preencher o shape com um desenho frágil mas intrincado, onde quase a totalidade da arte ficou esfarelada pela cidade, mas as partes que restaram se destacam pela riqueza nos detalhes. Bruno 9li não só levou em conta a destruição como incentivou ela, mandando seu shapenave com foguetes acoplados que deixaram um rastro de fogo na madeira. Walter Nomura “Tinho” e MZK criaram gráficos muito diferentes, mas tão bem aplicados e resolvidos que poderiam ser sucessos nas prateleiras de skateshops. O mesmo vale para o deck original de Billy Argel, um artista que de fato criou parte significativa da melhor arte do skate nacional encontrada nas skateshops dos anos 80.

As sessions com os shapes transformados em obras de arte aconteceram em uma noite e três dias de junho, na Av. Paulista. Sobre os skates, os 3 skatistas da equipe adidas Skateboarding Brasil e mais um skatista convidado: Klaus Bohms, skatista profissional e um dos principais nomes do skate progressivo e criativo do Brasil e rapidamente conquistando reconhecimento internacional. Akira Shiroma, skatista amador com talento radioativo de Cubatão que anda em qualquer terreno, contorcendo manobras fora do padrão e pegando pesado nas escadas e gaps. Daniel Marques, skatista amador, com toda sua classe, fazendo as manobras mais difíceis parecerem fáceis. E ainda o convidado Fabio Schumacher, com toda base de quem passou as últimas décadas sobre o skate e definitivamente sabe se divertir, habilidade que seu pequeno filho Bento, que andou junto em uma das sessions, parece ter herdado do pai. Vale considerar que os skatistas também ficaram livres da pressão de se matar em manobras impossíveis e estressantes, então o rolê conseguiu manter um clima leve, de amigos se divertindo na cidade. Claro, saíram várias manobras inacreditáveis, porque, pra esses caras, isso é normal.

C Lucas Pexão

F Fabiano Lokinho

Retrato Lokinho por Alex Brandão

Na cola dos skatistas, além da equipe de produção, incluindo iluminadores e até um segurança, estavam alguns dos fotógrafos e videomakers mais visionários do skate brasileiro. Nesse projeto, todos entraves da fotografia e vídeo comerciais de skate foram para o espaço. Eles não precisaram focar em mostrar o skate de maneira clara e sempre valorizando a manobra, como geralmente fazem nas revistas e propagandas de skate. Alexandre Cotinz, por exemplo, prendeu uma fisheye com silver tape em uma filmadora surrada e buscou uma estética dos vídeos de skate dos anos 90, seguindo skatistas de perto, até de noite, com uma luz auxiliar presa na câmera. Gabriel Sândalo foi na direção oposta, filmando cuidadosamente em full HD com a notória Cannon 7D, dando atenção especial para tudo que aconteceu entre uma manobra e outra. Nas fotos, Alex Brandão conseguiu capturar os desenhos dos shapes sendo destruídos, botando a câmera literalmente dentro das manobras, sofrendo as consequências (sua fisheye perdeu um pedaço), mas também colhendo os frutos desse risco com imagens insanas. Fabiano Lokinho usou muito filme em suas fotos, principalmente preto e branco, e capturou momentos especialmente estranhos e/ou bonitos. Flavio Samelo, pioneiro no Brasil quando o assunto é fotografia de skate no limite da arte, clicou as sessions com atenção especial para os detalhes, tanto da cidade quanto da personalidade dos skatistas. E isso são apenas alguns exemplos, pois cada fotógrafo e videomaker tiveram a oportunidade de explorar várias técnicas e temáticas.

Gabriel S창ndalo

Alexandre Cotinz

Klaus Bohms

Alex Brand찾o

Fabiano Lokinho

Flavio Samelo

24 S Fabio Schumacher M Wall ollie F Alex Brand達o

S Akira Shiroma S Pex達o

F Fabiano Lokinho

S Fabio Shumacher

F Fabiano Lokinho

S Daniel Marques

F Fabiano Lokinho

S Akira Shiroma M Bs tailslide F Alex Brand達o

S Daniel Marques

S Fabio Schumacher

M Fs ollie

M Wall Ollie

F Fabiano Lokinho

30 S Klaus Bohms M Rock'n'Roll to fakie F Alex Brand達o

Alex Brandão, Gabriel Sândalo, Fabio Schumacher e Fabio Bitão

F Fabiano Lokinho

Daniel Marques wallride com shape feito por Carlos Dias

F Flavio Samelo

Alexandre Cotinz

F Alex Brandão

Durante o primeiro dia, na verdade uma noite que seguiu madrugada adentro, Billy Argel apareceu na sua moto hell-angelstyle pra conferir a session. Outro artista (e fotógrafo) que criou uma arte original de um shape e apareceu, na real andou junto com a galera quase todo tempo, foi Fabio Amad “Bitão”. Ele prendeu uma micro filmadora na ponta do seu skate e filmou tudo “rolling” ou segurando o skate-câmera como um rifle, deixando toda session ainda mais incomum. E todos estavam à vontade, se expressando com seus skates e câmeras, acompanhando empolgados a transformação das artes pintadas nos shapes enquanto redescobriam a arquitetura da famosa avenida. Um ato coletivo de criação, sem competição. O contraste desse skate artístico, em relação a idéia de skate como esporte, ficou ainda maior por uma das sessions ter acontecido durante um dos jogos do Brasil na Copa. Com a população espremida em bares ou apartamentos, com suas bandeiras e vuvuzelas em frente a televisão, a Paulista ficou deserta. Alheios a histeria coletiva, esse grupo de skatistas aproveitou para andar em locais normalmente inacessíveis, incluindo o incrível teto de concreto, em formato de bowl, de um certo hospital. Enquanto todos torciam para derrotar um time adversário, os skatistas compartilhavam idéias e visões da arquitetura, comemorando juntos cada manobra. As fotos aqui impressas são resultado direto desse experimento artístico, com a arte desses artistas com raízes no skate, a performance desses skatistas que percebem a cidade como uma tela em branco e a fotografia que vai muito além do simples registro. E isso é apenas uma amostra da experiência completa, que está em uma exposição de arte na Matilha Cultural, em São Paulo, onde, além das imagens, incluindo os vídeos, estão os shapes/obras de arte destruídos. A exposição ainda conta com uma escultura skatável do coletivo Noh que vai levar todo projeto para rua mais uma vez. Desdobramentos que você pode acompanhar pela internet e, mais que isso, explorar você mesmo. É só uma questão de cada skatista dar valor ao que já faz normalmente, quando usa a destruição para criar.

1 TRAMPO 2 TINHO 3 MZK

4 MATEUS GRIMM 5 BRUNO 9LI 6 BARNERO

7 SESPER 8 SILVANA MELO 9 BITﾃグ

10 CARLINHOS DIAS - A 11 CARLINHOS DIAS - B 12 BILLY ARGEL

Charles

37 F Flavio Samelo

Chaves

C ar

A HISTÓRIA QUE VAMOS CONTAR AQUI NÃO TEM NADA DE MAIS, MUITO PELO CONTRARIO, É UMA HISTÓRIA SIMPLES, COMUM, DE UM SKATISTA BRASILEIRO DE VERDADE, QUE CONTRA TODAS AS CERTEZAS DO MUNDO DO SKATE, DECIDIU OUVIR SEU CORAÇÃO E A SUA PRÓPRIA VONTADE. VONTADE DE VIVER COM SEUS AMIGOS EM SEU PAÍS E REAVALIAR O QUE REALMENTE É IMPORTANTE EM SUA VIDA. DEPOIS DE 14 ANOS FORA DO BRASIL, CHARLES CHAVES, UM DOS PRINCIPAIS NOMES DO SKATE BRASILEIRO NOS ANOS 90, VOLTA À SUA PÁTRIA POR UM MOTIVO NOBRE E SIMPLES: ANDAR MAIS DE SKATE E VIVER FELIZ. SUA SIMPLICIDADE E CORAGEM DE TOMAR UMA DECISÃO DESSA, CONTRA TODAS AS OPINIÕES, O TORNA UMA PESSOA ÚNICA E UM HERÓI PARA O SKATE BRASILEIRO. SEJA BEM VINDO CHAVES!

T Flavio Samelo

Quando você chegou na Califórnia? Eu cheguei na Califórnia dia 1º de maio de 1996. Você tinha um plano de ir pra América? Eu fui pra andar de skate, era só isso que eu pensava. Só que quando eu cheguei lá vi que eu tinha que aprender a língua, daí eu fui pra a escola aprender inglês. Mas tudo que eu fiz por lá era, no fundo, pra andar de skate.

Como foi esse começo? No começo foi legal demais, pois o Fabio Cristiano e o Fabio Luis estavam por lá ainda. Então eu cheguei e já tinha alguém por lá pra me dar uma ajudar, me dar uma base de como era tudo aquilo, pra andar de skate comigo também. Mas depois disso eles voltaram pro Brasil e eu continuei andando com as pessoas que estavam perto de mim, que eu conhecia, mas não eram amigos meus como eles, eram pessoas diferentes, que eu não conhecia muito bem, mas eu fui me adaptando. Skate tem essa linguagem, as vezes você sai pra andar com alguém que você nem conhece e se dá super bem, isso tem muito no skate e aconteceu comigo lá também.

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Como foi viver esse pico do mercado do skate mundial lá na Califórnia? E como isso afetou sua vida? Eu fui pra lá com 21 anos, um adolescente se tornando adulto. Nessa época tudo é maravilhoso, você não tem muita preocupação e por estar num lugar novo, onde a cena do skate é muito grande, você não quer saber de nada, de família, de nada, nem alimentação, eu queria era andar nos picos que eu tinha visto nos vídeos e revistas. Eu via tudo acontecendo, mas eu queria adquirir mais informação de skate no meu skate. Eu cresci vendo os americanos então eu queria ir saber disso, ver isso com meus próprios olhos. Só que o tempo foi passando e eu vi que tinha muito mais coisa para ser feita e pra ser aprendida. Os primeiros 4 anos lá eu tinha uns patrocínios como a Grind King, PTS, pegava shapes na Girl, mas depois de um certo tempo, quando estava com 24 ou 25 anos, eu vi que era uma parada bem competitiva e eu meio que tentei começar a ver as coisas de outro jeito. Eu pensei: vou trabalhar, fazer meu dinheiro e andar de skate. E foi o que eu fiz. Eu sempre tive material para andar de skate com o pessoal da Girl/Chocolate e da Diamond, graças ao Nick Tershay que abriu muitas portas pra mim por lá. E eu

rlesChave acho que até pelo fato de eu não querer entrar para a marca e sim querer trabalhar, fez com que eles olhassem para mim de uma outra forma, foi por isso que eles me deram valor, porque eu me dei valor. Como eu estava totalmente focado em trabalhar, muitas coisas boas aconteceram. Eu gostava muito de aprender e fazer também qualquer coisa que tivesse a ver com construção e criação, principalmente nas casas por lá. Eu comecei a ver que muitos skatistas estavam começando a comprar suas casas, e daí eu pensei: eu tenho uma relação boa com essas pessoas do skate e eu gosto de trabalhar com essas coisas de construção e eles precisam de pessoas de confiança para trabalharem nas casas deles. Comecei a trabalhar bastante com isso, começaram a me contratar por causa desse relacionamento nosso com o skate.

coisas que eu realmente gostava, e ainda conseguia andar de skate. Eu tinha meu próprio horário, era totalmente autônomo. Depois de um tempo o pessoal da Girl, o Jason Calloway, a Megan Baltimore e o Rick Howard, viram que eu tinha um lado mais artístico e a gente começou a desenvolver uns trabalhos de pinturas de painéis. Eles alugaram por ano, uma parede bem grande, e todo mês eu ia lá em pintava os logos das marcas que estavam dentro da Girl nessa parede. Sempre eu e o diretor de arte Michael Colman e isso rolou durante 3 anos. Eu sempre curti arte e fazer arte, mas não pensando em vender e tal, mesmo eu tendo vendido umas coisas, eu achava legal dar umas artes para uns amigos, como retribuição de algo legal que rolou.

mudança de vida. Depois fui pra Torrance onde tava o Fabio Cristiano e o Fabio Luis. Depois fui pra Huntington Beach, depois Costa Mesa, Redondo Beach, Hollywood e tantos outros lugares, mas eu sempre fiquei ali por Torrance mesmo.

Foi uma opção que te apareceu ou você sempre curtiu isso? Eu sempre gostei de criar, pintar, concertar e coisas do gênero. Nunca foi tipo, nossa, odeio fazer isso, mas to fazendo por causa da grana. Na real era totalmente o contrário, eu estava ajudando meus

Como era seu dia a dia lá? Como eu tinha meu próprio horário, eu procurava não trabalhar até mais tarde por causa do trânsito e eu sempre andava de skate depois quando eu não estava to cansado. Sempre mudava, sempre gostei disso, quando eu cheguei eu morei em San Francisco com a Milena, Rebeca e o Bob, pessoas que me ajudaram muito no

Depois de 14 anos fora do Brasil, o que te fez voltar? Eu sempre pensei nisso, não direto, mas sempre vinha essa vontade na minha cabeça. Eu sempre me perguntava o que eu estava fazendo ali? Pois chega um certo tempo que você já viu tudo, já andou, e eu comecei a sentir falta das pessoas com que eu cresci. Queria que estivessem lá comigo, mas não estavam. Sempre alguém daqui ia pra lá e eu perguntava: Como ta o Brasa? E todos respondiam: O Brasa ta daquele jeito, se eu fosse você ficaria por aqui. Isso me mantinha por lá, mas passava 2 anos ou um tempo e eu começava a me perguntar de novo. Mas o que fazia eu ter esses pensamentos mesmo era a saudade dos meus amigos, das pessoas com que eu me sentia a vontade de andar de skate, comecei a pensar muito em alimentação, na minha cultura, família, mesmo a língua, sentia falta

amigos e eu estava muito feliz fazendo

começo, foram essenciais nessa minha

de me expressar na minha língua.

Arte por Chaves

41 M FS Heelflip L Campinas, SP. F Flavio Samelo

Char Arte por Chaves Foto Gerdal

43 M Ss Wallride L São Paulo, SP. F Fabiano Lokinho

Eu pensava muito assim, que o que era ruim pra uns pode ser bom para outros sabe? Então quis ver isso por mim mesmo. Eu fiquei lá de 1996 até 2010 e eu voltei para o Brasil porque eu queria andar mais de skate. Pra quem não tem patrocínio e não está ganhando dinheiro com o skate, você vai ter que ter outra vida, vai ter que ir trabalhar para você ter dinheiro para sobreviver e isso já te afasta um pouco do skate. Você pode estar lá, ver os vídeos, saber onde é o pico, mas por ter que ir trabalhar e fazer outras coisas. Você já não ta tanto no skate. E skate pra mim é isso, você estar com seus amigos, não interessa onde, se divertir, aprender manobras com seus amigos, um dando força para o outro. Para os americanos que estão lá, eles não precisam ir para outros lugares, eles cresceram lá, eles estão com os amigos deles e eles tem uns lugares melhores para andar de skate do que a gente. Daí você sair sozinho do seu pais, ou as vezes com um amigo, e ter que se virar e fazer as coisas é difícil. Pra mim a essência das coisas está nos amigos, onde seus amigos estiverem é onde você tem que estar. Foi por causa de viver com pessoas que tem bom senso que eu penso o que eu penso, e isso me levou onde eu estou hoje, eu só tenho que agradecer.

Agora você está no Brasil e não pretende voltar pra lá tão logo. O que você está pretendendo daqui pra frente? Eu to andando de skate praticamente todo dia, pois já estou com mais idade e me canso fácil (risos). Mas to andando direto com o Denis Silva, Everton Tutu e o pessoal da Adio que é onde eu trabalho cuidando da parte de skate dentro da empresa e também sou um dos skatistas profissionais da marca aqui. Por eu ser um skatista que anda mais nas ruas, street mesmo, fica mais fácil eu andar com o Everton Tutu e o Denis Silva. Vou trabalhar com o Sandro Mineirinho também, mesmo ele sendo skatista de vertical a gente acaba trabalhando junto por

eu estar cuidando dessa parte de skate da Adio, aqui no Brasil. Mas o mais importante é aquilo que falei, eu estou com a minha família, me alimentando melhor, andando mais de skate junto com meus amigos de verdade, vivendo minha cultura e tudo que eu puder fazer pra melhor o skate brasileiro eu vou fazer.

Como foi encontrar teus amigos que você não via a 14 anos, como Qui, por exemplo? Foi uma sensação única, emocionante, não posso dizer que eu cresci andando de skate com o Qui, Testa, Fulvio ou o Sábia, pois eu fui com 21 anos pra América, mas eu vivi o começo de tudo com eles e isso fica pra sempre. Sentar e conversar das histórias que cada um viveu, relembrar as histórias também, tá sendo muito bom. Legal você saber que meus amigos estão me ajudando muito por aqui também, como o Fabio Cristiano, Rogério Mancha, Alexandre Tizil, Júnior Boy, Alexandre Vianna, Rodrigo TX, Flavio Samelo e o pessoal da Vista. Claro que tem muito mais gente e eu não me lembro agora, mas quem faz parte sabe, principalmente quem fez parte do meu passado como meus antigos patrocinadores Crime, Prestige, Kaveras, SSW, Maha, Cush, Dekton e Tailon. Aqui eu tenho acesso à tudo, tenho todas as chaves. É muito bom estar de volta aonde eu nasci.

rlesChave

• | POR CHIBACHIBA

APRESENTA

A DESTRUIÇÃO CRIATIVA DO SKATE CONVIDADOS:

SESPER / MATEUS GRIMM / BRUNO 9LI / TRAMPO / MZK / BARNERO / BILLY ARGEL / CARLOS DIAS / SILVANA MELLO / WALTER NOMURA “TINHO”/ FABIO BITÃO / ALEX BRANDÃO FABIANO LOKINHO / FLAVIO SAMELO / GABRIEL SÂNDALO / ALEXANDRE COTINZ / KLAUS BOHMS / DANIEL MARQUES / AKIRA SHIROMA / FABIO SCHUMACHER / COLETIVO NOH • CURADORIA DE LUCAS PEXÃO

DE 06 DE AGOSTO A 03 DE SETEMBRO MATILHA CULTURAL DE TERÇA A SÁBADO DAS 12H ÀS 20H Rua Rego de Freitas, 542 - São Paulo • F: (11) 3256-2636 Horários podem mudar conforme a programação Consulte o site: www.matilhacultural.com.br

apoio:

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ME MY

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( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( () T Flavio Samelo FAZER UM VÍDEO DE SER MAS ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( SKATE ( PARECE ( ( FÁCIL, ( ( ( ( NÃO É. AINDA MAIS COM SKATISTAS DE ALTO NÍVEL, )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ( ( ( ( ( ( ( ( ( NA ( VERDADE, ( ( (MAIS ( QUE ( ( ( NÍVEL, ( (AI( ( ( ( ( ( ( ALTO COMPLICA ( ( DEPOIS ( TER ( ( ( ( ( ( ( ( ( (MAIS ( AINDA. ( ( DE ( FILMAR ( ( TUDO ( (ISSO, ( ( QUE( ( ( ( ()*)( ()*)( ()*)(EDITAR ()*E )CONSEGUIR ( ()*)( ()UM *)PUTA ( ( )*)( FAZER VÍDEO, FOI()*)( () ( ( ( ( ( ( (“MISSÃO ( ( ( (DE ANTHONY ( ( CLARAVALL, ( ( ( ( A IMPOSSÍVEL” )*)( ()*)( ()*)( ()VÍDEOMAKER *)( ()*) ( ()*)RESPONSÁVEL ( ()*)( POR () *) ( ()*)( AMERICANO UM DOS ( ( ( ( ( ( ( ( ( VÍDEOS ( ( ( ( LEGAIS ( (LANÇADOS ( ( (ESSE ( ANO, ( ( ( ( ( ( ( MAIS O “GIVE ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ()*)( ()*)( ()*)(ME (MY )*MONEY )( (CHICO” )*)(DA(MARCA )*)(AMERICANA ()*)( LRG. ()*)( () COM TRÊS GRANDES NOMES DO SKATE ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( BRASILEIRO ( ( NA ( ( PROFISSIONAL, O) VÍDEO )*)( ()*)( ()*)( ()EQUIPE *)( ( )*)( ()* ( (TAMBÉM )*)( TEM ()UMA *)( ()*)( IMPORTÂNCIA PARA SKATE ( ( ( ( ( ( ( ( ( GRANDE ( ( ( ( ( ( ( (O ( ( NACIONAL ( ( ( NO ( ( ( ( ÂMBITO MUNDIAL. PARA FALAR MAIS DISSO DAS( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( E( ROLARAM ANTHONY, ( ()*)( ()*)( ()*)(HISTÓRIAS ()*)(QUE () *)( (ENTREVISTAMOS )*)( ()*) ( ()*)( () ( ( ( ( ( ( (RESPONSÁVEL ( ( POR ( FAZER ( TUDO ( ISSO ( ACONTECER. ( ( ( ( O )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( () ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( () ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( () ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( () ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( () ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( () ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( () ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( () ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( S Gerdal ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( Bs nosegrind revert M) ( ()* ( ( )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( () L Bilbao, ESP. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( Francisco 47 ( ( ( F Gaston ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( )*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)( ()*)(

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58 Screaming left foot

A PEÇA QUE MAIS REPRESENTA O SKATE É O SHAPE. QUANDO COMPRAMOS UM EXISTEM MUITOS FATORES QUE INFLUENCIAM ESSA COMPRA COMO O DESENHO, O TAMANHO, A MARCA, O TIPO DA MADEIRA E ETC. MAS, DEPOIS DE USADO ATÉ O MÁXIMO, OS SHAPES VIRAM LIXO. E UM LIXO DIFÍCIL DE RECICLAR. PORÉM O SKATISTA JAPONÊS HAROSHI TEVE UMA IDÉIA: FAZER ESCULTURAS COM ESSES RESTOS DE SHAPES. MAS NÃO SIMPLES ESCULTURAS, E SIM, OBRAS QUE REMETESSEM À SUA CULTURA. O RESULTADO É INCRIVELMENTE BEM ACABADO, E PARA NÓS SKATISTAS, UMA NOVA MANEIRA DE OLHAR OS NOSSOS SHAPES DEPOIS DE TANTO ESFOLÁ-LOS.

Haroshi T Flavio Samelo

A ARTE DE HAROSHI É MUDIALMENTE FAMOSA E VÁRIAS ENTREVISTAS JÁ FORAM PUBLICADAS FALANDO OBVIAMENTE DE SUA ARTE, A VISTA QUIS SABER DE SKATE. COM VOCÊS HAROSHI E O PROJETO HARVEST. Como, onde e quando você começou a andar de skate? Eu comecei a andar de skate quando eu ainda estava na escola no Japão, uns amigos meus tinham seus skates e eu achei aquilo muito legal. Que tipo de skate você prefere? Eu curto um estilo mais agressivo de skate, mesmo se o skatista não tiver a mãnha de andar de skate. Você trabalha com o mercado de skate? Eu adoraria trabalhar para o mercado de skate, se eles me convidassem, é claro. Mas eu faria até começar a dar problema, então pararia.

Quem são seus skatistas favoritos? Você conhece algum skatista brasileiro? Eu gosto dos que tem uma boa performance no vertical, eles são legais demais. Claro que conheço os brasileiros, como o Bob e o Ueda, elas são muito conhecidos aqui no Japão. Qual vídeo de skate te inspira à andar de skate? O Animal Chin é o que mais me deixa com vontade de andar. Eu assisto e quero pegar meu skate e ir dar uma volta, fazer alguma coisa. O skate é uma arte pra você? Não acho que seja arte, muito menos um esporte, skate é skate. Mas em alguns aspectos são similares sim, porque você pode fazer o que você quiser fazer. Como você pensou em usar os shapes usados pra fazer algo? Eu não tinha dinheiro pra comprar material para fazer arte, mas eu tinha pilhas de shapes usados, então eu decidi fazer algo novo com eles.

www.haroshi.com

60 Screaming left hand

61 Thrasher Mario

62 Rody

Ugly Doll

Tatooed Bear

Moose

Skate Mario

Haroshi no escrit贸rio

Tools

Haroshi & skate

Mad skull

F Flavio Samelo

www.http://transfer.art.br

T Tobias Sklar

Transfer arte urbana & contemporânea. transferências & transformações Pavilhão das Culturas Brasileiras Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Parque do Ibirapuera. Terça a domingo 9 às 17h. Até 12 de setembro. Grátis

71 F Flavio Samelo

Há alguns anos a Vista nasceu do sonho de poder fazer o mesmo que outros malucos estavam fazendo pelo mundo. Da mesma forma sentimos prazer em trazer aos nossos leitores outros sonhos, de pessoas que amam de verdade aquilo que temos marcado no nome: skateboard e arte. E é por isso que mais uma vez a Transfer ilustra nossas páginas. Na primeira edição realizada em 2008, a sensação era de que um novo ciclo se iniciava de verdade no nosso cotidiano. Já esta segunda Transfer, revisada e ampliada, vem para fixar de vez na cabeça de todos que skate é arte, e arte é skate, e a nossa vida é feita de skate e arte. Aqui um pequeno mosaico de imagens dessa expo que com certeza muda a vida de quem a visita. Portanto, não perca, visite, olhe, escute, interaja e se divirta. Para aqueles que infelizmente não puderem comparecer ou que gostam de vislumbrar novos ângulos a partir do nosso ponto de Vista, não perca uma série de matérias que teremos sobre a Transfer no site da Vista.

T Flavio Samelo

F Flavio Samelo

Famiglia

convívio não é uma coisa fácil, ainda mais quando estamos falando de dois grandes nomes das artes do Brasil, como Flip e Herbert Baglione. Membros de uma dos grupos de artistas mais conhecidos por aqui, além de uma bela reputação internacional, a Famiglia Baglione. Os dois artistas vem também dividindo um ateliê em São Paulo. Com personalidades diferentes, estéticas de trabalho diferentes, e pesquisas distintas, o ateliê é literalmente divido em duas partes, onde cada um vive, cria e pesquisa em seu espaço, porém coexistindo num mesmo ambiente. E isso torna o local um espaço de estudo.

http://www.famiglia.art.br

Antes desse espaço, ambos artistas produziam em suas próprias casas e isso influencia totalmente no trabalho e em vários outros fatores da produção de um artista como Herbert e Flip. De um lado as tintas pretas, potes de tinta de vários tipos de azul, centenas de pincéis, muitas anotações, estudos de letras e partes de desenhos. Do outro lado da enorme mesa, finas e com cheiros diferentes, inúmeras laminas de madeira importadas, potes de tinta com cores fortes, pincéis chineses e muitas outras coisas, ao ponto de ser necessária outra fileira de mesas. O que então faz duas pessoas, e no caso, dois artistas, dividirem um mesmo espaço? Talvez se você não conheça as duas figuras a resposta pareça impossível, mas depois de 10 minutos de conversa com cada um, fica claro o porque de ambos estarem felizes com a parceria no espaço. Os dois são carismáticos, pessoas admiráveis pela alegria que tem, as piadas e as idéias malucas, para os outros, que quando não viram arte, viram piada. Mesmo a arte sendo um momento de criação solitário, quando se existe a possibilidade do diálogo sobre o que se está fazendo com alguém que entende aquilo e agrega alguma informação nova ao que você já tem em mente, a criação se torna algo maior e mais completo.

T Flavio Samelo

F Divulgação

www.flaviosamelo.com www.flourishestudio.com

http://freedefendu.blogspot.com Renato Souza // 21 anos Patro: Converse e Sector Cidade que vive: Curitiba

Bloguigrafia

m blog de discos bem experimentais e com uma aura mais espiritual. Claro que os discos ali seguem a linha Sun Ra, Felá Kutti e por ai vai, passando por rock progressivo, afro beat e muito free jazz. Vários títulos de grupos desconhecidos e coletâneas de bandas de funk underground de varias regiões. Ultimamente tem aparecido uns blogs sobre música experimental e isso tem jogado na net muita coisa que pouco se via na vida real, por vários motivos. Desde esse tipo de música não ter nada de comercial e ser praticamente impossível de ser vendida, a quantidade desses produtos na praça, que sempre foi quase nula, tirando claro os masterpieces de jazz e rock progressivo, além de serem caríssimos nas mãos dos colecionadores, por serem super raros. Graças aos blogs como o Free Defendu esse tipo de material está vindo a tona novamente e satisfazendo a curiosidade de caras como eu que procuram ouvir de tudo e aprender através dos experimentos

musicais o que é musica de verdade. Renato Souza // 21 anos http://radiotransistor.blogspot.com Patro: Converse e Sector Cidade que vive: Curitiba

+ http://radiotransistor.blogspot.com

T Gilberto Custódio Jr.

F Divulgação

http://lazerguidedmelodies.blogspot.com

Classe A

Male Bonding | Nothing Hurts | 2010 | Sub Pop

Dica de alguns discos que marcaram ou ainda marcarão época, mas sem cair nas obviedades de sempre.

The Byrds | The Notorious Byrd Brothers | 1968 | Columbia

Yo La Tengo | I Can Hear The Heart Beating As One | 1997 | Matador

Uma das melhores revelações de tempos recentes, o Male Bonding surgiu como um raio na zona norte de Londres, rapidamente chamando atenção de fãs do bom rock’n’roll, que já não agüentavam mais o marasmo e chatice que se encontrava a cena inglesa. O curioso é que a banda busca referências do outro lado do Atlântico. Apresentam canções rápidas, agressivas e ruidosas, que em nada tem a ver com britpop. Ouvimos ecos do grunge, da cena hardcore dos anos 80 e do lo-fi dos anos 90. Nirvana, Black Flag e Sebadoh. É um som empolgante, que deixa qualquer um com vontade de sair pulando e batendo cabeça, mas que ao mesmo tempo tem certo senso de melodia, que cativa o mais robusto dos punks. Não é exatamente o que chamamos de nova sonoridade, mas pode ter certeza que ser moderno é que

Apesar desse quinto álbum dos Byrds não ter nenhum grande sucesso, ele é considerado por muitos fãs como o melhor trabalho da banda. Brilhante do começo ao fim, todas as canções são de uma qualidade acima do normal. Dá para deixar tocando sem precisar se preocupar em pular aquela faixa ruim. Segue redondo e não enjoa, pois é variado. É um álbum que tem múltiplas facetas, vai do folk rock ao country espacial, passando pela psicodelia pop, sem nunca perder a principal característica: a eterna e saudável melancolia, aquela presente nos finais de tarde ensolaradas de domingo ou nas saudades da pessoa amada que está longe. A guitarra dedilhada, que dizem fazer jinglejangle, tipicamente The Byrds, também está sempre presente, para alegria dos fãs, que deixam esse disco no mesmo patamar dos

Incrível como existem certas bandas que conseguem compor canções excepcionais, seja o estilo que for. O Yo La Tengo é uma dessas bandas. Quer um guitar pop perfeito e cativante? Eles fazem como ninguém. Quer uma balada sossegada e preguiçosa? É com eles mesmos. Um rock barulhento e melódico? Também são mestres nisso. O mais impressionante é que eles conseguem fazer tudo isso num mesmo disco e ainda mais: deixam tudo coeso e maravilhosamente belo. Esse é o caso de “I Can Hear The Heart Beating As One”, oitavo e melhor álbum da banda, “um catálogo virtual de todas as tendências do indie rock dos anos 90”, como dizia uma resenha da época. É verdade. Aqui o Yo La Tengo atinge a tão almejada maturidade e se firma como uma das melhores bandas do estilo, sem

última coisa que esses caras querem.

grandes clássicos de Beatles e Rolling Stones.

sombras de dúvida. Um tremendo clássico.

A Zupi tem o prazer de apresentar

ORGANIZAÇÃO:

6ª ÃO IÇ ED

SÃO PAULO SP 16 e 17 OUTUBRO 2010 LOCAL: FECOMERCIO CONFERÊNCIA INTERNACIONAL + FEIRA DE ARTE E DESIGN + EXPOSIÇÕES + FEIRA + PRÊMIOS + BRINDES + PALESTRAS + PAINEL DE ILUSTRAÇÃO & GRAFFITI + FESTIVAL DE MOTION

PALESTRANTES CONFIRMADOS

GARANTA JÁ SUA VAGA

BOBBY CHIU + KEI ACEDERA (CANADÁ) JASON MANLEY

(USA)

+ DIMITRE (BR)

INDIO SAN (BR) + DAN GOLDMAN (USA) CISMA

WWW.PIXELSHOW.COM.BR

INFO@PIXELSHOW.COM.BR 11 5084 9040 / 11 3926 0174 Apoio:

(BR)

+ LULI RADFAHRER (BR)

www.twitter.com/zupi www.flickr.com/zupidesign www.facebook.com/pixelshow

T Ricardo Tibiu

F Marina Melchers

Skate-punk Nota Dez!

www.flickr.com/rustoff www.fotolog.com/oldiscooltattoos Contato: tireizero@gmail.com www.myspace.com/tireizero

Formado em Goiânia/GO há pouco mais de um ano, o Tirei Zero chama atenção com uma sonoridade simples, mas com muita energia e espírito “do it yourself”. A banda acaba de lançar de forma independente a autointitulada primeira demo, contendo oito faixas (com direito a cover de Personal Choice) cheias de referências ao skate e influências de grupos clássicos, como nos conta a seguir o baterista Júlio. Chame de hardcore, skate-punk ou o que for, ao apertar o play não tem como dar outra nota a eles senão um dez!

tipo o D.R.I. do começo, o André tem uma veia mais “Baixada Santista anos 90” e o Pedrinho só não quer que a banda soe muito melódica, mas pira em um hardcore americano “firuladinho” e feito pra andar de skate, tipo Adolescents e o próprio Faction. Junte tudo isso ao desleixo sonoro que o F.Y.P. inventou e que o MPE reproduziu e pronto, é basicamente nisso que a gente se espelha e tenta reproduzir.

Não só pelo nome, que remete aos tempos de colégio, até por ser em português a sonoridade do Tirei Zero lembra a do Morto Pela Escola (ES). Qual é a importância deles?  O MPE foi bastante decisivo e influente pra gente. No começo, antes ainda de chamar Tirei Zero a vontade era só montar um projeto de férias, minha pretensão e do André (guitarra) era tocar algo tipo Small Talk, Dance of Days do “6 First Hits” e Againe, principalmente. E como isso foi colocado em prática?  Pra tentar consolidar essa vontade, convidei o Pedrinho (voz) e o Bruno (baixo) que não aprovaram a ideia, mas que foram ficando e produzindo coisa boa, dando assim um outro rumo. Nessa época, sentamos e definimos que rumo tomar, e o Morto Pela Escola pesou bastante como influência, principalmente pela temática, a simplicidade musical e a sinceridade deles. Engatamos nessa ideia e tentamos fazer algo próximo no aspecto lírico da coisa... Aliás, quais são as principais influências?  Isso é curioso, porque não existe uma uniformidade delas. As unânimes são justamente o MPE e o 7 Seconds, que é meio que “do coração”. Sendo audacioso, acho que é mais ou menos assim: eu tento trazer algo beirando o Faction e o JFA, o Bruno pilha em algo mais rápido e agressivo

Queria saber sobre a temática das letras. Além do skate, o quê vocês abordam nelas?  Olha, te digo que nas oito músicas da demo nenhuma se aproxima muito do conteúdo da outra. Por mais bacana que seja abordar uma temática só, a gente tenta variar pra não cair na mesmice. Mesmo assim, predomina a vontade de falar sobre o cotidiano torto movido à problemas em emprego e escola, a frustração de não conseguir parar em pé em cima do skate e o dia a dia difícil de quem tenta se manter o mínimo “out of step” com o mundo (risos). O TZ estreou nos palcos dia 19 de junho deste ano. E aí, no fim das contas, como foi o show?  Foi no mínimo surpreendente. Apesar de uma mobilização razoável do pessoal em MySpace e Orkut, a gente não esperava que fosse fluir de uma forma tão positiva. Costumo dizer que o público faz a banda, e assim foi: bastante gente agitando, pulando e até cantando, isso fez a gente ficar mais à vontade, sem aquela pressão de primeiro show. Vendemos umas 10 demos logo de cara, muitos comentários positivos e mais shows agendados por conta deste nos deram confiança, espero que isso perdure enquanto a banda resolver se manter ativa. Eu conheci a banda através do Flickr do Rustoff, quando ele postou a capa que fez para o CD de vocês...  Então, na verdade a ilustração do Rustoff

acabou ficando pra arte da camiseta e silk do CD. A arte completa foi feita pelo Manga, um tatuador amigo nosso que morava no Ceará e foi pra Brasília ano passado. Qual você acha que é a importância da integração da arte gráfica com música?  Eu vejo como uma necessidade grande pra tornar qualquer manifestação musical completa. A ilustração complementa a mensagem, enriquece o que você quer passar, além de atrair muita gente só pela ilustração em si. Tem gente que nem gosta de certa banda, mas compra o CD só pela arte e por isso acaba gostando da música. Naquela arte do Rustoff tá escrito “Infant and Outdated Hardcore”. Por que?  É só uma denominação criada pra responder quem nos perguntava sobre o que diabos o Tirei Zero tocava. “Hardcore infantil e ultrapassado” e pronto! O que mais se vê hoje é gente chamando qualquer porcaria com unha pintada, letras sem pé nem cabeça e lápis no olho de hardcore, e a conclusão que chegamos é que estamos ficando meio velhos pra essa coisa toda. Como já diria uma das bandas mais geniais de Curitiba, o Jesus Mongolóide: “ainda faz sentido pra mim que os garotos e garotas façam música com ferro velho!”. Esse é o espírito! Pra encerrar, quais são os próximos planos do TZ?  Divulgar a demo ao máximo, tocar em qualquer buraco que aparecer e, de repente, conseguir algum selo bacana pra lançar um full length até o começo do ano que vem. Já que a aceitação tá bacana, vou ser ousado e mandar umas demos pra fora e ver se conseguimos lançar essa tranqueira na gringa, vai que algum doido pilha né, vai saber (risos).