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LEVE E FLEXIVEL . ADERENCIA PERFEITA . SEM COSTURA

DURABILIDADE / AMORTECIMENTO / ESTABILIDADE






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Ed.

CAPA #033

S Marcelo Kosake M FS air

F Fabio Bitão L Curitiba, PR.

Sum. 12 Pontus Alv 32 Arte Muda 50 Nava 62 Iapi 72 Vida sobre rodas 76 Bloguigrafia 78 O Silêncio 78 Poli Sendo A. 80 Visita

Exp. EDITOR CHEFE: Alexandre Marten xande@vista.art.br PRODUÇÃO, DIREÇÃO & EDIÇÃO DE CONTEÚDO: Tobias Sklar tobias@vista.art.br PROJETO GRÁFICO, ARTE & DIAGRAMAÇÃO: Frederico Antunes frederico@chibachiba.com EDITOR FOTOGRAFIA: Flavio Samelo flaviosamelo@gmail.com COLABORADORES TEXTO: Flavio Samelo, Lucas Pexão & Ricardo Tibiu COLABORADORES FOTOGRAFIA: Alex Brandão, Fabiano Lokinho, Flavio Samelo, Pablo Vaz, Raul Passos & Renê Jr. Comercial : Xande Marten 0 (xx) 11 8371.6304 Administrativo: Gustavo Tesch gustavo@vista.art.br Periodicidade: bimestral Distribuição: distribuição@vista.art.br Distribuição gratuita realizada em boardshops, galerias de arte, blitz & cadastro. Impressão: Gráfica Pallotti Para anunciar: anuncie@vista.art.br ou 0 (xx) 51 3012.7078 Fale conosco: leitores e lojistas, comuniquem-se com a Vista através do e-mail contato@vista.art.br ou através do telefone 0 (xx) 51 3012.7078 Confira os canais da Vista no site: www.vista.art.br

T Tobias Sklar

Motivação é tudo. Precisamos de um “combustível invisível” para tornar tudo aquilo que sonhamos em realidade. E é divertido pensar na Vista como um posto de gasolina onde as pessoas veem encher o seu tanque com incentivo aditivado. Comparações excêntricas a parte, temos o prazer de apresentar nesta edição uma entrevista com um dos maiores ícones do skate mundial, pelo menos para nós: Pontus Alv. O sueco consegue retratar de forma impressionante o seu amor pelo skate. Uma visão única, mas que com certeza fará você olhar em diversas direções. Mas é claro que você não precisa morar na Suécia para servir de modelo. Mauricio Nava foi levado por nossos queridos colaboradores Flavio Samelo e Lucas Pexão para uma sessão na sua pracinha de diversões para mostrar como é que funciona a séria rotina de trabalho de um skatista. E como é bom ver alguém que trabalha se divertindo. E temos ainda o resgate de grandes histórias. Direto dos anos 80 uma pequena prévia do que espera os skatistas nos cinemas no filme Vida Sobre Rodas. E já do século atual, a Meca do skate nacional, a pista do IAPI em Porto Alegre completou 10 anos de vida e recebeu o presente que mais precisava. Por fim, esperamos mesmo que esta revista seja apenas o ponto de partida para que você faça o que você quer. Quem sabe a gente se cruza na estrada?






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M Ollie pivot

L Steppeside

F Nils Svensson



L Steppeside

F Nils Svensson



M Nocomply to tail

As coisas boas são: que este é meu lar e não há nada como nossa casa. Eu amo este lugar e todos os meus amigos, o amor e a família estão aqui. Tem uma cena de skate incrível com um sem fim de terrenos para andar. É pequeno e muito fácil de se locomover. A única coisa ruim sobre este lugar é que os verões são muito curtos e os invernos são, por vezes, muito árduos. Mas é assim mesmo. Às vezes eu sinto que poderiam ter alguns bares mais perto... Você pode nos contar um pouco sobre seu novo vídeo, “In Search Of The Miraculous”? Não é fácil fazer um filme, mas a principal coisa sobre meu novo filme é que eu queria que fosse o mais diferente possível do meu primeiro, mas que ainda houvesse uma ligação entre eles. No primeiro filme fui para a escuridão. Eu queria me definir, e também, o que o skate é para mim. Neste filme eu estou procurando a luz na vida, tentando ver a beleza e a grande cena. Eu quero que seja colorido, leve e inspirador. Acho que é mais difícil de trabalhar com elementos clássicos, como um belo arco-íris de um pôr do sol e assim por diante, mas eu também gosto do desafio. Eu não gosto de conversar e explicar o meu trabalho porque às vezes eu nem sei. Eu sigo por um sentimento e um espírito. Se eu posso sentir isso, talvez, outros possam. Mas minha filosofia principal é: A minha inspiração e motivação são para inspirar você a se inspirar.

Como funciona a escolha da trilha sonora de seus filmes? Eu acho que a música é um dos elementos mais importantes de um filme de skate. É a base e o elo entre tudo. Com a música/ som é que você pode realmente criar o ambiente e definir o tom de uma parte/seção. É o ritmo e o fluxo do filme, traz para cima e para baixo, para frente e para trás, o som é tudo. É a única coisa que você pode trabalhar com a criação de drama e contraste. Então eu passo um período muito grande pesquisando diferentes músicas, criando muitas versões diferentes antes de chegar e dizer “ok, é isso aí”. Uma canção precisa trabalhar com todas as outras canções para criar um bom fluxo global, um redline durante todo o filme. O som é super importante para mim. Qual é a sua opinião sobre vídeo de skate em geral? Como você acredita que um filme deve ser pensado? Eu acho que filmes de skate em geral se concentram apenas em manobras e sinto que acaba sendo superficial, no fim. Apenas um relatório de manobras. Para mim, o skate é mais do que manobras e tento definir o quadro geral. Tudo que passamos na vida, assuntos da nossa história e nosso presente, nossos sonhos, nossos pensamentos futuro, a nossa vida de amor, trabalho, amigos e assim por diante. Como me sinto hoje? Bem, quando eu pisar no meu skate eu vou saber. Se o meu coração estiver quebrado, minha mente confusa ou minha alma está estressada meu skate vai me dizer e, juntos, vamos expressar os sentimentos que estamos passando. Isso é para mim, é uma das melhores coisas sobre o skate. Ele está sempre lá para você, fiel e amoroso, quase como um cão. Nós sempre podemos fugir juntos e ventilar a vida seja ela qual for, podemos conversar sobre sexo, amigos, história, podemos falar de tudo e na maioria das vezes vamos encontrar uma solução para quase tudo, ou pelo menos vou me sentir melhor. Falar sobre as coisas com um bom amigo ajuda e, é por isso que eu amo tanto o meu skate. Ele é meu melhor amigo e espero que possamos envelhecer juntos de alguma forma. É assim que eu vejo o skate. É algo muito mais profundo e complexo do que apenas manobras e acho que os filmes devem mostrar todos os lados do skate. Faça o filme de maneira pessoal e trabalhe com todos os elementos da vida e eu acredito que nós poderemos ver alguns filmes de skate mais profundos e significativos do que esses vídeos com imagens de empresas de marketing, logotipos e “relatórios de manobras” da elite.

F Nils Svensson

Para começar a entender um pouco mais da sua atmosfera, acredito que seria importante saber quais são as coisas boas e ruins em viver na Suécia?

L Steppeside

T Tobias Sklar


Aqui no Brasil ainda não temos uma grande indústria de vídeos. A grande maioria dos lançamentos são feitos de forma independente por skatistas que decidem comprar uma VX e filmar seus amigos. Você tem dicas para eles? Isso é o que eu faço bem! Tenho uma VX2100, algumas câmeras antigos de Super 8 e VHS. Seja criativo e pense “fora da caixa”. A câmera não faz o filme, o conteúdo e a ideia são as responsáveis por isso. Então não se preocupe com técnicas, foque em uma história, uma mensagem ou um sentimento. Claro que um dos principais interesses em relação a Pontus Alv é sua maneira inovadora de ver os spots e até mesmo de fazer seus spots. O que você acha desse louco chamado Pontus Alv?

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Eu apenas estou tentando retribuir tanto quanto eu puder para skate e para a minha cena. Eu trabalho duro para a minha cidade e eu amo construir spots e me expressar de maneiras diferentes. Meu ponto principal é motivar todos esses skatistas preguiçosos ao redor do mundo que estão sentados em suas borda de merda reclamando de tudo. Junte essa merda toda e faça da sua cena um lugar melhor para vocês e seus amigos. Faça acontecer porque tudo o que você sonha está na sua frente. Você apenas tem que trabalhar para isso. O que podemos esperar de Pontus Alv nos próximos capítulos? Eu só faço o que faço e vou continuar fazendo isso por um longo tempo. Eu amo andar de skate e fazer minhas coisas por aqui. Eu realmente não me preocupo com o que é ou o que as pessoas pensam disso. Eu sou independente e posso fazer o que diabos eu quero. Gostem ou não, eu vou continuar fazendo isso. Eu acho que é maravilhoso e lindo quando as pessoas ficam inspirados e motivados com meu trabalho. A fama não é realmente uma motivação, nem dinheiro. Eu faço tudo direto do meu coração com amor e paixão, Eu só acredito em minhas visões e idéias e tudo o que vem com elas, vem com elas.

http://insearchofthemiraculous.se

Fotografia com lâmpada por Alv


M Nosebump

F Nils Svensson

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F Pontus Alv


F Pontus Alv

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M FS Boarslide popout

F Nils Svensson



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The Barrier

F Nils Svensson

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S Alv

M Fs Wall fs air out

L The Barrier

F Nils Svensson

S Dboy

M Kickflip

L The Barrier

F Nils Svensson



M Bodyjar

F Nils Svensson

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M Wallie boardslide

L The Barrier

F Nils Svensson

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M FS wallride 5-0

L Sibbarp skatepark

F Nils Svensson

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S Ricardo Pires

M Ollie

L S達o Paulo, SP.

F Carlos Taparelli


S Akira Shiroma

M Melon

L S達o Paulo, SP.

F Flavio Samelo


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S Gustavo Malagoni

M Ollie

L São José, SP.

F João Brinhosa


L Holanda

F Johanna Blankenstein


S Ivan Kalil

M Ollie

L S達o Paulo, SP.

F Flavio Samelo


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S Guilherme Trakinas

M Crail air L Curitiba, PR.

F Pablo Vaz


S Yuri Facchini

M FS Shoveit

L Curitiba, PR.

F Pablo Vaz


S Rafael Finha

M Blun to fakie L S達o Paulo, SP

F Carlos Taparelli


S Marcio Torreta

M Bluntslide

L Los Angeles, CA.

F Robson Sakamoto


S Biano Bianchin

M FS Rockslide

L Salvador, BA

F Fabiano Lokinho


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S Rafinha, Ovelha & Gheraldini

L S達o Bernardo do Campo, SP.

F Raphael Kumbrevicius

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T Lucas Pexão

F Flavio Samelo

Na infância, os grandes artistas desenham, pintam e são muito criativos, como qualquer criança. A diferença é que eles crescem e não param de riscar e sujar as mãos para se expressarem. Maurício Nava é um skatista de Volta Redonda/RJ que ficou conhecido pelo estilo, habilidade técnica e principalmente pela criatividade. Suas habilidades permitem, por exemplo, que ele consiga se divertir, criar e impressionar em um playground para crianças, mesmo depois de adulto, através de seu skate. É um tipo diferente de artista, que cresceu sem perder a criatividade. Ele anda muito bem de skate em qualquer lugar na verdade, inclusive em detalhes da arquitetura que passam despercebidos mesmo para outros skatistas. Mas nós da Vista achamos que essa pracinha do playground, onde ele segue ano após ano encontrando novas possibilidades de manobras, é um bom motivo para falar de skate, diversão e trabalho. Exatamente, pois Nava entra 2011 como novo integrante da categoria profissional e definitivamente será um Pro fora do padrão. Preste atenção, pois esse daí não está pra brincadeira. Ou será que está, e isso é bom?


M

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Como tu começou a andar na Praça da São João? Eu tinha entrado a pouco na equipe da loja Overall e era uma época foda do skate na cidade. A equipe saia pra andar junto, tinha várias demos em colégios, bairros e festas. Numa dessas a gente foi na praça e eu achei demais, porque tinha muita coisa pra andar.

Pra muita gente, diversão não é compatível com trabalho, imagine então o que vão achar de um skatista profissional, com sorriso no rosto, em um playground. Como tu pensa a questão skate X trabalho? Andar de skate ali sempre é curtição, dá pra ficar fazendo linha, andando em círculos, nunca acaba. Direto eu vou só pra curtir, sem filmar. Pra muitos o trabalho não é diversão, mas no skate é. Por isso eu tanto quis ser skatista profissional. Acho que o skatista Pro não pode tratar skate só como se fosse um negócio, se não começa a ficar chato. Tem muitos que só ficam naquela neurose de render imagem. Tem que andar todos os dias mesmo, mas se você começa a curtir, as coisas fluem melhor, saem várias manobras. Não mandar uma só manobra e ir embora. Mas tudo que você for fazer tem que achar o equilíbrio, entra o sentir-se bem e obrigação. Pra mim, só de estar em cima do skate já tô feliz. Qual o nome da praça do famoso playground? Praça Vereador Nei A. do Vale, mas a galera conhece como Praça da São João. Quem é de fora sempre fala: “é aquela praça dos corrimãos azuis?” Corrimãos que agora tiraram pra acabar com o skate lá. Até parece (risos). Tu chegou a brincar lá quando era pequeno? Lembra da praça antes de começar a andar de skate? Eu não fui lá quando criança, essa praça é mais nova. Acho que foi construída em 1999 ou 2000. Dessa época pra cá, Volta Redonda passou por uma revolução em termos de construção, com novas praças e quadras, daí surgindo uma infinidade de picos. Qual skatista começou a andar lá? Qual a história do skate na praça? O primeiro cara a descobrir foi o Manu, que morava lá perto. Ele virou Pro depois e tinha a mãnha de achar os picos, fuçar nos tapumes das obras antes de ficarem prontos (risos). Aí ele começou a chamar toda galera pra ir lá, Diego, Picolé, Léo Baiano, Makarrão, Cri, Mishilin... Essa galera criou uma marca chamada Quattro, aí falavam que lá era a Quattro Park.

Quais foram algumas manobras que te deram satisfação de acertar no playground? O drop fifty na estrutura do balanço (NE: ver parte do Nava no vídeo “Quem se habilita?”) foi punk, não conseguia me equilibrar e era muito rápido. Quando acertei comemorei igual gol e fui pra galera (risos). No escorrega, queria andar melhor nele e essa entrevista foi à hora certa pra esse fs tailslide descendo. Acho que fiquei umas duas horas tentando, mó gambiarra pra sair. Deu certo e a sensação foi suprema. E no balanço mesmo, high jump passando pelo meio dele foi bizarro. Eu mandava segurando no ferro de cima, aí o Samelo intimou pra acertar sem segurar. Era foda que quase embolava os pés nas correntes, mas bombô.


No Brasil, são poucos skatistas que chegaram ao profissionalismo pela via da criatividade. No geral, os skatistas tem que cair muitas vezes de saco em corrimãos ou ganhar muitos campeonatos. Quais tuas influências pra seguir nesse caminho, de inventar manobras? O que mais te interessa no skate? Acho que o skate chegou num patamar que nem todos precisam ficar se matando, pulando escada de 20 ou 30 degraus. Eu admiro muito quem faz isso, pela coragem principalmente. Mas gosto de seguir um caminho mais criativo, misturar manobras antigas com novas. Mesclar idéias de outras gerações e influenciar o futuro do skate. Acho foda o jeito que o skatista usa a rua, os detalhes que ele se apega que ninguém percebeu, pra mandar uma manobra que nunca foi feita. Admiro caras que estão fazendo isso e que, acima de tudo, tem uma técnica monstro, como Chris Haslam, Louie Barlleta e Daewon Song. Estilo também pode ser tudo, como é o caso do Marc Johnson ou do Kenny Anderson que não fica se jogando, sabe usar bem a rua, curtindo. Aqui no Brasil, é muito bom andar com camaradas que são assim, como Klaus, Daniel Marques, Cotinz, Sagaz, Arame e Fê Cardoso. Inspiram muito na sessão. Me interesso por tudo que é skate, admiro que desce ladeira, até quem anda em half. Freestyle eu acho surreal, é muito difícil. Nos últimos anos, o que mais tu fez, relacionado ao skate, além de andar? Escrevi, porque fiz faculdade de Jornalismo, sou formado, e teve uma época muito style que fazia matérias pro site da Qix, quando bombava o Qix News. Era o melhor site de skate do Brasil, tinha uma equipe animal de colaboradores espalhados. Corria os champs, já fazia as fotos, escrevia as matérias, fazia alguns vídeos. Foi um escola pra aprender coisas boas e escrever de forma diferenciada, porque o skatista precisa disso. Básico, como os jornais diários fazem não tem graça. Então tinha um sentimento a mais ali. Aprendi com você Pexão, com o Bocão e com o Rodrigo Kbça. Também filmo e edito vídeos. Tem vários no meu profile no YouTube e no site da Qix então, com a Qix TV, tem muitos novos. Também escrevo pro blog da marca e sou instrutor de skate da escolinha da prefeitura e na ASKVR. O que está acontecendo em Volta Redonda que o Brasil deveria conhecer melhor? No skate, música e arte. No skate, estamos atuando na cidade com a ASKVR (Associação dos Skatistas de Volta Redonda), onde meu pai é presidente. Volta Redonda tem uma história foda no meio underground,

sempre teve uma galera considerada na música, com bons festivais de rock que lotavam. A galera do Rap é bem original também com, MC Lelin, El Niño e Marti. Tem ótimos artistas, como o Lauro Roberto que expôs na TRANSFER. E outros menos maUditos (risos), como Hayala Amog, Daniel Dejah e Rick Fire que representam essa nossa cultura de rua. Teu pai é bem conhecido entre os skatistas daí mesmo. Pai Brasa é o cara, ele faz de tudo: champ, organiza, corre atrás, sufoca geral (risos). A pista daqui e uma das melhores do Brasil, é coberta e pública. Tudo que eu sou no skate, devo ao meu pai, à minha família. Como tu conseguiu visibilidade nacional, patrocínios e agora passar pra Pro, mesmo morando em Volta Redonda, que é relativamente longe das revistas e marcas de skate? Força de vontade mesmo, muito amor pelo skate, andar todos os dias, evoluir sempre, acreditar e viajar bastante. Conheci praticamente o Brasil inteiro, de ponta a ponta. Só de ter participado da Roots Trip, foram uns 12 estados que a gente passou. Corri muitos campeonatos também. Fiz muitos vídeos das sessions pra internet, quatro partes em vídeo para DVDs e agora vai sair a minha quinta parte, passando pra Pro. Eu sempre digo que em VR é foda, tem muitas pistas, vários picos de rua. Antes tava meio caído de skate, mas agora, papo de dois anos, a gente conseguiu levantar. Tem uma galera animal andando e estou muito feliz, o que se reflete no meu skate. A Internet também tem um papel importante na tua trajetória. Não era sempre que eu estava nas revistas, então a maioria dos meus fãs me conheceu pela internet. Hoje em dia às pessoas vem falar comigo lá do Maranhão porque viram todos meus vídeos no YouTube, sabem a primeira e última manobra das partes. Isso é muito recompensador. Usei a internet a favor, fiz muitos vídeos para colocar online. Foi natural. Quando conseguia um novo patrocinador, já fazia um vídeo de “entrada” pra marca. A galera estava sempre em contato comigo pelo Orkut, MSN e YouTube, agora Twitter também. É bom pra mostrar o skate e conversar com a galera, mas não pode ficar muito viciado, se não você deixa de andar pra estar no computador. O melhor e estar nas ruas, vivendo a vida de verdade.

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M Transfer tailslide F Flavio


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M FS tailslide 360flip out

F Flavio Samelo


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M FS Rockslide body varial reverse F Flavio Samelo


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IAPI


IAPI F Alex Brandão

NO MOMENTO EM QUE O IAPI COMPLETA 10 ANOS DE HISTÓRIA E RECEBE DE PRESENTE O CONVERSE FIX TO RIDE, EVENTO QUE REFORMOU, ADICIONOU E RENOVOU ESSE GRANDE PALCO DO SKATE BRASILEIRO A VISTA TRAZ ALGUNS DOS MOMENTOS EMOCIONANTES DESTA GRANDE, E MERECIDA, FESTA.

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E

depois do parágrafo introdutório entramos no assunto do momento entre os freqüentadores da Meca do skate brasileiro: a sua reforma. Ano passado os sortudos skatistas do Rio de Janeiro receberam de volta o seu maior cartão postal, o bowl do Arpex. Totalmente revitalizado pelo projeto Converse Fix To Ride, a alucinante pista no cume do morro em Ipanema ganhou piso novo, pintura do Mottilla e do Ment, além de receber os mais importantes skatistas de transição do país. Este ano o local escolhido para ser “fixado” portanto, como você já pode imaginar por todo esse falatório foi: a praça Arnaldo Balve. Ah, agora ficou confuso, né? Só uma brincadeira, é do IAPI sim que estamos falando. Só que a pista do IAPI fica dentro da Praça, esta é uma, das algumas, curiosidades que a maioria dos skatistas que se esbalda pela seu amplo espaço não deve imaginar. Uma coisa que quase todos sabem é que a inspiração do chão e obstáculos presentes no IAPI vem de spots clássicos do mundo todo. O chão, por exemplo, é inspirado na Matriz. Local tradicional de Porto Alegre e berço dos skatistas que tanto lutaram pelo IAPI. Muito por isso, o principal pilar da revitalização da pista tenha sido a troca quase total das pedras do piso. Mas a ação da Converse tem mais. Por sugestão do arquiteto responsável Frederico Oliveira, entre outros colaboradores que trabalharam nesse projeto, houve a inclusão de novos obstáculos, com destaque para a Chinelona. Sim, o locutor do evento de entrega do novo IAPI, o rapper Marcus Kamau, apelidou a parte transacionada que foi incluída na pista assim, Chinelona. A dica é que o sagaz MC aproveitou a informação presente no início deste parágrafo para chegar no carinhoso apelido, que, por sinal, pegou já no primeiro dia. Para entender por completo é melhor andar na “moça“. Outra reforma que se fazia urgente era em relação ao corrimão, que por falta de cuidado com o próprio e uma área razoável para voltar manobras, era muito sub-utilizado. Nada que um rearranjo do desenho do chão, um novo corrimão e hubbas não resolvam bem o suficiente para tornar essa área novamente skatavel, tanto que foi escolhida para receber o Best Trick. Sim, como no evento do ano passado, o Fix To Ride teve sua competição. E quem organizou a lista de convidados foi feliz. Incluído na lista de 40 convidados skatistas que realmente representam o espírito do IAPI e estão por lá quase que diariamente, como Alexandre Vaz, Athos Porto, Biano Bianchin, Carlos Iqui, Carlos Ribeiro, Cezar Gordo, Coisinha, Daniel Crazy, Danilo Dandi, Diego Mattos, Dhiego Correa, Dwayne

F Alex Brandão

F Alex Brandão


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L BS

F Alex Brand達o


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F Alex Brand達o


Ollie pivot

Steppeside

Nils Svensson

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Fagundes, Gutiele Pulga, Gui Zolin, Gui da Luz, Kederley Gonçalves, Luan de Oliveira, Mauricio Parmalat, Marlon Oliveira, Patrick Vidal, Rafael Russo, Rafael Dias, Roberson Felipe, Thiago Pingo e Wagner Kbça. E junto a eles os peregrinos, que tornaram o IAPI o local sagrada a ser visitado por todo o skatista, pelo menos uma vez na vida: Alex Carolino, Emanuel Enxaqueca, Fabio Cristiano, Felipe Ortiz, Guilherme Trakinas, Gustavo Malagoli, Jay Alves, Marcelo Formiguinha, Renato Souza, Wagner Ramos e Zezinho Martins. Ao fim do dia da inauguração, quem saiu com grana pra gastar acabou sendo o Carlos Iqui por sua participação no Best Trick e Wagner Ramos pela performance no campeonato realizado com os novos obstáculos. Mais uma vez mostrando sua generosidade, o IAPI acabou por premiar no dia do seu renascimento um dos seus filhos e também um dos seus maiores admiradores. F Alex Brandão

E para finalizar lembramos que o IAPI chega ao seu décimo aniversário comemorando com muita razão. Resultado tão somente do empenho de verdadeiros skatistas, esse espaço sagrado merece ser comemorado e preservado todos os dias, pelos próximos 10, 20, 30 anos, séculos e milênios. Parabéns IAPI, parabéns todos os skatistas que te fizeram possível ontem, hoje, e, esperamos, para sempre.

F Alex Brandão


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F Daniel

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S Carlos

M

F Daniel Souza

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F GK


www.vidasobrerodas.com.br

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F Guilherme Keller

UM DOS FILMES NACIONAIS MAIS AGUARDADOS POR NÓS SKATISTAS ESSE ANO, COM CERTEZA FOI O DOCUMENTÁRIO “VIDA SOBRE RODAS” DE DANIEL BACCARO. CONTA PRINCIPALMENTE, A HISTÓRIA DE QUATRO DOS MAIORES NOMES DO SKATE NACIONAL: LINCOLN UEDA, BOB BURQUIST, CRISTIANO MATEUS E SANDRO DIAS. É EVIDENTE QUE A HISTÓRIA DE MUITOS OUTROS COMO MURETA, SERGIO NEGÃO, DINHO, DIGO, APARECEM NO FILME E COMPLETAM A IDÉIA TODA DE QUE O SKATE NO FINAL DOS ANOS 80 FOI, AO MESMO TEMPO, INSPIRADORA E DESASTROSA.

O

s depoimentos de Tony Hawk, Lance Mountain, Christian Hosoi, Danny Way e Magnusson dão o ponto de vista de quem é de fora e viu a coisa toda acontecer por aqui. Graças as demos e suas histórias loucas, ficam claros os pontos fortes e fracos de toda essa era. As marcas chupadas, as loucuras que foram feitas, mas que por um certo lado, também fizeram o mercado brasileiro ter a sua própria identidade. Pelo bem ou pelo mal. Uma das coisas mais valiosas nesse filme é a imparcialidade nas versões das histórias. Como a do evento onde Tony Hawk ficou muito doente e não pode participar. Você fica sabendo a versão dele, mas também a de quem teve a frustração de não poder ver seu ídolo na sua cidade. Outras histórias e lendas da época são contadas, sempre mostrando os dois lados da história, sempre com a intenção de que quem está assistindo forme a sua própria opinião, seja ela qual for. Sem contar os singulares depoimentos do Thronn e do Glauco, que são skatistas de verdade, acima de qualquer questionamento, sempre falando a real, sem filtros. São muitas histórias: do Bob na América, quando se aventurou por lá em 1996. As histórias da Ultra. A imagem que o skate brasileiro tinha nos campeonatos europeus. Cristiano Mateus fala de sua trajetória pessoal, sobre o acidente que o tirou da cena durante um bom tempo. O mote principal do enredo é a superação. Algo sempre presente na vida de um skatista de verdade. Por fim, é através de exemplos que a sociedade molda suas diretrizes e, é assim com o skate também. As vezes referencias ruins também são bem vindas para sabermos no que podemos melhorar, para não persistir no erro. Esse filme é uma mistura de bons e maus exemplos para que em nosso futuro no skate não deixemos que as oportunidades sejam perdidas e para que possamos pensar mais como skatistas, respeitando e valorizando a individualidade de cada um, acreditando em nós mesmos, mais que qualquer outra coisa. O filme está nos cinemas desde o fim de novembro. Não perca a oportunidade de curtir a história do skate brasileiro no conforto do cinema. E que a história continue sendo escrita.



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T Flavio Samelo

F Divulgação

www.flaviosamelo.com www.flourishestudio.com

http://abracadabra-br2.blogspot.com Renato Souza // 21 anos Patro: Converse e Sector Cidade que vive: Curitiba

Bloguigrafia: Abrcdbr

O

blog Abracadabra já está na versão dois, ou seja, a primeira versão que teve de ser retirada do ar, voltou, e voltou melhor ainda. Nele você encontra várias faces da música brasileira, de chorinho à bossa, de artista conhecidíssimos na cena nacional, até artistas como Fabio, que tem um compacto super obscuro, publicado em suas páginas. Alimentado por uma mega rede de colaboradores, é sem dúvida um dos mais diversificados blog sobre música brasileira que vi nos últimos tempos, que ainda está em atividade. Simples e com as infos básicas de cada disco, track list do disco, capa e ficha técnica, coisa que pouco se vê pela internet quando o assunto é informação dos LPs. Tem momentos em que o blog publica só músicas típicas, como forró, em época de festa junina e por aí vai. Vale o acesso e as opções de download, que facilitam escutar Renato Souza // 21 anos as faixas http://radiotransistor.blogspot.com dos discos que te interessarem. Patro: Converse e Sector

+

Cidade que vive: Curitiba

+ http://radiotransistor.blogspot.com



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T Ricardo Tibiu

F IZP

www.forfun.art.br www.tramavirtual.com.br/forfunoficial

(Poli)

Senso Ambiental


O quarteto carioca Forfun vem viajando desde de 2008, quando lançou seu disco “Polisenso”, por todo o país. Com ele, tanto público quanto banda transcendem ao som de rock, reggae, música eletrônica, funk, dub e até salsa. Refletindo o teor de suas letras, que envolvem questões referentes à sustentabilidade e ao meio ambiente, eles acabam de começar o Projeto Polisenso Mata-Atlântica, onde o dinheiro arrecadado com o Download Remunerado na TramaVirtual será revertido ao mutirão organizado pelo Programa de Voluntários do Parque Nacional da Tijuca, que tem o apoio da Associação Amigos do Parque Nacional da Tijuca. Enquanto gravam o novo álbum, com produção de Daniel Ganjaman (Instituto, Racionais MCs, Planet Hemp), conversamos com eles. Ao escutar o “Polisenso” é possível notar passagens bem distintas, pelo menos eu posso afirmar que ouvi coisas lá que vão do reggae ao rock progressivo setentista, passando por funk e pop. Quais são as principais influências da banda? Vitor Isensee: Cara, na época em que compomos o “Polisenso” estávamos numa fase eclética ao extremo. O disco mostra isso, ele tem reggae, salsa, rock, dub, música eletrônica. É uma miscelânea doida, uma “farofa” no bom sentido. Pra esse disco ouvimos muito 311, os clássicos do reggae, como Lee Perry e Bob, coisas brasileiras como Jorge Benjor e bastante Novos Baianos. O funk soul vem de James Brown

e Red Hot... As influências estão sempre mudando, né?! O próximo CD, que tem lançamento previsto pra março de 2011, já vai ter um lance mais brasileiro ainda, coisa africana tipo Fela Kuti, da Nova Zelândia, como Katchfire. É muita coisa legal pra se ouvir, interpretar e transformar. As letras de vocês contêm desde divagações filosóficas até a preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade. Vocês acham, parodiando uma canção do Forfun, que elas conseguem surtir qual tipo de efeito em uma geração que lota shoppings e esvazia bibliotecas? Rodrigo Costa: Sempre surte efeito porque não podemos generalizar uma geração inteira como um sujeito só. Existe dentro desse corpo geracional uma infinidade de personalidades que pensam diferente umas das outras, nem que seja por diferenças mínimas. Então certamente, por quaisquer que sejam as questões abordadas, alguém – ou muitos, esperamos – verá ou verão a si próprios identificados com o conteúdo que tentamos passar. De onde veio a ideia do Projeto? Danilo Cutrim: O pessoal do escritório há muito tempo planta árvores pela internet. A galera começou a coordenar as ideias e um dia oficializou o projeto. O Matheus ficou de encontrar alguém que plantasse mudas para reflorestamento. Tudo começou assim mesmo. Mas e o Polisenso Mata-Atlântica? Danilo Cutrim: Então, o Matheus se interessa muito em ajudar a Floresta da Tijuca, uma vez que nós da banda a frequentamos. Vamos nas paineiras, Cachoeira, Pedra da Gávea, Floresta da Tijuca. Ele encontrou a Associação Amigos do Parque que o apresentou ao Lúcio, que é o coordenador do Programa de Voluntários do Parque Nacional da Tijuca. Nós vamos

ajudar o mutirão que os voluntários organizam mensalmente com uma verba e com a presença física das pessoas que baixarem nossas músicas na TramaVirtual. Neste em especial teremos a cobertura do Núcleo Audiovisual do CIP – Centro de Iniciação Profissional do Instituto Terrazul que estará documentando toda esta ação para posterior divulgação. É possível ver os detalhes do projeto em nosso site. Quais são os próximos planos do Forfun? Danilo Cutrim: Na prática, começamos a gravar o disco novo, que será produzido por Daniel Ganjaman. Conta mais disso! Danilo Cutrim: Estamos muito animados com a presença dele, que vai abrilhantar muito nossas músicas e também preparados para esta tarefa, já que estamos ensaiando muito e totalmente focados nisto. Este próximo disco será lançado no primeiro semestre do ano que vem. Então a médio prazo é isto. Este fim de ano/começo de 2011 estamos em encerramento da turnê “Polisenso”, então temos muito trabalho pela frente, tentar tocar em capitais que ainda não fomos e no maior número de cidades possível. O Forfun tem tocado muito, né? Danilo Cutrim: Acabamos de ir pela primeira vez à Maceió e Aracaju. Vamos em novembro para Salvador, faremos duas noites no Hangar 110, em São Paulo. O Projeto Polisenso Mata-Atlântica também é isto. Então para você que já baixou o “Polisenso” fica o convite, baixe de novo na TramaVirtual, e você que ainda não conhece o Forfun, baixe nossas músicas e levante a floresta!


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Dando Trabalho LUIZ FLAVIO, também conhecido como Trabalho, e mais recentemente, como Trampo, é artista, residente em Porto Alegre e reconhecido em qualquer lugar, seja pela sua qualidade artística, seja pela sua alma nobre. Então aproveitamos o Visita desta edição para conhecer o espaço deste artista que agrega ruas, fotografia, caderninhos, música, amizades, itinerâncias, viagens, figurativo, muralismo, abstracionismo, tags, pássaros, letras, exposições, movimento Hip Hop, telas, sempre sob o signo da liberdade na sua criação.

Mais recentemente o espaço utilizado para projetos maiores é a Unidade de Criação, espaço do artista e amigo Mateus Grimm.

O Trampo já teve um atelier por 2 vezes, daqueles que a gente costuma imaginar, padrão, tradicional. Mas ele é o Trampo, não um artista convencional. Então acabou por tornar a própria casa em ambiente propício para criar. Há 8 anos ele reside em um apartamento com sua esposa, num bairro distante do centro, como praticamente toda sua vida, o que acabou tornando natural o aspecto de cidadão das ruas do Trampo. O ir e vir pelas ruas da cidade, mesmo Porto Alegre sendo uma pequena capital, acabou ressaltando a valorização de aspectos normais da vida urbana.

E nessa Visita ainda tivemos o prazer de interagir com mais do que o espaço e itens que auxiliam o artista Trampo a realizar suas obras. Em sua casa conhecemos o Trampo colecionador. No seu museu da arte urbana contemporânea brasileira, caixas e mais caixas zines guardados desde os anos 80, caderninhos com participações de dezenas dos mais atuantes artistas, além de peças de grande valor financeiro, mas, principalmente, de inestimável valor afetivo para Trampo. Saímos de lá desejando que esse acervo possa ser visitado e re-visitado mais vezes.

A mesa que serve para o almoço ou janta é a mesma onde Trampo libera sua criatividade. Porém, em alguns momentos, existe a necessidade de extravasar numa proporção ampliada. É aí que o Trampo pode se utilizar do companheirismo do amigos. Em outros tempos a Big House, casa do skatista e videomaker Henry Saltz, já serviu como um atelier. www.brunokurru.com

E esperamos que a casa/atelier/laboratório que já recebeu tanto amigos e foi coadjuvante de tanta criatividade, continue dando trabalho para sempre.

Mas seu clima de criação é igual ao de qualquer outro atelier. É intenso! No seu trabalho mais recente utilizou sua conhecidíssima técnica de stencil, o que acabou tornando o chão do apê num “chão de loja no natal” como o próprio Trampo comentou. Afinal de contas, “um atelier sem bagunça é complicado”, sábias palavras, não concordam?










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