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vista
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A ELEMENT SKATEBOARDS TRAZ AO BRASIL PELA PRIMEIRA VEZ SEUS CALร ADOS. A LINHA SKATEBOARDS APRESENTA O TOPAZ C3:
Black/Antique Suede
Fatigue Suede
Raven Suede
Pacific Suede
Conheรงa mais:
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Flavio Samelo
editorial Capa:
Lucas. São Paulo // SP. Foto: Renato Custódio
A Vista é um "manifesto contra a seriedade no skate", sábia frase que ouvi no documentário sobre os 10 anos do projeto Mama Cavalo, lá do pessoal de Florianópolis. Se você não sabe desse vídeo, por favor, joga no google e se vira, vai ver qual é a real do skate mesmo, a diversão com os amigos acima de tudo. Eu andei pensando muito sobre isso nesses últimos dias e quando assisti esse documentário vi que nós não estávamos sozinhos e com certeza tem muito mais gente pensando igual.
Ultimamente o skate tem ficado tão blablabla que tá loco, eventos mirabolantes, premiações encomendadas, skate em tudo que é lugar, e todas essas outras manias momentâneas que por um motivo aparecem e da mesma forma desaparecem, mas o skate fica, sempre. Revistas apareceram e sumiram, marcas foram criadas e faliram, mas o skate ficou, não faliu. Crises econômicas apareceram, acabaram com tudo, mas o skate não acabou. Se você não está entendendo do que eu estou falando, da uma pesquisada, tem várias revistas, vídeos e sites de skate, mas não acredite no que você vai ler de cara. Leia e pesquise sobre o que te chamar a atenção, não acredite na Vista, acredite
em você, na sua própria opinião, a gente está aqui pra te confundir, essa é a real. Lembre-se da clássica frase do Chico Science dita lá no começo dos anos 90 e que vai ser hino de quem quer ser algo, pra sempre: "eu me organizando posso desorganizar, eu desorganizando posso me organizar" e nessa edição da Vista, essa foi a meta. Mudamos muitas coisas, tentamos nos organizar de outra forma, pra o que achamos ser legal. Você tem o direito de discordar e de concordar, mas assim como pensamos que o skate é uma coisa individual e cada um anda do jeito que acha que deva andar, fazemos a revista assim, do jeito que achamos que devemos fazer, mesmo que ninguém entenda, ou que, os poucos que entendam se sintam parte disso, de uma história que está sendo escrita e que como o skate, não vai acabar, porque fazemos a Vista por amor e por satisfação pessoal, não por metas, planilhas, orçamentos e essas outras besteiradas que o skate atual virou. Se a coisa não tá envolvida com dinheiro, não tem como dar errado, porque na real ela já é errada, que é o nosso caso. Partindo dai, nessa edição temos a honra de ter skatistas que estão no caminho deles, fazendo o que acreditam que tenham que fazer e não fazendo o que mandam fazer. Como as fotos que o fotógrafo brasileiro Caetano Oliveira que tem ido ao Chile, nosso país vizinho, com bastante frequência e trouxe de lá muitas imagens de amigos locais, skatistas como nós, mas com outras referências e ideias. O fotógrafo Raphael Kumbrevicius juntou várias imagens que tem feito de seu grande amigo Mailton do Santos e nos mandou, amizade acima de tudo. E o amor ao skate que levou o carioca Wilson Rodrigues, mais conhecido como Wilbor da XV, a fazer a arte que faz, com shapes usados, estendendo a vida do item principal para o skatista e também movimentando a cena carioca por um skate mais organizado, justo e para o skatista que anda na rua. Outro que está compartilhando seu ponto de vista no vistagram dessa edição, é o vídeomaker Fernando Granja de São Paulo, muitas viagens, muitas imagens. No final de tudo, a moral da história é que ao invés de você estar lendo essa revista você deveria estar andando de skate na rua com teus amigos, mas se você estiver com a Vista na mochila lendo no ônibus, metrô ou na pausa da sessão, beleza, tá valendo. non dvcor dvco
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expediente 08 12 14 16 18 20 EXP. 24 36 46 62 66
Editorial Fudeu. Bloguigrafia Viajem Vistagram Box Mailton Wilbor Arte Muda
Editor Chefe: Xande Marten
xande@vista.art.br
Direção de conteúdo: Tobias Sklar tobias@vista.art.br
Para anunciar: anuncie@vista.art.br ou pelo telefone 0 (xx) 11 2768.2064
Projeto gráfico e diagramação: Frederico Antunes oi@fredericoantunes.com
Fale conosco: Leitores e lojistas, comuniquem-se com a Vista através do e-mail contato@vista.art.br ou através do telefone 0 (XX) 11 2768 2064
Editor Fotografia: Flavio Samelo flaviosamelo@gmail.com
Confira os canais da Vista no site: www.vista.art.br
Colaboradores Texto: Caetano Oliveira, Flavio Samelo, PIRIKITO SEM ASA, Ties & Wilbor. Caderno Traduções Colaboradores Fotografia: Alex Brandão, Alex Seabra, Caetano Oliveira, Camilo Neres, Daniel Bourqui, Fabio Hirata, Fellipe Francisco, Fernando Granja, Emanuel Marinho, Kristin Walford, Marcelo Ribeiro, Murilo Romão, Leandro Moska, Pedro Wolff, Raphael Kumbrevicius, Renato Custodio & TocaSeabra. Agradecimentos: Cardoso, Baldi, Bob Marley & Galera do COL Comercial : Xande Marten 0 (xx) 11 8371.6304 Administrativo: Keila Torelly keila@vista.art.br
Hermanos
Distribuição: Janine Olinto distribuição@vista.art.br
#lreterno
Distribuição gratuita realizada em boardshops, galerias de arte, blitz & cadastro. Periodicidade: Bimestral Impressão: Gráfica Pallotti
Arte: Alexandre Pregueiro “Abiuro” abiuro.com Tradução: Jayelle Hudson e Flavio Samelo
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fudeu. Rafael Kumbrevicius
“Calma, só estamos andando de skate Senhor.”
Toda vez que alguém sobe em um skate pode estar prester a viver um momento “fudeu”. Falando bem claro, a vida não é feita somente de momentos bons e a Vista resolveu retratar também as coisas que por um motivo ou outro não dão certo, como quando o skate volta na canela, você rola e bate a cabeça, o shape quebra, uma tiazinha entra no meio do foco ou alguns camaradas da força policial resolvem embaçar o pico. Porque ignorar não adianta nada.
Toda vez que alguém sobe em um skate pode estar prester a viver um momento “fudeu”. Falando bem claro, a vida não é feita somente de momentos bons e a Vista resolveu retratar também as coisas que por um motivo ou outro não dão certo, como quando o skate volta na canela, você rola e bate a cabeça, o shape quebra, uma tiazinha entra no meio do foco ou alguns camaradas da força policial resolvem embaçar o pico. Porque ignorar não adianta nada.
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Flavio Samelo
Acervo
bloguigrafia Esses dias fui visitar um amigo meu, por sinal moramos no mesmo bairro, ou seja, é o mínimo que se pode fazer. Esse amigo é um cara que manja muito de música, e com sua esposa, fazem o projeto de música eletrônica: MIXHELL.
Muitas ideias surgiram e com certeza você vai saber mais disso por aqui. Mas depois de uma aula particular de aplicativos pra brincar de fazer música, ele apresentou o: Radio Soulwax www.2manydjs.com O que virou um problema pra mim, definitivamente!
A ideia ali é simples e absurdamente bem executada. São dois DJs belgas, que eu não descobri os nomes, mas também, na real não interessa, o que importa é que ali no site e no aplicativo, além de você ter uma variedade musical absurda, de quebra tem um monte de clipes de quase 1 hora com várias capas e discos bizarríssimas, que é o que mais me chamou a atenção ali. Legal também são os temas que eles escolhem para fazer esses videos/collections. Vai de punkrock até musica brasileira. Nesse caso em especial, eles tiveram uma ideia muito dahora. Pegaram as capas dos discos que usaram nessa collection e ampliaram quase no tamanho de uma pessoa e saíram por lugares em São Paulo pedindo para pessoas nas ruas segurarem enquanto eles fotografavam. No vídeo, essas fotos foram editadas de acordo com a ordem na collection, ficou legal de mais. Valeu muito baixar o aplicativo e ver o site, não só pelas capas, mas também por ter muita coisa engraçada. Como o collection do “rap ruim” do mundo inteiro, é de morrer de rir. E as capas são ainda piores, divertidíssimo.
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Ties
Toca Seabra
viajem
A Vista sempre teve como proposta trazer outros aspectos da cultura do skateboard, que não somente manobras A Vista sempre como e manobras. Umteve item proposta trazer aspectos importante paraoutros a formação da cultura do skateboard, pessoal de qualquer pessoa é a que não somente manobras literatura. Ler é fundamental, e manobras. Umtão item procurar textos diferentes importante para a formação como os estilos que vemos na pessoal deainda. qualquer pessoa por éa rua, mais Portanto, literatura. Ler érelaxe, fundamental, favor: sente-se, copo procurar textos tão diferentes da sua bebida preferida numa como estilos quesegurar vemos a na mão, aosoutra para rua, mais Portanto, por revista ouainda. um assemelhado e favor: relaxe, copo viajemsente-se, com a Vista. da sua bebida preferida numa mão, a outra para segurar a - nesta edição as alegrias e revista ou um e chateações do assemelhado relacionamento viajem com a Vista. amoroso numa perspectiva bem real - nesta edição as alegrias e chateações do relacionamento amoroso numa perspectiva bem real -
Um dia ela me disse “ ou eu ou o skate...” Hoje não sinto a mínima saudade dela. - porque tu fala isso? + complexo, um dia vi meu tio falando sobre os vizinhos da praia, uns adolescentes que não podiam se encostar que iam ficando cada vez mais pra dentro do sofá, com as mãos cada vez mais dentro do casaco um do outro, ate que, sumiam e voltavam com a cara de abobados... Fiquei com inveja, sempre tive inveja de pessoas assim, sempre desejei sentir isso com alguém
+ que porra tu acha que vai acontecer amanha? - amanha ou hoje? + caralho, tu não tem mais nada o que fazer? - caralho digo eu, ta me tirando com esse papo? + eu esqueço que não da pra gente fumar antes de durmir
- eu nunca sei se tu ta falando serio ou não
- por que tu me trata assim? Eu não pedi pra tu vir pra ca
+ acho que esse eh meu único charme
+ não começa a chorar
- não eh não
- tu que vai ter que chorar agora
= puxa a cabeça e beija
= chora, e geme
- ainda tem cerveja
+ eu não posso encostar em ti
+ eu vou pegar
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- o que tem amanha mesmo?
+ to indo tomar um banho e fumar um cigarro
+ não ouvi nada, cacete
- ah, vai tomar banho
- o que que tem amanha?
+ sim, e fumar um cigarrinho
+ perae, buceta
- ah ta, e por que não fuma antes? + pode ser... Vamo naquela pontinha comigo? - ... Mas ai vou pro banho junto + então era isso, porra - não sei o que tem de mal + por que já não fala antes - mas eu falei
- eu quero saber o que tem amanha!
+ depois do climinha, cacete
+ agora eu to aqui, num grita, porra
- posso ou não posso?
- o que eh que tem amanha?
+ pode qualquer coisa, adianta o que eu falar
+ puta, mas que chatice
- que merda também, perae
+ ligando pra onde? - pra um amigo! - vai me dizer o que tem amanha ou não?
+ um amigo?
+ porra, sempre me arrependo de falar... Amanha não tem nada, nem sei se eh hoje ou amanha.
- sim, to aqui longe de tudo + vou tomar uma coca
- fala, fala, fala e não diz nada. so fica me sacaneando. - e o banho? + eu não resisto mesmo em pensar numa sacanagem + vai indo la logo - viu que ta lisinha? - seu grosso + tu acha que não? + tu eh foda, sabe o que dizer as vezes - então agora vai ter que ver = o chuveiro faz a chave do prédio cair 3 vezes + aumenta esse som = toca um velho rock n roll
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I lu mi na do
Quem gosta de clichê ama dizer que uma imagem vale mais que mil palavras. Pois bem, a gente odeia clichê e faz questão de inserir a legenda necessária para uma imagem que poderia falar por si. Mas não tem razão para ficar com preguiça de exaltar o fato com uma bela manchete e sua respectiva legenda.
19 Melon 540 Los Angeles USA f: Daniel Bourqui
http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Shining
O iluminado Pedro Barros vem metendo a cara mundo a fora e assustando a todos como Jack Nicholson em sua atuação no filme de Stanley Kubrick, de 1973. Este ano Pedrinho já ganhou todas as etapas do circuito mundial de bowl disputados e venceu o X Games, no Super Park, mesmo após uma lesão grave no joelho. De Los Angeles Daniel Bourqui mandou a imagem que vale muito a legenda.
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vistagram
Fernando Granja @instagranja S達o Paulo
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SWITCH BS 360 OLLIE | CHOPA PHOTO
DCSHOES.COM/SKATEBOARDING
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MAILTON T
Tobias Sklar
Rafael Kumbrevicius
26 Fs flip S達o Paulo // SP.
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Nome: Mailton Dos Santos Vieira Cidade: São Paulo Patrocínios: This Way skates Red Nose Shoes Vlcs nation Apoio: Plimax
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Ele tem fama de corrimãozeiro, que não larga do celular, gosta mais de moto e futebol que skate... Calma, estamos só provocando a fera para você ver o melhor de Mailton em ação, fora do pré julgamento e estereótipos que alguns tanto gostam e nós da Vista amaldiçoamos.
Então, muito corrimão ai na Europa? Essa foi a segunda vez que to aqui e cada dia eu acho mais (risos) porque o ano passado não consegui andar em todos que eu queria. É verdade que você fica mais tempo no celular do que em cima do skate nas sessões? Então VOU EXPLICAR: tenho muitas amigas e amigos, e meo, eu não consigo ficar sem celular e sem o nextel. To ficando louco aqui na Europa que ninguém me liga durante 2 meses (risos). Mas assim, quando acordo ligo pros meus amigos pra fazer uma sessão. E durante a sessão do dia sempre vou resolvendo alguma coisa por telefone ou já vou marcando alguma com as amigas pra noite. Não consigo ficar sem falar no telefone, isso é verdade, fico mais no tel do que encima do skate. Até fiz um trato comigo mesmo, antes eu andava com o celular no bolso e tava me atrapalhando, toda hora parava pra atender uma ligação e ai decidi deixar o cel bem longe quando eu estou andando de skate. E são seus parceiros que chegam sempre cedo demais, ou você que curte mesmo sair toda vez atrasado? (muitos risos) É o seguinte eu sempre estou no telefone e ai sempre acabo me atrasando com todo mundo, com as minas, com os parceiros, não consigo chegar no horário com ninguém. Só no aeroporto porque já perdi um voo uma vez e não é legal perder dinheiro (risos).
Mailton & reforços São Paulo // SP.
E balada, cabe um sertanejo universitário ou fica somente no clássico baile funk mesmo? (risos) Então, eu amo o baile funk porque minhas amigas e meus amigos gostam muito de funk. Eu não gostava muito, mas o Denis Silva uma vez me contaminou em um campeonato que fomos em Fortaleza. Ele só passou funk a viagem inteira! E tenho um amigo que é DJ, outro que é MC, então eu vou muito no baile funk. Mas vou sim em várias baladas. Gosto muito de samba, mas vou em tudo que tiver mulher. É dahora, já fui sim no sertanejo, no reggae, no eletrônico. Aqui na Europa to indo no hip hop e nos “puts puts” (risos), mas sem o funk é difícil mano, não vou mentir (risos). Você fica tão focado nos seus projetos que acaba se tornando um chato? Isso sim! Eu me foco muito, vou durmir sempre pensando o que vou fazer no meu próximo ano e penso em possibilidades que podem ser concluídas. Tipo, no ano de 2011 fiz tudo que tive na minha mente: ir para Europa, descer todos os corrimões possíveis, comprar meu carro, comprar minha moto do meus sonhos, ajudar minha família, comprar uma TV pra eu e meu pai assistirmos os jogos do coringão, ver concluído o vídeo que filmei e o Rafael Anticaglia editou, Me Gusta Europa, ter uma câmera que faz foto e filma em HD. E nesse ano decidi voltar para Europa pra tentar concluir minha parte pro vídeo "IR a place for everybody 2" e fazer minha entrevista para Vista pra provar que sei andar em qualquer terreno. Então tenho tudo na minha mente e quero que seja assim pra um dia eu falar “fiz o que eu queria”. Então antes de sair essa matéria eu já sei como que vai ser e como vai repercutir, por isso sou sim muito chato.
30 Melon São Paulo // SP.
E pra América, quando vai se jogar? Então, isso é um sonho! Desde quando todos veem minhas matérias, vídeos, etc e falam assim “nossa moleque, você é corrimãozeiro, vai pra o USA que você vai se dar bem, vai ter patrocínios gringos“. Ai tive a oportunidade de vir para Europa e ver que aqui é tão bom quanto. Mas to chegando, vou tirar meu visto e to querendo muito ir nesse próximo ano de 2013, chegar lá e coletar imagens e o que conseguir a mais é lucro. Amo muito o Brasa e eu acho que meu lugar é aqui. Foto ou vídeo?! Comprou uma 7D e agora não larga mais câmera? “Nooossa”... foi por isso que eu comprei uma 7D, porque tem os 2, foto e vídeo. To aprendendo muita coisa porque eu pergunto pros fotógrafos, fuço e to aprendendo. Tava até pensando em tatuar a 7D porque sem ela acho que não teria essa carreira que construí, porque ela significa tudo: foto e vídeo são as coisas as quais mais devo na minha vida, porque sem ela aqui não teria essa matéria. E eu acho que ela resume a minha vida, filmar e fazer foto em vários lugares sempre desafiando a rua .
O Raphael te entregou muito, mas sinceramente nem tive coragem de perguntar pra ele o que significa “ele gosta muito de moto, principalmente de FICAR NO PEÃO DE MOTO, na vila“? Eu tento trabalhar como se fosse outro trabalho qualquer, chegar as 6 da tarde cansado e trabalhar “de” semana pra que no final de semana eu possa folgar. E eu amo moto, porque quando eu era menor andava todo sujo com o skate pra cima e pra baixo e via algumas pessoas andando com umas motonas e tal, e eu pensava que nunca eu ia ter uma moto daquelas se não trabalhasse. Mas eu pensei assim, o skate é muito mais dahora, não precisa ter dinheiro, eu sou feliz. E ai hoje eu tive o prazer de ter o skate como meu trabalho e comprar minha moto que eu sonhava. E ai solzão, várias amigas, vou no futebol de sábado, meus amigos tudo lá, não tem coisa melhor! Mas nos finais de semana que tenho que trabalhar nem troco um peão na vila pelo o trampo, nunca. Mas
quando eu posso tirar um lazer, sem duvida eu gosto sim, ainda mais quando tem balada sexta, sábado e domingo... Nossa, é dahora (risos).
E como a gente é bonzinho, também tem umas perguntinhas mais sérias: Quais os planos pra volta ao Brasil depois da temporada na Europa? Meus planos são: primeiramente é ver essa entrevista que sempre quis fazer e concluir uma vídeo parte que estou filmando com Denis Silva, ver minha parte filmada na Europa, tirar uns dias de folga porque eu estou andando todos dias aqui e pegar meus telefones e ligar pra todas as amigas e dizer que estou de volta (risos).
Pra fechar, comenta algo sobre a antiga pista de São Caetano do Sul, de onde inclusive sairá uma foto feita com o Raphael Kumbrevicius, que foi feita com a pista destruída, porém histórica e que te deu muita base. Meo, lá foi tudo que começou, que eu comecei a ser quem eu sou. Tinha corrimão, borda, transição, tudo, mano. Foi uma perda pro skate do ABC e da região, e pra mim também foi. Lá que vi vários Pros, foi lá que eu filmei minhas primeiras imagens, foi lá que conheci meus melhores amigos do skate, e mano, não gosto de lembrar que fico triste... sinto muita falta... Agradecimentos: Primeiramente a Deus. Valeu Vista que me deram essa oportunidade para me expressar meu outro lado do meu skate. Meus patrocinadores e os fotógrafos Kumbrevicius, Rodrigo Kbça e Moska.
31 Fs 50-50 S達o Paulo // SP.
32 Mayday grind S達o Paulo // SP.
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34 Bs 50-50 Barcelona // ESP. F: Leandro Moska
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wilbor WILBOR T
Wilbor
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40 Necessidade bรกsica 37 x 90 cm
Necessidade bรกsica 37 x 90 cm Gravura
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“Tenho muita curiosidade em descobrir coisas ao invés de aplicar fórmulas que dão certo.”
Somente esta frase justificaria a presença do Wilson Domingues, o Wilbor, na Vista. Verdadeiro ativista, não desses nossos amigos de Facebook que vemos por ai, ele não se limita a frases de efeito, ele provoca ação, no skate, na arte, portanto na vida. Por isso por favor fique atento a tudo que você vai ver e ler a partir de agora.
A arte do processo “Tenho muita curiosidade em descobrir coisas ao invés de aplicar fórmulas que dão certo.
O trabalho com xilogravura me interessa porque quando começo a gravar “talhar” a madeira, não tenho a real noção de como ficará a impressão. É uma aventura da mesma forma quando fazemos uma viagem para algum lugar desconhecido ou quando ouvimos pela primeira vez o disco de uma banda que gostamos muito ou quando saímos para uma sessão de skate até um pico desconhecido. Não sabemos se será bom ou ruim, e é esse Wilson Domingues, “Wilbor”, carioca, espaço de tempo entre o início da gravura skatista desde os 12 até a primeira impressão que me move. O “processo” é tão importante ou mais que o “Tenho um estúdio de design e vídeo em resultado. Desde moleque tinha o sonho de sociedade com minha esposa Bia e contribuo fazer gráficos para shapes, já fiz vários para com o Núcleo Audiovisual do Circo Voador. marcas, mas sempre ficava preso a questões Já fiz muitos projetos com skate: dois comerciais ou aos gostos dos donos das marcas documentários media metragem sobre o que sempre, aprovam ou reprovam o desenho. skate do Rio com meu amigo Paulo Rodrigues Até entendo o lado deles e tenho real noção do (Representando o Skate do Rio - 50min - 2002), que é comercial ou não, mas essa esfera ficou (Sangue e Suor - 40min - 2007), projetos gráficos para revistas, já tive marca de camisas pequena para mim e precisei me tornar meu principal cliente, daí comecei a desenvolver (Youth Clothing), já escrevi artigos para o trabalho que usa o shape como matriz de revistas, foto, gráficos para marcas, mas o que xilogravura, por mais que agora eu queira ir me dá mais prazer é sair para uma sessão de de encontro ao que mais me “especializei”, o skate em que dê boas risadas com os amigos.” design, vou carregar para o resto da vida o que aprendi. Sempre me interessei por processos de impressão, talvez por isso tenha chegado a técnica de xilo, mas o que acho mais legal é que o processo é totalmente ao inverso; antes desenhava gráficos no papel para serem impressos nos shapes, agora uso os shapes para imprimir em uma folha de papel. Isso representa um ciclo de vivência, além de também fazer alusão as marcas “talhas” que ficam embaixo dos shapes quando mandamos manobras de borda. Já dei um rolé com uma matriz de xilo e depois de vários rockslides e noseslides, tirei algumas impressões. Algumas pessoas me disseram: “Nossa, assim você vai estragar o gráfico!”, mas na boa, ficou bem melhor do que antes, além de ser a melhor maneira de se quebrar uma matriz. (Nas artes plásticas quando você quebra uma matriz se encerra a tiragem das cópias, atribuindo assim maior valor a cada impressão).
42 Brasão República do Skate
Abre Caminho 37 x 90 cm Original & Gravura
77 43 The way we run Gravura
Esse é o trabalho autoral que venho desenvolvendo, mas é claro que a evolução pede transformação, então com certeza em outro momento vou fazer outra coisa, tudo depende nas respostas e perguntas que vou encontrar, pois ao contrário do design onde a sua função é resolver o problema do cliente, na arte você inventa seus próprios problemas, tudo depende de sua vivência e das questões que quer abordar”.
44 Logos Praça XV
Organizando posso desorganizar uma menina que havia sido assaltada a pouco “A XV é um lugar que tem muita importância metros de onde estávamos, foi chorando até para a história do nosso país, um dos “Em 2011 nos organizamos de forma difícil o policial pedindo ajuda, dizendo que havia principais portos do país, decisões políticas de acreditar, quando se trata de um bando de sido assaltada com o namorado e ele ainda foram tomadas naquela praça, alem de toda skatistas, mas a coisa deu muito certo. Nos estava no local do crime, enquanto isso o meu carga histórica e cultural que os arredores dali reunimos desde o início do ano uma vez por amigo puxou o skate de forma sorrateira da carrega. Depois da reforma do projeto “Rio semana, religiosamente, no Circo Voador mão do guarda, que ao invés de esquecer o Cidade” em 1997, a praça se tornou um pico e planejamos meticulosamente nossa ação skate e dar atenção a menina, ele voltou para muito agradável com um chão de pedra liso para Junho, incluindo um projeto de proposta agredir o skatista. Em 2011 coloquei este vídeo e grandes espaços livres com muitas árvores de adaptação do mobiliário da praça para a no youtube com o intuito de pressionar as a beira da Baia de Guanabara de onde vem prática do skate. Conseguimos contato com autoridades e o mesmo teve mais de 345.000 uma massa de ar puro. Passar a frequentar o secretário de esporte e lazer, mas foi o acessos. Os protestos na XV começaram em aquele lugar mudou a minha vida, pois na sub-prefeito do Centro Thiago Barcelos que 2008, sempre na semana do dia 21 de Junho cabeça de um moleque suburbano skatista, nos procurou para o dialogo, alem de termos (Dia Mundial do Skate), no início a galera do onde na década de 90 qualquer 10m2 de como madrinha do movimento a atriz Cissa “Avuatauba” deu um gás em fazer o protesto e calçada, mais ou menos lisa, valia outro para Guimarães. Best Tricks em picos próximos, em 2010 eu dar algumas tricks, ver todo aquele espaço junto ao meu brother Vaguinho, distribuímos livre com uma arquitetura diferente, onde giz de quadro negro, para a molecada desenhar Não deu outra, conseguimos a legalização a mistura modernista com a colonial pinta do skate na praça XV e uma promessa de no chão as formas do corpo como marcas de uma paisagem instigante para explorar com construção de um Plaza na região central do “cenas de crime”, meio que dizendo: “Vamos o carrinho de baixo dos pés. E não só pelo Rio. Agora, passado um ano, continuamos ficar aqui até a morte”, foi algo simbólico para aspecto arquitetônico, mas também pelo a nos encontrar no Circo Voador, todas as mostrar nosso amor pela praça”. cultural pois ali estão os principais museus” segundas e fundamos a Associação Cultural CCBB, MNBA, MAM, Caixa Cultural, CCJF e do Skate que tem o objetivo de desenvolver CFB. Passei a freqüentar esses picos graças ao projetos e firmar o skate como atividade skate, na noite freqüentava a Lapa, cheguei a cultural, ferramenta de evolução e mudança pegar o final da primeira fase do Circo Voador independente “Do it yourself”. Terminamos o (fechado pelo Conde) e todas as festas “Zoeira” projeto arquitetônico do Plaza, assinado por no extinto Sinuca da Lapa. Em 1999 o prefeito nosso membro do grupo skatista/arquiteto Conde aprovou um projeto de lei que proibiu a Raphael Buarque “Pharrá” e produzimos um prática de skate, bicicleta em qualquer praça. evento de arte e debates com skatistas, artistas, A partir daí começaram nossos problemas, acadêmicos e representantes da sociedade, passamos 12 anos batendo boca ou fugindo além de exibição de filmes e bandas no Palácio da guarda municipal. Já aconteceram coisas da República “Museu da República”. O nome desagradáveis, um exemplo é a última parte do evento é “República do Skate”, onde fizemos do nosso 1º vídeo ”021”, lançado em 2002, uma exposição com 56 artistas, todos com onde um policial (guarda municipal) prende ligação direta ao skate.” o skate de um amigo meu e ao mesmo tempo
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Aqui ninguém cobra nada de ninguém “O mais foda dessa história é que desde quando comecei a frequentar o centro da minha cidade e em especial a Praça XV para dar rolé de skate, não me beneficiei apenas sob o aspecto territorial, arquitetônico ou cultural, mas principalmente no aspecto do significado de família pois passamos muitas fases ali, nos encontrando toda semana, muitos pararam de andar, outras gerações chegaram, quem se identificou e continuou compõe a família que só cresce. Espero que isso continue se desenvolvendo com verdade e respeito ao próximo, como sempre foi. Como diz o meu bom e velho amigo Palito: “Aqui ninguém cobra nada de ninguém”. Cada um tem a sua vida, paralela ao que acontece na XV e a maioria dá duro e sofre as pressões do dia a dia, mas quando está lá, é como se fosse uma outra dimensão. Você esquece de todos os problemas e anda livremente como se não houvesse amanhã“.
Lambe-lambe Praça XV
Wilbor Mortal Kombat wallride Praça XV
NICK TRAPASSO
OLLIE INTO BANK / © CONVERSE INC.
STAR PLAYER S II OX
48 Cristiano Oliveira Manual Rio de Janeiro // RJ. f: Emanuel Marinho
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ARTE MUDA
50 Mario Romario Ss heel flip S達o Paulo // SP. f: Fillipe Francisco
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52 Douglas Paulino Flip Porto Alegre // RS. f: Pedro Wolff
54 Daniel Marques Wallride Lyon // FRA. f: Murilo Rom達o
55 Paulinho Barata Bs nosebluntslide Barcelona // ESP. f: Leandro Moska
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Vitor Teles Hard-flip BrasĂlia // DF. f: Alex Seabra
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S達o Paulo // SP. f: Kristin Walford
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Victor Süssekind -50-50 • Klaus Bohms -HighJump São Paulo // SP. f: Fábio Hirata
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Caetano Oliveira
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Caetano Oliveira
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Pablo Marquez fs noseslide Val ParaĂso-Chile
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Jorge Makluf-ollie into bank/ Val Paraíso-Chile • f: Caetano Oliveira
Sabe quando você vai falar de algum lugar em especial e dá aquela suspirada, porque só o nome do lugar já te traz lembranças boas e imagens passam pela cabeça. Assim é o Chile! Fui algumas vezes e pretendo voltar, voltar e voltar.
Cristian Andres-hardflip/ Val Paraíso-Chile • f: Caetano Oliveira
Toda essa puxação de saco não é a toa, cada vez que vou pra lá, algo novo me chama a atenção. Fico pensando porque os argentinos são chamados de hermanos, sendo que quando você vai para o Chile acaba se sentindo em casa. As pessoas realmente curtem os brasileiros, a alegria e o nosso jeito de ser. Eu sei que é foda ficar bancando o guia turístico e ficar falando das qualidades e defeitos de um lugar, chega uma hora que esse papinho enche o saco. Então vou falar sobre o que realmente interessa, como é a cena de skate e o que você pode fazer pra se dar bem por lá.
A melhor época para visitas é o verão. O clima no calor é bem parecido com o nosso, só que é bem seco, então se você pretende andar de skate até parar na UTI, o melhor é ir no calor porque não vai chover nem fudendo, pode ficar tranqüilo. E se chover enquanto estiver por lá não me culpe, culpe o aquecimento global e todo o planeta com suas mudanças loucas. No inverno é bacana, tem a neve (risos), mas durante esse período as chuvas são mais frequentes e o frio é absurdo. Se for pensar em descer um corrimão é melhor dar aquela aquecida de quatro horinhas antes, além disso a passagem fica muito mais cara no frio, chega quase a dobrar de valor. Então como conheço o publico alvo aqui, sei que não vai querer gastar tanto pra ir aqui do lado, e se for pra passar frio pega a catarinense e desce pro sul que já tá bom.
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Miguel Sanchez-wallie/ Val Paraíso-Chile • f: Caetano Oliveira
A cena de skate no Chile é forte, semelhante a nossa, só que numa escala muito menor. Eles tem os sites, revistas e as marcas, só que poucos conseguem viver somente do skate, as marcas pagam pouco para os fotógrafos, videomakers e a galera que tá fazendo acontecer. Não que aqui seja diferente, aqui tem muito nego de marca grande e cabeça pequena, mas esse é outro assunto. Mas você não encontra um fotógrafo de uma revista que só faz foto de skate e está todo dia na disposição, fotografando todo mundo e se virando na rua. Isso é uma coisa que meus amigos chilenos valorizam muito aqui no Brasil, ficam pilhados em andar de skate e render para ter material, pois é uma chance boa de serem reconhecidos, já que não estão acostumados a isso.
Gabriel Rocco-crooked/ Val Paraíso-Chile • f: Caetano Oliveira
Dessa última vez que fui achei que seria interessante mostrar pra galera daqui como funciona a cena de lá, como é o nível dos caras, se andam bem, como é o estilo deles e principalmente os lugares que tem pra andar no Chile. A maior intenção dessa matéria é falar da quantidade e qualidade de spots que tem por lá, para vocês terem uma ideia, foi lançado um vídeo de skate que tem 200 lugares que se pode andar de skate, isso só na região da praia. Um lugar chamado Valparaiso, lindo e cheio de ladeiras, com muitos turistas e muitas chilenas lindas, foi bastante explorado no ultimo vídeo da Element Future Nature. Mas Valparaiso é só uma fatia de todo o absurdo de picos que tem no Chile. Existe o norte, totalmente inexplorado, só esperando alguém pra chegar e velar uma bordinha de chão perfeito, não adianta tentar achar defeito nos picos, é até estranho estar acostumado com os lugares que frequentamos aqui ou os quase picos que vemos diariamente.
Espero realmente que isso possa ajudar vocês a verem uma oportunidade grande de conhecer um país aqui do lado que tem tanto a oferecer, tanto culturalmente como para realizar um trabalho pesado de skate em cima. Tomara que sirva para muitos daqui que estão sem grana pra ir pra Barça ou qualquer outro lugar caro, para sair pra conhecer mesmo, andar de skate, conhecer gente boa e abrir a mente, uma chance barata pra andar de skate . Agora vá viajar e render por ai.
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Flavio Samelo
#lreterno Laurence Reali 1984–2012 Flip São Paulo // SP. Foto: Fernando Arata
Quando alguém que você conhece e se sente bem estando perto se vai, a sensação é estranha. Ainda mais quando essa pessoa é um jovem alegre, feliz e divertido, que animava tudo a sua volta, seja lá onde estivesse. Assim era Laurence Reali! Uma pessoa que tive o prazer de conhecer e conviver. Viajamos muito, fizemos muitas fotos, inclusive a sua primeira foto de skate publicada.
No dia 07/07/2012 ele foi alegrar e divertir um outro pessoal, numa outra esfera da vida, que um dia todos vamos experimentar. E na minha opinião, um lugar que merece alguém como ele, iluminado. Mesmo ele não estando mais entre nós, sua mudança de realidade trouxe coisas boas, como se ele estivesse por aqui fisicamente: amigos que não se falavam há tempos, voltaram a se falar, pessoas próximas começaram a dar valor às verdadeiras coisas da vida, como amizade, amor e compaixão.
A saudade é grande, mas o orgulho é maior ainda, de saber que tanta gente, assim como eu, sente o mesmo, ou mais ainda, pelo que ele era. E isso é o que vale no final! O que você faz enquanto está por aqui convivendo com outras pessoas, vale o que você é de verdade e não o que você tem. Essa é a mensagem que eu aprendi com ele e vou levar pro resta da minha vida por aqui.
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Foto: Marcelo Ribeiro