CONVERSE BADGE II OX
TONY TRUJILLO
VANSDOBRASIL.COM
M Á R C I O
R O B E R T O
Tobias Sklar
EDITORIAL Aniversários são sempre importantes, a gente dando ou não dando bola para eles. Encerrar e iniciar novos ciclos são a essência da evolução. Em 2014 completamos 10 anos, um número emblemático, marcante, digno de comemorações. E assim foi! Esta edição marca os 11 anos de estrada percorridos pela Vista. E um novo período que se inicia, como deve ser. Em momento algum as pessoas que fazem essa bagaça, como costuma dizer o Flavio, se permitem acomodar. Pelo contrário, o grande objetivo é sempre trazer mais e mais "incômodos" para os amigos que nos acompanham. Nossa maior satisfação é proporcionar sacudidas na sua percepção, contribuir para a descoberta de novas possibilidades. Dito isso, parabéns para todos nós que estamos sempre na batalha e obrigado por "comparecerem" a mais uma festinha.
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Dwayne Fagundes // Flip, em Porto Alegre.
foto: Vinicius Branca
giancarlo naccarato andrĂŠ genovesi l.p. aladin patrick vidal roni carlos daniel mordzin pedro biagio filipe ortiz dwayne fagundes
PARES Ă?MPARES
RODRIGO TX BACKSIDE KICKFLIP
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#BUSENITZADV
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Helen Weyss
Renato Cust贸dio
Helen Weyss
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Praça da Sé.
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Pátio do colégio
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29 Introdução Renato Custodio
Sabe quando você conheçe uma pessoa sem ter uma mínima referência e que depois de conhecer você descobre várias coisas em comum? Clichê. Mas é claro que o ponto de partida é o nosso brinquedo eterno, e, claro também, que se não fosse ele nem conheceria a Helen. Enfim, uma arquiteta com formação em história da arte e muito interesse pelo Brasil, passou 5 meses na América Latina, sendo 4 deles aqui. Viajou bastante e nas primeiras semanas tinha sempre um roteiro por museus e lugares com importância para uma arquiteta dedicada. Ela desenhou, fotografou e escreveu bastante sobre o Brasil. De quebra fez um texto exclusivo para uma revista suíça que resolvemos compartilhar aqui na Vista. Porque na Vista pode tudo, não é mesmo?
VIVENDO A VIAGEM Helen Wyss
Já que nunca realmente fico em um lugar, constantemente tenho o sentimento de estar viajando. Contudo, tem momentos nos quais tenho uma casa fixa e momentos nos quais estou viajando de modo comum, sempre acompanhada pelo meu trabalho e o meu skate. Para mim, viajar é conhecer a uma cultura o mais profundamente possível e integrarme nela o máximo possível, a fim de compreende-la melhor e vivencia-la mais intensamente. Os meus olhos, os meus pés e o meu skate me levam pelas travessas e pelas ruas, passando prédios, até praças, parques e ao mar. Desenhando, fotografando e escrevendo, capturo os momentos que quero guardar na minha memória. No enfoque das minhas viagens estão, por um lado a cidade, arquitetura, arte, pessoas e a língua delas, e por outro, o skate. As duas coisas são inseparáveis e tem a mesma importância para mim. Sem skate a cidade seria simplesmente o que é para um turista "normal", com o skate se percebe a cidade de uma maneira totalmente diferente. O skate te guia não só no centro histórico, mas também em bairros distantes – quer ricos, quer pobres, quer bonitos, quer feios –, nas melhores festas, te leva a conhecer os locais e a vezes até a casa de um skatista bonito... Que tem melhor que andar, sozinha ou com amigos, com o skate pelas ruas duma grande cidade? Sem a cidade e tudo o que ela traz consigo – prédios, monumentos, materiais, formas, estruturas, humanos, plantas, animais, cheiros, sons – o skate nunca seria o que é realmente para mim, por isso evito pistas de skate, isoladas e sem caráter.
O destino das minhas viagens quase sempre são países com línguas latinas, onde se falam idiomas que eu gosto, que eu sei falar ou que quero aprender, onde o faz muito sol, onde as pessoas estão abertos e são amáveis. E onde tem muitas praças boas para andar de skate. Por isso sempre volto a Espanha, Portugal e América Latina. A minha última grande viagem, da que acabo de voltar a Europa, foi pelo Brasil. A base da viagem de cinco meses por este pais tão impressionante era São Paulo, Meca de skate e o Nova York da América Latina;* ou melhor, a base era a casa do fotógrafo de skate Renato Custodio, que fez estas imagens minhas e a quem devo muito. Entre outros ele me conectou com skatistas em tudo Brasil, de modo que não tive só sessões boas em São Paulo, mas também sessões inesquecíveis com gente muito fina em Brasilia, Salvador e no Rio. Parte da minha viagem pelo Brasil fizeram as duas saltadas a Buenos Aires e Chile, onde fui visitar amigos, andar de skate e surfar. Em Buenos Aires, onde morei em 2007, andei pelas ruas da capital argentina com as minhas "velhas" amigas de skate e participei do maior evento de skate feminino de América Latina como juíza. Uma vez mais fiquei impressionada da quantidade de skatistas femininas argentinas, brasileiras e chilenas e do nível muito alto delas. As fotos minhas que o Renato fez refletem exatamente o que viajar significa para mim: com o meu olhar, os meus pés e o meu skate descobrir e vivenciar cidades, a arquitetura, as praças, os parques e a arte, além de conhecer e compreender os moradores. `
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F: Alex Brandão
Não um zé qualquer
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Blunt - Barcelona • F: Alex Brandão
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Ollie - São José do Rio Preto • F: Lauro Casachi
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São José do Rio Preto • F: Lauro Casachi
Cab flip - Barcelona • F: Alex Brandão
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Fs Noseblunt - Barcelona • F: Alex Brandão
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SS fs shove-it - São José do Rio Preto • F: Lauro Casachi
Nollie shove-it - Barcelona • F: Alex Brandão
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Intro: Marcelo Just Entrevista: Tobias Sklar
Quem me apresentou o Zezinho foi o Maninho, em 2008, bem quando estávamos começando a Foton. Ele tinha muito a ver com a equipe e com as ideia que a gente tem sobre skate. Fora que ele anda muito, bastante técnico e com uma leveza que impressiona. Mesmo morando no interior de São Paulo, em São José do Rio Preto, e cuidando da família dele, o Zezinho nunca deixou de produzir, viajar e apresentar coisas novas pra gente. Quem conhece o Zé, sabe que ele vai longe pois tem os pés no chão sempre e com certeza muita coisa boa vai acontecer pra ele no skate. Quem é o Zezinho Martins? O filho da dona Andreza e seu Sebastião, nascido no interior da Bahia e criado no interior de São Paulo em uma infância saudável e tranquila na pacata cidade de Birigui. Lá tive o prazer de conhecer o skate e através dele fazer grandes amizades, que mesmo não estando mais no skate estão presentes na minha vida. Pulando do interior de SP para a capital, Zona Sul, Centro, Guarulhos, também tive o prazer de conhecer pessoas incríveis que me ajudaram bastante na evolução pessoal, inclusive minha esposa, com quem tive 2 filhos e então optamos por voltar ao interior para criarmos as crianças com tranquilidade. Do começo até aqui trabalhei em poucos lugares que não eram relacionados ao skate, e no skate sempre com a vontade de ajudar de alguma forma o movimento, não só andando.
Quais as alegrias e tristezas de ser um skatista no interior do Brasil? Andar em vários picos bons que quase ninguém andou, tranquilidade, ter água gelada perto de quase todos picos, conhecer e andar com uma galera que te admira como pessoa, ajudar a dar uma visibilidade maior para uma região muito boa, mas que era conhecida como "vale da miséria". Com certeza são algumas alegrias. As tristezas são as mesmas de quase todos os lugares que não são capitais, acham que você não está andando de skate ou não está trampando para o mercado de skate só porque não está nos grandes centros, não acreditam que existe vida por aqui. Que sonhos você já realizou andando de skate? E o que ainda falta? Realizei o sonho de ter condições de viver andando de skate até hoje e sustentar família, de conhecer vários lugares diferentes, de certa forma ter atingido liberdade. Ainda faltam vários, tipo conhecer outros lugares pelo mundo, de ajudar manter e melhorar toda engrenagem do skate no interior e no Brasil.
Na edição passada publicamos um desenho seu, como isso começou? De onde vem sua inspiração? Em que momento você desenha? Isso foi muito louco, na real eu sempre gostei de desenhar, desde o primário, mas eu sempre achei que meus desenhos não eram bons, mas enfim, depois de um tempão só focado em skate sem desenhar, estava na casa de um camarada skatista que desenhava também e comecei a me arriscar de novo. Foi onde ele me ensinou uma técnica de sombra e eu não quis mais parar de fazer aquilo. Sempre que eu estava com uma música na cabeça tentava retratar a cena em desenhos, sempre que tinha um tempo em casa eu desenhava e tentava evoluir nos detalhes e melhorar os traços, fui então percebendo que todo mundo sabe desenhar, todo mundo já desenhou ou tentou alguma vez, na infância ou pra zoar alguém, é um modo de expressão! Mesmo que não seja perfeito, mas alguma coisa da sua personalidade você passa para o desenho. Nunca tive pretensão de nada com meus desenhos, apenas passar pro papel um pensamento ou ideia de alguma coisa para guardar ou presentear alguém. Para fechar, o que você acha que vai sentir ao rever essa entrevista daqui 10 anos? Sinceridade? Não sei! Dez anos, muito tempo, muitas mudanças, espero estar vivo, dez vezes melhor e me orgulhar dessa minha história.
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Sandro Testinha
Heverton Ribeiro
a mISsテグ CONTINUa!
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Fs 180 fakie pivot
Bs flip 270
Ss fs heelflip
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Faz algum tempo queríamos compartilhar a história do Vinícius Evaristo, mais conhecido como Vina, que toca um projeto social chamado Next Up Foundation, nos Estados Unidos. Uma figura ímpar, sem dúvidas, afinal é um brasileiro morando na América trabalhando o skate como ferramenta social. Mais um desses caras fora da curva que temos o prazer de apresentar aqui na Vista. E como o assunto é social skate, ninguém melhor que o Sandro Testinha para dar uma engrossada no caldo e o próprio Vina para falar sobre o percurso que o levou até esse momento. Ah, e o cara ainda anda muito!
Vina: O projeto existe desde Julho de 2010, de lá pra cá já foram mais de 400 sessões, mais de 12 mil crianças atendidas, diversas excursões para algumas empresas do skate para que eles pudessem ver de perto como uma empresa funciona, diversas pistas de skate e presença de muitos skatistas Amadores e Profissionais em nossos programas nas cidades de Anaheim, Santa Ana e Long Beach. Para citar alguns Danilo Cerezini, Carlos de Andrade, Danilo Rosario, Billy Marks, Rodrigo TX, Geoff Rowley, Ronnie Creager, Felipe Gustavo, Leticia Bufoni, Matt Miller, Milton Martinez, Tiago Lemos, Carlos Iqui, Carlos Ribeiro, Danny Montoya, Rodrigo Petersen, Andre Genovesi, Kelly Hart, Ryan Gallant, Sewa Kroetkov, Youness Amrani, Joey Brezinski etc etc etc! Muitos mesmo!
Sandro Testinha: Eu conheci o Vina no começo dos anos 2000, em Ribeirão Preto, quando eu fazia umas tours pelo estado de São Paulo divulgando e explicando o que era o projeto social que eu fazia na antiga Fundação Casa na capital. Ele e o pessoal da InterSP tinham uma forma bem organizada de trabalhar com o skate por lá e se interessaram em saber sobre meu trabalho e o que eu fazia com os jovens aqui em São Paulo. E a partir dai ele se interessou mais e mais sobre esse tipo de trabalho voluntário.
Testinha: Eu sempre curti muito o fato de ele andar muito bem de skate também, porque além de tudo é uma grande inspiração pra todos que estão praticando ali na ONG com ele. Porque na vida é muito importante ter ídolos, para nos inspirarmos e termos como exemplos. Ele sempre fala de mim e dos projetos que fizemos aqui no Brasil, mas eu gostaria também de dizer que ele é um dos meus ídolos, por ser esse exemplo de pessoa boa e batalhadora, um grande skatista que pensa muito além dos seus próprios sonhos.
Vina: Na real, nos conhecemos nos campeonatos no final dos anos 90, começo de 2000. Ele e o finado Spanto, da Typo. Uma vez, através da interSP, fizemos uma demo na Febem de Ribeirão Preto e o Testinha ficou sabendo. Ele tava com planos pra estender o programa pra diferentes cidades. Acho que essa demo nossa saiu em uma nota na Tribo, senão me engano, dai ele entrou em contato comigo. Veio pra Ribeirão com o Mario Pereira. Nos encontramos e eles me treinaram pra essa posição de voluntário. Foi assim que começou os trampos em Ribeirao, que senão me engano foi a primeira extensão do programa. Testinha: Ele acabou virando voluntário na Fundação Casa junto comigo durante um ano praticamente, não lembro ao certo. Depois desse tempo ele teve a oportunidade de ir para a Califórnia, viver o sonho de qualquer skatista brasileiro, e do resto do mundo. Lembro que ele ficou bem triste por ter que parar o trabalho voluntário com a gente. Mas esse tipo de coisa (oportunidade de mudar pra Califórnia) só acontece uma vez na vida, né? Depois de um certo tempo na América ele me mandou uma mensagem dizendo que ia começar a fazer um projeto semelhante ao que fazíamos aqui. Aquilo me deixou muito feliz, me fez sentir muito orgulho de tudo que tínhamos vivido enquanto ele esteve como voluntário com a gente aqui, pensar que lá do outro lado do mundo aquilo ia ter uma continuidade.
Vina: O projeto está indo bem, porém existe muitas coisas a serem feitas ainda. Existem muitas leis na Califórnia que se transformam em obstáculos a serem ultrapassados. É extremamente complicado trabalhar com crianças aqui, devido as leis. Eu ainda faço todo esse trabalho voluntário, não tenho um salário. A meta é ter o nosso próprio prédio com a nossa própria skate park em um futuro bem próximo e ter dinheiro pra pagar um time de funcionários. As coisas estão caminhando pra essa direção, mas as vezes não na velocidade que queremos. O legal dessa jornada toda são as lições de vida que aprendemos, e uma das mais difíceis e importantes que temos que aprender é PACIÊNCIA. Gostaria de agradecer a todas as pessoas que estão comigo nessa jornada. São realmente muitas e se eu começar a citar nomes com certeza esquecerei de alguém. Portanto, quero agradecer a todos que ja me ajudaram nessa missão, direta ou indiretamente, até mesmo com um pensamento positivo! Muito obrigado por todo apoio, muito obrigado pelo crescimento como pessoa, como profissional que vocês todos contribuíram e auxiliaram a proporcionar. Avante sempre! Como diz meu amigo Sandro Testinha "A missão continua!"
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Over crooked.
S達o Paulo - f: Carlos Taparelli
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Arte AM Muda
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Felipe Ortiz - ss ollie • São Paulo SP - f: Bruno Park
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Pablo Cavalari - bs flip • Sorocaba SP - f: Chores Rodriguez
Junior Pig - fs crail • São Paulo SP - f: Carlos Henrique
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S達o Paulo SP - f: Carlos Gabriel Motta
S達o Paulo SP - f: Carlos Taparelli
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Misha Cracker - ollie • San Francisco USA - f: Daniel Beck
Vitor Roggia - ss bs noseslide • BrasĂlia DF - f: Camilo Neres
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Fรกbio Cristiano - ss pop shove-it โ ข Rio de Janeiro RJ - f: Dhani Borges
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