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Homenagens

Gilberto Gil

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Gilberto Gil é um dos artistas que melhor consegue reunir tradição e contemporaneidade em sua obra. Baiano, nascido no sertão do Nordeste, sua carreira começou no acordeon, ainda nos anos 50, inspirado pelo mestre Luiz Gonzaga. Levou sua musicalidade ao violão e à guitarra elétrica, pouco depois, chegando a fundar a Tropicália em 1963, ao lado de Caetano Veloso e outros grandes artistas da época. Além de deixar seu nome marcado no cenário musical brasileiro, Gil emprestou o seu talento para diversas produções audiovisuais, como o filme Eu, Tu, Eles (2000), de Andrucha Waddington, em que atua como curador musical. Fez sua primeira colaboração para o cinema ainda em 1969, no filme Brasil Ano 2000, de Walter Lima Jr., e, no ano seguinte, assinou a trilha sonora de Copacabana Mon Amour, de Rogério Sganzerla. Entre suas diversas outras participações, destacam-se, ainda, os filmes Quilombo (1984) e Um Trem Para as Estrelas (1987), ambos de Cacá Diegues, além das adaptações da obra de Jorge Amado realizadas por Nelson Pereira dos Santos: com a canção “Babá Alapalá” (1977), que abre o filme Tenda dos Milagres, e a música tema de Jubiabá (1987). Já como personagem, Gil aparece nos documentários Doces Bárbaros (1976), de Jom Tob Azulay; Tempo Rei (1996), de Andrucha Waddington, Lula Buarque e Breno Silveira; e Viva São João! (2001), de Andrucha Waddington. Neste ano, o Festival exibirá um trecho do inédito Disposições Amoráveis, de Ana de Oliveira, que traz as percepções do artista passando por Chile, Índia e Uruguai. Sem dúvidas, Gil inspirou diversas obras do cinema nacional, assim como foi inspirado por elas para criar composições e deixar registradas sua sensibilidade e genialidade em diversas trilhas sonoras. Gilberto Gil é a síntese do melhor do Brasil. Uma explosão de talento, carisma, inteligência e representatividade. É uma honra e um prazer reverenciá-lo e, desta forma, homenagear o nosso país.

Lucia Caus

Diretora do 27º Festival de Cinema de Vitória

Foto: SergioCardoso

Claudino de Jesus

Claudino de Jesus possui uma trajetória múltipla no mundo das artes, em especial no audiovisual. Seu engajamento em causas coletivas, como a defesa da democracia e da diversidade, fizeram-no romper os limites até mesmo em outras áreas de atuação às quais se dedicou, como a medicina, o ensino e o meio ambiente.

Natural de Barra de São Francisco, município do noroeste capixaba, produtor, ator, cineclubista, técnico e diretor nas áreas de audiovisual e artes cênicas, Claudino chegou à presidência do Conselho Nacional de Cineclubes no início da década de 1980, na qual ficou até 1995, e retornou a essa função entre os anos de 2004 e 2010. Também ocupou a presidência da Federação Internacional de Cineclubes (FICC) por quase dez anos, de 2010 a 2019.

O nome de Claudino de Jesus é um dos principais na retomada do movimento cineclubista brasileiro no início dos anos 2000. Sempre motivado pela prática da militância, Claudino enxerga o cineclubismo para além do debate sobre filmes, percebendo-o como um espaço de diálogo, através do cinema e da cultura, para a formação de cidadania. Esse multitalentoso artista também criou a Verve Produções, em 1986, na qual desenvolveu inúmeras funções em vários filmes, entre eles A Morte da Mulata, de Marcel Cordeiro; O Fantasma da Mulher Algodão, de Margarete Taqueti; Ilhas Caymã, de Gabriel Perrone; O Homem Que Sonhava Fotografia, de Sebastião Ribeiro Filho; Expedição Tabachi, de Claudino de Jesus e Marcel Cordeiro; e Baía do Espírito Santo, de Claudino de Jesus. O Festival de Cinema de Vitória tem a grande felicidade de homenagear esse artista tão importante para o Cinema.

Lucia Caus

Diretora do 27º Festival de Cinema de Vitória

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