Um sonho iluminado
dezembro/12 • Edição 42• Ano V • Distribuição gratuita
Brasileiros em Londres e Nova Iorque esperam que a neve torne a noite de Natal inesquecível
No limite
Alta tensão
Indústria esportiva investe pesado em tecnologia e suscita debate polêmico
Redução de taxas de energia esquenta embate de Dilma e Aécio por 2014
TodAs As porTAs dA AssembleiA esTão AberTAs pArA Você. Participar da vida política é direito de todo cidadão. Por isso, a Assembleia facilita o acesso para você chegar à Casa do Povo. Você pode acompanhar o trabalho dos parlamentares, consultar os projetos e as notícias e apresentar sugestões. Acesse a Assembleia pela internet, TV ou telefone. Ou venha aqui pessoalmente. Fique à vontade, a Assembleia é a sua Casa.
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A Revista Vox é uma publicação mensal da Vox Domini Editora Ltda. Rua Tupis, 204, sala 218, Centro - Belo Horizonte - MG CEP: 30190-060.
“... O povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32) • Editor e jornalista responsável Carlos Viana • diagramação e arte Graziele Martins • Capa Natural History Museum • Reportagem André Martins Ilson Lima Thiago Madureira • ESTAGIÁRIas Bianca Nazaré Luísa Reiff Guimarães • CORRESPONDENTES Greice Rodrigues -Estados Unidos Ilana Rehavia - Reino Unido • diretoria Comercial Solange Viana • anúncios comercial@voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990 • ATENDIMENTO jornalismo@voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990 www.voxobjetiva.com.br • REVISÃO Versão Final • tiragem 30 mil exemplares Os textos publicados em forma de artigos, produzidos por colunistas convidados, expressam o pensamento individual e são de responsabilidade dos autores. Todos os direitos reservados. Os textos publicados na revista Vox Objetiva só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores.
Editorial
CARLOS viana Editor-Chefe carlos.viana@voxobjetiva.com.br
O interesse público Quando o Brasil realizou o processo de privatização de estatais, sob o comando de Fernando Henrique Cardoso, a imagem e as condições para investimento no país eram as piores possíveis. Mas os tempos mudaram! Hoje grandes grupos internacionais enxergam o Real como uma grande possibilidade de ganhos. A maior parte do investimento externo dos últimos anos tem chegado às bolsas para compra de empresas nacionais. Esse mesmo interesse levou os investidores a adquirirem ativos de empresas do setor elétrico consideradas, em qualquer lugar do mundo, como estratégicas e fundamentais para o crescimento de uma economia. Dependendo do país, as regras podem não ser tão democráticas como no Brasil. Em alguns, vigoram restrições a grupos estrangeiros e ao investimento nas áreas consideradas exclusivas do Estado local. Não é preciso ser especialista para entender que o custo da energia elétrica está entre os primeiros itens do chamado “Custo Brasil”. Produzir entre nossas montanhas fica mais caro. As contas de energia estão turbinadas por contribuições e impostos criados para financiar um sistema que já está consolidado. A decisão da presidente Dilma de reduzir o valor das contas, renegociando os contratos com as concessionárias, é uma decisão fundamental para a retomada do crescimento. O debate em torno do assunto não deve se restringir, como querem alguns, apenas às questões partidárias ou a interesses de grupos estrangeiros. Reduzir o valor da conta é uma decisão que atende aos interesses dos donos do sistema elétrico que somos nós, os brasileiros. É hora de aprendermos a valorizar o que reconstruímos como país nas últimas décadas. O que não valia nada, ou quase nada, hoje é visto com grande interesse e lucro certo em um tempo de recessão e desemprego nas principais economias do mundo. Os preços das ações das elétricas hoje despencaram, mas o jogo não terminou. Voltarão a subir quando as negociações estiverem definidas e finalizadas. O lucro dos investidores estrangeiros não vai terminar nem sofrer restrições. Na prática, chegou a hora de dividir de forma mais justa os ganhos do que foi construído com muito sacrifício por gerações e gerações de brasileiros.
MetrOpolIS • OLHAR BH
Ao mestre, com carinho Marcos Vinícius Pereira Ele domou o concreto e trouxe ao mundo ícones do modernismo. Por meio de traços curvos, porém firmes, joias da arquitetura surgiram. Foi com Brasília que o arquiteto carioca Oscar Niemeyer pôs à prova toda a sua genialidade, mas foi em Belo Horizonte que o merecido reconhecimento surgiu. Com o presidente Juscelino Kubitscheck, Niemeyer presenteou Beagá com verdadeiras obras de arte. Nas brises do Edifício Niemeyer, incrustado na Praça da Liberdade, é possível ver as curvas de concreto armado do arquiteto. Até hoje essas formas encantam e seduzem. Niemeyer morreu no dia 5 de dezembro de 2012, aos 104 anos, em decorrência de insuficiência respiratória.
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sumário Divulgação
Martha Sachser
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entrevista • MURILO ANTUNES
Ele conhece, como ninguém, a trajetória de quem fez a história da música mineira Stock.xchng
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Capa................................................................... HORIZONTES •
NATAL
Uma viagem por luzes e cores em Londres e Nova Iorque. Pistas de gelo e as vitrines de lojas são atrações para os turistas
ORIENTE MÉDIO • Frei Geraldo van Buul
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metropolis..............................................
A assunção de Maria...........................................................
Oposição tacha redução de energia do governo de estratégia eleitoreira
PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci
POLÍTICA • ENERGIA
Cheiro familiar....................................................................
Artigos............................................................................. IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira Benefício da própria torpeza.................................................
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política • Paulo Filho Os royalties, a Rose, o Lula e o Valério...................................
justiça • Robson Sávio Sobre o PCC, prisões e perigos.............................................
meteorologia • Ruibran dos Reis A mídia e a mudança climática............................................
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MODA • Clair Jesus O calendário e a moda.........................................................
crônica • Joanita Gontijo Siga em frente! É proibido retornar......................................
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SALUTARIS........................................................................
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RECEITA • PALADAR Risoto de camarão............................................................
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VINHOS • Danilo Schirmer As borbulhas de fim de ano.............................................
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Stock.xchng
Divulgação/ Fluminense F.C.
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PODIUM......................................................... esportes • PONTOS CORRIDOS
Formato de disputa do Brasileirão se consolida e completa 10 anos Bianca Nazaré
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Salutaris.................................................. SAÚDE • DIETA
Mineiros consomem muita fruta, mas se esbaldam na gordura
Divulgação/ Adidas
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kultur.......................................................... história
• FERNANDO MONSTRINHO
O produtor cultural, vítima de doença degenerativa, mostra que a vida deve ser uma vitória diária Divulgação/ Fox Film do Brasil
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Vanguarda.............................................. TECNOLOGIA • ESPORTE
Supermaiôs, chuteiras com chipes, tecidos inteligentes: a tecnologia no esporte
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kultur.......................................................... CINEMA
• AS AVENTURAS DE PI
Ang Lee dirige obra extraordinária que fala de superação e fé
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VERBO
Para a posteridade Murilo Antunes lança filme para registrar as memórias, as músicas e preciosas amizades feitas em Belo Horizonte. Ele é autor de letras de diversas canções interpretadas por grandes artistas da MPB Bianca Nazaré Vindo de Pedra Azul, no “miudinho esplendoroso” chamado Vale do Jequitinhonha, Murilo Antunes encontrou em Belo Horizonte o que viria a ser seu estilo de vida: arte, poesia e música. Na cidade, reuniu-se com ícones da música mineira para com eles compor letras poéticas que se tornaram cânticos inesquecíveis de Minas e do Brasil. Murilo desliza pelo mundo da arte. Como poeta, publicou os livros O gavião e a serpente, de 1979, e Musamúsica, de 1990, além de publicações em revistas e jornais literários. Como letrista, compôs músicas interpretadas por diversos artistas renomados no cenário da MPB, como Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini, Nana Caymmi, MPB-4, 14 Bis, Djavan, Mart’nália, Maria Rita, dentre outros.
importantes compositores da música mineira. São 80 minutos de música e bate-papo com alguns de seus melhores amigos de juventude. Ninguém menos que Márcio Borges, Ronaldo Bastos, Tavinho Moura, Flávio Venturini, Toninho Horta e interpretações musicais com novos nomes da música mineira. Você diz que uma das razões de ter decidido fazer o filme é que havia poucos filmes sobre letristas. Você acredita que o trabalho do compositor não tenha o reconhecimento merecido?
“Mesmo quando a gente fala de política, requer amor. Amor ao país, amor aos brasileiros. Amor às pessoas do mundo”
No cinema, Murilo Antunes produziu o longa Cabaret Mineiro e fez parceria com Tavinho Moura no filme Perdida, obras de Carlos Alberto Prates Correia. Atuou no filme Idolatrada, de Paulo Augusto Gomes, e nos curtas Irmãos Piriá, de Luiz Alberto Sartori, e Solidão, de Aluizio Salles Júnior.
Em comemoração ao aniversário de 60 anos, Antunes lança o longa-metragem autobiográfico Murilo Antunes – como se a vida fosse música. Recheado de música e poesia, Antunes, que foi o diretor artístico do filme, viaja até Pedra Azul para contar um pouco da sua história, de descendente de lobisomem até chegar ao posto de um dos mais
Não acho que seja isso. O nosso trabalho é meio de bastidores mesmo. Como a gente não é o cantor, não é o intérprete, as pessoas vão deixando um pouco para lá, de abordar essa coisa... a poesia da música. Eu acho que é um filão muito interessante. Para quem escreve, para os poetas do mundo, essa plataforma da música chega muito mais rápido e mais diretamente nas pessoas. Daí uma das razões para eu ter escolhido isso, trabalhar com poesia desde os 18 anos de idade. Não tinha 19 anos, quando compus a primeira música. Eu comecei a compor com o Sirlan. A gente ia muito ao antigo bar Saloon. Reunia uma turma muito boa, juntando literatura e música. Era o Fernando Brant, o Márcio Borges, o Sérgio Santana, o Jaime Prado Gouvêa. Aquela turma do Suplemento Literário mais o Tavinho Moura, Toninho Horta... Encontrávamos muito ali para tomar uma cerveja,
Bianca NazarĂŠ
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conversar. Quem chegava, às vezes trazia o violão, mostrava uma música nova. E como você se encontrou com esse pessoal? Vocês estudavam juntos? Não. O primeiro colégio que eu estudei foi o Estadual Central. Muitos dessa turma nossa não eram da mesma sala, mas eram contemporâneos do Estadual. Havia várias pessoas. Tinha o Fernando Pimentel, que foi o prefeito de Belo Horizonte e hoje é ministro. Eram muitas pessoas ligadas à arte. Era um colégio muito bom e teve uma importância muito grande na minha formação. A primeira pessoa que eu conheci foi o Toninho Horta. Uma das minhas colegas de Estadual era amiga dele. Um dia, acabando a aula, nós fomos para a casa dela, e o Toninho chegou lá tocando violão. Eu sempre gostei muito de música, e a gente foi fazendo amizade. Nós saíamos para fazer serenata. Um tempo bom... A gente podia sair na madrugada e ficar cantando para as moças, sem perigo de ser assaltado. Então fomos muito amigos, como somos até hoje.
desagradáveis para a música poder acontecer. Mas essa letra era mesmo um protesto contra a ditadura? Era para a gente contestar, fazer tudo para criticar a ditadura. Esse era o nosso papel na época. A música faz uma alusão ao Zapata. O nome dela é Viva Zapátria. Faz alusão ao guerrilheiro mexicano, Emiliano Zapata. Pancho Villa e Zapata fizeram a revolução mexicana. Assim como tinha acontecido recentemente a revolução cubana. As coisas do Chile, com o Allende (Salvador Allende). Tudo era um movimento de contestação a todas as ditaduras do mundo. Então a gente também não estaria fora disso.
“Eu falo que faço poesia quando ela quer, porque você não sabe a hora em que vai ter vontade de escrever”
Sempre tinha algum movimento, algum show, e nesses shows eu fiquei conhecendo o Márcio Borges, o Fernando Brant, e a gente foi “tomando” uma amizade. Eles estavam fazendo a música que eu adorava. Então, de meus ídolos, passaram para meus parceiros de profissão. A gente começou a trocar ideias. Eu fiz a minha primeira música e, depois, a Viva Zapátria. Uma amiga nossa gostava muito dessa música. Era a senhora dona do Saloon.
Uma vez ela gravou, em fita K7, o Sirlan cantando essa música. E sem a gente saber, ela inscreveu a Viva Zapátria no Festival Internacional da Canção de 1972. Esse festival foi transmitido para o Brasil inteiro e teve uma repercussão muito grande, mas também teve outras repercussões negativas... A gente teve que ir ao Rio de Janeiro, na censura federal, porque tinha a censura prévia. Ocorreu uma série de coisas
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Com esse negócio da censura prévia, a gente usava muitas imagens metafóricas. Não dava para ser explícito. Na arte também não cabe muito isso. A gente tinha que usar uma forma poética de contestação. Não era direto, mas falava de insatisfação: “Esse meu sangue fervendo de amor / Aterrissam falcões onde estou”. Os falcões para mim eram os ditadores, as aves de rapina, e por aí vai...
Você fala que a poesia é criada quando ela quer, não na hora que você quer. Como isso acontece? Isso. Não adianta eu acordar e dizer “hoje eu vou escrever”. A gente vai se concentrando, lendo coisas, ouvindo música,... Vai se concentrando como todo mundo. E à medida que a gente vai se concentrando, chega-se a uma ideia principal: a ideia que a gente precisa. É um trabalho mesmo. Não tão trabalhoso, mas precisa que você tenha essa concentração; essas observações do mundo. Por isso, eu falo que eu faço quando a poesia quer, porque você não sabe a hora que vai ter vontade de escrever. Sei lá. Você anda na rua e vê um assalto. Isso pode ser um motivo de uma canção. Você vê uma criança, uma notícia na televisão que desperta uma ideia... Paixões que acontecem, né?
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Realmente suas músicas falam mais de amores. Grande parte delas, sim: fala de amor. Mas mesmo quando a gente fala de política, requer amor também. Amor ao país, amor aos brasileiros. Amor às pessoas do mundo. Eu sempre trabalhei com esses dois pilares. Eu falo que a minha inspiração vem de uma pessoa que eu lia muito nos meus 18, 19 anos... Um poeta russo de quem eu gostava muito: Maiakóvski (Vladimir Maiakóvski). Nos poemas dele havia dois pilares, que eu acho que eu tenho também na minha composição e na minha poesia: a política e o amor. Então nesses dois vieses, a gente vai andando... Você acha que as suas letras são características da música de Belo Horizonte? As letras do Clube da Esquina, em comparação com uma Tropicália, uma Bossa-Nova, são bem diferentes. São mais poéticas. Você acredita que contribuiu para isso? As minhas letras são típicas da música de Minas, não só de Belo Horizonte. Acho que é o seguinte: Minas Gerais é espetacular. Se você pensar, nós não podemos renegar os nossos poetas, né? Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Pedro Nava. Os nossos escritores Fernando Sabino, Hélio Pellegrino. É tão vasta a nossa criação poética. Alphonsus de Guimaraens... Tem os anteriores ainda, sem contar os inconfidentes. Então todos esses aí ajudam a gente a trilhar esse caminho. Esse universo poético de Minas Gerais, que é muito forte, é o responsável pela nossa poesia na música. Junte-se a isso outras artes. Se for para o lado da escultura, desde Aleijadinho a Ataíde e tudo. A gente vivia cercado de coisas muito boas. E quando eu vi crescendo e conhecendo outros mineiros da música moderna, o Milton, o Fernando Brant, o Ronaldo Bastos - o Márcio Borges especialmente -, com eles eu aprendi muito, porque eu sou um pouco mais novo que eles; pouca coisa. Eles tinham começado a fazer, Loremeu Ipsum Dolar sit amet mas ainda não. Eu comecei ouvindo muito eles. Eu consectetur adipiscing elit. fui então juntando uma argamassa para uma obra. Praesent malesuada urna ornare libe.
E Pedra Azul? Na letra Era menino e Tesouro da juventude você, aparentemente, está falando de você
Murilo Antunes reúne antigos nomes da MPB e novos artistas em documentário autobiográfico .........................................................................................................................
mesmo, da sua infância. Isso foi quando você morava em Pedra Azul? Eu nasci em Pedra Azul e saí de lá quando tinha 7 anos. Fui morar em Montes Claros. Pedra Azul era uma cidade pequena. Tem 25 mil habitantes até hoje. Naquela época, a cidade deveria ter seus 15 mil habitantes. Lá não expandiu; não cresceu. As pessoas vão saindo para estudar. Lá não tem uma faculdade; não tem jornal. É muito legal assim... para ter uma cultura regional. Lá tem manifestações muito originais. Tem o Boi de Janeiro. Do Natal até o Dia de Reis, eles fazem grupos de cinco a oito pessoas. Então tem um boi vestido - uma armação de boi com pano de chita - assim muito colorido. Eles vão dançando pela rua, e os músicos tocando flautinha de pífano, viola, violão e sanfona. Esse boi vai “futucando” as crianças, correndo atrás das pessoas e cantando músicas próprias. É muito bacana. Confira a entrevista completa no site.
Serviço O DVD Murilo Antunes – como se a vida fosse música pode ser adquirido nas lojas Acústica CD’s, Loja Diskoteka e na Livraria Leitura. Ou ainda na loja virtual Sonhosesons.com.br.
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Artigo • IMOBILIÁRIO
kÊNIO DE SOUZA PEREIRA Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG keniopereira@caixaimobiliaria.com.br
Benefício indevido Uma parcela de construtores tem ignorado o bom senso na hora de vender imóveis. Além de desrespeitar, menosprezam a inteligência dos compradores. A atitude afeta negativamente o mercado ao desmotivar novas aquisições de apartamentos na planta. Diante da complexidade que envolve os conceitos jurídicos e técnicos da engenharia, alguns construtores se aproveitam da boa-fé dos consumidores. Contratos são elaborados com algumas cláusulas ilegais e desequilibradas, representando uma verdadeira afronta ao ordenamento jurídico brasileiro. Para citar um exemplo, toma-se um contrato de R$ 1 milhão. Depois de o consumidor pagar 40% do imóvel, o construtor estabelece a quitação dos 60% restantes por meio de financiamento. Além disso, determina que o comprador passe a arcar com a taxa de condomínio e o IPTU da unidade adquirida, após a obtenção da Baixa de Construção (antigo Habite-se). Ao assumir esse ônus, o comprador adquire o direito de ocupar o apartamento imediatamente. Mas o contrato condiciona a transferência da posse do imóvel somente após a construtora receber o valor total da compra. Aí se observa a “esperteza”, pois poucos são os compradores capazes de destrinçar esses contratos.
de Imóveis. Esse documento é obtido somente 30 dias após a construtora entregar ao cartório a Baixa de Construção e a Certidão Negativa de Débitos (CND) do INSS. Só que algumas construtoras não cumprem essa obrigação. E sem a apresentação dessa documentação pela construtora, o cartório não pode entregar o registro da unidade individualizada. Então o comprador não consegue ficar quite com a construtora. Como se não bastasse, a construtora acaba se beneficiando. Primeiro, porque a dívida do comprador é corrigida pelo INCC/CUB ou IGP/INPC ou IGP-M. E a partir da entrega da Baixa de Construção, é cobrado um juro de 1% ao mês sobre o saldo devedor. Esse percentual onera o saldo devedor em torno de 19% ao ano. Com isso, o comprador é apenado injustamente. Ele poderia ter quitado a dívida pagando uma taxa de 7% a 10% ao ano, caso a construtora tivesse entregado o documento apto a financiar o imóvel.
“Felizmente a maioria dos construtores é honesta, concede a posse ao comprador e não cobra os juros”
A aprovação do financiamento perante a instituição financeira depende da apresentação da matrícula do apartamento individualizada no Cartório de Registro
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Aproveitando-se de um contrato malicioso e da ingenuidade do comprador, que muitas vezes dispensa uma assessoria jurídica qualificada acreditando ser “desperdício de dinheiro”, a construtora se beneficia do próprio descumprimento contratual. Caso fosse previamente contratada uma assessoria especializada, situações como as descritas seriam evitadas. O comprador pagaria somente o que realmente deve e não cairia nas armadilhas do mercado imobiliário.
Notas Sobre duas rodas
Natália Olívia
Mark Sanders levou as tradicionais bicicletas a um novo nível e criou um modelo dobrável, elétrico, recarregável e sem correntes. A praticidade e o design da magrela do inventor inglês pode contribuir para que mais pessoas se tornem adeptas à troca dos veículos automotores pela bicicleta. Reprodução
O presidente do Sindepominas, Marcos Chedid (esq.), o deputado federal Rodrigo Grilo, o jornalista Carlos Viana e o chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Sylton Brandão ............................................................................................................
A cada dois anos é promovida a entrega da Medalha Dr. Davidson Pimenta da Rocha pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de Minas Gerais. O prêmio é um reconhecimento aos profissionais e a personalidades que contribuíram para o desenvolvimento da categoria e do trabalho classista do Sindicato. Neste ano foram homenageados representantes dos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, além de empresários. O editor-chefe da Revista Vox Objetiva, Carlos Viana, esteve entre os condecorados.
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Trem-bala
Chave da cura?
O governo lançou o edital do projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV), que vai interligar Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. O documento esclarece as condições para a participação dos interessados, as formas de apresentação da documentação, o critério de julgamento do leilão e as demais condições para a celebração do Contrato de Concessão. O novo prazo para o leilão que vai definir o grupo responsável pela operação, conservação e manutenção do TAV está previsto para o dia 19 de setembro de 2013.
Um tratamento experimental vem obtendo sucesso com pacientes de leucemia. Nos laboratórios americanos, cientistas utilizaram o vírus HIV-1 inativo (que não causa danos ao receptor) para levar às células-T os genes que combatem esse tipo de câncer. Assim o próprio sistema imunológico do paciente atacaria as células cancerígenas. O responsável pela pesquisa, que obteve sucesso em três pacientes, é Dr. Carl June, da Universidade da Pensilvânia.
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MetrOpolis • POLÍTICA
Águas da discórdia MP do setor elétrico provoca mais um embate entre tucanos e governo federal. Disputa antecipada pela presidência é cada vez mais explícita Ilson Lima Stock.xchng
Abastado em recursos hídricos, o país deveria ter uma das tarifas de energia mais baixas do mundo, é o que tem defendido a presidente Dilma .............................................................................................................................................................................................................................................................
A Medida Provisória 579 entra em vigor a partir de 2013, depois de ter sido aprovada no Senado, no último dia 18 de dezembro. Com isso, a indústria, os setores pequenos e médios da cadeia produtiva e o consumidor residencial vão ser beneficiados com a redução das tarifas de energia elétrica. A medida gerou mais uma polêmica entre os principais atores envolvidos na disputa para a eleição à presidência da república, em 2014, e dividiu setores do grande empresariado nacional. Em resumo, a MP vai provocar forte impacto na economia do país. A redução será de cerca de 16,2% na conta de luz do cidadão comum e de até 28% para a indústria.
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A oposição enxerga objetivos eleitorais na medida, que teria o pretexto de impulsionar a candidatura à reeleição da presidente Dilma. A bancada do PSDB no Congresso, aliados e figuras de renome do ex-governo de FHC partiram para o contra-ataque. Uma tropa de choque chegou a ser montada para rebater a proposta e impor obstáculos à votação na Câmara e no Senado. Mas foi em vão. Agora a MP segue para a sanção presidencial. Apesar de ainda não admitir sua candidatura à presidência, o senador e ex-governador de Minas, Aécio Neves, coloca-se como tal e vinha sendo um dos principais articuladores contra a medida no
MetrOpolis • POLÍTICa
Congresso. Aécio chegou a elevar o tom em suas críticas. “O governo quer fazer cortesia com o chapéu alheio; quer bancar a redução das tarifas com a insolvência das estatais de energia”, disparou. Para aprovar a medida, o governo teve forte apoio das poderosas federações das indústrias de São Paulo e Rio de Janeiro – Fiesp e Firjan. As entidades vinham fazendo campanha declarada pela aprovação da MP. Por sua vez, a Fiemg agia de forma velada. As lideranças empresariais mineiras vinham mantendo absoluto silêncio sobre a questão. Na entidade, comenta-se que os empresários mineiros não querem arrumar confusão com o candidato Aécio Neves, um dos líderes da oposição e favorito entre os tucanos para ser o candidato na eleição de 2014. A rejeição à MP no meio empresarial partiu dos acionistas das estatais de energia elétrica de São Paulo, Minas e Paraná. As concessionárias representam empresas de importância na economia do país. Coincidência ou não, as estatais nesses estados são controladas por governos tucanos, que recusaram a proposta de redução das tarifas de energia do governo federal. argumentos prós e contras Sabendo que teria de enfrentar uma queda de braço com a oposição, o governo se preparou para o confronto. O apoio social à proposta se sustentava em argumentos significativos que vinham sendo utilizados pela Firjan, por exemplo. A entidade elaborou um estudo sobre o tema: “Quanto Custa a Energia Elétrica para a Indústria no Brasil?”. Os levantamentos apontam o principal motivo que leva esse setor da cadeia produtiva nacional a apoiar com força total a medida. No Brasil, a indústria paga R$ 329,00 para cada megawatt-hora (MW/h) consumido. “A energia elétrica para a indústria custa caro no Brasil. De fato, sob qualquer ótica, o custo desse insumo essencial para a produção é pouco competitivo. É mais alto do que a média mundial, do que a de todos os outros países do chamado ‘BRICs’
e fica acima da média de seus principais parceiros comerciais, inclusive a de seus vizinhos latinos”, afirma a diretoria da Firjan, por meio do documento publicado no site da federação dos empresários daquele estado. Para o governo federal, as estatais que controlam as antigas hidrelétricas do país – chamadas de “velhas senhoras” pela presidente Dilma – tiveram os custos da construção de suas usinas pagos mais de duas vezes pelos contribuintes brasileiros nos últimos 30 anos – período de concessão para a geração, transmissão e distribuição da energia (GTD). Maurício Tolmasquim é um dos técnicos que defendem a proposta. Ele é presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), subordinada ao Ministério de Minas e Energia, e ocupa cargos nessa área desde o governo Lula. O especialista garante que a medida foi exaustivamente discutida com os setores empresariais e analisada juridicamente para se contrapor aos possíveis questionamentos da oposição no Supremo Tribunal Federal (STF). Existe um diagnóstico comum no governo e nos setores organizados da sociedade sobre a necessidade de tomar iniciativa em determinadas áreas da Wilson Dias/ ABr
A presidente Dilma anunciou que a conta de energia do brasileiro vai cair, em média, 16,2%. Já a redução para a Indústria será de 28% ..........................................................................................................................
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MetrOpolis • política
Antônio Cruz/ ABr
a economista, o Congresso não teve tempo de opinar sobre a questão, e o governo federal deu pouco tempo para a redução das tarifas. Elena Landau ocupou cargos importantes no governo de FHC e presta consultoria para as empresas afetadas pela MP 579. Ela também critica a forma como o governo tratou da renovação das concessões. Para Elena, houve falta de transparência na discussão do assunto, as medidas desrespeitam os valores contábeis estabelecidos nos balanços das empresas, prejudicam os investidores e elevam os riscos regulatório e jurídico do país.
Líder da oposição no Congresso Nacional, o senador mineiro Aécio Neves demonstrou irritação com a MP 579 ..........................................................................................................................
economia, segundo alega Tolmasquim. “Não sei se poderíamos esperar até 2015, 2016 para reduzir as tarifas. A gente tem pressa. E não é pressa do governo: é necessidade do país para retomar o crescimento”, afirma. Para Tolmasquim, a medida vai aumentar a produtividade da economia e, por consequência, aumentar a competitividade da indústria brasileira no momento em que o país passa por uma fase de pleno emprego. Além disso, a medida vai estimular o aumento da eficiência das empresas de energia e reduzir o custo das tarifas para todos os consumidores, além de propor um novo contrato de 30 anos para as empresas que aceitarem as novas concessões. Mas a medida também vem sendo alvo de duras críticas por alguns setores da economia. No mercado de capitais, a queda das ações das empresas de energia provocou uma gritaria geral. Mas o governo considerou normal esse movimento. Na opinião da economista Elena Landau, não se justifica uma medida provisória que desrespeita o lado político e o econômico ao mesmo tempo. Para
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No meio político, o debate tem sido acalorado. O deputado federal Marcus Pestana (PSDB/MG) considera a MP mais uma trapalhada do governo. Ele classifica a medida como “curto-circuito político no setor elétrico brasileiro”. Pestana é presidente do PSDB mineiro e defensor da candidatura de Aécio à presidência. O parlamentar justifica: “na mesma tacada, o governo federal fez o setor elétrico perder mais de R$ 30 bilhões em valor de mercado e provocou especulações na bolsa que levaram a brutais transferências de renda. Os investidores assustados foram forçados a reavaliar sua intenção. Isso cristalizou a percepção de que o governo não respeita o mercado”, acredita. O deputado federal Weliton Prado (PT/MG) não deixa por menos. Em seu entendimento, o consumidor pagaria menos se, além dos incentivos do governo federal, os governos estaduais abrissem mão de parte desses encargos, como a redução do ICMS. “Minas Gerais, por exemplo, chega a cobrar 42% sobre as contas de luz”, diz. O deputado Weliton Prado é membro da comissão especial que analisa a proposta de redução das tarifas de energia na Câmara. O parlamentar ressalta que o setor de energia é um segmento privilegiado, com lucros altíssimos, acima da média. Em 2011, por exemplo, só a Cemig teve um lucro de R$ 2,4 bilhões. Este ano, os ganhos devem superar R$ 3 bilhões. “O lucro é exorbitante. Esse peso se assenta num modelo prejudicial para o consumidor, que paga por ativos amortizados”, ressalta.
ARTIGO - POLÍTICA
pAULO fILHO Jornalista e consultor de Comunicação Social paulojfilho@ig.com.br
Os royalties, a Rose, o Lula e o Valério A discussão sobre os royalties do petróleo no pré-sal é mais uma questão que se encaminha para o STF decidir, por conta dos tais “acordos firmados”. Explorado no mar territorial brasileiro, o óleo do pré-sal suscita a seguinte questão: alguns estados que se dizem “produtores”, o Rio de Janeiro à frente, não abrem mão da partilha dos lucros que ainda virão. No jogo bruto da disputa, o governador carioca, Sérgio Cabral, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, não se furtam ao histrionismo e a bravatas, com passeatas (com ponto facultativo para os servidores públicos) e ameaças à realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
PMDB, sócio majoritário do governo dilmista e partido do governador carioca. Outros assuntos que não são novidade, mas concentram as atenções nesse fim/início de ano, são a divulgação de mais um caso de corrupção no governo e as novas declarações à Procuradoria-Geral da União (PGU) do empresário Marcos Valério. Mais uma vez – e olha que isso vem desde 2005 – os envolvidos são pessoas bem próximas de Lula. O pivô do novo caso de corrupção é a ex-chefe de gabinete da representação da presidência em São Paulo, Rosemary Noronha. De acordo com o que foi noticiado, Rosemary se apresentava como namorada do ex-presidente.
“Segundo Valério, Lula deu o ok formal para as operações dos empréstimos bancários”
Todos os investimentos feitos para a exploração do petróleo, um bem mineral do país, ocorrem por meio da Petrobras, uma estatal da União. Não são os estados que bancam sua exploração. É óbvio que compensações para as regiões onde ocorrem devem existir, mas não como o governador do Rio de Janeiro quer, criando um emirado com renda per capita de países da Opep e mantendo vários outros estados brasileiros com indicadores terceiro-mundistas.
No âmbito político, o Congresso Nacional entendeu que a divisão dos royalties com todos é justa. A presidente Dilma Rousseff, atendendo ao aliado Cabral, não. A derrota dos vetos impostos pelo Palácio do Planalto ao projeto aprovado no Congresso é fava contada, inclusive, e principalmente, com a participação do
Já o empresário, em novo depoimento, envolveu Lula diretamente na montagem e na execução do “mensalão”. Segundo Valério, Lula deu o ok formal para as operações dos empréstimos bancários que despejaram dinheiro nas mãos dos políticos e dos partidos e usou uma conta do seu assessor “faztudo”, Freud Godoy, para receber dinheiro que bancou despesas pessoais de Lula. É inconcebível que Lula e o PT não sejam os primeiros e os maiores interessados em uma ampla, profunda e transparente investigação que esclareça tudo e não deixe dúvidas nem máculas, puna ou inocente quem quer que seja. Afinal, quem não deve não teme.
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Com ou sem neve Compras e pistas de patinação são atrações mais procuradas pelos turistas, que guardam a esperança de que os flocos de neve deixem os cenários londrinos ainda mais belos
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Vai ou não nevar? Eis a questão que sempre domina as conversas pré-natalinas em Londres. Em uma cidade de invernos amenos – pelo menos para os padrões europeus –, um Natal branquinho está no topo da lista de presentes de muita gente. Sempre popular na chuvosa metrópole, a previsão do tempo é acompanhada com mais atenção nos dias que antecedem à festa. A esperança é de que Papai Noel mande alguns flocos para completar o cenário natalino. Com ou sem neve, porém, o clima de Natal toma conta da capital britânica durante todo o mês de dezembro,
começando pela decoração dos principais destinos de comércio da cidade. Este ano, a ornamentação da Regent Street presta homenagem aos atletas que participaram das Olimpíadas e das Paraolimpíadas de Londres, e a Carnaby Street comemora o 50º aniversário da banda Rolling Stones. A loja de departamentos Selfridges recria, em suas vitrines, as imagens da campanha publicitária idealizada pelo badalado fotógrafo e cineasta Bruce Weber, com direito a uma enorme casa feita com biscoito de gengibre. Já a tradicional Harrods usou nada menos do que 11 mil lâmpadas para iluminar sua
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icônica fachada. A extravagância natalina continua dentro da loja. Uma enorme seção foi dedicada aos artigos de Natal. Um passeio pelas ruas e lojas londrinas está nos planos da tradutora mineira Tyr Peret, que este ano vai trocar Belo Horizonte por Londres, durante as festas. A viagem tem um sabor especial para a mineira. Quando morou na Inglaterra, em 2002, ela sofreu por passar o Natal longe da família e pelo pouco costume que tinha com a escuridão do inverno. “Desta vez, quero estar ao lado de amigos queridos. Pretendo visitar lugares que foram especiais para mim e curtir o clima da cidade”, conta. Já para a designer pernambucana Moema Cavalcanti,
seu primeiro Natal em Londres vem cercado de expectativas. Ela geralmente prefere o verão para visitar a filha e o neto, que vivem na cidade. Mas desta vez ela resolveu enfrentar o frio e se juntou aos londrinos na torcida por um “White Christmas”. “Estou muito curiosa para saber como é um Natal com neve”, diz. Se a neve não é presença garantida, Moema pode ter certeza de que a cidade tem gelo de sobra. São várias pistas de patinação para quem não se importa em levar uns tombos. Se Nova Iorque tem pistas no tradicional Rockefeller Center e no belo Central Park, Londres não fica atrás na hora de escolher cenários de tirar o fôlego. Os ingleses patinam em grande estilo no pátio do Museu de História Natural, no fosso da
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O Winter Wonderland, no Hyde Park, brinda os turistas com muita luz e diversão ..............................................................................................................................................................................................................................................................
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Nada, nem mesmo a chuva e o frio, apaga o furor dos turistas que visitam Londres para curtir o Natal e, claro, comprar ..............................................................................................................................................................................................................................................................
Torre de Londres e no terraço do belo palácio Somerset House. E o Natal em Londres não estaria completo sem uma passadinha pela tradicional loja de brinquedos Hamleys. O programa é memorável para as crianças e até para quem faz tempo que passou da idade de brincar de Barbie. Uma das maiores do mundo, a loja ocupa 5 mil metros quadrados. São sete pavimentos, e cada andar é dedicado a um tipo de brinquedo. Em dezembro tem também Papai Noel residente. Com hora marcada como dita a famosa organização britânica, o bom velhinho bate um papinho com a criançada. Mais adiante, o reino do Papai Noel é ainda mais espetacular no Winter Wonderland – um mundo encantado de inverno que toma conta do famoso Hyde Park. Tudo que há de mais natalino fica reunido no mesmo espaço. Para as compras, o Angels Market é um tradicional mercado de Natal. São cem barracas vendendo presentes e ornamentos feitos a mão. Restaurantes e chalés servem as delícias típicas da época, como pinhão, salsichas alemãs, porco assado e cidra. Há também uma pista de patinação, roda-
-gigante, exposição de esculturas de gelo e até um bar no meio de um carrossel para tomar um vinho quente vendo o mundo girar. As bebidas, aliás, têm lugar de destaque no calendário festivo londrino. Os pubs ficam lotados durante todo o mês de dezembro, com encontros de amigos e confraternizações de trabalho. Com a cerveja servida em pints – unidade de medida inglesa que equivale a 0,665 litro –, fica fácil exagerar na dose etílica. A empolgação é tanta que o serviço de saúde costuma montar uma unidade de atendimento de emergência para quem passa da conta nos arredores da City – o centro financeiro da cidade. Depois de um mês tão agitado, é difícil acreditar na transformação de Londres, quando chega 25 de dezembro. O dia de Natal é o único do ano em que todo o transporte público para e a maioria das atrações turísticas e dos restaurantes fecham suas portas. A megalópole pulsante vira cidade-fantasma por um dia. Mas tudo volta ao normal no dia 26, o Boxing Day – dia em que o comércio entra em liquidação e leva multidões às ruas. Em Londres, a calmaria dura pouco.
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New York, New York A naturalmente estonteante e atrativa Nova Iorque acende as luzes de Natal e convida turistas às compras Greice Rodrigues, de Nova Iorque Cortesy of Thisman Speyer Gregory Scafidi
Em meio aos arranha-céus de Manhattan, o Rockefeller Center atrai pela árvore de Natal gigante e pela grande pista de gelo ..............................................................................................................................................................................................................................................................
Visitar Nova Iorque em qualquer época é sempre muito bom. Mas em dezembro parece ser melhor. A cidade ganha nova atmosfera e se torna ainda mais fascinante. A megalópole, que anualmente é visitada por mais de 50 milhões de pessoas, é o destino mais procurado também durante o mês de dezembro. É fácil entender o motivo. Impossível não se encantar com a beleza, criatividade e o colorido das luzes que decoram ruas, lojas, parques e que transformam a paisagem. Até o humor das pessoas muda.
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Não bastasse esse clima de magia, a Big Aple oferece uma infinidade de espetáculos que agradam a visitantes de todas as idades. O destaque fica para o Rockefeller Center com a tradicional e gigante árvore de Natal. Este ano, o monumento foi decorado com 45 mil luzes multicoloridas e cercado por anjos com trombetas. É uma atração que há 75 anos ilumina as noites de dezembro de nova-iorquinos e turistas. No mesmo cenário, uma disputada pista de patinação no gelo é parada obrigatória para quem visita a cidade. E não
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são poucos os que fazem um pit-stop por lá. Crianças, jovens e adultos se aventuram na pista de gelo ao som de música natalina. “De janeiro a novembro, mais de 350 mil turistas visitam o Rockefeller Center diariamente. Mas, em dezembro, esse número dobra”, aponta Emily Vicker, do departamento de Marketing do Rockefeller Center. Outros motivos levam o Rockefeller Center a ser um dos pontos mais visitados da cidade. Localizado entre a 50th e a quinta avenida, o espaço é rodeado por ótimos restaurantes, cafés e lojas de departamentos. “É uma grande praça de diversão e entretenimento”, define Vicker. Ainda que pareça estranho, outra grande atração natalina são as lojas. Mais precisamente, as vitrines das lojas. Especialmente as da quinta avenida, endereço das famosas e caríssimas grifes, como Versace, Fendi, Michael Kors, dentre outras. No local, milhares de pessoas se aglomeram nas calçadas para admirar a decoração das vitrines. Na maioria dos casos, as visitas não passam de uma apreciadinha.
de Nova Iorque atraente. Para quem não perde uma oportunidade para ir às compras, a cidade oferece bons e imperdíveis endereços. Embora esteja entre as cidades mais caras do mundo, é possível comprar boas lembranças a preços mais atrativos que no Brasil. São lojas tradicionais, como a Macy’s – maior loja de departamentos do mundo –, a Bloomingdale’s, Sacks Fifth Avenue, Century 21, todas com uma variedade de acessórios e produtos de todas as marcas. A maioria oferece descontos que vão de 10% a 80%. O único inconveniente são as longas filas, consequência do grande número de pessoas que lotam as lojas durante esta estação. Mas o espírito natalino fala mais alto e, com certeza, a espera vale a pena. Martha Sachser
“Impossível não dar uma olhadinha. É tudo chique, sofisticado, mas muito caro. Não dá para comprar, mas vale a pena ver. Algumas parecem uma caixa mágica. Na verdade, a cidade inteira está um encanto”, diz a secretária carioca Andressa Marins, que visita Nova Iorque pela primeira vez. Mágico parece ser mesmo o termo para definir melhor o clima que a cidade vive nos dias que antecedem ao Natal. O tradicional Radio City Christmas Spectacular, o maior teatro indoor do mundo, há 85 anos encanta plateias com seus shows, especialmente, o Rockettes. Essa imperdível performance combina efeitos especiais com o balé de pernas das bailarinas que se movimentam em uníssono. É um espetáculo que atrai um milhão de pessoas todos os anos. Enquanto aguarda a apresentação, a catarinense Laura Amâncio aproveita para fotografar a fachada do teatro com anúncio do espetáculo. “É a lembrança de um sonho que agora se realiza”, diz ela. Não são apenas shows e luzes que deixam o Natal
A iluminada fachada da Fendi apresenta marcas e peças que são o sonho de consumo dos turistas. A maioria fica mesmo só no sonho ..........................................................................................................................
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Artigo • Justiça
ROBSON SÁVIO REIS SOUZA Filósofo e cientista social robsonsavio@yahoo.com.br
PCC, prisões e perigos Em boa medida, a onda de violência em São Paulo tem um denominador comum: a crise do sistema prisional brasileiro. Já está comprovado que a política do aprisionamento como única resposta ao aumento da criminalidade é insuficiente. E o pior: o sistema prisional é altamente ineficiente (elevado custo e grandes índices de reincidência criminal) e precisa ser reformado. Presídios superlotados, insalubres e cujo controle se dá somente pela violência produzem uma situação paradoxal: mesmo presos, os líderes de facções criminosas acabam controlando o crime organizado dentro e fora das unidades prisionais.
sistema de justiça criminal que monitoram as ações criminosas e atuam na repressão ao PCC. Provando que a organização criminosa está em expansão, em quatro meses do ano passado, 431 membros do PCC foram “batizados”: 369 adesões ocorreram dentro do sistema prisional e 62, nas ruas.
“Caso a organização criminosa consiga dominar a produção das drogas, o PCC fica a um passo de se transformar em um grande cartel do crime no Brasil”
Nas últimas décadas observou-se uma expansão expressiva do sistema prisional no Brasil: em 1995 eram 148.760 presos no país. Em 2010 havia 494.598 pessoas detidas em penitenciárias e delegacias. Da sétima posição, em 2007, o Brasil passou para a terceira posição no ranking mundial de população carcerária, depois desse contingente de presos registrado em 2010. O Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
Em julho deste ano, Porto Alegre recebeu o 6º Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Uma sessão especial coordenada por Guaracy Mingardi debateu a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) dentro e fora dos presídios. O debate contou com a participação de pesquisadores que estudam a organização criminosa e de operadores do sistema de segurança pública e do
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A atuação do PCC não está circunscrita a São Paulo. A organização tem âmbito nacional e já começa a se expandir para outros países, segundo alertam estudiosos. E mais: caso a organização criminosa consiga dominar a produção das drogas, o PCC fica a um passo de se transformar em um grande cartel do crime no Brasil. O PCC atua em 22 estados, no Distrito Federal, no Paraguai e na Bolívia. Entre janeiro e setembro de 2011, o maior crescimento dos membros “batizados” do PCC foi em Minas Gerais. Foram mais 90 integrantes no período.
Retomando o início desta conversa, o PCC começou dentro dos presídios, devido à caótica situação do sistema prisional brasileiro, envolvendo maus-tratos, corrupção, violência e tortura. Sintomaticamente há um grande incremento da massa carcerária nos últimos anos e, simultaneamente, ocorre a ampliação da atuação do PCC. É preciso que os governos reconheçam a situação, em vez de tentarem tamponar o gravíssimo problema.
SALUTARIS • SAÚDE
Dieta paradoxal Mineiros consomem verduras, legumes e frutas, mas não abrem mão da gordurinha nas carnes e no leite André Martins Um país de idosos: esse deve ser o futuro do Brasil em médio prazo. O acesso à educação e à saúde deu novas possibilidades ao brasileiro, que hoje vive mais e tem cada vez menos filhos. As mudanças em relação aos hábitos cotidianos fizeram aumentar o número de doentes crônicos e degenerativos no país. Se grande parte das mortes acontecia em decorrência de infecções e doenças parasitárias, essa antiga regra ganhou ar de exceção. O percentual de mortes por neoplasias (câncer), doenças do aparelho respiratório e do aparelho circulatório foi de 54,9%, segundo dados de 2010 obtidos pelo Datasus.
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Cardíacos, doentes renais, diabéticos, hipertensos, depressivos: eles constituem uma grande massa da população. O mais preocupante é que, dia após dia, esse número se expande em proporções nunca percebidas. Para entender a nova dinâmica comportamental dos mineiros e correlacioná-la às doenças crônicas, a Fundação João Pinheiro elaborou o boletim “Hábitos de vida saudável”, a partir da Pesquisa por Amostra de Domicílios (PAD-MG), de 2011. Lançado na primeira quinzena de dezembro, o documento vai dar subsídios para os órgãos estaduais de saúde estruturarem um plano de ações e políticas preventivas voltadas para a conscientização popular. Mineiros com mais de 14 anos de idade compreendem o grupo analisado para a elaboração do boletim. doenças Segundo o levantamento, 33,9% dos mineiros entrevistados declararam ter pelo menos uma das dez doenças ressaltadas no estudo. São elas: hipertensão arterial, doenças da coluna, doenças
Frutas têm o poder de contrabalancear os pratos mais gordurosos ..........................................................................................................................
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sALUTARIS • SAÚDE
cardíacas, diabetes, artrite ou reumatismo, depressão, bronquite ou asma, insuficiência renal crônica, câncer e tuberculose. O relatório mostra que, via de regra, as patologias aumentam com o avançar da idade. Esse resultado era esperado. O problema mais recorrente, a hipertensão arterial, por exemplo, atingia 58,5% da população acima de 60 anos. Em relação ao recorte por sexo, tudo leva a crer que elas são mais suscetíveis que eles. Dentre o grupo que se declarou doente, 22,8% das mulheres eram hipertensas, contra 16,4% dos homens. Das dez patologias analisadas e no comparativo com o sexo masculino, as mulheres eram mais atingidas por nove delas. Do universo de doentes, 39% residiam no Noroeste mineiro. A menor aferição foi no Norte de Minas (30,9%). O grau de instrução também foi considerado. André Martins
Indivíduos mais escolarizados, com o Ensino Superior completo e incompleto, correspondiam a 21,5% dos doentes, contra 66,7% dos sem instrução. herança maldita Além dos fatores de risco, como o consumo de álcool – 25% dos mineiros ouvidos disseram fazer uso – e de tabaco (13,5%), os maus hábitos alimentares contribuem para o aumento do número de casos de doenças crônicas. A nutricionista Angélica Amaral não tem dúvidas de que a alimentação está atrelada a esses processos. “A alimentação está só piorando. Primeiro em função do próprio solo. Há pouco li um artigo que dizia que em 1950, 1960 a quantidade de vitaminas e minerais nos alimentos – nas verduras e legumes – era maior do que é hoje. Havia mais disponibilidade de nutrientes no solo. Hoje a terra está pobre, porque foi muito manipulada”, pontua a profissional. Paralelamente ao empobrecimento do solo, a incorporação, em grande escala, de agrotóxicos, visando a produção no campo, agrava o problema. A Organização Mundial de Saúde alertou para a possibilidade de doenças degenerativas, como o Parkinson, terem correlação com a química empregada nas lavouras. Mas, de acordo com Angélica, a péssima qualidade da alimentação do homem moderno se associa à falta de educação, que é repassada como uma herança. “A meu ver, o mais grave é que os pais estão delegando a alimentação dos filhos para a escola, para o estado e para o governo. Eles não dão exemplo, e as crianças estão comendo só hambúrguer, biscoito, esses cereais processados, que não têm fibras, sucos artificiais ricos em açúcar e refrigerantes”, analisa. Como resultado, surgem doenças, como o diabetes, a pressão alta e doenças cardiovasculares. dieta à mineira
Para Angélica, a negligência cotidiana dos pais afeta até mesmo a alimentação das crianças .........................................................................................................................
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O boletim “Hábitos de vida saudável” analisou a alimentação dos mineiros em dois enfoques: o primeiro
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com ênfase na alimentação saudável – consumo de frutas, legumes e verduras – e o segundo sobre hábitos alimentares indesejáveis – consumo de carne com excesso de gordura e de leite com teor integral de gordura.
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Em relação à ingestão dos itens vegetais, os números impressionam. De acordo com o levantamento, 68,3%, quase 2/3 da população mineira acima dos 14 anos, tinha o hábito de consumir regularmente frutas, legumes e verduras em 2011. Houve, entretanto, uma queda na relação com o ano de 2009, quando 74,1% dos mineiros na faixa etária analisada disseram ingerir esses itens com frequência. A comparação de consumo observada no meio rural e urbano também surpreende. Na contracorrente da grande oferta, a preços mais em conta observados longe dos grandes centros, na área rural se consome menos frutas, legumes e verduras. Enquanto nas cidades o índice de consumo chega a 69,7%, no ambiente rural o percentual cai para 59,9%. Se, por um lado, os mineiros dão exemplo, ao incorporar à alimentação uma quantidade considerável de itens naturais, é na carne que reside o maior dos pecados. Cerca de 96% dos entrevistados disseram consumir carne de boi e de frango. Desse total, 45,9% revelaram não retirar a parte de maior concentração de gordura dos alimentos: aquela gordurinha saborosa. De acordo com Angélica, essa parte é maléfica à saúde. “São as gorduras aparentes as mais prejudiciais. Elas provocam a elevação do colesterol e podem levar aos infartos e a AVCs”, alerta. A nutricionista reconhece a importância das carnes como fornecedoras de proteínas e nutrientes. O problema estaria no excesso do consumo e na não associação delas com alimentos que agiriam de forma a “filtrar” a gordura presente nas carnes. “Se moderado, o consumo diário da carne é saudável, principalmente se for associada às folhas verdes e a legumes”, pondera. A nutricionista recomenda um consumo balanceado. “Ingerir apenas carne branca pode fazer com que o indivíduo apresente carências de ferro e de vitamina B12, por exemplo. Esses nutrientes são encontrados
Quase a metade dos mineiros não retira a gordura visível das carnes .........................................................................................................................
em grande concentração na carne vermelha. Em uma semana, sugiro que a carne de boi seja consumida em três dias, o frango em dois e o peixe, a mais saudável de todas, nos dois dias restantes”, recomenda. A pesquisa indicou o leite como um item muito presente na dieta dos mineiros. Dentre os entrevistados, 82,3% preservam o hábito de consumir leite. E a maioria (56,6%) declarou ingerir o alimento todos os dias da semana. Grande parte dos mineiros que consomem a bebida, cerca de 85%, tinham preferência pelo leite integral. O total de gordura presente no leite integral é praticamente irrisório: está em cerca de 3% da composição. De acordo com Angélica, jogando na balança, o leite de saquinho, que estraga mais rápido, é a melhor opção para o consumo, embora seja pouco mais gorduroso que o leite de caixinha. “É o mais saudável justamente por não passar por processos em que se inserem conservantes e estabilizantes. É o leite integral, igual ao que está na caixinha, mas sem química”, esclarece. Dessa forma, a predileção do mineiro pelo leite mais gordo, se comparado ao industrializado, demonstra ser uma escolha acertada.
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SALUTARIS • receita
Risoto de camarão Reprodução
Fonte: Villa Madalena
INGREDIENTES:
MODO DE PREPARO:
150 g de arroz-arbóreo 30 g de cebola picada em cubos 20 ml de óleo de urucum 80 g de camarão 40 g de tomate picado em cubos Molho de tomate Molho pesto Sal Pimenta-do-reino
Refogue e doure a cebola no óleo de urucum. Adicione o camarão, acrescente sal e pimenta-do-reino. Adicione o tomate e, logo após, a base para risoto. Adicione água para o ponto do arroz e finalize com molho de tomate. Corrija o tempero.
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MONTAGEM: Regue com o molho pesto e disponha um ramo de alecrim e salsa crespa.
SALUTARIS • vinhos
Danilo Schirmer
As borbulhas de fim de ano Stock.xchng
Neste período do ano, as pessoas se inserem em uma atmosfera de prazer, satisfação pessoal e muitas expectativas. Nas confraternizações ou na hora de presentear, um item que deve marcar presença é o espumante. Sinônimo de conquistas e celebrações, a bebida traduz todo o sentimento e o estado de espírito característicos desta época. Para o nosso deleite, o Brasil é um dos grandes produtores de espumante do mundo. É por isso que o país tem reconhecimento internacional em premiações e concursos tradicionais no mundo do vinho. Esse trabalho e os investimentos colocaram o Brasil como a segunda maior região na produção de espumante. O país fica atrás somente da região de Champagne, na França. O champenoise (ou tradicional) e o charmat são os dois métodos de produção do champagne. No método charmat, a segunda fermentação – quando as leveduras transformam o oxigênio em gás carbônico, criando assim as borbulhas – ocorre em tanques de aço inox com capacidade superior a 60 mil litros. Esse método é mais comercial. Assim as vinícolas conseguem atender à demanda imediata do mercado. Em média, o tempo de maturação da bebida nos tanques é de 60 dias. Já no método tradicional, a segunda fermentação ocorre na própria garrafa, trazendo uma qualidade superior à bebida. O tempo de maturação pode chegar a 60 meses, dependendo da proposta do enólogo. O champenoise é o método mais elaborado e custoso, mas é alta a concentração de borbulhas. É possível perceber na taça borbulhas mais finas e persistentes do que as borbulhas do outro método. E nesse método, o tradicional, a bebida apresenta uma cremosidade diferenciada.
Vale a pena ressaltar um detalhe que faz toda a diferença: se o espumante não estiver gelado na hora de servir, todo o esforço será em vão. Sugiro também a escolha de uma taça comprida (flaute) que permita admirar o espetáculo fascinante das borbulhas subindo freneticamente, como se fossem estrelas tentando alcançar o céu. No mais, aproveitem as festas, mas bebam com moderação. Que, em 2013, possamos continuar degustando a vida com respeito e sabedoria. Um brinde à vida!
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Vanguarda • TECNOLOGIA
Tudo pela superação Ao passo que muito se investe nos avanços tecnológicos aplicados ao esporte, muito se discute até onde a associação deveria ser permitida Luísa Reiff Guimarães Maratonas ininterruptas de treinamento, alimentação balanceada e restrita, horas de sono monitoradas para o melhor descanso dos músculos, treino e concentração. A rotina dos atletas de elite envolve muito foco, disciplina e esforço. Durante todo o ano há uma busca constante pela superação de marcas e índices ou pelo movimento perfeito. A recompensa pela repetição e pelo intenso treinamento é uma medalha reluzente, exibida com orgulho no peito. Além do desempenho pessoal, existem fatores que podem melhorar, mesmo que em décimos de segundo, a performance de competidores. Diversas marcas de artigos esportivos investem pesado em pesquisas e na elaboração de materiais que reduzam impactos, Divulgação/ Adidas
Este modelo de chuteira tem um chip que monitora a velocidade e a distância percorrida pelo atleta ..........................................................................................................................
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estimulem a produção de suor, causem menos atrito e favoreçam a velocidade dos atletas. No mercado existem chuteiras que monitoram e reportam o rendimento do jogador por meio de chipes. O dispositivo registra os quilômetros percorridos pelo jogador e o tempo em que o atleta esteve em movimento e parado. De posse dessas informações, as comissões técnicas podem definir treinamentos personalizados. Outros calçados têm solados especificamente desenhados para amortecer impactos e favorecer uma pisada correta. Algumas chuteiras têm travas que aumentam o contato com o solo. Além das grandes empresas, há quem incentive pesquisas voltadas para a elaboração de materiais. O Prêmio Jovem Cientista (PJC) adotou o tema “Inovação Tecnológica nos Esportes” na edição deste ano. Foram mais de 2 mil projetos inscritos. O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, justificou a escolha do tópico com a iminência da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Como o Brasil vai receber eventos esportivos de tão grande porte, é interessante que o país faça esse tipo de investimento. “A área de ciência e tecnologia do país presta sua contribuição para o desenvolvimento de ações que serão amplamente utilizadas, tanto na esfera da economia quanto na de geração de riquezas”, comenta. O prêmio é dividido em quatro categorias: Graduado, Estudante de Ensino Superior, Estudante do Ensino Médio e Mérito Institucional. Para a honra do estado de Minas Gerais, o primeiro lugar da premiação referente aos estudantes do Ensino Superior foi dado a Priscila Ariane Loschi, 23 anos, natural de Barbacena. Ela cursa Design de Produto na Universidade do
Vanguarda • TECNOLOGIA
Luísa Reiff Guimarães
O invento da jovem mineira Priscila Ariane Loschi pode ser incorporado ao vestuário cotidiano e de atletas ..............................................................................................................................................................................................................................................................
Estado de Minas Gerais (UEMG). O trabalho premiado é intitulado “Materiais de mudança de fases aplicados no design de tecidos inteligentes”, com coordenação da professora Eliane Ayres. A estudante recebeu um prêmio de R$ 15 mil, e a orientadora foi presenteada com um laptop. A entrega da placa que representa o prêmio foi feita pela presidente Dilma Rousseff, em cerimônia no Palácio do Planalto. O invento de Priscila é um revestimento têxtil para vestimentas de esportistas. Uma vez aplicado nas fibras têxteis, o material de mudança de fase consegue absorver o calor liberado pelo atleta ao longo da prática esportiva. Isso permite que ele mantenha o desempenho e se sinta mais confortável. A função principal é trazer conforto térmico ao atleta, podendo, também, ser utilizado em uniformes de operários em obras civis, carteiros, garis e pessoas que se expõem
ao sol por longos períodos. A tecnologia pode ser empregada também na produção de roupas comuns, usadas no dia a dia. O tecido ainda não está sendo negociado para comercialização. “Pretendo continuar aperfeiçoando e, quando obtivermos um resultado satisfatório comercialmente, espero termos condições para tal”, conta Priscila. Quanto à inspiração para desenvolver o projeto, a estudante diz que se trata de um assunto próximo, porque ela pratica esportes. Priscila ressalta também a importância de sua orientadora no processo. “Temos pontos de vista e conhecimentos que se somaram e deram esse resultado. O brilho nos olhos dela fazendo o que ama me motivou e fez com que eu buscasse o melhor resultado possível para o projeto”.
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Vanguarda • TECNOLOGIA
Reprodução
supermaiôs Nos jogos Olímpicos de 2008, sediados em Pequim, muito foi discutido sobre a permissão ou não do uso de uniformes e peças de materiais que pudessem refletir em favorecimento do desempenho atlético. Algumas sungas são feitas de materiais inovadores, tornando as vestes impermeáveis e com atrito praticamente zero com a água. Essas peças não têm costuras. As vestes são dotadas de apenas uma selagem ultrassônica. Existem também supermaiôs com uma fina camada de ar que ajuda na flutuação do nadador. O efeito reduz, mesmo que pouco, o esforço físico do atleta. Mas os milésimos de segundo que essas roupas podem “tirar” são muito relevantes. A ajuda das peças pode render um lugar no pódio e uma bandeira hasteada no mastro. Por essa razão, decidiu-se pela proibição do uso. A Nike desenvolveu um uniforme para a prática de provas do atletismo que reduz o atrito do atleta com o ar. O material-base da roupa é reciclado, feito de garrafas PET. A cada 100 metros percorridos, a fabricante afirma que há uma redução de tempo estimada em 23 milésimos de segundo. O professor de esportes Sérgio Luís Falci trabalha no Minas Tênis Clube como analista técnico-científico. Ele ressalta a importância da tecnologia no esporte: “ela deve estar a serviço do esporte, principalmente quanto à tomada de decisões sobre como executar uma técnica esportiva ou como estabelecer uma estratégia
A foto térmica apresenta variações de temperatura no corpo. A camiseta, cujo tecido foi desenvolvido por Priscila, retém pouco calor .........................................................................................................................
de jogo ou de treino. Quanto à melhoria do rendimento físico, com a tecnologia podemos controlar o treino físico e diminuir risco de lesões”. Pelo fato de a tecnologia estar incorporada à vida cotidiana, Falci acredita que não haja possibilidades de o esporte se abster desse recurso. Para ele, elaborar relatórios de treinos, planilhas e analisar vídeos da atuação de adversários são formas de associação. “O esporte precisou da tecnologia para melhorar o rendimento, e a necessidade de melhorar o desempenho dos atletas foi usada pela ciência na aplicação e na aquisição de conhecimentos”, arremata.
Tecnologia na arbitragem Não é de hoje que a “tabelinha” tecnologia e arbitragem gera polêmica. A não validação do gol dos ingleses contra a seleção alemã, na Copa do Mundo de 2010, marcou a intensificação da pressão pelo uso da tecnologia no esporte. E deu certo. A Fifa aprovou o uso de chips para confirmar gols. Um dispositivo é instalado nas bolas de futebol e outro nas traves. Assim que a bola ultrapassa a linha do gol, é emitido um sinal que vai até os relógios dos árbitros e auxiliares, não deixando possibilidades para dúvidas. Ainda assim, a decisão final é do juiz; não do dispositivo. Embora o uso da tecnologia seja permitido, não se trata de uma medida obrigatória. Ainda estão sendo feitos testes que possam resultar na aplicação dos chips nos estádios que vão sediar campeonatos mundiais. Ligas com menos recursos financeiros não serão obrigadas a adotar esse procedimento.
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Artigo • meteorologia METEOROLOGIA
Ruibran dos Reis Diretor Regional do Climatempo Professor da PUC Minas ruibrandosreis@gmail.com
A mídia e a mudança climática A Conferência das Partes (COP) foi realizada pela primeira vez em Berlim, em 1995. Na COP-1 foram dados os primeiros passos rumo à elaboração do Protocolo de Kyoto. A COP-3 foi realizada em Quito, no Equador, em 1997. A reunião marcou a adoção do Protocolo de Kyoto, com metas de redução de emissões de poluentes e mecanismos de flexibilização. A validade do protocolo estava vinculada à ratificação de, no mínimo, 55 países que somassem 55% das emissões globais de gases do efeito estufa. Isso só veio a acontecer em 16 de fevereiro de 2005, com a adesão da até então relutante Rússia. Entre os dias 26 de novembro e 8 de dezembro aconteceu a COP-18, em Doha, no Qatar. Infelizmente a reunião teve pouca serventia. Ficou indefinido de onde viriam os recursos para os projetos de redução de emissões.
Se não fosse o depoimento do chefe da delegação das Filipinas, a Conferência das Partes não teria nenhuma divulgação no Brasil. Depois da passagem do furacão Bopha, que deixou mais de 500 vítimas fatais nas Filipinas e bilhões de dólares em prejuízos, o chefe da delegação Naderev “Yeb” Saño declarou emocionado: “por favor: chega de desculpas e atrasos. Abram os olhos para a nossa triste realidade. Se não for agora, quando será? Se não formos nós, quem será?”. Ele foi aplaudido de pé. A sociedade teve acesso ao depoimento por meio da internet. A mídia parece não dar tanta importância para o que pode acontecer nos próximos anos. A necessidade de desenvolvimento a qualquer custo está aumentando a miopia da população para problemas graves que estamos vivendo e vamos enfrentar nos próximos anos. O que está em jogo é a própria sobrevivência do ser humano.
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podium • ESPORTE
Bola dentro Há dez anos, o Campeonato Brasileiro ganhava um novo modelo de competição: o de pontos corridos. A disputa perdeu um pouco em emoção, mas os times ganharam muito com a extinção do mata-mata Thiago Madureira Nelson Perez/ Fluminense F.C.
Em 2012, a festa foi do Fluminense. O time se sagrou campeão com três rodadas de antecipação ..............................................................................................................................................................................................................................................................
O formato de pontos corridos se consolidou como o mais duradouro da história dos Campeonatos Brasileiros. Na última edição da competição, encerrada em dezembro, completou-se uma década com o modelo. Nesse tempo, pôde-se constatar evolução em importantes aspectos. Esportivamente, o futebol brasileiro iniciou um processo lento de organização administrativa. O calendário passou a ser conhecido com antecedência, e as “viradas de mesa” - quando a decisão em campo é substituída pelos acordos políticos - se extinguiram. Prova disso são as quedas dos
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grandes: Atlético, Palmeiras, Corinthians, Fluminense, Grêmio, Botafogo, só para citar alguns, conheceram a realidade da Segunda Divisão. Em outros tempos, essa condição era praticamente impensável. “Esse é o sistema mais justo. Em um campeonato de regularidade, você precisa ter um grupo de jogadores dentro de um planejamento para o ano. As decisões precisam ser bem avaliadas no começo de cada temporada para evitar surpresas desagradáveis no final”, esclarece o diretor de futebol do Atlético, Eduardo Maluf, que também exerceu o cargo no Cruzeiro.
podium • ESPORTE
No passado, se os clubes não avançassem às oitavas de final do Campeonato Brasileiro, o ano seria interrompido prematuramente em outubro. Perdas em bilheteria, patrocínios, direitos de transmissão e na valorização de atletas eram regras para quem não tinha sucesso. Hoje existe a definição de quando será o início da pré-temporada e o encerramento do ano. “Os clubes brasileiros passaram a montar elencos maiores, a programar melhor o calendário, a desenvolver programas de sócio-torcedor, a buscar diretores remunerados para seus departamentos de futebol, a valorizar classificações para torneios internacionais e a produzir campeões com mais justiça”, enumera o comentarista da Fox Sports, Rodrigo Bueno. Outro avanço importante foi o financeiro. Nos direitos de transmissão – a maior fatia do orçamento dos clubes – houve valorização de mais de 735%. Se em 2002 a Rede Globo pagava cerca de R$ 140 milhões aos clubes, este ano as cifras ultrapassaram R$ 1 bilhão.
multiplicaram. O Corinthians, por exemplo, fechou com a Caixa Econômica Federal um contrato de cerca de R$ 30 milhões por ano. Com mais dinheiro, é possível fazer significativos investimentos. Alguns clubes estão construindo modernos estádios, seguindo o padrão Fifa. O Grêmio recentemente inaugurou sua arena, com capacidade para 60 mil pessoas. O Palmeiras deve concluir o novo Palestra Itália em novembro do ano que vem. Isso, sem falar das edificações com o auxílio governamental: é o caso dos estádios de Corinthians, Atlético Paranaense e Internacional, que vão sediar partidas da Copa do Mundo.
Considerado um dos torneios mais equilibrados do mundo, o campeonato torna, pouco a pouco, a disputa mais seleta
A Globo passou a faturar, sobretudo, com a capitalização sobre o pay-per-view. Todas as partidas das Séries A e B são transmitidas ao vivo para uma rede de mais de 100 países. Também deve ser levado em consideração o crescimento do mercado nacional de TVs por assinatura, acompanhando as migrações de classes socioeconômicas.
Após a dissolução do Clube dos 13, este ano os times passaram a negociar diretamente com a emissora. Os mais fortes viram suas cotas crescerem proporcionalmente. Corinthians e Flamengo recebem cerca de R$ 100 milhões cada. Com mais exposição, o mercado se abriu para o futebol. Na década de 90, estampar a logomarca na camisa de um grande clube da Primeira Divisão não chegava a R$ 2 milhões anuais. Hoje os valores se
Valorizado, o futebol brasileiro se tornou o principal destino dos jogadores que se destacam nos países vizinhos. Entre outros, o Cruzeiro conta com o habilidoso Montillo, assim como o Internacional tem D’Alessandro, e o Corinthians, o ótimo atacante Martinez. Até astros internacionais desembarcaram por aqui. É o caso de Seedorf, no Botafogo, Forlán, no Internacional, Ronaldo, no Corinthians, e Ronaldinho Gaúcho, primeiro no Flamengo e agora no Atlético.
O resultado do fortalecimento do Brasileirão e, por consequência, do futebol brasileiro, pode ser observado em competições internacionais. Das últimas dez edições da Copa Libertadores, os brasileiros chegaram à decisão em nove, vencendo cinco vezes. o que ainda precisa melhorar O formato da competição trouxe ganhos significativos aos clubes. Contudo, há muito que melhorar. Neste ano, a arbitragem foi duramente criticada pelos erros grosseiros e constantes. Outro problema é o calendário. “Não dá para seguir com a situação deste ano, em que jogos Fifa e competições internacionais
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podium • ESPORTE
são disputados em paralelo com o Brasileiro. Não funciona. A principal vítima é o campeonato. Basta ver o quão prejudicado o Santos ficou sem Neymar nesta temporada, por exemplo. Para a próxima, vamos melhorar, com algumas mudanças realizadas, mas ainda com espaço para avanço”, argumenta Marcus Alves, repórter da revista ESPN. “Os clubes deveriam tornar o Brasileiro mais racional e atraente”, defende Rodrigo Bueno. “Poderiam melhorar a arbitragem – terceirizá-la, talvez – e o tribunal esportivo. Aumentar o limite de estrangeiros por time poderia fortalecer o campeonato. As suspensões poderiam ser de quatro ou cinco partidas para desfalcar menos as equipes. Seria fundamental esticar o campeonato, fazendo-o cobrir a temporada toda, como na Europa. Apenas alguns poucos jogos aconteceriam muito tarde para atender às TVs. O grosso das partidas poderia ser em horários mais apropriados”, completa o comentarista da Fox. O Campeonato Brasileiro é o único dos grandes torneios nacionais que não inicia em agosto e termina em maio. Essa alteração é necessária para a unificação de datas com o futebol europeu. “Acredito que não consigamos explorar esse formato em sua plenitude, com possíveis ações no exterior, uma pré-temporada bem-feita e lucrativa. A culpa, claro, não é do campeonato; é dos cartolas brasileiros”, pondera Alves. Considerado um dos torneios mais equilibrados do mundo, o campeonato torna, pouco a pouco, a disputa mais seleta. Desde 2003, o título ficou fora do eixo Rio – São Paulo apenas em uma oportunidade: o Cruzeiro foi o campeão da primeira edição. Os paulistas venceram em seis oportunidades (São Paulo em 2006, 2007 e 2008; Corinthians em 2005 e 2011; e Santos em 2004) e os cariocas, em três (Fluminense em 2010 e 2012 e o Flamengo em 2009). “O que preocupa é a perda de competitividade de alguns clubes. Como erroneamente optaram por individualizar o dinheiro da TV, o abismo entre os maiores times do país e os demais vai aumentar ainda mais”, avalia Bueno.
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Números da década Artilheiro: 1 – Paulo Bayer: 91 gols 2 – Fred: 83 gols 3 – Borges: 82 gols 4 – Washington: 82 gols 5 – Alecsandro: 79 gols Técnicos campeões: 1 – Muricy Ramalho: 4 títulos 2 – Luxemburgo: 2 títulos 3 – Andrade / Tite / Abel Braga / Antônio Lopes: 1 título Melhores aproveitamentos: 1 – Cruzeiro (2003): 72,46% 2 – São Paulo (2006): 68,48% 3 – São Paulo (2007): 67,54% 4 – Fluminense (2012): 67,54% 5 – São Paulo (2008): 65,78% Maiores médias de público: 1 – Flamengo em 2008: (40.695) 2 – Flamengo em 2009: (40.035) 3 – Flamengo em 2007: (39.221) 4 – Corinthians em 2011: (29.424) 5 – Corinthians em 2010: (27.446) Alexandre Vidal
Artigo • oriente médio
Frei geraldo van buul geraldovanbuul@hotmail.com
A assunção de Maria Fotos: Frei Geraldo van Buul
Altar sobre o túmulo de Maria e a entrada da Igreja do Túmulo ou da Assunção ..............................................................................................................................................................................................................................................................
Existem duas tradições a respeito dos últimos dias de vida de Maria, mãe de Jesus. Uma se baseia no evangelho de João, no qual Cristo confia sua mãe ao discípulo amado. Conforme a tradição de Éfeso, João foi anunciar o evangelho na região de Éfeso, atual Turquia. Então o apóstolo levou consigo a mãe de Jesus. Depois da morte de Maria, os anjos teriam levado a casinha dela para a cidade de Loreto, na Itália. O local é venerado até os dias atuais. Pela tradição de Jerusalém, Maria teria vivido seus últimos anos no Monte Sião, centro mais antigo da presença cristã. Lá ficava a casa com o cenáculo e a sala de andar superior onde Jesus teria celebrado a Última Ceia com os discípulos. Para aquela casa
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dirigiram-se os apóstolos, os irmãos e a mãe de Cristo. Lá aguardavam a vinda do Espírito Santo, que desceria sobre eles. Naquela época havia no Monte Sião sete sinagogas de comunidades domésticas judaico-cristãs. Ali residiria Tiago, irmão de Jesus e líder dos judeu-cristãos de Jerusalém. Conforme um texto apócrifo, atribuído a José de Arimatéia, Maria teria pedido a Jesus que a viesse buscar para ficar com ele por toda a eternidade. Jesus então teria prometido à sua mãe que, três dias antes da hora marcada, ele a avisaria quando viria para a conduzir aos céus. E assim aconteceu. Certo dia, Maria recebeu um aviso por meio de um anjo que a hora chegara. Ela então se aprontou, vestindo
artigo • oriente médio
de suas melhores roupas e entrou em oração para aguardar a vinda de seu filho. De forma milagrosa, todos os apóstolos que se tinham espalhado mundo afora foram trazidos sobre uma nuvem até o Monte Sião, exceto o apóstolo Tomé, que estava na Índia. Na presença dos apóstolos, Maria passou seus últimos momentos. Pensando que ela tivesse morrido, os discípulos levaram o corpo, conforme a própria vontade dela, para o vale do Cedron, também conhecido como Vale de Josafá, perto do Horto das Oliveiras, para ser sepultado. No caminho, encontraram um judeu que começou a zombar do grupo e tentou derrubar o esquife com o corpo de Maria. Como castigo divino, o braço desse judeu ficou paralisado. Então ele caiu em si e pediu aos apóstolos que intercedessem por ele junto de Deus para obter o perdão. Os bons apóstolos não podiam negar isso. E o homem ficou curado em sinal do perdão divino. O judeu pediu que fosse batizado e se tornou anunciador do evangelho. Os discípulos depositaram o corpo de Maria num sepulcro cavado numa rocha e voltaram ao Monte Sião. Nesse ínterim, Tomé chegou da Índia, onde tinha ido visitar o túmulo de Maria, mas não encontrou o corpo. Na estrada, Maria apareceu para
ele e deu-lhe o cinto dela. Encontrando-se depois com os demais apóstolos, Tomé perguntou onde eles teriam depositado o corpo de Maria, pois não estava no túmulo. São Pedro disse que Tomé continuava o mesmo incrédulo. Foi quando o apóstolo mostrou o cinto, que foi identificado por todos como sendo de Maria. Então foram inspecionar o túmulo e o encontraram vazio. Essa tradição apócrifa está na base da celebração da assunção de Maria nas antigas igrejas cristãs. A Igreja Católica talvez tenha ido mais longe com a proclamação do dogma da Assunção de Maria com corpo e alma aos céus. As igrejas ortodoxas têm a mesma tradição, mas nunca fizeram uma declaração dogmática nesse sentido. Qual das duas tradições é a verdadeira? Difícil responder! Ambas as tradições contêm elementos simbólicos, mas fantásticos demais para serem considerados como elementos de reportagem. Uma companhia angelical de mudanças que transporta uma casa da Turquia à Itália é difícil de acreditar. Uma companhia aérea que transporta seus passageiros sentados sobre uma nuvem,... será que dá? Experimente sentar sobre uma nuvem. Talvez o X da questão seja entender o que essas tradições querem transmitir.
Vista lateral da Basílica da Dormição e a pintura em painel que retrata a morte de Maria ..............................................................................................................................................................................................................................................................
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kultur • HISTÓRIA
Mente livre Fernando Monstrinho desafia a esclerose, que encerrou seus movimentos musculares, escrevendo, produzindo shows e saindo de casa Bianca Nazaré No dia 1º de dezembro, a Câmara Municipal de Belo Horizonte concedeu o título de cidadão honorário a Luiz Fernando Caldas da Silveira, o Fernando Monstrinho. Nascido em Resplendor/MG, o produtor cultural foi responsável por tornar mais vivas as noites da capital mineira e atingiu o posto de uma das personalidades mais relevantes para a cultura belo-horizontina.
Reprodução/ Arquivo pessoal
Em novembro, Monstrinho lançou a terceira edição da autobiografia Hoje eu desafio o mundo sem sair de casa. Fernando é portador de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que impossibilita os movimentos musculares e afeta até mesmo a fala. Atualmente ele mexe somente os olhos, que se tornaram seu mecanismo de interação com o mundo. O livro foi escrito com o auxílio das sobrinhas Marcella Caldas e Isadora Silveira. Com o piscar de olhos, Fernando se comunica e indica o que quer que seja escrito. O método é simples: uma das sobrinhas lê o alfabeto em voz alta e Fernando indica a letra escolhida. Dessa forma, os pensamentos de Monstrinho vão sendo grafados. O produtor cultural mantém as habilidades mentais de antes da manifestação da doença. A ELA é responsável pela degeneração progressiva dos neurônios que coordenam a musculatura, mas preserva o intelecto.
“Hoje passo meus dias em cima da cama sem sentir depressão e feliz como antes. Hoje minha maior vontade é de dar uma volta pela cidade para ver as obras e as mudanças” É assim que Fernando vive: encarcerado no próprio corpo. Imaginar uma vida assim parece duro, mas a verdade é que ele continua vivendo
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Monstrinho foi um dos responsáveis pelo sucesso do Jota Quest, comandado por Rogério Flausino .........................................................................................................................
kultur • HISTÓRIA
Arquivo pessoal
Fernando Monstrinho afirma que não se sente fragilizado pela ELA e escreve para se manter vivo ..............................................................................................................................................................................................................................................................
da melhor maneira possível, com o apoio de amigos e familiares. Monstrinho vem superando a fase de desafiar o mundo sem sair de casa. A família fez uma adaptação na cadeira de rodas dele, permitindo a utilização do respirador fora de casa. Agora Fernando assiste a partidas de futebol, peças de teatro e continua com os trabalhos de produção de shows. Em 2011, ele foi responsável pela realização dos espetáculos de Fernanda Brum e Thalles Roberto. Em 2012, Fernando produziu as apresentações do grupo Jardim do Inimigo, no Palácio das Artes, e de Carlinhos de Jesus e Ana Botafogo. Isadora explica que é o tio quem escolhe os shows e os artistas que gostaria de promover, mas cabe
a ela a comunicação com os artistas e demais responsáveis para que o evento ocorra.
“... o meu coração está cheio de amigos que cultivei ao longo da vida e esse é o maior patrimônio” Na terceira edição do livro, Fernando reitera as lembranças de diversos belo-horizontinos sobre as festas por ele produzidas. Monstrinho sempre foi jovem agitador, desde a infância. Chamava os amigos para dentro de casa para badalar. Quando adolescente, viajava de carona para todos os cantos do Brasil. Foi com Monstrinho que as festas em sítios ficaram famosas na cidade. Além de trazer para Belo Horizonte a cultura do carnaval fora de época, foi responsável pela realização do famoso
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kultur • HISTÓRIA
Carnabelô e pela primeira micareta da cidade: a Micaronte, com o Asa de Águia. Foi também Monstrinho o responsável por disseminar a cultura baiana na capital mineira. Em uma noite no sítio Pasárgada, o produtor conseguiu vender 5 mil ingressos para a festa de axé Rala a Tcheca. O sucesso das bandas Skank e Jota Quest também ocorreu graças à articulação de Fernando na produção de shows dos grupos pela cidade. Carlos Olímpia
“...aprendi que o corpo saudável não é tão importante assim. A mente é muito mais importante. Com a mente você pode levar uma vida normal, mas com adaptações, é claro” Os contos de Fernando não falam de tristeza nem de raiva. Muito pelo contrário. Monstrinho deixa claro que sempre pensou que era imortal. “Por isso, nunca questionei a Deus o fato de a ELA ter acontecido comigo. Como eu poderia questionar a Deus, se a vida que eu tinha era maravilhosa?”. Quando questionado sobre o motivo de continuar lançando livros e manter a rotina de trabalho, Fernando respondeu, piscando para Isadora, a simples e esclarecedora frase: “Para me manter vivo”. Fernando é motivo de inspiração para muitas pessoas, que após lerem o livro, deixam registradas no perfil do produtor cultural, no facebook, o agradecimento pela inspiração. Isadora lembra que foi o tio que a levou a escolher a profissão de Relações Públicas. Mas a influência de Fernando não foi somente profissional. “Eu aprendi a valorizar mais a vida. Eu convivo com uma pessoa que passa todos os dias lutando para viver. Então eu aprendi a dar mais valor à vida, dar mais valor ao nascer do sol, ao acordar,... Eu aprendi que cada dia vale alguma coisa. O Fernando é uma pessoa que quer produzir todos os dias. Ele é incansável”.
“Estou feliz por conseguir ganhar dinheiro com a ajuda dos amigos na realização de festas” Segundo Isadora, todos os dias Fernando tem novos planos e nunca demonstrou abatimento. “É inacreditável dizer isso, mas ele é positivo todos os dias. Ele nunca me disse que gostaria de desistir da vida ou que não vale a pena. Eu nunca o vi reclamando da doença. De uns tempos para cá, ele tem tido uma relação maior com Deus. Os psicólogos vêm aqui e ficam impressionados com a vontade que ele tem de viver”.
Livro de Monstrinho chega à terceira edição .........................................................................................................................
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“E assim vou driblando a morte, superando estatísticas e limites”
ARTIGO • PSICOLOGIA
maria angélica falci Psicóloga clínica e especialista em Saúde Mental angelfalci@hotmail.com
Cheiro familiar É bem verdade que esta é uma época em que as pessoas estão envoltas por sentimentos de diversas ordens. Para o ano que se prenuncia, há o desejo e a expectativa por algo novo. Por outro lado, é necessário deixar o que não deu certo no ano que passou. Que tal expandir na mente a imagem da mesa farta e dos presentes sonhados para colocar no lugar sentimentos mais valiosos? Entender que existem pessoas diferentes e aceitar as diferenças é o início de uma vida mais estável e de uma noite feliz. O simbolismo do Natal é muito conhecido. Pode ser “retrô” para algumas pessoas, mas, ainda assim, a família é o maior esteio da vida. Mesmo que em alguns lares não exista harmonia, paz e um relacionamento saudável, sabemos que no inconsciente, dentro de cada ser humano, a família exprime os pilares mais almejados e conduzem à sensação de proteção e segurança no “mar agitado” da vida.
comprar,... Esses muitos conflitos acabam azedando a beleza do cheiro familiar, pois muitas vezes são marcados por um estresse tão violento que as pessoas adoecem em vez de curtir os momentos. Infelizmente alguns dão até mesmo a sensação de que o mundo vai acabar e precisam fazer em poucos dias tudo que não foi feito ao longo de todo o ano. Outro ponto delicado são as pessoas que não conseguem esquecer momentos complicados e alimentam intensamente as vivências sofridas nessa época. Há também aquelas que guardaram durante anos alguma mágoa e aproveitam o momento para colocar tudo para fora.
“Abra as emoções como uma criança, sinta o cheiro do Natal novamente, pois esse período está no âmago das pessoas que preservam a infância dentro de si”
Agora que começamos a tecer, pode surgir o seguinte questionamento: será por que tantas pessoas não conseguem se harmonizar nesta época? Penso que há um turbilhão de fatores envolvidos. As festas de fim de ano são consideradas o momento mais importante de todo ano. Os ritos devem ser seguidos à risca. Há que se decidir onde, como e com quem passar Natal e Réveillon e quais presentes
O que acontece com as famílias, quando, o que era pra ser harmonia, transforma-se em desastre familiar? Na verdade, posso contribuir com algo importante e que, se for refletido, pode gerar muitos benefícios durante o caminhar da vida: abra as emoções como uma criança, sinta o cheiro do Natal novamente, pois esse período está no âmago das pessoas que preservam a infância dentro de si.
Com certeza, você vai conseguir dar mais leveza à sua vida, ter relações satisfatórias, com mais transparência e, o melhor: ter uma noite com “gostinho” do cheiro familiar. Mude o foco, veja que a vida precisa ser resolvida e não embrulhada em problemas. Desejo um ano de 2013 com cheiro familiar por 365 dias!
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ARTIGO • MODA
clair de jesus Estilista formada em Moda pela UFMG, em Gestão de Negócios pela B.I. Social Quaresma e proprietária da marca Clair
O calendário e a moda É no tripé São Paulo – Rio de Janeiro – Minas Gerais que se sustenta a moda brasileira. Esses estados conseguiram definir uma plataforma muito clara, com todas as suas possibilidades. A São Paulo Fashion Week (SPFW) oferece uma moda mais urbana e autoral. Já o Fashion Rio e as empresas que representam no Fashion Business se definiram como uma moda mais leve, sendo referência no Fast Fashion (Modinha). Por sua vez, o Minas Trend Preview (MW) consolidou Belo Horizonte como a capital da moda-festa, do tricot sofisticado e dos acessórios, especialmente os sapatos. Nessa divisão lúdica, todos os eventos estão passando pelas provações das mudanças do calendário nacional de apresentações. Embora a nova proposta de datas dos eventos de atacado ter sido bem aceita, os compradores ficaram inseguros e compareceram em menor escala para fazer seus pedidos no lançamento do Inverno 2013. É natural essa “baixada de bola”, uma vez que, na dúvida, é melhor recuar. Porém, é louvável que as marcas e organizações tenham conseguido presença para tentar acertar o passo com o novo calendário. Fica a torcida para que, em 2013, as vendas voltem com força total.
Luiza Villarroel
Clair MW ..............
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Oh Boy Fashion Rio .....................
Marcio Madeira
Tufi Duek SPFW ..................
Fernanda Calfat
KULTUR • LITERÁRIA
8 ANOS Reprodução
Cozinha de Estar
Reprodução
Viajante Chic
Autor: Rita Lobo Editora: Paralela Páginas: 256
Autor: Glória Kalil Editora: Agir Páginas: 168
Com ingredientes básicos e modos de preparo práticos e acessíveis, Rita Lobo dá dicas importantes e valiosas para os que desejam cozinhar em vez de apelar para o fast-food ou as comidas congeladas. A autora é conhecida por contribuir com o site Panelinha e apresentar o programa Cozinha Prática, no canal GNT. As indicações de sopas, drinques, pratos principais e saladas presentes no livro seguem a linha de praticidade dos dois últimos projetos da autora.
O novo livro de Glória Kalil é bastante oportuno para os que pretendem viajar no período de férias. Dessa vez, a jornalista não fala apenas de moda e estilo. As dicas de etiqueta e bom comportamento continuam, mas não tão próximas do guarda-roupa. Glória dá conselhos sobre com quem viajar, o que levar, como escolher agência de viagens, hotéis e restaurantes. O livro também conta com relatos pessoais e dicas de como preparar as malas.
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KULTUR • CINEMA
O inacreditável Diretor taiwanês Ang Lee traz para a telona uma fantástica história de superação e fé André Martins Na Inglaterra do século XIX, duas irmãs tentam encontrar o equilíbrio entre a razão e as emoções. Na China Imperial, duas espadachins têm as vidas transpassadas pelo desejo de justiça e honra. Nas montanhas do Oeste americano, a paixão entre dois cowboys altera o curso de vidas. Uma estudante chinesa é a isca de uma perigosa emboscada em Xangai, na China ocupada pelo Japão em plena Segunda Guerra. Ao longo dos 20 anos de carreira, o diretor Ang Lee contou histórias e peregrinou por culturas contrastantes. “Razão e sensibilidade”, “O tigre e o dragão”, “O segredo de Brokeback Mountain” e “Desejo e perigo” – sintetizadas no parágrafo acima – são apenas algumas das obras responsáveis por consolidar o nome do diretor taiwanês entre os grandes do cinema contemporâneo. Além da qualidade narrativa, a obra de Ang Lee é marcada por um acurado cuidado estético. Depois de ir da aventura, com o não tão bem--sucedido “Hulk”, ao escandaloso e erótico, com “Desejo e perigo”, Lee aposta agora em uma jornada mística que promete agradar tanto ao público adulto quanto ao infantil. “As aventuras de Pi” conta a fantástica história de um jovem indiano que sobrevive ao naufrágio de um cargueiro japonês e tenta se manter vivo, dividindo um pequeno bote com um tigre de bengala. O filme é um show à parte. São belas imagens, com cores vibrantes e fluorescentes, efeitos especiais caprichados e mixagem e edição de som perfeitas. O filme tem como plano de fundo a espiritualidade. É a fé que norteia o jovem nas águas revoltas do Pacífico. À medida que os dias se sucedem no mar e os medos são completamente domados, Pi se vê diante de situações que o conduzem a uma experiência transcendental e única. À agência de notícias France Press, Ang Lee declarou que quebrou paradigmas ao reunir em um filme, crianças, água, tigres e a tecnologia 3D. O animal que protagoniza o filme ao lado do indiano Suraj Sharma foi moldado a partir de quatro tigres de bengala, dois machos e duas fêmeas (para as cenas de agressividade). A trajetória de “As aventuras de Pi” tem sido satisfatória, principalmente nos países asiáticos. Com a arrecadação momentânea de mais de US$ 150 milhões, o projeto, que teve custo de US$ 120 milhões, começa a lucrar. O longa acaba de chegar aos cinemas brasileiros e é aposta forte para a temporada de premiações da crítica iniciada em novembro.
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KULTUR • CINEMA
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KULTUR • TERRA BRASILIS
Verão Arte Contemporânea Manifestações artísticas contemplando música, dança, artes visuais, moda, literatura e teatro acontecem em diversos locais de Belo Horizonte. Em 2013, o evento vai se “hospedar” em Inhotim, no Sesc Palladium, no Museu de Arte da Pampulha e fará outras locações. Dentre as atrações estão Flávio Renegado, mostras de cinema, companhias de teatro e dança, profissionais de arquitetura e gastronomia. Local: Diversos espaços da cidade Data: De 10 de janeiro a 3 de fevereiro Outras informações no site www.veraoarte.com.br Divulgação/ Grupo ao Avesso
Reprodução
Viva Elis Até a primeira semana de janeiro, Belo Horizonte recebe uma exposição com 200 fotos que retratam a trajetória da cantora gaúcha Elis Regina. Além das imagens, a exposição é complementada por trechos de entrevistas, réplicas de figurinos, ingressos de shows, revistas, pôsteres e vídeos. A mostra faz parte do projeto “Viva Elis” da empresa de cosméticos Nívea. Local: Palácio das Artes Data: de 20 de novembro a 6 de janeiro Horário: Terça a sábado, das 9h30 às 21h. Domingo, das 16h às 21h Outras informações no site www.palaciodasartes.com.br
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KULTUR • TERRA BRASILIS
Cineminha
Divulgação
A Coleção Itaú Cultural apresenta a exposição “Filmes e Vídeos de Artistas” no Palácio das Artes. Com exibições de trabalhos produzidos desde a década de 70, a coleção resgata o pioneirismo das produções experimentais e relembra sua relevância.
Creamfields O ano de 2013 vai começar ao som de muita música na capital catarinense. Além das badaladas festas de final de ano, Florianópolis vai abrigar a Creamfields – festival de música eletrônica reconhecido mundialmente. As apresentações serão em Jurerê. No line-up estão os músicos internacionais Dany Daze, Art Department, Afrojack, D-nox, dentre outros. O evento vai contar também com alguns DJs que vão representar o Brasil: Renato Ratier e Life is a Loop. Os ingressos estão à venda com valores que variam entre R$ 80 e R$ 300. Local: Stage Music Park - Florianópolis Data: 26 de janeiro Outras informações no site www.creamfields.com.br
Local: Galeria Alberto da Veiga Guignard Data: 22 de novembro a 6 de janeiro de 2013 Outras informações pelo telefone (31) 3236-7400
Goldfish A dupla de produtores musicais sul-africanos volta a Belo Horizonte para mais uma apresentação. O duo passou por grandes boates ao redor do mundo. Dessa vez, o Goldfish vai se apresentar na boate naSala, em um projeto que pretende embalar as quintas-feiras das férias. Local: naSala Data: 24 de janeiro Horário: 22h30 Outras informações no site www.nasala.com
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CRÔNICA
Joanita gontijo Jornalista e autora do blog tresoumais.blogspot.com joanitagontijo@yahoo.com.br
Siga em frente! É proibido retornar... Nasci sem o gene responsável pelo senso de direção. Mapas e rotas me deixam tonta. Mas quando estou indo a algum lugar, até que me saio bem. A confusão começa quando tento voltar pelo mesmo caminho. Prédios públicos, universidades e hospitais são como labirintos. São corredores demais, portas em excesso, esquinas que parecem encruzilhadas, nas quais chego até a planejar uma macumba, na tentativa de encontrar a direção. O que era “à esquerda” de repente se torna “à direita”. Tenho certeza de que deveria descer as escadas depois desse extintor de incêndio... Mas só nesse andar há pelo menos dez deles – e todos iguaizinhos. Já cheguei a pedir a um segurança que me acompanhasse até a saída, depois de ter dado “de cara” com vassouras e rodos, quando abri a porta da faxina com a convicção de que tinha passado por ali.
Quem era aquela jovem que se descabelou por um pirralho que não valia nem um “oi”? Se eu soubesse que outros amores bem mais interessantes e interessados viriam,... E a pré-vestibulanda que acreditou no apocalipse, quando não viu seu nome entre os aprovados? Bastaram alguns meses de mais estudo para comemorar o acesso à faculdade. E a desesperada que brigou com a colega de trabalho insolente como se ela valesse uma amizade? E os conflitos com os filhos por causa da chupeta, do dever de casa e do horário de dormir? Nenhuma delas se parece comigo.
“Dê boas-vindas a 2013 sem se preocupar em consertar os erros ou tentar ser melhor “
Fiz essa confissão para revelar outra também muito importante. Muitas vezes não identifico o caminho, as pessoas e os sentimentos, quando vou ao meu passado. Algumas memórias mais parecem um filme que não protagonizei. Mas com a proximidade do fim do ano – e talvez até do fim do mundo –, é inevitável não fazermos um balanço do que fomos nos últimos 365 dias ou desde quando nascemos. Lembrar e avaliar são quase mandamentos inquestionáveis. Já comecei minha tarefa e, quando penso em algumas
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situações vividas, não me reconheço.
Isso não significa que eu seja a pessoa mais “resolvida” e centrada do mundo. Apenas constata que tudo passa... Por isso, vai aí um conselho: seja mais benevolente com seu passado, suas frustrações e as metas não cumpridas em 2012 ou em outros anos. Dê boas-vindas a 2013 sem se preocupar em consertar os erros ou tentar ser melhor. Não tente encontrar a saída, refazendo o caminho percorrido. Permita-se a novas travessias, peça ajuda a quem encontrar por aí, não se apresse nem fique parado. Apenas caminhe com olhos atentos à paisagem. Se, mesmo sem ter senso de direção, até hoje não fiquei presa em nenhum prédio, pode ter certeza: a saída está esperando por você, quando chegar a hora de deixar esse labirinto.
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