Revista Vox Objetiva 41

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O país da impunidade

novembro/12 • Edição 41• Ano V • Distribuição gratuita

Falhas na segurança pública deixam brasileiros na mira dos criminosos e aumentam a sensação de injustiça entre as vítimas

Em compasso de espera

Subúrbio da coroa

Projeto do trem-bala só sai do papel a partir de 2020

Leste londrino se transforma em point de badalação e bons negócios


e A dengouubar pode r da sua vida. 10 dias ela não Isso se a sua vida. tadas roubar são afas

pessoas sionais e profis s, várias is ia d ia c s o o s s , mento Todo soais de afasta idas pes v ia d s é a u m s er das ngue. A s pode s sa da de ns caso u lg por cau a m s, mas e mata. é 10 dia dengue A . te n e já perman s e você de Mina o sos n a r c e s v o Go 75% o m us e ir Juntos, z du novo vír iram re da de um a g o e ã h consegu ç c a ina do. Mas econtam s no Esta ces de r n a mos no a h c is c s ua , pre s, o ig aumento raves. Por isso m a seus g e s m o a s a h c C do. e de juntos. do mun abalhar volva to n e , a unir e tr ç n a a vizinh mobilize e a dengu aba com c a te n Ou a ge m você. caba co ou ela a

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LIGUE:


MetrOpolIS • OLHAR BH

Para todas as tribos Henrique André Ponto de encontro diário do cult, do descolado e do alternativo. Assim é o edifício Maletta (Conjunto Arcângelo Maletta) – um dos primeiros projetos do arquiteto Oscar Niemeyer, construído em 1957, no Centro de Belo Horizonte. O Arcângelo Café é uma das boas opções para quem deseja fazer um happy hour com os amigos. O estabelecimento fica no pilotis e funciona no Maletta desde 2009. Definido por Daniela Papini, uma das donas, como um lugar sem rótulos, o café atrai centenas de pessoas todos os dias. No teto, uma iluminação peculiar; na parede, quadros, vinis e diversos objetos decorativos; nos sofás e nas cadeiras, pessoas de vários estilos brindam mais um dia de trabalho concluído. Do lado de fora, uma vista privilegiada do iluminado museu Inimá de Paula completa o cenário.

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Expediente

A Revista Vox é uma publicação mensal da Vox Domini Editora Ltda. Rua Tupis, 204, sala 218, Centro - Belo Horizonte - MG CEP: 30190-060.

“... O povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32) • Editor e jornalista responsável Carlos Viana • diagramação e arte Graziele Martins • Capa Graziele Martins • Reportagem André Martins Thiago Madureira • ESTAGIÁRIas Bianca Nazaré Luísa Reiff Guimarães • CORRESPONDENTES Greice Rodrigues -Estados Unidos Ilana Rehavia - Reino Unido • diretoria Comercial Solange Viana • anúncios comercial@voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990 • ATENDIMENTO jornalismo@voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990 www.voxobjetiva.com.br • REVISÃO Versão Final • tiragem 30 mil exemplares Os textos publicados em forma de artigos, produzidos por colunistas convidados, expressam o pensamento individual e são de responsabilidade dos autores. Todos os direitos reservados. Os textos publicados na revista Vox Objetiva só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores.

Editorial

CARLOS viana Editor-Chefe carlos.viana@voxobjetiva.com.br

Seis por meia dúzia O Brasil vem perdendo a guerra contra a violência. As cenas de guerrilha urbana em São Paulo e os índices cada vez maiores de crimes em Minas Gerais são amostras claras de como o brasileiro vem sendo acuado pelos marginais. Até há bem pouco tempo, explicar a violência passava obrigatoriamente por um discurso muitas vezes ressentido, mostrando uma periferia “explorada pela minoria rica representante de um capitalismo selvagem” e que levaria milhares de pessoas miseráveis a escolher o mundo do crime. Essa é uma argumentação de esquerda tão falida quanto o regime cubano de Fidel Castro. Os dados mais recentes do IBGE jogaram por terra a maior parte desses argumentos sustentados por uma Teologia da Libertação que influenciou na formação de professores, mestres e juristas renomados e ganhou ares de verdade absoluta nas páginas dos jornais. Vivemos uma situação de pleno emprego. Nos últimos dez anos, a classe média ganhou quase 60 milhões de novos membros oriundos de famílias pobres. As casas mais simples agora têm computadores, geladeiras e televisores. Nunca antes a renda familiar foi tão alta. Mas e os crimes? Diminuíram? Na mesma linha de raciocínio, juízes e legisladores sustentaram o discurso de que punir severamente não resolveria a questão. Então eles passaram a oferecer uma série de privilégios a gente perigosa que, com arma em punho, não está disposta a seguir as regras sociais básicas de respeito ao próximo e à vida alheia. Nossos presídios se tornaram escritórios do crime. O Brasil precisa redescobrir o equilíbrio entre oferecer chances de uma nova vida e recuperação a presos não perigosos e punir com severidade, sem benefícios, quem decide invadir casas ou dar fim ao bem mais precioso de uma pessoa, que é a vida. O desafio agora é não repetir o discurso questionável de que a violência está sob controle nem fazer a simples troca política de secretários de Segurança Pública. Entra um, sai outro e, salvo raras exceções, eles sempre agem para apenas evitar desgastes na imagem política dos governos, postergando a solução dos problemas. Bandido bom é bandido na cadeia. Se for primário, deve receber o apoio da sociedade. Se já estiver diplomado no crime, tem de ficar enclausurado até o dia em que decida respeitar ao que chamamos de civilização.


Notas Feliz Natal A campanha Papai Noel dos Correios deste ano já movimenta os ajudantes do Bom Velhinho nos quatro cantos do país. Realizada há 20 anos, a iniciativa visa dar um Natal mais feliz para crianças em situação de vulnerabilidade social. Para participar da campanha, basta ir a qualquer agência dos Correios, escolher uma carta com o pedido e entregar a encomenda na mesma agência até o dia 20 de dezembro. A ação contempla todas as 28 regionais dos Correios e Telégrafos. A entrega dos presentes é feita pela instituição. Marcelo Camargo/ ABr

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Renda O salário-mínimo do brasileiro vai ter novo reajuste em janeiro. O valor vai passar de R$ 622 para R$ 674,95: um aumento de 8,5% e de R$ 4 em relação ao anúncio anterior, de R$ 670,95. A previsão de inflação para 2012, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), é de 5,63%. O INPC é um dos parâmetros analisados para os cálculos de reajuste do salário-mínimo. A elevação do índice em 0,63 ponto percentual terá impacto de R$ 1,243 bilhão nos gastos com benefícios previdenciários e assistenciais associados ao mínimo, como aposentadorias e seguro-desemprego.

José Cruz/ ABr

Sob nova direção O Ministro Joaquim Barbosa foi empossado como presidente do STF. A cerimônia teve a participação da presidente Dilma Rousseff. Mineiro, de Paracatu, de origem humilde, Barbosa será o primeiro negro a comandar a Suprema Corte. Relator do julgamento do Mensalão, o ministro ganhou status de herói pátrio pela intolerância com que ele trata os assuntos envolvendo corrupção e os desvios éticos. A vice-presidência foi assumida pelo ministro Ricardo Lewandowiski, revisor do processo do Mensalão.

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Aids Desde 1º de dezembro de 1988, o mundo celebra o Dia Mundial de Combate à Aids. O Unaids – relatório anual das Nações Unidas sobre a doença – traz boas notícias: foi registrada uma queda de 50% de novos casos de Aids no mundo. Entre 2005 e 2011, as mortes em decorrência da doença caíram mais de 25%. A maior queda foi registrada em países do continente africano. Dados do relatório dão conta que 34 milhões de pessoas no mundo sejam portadoras do vírus. No Brasil, dos cerca de 500 mil infectados, 135 mil ainda não foram diagnosticados.

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sumário Jefferson Rudy/ MDIC

Marcelo Camargo/ ABr

8 verbo........................

entrevista • FERNANDO PIMENTEL

Ministro fala sobre investimentos e diz que Brasil vai continuar a se defender do comércio internacional desleal Less Stone/ Red Cross

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metropolis.............................................. INTERNACIONAL • FURACÃO SANDY

Brasileiros tentam reconstruir a vida após onda de estragos causada por tormenta

Capa................................................................... METROPOLIS •

segurança pública

Enquanto poder público não reage, índice de criminalidade sobe e alarma população de São Paulo e de Minas Gerais

meteorologia • Ruibran dos Reis Kilimanjaro em risco...........................................................

Artigos.............................................................................

ORIENTE MÉDIO • Frei Geraldo van Buul

política • Paulo Filho

Viagem à Jordânia..............................................................

Quem perde e quem ganha?..................................................

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crônica • Joanita Gontijo justiça • Robson Sávio Reformas urgentes................................................................

IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira A polêmica dos imóveis adquiridos na planta.......................

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SALUTARIS........................................................................

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RECEITA • PALADAR Lasanha de siri gratinada................................................

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VINHOS • DEGUSTAÇÃO Novo padrão de consumo................................................

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PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci Pai nervoso, mãe estressada..................................................

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Parabéns pra você...............................................................

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Alberto Andrich/ BCMF

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PODIUM......................................................... esportes • DOIS ANOS DEPOIS

Obras no Mineirão terminam em dezembro Spitalfields Market

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Salutaris..................................................

COMPORTAMENTO • APADRINHAMENTO

Crianças protegidas pela Justiça agora podem passar mais tempo com famílias madrinhas

Stock.xchng

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horizonteS..............................................

TURISMO • EAST LONDON

Descolado e, quem diria, supervalorizado: conheça o Leste da capital britânica Divulgação/ Paris Filmes

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Vanguarda.............................................. TECNOLOGIA • TREM-BALA

O sonho brasileiro esbarra na lentidão da burocracia

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kultur.......................................................... CINEMA

• ELEFANTE BRANCO

Diretor Fábio Trapero denuncia a omissão do poder público em favela argentina

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VERBO

Competitividade legal Ministro Fernando Pimentel fala sobre o momento da economia brasileira e rebate críticas internacionais que acusam o Brasil de praticar medidas protecionistas André Martins A globalização redefiniu o mundo contemporâneo. Os padrões de consumo são cada vez mais altos. Nas prateleiras e lojas, uma disputa ferrenha entre importados e produtos nacionais são a mais simples alegoria dos entraves entre parceiros comerciais. Em busca de proteger os próprios interesses, os governos definem mecanismos de proteção da indústria pátria. Os artifícios utilizados comumente se tornam a origem de animosidades entre lideranças econômicas ao redor do mundo. Sinal dos tempos é, também, o fluxo intenso de investimentos. Grandes empresas têm ganhado projeção e se estabelecido em terras estrangeiras. Hoje há um sem-número de multinacionais fixadas nos grandes centros. De Nova Iorque a Tóquio, a busca por novos mercados tem o mesmo ímpeto dos homens que se lançavam aos mares centenas de anos atrás. Com economia e mercado cada vez mais diversificados, o Brasil participa desse cenário como protagonista.

Depois de muita discussão, o governo decidiu intervir no câmbio para garantir os ganhos dos exportadores. A era do dólar flutuante chegou ao fim? O que o Brasil tem feito desde abril ou maio do ano passado é uma política cambial que os analistas têm chamado de flutuação suja. Mas o câmbio é flutuante. O Banco Central tem agido de forma correta, usando os instrumentos de mercado para manter o patamar da moeda brasileira num estágio competitivo. O Real voltou a ter competitividade. Pode ser que não seja o ideal. Alguns cálculos apontam para uma leve desvalorização da nossa moeda, mas certamente é em um patamar muito mais confortável. No início do ano passado, por exemplo, o câmbio ficou entre R$ 1,50 e R$ 1,60 por dólar. Sempre que houver ataques à nossa moeda, vamos tentar manter a competitividade da nossa indústria, usando as regras de mercado.

“A partir de 2013, serão 40 setores da indústria com a folha desonerada. Se quisermos ser modernos e competitivos, esse é o caminho”

Em entrevista à Vox Objetiva, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, explica o que o governo tem feito para estimular e proteger a indústria e atrair os investimentos estrangeiros. De acordo com Pimentel, a reforma tributária e a desoneração de alguns setores da indústria são os caminhos para a modernização e o aumento da competitividade.

O que indicam os resultados da Balança Comercial brasileira de 2012 e qual a expectativa para 2013?

Este ano é o segundo melhor da história do comércio exterior brasileiro. Os resultados mais recentes da Balança Comercial alcançam US$ 202,4 bilhões no acumulado deste ano (janeiro/outubro). Nesse período, o superávit foi de US$ 17,4 bilhões e a corrente de comércio (somatório de importações


Elza Fiúza/ABr


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com exportações) chegou a US$ 387,3 bilhões. Se compararmos os meses de outubro deste ano e do ano passado, houve recorde nas exportações de semimanufaturados - US$ 3,5 bilhões (+ 4,5%) - e de manufaturados - US$ 8,6 bilhões (+ 0,9%). Para 2013, a expectativa é de manter esses números positivos. O seu ministério persiste na ideia da promoção de uma reforma tributária. O fato de ter de passar pelo Congresso torna essa possibilidade uma utopia? A questão tributária é um ponto que tem de ser atacado inevitavelmente, com especial atenção para o ICMS: o nosso principal tributo. Existe um cipoal de 27 legislações regionais diferentes desse imposto; um verdadeiro caos tributário. Isso tem de mudar. E estamos todos trabalhando nesse sentido: governo federal, com o Ministério da Fazenda à frente, e os governos estaduais. Qualquer alteração tributária tem de passar pelo Congresso Nacional, como prevê a Constituição. Descumprir a Lei não está em jogo. Nem haveria por quê. O Brasil é uma democracia. O Legislativo tem dado a sua contribuição. É bom lembrar que Antônio Cruz/ ABr

De acordo com o ministro, o Brasil vai continuar a se defender das deslealdades praticadas no comércio internacional .........................................................................................................................

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recentemente o Senado aprovou um projeto colocando fim à chamada guerra dos portos, ao reduzir para 4% a alíquota do ICMS interestadual. Essa é uma das frentes, e quero crer que teremos novos resultados em breve. Há outras medidas de modernização do sistema tributário brasileiro que o governo federal vem adotando de forma decisiva. E isso vem sendo feito com a participação do Congresso Nacional, o que é fundamental. Além do fim da guerra fiscal, os parlamentares aprovaram uma série de medidas de desoneração previstas no Plano Brasil. A principal delas é a desoneração da folha de pagamentos. Por si só, a medida representa uma mudança estrutural. A tributação moderna busca alcançar os bens finais e tenta desonerar ao máximo a cadeia produtiva. Essa ação vai nesse sentido... A partir de 2013, serão 40 setores da indústria com a folha desonerada. Se quisermos ser modernos e competitivos, esse é o caminho. A mudança no regime automotivo para os veículos importados foi acertada ou o governo pode mudar o rumo dessa política? O novo regime automotivo, batizado de InovarAuto, não atinge somente veículos importados. Aplica-se às empresas que produzem veículos no Brasil, às que não produzem, mas comercializam, às que importam e àquelas que apresentarem projetos de investimento no setor automotivo. É um conjunto de incentivos para colocar o carro nacional no mesmo patamar tecnológico dos produzidos pela indústria internacional. O programa começa a vigorar em 2013 e tem validade até 2017. O objetivo é incentivar investimentos e estimular as empresas a fabricar carros mais econômicos, mais seguros e mais baratos. A meta principal que queremos atingir é chegar a 2016 com veículos com desempenho de 17,2 quilômetros por litro de gasolina e 11,9 quilômetros por litro de etanol. Um carro a gasolina produzido dentro dessa meta de incentivo vai gerar uma economia média de combustível anual próxima de R$ 1,15 mil. No caso do etanol, será um pouco menos. Também haverá aumento da concorrência com as novas fábricas que estão vindo para o Brasil. Sem dúvida, esse fator vai beneficiar os consumidores brasileiros. Até agora, mais


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de 30 empresas entraram com pedido de habilitação no novo regime. O movimento mostra a aceitação das montadoras e o interesse delas em investir no país. O senhor acaba de anunciar que o Brasil vai receber cinco ou seis montadoras nos próximos três anos. Quais são elas? Alguma virá para Minas? Empresas como Chery, Jac Motors, Nissan e BMW já anunciaram fábricas no Brasil em investimentos estimados de cerca de R$ 5 bilhões. Estão em sondagens preliminares fábricas asiáticas de caminhões. Se vierem, essas fábricas vão trazer investimentos de cerca de R$ 3,5 bilhões. Os locais onde esses empreendimentos serão instalados não dependem do governo federal. Independentemente das escolhas a serem feitas, é melhor todo o país ser beneficiado com a geração de empregos, mais concorrência e divisas para municípios e estados. Evidentemente, estados como Minas Gerais, com boas universidades, uma indústria forte e montadoras instaladas, estão credenciados para receber qualquer investimento. Mas reforço: são inúmeros os fatores que concorrem para essa decisão.

do direito antidumping. Essa condição só ocorre após a conclusão do processo. Dito isso, é preciso lembrar que há um relatório, também recente, publicado pela Global Trade Alert, colocando países, como Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha e outros como os campeões do protecionismo. E o que diz esse estudo sobre o Brasil? Diz que, desde novembro de 2008, o Brasil e os outros países do Brics adotaram mais medidas de liberalização e transparência do que outros países do G20. A própria OMC reconheceu recentemente que o Brasil adotou várias medidas para facilitar o comércio, dentre elas, a redução de tarifas de importação para 2%. São os ex-tarifários. Esse regime consiste na redução temporária das alíquotas de bens de capital e bens de informática e de telecomunicações sem produção no Brasil. A redução foi de 14% para 2% para os bens de capital e de 16% para 2% para os eletrônicos. Somente de janeiro a novembro de 2012 foram concedidos 2.696 ex-tarifários – número maior do que o observado de janeiro a dezembro do ano passado, que foi de 2.487.

“Quanto mais o comércio internacional for agressivo e desleal, mais o governo vai usar a defesa comercial”

Um estudo elaborado pelo G20 classifica o Brasil como o mais protecionista do grupo. Como o senhor avalia esse levantamento?

É preciso levar em consideração que esses estudos incluem práticas legais, permitidas e previstas nas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) como práticas protecionistas. Na verdade, essas ações são legítimas para a defesa comercial. Estamos trabalhando conforme as regras do jogo. Há outra ponderação importante a ser feita: alguns desses estudos incluem no cálculo a simples abertura de Lorem Ipsum Dolar sit amet investigações antidumping. Primeiro ponto: estamos consectetur adipiscing falando, mais uma elit. vez, de prática permitida pela OMC Praesent malesuada urna contra práticas comerciais desleais. Segundo ponto: a ornare libe. abertura de investigação é exatamente isso: abertura de investigação. Isso não significa, portanto, aplicação

Há meios possíveis de proteger o mercado interno sem se indispor lá fora? Essas críticas existem e podem aumentar em razão do momento econômico internacional. São uma reação esperada dos países desenvolvidos, que enfrentam enorme dificuldade para vender os próprios produtos no mercado interno. Há capacidade produtiva sobrando, especialmente de manufaturas, e eles precisam desesperadamente escoar essa produção. Nesse ponto, não há negociação: quanto mais o comércio internacional for agressivo e desleal, mais o governo vai usar a defesa comercial. Então sempre haverá esse ruído dos países desenvolvidos, que são campeões de protecionismo. Mas esses países afirmam que protecionista é o Brasil, quando o país nada mais faz do que defender seu mercado.

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Fotos: Less Stone/ Red Cross

O furacão Sandy entrou para a história da costa-leste dos EUA. É uma das piores tormentas que atingiram a região nos últimos 50 anos ..............................................................................................................................................................................................................................................................

Pós-apocalipse Em meio ao caos, brasileiros se unem para ajudar vítimas do furação Sandy, nos Estados Unidos Greice Rodrigues, de Nova York Na madrugada do dia 28 de outubro, Fabrício Santos e Camila Toso acordaram com o estrondo da porta sendo arrancada pela força dos ventos. Repentinamente um grande volume de água invadiu o quarto do casal. Em poucos minutos, todo o espaço ficou inundado. Em pânico, os dois mal tiveram tempo de escapar do primeiro andar. Grávida de cinco meses,

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Camila ainda não consegue falar da lembrança sem se emocionar. “Não tivemos tempo de pegar nada. Quando saímos da cama, a água já estava acima dos joelhos. Sem luz, o pânico e o desespero foram ainda maiores. Foi um dos momentos mais terríveis que vivi”, conta. Sem luz, sem telefone e sem condições de pedir ajuda aos vizinhos, eles só pediam a Deus que o


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dia amanhecesse logo. “Foram momentos de terror”, sintetiza Fabrício. Tudo que estava no quarto foi levado pelas águas. Entre as perdas, está o enxoval completo do bebê, o primeiro do casal, além de roupas, sapatos, móveis e eletrônicos. “Lamento muito pelos álbuns de minha família e pelas coisas da minha filha. Tudo tinha sido comprado com muito carinho. Mas Deus vai prover”, lamenta Camila. Mineiros, de Governador Valadares, eles chegaram aos Estados Unidos em 2006. Quase tudo que conquistaram ao longo desses seis anos foi praticamente destruído. Histórias, como a do casal Fabrício e Camila, têm comovido e unido a comunidade brasileira nos Estados Unidos. O sentimento é mais acentuado em

Nova Jersey, uma das regiões mais castigadas pela passagem do furacão Sandy. Um encontro promovido pelo embaixador Luiz Felipe Seixas Corrêa, do Consulado-Geral do Brasil, em Nova Iorque, reuniu lideranças comunitárias, igrejas, profissionais liberais e anônimos na cidade de Newark (NJ), com o objetivo de formar uma rede solidária para ajudar brasileiros vítimas da catástrofe. No encontro, foi criado um grupo de trabalho que vai mapear e cadastrar famílias brasileiras que precisam de suporte para retomar suas vidas. Essa busca vai ser feita principalmente nas áreas mais castigadas pelo furacão, como as cidades litorâneas, onde vive um expressivo número de brasileiros. “Ainda não sabemos exatamente quantas dessas

Um rastro de destruição e a interrupção dos sistemas elétrico e de abastecimento de água deixaram os nova-iorquinos atônitos por semanas ..............................................................................................................................................................................................................................................................

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pessoas foram afetadas. Mas esse trabalho vai identificar as famílias. A partir disso, vamos definir formas de ajuda e apoio”, afirmou o embaixador. Segundo ele, não há previsão de suporte financeiro, mas o órgão está apto para auxiliar na regularização de documentos perdidos, como passaporte, ou agilizar os processos de viagem dos que desejarem voltar para o Brasil. Solange Paizante, coordenadora-geral da Organização Mantena Global Care, uma entidade

sem fins lucrativos que oferece apoio à comunidade brasileira nos EUA, entende que esse trabalho não tem prazo para terminar. Embora todas as vítimas estejam recebendo apoio emergencial de entidades, como a Cruz Vermelha, a Legião da Boa Vontade, dentre outros órgãos governamentais, a tendência é que essa ajuda cesse em alguns dias. No caso dos brasileiros, há um agravante: muitos receiam que o serviço de imigração aproveite a oportunidade para deportar os que estão em situação irregular no país. “Isso pode deixar muita gente fora dos programas de ajuda. Queremos identificar esses brasileiros e oferecer a eles suporte para que reconstruam suas vidas”, afirma Solange. Reconstruir é mesmo o desejo de todos, vítimas ou não dessa tragédia. A situação ainda está caótica, mas, aos poucos, as coisas voltam à normalidade para os milhares de sobreviventes. Dos 8 milhões de famílias que ficaram sem luz, 160 mil ainda aguardam o restabelecimento do sistema. O abastecimento de gás e gasolina está quase normalizado, e quase todas as escolas foram reabertas. “Depois de três semanas da fase de recuperação, conseguimos atingir a estabilidade no pós-furacão Sandy”, disse o governador de Nova Jersey, Chris Christie. “Nossa capacidade de resistência tem sido sempre nossa maior força. Estamos reconstruindo; estamos voltando,” afirmou.

Less Stone/ Red Cross

Antes de atingir o Nordeste dos EUA, o furacão Sandy aumentou os ventos máximos para 150 km/h .........................................................................................................................

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Mas a tragédia que assolou a costa-leste americana jamais será esquecida por quem esteve no olho do furacão. Considerada uma das maiores tragédias vividas pelo país, a tormenta devastou, desabrigou, matou e fez Nova Iorque, o coração da América, fechar as portas. O desastre obrigou hotéis, aeroportos, escolas, todo o transporte público e até o Wall Street paralisarem suas atividades. Ninguém conseguia sair nem entrar na Big Apple. O furacão também interrompeu o passeio dos 3,5 mil turistas brasileiros que visitavam Nova Iorque naquele período. Muitos deles deixaram os hotéis para se refugiar nos abrigos disponibilizados para a população. Não tiveram tempo nem mesmo de pegar seus pertences. O desastre passou, mas a lembrança da destruição não será apagada tão cedo da memória dos que o testemunharam.


ARTIGO - POLÍTICA

pAULO fILHO Jornalista e consultor de Comunicação Social paulojfilho@ig.com.br

Quem perde e quem ganha? Definidos os vencedores nas eleições municipais, a contabilidade e o marketing dos partidos entram em cena. Cada qual se anuncia como vencedor e potencializa os pequenos ou grandes lucros, minimizando as perdas que todos tiveram, por mais que as neguem. Numa análise fria, sem “cientificismo”, é inegável que o PT cresceu. Esse crescimento é natural; é fruto e mérito do próprio partido. Trata-se do único no panorama partidário nacional que permanece estruturado organicamente e com instâncias e segmentos que funcionam. Isso, em um cenário em que os outros partidos se colocam como federações de coronéis ou agrupamentos de inimigos cordatos. No cômputo geral, o PT cresceu em número de prefeituras conquistadas e em número absoluto de eleitores. Como joia da coroa, reconquistou a prefeitura de São Paulo.

A gestão de Kassab foi ridicularizada e barbaramente criticada pela campanha petista na cidade. Agora o prefeito pessedista é cortejado abertamente para aderir às hostes petistas. A situação se torna cômica e, ao mesmo tempo, perversa para a história em São Paulo. Inclusive é possível que Kassab receba a oferta de alguma pasta no ministério da presidente Dilma Rousseff. De fato, no mundo político, nada é sério neste país.

“Ao analisar a perda do poder municipal por parte do PT, a coisa parece caminhar para um quadro de esquizofrenia”

Na capital paulista, o resultado não trouxe surpresas. Por mais que os acólitos lulistas creditem a vitória ao “onipotente” líder, isso não é verdade. A eleição em São Paulo se configurou como uma das mais previsíveis deste ano no país. Desde o início do pleito, a rejeição definiu um candidato derrotado – o tucano José Serra. O tucanato fez questão de ampliar a rejeição do seu candidato, somando-se à rejeição do atual prefeito paulista. Em pesquisas de opinião, Gilberto Kassab (PSD/SP) foi considerado o pior gestor entre os prefeitos de capitais.

Em Belo Horizonte, a falta de autocrítica petista é muito estranha. Ao analisar a perda do poder municipal, a coisa parece caminhar para um quadro de esquizofrenia. Os petistas saúdam felizes a derrota com o discurso de que o partido voltou a se unir, agora como oposição. É como se isso fosse o toque de Midas para a cidade e para a felicidade dos seus moradores.

No PT, muitas questões estão passando ao largo das análises do partido: as disputas internas, a autofagia, o arrivismo descarado de alguns, as filiações em massa para ter controle do partido, os conchavos com caciques de outros partidos, as alianças pragmáticas, oportunistas e eleitoreiras e a perda do senso ético de muitos. Esse quadro é uma pena, porque aponta para um caminho irreversível para o PT municipal: ser apenas mais um partido medíocre em um triste cenário de podridão geral.

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Paz invadida São Paulo arde com a criminalidade. Enquanto isso, em Minas Gerais, autoridades insistem que a situação está sob controle Bianca Nazaré Fotos: Marcelo Camargo/ ABr

Policial fazendo a segurança nas ruas de São Paulo. Armamento pesado revela o grau da criminalidade no estado ..............................................................................................................................................................................................................................................................

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A população de São Paulo está com medo. Os crimes dos últimos dois meses têm tirado o sono. O governo demonstra estar subjugado pelo crime organizado. No meio desse cenário de guerra, as autoridades passam pouca confiança de que vão conseguir resolver o problema. Mas os representantes do governo afirmam categoricamente que têm investido na segurança pública. É assim também em Minas Gerais. O governo mineiro divulga o aumento do orçamento voltado para a segurança, fato que não condiz com a escalada da violência. No cenário paulista, o vigilante de escolta armada Murilo (nome fictício) entra em todas as favelas para proteger a circulação de patrimônios privados da ação de criminosos. Murilo pediu que não fosse identificado, porque trabalha com policiais. Ele afirma que a polícia não tem feito o trabalho de proteção em áreas de maior risco. Murilo e os colegas de trabalho precisaram dos policiais em algumas situações em que foram ameaçados por bandidos, em vilas do estado paulista. Diversas vezes, a empresa fez contato com a polícia para conter a ação dos criminosos, mas nem uma viatura apareceu no local.

novembro, tomou posse na pasta o ex-procurador-geral de Justiça, Fernando Grella Vieira. A adoção de discursos alarmantes, que desenham uma situação fora de controle, com expressões do tipo “onda de violência”, “alvo de ataques” e “crime organizado” não são amenizadas pelos pedidos do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para que não se crie pânico na população. Enquanto isso, o personagem com maior poder de mando na área da segurança pública no Brasil, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, declara que preferiria morrer a ficar preso durante muitos anos em presídio brasileiro. Cardozo chamou de “fiasco” o programa criado no governo Lula para combater a violência no nascedouro, o Pronasci. O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) foi criado em 2007 para integrar as políticas de segurança pública no país. Na teoria, as ações do programa preveem não somente o combate ao crime, mas também o incentivo às polícias e a adoção de estratégias de conscientização da população em situação de vulnerabilidade.

Como cidadão comum, sem couraça nem armamento em punho, Murilo assegura que a violência atinge a mente dos habitantes do centro. “A população se sente refém. Se sairmos à noite, a sensação é de que podemos ser baleados a qualquer momento. Só não sabemos se será pela polícia ou pelo Primeiro Comando da Capital (PCC)”. Comandadas pelo PCC, as mortes de civis e policiais militares contribuíram para um aumento de 11,62% no número de homicídios em São Paulo. Entre janeiro e outubro deste ano, os homicídios chegam a um total de 3.834 mortes. No mesmo período do ano passado, o registro foi de 3.345 mortes. Somente em outubro de 2011 houve 366 homicídios. Já no mesmo mês de 2012, são 505 assassinatos confirmados: um aumento de 37,9%. A falta de habilidade do então secretário de Segurança Pública foi a justificativa do governo de São Paulo para exonerar Antonio Ferreira Pinto. No dia 22 de

Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, procuram a solução para o crime organizado no estado ..........................................................................................................................

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O Pronasci se transformou na política de segurança pública nacional. O Ministério da Justiça explica que o programa trabalha as fronteiras de maneira integrada com estados, organismos de segurança pública e países vizinhos. Outra frente do Pronasci é o combate ao crack de forma integrada com as áreas de assistência social, saúde, segurança pública e educação. A intenção do programa é unir estados e municípios com o governo federal no combate à violência. A meta de investimentos do Ministério da Justiça era repassar R$ 6,707 bilhões até o final deste ano para o programa. Mas até agora foram destinados R$ 5,8 bilhões. Desse total, somente R$ 3,6 bilhões foram realmente empenhados. Dentre as várias metas do Pronasci, havia a promessa de construção de 40 mil vagas no sistema penitenciário para jovens de 18 a 24 anos. O objetivo do governo é impedir a contaminação de jovens por membros do crime organizado, fazendo uma separação de presos por delito cometido. O Ministério da Justiça não informou quantas vagas em presídios foram criadas a partir do início do programa. situação em minas gerais A realidade de Minas Gerais não está tão longe da de São Paulo. Mesmo sem a predominância do crime organizado, o estado mineiro apresenta taxa de homicídios maior que a do estado paulista: 18,4. Em São Paulo são 10,1 homicídios para cada 100 mil habitantes. No Rio de Janeiro são 24,9 e no Espírito Santo, 44,8. Essas são as maiores taxas de homicídios do país.

estados, é preciso observar o que vem ocorrendo em Minas Gerais. São Paulo tem população de 41 milhões de pessoas. Minas Gerais tem pouco menos da metade: 19 milhões de habitantes, segundo o Censo de 2010. A taxa de crimes violentos (homicídios, tentativas de homicídios, estupros, roubos e assaltos a mão armada) vem aumentando de forma geral no estado mineiro. Houve uma evolução de 10,8% em 2011, em comparação com 2010. E o governo do estado afirma ter aumentado os investimentos na segurança pública. Em 2008 foram destinados R$ 5 bilhões, evoluindo para R$ 7,5 bilhões em 2011. A Secretaria Estadual de Defesa Social (Seds) explica que há critérios para analisar a relação entre a dinâmica criminal e os investimentos em segurança. “A comparação deve ser feita a partir de uma série histórica mais ampla, porque o impacto não acontece imediatamente após o investimento”, informa a assessoria de imprensa da Secretaria. “Se compararmos, por exemplo, a taxa de crimes violentos em Minas Gerais, entre os anos de 2004 e 2011, veremos que houve uma queda de 48,8%. Em 2004 foram registradas 102.513 ocorrências de crimes violentos. Isso equivale a uma taxa de 539,15 para cada grupo de 100 mil habitantes. Em 2011 foram 56.593 ocorrências, o que equivale à taxa de 277,78 Arquivo Pessoal

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública indica um aumento da violência em Minas Gerais nos últimos três anos. Em 2009 foram registrados 1.998 homicídios dolosos. Esse número passou para 2.878, em 2010, e no ano passado, para 3.630. Ao contrário do que vem ocorrendo no estado, no mesmo período, São Paulo conseguiu diminuir o número de homicídios dolosos: em 2009 foram 4.559, em 2010 foram 4.321 e no ano passado, 4.194. Considerando o número de habitantes dos dois

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Na comparação entre 2010 e 2011, Minas Gerais registrou aumento da taxa de crimes violentos, como homicídios, em 10,8% .........................................................................................................................


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por 100 mil habitantes”, complementa. Os gastos com segurança pública passaram de R$ 2,6 bilhões em 2004 para R$ 7,5 bilhões em 2011.

“trágico”. Andrada deixou o cargo em março deste ano e voltou para a Assembleia Legislativa. Em seu lugar, tomou posse o procurador de Justiça Rômulo Ferraz.

Os números enchem os olhos, mas o filósofo e especialista em segurança pública, Robson Sávio, afirma não ser bem assim. O crescimento nos valores destinados à segurança pública do estado, nos últimos anos, não tem nenhuma relação com “investimentos”, mas sim com despesas, segundo ele.

“O governo não conseguiu efetivamente investir em segurança pública e no aprimoramento concreto dos diversos projetos do sistema. Isso acabou afetando a qualidade de gestão de todo o aparato de segurança pública de Minas Gerais. Esse aumento dos valores destinados ao setor não reflete o que acontece na prática. Por exemplo: as condições de trabalho da polícia, os equipamentos, a estrutura física, tudo ficou deteriorado nos últimos anos. Há três anos praticamente nenhuma penitenciária foi inaugurada nem foi construído nenhum Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator (Ciad) em Minas Gerais. Há uma descontinuidade da política de segurança pública em Minas Gerais”, completa Sapori.

Sávio estudou o orçamento do estado e constatou que a Polícia Militar de Minas Gerais responde por 65,94% das despesas em segurança pública. A Polícia Civil recebe 13,91% dos gastos e a Seds fica com 13,48% da fatia. O Corpo de Bombeiros Militar recebe 6,15% do orçamento. “Ao verificar cuidadosamente as despesas realizadas com a PMMG, em 2011, observamos que 55,44% dos recursos gastos são destinados ao pagamento da renumeração dos ativos e inativos. Com isso, o estado tem uma despesa maior que o valor destinado à Secretaria. Em 2011, o gasto com policiais inativos chegou a R$ 1,2 bilhão. No mesmo período, a Seds teve uma despesa de R$ 1 bilhão”. A remuneração de policiais militares ativos teve um custo de R$ 1,5 bilhão em 2011. No mesmo ano, o valor total investido em remunerações na PM foi de R$ 2,7 bilhões. O total repassado para todas as atividades da Polícia Militar foi de R$ 4,9 bilhões no ano passado.

Não houve crescimento efetivo no investimento do governo de Minas Gerais em ações para diminuir a violência

Isso significa que não houve crescimento efetivo no investimento do estado em ações para diminuir a violência. O coordenador do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUC Minas, Luís Flávio Sapori, declara que o estado não conseguiu levar adiante a política de segurança pública do governo Aécio Neves. Isso teria ocorrido devido à nomeação de um secretário de Defesa Social (Lafayette Andrada, do PSDB) de cunho político-partidário, o que Sapori chamou de

PCC em Minas

Os problemas entre a segurança pública de São Paulo e o PCC não estão isolados do cenário nacional. Há um clima de guerra entre a PM e o PCC. Execuções supostamente comandadas pela Rota - a polícia de elite paulista -, somadas à falta de controle dos presídios e a um governo favorável às políticas de ações violentas, fizeram eclodir a guerra em São Paulo. Na visão de Robson Sávio, o governo desprezou o poder do PCC. A organização criminosa controla mais de 130 dos 151 presídios de São Paulo, segundo dados do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo. O PCC tem 6 mil membros “batizados” dentro do sistema penitenciário paulista. São 2 mil integrantes em liberdade e 5 mil fora do estado. A organização atua em 22 estados, no Distrito Federal, no Paraguai e na Bolívia. Entre janeiro e setembro de 2011, o maior crescimento

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Marcelo Camargo/ ABr

Em meio à batalha da violência, policiais se mostram insatisfeitos com as condições de trabalho e os salários ..............................................................................................................................................................................................................................................................

dos membros “batizados” do PCC foi em Minas Gerais, afirma Sávio. “Foram 90 novos integrantes no período, com um crescimento de 20,88%, o maior entre os 22 estados onde há registro de atuação da organização criminosa, provando que o PCC está em franca expansão”. O grupo atua principalmente nas penitenciárias do Sul de Minas. Policiais insatisfeitos Em 2012, todas as polícias fizeram greve por melhorias nas condições de trabalho e pela valorização das corporações. A Polícia Militar da Bahia paralisou os trabalhos durante 12 dias. O movimento da categoria na Bahia incitou, inclusive, a PM do Rio de Janeiro, que acabou não levando o protesto adiante. A Polícia Civil de Goiás ficou parada durante 49 dias, e a do Distrito Federal manteve a greve por tempo recorde na história da corporação: 82 dias. A Polícia Federal se organizou por todo o país para reivindicar melhorias nas condições de trabalho, equiparação salarial e

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modernização das atividades e das instalações. A PF parou durante 70 dias. O presidente do Sindicato da Polícia Federal em Minas Gerais, Renato Deslandes, afirma que a falta de atenção do governo para com a categoria vem desmotivando os policiais, assim como os potenciais novos profissionais. A desvalorização da PF, segundo ele, tem provocado a evasão de 200 policiais por ano. “Durante o governo Lula, o efetivo de policiais federais aumentou, mas o problema é que o número sempre foi muito escasso. E por conta desse movimento, o ingresso de servidores não surte tanto efeito”. O Tribunal de Contas da União (TCU) também reconheceu a necessidade de priorizar a PF, observando que as deficiências na cobertura de fronteiras, por exemplo, vem causando problemas no combate ao narcotráfico. Isso poderia complicar o trabalho da PM nas regiões onde há maior predominância do tráfico de drogas, como São Paulo e Rio de Janeiro.


Artigo • Justiça

ROBSON SÁVIO REIS SOUZA Filósofo e cientista social robsonsavio@yahoo.com.br

Reformas urgentes Nos últimos anos houve uma série de tentativas de reformas incrementais na área da segurança pública. No plano federal, Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro a ensaiar mudanças. Ele conseguiu avançar em algumas alterações legislativas, criou a Secretaria Nacional de Segurança Pública e o Fundo Nacional de Segurança Pública. Mas capitulou, quando as reformas batiam às portas da estrutura do sistema de segurança pública. Por sua vez, Lula fez ensaios de reforma duas vezes. Primeiro, na tentativa de implantação de um Sistema Único de Segurança Pública (Susp). Depois, quando da implantação do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania. Em relação ao Susp, Lula recuou. Ele percebeu que haveria elevados custos na centralização da gestão e na articulação efetiva da segurança pública no Brasil. Em relação ao Pronasci, houve novo recuo. Na Conferência Nacional de Segurança Pública, em 2009, o recrudescimento das demandas corporativas evidenciou vespeiros de várias ordens incrustados nas várias organizações policiais brasileiras. Quando Dilma tomou posse, estava pronto um plano nacional de combate a homicídios. Uma tarefa árdua, mas fundamental para um país que registra 50 mil homicídios por ano. A presidente percebeu o tamanho da empreitada e preferiu recuar.

mais ousadas, basta que as polícias ameacem com greves para que o mandatário “coloque a viola no saco” e vá pedir socorro às Forças Armadas. Num dado momento, até se pensa que a política de segurança esteja avançando. Mas, de repente, depara-se com a realidade. Muitos só veem pela TV, mas milhões de brasileiros vivem e experimentam essa realidade cotidianamente. De um lado, observam-se os indicadores de crimes violentos, as taxas de letalidade da ação policial e a baixíssima porcentagem de homicidas processados pelo sistema de justiça. “Na vida como ela é”, notam-se os velhos discursos retornando de forma retumbante: redução da idade penal, criminalização dos movimentos sociais, internação compulsória para o andar de baixo (porque são perigosos). Do outro lado está um estado penal cada vez mais robusto e legiferante. As prisões estão abarrotadas, e a política caminha a passos largos para a judicialização extremada. Com a aplicação cada vez mais intensa dessa Teoria do Domínio do Fato, assinala-se um perigoso retrocesso em relação às garantias fundamentais.

Cerca de 50 mil homicídios são registrados no Brasil todos os anos

Nos últimos anos, os governos estaduais também tentaram realizar algumas reformas nas polícias. Avança-se um pouquinho com ações de integração policial aqui, com programas de prevenção ali,..., mas nada que altere substantivamente o modus operandi das polícias nem a forma de implementar políticas de segurança. Quando algum governador tenta ações

Portanto, a sociedade está diante de um dilema. Por um lado, há um clamor social por melhorias no contexto de uma sociedade mais plural, com esplêndida diversidade cultural e que deseja ser democrática. Por outro, a segurança está numa situação de desarranjo que demanda reformas estruturais urgentes em todo o sistema de justiça criminal, especialmente uma reforma na segurança pública e nas instituições policiais.

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informe publicitário

Lugar das oportunidades Luiza Villarroel

A expansão do setor imobiliário em Belo Horizonte é a comprovação da solidez econômica brasileira. Apesar da crise internacional, o país continua gerando empregos, e a renda da população está cada vez maior. O déficit habitacional e as mais variadas linhas de crédito, que hoje oferecem ótimas condições de pagamento, movimentam ainda mais esse aquecido setor da economia. Na capital mineira, uma das regiões mais valorizadas é a da Pampulha. Esse privilégio se explica com o resgate do passado. A região foi uma das mais favorecidas pelos investimentos estruturais e paisagísticos da gestão do prefeito Juscelino Kubitschek (1940-1945). Além de uma grande lagoa artificial, a Pampulha ganhou um ousado complexo arquitetônico. Planejada por Oscar Niemayer, a Igreja de São Francisco de Assis deu um toque de religiosidade à orla da Lagoa e se tornou o insubstituível cartão-postal de Beagá. É também na Pampulha que estão os pontos favoráveis para o lazer da população e dos turistas.

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Áreas verdes e os jardins Botânico e Zoológico são opções para a família. Os amantes dos esportes e da música também se encontram por lá. O ginásio do Mineirinho e o “Gigante da Pampulha” são palcos de grandes emoções. Na região estão também o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade e duas das maiores instituições de ensino público do Brasil: as universidades Estadual e Federal de Minas Gerais. Por esses e outros atrativos, o setor imobiliário da região da Pampulha vive um momento áureo e em progressão. Dados da Pesquisa de Comercialização de Imóveis Novos em BH apontam um crescimento de 65% no número de imóveis ofertados nos bairros que compreendem a região no comparativo do mês de agosto dos anos de 2011 e 2012. Cem empresas imobiliárias responderam à pesquisa realizada pela Fundação IPEAD/UFMG e divulgada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais. Para o gerente da Patrimonium Imóveis, associada à Rede Imvista, Jorge Fernandes, as perspectivas para a região são as melhores possíveis. “A descentralização do Centro Administrativo do estado para o vetor norte, a proximidade do Aeroporto Internacional Tancredo Neves e os diversos investimentos viários visando a Copa do Mundo valorizaram de maneira considerável a região”, explica. Na primeira quinzena de dezembro, a Pampulha ganha uma nova imobiliária, com um jeito diferente de comprar, vender a alugar. A missão da experiente equipe da Patrimonium Imóveis é realizar negócios com segurança e garantia da melhor opção para seus clientes.

Patrimonium Imóveis Avenida Otacílio Negrão de Lima, 2097, São Luiz Telefone: 0800- 073-2100


Artigo • IMOBILIÁRIO

kÊNIO DE SOUZA PEREIRA Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG keniopereira@caixaimobiliaria.com.br

A polêmica dos imóveis adquiridos na planta A redução do volume de vendas de imóveis na planta acarretou a diminuição do fluxo de caixa das incorporadoras e construtoras. Nesse cenário, nota-se que muitos empreendimentos vendidos em 2010 não estão sendo entregues. Esses imóveis deveriam estar concluídos em 2012 e 2013. Ocorre que o comprador fechou o contrato com a certeza de que teria a posse de uma moradia na data determinada no contrato. Quem estipula a data da entrega é o construtor. Isso, porque quem constrói é especialista – tem pleno domínio dos problemas que podem ocasionar o atraso da obra. Diversos edifícios que deveriam estar prontos em 2012 nem saíram do chão. Há construtoras que receberam 20, 30 prestações de centenas de compradores, mas nada investiram na obra. O terreno continua limpo e sem operários.

Assim, muitos empreendimentos vendidos não eram construídos. Quando o ciclo era interrompido numa operação parecida com a de uma pirâmide, os compradores ficavam no prejuízo. Essa situação motivou a criação da Lei 10.921, em 2004. A regulamentação implantou o Patrimônio de Afetação – um mecanismo que obriga o construtor a empregar os recursos recebidos dos compradores somente no empreendimento vendido. Com o Patrimônio de Afetação, é proibido desviar recursos de uma obra para outra. Mas, como se fosse uma brincadeira, cabe ao construtor a opção de cumprir essa lei.

“Diversos edifícios que deveriam estar prontos em 2012 nem saíram do chão”

risco de golpe Na década de 90, as construtoras Encol, Ponta Engenharia e Milão, dentre outras, causaram enormes prejuízos com a “bicicleta” – vendiam um edifício, mas gastavam o dinheiro recebido. E para terminar o edifício vendido, vendiam outro para dezenas de adquirentes. Os recursos apurados com essas vendas eram utilizados para finalizar o primeiro prédio.

Diante dessa falta de seriedade do mercado, elaborei o Projeto de Lei que ficou conhecido como “Overbooking Imobiliário”. O projeto ficou parado na Câmara Municipal de BH, depois de ser aprovado em primeiro turno. O documento contém a regra de não liberar o alvará de construção de outro prédio, caso a construtora atrase três meses alguma construção. A medida evita que mais compradores sejam lesados com a “bicicleta”. Seria cabível somente às construtoras cumpridoras de seus deveres obter novo alvará de construção, pois assim não ocorreria o que está por vir. Pelo visto, muitos compradores estão jogando dinheiro fora, pois seus recursos não estão sendo empregados no local onde deveriam.

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SALUTARIS • COMPORTAMENTO

Alternativa do amor A partir deste ano, famílias madrinhas podem permanecer mais tempo com crianças protegidas pela lei André Martins

Divulgação/ Cevam

Em 2011, uma “princesa” surgiu na vida da assistente social Patrícia Ribeiro, de 42 anos. Ao longo de uma semana, ela teve a oportunidade de devotar parte do tempo à pequena Marina (nome fictício), um ser extremamente frágil, à época com apenas três meses de vida e sorologia positiva confirmada por exames. Mais do que amor, a menina carecia de cuidados específicos. A despeito do pouco tempo juntas, os laços entre elas se estreitaram, mas logo veio o baque do afastamento. Colocada para adoção, Marina ganhou, como novos pais, um casal com histórico e experiência no acolhimento de uma criança com problemas de saúde. Patrícia nunca mais foi a mesma. “A Marina me despertou para algo novo”, resume. Foi a partir desse encontro que a assistente social começou a encarar o acolhimento afetivo como uma possibilidade real de fazer o bem ao próximo e se satisfazer como pessoa. Hoje Gabriele e Júlia (nomes fictícios) são as que se beneficiam da atenção e do amor de Patrícia. Enquanto a primeira permanece com ela nos finais de semana e em datas comemorativas, a segunda está provisoriamente guardada pela assistente social, por meio do serviço de acolhimento familiar da Casa Novella. Patrícia não se ilude: sabe que as rupturas são certas em determinado momento. A capacidade de lidar com as separações só foi adquirida, quando ela entendeu o princípio do acolhimento. “Eu passei por um processo de maturação. Aprendi a olhar e ‘desapropriar’. Como o apadrinhamento é temporário, você começa a entender que esse amor de cuidar e de estar próximo é, de certa forma, temporal. Não é para toda a vida. Mas, apesar disso, eu sei que posso fazer o meu melhor agora, sem esperar retorno. Além disso, eu penso como foi bom fazer parte da

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Cerca de 900 crianças estão em regime de proteção nos 54 abrigos espalhados por Belo Horizonte .........................................................................................................................

história delas e elas da minha. É algo de que nunca vou me esquecer”, esclarece emocionada. apadrinhamento Marina, Gabriele e Júlia tiveram os destinos alterados pela intervenção providencial do Conselho Tutelar de Belo Horizonte. Elas são apenas três das milhares de crianças que tiveram os direitos violados


SALUTARIS • COMPORTAMENTO

ou ameaçados no próprio seio familiar. Por isso, foram obrigadas a passar por casas de acolhimento. Muitas delas aguardam o momento oportuno para retornar à família biológica ou ser acolhidas em um novo lar. Só em Belo Horizonte, cerca de 900 crianças e pré-adolescentes estão em regime de proteção nos 54 abrigos da cidade. Tradicionalmente o desfecho de um ano e o início do vindouro é o período em que o número de apadrinhamentos mais cresce em todo o Brasil. Belo Horizonte vem colhendo bons resultados, ao quebrar metas estabelecidas pelo Centro de Voluntariado e Apoio ao Menor (Cevam). Em 2011, os apadrinhamentos foram para além dos 450 previstos. Este ano, a meta é propiciar o acolhimento de 600 crianças e adolescentes. “Nós pensamos sempre como poderia uma criança afastada de sua família por proteção exercer os seus direitos. Em uma proposta conjunta com o Juizado da Infância e da Juventude da capital, concluímos que a possibilidade seria por meio do apadrinhamento afetivo, em que é possível dar a ela afetividade e amor”, expõe o presidente do Cevam, doutor Ananias Neves Ferreira.

novidade Este ano está sendo oferecida uma nova possibilidade de acolhimento. A família madrinha pode passar à condição de guardiã. Em vez de o contato com a criança ou o adolescente se restringir às datas festivas, como o Natal, é permitido que a criança passe o período de férias e vá para a casa do guardião todos os finais de semana. Isso contribui para o processo de socialização do infante e reduz o impacto da volta ao abrigo. A Casa Novella, vinculada ao Cevam, oferece alternativa de acolhimento. O programa Família Acolhedora propicia às crianças permanecerem integradas a um ambiente familiar até que elas tenham condições de retornar às famílias biológicas (a reintegração familiar é sempre o objetivo). Há também a possibilidade de os processos de adoção que a envolvem sejam concluídos. Dessa forma, as chances de perda das referências de família se tornam menores. Como acontece com voluntários e padrinhos, quem participa do programa é entrevistado e visitado pelas assistentes sociais do abrigo. Após essa etapa, os interessados são convidados a participar de eventos em André Martins

Dentre as crianças abrigadas, só podem ser apadrinhados meninos e meninas sem possibilidade de reintegração à família e que tenham entre 4 e 17,5 anos de idade. A legislação brasileira estabelece que uma criança não deve permanecer mais do que dois anos em abrigos. Mas a realidade é outra: muitos passam anos nas casas de apoio. Os pré-adolescentes são os que mais sofrem. Com o passar do tempo, veem diminuídas as chances de adoção. Pelo tempo e pela história de vida, o grupo juvenil tem maior nível de carência. “Caso não existisse o programa de apadrinhamento, as crianças permaneceriam institucionalizadas. É muito triste para uma criança ficar reclusa em períodos comemorativos. Os padrinhos que o Cevam encaminham são joias que preenchem as lacunas que essas crianças têm”, opina o coordenador da Casa dos Pequenos, Antônio José da Silva.

A pequena Gabriele está temporariamente com a assistente social Patrícia Ribeiro no sistema de Família Acolhedora da Casa Novella ...........................................................................................................................

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sALUTARIS • COMPORTAMENTO

que famílias madrinhas e voluntários testemunham sobre o contato com as crianças abrigadas. Há também um treinamento que compreende a formação do padrinho ou da madrinha em três módulos. “É preciso conhecer a realidade dos abrigados e os tipos de violência, saber como reagir, caso a criança relate algo que foi vivenciado por ela, e entender o que a lei estabelece. Antes de a criança sair daqui, nós também procuramos conhecer a família que se dispõe a acolher. Tentamos entender a dinâmica da família e se todos os integrantes desse lar desejam receber essa criança”, detalha a coordenadora da Casa Novella, Liziane Lima. Assim que a criança vai para a família madrinha, as assistentes sociais do abrigo realizam acompanhamentos periódicos. Outro passo importante é a não vitimização da criança, de acordo com Liziane. “A gente tem o entendimento de que muito antes de a criança ser violentada, essa família o foi por todas as políticas públicas. Há todo um contexto de abandono de geração para geração, da falta de saúde, de alimentação e de moradia, da pobreza – que não é motivo para maus-tratos, mas ela acaba se envolvendo nesses processos”, analisa.

O consumo de drogas da mãe ou de um parente próximo é o principal motivo que impossibilita o retorno da criança à família. Por meio de visitas e relatórios, as assistentes sociais conseguem dar um parecer conclusivo sobre a situação nos lares de cada criança. De acordo com Antônio, na maioria dos casos o juiz opta por encaminhar a criança para a adoção. Isso faz com que o fluxo de crianças do abrigo seja grande.

“ Acolher essa população infantojuvenil é matar a possiblidade de essa criança estar em um norte não agradável à sociedade” Ananias Neves, presidente do Cevam

“ filhos do crack” A rotina é intensa na Casa dos Pequenos. Doze educadores e voluntários dividem os cuidados de 15 crianças com idades entre 0 e 6 anos. Seis delas são bebês, a maioria de saúde fragilizada pelo contato das mães com o crack no período de gestação. “É o mais recorrente hoje, infelizmente. Quase sempre a mãe dá à luz, e os bebês já são retirados delas pela justiça e conduzidos para os abrigos. Aqui fica cheio

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de bebezinhos. Muitas crianças acabam crescendo aqui mesmo. Em um ano, elas poderiam ter aprendido a andar e falar mais rapidamente, se houvesse a presença da mãe e do pai para estimulá-las. Por mais que os educadores desempenhem bem o seu trabalho, não é a mesma coisa”, opina Antônio.

“Apesar de o meu serviço ser mais frio, não tem como não se envolver. A gente sofre a cada desligamento, porque criamos vínculos. Você fica feliz ao perceber que a criança está sendo adotada ou voltando para casa, mas há o apego”, relata Antônio. Professor formado em filosofia, ele abandonou as salas de aula para se dedicar exclusivamente à casa. Em geral são 12 horas diárias de trabalho.

Além da possibilidade do apadrinhamento, as crianças maiores são estimuladas a se sociabilizar o máximo possível, por meio de contatos com a sociedade e outras crianças. As que têm idade para tal são encaminhadas para creches e escolas e participam de atividades desenvolvidas por voluntários e parceiros. Essas pessoas dão um importante suporte na manutenção da casa.

Quer apadrinhar ou ajudar? Entre em contato com o Cevam e faça sua inscrição. Telefone: 3224-1022


ARTIGO • PSICOLOGIA

maria angélica falci Psicóloga clínica e especialista em Saúde Mental angelfalci@hotmail.com

Pai nervoso, mãe estressada A chegada de um filho quase sempre traz consigo uma série de mudanças na rotina do casal e no relacionamento marido - mulher. O estado emocional dos pais, por exemplo, pode ficar abalado. Pai e mãe ficam estressados, nervosos, ansiosos e muito sensíveis. É necessário maturidade e um olhar sensível para o casamento não ruir diante de uma verdadeira avalanche de emoções. Essa fase inicial precisa ter um desfecho satisfatório para que a criança cresça de maneira saudável, e sua formação emocional não seja comprometida pelo clima pesado de um casal com emoções “à flor da pele”. Os pais precisam de muita sabedoria na condução, a ponto de mudarem esse quadro de total estresse, pois suas emoções e ansiedades certamente são sentidas pelos filhos. Como dizem: “eles captam no ar”.

Quando um ambiente familiar é marcado por um lugar de intolerância, gritos, xingamentos e punições, a criança pode desenvolver traumas que vão desencadear uma adolescência e uma vida adulta com registros nocivos e uma profunda dificuldade nos relacionamentos afetivos, sociais e na área cognitiva. Em atendimento, assistimos a muita repetição nociva na criação dos filhos. Pais que passaram isso com seus pais, repetem o que viveram, muitas vezes de forma inconsciente, e não reconhecem o estrago emocional que causam aos filhos. Quando a situação começa a clarear, eles ficam perplexos diante do que descobrem e muitas vezes tentam corrigir a tempo.

“É necessário maturidade e um olhar sensível para o casamento não ruir diante de uma verdadeira avalanche de emoções”

Quando um filho inicia sua caminhada em um lar de pessoas muito alteradas, nervosas e estressadas, dificilmente ele sai ileso a tudo isso. Pode acabar desenvolvendo sintomas bem parecidos. Geralmente passam a agir de forma irritativa e agressiva na escola, na casa de familiares e em todos os polos sociais. A criança tende a repetir o que vivencia em casa e, o que é pior: passa a considerar normal agir dessa forma.

É muito importante que os pais tenham clareza de que os filhos são como extensões deles mesmos, que estão atentos aos exemplos que lhe são dados e que a personalidade em formação depende muito do ambiente em que as crianças vivem.

Mesmo quando os pais passam por situações complicadas, é necessário buscar soluções para evitar que o filho possa se sentir envolvido, acuado, agredido e culpado por questões que não fazem parte da vivência deles. Afinal, eles estão aqui, muitas vezes, por um desejo do casal. Precisam, sim, ser bem direcionados em seu caminho, amparados e suportados em amor; não em agressão.

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SALUTARIS • receita

Lasanha de siri gratinada INGREDIENTES:

MODO DE PREPARO:

150 g de siri 30 g de massa de lasanha 10 ml de molho pomodoro 15 ml de molho de queijo 30 g de muçarela de búfala 10 g de queijo parmesão

Doure a cebola e o alho com o azeite em uma panela. Acrescente o siri e deixe-o cozinhar. Incorpore o creme de leite e o leite de coco e tempere a gosto. Deixe ferver até dar o ponto. Faça a montagem com o molho pomodoro no fundo do prato, depois a massa de lasanha, o siri e uma nova camada de massa, acrescentando o molho de queijo e a muçarela de búfala. Gratine. Rendimento da receita: uma porção

Divulgação/ Rede Gourmet

Fonte: Restaurante SantaFé

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SALUTARIS • vinhos

Novo comportamento de consumo

Danilo Schirmer

Há alguns anos era comum peregrinar por vários estabelecimentos comerciais, quando íamos às compras para a casa. Se quiséssemos algo diferente, sofisticado ou importado, as delicatessens eram os locais apropriados. Em Belo Horizonte, a Casa do Whisky foi uma das precursoras. Ao longo de muitos anos, o estabelecimento foi referência no mercado. Mas o cenário mudou. As delicatessens perderam o fôlego, embora continuem fiéis à sua vocação. Ainda é possível se surpreender com o mix de produtos que elas oferecem. O corre-corre cotidiano forçou o consumidor a aprender a otimizar o seu tempo, criando uma logística que atenda a todas as tarefas diárias. Atentas a essa necessidade, grandes redes e padarias começaram a se adaptar para atender a esse público. Investiram na repaginação das lojas, no mix de produtos e na qualificação dos profissionais. Esse novo comportamento de consumo e de filosofia mercadológica é uma tendência mundial.

Os melhores supermercados e as padarias têm um profissional responsável pela adega: o sommelier. Ele é peça-chave na relação do consumidor com a adega e o vinho, pois conhece as mais variadas marcas e os sabores. O estabelecimento com um sommelier está atento às tendências do mercado e, consequentemente, aos anseios do consumidor. Stock.xchng

Hoje é possível encontrar em alguns supermercados e em padarias inúmeras opções de frutas e hortaliças, cortes de carnes comuns e especiais, pães tradicionais e requintados, confeitaria e doces maravilhosos, além de produtos importados de altíssima qualidade. Sem dúvida, o vinho foi um dos responsáveis por essa mudança de comportamento. A adega é uma parte nobre do estabelecimento. Lá é possível observar o posicionamento de mercado de cada estabelecimento e, muitas vezes, é fator de decisão na escolha do consumidor. Uma adega bem-equilibrada, em que é possível encontrar vinhos de qualidade com preços honestos, intermediários e exclusivos, fideliza qualquer cliente.

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Vanguarda • TECNOLOGIA

Voando sobre trilhos Governo mantém promessa de dar início à construção do trem-bala, que vai ligar Rio a São Paulo, a partir de 2013. O que funcionaria na Copa tem previsão de término para 2020 ou... Bianca Nazaré Divulgação/ Bombardier

O trem de alta velocidade chinês liga a capital Pequim a Xangai. A China tem a maior linha de trem bala do mundo ..............................................................................................................................................................................................................................................................

O Japão foi a primeira nação a construir uma linha de trem-bala no mundo. Assolado pela Segunda Guerra Mundial, o país vislumbrou uma maneira eficaz de transporte de passageiros usando ferrovias. Em 1964, a primeira linha ferroviária de alta velocidade foi inaugurada. Atualmente são mais de 2.400 km de linhas de trens de alta velocidade com tecnologia de ponta no território. O japonês Yuki Takeuchi mora no Rio Grande do Sul há quase 15 anos, onde vive ensinando sua língua a brasileiros. Em entrevista à revista Vox Objetiva, Takeuchi descreve a experiência de viajar no trem-bala de Tóquio. Mesmo sendo um veículo de alta velocidade (o comboio faz 300 km/h), o professor destaca o silêncio que reina dentro do Shinkansen, como é chamado no país. O conforto é típico de

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aeronave, mas o preço ainda não se compara ao do transporte aéreo. A instalação de companhias aéreas populares no Japão, como vem ocorrendo no Brasil, promove uma redução crescente nos preços das passagens, conta Takeuchi. De avião, os preços da viagem de Osaka a Fukuoka, em reais, variam de R$ 90 a R$ 285. O mesmo percurso de trem-bala sairia pelo equivalente a R$ 375. “Não é quando a gente quer que a gente pode andar de trem-bala. É muito caro”, reclama Takeuchi. Virando o globo, o governo brasileiro também busca novas alternativas de transporte para deslanchar o desenvolvimento do país. Visando o futuro, o governo decidiu construir um trem-bala interligando Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, percurso de 511


Vanguarda • TECNOLOGIA

km de extensão. O custo estimado do projeto é de R$ 35,4 bilhões – valor atual, já que inicialmente o Trem de Alta Velocidade (TAV) teve valor previsto de cerca de R$ 10 bilhões. A empresa vencedora deve construir um trem capaz de desenvolver 350 km/h ou mais, segundo informações da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Cotado para ser concluído para a Copa de 2014, o prazo atual de operação está previsto para 2020. O objetivo principal do governo com a operação do TAV é a redução do trânsito nas rodovias entre as cidades atendidas. Desafogar os aeroportos também é considerado um fator de peso para a execução do projeto. O trem-bala planejado teria capacidade para transportar até 600 passageiros, incluindo a classe econômica e a executiva. Isso equivale a três aviões, 120 carros cheios ou 15 ônibus. Com a redução no uso desses veículos, a economia de combustível deve ser expressiva. Consequentemente a alternativa vai diminuir a emissão de gases poluentes na atmosfera – soma-se a isso a tecnologia do veículo. O TAV pode ser movido à eletricidade ou por levitação magnética. Outro ponto positivo é a pontualidade e a segurança. Há um ganho significativo, se comparado com veículos expostos a acidentes nas rodovias e com os congestionamentos. As vantagens também são grandes, quando o trem-bala é comparado ao transporte aéreo, marcado por atrasos e cancelamentos de voos. Mesmo no Japão, país com altos índices de

terremotos e outros fenômenos naturais, foram raras as situações em que o comboio precisou ser interrompido, em quase 50 anos de funcionamento. A ANTT estima duração de 93 minutos (uma hora e 33 minutos) de viagem do Rio de Janeiro a São Paulo de trem-bala. De Campinas até o Rio de Janeiro, a viagem teria duração de duas horas e meia, com paradas em todas as estações. A data do leilão estava prevista para o dia 31 de maio de 2013, mas pode ser prorrogada, devido ao adiamento do edital de lançamento das propostas do dia 31 de outubro para 26 de novembro. Segundo o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, o adiamento se deve à necessidade de correções no edital, por reivindicação de potenciais investidores. Desde o ano passado, foram abertos três editais de licitação que não obtiveram o retorno esperado pelo governo. trem-bala é viável O especialista em engenharia de transportes Ronaldo Guimarães acredita que os novos projetos para o transporte público não devam ser pautados pelo viés da viabilidade econômica. “Não vejo transporte com essa limitação. Transporte para mim é uma política governamental estratégica. Está vinculado ao desenvolvimento da sociedade e à sobrevivência V. REDONDA B. MANSA RESENDE GALEÃO

CAMPINAS

APARECIDA DO NORTE

VIRACOPOS

RIO DE JANEIRO

JUNDIAÍ

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS GUARULHOS

SÃO PAULO

(Campo de Marte)

(Barão de Mauá)

LEGENDA:

Estação Obrigatória Estação Opcional Aeroporto Existente Rota Indicativa do TAV

O trem-bala brasileiro vai ligar o Rio de Janeiro a Campinas, passando por São Paulo ..............................................................................................................................................................................................................................................................

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Vanguarda • TECNOLOGIA

das pessoas que precisam ser transportadas para realizarem atividades cotidianas. Ninguém pergunta se é viável economicamente colocar uma escola ou um posto de saúde em determinada comunidade”. O engenheiro ferroviário da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Afonso Carneiro, reforça a versão de Guimarães. Para Carneiro, o hábito de levar adiante um projeto público pautado pela viabilidade econômica é característico do governo brasileiro. Na Europa, por exemplo, a construção de metrôs e de sistemas modernos de transporte é considerada investimento. “Com o transporte ferroviário, não há consumo excessivo de petróleo. Na Europa, isso foi uma medida imprescindível na crise do petróleo. Evita-se a poluição. Em cidades como São Paulo, Tóquio e Nova York, isso repercute inclusive no número de crianças que procuram o pronto-socorro devido a problemas respiratórios. Isso não é medido no valor de uma tarifa”, argumenta o engenheiro. A ANTT estuda a expansão do trem de alta velocidade interligando as cidades de Belo Horizonte a São Paulo, São Paulo a Curitiba e de Campinas ao Triângulo Mineiro. Segundo o órgão, até 2016 os estudos estarão concluídos. Ainda não há uma definição quanto à tecnologia a ser utilizada na fabricação do trem de alta velocidade brasileiro. As empresas devem apresentar as propostas somente no ano que vem. Atualmente a tecnologia mais moderna é a levitação magnética, conhecida como MagLev. Esse tipo de trem-bala opera somente em Xangai, na China, mas está em testes no Japão e na Alemanha. O MagLev funciona com base nas leis do eletromagnetismo capaz de fazer o trem levitar. Essa ausência de atrito possibilita velocidades muito maiores. O trem-bala de Xangai, por exemplo, chega a fazer mais de 500 km/h. Por ser uma tecnologia mais recente, a levitação magnética é mais cara. No entanto, os custos são menores na instalação, em comparação com o trem-bala de trilho convencional, que faz 300 km/h, segundo Afonso Carneiro. “Esses trens roda-trilho precisam de linhas quase retas e muitas obras de arte, porque esse tipo de

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transporte não permite fazer muitas curvas de raio mais acentuado. A levitação magnética permite rampas mais acentuadas podendo acompanhar as rodovias. Podemos fazer uma linha paralela à Presidente Dutra”. A dispensa de túneis e pontes influenciaria na redução do valor final da obra, segundo o engenheiro.

DEMANDA DE PASSAGEIROS, RIO DE JANEIRO – CAMPINAS – 2014 Sem o TAV

Com o TAV

DEMANDA PASSAGEIROS*

DIVISÃO DE MODO (%)

DEMANDA PASSAGEIROS*

TAV

--

--

635

69,5

TAV Executivo

--

--

508

55,6

TAV Econômico

DIVISÃO DE MODO (%)

--

--

127

13,9

Aéreo

361

50,8

160

17,5

Carros

98

13,8

43

4,7

Ônibus

252

35,4

76

8,3

TOTAL:

711

914

*em milhares

Fonte: TAV Brasil: Vol. 1/ Estimativas de Demanda e Receita/Relatório Final

RESUMO DAS PREMISSAS DE TAV E AÉREAS RIO DE JANEIRO A SÃO PAULO Aéreo*

TAV HORÁRIO DE PICO

FORA DO HORÁRIO DE PICO

HORÁRIO DE PICO

FORA DO HORÁRIO DE PICO

Executiva

R$ 325,00

R$ 250,00

n/a

n/a

Econômica

R$ 200,00

R$ 150,00

R$ 400,00

R$ 180,00

1h. e 33 min.

55 minutos

Embarque

5 minutos

50 minutos

Desembarque

4 minutos

5 minutos

Tempo Total

1h. e 42 min.

1h. e 50 min.

Frequência

3 trens por hora

Voos a cada 15/30 min

5 minutos

Até 30 min.

Tempo de Viagem

Tempo de Espera *com base na GOL

Fonte: TAV Brasil: Vol. 1/ Estimativas de Demanda e Receita/Relatório Final


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Artigo • meteorologia METEOROLOGIA

Ruibran dos Reis Diretor Regional do Climatempo Professor da PUC Minas ruibrandosreis@gmail.com

Kilimanjaro em risco O monte Kilimanjaro está localizado ao norte da Tanzânia, na fronteira com o Quênia. Com altitude de 5.891,8 metros em relação ao nível do mar, o monte, que significa montanha branca e brilhante, é o ponto mais alto do continente africano. Apesar das altas temperaturas registradas na região, o topo do monte fica coberto de gelo durante todo o ano. Em maio de 1948, o missionário alemão Joseph Rebmann explorava a região Chagga, quando se aproximou da montanha e viu algo branco no cume. Inicialmente acreditou que fossem nuvens, mas seu guia logo desfez o mal-entendido. Mas foi somente em 1961 que uma expedição, comandada pelo barão alemão Klaus von der Decken e pelo botânico inglês Richard Thornton, conseguiu constatar que a cobertura da montanha era mesmo composta de neve. O Monte Kilimanjaro é protegido pelo Parque Nacional do Kilimanjaro, classificado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. O monte é

visitado por milhares de pessoas anualmente. Dentre 2 mil visitantes, cerca de mil subiram até o topo da montanha para ver o sol nascer e comemorar a chegada do novo milênio. A diminuição do gelo no Kilimanjaro é um fato. Uma equipe liderada pelo professor Lonnie Thompson, da Universidade de Ohio, constatou que 85% do gelo que cobria a montanha em 1912 foi perdido. Em 2009, o jornal The Independent revelou a perda de 26% da cobertura presente no ano 2000. Os moradores dos vilarejos próximos da montanha observam com espanto o acelerado processo de desaparecimento do gelo da montanha. Há mudanças também no que diz respeito à temporada de chuvas mais intensas na região. Segundo os cientistas, essa é mais uma prova de que o clima do planeta Terra está em desordem. Pesquisadores são enfáticos ao dizer que não haverá mais gelo no topo do monte Kilimanjaro em 20 anos, caso o aumento da temperatura se mantenha no ritmo atual.

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podium • ESPORTE

Um novo gigante Os portões do imponente Mineirão, um dos palcos da Copa de 2014, estão prestes a ser reabertos. Novo projeto une sustentabilidade ao conforto dos aficionados pelo futebol Thiago Madureira O ano era 1965. Belo Horizonte, a então jovem capital mineira tinha cerca de 400 mil habitantes e se preparava para inaugurar uma das maiores obras da cidade: o Mineirão. Um bruxo, contudo, previa uma catástrofe. A suposição feita pelo adivinho de que o novo estádio ia desmoronar foi estampada em alguns jornais na época, causando apreensão em muitos. Contrariando as expectativas do profeta de araque, a imponente arena erguida na Pampulha não só resistiu à primeira partida, envolvendo a seleção mineira e o River Plate, como entrou para a história como um dos mais importantes palcos esportivos mundiais.

mil jornalistas. O novo estacionamento vai comportar 2.569 automóveis, sendo 1.530 vagas cobertas. “A obra como um todo vai valorizar ainda mais a vocação turística e de lazer da Pampulha”, observa o secretário especial para a Copa do Mundo, Tiago Lacerda, que já ocupou o cargo de presidente do comitê executivo municipal das Copas de 2013 e 2014 na gestão do seu pai, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda.

O novo Mineirão teve a capacidade readequada para 64,5 mil pessoas, visando o conforto do público

Quase 50 anos depois do pontapé inicial, o Mineirão está prestes a renascer. Desde 2010, o estádio passa por um completo processo de modernização. O objetivo é se preparar para a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014. No primeiro evento, o Mineirão vai sediar três partidas; no segundo, mais aguardado, serão seis jogos - quatro na primeira fase, um nas oitavas de final e outro na semifinal.

Arquitetado pelo mineiro Gustavo Penna, o projeto manteve apenas a fachada original. Seguindo todos os requisitos da Fifa, a capacidade vai ser readequada para 64,5 mil pessoas, visando o conforto do público. Serão construídos 98 camarotes, com 2.024 lugares. A tribuna de imprensa vai ser capaz de abrigar quase 3

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No entorno do estádio está sendo concluída uma esplanada que vai comportar 65 mil pessoas. “A população vai desfrutar das atrações programadas para dentro e fora do estádio. Com a esplanada, as pessoas podem usufruir do imenso espaço semipúblico, de 80 mil m². A nova área pode abrigar eventos diversos”, informa o secretário, empossado em outubro.

Embaixo da esplanada, além do estacionamento, vai ser criado um complexo comercial, com restaurantes e lojas de vários segmentos. Outra novidade é a edificação do museu do futebol, que vai proporcionar aos visitantes conhecer um pouco da história do esporte. sustentabilidade Uma das metas de modernização do novo Mineirão é obter a certificação de Liderança em Energia e Design Ambiental (Leed em inglês). A certificação atesta o


podium • ESPORTE

Alberto Andrich/ BCMF

A previsão de reabertura do Mineirão, em reforma desde junho de 2010, é para o dia 21 de dezembro ..............................................................................................................................................................................................................................................................

empreendimento como ambientalmente sustentável. Para o Mineirão conquistar essa condição, algumas medidas foram adotadas: o reaproveitamento do entulho e da madeira gerados durante a obra; a reutilização do gramado; o controle de emissão de poeira e a adoção de produtos sustentáveis. Depois da conclusão da obra, outras medidas sustentáveis serão tomadas, como o reaproveitamento de água da chuva para a irrigação do gramado e o uso em descargas; a geração de energia elétrica por meio da captação de luz solar, com a implantação de células fotovoltaicas instaladas na cobertura, e a coleta seletiva de lixo. “O Mineirão modernizado representa um marco na história esportiva do estado. Os times vão passar a jogar em um estádio mais moderno, confortável e seguro. Um dos legados do Mineirão será o esportivo: um bom gramado, vestiários confortáveis, instalações novas e com tecnologia de ponta”, revela Tiago Lacerda.

As obras foram divididas em três etapas. Na primeira intervenção foram feitos reparos estruturais com o custo de R$ 8 milhões bancados pelo governo do estado. Na segunda etapa, o valor de R$ 3,5 milhões pagos com dinheiro público foi aplicado na demolição de arquibancadas e no rebaixamento do gramado em 3,4 metros. Ambas as etapas foram concluídas. Agora o estádio está em fase final do processo de modernização. A última ação vai usar o valor de R$ 654,5 milhões. Os recursos são do consórcio Minas Arena, composto pela Construcap, Egesa e HAP Engenharia, que venceu a licitação. Estão programadas todas as intervenções necessárias para adequar o estádio ao padrão internacional da Fifa. A Minas Arena vai explorar o estádio durante 25 anos. Dessa forma, a administradora será responsável pela gestão integral do Mineirão, pela comercialização de camarotes, da publicidade e pela elaboração de calendário de eventos que incluam jogos de futebol e atrações culturais para Belo Horizonte.

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podium • ESPORTE

Secopa/ Divulgação

acordo entre Cruzeiro e mineirão O Cruzeiro foi o primeiro clube mineiro a fechar um acordo com a nova administradora do Mineirão. No contrato, o clube celeste terá direito de explorar comercialmente o novo estádio, com direito a um percentual sobre o estacionamento e o bar nos seus jogos, além de poder colocar em funcionamento uma loja oficial, um restaurante temático e o museu. Dessa forma, o Cruzeiro vai mandar todos os jogos no Mineirão. Por sua vez, o Atlético chegou a se reunir com os administradores, mas ainda não houve acordo. nova era para o futebol O Mineirão é um divisor de águas na história do futebol mineiro. Quem garante é o ex-jogador Wilson Piazza, que presidiu a Administração dos Estádios de Minas Gerais (Ademg) na década de 90. “Conheci cada metro do Mineirão; cada tufo de grama”, garante.

Práticas sustentáveis vão garantir a certificação Leed ao estádio .........................................................................................................................

O governo estadual vai pagar duas modalidades de compensação financeira à Minas Arena, no decorrer desses 25 anos. Haverá um desembolso fixo, a título de remuneração pela administração do espaço público, com parcelas decrescentes ao longo do tempo, e um variável, calculado de acordo com o desempenho financeiro da gestora e a qualidade do serviço prestado. Foi estabelecida uma faixa de rentabilidade que dá sustentabilidade ao negócio. Se essa faixa não for atingida, o governo complementa o valor até determinado teto. Se a faixa for superada, o excedente será dividido entre os parceiros. Os valores a serem repassados pelo governo não foram divulgados. “A parceria público-privada entre o estado e a Minas Arena foi importante, porque viabilizou a obra”, justifica Tiago Lacerda. A previsão é de que o Mineirão seja reinaugurado no dia 21 de dezembro. Dessa forma, o estádio fica apto para receber partidas do Campeonato Mineiro de 2013.

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Formado no modesto Renascença, Piazza se transferiu para o Cruzeiro em 1964. Inicialmente a troca de clube não alterou sua dupla rotina. “Eu jogava puramente por prazer. O Cruzeiro pagava pouco. Era o suficiente para viver. Por isso, até meados da década de 1960, eu treinava no Cruzeiro pela manhã e à tarde trabalhava como bancário”, conta. Até então, os estádios eram pouco frequentados - em sua maioria por homens - devido às precárias condições que ofereciam. Os assentos eram desconfortáveis, não havia proteções contra as intempéries naturais, nem restaurantes nem bares e sequer banheiros. O cenário começou a mudar com a construção do Mineirão. Cruzeiro e Atlético, que tinham uma importância regionalizada, passaram a ter mais visibilidade em todo o território nacional. A renda dos clubes, que viviam basicamente da arrecadação com bilheteria, aumentou consideravelmente. “O Mineirão causou um efeito de integração social na cidade. Virou um evento ir aos jogos, que passaram a receber todo tipo de gente: ricos, pobres, mulheres e idosos. O futebol se popularizou e recebeu mais investimentos”, explica Piazza.


podium • ESPORTE

Se o destino natural dos grandes jogadores formados em Minas Gerais era São Paulo e Rio de Janeiro, esse êxodo foi reduzindo gradativamente, a partir da “era Mineirão”. “Lembro-me da final do Campeonato Brasileiro de Seleções de 1962. A seleção mineira, que enfrentou a seleção da Guanabara, tinha os 11 jogadores atuando em São Paulo e no Rio. Depois, começaram a voltar: caso do Willian e do Procópio, entre tantos outros”, relembra. Com a sociedade mais integrada ao esporte, graças ao Mineirão, os preconceitos formados sobre os jogadores de futebol foram, paulatinamente, quebrados. “Pensavam que a gente só queria saber de farras e mulheres. Depois passamos a ser mais respeitados”, diz Piazza, que sofreu rejeição dentro da família da própria mulher. “A irmã dela, minha cunhada, era casada com um médico. A minha mulher escolheu um jogador de futebol para se casar. Na época, isso não foi bem digerido no início, mas depois eles aceitaram”, conta. Piazza jogou toda carreira pelo Cruzeiro. Dono de uma trajetória maiúscula, conquistou o Campeonato Brasileiro de 1966 (antiga Taça Brasil), a Taça

Libertadores de 1976 e foi decacampeão mineiro. Participou das Copas do Mundo de 1970 e 1974 – venceu a primeira. É considerado um dos maiores ídolos do clube celeste. Além de Piazza, o Mineirão foi palco de grandes craques. Nele, Ronaldo, o maior artilheiro de todas as Copas do Mundo, deu seus primeiros passos. Local também onde o rei foi coroado: Reinaldo Lima, maior ídolo alvinegro e artilheiro máximo do Mineirão, com 152 gols. Era ambiente propício para o voo do Beija-flor, como carinhosamente era conhecido Dadá Maravilha. O sempre bem-humorado atacante marcou 129 gols, terceiro maior artilheiro do estádio. “Era o meu estádio favorito e, por isso, são muitos momentos especiais no Mineirão. Lembro com carinho do meu primeiro jogo, Atlético contra a Rússia. Eles tinham empatado com a seleção brasileira por 2 a 2, no Maracanã. Estavam todos na expectativa de um jogo duríssimo, porque eles pararam Pelé. Mas eles não conheciam Dadá Maravilha. Fiz questão de me apresentar: marquei dois gols, acabei com o jogo, e o Galo ganhou por 2 a 1”, conta Dadá aos risos.

Alberto Andrich/ BCMF

O jogo de reabertura vai envolver os arquirivais Cruzeiro e Atlético em partida válida pela primeira rodada do Campeonato Mineiro 2013 ..............................................................................................................................................................................................................................................................

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Artigo • oriente médio

Frei geraldo van buul geraldovanbuul@hotmail.com

Viagem à Jordânia Em setembro recebi um conselho: “vá à Jordânia para conhecer um pouco daquela parte da Custódia da Terra Santa”. E foi o que fiz em uma semana de outubro. Viajei via Nazaré a Amman, capital do país. De Nazaré parte, todos os dias, um ônibus que faz o trajeto direto, serviço que não é oferecido em Jerusalém. Mas tive azar, pois, por causa do Sukkot (Festa dos Tabernáculos ou das Tendas), o ônibus não faria a viagem. Tive que esperar um dia. Aproveitei para fazer uma visita a Zipori, antiga Seforis, uma cidade bem perto de Nazaré que, na época da vida de Jesus, foi construída para ser capital da Galileia. Certos historiadores acreditam que São José e Jesus tenham trabalhado na construção da cidade. A possibilidade existe, dada a proximidade e a profissão de ambos. Infelizmente muita coisa se perdeu com o tempo, mas os mosaicos que se encontram lá revelam a beleza daquela cidade. O mais célebre mosaico é, sem dúvida, de uma bela mulher na casa de Dionísio. Ela ficou conhecida como a “Mona Lisa da Galileia”. Até a invasão muçulmana, no século VII, a Jordânia era uma região quase totalmente cristã. As

muitas igrejas e os mosteiros estão lá para provar. Com a invasão árabe, os cristãos tinham três opções: pagar caro para poder praticar a religião, converter ao Islã ou morrer. A maioria optou pela conversão. A porcentagem de cristãos na Jordânia é um pouco mais alta que em Israel: mais ou menos 2%. A viagem de Nazaré a Amman foi tranquila. Demorada mesmo é a travessia da fronteira entre Israel e Jordânia. Gastamos pouco mais de uma hora. É preciso passar pelo controle israelense e pagar uma taxa de aproximadamente R$ 50 para poder sair do país. No posto de controle da Jordânia se paga também. Trata-se de uma taxa pelo visto de entrada, que também gira em torno de R$ 50. Na Jordânia, passamos por pequenas cidades sem muita graça e chegamos, após algumas horas, a Amman. Antigamente era uma das cidades da Decápole, e levava o nome de Filadélfia. Amman tem uma população estimada em 3 milhões de habitantes. Quase a metade de toda a população do país vive na capital. Não é de admirar, pois quase 80% do território nacional é desértico. Na cidade há

O mosaico da casa de Dionísio, uma representação da “Mona Lisa da Galileia”, e o Arco de Triunfo dedicado ao imperador Adriano ..............................................................................................................................................................................................................................................................

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artigo • oriente médio

certas áreas com prédios grandes e avenidas largas, mas o centro é confuso e feio. O mais importante recinto antigo, presente numa área suja, é um teatro romano em lamentável estado de conservação.

a geografia antiga da Terra Santa e da cidade de Jerusalém. Também em outros lugares de Madaba foram encontrados importantes mosaicos e ruínas de igrejas cristãs.

De Amman fui visitar a cidade de Jerash, no evangelho chamado Gerasa – também uma das cidades da Decápole. Os restos da cidade antiga são fantásticos. A área se tornou um grande parque arqueológico com largas avenidas, templos, teatros e até igrejas cristãs. A grande praça oval do fórum, com quase 60 colunas, poderia ter servido de modelo para Bernini, quando projetou a praça de São Pedro, em Roma.

Visitei também o lugar do Batismo de Jesus. Não fica muito distante do Monte Nebo. Segundo o evangelho de João, foi em “Betânia, do outro lado do Jordão”, que João Batista batizava. Eu conhecia o lado israelense, mas confesso que o jordaniano é mais bonito e interessante. Fiquei admirado com as tantas igrejas que existem naquele lugar, todas ortodoxas: grega, russa, síria, copta. Uma maior que a outra. Deve haver certa competição entre as igrejas cristãs. Os católicos também entraram naquela competição. O bispo de Amman, que é auxiliar do patriarca latino de Jerusalém, está planejando a construção de uma igreja para umas 10 mil pessoas, o que representa mais que todos os católicos da Jordânia.

A etapa seguinte foi a visita ao Monte Nebo, perto do Mar Morto, em frente à cidade israelense de Jericó. Foi de lá que, segundo a tradição, Moisés observou a Terra Prometida. Os franciscanos realizaram lá uma série de escavações, trazendo à luz uma antiga basílica bizantina que hoje está sendo reformada. Lá há uma riqueza de mosaicos em fase de restauração. Não esperava que o lugar atraísse tantos peregrinos e turistas. Muito perto do Monte Nebo fica Madaba, uma cidade grande para os padrões jordanianos. Dentro da igreja greco-ortodoxa de São Jorge há um piso em mosaico parcialmente estragado, o que é uma pena. Há também um mapa da Terra Santa do século VI, importante para conhecer melhor

Voltei a Jerusalém pelo check-point na ponte Rei Hussein, sobre o rio Jordão, a poucos quilômetros de Jericó. Haja paciência! É o lugar de travessia dos palestinos, mas controlado pelas autoridades israelenses. Demorou três horas para finalmente entrar em território palestino. De lá, a viagem a Jerusalém é rápida. Coisa de 40 minutos. Na volta, tive sorte. Consegui a última condução às 13h. A partir desse horário, entra em vigor o sahabbat e, portanto, não há transporte até Jerusalém. Fotos: Geraldo van Buul

A vista de Moisés da Terra Prometida e o batismo de turistas no Rio Jordão, onde Jesus foi batizado por imersão pelo primo João Batista ..............................................................................................................................................................................................................................................................

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horizontes • turismo

A nova Londres Descolados e imigrantes fazem do leste londrino um destino imperdível Ilana Rehavia, de Londres

Spitalfields Market

Foi-se o tempo em que as grandes atrações de Londres eram o Big Ben, o parlamento e o Hyde Park. Enquanto os turistas estavam distraídos assistindo à troca da guarda no palácio de Buckingham e fazendo compras na Harrods, uma nova Londres foi surgindo do outro lado da cidade. O leste londrino – o “East London” como é chamado – passou de uma área a ser evitada, com alguns dos piores índices de desenvolvimento de toda a Europa, a um borbulhante centro de arte, moda, música e tendências em geral, onde vive boa parte dos profissionais da indústria criativa da cidade. É ali que estão as baladas mais alternativas, os bares mais descolados, os mercados mais interessantes. A região ganhou destaque nos últimos meses por ter sido o cenário principal dos Jogos Olímpicos de Londres, com o Parque Olímpico construído em um terreno abandonado no bairro de Stratford. Mas esse movimento de mudança começou muito antes de a cidade sonhar em ser sede dos Jogos. E não há relação nenhuma com grandes eventos esportivos ou corporações. Muito pelo contrário. Os grandes responsáveis pela nova cara do leste londrino são jovens músicos, artistas, estilistas e boêmios que, impossibilitados de pagar os preços proibitivos dos aluguéis no oeste da cidade, começaram a buscar novos lugares para morar. Até a chegada deles, o leste era uma região habitada principalmente por imigrantes e famílias britânicas de baixa renda. A produtora e empresária Daniela Mazzer se mudou para Londres em 2004, bem no meio desse processo de transformação. Ela veio à cidade para abrir a filial londrina da casa noturna brasileira Favela Chic, originalmente de Paris. Ela

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O Leste londrino passou de área desvalorizada a uma região de grandes oportunidades. Atrações culturais são destaque .........................................................................................................................


horizontes • turismo

escolheu o leste para seu negócio e para morar. “Na época em que mudei para o bairro de Shoreditch, a área era considerada perigosa. Muitos amigos meus que viviam no oeste tinham medo de me visitar. Mas eu me apaixonei pela região. Para mim, o leste de Londres traduz perfeitamente o lado jovem, criativo e irreverente do ‘British way’, o jeitinho britânico”, diz ela. São imigrantes como Daniela que dão a pitada multicultural ao charme da região. A presença deles fica clara em locais, como a rua Brick Lane, onde tradicionais restaurantes bengalis dividem as calçadas com lojas de roupas vintage e antigas padarias de famílias judias - famosas por seus bagels de pastrami - são vizinhas de modernos cafés orgânicos. Nos muros e nas paredes, obras de artistas de rua, como o conceituado Banksy, convivem em harmonia com as fachadas de docerias árabes e centros culturais indianos. Nessa nova “encarnação”, o East London virou um destino altamente desejável. O movimento impulsionou os preços dos aluguéis. Quem não pode pagar vai se mudando cada vez mais para o leste e, segundo agentes imobiliários, os próximos bairros na mira dos modernos são Stanford Hill e Clapton, dominados por uma grande comunidade de judeus ortodoxos.

Na hora de cair na noite, no entanto, vale lembrar que, em uma região famosa por lançar modas e tendências, as festas e bares mais badalados mudam a toda hora. Por isso, as dicas de quem vive na área são preciosas. “Minha noite perfeita começa com uma jantar no A Little of What You Fancy. Depois, um cocktail no Ruby’s e um show no Birthday. No dia seguinte, um brunch no L’átelier para repor as energias”, recomenda Daniela. gastronomia Curry em Brick Lane Não é à toa que a rua Brick Lane é chamada de “milha do Curry” e de “Banglatown”. Seus quarteirões são ocupados por dezenas de restaurantes que servem comida indiana, paquistanesa e bengali. Os garçons costumam ficar na porta dos restaurantes, atraindo fregueses com garrafas de vinho e sobremesas gratuitas. O restaurante Shampan é um antigo favorito de Brick Lane, mas os preços e a qualidade não costumam variar muito entre os estabelecimentos da rua. www.visitbricklane.org Spitalfields Market

O comerciante Noah Crutchfield é outro que observa de perto essa mudança. Dono da loja de objetos de decoração Maiden, ele se mudou várias vezes, desde quando chegou à região, em 2006. “O leste está ficando cada vez mais residencial, menos radical, mas vejo isso como um lado instigante de viver em uma grande cidade: ela está sempre em transformação”, opina. Para quem quer vivenciar um pouco do que faz do leste londrino uma região tão fascinante, a melhor pedida é andar a pé, com calma, descobrindo lojinhas e ruelas, parando para tomar um café e observar a estilosa e colorida fauna local. O guia nas páginas a seguir serve como um ponto de partida para a aventura.

Na Brick Lane, o turista encontra os mais variados sabores .........................................................................................................................

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horizontes • turismo

Vietnamitas na Kingsland Road A comida vietnamita é o combustível de muitas noitadas no leste de Londres. Com ingredientes frescos e coloridos e preços convidativos, essa culinária está no meio-termo entre a comida mais leve tailandesa e os pratos mais gordurosos dos restaurantes chineses. Escolha um dos muitos vietnamitas espalhados pela Kingsland Road ou siga para o Tây Dô, um dos mais populares da avenida. www.taydo.co.uk bares

seis cervejas diferentes em copos de 180 mililitros. www.masonandtaylor.co.uk Vibe Bar Com um enorme espaço aberto, onde uma churrasqueira mata a fome dos festeiros nos dias mais quentes, o Vibe Bar já virou uma instituição em Brick Lane. Suas pistas de dança – cobertas, já que o sol nem sempre aparece em Londres – costumam abrigar bons shows, festas e DJs. www.vibe-bar.co.uk ery.orgls.com shoppings

Manson & Taylor O bar é um oásis para os amantes de cerveja, com 12 tipos de chope e mais de 40 cervejas em garrafa. São pale ales, cervejas escuras, cervejas de frutas e bebidas de gosto peculiar, como as defumadas ou azedas. Para os indecisos, a casa oferece bandejas para degustação, com três ou Spitalfields Market

Boxpark Shoreditch Aberto em 2011, esse é um shopping center diferente. Considerado o primeiro shopping “pop-up” do mundo – criado para durar apenas cinco anos o Boxpark é formado por contêineres reciclados de navios. O complexo ocupa uma área de 4,7 hectares e abriga um misto de marcas novas e estabelecidas, como Nike, Evisu, Marimekko, além de restaurantes e cafés. www.boxpark.co.uk Westfield Stratford City O maior shopping center urbano da Europa foi aberto em 2011, ao lado do Parque Olímpico. Se durante os jogos de Londres o shopping ficava lotado de atletas e espectadores, agora o espaço recebe turistas e a população local. O enorme complexo de compras tem cerca de 300 lojas e 70 restaurantes espalhados por uma área de 175 mil metros quadrados. As lojas vão das mais populares, como a Primark e a H&M, até a grifes conceituadas, como Prada e Armani. www.uk.westfield.com/stratfordcity arte Whitechapel Gallery

A pista coberta do Vibe Bar é palco para shows, festas e danças .........................................................................................................................

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Fundada em 1901, a galeria é um dos endereços mais procurados pelos amantes da arte contemporânea. O espaço recebeu obras, como Guernica, de Picasso e


horizontes • turismo

artistas como a mexicana Frida Khalo e o americano Jackson Pollock. www.whitechapelgallery.org

Ilana Rehavia

White Cube Gallery Os nomes mais expressivos da arte contemporânea britânica, como Damien Hirst e Tracey Emin, passaram por essa galeria. Uma das pioneiras na cena artística do leste de Londres, a White Cube foi fundada em 1993 pelo curador Jay Jopling na região oeste e se mudou para o atual endereço em 2000. A galeria fica na badalada praça Hoxton Square, cercada por bares e restaurantes. www.whitecube.com mercados Spitalfields Com uma história que data do século 13, o tradicional mercado de Spitalfields passou por uma polêmica reforma em 2005. Muitos londrinos torceram o nariz para as mudanças que, segundo eles, acabaram com o charme do local. Outros celebraram a chegada de lojas mais bacanas, como as marcas de cosméticos MAC e Benefit, e de redes de restaurantes, como o Giraffe e o Wagamama. O mercado é coberto - perfeito para os dias de chuva - e abre todos os dias, apesar de ser mais completo somente nos finais de semana. As lojinhas e barracas oferecem roupas, acessórios, artesanato, objetos de decoração e comidas variadas. www.spitalfields.co.uk

O artesanato local pode ser apreciado nas feirinhas da Brick Lane .........................................................................................................................

Brick Lane Nem só de restaurantes vive Brick Lane. Aos domingos, a rua se transforma em um enorme mercado de pulgas que mistura moda, artesanato, música e decoração. Além das barracas montadas ao longo da própria Brick Lane, novos mercados cobertos estão sempre aparecendo em ruas adjacentes, como o de Old Truman Brewery. www.visitbricklane.org Broadway Market O forte desse mercado, que funciona aos sábados, é a gastronomia orgânica. São pães artesanais, queijos e

frios de alta qualidade e vários petiscos perfeitos para o almoço, como as samosas indianas e os sanduíches de salsicha alemã e de falafel. A moda também marca presença, com barracas vendendo roupas vintage e acessórios. É o local ideal para ver o povo passar e para conferir as últimas tendências. www. broadwaymarket.co.uk Columbia Road Flower Market A sonolenta rua Columbia se transforma, quando acontece seu tradicional mercado de flores aos

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horizontes • turismo

domingos. Os preços convidativos, o belo colorido e o charme dos vendedores, que muitas vezes lembram os feirantes brasileiros, transformaram o mercado em um destino altamente popular, atraindo gente de todas as partes da cidade. A rua também abriga várias lojinhas, muitas delas abertas também somente aos domingos. www.columbiaroad.info onde ficar Hoxton Hotel Localizado no coração de Shoreditch, o hotel prima pelo design moderno, pelo badalado bar e restaurante e pela ótima localização para quem quer explorar a “nova Londres”. Hospedar-se em um dos 208 quartos pode ser muito barato para quem faz reserva. O hotel chega a ter promoções de diárias por 1 libra. www.hoxtonhotels.com

gls George & Dragon O tradicional pub George & Dragon é o esquenta favorito da tribo gay do leste de Londres. Nas noites mais animadas, os frequentadores chegam a dançar entre as mesas apertadas do pequeno espaço. A calçada em frente ao bar reúne os fumantes, que aproveitam a pausa para paquerar. O pub, que não tem site, fica no número 2 da Hackney Road. Darrell Berry

Avo Esse pequeno hotel-butique, localizado em Dalston, é decorado com obras de artistas locais e tem cosméticos da marca de luxo Elemis nas suítes. Seu nome significa “bem-vindo” em várias línguas. E o hotel não decepciona. Oferece pequenos toques, como colchões de espuma de memória, rede wi-fi gratuita e uma coleção de DVDs que pode ser usada pelos hóspedes. www.avohotel.com Boundary O espaço criado pelo conceituado designer Terence Conran tem apenas 17 quartos, decorados individualmente com diferentes estilos, como Bauhaus e escandinavo. O hotel abriga também o ótimo restaurante Albion e um badalado bar. www.theboundary.co.uk Airbnb Que tal vivenciar East London como um morador local, alugando um quarto ou um apartamento na região? Para a experiência autêntica, a melhor pedida é consultar o site airbnb.com. No espaço virtual, moradores de várias cidades do mundo disponibilizam espaços para turistas. www.airbnb.com

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As baladas GLS são garantia de diversão nas noites londrinas ...........................................................................................................................

Joiners Arms O Joiners, como é carinhosamente conhecido, fica a poucos metros do George & Dragon e costuma ser o destino depois que o pub fecha. De dia, o Joiners é um pub calmo e comportado. Mas à noite se transforma em um inferninho que ferve até a madrugada. Vale ressaltar que todas as orientações sexuais são bem-vindas. www.joinershoreditch.com


horizontes • turismo

Dalston Superstore O espaço abriga exposições de arte e festas com um público predominantemente gay. Em comum, os frequentadores têm a ousadia nos figurinos e a preferência por ritmos, como o electro e disco. Os funcionários que cuidam da porta não são exatamente conhecidos pela simpatia, mas um visual caprichado pode ajudar na hora de ter a entrada permitida. www.dalstonsuperstore.com compras LN-CC A loja LN-CC é tão interessante quanto as marcas de vanguarda que vende. Sem nenhuma intenção de atrair hordas de compradores, a loja fica num prédio industrial meio escondido no bairro de Dalston e só recebe visitas com hora marcada. Por dentro, revela-se uma verdadeira instalação de arte, com interiores criados pelo renomado artista Gary Card, que já colaborou com gente, como a cantora Lady Gaga. As roupas, de grifes como Martin Margiela, Dries Van Noten, Jil Sander, Balenciaga, Issey Miyake e Junya Watanabe representam o que há de mais conceitual no mundo da moda internacional. www.ln-cc.com

Blitz A primeira “loja de departamentos vintage” de Londres ocupa um galpão de 2,7 mil metros quadrados. A loja tem o maior estoque de roupas, acessórios e objetos retrô da cidade. É possível encontrar raridades – como roupas do estilista Ossie Clark e da marca Biba. www.blitzlondon.co.uk East End Thrift Store Roupa vintage nem sempre é sinônimo de preços baixos no leste de Londres, principalmente na Brick Lane. Para quem não se importa com andar um pouco mais, a East End Thrift Store vale a visita. Escondida em uma ruela no bairro de Stepney Green, a enorme loja está sempre sossegada. Os preços são convidativos – a maioria das peças custa cerca de 10 libras. www.theeastendthriftstore.com. Maiden A pequena loja traduz o estilo de East London, com presentes e objetos de decoração dos mais inusitados. O destaque fica por conta das xícaras e luminárias divertidas, livros de colorir e panos de prato estampados. www.maidenshop.com Divulgação/ LN-CC

As muitas lojas de roupas e acessórios de estilo urbano são o ponto forte do Leste de Londres ..............................................................................................................................................................................................................................................................

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KULTUR • CINEMA

Miséria argentina Elefante Branco apresenta realidade cruel da população marginalizada em favela de Buenos Aires André Martins Em áreas de instabilidade social, é comum lideranças religiosas serem conciliadoras entre o poder público e a população. Entre dois lados em que os moradores falam línguas estranhas uns aos outros, padres, pastores e missionários agem como tradutores ou decodificadores. Eles apresentam demandas e participam do estabelecimento de políticas públicas voltadas para os moradores de áreas de risco social. Alguns desses personagens da vida real tornam-se mártires. Eles se opõem às leis (nem sempre legais) vigentes nas regiões onde militam ou agem Divulgação/ Paris Filmes

como escudo contra a truculência policial. O caso do padre Carlos Mugica, assassinado em circunstâncias misteriosas na década de 70, é emblemático na Argentina. O caso tomou dimensão parecida com a da morte da missionária americana Dorothy Stang no Brasil. “Elefante Branco”, de Fábio Trapero, é um relato cru sobre a condição de militantes sociais em meio ao caos do abandono e da devastação causada pela criminalidade na favela Villa Virgen, na capital argentina. É uma “realidade” que em nada destoa da presente nas grandes favelas brasileiras. O título da obra faz alusão a um grande hospital, não concluído, invadido pela população e que passa a servir para múltiplos fins, como a prática de delitos. Os padres Julián, vivido por Ricardo Darín, e Nicolas, o belga Jérémie Renier, são obrigados a conviver em um misto de paixão incondicional pelo homem e uma profunda estafa física e emocional, diante de uma luta aparentemente invencível. O conflito do jovem Nicolas, futuro sucessor de Julián na comunidade, é reforçado por uma crise vocacional, após o missionário sair ileso de uma chacina em uma aldeia indígena na Amazônia e ao se ver cada vez mais próximo da assistente social Luciana (Martina Gusman).

O belga Jérémie Renier e o astro latino Ricardo Darín, em cena de “Elefante Branco” ........................................................................................................................

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O filme tem notórios pontos de identificação com um dos maiores representantes do cinema brasileiro, “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles. É um bom filme que consegue se esquivar dos clichês do cinema argentino. O destaque fica por conta das atuações de Darín e de Renier. Consistentes, as participações potencializam grandemente a empatia do público com os personagens e o envolvimento com a história contada por Trapero.


KULTUR • LITERÁRIA

vai mudar o anúncio

8 ANOS

Reprodução Reprodução

Diálogos Impossíveis

Inverno do Mundo

Autor: Luís Fernando Veríssimo Editora: Objetiva Páginas: 176

Autor: Ken Follett Editora: Arqueiro Páginas: 880

O novo livro do autor gaúcho traz uma série de diálogos impossíveis e inusitados. Nas crônicas, os personagens se confundem e não conseguem estabelecer uma comunicação bem-sucedida. Isso dá o tom irônico aos textos – ingrediente peculiar nas obras do autor. Discussões entre Drácula e Batman sobre a espécie de morcegos que são e um bate-papo entre Dom Juan e a Morte ocupam parte das páginas. Outros diálogos prometem provocar risos e gerar reflexões nos leitores.

O britânico Ken Follett vendeu mais de 130 milhões de livros ao redor do mundo. O primeiro volume da trilogia O Século, Queda de Gigantes foi um sucesso editorial. Agora Follett laça o segundo livro da série: Inverno do Mundo. A história se passa na Berlim de 1933, período de ascensão de Hitler. No auge do nazismo, cinco famílias vivem tempos de tragédias, alegrias e histórias de amor. Assim como fez em outros livros, em Inverno do Mundo, Follett mescla eventos históricos e ficcionais na narrativa.

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KULTUR • TERRA BRASILIS

Planeta Brasil 2012

Reprodução

Planeta Brasil/ Divulgação

Essa é a terceira edição do festival, que mistura música, cultura e reflexões sobre um estilo de vida mais sustentável. Reconhecidos nomes nacionais e internacionais deixaram sua marca nos palcos do Planeta Brasil. O line-up da vez são os artistas O Rappa, Natiruts, Jota Quest, Playing for Change, dentre outros. Além do palco principal, haverá um independente. A intenção é dar oportunidade para bandas menos conhecidas. O evento vai contar ainda com oito estabelecimentos entre bares e restaurantes. Local: Espaço Folia Data: 1º de dezembro Horário: 12h Outras informações no site www.festivalplanetabrasil.com.br

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Madonna A cantora americana, que dispensa apresentações, completa 30 anos de carreira em 2012. Para comemorar e promover a nova turnê “Sticky & Sweet”, Madonna vem ao Brasil. Três capitais brasileiras vão receber shows da cantora. No dia 1° de dezembro, ela se apresenta no Rio de Janeiro, depois em São Paulo, onde fará seu show nos dias 4 e 5. O último destino é Porto Alegre, onde se apresenta no dia 9. Os valores integrais dos ingressos variam de R$ 170 a R$ 850. Locais: São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre Outras informações no site www.madonna.com


KULTUR • TERRA BRASILIS

Creed

Divulgação

A banda norte-americana vem ao Brasil pela primeira vez para promover a nova turnê. As apresentações serão no dia 23 de novembro, no Rio de Janeiro, 25 em São Paulo, 26 em Porto Alegre e 1º de dezembro em Belo Horizonte. Nos 17 anos de carreira, Creed emplacou hits como “With Arms Wide Open” e “One”. Local: Chevrolet Hall Data: 1º de dezembro Horário: 22h Outras informações em www.chevrolethallbh.com.br

A Família Addams

BH Beatle Week

O musical estrelado por Marisa Orth e Daniel Boaventura vendeu mais de 200 mil ingressos em São Paulo. O desempenho resultou na permanência da peça em cartaz até 16 de dezembro. Depois o espetáculo dirigido por Jarry Zaks segue para o Rio de Janeiro e tem estreia marcada para o dia 10, no Rio Vivo.

Anualmente a cidade de Liverpool recebe o Festival Internacional Beatle Week. Em Belo Horizonte, bandas também saúdam o quarteto. O Grande Teatro do Palácio das Artes será reservado, por duas noites, para homenagear os ingleses.

Local: Teatro Abril (SP) Data: até 16 de dezembro Horário: Quinta e sexta, 21h; sábado, 17h e 21h; domingo, 16h e 20h

Local: Palácio das Artes Data: 30 de novembro e 1° de dezembro Horário: 20h30 Outras informações no site www.fcs.mg.gov.br

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CRÔNICA

Joanita gontijo Jornalista e autora do blog tresoumais.blogspot.com joanitagontijo@yahoo.com.br

Parabéns pra você... Com festa ou sem, fazemos aniversário todos os anos. Mas, às vezes, tenho a sensação de que a vida passa em décadas. Pelo menos comigo é assim. Quando o primeiro dígito muda e o último se torna o número 0, percebo um ciclo se fechando. É como se o tempo marcasse um encontro para bater papo. Conversamos sobre o que passou, o que mudou e como eu quero que seja dali pra frente. Foi assim aos 10, aos 20, aos 30 e agora... aos 40 anos. Há quem diga que cheguei ao “pico da montanha”. Se acreditasse nisso, celebraria meu auge nos próximos doze meses e depois começaria a descer a ladeira. Não gosto dessa interpretação, até porque não me dou bem com altura. “Idade da loba”? Também não me cabe. Ela tem o focinho grande demais, e eu fiz rinoplastia há muitos anos.

“Hoje preciso e posso me desfazer das tralhas. Se insistir em guardá-las, elas vão se tornar um fardo”

Piadas à parte, reconheço que chegar às quatro décadas é um desafio à autoestima. A dieta do alface não faz mais o mesmo efeito. Será preciso virar marombeira e reduzir as calorias a quase zero para manter o corpinho de 39. Da noite para o dia, o espelho vai revelar que as rugas, antes discretas, aumentaram a ponto de transformar seu rosto em um detalhado mapa hidrográfico. Se considerarmos a expectativa de vida dos brasileiros, estou, na melhor das hipóteses, na metade da minha vida. E agora?

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As revistas femininas me dizem que devo passar bem longe do cigarro, beber pouco ou quase nada, fazer exercícios com regularidade e economizar para ter uma velhice digna. Em uma palavra: a receita pede “moderação”! Se quando eu tinha a vida toda pela frente, não gostava dessa regra, imagine agora, quando o que me resta é a metade dela! Aos 40 anos, a linha de chegada se mostra mais próxima, e me recuso a perder qualquer prazer dessa caminhada. Isso não significa que vou abandonar os deveres de mãe, que vou passar a chegar atrasada todos os dias no trabalho ou que vou deixar de pagar o cartão de crédito. Quero apenas experimentar o tempo, sem me preocupar com ele. Não ter medo da morte e, muito menos, da vida.

Para começar bem essa nova etapa, decidi fazer uma faxina no armário e nas lembranças. Ao vasculhar a bolsa da minha vida, encontrei doses de obediência que estavam com a validade vencida, inseguranças emboloradas e pedaços puídos de “medo do futuro”. Hoje preciso e posso me desfazer das tralhas. Se insistir em guardá-las, elas vão se tornar um fardo. É verdade que não dá para se livrar de tudo. Deixei na bolsa pelo menos um rímel e um batom. Vou precisar cada vez mais deles, a partir de agora.


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