www.odontomagazine.com.br
Entrevista
Reportagem Medicamentos na Odontologia
Ano 3 - N° 31 - Agosto de 2013
O uso da Fluorescência Óptica no segmento odontológico
comunicação integrada
comunicação integrada
inovação para uma vida saudável
Dê mais vida ao seu consultório Linha Cromática: Para dar mais vida aos consultórios, a Indusbello está lançando sua linha de produtos cromáticos, disponíveis em uma grande variedade de cores, e permitindo uma melhor personalização dos ambientes e instrumentos de trabalho. Linha de Estojos Com tecnologia de ponta e alta durabilidade, os estojos autoclaváveis Indusbello permitem ao usuário uma maior segurança e estabilidade nas atividades do dia a dia. Oferecendo uma opção inteligente de armazenamento para seus instrumentos. (se ficar grande, pode descartar essa linha)
Tecnologia aplicada Exclusivo sistema de travas
Tampa visualizadora, disponíveil nas cores amarela e fumê
Sempre pensando no conforto
Linha Endodontia: Pensando no conforto dos pacientes e dos profissionais, a Indusbello desenvolveu produtos com curvas anatômicas e materiais atóxicos. Ideais para todos os procedimentos.
Na busca continua de inovação
A inovação está presente no design arrojado e nos materiais de alta qualidade que compõe a linha fotográfica Indusbello.
Editorial Edição: Ano 3 • N° 31 • Agosto de 2013 Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7501
Tecnologia ao alcance de todos
Gerência Geral Marcela Petty e. marcela.petty@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7502 Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7761 Assistente Administrativo Michelle Visval e. michelle.visval@vpgroup.com.br Marketing Ironete Soares e. ironete.soares@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7500 Designers Cristina Yumi e. cristina.yumi@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7509 João Corityac e. joao.corityac@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7521 Web Designer Robson Moulin e. robson.moulin@vpgroup.com.br Mobile Cláudia Mardegan e. claudia.mardegan@vpgroup.com.br Analista de Sistemas Fernanda Perdigão e. fernanda.perdigao@vpgroup.com.br Sistemas Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br Editora Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente Comercial Christian Visval e. christian.visval@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7760 Publicidade - Gerente de Contas Victorio Rosa e. victorio.rosa@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7768 Conselho Científico Alice Granthon de Souza, Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Diego Michelini, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, Jayro Guimarães Junior, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Lusiane Borges, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Pablo Ozorio Garcia Batista, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo, Wanderley de Almeida Cesar Jr. e William Torre.
N
o final dos anos 1960, um livro de sucesso proporcionou intermináveis discussões. A obra em questão chamava-se “1984”, de autoria de George Orwell. Nele, era citado um mundo com um irmão maior, que via e controlava tudo, o famoso “Big Brother”. Como seria este controle? Uma câmera em cada esquina? Algum dispositivo dentro de algum aparelho? Naquele tempo, foi concluído que tudo não passava de ficção. Fatos, como os mencionados, nunca iriam acontecer. Hoje, menos de meio século depois, as câmeras de segurança gravam imagens dentro de sua casa, em todas as esquinas e em todos os portões. Celulares registram e ‘postam’ tudo o que queremos e achamos interessante. O mundo ao vivo e em cores no mesmo momento dos acontecimentos. Conclusão: não precisamos do tal Big Brother. Nós mesmos o somos. Todos controlam e “veem” tudo e todos ao mesmo tempo. A utilização de mídias sociais por nossos colegas tem aumentado de maneira vertiginosa. Postamos tudo o que fazemos, quando fazemos, com quem fazemos e, principalmente, onde fazemos. Tais recursos podem ser ótimos para o trabalho e para divulgação de serviços, mas quando bem divulgados. O problema maior, pelo menos no nosso ponto de vista, é que postamos todas as nossas atividades, como locais que frequentamos, com quem saímos. Mas nos esquecemos de que essa ferramenta é uma mídia aberta. Será que temos certeza absoluta de quem nos segue ou quem nos observa? Sabemos de suas intenções? É comum postarmos fotos de locais que estamos e, por vezes, indicarmos os mapas, horários, informações completas. Estamos dando a qualquer um que tenha acesso a um computador ou a um celular a possibilidade de ser nosso “Big Brother”. Achamos que, por segurança, dados pessoais não devam ser lançados em rede, que nos resguardemos mais para, assim, aumentarmos a nossa segurança, pessoal e profissional. Quem tiver chance de assistir à série “Revange”, entenderá bem ao que me refiro. Vimos que as redes são muito importantes e seu alcance é ilimitado. Tivemos grande demonstração disso nas manifestações dos últimos meses. Porém, todos precisam se precaver quanto à divulgação de seus dados. Cuidado com o que posta! Principalmente ao que se refere aos trajetos e demonstrações de posses. Um grande abraço e um segundo semestre repleto de realizações profissionais e pessoais!
A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comerciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. É uma publicação da VP Group voltada para profissionais de Odontologia das mais diversificadas especialidades. Conta com a distribuição gratuita e dirigida em todo território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor. Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica
Alameda Amazonas, 686, G1 - Alphaville Industrial 06454-070 - Barueri – SP • + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br
Augusto Roque Neto
Membro do Conselho Científico
Agosto de 2013
3
Sumário
Agosto de 2013 • Edição: 31
pág.
18
Reportagem
22
Entrevista
3
Editorial
6
Programe-se
8
Notícias
12
Produtos e Serviços
16
Odontologia Segura
8
Medicamentos na Odontologia
pág.
26
O uso da Fluorescência Óptica na Odontologia Diego Portes Vieira Leite
26
Espaço Equipe Superar é preciso
42
Marina Montenegro Rojas
28
Relacionamento
Inspiração para as melhores práticas odontológicas
Ponto de vista
46
Como obter sucesso em concursos públicos de Odontologia
Colunistas
50
Marketing
Éber Eliud Feltrim 36
Ortodontia
40
Gestão
Mauricio Accorsi Fernando Massi
4
Agosto de 2013
Simplicidade na restauração de dente posterior extensamente destruído Reinaldo de Souza Ferreira, Cristiane Soares Mota, Anna Paula Kalix Luciano Corrêa Netto
Renato Uetanabara 34
Resolução estética em dente tratado endodonticamente com clareamento dental Frederico dos Reis Goyatá, Orlando Izolani Neto e Eryksson Souza de Souza
Giancarlo Schneider
32
Caso Clínico
pág.
36
Normas para publicação
Os artigos e as entrevistas são de inteira responsabilidade do autor e/ou entrevistado, e não refletem, obrigatoriamente, a opinião do periódico.
Programe-se
Agosto Jornada Odontológica Sul Rio-grandense – JOS 16 a 18 de agosto de 2013
Um número muito grande de associados e de colegas manifestou-se favoravelmente a nova fórmula para a Jornada. Grande também é a satisfação das autoridades da Serra Gaúcha com a realização do evento. Estão sendo programadas reuniões paralelas tratando do Ensino e da Pesquisa no nosso País.
Serra Gaúcha – RS www.abors.org.br
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XXII Congresso Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial – COBRAC 20 a 24 de agosto de 2013
O evento contará com renomados cirurgiões brasileiros e estrangeiros, de riquíssima contribuição científica mundial, discutindo sobre o que há de mais novo na especialidade. Serão abordados os temas: cirurgia dento-alveolar, trauma maxilofacial, enxertos ósseos, distracção osteogênica, cirurgia ortognática e estética facial, patologia oral e maxilofacial, ronco e apneia do sono, cirurgia da ATM, cirurgia endoscópica, navegação e novas tecnologias.
Rio de Janeiro – RJ
www.cobrac2013rio.com.br
Setembro XII Congresso Internacional de Odontologia do Paraná – CIOPAR 19 a 21 de setembro de 2013
O evento contará com palestras nacionais e internacionais ministradas pelos mais renomados profissionais de saúde bucal.
Curitiba - PR
www.ciopar.com.br
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1º Meeting de Biossegurança e Controle de Infeçção na Odontologia 21 de setembro de 2013
Sabe-se que é grande a discrepância entre a qualidade técnica dos resultados e a atenção dada à preservação da saúde
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da equipe odontológica e dos pacientes. Assim, faz-se necessário uma atenção especial à unificação de protocolos mínimos de controle de infecção na Odontologia praticada em nosso País.
sionais da Odontologia que apresentarão as técnicas mais recentes.
Goiânia – GO
www.abo-go.org.br/ciogo2013
São Paulo – SP
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(11) 3167 - 6997 ou selobiologica@uol.com.br
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IN - Latin American Osseointegration Congress 25 a 28 de setembro de 2013
Sob a presidência de honra de Per Ingvar Brånemark, o IN 2013 deverá reunir cerca de 5.000 especialistas de todo o Brasil e dos demais países latino-americanos.
São Paulo – SP (11) 3566-6205
Outubro 9º Congresso Internacional da ABOR 09 a 12 de outubro de 2013
XVIII Jornada Odontológica Científica-Acadêmica 23 a 25 de outubro de 2013
A 18ª edição da Jornada Acadêmica da Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista contará com palestrantes nacionais e internacionais. No ano de 2012, mais de 700 congressistas, dentre alunos, ex-alunos e profissionais da área odontológica, participaram do evento. Em 2013, a expectativa é que tenhamos mais de 1000 congressistas. Como em todos os anos, os melhores trabalhos de cada categoria receberão mais de R$ 10.000,00 em prêmios.
São Paulo - SP
www.souodontounip.com.br
Novembro
A Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial – ABOR promoverá o 9º Congresso Internacional da ABOR, no Centro de Convenções de Natal (RN), que estima ter um público de 2.500 participantes. Nesse sentido, o evento objetiva promover o intercâmbio científico entre os pesquisadores, educadores e profissionais nacionais e internacionais que atuam nessa área.
19º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética - SBOE
Natal - RN
www.sboe.com.br/Cong2013/Por/index.html
www.congressoabor2013.com.br
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13º Congresso Internacional de Técnicos em Prótese Dentária 11 a 13 de outubro de 2013
Renomados palestrantes e expositores, compondo o maior e mais respeitado evento científico voltado à Prótese Dentária. Um evento imperdível para você, técnico em prótese dentária e cirurgião-dentista.
06 a 09 de novembro de 2013
O maior congresso de Odontologia Estética do Brasil congregando cerca de 40 palestrantes nacionais e internacionais, 3600m2 de área de exposição e feira comercial.
Curitiba – PR
Dezembro 1º Congresso Internacional Sobre Saúde da Pessoa com Deficiência 06 a 08 de dezembro de 2013
17º Congresso Internacional de Odontologia de Goiás – CIOGO
O CISPoD é o primeiro congresso transdisciplinar sobre saúde da pessoa com deficiência e grupos especiais. Representantes de todas as áreas da saúde - medicina, odontologia, psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional, educação física, nutrição, enfermagem, farmácia e biomedicina - estarão presentes para unir esforços, a fim de criar mecanismos capazes de fortalecer a pesquisa e a divulgação dos conhecimentos em torno da saúde da pessoa com deficiência e grupos especiais.
16 a 19 de outubro de 2013
Brasília – DF
São Paulo – SP
www.apdesp.org.br/tpdinteligente
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O evento reunirá renomados profis-
www.cispod.com.br
Notícias Odonto Magazine apresenta novo aplicativo para iPhone Cirurgiões-dentistas de todas as especialidades da Odontologia já podem contar com o novo aplicativo gratuito da Odonto Magazine para iPhone. Por meio do novo aplicativo, o profissional de saúde bucal terá acesso às notícias atualizadas sobre o segmento odontológico, como novidades no mercado, colunas desenvolvidas por especialistas, entrevistas com notáveis cirurgiões-dentistas de todas as áreas, reportagens sobre os temas em destaque na classe, pontos de vista de profissionais sobre os temas atuais nos bastidores odontológicos, além de dicas valiosas sobre gestão na Odontologia. Além das notícias, é possível conferir uma agenda completa com todos os eventos odontológicos que acontecerão no Brasil e no mundo. Para ficar por dentro de tudo o que acontece no mercado odontológico, basta acessar a Apple Store e buscar pela Odonto Magazine. O aplicativo é gratuito e o usuário pode acompanhar todas as novidades.
“Este é um passo muito importante que damos para nos comunicarmos com o dentista. Seja pela revista, site, newsletter, redes sociais e, agora, também por mobiles. Nosso objetivo é apresentar as novidades do mercado de Odontologia em tempo real”, esclarece Christian Visval, sócio-diretor da VP Group – Comunicação Integrada. www.odontomagazine.com.br
Biossegurança em Odontologia Há mais de uma década, a Odontologia brasileira vive um grande paradoxo. Profissionais do mundo todo reconhecem nossa superioridade na solução de problemas estético-funcionais, porém, as condições de biossegurança e controle de infecção na clínica odontológica estão muito aquém dessa realidade. Sabe-se que é grande a discrepância entre a qualidade técnica dos resultados e a atenção dada à preservação da saúde da equipe odontológica e aos pacientes. Assim, faz-se necessário uma atenção especial à unificação de protocolos mínimos de controle de infecção na Odontologia praticada em nosso País. Pensando nessa atenção especial, São Paulo recebe, no dia 21 de setembro, o 1º Meeting de Biossegurança e Controle de Infecção na Odontologia. Como conferencistas, foram convidados 10 nomes de grande expressão nacional e internacional, que trarão temas atuais e esclarecedores aos participantes. No evento estarão reunidos cirurgiões-dentistas, professores de graduação e pós-graduação, professores de cursos técnicos e profissionais que atuam na Vigilância Sanitária de todo o País, além de coordenadores e equipe odontológica de serviços público e privado, bem como ASBs e TSBs interessados no assunto. O 1º Meeting de Biossegurança e Controle de Infecção em Odontolo-
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gia é uma iniciativa pioneira na América Latina e propõe estabelecer contato intensivo entre conferencistas e participantes durante todo o dia de trabalho, inclusive no almoço oferecido pelo evento. O encontro ocorrerá no Hotel Comfort Nova Paulista, localizado na Rua Vergueiro, 2.740, a 100 metros da estação Vila Mariana do metrô, em São Paulo. Informações e inscrições pelos telefones (11) 3167.6997 e 2619.5390 ou pelo e-mail selobiologica@uol.com.br.
Notícias
Especialização em Odontologia Estão abertas as inscrições para os cursos de Pós-Graduação Lato Sensu em Odontologia da Universidade Paulista - UNIP. A UNIP oferece diversos cursos presenciais em 16 especialidades na área da Odontologia em seus campi no Brasil. Destaca-se o curso de Odontologia para Pacientes Portadores de Necessidades Especiais, cujo objetivo é promover a saúde oral, por meio de ações preventivas e execução do tratamento em pacientes especiais. Propõe-se, além disso, desenvolver a habilidade para o planejamento, ampliando a visão do clínico quanto à relação entre as diversas especialidades, capacitando-o a avaliar, planejar e executar o tratamento odontológico de forma integrada. São ofertados também os cursos de Endodontia, Implantodontia, Odontopediatria, Ortodontia e Prótese Dentária. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.unip.br, até 20 de agosto. Mais informações podem ser obtidas por meio dos telefones (11) 5586.4210 e (11) 2166.1066.
Mercado de trabalho
A Prefeitura de São Paulo lançará, ainda este ano, edital para suprir a falta de cirurgiões-dentistas na rede pública municipal. A cidade de São Paulo tem um déficit de 33% de cirurgiõesdentistas na rede pública municipal. Faltam 520 profissionais e, dos 1.074 que atuam na rede, 70% só trabalham meio perío do – há unidades onde apenas quatro emergências são atendidas por dia. Além disso, 30% das cadeiras odontológicas precisam ser trocadas. Para solucionar o problema, a Prefeitura prepara um edital de contratação de profissionais de saúde para este ano, sem precisar quantos cirurgiões-dentistas serão contratados. As informações constam no diagnóstico que a nova gestão fez da área para planejar as ações dos próximos anos. Segun-
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do a Secretaria de Saúde, a gestão Fernando Haddad (PT) herdou uma situação “preocupante” nessa área, resultado de falta de investimentos e também de um volume muito pequeno de parcerias federais. Segundo o coordenador de Saúde Bucal da secretaria, Douglas Schneider, houve um déficit acumulado de investimentos na área de recursos humanos. A falta de profissionais também atinge as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF). São Paulo tem 1,2 mil equipes, que deveriam contar com, no mínimo, um grupo odontológico para cada duas delas. Mas, há somente 239 dentistas para os 1,2 mil grupos. A atual gestão avalia que só vai conseguir adequar o número de CDs ao longo dos próximos quatro anos. Fonte: ABO
Produtos e Serviços Saúde bucal e hálito fresco A marca Cepacol® traz modernidade e inovação com sua nova linha de antissépticos bucais, Cepacol® Plus, com fórmulas exclusivas sem álcool, nem corante, proporcionando alívio refrescante após sua utilização. O flúor, contido em sua fórmula, previne a formação da placa bacteriana e ajuda a fortalecer o esmalte dos dentes. A linha reúne quatro versões que, além de ajudar a combater os germes causadores de cáries, mau hálito e placa bacteriana, auxiliam na manutenção de uma boa higiene bucal. Para quem busca dentes brancos, Cepacol® Plus Whitening ajuda a branquear os dentes, sem agredir a boca, já que sua fórmula não contém álcool e nem peróxido de hidrôgenio, também conhecido como água oxigenada, um elemento abrasivo que pode agredir os dentes e a boca após uso prolongado. A versão Cepacol® Plus Sensitive tem eficácia comprovada para auxiliar no combate à sensibilidade dentária, devido à presença do citrato de potássio em sua fórmula. Já o Cepacol® Plus Advanced, com sua exclusiva ação biflúor, ajuda a remineralizar o esmalte dos dentes, devido à combinação do fluoreto de sódio com o monofluorfosfato de sódio. E, para finalizar, o Cepacol® Plus Revitalizante conta com fórmula exclusiva de alantoína e provitamina B5, que auxilia na revitalização da saúde bucal. www.sanofi.com.br
Modernidade e ergonomia Cristófoli apresenta o instrumento de mão de alta rotação para remoção de cáries e/ou restaurações. O AR 03 conta com design moderno, proporcionando leveza e ergonomia. Entre as diversas qualidades do equipamento, estão: » Sistema push button. » Conexão Borden. » Autoclavável. » Cabeça pequena. » Baixo ruído. » Spray triplo. O produto ainda é acompanhado por uma chave para abertura da tampa e dois o-rings (mancais) para manutenção. www.cristofoli.com
Lançamento Indusbello Produzidos com matérias-primas que proporcionam maior conforto aos pacientes, os novos abritecs coloridos da Indusbello apresentam um orifício que possibilita ao profissional amarrar-lhes um fio dental, facilitando a remoção e evitando acidentes durante os procedimentos. A ampla variedade de cores dos novos abritecs é uma iniciativa da empresa para proporcionar aos profissionais da Odontologia uma maior variedade de escolhas na personalização de seus ambientes de trabalho. Os abritecs estão disponíveis nas cores: laranja, amarela, verde, rosa claro, rosa choque, lilás e azul; nos modelos adulto e infantil, com opções de esterilização autoclavável ou química. www.indusbello.com.br
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Produtos e Serviços Odontopediatria contemporânea Recém-lançada pela Editora Santos, integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional, a obra Odontopediatria: uma visão contemporânea apresenta ao leitor o que há de mais moderno no assunto, por meio da experiência de renomados professores que atuam em diferentes universidades, no Brasil e no exterior. O livro tem por objetivo auxiliar acadêmicos e dentistas quanto ao que há de mais relevante na área. Nos 43 capítulos que compõem a obra, os autores e colaboradores buscaram reunir os assuntos de modo lógico e sequencial, considerando o nível de complexidade na abordagem integral do paciente infantil. De maneira objetiva, o leitor irá conhecer os prós e contras do uso dos materiais, as técnicas mais eficazes e as melhores abordagens clínicas. Com isso, o profissional poderá desenvolver o senso crítico e escolher a melhor conduta durante a sua prática clínica. www.grupogen.com.br
Contra a sensibilidade dentinária O Sensodyne® Repair & Protect, novidade da GSK, contém Novamin™, uma formulação única, com base na tecnologia desenvolvida originalmente para ajudar a estimular a regeneração óssea. Incorporando essa tecnologia, Sensodyne® Repair & Protect age como um reservatório para a construção de uma nova camada reparadora sobre a dentina exposta e no interior dos túbulos dentinários. Essa camada tem uma composição química similar à da hidroxiapatita, assemelhando-se à composição natural dos dentes e ligando-se fortemente ao colágeno presente na dentina. Usado diariamente, como um creme dental regular, Sensodyne® Repair & Protect irá reparar, continuamente, as áreas sensíveis, ajudando a prevenir a sensibilidade. Além disso, o produto também traz os benefícios dos cremes dentais comuns, que incluem a proteção ampla contra as cáries, a limpeza e o frescor. www.gsk.com.br
Novo consultório Sirona O Sinius é um verdadeiro Centro de Tratamento desenvolvido com a mais moderna tecnologia e design, que oferece ao dentista tudo o que ele precisa para realizar tratamentos eficientes e completos. Uma das vantagens do novo Centro de Tratamento está atrelada ao fato do equipamento seguir os mais elevados conceitos de biossegurança. O Sinius pode ser higienizado interna e externamente, eliminado o risco de contaminação cruzada. Além disso, o equipamento oferece ao profissional da área odontológica perfeita ergonomia, evitando, assim, a fadiga no trabalho diário. Com o Sinius é possível também aperfeiçoar o espaço físico, pois todos os periféricos desejáveis estão em um único equipamento. O Sinius ainda permite que o paciente acompanhe todos os procedimentos em tempo real, assegurando-se da qualidade de seu tratamento, desde a primeira consulta, sem inibição e ansiedade. www.sirona.com.br
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Odontologia Segura
Água contaminada no enxágue de instrumental e liberação de endotoxinas
Lusiane Borges Biomedicina - UNISA / UNIFESP. Odontologia – UMESP. Especialização em Microbiologia – Faculdade Oswaldo Cruz. Especialista em Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP. MBA em Esterilização FAMESP. Pós-Graduanda em Prevenção e Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP, São Paulo. Coordenadora de Cursos de ASB/TSB desde 2000. Membro do Conselho Científico da Odonto Magazine, São Paulo. Autora-coordenadora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”. Consultora em Biossegurança em Saúde – Biológica. Consultora Científica da Oral-B, Fórmula & Ação, Sercon/Steris e outros. Representante do Brasil na OSAP (Organization for Safety, Asepsis and Prevention), EUA. Responsável pelo site www. portalbiologica.com.br.
A
s bactérias gram-negativas possuem, em suas paredes celulares, um componente lipopolissacarídico (LPS) tóxico denominado endotoxina. A porção lipídica é a responsável pela toxicidade. As endotoxinas só são liberadas em grandes quantidades, no tecido infectado, quando as bactérias sofrem lise, o que ocorre com frequência no desenvolvimento do processo infeccioso e, em alguns casos, de enxágue de instrumentais com água contaminada. As endotoxinas caracterizam-se pela resistência ao calor, até mesmo à autoclavação, podendo persistir em instrumental submetido a esse processo de esterilização. Assim elas seriam “cadáveres de bactérias gram-negativas” presentes no instrumental cirúrgico, penetrando na corrente sanguínea. O potencial tóxico das endotoxinas varia de bactéria para bactéria, mas todas têm marcantes atividades biológicas. A principal delas parece ser a capacidade de ativar o sistema complemento (C), presente no soro sanguíneo e nos tecidos, fazendo aumentar o grau de inflamação tecidual. É importante ressaltar que em hospitais, a água de último enxágue de instrumentais e de artigos reprocessáveis é tratada (Osmose Reversa), dado o risco iminente de desencadeamento de Reação Pirogência em pacientes submetidos aos procedimentos, como neurocirurgia, cirurgia cardíaca, otorrinolaringologia e hemodiálise. A esse grupo também incluímos cirurgias odontológicas: periodontais, implante, enxerto e outros.
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A atividade pirogênica, ocorre quando as endotoxinas induzem à liberação do pirogênio dos fagócitos, que promove alteração do centro termorregulador do hipotálamo, da qual resulta a febre. Pode ocorrer, também, por meio da liberação de endotoxinas, em casos extremos eventos, como: » Ativação de macrófagos para liberação de citocinas e outros mediadores de inflamação, como prostaglandinas e enzimas hidrolíticas endógenas (colagenases, elastases, etc). » Atividade mitogênica para células T. » Citotoxicidade para fibroblastos. » Interferência nos mecanismos de glicogenese e neoglicogênese, conduzindo à perda do glicogênio hepático. » Agregação de plaquetas. » Colapso intravascular e choque irreversível, que levam à morte. A orientação básica para a área odontológica é a colocação de um filtro de carvão ativado na torneira de lavagem de instrumental. Este deve ser limpo e trocado conforme instruções do fabricante. Trata-se de uma medida simples, porém, de grande relevância e impacto na Segurança do Paciente, assunto atual em discussão na Organização Mundial da Saúde - OMS. A ideia que a maioria dos profissionais tem de esterilização é, muitas vezes, errônea, já que existem detalhes importantes que devem ser considerados no processamento do instrumental. Vale refletir. Até a próxima!
Reportagem
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Reportagem
Medicamentos na Odontologia
As entidades da Odontologia vêm discutindo sobre a racionalidade do uso de medicamentos por cirurgiões-dentistas, mas o que é ou não correto no tratamento medicamentoso? Por: Viviam Santos
A
Lei 5.081 de 24/08/1966, que regula o exercício da Odontologia, determina no art. 6, item II: “Compete ao cirurgiãodentista prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, indicadas em Odontologia”. No item VIII, acrescenta: “compete ao cirurgião-dentista prescrever e aplicar medicação de urgência no caso de acidentes graves que comprometam a vida e a saúde do paciente”. Porém, a categoria vem percebendo a movimentação das entidades, principalmente do Conselho Federal de Odontologia (CFO), para impedir a Portaria SES Nº 111 de 27/06/2012 Estadual (Distrito Federal), que limita a prescrição de cirurgiões-dentistas. Com tantos debates ocorrendo devido à prescrição de medicamentos pelos profissionais de Odontologia, pode restar a dúvida: o que é permitido prescrever e quais tratamentos medicamentosos os cirurgiões-dentistas podem aplicar nos pacientes? O coordenador dos cursos de Implantodontia e Cirurgia Oral da Certo Odontologia, doutor em Implantodontia, Renato Aló da Fontoura* – autor do livro “Terapêutica Medicamentosa em Odontologia”, lançado em 2006 pela editora Artes Médicas -, frisa: “Atualmente é permitido ao dentista prescrever todos os medicamentos que apresentem indicação na clínica odontológica. Não existe nenhum medicamento de interesse da Odontologia que o dentista não possa prescrever, mas para alguns medicamentos, como ansiolíticos, torna-se necessário o preenchimento da notificação de receita, geralmente de cor azul”. Sobre o CFO e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ampliarem o debate sobre o uso racional de medicamentos, principalmente nos últimos meses, Fontoura diz que são ações positivas à categoria. “É muito bom perceber que essas entidades não estão paradas. A simples mudança na forma de prescrever antibióticos, de uma simples receita comum, para uma receita de controle especial, já levou a uma grande diminuição na prescrição de antibióticos. O ideal seria que outros medicamentos de uso rotineiro em Odontologia passassem a ter sua prescrição e venda monitoradas mais de perto por essas entidades e órgãos fiscalizadores”,acredita. Com a ideia de haver uma política de uso racional de medicamentos e um acompanhamento adequado pelas entidades responsáveis, o Dr. Renato diz que “a Odontologia tem uma característica bem distinta em relação à maioria das especialidades médicas, pois, enquanto na medicina os antibióticos, geralmente, representam a melhor forma de tratar uma infecção, na Odontologia, a boa e velha sequência de remover a causa, drenar e desbridar, deve ser usada sempre, ao invés da antibioticoterapia isolada”. Ele comenta que o cirurgião-dentista deve ter em mente que o uso de medicamentos tem como objetivo apenas dar suporte à terapia cirúrgica ou endodôntica. “Com essas atitudes, a Odontologia migrará de uma situação atual de uso indiscriminado de medicamentos para uma situação de uso racional de medicamentos”, assegura. Além das ações do CFO e da Anvisa, o Ministério da Saúde criou em abril deste ano o Programa Nacional de Segurança do Pacien-
te, que também incide sobre a Odontologia. “Esse programa provavelmente, diminuirá muito o índice de eventos adversos que ocorrem na saúde do Brasil, incluindo a Odontologia. Conforme descrito pelo MS, o índice de ocorrência desses eventos é de 7,6%, sendo cerca de 2/3 deles facilmente evitáveis. O Brasil é líder nessa ocorrência, e isso está longe de ser um motivo de orgulho para nossos profissionais”, lembra. A obrigatoriedade da notificação dos eventos adversos, para ele, irá revelar as situações mais comuns e, assim, será fácil de evitá-las. “Todos os profissionais de saúde, inclusive os dentistas, deverão perceber mudanças significativas nessas ocorrências”, prevê Fontoura. Apesar de ser favorável ao uso racional de medicamentos pelos cirurgiões-dentistas e das ações das entidades da categoria, Dr. Renato diz que o Comitê Nacional para Promoção do Uso Racional de Medicamentos (CPURM) deve ter voz ativa do CFO para evitar limitações que contradizem a Lei 5.081 de 24/08/1966. “É inaceitável que ocorra qualquer mudança que venha limitar a atuação do cirurgião-dentista. Em junho passado, o CFO participou da 22ª Reunião do Comitê e deixou clara a importância de se respeitar a Lei 5.081, que regula o exercício da Odontologia. O surgimento desse comitê e a busca da racionalização dos usos de medicamentos é uma atitude muito bem-vinda, mas a mudança e a limitação na utilização de alguns fármacos pelo cirurgião-dentista devem ser repudiadas pelos conselhos de Odontologia”, alerta.
Práticas medicamentosas Com tantas discussões acerca do uso racional de medicamentos, e sem fontes oficiais que especifiquem quais medicamentos podem ser usados e como devem ser praticados no consultório e nas clínicas odontológicas, é preciso que o cirurgião-dentista se informe e tenha precauções ao medicar o paciente na consulta e ao prescrever medicamentos. Principalmente nos casos de pacientes especiais e em emergências. Os medicamentos geralmente mais utilizados na Odontologia, segundo Fontoura, “são os analgésicos, anti-inflamatórios (principalmente os não-esteroidais) e os antibióticos” – apesar de não haver dados estatísticos no Brasil que comprovem. “Os anti-inflamatórios e os antibióticos, inclusive, são muitas vezes utilizados sem que exista uma indicação clara”, acrescenta. Apesar da falta de indicação precisa sobre o uso de antibióticos, ele afirma que todos os antibióticos que podem ajudar no tratamento das infecções odontogênicas podem ser prescritos pelo cirurgiãodentista. “Apesar de existirem antibióticos novos, com características bem específicas, os antibióticos mais tradicionais, geralmente, apresentam grande efetividade diante das infecções odontogênicas. Em se tratando de drogas de administração oral, a amoxicilina, muitas vezes em associação com o clavulanato de potássio, é a droga de primeira escolha. Quando se fala de infecções periodontais, o metronidazol também apresenta grandes indicações. A azitromicina e a clindamicina também são duas drogas
* Renato Aló da Fontoura é doutor em Implantodontia, mestre em Morfologia. Especialista em Cirurgia Bucomaxilofacial, professor de Farmacologia, Anestesiologia e Cirurgia, coordenador dos cursos de Implantodontia e Cirurgia Oral da Certo Odontologia e autor do livro “Terapêutica e Protocolos Medicamentosos em Odontologia”, editora Artes Médicas.
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Reportagem indicadas, principalmente nos pacientes com história de alergia às penicilinas”, exemplifica. Porém, com o uso indiscriminado de antibióticos, pode haver reações não desejadas – como a maior resistência bacteriana e maior possibilidade de surgimento de reações alérgicas às drogas. “Isso é comprovado, e muitos profissionais utilizam antibióticos sem necessidade ou utilizam por mais tempo que necessário. Restringindo a utilização aos casos em que existe real necessidade e restringindo o tempo total de uso, são as duas melhores condutas para o cirurgião-dentista ajudar a diminuir as complicações relacionadas ao uso indiscriminado de antibióticos”, explica o Dr. Renato. Um ponto que mais preocupa, segundo ele, são as situações de emergência médica no consultório do cirurgião-dentista: “Com raríssimas exceções, nossas universidades não apresentam uma formação sólida no diagnóstico, prevenção e tratamento das emergências médicas. Cabe ao profissional perceber essa necessidade e buscar cursos, livros e artigos sobre o assunto e procurar se tornar apto para resolver as emergências médicas mais comuns em nossos consultórios”. Fontoura lembra que existem diversas situações de emergências médicas, e o profissional deveria possuir em seu consultório medicamentos específicos para isso. “Dentre essas situações destaco a síncope vasovagal, a hipoglicemia, a dor torácica, a hipertensão, as reações alérgicas, a crise asmática e a crise convulsiva. Apesar disso, vale ressaltar que apenas ter acesso às medicações, sem o conhecimento das doenças e emergências relacionadas, pode ser bastante perigoso”. Com o avanço tecnológico no geral e na própria área da saúde, há mais opções de tratamentos e medicamentos. Porém, deve ficar atento que o medicamento não é apenas um modismo, enquanto os medicamentos mais antigos ainda são eficientes. “É preocupante também o surgimento cada vez maior de drogas ditas ‘modernas’ e que começam a ser usadas pelos médicos e dentistas como um modismo, mesmo que as drogas antigas continuem tendo ação eficiente. Prescrever medicamentos novos, melhores e menos nocivos deve ser uma constante, mas prescrevê-los, simplesmente por serem novos, é um grande erro”, diz. As terapias alternativas e suplementares na Odontologia ainda são temas relativamente novos ou mesmo desconhecidos para os cirurgiões-dentistas, mas podem, sim, ser uma opção. “Tenho visto trabalhos maravilhosos sobre terapias alternativas em Odontologia, e em minha experiência clínica, sempre cito a analgesia inalatória com o óxido nitroso, como uma técnica de sedação relativamente nova, segura e muito eficaz”, sugere.
Pacientes especiais Ao ser importante o uso racional de medicamentos em pacientes saudáveis e adultos, é ainda mais para os pacientes chamados “especiais” – aqueles que têm doença crônica, idosos, crianças, grávidas, entre outros, com necessidades especiais. Quando se fala de prescrição em crianças, Fontoura indica três grandes preocupações: “A primeira diz respeito à dose utilizada, pois quase todos os medicamentos têm a sua dose determinada pelo peso do paciente. A segunda preocupação é lembrar sempre que uma criança não é um adulto que pesa pouco, ou seja, não basta simplesmente diminuir a dose, pois precisamos entender que alguns medicamentos podem ser bastante tóxicos em crianças. A terceira preocupação é uma continuação da segunda, pois é a cautela que devemos ter especificamente com o efeito hepatotóxico de diversos medicamentos. Medicamentos de uso rotineiro para adultos podem levar a grandes problemas hepáticos em crianças”.
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Em relação aos idosos, um dos maiores problemas está relacionado ao nível tóxico. “Muitos pacientes idosos apresentam limitação nas funções hepática e renal, e a grande maioria dos medicamentos prescritos em Odontologia apresenta metabolização hepática e excreção renal. Por isso, quando estamos diante de um paciente idoso, a preocupação com o medicamento prescrito, sua dose e tempo total de utilização é de vital importância”, lembra. No caso dos pacientes diabéticos, o que deve ter atenção especial do cirurgião-dentista são as complicações crônicas que surgem a partir da elevada glicemia. “O paciente diabético não controlado, geralmente, desenvolve graves problemas vasculares, que acarretam problemas cardíacos, renais, hepáticos, entre outros. O cirurgião-dentista deve sempre lançar mão de exames complementares e solicitar parecer médico quando achar necessário, visando diagnosticar o real estado sistêmico do paciente diabético”, recomenda. A prescrição medicamentosa no tratamento odontológico de grávidas e lactantes também pode ser diferente da usual. “Essa é uma dúvida comum entre os profissionais e de fácil resolução, pois diversos medicamentos apresentam restrições em relação ao uso em gestantes e lactantes. Em todas as bulas ou até mesmo nos diversos dicionários de especialidades farmacêuticas existentes, é fácil para o profissional encontrar quais drogas devem ser evitadas”, diz o Dr. Renato. Porém, ele ressalta que, “apesar das restrições, existem diversos medicamentos que podem ser usados nesses pacientes, sem problemas”. Além dos pacientes citados, ele também lembra que merecem atenção àqueles que sofrem de doenças hepáticas, que influenciam o metabolismo dos principais fármacos de uso odontológico. “Os pacientes com problemas neurológicos, que fazem uso rotineiro de drogas de ação central, também merecem ter suas prescrições avaliadas com bastante cautela”, acrescenta. Outro ponto importante ao tratar pacientes especiais na Odontologia é o diálogo que cirurgião-dentista deve estabelecer com o médico, para constituir um atendimento integrado e que respeite o tratamento médico e odontológico adequado para cada caso. “A Odontologia chegou a um momento onde o atendimento especializado se tornou quase essencial. Não é impossível, mas é improvável, que um único profissional consiga executar, com perfeição, as diversas especialidades da Odontologia. Assim como a Odontopediatria e Odontogeriatria, que apresentam características bem particulares, o profissional que atende pacientes especiais precisa estar totalmente focado nesse público-alvo. Por isso, muitos desses pacientes fazem uso rotineiro de medicamentos que podem interferir na prática odontológica. Por outro lado, alguns medicamentos prescritos pelo dentista, podem influenciar a ação, potencializando ou inibindo, de alguns medicamentos essenciais para o cotidiano desse paciente. Por isso tudo, é quase mandatório que o dentista mantenha um contato direto com o médico responsável pelo tratamento desse paciente e que solicite a esse profissional, por escrito, uma liberação para o tratamento dentário e informações sobre quais medicamentos devem ser evitados. Além disso, cabe ao cirurgião-dentista se informar sobre possíveis efeitos orais indesejados dos medicamentos de uso contínuo do paciente”, finaliza.
“Restringir a utilização de antibióticos aos casos em que existe real necessidade e controlar o tempo total de uso, são as melhores condutas para o cirurgião-dentista.”
Renato Aló da Fontoura
Entrevista
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Entrevista
O uso da Fluorescência Óptica na Odontologia Após mais de quatro séculos de sua descoberta, a Fluorescência Óptica ganha espaço na Odontologia. A entrevista com o Dr. Diego Portes Vieira Leite, cirurgião-dentista com habilitação em Laserterapia, apresenta os benefícios da técnica no diagnóstico bucal pelo sistema de imagem.
Por: Vanessa Navarro
Diego Portes Cirurgião-dentista. Pós-graduado em Ortodontia. Pós-graduado em Cirurgia Bucomaxilofacial. Mestrando em Laser. Habilitado em Laserterapia. Experiência em Odontologia Hospitalar, Auditoria Clínica e Consultoria Clínica Odontológica. Proprietário da clínica odontológica OdontoPortes.
Odonto Magazine - A fluorescência óptica, muito empregada em diferentes áreas médicas, tem conquistado espaço na Odontologia. Quais são os benefícios da técnica na saúde bucal? Diego Portes - A fluorescência óptica é a propriedade que algumas células possuem, após serem excitadas com radiação de baixo comprimento de onda, resultando na emissão de radiação de maior comprimento de onda. Assim, determinadas células absorvem a energia da luz ultravioleta e emitem depois radiação dentro do espectro de luz visível. A descoberta da técnica é atribuída a Nicolás Monardes (1577), médico e botânico espanhol. A descrição da opalescência azul surgiu a partir de uma infusão de água e de madeira de uma pequena árvore mexicana. No entanto, foi Bernardino de Sahagún, um missionário franciscano, que descreveu esta propriedade da madeira (já antes observada pelos Aztecas). Em 1987, o pesquisador físico R. Meyer utilizou o termo “fluoróforo” para descrever os grupos químicos que se encontravam associados à fluorescência. Este termo é análogo ao termo “cromóforo”, o qual foi usado pela primeira vez em 1876 para descrever grupos químicos associados à cor. Na Odontologia, o primeiro estudo relacionado ao fenômeno da fluorescência apresentada pelos dentes naturais foi realizado em 1911. O estudo foi o primeiro a sugerir que os dentes
naturais apresentavam uma forte fluorescência branco-azulada quando submetidos à ação baixa de raios ultravioleta. Esta propriedade fascinante faz com que os dentes pareçam mais brancos e mais brilhantes sob a luz do dia, dando aos dentes naturais um aspecto maior de vitalidade. Na saúde oral, a fluorescência óptica é utilizada como um método auxiliar no diagnóstico de manifestações bucais e, na área de estética, para verificação da qualidade das resinas compostas utilizadas. Odonto Magazine - O número de lesões bucais cresce consideravelmente com o passar dos anos. Como a fluorescência óptica pode auxiliar na diminuição desses casos? Diego Portes - Segundo dados da Associação Internacional de Epidemiologia (IEA), as lesões bucais afetam entre 25 e 50% da população de todo o mundo e varia de acordo com o tipo de população verificada. Através de um levantamento epidemiológico, realizado pela Universidade de Minnesota, nos EUA, foram encontradas 3.783 lesões orais em 10,3% da população estudada. Das lesões diagnosticadas, 5,5% correspondiam a cistos; 37,6% correspondiam a lesões brancas queratóticas; 26% eram leucoplasias e 39,9% correspondiam a úlceras traumáticas.
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Entrevista No Brasil, foi realizado um último levantamento epidemiológico de lesões bucais, em 2002, pelo INCA, onde as lesões mais comumente encontradas foram: alterações não neoplásicas (56%), neoplasias benignas (14,6%) e neoplasias malignas (29,4%). Através da fluorescência óptica conseguimos, de forma simples, rápida e seletiva, a antecipação do diagnóstico de uma lesão bucal, que pode ou não ser uma neoplasia maligna. Tudo dependerá de uma biópsia, que poderá ser realizada após a utilização do método de fluorescência óptica. Odonto Magazine - Quais são os principais fatores para obtenção de bons sinais de fluorescência? Diego Portes - Entre os principais fatores, podemos citar: a utilização do comprimento de onda correto (Laser, LED ou Luz halógena) para visualização de cada patologia específica, isso quer dizer que existem comprimentos de onda específicos para uma visualização correta de cada manifestação bucal. Além disso, o ambiente onde será realizado o método de fluorescência precisa apresentar pouca iluminação. Odonto Magazine - Quando a técnica é utilizada para fins estéticos? Diego Portes - A fluorescência tem sido utilizada para fins estéticos quando é necessário avaliar a qualidade das restaurações de resina composta, amálgama para verificação de presença de cáries, formação de placa e biofilme dental. Assim como no tecido mole, o tecido duro (no caso o dente) e outros materiais apresentam fluorescência, o profissional poderá verificar a qualidade das resinas utilizadas e as regiões dentais que apresentam perda mineral, pois a fluorescência emitida será diferente. Odonto Magazine - Quais são as vantagens da utilização da fluorescência óptica, já que é uma técnica não invasiva? Diego Portes - Entre as vantagens para o dentista, estão: seleção, precisão, eficiência e auxílio ao diagnóstico bucal. A técnica é rápida e indolor, fatores que garantem o bemestar do paciente. Odonto Magazine - Qual é a relação custo-benefício apresentada pelo uso da fluorescência óptica em Odontologia? Diego Portes - Atualmente, a intervenção do cirurgião-dentista envolve os diversos níveis de prevenção, a partir da criação e articulação de políticas que reduzam a exposição aos fatores de risco e introduzam na população uma consciência quanto à prevenção e diagnóstico precoce de lesões bucais. Recentemente, técnicas que utilizam a fluorescência têm sido propostas como métodos de auxílio ao diagnóstico de avaliação de diversos tecidos, com base nas propriedades ópticas e na sensibilidade dessas técnicas em captar a fluorescência emitida por fluoróforos endógenos presentes nos tecidos. A avaliação não invasiva e não destrutiva garante grande custo-benefício desta técnica, sendo um grande atrativo para o diagnóstico clínico do profissional. Odonto Magazine - Novas tecnologias surgem a todo o momento em todos os segmentos da Odontologia. Como é possível conscientizar os cirurgiões-dentistas mais “conservadores” sobre a importância de aderir a essas novas tecnologias impostas no mercado? Diego Portes - Atualmente, diversos incentivos têm proporcionado a formação de parcerias que visam o desenvolvimento de novas tecnologias na área da saúde.
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Existem diversas áreas nas quais a Odontologia moderna pode inovar e tornar-se uma área profissional. Podemos citar a fluorescência óptica, que pode ir muito além do cuidado com os dentes em beneficio dos pacientes. Controle microbiológico, diagnóstico e tratamento de lesões bucais, estabelecimento de uma dentística mais conservadora são algumas destas áreas. A luta constante da Odontologia é contra os micro-organismos. As bactérias são atualmente combatidas por meio de antibióticos. Graças a tais produtos químicos, um elevado número de infecções tem sido controlado com eficiência. Porém, devido ao uso indiscriminado por parte de alguns profissionais, as bactérias se tornaram resistentes a alguns antibióticos, isso fez com que pesquisadores buscassem novas alternativas e tecnologias para o tratamento de doenças e lesões causadas por micro-organismos resistentes. Dentre estas novas possibilidades, está a técnica que permite usar a luz como elemento essencial para eliminar micro-organismos. Esta técnica é denominada Terapia Fotodinâmica (Photodynamic Therapy), e consiste na aplicação de um agente fotossensibilizador (corante, medicamento) e uma luz (pode ser um laser, LED) que possua um comprimento de onda de cor específica para ativar a droga, uma vez localizada na bactéria. A combinação da droga com a luz proporciona fotorreações que produzem agentes altamente tóxicos, levando o micro organismo à morte. Outra inovação tecnológica importante para o dentista é o poder de diagnóstico. Atualmente, o profissional utiliza, essencialmente, a visão como elemento de diagnóstico de tecidos moles e duros. Em alguns casos, agentes químicos ajudam muito este poder. A fluorescência óptica é um assunto que vem crescendo muito nos últimos anos e constitui em um elevado fator de ampliação do poder de diagnóstico para o profissional. Odonto Magazine - Estudos recentes realizados pela Faculdade de Odontologia da USP apontam a fluorescência dental como uma aliada no segmento da Odontologia Forense. Como esse resultado pode influenciar na utilização da técnica nos serviços periciais? Diego Portes - O auxílio prestado pela Odontologia Forense no processo de identificação humana não se limita apenas ao reconhecimento de trabalhos odontológicos, considerando as atividades criminais pertinentes a Odontologia Legal e a interface entre esta especialidade e a Tanatologia Forense. Destacam-se na rotina pericial aspectos relacionados ao exame do cadáver no local dos fatos (perinecroscopia), busca do diagnóstico da realidade da morte (tanatognosia), investigação do tempo da morte (cronotanatognosia), bem como a necroscopia ou exame do corpo sem vida. Na Odontologia Forense, são feitas análises de lesões extra e intrabucais, com a identificação dos seus respectivos agentes produtores, escolha do melhor tipo de acesso à cavidade bucal (dependente do grau de rigidez cadavérica), presença de dentes rosáceos e outras alterações cromáticas, estudo das mordeduras, dentre outros, além da identificação do cadáver. Através do uso da Fluorescência Óptica, tem se procurado obter estimativas de idade do paciente utilizando-a na área de Odontologia Forense. Atualmente, a análise dos dentes nos trabalhos periciais tem facilitado a identificação de indivíduos, determinando, assim, o sexo e a idade aproximada do cadáver.
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Unir-se é um bom começo, manter a união é um progresso, e trabalhar em conjunto é a vitória Henry Ford
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Superar é preciso Marina Montenegro Rojas Cirurgiã-dentista. Membro da Diretoria da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD Pinheiros) e da Coordenação do Projeto Odontocomunidade – CIOSP. Cirurgiã-dentista do Programa Saúde da Família da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Docente da Equipe Biológica nos Cursos para Auxiliares - APCD e ABO. Consultora em Odontopediatria do site “multiplos.com.br”. marinamr2006@gmail.com
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á estamos no meio do ano. Que tal se, ao invés de refletirmos somente às vésperas do Ano Novo sobre o que deixamos de fazer ou sobre o que poderíamos melhorar, tomarmos atitudes agora? Vamos pensar em tudo que fizemos de bom, tudo o que foi superado e o que temos pela frente. Seguir exemplos de quem realmente conseguiu chegar onde está por mérito, novas conquistas, perseverança e superação dos seus próprios limites, medos, traumas, dificuldades. Afinal, o que é superação? Superação pode ser definida como “passar por cima; passar ou ir além; ser ou ficar superior; sobrelevar-se: superar a expectativa. Vencer, subjugar, dominar, dobrar: superar a resistência do adversário. Fazer desaparecer, remover, resolver: superar todas as dificuldades”. Porém, nem sempre superação é sinônimo de vencer o obstáculo e atingir totalmente seu objetivo, vencer o jogo. Às vezes, ultrapassar nossos próprios limites, desafiando nossas próprias fraquezas e dificuldades, é tão importante quanto. A superação vem, basicamente, da vontade de realizar algo maior, de transcender as barreiras, os limites, de alcançar o topo. É isso que torna algumas pessoas especiais, vencedoras. Na história da humanidade há vários destaques em meio às mais diversas dificuldades e atividades: músicos, atletas, cientistas, líderes ou ativistas políticos, artistas. O trabalho em equipe é cada vez mais um diferencial competitivo. Se sozinho (a) há alta produtividade, em equipe, os resultados se multiplicam. Diferentemente de uma equipe, em que há objetivos comuns, trabalha-se para o mesmo propósito e por isso não deve haver competição interna e sim cooperação, grupo é um aglomerado de pessoas com alguma afinidade, mas, não necessariamente, alcançam resultados comuns. Em uma equipe, a diversidade é importante para o resultado positivo. Percepções e opiniões diferentes podem auxiliar em grandes decisões, ideias ou, ainda, agregar conhecimento. A dedicação pessoal faz toda a diferença. O profissional que busca novos e constantes aprendizados ou, simplesmente, qualidade no que faz, destaca-se em qualquer setor, independentemente de sua categoria profissional. Para realmente colocar tudo em prática é preciso entusiasmo, que em grego significa “sopro divino”. Os antigos gregos eram politeístas, acreditavam em vários deuses, assim, a pessoa entusiasmada podia transformar a natureza e, de fato, fazer acontecer. Atualmente seria: “fazer tudo com prazer e ter prazer em tudo que faz”. Quando pensamos e agimos positivamente nos sentimos contagiados pelo sucesso, além de influenciarmos os
que estão por perto. É muito gratificante trabalhar com pessoas vibrantes, que demonstram prazer no trabalho que desenvolvem, pessoas realizadas pessoalmente e profissionalmente. E não é tarefa impossível. Basta se entregar àquilo que gosta de fazer. Caso esteja em uma atividade que não se sinta tão feliz, procure outra ou busque alternativas para torná-la mais prazerosa. É importante o contato com outras opiniões e ideias dos colegas, amigos e chefia, para alcançar uma solução. Para um indivíduo ou equipe obter sucesso é necessária muita superação, acreditar em seu potencial de realização e fazer acontecer. Conquistar a excelência deve ser foco principal de todo profissional. Superar os próprios limites e melhorar o desempenho para uma carreira promissora depende de muita dedicação e, acima de tudo, planejamento. Algumas pesquisas indicam que a maioria dos profissionais, de qualquer categoria e área de atuação, considera-se entre ‘os top 10’ em suas organizações, quando na verdade não o são. O comodismo é sempre ruim, tornando o profissional indiferente na equipe, no consultório. “Sair do ordinário para o extraordinário depende apenas de um extra. O profissional só avança se estiver em constante movimento”. O hábito e o condicionamento podem favorecer a excelência no trabalho, mas não se deve cair na zona de conforto, no comodismo. Buscar sempre fazer o melhor, com motivação e, consequente, autoconfiança, sem medo de arriscar. Ter foco na qualidade, mostrar seu valor. Todos têm potencial para usar ao máximo as melhores habilidades, mas autoconhecimento é fundamental para percepção do próprio trabalho e autodesenvolvimento, otimizando algumas tarefas, percebendo seus pontos fracos e buscando melhorias nas que realmente necessita, com resultados efetivos. Se nunca tentou, como pode dizer que não consegue? Fazer cursos profissionalizantes, de atualização ou especialização, associar trabalho com faculdade, arriscar-se em uma nova área de atuação, tentar algo que nunca havia realizado, voltar a estudar depois de anos, candidatar-se em concurso ou empresa que achava impossível entrar, fazer novas amizades, relacionar-se com outras pessoas, perder a timidez, falar o que pensa, fazer atividades inimagináveis, tentar o novo, o diferente, vencer medos e inseguranças, lançar-se aos desafios do cotidiano. Quem disse que você não vai conseguir? Se não tentar, jamais vai saber se poderia ou não chegar lá. Não tem como vencer se não participar da competição. Ser bom no que faz, mas não saber como se promover, é uma grande falha. Transparecer a excelência para os pares e para a empresa ou consultório em si faz com que o profissional seja reconhecido e alcance mais facilmente outros patamares na carreira. Para atingir a excelência, o foco no propósito é imprescindível. Muitas empresas estimulam funcionários a desenvolver suas habilidades, a fim de render diferenciais competitivos no mercado. Porém, sempre há limites. A ousadia, sem dúvidas, é uma vantagem, mas é importante controlar a autoconfiança na progressão da carreira, saber de fato, ouvir, respeitar, ter limites, enfim, trabalhar em equipe.
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Relacionamento
Inspiração para as melhores práticas odontológicas União das marcas KaVo e Kerr visa gerar soluções completas em todos os segmentos da indústria odontológica
Giancarlo Schneider Foi nomeado Presidente América do Sul do Grupo KaVo Kerr em agosto de 2009. Iniciou sua carreira na KaVo do Brasil em 1992, como Supervisor de Tratamento de Superfícies. Desde então, atuou em diversas áreas da empresa, com ênfase especial como responsável na implementação do sistema de gestão DBS (Danaher Business System) durante a aquisição em 2004 do Grupo mundial KaVo pela atual holding americana Danaher. É graduado em Engenharia Química pela UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina e possui dois MBAs: em Gestão Empresarial e em Negócios Internacionais, pela Fundação Getúlio Vargas.
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início de 2013 foi o marco para a consolidação das marcas KaVo e Kerr como um grupo do universo odontológico mundial. Juntas KaVo, Kerr, Sybron Endo, Gendex,i-CAT, Orascoptic e Instrumentarium estão presentes na maioria dos consultórios odontológicos do mundo e irão fortalecer e enriquecer o portfólio das demais marcas em diferentes regiões do globo. Com o slogan “Inspirando os melhores resultados”, o KaVo Kerr Group surge
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como a união ideal de produtos e marcas para complementar o consultório do dentista. No Brasil, a edição 2013 do CIOSP – Congresso Internacional de Odontologia, que aconteceu em janeiro, marcou a divulgação oficial da nova marca KaVo Kerr Group aos dentistas brasileiros. Juntas, as marcas KaVo, Kerr, Orascoptic, i-CAT, Gendex e Instrumentarium formam o maior portfólio de produtos odontológicos do mercado no país e fazem do
Relacionamento grupo um dos mais fortes em oferta e penetração nos consultórios odontológicos.
Inspirando os melhores resultados A marca KaVo Kerr Group surge para consolidar a empresa como provedora de soluções em Odontologia e interagir como tal, auxiliando o profissional com os melhores produtos. A união das marcas permite o acesso da Odontologia brasileira às marcas internacionais de prestígio. Cada produto e cada marca complementa a outra. E cada uma tem o intuito de proporcionar a melhor relação entre prática e ótimo desempenho. O objetivo é transformar inspiração em sucesso. O Grupo KaVo Kerr é detentor de capacidade mundial em produtos e processos inteligentes, que permitem que os profissionais da Odontologia otimizem seu trabalho e suas vidas. Mundialmente, o grupo opera próximo de mercados especiais, que incluem universidades, Forças Armadas, governo, empresas de serviço odontológico, laboratórios e organizações de saúde de comunidades focadas na melhoria da Odontologia, representando uma organização global com fortes relacionamentos locais e uma gama confiável de produtos e inovações. No Brasil, o Grupo KaVo Kerr está presente desde 1960, com a marca KaVo. A KaVo é referência em vendas de instrumentos odontológicos no país, e foi fundada em Joinville, Santa Catarina, onde possui parque fabril até hoje. Na área comercial têm duas filiais de vendas: uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. São mais de 400 colaboradores brasileiros, 360 revendas autorizadas, 220 postos de assistência técnica em 25 estados e, aproximadamente, 600 técnicos especializados. Sempre bem-sucedido em seus empreendimentos administrativos, o grupo KaVo Kerr possui um sistema de trabalho que conduz suas plataformas de produção, obrigatoriamente, dentro de cinco princípios: segurança, qualidade, custo, entrega e inovação. A gestão destas bases de trabalho percorre todos os setores da empresa. O crescimento constante acontece em função da satisfação de seus clientes e também pela união da tradição em tecnologia odontológica com a aplicação da nova gestão de trabalho. O foco para os próximos anos é a melhoria da área de serviços, a consolidação do atendimento de excelência na rede de pósvendas - a maior do segmento no Brasil, melhorando a atenção e velocidade de resposta ao profissional da Odontologia.
internacionalmente. À medida em que avançamos com a Odontologia estética por meio de educação e soluções sustentáveis baseadas em resultados clínicos, o nome Kerr tornou-se sinônimo de integridade e inovação para os profissionais odontológicos de todo o mundo. Orascoptic A Orascoptic auxilia clínicos na entrega de melhores resultados nos procedimentos através de uma visualização ampliada. Isso é feito por meio da magnificação com a melhor resolução, através do mais amplo e mais profundo campo de visão. Continuamos comprometidos a estabelecer relacionamentos duradouros com os nossos clientes e nossa meta é mantê-los para toda a vida – desde a Universidade até a aposentadoria. i-CAT Os tomográfos i-CAT trazem a mais abrangente solução de tratamento 3D da mais confiada marca do mercado. A filosofia i-CAT é escanear, planejar e tratar, incluindo controle clínico e cuidado otimizado com o paciente, ferramentas de tratamento abrangentes e confiança para trabalhar com muita previsibilidade. Amplamente reconhecidas como o padrão em tecnologia cone beam, as soluções i-CAT foram instaladas em mais de 3.000 clínicas e consultórios em todo o mundo. Gendex A Gendex projeta soluções de imagem seguras e inovadoras, que fornecem informações vitais para dar suporte a diagnósticos precisos e ao planejamento previsível de tratamento. Desde o início, a Gendex está ao lado dos dentistas clínicos e especialistas, apresentando soluções abrangentes de imagens para avançar a qualidade dos cuidados com a saúde odontológica. No Brasil, o único equipamento da Gendex comercializado pela KaVo é o tomógrafo CB500. Instrumentarium Durante os últimos 50 anos, a Instrumentarium tem sido pioneira em sistemas de imagem, especialmente, para radiologistas odontológicos. O portfólio de produtos Instrumentarium é constituído por uma gama completa de soluções de imagem de qualidade premium para imagens intraorais, extraorais e 3D. Novo sistema CAD/CAM ARCTICA
Portfólio de marcas Combinando o período de existência de cada marca, o Grupo KaVo Kerr soma mais de 500 anos de experiência e possui um amplo portfólio de equipamentos e marcas de consumo. KaVo KaVo é a marca destaque global em equipamentos e instrumentos odontológicos, que promovem soluções integradas para o fluxo de trabalho no consultório. Movidos por nossa dedicação à excelência, estamos definindo tendências que qualificam nossos parceiros e inspiram profissionais da Odontologia, desde 1909. Kerr Desde 1891, a Kerr é autoridade na fabricação de produtos odontológicos consumíveis première, tanto nacional como
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Relacionamento No portfólio KaVo, surge o novo sistema CAD/CAM ARCTICA, produto que tem como objetivo otimizar o trabalho dos dentistas no atendimento diário em laboratórios dentários e cirurgias. Mais seguro, mais flexível, mais preciso e mais simples de usar, a nova empreitada fará com que os profissionais em Odontologia obtenham resultados de alta qualidade, sem a necessidade de acabamento manual e com máxima flexibilidade. O lançamento oficial do produto CAD/CAM ARCTICA aconteceu no mês de julho, no CIORJ, onde foi apresentada a nova interface aberta desse sistema, que propiciará um trabalho mais eficaz ao dentista, devido, principalmente, ao upload de vários dados de scanners intraorais, um processo que foi utilizado em outro software da KaVo, o multiCAD. Tendo em vista o futuro, o sistema oferece uma solução CAD/CAM com componentes individuais destinados para o uso desse produto. O novo sistema odontológico CAD/CAM ARCTICA será bastante eficiente para aqueles que buscam uma amplitude em tratamentos com aplicações e indicações mais clínicas. Dentre muitos benefícios, destacam-se: » Alto custo-eficácia, graças à variedade ampla de aplicações e versatilidade do material. » Precisão máxima e fácil manuseio. » Alta flexibilidade e segurança. A interface CAD/CAM permite uma diversidade de possibilidades de integração e de processamento de materiais adicionais de outros fornecedores.
Plataforma de imagem alcança 1.000 equipamentos vendidos Instrumentarium, Gendex e i-CAT, marcas que pertencem ao portfólio de Imagem do Grupo KaVo Kerr e que são referência no segmento de radiologia odontológica, celebram o sucesso de mais de mil equipamentos vendidos, sempre proporcionando confiança e tranquilidade aos clientes. O destaque mais recente dessa linha pioneira de Imagem no Brasil é o sensor intraoral Snapshot, uma ferramenta perfeita para procedimentos intraorais, com qualidade de imagem superior e excelente contraste e nitidez, e ainda é compatível com qualquer raios-x intraoral. Também são grandes sucessos os produtos Express e o Focus. O Express é um sistema digital de placas de fósforo, onde as imagens são automaticamente processadas para produzir as informações de diagnóstico, oferecendo consistentes resultados clínicos e alta qualidade. Garantia de exce-
Área de Educação Continuada Pensando na tarefa primordial do dentista de ficar por dentro das novidades sobre tecnologias na área odontológica e no enriquecimento da prática e do conhecimento nas diferentes especialidades existentes, o KaVo Kerr Group instituiu este ano o programa de Educação Continuada, com o objetivo de fazer com que os profissionais usufruam de uma atualização científica por meio de cursos, hands on, palestras presenciais ou on-line em universidades e centros de treinamento. Tudo isso para que o profissional fique cada vez mais capacitado para exercer suas funções com confiança. Sem contar que é uma chance de aprender novas técnicas de manuseio de instrumentos, tendo base a linha Kerr, que oferece mais força para essa iniciativa. Essa empreitada dá ao profissional de odontologia material para se atualizar sobre as tendências de mercado e agregar mais conhecimento ao currículo. Para dar ainda mais valor à Educação Continuada, contamos com parcerias de suma importância para o mercado odontológico, como instituições das classes ABO, CRO, APCD, CFO e clínicas cujos representantes comparecem e contribuem nos eventos. Docentes que atuam na área de Odontologia também podem ser palestrantes. Contudo, é preciso conhecer a linha de produtos Kerr para que haja a elaboração de casos em cima do material que é enviado. Com essa oportunidade, unimos profissionais comprometidos com o objetivo de produzir trabalhos científicos de grande suporte ao dentista. Por meio da Educação Continuada, obtemos mais espaço para levar conhecimento, tanto da área de Odontologia quanto dos produtos, com o apoio de importantes formadores de opinião que contribuem para expandir o KaVo Kerr Group.
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Snapshot para procedimentos intraorais
lência na qualidade de imagem, principalmente se utilizado em conjunto com o raios-x periapical de alta frequência, Focus, que possui o braço com maior alcance do mercado e a melhor estabilidade e durabilidade. Para aqueles que necessitam de uma solução completa em sua clínica de radiologia, o OP300, o equipamento 3 em 1 (pan, tele e 3D) possui ferramenta de redução de artefato, modo ENDO (Voxel 0,085mm), a melhor qualidade de imagem 3D e panorâmicas multicamadas. O equipamento também está disponível na versão 2D. Outra opção em 2D é o equipamento OC200D, com versões de um ou dois sensores e com tecnologia CCD, possui imagens de pan e tele imbatíveis. Na linha 3D destacam-se os tomógrafos i-CAT e CB500 (i-CAT baby), referência no que há de melhor em qualidade de imagem tomográfica. Com o maior FOV do mercado (17 x 23 cm), o i-CAT é o mais indicado para prototipagem. Já o CB500, possui um campo de aquisição menor e é perfeito para Implantodontia.
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Como obter sucesso em concursos públicos de Odontologia
Renato Uetanabara Graduado e Mestre pela USP. Aprovado em mais de 15 concursos públicos. Coordenador do CPCP Odontologia, com 767 dentistas aprovados. Coordenador de cursos em várias ABOs e APCDs. Palestrante em dezenas de congressos nos últimos anos. Coordenador do site www.odontologiaconcursos.com.br.
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a última década, a grande procura pelos concursos públicos é uma realidade vivida pelos dentistas. Basta observar a relação candidato/vaga de alguns concursos, por exemplo, o da PM-Goiás: oito vagas e mais de mil inscritos. Ao longo da minha carreira profissional, dedicada desde o início aos concursos públicos, primeiro como concurseiro (seis anos) e depois professor de preparatórios (sete anos), consegui traçar o perfil de dois tipos básicos de concurseiros. O primeiro grupo, que denomino de “oportunistas”, são aqueles candidatos que, diante da abertura de um edital, resolvem prestar a prova e, talvez, tentar um preparo em média com 90 dias de estudo, em busca da aprovação. O período de 90 dias corresponde à abertura do edital até a data da prova. O segundo grupo de concurseiros, rotulo de “perseverantes“. São todos aqueles que estudam, geralmente, de forma diária e por longos períodos (anos), aguardando a abertura de algum edital. Com certeza, você, leitor deste texto, tem conhecimento que o segundo grupo é o que obtém resultados expressivos e aprovações em concursos. Então, podemos salientar que, atualmente, em virtude da concorrência dos concursos, existe a necessidade de muito preparo e o mesmo é alcançado, geralmente, ao longo de anos de estudos. Outro aspecto importante é a “motivação pessoal”. Quando desejamos algo e estamos motivados para alcançar, o resultado positivo é certo. Concordo plenamente que, muitas vezes, os dentistas apresentam uma sobrecarga de trabalho considerável, diminuindo o tempo disponível para os estudos. Percorri os quatro cantos do Brasil ministrando cursos preparatórios e carrego na memória muitas histórias de superação pessoal, alunos e alunos que escreveram o seu nome no lugar mais alto, apesar de todas as dificuldades pessoais. Não existe vitória sem luta!
Em resumo, o conjunto de características pessoais, tais como citadas, somado a outros adjetivos importantes, como disciplina, foco, objetivo e dedicação, abrevia o sucesso em concursos públicos. Agora, tecnicamente falando, como devemos procurar o melhor preparo? Costumo dizer que concurso é técnica, concurso é “feeling”, concurso é saber estudar. A primeira dica é direcionar os seus estudos de acordo com a banca organizadora do concurso, ou seja, resolvendo provas anteriores e focando os temas mais solicitados. A orientação que transmito aos alunos é a de procurar o conhecimento nos livros teóricos de autores consagrados dentro da Odontologia nacional e internacional. Não estou aqui medindo a qualidade dos livros de concursos existentes no mercado, apenas é a metodologia que emprego nos meus cursos. Existem temas clássicos dentro de concursos, como antibióticos, anestesiologia, traumatismo dentário, fase de dentição mista, doenças infecciosas, anatomia básica do periodonto, materiais dentários, entre outros importantes. Saber focar nos estudos, de acordo com a banca, reflete no resultado final. A estabilidade econômica do Brasil, o crescimento populacional e políticas públicas de saúde instaurados nos últimos anos vêm contemplando um aumento de vagas no setor público. As vagas que eram, até então, exclusivas para clínicos gerais, agora são compartilhadas com as especialidades, desde a criação dos Centros de Especialidades Odontológicas. Aproximadamente 60 mil dentistas têm algum vínculo com o setor público, e novas vagas serão criadas nos próximos anos, sendo a Odontologia uma profissão requerida na grande maioria dos concursos públicos e com quantidades generosas de vagas. O sucesso em concursos públicos é uma verdade construída com muito esforço pessoal. É preciso acreditar na sua capacidade e colocar em prática técnicas de estudo, otimizando os seus esforços, resultando na tão sonhada aprovação.
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Como lidar com o cliente nervoso Éber Eliud Feltrim Graduado e pós-graduado em Odontologia (Unesp). MBA em Marketing (FGV e OHIO University). Cursos em Washington – DC (EUA), San Francisco – CA (EUA) e KOLN (Alemanha). Professor de Marketing Empresarial para o curso de pós-graduação em Administração de Empresas (FGV/Centro Hermes – Unidade Marília). Professor de Marketing para o Curso de Especialização em Odontologia (USP - Funorp). Gestor do Grupo SIS – Consultoria em Marketing. www.sisconsultoria.net
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odemos começar nossa conversa pensando nos vários tipos de clientes que aparecem nas clínicas em busca de solução para seus problemas de saúde. Retomando: o cliente, portanto, quer em última instância solução. Ele não quer mais problemas ao procurar a clínica. O ser humano é sensorial e como tal, cada um reage de forma diferente a um estímulo. Dessa maneira, não podemos ter a mesma postura com todos os clientes da clínica. Eles são diferentes. A literatura classifica os clientes em visuais, auditivos ou sensitivos, estes últimos também chamados de cinestésicos, o que não significa que as pessoas visuais só respondem aos estímulos visuais, ou os auditivos só aos estímulos sonoros. Todos têm reação aos três tipos, mas há pessoas que são mais sensíveis a um estímulo do que outro. O sistema neurofisiológico é absolutamente sensível e isso deve ser considerado relevante na clínica, durante o atendimento dos pacientes. Você deve estar se perguntando o que isso tem a ver com seu consultório ou clínica. Minha resposta: tudo a ver. » Pacientes visuais: são aqueles que querem ver seus casos clínicos, reparam no design da clínica, nas suas cores e decoração. O aspecto de modernidade para estes pacientes é fundamental para que percebam valor agregado do tratamento que receberão. A “embalagem” da clínica é característica primordial como referência de qualidade do tratamento. São pessoas que basta você não estar muito bem arrumado (ou sua equipe sem uniforme, por exemplo), para que a aceitação do tratamento não aconteça. » Pacientes auditivos: são aqueles que gostam de aula de Odontologia ou de Medicina e querem o tratamento explicado nos mínimos detalhes. Preferem horários longos de consulta, pois gostam de falar muito também. Começam a consulta interrogando o profissional: “como foi seu dia?”, “conte-me sobre sua família”, “o que achou do jogo ontem?” São pacientes que não se interessam muito por suas receitas escritas ou para ver fotos de seus casos clínicos. Eles querem ser ouvidos o tempo todo. » Pacientes sensitivos: são pessoas que respondem for-
temente aos estímulos relacionados ao olfato e tato. O toque para estes pacientes é importante e é sinal que o profissional está de “bem com a vida”. São pacientes difíceis de agradar e, para eles, o cheiro é muito importante, bem como o conforto da sua clínica; um aperto de mão ao recebê-lo é crucial para que o paciente tenha a percepção de bom atendimento. Pesquisas retratam que 93% da comunicação são não verbal, e vimos isso acima. Veja a citação de Mehrabian & Ferris (em 1967) sobre o significado de: » Braços cruzados: não está disposto a ouvir. » Queixo apoiado: cansado, desinteressado. » Tamborilar os dedos: impaciente, entediado. » Andar de um lado para o outro: nervoso, tenso. » Testa franzida: pensativo, preocupado. » Recostar-se na cadeira: relaxado, à vontade. » Balançar a cabeça lateralmente: incrédulo. » Virar os olhos: cético, sarcástico. » Balançar a cabeça positivamente: de acordo. » Dar de ombros: descomprometido, desinformado. Os pacientes emitem sinais de suas percepções o tempo todo e quando não são compreendidos, estes se irritam e descarregam seu nervosismo em quem aparecer pela frente. O que fazer? Vamos lá, de forma prática: » Tire o paciente de cena; leve-o para um lugar reservado e privativo, que pode ser o escritório da clínica. Nunca à recepção! Lembre-se que, outros clientes estarão absolutamente atentos às reclamações do cliente nervoso, algumas vezes (nem todas) infundadas. » Escute tudo, sem interromper a fala do cliente. Se você ficar argumentando, o irritará ainda mais. » Anote todas as queixas e se proponha a levá-las ao profissional dentista ou médico diretamente. » Se comprometa, através do agendamento de uma data e horário, a dar um retorno ao paciente. » Resolva o problema do paciente a qualquer preço. A grande maioria dos problemas é resolvida apenas quando ouvimos a queixa dos nossos clientes. Agora, é só praticar, transformando os leões em micos.
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Coluna - Ortodontia
Novas tecnologias e novos conceitos em Ortodontia
Mauricio Accorsi Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Universidade Federal do Paraná. Mestre em Ortodontia pela Universidade de São Paulo. Preceptor em DTM e Dor Orofacial pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Desenvolve linha de pesquisa relacionada às novas tecnologias para o diagnóstico e planejamento 3D em Ortodontia e Cirurgia Ortognática e tratamentos por meio de sistemas de braquetes autoligados, labiais e linguais. É autor do livro Diagnóstico 3D em Ortodontia, da Editora Napoleão. Faz apresentações e participações em eventos nacionais e internacionais. É professor convidado de cursos de Pós-Graduação em Ortodontia no Brasil e no exterior.
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Ortodontia passa por um momento divisor de águas em vários sentidos. Uma nova geração de tecnologias, com múltiplas possibilidades está sendo desenvolvida e incorporada rapidamente à prática clínica, além de despertar grande interesse científico e comercial. Essas tecnologias estão servindo como veículos para mudanças conceituais na especialidade. Questões relacionadas ao processo de tomada de decisão terapêutica (avaliação de benefícios, custos, riscos e responsabilidades), formação de uma nova base de conhecimentos, necessidade de novas ferramentas de trabalho, como novos computadores, periféricos e software, maior importância para uma prática baseada em evidências científicas e uma abordagem minimamente invasiva, além do entendimento do indivíduo como um todo, serão cada vez mais importantes na atual mudança de paradigmas da Ortodontia contemporânea. A nova especialidade entende o conceito de tratamento além da morfologia e da fisiologia para a saúde e o bem-estar dentro de um contexto biopsicossocial. Melhorar a qualidade de vida dos nossos clientes deverá ser o maior objetivo dos tratamentos, dessa forma, essa abordagem pede uma maior interação entre as especialidades odontológicas, assim como, com as outras disciplinas da área da saúde, como a Medicina, Psicologia, Fonoaudiologia, Nutrição, Fisioterapia, entre outras. Assim, a
utilização das imagens tridimensionais vem acompanhada de uma mudança conceitual na Ortodontia. Angle propôs, em 1899, uma classificação que vem sendo utilizada até os dias atuais. Suas ideias de que o estabelecimento de uma oclusão ideal, alinhando-se todos os dentes no arco, estabelece a melhor harmonia das linhas faciais sempre influenciaram os ortodontistas. Discípulo de Angle, Tweed reavaliou seus casos tratados na época e concluiu que nem sempre existia equilíbrio entre uma oclusão ideal e a harmonia facial por meio do alinhamento de todos os dentes, e passou a indicar a extração de dentes nos casos em que houvesse discrepância entre volume dentário e osso basal. Apesar da genialidade e do brilhantismo de autores pioneiros, como Angle e Tweed, por muito tempo a filosofia de diagnóstico e tratamento ortodôntico esteve baseada, principalmente, nos padrões de normalidade cefalométrica, baseados em “médias” populacionais ou na avaliação de modelos de gesso, buscando-se apenas uma oclusão de “Classe I de Angle”, sem uma preocupação maior com as consequências dessa abordagem para a harmonia facial e manutenção dessa face ao longo do tempo, além dos aspectos relacionados à percepção estética do sorriso, vias respiratórias, função mastigatória e saúde articular.
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São as pessoas que fazem as inovações acontecerem. Elas não ocorrem a partir das novas tecnologias, que são os veículos. São sempre as pessoas que criam as novas ideias e sempre serão elas que irão implementá-las ou bloqueá-las Robert Rosenfeld
O paradigma atual defende uma abordagem que pode ser mais bem definida como a busca por uma constelação de características dentofaciais consistentes com o bem-estar físico, mental e social do indivíduo. A mudança fundamental vem a partir de um contexto reducionista para um contexto sistêmico. Isto significa que o diagnóstico e o planejamento do tratamento ortodôntico passaram da análise da oclusão, função, estética e saúde periodontal, como entidades que coexistem para uma consideração da saúde bucal dentro de um sistema mais abrangente e integrado. Na verdade, é a mudança da avaliação bidimensional para uma visualização 3D possibilitada pela tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC), facilitando o deslocamento de um componente isolado para dentro deste contexto mais integral. Enquanto o “paradigma de Angle” centrou-se na obtenção da forma ideal encontrada na natureza, com pouca variação individual, a característica da filosofia de atendimento atual pode ser uma atenção individualizada, em função das novas tecnologias e do detalhamento das informações que se pode obter com a tomografia computadorizada e o conceito de individualização/customização nos tratamentos é um elemento essencial da filosofia, amplamente aceito, de cuidados minimamente invasivos. Assim, com o advento da TCFC, ampliam-se, substancialmente, os detalhes e o alcance da informação relativa ao diagnóstico, planejamento e tratamento ortodôntico, propriamente dito, devido à quantidade de informações disponíveis. Como a utilização da TCFC em Ortodontia está crescendo substancialmente, tanto o entusiasmo como a cautela em sua aplicação são discutidos na literatura. As questões para determinar o equilíbrio entre a cautela e o entusiasmo e estabelecer parâmetros para a aplicação clínica da TCFC estão intimamente relacionados ao conceito que se tem de tratamento ortodôntico, que é um assunto bastante amplo e deve incluir padrões já aceitos de cuidados em Ortodontia. No que diz respeito às muitas das áreas de interesse, a TCFC tem sido bem reconhecida e aceita como um meio de obtenção de informações mais completas e precisas do que seria possível por meio das imagens 2D convencionais ou outras modalidades. Uma visualização da anatomia real por meio da TCFC, para a avaliação ortodôntica, proporciona uma abundância de informações com relação à dentição, às ATMs, à morfologia esquelética, à morfologia alveolar, às vias aéreas e à morfologia da
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cavidade bucal como um todo, no que diz respeito a patologias e traumas. As informações em 3D possibilitam o entrelaçamento de arquivos digitais, como os arquivos de TCFC, as fotografias 3D e os modelos 3D digitais, permitindo a obtenção de informações extremamente relevantes e que eram impossíveis de serem obtidas com as técnicas convencionais. Dentre as informações que estão disponíveis aos clínicos e pesquisadores, podemos citar a avaliação do posicionamento axial 3D de todas as raízes dentárias, as inter-relações entre tecidos moles e duros, a avaliação volumétrica das vias respiratórias e a determinação de planos de referência para uma análise cartesiana ortogonal. As ferramentas de software disponíveis, hoje, no mercado oferecem uma vasta gama de possibilidades no que diz respeito a simulações virtuais de tratamento ortodôntico e ortodôntico-cirúrgico, assim como a confecção de guias cirúrgicos, alinhadores transparentes, guias de colagem indireta para técnicas labiais e linguais. Assim, até mesmo os braquetes e fios podem ser customizados para cada paciente, individualizando o tratamento dentro das necessidades específicas de cada caso. Isso faz com que o procedimento terapêutico seja muito mais objetivo e com um nível de previsibilidade muito maior dentro do conceito de Ortodontia minimamente invasiva. Certamente, faz-se necessário equilibrar a relação entre o entusiasmo e a cautela na utilização dessas novas tecnologias, pois todo o protocolo de diagnóstico, planejamento e de tratamento, propriamente dito, passará a ser feito à luz de novos paradigmas com uma responsabilidade consideravelmente maior do ortodontista no processo de tomada de decisão e, embora extremamente promissor, o uso das novas tecnologias ainda deverá passar por extensa avaliação quanto a sua validade e capacidade de alterar a classificação diagnóstica e, consequentemente, o plano de tratamento e avaliação prognóstica de casos individuais. Porém, a frase atribuída a Charles Darwin que diz que as espécies que sobrevivem não são as mais fortes, nem as mais inteligentes, mas sim aquelas que se adaptam melhor às mudanças, faz muito sentido para ilustrar o momento histórico que estamos vivendo, hoje, na profissão. A Odontologia está na “crista da onda” da mudança e quando ela é inevitável, devemos nos deixar levar, ou seremos deixados para trás.
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Planejamento e inovação: a Odontologia como um negócio de alta rentabilidade
Fernando Massi Especialista em Radiologia e Imaginologia Odontológica. Fundador da rede de clínicas odontológicas Ortodontic Center. Diretor de expansão e especialista em gestão de redes de franquias.
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ovas tecnologias, gestão de projetos, administração de pessoas, etc. São muitos os desafios para uma administração eficiente na atualidade. E a diferença entre um simples empresário e um empreendedor é justamente a noção de que conhecer essas habilidades são fundamentais para o sucesso de um negócio. No ramo odontológico, sobretudo, os profissionais dificilmente têm contato com a área de gestão durante a graduação, mas quando recebem o diploma universitário, o caminho mais óbvio para atuar na área é abrir o próprio negócio. E aí podem começar os problemas: como atuar na área odontológica e de gestão ao mesmo tempo? Este é o momento em que o espírito empreendedor deve prevalecer, para que a clínica odontológica transcenda a simples prestação de serviço e se torne uma referência para os consumidores. Para isso, além de um ótimo atendimento, com profissionais qualificados e materiais modernos, é preciso a exata noção de que qualquer negócio precisa de consumidores. E na Odontologia, os tratamentos longos, desgastantes e com resultados graduais, podem abrir o precedente para que o cliente desanime e se afaste do consultório. Então, como manter a qualidade do atendimento e os clientes satisfeitos? O segredo é entender sobre gestão de negócios. Existe mais de uma opção para iniciar um negócio. Pode ser uma iniciativa própria, com a concepção de uma marca, ou então buscar uma franquia, que já tem todo know how do negócio e marca própria. Para ambas as opções existem uma gama de conhecimentos que o empresário precisa direcionar para ser bem-sucedido. Marketing, recursos humanos, finanças, atendimento, compras, etc, são algumas das competências necessárias para que o processo final, que é fazer o cliente chegar até a clínica e retê-lo, seja o melhor possível, convertendo o trabalho em lucro. Cada especialidade tem uma função e, todas juntas ajudam ao gestor a manter o processo administrativo de maneira homogenia e funcional.
Mas, para ser empreendedor, além de entender de gestão de negócios, é preciso inovar, olhando para possíveis oportunidades, de maneira criteriosa, analisando quais as melhores possibilidades para desenvolver sua estratégia empresarial, trazendo-as para o contexto real. Para tanto, é necessário planejar. O planejamento é o estabelecimento de metas, delineando estratégias e meios para alcançá-las. Todos os negócios podem sofrer variações e é fundamental que o planejamento contemple táticas para passar por períodos de prosperidade ou de recessão. O importante é que o empreendedor, percebendo uma oportunidade, analise os riscos e trace planos para atingir seus objetivos de maneira ordenada, evoluindo com seu negócio de maneira consistente. O empreendedorismo conta com a inovação para reinventar os processos e descobrir oportunidades. No ramo odontológico, onde novas tecnologias e procedimentos são constantemente renovados, é necessária toda atenção para adequar novas propostas aos antigos conceitos, somando-se a isso, a administração de um negócio que exige excelência em sua prestação de serviços. A Odontologia é uma ótima oportunidade para criar empreendedores, uma vez que o dentista que quer ser empresário tem que expandir seus conhecimentos e sua visão, saindo do consultório e analisando o mercado para entender, agora como gestor, os desejos e necessidades dos seus clientes, atuando para que ele seja plenamente satisfeito em cada visita ao consultório. A chave para sucesso de qualquer negócio depende da capacidade do empresário em aceitar todos estes fatores e transformá-los a seu favor. É pensar como um administrador, entendendo clientes e colaboradores, buscando oportunidades para melhorar e se desenvolver nas mais diversas áreas. Empreender é aprender a aprender, evoluindo de maneira consistente e gradual para transformar a Odontologia em um negócio de alta rentabilidade.
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Resolução estética em dente tratado endodonticamente com clareamento dental
Frederico dos Reis Goyatá Doutor em Prótese. Professor de Prótese Fixa e Biomateriais da Faculdade de Odontologia INAPÓS – Pouso Alegre - MG. fredgoyata@oi.com.br
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as últimas décadas, a Odontologia restauradora tem sido muito procurada pelos pacientes e, cada vez mais, a exigência quanto à estética vem se tornando um dos fatores que mais os motivam ao tratar os dentes. Desta forma, houve um grande avanço nos materiais dentários, bem como nos métodos de tratamento, como o clareamento dental e as restaurações adesivas com resinas compostas1-4. Dentes não vitais e tratados endodonticamente podem ficar escuros e também com pouca estrutura dental remanescente, devido à destruição coronária fisiológica ou patológica. Nestes casos, devemos optar por um tratamento restaurador adesivo com resinas compostas. Atualmente, os pinos pré-fabricados em fibra de vidro são os mais indicados, por ter um módulo de elasticidade semelhante à dentina5-11. Para tratar do escurecimento dental, a técnica de clareamento dental endógeno deve ser indicada utilizando-se agentes clareadores, como o peróxido de hidrogênio e o perborato de sódio, podendo ser associado a outras técnicas clareadoras (de consultório e caseira), proporcionando ao paciente um sorriso mais estético12-14.
Caso clínico Paciente, 43 anos de idade, gênero feminino, apresentou-se à Clínica Integrada do Curso de Odontologia da Universidade Severino Sombra no intuito de melhorar a estética. No exame clínico e radiográfico inicial notou-se escurecimento do dente 21 e presença de restaurações em resina composta nos dentes 21 e 22 (figuras 1, 2 e 3). Realizou-se o registro da cor inicial e optou-se pelo clareamento
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Orlando Izolani Neto
Especialista em Implantodontia. Mestrando em Imaginologia. Professor Assistente I do Curso de Odontologia da USS.
Eryksson Souza de Souza
Acadêmico do Curso de Odontologia da USS.
endógeno e exógeno em consultório associado ao clareamento caseiro exógeno dos demais dentes da arcada. Após a conclusão do clareamento dental foi planejada as restaurações em resina composta com reforço em fibra de vidro nos incisivos centrais. A princípio foi feito o clareamento endógeno na técnica mediata. Procedeu-se ao isolamento absoluto, acesso coronário pela face palatina do dente 21 e remoção de 3 mm da guta-percha além da JAD. A seguir, confeccionou-se o tampão biológico com o cimento de Ionômero de Vidro (Resiglass R, Biodinâmica, Brasil) (figuras 4 e 5). Sete dias após a confecção do tampão, inseriu-se o agente clareador Claridex Endo (Perborato de sódio e Peróxido de hidrogênio 20%). A cavidade foi vedada com o cimento ionômero de vidro, aguardando sete dias (figuras 6, 7 e 8). A seguir, realizou-se o clareamento de consultório do dente 21 com a aplicação do gel Claridex Office 35% (peróxido de hidrogênio 35%). A paciente foi orientada a realizar o clareamento caseiro com o peróxido de carbamida 16% (Claridex 16%, Biodinâmica, Brasil) por duas horas diárias (figuras 9 e 10). Após sete dias, reaplicou-se a técnica em consultório no dente 21 e seguiu-se com o clareamento caseiro. Três semanas de clareamento, finalizou-se o tratamento para o manchamento dental e procedeu-se à restauração dos dentes 21 e 22 (figura 11). Na câmara pulpar, utilizou-se um reforço de fibra de vidro (Interlig, Angelus, Brasil) e restaurou-se os dentes com a resina microhíbrida Master Fill nas cores A2 e A1 com aplicação prévia do sistema adesivo Master Bond. Observou-se a restauração da forma e restabelecimento da estética dos dentes anteriores (figuras 12, 13 e 14).
Caso Clínico
Figura 1
Aspecto inicial do paciente.
Figura 2
Aspecto inicial do paciente.
Figura 4
Aspecto inicial pré-clareamento endógeno.
Figura 3
Aspecto radiográfico.
Figura 5
Aspecto da abertura coronária e tampão.
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Caso Clínico
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Clareamento endógeno e exógeno.
Restauração com ionômero de vidro.
Clareamento caseiro.
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Perborato de sódio aplicado.
Aspecto após clareamento de consultório.
Sete dias após clareamento.
Caso Clínico
Figura 12
Restauração em resina e reforço com fibra de vidro.
Considerações finais O tratamento de dentes tratados endodonticamente ainda pode ser considerado uma tarefa difícil na Odontologia restauradora. Apesar dos avanços tecnológicos e do advento de técnicas conservadoras, é importante o dentista realizar um diagnóstico correto do manchamento dental e delimitar o planejamento ideal para cada caso. A paciente queixava-se da estética de seu sorriso. Ficou satisfeita ao término do tratamento com procedimentos relativamente simples, que restabeleceram a estética e a função mastigatória com segurança.
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Figura 13
Aspecto clínico final.
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Caso Clínico
Simplicidade na restauração de dente posterior extensamente destruído
Reinaldo de Souza Ferreira Mestre em Dentística - UERJ. reinaldosf@yahoo.com
Cristiane Soares Mota
Doutora em Dentística - UERJ.
Anna Paula Kalix
Mestre e Doutora em Dentística - UERJ.
Luciano Corrêa Netto
Professor da Disciplina de Dentística da UNIGRANRIO. Mestrando em Dentística - UFF.
A
utilização do compósito resinoso como material restaurador em dentes posteriores tem sido amplamente difundida na prática odontológica, popularizando-se nos últimos anos, em virtude de sua crescente previsibilidade e a alta exigência estética por parte dos pacientes1. Aliado a isso, o aperfeiçoamento dos compósitos restauradores e das técnicas adesivas têm contribuído para a obtenção de resultados satisfatórios nos diversos procedimentos, principalmente quanto à resistência ao desgaste e à longevidade clínica. Todavia, existem alguns efeitos negativos relacionados à contração de polimerização que ocorre nesta classe de materiais, como a formação de fenda marginal2, manchamento superficial, fratura de cúspides, microinfiltração e sensibilidade pós-operatória3. Um dos grandes desafios encontrados na confecção de restaurações com resina composta em dentes posteriores está no fato de se criar um perfeito vedamento na interface dente-restauração, eliminando a formação de fendas e, consequentemente, a microinfiltração marginal4,5. Para minimizar tal situação, incrementos de 2 mm de material são levados à cavidade com o objetivo de manejar o fator de configuração cavitária, permitindo assim, uma menor tensão de contração na interface dente-restauração 4. Entretanto, o ponto negativo relacionado à técnica incremental está no tempo clínico que o profissional dispende, exigindo um maior tempo para a confecção de uma restauração. Os fabricantes têm focado em pesquisas que solucionem os diversos problemas que o compósito resinoso apresenta, como a elaboração de monômeros livres ou com baixa contração de polimerização, o que certamente representa um importante avanço na utilização de compósitos diretos em dentes posteriores4. Dentro deste contexto, recentemente foi introduzida no mercado nacional a resina composta fluida Surefill SDR Flow™ (Dentsply), representando um avanço na
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confecção de restaurações diretas em dentes posteriores. Este material é classificado como um substituto dentinário, podendo ser utilizado em um incremento único de até 4 mm6,7, com uma redução de 60% na tensão de contração de polimerização, quando comparado aos compósitos tradicionais6,8,9. Tal situação ocorre pelo fato deste compósito apresentar um “Modulador de Polimerização”, patenteado pela Dentsply, que reduz a formação de tensão de contração de polimerização, sem interferir negativamente no grau de conversão monomérica. Logo, este material forma uma rede mais relaxada e oferece tensão de polimerização significativamente menor do que qualquer outra resina disponível no mercado 6,8. Considerando que a técnica de inserção do material é realizada através do incremento único, dispensando a tradicional técnica incremental, tem-se a vantagem da redução do tempo clínico em torno de 30 a 50% 6. Entretanto, é necessária a sua cobertura com incrementos de 2 mm de qualquer resina composta à base de metacrilato para reconstrução da anatomia oclusal 6. Diante do exposto, este artigo tem o objetivo de relatar um caso clínico com um protocolo restaurador diferenciado, através da aplicação clínica da SDRTM em uma cavidade classe II.
Caso clínico Paciente compareceu na Clínica de Dentística da Odontoclínica Central da Marinha para realizar uma restauração no elemento 37 (figura 1). Ao exame clínico e radiográfico, constatou-se que o dente apresentava restauração provisória com cimento de ionômero de vidro e vitalidade pulpar. Inicialmente, foi indicada uma restauração indireta em cerâmica, devido à amplitude da cavidade, com envolvimento de cúspides funcionais. Como o paciente era militar e estava designado para realizar uma missão fora do país,
Caso Clínico não havendo tempo hábil para realização do procedimento indireto, optou-se por realizar uma restauração direta em compósito, que serviria futuramente como um núcleo de preenchimento. Após profilaxia e anestesia local, foi realizado isolamento absoluto do campo operatório, remoção da restauração provisória e de tecido cariado remanescente. Observa-se que, na margem cervical vestibular há ausência de esmalte, o que torna o procedimento adesivo mais desafiador (figura 2). Para o condicionamento ácido total, a aplicação do gel de ácido fosfórico foi iniciada pelo esmalte e, logo em seguida, em dentina, totalizando 15 segundos de aplicação (figuras 3 e 4). Mesmo com o sistema empregado apresentando boa tolerância à variação de umidade, teve-se o cuidado para manter a dentina úmida. A aplicação do sistema adesivo foi realizada com pincel tipo microbrush, de modo a impregnar o máximo possível os tecidos dentais (figura 5). Foram aplicadas duas camadas consecutivas do sistema adesivo XP Bond (Dentsply), de forma ativa (esfregando o pincel sobre a dentina), sem polimerização entre as camadas, aguardando-se 15 segundos para evaporação do solvente, seguido de um leve jato de ar para total eliminação do solvente. Em seguida a camada adesiva foi fotoativada por 10 segundos, com unidade LED (RadiiCal – SDI). Como houve perda da face mesial e parte da face lingual, optou-se por reconstruir estas paredes com resina composta micro-híbrida, especialmente porque essa restauração precisaria apresentar boa longevidade até o regresso do militar ao Brasil. Foi, então, empregada
a resina composta TPH3 (Dentsply), nas cores A3 e A2. A facilidade na manipulação e a excelente viscosidade deste material permitiram a escultura sem que a resina composta perdesse a forma e escurresse antes da fotoativação. Cada incremento foi fotoativado por 40 segundos. Após a reconstrução da porção correspondente ao esmalte mesial e vestibular, foi “criada” uma cavidade tipo classe I (figura 6). Para a reconstrução da porção correspondente à dentina, foi empregado o compósito Surefil SDR flow (Dentsply). O material é fornecido em compules, e é injetado na cavidade com auxílio de seringa própria, de forma bastante simples, permitindo o preenchimento da cavidade sem bolhas (figuras 7 e 8), em incrementos de 4 mm, o que agiliza o procedimento. Este único incremento foi fotoativado por 40 segundos. A reanatomização oclusal foi realizada com a resina composta micro-híbrida TPH3 (Dentsply), cor A2. Para obtenção de adequada anatomia, cada cúspide foi reconstituída individualmente. Cada incremento foi fotoativado por 20 segundos. Finalmente, a restauração foi coberta com gel hidrossolúvel (para eliminar a presença de oxigênio em contato com a restauração) e fotoativada por 40 segundos (figura 9). Os excessos marginais foram removidos com lâmina de bisturi n o 12 e pontas diamantadas de granulação fina. Após a remoção do dique de borracha, o ajuste oclusal foi executado com pontas diamantadas de granulação fina e superfina, e o polimento inicial feito com pontas de borracha abrasiva Enhance e escova de carbeto de silício Astrobrush (Ivoclar Vivadent – figuras de 10 a 15).
Figura 1
Figura 2
Visão pré-operatória. Dente 37 com curativo de cimento de ionômero de vidro.
Isolamento absoluto e visão do preparo após remoção da restauração provisória e de tecido cariado remanescente. Observe margem cervical vestibular sem esmalte.
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Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Condicionamento ácido, iniciando pelo esmalte.
Aplicação do sistema adesivo XP Bond (Dentsply) com pincel tipo microbrush.
Inserção do compósito Surefil SDR flow de baixa tensão de contração de polimerização.
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Condicionamento ácido total (esmalte e dentina).
Aspecto clínico após reconstrução do esmalte mesial e vestibular com a resina composta TPH3, cores A3 e A2.
Vista oclusal após fotoativação do compósito Surefil SDR flow, reconstruindo a dentina perdida.
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Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Fotoativação da restauração oclusal com TPH3, através de gel bloqueador de oxigênio.
Close-up da restauração antes da remoção do isolamento absoluto.
Aspecto pós-operatório imediato, após remoção do gel bloqueador de oxigênio.
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Caso Clínico NORMAS PARA PUBLICAÇÂO A seção CASO CLÍNICO da ODONTO MAGAZINE tem como objetivo a divulgação de trabalhos técnico-científicos produzidos por clínicogerais e/ou especialistas de diferentes áreas odontológicas. Gostaríamos de poder contar com trabalhos originais brasileiros, produzidos por cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e médicos, para divulgar esse material em nível nacional por meio da revista impressa e pelo site: www. odontomagazine.com.br Os trabalhos devem atender as seguintes normas: 1) Ser enviados acompanhados obrigatoriamente de uma autorização para publicação na ODONTO MAGAZINE, assinada por todos os autores do artigo. No caso de trabalho em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. Essa autorização deve também dar permissão ao editor da ODONTO MAGAZINE para adaptar o artigo às exigências gráficas da revista ou às normas jornalísticas em vigor.
Figuras 12, 13, 14 e 15
Aspecto clínico da restauração MOV concluída, após remoção do isolamento absoluto, remoção de excessos e acabamento/polimento inicial.
Conclusão Diante do caso clínico exposto, conclui-se que a utilização da Surefil SDR Flow representa uma referência importante na evolução dos materiais restauradores diretos, pois foi possível confeccionar uma restauração estética com muita praticidade e tempo clínico reduzido.
Referências 1. Bala O, Uçtasli MB, Unlü I. The leakage of Class II cavities restored with packable resin-based composites. J Contemp Dent Pract 2003; 4(4) 1-11. 2. Irie M, Suzuki K, Watts DC. Marginal gap formation of light-activated restorative materials: effects of immediate setting shrinkage and bond strength. Dent Mater 2002; 18(3):203–10. 3. Ferracane JL, Mitchem JC. Relationship between composite contraction stress and leakage in Class V cavities. Am J Dent 2003;16(4):239–43. 4. Conceição, E.N e col. Restauração de resina composta direta em dentes posteriores. In: Dentística saúde e estética – Ed. Artmed, 2007, p. 264-97. 5. Amaral, CM, Castro AKBB, Pimenta, LAF, Ambrosano GMB. Influence of resin composite polymerization techniques on microhardness. Quintessence Int 2002; 33 (9):685-9. 6. Bula - Surefil SDR TM Flow. Dentsply, Brasil. 7. Roggendorf M J, Krämer N, Andreas A, Naumann M, Frankenberger R. Marginal quality of flowable 4-mm base vs. conventionally layered resin composite. J Dent 2011; 39 (10): 643-47. 8. Ilie N, Hickel, R. Investigations on a methacrylate-based flowable composite based on the SDRTM technology. Dental Materials 2011; 27 (4): 348-55. 9. Van Ende A, De Munck J, Van Landuyt KL, Poitevin A, Peumans M, Van Meerbeek B. Bulk-filling of high C-factor posterior cavities: effect on adhesion to cavity-bottom dentin. Dent Mater 2013; 29(3):269-77.
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