Odonto Magazine Ed. 33 Outubro/2013

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Ano 3 - N° 33 - Outubro de 2013

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25 de Outubro Dia do Dentista Obrigado pelo sorriso de cada dia!


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Editorial Edição: Ano 3 • N° 33 • Outubro de 2013 Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7501 Gerência Geral Marcela Petty e. marcela.petty@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7502 Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7761 Assistente Administrativo Michelle Visval e. michelle.visval@vpgroup.com.br Marketing Ironete Soares e. ironete.soares@vpgroup.com.br Designers Cristina Yumi e. cristina.yumi@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7509 João Corityac e. joao.corityac@vpgroup.com.br Web Designer Robson Moulin e. robson.moulin@vpgroup.com.br Mobile Cláudia Mardegan e. claudia.mardegan@vpgroup.com.br Analista de Sistemas Fernanda Perdigão e. fernanda.perdigao@vpgroup.com.br Sistemas Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br Editora Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente Comercial Christian Visval e. christian.visval@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7760 Publicidade - Gerente de Contas Ismael Pagani e. ismael.pagani@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7768 Publicidade - Gerente de Contas Rosana Alves e. rosana.alves@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7769 Conselho Científico Alice Granthon de Souza, Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Diego Michelini, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, Jayro Guimarães Junior, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Lusiane Borges, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Pablo Ozorio Garcia Batista, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo, Wanderley de Almeida Cesar Jr. e William Torre. A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comerciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. A distribuição é gratuita e dirigida em todo território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor. Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br

A Odontologia e os seus heróis

A

polônia estava encantada com seu novo sorriso. Ela não compreendia como alguns ainda tinham medo de dentista e diziam que a Odontologia não evoluía. Seu lindo sorriso era prova disso. Depois daqueles incidentes, quando um bando de loucos quebraram seus dentes, era um milagre estar sorrindo de novo. Ah! Claro! Ela tinha muito a agradecer ao Dr. Joaquim, dentista corajoso e defensor da pátria. Ele mesmo estava feliz com sua atuação, pois no começo da carreira, os tratamentos se resumiam a “tirar dentes”. Agora não. Agora ele tinha liberdade para exercer a profissão, pois havia lutado e a evolução havia chegado, “ainda que tardia”. Sim, ele também agradecia aos seus mestres. Entre eles estava o Dr. Ambrosio, um craque na cirurgia e o Dr. Pedro, autor do livro Le chirurgien dentiste, que com considerações sobre anatomia bucal, restaurações e até implantes motivou os dentistas a melhorarem. Horacio e William foram exemplos disso. O Dr. Horacio era muito preocupado com as dores de seus pacientes e, em um “insight” incrível, imaginou uma forma de atendê­ los sem os angustiantes gritos de dor. Ele havia assistido a um circo que passava pela cidade e notou que os palhaços quando caíam não se machucavam, ou melhor, machucavam, mas não tinham dor. Pronto! Estava ali a solução para tirar a dor da clientela. Que tremenda descoberta! Porém, os médicos que avaliaram sua técnica não lhe deram crédito. Horacio voltou para casa, triste, mas continuou a atender seus pacientes com o óxido nitroso. Dr. Willian, esperto, aproveitou os ensinamentos do colega e aprimorou as técnicas. Hoje, os dois são idolatrados pela comunidade médica e odontológica do mundo inteiro. A evolução continuou quando o Dr. GV, conhecido na vizinhança por Dr. Black, desenvolveu o amálgama e ensinou como contê-lo nos dentes, esse material excepcional podia durar uns 20 anos. O Black era “beautiful”. Mas, os tempos mudaram, bonito agora são dentes brancos e alinhados. O Dr. Eduardo, por exemplo, colocava aparelhos como ninguém, além de ser especialista, ele é adorado pelos ortodontistas. Hoje, os dentistas reverenciam um médico ortopedista que veio do frio, para revolucionar a Odontologia, o Dr. PI, conhecido como Dr. Branemark. Esse simpático doutor tinha uma preocupação social enorme, pois não podia ver os velhinhos brigarem com as dentaduras mal adaptadas. Ele criou um sistema de colocar pinos nos maxilares para segurar as próteses. Está certo que os americanos fizeram uma revolução com seus ensinamentos e, atualmente, só fica sem dente quem quer. Nesse mês de efemérides, não podemos esquecer também da Dra. Evangeline, considerada uma “mãe” pelos odontopediatras e do Dr. Manuel, que se preocupou com os pacientes especiais. Como se vê, a alegria de Apolônia tem que ser repartida com vários profissionais que, com dedicação, revolucionaram a Odontologia, quebraram paradigmas e transformaram essa ciência da saúde em arte moderna, em benefício de toda sociedade. » Santa Apolônia: padroeira dos dentistas. » Joaquim José da Silva Xavier: patrono da Odontologia. » Ambroise Parre: pai da cirurgia. » Pierre Fauchard: pai da Odontologia. » Horace Wells: pai da anestesiologia. » William Morton: responsável pela primeira demonstração pública de uma droga anestésica. » Greene Black: pai da Odontologia Moderna. » Edward Angle: pai da Ortodontia Moderna. » Per-Ingvar Brånemark: pai da Implantodontia Moderna. » Evangeline Jordan: mãe da Odontopediatria. » Manuel Album: pai da Odontologia para Pacientes Especiais.

Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica

José Reynaldo Figueiredo

Membro do Conselho Científico

Alameda Amazonas, 686, G1 - Alphaville Industrial 06454-070 - Barueri – SP • + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br

Outubro de 2013

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Sumário

Outubro de 2013 • Edição: 33

pág.

3

Editorial

6

Programe-se

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Notícias

10

Odontologia Segura

12

Produtos e Serviços

8 pág.

18

Reportagem

22

Entrevista

Emergências no consultório odontológico

Casos Clínicos

Odontologia sustentável Luís Antônio de Filippi Chaim

26

Relacionamento

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Ponto de vista

38

Dentista S/A: usando o marketing para te fortalecer como uma marca

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Odontogeriatria 46

Ortodontia Andrade Neto

Outubro de 2013

Reabilitação estética anterior com o uso de facetas e coroas cerâmicas livres de metal Vanessa Caramori Rodrigues

pág.

4

Tratamento endodôntico em segundo molar superior com variação anatômica e uso do sistema reciprocante Wave One Carlos Eduardo da Silveira Bueno, Cláudia Fernandes de Magalhães Silveira, Carlos Eduardo Fontana, Alexandre Sigrist de Martin, Augusto Shoji Kato e Sérgio Luiz Pinheiro

Colunistas

Augusto Roque Neto 36

Remodelação do sorriso utilizando as atuais cerâmicas odontológicas Leonardo Fernandes da Cunha, Pedro Teixeira Garcia Coesta e Jório da Escóssia Jr.

DMG: 50 anos de uma história de sucesso

Marcos Rocha 34

30

36

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Normas para publicação

Os artigos e as entrevistas são de inteira responsabilidade do autor e/ou entrevistado, e não refletem, obrigatoriamente, a opinião do periódico.


Para cada caso, um cuidado. Para cada cuidado, um tratamento. Para cada tratamento, uma especialidade. Neste mês, comemoramos o dia de quem garante a saúde da mais sincera demonstração de alegria, o sorriso. Parabéns Dentista, juntos continuaremos encontrando para cada sorriso, uma solução.


Programe-se

Outubro 24º Congresso Brasileiro de Odontopediatria 9 a 11 de outubro de 2013

O palco das principais decisões do país se tornará o cenário perfeito para compartilhar conhecimentos, ampliando os horizontes para o bem-estar infanto­ juvenil.

5º Encontro Nacional dos Conselhos Profissionais 17 a 19 de outubro de 2013

Durante três dias, representantes dos conselhos profissionais de todo o país debaterão temas, como fiscalização, responsabilidade civil em profissões regulamentadas, conciliação, ética, lei orgânica dos conselhos e formação e atuação profissional.

Florianópolis - SC www.encp.com.br

Brasília – DF

www.24congressoodontopediatria.com.br

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9º Congresso Internacional da ABOR 09 a 12 de outubro de 2013

A Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial – ABOR promoverá o 9º Congresso Internacional da ABOR, no Centro de Convenções de Natal (RN), que estima ter um público de 2.500 participantes. Nesse sentido, o evento objetiva promover o intercâmbio científico entre os pesquisadores, educadores e profissionais nacionais e internacionais que atuam nessa área.

Natal - RN

www.congressoabor2013.com.br

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13º Congresso Internacional de Técnicos em Prótese Dentária 11 a 13 de outubro de 2013

Renomados palestrantes e expositores compõem o maior e mais respeitado evento científico voltado à Prótese Dentária. Um evento imperdível para você, técnico em prótese dentária e cirurgião-dentista.

1º Congresso Internacional do Sistema CAD/CAM CEREC – CONICAD 18 e 19 de outubro de 2013

A Sirona realiza, pela primeira vez no Brasil, o CONICAD. Durante o evento, serão apresentadas as novidades e o futuro da tecnologia CAD/CAM, além do lançamento de produtos e a utilização do sistema em especialidades, como implantodontia, estética e prótese, entre outros.

São Paulo – SP

www.conicad.com.br

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XVIII Jornada Odontológica Científica-Acadêmica 23 a 25 de outubro de 2013

A 18ª edição da Jornada Acadêmica da Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista contará com palestrantes nacionais e internacionais. No ano de 2012, mais de 700 congressistas, dentre alunos, ex-alunos e profissionais da área odontológica, participaram do evento. Em 2013, a expectativa é que tenhamos mais de 1000 congressistas. Como em todos os anos, os melhores trabalhos de cada categoria receberão mais de R$ 10.000,00 em prêmios.

www.apdesp.org.br/tpdinteligente

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17º Congresso Internacional de Odontologia de Goiás – CIOGO

06 a 09 de novembro de 2013

O maior congresso de Odontologia Estética do Brasil, congregando cerca de 40 palestrantes nacionais e internacionais. Serão 3600m2 de área de exposição e feira comercial.

Curitiba – PR

www.sboe.com.br/Cong2013/Por/index.html

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III Encontro Sul Brasileiro de Saúde Bucal 07 e 08 de novembro de 2013

De acordo com o Dr. César José Campagnoli, conselheiro do CFO e membro da Comissão Organizadora do evento, o objetivo da programação visa à qualificação do trabalho das Equipes de Saúde Bucal na estratégia da Saúde da Família e a avaliação da situação das Redes de Serviços Odontológicos no país e na região Sul.

Curitiba – PR

www.cropr.org.br/iiiesbsb

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6º Congresso Internacional de Odontologia do Piauí 07 e 10 de novembro de 2013

O evento realizado na capital piauiense reunirá renomados profissionais da Odontologia para discutirem procedimentos e técnicas mais recentes em todos os segmentos odontológicos.

Teresina – PI

www.ciopi.com.br

São Paulo - SP

III Meeting de Implantodontia e Cirurgia

IX Congresso Brasileiro de Radiologia Odontológica – CONABRO

24 a 26 de outubro de 2013

27 a 30 de novembro de 2013

O evento reunirá renomados profissionais da Odontologia que apresentarão as técnicas mais recentes.

Goiânia – GO

Campo Grande – MS

16 a 19 de outubro de 2013

www.abo-go.org.br/ciogo2013

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O Meeting será um grande evento, enriquecido por grandes nomes nacionais da Odontologia Moderna. A programação está surpreendente e a feira comercial com promoções e valores especiais.

Outubro de 2013

19º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética - SBOE

www.souodontounip.com.br

São Paulo – SP

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Novembro

http://aboms.org.br/meeting

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Um grupo de radiologistas do Rio de Janeiro, movido pelo espírito carioca de querer seus amigos sempre juntos, aceitou promover um evento de grande importância para a Radiologia Odontológica.

Rio de Janeiro – RJ

www.conabro2013.com.br

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Notícia Adultos buscam a Ortodontia

Ter um sorriso bonito não é direito apenas das crianças ou adolescentes. Adultos que aderem aos aparelhos ortodônticos já são bastante comuns em nossa sociedade. Segundo o especialista Dr. Luciano da Silva Carvalho, presidente da Câmara Técnica de Ortodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), esse público aumentou, pois o tratamento ficou mais acessível e eficiente. “Houve uma evolução muito grande no material utilizado nos aparelhos dentários, propiciando um tratamento menos agressivo à movimentação dos dentes e ao periodonto de sustentação”. O Dr. Luciano explica que, por volta dos anos 1960 a 70, os aparelhos eram caros e pouco acessíveis a grande parte da população. Esse era um dos motivos, por que, os adultos de hoje não procuraram, naquela época, corrigir eventuais problemas estéticos da dentição. “Geralmente, a maioria dos pacientes procura tratamento porque está insatisfeita com a estética dos dentes”, comenta. Porém, o aspecto que mais os impulsiona a procurar a Ortodontia é a longevidade. A autoestima deu um grande salto, já que as pessoas passaram a viver mais e, consequentemente, a preocupação com a estética acabou se prolongando durante a fase adulta. “A própria sociedade desenvolvida é mais conscientizada sobre o valor e a importância de ter uma dentição saudável ao longo da vida”, diz o ortodontista.

Tratamento A principal função do tratamento ortodôntico é corrigir a ‘mordedura do paciente’, devolvendo a saúde ao sistema estomatognático. O avanço da Odontologia propiciou o aperfeiçoamento de diversos tipos de aparelhos. Há um público que aceita melhor o fixo metálico, ou o transparente, que é produzido a partir da cerâmica ou safira. Existe, também, a técnica lingual, colocado pelo lado interno dos dentes, e os alinhadores – placas

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transparentes conhecidas como Invisalign (linha invisível). “O Invisalign é o tratamento do século XXI no Brasil. Ele teve início de seu desenvolvimento no final do século passado nos Estados Unidos. Então, com esse progresso na área, muitos adultos se motivaram a colocar os dentes em posição correta, já que eles são praticamente invisíveis” explica o Dr. Luciano. O custo dos aparelhos é variado, mas já está mais acessível ao bolso dos brasileiros, por conta do aumento do número de profissionais atuando na área da Ortodontia e, consequente, barateamento do material utilizado. “Quanto melhor a formação científica e maior a habilidade do dentista, o resultado do tratamento, provavelmente, será cada vez melhor e os objetivos mais atingidos. É importante procurar um profissional habilitado, ou seja, um especialista”, diz. Em comparação com as crianças ou adolescentes, o procedimento em adultos responde mais lentamente, já que o osso de suporte é mais calcificado. Podemos afirmar que, em média, a duração de um tratamento ortodôntico é em torno de 24 a 30 meses, podendo este diminuir ou aumentar, dependendo da gravidade do caso e da colaboração. “Muitas vezes, o tratamento acaba sendo longo, mas acaba evitando extrações de dentes permanentes” conta.

Benefícios A Ortodontia auxilia, principalmente, no equilíbrio funcional entre as arcadas superior e inferior e o sistema bucal. A mordedura em posição correta contribui para o bom funcionamento da articulação temporomandibular (ATM). “Os dentes desalinhados e com falta de engrenamento acabam sobrecarregando esta articulação, podendo causar dores de cabeça, enxaquecas, mal-estar, zumbidos no ouvido e os famosos estalidos (cliques na ATM) durante a abertura e fechamento da boca”, finaliza o especialista. Fonte: Assessoria de imprensa



Odontologia Segura

HTLV: um vírus da família do HIV Lusiane Borges Biomedicina - UNISA / UNIFESP. Odontologia – UMESP. Especialização em Microbiologia – Faculdade Oswaldo Cruz. Especialista em Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP. MBA em Esterilização FAMESP. Pós-Graduanda em Prevenção e Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP, São Paulo. Coordenadora de Cursos de ASB/TSB desde 2000. Membro do Conselho Científico da Odonto Magazine, São Paulo. Autora-coordenadora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”. Consultora em Biossegurança em Saúde – Biológica. Consultora Científica da Oral-B, Fórmula & Ação, Sercon/Steris e outros. Representante do Brasil na OSAP (Organization for Safety, Asepsis and Prevention), EUA. Responsável pelo site www. portalbiologica.com.br.

O

HTLV (Human T Lymphotropic Virus) é um vírus minúsculo, visível somente em microscópios muito potentes (microscópios eletrônicos), que parasita determinadas células do sistema imunológico humano, denominadas linfócitos T. Assim, o paciente fica vulnerável a outras doenças externas, transmitidas por vírus ou bactérias. O HTLV pertence à família Retroviridae, a mesma do HIV, porém, pertencente ao gênero deltaretrovírus, que é diferente do vírus de imunodeficiência humano, que causa síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS). Apesar de menos conhecido do que o HIV, muitos pesquisadores acreditam que o HTLV seja mais antigo do que o vírus da AIDS. Foi o primeiro retrovírus claramente associado a uma malignidade, sendo isolado, em 1980, em pacientes de Linfoma de células T (EUA), já descrito primeiramente no Japão (1977). Existem, basicamente, dois tipos de HTLV que, a apesar de bastante semelhantes, comportam-se de modos bastante diferentes no organismo: » HTLV-1: pode causar doenças, embora nem sempre cause. » HTLV-2: quase nunca causa qualquer dano ao organismo infectado. Ambos estão relacionados com várias outras doenças, principalmente neurológicas. Entre as doenças, estão: paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV, leucemia de células T do adulto e uveíte.

Transmissão

Causas

Uma pessoa pode se infectar pelo HTLV (1 ou 2) das seguintes maneiras: » Recebendo transfusão de sangue contaminado pelo vírus; » Compartilhando agulhas, seringas, ou objetos cortantes que contenham sangue contaminado. » Por meio da amamentação com leite materno de mãe que seja infectada pelo vírus. » Através de relação sexual não protegida. Não se adquire HTLV pelo beijo, pelo abraço, pela utilização do mesmo banheiro, pelo ar (tosse, espirro, etc.), ou ainda, pelo uso dos mesmos talheres, copos, pratos, toalhas e lençóis.

Parece que algumas pessoas possuem uma predisposição genética para o desenvolvimento, porém, isso ainda está em estudo.

Diagnóstico

Sintomas » Lesões da pele (vermelhidão excessiva, placas avermelhadas, descamação, coceira, tumorações). » Aumento dos gânglios do pescoço, das axilas, das virilhas (ínguas). » Barriga inchada (por acúmulo de líquidos, aumento do baço e do fígado). » Anemia, febre persistente e pneumonias de repetição. Estima-se que, no mundo, há entre 10 e 20 milhões de pessoas infectadas. O HTLV só provoca algum tipo de doença em aproximadamente 5% das pessoas infectadas, ou seja, em cada 100 pessoas infectadas pelo vírus, apenas cinco adoecem. Os 10

demais permanecerão assintomáticos (sem qualquer sinal de doença) pelo resto das suas vidas, só vindo a descobrir que têm o vírus se forem, por exemplo, doar sangue e o exame de triagem do banco de sangue detectar a infecção. O HTLV pode ser considerado um problema de saúde pública, já que é uma doença com alta incidência no Brasil. Estima-se que cerca de 50 mil baianos estejam infectados pelo vírus (Fiocruz). Não é tão divulgado pela mídia, apesar de ser um problema de saúde pública, pois os danos são muito menores do que os provocados pelo vírus da AIDS. Enquanto quase todos os portadores de HIV manifestarão a doença em algum momento da vida, apenas 5% dos infectados pelo HTLV vão apresentar os sintomas da doença, que acomete principalmente as mulheres.

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É realizado somente por exame sorológico (exame de sangue) específico, para pesquisa de anticorpos anti-HTLV- I/II no sangue. Após os exames de triagem, geralmente utilizando teste de ELISA.

Tratamento Ainda não tem cura. Como o risco do desenvolvimento da doença associado ao HTLV é muito baixo, não existe indicação de tratamento nos casos assintomáticos, embora exista tratamento baseado em medicamentos e fisioterapia. A doença tem sido muito estudada por pesquisadores, mas o melhor método criado para combatê-la é a prevenção. Até próxima!


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Produtos e Serviços 3M lança clareador dental A 3M ESPE apresenta ao mercado o White & Brite Night, um clareador dental de uso caseiro com fluoreto de sódio e nitrato de potássio, que confere ao produto um pH neutro, proporcionando ao paciente uma baixa sensibilidade durante o tratamento. À base de peróxido de carbamida e disponível em três concentrações – 10%, 16% e 22% para aplicações diárias. O clareador dental da 3M proporciona qualidade, eficácia e satisfação. O White & Brite Night possui um gel com viscosidade ideal, que evita que o produto escorra da moldeira durante o uso, o que causaria desconforto e possíveis queimaduras na boca dos pacientes. Outro diferencial está relacionado à estabilidade do produto, isto é, a manutenção da concentração de peróxido durante o período de validade. Isso porque, alguns produtos, ao se aproximarem do prazo de validade, perdem o teor da substância ativa, o peróxido. Já o White & Brite Night da 3M ESPE apresenta alta estabilidade, mantendo o teor de peróxido de carbamida durante todo o período de validade (24 meses). Além de oferecer um produto de excelente qualidade e eficácia superior, os dentistas poderão presentear seus pacientes com um kit que valoriza ainda mais o tratamento. O gel clareador possui uma apresentação com um estojo exclusivo, contendo três seringas e um porta moldeira, além da reposição. www.3m.com.br

Saúde da mulher A Condor, em parceria com a Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), participa do Outubro Rosa, movimento que incentiva as mulheres a realizarem o diagnóstico precoce do câncer. Este ano, a ação envolve três segmentos da empresa – higiene bucal, beleza e Llmpeza – que lançarão produtos com a temática da campanha. Parte das vendas será revertida para a instituição que busca reduzir os índices de mortalidade por câncer de mama no Brasil. A Condor disponibiliza o site com dicas de como fazer o autoexame, além de informações sobre prevenção e detalhes da campanha e da parceria. “É importante essa união entre a Femama e a Condor, pois mostra a preocupação da indústria com a causa e auxilia a fomentar e divulgar as diversas ações do Outubro Rosa”, diz Gerson Grohskopf, coordenador do segmento de higiene bucal da Condor.

Kit higiene bucal

O segmento de higiene bucal Condor oferece um promopack exclusivo e personalizado para a ação. Na compra de uma escova dental Avantix, disponível na cor branca e rosa, a Condor Trip personalizada com o símbolo da campanha é grátis. O kit vem com um explicativo sobre a importância do diagnóstico precoce e um QR Code, que direciona o usuário para a página da campanha. www.condor.ind.br/femama

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Produtos e Serviços Patologia oral em imagens Agregar o poder da imagem às correlações clínico-patológicas das principais lesões de boca e facilitar o diagnóstico das lesões da cavidade oral é parte dos objetivos do Atlas de Patologia Oral (Editora Elsevier), de autoria da Dra. School Sook Bin-Woo, professora da Harvard School of Dental Medicine e diretora no Brigham and Women´s Hospital. Este é o mais completo, abrangente e atual atlas de patologia disponível no mercado, além de muito prático, de fácil leitura e compreensão. É, portanto, bibliografia recomendada tanto para os estudantes de pós-graduação em Patologia Oral, Estomatologia, Medicina Oral quanto como para o clínico geral. Ao longo de 16 capítulos, mais de 1.600 fotografias clínicas e fotomicrografias mostram as características de doenças neoplásicas, displásicas e benignas da mucosa oral, auxiliando na indicação do tratamento clínico para cada uma dessas entidades patológicas, incluindo as lesões não frequentes e lesões ainda não encontradas em outros livros. O atlas aborda, ainda, radiologia odontológica, cirurgia oral e maxilofacial e apresenta aspectos clínicos e microscópicos das principais lesões, para aprofundar a análise e tomada de decisão clínica, tendo como apoio critérios específicos histológicos para o diagnóstico de doenças inflamatórias, cistos e tumores. SookBin-Woo sublinha os chamados achados histológicos correlacionando-os com as manifestações clínicas para diagnósticos diferenciais, apontando-os como, particularmente, importantes na compreensão de doenças inflamatórias da mucosa que são recidivantes ou remitentes. Os destaques especiais do livro também são os dois apêndices com informações sobre tratamento das doenças da mucosa oral. Útil, por exemplo, para dermatologistas com interesse na área, estudantes de medicina de cabeça e pescoço, otorrinolaringologistas, residentes de patologia e patologistas. www.elsevier.com.br

Novidades para o dentista O grupo KaVo Kerr vem com novidades nas linhas de produtos, inclusive, na categoria de endodontia e gesso. Essa investida contribui para a ampliação do portfólio de marcas da empresa, o que fortalece o compromisso de proporcionar aos dentistas novas formas de aperfeiçoar as tarefas com o auxílio dos melhores produtos odontológicos. O grupo apresenta, na categoria de endodontia, as limas manuais da marca SybronEndo destinadas para procedimentos de canal. Feitas com aço inoxidável, cada caixa conta com seis itens e estão disponíveis em diversos tamanhos e nos modelos K-Flex, TripleFlex, Limas K e Hedstrom. Além das limas manuais, o grupo KaVo Kerr também apresenta o cimento endodôntico da marca Sealapex, que possui baixa contração e é bastante eficiente, pois proporciona uma rápida cicatrização e reparação tecidual da região apical. Com ótima aderência às paredes radiculares, a manipulação é fácil e conta, ainda, com ótima radiopacidade e fluidez adequada. Na categoria de gessos, Vel-Mix tipo IV é o destaque, disponível nas versões 2kg e 15kg. Usado para obtenção de modelos de estudo das estruturas orais e maxilofaciais e como importante auxiliar nas fases laboratoriais para construção de próteses, esse produto vem com alta resistência à compressão e à abrasão. Com baixa expansão, ele produz superfícies lisas e precisas. www.kerrdental.com.br

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Produtos e Serviços Tecnologia a serviço da saúde bucal A Oral-B traz para o Brasil a primeira escova de dentes digital da marca, que já é sucesso em muitos países: Oral-B Professional Care 5000. A escova conta com um monitor digital sem fio (Smart Guide) e tecnologia 3D: oscilante, rotatória e pulsante, capaz de fazer mais movimentos em dois minutos do que uma escova manual em um mês. A marca também traz para o País as versões Oral-B Professional Care 500 e Oral-B Vitality. A nova linha de escovas elétricas Oral-B Professional Care utilizam a tecnologia 3D, que foi clinicamente comprovada para eliminar até 100% mais placa do que as escovas de dentes manuais comuns. O aumento da eficiência da escovação ajuda a prevenir o acúmulo de tártaro e placa bacteriana, cárie dentária e problemas gengivais. O destaque da nova linha é a Oral-B Professional Care 5000, que proporciona uma limpeza de altíssimo nível, dente por dente, com 8.800 movimentos de rotação e 40.000 movimentos de pulsação por minuto, graças à tecnologia 3D. O produto penetra mais profundamente para limpar lugares de difícil alcance e pode ajudar a reverter casos de gengivite, além de proporcionar gengivas mais saudáveis. A escova possui tecnologia inteligente, em que a cabeça da escova, o cabo e o monitor trabalham juntos, ajudando os consumidores a escovarem os dentes de maneira mais eficaz. O cabo se comunica com o monitor sem fio e fornece um sinal, caso o usuário esteja escovando os dentes com muita força, orienta quando é recomendado mudar de lado da boca e indica quando são atingidos os dois minutos de escovação recomendados. SAC Oral-B: 0800 011 5051

OrthoMundi lança caixa concha A OrthoMundi acaba de lançar cores exclusivas da caixa concha, de fabricação própria. As cores modernas são diferentes das tradicionais já existentes no mercado. A caixa concha é um produto de grande sucesso por ter design inovador: grande por dentro e pequena por fora, é mais alta somente onde necessário. O formato compacto faz com que caiba no bolso e não ocupe muito espaço na bolsa. A embalagem é perfeita para valorizar os aparelhos móveis e placas para clareamento. A caixa concha tem longa vida útil por ter fecho e dobradiça resistentes. “É uma caixa prática, devido ao seu tamanho reduzido e, ao mesmo tempo, com aparência estética mais agradável e moderna que os demais modelos encontrados no mercado. A solução perfeita para os pacientes protegerem seus aparelhos móveis, agradando tanto adultos quanto adolescentes e crianças”, enfatiza a ortodontista Luciana Pimenta e Silva Machado. www.orthomundishop.com.br

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Reportagem

Emergências no consultório odontológico

Especialista explica o que é necessário para que os profissionais de Odontologia estejam preparados para enfrentar emergências médicas. Por: Viviam Santos

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ma das grandes preocupações da maioria dos cirurgiões-dentistas, provavelmente, é ter de enfrentar emergências em seu consultório. O receio é intensificado quando o profissional não é preparado o suficiente para enfrentar tais situações com sucesso. Alguns podem dizem que a anamnese pode já detectar uma possível complicação, mas o cirurgião-dentista Ivan Haidamus Sodré Marques*, autor de livros sobre emergências médicas e pacientes com doenças orgânicas, é enfático: “Imaginar que os pacientes possam conhecer sua saúde e através da anamnese transmiti-la ao cirurgião-dentista é um grande engano, pois a grande maioria da população não tem este conhecimento”. Segundo Marques, o profissional não recebe das universidades o conhecimento necessário para poder diagnosticar as variáveis das doenças apresentadas pelo seu paciente. “Na verdade o ‘diagnosticar’ não é tratar das possíveis doenças que, eventualmente, seus pacientes possam apresentar, e sim se precaver para evitar iatrogenias e situações emergenciais”, diz. Para isso, o conhecimento deve ser adquirido em cursos fora da universidade, agregando valores ao cirurgião-dentista. “O conhecimento o deixa mais seguro e minimiza os riscos que podem levar a situações de emergências médicas e iatrogenias”, complementa. “Alguns cursos são direcionados às emergências no consultório odontológico, no entanto, muito profissionais frequentam cursos ministrados por professores que não são da área e o curso torna-se prolixo, ou não irá de encontro às necessidades inerentes às emergências no consultório odontológico”, salienta o Dr. Ivan. “Por sinal o curso de emergências é obrigatório para cursos de especialização na Odontologia com carga horária de 15 horas”, acrescenta. O professor acredita que todo paciente é um paciente de risco para o profissional que não está devidamente habilitado a resolver situações emergenciais, já que a anamnese não confere total segurança. “Ao submeter o paciente a anestesias locais, o cirurgião-dentista expõe seu paciente ao alérgeno contido no anestésico e, portanto, quanto mais o paciente é anestesiado, mais ele ficará exposto a este alérgeno”, lembra. Por este motivo, de acordo com ele, se o profissional não souber utilizar medicamentos para evitar reações anafiláticas, o risco será eminente a cada ato anestésico. “Não consigo admitir a ideia de um cirurgião-dentista não possuir pelo menos um curso teórico-prático, como quer o Conselho Federal de Odontologia. O profissional não tem o direito de expor seus pacientes a situações inesperadas e nem provocar situações iatrogênicas, pois uma pessoa que confia sua vida a

um profissional, merece ser tratada com dignidade, sensatez e responsabilidade. Espero que os leitores possam nos ajudar a conscientizar seus colegas de profissão nesta, que é uma luta de todos nós para o engrandecimento da nossa nobre profissão”, diz Marques. Para elucidar ainda mais as emergências médicas no consultório odontológico, a ABO irá lançar em outubro o livro do Dr. Ivan Marques, “Socorro Básico de Emergência na Clínica Odon­ tológica – Atendimento a pacientes com doenças orgânicas e em condições especiais”. “Gostaria de externar meus sinceros agradecimentos a esta instituição que se mostrou mais uma vez sensível às demandas dos profissionais cirurgiões dentistas”, afirma.

Primeiros procedimentos As urgências e emergências médicas podem acontecer em qualquer lugar, no entanto, o consultório odontológico propicia situações inesperadas, “pois é um ambiente estressante e o profissional faz uso de fármacos que podem desencadear situações emergenciais”. Além do conhecimento, a serenidade do profissional também é um ingrediente indispensável, de acordo com o Dr. Ivan: “Caso seu paciente se sinta inseguro durante o episódio, com certeza o quadro se agravará”. Nas situações em que o paciente encontra-se, aparentemente, desmaiado, geralmente, é o socorrista que se estressa, “a ponto muitas vezes de realizar procedimentos que poderiam levar a situações até irreversíveis”. O professor de emergências médicas lembra: “A arreatividade por parte da vítima não significa, necessariamente, que ela esteja morta”. E explica o procedimento correto: “O profissional deve determinar a presença de pulso carotídeo ou femoral e a observação da frequência respiratória através do movimento do tórax, promovido pelo diafragma, que é o principal músculo da respiração. Devemos também observar alterações pupilares”. Como observação, ele esclarece: “As pupilas não poderão se alterar durante o ato da anestesia, a menos que se faça uma injeção infraorbitária”. Toda vítima de mal súbito deve ser investigada, posteriormente, pelo médico assistente. O cirurgião-dentista deverá prestar o socorro básico de emergência. “A princípio, logo no início do ocorrido e na maioria dos casos, deve-se flexionar a cabeça do paciente até os joelhos, para melhorar a irrigação sanguínea para o cérebro, monitorar pulso carotídeo e a respiração e observar alterações pupilares”, diz. Em situações de emergências médicas, segundo o professor, não se deve sentir o pulso radial. “O pulso carotídeo é o que nos indica a irrigação sanguínea cerebral, pois a morte não é

* Dr. Ivan Haidamus Sodré Marques é cirurgião-dentista, autor de publicações sobre emergências médicas e doenças orgânicas e professor de cursos, como o “Emergências Médicas”, da Associação Brasileira de Odontologia (ABO). E-mail: profivanhaidamus@hotmail.com.

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Reportagem

cardíaca, a morte é cerebral”, enfatiza, acrescentando que não devem ser usados espelhos bucais para verificação da respiração, prática comum entre os profissionais da Odontologia: “Paciente sem pulso carotídeo ou femoral e sem movimentos respiratórios encontram-se em PCR [parada cardiorrespiratória]”. Porém, se o paciente é hipotenso ou é usuário crônico de betabloqueadores (remédios usados para a diminuição da contração do músculo cardíaco), deve haver uma atenção maior. Isso porque, de acordo com Marques, esse tipo de paciente possui pulso radial muito fraco. “Pode-se imaginar que a vítima esteja sem pulso e praticar de forma equivocada a massagem cardíaca, ato que poderia levar a consequências inesperadas, inclusive ao óbito. Não se faz compressões torácicas em pessoas com pulso e que estejam respirando”, alerta.

Parada cardiorrespiratória “A PCR, fisiologicamente, é diferente nos pacientes adultos e nas crianças”, afirma o professor, que continua explicando: “Pacientes adultos e acima de 12 anos, que são considerados adultos nessas condições, geralmente, morrem em fibrilação ventricular, nestas condições o coração costuma ter uma frequência acima de 300 batimentos por minuto, inviabilizando a realização de suas funções fisiológicas. Portanto, deve-se acionar o socorro pedindo o desfibrilador [DEA] e, enquanto o socorro não chega, proceder a massagem cardíaca a tórax fechado, socorro básico de emergência”. Quando uma criança respira com dificuldade, “ela usa a musculatura acessória da respiração, portanto, o ‘batimento da asa do nariz’ é um sinal indicativo que a criança poderá entrar em PCR”. Então, caso o cirurgião-dentista perceba que a criança apresenta esses sinais, deverá observá-la atentamente, sem

demonstrar inquietação ou nervosismo. “Nesses casos, o profissional deverá suspender seus procedimentos e encaminhar o paciente ao hospital. Crianças, geralmente, entram em PCR quando apresentam doenças do aparelho respiratório, portanto, deverão ser inquiridas durante a anamnese e o exame físico. Caso ocorra a PCR, o profissional deve fazer as compressões torácicas, que, geralmente, é o suficiente para que volte às funções fisiológicas”, indica Marques.

Pacientes especiais “Costumo dizer nos cursos que ministro, que todo paciente é especial, pois como as nossas digitais, não existe uma pessoa igual à outra”, inicia o Dr. Ivan. “Entretanto, pacientes que se apresentam com doenças orgânicas, como diabetes, hipertensão, cardiopatias, etc., deverão ser tratados de maneira a atender suas necessidades inerentes à sua entidade mórbida”, continua. Os pacientes idosos também devem receber atenção antes de qualquer tratamento. “Nós somos um corpo que tem uma boca e não uma boca que tem um corpo, por isso, quando atendemos pacientes idosos, atendemos uma pessoa cuja fisiologia é totalmente diferente de uma pessoa que tenha menos de 60 ou 65 anos”, lembra. Ele enfatiza que os idosos deverão ser atendidos na presença de familiares ou cuidadores, e o cirurgião-dentista deve conhecer seu histórico de saúde - contado pelo idoso na presença da pessoa responsável. “Procure atendê-los, preferencialmente, à tarde quando forem hipertensos, cardiopatas, anginosos ou que possuam duas ou mais doenças. Os diabéticos deverão ser atendidos, se possível, no meio da manhã. Evite atendê-los no final da tarde”, sugere o professor.

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Reportagem Socorro médico O Socorro Básico de Emergência é uma atitude que se deve ter com qualquer vítima antes da chegada do SAMU ou similar. “Quando iniciei minha residência no Hospital das Clínicas de São Paulo, o professor titular me alertou: ‘O importante é o que se faz no momento do episódio, pois as emergências, geralmente, são situações que se agravam a cada minuto, principalmente em PCR e AVC’”, lembra Marques. Portanto, após serem realizadas as primeiras manobras pelo profissional, deve-se acionar o auxílio médico. “Caso o cirurgião-dentista esteja acompanhado de assistente ou de outra pessoa no consultório, a chamada deverá ser realizada juntamente com a realização do socorro básico. A demora do resgate é sempre imprevisível, podendo demorar cinco minutos ou mesmo nem chegar. Eu já vivenciei esta situação. Mais uma vez, reitero que se deve conhecer o socorro básico para poder minimizar as possíveis sequelas”, ressalta.

Relação entre dentista e médico O cirurgião-dentista atende todos os tipos de pacientes diariamente, portanto, segundo Marques, “muitas vezes precisa consultar o médico assistente ou mesmo a literatura específica, para poder receitar de forma correta e atender os pacientes em horários apropriados”, evitando, assim, iatrogenias e situações imprevistas. “Não é ‘feio’ consultar anotações ou livros duran-

te uma consulta, desde que não esteja na presença do paciente. Em situações emergenciais, isso não é permitido, pois não se deve sair da presença da vítima até a completa resolução do caso”, lembra. O professor não aceita a dissociação entre a Medicina e a Odontologia, embora ele admita que exista. “O cirurgião-dentista fica vulnerável a iatrogenias e emergências médicas, pois se o profissional não possui conhecimento médico, como poderá simplesmente através de perguntas conhecer seu paciente, baseado na premissa de que o próprio paciente não se conhece? Em um futuro próximo, poderá haver uma fusão natural entre as escolas médicas e odontológicas, como já existe em outros países”, acredita. Enquanto a atual realidade separa as especialidades, ele sugere que o cirurgião-dentista tenha, sim, contato com o outro profissional de saúde para esclarecer dúvidas e entender mais seus pacientes. “Quando uma pessoa tem problemas cardíacos ela procura um cardiologista, caso a doença seja de ordem emocional, um psiquiatra ou psicólogo, e por aí vai. No entanto, o dentista atende todos esses pacientes, às vezes apenas em um dia de trabalho. Por este motivo, ele deverá ter conhecimento das diversas situações e também se aconselhar com colegas médicos, dentistas, psicólogos ou outros profissionais da área para poder realizar suas atribuições com destreza e segurança”, aconselha.

Kit de emergência Todo consultório odontológico deve ter um Suporte de Atendimento Básico de Emergência (Sabe), segundo o Dr. Ivan, mas ainda são poucos os cirurgiões-dentistas que se propõem a adquirir o kit. “Deveria existir uma lei nesse sentido, pois o consultório muitas vezes se transforma em uma verdadeira sala cirúrgica. Não são raras as vezes em que sou convidado a participar de cirurgias em consultório para que possa levar meu ‘Sabe’ para eventuais intervenções”, conta. “Os equipamentos e drogas do kit são o mínimo necessário para se atender situações imprevistas, no entanto, só deverão ser usados por profissionais devidamente habilitados”, complementa. Os equipamentos e fármacos necessários no consultório odontológico para o atendimento emergencial: » Ambu. » Estetoscópio e esfignomanômetro. » Cilindro de oxigênio. » Cânula de Guedel e de traqueotomia. » Seringa de insulina. » Bisturi e cabo de bisturi. » Oxímetro. » Adrenalina. » Anti-histamínicos.

» Captopril 12,5 mg. » Hidroclorotiazida 25 mg. » Dramin B6. » Soro fisiológico. » AAS infantil. » Isordil. » Sachê de leite condensado ou glicose 50% (para casos de hipoglicemia).

“A arreatividade por parte da vítima não significa, necessariamente, que ela esteja morta”

Ivan Haidamus Sodré Marques

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Entrevista

Odontologia sustentável Sustentabilidade em Odontologia vai muito além da reciclagem, do descarte correto do lixo. A entrevista com o Dr. Luís Chaim, cirurgião-dentista e autor do livro “Odontologia para uma vida saudável”, apresenta todas as nuances da condição sustentável. Por: Vanessa Navarro

Luís Antônio de Filippi Chaim Cirurgião-dentista. Especialista em Odontologia Preventiva e Social. Mestre em Ciências. Pós-graduado em Fisiologia e Biofísica do Sistema Estomatognático. Doutor em Radiologia Odontológica área de concentração em Odontologia Legal e Deontologia. Especialista em Acupuntura. Autor do livro “Odontologia para uma vida saudável”.

Odonto Magazine - Na década de 1960, surgia um novo ideal de gestão nos ambientes de saúde: o princípio biocêntrico. Como o conceito do chileno Toro Araneda pode influenciar no segmento odontológico? Luís Antônio de Filippi Chaim - A visão biocêntrica altera e amplia a proposta antropocêntrica que coloca o homem como centro de todas as atenções. O princípio biocêntrico estipula a vida como a principal referência, a vida como valor maior e em todo o seu sentido mais profundo. A vida em toda sua amplitude abrange muito mais do que apenas o homem, mas todos os seres e espécies viventes da natureza. Em 1854, em trecho da carta escrita pelo Chefe Seatle ao presidente dos EUA, pode-se ler: “Tudo o que acontecer a terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos. Isso sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Todas as coisas estão ligadas, como o sangue que une uma família. Há ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simples­ mente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo”. Os estabelecimentos de saúde devem entender a necessidade de realizar ações em função do todo, da natureza. Mesmo na clínica particular, os profissionais podem promover ações neste sentido, como a redução do consumo de energia e água, o gerenciamento de resíduos que podem comprometer a saúde e o meio ambiente, entre outras.

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Odonto Magazine - Qual é o papel do cirurgião-dentista no mundo sustentável? Luís Antônio de Filippi Chaim - Sustentabilidade é o modelo de desenvolvimento que procura conciliar as necessidades econômicas, sociais e ambientais, suprindo as necessidades da geração atual, sem comprometer as gerações futuras. Não esgota os recursos. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Nações Unidas aponta que é cada vez mais importante que as empresas tenham consciência de que são parte integrante do mundo e não consumidoras do mundo. Deste mesmo modo, os profissionais de qualquer área, as pessoas de um modo geral, não podem e não devem ser consumidoras do mundo. Odonto Magazine - O profissional da saúde é considerado um agente transformador do meio ambiente e um formador de opinião. Como ele pode promover uma mudança de hábitos entre os pacientes atendidos? Luís Antônio de Filippi Chaim - A educação é base para todo processo de transformação. A educação para a saúde não deve ser entendida apenas como uma técnica para a distribuição de dados e informações necessárias à manutenção da saúde, antes, contudo, deve ser tida como um instrumento de libertação e valorização do ser humano.


Entrevista

A educação é um processo, onde o constante acúmulo de conhecimentos e experiências permite ao indivíduo a tomada de novos rumos e decisões, implicando nisso, a sua mudança. Podemos afirmar que, a educação e a mudança caminham juntas, e, do mesmo modo, podemos afirmar que, como “ninguém educa ninguém” como disse Paulo Freire, por consequência, “ninguém muda ninguém”. É importante salientar que os indivíduos só mudam quando sentem necessidade de mudar ou quando são obrigados. A função do profissional é determinar estratégias educacionais que estimulem os indivíduos a perceberem suas necessidades. O profissional deve ter a noção de suas limitações nesse processo. As salas de espera das diversas clínicas e consultórios podem ser fonte renovável de informação. Os profissionais podem oferecer material de leitura criteriosamente elaborado para atingir seus objetivos educacionais. Use o espaço para divulgação de ideias específicas. Mas, muito mais que as ideias, a mudança se propõe através e, principalmente, das ações práticas e postura dos profissionais. Odonto Magazine - Como a alternativa conhecida por eco­ friendly pode proporcionar melhor saúde ao paciente e gerar economia para o dentista? Luís Antônio de Filippi Chaim - Uma interessante pesquisa do instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, de março de 2011, dá conta

que apenas “rótulos ambientais não são eficazes”. A proposta deve ser concreta e não somente uma questão de marketing. A “rotulação” gerou gasto maior para as empresas e, por consequência, custo maior para o consumidor. Não basta o produto ser “amigo da natureza”, deve ser também de alta qualidade, resistência, durabilidade e “amigo do homem”. Odonto Magazine - Para que um estabelecimento de saúde alcance a sustentabilidade, é necessário levar em consideração os quatro pilares: econômico, ambiental, social e cultural. Quais são as atitudes esperadas para a promoção de uma Odontologia Sustentável? Luís Antônio de Filippi Chaim - Quando consideramos as questões de sustentabilidade, temos que concordar com a ex-ministra Marina Silva: “o desenvolvimento sustentável não é uma maneira de fazer, é uma maneira de ser.” A afirmação feita em 31 de outubro de 2011 em um Fórum de Sustentabilidade, em São Paulo, ainda é complementada com: “o conceito amplo de sustentabilidade envolve sete dimensões – e não apenas as quatro descritas pela ONU. Além da sustentabilidade econômica, social, ambiental e cultural, incluiu-se a ética, a política e a estética”. Considerando as sete dimensões, podemos dizer que, do ponto de vista econômico, é preciso transformar os recursos naturais - os bens e serviços produzidos -, em melhoria na qualidade de vida e, sob este aspecto, a Odontologia tem importante lugar no contexto geral, uma vez que sua função é essa.

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Entrevista No social, gerar oportunidades de saúde e bem-estar a todos, dignificando a profissão e a vida das populações. No aspecto ambiental, não abusar dos recursos naturais, respeitando o meio ambiente, evitando o consumo desnecessário e mantendo a possibilidade de uma vida digna e plena para as gerações futuras. Nos critérios culturais, investir na renovação dos conhecimentos, aprender com os erros e acreditar que é possível a criação de produtos odontológicos que sejam menos tóxicos, extremamente eficazes e economicamente viáveis, além da necessária contribuição educacional. Nas questões éticas, lembrar que somos seres que devem se importar uns com os outros. Respeito ao próximo e aos próximos que virão é condição básica para a sobrevivência da humanidade. A profissão tem passado, nos últimos anos, por uma revolução tecnológica com a introdução no mercado, dos implantes, agentes clareadores, facetas laminadas e outros que compõem um arsenal terapêutico interessante para reconstruir um sorriso. Entretanto, assunto pouco discutido é a crescente voracidade pela venda de técnicas e tratamentos desnecessários, disputa de mercado e marketing enganoso. Muitos querem fazer clareamentos. E, muitas vezes, não há razão alguma para o procedimento ou existem outras necessidades mais prementes. Mas, se o paciente quer (...). Quanto aos implantes, a questão pode ficar pior. Até os anos 1950/1960, a ideia era de que não havia mais problemas em se perder os dentes, as próteses totais estavam ali para substituir. Mutilação e dentadura. Nos dias atuais, parece que a ideia voltou a reinar na sociedade: “não há problema em perder dentes, os implantes estão aí para resolver qualquer situação”. Mutilação e implantes. Onde ficou a prevenção? No século passado? Avançamos ou retrocedemos? É difícil não defender os implantes, especialmente com a força da mídia e da própria classe odontológica, que encontrou um veio bastante interessante para arrecadar fundos em um mundo tão competitivo. A pergunta que faço é: os implantes são os salvadores da pátria? As indicações de implantes estão sendo seguidas à risca? Está se aplicando implantes em pacientes que realmente podem ter este tipo de tratamento? Quanto tempo os implantes colocados sobrevivem na boca? Qual o custo social da má aplicação desta técnica? No caso da sustentabilidade política, gostaria de usar, mais uma vez, as palavras de Marina Silva: “tem a ver com o que estamos fazendo aqui. Se os recursos naturais são finitos, nós temos que trabalhar no sentido de que cada vez se produza mais com um me­ nor volume de recursos naturais. Não tem um salvador da pátria”. Não será a Marina, não será a Dilma, não será o Obama. Somos nós, que temos que assumir isso como um valor. Não é necessário que sejamos políticos para discutir políticas. Muitas vezes, a política partidária é cega, surda e muda e pode ser “burra”; não nos deveria interessar se as propostas para um mundo melhor venham deste ou daquele partido, mas que venham. Na estética, a manutenção da saúde bucal, por meio da aplicação de programas educativos, deveria ser o foco principal, um sorriso saudável é digno e altamente estético, enquanto que, a cor dos dentes pode não ter significado algum para a verdadeira saúde. Odonto Magazine - Quais são os novos paradigmas sustentáveis para a Odontologia Moderna? Luís Antônio de Filippi Chaim - A filosofia odontológica mais compatível com a sustentabilidade é a preventiva. A prevenção oferece critérios éticos e de manutenção da saúde com gastos mínimos, pouco uso de material e descarte, pra-

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ticamente sem riscos de contaminação, além de promover o ser e a profissão, no seu verdadeiro papel de promotora de qualidade de vida. Educação é resposta para muitos de nossos problemas, tanto de saúde, quanto ambientais. No entanto, o profissional deve aprender a ser um educador eficiente. Não basta só falar, é preciso aprender a falar e, neste sentido, as Escolas de Odontologia têm ajudado muito pouco, ou quase nada. Odonto Magazine - Grandes marcas fabricantes estão apostando em um mundo verde. Como o senhor enxerga essa inserção de produtos ecologicamente corretos no mercado odontológico? Luís Antônio de Filippi Chaim - A entrada no mercado destes produtos deve estar associada a uma nova visão do profissional em relação ao mundo e a aplicação de técnicas odontológicas. Não basta ter produtos menos agressivos ao meio ambiente, o indivíduo tem que ser tornar menos agressivo. Um dos grandes problemas que enfrentamos é o descarte do lixo “hospitalar”. As grandes empresas produtoras dos materiais médicos, hospitalares, odontológicos e outros, poderiam - em ações de parceria com o poder público - atuar mais significativamente nesta área. Financiando, fiscalizando, planejando, elaborando e criando técnicas para a deposição e descarte do lixo. Estudos sobre decomposição, análise de lençóis freáticos, locais para descarte e transporte são muito mais efetivos em termos de saúde e sustentabilidade, que apenas a troca de um produto por outro, pouco menos agressivo. Um exemplo simples que indústrias de agulhas descartáveis poderiam utilizar: as embalagens contendo as agulhas poderiam ser preparadas e adaptadas de tal modo, que servissem também para o descarte das próprias agulhas após o seu uso. Infelizmente, o cirurgião-dentista é individualista e ainda não aprendeu a agir como classe, atuando em conjunto. A indústria sabe e se aproveita disso. Por isso, percebemos, em Congressos e Feiras, cirurgiões-dentistas em filas para receberem amostras de produtos, enquanto deveríamos estar exigindo delas, ações mais significativas em prol do nosso mundo e planeta. Odonto Magazine - Qual é a importância de treinamentos e/ou capacitações de equipes com foco na Odontologia Sustentável? Luís Antônio de Filippi Chaim - Sustentabilidade é um termo abrangente. Pode englobar uma série de argumentos, desde questões filosóficas até sua aplicabilidade no cotidiano. Não se restringe a aspectos técnicos simplesmente, ao contrário, seu conteúdo é intensamente filosófico. Só se educa o que se aprende. Só se apreende o que se aprende, se é colocado em uso. Deste modo, todo novo conceito ou parâmetro deve ser divulgado o mais convenientemente possível e se, se quer, colocá-lo em prática, deve ser disponibilizado de modo abrangente e significativo. Sustentabilidade na Odontologia é praticá-la de forma ética e responsável, respeitando, acima de tudo, o ser humano; promover o consumo racional dos recursos renováveis e não renováveis; incentivar o consumo consciente; gerenciar os resíduos produzidos; propor e estimular medidas eficazes para o gerenciamento dos impactos dos resíduos no meio ambiente; estimular a busca e a produção de novos conhecimentos e ser agente de educação ambiental, além de ser agente de educação em saúde.


25 de Outubro Dia do Dentista

“Tenho certeza de que se eu sorrisse menos teria menos amigos� Dalai Lama

Obrigado pelo sorriso de todos os dias! Uma homenagem da


Relacionamento

50 anos de uma história de sucesso Fundada em 1963, a DMG se dedica a facilitar o trabalho diário dos cirurgiões-dentistas. Com sede em Hamburgo, na Alemanha, a empresa está presente em mais de 80 países.

Laurindo Borelli Neto Cirurgião-dentista. Especialista em Periodontia. Doutor em Anatomia - USP. Professor universitário. Presidente da DMG do Brasil.

Desenvolvimento ‘made in Germany’ A DMG tem tradição em inovação. Dentre suas inúmeras inovações apresentadas pela empresa ao longo de sua história, estão algumas que mudaram a Odontologia para sempre, tais

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como a cápsula de amálgama, que estabeleceu novos padrões, em 1978. A DMG também patenteou novas classes de materiais, como compômeros e o Luxatemp, primeiro material provisório para coroas e pontes dispensado em cartucho. Com o


Relacionamento produto Icon, único produto infiltrante para tratamento de cáries incipientes, a DMG recebeu diversos prêmios, sendo um deles o Prêmio Alemão de Inovação. “No fim das contas, as empresas não produzem nada”, constatou corretamente o Dr. Felix Wöhrle, diretor científico da DMG por muitos anos. “São as pessoas que criam, inventam, implementam algo”. Seguindo essa constatação, na DMG, cerca de 20% dos funcionários trabalham nas áreas de pesquisa e desenvolvimento de produtos, onde são realizados mais de 100.000 testes por ano. Os gerentes de produtos mantêm o contato direto com professores, cirurgiões-dentistas e auxiliares, realizando atividades práticas e iniciativas como, o “Scien­ tific Talk@DMG” e o “Innovation Network”. O fator humano desempenha um papel marcante na história da empresa. O atual Presidente, Dr. Wolfgang Mühlbauer, filho do fundador Ernst Mühlbauer, é também químico formado.

De Hamburgo para o mundo A DMG investiga, desenvolve e produz desde a pesquisa básica até a confecção de produtos. Há décadas, tudo é produzido em suas próprias fábricas em Hamburgo. Isto permite a centralização e o controle seguro dos padrões de qualidade. O mais importante para os nossos clientes é o resultado, não somente com produtos premiados, mas também com a aprovação na prática diária.

Inovação: combate às cáries sem brocas Com o Icon“, em 2009, a DMG apresentou uma novidade mundial: o primeiro produto que permite o tratamento de cáries sem utilização de brocas por método de infiltração. O tratamento microinvasivo possibilita tratar a cárie incipiente, melhorando o seu aspecto e mantendo a superfície intacta. Já nos espaços interproximais de difícil acesso, a progressão das cáries pode ser interrompida no início, sem sacrificar tecido dental sadio – em apenas uma sessão. O princípio do infiltrante possibilita a penetração de uma resina fluída através dos poros do esmalte, preenchendo a zona desmineralizada pela cárie. Esse “infiltrante“ se move por forças capilares, preenchendo a zona desmineralizada pela cárie. Assim, os caminhos de difusão dos ácidos cariogênicos são bloqueados e a cárie é detida sem o uso de brocas e anestésico. Uma visão que torna a visita ao dentista muito mais agradável para os pacientes.

O tratamento com o infiltrante Icon também é uma opção aos pacientes com manchas brancas em superfícies lisas. A DMG oferece um produto para tratamento em manchas na face vestibular do dente. O procedimento clínico é iniciado com a aplicação do ácido gel e depois atribui-se uma resina (metacrilato) infiltrante fluída por meio de um aplicador especial no local afetado. O infiltrante penetra profundamente no esmalte e, após o preenchimento da zona desmineralizada com a resina infiltrante, as manchas brancas se “mascaram” esteticamente e a superfície vestibular adquire um aspecto saudável e natural. O infiltrante de cárie foi premiado com inúmeros prêmios de inovação. Dentre eles, a DMG ganhou com o Icon o “Prê­ mio Alemão de Inovação 2010”, na categoria “empresa de médio porte” e foi premiada pela iniciativa “Alemanha - País das Ideias” (sob condução do Presidente do país). O Icon também foi o vencedor do “Prêmio da Inovação 2009” pelos dentistas da Alemanha. O instituto de testes americano Reality considerou esta inovação da DMG o melhor método de contenção de cáries (« best conservative treatment for inicipient lesions ») e avaliou com quatro estrelas, de cinco possíveis.

Especialista em silicone de adição Como interface entre consultório e laboratório, a moldagem é especialmente importante para o tratamento protético de sucesso. Uma moldagem precisa é a base de tudo. O fracasso da moldagem ocasiona mais tarde um retrabalho desnecessário e, em piores casos, uma restauração defeituosa. A DMG oferece materiais de moldagem do mais alto nível para todas as indicações e procedimentos.

Honigum: estabilidade e fluidez O material de moldagem mais tixotrópico do mercado, o Honigum, oferece os melhores resultados em ambas as situações. A matriz reológica, patenteada da DMG, é o que possibilita isso. O Honigum garante uma estabilidade dimensional excelente, e ainda oferece uma fluidez incomparável sob leve pressão. Os menores detalhes, mesmo sob os bordos da preparação, podem ser reproduzidos com altíssima precisão. Além disso, o Honigum dispõe de uma alta elasticidade e uma memória elástica excelente. A remoção da moldagem da boca fica descomplicada, mantendo os detalhes subgengivais preservados. Quando o Instituto Americano Independente “The Dental Advisor” pesquisou 50 materiais de moldagem, o Honigum foi considerado o melhor material com uma classificação clínica de 97% de excelência. Isso confirma a avaliação mais alta já atribuída - Honigum, 5 “plus” (“+++++”). A consistência Heavy do material Honigum é recomendada pelo Branemark Center para o uso na implantologia (The Dental Advisor, Vol. 23, No. 3, S. 2-5).

O-Bite: oclusão ideal graças a sua dureza final O-Bite é um material de registro oclusal à base em silicone A. Dada a sua altíssima dureza shore-A de 93, o O-Bite é um parceiro ideal para a restauração de precisão, sem que seja necessário qualquer ajuste adicional. O-Bite contém uma matriz especial de silicone desenvolvida pela DMG, que garante uma combinação única de estabilidade e dureza extrema por meio de cadeias de rede uniformes. O

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Relacionamento

Milhares de clientes acreditam e confiam nos produtos e na marca DMG

acabamento pode ser realizado tanto com um bisturi quanto com brocas de silicone. O aroma fresco de laranja torna o tratamento especialmente agradável.

Seja em mistura manual ou automática, a família Silagum oferece uma solução apropriada para todas as técnicas e indicações de moldagem.

Silagum: reconhecimento internacional

Procedimentos de cimentação de “peças” cerâmicas exigem materiais com características especiais. O Vitique, da DMG, é um cimento de fixação premium desenvolvido especialmente para trabalhos complexos com cerâmica. A fórmula de monômero, desenvolvida pela DMG, permite uma aplicação fácil e a remoção dos excessos com muita praticidade. Basta fixar a seringa do catalisador (“Cata-Lock-Spritze“) para que se transforme em um sistema dual. Sua grande seleção de cores facilita o ajuste técnico e permite restaurações cerâmicas de altíssima qualidade.

O Silagum é conhecido há anos como um material de moldagem excelente à base de silicone de adição. Cada produto da linha Silagum se caracteriza pelas propriedades singulares deste material e pela facilidade de seu uso. A hidrofilia, sua compatibilidade com áreas úmidas, proporciona uma reprodução precisa das áreas subgengivais.

Cimento estético para cerâmicas

Cimentação de pinos, preenchimento e reconstrução de munhões A DMG oferece um compósito mundialmente bem-sucedido. O LuxaCore-Dual é um Core-Built indicado para preenchimento, construção do munhão e cimentação de pino de fibra de vidro, de modo que, para ambas as aplicações, pode ser utilizado o mesmo material. Além disso, o LuxaCore-Dual possui uma dureza semelhante à da dentina. O LuxaCore-Dual foi premiado nos EUA, sendo o único de sua categoria a ganhar o “Five Star Award do Instituto Reality”, devido à sua dureza, facilidade de aplicação e boa seleção de cores. www.dmgdobrasil.com.br

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Ponto de Vista

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Ponto de Vista

Dentista S/A: usando o marketing para te fortalecer como uma marca

Marcos Rocha Cirurgião-dentista. Radiologista. Empresário. Mestre em Odontologia pela FOUSP. Pós-graduado em Administração de Empresas. Professor universitário. Autor do Blog Marketing em Odontologia.

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amos a um pequeno exercício: Sem muita concentração, pense: em um papelzinho colorido para colar pequenas anotações, em um computador com uma maçã (meio comida, por sinal), em uma esponja de aço para lavar louças, em um curativo descartável feito com material plástico autocolante. O que veio a sua cabeça? Acredito que, Post-it, Apple, Bombril e band-aid, respectivamente, certo? Isso é o que podemos chamar do poder das marcas. Uma marca, quando bem trabalhada, acaba sendo fixada na mente do consumidor e chega a ser confundida com o próprio produto, com o é o caso da Bombril, band-aid, leite moça, entre outras. Você não vai ao supermercado para comprar esponja de aço, mas sim, Bombril, mesmo que o produto seja de outra marca. Agora vamos à nossa realidade. A Odontologia é uma profissão em que o contato pessoal é fundamental. Em nossa rotina lidamos com gente, gente é o nosso negócio. Como em quase todos os segmentos da atualidade, para esse negócio prosperar deve haver empatia entre o profissional e o cliente consumidor de seus serviços ou produtos, na Odontologia, o famoso paciente.

Desde a faculdade, somos extremamente capacitados em termos de atendimento técnico. Nossa rotina nos coloca em íntimo contato com o nosso cliente e, esse íntimo contato pode tanto fortalecer laços, como prejudicar nossa imagem com os pacientes. Queira você ou não, a “Profissão Dentista” ainda precisa muito de indicações. O velho boca a boca não morreu e nunca irá morrer em Odontologia. Um dentista que não consegue criar um vínculo com seu paciente, com certeza, com o tempo, perde boas oportunidades de conseguir boas indicações desta pessoa. Pesquisa realizada em uma dissertação de Marketing, com foco em Odontologia, mostrou que a indicação pessoal é um dos três itens mais citados quando se pergunta aos pacientes de classe A e B como eles procuram um dentista, ficando atrás somente de indicação de outro profissional e da experiência do próprio profissional, em uma lista de 10 itens, como preço, localização do consultório, propaganda, entre outros. O marketing de relacionamento, no momento atual do acirramento da concorrência, torna-se um parceiro fundamental do

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Ponto de Vista cirurgião-dentista, e esse relacionamento engloba tanto paciente como outros profissionais, como podemos observar nos resultados da pesquisa supracitada. O profissional de Odontologia está sendo avaliado constantemente por seus clientes, não só no aspecto técnico, mas em diversos outros, tais como aparência, o modo como lida com sua equipe, suas atitudes pessoais - inclusive na comunidade-, seu sorriso (com certeza), sua higiene pessoal, etc. E tudo isso vai contando pontos para a construção de sua imagem, de sua marca pessoal perante o seu cliente, seu consumidor. Quando falamos de um produto, sabemos que existem esforços para que ele seja notado, apreciado e adquirido. São os esforços de marketing. Meios que visam potencializar as vendas dos produtos, utilizando a divulgação por meio da promoção, propaganda, embalagem, etc. Então, o que devemos fazer é usar de todos os recursos para valorizar nossa imagem junto ao nosso paciente. Mas, aqui, deve-se tomar cuidado para não criar um mito, algo falso. Deve ser algo espontâneo. O bom dentista deve gostar de lidar com gente, pois, como eu disse logo no começo deste artigo, gente é o nosso negócio. Por exemplo, já ouvi questionamentos a respeito de o dentista ter uma tatuagem. Isso pode lhe prejudicar na profissão? Sinceramente? Acredito que tudo depende! Vivemos no século XXI, e a mentalidade das pessoas é diferente, hoje em dia. Com certeza, um dentista com tatuagens espalhadas em todo o corpo e rosto poderá afastar pacientes mais conservadores, porém, poderá atrair pacientes que “curtem” esse visual, digamos, descolado. Talvez, um colega com essas características, possa ser mais bem compreendido atendendo pacientes mais jovens, skatistas, surfistas, entre outros dessas “tribos”. Mas, uma simples tatuagem que seja discreta e não agrida seu público-alvo, com certeza, não lhe causará maiores transtornos. O que tiramos deste exemplo é: conheça seu público-alvo, conheça as pessoas que você vai atender e se adeque a elas. Lidar com gente é isso. O ser humano precisa se adaptar aos padrões pré-definidos para ser aceito, isso é do ser humano. Logo caímos no conceito de marketing pessoal que, nada mais é que um conjunto de ações que ajudam uma pessoa a obter mais sucesso em sua vida pessoal, nos relacionamentos e no trabalho. É uma forma de o dentista agregar valor a si mesmo, por meio de uma observação sistemática do ambiente que atua, das expectativas que as pessoas têm dele e da melhor maneira de atender a essas expectativas com um comportamento adequado. Lidamos com marketing pessoal desde a pré-escola. Moldamo­ nos conforme o ambiente que estamos e, não poderia ser diferente em nosso consultório. No caso do marketing pessoal voltado para a profissão, há de se tomar bastante cuidado, pois o “produto” que está sendo oferecido aos outros é você, e quando você “queima o filme”, fica difícil de recomeçar. Não dá para se “relançar” depois de usar uma estratégia errada, capaz de comprometer o seu nome de forma negativa. Cada atitude do profissional acrescenta um “tijolinho” à sua imagem. Logo, é preciso ter muito cuidado nesta “construção”. Construir uma imagem positiva é importante dentro e fora do ambiente profissional. É fundamental ser notado, sem parecer inconveniente, por exemplo, ou conquistar naturalmente a simpatia, sem ser visto como bajulador.

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O dentista que visa desenvolver uma boa estratégia de marketing pessoal para sua carreira, precisa conhecer muito bem seu mercado de atuação e também suas próprias aptidões. Conhecer seus pontos fortes e fracos, ter ciência de suas necessidades de aprimoramento, de seus vícios e defeitos são os primeiros passos para melhorar. Outro passo importante é analisar a concorrência e seu comportamento, verificando quem faz o quê e como está sendo bem-sucedido nisso. No caso do dentista, uma das melhores ferramentas de marketing a ser usada é a publicidade espontânea, que é a propaganda sem cara de comercial pago, ou seja, deixar seu nome ser divulgado pelo seu bom atendimento, carisma, gentileza, etc. O ideal é investir na multiplicação natural de sua marca pessoal. Com o advento das redes sociais, todos somos globais. Seu nome corre ao mundo em poucos segundos, principalmente quando você comete algum erro. Por isso, todo cuidado é pouco para que eventos pessoais não contaminem a sua carreira e vice-versa. Tenho aconselhado sempre colegas que me procuram a manter redes sociais distintas para seus assuntos profissionais e pessoais, esse já é um grande passo para evitar confusão no que tange ao fortalecimento da sua marca pessoal. Importante ressaltar o networking para o dentista. Participar de cursos, palestras e entidades de classe, com certeza, poderá lhe render frutos no futuro. O bom relacionamento com seus pares deve ser cultivado, desde os bancos acadêmicos e reforçado após a graduação. Bons contatos com colegas podem lhe gerar indicações preciosas, que devem ser retribuídas com outras indicações. É o princípio da reciprocidade. Em síntese, o marketing pessoal visa fortalecer sua imagem de forma positiva, criando uma marca que possa ser lembrada espontaneamente, tanto por seus pares como por seus pacientes/clientes e o mercado. É se fazer notar! Não simplesmente ser notado, mas ser notado por suas qualidades, habilidades e competências. Divido algumas dicas para fortalecer a sua marca como dentista: » Entregue (sempre) mais do que prometeu. Supere as expectativas de seus clientes, de sua equipe e de seus pares. » Valorize o trabalho de seus pares e subordinados. A equipe é diferente de “EUquipe”. Substitua o eu por nós. » Seja humilde e aprenda com seus erros. » Cuide da sua postura. Ela inclui a sua aparência no ambiente de trabalho, ou seja, a forma como você se apresenta e a sua linguagem corporal. Atente-se a isso! » Cuidado com o português. Nossas palavras podem ser determinantes para nossa imagem. Estude a língua portuguesa, as novas regras da ortografia e outras línguas também. Sempre fale e escreva de maneira correta. » Seja otimista e bem-humorado. Você não quer ter a fama de chato ou “uruca”, certo? » Valorize o conhecimento continuo. Estude, leia, aprenda sempre mais. » Planeje metas: aonde quer ir e quando quer chegar. Isso vai lhe dar fôlego extra para correr atrás de seus objetivos e para refletir positivamente em sua rotina diária. » Tenha bom senso e comporte-se de acordo com o ambiente em que está. » Faça tudo com amor. Quem ama o que faz consegue transbordar alegria e criar vínculos naturais com quem está ao seu redor.



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Coluna - Odontogeriatria

Um novo desafio na Odontologia: a Odontogeriatria Augusto Roque Neto Formado pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo – FO – USP. Especialista em Dentística Restauradora. Mestre em Clínicas Odontológicas pela FOUSP. Professor adjunto das disciplinas de Oclusão e Anatomia Dentária; Odontologia Restauradora I e II da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP.

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dia do idoso é comemorado no primeiro dia do mês de outubro. Estamos quase chegando ao meio da segunda década do século XXI. Quais são os desafios que a Odontogeriatria irá enfrentar? Temos uma população que envelhece. Basta observar o gráfico de distribuição etária do IBGE. Até início dos anos 1990, a base maior era da população até 10 anos, nos dias atuais, a base maior é de 30 anos, e a projeção para o ano de 2050 é que a grande maioria da população terá entre 50 e 60 anos. Para levarmos em consideração, a França levou 120 anos para ter 15% da população idosa. No Brasil, este fenômeno irá ocorrer, ou melhor, já está ocorrendo e irá se concluir em, aproximadamente, 25 anos. Alguém já se preocupou em verificar os problemas e soluções que estes dados irão trazer? Infraestrutura, cultura, valor gasto pela previdência oficial, etc. E você, em relação a sua profissão, já se imaginou atendendo esta nova onda de pacientes “velhos”? Quais serão os novos desafios? Como será a integração desses pacientes em sua vida profissional? Sua vida profissional contempla esta nova realidade? Já pensou que pode ser um novo campo de trabalho e com ótimas perspectivas de futuro e, consequentemente, de ganhos? A maior dificuldade que enxergamos é que, este paciente trás consigo uma Odontologia “antiga”, “velhos” conceitos, “velhos” materiais. Seus conhecimentos atuais suprem essa necessidade de atendimento do paciente idoso? Uma reciclagem profissional vai ser fundamental para o seu sucesso, afinal, você vai ver restaurações de amalgama (o que é isso mesmo?) com mais de 30 anos de ação na boca. Você sabe avaliar a necessidade da troca ou não do material? Será que o componente com que você pretende re-restaurar este dente vai dar conta do recado? Ou melhor ainda, será que seu paciente está preocupado em trocá-la?

Você conhece bem as transformações esqueléticas e musculares apresentadas por este “novo” paciente? Consegue resolvê-las ou pelo menos indicar este paciente a um profissional adequado? Lembre-se que este paciente teve momentos não muito agradáveis em suas passagens por consultórios, as técnicas eram outras, os materiais idem, toda tecnologia e conhecimentos técnicos muito diferentes das atuais. Terá que enfrentar pacientes com, por exemplo, restaurações que aplicavam a técnica de extensão preventiva, próteses de molar a molar, implantes justapostos. Você já ouviu sobre isso e, principalmente, tem ideia se deve manter ou remover estes tratamentos? E sabe, se for o caso, resolvê-los? A Odontologia está frente a um novo e tentador desafio. Afinal, aquele país jovem, que ia pra frente, transformou-se, e muito rápido, em um país envelhescente, mas com uma diferença: o nosso paciente “velhinho” sabe muitas vezes utilizar as novas tecnologias. É comum usarem o Dr. Google para checar as suas informações. Sabem bem o que querem e, com certeza, vão checar os conhecimentos “do (a) franguinho (a)” - já ouvi esta na faculdade. Um ponto muito importante no trato com o idoso é a serenidade. Você tem calma e paciência para atendê-los? Os nossos tempos são diferentes: por parte do paciente ele tem todo tempo do mundo, porém, no lado profissional, temos um tempo limitado. Você conseguirá lidar com este desafio? Com certeza, vemos um belo futuro na Odontogeriatria. Pelas estimativas do IBGE, teremos uma ótima demanda por profissionais, porém, isso vai demandar muito estudo, muita observação e, com certeza, muita, mas muita paciência para conversas sobre o “antigamente” e as modernidades. Vejam bem, estamos ficando, a cada dia, mais velhos (ainda bem). Vamos ter que encarar a realidade e nos submeter a ela! Um grande abraço!

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Coluna - Ortodontia

A Ortodontia estética e seus avanços Andrade Neto Formado em Odontologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC-CE). Especialista em Ortodontia pela Universidade do Vale do Acaraú (UVA-CE). Pós-Graduado pela Charles Tweed Foundation (Arizona-EUA). Credenciado pelos Sistemas Invisalign, Clear Aligner, Essix Clear Aligner, Be- Flash e Art Aligner. Professor da Especialização em Ortodontia da Universidade do Vale do Acaraú (UVA-CE). Professor e Organizador do Curso de Capacitação Clínica em Ortodontia Invisível (Ceará e Piauí). Autor do livro “Manual de Ortodontia Estética - Ortodontia Lingual e Alinhadores Invisíveis”, Editora Rúbio, 2013.

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os dias de hoje, o desejo de parecer mais belo e apresentável não é mais somente para justificar a estética; muito pelo contrário, a boa apresentação física é um item básico para o bom posicionamento do indivíduo na sua vida social, pessoal e no mercado de trabalho. Já os tratamentos voltados para esse público, vêm conquistando cada vez mais espaço, principalmente pelo interesse dessas pessoas em atingir essa perfeição. É fundamental para esse paciente exigente, manter esse padrão estético durante um tratamento. Por sua vez, o aparelho ortodôntico vestibular, além de comprometer a estética, ainda denota uma aparência infantil, afastando muitos pretensos pacientes dos consultórios odontológicos. A Ortodontia estética se apresenta com o objetivo de dar uma nova possibilidade, uma verdadeira opção a mais de tratamento para quem resiste a Ortodontia convencional. Diante disso, é necessário que o profissional conheça a técnica, oferecendo aos seus clientes, opções que os deixem satisfeitos, tanto com o resultado final, quanto com a sua aparência durante o tratamento. A necessidade por aparatos estéticos teve início em 1969, quando Newman trouxe um braquete estético de policarbonato, mostrando, assim, o primeiro interesse em modificar o padrão de tratamentos ortodônticos convencionais, com base no aparelho metálico vestibular. Pouco tempo depois, com um consultório recheado de modelos e um público de alta exigência estética, Dr. Craven Kurz, em meados da década de 1970, trabalhou uma colagem de um aparelho convencional metálico vestibular, pela superfície lingual dos dentes, dando início a técnica de Ortodontia Lingual. Com cerca de 40 anos de idade, a Ortodontia Lingual desenvolveu vários métodos de montagem e colagem dos aparatos, o que também denota um avanço da técnica. Além disso, podemos citar o crescimento no estudo da biomecânica do aparelho, que por ter uma superfície de colagem totalmente diferente da vestibular, trás, consigo, características especiais de tratamento ortodôntico. Em um período um pouco depois do surgimento da Ortodontia Lingual, em meados da década de 1980, surgiram os braquetes cerâmicos, e trouxeram grandes vantagens com relação aos de policarbonato. A vinda desses braquetes veio ladeada dos primeiros ensaios com os alinhadores invisíveis, com Mcnamara e colaboradores, que propuseram movimentações através de setup ortodôntico, criando um aparelho termoplastificado so-

bre esse modelo, conseguindo-se movimentos dentários eficazes. Com quatro sistemas básicos de trabalho: setup (laboratorial), setup (CAD-CAM), sistema bolha e sistema por elásticos e botões, os alinhadores invisíveis vêm se tornando uma excelente ferramenta de trabalho no controle das recidivas, de leves e médios apinhamentos ou diastemas, e até grandes discrepâncias de espaços, dando a oportunidade de tratamentos para os pacientes que procuram uma Ortodontia livre de braquetes. Os alinhadores desenvolvidos a partir de setup laboratorial são os mais artesanais, porém, de alta fidelidade de movimentação. As placas são termoformadas em cima de um setup de como seria o próximo passo do tratamento. Os alinhadores desenvolvidos a partir de setup virtual (CADCAM) são produzidos a partir de escaneamento das arcadas dos pacientes, e todo o tratamento é virtualizado e produzido em computador, tendo a possibilidade de sequenciar todo um tratamento, com base em uma única moldagem, facilitando e diminuindo o trabalho laboratorial manual, mantendo um alto poder de precisão. Existem outros métodos de trabalho de alinhadores, chamados de sistema bolha, onde um espaço é criado no alinhador e abaulamentos são confeccionados de lados contrários a esse espaço, com o objetivo de deslocar o dente para a posição desejada. Esse sistema por ser simplificado, dá uma possibilidade de o profissional realizar a técnica sem um grande investimento laboratorial. Um quarto método de criação nacional, o Sistema Be-Flash, utiliza elásticos, botões e recursos ortodônticos convencionais, que junto com resinas acrílicas formam cápsulas de movimentações dentárias. A metodologia de trabalho é baseada na reabilitação dinâmica e funcional dos maxilares, de Maurício de Vaz. Se os aparelhos estéticos ou invisíveis serão o futuro da Ortodontia, ou mesmo se eles são uma evolução das aparelhagens Ortodônticas, só o tempo dirá. Uma coisa, porém, é fato e notória: a que a Ortodontia invisível veio para ficar, e se manter como ciência, que cresce, a cada dia, com força, tanto em conceitos, como em qualidade de tratamentos oferecidos. Já o paciente, que antes resistia, por desconhecimento, a aceitar um novo tratamento, hoje, vendo os bons resultados, não tem dúvidas de que essa forma de tratamento lhe garante uma resposta às suas necessidades.

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Caso Clínico

Remodelação do sorriso utilizando as atuais cerâmicas odontológicas

Leonardo Fernandes da Cunha Mestre e Doutor em Dentística - Faculdade de Odontologia de Bauru – Universidade de São Paulo. Professor de Dentística da FUNORTE Brasília – DF e Resende – RJ. Cirurgião-Dentista no Hospital Jório da Escóssia. Professor de Dentística da Universidade Positivo - Curitiba.

Pedro Teixeira Garcia Coesta

Mestre em Periodontia e Doutor em Reabilitação Oral – área de concentração: Periodontia, Faculdade de Odontologia de Bauru – Universidade de São Paulo. Cirurgião-Dentista no Hospital Jório da Escóssia.

Jório da Escóssia Jr.

Clínica Privada – Hospital Jório da Escóssia – Fortaleza – CE. Professor da Disciplina de Implante da UNIFOR – Fortaleza.

cunha_leo@yahoo.com.br

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sociedade tem se conscientizado sobre a importância da saúde e da estética. Assim, a procura por tratamentos estéticos reabilitadores, em casos, de desgaste dentário ou substituição de restaurações, tem aumentado. A reabilitação estética pode ser realizada tanto por meio de tratamentos diretos, como indiretos1. Com a evolução dos sistemas adesivos, associados à melhoria nas propriedades mecânicas e estéticas das cerâmicas odontológicas, tratamentos restauradores extensos, como a reconstrução das guias anteriores, tornaram-se corriqueiros2. Os laminados cerâmicos têm sido amplamente utilizados em dentes anteriores. Contudo, esse tratamento deve ser indicado de forma a proporcionar o tratamento o mais conservador possível3. Portanto, o presente trabalho demonstra, por meio de um caso clínico, a associação de laminados e coroas cerâmicas na remodelação do sorriso.

Caso clínico Paciente de 28 anos, gênero feminino, procurou atendimento relatando insatisfação com o formato dos dentes e a cor das restaurações antigas. Inicialmente, foram feitos a anamnese e os exames clínico e radiográfico. Os dentes apresentavam resina composta com alteração de cor nas proximais dos dentes anteriores superiores e núcleo metálico e coroa total no incisivo central superior esquerdo. Além disso, os incisivos centrais

mostraram grande desgaste incisal. Dessa forma, prejudicando o contorno incisal do sorriso (figuras 1 e 2). Indicou-se a raspagem e profilaxia dos dentes para uma adequação do meio. Nos dentes a serem restaurados, foi realizado o enceramento diagnóstico. O enceramento foi moldado, e a resina bisacrílica foi injetada no interior do molde; e este levado à boca do paciente. Dessa forma, a paciente pôde observar a mudança de forma dos dentes e o tratamento proposto (figura 3). Os dentes foram preparados e moldados, e restaurações provisórias foram confeccionadas. Os laminados e as coroas foram feitos com cerâmica injetada. Em seguida, as restaurações foram caracterizadas pela técnica de pigmentação (figura 4)4. As faces internas das restaurações cerâmicas foram condicionadas com ácido fluorídrico. A superfície foi lavada e, em seguida, foi feita a aplicação do agente silano (Kerr). O adesivo foi aplicado e polimerizado, conforme as orientações do fabricante (OptiBond FL– Kerr) (figura 5). Nos dentes anteriores superiores, foi feita a aplicação do sistema adesivo (Optibond FL – Kerr). O cimento foi aplicado na face interna das restaurações (NX3 – Kerr) e levado em posição. Os excessos de cimento foram removidos e o materia,l polimerizado por 120 segundos (Optilux – Kerr). Após a cimentação, os contatos oclusais foram verificados e ajustados. O aspecto final pode ser observado nas figuras 6 e 7.

Os autores agradecem ao T.P.D. José Dias Nascimento, pela colaboração na parte laboratorial das restaurações indiretas.

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Caso Clínico

Figuras 1a e 1b

Aspecto inicial do sorriso frontal (A) e lateral (B) da paciente insatisfeita com a forma e tamanho dos dentes e com a cor das restaurações.

Figura 2

Pormenor dos dentes anteriores, evidenciando desequilíbrio da harmonia incisal, e restaurações de resina insatisfatórias.

Figura 3

Simulação feita com resina bisacrílica. Assim, é possível, nessa fase, conversar com a paciente sobre os aspectos que serão propostos, como alteração de forma e tamanho para remodelar o sorriso.

Figuras 4a e 4b

Modelo (A) com troquel ilustrando coroa e laminado sendo associados para proporcionar o tratamento mais conservador possível. B – Enceramento para injetar a cerâmica.

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Caso Clínico

Figuras 4c e 4d

Notar as diferentes espessuras de cada restauração (C). D – Laminados cerâmicos sobre o modelo, para dar o acabamento de borda nas restaurações e realizar caracterização final.

Figuras 5a, 5b, 5c e 5d

Após condicionamento da face interna da restauração com ácido fluorídrico e lavagem com água corrente, foi feita a aplicação do agente silano (Kerr). Após aplicação e polimerização do adesivo (A e B), o cimento (NX3) (C) foi inserido no interior da restauração e levado em posição (D).

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Caso Clínico

Figura 5e

Os excessos foram removidos e o cimento polimerizado, conforme recomendação do fabricante (E).

Figura 6

Pormenor frontal das restaurações cerâmicas.

Figuras 7a e 7b

As imagens mostram o sorriso final após remodelação com cerâmica odontológica e sistema adesivo.

Conclusão Os atuais sistemas cerâmicos podem ser utilizados, de forma satisfatória, para reabilitar a estética do sorriso e a função mastigatória do paciente.

Referências 1. Mondelli J. Estética e cosmética em clínica integrada restauradora. São Paulo, Editora Santos; 2003.

2. Furuse AY, Herkrath JF et al.. “Multidisciplinary management of anterior diastemata: clinical procedures.” Pract Proced Aesthet Dent 2007; 19(3): 185-191. 3. Kina, S. Equilibrium - Cerâmicas adesivas case book, Artes Médicas; 2009. 4. Cunha LF, Coesta PTG, Escóssia Jr J, Mondelli J. Interrelação Periodontia e Dentística Restauradora na lapidação de facetas cerâmicas. Revista Dental Press de Estética. 2013; 10(1).

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Caso Clínico

Tratamento endodôntico em segundo molar superior com variação anatômica e uso do sistema reciprocante Wave One Cláudia Fernandes de Magalhães Silveira Carlos Eduardo da Silveira Bueno Especialista, Mestre e Doutor pela Universidade Estadual de Campinas - FOP-UNICAMP. Professor Titular de Endodontia da PUC – Campinas. Coordenador dos cursos de Especialização da SLMandic – Campinas (SP), Vitória (ES) e Brasília (DF). Coordenador do Curso de Mestrado, Capacitação Avançada em Endodontia e Professor Orientador do Doutorado da SLMandic – Campinas (SP). Coordenador da Equipe de Endodontia de Campinas. Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Endodontia. carlosesbueno@terra.com.br

Especialista e Mestre em Endodontia pela Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic de Campinas (SP).

Carlos Eduardo Fontana

Especialista e Mestre em Endodontia pela Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic de Campinas (SP).

Alexandre Sigrist de Martin

Especialista, Mestre e Doutor pela Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Campinas – FOP – UNICAMP.

Augusto Shoji Kato

Mestre em Endodontia pela São Leopoldo Mandic, de Campinas (SP). Professor pesquisador convidado da Osaka Dental University, Osaka, Japão.

Sérgio Luiz Pinheiro

Mestre em Odontologia (Odontopediatria) pela Universidade de São Paulo. Doutor em Odontologia (Dentística) pela Universidade de São Paulo.

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complexidade da anatomia do sistema de canais radiculares constitui um desafio contínuo para o endodontista. A morfologia do segundo molar superior permanente contém inúmeras variações, referentes ao número de raízes, de canais e à sua localização. Assim, o sucesso do tratamento endodôntico está relacionado ao domínio da anatomia. Este estudo teve como objetivo apresentar o tratamento endodôntico de um segundo molar superior com pulpite irreversível, em que o microscópio operatório, associado aos insertos ultrassônicos, foi fundamental para o domínio da anatomia. Localizaram-se quatro canais, dois deles mésiovestibulares, sendo atípica a localização do canal MV2. O sistema Wave One (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça - figura 1) utiliza a cinemática recíproca rotatória, ou seja, oscilação com rotação. Sua espira é torcida no sentido anti-horário, obrigando o motor a rodar, também, neste sentido, diferente dos outros instrumentos rotatórios. A secção do instrumento é triangular convexa na base do instrumento, apresentando ângulo de corte mais agudo, com maior poder de corte. A ponta tem secção triangular convexa modificada, tendo menor poder de corte, apresentando mais massa e maior resistência à fratura. Proporciona maior centralização do preparo dos canais radiculares, apresentando grande capacidade de corte e reduzindo o tempo de instrumentação.

Caso clínico Paciente do gênero masculino, 64 anos, leucoderma, normossistêmico, procurou a clínica particular, com o objetivo de realizar o tratamento endodôntico do dente 17. O paciente relatava uma dor pulsátil e localizada no referido dente, que não cessava com o uso de analgésicos. Verificou- se, após exame clínico e exame radiográfico (figuras 2 e 3), a presença de uma extensa cárie ocluso-distal em contato com a cavidade pulpar. A partir dos sinais e dos sintomas, o diagnóstico foi de pulpite irrever-

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sível, sendo sugerido o tratamento endodôntico seguido de reabilitação protética, devido à extensa destruição coronária. Inicialmente, o paciente foi anestesiado com dois tubetes de solução de Mepivacaína 2% e Epinefrina 1: 100.000 (DFL Indústria e Comércio S.A., Rio de Janeiro, Brasil), usando a técnica terminal infiltrativa. Após a realização do isolamento absoluto e antissepsia do campo operatório, iniciou-se o acesso à câmara pulpar e remoção de todo o teto. Durante o exame com um microscópio operatório (Carl Zeiss Opmi Pico, Berling, Alemanha, com aumento entre 8 e 12,5), encontraram-se três orifícios de canais: mésiovestibular (MV), distovestibular (DV) e palatino (P). Com o auxílio de insertos ultrassônicos TRA 24 (Dental Trinks, Pirituba, São Paulo, SP, Brasil) acoplados em um aparelho de ultrassom J Morita (Suita. City, Osaka, Japão), o acesso coronário foi retificado. Após cateterismo inicial com limas tipo K #10 (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça), os canais foram instrumentados com limas PathFile (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça), até o terço apical, para a criar o glide path, sendo que estas não promovem transporte de forame, por apresentarem ponta inativa e ângulo de transição suave. Posteriormente, foi realizada a odontometria, com localizador foraminal eletrônico (Root ZX II, J Morita, Suita City, Osaka, Japão), e radiografia, com limas para identificação dos canais. A instrumentação dos canais foi realizada com limas reciprocantes do sistema Wave One (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça), por intermédio de um aparelho XSmart Plus (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça), sendo a instrumentação dos canais mésiovestibular (MV) e distovestibular (DV) realizada com o instrumento Primary 025.08, e a instrumentação do canal palatino (P) com o instrumento Large 040.08, até o comprimento de trabalho (1 mm aquém do comprimento real do dente), com movimentos de entrada e saída. Ao longo do processo de limpeza e modelagem, a irrigação foi realizada com hipoclorito de sódio a 2,5% (Biodinâmica Quími-


Caso Clínico ca e Farmacêutica Ltda., Ibiporã, PR, Brasil). Em seguida, foi realizada a patência foraminal com lima tipo K #10, 1 mm, além, do comprimento de trabalho, em todos os canais radiculares. Ao término, realizou-se a irrigação ultrassônica passiva (PUI), com 5 ml de hipoclorito de sódio a 2,5% (Biodinâmica Química e Farmacêutica Ltda., Ibiporã, PR, Brasil), 5 ml de EDTA 17% (Fórmula & Ação, São Paulo, SP, Brasil) e, em seguida, irrigação final com hipoclorito de sódio a 2,5% (Biodinâmica Química e Farmacêutica Ltda., Ibiporã, PR, Brasil), sendo essas soluções agitadas passivamente com inserto ultrassônico TRA 12 (Dental Trinks, Pirituba, São Paulo, SP, Brasil) em aparelho de ultrassom J Morita (Suita. City, Osaka, Japão), em potência 30%, por 20 segundos por cada canal. Os canais radiculares foram secados com Capillary Tip (Ultradent, South Jordan, Utah, EUA) e cones de papel absorvente Wave One Primary e Large (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça). A obturação dos três canais radiculares foi realizada na

mesma sessão com cones de guta-percha Wave One Primary e Large (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça), mediante a técnica de onda contínua de condensação, utilizando-se o aparelho Touch’n Heat (SybronEndo), com cimento AH Plus (Dentsply DeTrey, Konstanz, Alemanha) (figura 4). Em uma segunda sessão, constatou-se presença do canal MV2 (figuras 5 e 6), após nova retificação do acesso coronário, com o auxílio do inserto ultrassônico TRA 24 (Dental Trinks, Pirituba, São Paulo, SP, Brasil), acoplado ao aparelho de ultrassom J Morita (Suita. City, Osaka, Japão). O canal MV2 apresentava localização atípica, em direção ao canal palatino, terminando no mesmo vértice do canal MV, sendo, então, instrumentado e obturado de forma semelhante ao canal MV (figuras 7 e 8). A radiografia final evidenciou, claramente, a presença dos quatro canais radiculares (figura 9). O acesso coronário foi selado com resina composta provisória, e o paciente, encaminhado para o tratamento restaurador (figura 10).

Figura 1

Sistema Wave One (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça).

Figura 2

Exame radiográfico inicial.

Figura 4

Obturação dos três canais radiculares foi realizada na mesma sessão, mediante a técnica de onda contínua de condensação.

Figura 3

O exame clínico evidenciou a presença de uma extensa cárie ocluso-distal em contato com a cavidade pulpar.

Figura 5

Em uma segunda sessão, constatou-se a presença do canal MV2, após nova retificação do acesso coronário, com o auxílio do inserto ultrassônico.

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Caso Clínico

Figura 6

Figura 7

Figura 8

Figura 9

Identificação do canal MV2, o qual apresentava localização atípica, em direção ao canal palatino, terminando no mesmo vértice do canal MV.

Visão clínica após a obturação do canal MV2.

Radiografia de seleção de cone para o canal MV2.

A radiografia final evidenciou, claramente, a presença dos quatro canais radiculares.

Conclusão

O conhecimento da anatomia interna, bem como de suas diversidades, é de suma importância para o sucesso do tratamento endodôntico.Tecnologias que possibilitam magnificação visual aliadas à elevação da luminosidade, ao desgaste seguro das estruturas dentárias e à visualização tridimensional do elemento dental podem aumentar o domínio da anatomia.

Referências

Figura 10

O acesso coronário foi selado com resina composta provisória, e o paciente, encaminhado para o tratamento restaurador.

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1. Castelló-Escrivá R, Alegre-Domingo T, Faus-Matoses V, Román-Richon S, Faus-Llácer VJ. In vitro comparison of cyclic fatigue resistance of ProTaper, WaveOne, and Twisted Files. J Endod. 2012;38(11):1521-4. 2. Pedullà E, Grande NM, Plotino G, Palermo F, Gambarini G, Rapisarda E. Cyclic fatigue resistance of two reciprocating nickel-titanium instruments after immersion in sodium hypochlorite. Int Endod J. 2013;46(2):155-9. 3. Plotino G, Grande NM, Testarelli L, Gambarini G. Cyclic fatigue of Reciproc and WaveOne reciprocating instruments. Int Endod J. 2012;45(7):614-8. 4. Yared G. Canal preparation using only one Ni-Ti rotary instrument: preliminary observations. Int Endod J. 2008;41(4):339-44.


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Caso Clínico

Reabilitação estética anterior com o uso de facetas e coroas cerâmicas livres de metal Vanessa Caramori Rodrigues Especialista em Prótese Dentária pelo Centro de Educação Continuada em Odontologia – INTEGRALE/UNICSUL. Especialista em Implante Dentário pelo Centro de Educação Continuada em Odontologia – INTEGRALE/UNICSUL. vanessacaramori@gmail.com

E

m busca de atender às exigências e os padrões de estética atuais, cresce a busca pelos profissionais da Odontologia por técnicas aprimoradas, materiais imperceptíveis e resultados duradouros dos tratamentos oferecidos a seus pacientes. Influenciados por um padrão de beleza pré-estabelecido, em que dentes alinhados e brancos são sinônimos de saúde, beleza e bem-estar, a sociedade está cada vez mais exigente com relação aos tratamentos que melhorem a aparência do sorriso. Sabe-se que reabilitar, esteticamente, dentes anteriores não é uma tarefa fácil. Muitas são as pesquisas em busca do material com características ideais, como ausência de infiltração marginal, biocompatibilidade, manutenção da cor, resistência à mastigação e boa adesividade ao elemento dental. Além do conhecimento dos materiais, são também elementos fundamentais: a seleção correta do caso, uma interação multidisciplinar e a comunicação profissional-paciente1. As coroas e facetas laminadas de porcelana são próteses que devolvem forma e função aos elementos dentais, esteticamente comprometidos, por meio do seu recobrimento. As cerâmicas são conhecidas pela sua propriedade estética, estabilidade de cor, biocompatibilidade e excelentes propriedades ópticas. Esse material foi modificado ao longo dos anos para adquirir resistência mecânica e oferecer a possibilidade de ser utilizado de maneira independente como material restaurador, ou seja, livre de metal2. A indicação desses tipos de próteses depende do grau de destruição da estrutura dentária, da habilidade do cirurgião-dentista e do técnico de laboratório, além da exigência estética do paciente3. O presente trabalho pretende, por meio de um relato de caso clínico, ressaltar a importância, as indicações e contraindicações, e o resultado estético final conseguido com uma reabilitação através de facetas e coroas cerâmicas livre de metal em região anterior.

Caso clínico Paciente do gênero masculino, 45 anos, compareceu a clínica de especialização em Prótese Dentária do Centro de Educação Continuada em Odontologia – INTEGRALE/UNICSUL queixando-se da aparência do seu sorriso e visando um tratamento

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estético. Em sua condição inicial, observou-se o mau posicionamento e intenso manchamento dos dentes por nicotina, restaurações pigmentadas, espaços negros devido aos problemas periodontais e a desarmonia do sorriso (figura 1). Foram realizados anamnese, exames físico e radiográfico e, então, planejado a reabilitação anterior com facetas de porcelana nos dentes 13, 12, 11, 21, 22, 23.

Relevância clínica Primeiramente, o paciente foi submetido aos tratamentos periodontais e endodônticos. As restaurações deficientes foram substituídas. Para tanto, utilizou-se o sistema adesivo Single Bond (3M) e a resina composta Filtek Z350 (3M) na cor A2. Checados o equilíbrio periodontal e o sucesso endodôntico, deu-se sequência ao tratamento protético. Realizou-se a moldagem inicial das arcadas com alginato Hydrogum (Zermack) para confecção dos modelos de estudo, e enceramento diagnóstico para a aprovação do paciente. A partir do enceramento, foram confeccionadas as guias de silicona, as quais orientaram a realização dos desgastes dentários (figura 2). No momento dos preparos, observou-se grande fragilidade do remanescente do elemento 12, não havendo estrutura suficiente para confecção de faceta de porcelana. Optou-se, então, por utilizar um pino de fibra de vidro (Reforpost - FGM) intracanal, com cimentação do mesmo com cimento resinoso autocondicionante (Rely-X U100 - 3M) e, posteriormente, realizou-se o preparo para coroa total metal free. Os demais dentes receberam preparo minimamente invasivos para laminados cerâmicos (figura 3). Para os preparos foram realizadas canaletas de orientação com broca 1012 (KG Sorensen). O término em ombro arredondado foi determinado utilizando-se broca 4138 (KG Sorensen). A redução do volume dental foi realizado com broca 3116 (KG Sorensen) e o acabamento dos preparos com brocas de granulação fina e ultrafina e discos abrasivos (Sof-Lex - 3M). Os provisórios foram confeccionados com resina acrílica autopolimerizável (Dencor - Clássico Ltda.) na cor 66 e instalados na mesma sessão (figura 4).


Caso Clínico Em outra sessão, foi realizada a moldagem de trabalho, em que foram utilizados fios para o afastamento gengival (Ultrapak Ultradent Products`Inc). Por meio da técnica do duplo fio, dois fios foram introduzidos em cada sulco gengival. O primeiro deles, mais calibroso, foi removido de cada sulco no momento da moldagem, a qual foi realizada em etapa única. O segundo, menos calibroso, permaneceu nos respectivos sulcos gengivais durante a moldagem. A silicona de adição (Aquasil - Dentsply) foi o material de eleição para o procedimento de moldagem. Para tanto, introduziuse o material leve nos sulcos gengivais com o auxílio de uma pistola de moldagem e, em seguida, o material denso foi levado na moldeira, previamente selecionada. Após a polimerização do material, verificou-se a precisão do molde (figura 5). Concluída com sucesso a etapa de moldagem, realizou-se o registro interoclusal com resina acrílica autopolimerizável (Duralay), e tomou-se o registro de cor, utilizando-se a escala Vitapan Classical (Vita). A cor selecionada foi o B4 (figura 6). Molde, registro de mordida e fotos com a seleção de cor foram enviados ao laboratório para a confecção das peças cerâmicas. Após o término da fase laboratorial, as facetas e a coroa foram enviadas à clínica para provas e ajustes (figura 7). Sequencialmente, para as instalações protéticas, foram feitos os preparos prévios, tanto nos remanescentes dentários quan-

to nas peças. Nos dentes, foi realizada apenas profilaxia com pedra-pomes. As peças cerâmicas foram tratadas internamente com ácido hidrofluorídrico 20% por 20 segundos, seguido de ataque com ácido fosfórico 37% para remoção de partículas de sílica, lavagem e secagem. As peças foram silanizadas (Silano – FGM), adesivadas (Prime & Bond - Dentsply) e fotopolimerizadas por 20 segundos (figura 8). Após o preparo dos dentes e das peças, foi manipulado um cimento resinoso autoadesivo de polimerização dual (Rely-X U100 - 3M) e o mesmo foi aplicado no interior das peças, as quais foram assentadas sobre seus respectivos substratos. O excesso do cimento extravasado foi removido com a ponta de uma sonda exploradora e, em seguida, realizada a fotopolimeração das peças por 60 segundos em todas as faces. O restante do material em excesso foi removido, posteriormente, com borrachas para acabamento e polimento. Ao final da sessão de cimentação, observa-se ainda a presença de um pequeno espaço negro na ameia gengival entre os incisivos centrais (figura 9) que, após um mês da instalação, mostra o completo preenchimento pela papila interdental (figura10). A vista lateral do sorriso apresenta a texturização e caracterização das peças, conferindo naturalidade ao tratamento reabilitador estético (figura 11).

Figura 1

Figura 2

Figura 3

Figura 4

Condição inicial.

Dentes 13 ao 23 previamente ao tratamento protético.

Sorriso inicial.

Dentes 13 ao 23 preparados para facetas de porcelana, com exceção do 12, o qual recebeu preparo para coroa total.

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Caso Clínico

Figura 5

Provisórios instalados.

Moldagem com silicona de adição.

Figura 7

Figura 8

Figura 9

Figura 10

Seleção de cor.

Peças preparadas.

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Figura 6

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Peças finalizadas.

Visão após cimentação das peças.


Caso Clínico

Figura 11

Vista lateral do sorriso. Observa-se a textura das peças, conferindo naturalidade ao tratamento reabilitador protético.

Figura 12

Condição final.

Figura 13

Sorriso final.

Discussão Vários fatores podem influenciar no momento de escolher e planejar o tratamento para determinado paciente. A quantidade de estrutura dentária, a idade do paciente, a oclusão, o risco à cárie, o padrão de higiene oral, a relação custo-benefício, a habilidade do profissional e o apoio laboratorial4. Outro fator, de elevada importância, é a expectativa do paciente, a qual também direcionará a escolha do plano de tratamento a ser desenvolvido. Facetas e coroas de porcelana têm sido muito utilizadas para ajudar a melhorar o sorriso dos pacientes. Essas restaurações livres de metal são confeccionadas a base de cerâmica, as quais deixam o trabalho final muito semelhante às estruturas dentárias, devido às suas propriedades vítrea e cristalina. Sua boa tolerabilidade ao meio bucal, com relação à solubilidade e à corrosão, deve-se a estabilidade química que esses materiais possuem5.

As facetas de porcelana possuem uma série de vantagens, como dureza, resistência à abrasão, adesão, estética, biocompatibilidade, estabilidade química, radiopacidade, condutibilidade e expansão térmica próximo ao das estruturas dentais e estabilidade de cor6. É possível, ainda, recuperar volume labial, reforçar dentes muito restaurados, restabelecer guias e linha do sorriso e corrigir pequenos desvios através das facetas de porcelana7. Outro fator que favorece a utilização de facetas é no que diz respeito à integração periodontal, visto que seus preparos são posicionados em nível gengival, agredindo minimamente a gengiva vestibular e preservado totalmente o periodonto palatino8. No caso clínico em questão, o paciente apresentava problema periodontal crônico, onde a perda óssea promoveu a apicalização do tecido gengival e, consequentemente, a formação de espaços negros “black spaces” interdentais. Com a instituição

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Caso Clínico dos tratamentos periodontal e protético, desde a fase de provisórios, os pontos de contatos interdentais foram direcionados apicalmente, em relação à crista óssea, diminuindo-se essa distância. Segundo Tarnow et al.9 (1992), a distância de 5 mm entre o ponto de contato e a crista óssea promove a formação de papila interdental em 100% dos casos, dado este corroborado com o presente relato clínico, onde se observou o completo preenchimento dos espaços interdentais, com a migração da papilas após um mês de cimentação das facetas e da coroa total. No entanto, as restaurações cerâmicas também apresentam algumas desvantagens, como a possibilidade de desgastar os dentes antagonistas, os passos clínicos e laboratoriais de moldagem e de provisórios, friabilidade antes da cimentação, alto custo e maior tempo de confecção quando comparadas com as facetas diretas6. Outro fator que pode limitar a indicação do uso das facetas de porcelana é o grau de escurecimento do substrato. Em casos de pigmentações severas, o tratamento com coroa total se torna esteticamente mais previsível e favorável3, como o desenvolvido no presente caso. A quantidade de estrutura dentária disponível, principalmente esmalte, é de suma importância para o sucesso em longo prazo dos laminados cerâmicos. O cirurgiãodentista e o ceramista devem tomar muito cuidado no momento da escolha do material restaurador, no controle de sua espessura e no uso do cimento correto, para que haja um resultado favorável, mascarando bem o substrato escurecido3. Para um resultado mais aprimorado e detalhado, deve-se tomar alguns cuidados durante a realização da técnica, como o desgaste dentário adequado, o registro de todas as margens do preparo durante a moldagem, a confecção de provisórios obedecendo o limite das margens cervicais e incisais e dos contornos proximais e vestíbulo-palatinos, além do cuidado na manipulação das peças durante a etapa de cimentação e ajustes10.

Conclusão Os laminados e a coroa de cerâmica livres de metal apresentaram ótimo resultado funcional e estético, dentro da indicação e limitação da técnica. Para se obter sucesso, o tratamento reabilitador deve ter uma abordagem multidisciplinar, devendo o profissional ficar atento também a outros aspectos, como as condições periodontais e endodônticas e à expectativa do paciente.

Referências 1. Pietrobon, N; Malament, K. A. Team approach between prosthodontics and dental technology. Eur J Esthet Dent. v.2, p.58–79, 2007. 2. Magne, P. Composite resins and bonded porcelain: the postamalgam era? J Calif Dent Assoc. v. 34, p. 135–147, 2006. 3. Cardoso, J. S.; Almeida, C. J.; Fernandes, S.; Silva, C. L.; Pinho, A.; Fischer, A.; Simões, L. Co-existence of Crowns and Veneers in the Anterior Dentition: Case Report. The European Journal oh Esthetic Dentistry. Espinho/Portugal: v. 4, nº 1, Primavera 2009. 4. Dunn, J. Direct composite or bonded porcelain : a clinical choice for anterior aesthetics. J. Calif. Dent. Ass. v. 22, n. 4, p.73-83, Abr. 1994. 5. Kina, S. Cerâmicas Dentárias. R Dental Press Estét. v.2, nº2, p. 112-128, abr/ mai/ jun, 2005. 6. Mondelli, R. F. L.; Coneglian, E. A. C.; Mondelli, J. Reabilitação Estética do Sorriso com facetas Indiretas de Porcelana. Biodonto, São Paulo: vol. 1, nº 5 set./ out. 2003. 7. Vieira, S. Discutindo Ciencia Facetas laminadas em porcelana e coroas livres de metal – uma opção estética. Revista Ibero-americana de odontologia estética e dentística. v.4, nº 13, p 1-102, 2005. 8. Padbury, A. Jr, Eber, R., Wang, H.L. Interactions between the gingiva and the margin of restorations. J Clin Periodontol. v.30, p.379–385, 2003. 9. Tarnow, D. P.; Magner, A. W.; Fletcher, P. The effect of the distance from the contact point to the crest of bone on the presence or absence of the interproximal dental papilla. J Periodontol. 1992 Dec; 63(12): 995-6. 10. Castro, J.C.M., Aranena, A., Kassebe, K.B., POI, W. R. Facetas Laminadas em Porcelana: Uma Opção para o Clínico Geral. Revista da Faculdade de Odontologia de Lins, v.12, nº1 e 2, jan/dez, 2000.

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NORMAS PARA PUBLICAÇÂO

A seção CASO CLÍNICO da ODONTO MAGAZINE tem como objetivo a divulgação de trabalhos técnico-científicos produzidos por clínicogerais e/ou especialistas de diferentes áreas odontológicas. Gostaríamos de poder contar com trabalhos originais brasileiros, produzidos por cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e médicos, para divulgar esse material em nível nacional por meio da revista impressa e pelo site: www. odontomagazine.com.br Os trabalhos devem atender as seguintes normas: 1) Ser enviados acompanhados obrigatoriamente de uma autorização para publicação na ODONTO MAGAZINE, assinada por todos os autores do artigo. No caso de trabalho em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. Essa autorização deve também dar permissão ao editor da ODONTO MAGAZINE para adaptar o artigo às exigências gráficas da revista ou às normas jornalísticas em vigor. 2) O texto e a devida autorização devem ser enviados para o e-mail: vanessa.navarro@vpgroup.com.br. As imagens precisam ser encaminhadas separadas do texto, em formato jpg e em altaresolução. Solicitamos, se possível, que o artigo comporte no mínimo três imagens e no máximo 30. As legendas das imagens devem estar indicadas no final do texto em word. É necessário o envio da foto do autor principal do trabalho. 3) O texto deve seguir a seguinte formatação: espaço entre linhas simples; fonte arial ou times news roman, tamanho 12. As possíveis tabelas e/ou gráficos devem apresentar título e citação no texto. As referências bibliográficas, quando existente, devem estar no estilo Vancouver. 4) Se for necessário o uso de siglas e abreviaturas, as mesmas devem estar precedidas, na primeira vez, do nome próprio. 5) No trabalho deve constar: o nome(s), endereço(s), telefone(s) e funções que exerce(m), instituição a que pertence(m), títulos e formação profissional do autor ou autores. Se o trabalho se refere a uma apresentação pública, deve ser mencionado o nome, data e local do evento. 6) É de exclusiva competência do Conselho Científico a aprovação para publicação ou edição do texto na revista ou no site. 7) Os trabalhos enviados e não publicados serão devolvidos aos autores, com justificativa do Conselho Científico. 8) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor (res). Os trabalhos publicados terão os seus direitos autorais guardados e só poderão ser reproduzidos com autorização da VP GROUP/Odonto Magazine. 9) Cada autor do artigo receberá exemplar da revista em que seu trabalho foi publicado. 10) Qualquer correspondência deve ser enviada para: Vanessa Navarro - Odonto Magazine Alameda Amazonas, 686 – sala G1 Alphaville – Barueri - SP CEP: 06454-070 11) Ao final do artigo, acrescentar os contatos de todos os autores: nome completo, endereço, bairro, cidade, estado, CEP, telefones e e-mail. 12) Informações: Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506




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