Ano 1 - N° 9 - Outubro de 2011
www.odontomagazine.com.br
ISSN 2179-8796
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Editorial
Mês do Cirurgião-Dentista
Q
uando se fala em saúde, logo pensamos em hospitais e médicos, mas também devemos lembrar da saúde bucal, igualmente importante, pois tem reflexos sobre nossa saúde como um todo. Além do aspecto da saúde fisiológica, a importância do cirurgião-dentista se revela quanto à saúde mental, uma vez que o cuidado com a estética do sorriso é de suma importância para a autoconfiança, a afirmação pessoal. Sabe-se que indivíduos que não gozam de um sorriso bem formado, acabam, em boa parte dos casos, por desenvolver complexos negativos e algumas dificuldades de convívio social. Este ofício, que já conta com mais de 200 mil profissionais no país, revela-se de nobreza ímpar ao lidar com estas duas esferas das quais o ser humano depende incondicionalmente para viver com qualidade e seguir sua história, construindo o que mais buscamos: a felicidade e a realização pessoal. Antigamente os dentistas eram chamados de dentistas práticos, sem formação ou com pouco conhecimento, que não tratavam os dentes, mas faziam apenas a extração daqueles que estavam “muito estragados:. Normalmente eram barbeiros ou ambulantes, que trabalhavam em locais precários e sem a higiene necessária. Hoje em dia, a consciência sobre a Saúde Bucal mudou muito. Sabe-se da importância dos trabalhos preventivos, motivo pelo qual a saúde bucal deve começar ainda no ambiente intrauterino com os cuidados da mãe e posteriormente do recém-nascido. A primeira escola dentária, para formar dentistas, surgiu em 1840, em Baltimore, nos Estados Unidos. O dia mundial do dentista é comemorado em 03 de outubro, porém, no Brasil, comemora-se o Dia do Dentista em 25 de outubro, pois neste mesmo dia, no ano de 1884, foi assinado o decreto 9.311, que criou os primeiros cursos de graduação de Odontologia do Brasil, no Rio de Janeiro e na Bahia. Nos 127 anos de história dessa profissão no país, o que se pode certamente afirmar é que milhões e milhões de cidadãos brasileiros prestam homenagens e também gratidão àqueles aos quais devemos parcela significativa da nossa saúde do corpo e da alma, e para quem abrimos um grande sorriso. Desejamos a todos os cirurgiões-dentistas muita saúde e sucesso profissional. Tenham uma leitura proveitosa. Um grande abraço,
Edição: Ano 1 • N° 9• Outubro de 2011 Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7501 Gerência Geral Marcela Petty e. marcela.petty@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7502 Marketing Ironete Soares e. ironete.soares@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7500 Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7761 Bruna Oliveira e. bruna.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7765 Arte Débora Becker e. debora.becker@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7509 Sistemas Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br t. +55 (11) 4197.7762 Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente de Contas Vivian Ceribelli Pacca e. vivian.pacca@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7507 Diretora Científica Dra. Lusiane Borges e. lusianeborges@uol.com.br Conselho Científico Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Rodolfo Candia Alba Jr., Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo e William Torre.
Dra. Lusiane Borges Diretora Científica
A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comerciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. É uma publicação da VP Group voltada para profissionais de odontologia das mais diversificadas especialidades. Conta com a distribuição gratuita e dirigida em todo território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor. Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica
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Sumário
Outubro de 2011 • Edição: 09
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14
Reportagem
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Entrevista
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Espaço equipe
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Editorial
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Programe-se
8
Notícias
10
Odontologia Segura
12
Produtos e Serviços
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Odontologia do Sono é uma realidade profissional de grande importância
pág.
Boca: o espelho da saúde Muito além do cirurgião-dentista Danielle Palacio
22
Relacionamento
28
Ponto de vista
34
Gestação e Odontologia Ergonomia: doenças de risco e prevenção – Parte III 42
Colunistas
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Desmistificando a prótese sobre implante: enfoque no tratamento com resolubilidade simples e satisfatória
Aumento de coroa anterior estético minimanente traumático Maristela Lobo
Gestão
Felipe Chibás Ortiz e Claudia Firmino de Freitas
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Ciência e Saúde Julio Bassi
Casos Clínicos
Marcelo Bighetti Toniollo, Daniel Palhares, Tiago Gilioli Varise, Glauber Macedo Rama, Julio César Batista dos Santos e Maria da Gloria Chiarello de Mattos
Vanessa Camilo Borges e Alexandre Menoncello Ballerine
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18
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Recuperação da estética do sorriso utilizando procedimentos restauradores diretos e cirúrgicos periodontais Ana Paula Albuquerque Guedes, Sandra Rahal Mestrener, Thaís Yumi Umeda Suzuki, Wirley Gonçalves Assunção, Eduardo Passos Rocha e Paulo Henrique dos Santos e Fernanda Garcia de Oliveira
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Normas para publicação julho de 2011
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Programe-se
Outubro 8º Congresso da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial 12 a 15 de outubro de 2011
O principal objetivo desta edição é buscar o permanente aperfeiçoamento dos associados da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial, apresentando-lhes as mais recentes tecnologias e pesquisas científicas da Ortodontia e áreas afins, com palestrantes internacionais e nacionais de notório saber.
III Congresso Internacional de Odontologia 20 a 22 de outubro de 2011
O CIOVIC 2011 terá como tema central “Odontologia: uma questão de excelência e compromisso social”. Neste Congresso serão abordados temas de grande relevância na área de odontologia, com enfoque em elevar a demonstração da qualidade dos projetos de educação em saúde bucal e a qualificação profissional.
Vitória da Conquista - BA www.abo-vc.com.br/ciovic ***
Belo Horizonte – MG
www.congressoabor2011.com.br
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XVII Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Reabilitação Oral 14 e 15 de outubro de 2011
Com foco na “Odontologia Contemporânea e seu Futuro”, o evento terá uma programação científica riquíssima, ministrada por verdadeiros mestres da área, que prepararam um material inédito para este encontro.
27 a 29 de outubro de 2011
Congresso Internacional de Auxiliares e Técnicos em Saúde Bucal (CIATESB) 15 e 16 de outubro de 2011
O CIATESB é o primeiro Congresso no Brasil direcionado exclusivamente à Equipe Auxiliar (ASB e TSB). O evento contará com a participação de renomados profissionais de saúde bucal e será realizado no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo.
São Paulo-SP
O evento tem o intuito de trazer informação e conhecimento, ocupando um lugar de destaque no cenário odontológico mundial. O encontro contará com a presença de grandes profissionais das áreas de Cirurgia Bucomaxilofacial, Ortodontia e Implantodontia do Brasil e do mundo.
Passo Fundo – RS
www.ciors.com.br ***
Os participantes terão a oportunidade de seguir as mais recentes atualizações e avanços nos principais temas da prótese dentária. Ministradores nacionais e internacionais apresentarão cursos e conferências sobre as atualidades e novas técnicas.
Dezembro
São Paulo-SP
A conferência visa promover um diálogo equitativo entre governos e da sociedade civil internacional, através da mobilização de delegações nacionais constituídas por lideranças do governo, acadêmicos, representantes de movimentos sociais e dos trabalhadores, cujas discussões devem apontar para a consolidação dos já existentes sistemas universais e promoção do desenvolvimento de novas iniciativas.
www.apdesp.org.br ***
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12 a 14 de novembro de 2011
12º Congresso Internacional de Técnicos em Prótese Dentária da APDESP
Rio de Janeiro – RJ www.sbro.com.br
1º CIORS – Congresso Internacional de Odontologia do Rio Grande do Sul
Novembro 7º World Congress IFED e 17º Congresso Internacional SBOE 02 a 05 de novembro de 2011
I World Conference of Social Security 01 a 05 de dezembro de 2011
Brasília – DF
confmundial@saude.gov.br
Mais de 15 conferencistas de todo o mundo, workshops variados, mais de 40 horas de informação, mais de 1.500 profissionais de vários países, presença das principais empresas do setor e três noites de eventos especiais exclusivos.
20 Simpósio Internacional de Fissuras Ororfaciais e Anomalias Relacionadas
Rio de Janeiro - RJ
10 e 11 de dezembro de 2011
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7º CIO – Congresso Internacional de Odontologia
4º Congresso Maranhense de Odontologia
O objetivo do encontro é divulgar as pesquisas desenvolvidas pelos pós-graduandos da instituição e discutir medidas de prevenção e tratamento. Também será debatida a criação de núcleos de assistência e pesquisa em diferentes regiões do país.
17 a 21 de outubro de 2011
09 a 12 de novembro de 2011
Bauru – SP
www.ciatesb.com.br
www.sboe.com.br
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O evento contará com a participação de palestrantes nacionais e internacionais e com um público estimado de 500 participantes, entre profissionais, estudantes e docentes.
São Paulo – SP
www.futurodentista.com.br/7cio
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O congresso realizado pela Associação Brasileira de Odontologia (ABO) seção Maranhão terá como tema: “Evidência Científica e Inovações Tecnológicas na Prática Odontológica”.
www.centrinho.usp.br/eventos/
São Luís – MA
www.abo.ma.com.br
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Notícias CFO proíbe toxina botulínica em tratamentos estéticos O Conselho Federal de Odontologia (CFO) vetou o uso da toxina botulínica e do ácido hilaruônico por cirurgiões-dentistas para fins estéticos. O uso da toxina com objetivos terapêuticos ainda é permitido. A decisão foi tomada após uma assembleia ocorrida no mês de agosto, onde estiveram presentes os presidentes dos conselhos regionais. O CFO afirma na resolução que operações de correção estética não pertencem à área de atuação de profissionais da Odontologia. O texto define que o Conselho irá “proibir o uso do ácido hialurônico em procedimentos odontológicos até que se tenham melhores comprovações científicas e reconhecimento da sua utilização na área odontológica” e “proibir o uso da toxina botulínica para fins exclusivamente estéticos e permitir para uso terapêutico em procedimentos odontológicos”. No texto, é destacado ainda que “a literatura até o momento não oferece condições seguras de utilização destas substâncias e há falta de evidência científica na área odontológica”. A norma já está em vigor. www.cfo.org.br
Casos de bruxismo aumentam em crianças também constitui um estímulo para a docente: “há indagações acerca do perfil psicológico do paciente com bruxismo, quais são as características comuns constantes, por exemplo. Também começamos a levantar hipóteses sobre a influência genética, de fatores sistêmicos, na ocorrência do distúrbio”. Segundo ela, há ainda muito a ser esclarecido.
Na clínica odontopediátrica da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP, o problema é a terceira causa que mais influencia na procura por dentistas, ficando atrás apenas da cárie e de traumatismos dentais. De acordo com a docente Kranya Victoria Díaz-Serrano, da FORP, isso indica o quanto a percepção do bruxismo mudou. “Antes eram os profissionais que, numa consulta por outro motivo, notavam que a criança estava rangendo os dentes. Agora é a família que percebe o problema e procura ajuda”, explica. Para a professora, que lidera diversas linhas de pesquisa dedicadas ao estudo do distúrbio e das Desordens Temporomandibulares (DTM) na população infantil, essa intervenção da família aumenta as chances de um diagnóstico precoce, da interceptação do problema e de um tratamento coerente. Porém, explica a docente, há carência de profissionais especializados em bruxismo e DTM em crianças, o que tem resultado no aumento da demanda para este atendimento específico. Segundo a professora, a falta de profissionais capacitados pode ter como ponto de origem o fato que a maioria dos cursos de graduação não inclui na sua grade curricular a abordagem destes problemas voltados para as crianças e adolescentes, apenas para adultos. “A alta ocorrência do distúrbio gera uma necessidade cada vez maior de profissionais capacitados”, afirma Kranya, apontando que o fato é uma das maiores motivações para suas pesquisas. Além disso, o amplo leque de possibilidades de exploração do tema
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Pioneirismo O bruxismo é um hábito parafuncional involuntário caracterizado pelo apertamento e rangimento dental, o qual pode se manifestar em adultos e crianças, tanto em vigília quanto durante o sono, o que é mais comum. Desde 2002, as pesquisas na FORP têm como enfoque diferentes aspectos do bruxismo em crianças. Um deles procura validar um instrumento de avaliação clínica, outro busca respostas sobre os fatores de risco que possam levar ao distúrbio. “Nós nos perguntamos se hábitos, como mascar chiclete ou roer unhas podem ter alguma relação com a doença, como apontam as tendências, mas não existe comprovação científica para isso”, diz a professora Kranya. O ranger e apertar dos dentes pode trazer consequências, como desgaste dental, dor facial ou até mesmo alto impacto nas estruturas mastigatórias. Outra pesquisa da FORP diz respeito à aplicação de técnicas terapêuticas complementares, tais como a acupuntura, para alívio da dor muscular, assim como para a diminuição da ansiedade e estresse, considerados fatores de risco para a manifestação desta desordem. Em outra linha, a inovação fica por conta da análise de radiografias digitalizadas e de tomografias computadorizadas de crianças com o distúrbio, em uma tentativa de descrever as possíveis alterações nas estruturas óssea e dental causadas pelo problema. A professora Kranya Díaz-Serrano atesta que essas pesquisas têm várias frentes de importância. Além de contribuir para a ampliação de conhecimento científico na área, ainda um tanto quanto escasso, elas visam a formação de profissionais capacitados para o diagnóstico e atendimento da população infantil com bruxismo. Também o atendimento à comunidade se consolida como expressão das atividades de extensão e do compromisso social da Universidade. Fonte: Agência USP
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Existem vários responsáveis Existem vários responsáveis por um sorriso bonito. por um sorriso bonito. Um deles é o dentista. Um deles é o dentista. Parabéns. Parabéns.
25 de outubro. Dia do Dentista. 25 de outubro. Dia do Dentista.
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Odontologia Segura
Dúvidas frequentes sobre Biossegurança Odontológica A Dra. Lusiane Borges*, cirurgiã-dentista especialista em biossegurança, esclarece as principais dúvidas sobre a segurança na odontologia.
Podemos esterilizar o instrumental ou artigos com o ácido peracético? Quais são as indicações para utilização na odontologia? Lusiane Borges - Não. Nossa legislação não permite uso de substâncias químicas para esterilização. O ácido peracético é utilizado para esterilização somente em condições automatizadas em equipamentos especiais usados em hospitais e devidamente aceitos pela ANVISA. O uso indicado do ácido peracético na Odontologia é na desinfecção de superfícies fixas, substituindo com superioridade o álcool líquido 70% - que é de médio grau de desinfecção e há muito tempo utilizado na área. O ácido peracético é uma substância considerada de alto grau de desinfecção, eliminando esporos além de neutralizar a matéria orgânica e ser biodegradável. Quais embalagens são consideradas seguras para esterilização? Lusiane Borges - A escolha da embalagem irá depender das características do material e do processo de esterilização escolhido e também de alguns requisitos básicos, como: • Permitir o contato do agente esterilizante com o artigo. • Ser resistente ao manuseio, calor, umidade e tração. • Proporcionar barreira microbiana, ou seja, ser impermeável às partículas microscópicas. • Estar livre de resíduos tóxicos, como os corantes, alvejantes e nutrientes microbianos. • Deve proporcionar selagem adequada, resistir a punções, rasgos e furos. Não deve gerar partículas. • Possuir indicadores químicos de processo. • Possuir registro no Ministério da Saúde. Como alternativa para esterilização em estufa é recomendada a utilização das embalagens de Nylon, que suportam altas temperaturas sem perder a integridade. Já para autoclave, recomendamos as embalagens de Papel Grau Cirúrgico, que são muito resistentes e proporcionam uma esterilização segura e duradoura, pois permitem que o material seja armazenado estéril por longos períodos.
Que tipo de detergente devemos utilizar para lavar o instrumental? Lusiane Borges - Para que se obtenha um melhor resultado por meio da limpeza em cubas ultrassônicas, recomendamos a utilização de detergentes enzimáticos. Os enzimáticos têm a característica de agir sobre a sujidade das matérias orgânicas, sangue, proteínas, gorduras, mucos, tecidos e particulados aderidos às superfícies de todo o instrumental cirúrgico, desincrostando-os e limpando-os profundamente e sem agredí-los. É normal após a esterilização verificarmos que o material ficou úmido? Como devemos preceder? Lusiane Borges - O processo de secagem é um dos principais fatores no que se refere à qualidade e efetividade da esterilização, pois quando retiramos o material da autoclave úmido ou molhado, existe um grande risco de recontaminação do mesmo. Não é normal deixarmos o material secando por várias horas após o término do ciclo completo de esterilização e secagem, por este motivo, é importante verificar quais as reais causas que não permitem a efetividade da secagem após o processo de esterilização, ou seja, verificar se o ciclo que está sendo utilizado é condizente com o material que está sendo esterilizado, se a autoclave possui ciclo de secagem, ou ainda verificar junto ao serviço de manutenção da autoclave um possível defeito no equipamento. Envie suas dúvidas relacionadas à biossegurança odontológica para o e-mail: vanessa.navarro@vpgroup.com.br.
*Cirurgiã-dentista pela UMESP, São Bernardo (SP). Formada em Biomedicina pela UNISA/ UNIFESP. Especialização em Microbiologia pela Faculdade Oswaldo Cruz, São Paulo. Especialista e Pós-Graduanda em Controle de Infecção em Saúde pela UNIFESP, São Paulo. Coordenadora de Cursos para ASB/TSB na APCD e na ABO. Autora-Coordenadora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”, Editora Santos, 2011. Diretora-Presidente da Biológica Consultoria em Saúde, em São Paulo. Coordenadora da Pós-Graduação da UNINGÁ Santo Amaro, São Paulo. Consultora Científica da Medsteril e da Oral-B, em São Paulo.
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Odontologia do Sono é uma realidade profissional de grande importância Dormir bem é uma questão de saúde. Ronco é um problema social. Ambos, quando necessário, devem ser tratados por especialistas no assunto. A Odontologia também pode colaborar no tratamento. Por: Célia Gennari
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Odontologia do Sono é uma especialidade onde o cirurgião-dentista (CD) tem uma formação global sobre a Medicina do Sono, habilitando-o para auxiliar no diagnóstico dos distúrbios do sono e para o tratamento do ronco e da apneia com dispositivos intraorais. O diagnóstico positivo do ronco noturno depende da constatação de ruídos inspiratórios característicos durante o sono. Na verdade, o diagnóstico, aparentemente simples, depende sobremaneira, de informações que possam ser prestadas por quem convive com o roncador, uma vez que o portador deste tipo de distúrbio, usualmente nega a existência do problema, muitas vezes por falta de consciência do mesmo. Já o diagnóstico positivo da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono – SAOS, segundo Dr. Paulo Nabarro*, mestre e especialista
em Ortodontia, membro da Sociedade Brasileira de Sono – SBS, depende de dados colhidos por meio da história clínica e a investigação iniciase com endoscopia nasofaríngea rígida e flexível com realização de Manobra de Müller em posição sentada e supina, realizada pelo médico otorrinolaringologista, completando-se com o exame físico, de estudos de sonolência, confirmando-se definitivamente, após a realização da polissonografia. Gera diagnóstico conclusivo, a presença de IA ou IAH > 5, sonolência diurna excessiva, sono fragmentado, dessaturação da oxihemoglobina > 4%, dados estes, obtidos por meios de exames e questionários específicos. Os primeiros sintomas que apontam os problemas relacionados ao distúrbio do sono é a ocorrência de ronco pesado, períodos de parada respiratória relatados pelo companheiro, sonolência diurna excessiva, sono fragmentado por despertares frequentes,
*O Dr. Paulo Nabarro é mestre e especialista em Ortodontia, especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares, pós-graduado em Medicina do Sono na AFIP/ Instituto do Sono e professor e coordenador dos cursos de Especialização em Ortodontia, dos cursos de Residência em Ortopedia Funcional dos Maxilares e de Extensão em Odontologia do Sono da Associação Maringaense de Odontologia – AMO. É membro da Associação Brasileira de Ortodontistas- ABOR e da Sociedade Brasileira de Sono - SBS.
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Reportagem sono não reparador, dor de cabeça matinal, mudanças de personalidade, tais como, irritabilidade ou alterações temperamentais. Em casos mais severos, Dr. Paulo Nabarro explica que o paciente também apresenta ansiedade severa ou depressão, desempenho pobre no trabalho, perda de agilidade, memória nebulosa, deterioração intelectual, bruxismo, secura bucal ao acordar e até irregularidades cardíacas e pressão sanguínea alta, causando complicações, como alteração da estrutura do sono, sobrecarga cardíaca, alteração da função do Sistema Nervoso Autônomo SNA, aumento da atividade simpática e alterações inflamatórias. O bruxismo é um sintoma que deve ser considerado à parte, pois alguns estudos relatam redução do tônus dos músculos de via aérea superior (orofaringe) nos eventos obstrutivos durante o sono (apneias, hipopneias, eventos de redução de fluxo aéreo). Essa redução do tônus leva à retrusão e à abertura mandibular, colapso da língua contra a parede posterior da orofaringe e, consequentemente, redução da luz da via aérea superior, principalmente na posição de decúbito dorsal. “O evento do bruxismo entraria, neste momento, como uma forma de reposicionar a mandíbula, na tentativa de desobstruir a via aérea, melhorando assim a patência da via aérea superior”, esclarece. A ingestão de álcool, especialmente antes de dormir, o uso de sedativos para conciliar o sono ou uso regular de anti-histamínicos, o peso excessivo e a idade são as possíveis causas para o distúrbio do sono. Mais especificamente como causas prováveis da apneia obstrutiva noturna podem-se citar a obesidade, o estreitamento estrutural de vias aéreas superiores – como hipertrofia adenotonsilar, excesso de tecido faríngeo, micrognatia, macroglossia, retrognatia, sedentarismo, envelhecimento, respiração bucal, obstrução nasal (desvios de septo, hipertrofia de cornetos, pólipos nasais), neoplasia faríngea, bócio e alergia, hipertrofia de tonsilas e úvula (por alergia, infecção ou traumatismo) a distrofia muscular (principalmente do gradil costal), a ingestão de álcool, drogas, relaxantes, a administração de benzodiazepínicos ou testosterona e hipotireoidismo.
Questão de qualidade de vida A falta de um sono saudável pode interferir na qualidade de vida do paciente, por isso é muito importante eliminar as possíveis causas. No corpo, a falta de um sono saudável causa dor muscular, fadiga, diminuição do bem-estar físico, alterações cardiovasculares, hormonais e acidentes. Já na mente, afeta a concentração, alerta, ansiedade, diminuição da capacidade mental além de influenciar no aprendizado e memória. Desta forma, a Odontologia do Sono atua com os aparelhos específicos, sendo os mais utilizados os reposicionadores mandibulares, que são indicados nos casos de apneia leves e moderadas, IAH até 30, pacientes retrognatas, pacientes não muito acima do peso e como coadjuvante em outros tratamentos. O mecanismo de ação destes aparelhos ocorre pelo avanço mandibular que deve ser acompanhado de pequena abertura bucal. Quanto maior a abertura, mais intensa será a rotação horária da mandíbula. Entretanto, há aparelhos que provocam o aumento vertical em torno de 15 mm e, ainda assim, demonstram serem efetivos no tratamento das apneias obstrutiva e mista. Os reposicionadores mandibulares têm importante efeito de ancoragem mandibular, tornando possível à tração do osso hióide pelo músculo genioglosso. O Dr. Paulo Nabarro lembrou que há estudos que comentam que os aparelhos reposicionam a mandíbula para frente e aumentam a dimensão vertical de oclusão em um grau variável dependendo da anatomia individual. “Quando um splint é utilizado, a mandí-
A falta de um sono saudável pode interferir na qualidade de vida do paciente. É importante eliminar as causas bula gira para baixo e para frente e a base da língua avança para abrir a via aérea. O aparelho deve ter boa adaptação e retenção em ambos os arcos. Caso contrário, com o relaxamento muscular do próprio sono, o paciente pode abrir a boca e a mandíbula voltar à posição original”, explicou e ressaltou que “o aparelho deve ainda ser facilmente ajustado para que a mandíbula avance gradativamente (a mudança de postura mandibular deve ser a menor possível), porém, capaz de produzir os efeitos desejados. Busca-se, assim, a proteção dos dentes, de suas estruturas de suporte e das articulações temporomandibulares”.
O ronco e a apneia em crianças O diagnóstico e o tratamento precoce do ronco e a apneia obstrutiva do sono em crianças são importantes para evitar complicações graves, como mau aproveitamento escolar, retardo de crescimento e atraso no desenvolvimento. Os sintomas noturnos mais comuns são ronco, dificuldade para respirar, pausas respiratórias, palidez, sudorese profunda, agitação, ronco ressuscitativo e enurese. Em geral, o ronco é alto, contínuo e incômodo para os companheiros de quarto, podendo assustar os pais, levando-os a mudar o decúbito da criança. Os sintomas pioram no inverno, em decúbito dorsal ou na vigência de infecções das vias aéreas superiores. Já os sintomas diurnos incluem respiração bucal, obstrução nasal, cefaleia matutina, distúrbios de comportamento, dificuldade no aprendizado e sonolência diurna excessiva. A apneia em crianças apresenta diferenças em relação à forma adulta, no que se refere á epidemiologia, quadro clínico, fatores de risco, fisiopatologia e tratamento. No entanto, a distribuição da apneia em crianças não apresenta diferenças quanto ao sexo, acomete todas as idades, com pico de incidência entre três e seis anos. O principal fator de risco é a hipertrofia de adenóides e amígdalas e as alterações craniofaciais, sendo as principais o palato atrésico ou ogival (fechado) causado pelo uso prolongado de bicos, como chupetas ou mamadeiras, sucção de dedos ou respiração bucal; e a retrusão mandibular (queixo ou mandíbula curta ou pequena, ou seja, para trás), ocasionada muitas vezes por problemas genéticos ou hereditários, hábitos deletérios ou ausência de amamentação. Segundo Dr. Paulo Nabarro, o tratamento da hipertrofia adenoamigdaliana é feito pelo médico Pediatra ou Otorrinolaringologista, e muitas vezes pode ser cirúrgico. Já o tratamento das alterações craniofaciais é executado pelo dentista, mais especificamente pelo Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares. O tratamento feito pela Ortopedia Funcional dos Maxilares nos casos de palato atrésico consiste na expansão ou disjunção da maxila através de aparelhos fixos instalados no palato ou céu
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Dados estatísticos • Aproximadamente 15% a 20% dos trabalhadores apresentam um ou mais transtornos de sono. • De modo geral, as insônias aumentam em sete vezes o risco de acidentes do trabalho e 2,5 vezes o de acidentes de trânsito. • Quem trabalha em turnos tem quatro vezes mais chance de sofrer acidentes. • Os acidentes de trânsito são sete vezes mais frequentes em pacientes com síndrome da apneia obstrutiva do sono. • O risco de infarto do miocárdio é cinco vezes maior nos pacientes com Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono.
Tratamentos para distúrbios do sono Vários procedimentos terapêuticos podem ser realizados para o tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono e a redução do ruído do ronco, sendo classificados como não conservadores e conservadores. Tratamentos não conservadores ou cirúrgicos • Cirurgia nasal • Adenoamigdalectomia • Uvulopalatofaringoplastia (UPPP) • Cirurgia da língua • Cirurgia em duas fases • Traqueostomia • Cirurgia ortognática Tratamentos conservadores • Fisioterapia • Recuperação da dimensão vertical de oclusão • Terapia postural • Tratamento farmacológico • Mudanças comportamentais • CPAP (Continue Positive Airway Pressure) • Fonoaudiologia • Odontologia do Sono
Um pouco de história... O primeiro entendimento da odontologia do sono ocorreu apenas em 1979, quando Boraz descreveu um aparelho intrabucal para o tratamento do ronco e da apneia em crianças. Apelbaun (1993) apud Kohler & Bradasch (1994) cita a introdução no Brasil de um aparelho destinado ao combate do ronco e da apneia noturna criado na Universidade de Pittsburgh (EUA). O aparelho é um reposicionador mandibular de peça única confeccionado com dois tipos de material termoplástico.
da boca. Já a correção da retrusão mandibular é realizada por aparelhos ortopédicos móveis que promovem o avanço da mandíbula, consequentemente liberando a passagem de ar e melhorando o ronco e a apneia, e promovendo o crescimento desta estrutura; o que tratará do problema, suas consequências e sintomas, evitando desta criança crescer com estas alterações e se tornar um futuro adulto apneico e roncador. Dr. Paulo ressaltou que estes tratamentos ortopédicos são às custas de crescimento ósseo, sendo assim, “quanto mais cedo iniciá los, maior as chances e resultados positivos do tratamento”.
Profissionais envolvidos no tratamento Além do profissional de saúde bucal, existem outros profissionais de saúde que devem ser envolvidos no tratamento do paciente. O primeiro profissional que também auxilia no diagnóstico é o médico otorrinolaringologista, pois não se pode focar o tratamento da apneia somente numa obstrução em nível bucal, sem checar se existe algum comprometimento de via aérea superior (VAS) e a necessidade ou não do tratamento cirúrgico. Além deste profissional, é necessário o envolvimento do CD com o pneumologista, nos casos de CPAP – Continue Positive Airway Pressure e também com terapias complementares, como é o caso da Fonoaudiologia e Acupuntura. Na literatura que aborda a eficácia dos dispositivos intraorais, “dispomos desde relatos de caso e análises retrospectivas até estudos com maior rigor científico, como aqueles prospectivos, randomizados, cruzados e controlados (comparando o AIO à outra modalidade de tratamento ou placebo), que provam à eficácia que os dispositivos têm apresentado, necessitando-se de um posicionamento correto do cirurgião-dentista frente a este problema, que desperta interesse no meio médico, sendo que o cirurgião dentista tem importante participação e necessariamente deve ter uma boa formação”, disse Dr. Paulo. Para ele, a capacitação de profissionais de saúde bucal com cursos direcionados sobre odontologia do sono deve ser criteriosa e oferecer boa formação. Mas lembrou de que o Conselho Federal de Odontologia – CFO não estipula nenhuma regra e não reconhece nenhum curso como especialidade, apesar de existir vários cursos com 8 ou 16 horas ofertados e praticados no Brasil, que não conseguem oferecer todo o conhecimento necessário para a prática da odontologia do sono. Desta forma, orientou ao profissional que tem vontade de se capacitar para atuar nesta área corretamente e fazer parte de uma equipe multidisciplinar, que procure cursos de longa duração (existem poucos no Brasil), com uma equipe de docentes de várias áreas da saúde, com parte prática e com atendimento de pacientes e com, no mínimo, 180 horas de formação, como sugere a Associação Brasileira do Sono – ABS para a certificação da Odontologia na Medicina do Sono. Diante do exposto, Dr. Paulo Nabarro, enfatiza o baixo número de cursos com qualidade e quantidade de horas suficiente para a formação correta do CD, concluindo que existe atualmente um pequeno número de profissionais de saúde bucal realmente capacitado para tratar da doença.
“A ingestão de álcool, especialmente antes de dormir, o uso de sedativos para conciliar o sono ou uso regular de anti-histamínicos, o peso excessivo e a idade são as possíveis causas para o distúrbio do sono”
Dr. Paulo Nabarro
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Boca: o espelho da saúde A Odontologia Sistêmica trabalha a visão holística de saúde integral. A entrevista com o Dr. Agné Cervo Peres, VicePresidente da Sociedade de Odontologia Sistêmica de São Paulo, mostra que a boca é muito mais do que a abertura inicial do tubo digestivo.
Por: Vanessa Navarro
Dr. Agné Cervo Peres Cirurgião-Dentista. Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares. Presidente do International College of Applied Kinesiology. Vice-Presidente da Sociedade de Odontologia Sistêmica de São Paulo. Excelência na Técnica da Reabilitação Dinâmica e Funcional dos Maxilares. Ministra cursos sobre Odontologia Sistêmica desde 1988 pelo Brasil e pelo mundo.
Odonto Magazine - A Odontologia Sistêmica apresenta a boca como o espelho da saúde. Como e quando tal abordagem passou a ser utilizada? Dr. Agné Cervo Peres - Hipócrates, o pai da medicina, já dizia que a parte só será curada pelo todo. A Odontologia Sistêmica se baseou, no início, nos estudos da Biocibernética Bucal, na técnica e na filosofia desenvolvidas no Brasil pelos Drs. Mário Baldane e Denisar Figueiredo na década de 1960. No final da década de 1980, para que pudéssemos desenvolver nossas pesquisas, foi necessário que se formasse um grupo focado na pesquisa e comprovação da interferência da boca em todo o organismo. Temos ministrado palestras por vários países e encontrado grupos com a mesma filosofia.
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Entrevista
Odonto Magazine - Existem estudos científicos que provem a eficiência da prática da Odontologia Sistêmica? Dr. Agné Cervo Peres - Achamos que hoje não se pode negar que o sistema estomatognático interfere no organismo como um todo e é alterado por ele. Existem muitos estudos que comprovam que o reequilíbrio da boca (como sistema biológico) interfere no reequilíbrio geral, favorecendo-o. Da mesma forma, patologias orgânicas levam a alterações na boca. Essas comprovações vêm sendo feitas não só pela Odontologia, mas também pela Medicina, Fisioterapia, Psicologia, Quiropraxia e outras áreas da saúde. Odonto Magazine - Conhecer o organismo, os hábitos e os fatores socioculturais do indivíduo é determinante na prática da Odontologia Sistêmica. Como o profissional de saúde bucal deve agir frente ao paciente para coletar tantas informações sem parecer algo muito invasivo? Dr. Agné Cervo Peres - Para iniciar qualquer tratamento, é necessário que se faça uma boa anamnese. Somos profissionais da saúde e como tal temos a responsabilidade em tratar e direcionar o paciente para o equilíbrio do sistema, e se faz necessário uma anamnese adequada para nossas necessidades diagnósticas. Odonto Magazine - A Odontologia Sistêmica parte do princípio de que precisa haver equilíbrio de alguns fatores para obter saúde plena. Quais são esses fatores? Dr. Agné Cervo Peres - Para que se tenha saúde, é necessário que se avalie três fatores: estrutural, químico e emocional. Toda vez que existe desequilíbrio em um desses fatores, os outros dois também reagem. Da mesma forma quando se encontra o equilíbrio em um deles, os outros dois tenderão a adquiri-lo. Odonto Magazine - Problemas ortodônticos e periodontais podem desencadear outras patologias no organismo. Quais são as doenças que podem estar associadas com tais alterações bucais? Dr. Agné Cervo Peres - A Atresia bucal, por exemplo, pode desencadear muitos problemas. Em nossos estudos e em outros estudos de muitos profissionais, temos observado que pode ser um fator de origem da respiração bucal e de todo tipo de problema respiratório, dentre muitos outros fatores. Tem-se observado também muitas interferências em toda a química orgânica. A recuperação do equilíbrio do sistema estomatognático, pelos nossos estudos, pode interferir em todo o funcionamento orgânico, na postura corporal, visão, pH salivar e no estado emocional, valorizando a autoestima do paciente. Odonto Magazine - Quais são os recursos odontológicos utilizados na prática da Odontologia Sistêmica? Dr. Agné Cervo Peres - A Odontologia Sistêmica se utiliza de toda a técnica que a Odontologia tem a sua disposição, sempre na busca do equilíbrio do sistema. De maneira especial, utilizamos da Ortopedia Funcional dos Maxilares, pois, por meio de tal prática, adquire-se o equilíbrio de forma natural. A técnica escolhida é a Reabilitação Dinâmica e Funcional dos Maxilares, desenvolvida no Brasil pelo saudoso
Dr. Maurício Vaz de Lima. Essa técnica aceita que insira no aparelho qualquer artifício necessário para acelerar o reequilíbrio. Depois de feita a ortopedia e a reposturação, em alguns casos, é necessário que se estabilize a oclusão por meio da reabilitação oral, próteses, implantes, etc. Odonto Magazine - A Odontologia precisa estar cada vez mais integrada às demais profissões da saúde. Como o profissional de saúde bucal deve proceder para viabilizar essa relação tão positiva? Dr. Agné Cervo Peres - Nos cursos temos observado a integração das várias linhas da área de saúde. Os profissionais têm a necessidade dessa integração. Só vamos atingir o equilíbrio do paciente se tivermos um trabalho interdisciplinar e, essa constatação a cada dia é mais frequente. Fazemos parte do International College of Applied Kinesiology, ICAK, este colégio foi fundado nos EUA pelo Dr. George Goodheart, e hoje existe por todo o mundo, inclusive no Brasil, no qual sou presidente. Neste colégio temos a participação de médicos, dentistas, quiropatas, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais da área de saúde. Encontramo-nos uma vez ao ano no meeting internacional para atualização. O colégio de cada país organiza o curso de formação com profissional habilitado. A formação que temos na Applied Kinesiology nos possibilita fazer um diagnóstico muito mais profundo e favorece a integração com todas as áreas da saúde. Odonto Magazine - Como o cirurgião-dentista deve agir para se atualizar sobre a prática da Odontologia Sistêmica? Em que estados e instituições podemos encontrar cursos e/ou treinamentos sobre o tema? Dr. Agné Cervo Peres - A Sociedade de Odontologia Sistêmica de São Paulo é uma entidade fundada em 1990 cujo objetivo é formar profissionais e grupos de estudo para o crescimento da Odontologia. Nos grupos de formação é estimulada a produção de trabalhos científicos. Não é uma especialidade, nossa maior especialidade é a própria Odontologia. Nossos cursos são de aperfeiçoamento. Odonto Magazine - Qual é a posição do CFO em relação à prática da Odontologia Sistêmica? Dr. Agné Cervo Peres - Os conselhos de Odontologia têm consciência da nossa preocupação em engrandecer a prática odontológica como profissão de saúde. Odonto Magazine - Pesquisadores da Columbia University College of Dental Medicine constataram que os cirurgiões-dentistas podem identificar pacientes com diabetes ou pré-diabetes. Como tal constatação foi recebida pelos profissionais de saúde bucal que praticam a Odontologia Sistêmica? Dr. Agné Cervo Peres - Muitos grupos pelo mundo vêm observando, assim como nós, quantos diagnósticos precoces podem ser feitos por meio da boca. Há uma necessidade muito grande de o cirurgião-dentista procurar conhecer as interferências do sistema estomatognático no organismo. Com isso, podemos ajudar muito mais o nosso paciente na busca do equilíbrio geral.
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Muito além do cirurgião-dentista
Dra. Danielle Palacio Cirurgiã-Dentista. Interlocutora de Saúde Bucal do Instituto Israelita de Responsabilidade Social da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Especialista em Saúde Coletiva. Mestranda em Saúde Coletiva. Coordenadora do módulo de Saúde Bucal da Especialização em Saúde da Família e Comunidade do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein. Docente da Equipe Biológica.
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o dia 25 de outubro comemoramos o dia do cirurgião dentista. Essa data deveria representar, pelo menos para a nossa categoria, muito além de uma simples come moração. Nós, cirurgiões-dentistas, deveríamos realizar um momento de reflexão sobre como poderíamos contribuir para melhorar a qualidade de vida dos nossos pacientes, equipe, e família. Ser cirurgião-dentista é ir além do profissional que “tira a dor do dente”. Ele pode ser o pesquisador que ajudará a descobrir um marcador sanguíneo que prediga um câncer bucal e, assim, realizar diag nósticos precoces e melhorar a expectativa de vida da população. Ele pode ser o profissional de saúde que irá perceber que a senhora que está sentada em sua cadeira odontológica não faz um exame preventivo de câncer de colo do útero há 20 anos (sim, nós podemos ajudar na busca ativa de pacientes que fo gem dos preventivos). Ele pode ser a pessoa com quem uma criança consegue se abrir, por confiar demais na “tia” ou no “tio” que cuida dos seus dentes, e dar indicativos de que algo não vai bem em casa, de
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que sofre algum tipo de abuso ou de situação de maus-tratos, enfim, ele pode ajudar a reverter essa situação. Ele pode ser o defensor do meio ambiente que ensina para sua equipe que desligar a água da cuspideira entre um atendimen to e outro é uma boa saída para ajudar a diminuir o uso exces sivo e irracional de água. Ele pode ser alguém que vai deixar de lado a sua visão odon tológica da vida e de tudo, lembrando que todo ser humano é muito mais que “uma boca que anda” e ouvindo o seu paciente ou colega de trabalho, confortando-o em um momento difícil. Ele pode ser o aventureiro que desvenda o Brasil em cima de uma embarcação adaptada para levar um pouco de saúde para comunidades ribeirinhas do norte do nosso país. Ele pode ser o ator social que ajuda a tirar crianças e adolescen tes de situações de risco, ensinando aos pequenos um ofício, ou simplesmente apresentando para essas crianças um pouco de música, de teatro, de arte e de cinema. Ele pode descobrir que aquele paciente idoso não vê a famí lia há muitos anos e se dispor a escrever uma carta para seus parentes (esse idoso não sabe ler, mas conta histórias como ninguém!), levando e trazendo esperança e notícias de longe para alguém. Cada um dos exemplos dados nesse texto foi tirado de uma lembrança de um colega cirurgião-dentista que entende que seu papel vai muito além da odontologia. Sendo assim, só quero aproveitar para dizer que ser dentista é ser ético, ter postura, ser humano e ter consciência de que é um pro fissional da saúde, que deve ter o cuidado de agir de forma a tor nar o seu mundo e de seu paciente um lugar melhor para se viver! Viva a odontologia! Viva o cirurgião-dentista!
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Gestação e Odontologia A Secretaria de Estado da Saúde aponta que oito em cada 10 gestantes sofrem com problemas dentários. Tal estatística é relatada com base nos dados de atendimentos pré-natais realizados pelo Programa “Boca Saudável, Gravidez Saudável”.
Por: Vanessa Navarro
Dr. Francisco Barata Ribeiro
Professor de Anestesia e Sedação. Capacitado em Sedação Inalatória pela University of AlabamaBirmingham. Capacitado em Sedação Enteral e Parenteral pela University of Southern California. Capacitado em Sedação Enteral e Parenteral pela American Dental Society of Anesthesiology(ADSA). Master Level College of Sedation pela American Society of Dental Anesthesiology (ADSA). barata@aprendasedacao.com.br
Odonto Magazine - A má higiene bucal pode acarretar danos às gestantes e aos bebês. Quais são os problemas de saúde mais frequentes? Dr. Francisco Barata Ribeiro - Os fluidos gengivais, normalmente produzidos pela gengiva (entre o dente e a gengiva) contêm anticorpos que costumam ter um efeito protetor ao dente. No entanto, durante a gestação, esses fluidos gengivais passam a ter um alto nível de hormônios. Alguns tipos de bactérias podem usar esses hormônios na produção de energia, onde podem crescer e se multiplicar, causando problemas gengivas. Na gestação, a saliva vai apresentar uma alta taxa de hormônios, o que vai facilitar também o crescimento bacteriano na boca. Durante a gestação, em função das alterações hormonais, a gestante fica mais susceptível ao acúmulo de placa nos dentes e aos problemas gengivais. Durante esse período, a gestante deve se empenhar em manter uma excelente higiene oral. Odonto Magazine - Quais são os problemas bucais mais comuns durante a gravidez? Dr. Francisco Barata Ribeiro - As gestantes podem e devem fazer visitas regulares ao dentista para o acompanhamento da saúde bucal. Na fase inicial poderão ser realizados exames clínicos, procedimentos profiláticos, orientação quanto às modificações que ocorrerão durante este período, fechamento de cavidades patológicas, determinação quanto à necessidade de bochechos com clorexedine, dentre outros. Devemos salientar que as mudanças hormonais que ocorrem durante a gestação aumentam o risco do surgimento de cavidades patológicas (cáries). A cárie é uma doença multifatorial e devemos ressaltar quatro fatores: pouca saliva e flúor, produ-
ção de ácidos pela placa-bacteriana, açúcar e restos alimentares-substratos e repetida exposição = tempo. Também surgem problemas periodontais, geralmente a gengivite e principalmente a gengivite gravídica (gengiva que apresenta pontes vermelhas, edema e sangramento fácil durante a escovação). A prevenção seria o acompanhamento odontológico durante esse período para procedimentos profiláticos e manutenção de uma correta higiene oral. Odonto Magazine - Como os hábitos alimentares da gestante podem interferir na saúde bucal do bebê durante a gestação? Dr. Francisco Barata Ribeiro - A gestante deve procurar alimentos saudáveis. Entre as refeições é comum uma alimentação com “lanchinhos”, biscoitos e snacks (com açúcar), estes devem ser substituídos por frutas que realizam a autolimpeza das superfícies dentárias e não contêm açúcar. A substituição de alimentos ricos em carboidratos e açúcar por frutas e vegetais diminuirá o alimento das bactérias que causam a cárie e doença na gengiva. As vitaminas B são muito importantes para manter a saúde dos tecidos da boca, como a linha oral e língua. O ácido fólico (uma das vitaminas B) está relacionado na prevenção de aparecimento de fendas palatinas em recém-nascidos. Já a vitamina C, auxilia a mulher gestante a manter uma gengiva sadia durante o período de gestação. O cálcio é importante para a saúde dos ossos e dentes da gestante, bem como para os ossos e dentes do bebê. Odonto Magazine - Se existir presença de dor durante o atendimento em consultório, como o profissional de saúde bucal deve agir?
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s gestantes podem A e devem fazer visitas regulares ao dentista para o acompanhamento da saúde bucal
Dr. Francisco Barata Ribeiro - Os tratamentos de emergência, tais como “dores de dente” (pulpites e infeções) podem e devem ser tratados em qualquer período da gestação. O dentista está preparado e deve realizar algumas alterações na terapia odontológica. Os tratamentos odontológicos emergenciais para aliviar as dores, edemas, sangramentos ou injeções devem ser solucionados assim que possível, não importando o estágio da gestação. Com as tecnologias atuais ocorrerá pouca exposição de radiação para o feto durante a radiografia odontológica. Protetores e barreiras executarão a proteção tanto da tireóide quanto do feto, no caso de uma eventualidade e necessidade de um atendimento odontológico de emergência, onde o profissional julgue necessária tal modalidade de exame complementar. Odonto Magazine - Como o profissional deve agir ao se deparar com um caso de emergência médica envolvendo uma paciente gestante? Dr. Francisco Barata Ribeiro - As emergências médicas são situações raras na Odontologia, no entanto, podem ocorrer eventos de reações adversas às drogas em função de interação de medicamentos. Quase 80% das situações de emergências médicas na Odontologia estão relacionadas ao medo, stress e ansiedade. É razoável que a Odontologia atual incorpore na sua prática alguma técnica de sedação. Mas a situação de emergência médica mais comum durante a gestação é a Síndrome da Hipotensão Supina. A hipotensão nas gestantes pode se manifestar de duas formas: » Hipotensão postural no primeiro trimestre de gestação: geralmente ocorre pela manhã e a causa é desconhecida. » Sindrome da hipotensão postural: ocorre no final do terceiro trimestre de gestação. Quando a gestante permanece em posição supina por um breve período de tempo (3-7 minutos), apresenta sinais e sintomas de Síncope. A causa provável é a compressão da veia cava pelo útero gravídico e a diminuição do retorno venoso dos membros inferiores. Na cadeira do dentista, a gestante deve ser posicionada em uma maneira mais elevada para a terapia odontológica, devendo evitar o posicionamento na posição supina. Para o controle de uma Hipotensão Supina em gestantes, a paciente deve ser posicionada virada para o lado esquerdo, para aliviar a compressão.
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Odonto Magazine - O Programa “Boca Saudável, Gravidez Saudável” mostra que 7% das pacientes examinadas têm problemas mais graves, como o granuloma. Como podem ser realizados os tratamentos de enfermidades mais agudas já que existe certa restrição ao uso de determinados medicamentos em gestantes? Dr. Francisco Barata Ribeiro - Cerca de 5 a 10% das mulheres apresentam certa sensibilidade gengival a esse aumento hormonal, que ocorre durante a gestação. Consequentemente irão apresentar o crescimento do tecido conhecido como granuloma de gestação (pregnant tumor). Este granuloma pode começar a crescer no segundo trimestre de gestação e usualmente é encontrado na gengiva entre os dentes. Ele sangra facilmente e tem uma aparência avermelhada, é pequeno e não causa nenhum problema mais sério. O dentista deve avaliar e decidir se espera o problema desaparecer depois da gestação ou se realiza uma intervenção. O granuloma de gestação pode se tornar bem extenso e atrapalhar a gestante na mastigação, causando dor e elevado sangramento. Se isso acontecer, provavelmente será indicada, pelo dentista, a remoção do granuloma (uma pequena cirurgia). Odonto Magazine - Quais são os serviços que o Programa “Boca Saudável, Gravidez Saudável” oferece às gestantes? Dr. Francisco Barata Ribeiro - O serviço de Odontologia foi introduzido em 2003 com a finalidade de acompanhar a saúde bucal das gestantes internadas na maternidade. Sabemos das carências da população quanto às necessidades de atendimento odontológico. Orientamos as gestantes quanto à importância do acompanhamento odontológico na gestação. No segundo trimestre ou logo no início do terceiro trimestre poderão ser realizados procedimentos que necessitam do uso de anestésicos locais, certos medicamentos e ainda que demande um tempo maior de permanência na cadeira, onde a maioria das abordagens é segura, uma vez que o dentista irá usar anestésicos locais e rinses preventivos a base de clorexedina. A partir deste ponto, é realizada uma triagem para o atendimento, isto é, uma profilaxia com pasta profilática nas quatro hemi-arcadas, aplicação tópica de flúor e fechamento das cavidades patológicas como medida preventiva. São também realizados tratamentos curativos, tratamentos de emergências, ou seja, fazemos o acompanhamento da gestante durante a permanência no hospital. Uma atitude inovadora por parte da direção do Hospital e Maternidade Interlagos, em São Paulo, mesmo sabendo que uma pequena população tem acesso a internet, foi a implantação do Ícone saúde bucal no site da instituição. O propósito do “Boca Saudável, Gravidez Saudável” é realizar um trabalho informativo, mostrando como as pacientes devem se comportar durante o período da gestação com relação a atenção da saúde oral. São apresentadas as modificações que ocorrem na mulher e como tais modificações podem afetar a dentição e a cavidade oral. Realizamos intervenções periodontais nas gestantes hospitalizadas, como a remoção de tártaros e o controle de placa bacteriana, bem como profilaxias. Mais informações sobre o tema e sobre o serviço prestado às gestantes podem ser obtidas por meio do site www.hminterlagos.com.br
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Ponto de Vista
Ergonomia: doenças de risco e prevenção – Parte III Vanessa Camilo Borges Graduada em Educação Física. PósGraduada em Fisiologia do Exercício. Especializada em GL - Ginástica Laboral. Coordenadora Científica e Pedagógica da Biológica. Professora dos cursos de ASB e TSB da Biológica. Membro da diretoria da ALAPOS (Associação Latinoamericana de Pesquisa em Odontologia e Saúde).
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as últimas edições, abordamos o dia-a-dia dos profissionais da área odontológica, suas atribulações e os males aos quais estão expostos diante da adoção de posturas prejudiciais, que ao longo do tempo podem abreviar de forma drástica sua vida profissional. Por meio da ergonomia é possível não só identificar e corrigir como principalmente prevenir que tais agentes agressores se instalem. Este é o enfoque dos artigos. Neste terceiro capítulo, gostaríamos de enfatizar, de forma direta, a quais agentes agressores tais profissionais estão realmente expostos. Abaixo estão escritas outras patologias sofridas por esses profissionais, além das que abordamos na edição anterior.
Cifoescoliose Resultado de duas lesões da coluna vertebral associadas: escoliose e cifose, sendo que a incidência de ambas é maior entre o sexo feminino. A primeira é uma deformação da coluna vertebral tanto lateral, posterior e anterior, causando a rotação da coluna em volta do seu próprio eixo, já que vista de trás a coluna vertebral deve ser reta e alinhada e é justamente esta torção que determina não só a gravidade como também a forma que esta escoliose deverá ser tratada. A segunda é o aumento da curvatura anterior (para frente) da coluna, sendo normal em nível torácico dentro de certos limites, causando o aparecimento da “corcunda”. As duas lesões e suas associações possuem diversas causas, por exemplo, congênita, idiopática e postural.
Dor ciática A ciatalgia, vulgarmente chamada de “ciática”, é uma dor persistente causada por uma inflamação decorrente da irritação do nervo ciático. Esta inflamação pode ocorrer por compressão externa, deslocamento ou ruptura do disco intervertebral, por hérnia de disco na coluna lombar ou por contratura muscular. O nervo ciático é o maior nervo do corpo humano originando-se na região lombar, passando por entre as vértebras e pela articulação do quadril continuando pela parte de trás da perna até o pé. No início, o quadro pode se apresentar gradual com a ocorrência de pinçadas ou espasmos de dor (geralmente em pontada ou queimação) na parte baixa da coluna e ao longo do nervo ciático, podendo piorar durante a noite e se agravando pelos movimen-
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Alexandre Menoncello Ballerine Graduado em Fisioterapia. Especialista em Estabilização Segmentar, Fisioterapia e Fisiologia do Exercício. Docente das disciplinas de Ergonomia, Primeiros Socorros e Agentes Infecciosos nos cursos de Auxiliar em Saúde Bucal / Técnico em Saúde Bucal (APCDs e ABO). Pratica Home-Care nas áreas de Neurologia (adulto e infantil), Ortopedia, Geriatria e Cardiorrespiratória. Membro da ALAPOS (Associação Latino Americana de Pesquisas em Odontologia e Saúde).
tos. Também pode causar formigamento, parestesias (baixa sensibilidade) ou fraqueza nos músculos da perna afetada.
Hérnia de disco É a expulsão do material gelatinoso dos discos intravertebrais (anéis localizados entre as vértebras para amortecer a carga suportada pela coluna vertebral, evitando o desgaste das estruturas) para fora do seu local de origem em função do rompimento do anel fibroso que envolve essa estrutura. Além de fatores genéticos, que têm um grande papel na degeneração do disco intervertebral, alguns fatores ocupacionais, como postura de trabalho estática; inclinar e girar o tronco frequentemente; levantar, empurrar e puxar e o trabalho repetitivo são os grandes causadores desta doença. Os sintomas variam de acordo com o local onde a hérnia está localizada. Se o acometimento for ao nível da cervical, dores no pescoço, ombros, escápula, braços ou no tórax associadas a uma diminuição da sensibilidade ou de fraqueza no braço ou nos dedos serão comuns; caso a localização seja na região torácica (raras diante da pouca mobilidade da região), dor na parte superior ou inferior das costas, dor abdominal ou dor nas pernas associadas à fraqueza e diminuição da sensibilidade em uma ou ambas as pernas, sintomas não muito específicos, poderão ocorrer incomodando por muito tempo. Quando a hérnia está localizada em nível lombar é comum a ocorrência de dor forte atrás da perna, seguindo e irradiando por todo o trajeto do nervo ciático, podendo provocar diminuição da sensibilidade, formigamento ou fraqueza muscular nas nádegas ou na perna do mesmo lado da dor.
Costela cervical É uma má formação congênita óssea ou fibrosa do processo transverso (espécie de “aba”, no total de duas, localizada posteriormente à vértebra) da sétima vértebra cervical. Pode ocorrer uni ou bilateralmente em vários tamanhos, desde uma pequena protrusão óssea, às vezes com uma extensão fibrosa, até uma costela completa a mais. Pode existir de forma assintomática, mas pode causar problemas neurológicos ou vasculares nos membros superiores, geralmente no adulto jovem. Sintomas sensitivos no antebraço e na mão, como dor e parestesia com alívio temporário ao modificar a posição do braço são
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Ponto de Vista frequentes. Já os sintomas motores incluem diminuição da força muscular da mão e dificuldade na realização de movimentos.
Síndrome do Desfiladeiro Torácico Doença relativamente rara que apresenta quadro de desconforto gradual, causado pela compressão do feixe vásculo-nervoso (artéria, veia ou nervos) que sai do tórax seguindo percurso através do pescoço e ombros em direção aos membros superiores. Apesar de não ter origem ocupacional, a SDT pode ser desencadeada através de atividades ligadas ao trabalho pesado, que exija postura inadequada; movimentos repetitivos e posturas viciosas dos membros superiores, como atividades que exijam longos períodos com os braços elevados acima dos ombros, abduzidos com o uso de força. Os sintomas dependem da frequência e do grau de compressão das estruturas, podendo variar entre transtornos sensitivos como parestesia noturna e sensação de “braço morto” à transtornos motores, como dores irradiadas a partir da coluna para o antebraço, braço e mão. Além dos osteófitos (bico de papagaio) e da lombalgia e lombociatalgia (dor nas costas e dor na parte baixa das costas respectivamente), outras doenças mais graves da coluna vertebral podem acometer os profissionais da odontologia, e dependendo da gravidade do caso, a cirurgia pode ser a única opção de tratamento. Normalmente, a cirurgia de coluna é vista como algo extremamente complicado, o que não corresponde à verdade, pois quando indicada e realizada com as técnicas e equipamentos corretos podem ser eficientes e beneficiar a maioria dos pacientes, no entanto, os procedimentos cirúrgicos normalmente acarretam riscos e sequelas na maioria dos casos. Procedimentos como Artrodese (fixação das vértebras através de hastes), Discectomia (retirada do disco vertebral herniado); Descompressão (alargamento do espaço do canal vertebral destinado às estruturas neurológicas estreitado pela degeneração); Osteossíntese (uso de material na coluna vertebral, geralmente metálico, para a estabilização e posterior artrodese e/ou consolidação de fraturas); Osteotomias e Correção de Deformidades (associação de técnicas para corrigir escoliose ou outras deformidades angulares da coluna vertebral); e Artroplastia (retirada do disco intervertebral lesionado e substituição por prótese, com objetivo principal de substituir de forma mais natural essa parte anatômica, permitindo movimentação e capacidade de carga, além de aliviar as dores) podem ser necessários. Cada uma dessas técnicas pode acarretar diversos problemas, que vão desde problemas musculares nos locais manipulados, passando por falta de movimentação e sensibilidade do local operado, tempo de recuperação (de meses a anos) até danos nervosos irreversíveis. Desta forma, fica claro que o melhor a ser feito é cuidar da saúde em geral. No caso dos profissionais da área odontológica dar ênfase à saúde da coluna vertebral através de atividades físicas regulares, no entanto, caso isso não seja possível por conta das atribulações do dia-a-dia, é fundamental fazer a profilaxia através de exercícios regulares por 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados ou no mínimo antes de iniciar as atividades ou ao final da jornada de trabalho. Os exercícios propostos nesta edição e na anterior são de suma importância para manter o corpo preparado para as atividades diárias. Apesar disso, deixamos bem claro que a melhor opção é a prática de uma atividade física regular, no mínimo três vezes por semana. Algumas das atividades recomendadas são: dança de salão; Pi-
lates; Yoga; musculação; natação e outras atividades aeróbias; e RPG (reeducação postural global). Para tais atividades é indispensável a orientação de um profissional habilitado e credenciado (educador físico com CREF e fisioterapeuta com CREFITO), pois toda atividade física deve ser adequada à capacidade e até mesmo ao perfil de cada um. Abaixo mais uma série de exercícios que devem ser realizados diariamente. Sentado com as costas totalmente apoiada. Pernas formando um ângulo de 90 graus e pés apoiados no chão. Deve-se permanecer em cada posição por no mínimo 15 segundos. » 1. Fazer uma rotação dos ombros para trás e para frente. » 2. Estender os braços na frente do corpo com os dedos entrelaçados. » 3. Ainda com os braços estendidos, elevá-los acima da cabeça. » 4. Com os cotovelos apoiados, entrelaçar os dedos e mexer os punhos em todos os sentidos. » 5. Com o braço estendido na frente do corpo, fazer a extensão do punho, puxando os dedos para baixo. Uma vez de cada lado. » 6. Na mesma posição, fazer a flexão do punho, puxando os dedos para cima. Uma vez de cada lado. » 7. Estender o braço na frente do corpo (ao lado) e empurrá lo para trás, pelo cotovelo. Uma vez de cada lado. » 8. Elevar o braço flexionado nas costas e o antebraço por trás da cabeça. Puxar o cotovelo para baixo com a mão oposta. Uma vez de cada lado. » 9 e 10. Com os braços estendidos ao lado do corpo, abrir a mão com os dedos bem estendidos e fechá-la bem forte. Repetir várias vezes. » 11. Sentado na ponta da cadeira ou mocho, flexionar o tronco sobre as pernas. Deixar os braços soltos. » 12. Ainda na ponta da cadeira, estender uma das penas a frente e tentar segurar o pé (dedos para cima). A outra perna deve estar flexionada. Repetir do outro lado. » 13. Com as mãos na nuca (dedos entrelaçados) puxar a cabeça para baixo. » 14. Puxar devagar a cabeça para o lado. Repetir para o outro lado. » 15. Sentado com as costas bem apoiadas, estender os braços atrás do corpo, forçando os ombros para trás. » 16. Em pé, flexionar uma perna para trás e segurar o pé. A perna de apoio deve estar levemente flexionada. Repetir do outro lado. » 17. Ainda em pé, flexionar uma das pernas a frente do corpo e estender a de trás. Repetir para o outro lado. Lembrando que é necessário permanecer no mínimo 15 segundos em cada posição. Não deixe de se movimentar! Na dúvida procure um profissional.
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Gestão Odontológica
Tendências da sociedade e do mercado odontológico: apostas para 2011 e 2012 – Parte III Nesta terceira e última parte do artigo sobre gestão odontológica, apresentamos algumas das tendências mais específicas e palpáveis do mercado da odontologia e da saúde para este ano e início do próximo.
Felipe Chibás Ortiz
Diretor da Consultoria Perfectu. Psicólogo. Mestre e Doutor pela USP em temas de Gestão e Comunicação Organizacional. Especialista em Marketing Direto pela Universidade Alcalá de Henares, Espanha. Autor de 11 livros publicados em vários países.
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rescimento do mercado dos tratamentos preventivos e mais dispendiosos: dado o melhor estado da economia, o mercado de trabalho estar aquecido e ter melhorado os salários, a procura pelos tratamentos odontológicos e de saúde em geral está mais acentuada. Dessa forma, tratamentos preventivos assim como implantes serão mais procurados até por pessoas das classes sociais menos favorecidas. Convênios odontológicos fortalecidos: cada vez mais as pessoas procurarão os convênios, diminuindo o número de pacientes particulares. Surgirão novos convênios e se fortalecerão os antigos. Profissionalização das clínicas e empresas do setor: cada vez mais se deixa para trás a forma de administrar caseira ou artesanal que caracterizava o setor, com foco apenas no atendimento clínico e se começará a aproveitar as experiências, ferramentas e formas de administrar que deram certo em outros setores da economia. Incrementa-se a tendência a administrar as clínicas e hospitais como verdadeiras empresas. Crescimento das franquias do setor: impulsionadas pela ascensão da economia e da profissionalização do setor, como citado
Claudia Firmino de Freitas
Diretora da Perfectu. Odontóloga. Especialista em Ortodontia e em Atendimento e Fidelização ao Cliente pela Universidade Politécnica de Madrid, Espanha.
anteriormente, novas franquias serão abertas e outras já conhecidas crescerão. Incremento dos consultórios em espaços não tradicionais: surgirão com mais frequência nos shoppings, condomínios e supermercados, alguns consultórios, clínicas, SPAS e outras unidades avançadas de hospitais e laboratórios. Vestimenta diversa: serão adotados uniformes com uma nova cara, fugindo do branco tradicional e assumindo outras cores, como os tons nude, azul ou verde claros, etc. É cada vez mais comum os homens usarem terno e gravata ou uma camisa social e gravata e por cima o avental. As tendências de mercado vêm e vão, por isso não podemos apostar todas as fichas em uma única jogada. Mas é necessário que os empreendedores do setor acompanhem o que acontece no mercado para garantir que sua clínica, consultório ou empresa da saúde permaneça atualizada, proativa e eficiente em face às novas ameaças e oportunidades que a sociedade e o mercado apresentam. www.perfectuodontologia.com.br
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Coluna - Ciência e Saúde
Células-tronco: utopia ou realidade? Julio Bassi Mestre e Especialista em Odontopediatria. Professor Assistente da Disciplina de Odontopediatria da Universidade Santa Cecília. Coordenador da Clínica de Bebês da Universidade Santa Cecília. Professor Assistente das Disciplinas de Cariologia e Saúde Coletiva da Universidade Santa Cecília. Professor Assistente do Curso de Especialização em Odontopediatria da Associação Paulista de Odontopediatria. Coordenador do Curso de Atualização em Odontopediatria da Associação Brasileira de Odontologia Regional Santos. Professor dos Cursos de Capacitação em Auxiliar de Saúde Bucal da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas e da Associação Brasileira de Odontologia. Membro Diretor da Associação Paulista de Odontopediatria.
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s primeiras pesquisas com células-tronco embrionárias humanas foram iniciadas em 1997 e publicadas pelo biólogo James A. Tompson, da Universidade de Winconsin (EUA) em 1998; sendo no mesmo ano publicada também pelo embriologista John D. Gearhart, da Universidade Johns Honkins. Desde então, inúmeros e constantes estudos nessa área têm emergido como estratégias de grande potencial na medicina e na odontologia regenerativa atual, visto que sua grande capacidade de autorrenovação e de originar linhagens celulares com diferentes funções impulsionam pesquisas voltadas para as aplicações terapêuticas dessas células, uma vez que elas poderiam funcionar como células substitutas em tecidos lesionados ou doentes1-3. As células-tronco podem ser divididas em embrionárias (com capacidade de se transformar em praticamente qualquer célula do corpo, com exceção da placenta, sendo encontradas somente nos embriões) e células precursoras do organismo já desenvolvido, chamadas células-tronco adultas (com capacidade de diferenciação limitada, em geral restrita ao tecido de onde derivam), sendo que a última pode ser obtida de várias fontes, tais como: cordão umbilical, pele, fígado, medula óssea, tecido adiposo, entre outros; e recentemente encontrada também em polpa dental de dentes decíduos e permanentes2. É fato que pesquisas com células-tronco embrionárias têm gerado conflitos de ordem política, moral e religiosa, o que vem restringindo os avanços de estudos com essa fonte primária de células. Assim, as células-tronco adultas têm sido amplamente pesquisadas, resultando em grandes achados, principalmente em relação à polpa dentária de dentes decíduos, que tem revelado que possui células-tronco de origem mesenquimal, semelhante às embrionárias 1. É importante ressaltar que a principal característica das cé-
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lulas embrionárias é o fato de serem multipotentes, ou seja, capazes de se autorrenovarem e de se diferenciarem em tipos celulares diversos e com eficiência clonogênica quando orientadas e estimuladas com fatores de diferenciação. Logo, as células-tronco de decíduos, por serem semelhantes às embrionárias, também podem ser diferenciadas tanto para formação de tecidos relacionados às estruturas dentárias, como para outras estratégias e terapias em engenharia de tecidos, como na formação de tecidos neuronais3,4 Assim, por possuírem tais características, essas células vêm se mostrando muito importantes para derivar células neuronais de pacientes com síndromes neurocomportamentais, como a síndrome de Angelman e de Prader-Willi e mesmo a Síndrome de Down, ajudando a desvendar os mecanismos responsáveis por essas síndromes, além de apresentarem resultados animadores na reconstrução óssea e de nervos, embora não pareçam ser tão boas quanto às do tecido adiposo para formação de músculos2-4. Estudos com demais células-tronco adultas, como da polpa dentária de terceiros molares permanentes, também revelaram avanços e otimismo, visto que em recentes pesquisas as mesmas têm sido muito eficientes na formação de odontoblastos. Porém, apesar das conquistas em células-tronco adultas serem também de grande relevância, é importante salientar que essas novas descobertas em relação a polpa dentária de decíduos redirecionou consideravelmente o caminho das pesquisas, isso por apresentarem a vantagem de serem capazes de produzir células de várias linhagens, e o mais importante: de não gerarem os conflitos de natureza ética enfrentadas pelas células-tronco embrionárias, já que na prática podem ser mais facilmente adquiridas e encontradas em abundância2,3,5. Assim, com a vantagem de serem obtidas com maior facili-
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Coluna - Ciência e Saúde dade, as células-tronco de polpa dentária de decíduos, poderão em um futuro próximo, substituir o atual sistema de coleta a partir do embrião, possibilitando um grande avanço nas pesquisas e tornando menos utópico a realização de tratamentos regenerativos com a utilização das células-tronco em pacientes desacreditados, inspirando novas rotinas terapêuticas e aumentando a chance de sobrevida para diversos individuos1,3.
Referências 1. Domingues BC, Lopes CR. Células-tronco: Falta consenso, sobra esperança. Radis Comunicação em Saúde 2006, 47: 8. 2. Machado, MAAM; Moretti ABS; Silva TC. Aplicações terapêuticas das células-tronco em odontologia. Rev. Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas 2006; 60 (2): 155. 3. Souza LM. Caracterização de células-tronco de polpa dental humana obtida de dentes decíduos e permanentes. 126p. 2008 [Monografia]. 4. Pereira LV; Pelegrino K. Divulgação cientifica e células tronco. Revista Ciência e Comunicação 2007, 3(4). 5. Matz M. Bancos de células-tronco: Cordão Umbilical e polpa dentária. Acervo Digital, 2008.
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Caso Clínico
Desmistificando a prótese sobre implante: enfoque no tratamento com resolubilidade simples e satisfatória Marcelo Bighetti Toniollo
Tiago Gilioli Varise
Especialista em Prótese Dentária pela Associação Odontológica de Ribeirão Preto – AORP. Mestrando em Reabilitação Oral pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - FORP - USP. Departamento de Materiais Dentários e Prótese. martoniollo@yahoo.com.br
Especialista e Mestrando em Endodontia pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – FORP - USP.
Daniel Palhares Especialista em Prótese Dentária pela Associação Odontológica de Ribeirão Preto – AORP. Mestrando em Ciências da Saúde – concentração em Implantodontia no Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos- UNIFEB. Professor Coordenador do Curso de Habilitação Profissional em Implantes Dentários no GEOPAS - ABO de Passos - MG. Professor do curso de Atualização da Técnica de Implantes em Carga Imediata e Cirurgia Guiada da Associação Odontológica de Ribeirão Preto – AORP.
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implantodontia, juntamente do fenômeno da ósseointegração, representou um dos grandes avanços da odontologia moderna. As próteses implantossuportadas permitiram uma nova opção de tratamento e abriram um leque de opções ao cirurgião-dentista1-5. Tratamentos convencionais, como as próteses fixas sobre dentes e/ou adesivas, em que muitas vezes era necessário o desgaste de dentes hígidos, tornaram-se menos viáveis frente às possibilidades que a implantodontia proporciona6,7. Requisitos básicos são necessários para que a implantodontia possa ser utilizada como forma de tratamento. Boa saúde sistêmica do paciente, controle de eventual parafunção presente, quantidade óssea mínima tanto em altura como em espessura, paciente colaborativo com relação ao andamento do tratamento e higiene oral adequada são pré-requisitos mínimos para poder se instaurar um tratamento com implantes. Uma vez que tais condições sejam respeitadas, a colocação do planejamento, envolvendo implantodontia em prática, torna-se viável e extremamente previsível8,9. Em casos de pacientes com suporte ósseo precário, o uso da tomografia computadorizada e de guias cirúrgicos precisos são requisitos básicos para obter maior confiabilidade no procedimento. A fabricação e o uso do guia têm dois propósitos: construído em resina acrílica, ele serve para a avaliação radiográfica dos locais desejados e para o momento da colocação do implante propriamente dito10. As radiografias representam um dos principais meios de estudo e planejamento ao cirur-
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Glauber Macedo Rama Aluno de Especialização em Periodontia pela Associação Odontológica de Ribeirão Preto – AORP. Mestrando em Reabilitação Oral pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - FORP - USP. Departamento de Materiais Dentários e Prótese.
Julio César Batista dos Santos Técnico em Prótese Dentária.
Maria da Gloria Chiarello de Mattos Professora Titular do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – FORP - USP.
gião-dentista, no entanto, as tomografias e imagens em três dimensões se configuram como um recurso importantíssimo que permitem análises mais precisas, minimizando a margem de erro11,12. O objetivo do tratamento restaurador, por meio de implantes ósseointegráveis, é o de preservar a integridade das estruturas nobres intrabucais, além de recuperar a estética e a funcionalidade do sistema estomatognático de acordo com a satisfação objetiva e subjetiva do paciente tratado. Esses objetivos só poderão ser alcançados com um planejamento multidisciplinar antes da colocação do implante, ou seja, existe a necessidade de ampliar a visão técnica, vislumbrando o resultado final do tratamento reabilitador por meio de um planejamento prévio. Da mesma forma, a apresentação da proposta de tratamento ao paciente também proporcionará o bem-estar psicológico12. No entanto, muitas vezes os pacientes criam uma imagem do tratamento com implantes bem mais complexa, longa, dolorosa, traumática e obscura. A falta de esclarecimentos e elucidação do caso ao paciente por meio de modelos e imagens também gera complicadores e confusão na mente de quem é leigo no assunto. Muitas vezes os pacientes imaginam que cirurgias avançadas, tais como enxerto ósseo, levantamento de seio maxilar, lateralização de nervo alveolar ou distração osteogênica são necessárias para todo e qualquer tipo de intervenção; assim sendo, acabam não procurando o profissional para expor o seu caso e anseios por simples medo e/ou receio.
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Caso Clínico É necessário considerar que a implantodontia tem evoluído a passos largos e de forma muito consciente. Como opção de tratamento aos procedimentos cirúrgicos avançados que possuem índices de morbidade consideráveis, existem os implantes curtos, que têm se desenvolvido e conseguido inserção bastante evidente no mercado, uma vez que pesquisas já mostraram sua efetividade e boa aplicabilidade de forma muito viável para solução de casos com debilidade em altura óssea3,13,14. O presente caso clínico tem o intuito de relatar todo o planejamento e execução da reabilitação envolvendo duas próteses implanto-suportadas parafusadas, uma superior (área de molar) e outra inferior (área de pré-molar). O intuito é eliminar os estigmas para muitos pacientes, e até mesmo profissionais, de que os implantes e as próteses sobre implantes se configuram como tratamento complexo, de difícil execução, baixa previsibilidade e prognóstico duvidoso.
Caso clínico Paciente do gênero masculino, 57 anos, compareceu ao consultório odontológico com queixa estética e funcional pela falta de alguns dentes. No exame clínico foi constatado desdentamento nas áreas de molares no arco superior, de ambos os lados (dentes 16 e 26), e no arco inferior ausência do dente 45 (figuras 1 e 2). Paciente com condições de higiene razoáveis, tendo em vista que permaneceu grande período de tempo sem frequentar o cirurgião-dentista. Justamente por este motivo, o paciente se apresentava bastante receoso com relação ao tratamento, principalmente envolvendo a instalação implantes. Foram apresentados três planos de tratamento possíveis: próteses parciais removíveis, próteses parciais fixas e próteses sobre implantes. O paciente demonstrou grande interesse e convicção em realizar esta última proposta, no entanto, relatos feitos por amigos e informações obtidas de diferentes meios de divulgação o deixaram receoso e resistente com relação à cirurgia para colocação dos implantes. Foi solicitada a radiografia panorâmica (figura 3) para exame radiográfico, além de ser usada na explanação e elucidação do que seria feito e funcionamento dos implantes. Também foram usadas imagens e modelos de outros casos realizados, a fim de esclarecer ao paciente o passo-a-passo do tratamento e tirar todas as dúvidas que existiam a respeito. Com o auxílio da radiografia panorâmica também foi diagnosticada imagem relativa ao 3º molar incluso associado a possível cisto na hemi-arcada inferior esquerda, o qual foi removido posteriormente. Com os exames realizados, constatou-se que a hemi-arcada superior esquerda não poderia ser reabilitada de forma direta, sem antes passar por procedimento para ganho de tecido ósseo. Já as áreas relativas aos dentes 16 e 45, poderiam ser reabilitadas de forma direta. Assim, depois de bastante conversa, orientação e explicações ao paciente, optou-se em reabilitar, inicialmente, as áreas de menor complexidade (16 e 45) para que o paciente percebesse a simplicidade e a segurança do procedimento, e futuramente partir para a enxertia óssea da área 26. Foram feitos, portanto, implante da área 16 (Conexão – Hexágono Interno - 3.75x11.5mm) (figura 4) com auxílio de levantamento do assoalho do seio maxilar pela técnica de Summers, e implante da área 45 (Conexão – Hexágono Interno - 4.0x11.5mm) (figura 5). Passadas todas a recomendações
pós-operatórias ao paciente, foi aguardado o período de seis meses para início da fase protética. Paciente retornou ao consultório relatando ter passado bem neste período, e apresentava os tapa implantes parcialmente submersos por tecido gengival. Os componentes selecionados para a fase protética foram transferentes para moldeira fechada, respectivos análogos, UCLAs com base em cobalto-cromo e respectivos parafusos (figura 6), para confecção de próteses sobre implantes do tipo parafusadas. Na mesma sessão foi realizada a reabertura e remoção dos tapaimplantes, colocação dos transferentes cônicos e moldagem com silicona de condensação (Optosil Xantopren, Kulzer) (figuras 7, 8, 9 e 10). Paciente foi dispensado fazendo uso de cicatrizadores (figuras 11 e 12). Foram confeccionados os modelos para realização das infraestruturas e subsequente aplicação da cerâmica (figuras 13 e 14). Com a remoção dos cicatrizadores, pôde-se observar ótima qualidade gengival peri-implantar (figuras 15 e 16). As próteses sobre implantes com cerâmica aplicada foram provadas; os ajustes oclusais foram efetuados por meio da técnica de duas intensidades de mordida (leve e acentuada), previamente treinada com o paciente. O perfil junto ao corredor bucal e alinhamento no arco dentário também foram checados, assim como a tonalidade de cor; e realizadas algumas considerações junto ao técnico em prótese dentária. Depois da finalização e glazeamento das peças (figuras 17 e 18), as mesmas foram instaladas em posição, com torque de 20N, conforme recomendado pelo fabricante. Passados 10 minutos, os parafusos foram retorqueados na mesma intensidade (figuras 19 e 20). As cavidades dos parafusos foram preenchidas com veda rosca compactada e resina fotopolimerizável (figuras 21 e 22). O caso finalizado apresentou-se bastante satisfatório estética e funcionalmente (figura 23), assim como o aspecto radiográfico final (figuras 24 e 25). O paciente mostrou-se muito satisfeito e entusiasta com os demais procedimentos necessários a serem realizados.
Figura 1 Exame clínico inicial e áreas desdentadas – lado direito.
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Figura 5 Implante na área relativa ao elemento 45 (Conexão – Hexágono Interno 4.0x11.5mm).
Figura 2 Exame clínico inicial e áreas desdentadas – lado esquerdo.
Figura 3 Radiografia panorâmica inicial.
Figura 6 Transferente para moldeira fechada, respectivos análogo, UCLA com base em cobalto-cromo e respectivo parafuso (Conexão).
Figura 4 Implante na área relativa ao elemento 16 (Conexão – Hexágono Interno 3.75x11.5mm).
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Figura 7 Arcada superior – transferente posicionado para moldagem.
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Figura 8
Figura 11
Arcada inferior – transferente posicionado para moldagem.
Arcada superior – cicatrizador posicionado.
Figura 9
Figura 12
Molde superior – transferente e análogo posicionados.
Arcada inferior – cicatrizador posicionado.
Figura 10
Figura 13
Molde inferior – transferente e análogo posicionados.
Modelo de trabalho da arcada superior.
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Figura 14
Figura 17
Modelo de trabalho da arcada inferior.
Próteses sobre implantes finalizadas – vista lateral
Figura 15
Figura 18
Arcada superior - pós-remoção do cicatrizador, com excelente qualidade tecidual peri-implantar.
Próteses sobre implantes finalizadas – vista oclusal.
Figura 16 Arcada inferior - pós-remoção do cicatrizador, com excelente qualidade tecidual peri-implantar.
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Figura 19 Prótese sobre implante referente ao elemento 16 instalada.
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Figura 20
Figura 23
Prótese sobre implante referente ao elemento 45 instalada.
Vista vestibular das hemi-arcadas reabilitadas em oclusão.
Figura 21
Figura 24
Arcada superior com caso finalizado – vista oclusal.
Radiografia final do implante referente ao elemento 16 e respectiva reabilitação.
Figura 22
Figura 25
Arcada inferior com caso finalizado – vista oclusal.
Radiografia final do implante referente ao elemento 45 e respectiva reabilitação.
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Controles periódicos pósinstalação das próteses implantossuportadas são indispensáveis
Discussão Importante notar que, como bem mostrou o caso, não são todas as situações que possuem indicação para que sejam tratadas de forma direta e imediata. Situações extremas, como a falta de tecido ósseo, por exemplo, é um dos fatores que limita a instalação de implantes sem antes passar por outros procedimentos cirúrgicos. No entanto, é de grande importância que o cirurgião-dentista tenha conhecimento e bom senso em ponderar as situações limítrofes entre um caso e outro, podendo até mesmo optar por procedimentos trans-cirúrgicos, como levantamento de assoalho de seio maxilar, a fim de obter melhores condições para instalação do implante. As expectativas do paciente quanto aos seus anseios e reais necessidades devem ser dimensionadas pelo profissional, informando as alternativas de tratamento que poderão ser realizadas e a importância da sua proservação, além dos índices de fracasso ou contratempos no transcorrer do tratamento. Dentro deste contexto, não seria descabido afirmar que, embora a implantodontia seja estabelecida como a “terceira dentição”, os pacientes que são submetidos atualmente a este tipo de tratamento ainda necessitam da conscientização quanto à sua preservação, que envolve os cuidados diários de higiene oral e visitas periódicas ao profissional12. Outra questão de suma importância que cabe dentro da proservação periódica é quanto ao controle oclusal, que representa uma das principais causas de falhas pós ósseointegração5,15,16. O controle em longo prazo da distribuição uniforme dos contatos sobre as próteses sobre implantes, além de contatos sem sobrecarga, deve ter especial atenção do cirurgião-dentista, já que a implantação dos dentes remanescentes em alvéolo com ligamento periodontal permite mobilidade e intrusão dos mesmos, diferentemente dos implantes ósseointegrados17. A técnica de ajuste oclusal com duas intensidades de mordida, como descrita por Rilo et al. (2008)5, consiste basicamente em checar uma oclusão leve (em que os contatos devem ocorrer apenas em dentes naturais) e uma oclusão acentuada (em que se deve obter contatos em dentes naturais e implantes, levando em conta a intrusão desses pelo ligamento periodontal). Na confecção da prótese sobre implante superior, referente ao molar, houve a necessidade de gerar leve cantilever mesial, a fim de promover adequado ponto de contato com dente adjacente. Como já bem relatado na literatura, o efeito biomecânico gerado por catiléveres deve ser evitado, principal-
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mente os localizados em extremo distal18. Neste caso tal fator não se torna tão prejudicial, já que a estabilização mesial pelo dente adjacente minimiza seus efeitos. A opção por próteses sobre implantes do tipo parafusadas foi realizada devido à preferência dos profissionais para com esta, diante das variadas características apresentadas na literatura19,20. No entanto, nada impediria que tais próteses fossem do tipo cimentadas. Outra questão é a opção do carregamento imediato, a qual poderia ser realizada, já que o travamento dos implantes se deu com torque aproximado de 60N. Entretanto, o paciente não demonstrou interesse neste tipo de tratamento, afirmando que pelo fato de já estar há bastante tempo sem dentes nesta área poderia aguardar o tempo de ósseointegração para que a reabilitação definitiva fosse executada. A área de molar da hemi-arcada esquerda superior não foi reabilitada devido à debilidade em altura óssea, sendo necessário, neste caso, procedimento de enxertia. Tanto paciente como profissionais preferiram realizar inicialmente a parte menos invasiva do tratamento e, posteriormente, a área com necessidade de enxerto ósseo. O caso foi assim planejado a fim de serem avaliados alguns fatores, como comportamento do paciente ao plano de tratamento, orientações de higiene e manutenção da saúde bucal, andamento geral da instalação e uso das próteses implantossuportadas, além também da questão financeira do paciente. Por tais motivos, fizeram-se a colocação dos implantes e respectivas reabilitações apenas nas hemi-arcadas superior e inferior direitas. É importante destacar que, após todos os procedimentos nestas áreas terem sido realizados, o paciente mostrou-se extremamente satisfeito e tranquilizado com relação a todo o processo que envolve o procedimento, e assim sendo, demonstrou grande interesse em continuar a reabilitar a área que necessitaria de enxerto ósseo (hemi-arcada superior esquerda). É importante, e está inserido neste trabalho como uma das finalidades, encorajar tanto o cirurgião-dentista como também o paciente, mostrando que, quando há um correto e adequado planejamento do caso, associado a capacitação e experiência dos profissionais, é possível obter os resultados esperados de forma rápida, tranquila e previsível.
Conclusão De acordo com o relato do presente caso clínico, embasado nas referências que constam na literatura, pode-se concluir que o tratamento envolvendo próteses implantossuportadas apresenta ótima previsibilidade e prognóstico adequado, desde que seja bem indicado e planejado. Além disso, casos em que se cumprem os requisitos mínimos para a implantodontia demonstram resolubilidade rápida e satisfatória. Controles periódicos pós-instalação das próteses implantossuportadas, com especial atenção à oclusão, são indispensáveis.
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Aumento de coroa anterior estético minimanente traumático
Maristela Lobo Especialista em Periodontia. Mestre em Cariologia e Doutora em Dentística. Membro ITI. Professora dos cursos de especialização em Implantodontia e PósGraduação em Odontologia Estética do Centro Universitário SENAC.
A
odontologia moderna busca corresponder às expectativas estéticas dos pacientes por meio de procedimentos minimamente invasivos, que possibilitem a manutenção da saúde, da função e da estética em longo prazo. Alguns indivíduos apresentam um sorriso esteticamente comprometido pela excessiva exposição da gengiva, o que causa um desequilíbrio visual nas proporções ideais de estética vermelha (gengiva) e branca (dentes). O sorriso gengival é caracterizado por uma exposição gengival maior que 3,0 mm1,2,3. A sua etiologia pode estar relacionada à erupção passiva alterada, ao aumento do volume de gengiva devido ao acúmulo de placa ou uso de medicamentos, à hiperatividade do lábio, à extrusão dento-alveolar, ao lábio superior curto ou hiperativo, ao excesso vertical de maxilla ou à combinação deses fatores2,3. O aumento de coroa clínica anterior estético está indicado para estabelecer uma relação proporcional adequada entre a posição da margem gengival, o comprimento da coroa clínica dos dentes e o lábio, desta forma corrigindo a demasiada exposição de tecido gengival. A seleção de técnicas de correção com resultados clínicos previsíveis para cada caso requer o correto diagnóstico acerca da etiologia desta condição. Os indivíduos que possuem erupção passiva alterada e hiperplasia gengival inflamatória são possíveis candidatos ao aumento de coroa clínica anterior estético. A filosofia da cirurgia periodontal sob mínimo trauma cirúrgico vem ao encontro desses casos clínicos, e consiste em um procedimento com menos incisões, ausência de retalhos e de suturas. Essa técnica tem sido empregada em cirurgias de implante 4, e gera um pós-operatório mais confortável, acelerando a cicatrização e evitando cicatrizes. Dentro desse contexto, o caso clínico selecionado para esse artigo ilustra a resolução estética do sorriso gengival por erupção passiva por meio de procedimentos minimamente invasivos.
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Caso clínico O paciente G.C, de 26 anos, relatou a insatisfação com a estética do seu sorriso, devido à excessiva exposição de tecido gengival – o que conferia aspecto infantil, e à coloração escurecida dos dentes (figura 1). Durante o exame clínico, foram aferidas a profundidade de sondagem (PS), a distância da Margem Gengival até a Junção Cemento-Esmalte (MGJCE) e a distância da Margem Gengival até a Crista Óssea (MGCO), considerando os dentes #15 ao 25. Verificou-se que a PS média era de 2,0 mm, e que equivalia à MGJCE, na maioria dos casos. A distância MGCO, em média, foi de 3,0 mm. Com essas informações clínicas, e sabendo-se que o paciente não seria submetido a quaisquer intervenções restauradoras em seus dentes naturais, seguiu-se o planejamento do aumento de coroa clínico estético minimamente invasivo, considerando os elementos # 15 ao 25, e posterior clareamento. O paciente ingeriu 4mg de dexametasona como medicação pré-anestésica, uma hora antes do procedimento. O aumento de coroa clínico foi de forma minimamente traumática, com instrumentos delicados – lâmina de bisturi 15C, cinzéis de Fedi #1 e 2, e microcinzéis de Oscheinbein #1 e 2, além de curetas periodontais. Após a incisão em bisel interno de um colarinho gengival ao nível da JCE e respeitando as papilas, nova sondagem foi realizada para determinar a distância da Margem Gengival Cirúrgica até a Crista Óssea (MGCCO). Essa distância, em média 1,0 mm, teve que ser trabalhada para chegar à medida de 2,5 mm, via sulco gengival. A osteotomia foi realizada manualmente, com os cinzéis apropriados, seguindo-se com a remoção de debris ósseos com curetas periodontais e abundante irrigação. Não houve rebatimento de retalho ou de papilas, e também não houve suturas (figuras 3a e 3b). A altura da margem gengival cirúrgica nos caninos foi semelhante à dos incisivos centrais, com a margem dos incisivos laterais ligeiramente deslocada para coronal. Os zênites gengivais fo-
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Figura 1 O excesso de tecido gengival confere ao sorriso um aspecto infantil, devido à aparente diminuição do tamanho da coroa clínica.
ram mantidos deslocados para a distal. O paciente foi medicado no pós-operatório com Paracetamol a 750 mg e foi orientado a realizar bochechos com clorexidina a 0,12%, duas vezes ao dia, durante um minuto, por 15 dias. Quinze dias após o procedimento, o paciente retornou para avaliação. Ao exame clínico, pôde-se observar o reestabelecimento da proporção coronária e o manchamento da superfície dos dentes pelo uso da clorexidina (figuras 4a e 4b). Trinta dias após o procedimento, o paciente foi submetido ao clareamento dental associado, que consistiu em uma sessão de clareamento ambulatorial, com peróxido de hidrogênio a 35% e ativação por luz LED, seguida de 14 dias de aplicação caseira de gel de peróxido de carbamida a 10% em moldeira individual. O resultado pode ser visto nas figuras 5a, 5b, 6a e 6b.
Figura 3a e 3b
Remoção inicial do colarinho de gengiva, unilateral. Finalização do procedimento realizado totalmente intra-sulcular, sem deslocamento de retalhos, de papilas ou quaisquer tipos de suturas.
Figuras 2a, 2 b, 2c e 2d Além do excesso de gengiva, observa-se também a coloração escurecida dos dentes.
Figuras 4a e 4b Observa-se o aumento satisfatório da proporção coronária, com rápida cicatrização dos tecidos marginais. Adicionalmente, observa-se a pigmentação pelo uso da clorexidina.
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Figuras 5a e 5b Após o clareamento, o paciente teve a proporção visual vermelha (gengiva) e branca (dentes) equilibrada.
apenas para resolver a queixa de sorriso gengival, sem qualquer planejamento protético posterior, ou indivíduos cujas restaurações permanecerão aderidas ao esmalte dental exposto após a cirurgia periodontal, a JCE é considerada o limite para a remoção tecidual. Se a remoção da gengiva ultrapassar esse limite, haverá exposição dentinária e consequente hipersensibilidade. Diante do exposto, o cirurgião-dentista deve inspecionar a posição da JCE, e medir a faixa de tecido queratinizado, para determinar o “colar” de gengiva que poderá ser removido. Embora não exista um limite mínimo de quantidade de tecido queratinizado para o estabelecimento da saúde gengival, essa estrutura é considerada nobre e importante na estabilização da margem da gengiva5. O profissional deve considerar a manutenção de, pelo menos 3,0 mm de faixa de tecido queratinizado, visando conferir conforto e estética ao paciente. O conceito de abordagem minimamente invasiva representa uma evolução das técnicas cirúrgicas periodontais e peri-implantares. Uma grande vantagem desse procedimento é a diminuição do tempo necessário para a maturação dos tecidos moles com formação do sulco gengival e estabilidade dimensional da margem gengival antes de preparos dentais pré-protéticos6. Isso parece ocorrer uma vez que o periósteo é preservado durante o ato cirúrgico. Fickl e colaboradores7, em 2008, realizaram um estudo em cães e verificaram que as alterações teciduais volumétricas foram significativamente mais discretas em sítios pós-exodontia submetidos ao mínimo trauma cirúrgico, nos quais o periósteo foi deixado em posição. No caso clínico apresentado, a ausência de suturas e o menor tempo de maturação tecidual representam grande conforto pós-operatório para o paciente. É possível que a maior vantagem desses procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos seja a mudança de paradigmas e a melhor aceitação dos pacientes quanto aos procedimentos cirúrgicos.
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Figuras 6a e 6b Resultado comparativo inicial e final.
Considerações finais O caso clínico relatado neste artigo permitiu a resolução estética do sorriso gengival através de um procedimento cirúrgico minimamente invasivo para aumento de coroa clínico estético. O paciente apresentava excesso de gengiva queratinizada recobrindo a superfície do esmalte dos seus dentes, resultado de uma possível erupção passiva alterada. Esse fenômeno, descrito por Levine & McGuire3, em 1997, descreve uma situação na qual a coroa clínica tem aparência curta, produzida por excessiva cobertura de gengiva sobre o esmalte dental, resultado de uma falha na fase passiva da erupção dental. O conhecimento da posição da JCE é de fundamental importância para o planejamento da cirurgia. Nos indivíduos que são submetidos a uma cirurgia estética de aumento de coroa clínica
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3. Levine RA, McGuire M. The diagnosis and treatment of the gummy smile. Compend Contin Educ Dent. 1997 Aug;18(8):75762, 764; quiz 766. 4. Campelo LD, Camara JR. Flapless implant surgery: a 10-year clinical retrospective analysis. Int J Oral Maxillofac Implants. 2002 Mar-Apr;17(2):271-6. 5. Joly JC, Da Silva RC, Mesquita de Carvalho, PC. Reconstrução Tecidual Estética – Procedimentos Plásticos e Regenerativos. Ed. Artes Médicas, 2010. 6. Pontoriero R, Carnevale G. Surgical crown lengthening: a 12-month clinical wound healing study. J Periodontol. 2001 Jul;72(7):841-8. 7. Fickl S, Zuhr O, Wachtel H, Kebschull M, Hürzeler MB. Hard tissue alterations after socket preservation with additional buccal overbuilding: a study in the beagle dog. J Clin Periodontol. 2009 Oct;36(10):898-904. Epub 2009 Aug 27.
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Recuperação da estética do sorriso utilizando procedimentos restauradores diretos e cirúrgicos periodontais Ana Paula Albuquerque Guedes
Sandra Rahal Mestrener
Departamento de Odontologia Restauradora, Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP. Aluna do curso de doutorado em Dentística da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP.
Departamento de Odontologia Restauradora, Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP. Professora Assistente Doutora da disciplina de Dentística da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP.
Eduardo Passos Rocha
Thaís Yumi Umeda Suzuki
Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese, Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP. Professor Adjunto da disciplina de Prótese Dentária da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP.
Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese, Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP. Aluna do curso de mestrado em Prótese Dentária pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP.
Paulo Henrique dos Santos Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese, Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP. Professor Adjunto da disciplina de Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP.
Wirley Gonçalves Assunção Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese, Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP. Professor Adjunto da disciplina de Prótese Dentária da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP.
Fernanda Garcia de Oliveira Departamento de Odontologia Restauradora, Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP. Aluna do curso de doutorado em Dentística da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP.
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Odontologia Cosmética teve um crescimento considerável nos últimos anos devido ao avanço dos materiais e das técnicas restauradoras1. Essa evolução permitiu que problemas, como alterações de cor, textura, forma e posição dos dentes fossem sanados de forma simples, rápida e satisfatória1,2. Entre as alterações de posição e forma mais comumente encontradas temos os diastemas e os dentes conóides3. O tratamento desses casos normalmente envolve a reanatomização dental e o fechamento desses espaços com procedimentos restauradores diretos ou indiretos1,3. Entretanto, muitas vezes, essas alterações estéticas tornam-se um desafio para o clínico, uma vez que, em grande parte dos casos ocorre uma associação de problemas que envolvem não somente a estética branca, mas também a estética vermelha4. Nesses casos, ocorre uma desarmonia entre as formas e as cores do elemento dental, bem como uma deficiência na proporção lábio e gengiva2. Ao sorrir, normalmente um indivíduo expõe de 1 a 3 mm de gengiva, ressaltando o tecido gengival interdental e ainda a margem gengival5,6. No entanto, há situações em que ao sorrir o indivíduo expõe uma grande faixa de gengiva. Nestas situações, a avaliação diagnóstica do sorriso reflete uma grande exposição do tecido gengival e dos dentes2. Esta condição, segundo Gusmão et al , é conhecida como Síndrome do dente curto ou “Short Tooth Syndrome” (STS) e apresenta sua etiologia ligada a vários fatores, que devem ser identificados
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isoladamente, já que para cada causa existe um plano de tratamento diferenciado5,7. As cirurgias plásticas periodontais têm-se consagrado como fundamentais nesse enfoque terapêutico, que advoga a estética com plástica compatível à beleza, valorizando a função e mantendo um melhor padrão de saúde8,9. Da mesma forma, a plástica dental, por meio de materiais restauradores diretos, é essencial para devolver a proporção entre os dentes, restabelecendo a harmonia da forma com a máxima preservação tecidual. Sendo assim, para a resolução de casos onde ocorre um comprometimento estético periodontal e dentário a terapêutica multidisciplinar, associando plástica gengival e procedimentos restauradores, é uma alternativa bastante positiva no que diz respeito ao tratamento integrado do paciente, restabelecendo estética e função10. O objetivo do presente estudo foi apresentar um caso clínico de reabilitação estética e funcional de diastemas e dentes conóides associados ao sorriso gengival, por meio da técnica restauradora direta e da cirurgia periodontal.
Caso clínico Paciente do gênero feminino, 28 anos, procurou a clínica de dentística da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP para a resolução de problemas estéticos nos dentes anteriores. Ao exame clínico, observou-se diastemas entre os dentes 12 e 13 e entre os dentes 21 e 22, que o incisivo lateral
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Caso Clínico
Figura 1
Figura 2
Sorriso inicial da paciente.
Sondagem e marcação dos pontos sangrantes.
Figura 3
Figura 4
Incisão com bisturi e remoção do tecido gengival em excesso.
Osteotomia com lima para osso.
Figura 5
Figura 6
Suturas interpapilares.
Enceramento diagnóstico.
Figura 7
Figura 8
Guia de silicone.
Condicionamento com ácido fosfórico 37%.
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Figura 9 Aplicação dos sistema adesivo Scotchbond Multiuso.
Figura 10 Inserção da resina composta 4 Season na cor A1.
Figura 11 Acabamento e remoção dos excessos de resina composta com os discos Sof-Lex Pop on.
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superior esquerdo (22) apresentava formato conóide, e que o canino superior direito (13) apresentava uma leve giroversão. A paciente também apresentava coloração amarelada em todos os elementos dentários (figura 1). Ao sorrir, apresentava uma exposição excessiva de tecido gengival devido à espessura delgada do lábio superior, além de possuir coroas clínicas curtas, principalmente nos caninos superiores. Após anamnese, exame clínico e radiográfico, diagnóstico e planejamento foi indicada a cirurgia para aumento de coroa clínica com remoção do tecido gengival em excesso e reanatomização dos elementos dentários com a técnica adesiva direta. Inicialmente, para solucionar os problemas da estética vermelha, foi realizada anestesia local, marcação do fundo do sulco gengival clínico, com auxílio de uma sonda periodontal milimetrada (figura 2), transferindo a medida para a face externa da gengiva, obtendo-se as marcações ou pontos sangrantes na margem gengival, ligeiramente acima de cada dente, de forma a servir como referência para se realizar a primeira incisão, conforme o tamanho médio dos elementos dentários. Posteriormente, realizou-se uma leve incisão com lâmina de bisturi no15 que foi reafirmada com o gengivótomo de Kirkland. Utilizando-se do gengivótomo de Orban foi realizada a remoção do tecido gengival em excesso (figura 3). Também foi realizada a osteotomia utilizando limas para osso e ponta diamantada para restabelecimento do contorno ósseo e manutenção do espaço biológico (figura 4), finalizando os procedimentos cirúrgicos com sutura interpapilar com fio de sutura de seda 4-0 (Ethicon, Johnson & Johnson Company, São José dos Campos - Brasil) (figura 5). Após 60 dias, devido à insatisfação da paciente com a coloração de seus dentes, planejou-se o tratamento clareador caseiro com peróxido de carbamida a 16% (Whitness Perfect, FGM, Joinvile, Brasil) associado a uma moldeira de acetato devidamente confeccionada para esse fim. A paciente foi moldada com alginato (Hydrogum, Zhermack, Italy) para a confecção do enceramento diagnóstico nos diastemas e dentes conóides, a fim de observar e definir a forma e o contorno final da restauração (figura 6). Após a aprovação da paciente confeccionou-se uma guia de silicone de condensação (Zetaplus, Zhermack, Italy) a partir do modelo de estudo (figura 7). O procedimento restaurador teve início após uma semana do término do clareamento. Inicialmente realizou-se profilaxia com pedra-pomes e escova de Robinson montada em baixa rotação, escolha da cor com a escala VITA® e isolamento relativo com fio retrator (Ultrapak, Ultradent Products, Inc., South Jordan, USA) e roletes de algodão. Em seguida, foi realizado o condicionamento do esmalte com ácido fosfórico 32% (Bisco Inc., Schaumburg, IL, EUA) durante 30 segundos, lavagem, secagem, aplicação e fotopolimerização do sistema adesivo Scotchbond Multiuso (3M ESPE) (figuras 8 e 9). Os incrementos de resina composta 4 Season (Ivoclar Vivadent) na cor A1 foram inseridos na guia de silicone e então fotopolimerizados por 40 segundos (figura 10).
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As cirurgias plásticas periodontais estão se consagrando como fundamentais nesse enfoque terapêutico
Figura 12 Polimento com ponta de carbeto de silício Jiffy Brush.
Figura 13 Aspecto final do sorriso após o tratamento cirúrgico-restaurador.
As últimas camadas de resina foram inseridas e alisadas com o auxílio de um pincel para reproduzir a lisura de superfície do esmalte vestibular. Após a remoção do fio retrator, a oclusão da paciente foi testada com papel carbono em movimentos látero-protrusivos e oclusão cêntrica. Por fim, realizou-se o acabamento das restaurações com pontas diamantadas extrafinas (1190 F, KG Sorensen Indústria e Comércio Ltda, Barueri, São Paulo, Brasil) preocupando-se para não deixar excessos na região cervical, discos pop on (3M ESPE) (figura 11) e polimento com ponta de carbeto de silício (#850 - Jiffy Regular Brushes 10pk Regular Brushes 10pk; Ultradent Products, Inc., South Jordan, USA) obtendo uma superfície lisa e brilhosa (figura 12).
Discussão Um sorriso estético é aquele que apresenta uma determinada correlação harmônica entre a forma e as cores do elemento dental, assim como uma boa proporção entre o lábio e gengiva2. No entanto, algumas vezes esses critérios podem falhar, resultando em um sorriso comprometido estética e funcionalmente2,5. Na reabilitação estética em dentes anteriores, onde há o comprometimento dos elementos dentários e tecidos periodontais, muitas vezes é necessário inter-relacionar especialidades e traçar um plano de tratamento multidisciplinar10. Os dentes, durante o sorriso, exibem-se de quatro maneiras: somente os dentes superiores estão visíveis, somente os dentes inferiores estão visíveis, ambos estão visíveis ou nenhum está visível, de forma que o comprimento do lábio superior está diretamente relacionado com os tipos de sorriso2,5. Um lábio curto e delgado, como o do caso clínico apresentado, implica em uma linha de lábio alto, mostrando toda a coroa clínica dos dentes superiores e uma porção gengival. Para o restabelecimento de um sorriso harmônico podemos utilizar as técnicas cirúrgicas periodontais para remover o excesso de tecido gengival e melhorar o contorno do arco côncavo regular antes dos procedimentos restauradores2,5,7. No caso, aqui apresentado, optou-se por melhorar a harmonia da linha do sorriso, bem como aumentar a coroa clínica dos caninos e incisivos laterais, que conferiam a paciente um sorriso infantil. Amorim Lopes et al afirmam que a estética periodontal depende da simetria, forma, cor e contorno da margem gengival11. Entretanto, esses itens devem estar harmoniosamente relacionados com o lábio e dentes para que esse sorriso se torne agradável11. Por isso, cada vez mais as cirurgias plásticas gengivais são empregadas com o intuito de devolver a estética e função dos tecidos periodontais e viabilizar o tratamento restaurador, que sozinho, muitas vezes, não é capaz de solucionar o problema do paciente5,8,9. Antes do início dos procedimentos restauradores foi proposto para a paciente o clareamento dentinário, a fim de aperfeiçoar os resultados estéticos. Foi realizada então a técnica caseira com peróxido de carbamida a 16% por se tratar de um procedimento seguro e eficaz. Após a cirurgia periodontal e clareamento dentinário, optou-se por restaurar os dentes da paciente pela técnica restauradora direta. A escolha pelas resinas compostas ocorreu devido ao avanço desses materiais, bem como dos sistemas adesivos que hoje podem ser utilizados de forma fácil e segura1,3. Além disso, este é um procedimento considerado extremamente conservador, quando comparado às facetas e coroas de porce-
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Caso Clínico NORMAS PARA PUBLICAÇÂO lana, já que não exigem desgastes e preparos cavitários . Neste trabalho utilizou-se uma resina composta nanohíbrida de partículas finas em todo procedimento cosmético. Este compósito associa boas propriedades mecânicas, como resistência à fratura e ao desgaste com uma adequada lisura de superfície, oferecendo assim, excelentes propriedades estéticas12. Também é importante ressaltar a utilidade do enceramento diagnóstico que auxilia a visualização dos resultados previamente, diminuindo as chances de insatisfação do paciente. Além disso, a confecção da matriz de silicone facilita a técnica restauradora, permitindo que a superfície palatina, reproduzida no modelo de gesso, seja transferida para o elemento dentário1-3. Enfim, considera-se que, em casos onde ocorre o comprometimento da estética branca e vermelha, a associação de procedimentos cirúrgicos periodontais e restauradores é capaz de solucionar os diversos casos de comprometimento estético anterior como o apresentado neste trabalho clínico, que de fato devolveu a estética do sorriso da paciente. 1
Conclusão Diante do exposto, pode-se concluir que o uso das resinas compostas é um meio viável, conservador e eficaz para as reanatomizações de dentes conóides e fechamento de diastemas e que o tratamento multidisciplinar para o restabelecimento da harmonia do sorriso é o que melhor devolve aos pacientes estética e função.
Referências
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5. Gusmão ES, Coelho RS, Cedro IR, Santos RL. Cirurgia plástica periodontal para correção do sorriso. Odontologia Clin-Cientif Recife 2006 5: 345-348.
8) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor (res). Os trabalhos publicados terão os seus direitos autorais guardados e só poderão ser reproduzidos com autorização da VP GROUP/Odonto Magazine.
6. Garber DA, Salama MA. The aesthetic smile: diagnosis and treatment. Periodontol 2000 1996 11: 18-28.
9) Cada autor do artigo receberá exemplar da revista em que seu trabalho foi publicado.
7. Chu SJ, Karabin S, Mistry S. Short tooth syndrome: diagnosis, etiology, and treatment management. CDA Journal 2004 32: 143-152. 8. Duarte CA. Cirurgia Periodontal pré-protética e estética. São Paulo: Editora Santos; 2004. 9. Foley TF, Sandhu HS, Athanasopoulos C. Esthetic periodontal considerations an orthodontic treatment – the management of excessive gingival display. CDA Journal 2003 69: 368-372.
10) Os trabalhos, bem como qualquer correspondência devem ser enviados para: Vanessa Navarro ou Vivian Pacca – ODONTO MAGAZINE Alameda Amazonas, 686 – sala G1 Alphaville Industrial – Barueri-SP CEP 06454-070 11) Ao final do artigo, acrescentar os contatos de todos os autores: nome completo, endereço, bairro, cidade, estado, CEP, telefones e e-mail. 12) Informações:
10. Speroni S, Briguglio F, Maridati P, Beretta M, Maiorana C. Hard and soft tissue augmentation in implant surgery: a case report. Minerva Stomatol 2011 60: 123-131. 11. Amorin Lopes JC. Cirurgia plástica periodontal empregada na correção do “sorriso gengival”. Relato de casos. J Bras Odontol Clin 1999 3: 80-82. 12. Ferracane JL. Resin composite--state of the art. Dent Mater 2011 27: 29-38.
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