Ano 2 - N° 14 - Março de 2012
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Um futuro livre de cáries
ISSN 2179-8796
Reportagem
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comunicação integrada
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Editorial Edição: Ano 2 • N° 14• Março de 2012
Ser profissional de saúde é...
Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7501
F
inalmente o nosso ano de trabalho começa! Afinal, o Carnaval passou e tudo se retoma. Nesse tempo de menor atribulação de trabalho parei para refletir acerca de nossa função, do papel que escolhemos e desempenhamos nesse mundo. Nossa missão e ofício. Nosso sonho em ser um profissional da saúde, que normalmente nasce na tenra idade, invarialmente nos inclina para áreas específicas do saber e aponta o jovem que aspira ser dentista para os caminhos da Biologia, que significa estudo da vida. Isso já é um indício da vocação em cuidar do outro. E quando nos damos conta, estamos formados e com um caminho em branco para ser preenchido a nossa maneira e que depende de nossas escolhas. Esse caminho pode seguir uma infinidade de rotas e estradas diferentes, mas só terá êxito e valerá mesmo a pena se soubermos de pronto a essência de ser um profissional de saúde Ser profissional de saúde é contribuir para melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas, atendendo às suas necessidades de saúde. Significa ter imensa responsabilidade com pouca autoridade. É entrar na vida das pessoas e fazer a diferença. Alguns te abençoam, outros te odeiam. É ver as pessoas no seu pior e melhor momento. É, às vezes, presenciar a vida começar, terminar e tudo que acontece no meio. É presenciar a capacidade das pessoas para o amor, a coragem e a resistência. E o que é ser dentista? É ser um profissional de saúde com habilidades manuais e especialista no tratamento bucal das pessoas. É importante lembrar que o trabalho do dentista vai além da definição dessa primeira frase. Um dentista deve ter formação humanista e estar atento ao bem-estar do paciente para lhe oferecer o tratamento adequado. É preciso gostar de lidar com pessoas, porque não cuidamos somente do dente, da boca, cuidamos do paciente como um todo. Em meio a tanta atribulação e um mercado de trabalho competitivo, ficamos a todo o momento pensando no que fazer para ter sucesso, ganhar mais dinheiro e ser realizado profissionalmente. E me deparo com uma resposta simples: o segredo do profissional de saúde de sucesso é entender o “todo” do ser humano, que vai além do estudo técnico específico e passa muito pela capacidade que temos de lidar com as pessoas, suas aflições, agruras, necessidades e frustrações. Temos que ser um pouco de tudo: profissional técnico, conselheiro, psicólogo, e por que não amigo? Quando desempenhamos o nosso trabalho com amor e muita dedicação, o sucesso e o retorno financeiro são apenas consequências! Boa leitura e até a próxima!
Lusiane Borges Membro do Conselho Científico
Gerência Geral Marcela Petty e. marcela.petty@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7502 Marketing Ironete Soares e. ironete.soares@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7500 Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7761 Aline Aquino e. aline.aquino@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7765 Designer Gráfica Débora Becker e. debora.becker@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7509 Web Designer Robson Moulin e. robson.moulin@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7509 Sistemas Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br t. +55 (11) 4197.7762 Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente de Contas Vivian Ceribelli Pacca e. vivian.pacca@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7507 Conselho Científico Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Diego Michelini, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, Jayro Guimarães Junior, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Lusiane Borges, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Pablo Ozorio Garcia Batista, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Rodolfo Candia Alba Jr., Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo e William Torre.
A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comerciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. É uma publicação da VP Group voltada para profissionais de odontologia das mais diversificadas especialidades. Conta com a distribuição gratuita e dirigida em todo território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor. Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica
Alameda Amazonas, 686, G1 - Alphaville Industrial 06454-070 - Barueri – SP • + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br 4
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Sumário
Março de 2012 • Edição: 14
pág.
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Reportagem
26
Entrevista
30
Espaço equipe
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Editorial
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Programe-se
10
Notícias
14
Odontologia Segura
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Produtos e Serviços
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Um futuro livre de cáries
pág.
Contenção física na Odontologia A importância de fazer a diferença Marina Montenegro Rojas
32 34
40
Relacionamento Odontologia Cidadã
Ponto de vista
Odontologia moderna: preservar para não remendar
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Colunistas 50
Periodontia
Rodrigo G. Bueno de Moraes
pág.
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A importância dos aspectos fisiológicos da oclusão na reabilitação oral
Tratamento da osteonecrose de mandíbula induzida por bifosfonato com irradiação laser de baixa potência e PDT Marisa Helena de Carvalho, Vanessa de Carvalho Fabricio e Larissa Douat Valim
Gestão
Plínio Augusto Rehse Tomaz 38
Casos Clínicos
Gustavo Diniz Greco e Rafael Santana Figueiredo
José Eduardo de Oliveira Lima 36
38
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Normas para publicação
Os artigos e as entrevistas são de inteira responsabilidade do autor e/ou entrevistado, e não refletem, obrigatoriamente, a opinião do periódico.
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Programe-se
Março
Julho
14º Congresso Internacional de Odontologia do Distrito Federal 21 a 24 de março de 2012
O evento científico e comercial objetiva atender a grande demanda de profissionais do ramo odontológico, e principalmente dar atenção especial para o público de especialistas, mestres, doutores e profissionais que estão à busca de novos materiais, novas tecnologias e pesquisas.
evidenciando que novas capacidades estão surgindo. Os organizadores esperam por cada um dos colegas que igualmente se propõem em atualizar e aprimorar seus conhecimentos, além de compartilhar momentos de confraternização.
Gramado – RS
www.simposiosobracom.com.br ***
Junho
Brasília – DF
www.ciodf.com.br ***
Abril 21º COPEO – Congresso Pernambucano de Odontologia 12 a 15 de abril de 2012
O tema principal do evento nos convida para a reflexão sobre as vidas profissionais, pessoais, interpessoais, enfim, naquilo o que possível fazer para alcançar mais qualidade de vida pessoal como também dos pacientes assistidos nos consultórios e serviços assistenciais.
Recife – PE
www.copeo.com.br
X Encontro Internacional da Academia Brasileira de Osseointegração ABROSS 14 a 16 de junho de 2012
Em junho de 2012, os especialistas em reabilitação oral com implantes terão acesso a um evento Premium, um encontro para implantodontistas que fazem questão de estar um passo a frente nesse campo. A décima edição do encontro oferecerá seis módulos temáticos, apresentados por sete pesquisadores internacionais especialmente convidados, além de 30 especialistas brasileiros de reconhecida competência.
São Paulo - SP ***
Maio
www.encontrosabross.com.br ***
VII CROPI – Ciclo de Conferências em Reabilitação Oral. Periodontia e Implantodontia 09 a 11 de maio
O evento tem como objetivo proporcionar uma visão ampla e contemporânea da Odontologia. A cada edição, cresce o número de parceiros, enfatizando a importância do aperfeiçoamento constante para o exercício da Odontologia.
Sessão Geral e Exposição da Associação Internacional sobre Pesquisa Dentária - IADR 2012 20 a 23 de junho de 2012
A IADR faz sua exposição em 2012 com as mais recentes pesquisas dentárias. Debatendo sua história, mercado do setor, problemas do cotidiano do profissional, entre outros assuntos.
Rio de Janeiro - RJ
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www.cropi.com.br
8º Simpósio Internacional de Ortopedia Funcional dos Maxilares e Ortodontia 23 a 26 de maio de 2012
A oitava edição apresentará a oportunidade de agrupar, mais uma vez, a Ortopedia Funcional dos Maxilares e a Ortodontia,
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11 a 15 de julho de 2012
O evento é um dos maiores encontros científicos e educacionais da Odontologia na América Latina. Seu público tem uma média de 7.000 profissionais do segmento odontológico, especialistas ou não, com interesse em trocar experiências.
Porto Alegre (RS)
www.abors.org.br
Agosto
13° Congresso de Odontologia do Espírito Santo
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12º Congresso de Odontologia do Rio Grande do Norte 23 a 26 de agosto de 2012
Com o tema “Impacto da Tecnologia na Prática Odontológica” rompem-se as fronteiras entre campos científicos, buscando necessidades de reorientação da atenção à saúde através da ampliação da promoção e prevenção.
Natal – RN
www.aborn.org.br ***
Setembro IV Congresso Internacional de Odontologia de Fortaleza - Ceará 12 a 15 de setembro de 2012
A comissão científica está se esmerando na montagem da grade com temas inovadores e palestrantes de renome. Serão cursos nacionais e internacionais das diversas especialidades focados no tema central.
Fortaleza – CE
www.abo-ce.org.br
www.dentalresearch.org
Ribeirão Preto – SP ***
19° Congresso Odontológico Riograndense
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Congresso Internacional de Implantologia 13 a 15 de setembro de 2012
O evento reunirá renomados profissionais da Odontologia que apresentarão as técnicas mais recentes.
O terceiro evento, organizado pela Faculdade de Odontologia, Faculdade de Odontologia de Bauru e Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, todas da USP, aceita trabalhos até o dia 1º de junho de 2012.
Vitória – ES
Bauru – SP
28 a 30 de junho de 2012
www.aboes.org.br
www.fob.usp.br
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Notícias Hospital é referência para Programa Sorria Mais São Paulo
As estatísticas já confirmaram vários benefícios trazidos pela presença da Odontologia no ambiente hospitalar, como a redução do uso de antibióticos, da incidência de pneumonias nas UTIs, do tempo de internação, da necessidade de alimentação parenteral, do uso de fatores da coagulação, entre outros. Lançado recentemente pelo Governo do Estado, o Programa Sorria Mais São Paulo vai investir cerca de R$ 35 milhões ao ano na saúde bucal, e tem como uma das frentes a Odontologia hospitalar. A ideia é inserir a presença do cirurgião-dentista em várias áreas de todos os hospitais do Estado até 2014. O projeto piloto foi feito no Hospital Mario Covas, na cidade de São Paulo, e para a implantação inicial do serviço foram selecionados sete hospitais. Parte do modelo adotado teve como referência a experiência de mais de 30 anos de atendimento odontológico no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP. O trabalho do HCFMRP colaborou especialmente na estruturação do programa Sorria Mais São Paulo. “O fluxograma de atendimento do paciente foi montado tendo como exemplo o que fazemos no HCFMRP. É claro que foi aperfeiçoado, levando em consideração a experiência de cada participante do grupo que elaborou o projeto. Isso fez com que nosso serviço tivesse uma participação especial”, comemora o cirurgião-dentista Leandro Dorigan de Macedo. Se em outros hospitais o programa ainda será implantado, no HCFMRP os recursos vão ajudar a melhorar o serviço já existente. A princípio, diz Macedo, “o atendimento era somente para pacientes de cirurgia cabeça e pescoço, na prevenção de
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osteonecrose dos maxilares por radioterapia”. Com o passar dos anos, outras necessidades foram surgindo, como a implementação desse serviço na Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas (UETDI), para tratamento principalmente de pacientes portadores do vírus HIV que são acompanhados no HCFMRP. Outra necessidade surgiu no Hemocentro de Ribeirão Preto, também vinculado à FMRP. “Nesse caso, o Ministério da Saúde solicitou a criação de atendimento odontológico para hemofílicos”. Leandro Macedo enfatiza que, na medida em que a ciência avança, tem ficado bem estabelecido a interferência da saúde bucal no processo saúde-doença. “Essa demanda aumentou muito nos últimos sete ou oito anos, em função também das necessidades de pacientes que fazem quimioterapia, radioterapia, do diagnóstico precoce de doenças autoimunes e de tumores de cavidade oral, entre outros”. A partir daí, o perfil do serviço, que hoje atende quase todas as especialidades, mudou. A demanda é tão grande que adequações estão sendo estudadas junto à superintendência. Atualmente, atendem-se pacientes com complicações sistêmicas que exigem cuidados odontológicos em ambiente hospitalar, ou pacientes que apresentam doenças sistêmicas complicadas por patologias odontológicas, como os portadores de endocardite infecciosa, diabetes descompensado, distúrbios cardíacos importantes, que precisam de cuidados especiais, ou que fazem uso de anticoagulantes. “Essa é uma área nova na Odontologia, que ainda nem está oficializada pelo Conselho Federal de Odontologia”, conta Macedo. Fonte: Agência USP
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Notícias Programa leva atendimento médico e dental às escolas
Crianças de 20 estados do país passarão a contar, a partir do segundo trimestre, com consultórios oftalmológicos e odontológicos itinerantes na porta de suas escolas. A ação, que faz parte do projeto “Consultórios Itinerantes”, visa levar atendimento gratuito para estudantes de escolas públicas e identificar precocemente problemas da visão e garantir a saúde bucal de crianças e adolescentes.
O programa é resultado da parceria com o Ministério da Educação, responsável pela compra e manutenção dos caminhões que viram consultórios. Já o Ministério da Saúde entra com a manutenção dos consultórios e dos materiais que serão utilizados. Os exames clínicos e os atendimentos serão realizados nos municípios atendidos pelo PSE, por profissionais da saúde, residentes ou estudantes, conforme definição dos Hospitais Universitários Federais, desde que observada a devida responsabilidade técnica. Ao todo serão 37 veículos, cada um com dois consultórios, que atenderão os estudantes do PSE. Inicialmente as clínicas itinerantes oftalmológicos deverão atuar nos municípios onde se localizam os Hospitais Universitários, com posterior interiorização do atendimento. A intenção é atender a todos os municípios que aderiram ao PSE. Os estudantes terão a sua disposição 34 veículos, cada um com dois consultórios odontológicos. A unidade móvel é estruturada em veículo devidamente adaptado e equipado para o desenvolvimento de ações de atenção à saúde bucal. Os consultórios são preparados para procedimentos simples, como restaurações e extrações, limpeza e aplicação de flúor, além do trabalho educativo com orientação para a escovação. Fonte: Agência Saúde
Mais 50 Núcleos de Saúde da Família no país Com o objetivo de fortalecer a rede “Saúde Mais Perto de Você”, o Ministério da Saúde autorizou, por meio da Portaria 276, 49 municípios em 13 estados brasileiros a contratar profissionais para atuar nos Núcleos de Apoio ao Saúde da Família (NASFs). Ao todo serão instalados 50 novos NASFs, sendo que 20 deles atuarão na Modalidade 1 e 30, na Modalidade 2. Para a implantação desses novos NASFs, o Ministério garantiu R$ 580 mil. Para o custeio anual das novas unidades, os recursos federais chegam a R$ 6,9 milhões. Desde o ano passado, os municípios podem implantar duas modalidades de NASFs: os do Tipo I, em que a soma das cargas horárias semanais dos profissionais que atuam no apoio às Equipes de Saúde da Família (ESFs) deve ser de, no mínimo, 200 horas semanais; e os NASF Tipo II, em que os profissionais acumulam, no mínimo, 120 horas semanais. Os municípios que aderem ao Tipo I recebem do Ministério da Saúde R$ 20 mil para a implantação e mais R$ 20 mil mensais para o custeio das equipes. Já as secretarias de saúde que implantam NASFs do Tipo II, contam com R$ 6 mil para a instalação das unidades e mais R$ 6 mil mensais de custeio. De acordo com a Portaria 276, os estados de Alagoas, Acre, Amazonas, Ceará e Maranhão estão autorizados a instalar oito NASFs Tipo I. Já Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins podem implementar 12 NASFs Tipo I e 30 NASF Tipo II. Atendimento Nos NASFs, os profissionais de saúde atuam em atividades
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como consultas conjuntas, discussões de casos e ações de educação em saúde junto à população. Com a ampliação das competências dos NASFs (em outubro do ano passado), o Ministério da Saúde aumentou em até quatro vezes a capilaridade de resolutividade da Estratégia Saúde da Família. “As Equipes de Saúde da Família passaram a contar com a retaguarda de diferentes profissionais. Como consequência, ampliou-se ainda mais a capacidade de assistência à população”, observa o coordenador do Departamento da Atenção Básica do Ministério da Saúde, Hêider Pinto. Fonte: Agência Saúde
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Odontologia Segura
TSB: Quem é esse profissional? Lusiane Borges Cirurgiã-Dentista pela UMESP, São Bernardo (SP). Formada em Biomedicina pela UNISA/ UNIFESP. Especialização em Microbiologia pela Faculdade Oswaldo Cruz, São Paulo. Especialista Doutoranda em Controle de Infecção em Saúde pela UNIFESP, São Paulo. Coordenadora de Cursos para ASB/TSB na APCD, na ABO e na ALAPOS. Autora-Coordenadora do livro “AST eTSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”,Editora Santos, 2012. DiretoraPresidente da Biológica Consultoria em Saúde, em São Paulo. Coordenadora e Diretora Científica da ALAPOS, São Paulo. Consultora Científica da Oral-B e da Fórmula e Ação. lusianeborges@uol.com.br
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os últimos três anos, têm sido muito recorrente questionamentos acerca da regulamentação do TSB (Técnico em Saúde Bucal), por parte de nossos colegas CDs de todo Brasil. Entendo ser uma função desta coluna esclarecer tais questões, já que a regulamentação das profissões ASB (Auxiliar em Saúde Bucal) e TSB (Técnico em Saúde Bucal) no Brasil (Lei nº 11.889, de 24 de dezembro de 2008), bem como nos EUA e Canadá (há mais de uma década regulamentada), ocorreu, sobretudo, por conta da biossegurança e controle de infecção. O assunto Biossegurança é bastante amplo, mas, sobretudo na área odontológica estava sendo questionado há décadas por conta da falta de preparo dos profissionais auxiliares em relação às precauções-padrões, como imunização, cuidados com os resíduos de saúde, protocolos de acidente com material biológico e perfurocortante e outros, bem como proteção e integridade dos pacientes. Uma questão bastante polêmica, que se esclarece aos poucos aos nossos colegas, é o assunto “Atribuições do TSB”, pois muitos CDs desconhecem as leis que regem a regulamentação da profissão, temendo que o TSB, em poucos anos, inicie um movimento de trabalho autônomo. É importante esclarecer essa questão, até para que o TSB seja mais valorizado, respeitado e requisitado no serviço privado e não somente no serviço público, que é realidade atual em nosso país. Para se habilitar ao registro e à inscrição como Técnico em Saúde Bucal - TSB, o interessado deverá ter ensino médio completo e o curso técnico profissionalizante – TSB, com o mínimo de 1.080 horas, registrado no MEC e CFO. Profissionais inscritos à data da regulamentação (24/12/2008), como Técnico em Higiene Dental (THD) passam a ser denominados Técnicos em Saúde Bucal – TSB. Competem ao TSB, sempre sob a supervisão e na presença física do CD, as seguintes atividades: a) Participar do treinamento e capacitação de ASB e de agentes multiplicadores das ações de promoção à saúde. b) Participar das ações educativas atuando na promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais. c) Participar na realização de levantamentos e estudos epidemiológicos, exceto na categoria de examinador. d) Ensinar técnicas
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de higiene bucal e realizar a prevenção das doenças bucais por meio da aplicação tópica do flúor, conforme orientação do cirurgião-dentista. e) Fazer a remoção do biofilme, de acordo com a indicação técnica definida pelo cirurgião-dentista. f) Supervisionar, sob delegação do CD, o trabalho dos auxiliares de saúde bucal. g) Realizar fotografias e tomadas de uso odontológicos exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas. h) Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontológicos na restauração dentária direta, vedado o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo CD. i) Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, antes e após atos cirúrgicos, inclusive em ambientes hospitalares. j) Remover suturas. k) Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológico. l) Realizar isolamento do campo operatório. m) Exercer todas as competências no âmbito hospitalar, bem como instrumentar o cirurgião-dentista em ambientes clínicos e hospitalares. É vedado ao Técnico em Saúde Bucal: a) Exercer a atividade de forma autônoma. b) Prestar assistência direta ou indireta ao paciente, sem a indispensável supervisão do cirurgião-dentista. c) Realizar, na cavidade bucal do paciente, procedimentos não discriminados na Lei nº 11.889/2008 de 24/12/08. d) Fazer propaganda de seus serviços, exceto em revistas, jornais e folhetos especializados da área odontológica. Muitos CDs têm se preocupado com a regulamentação da profissão do TSB, temendo a proliferação indiscriminada da categoria e uma eventual “onda” de exercício ilegal da profissão. É importante salientar que o TSB compõe a equipe de saúde bucal, atuando na agilização do trabalho preventivo na Odontologia. Inúmeros esforços têm sido feitos pelo governo federal no sentido de ampliar a assistência na saúde bucal para a população brasileira. Desta forma, há muito espaço, sobretudo, em curto prazo para o TSB e também para o CD no PSF (Programa de Saúde da Família). Informações complementares sobre o TSB podem ser encontradas no site: www.portalbiologica.com.br Nas próximas colunas abordaremos mais sobre o assunto Equipe Auxiliar. Até breve!
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Produtos e Serviços Ação efetiva contra a gengivite e 12 horas de proteção A Colgate apresenta seu novo creme dental Colgate Total 12 Professional Gengiva Saudável, buscando orientar a população brasileira quanto à alta incidência dos problemas da gengiva, oferecendo sua melhor solução para um cuidado bucal superior diário. A inflamação gengival, também conhecida como gengivite, é resultado do acúmulo de placa bacteriana na linha da gengiva e pode ser facilmente tratada em seu estado inicial, evitando sangramentos e incômodos causados pelo inchaço e pela dor. “Caso a placa bacteriana não seja removida com a escovação e pelo uso diário do fio dental, a gengiva acaba ficando irritada com as toxinas liberadas, causando a gengivite”, explica Patrícia Bella Costa, Dentista e responsável por Assuntos Científicos e Relações Profissionais da Colgate-Palmolive. O novo creme dental Colgate Total 12 Professional Gengiva Saudável foi desenvolvido com tecnologia de eficácia comprovada em mais de 20 anos de estudos conduzidos em mais de 15 mil pacientes. Sua exclusiva fórmula atua nos micro-organismos causadores da gengivite e previne a formação do tártaro e da placa bacteriana. www.colgate.com.br
Tecnologia e conforto A Dabi Atlante traz para o mercado a tecnologia de espuma Viscoelástico, um material originalmente desenvolvido pelo Centro de Pesquisas Espacial Norte Americano, que a princípio tinha como objetivo proteger os astronautas das forças gravitacionais localizadas. A espuma é composta de bilhões de células esféricas termointeligente, que ao entrarem em contato com o corpo, envolvem os membros igualmente, sem prejudicar a circulação sanguínea, preenchendo todos os espaços em uma sustentação uniforme. É dotado de células com memória, que quando retirado o peso, recupera lentamente a sua forma original, sem deformações, e trazendo como benefícios: a prevenção e o alívio das dores nas costas e em regiões localizadas, a melhora do fluxo da circulação sanguínea e o melhor suporte para as vértebras. O produto ainda é antiácaro, antimofo e antialérgico. A empresa oferece o produto em nove cores, sendo cinco cores novas e quatro cores já existentes: 100 Pérola, 101 Quartzo, 102 Ágata, 103 Granada, 104 Citrino e 88 Angra, 78 Topázio, 76 Marine, 74 Celeste. www.dabiatlante.com.br
O fim da hipersensibilidade dentária A fórmula do novo Oral-B Pro-Saúde Clinical Protection Sensitive traz como principal ingrediente o cloreto estanoso, que, associado aos demais princípios ativos do produto, ajuda a bloquear as aberturas dos pequenos túbulos conectados aos nervos do dente, inibindo a movimentação do fluido e impedindo que agentes externos ativem a dor. O componente atua a partir da primeira escovação, oferecendo alívio instantâneo. Com o uso contínuo, reduz significativamente a sensibilidade, de maneira duradoura, pois cria um efeito de barreira, uma espécie de escudo protetor na superfície do esmalte dos dentes, evitando erosão. Isso é possível graças à associação do cloreto estanoso ao gluconato de sódio, que aumenta a biodisponibilidade do cloreto estanoso. Presente na fórmula do creme dental, o fluoreto de sódio traz como benefício adicional a proteção superior contra cáries. O ingrediente melhora a remineralização dos dentes, aumentando a incorporação dos íons de cálcio e fosfato no esmalte e/ou dentina danificados. O produto também contém ácido pítico e zinco, que oferecem benefícios anticálculo, pois atuam inibindo o crescimento de cristais de fosfato de cálcio, formados quando o cálcio e o fosfato se unem. www.oralb.com.br
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Produtos e Serviços
Segurança na esterilização O sistema de container e cestas Fami permite a organização sistemática de toda a esterilização do instrumental. Manuseio confortável e variedade garantem segurança e controle ao processo. Os containers são feitos de alumínio anodizado, possuem pouco peso e boas propriedades de secagem. A possibilidade de ter tampas coloridas e etiquetas de identificação permite um controle minucioso da esterilização do instrumental. www.fami.com.br
Boa prática de higiene bucal avançada Há 27 anos no mercado, a Bitufo está mais uma vez ampliando sua linha de produtos. A empresa acaba de lançar o Antisséptico Oral Control, o Gel dental Teens com o novo Antisséptico Teens e o novo fio dental Expand. O Antisséptico Oral Control é destinado às pessoas que necessitam de um antisséptico bucal sem corante. O produto tem ação antimicrobiana, mantém as gengivas saudáveis, combate germes e bactérias, previne a formação de cárie, proporciona hálito fresco, previne a placa, previne a formação de tártaro e fortalece o esmalte dos dentes. Já o antisséptico teens é destinado ao público adolescente. Além de todas as características, como hálito fresco e combate aos germes e bactérias, possui sabor de menta extraforte e conta com uma embalagem descolada e atrativa, proporcionando maior afinidade entre a marca e o público. O Fio Dental Expand, principal lançamento da empresa, possui o incrível sabor menta. O fio, ao entrar em contato com a saliva, expande-se, facilitando a higienização entre os dentes, oferecendo uma máxima limpeza, removendo resíduos e auxiliando na remoção da placa bacteriana, que se forma entre os dentes onde a escova convencional não alcança. www.bitufo.com.br
Tratamento de canais radiculares A Dentsply Maillefer apresenta a nova solução para tratamento de canais radiculares com apenas uma lima, na maioria dos casos. Instrumento de níquel titânio com tratamento “m-wire”, que respeita a anatomia do canal, com excelente eficiência de corte, o que promove uma redução do tempo de preparo em até 40%. » Disponível nos tamanhos: 21.06; 25.08 e 40.08. » Bom controle e sensação de segurança.* » Precisa, rápida e suave no progresso no canal radicular (bom controle).* » Usuários de limas manuais e do sistema Protaper tendem a preferir Wave one em função de sua sensação de segurança e controle.* *Percepção dos dentistas de acordo com comentários recebidos na IFEA Athens e ADF Paris.
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Reportagem
Um futuro livre de cáries “As causas do aumento da incidência da cárie no mundo são a falta de acesso à saúde bucal e de ações preventivas para educar a população”, afirma o presidente da Aliança para um Futuro Livre de Cárie do Brasil, Prof. Dr. Marcelo Bönecker*. O problema, segundo ele, também é impulsionado pela má alimentação, e os alimentos que contêm alto índice de açúcar podem ser considerados como um fator agravante. Apesar do amplo uso de flúor, a cárie precoce pode se desenvolver e acabar evoluindo para lesões de cárie mais graves, que podem ser evitadas com ações preventivas. A Aliança para um Futuro Livre de Cárie – ACFF pretende, entre outras coisas, interromper a iniciação e a progressão da cárie. Por: Célia Gennari
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Aliança para um Futuro Livre de Cárie – ACFF (Alliance for a Cavity-Free Future) é uma parceria formada por um grupo mundial de especialistas em Odontologia e saúde pública que se uniram para promover a ação integrada de saúde clínica e pública, com o objetivo de interromper a iniciação e a progressão da cárie. No geral, seus membros acreditam que a ação colaborativa global é necessária para estimular líderes mundiais e outros intervenientes regionais (e locais) para disseminar conhecimento sobre a importância da cárie como uma doença evolutiva. Além disso, a Aliança aposta na prevenção abrangente da cárie e conta com o apoio massivo de especialistas da área odontológica. Ao trabalhar em conjunto, nas esferas global, regional e local, a Aliança estimula as partes interessadas a acabar com a cárie agora, para um Futuro Livre de Cárie. A iniciativa é patrocinada pela Colgate-Palmolive Company que visa à melhora da saúde bucal, por meio de suas parcerias com profissionais de Odontologia, governos e agências de Saúde Pública e da gestão do projeto global “Sorriso Saudável, Futuro Brilhante”, voltado para educação infantil em saúde bucal. Em curto prazo, a Aliança tem como objetivo produzir um recurso baseado na web para facilitar a prevenção e a gestão da cárie nas comunidades. O site tem acesso livre e gratuito para uso [www. AllianceForACavityFreeFuture.org] e quer catalisar um movimento social mundial para um futuro livre de cárie com o engajamento da população. Em longo prazo, a Aliança irá trabalhar para que, em 2015, 90% das faculdades e associações odontológicas tenham incluído e promovido a “nova” abordagem da cárie dentária para melhorar seu manejo e prevenção; em 2020, os membros regionais da Aliança para um Futuro Livre de Cárie estejam integrados, atuando localmente na implantação da prevenção, manejo e monitoramento adequados da cárie dentária; e que toda criança nascida a partir de 2026 esteja livre de cárie durante toda a sua vida. “Atualmente há muitas iniciativas focadas em controlar a cárie em seu estágio inicial, sempre que possível, e todas as partes agem de forma integrada para alcançar o mesmo objetivo”,comentou Prof. Dr. Marcelo Bönecker, presidente da ACFF. Mas, segundo ele, a Aliança e os líderes de opinião que estão engajados na causa pretendem atuar de forma diferenciada, como um guarda-chuva, para reunir todas as partes interessadas em trabalhar com o objetivo de impedir o avanço da cárie, por meio da mobilização de recursos, compartilhamento das melhores práticas, disseminação de conhecimento e engaja-
mento das partes em diferentes países. O projeto de enfrentamento da cárie dentária no Brasil, apesar de demonstrar claro sucesso de políticas públicas baseadas no uso de água fluoretada, expansão do acesso a dentifrícios fluoretados e programas preventivos baseados no uso de fluoretos direcionados a escolares, apresenta no panorama geográfico nacional desigualdade no acesso a essas políticas. Para o Dr. Bönecker, essa desigualdade, associada a precárias condições socioeconômicas, agrava a epidemiologia de diversas enfermidades, dentre elas a doença cárie.
Cárie: uma doença evolutiva A Aliança para um Futuro Livre de Cárie – ACFF também impulsionará a ação colaborativa para estimular líderes globais a enxergarem a cárie como uma doença evolutiva e adotarem uma abordagem abrangente à prevenção. O objetivo é acabar com a cárie em estágio inicial (iniciação da cárie) sempre que possível e também evitar que qualquer lesão ocorra, mesmo que pequena, evitando sua evolução. A formação de uma lesão de cárie se dá por meio de um processo contínuo que possui uma série de estágios, a partir de pequenas lesões iniciais, que podem evoluir para uma lesão mais séria. A ingestão de carboidratos (açúcar e amido) oferece alimento para as bactérias da placa, produzindo ácidos que desmineralizam o dente. Com o tempo, o esmalte do dente começa a fraturar por debaixo da superfície, enquanto a parte externa pode permanecer intacta. Nesse processo, os níveis de ácido aumentam e o nível de pH diminui, o que causa perda de estrutura mineral na superfície do dente, provocando o constante estado de desmineralização e remineralização. Quando a taxa de desmineralização ocorre mais rapidamente do que a remineralização, podem-se formar lesões de manchas brancas precoces (cárie). A cárie precoce é evitável e reversível, isso se os cuidados adequados forem tomados. No entanto, sem a devida precaução, os dentes continuam a perder força e integridade estrutural.
Situação mundial A cárie dentária é a doença crônica mais comum no planeta, afetando 80% da população mundial. Algumas regiões apresentam taxa de crescimento de incidência da cárie mais alta do que outras, devido aos diferentes hábitos alimentares. De acordo com levantamento do Projeto SB Brasil 2010 – Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, o quadro epidemiológico brasileiro aponta desigualdade na prevalência de cárie, tanto no nível ma-
* O Prof. Dr. Marcelo Bönecker é graduado em Odontologia. Mestre em Odontopediatria. Concluiu seu doutorado em 1999, na University College London (UCL), na Inglaterra, e fez pós-doutorado no Dental Research Institute da University of Witwatersrand, Johannesburg - África do Sul, 2000/01. Professor titular da disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP). Chair of the Education Committee da International Association of Paediatric Dentistry (IAPD). Autor de 13 livros, 26 capítulos em livros sobre Odontopediatria e mais de 70 artigos em periódicos internacionais e nacionais.
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Reportagem crorregional (regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentam maior prevalência do que as regiões Sul e Sudeste) quanto no nível local (regiões de pobreza dentro de uma mesma cidade apresentam maior prevalência de cárie), demonstrando um importante fator social envolvido com a doença, relacionado ao acesso à educação e às estratégias para seu controle, caracterizando a cárie como doença biossocial. Um estudo do Ministério da Saúde, divulgado recentemente, revela que 88% da população brasileira têm cárie, colocando o Brasil entre os países com mais problemas bucais. E, entre as crianças na faixa de 18 a 36 meses, 38% têm pelo menos um dente cariado, segundo o SB Brasil 2010 — Levantamento das Condições de Saúde Bucal da População Brasileira, realizado pelo Ministério da Saúde. A proporção de crianças com 12 anos livres de cárie no Brasil aumentou de 31% para 44% nos últimos sete anos. Embora os resultados indiquem melhora na saúde bucal das crianças, também mostram que a saúde bucal dos idosos continua sendo um desafio para o governo. De acordo com o levantamento de 2010, houve redução de 26% da cárie em crianças de 12 anos, comparado a 2003, quando foi feito o primeiro levantamento. Entre adolescentes houve diminuição de 30% no índice de dentes cariados, perdidos e obturados (CPO-D) dentre 2003 e 2010, o que significa que 18 milhões de dentes deixaram de ser afetados. A necessidade de prótese parcial (substituição de um ou alguns dentes) em adolescentes caiu 50%. Em adultos, a queda foi de 19% na faixa etária de 35 a 44 anos. Em relação a 2003, essa parcela da população apresentou queda de 30% no número de dentes cariados e queda de 45% no número de dentes perdidos por cárie, além do aumento de 70% no número de dentes tratados. O estudo revela que o Brasil passou a integrar o grupo de países com baixa prevalência de cárie. Para estar neste grupo, o indicador CPO-D deve estar entre 1,2 e 2,6, segundo a classificação da Organização Mundial da Saúde – OMS. Em 2003, o país tinha índice de 2,8, passando, atualmente, para 2,1 – melhor do que a média dos países das Américas. Para o Ministério da Saúde, o novo cenário é reflexo direto da implantação do programa Brasil Sorridente, em 2003. Dispositivos para medir e detectar a cárie precocemente, antes de evoluir para lesões mais graves, são novos. Os especialistas que integram a comunidade de saúde bucal e pública compreenderam o benefício do diagnóstico e da intervenção precoce. No entanto, “ainda não comunicaram totalmente o novo conceito sobre a evolução da cárie”, disse Dr. Bönecker. Estudo realizado na cidade de Macapá (AP) em 2011, com a participação do Prof. Dr. Marcelo Bönecker, também professor titular da Odontopediatria da Universidade de São Paulo (USP), mostra que a cárie pode impactar a qualidade de vida das crianças desde a pré-escola. A principal queixa das crianças, relatada pelos seus pais, era a dificuldade de comer por apresentarem dor e diminuição da capacidade de mastigar. Em segundo lugar, a cárie foi apontada como causa de faltas escolares e vergonha de sorrir. Estudos anteriores mostram que crianças com cárie severa sentiam desânimo pelo estado de seus dentes, quando comparadas com as crianças livres de cárie. As crianças que apresentavam o problema sentiam vergonha de sorrir, estavam ausentes escola e paravam de brincar com outras crianças por causa dos seus dentes. O impacto da dor de dente em crianças de oito anos de idade mostrou que cerca de 30% delas tinham suas brincadeiras e sono afetados, enquanto
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uma pequena porcentagem de crianças teve que faltar à escola. A Organização Mundial da Saúde – OMS preconiza, como política global para a melhora da saúde bucal, um plano de ação para a promoção de saúde como parte da prevenção integrada de doenças. Convergindo em prol dessa meta, a Aliança Para um Futuro Livre de Cárie preconiza que programas educativos que incluam a promoção de saúde bucal como parte da saúde integral sejam continuamente expandidos, priorizando grupos de risco social ao desenvolvimento de doenças, visando à melhoria da saúde bucal em geral. Esses programas devem estar integrados a estratégias já existentes, como o Programa de Saúde da Família, ou programas educativos regionais de educação em saúde bucal, permitindo a expansão do conhecimento sobre a prevenção de cárie dental em escala geométrica, nos quais cirurgiões-dentistas, técnicos em saúde bucal, agentes comunitários de saúde, professores e escolares possam atuar como agentes multiplicadores para o alcance do macro objetivo da Aliança para um Futuro Livre de Cárie.
Membros da Aliança para um Futuro Livre de Cárie no Brasil » Presidente: Prof. Dr. Marcelo Bönecker » Presidente Honorário: Dr. Gilberto Pucca » Vice-Presidente: Dr. Emil Razuk » Secretária: Dra. Jenny Abanto Alvarez » Coordenadora da Comissão Científica: Profa. Dra. LiviaTenuta » Comissão Científica: Prof. Dr. Jaime Cury, Profa. Dra. Sonia Groissman, Profa. Dra. Maria Salete Nahas Pires Correa, Profa. Dra. Maria Ercilia Araujo, Dr. Roberto Vianna » Comissão de Implementação: Dra Maria Candelária Soares, Profa. Dra. Helenice Biancalana e Dr. Rafael Baldacci » Representantes – Região Sul: Prof. Dr. Jonas Rodrigues (UFRGS) e Profa. Dra. Marisa Maltz (UFRGS) » Representantes – Região Sudeste: Prof. Dr. Norberto Lubiana, Profa. Dra. Nilce Tomita (ABOPREV), Prof. Dr. Paulo Rédua e Prof. Dr. Saul de Paiva (UFMG) » Representantes – Região Centro-Oeste: Profa. Dra. Lilian Marly de Paula (ABOPREV) » Representantes – Região Nordeste: Prof. Dr. Fabio Sampaio, Prof. Dr. Francisco Simões (CRO-BA) e Dr. José Barbosa Porto (ABO-CE) » Representantes – Região Norte: Profa. Dra. Cristina Gradella (ABOped –AP)
“A fluoretação da água é a forma coletiva mais acessível e barata para impedir o aparecimento da cárie, porém ainda não está disponível para a toda a população brasileira. Algumas regiões do Brasil ainda não possuem nem água encanada”
Prof. Dr. Marcelo Bönecker, presidente da Aliança para um Futuro Livre de Cárie
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Entrevista
Contenção física na Odontologia Considerado um tema delicado dentro do âmbito odontológico, a contenção física é abordada de maneira simples e objetiva nesta entrevista com o Dr. José Reynaldo Figueiredo, especialista em Odontologia para pacientes com necessidades especiais. Por: Vanessa Navarro
José Reynaldo Figueiredo Cirurgião-dentista. Doutor em Odontologia Social pela Faculdade de Odontologia DA USP. Mestre em Odontologia Legal e Deontologia pela USP. Especialista em Odontopediatria e em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais. Vicepresidente da Associação Brasileira de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais (ABOPE). Cirurgião-dentista da Associação de Assistência à Criança Deficiente – AACD. Membro do Conselho Científico da Revista Odonto Magazine.
Odonto Magazine - O que se pode entender por contenção na prática odontológica? José Reynaldo Figueiredo - Bem, para começar é necessário explicar que não há um consenso na definição de contenção. Muitos profissionais podem considerar que apenas um abridor de boca seja definido como uma forma de contenção, afinal o abridor está contendo o fechamento da boca; e outros consideram, em casos mais complexos, até a necessidade de uma anestesia geral para conseguir executar adequadamente procedimentos que seriam simples em pacientes colaborativos. A intenção é que se promova um atendimento tranquilo, sem riscos de ferimentos e traumas para pacientes e profissionais durante a execução de procedimentos em pacientes que não permitem uma abordagem serena, segura e de qualidade, sem movimentações voluntárias ou involuntárias. Odonto Magazine - Quais são os tipos de contenção mais empregados pelos profissionais de saúde bucal? José Reynaldo Figueiredo - A contenção física, que pode contar com o apoio dos responsáveis pelo paciente, pela equipe auxiliar e equipamentos apropriados; e a contenção química, que vai desde o uso de sedação consciente, passando por medicações previamente receitadas até a anestesia geral. Costumo dizer que existe outro tipo de contenção: a criação de vínculo afetivo com o paciente. É uma forma mais humana de abordagem, onde deve se esgotar todo repertório de argumentos para a conscientização do paciente sobre a necessidade do tratamento odontológico, utilizando-se de palavras de apoio, compreensão das condições clínicas dos pacientes e abusando de gestos de carinho e respeito ao paciente. Odonto Magazine - Quando é indicado o uso de contenção física durante o tratamento dos pacientes? José Reynaldo Figueiredo – A contenção física é indicada em pacientes com necessidades especiais (PNE) que apresentam incoordenação motora acentuada; pacientes com atraso de desenvolvimento intelectual, que não permitem abordagem adequada; e crianças muito pequenas, que não colaboram com o tratamento. Tudo isso quando é possível manter o controle da situação. Odonto Magazine - Quais são as contraindicações do procedimento?
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José Reynaldo Figueiredo - A primeira contraindicação é a não aceitação por parte dos pais ou responsáveis. Também existe a inabilidade do profissional e da equipe que o assessora; e quando há riscos de traumas psicológicos ou físicos no paciente. Nestas condições, a contenção física não é uma ferramenta de auxílio ao profissional e, sim, um instrumento de tortura. Odonto Magazine - Quando a contenção física se torna indispensável para a segurança do paciente e do profissional de saúde bucal? José Reynaldo Figueiredo - Existem situações na clínica de pacientes com necessidades especiais e também de odontopediatria que não são confortáveis tanto para profissionais como para pacientes. Por exemplo, na odontopediatria, todo profissional sabe que acidentes acontecem, e com crianças eles são mais doídos. Imagine uma criança pequena que sofra um trauma dentário e que necessite intervenção imediata do cirurgião-dentista. Em determinadas circunstâncias não há conversa que acalme a criança (e às vezes nem os pais) e a convença da necessidade de se comportar, mas o problema está ali e é preciso resolver. Em prontos-socorros de hospitais isso é muito comum. Na prática odontológica isso causa uma celeuma sem fim. O mesmo acorre com pacientes com necessidades especiais. Na ânsia de não corromper os direitos do cidadão, aquele PNE que por desventura apresente um quadro infeccioso ou dor e não tem acesso a um tratamento especializado e de alto custo, por exemplo, uma internação hospitalar, tem que conviver com aquele desconforto, para não dizer desespero, por muito tempo. O não uso da contenção não é apenas desumano, é hipócrita. Odonto Magazine - Quais são as orientações indispensáveis aos profissionais para a realização do procedimento? José Reynaldo Figueiredo - As contenções deverão ser utilizadas quando absolutamente necessárias e a restrição deverá ser a mínima possível. Nunca deverá ser utilizada como forma de punição àquele paciente não colaborador e não deverá ser utilizada apenas para a conveniência do operador. Orientações prévias deverão ser dadas aos responsáveis e aos pacientes, o responsável deverá acompanhar o procedimento do começo ao fim, para ciência de ocorrências inoportunas e o informe de consentimento deverá ser solicitado.
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Entrevista
Odonto Magazine - Como o dentista e a equipe auxiliar devem agir para que não aconteçam imprevistos durante o procedimento odontológico acompanhado da contenção física? José Reynaldo Figueiredo - Antes de tudo, o profissional deverá estar habilitado para tal atuação. De nada adianta querer fazer uma contenção física e causar mais transtornos ao paciente: o nome disso é iatrogenia. Odonto Magazine - Como o profissional de saúde bucal deve agir para não apresentar a contenção física como uma forma de castigo? José Reynaldo Figueiredo - Para alguns casos de PNE essa é uma discussão vã. Às vezes o cognitivo do paciente impede que ele compreenda o gesto do profissional, para isso, o cuidador deverá ser muito bem orientado, e no mais das vezes ele compreende que a punição maior está em deixar seu protegido sofrendo por uma afecção odontológica. Quanto aos pacientes com cognitivo preservado, cabe ao cirurgião-dentista praticar mais do que Odontologia, ele deve ser persuasivo, sensível e responsável em sua atuação. Odonto Magazine - Como realizar a prática seguindo os parâmetros legais? José Reynaldo Figueiredo - Não existem normas na legislação que padronizem essa atuação, mas o código de ética da Odontologia traz alguns artigos que podem nortear essa práxis: No capítulo I, Art. 2º. A Odontologia é uma profissão que se exerce, em benefício da saúde do ser humano e da coletividade, sem discriminação
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de qualquer forma ou pretexto. No capítulo V, Art. 7º. inciso V. Constitui infração ética: executar ou propor tratamento desnecessário ou para o qual não esteja capacitado. Fazendo a hermenêutica dos artigos, não é difícil deduzir que devemos atender o paciente em condições adversas, mas devemos, principalmente, estar preparados para executar o procedimento. Odonto Magazine - Qual é a importância da participação dos pais ou responsáveis durante o processo? José Reynaldo Figueiredo – A presença dos pais é fundamental, tanto no consentimento quanto na própria colaboração junto ao dentista, seja no apoio psicológico ou no prático. Odonto Magazine - Como a prática da contenção física em pacientes com necessidades especiais é vista pelo Conselho Federal de Odontologia? José Reynaldo Figueiredo - Ao que me conste, até o momento, o CFO é alheio a essa discussão. Não há um “guideline” que os dentistas possam se nortear. Odonto Magazine - Qual conselho o senhor deixaria para o profissional de saúde bucal que busca oferecer atendimento eficiente e eficaz aos pacientes com necessidades especiais? José Reynaldo Figueiredo - Não há como fugir do óbvio: estudar, estudar, estudar sempre e aprender com os insucessos. Infelizmente não há uma receita pronta. Cada caso é um caso. Compreendo, perfeitamente, que o assunto é polêmico, mas, ao mesmo tempo, instigante.
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A importância de fazer a diferença
Marina Montenegro Rojas Cirurgiã-dentista. Membro da Diretoria da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD Pinheiros) e da Coordenação do Projeto Odontocomunidade – CIOSP. CirurgiãDentista do Programa Saúde da Família da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Docente da Equipe Biológica nos Cursos para Auxiliares - APCD e ABO. Consultora em Odontopediatria do site “multiplos.com.br”. marinamr2006@gmail.com
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ano já começou. Já fizemos reflexões e planejamentos sobre nossa vida pessoal e profissional, estamos descansados e prontos para mais um ano cheio de desafios. Mas estamos realmente preparados para cuidar do outro? Já discutimos alguns aspectos em edições anteriores, mas a seguir veremos o que nossas pequenas atitudes influenciam na vida dos pacientes. A área da saúde demanda tempo, dedicação, habilidade técnica, paciência, organização, mas também amor pela função, solidariedade, compreensão, empatia, vínculo, profissionalismo. Muitos aspectos são aprendidos com a vida, com os próprios pacientes inclusive. Atualmente saúde é o bem-estar físico, psicológico, emocional, socioeconômico, espiritual, que permite que a pessoa desempenhe suas tarefas e responsabilidades em diversas situações; e ao promover saúde, focamos o potencial de bem-estar do indivíduo, incentivando-o a modificar seus hábitos pessoais, estilo de vida e ambiente, capacitando-o a melhorar sua vida, recuperar a autoestima e o autocuidado em todas as fases da vida. “A comunicação é a parte do tratamento do paciente, e a conversa, muitas vezes, é o próprio remédio”. Saber ouvir, compreender o outro, compartilhar, são ações simples, mas que influenciam o comportamento das pessoas envolvidas nesse processo, em curto, médio e longo prazo. Sabe-se, de um modo geral, que toda a interação humana é complexa e constante, seja sob a forma de comportamentos manifestos ou não, verbais ou não, pensamentos, sentimentos, reações mentais e/ou físico-corporais. Assim, um sorriso, um gesto ou um olhar constituem processos de interações interpessoais não verbais extremamente importantes, principalmente em situações de vulnerabilidade física e/ou emocional. Assim sendo, o profissional da saúde deve saber e perceber a integração entre os aspectos anatômico-funcionais e os emocionais, familiares, psicológicos e sociais que estão sendo vivenciados pelo paciente e que, sem dúvida alguma, têm relação direta com a recuperação ou colaboração no tratamento.
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Para comunicar, precisamos considerar valores morais, éticos, religiosos e filosóficos, prezar a autonomia e o autoconceito, além de estabelecermos a empatia, capacidade pessoal de nos colocarmos no lugar do outro, penetrar no seu ponto de vista. O paciente necessita preservar sua autoestima, ser reconhecido como um indivíduo, uma personalidade distinta. Assim, o profissional deve ouvir o paciente, mostrar interesse nos assuntos que parecem importantes para ele. Sua atenção, consideração e delicadeza demonstram que ele é estimado e que suas necessidades e problemas são reconhecidos. Podemos, assim, deduzir que a qualidade do atendimento pode ser diretamente influenciada pela habilidade na comunicação com o paciente. Devemos dar atenção, afeto, escutar suas histórias, desejos, queixas, reclamações, interpretando seu comportamento. Essa mudança de olhar facilita, não só o relacionamento interpessoal, mas a aceitação e colaboração ao tratamento em si. Desse modo, acolher e saber escutar em saúde é humanizar o atendimento ao paciente, transmitindo segurança, cuidando não de um doente, mas de uma pessoa. É dar atenção ao outro, acompanhando-o em sua estrutura atual e ajudá-lo a substituí-la por outra mais saudável. É o conhecimento pleno do paciente que proporciona a conduta realmente terapêutica. Os profissionais lidam mais com pessoas e menos com pacientes. Mais com condições humanas e menos com patologias fixas. Mais com riscos socioculturais do que biológicos. Mais com um contínuo de atendimento e menos com episódios de doença. Nessa ótica, os profissionais da saúde precisam enxergar além dos meios tradicionais de assistência, buscando uma forma mais acolhedora de atendimento; atrelar aos métodos curativos o calor humano, o afeto, a gentileza, o humor, a atenção, a solidariedade e o amor. A competência técnica deve estar associada à competência interpessoal, pois nossos pacientes precisam de nossa habilidade e principalmente de nossa humanidade. Com isso,
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os profissionais da saúde precisam buscar estratégias para humanizar seus atendimentos. Precisam se portar, além de seu conhecimento técnico, como um conselheiro, ouvinte, amigo e acima de tudo, ser humano, seja no próprio consultório, no posto de saúde ou nas visitas domiciliares, nos grupos da comunidade, nos trabalhos voluntários. O que de fato querem nossos pacientes? O que esperam de nós? Será que nossa atenção se restringe somente à boca? Que promoção de saúde estamos fazendo? Pacientes que terminaram o tratamento e continuam marcando horário ou te parando no corredor, na rua para dar um abraço, contar as novidades ou simplesmente abrir um sorriso e “dar um oi”. Pacientes que faltam às consultas e exames, mudam de endereço, e, mesmo recém-operados, ainda com os pontos sobem o morro com seus filhos só para participar da “festinha da tia dentista”. Pacientes que mesmo com falta de água na UBS, ao serem remarcados não vão embora porque querem participar do grupo de escovação (sem água) com a “mocinha simpática e alegre que sempre cuida deles”. Paciente que aos quase 60 anos de idade chorou de emoção ao aprender a escrever o próprio nome na ficha odontológica: “Eu nunca imaginei que fosse conseguir isso! Vim fazer uma limpeza e a mocinha me ensinou a escrever. Ninguém fez isso por mim”! Crianças que sobem o ‘ladeirão’ debaixo de chuva ou adiam a viagem com seus familiares só para participar do “grupo da tia dentista” ou saem correndo na frente dos pais ou avós
só para dar um abraço, um beijo. Pacientes acamados, que mal se movimentam, e que quando te olham expressam aquele brilho no olhar e levantam a mão vagarosamente para te tocar ou esboçam um leve sorriso tentando te dar boas-vindas. Pacientes que marcam consulta para contar seus problemas, suas angústias, choram ou compartilham momentos alegres, como fotos de viagens, aniversários, casamentos. Pacientes de abrigos, pastoral, ONGs, creches nas quais algum dia realizou alguma atividade voluntária e que após meses ou anos ainda te cumprimentam, lembram de você. Pacientes que após o tratamento mudam seus hábitos de higiene, de vida, relacionamento familiar, autocuidado, recolocam-se no mercado de trabalho e ainda promovem esses novos hábitos para seus amigos e familiares. Pacientes que ao saber que você teve algum problema de saúde ou familiar se preocupam, perguntam se está tudo bem ou te trazem “algum agrado”... exatamente como fazemos com eles. São pequenos exemplos do nosso cotidiano, dos trabalhos voluntários, do atendimento público ou privado, rico em troca de experiências. Saber realmente cuidar do outro, ampliar seu olhar. Não há salário que pague essa satisfação profissional e principalmente pessoal. Saber que você é tão importante para o outro como ele é para você, não só é emocionante como extremamente gratificante, servindo de motivação para o paciente e para o profissional. São os verdadeiros sorrisos que distribuímos.
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Odontologia Cidadã: educação e prevenção O Projeto Odontologia Cidadã apresenta, por meio de ações educativas e preventivas, a importância da manutenção da saúde bucal e da prevenção de doenças aos moradores de Bragança Paulista (SP). Por: Vanessa Navarro
Silvia Cristina Mazeti Torres Cirurgiã-Dentista. Especialista e Mestre em Radiologia Odontológica. Professora das disciplinas de Radiologia Odontológica, Estomatologia e Clínica Integrada do Curso de Odontologia da Universidade São Francisco. Responsável pelo Projeto Odontologia Cidadã.
Odonto Magazine - Como e quando surgiu o Projeto Odontologia Cidadã? Silvia Cristina Mazeti Torres - O projeto surgiu durante a XXXIII Jornada Odontológica Franciscana do Curso de Odontologia da Universidade São Francisco, no ano de 2006, cuja temática foi “Aprimoramento profissional com compromisso social”. A comissão organizadora idealizou então um projeto social visando à prevenção em saúde bucal da população Bragantina, com a participação direta do aluno de graduação. Desde então, o projeto é realizado anualmente, no mês de outubro, coincidindo com as atividades científicas da Jornada odontológica Franciscana e é organizado pela Coordenadoria do Curso de Odontologia da USF. Odonto Magazine - Qual é a missão principal do projeto? Silvia Cristina Mazeti Torres - Educar e conscientizar a população de Bragança Paulista a respeito da importância da manutenção da saúde bucal, focando principalmente os cuidados com a higiene, prevenção da cárie e prevenção do câncer bucal. Sabemos que o câncer se encontra entre as duas primeiras causas de óbito na maioria das regiões do país, e a boca é um dos sítios anatômicos de ocorrência dessa neoplasia maligna. A população conhece muito pouco sobre a prevenção e detecção de alterações que possam ter potencial de malignização ou que já sejam malignas, e dificilmente procuram atendimento quando há uma ocorrência. Além da missão social, o projeto também tem uma missão pedagógica, já que proporciona ao aluno de graduação desenvolver uma visão crítica sobre a saúde bucal da comunidade, conscientizando-o da importância dos trabalhos de prevenção e do diagnóstico precoce das doenças. Odonto Magazine - Qual é o público atendido pelo projeto? Como é realizada a triagem? Silvia Cristina Mazeti Torres - O público-alvo é formado princi-
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palmente de estudantes de escolas municipais e estaduais de ensino fundamental e médio, idosos institucionalizados, estudantes portadores de necessidades especiais e população em geral, que comparecem aos postos de atendimento para exame da cavidade bucal. Na verdade não há uma triagem, a população comparece voluntariamente para o atendimento e para receber orientações. Os pacientes que apresentam alterações e/ou lesões de mucosa bucal suspeita são encaminhados à Disciplina de Estomatologia para novo exame clínico e realização de exames complementares para o diagnóstico. Odonto Magazine - Como são programados e realizados os atendimentos odontológicos? Silvia Cristina Mazeti Torres - Durante os quatro dias de campanha, alunos, professores e cirurgiões-dentistas da rede municipal de saúde se dividem entre os locais de atendimento. Neste momento são realizados exames clínicos e orientação. Caso haja necessidade de nova consulta, esta é marcada na Clínica de Odontologia da USF. Como nosso objetivo principal é preventivo, neste momento não há procedimentos curativos. A motivação do paciente é necessária para que ele se conscientize de sua participação no processo de promoção de saúde e se torne o ator principal deste processo. Odonto Magazine - Os profissionais de saúde que fazem parte da ação recebem treinamentos e/ou cursos de reciclagem periodicamente? Silvia Cristina Mazeti Torres – Sim. Os alunos e professores do Curso de Odontologia, bem como os cirurgiões-dentistas e auxiliares em saúde bucal da rede pública da Prefeitura de Bragança Paulista recebem treinamento prévio e orientações sobre as ações a serem realizadas. Toda a orientação é feita no decorrer do ano e se intensifica com a aproximação do evento.
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Odonto Magazine - Quais e como são desenvolvidas as ações educativas realizadas pelos profissionais de saúde bucal que integram o Odontologia Cidadã? Silvia Cristina Mazeti Torres - As ações focam a prevenção de doenças bucais, com ênfase na cárie, problemas periodontais e principalmente o câncer bucal. São realizadas palestras nas escolas, e nestas há, além de orientação sobre higiene bucal e dieta, informação sobre os efeitos nocivos do consumo de bebidas alcoólicas e tabaco na cavidade bucal. Nos asilos é realizado, além destas palestras, o exame da cavidade bucal para detecção de alterações ou de lesões suspeitas. Há também a instalação dos postos de atendimento em locais de grande circulação populacional. Um dos postos está estrategicamente colocado na praça central da cidade e outro em um bairro mais distante, com grande concentração populacional. Em todos os locais são distribuídos panfletos
de prevenção do câncer bucal, que contêm orientações sobre a realização do autoexame da cavidade bucal. Odonto Magazine - Existem dados que apontam a melhoria da qualidade de vida da população atendida pelo projeto? Silvia Cristina Mazeti Torres - Sim. Na edição realizada no último mês de outubro, foram atingidas aproximadamente 3.700 pessoas, distribuídas em todos os locais de atendimento. Foram entregues 2.200 panfletos com orientação de prevenção do câncer bucal e examinados aproximadamente 290 pacientes. Destes, 75 foram encaminhados a Disciplina de Estomatologia do Curso de Odontologia para nova avaliação e exames complementares. Dos pacientes encaminhados, até o momento desta entrevista, tivemos a confirmação de carcinoma epidermóide de quatro casos suspeitos.
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Ponto de Vista
Odontologia moderna: preservar para não remendar José Eduardo de Oliveira Lima Odontopediatra da Topdent. Professor da Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB – USP.
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ssim como já praticada na medicina, a prevenção é vista como o melhor método para evitar doenças odontológicas, sobretudo, a cárie dentária, considerada epidemia mundial. O último grande levantamento sobre o perfil de saúde bucal dos brasileiros aconteceu em 2003, onde mostrou que, quase 27% das crianças de 18 a 36 meses apresentaram pelo menos um dente decíduo com cárie, e a proporção chegou a quase 60% na faixa de cinco anos. Na dentição permanente, quase 70% das crianças de 12 anos e cerca de 90% dos adolescentes (15 a 19 anos) apresentaram ao menos um dente com cárie. Por esta razão, parte da comunidade odontológica está investindo na prevenção a ter que realizar longos e onerosos tratamentos reabilitadores. E o mais moderno método para conseguir resultados satisfatórios na prevenção de cárie e doenças que podem surgir por consequência, é a manutenção do equilíbrio biológico da boca, o que garante quase 100% de resultado na prevenção. Na cavidade bucal há a presença de inúmeros micro-organismos convivendo harmonicamente, além da saliva, hormônios, fatores imunológicos e alimentos que, em conjunto, constituem uma importante barreira biológica de defesa na cavidade bucal, promovendo saúde. Portanto, todas as estratégias de prevenção
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devem procurar o equilíbrio dessa biodiversidade, o que poderia contribuir muito para a cárie dentária deixar de ser uma doença infecciosa. A melhor maneira de prevenção é realizar um controle mecânico eficiente da placa bacteriana, ou seja, por meio da profilaxia profissional periódica nos primeiros anos de vida, sem o uso de produtos químicos. Essa profilaxia tem a intenção de corrigir as deficiências da escovação no lar. Essa filosofia de atendimento e prevenção de cárie surgiu com a Topdent, em Bauru. Nesse programa de atendimento é possível, também, implementar uma prevenção efetiva, adaptação paulatina e agradável do paciente ao tratamento desde os primeiros meses de vida, diagnóstico precoce, monitoramento do desenvolvimento dos dentes e oclusão. Durante as sessões, a criança recebe um atendimento específico de prevenção da cárie, além de toda conscientização e motivação por meio de atividades lúdicas educativas sobre escovação, alimentação e bons costumes com uma orientação pedagógica. Devido o comprometimento do paciente e a responsabilidade profissional, se ocorrer o insucesso, o programa se responsabiliza em solucionar o problema. Logo, a preservação da biodiversidade é a melhor maneira de prevenir o surgimento da cárie e de doenças que podem surgir por consequência dela.
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Coluna - Gestão
Vendo as coisas sob novos ângulos Plínio Augusto Rehse Tomaz Cirurgião-dentista. Master em Empreendedorismo e Inovação (B.I International). Pós-graduação em Marketing (ESPM), com especialização em Saúde Pública (Unaerp) e Administração Hospitalar (IPH). Conferencista internacional. Articulista de jornais e revistas voltados aos profissionais de saúde. Professor de diversas instituições de ensino. Diretor da Tomaz Gestão e Marketing. plinio@tomazmkt.com.br
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ste é o primeiro artigo que escrevo em 2012 e acho ótimo começar falando daquilo que temos de mais importante em nossas empresas: clientes. Na verdade, vou propor que você veja algumas de sua atividade por novos ângulos, ou melhor, pelo ponto de vista dos clientes. Sempre que digo que o cliente precisa estar em primeiro lugar na definição do empreendimento, refiro-me ao fato de que se faz imprescindível que você tenha bem definido e conheça seu público-alvo, seu nicho. Achar que deve buscar a qualquer perfil de cliente, sem foco, é o mesmo que escolher não ter estratégia e entrar para o grupo do “eu também”. Este mesmo grupo, sob o ponto de vista dos clientes, chama-se “mais um”, “qualquer um” ou “tanto faz”, pode escolher. Quando há uma definição clara de nicho, todos os demais elementos do mix de marketing podem ser desenhados e alinhados em conformidade, como localização, decoração, perfil da equipe de atendimento, modelo de trabalho, preço, serviços complementares, estratégias de comunicação, etc. Se o cliente possui este tão alto grau de importância para o sucesso do empreendimento, por que muitos profissionais de saúde ainda montam seus consultórios sem antes entender bem esta questão? Porque não somos preparados para entender isso nos bancos da faculdade e somos levados a crer que ser clinicamente bom basta, o que já está evidente que não é verdade. Dito isso, minha proposta neste artigo é sugerir que você faça um pente fino em toda sua atividade, com olhar crítico e representando seu público-alvo. O início de tudo é, portanto, identificar e defini-lo. Em alguns casos, basta definir se será de classes socioeconômicas A1, grupo A/B ou grupo C/D (a classe E não compra serviços particulares e, portanto, não precisa ser considerada para efeito de definição de nicho). Outras vezes, o melhor critério pode ser faixa etária: crianças, adolescentes, jovens, idosos? Há vários outros critérios, mas o importante é você conhecer ao máximo o perfil de seu público predominante e focar sua atenção neles. O que eles precisam? O que eles querem? O que eles valorizam? Quanto estão dispostos a pagar por estes serviços e agrados que querem? Agora que sabe bem quem são seus clientes e a que eles atribuem valor, “encarne” este papel e analise o que você tem feito e oferecido (ou não) em cada pequena atividade. Para facilitar seu trabalho, aqui vai um mini check-list: » Ligação telefônica: atendimento, rapidez, resolução de problemas, disponibilidade de agenda, etc.
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» Chegada: facilidade de localizar o endereço, disponibilidade de estacionamento, nível de segurança transmitido pelo bairro e pelo prédio, “cara” da fachada (a forma como sua imagem é apresentada pela primeira vez). » Sala de espera: atendimento e presença da recepcionista, uniformes, aspectos gerais de organização, limpeza, tecnologia, atualização técnica, identidade com demais clientes e acompanhantes em espera, quantidade de pacientes em espera, ruídos, odores, temperatura do ar condicionado, tempo de espera, adequação de decoração, disponibilidade de água, café, chás, revistas e outros entretenimentos, programação da TV e/ou som ambiente, etc. » Sala clínica: aparência e asseio do profissional, atenção dada ao cliente na primeira abordagem (se busca na sala de espera, se alguém o conduz até a sala, etc), organização, limpeza, higiene, tecnologia, ruídos, odores, temperatura do ar, tempo de trabalho (seção e tratamento todo), adequação de decoração, disponibilidade de entretenimentos (DVD, som ambiente, etc), segurança transmitida pelo profissional (conhecimento técnico, convicção clínica, vocabulário), modelo de apresentação de diagnóstico e de orçamento, flexibilidade nas negociações e/ou forma de pagamento, amplitude de trabalhos realizados pelo próprio profissional e/ou pela clínica. » Acompanhamento: disponibilidade de agenda, facilidade na obtenção de informações clínicas e de pagamentos, organização geral, coerências com as promessas de venda, respeito ao horário marcado, atenção pessoal, forma de cobrança e, principalmente, “mão” do profissional. Nada adianta um consultório perfeito se o profissional for desajeitado e tiver a mão pesada para a realização de procedimentos clínicos. Aí está a lição de casa: colocar-se no lugar de seu cliente-alvo e analisar item por item entre os acima sugeridos (pode acrescentar outros). Se você for sincero em sua autoavaliação, certamente encontrará várias oportunidades de melhoria com este exercício. Ao final, terá um verdadeiro mapa do tesouro em suas mãos. Comece consertando e adequando estas coisas e verá sua clientela sendo fidelizada e aumentando. Estou certo de que se você terá muito a ganhar com isso. Comece bem o ano e não espere mais um minuto sequer. Mãos à obra!
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Boca Seca: uma realidade esquecida na clínica odontológica? Rodrigo G. Bueno de Moraes Mestre em Odontologia pela Universidade Paulista e membro Internacional da American Academy of Periodontology. Docente do curso de especialização em Periodontia da ABENO. Consultor científico da ABO e do blog Adoro Sorrir.
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a última edição do Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, fui convidado pelo Dr. Waldyr Romão (coordenador científico) para organizar e coordenar um fórum multidisciplinar em periodontia. Tive total liberdade em selecionar o tema e o grupo de palestrantes dessas três horas de discussão técnica e científica disponibilizadas pela organização. Optamos pela seleção do tema “Boca Seca”, devido à constatação da falta de um constante e aprofundado debate sobre “um assunto capaz de influenciar os resultados práticos” dos nossos maiores objetivos clínicos: a promoção da saúde e o bem-estar dos nossos pacientes. Na abertura da jornada, apresentei os aspectos gerais e estruturais da saliva e das suas glândulas secretoras. Destaquei toda a sua relação com a lubrificação da cavidade bucal, a importância na reposição de minerais pelo efeito tampão, proporcionado o apoio à fonética e à digestão (por ação de enzimas a ela anexadas), assim como o seu potencial imunizante e antimicrobiano que colabora com a redução nos riscos das cáries e das complicações periodontais. Se a redução no fluxo diário de saliva é menor do que os habituais 700 ml – 1l/dias, estamos diante de uma situação de hipossalivação ou hipossialia (hipo = diminuição; sialia = saliva). Esse quadro pode se agravar e chegar ao ponto da total ausência na produção e secreção de saliva (assialia ou aptialismo). A xerostomia - termo regularmente descrito como sinônimo dessas definições - tem outra conotação. Ela diz respeito à sensação de secura bucal (xerostomia xeros = seco, stoma= boca) e pode justificar tanto a percepção das descrições anteriores, como outros quadros que levam à diminuição da sensação de “boca umedecida”. Nesse sentido, merecem destaque algumas condições associadas, como é o caso da (o): » Respiração bucal. » Ocorrência de algumas doenças autoimunes (como a Síndrome de Sjögren), metabólicas (caso do diabetes mellitus) ou infecciosas (como a Hepatite C). » Utilização de alguns alimentos. » Uso de inúmeros tipos de medicamentos (+ de 1.800 tipos capazes de levar à redução do fluxo salivar). » Stress e outros graves distúrbios neuronais.
» Consequências da radio e/ou quimioterapia. » Consumo abusivo de drogas, cigarro e álcool e outras questões. A Xerostomia exige uma investigação sobre suas causas e consequências relacionadas para a proposição de medidas terapêuticas que, muitas vezes, reúnem outras percepções médicas, psicológicas e nutricionais desses pacientes. A preocupação em realizar avaliações, como a sialometria, deveria fazer parte da rotina das clínicas odontológicas, possibilitando um auxílio no diagnóstico, na interação com outros profissionais de saúde que acompanhem esses pacientes (médicos oftalmologistas, otorrinos, psiquiatras, reumatologistas, endócrinos, nutricionistas e outros) e na prescrição de tratamentos condizentes com as necessidades desses pacientes. Sob o ponto de vista dos cuidados bucais diários deste respeitável público (estima-se que aproximadamente 1/3 da população sofre ou sofrerá de secura bucal em alguma fase da vida), é importante listar e conhecer recursos que atenuam essa sensação e que estão à disposição da prescrição dos profissionais da Odontologia: » Escovas dentárias comuns extramacias, ultramacias ou pós-cirúrgicas. » Escovas interdentais extramacias. » Hidratantes bucais (também chamados de repositores de saliva ou de “salivas artificiais”, apesar de nenhum deles repor completamente a rica composição deste líquido que produzimos). » Colutórios e cremes dentais à base de enzimas naturais (muitas delas disponíveis na própria saliva). » Colutórios e cremes dentais desprovidos de veículos, saponáceos e abrasivos de maior impacto - que podem favorecer a sensação de desconforto e queimação dos tecidos bucais. » Alimentos e medicações de uso sistêmico que colaborem com o estímulo ao aumento no fluxo salivar (sempre prescritos em conjunção com o parecer dos médicos e/ou nutricionistas que assistem esses pacientes). As impressões após o “Congressão” mostram o grande crescimento na preocupação dos nossos colegas com o tema. Acredito que esta realidade, tida como esquecida por muitos, passará a frequentar a rotina de discussões e das pautas das próximas jornadas científicas, respaldada pela farta literatura científica (que já está disponível) e pelas novas evidências que surgem a cada curto espaço de tempo.
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Caso Clínico
A importância dos aspectos fisiológicos da oclusão na reabilitação oral
Gustavo Diniz Greco Doutor em Odontologia – Clínica Odontológica. Mestre e Especialista em Prótese Dentária. Professor adjunto FO FEAD – Prótese Dentária. Coordenador do Curso de Especialização em Prótese Dentária ABO-Sete Lagoas.
Rafael Santana Figueiredo Especialista em Prótese Dentária ABO – Sete Lagoas.
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Odontologia restauradora deve ser baseada nos conceitos dos princípios fisiológicos da oclusão e em ambiente livre de inflamações. Com o tecido gengival inflamado, presença de alterações do contorno gengival, aumento da profundidade do sulco gengival, mobilidade dentaria, presença de sangramento e exsudato, fica impossível executar corretamente as manobras clínicas, como preparo, moldagem, prova de estrutura, e ainda mais grave seria a colocação definitiva de prótese fixa em tal condição que poderia acarretar a perda de todo o trabalho e um agravamento do quadro periodontal em um curto espaço de tempo1- 3. Os procedimentos restauradores indicados com o objetivo de restabelecer as funções oclusais do sistema estomatognático devem ser realizados tendo sempre em mente a manutenção da dimensão vertical de oclusão, estabilidade oclusal, relação cêntrica e curvas de compensação. A resposta saudável desses tecidos, durante e após a realização da reabilitação oral, retrata a manutenção e preservação dos princípios biológicos inerentes ao periodonto de proteção e sustentação1, 3, 4. A condição clinica ideal para a reabilitação dos pacientes com necessidades protéticas, baseia-se em: ausência de inflamação, presença de mucosa ceratinizada e ausência de bolsa periodontal4. A necessidade de procedimentos periodontais deve ser ava-
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liada antes, durante e depois de todos os procedimentos clínicos. Uma visão multidisciplinar deve ser observada durante o diagnóstico, prognóstico e plano de tratamento, a fim de proporcionar um resultado que tenha boa previsibilidade e atenda as expectativas estéticas e funcionais do paciente que vai se submeter a um tratamento de reabilitação oral1, 4. Este trabalho apresenta um caso clínico em que o paciente foi submetido a um planejamento integrado, envolvendo próteses dento e implantossuportadas, em busca de um prognóstico favorável e uma condição clínica ótima ao sistema estomatognático.
Caso clínico Paciente do sexo feminino, 58 anos, em bom estado de saúde geral, procurou o Curso de Especialização de Prótese Dentária da Associação Brasileira de Odontologia – MG, Regional Sete Lagoas. Após anamnese, exame clínico e exame radiográfico, observaram-se áreas edêntulas, uso de próteses parciais removíveis provisórias, dentes com restaurações deficientes, situação periodontal favorável, ausência de sangramento gengival ou bolsas periodontais (sem necessidade de qualquer intervenção cirúrgica), ausência de contatos bilaterais posteriores, alteração da dimensão vertical de oclusão e necessidade de retratamento endodôntico. Os princípios bá-
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Caso Clínico sicos da oclusão (dimensão vertical de oclusão, guias anteriores, relação centrica e estabilidade oclusal), neste caso, devem ser restabelecidos, baseado no enceramento diagnóstico e nas próteses provisórias, para garantir o sucesso do trabalho final (figuras 1 e 2). Foram confeccionados modelos de estudo em gesso de ambas as arcadas. Por meio da construção de uma chapa de prova inferior com planos de orientação em cera, a relação maxilomandibular foi registrada em relação cêntrica, e os modelos montados em articulador semiajustavel (figura 3). Desta maneira, foi possível posicionar os modelos articulados em articulador semiajustável tanto em relação cêntrica (RC) quanto em máxima intercuspidação habitual (MIH), viabilizando o ajuste oclusal, para que exista o equilíbrio oclusal e o restabelecimento da dimensão vertical de oclusão e guias anteriores nas próteses provisórias. Foram confeccionados os preparos cavitários para coroa total metalocerâmica nos dentes superiores do modelo de gesso. Foi realizado o enceramento diagnóstico, reestruturando todos os princípios fisiológicos da oclusão. A dimensão vertical de oclusão foi alterada para mais, acrescentando 2 mm no pino guia do articulador semiajustável. Este enceramento foi prensado em laboratório e foi obtida uma prótese fixa provisória em resina acrílica ativada termicamente (figura 4). Com a prótese fixa superior pronta, foram realizados os preparos cavitários para coroa total metalocerâmica em todos os dentes superiores. A prótese provisória foi reembasada e ajustada em boca e a prótese fixa provisória superior foi cimentada com pasta Lysanda ®. Em seguida, a prótese parcial removível inferior da paciente foi recondicionada através de adição de resina acrílica ativada quimicamente, recuperando o equilíbrio oclusal e os contatos posteriores (figuras de 5 a 8). Foram feitos testes fonéticos, avaliação de sons sibilantes e reajustes em boca com acompanhamento da evolução do conforto e função. Dessa forma, em uma única sessão foram devolvidos imediatamente a dimensão vertical de oclusão, estabilidade oclusal e guias anteriores ideais, tornando as próximas etapas da reabilitação oral viaveis. Na próxima etapa, a paciente foi encaminhada para o endodontista para que fosse realizada a remoção dos núcleos metálicos fundidos e o retratamento endodôntico dos dentes 13, 14, 15, 21, 23 e 25. Após a finalização dos tratamentos endodônticos, foram iniciados os procedimentos de repreparo dos dentes superiores e desobturação dos condutos tratados endodonticamente até 2/3 do comprimento das raízes e moldagem direta dos núcleos com resina acrílica do tipo Duralay® (figura 9). Os núcleos metálicos foram adaptados em boca e cimentados com cimento de fosfato de zinco (LS da Vigodent) ® (figura 10). A etapa seguinte foi uma das mais críticas de todo o processo, a confecção de casquetes de moldagem, moldagem e obtenção dos troqueis e modelos para obtenção da estrutura metálica da prótese definitiva. A arcada superior foi moldada com alginato. No modelo de gesso obtido foram feitos alívios nos corpos dos preparos com cera vermelha, em seguida os casquetes de moldagem em resina acrílica incolor foram confeccionados sobre os preparos, devidamente numerados e sua face vestibular marcada para evitar dúvidas no processo de reembasamento e moldagem (figura 11).
A Odontologia restauradora deve ser baseada nos conceitos dos princípios fisiológicos da oclusão e em ambiente livre de inflamações Os casquetes foram provados em boca, depois, com os dentes devidamente lubrificados, uma fina camada de resina Duralay ® foi depositada entre o preparo e o sulco gengival. Em seguida, o casquete foi inserido sobre o preparo, injetando a resina acrílica dentro do sulco gengival. Este processo e realizado para obtenção da chamada “saia” do casquete (figura 12). Este processo foi repetido diversas vezes, pois é de crítica importância para o sucesso da reabilitação oral, já que ela será posteriormente flexionada e possibilitará a copia fiel do término do preparo, e por consequência, uma ótima adaptação da estrutura metálica. Na fase de moldagem, foi aplicado o adesivo do poliéter Impregum Soft ® 3M® nos casquetes. Esperado o tempo indicado pelo fabricante, o Impregum Soft ® de média viscosidade foi manipulado e colocado dentro do casquete, que foi inserido no preparo devidamente limpo e seco, sem exercer pressão excessiva (figura 13). Uma pequena isquemia deve ser observada na gengiva marginal indicando que o material alcançou o sulco dental. Aguardados os três minutos e 30 segundos recomendados pelo fabricante, o casquete foi removido e quando foi notada a necessidade de reembasamento, o mesmo foi feito com o Impregum Soft ® de baixa viscosidade. Este procedimento foi realizado nos seis preparos superiores. Os troqueis e os modelos de gesso montados em ASA foram enviados ao laboratório para a confecção da estrutura metálica. Foi pedido ao laboratório que nos enviasse a estrutura seccionada entre os dentes pilares para que fossem unidos e imobilizados com resina Duralay ®, e enviados ao laboratório para serem unidas por solda. Uma vez que tanto nos processos realizados pelo clínico quanto nos laboratoriais apresentam distorções, este procedimento tem como finalidade minimizá-las, garantindo uma precisão superior na adaptação da prótese. Para a realização da união das partes da estrutura metálica, uma das partes foi encaixada sobre o dente preparado em posição ótima, depois a parte adjacente da estrutura foi encaixada em seu preparo correspondente. No local onde as duas partes deverão se encaixar foi colocado um pouco de cera para evitar o contato da resina acrílica com a face da estrutura metálica que irá receber a solda. O contato da resina acrílica contamina o metal e enfraquece o ponto de solda. Depois, as duas partes são unidas com a resina acrílica, a fim de imobilizá-las na posição ideal. Brocas ou clipes de papel podem ser utilizados para auxiliar na imobilização da estrutura metálica.
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Caso Clínico As porções unidas por resina foram finalmente enviadas ao laboratório e retornaram na forma de uma estrutura metálica unida, que depois de alguns ajustes e usinagem está pronta para ser provada em boca (figura 14). A estrutura foi provada em boca (figura 15). Nesta etapa foi observada sua adaptação em nível gengival (se o espaço para aplicação da cerâmica é satisfatório e se existe alguma oscilação ou algum tipo de movimento). Caso a estrutura oscile, se movimente ou não esteja satisfatoriamente adaptada, deve ser observada a região em que isto está ocorrendo e avaliar se é viável repetir as soldas ou realizar sobre-fundição. A estrutura metálica foi novamente montada em ASA para a aplicação da cerâmica. Com o modelo inferior pronto, foi feito o registro oclusal, que, neste caso, foi realizado com resina acrílica em boca. A dimensão vertical foi verificada e coincidiu com a dimensão vertical do enceramento em que foi feita a ponte provisória como desejado. Em seguida, a parte inferior foi lubrificada para prevenir a adesão entre as duas arcadas pela resina acrílica. Foram escolhidos três pontos que possibilitassem o posicionamento do modelo superior no inferior sem movimentação. Depois dos pilares aderidos na estrutura metálica foram feitos com resina acrílica, a estrutura foi removida e os modelos montados em ASA. Foi feita a seleção da cor, que neste caso foi 3M2 na escala VITA 3D ®.
Nesta última etapa, a parte laboratorial da prótese fixa estava finalizada. Com a cerâmica e o Glaser aplicados, foram feitos a prova e os ajustes oclusais. Em seguida foi realizada cimentação inicial, com o pó do cimento de fosfato de zinco e lubrificante em gel (figura 16). Esta cimentação foi feita com a finalidade de permitir que o ligamento periodontal se recondicione e a justaposição entre os dentes pilares e a prótese fosse otimizada antes da cimentação definitiva. A paciente retornou ao final do dia para que a cimentação provisória fosse realizada. Na segunda parte da cimentação, a prótese foi removida, devidamente limpa e cimentada, utilizando a pasta Lysanda ®. O fio dental foi utilizado para auxiliar na remoção dos excessos da pasta (figura 17). A paciente foi instruída a retornar dentro de sete dias para os ajustes oclusais finais e a cimentação definitiva. Após sete dias, a paciente retornou ao consultório relatando estar satisfeita com a prótese, não reclamou de dor ou qualquer outro desconforto. Foi dada a sequência ao caso. A cimentação final foi feita com cimento de fosfato de zinco LS da Vigodent ® e novamente o fio dental foi utilizado na remoção do excesso de cimento (figura 18). O resultado pode ser visualizado nas figuras 19 e 20, que mostram o aspecto intraoral e uma comparação das situações iniciais e finais da paciente.
Figura 1 Situação inicial com e sem PPR.
Figura 2 Radiografia panorâmica.
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Figura 3 Modelos articulados em ASA.
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Figura 4
Figura 8
Provisório prensado em resina acrílica a partir do enceramento diagnóstico.
Resultado final da reabilitação temporária.
Figura 5
Figura 9
Dentes preparados sobre as restaurações remanescentes.
Etapas do preparo e moldagem dos núcleos metálicos fundidos.
Figura 10 Vista palatal com todos os núcleos cimentados.
Figura 6 Reembasamento da prótese provisória.
Figura 7
Figura 11
PPR inferior recondicionada.
Casquetes devidamente numerados e marcados.
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Figura 16 Cimentação inicial com o pó do cimento de fosfato de zinco e vaselina.
Figura 12 Casquetes reembasados com Duralay ® e com “saia” definida.
Figura 13
Figura 17
Casquetes moldados em boca com poliéter.
Cimentação provisória utilizando a pasta Lysanda ®.
Figura 14
Figura 18
Estrutura metálica usinada e adaptada em boca.
Cimentação final com fosfato de zinco.
Figura 15
Figura 19
Registro da dimensão vertical e registro interoclusal com resina acrílica.
Fotografia intraoral final.
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Figura 20 Fotografia extraoral inicial.
Para realização de trabalhos restauradores é necessária uma condição clínica ideal, com ausência de inflamação, presença de mucosa ceratinizada e ausência de bolsa periodontal. O estabelecimento da saúde periodontal facilita os procedimentos.
Figura 21 Fotografia extraoral final.
Discussão Em relação à gengiva inserida, observamos certa padronização quanto à quantidade necessária para a manutenção da saúde periodontal de dentes pilares de prótese fixa. Uma faixa adequada de mucosa queratinizada é fundamental para o sucesso da Odontologia restauradora4-6. Embora margens gengivais possam se manter clinicamente livres de placas, áreas com menos de 2 mm de gengiva inserida mostram sinais clínicos de inflamação, o que determina que uma faixa de 1 a 2 mm pode ser aceitável para dentes que sustentam trabalhos restauradores, mas é indicado uma faixa mínima de 3 a 4 mm para dentes tratados proteticamente7. Durante o exame clínico e radiográfico de pacientes protéticos periodontais, devemos observar a extensão do limite cervical do preparo, que deve sempre respeitar o limite do fundo do sulco gengival, para que não ocorra violação do epitélio juncional 5,8-10. Para que este limite seja respeitado, preconiza-se uma distância mínima de 2 mm entre o término cervical do preparo e a crista óssea alveolar10. Idealmente, o nível do limite cervical dos preparos deve ser localizado na região supra gengival, o mais distante possível da gengiva marginal livre, no entanto, isto nem sempre é possível, a determinação do término cervical depende de uma série de fatores, o que demonstra claramente que a exigência estética e as considerações periodontais se contrapõem durante a avaliação clínica11-14 . Para determinarmos este limite com maior precisão, devemos eliminar qualquer inflamação presente na região do dente pilar, visto que a inflamação altera o contorno, a forma, o volume e a consistência da gengiva marginal livre e da papila interdental15,16 . É inquestionável que a saúde do periodonto deve ser restabelecida antes de
qualquer procedimento restaurador14 . O estabelecimento da saúde periodontal facilita os procedimentos restauradores e fornece mais previsibilidade na odontologia restauradora, relatando que a existência do espaço biológico é condição fundamental para a existência das distâncias biológicas e estas distâncias apresentam uma média de 2,04mm11. Em dentes com mobilidade devido a perdas ósseas, deve -se procurar fechar o polígono para uma melhor distribuição de forças 5 . Extensas perdas ósseas resultam em uma relação coroa clínica/raiz clínica desfavorável e indica a esplintagem associada a ajuste oclusal e terapia periodontal como forma de manutenção dos pilares. A esplintagem não é recomendada como único tratamento da mobilidade dos dentes pilares de prótese fixa. A indicação da esplintagem deve ser relacionada à necessidade de manutenção do conforto dos dentes com redirecionamento e redistribuição de esforços, prevenção de migrações e extrusões, a hipermobilidade por si só não constitui indicação para a esplintagem. A dificuldade de higienização dos dentes esplintados é razão suficiente para realizar ferulizações apenas quando necessário. A ferulização dos dentes naturais não reduz significantemente a mobilidade de um dente quando a prótese é removida, no entanto, o movimento geral da prótese é minimizado, especialmente quando as unidades ferulizadas formarem um arco. A ferulização deve ser indicada para a distribuição de tensões, e os esquemas oclusais modificados, a fim de proteger os dentes pilares de tensões horizontais12,17-19 . A anatomia radicular desempenha um importante papel no planejamento de uma prótese em pacientes com comprometimento periodontal. Seu formato, tamanho, compri-
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Caso Clínico mento, forma espacial, grau de divergência e proximidades umas das outras devem ser avaliados, juntamente com a condição sistêmica do paciente. Existe um consenso na literatura, onde quanto maior a superfície radicular, maior a capacidade de suporte, suporte este que é muito diminuído quando se trata de raízes conóides. Por estas razões, a quantidade e a disposição das raízes são fatores relevantes, tratando-se de suporte. A grande maioria dos autores preconiza uma relação coroa clínica/raiz clínica ideal de 2: 3 e uma relação mínima aceitável de 1: 13, 20. A relação ideal deve ser de 1: 2, mas raramente ela é observada, a mais comum é de 1:1,5 e a mínima também é de 1: 121. Em muitos casos, a exodontia pode ser considerada um tratamento, quando a doença periodontal de um dente comprometerá os dentes adjacentes e o periodonto de sustentação. A reabilitação final é mais importante que o dente individualmente, a decisão para a exodontia não depende da saúde individual do dente, mas sim do objetivo final da reabilitação22. O equilíbrio oclusal é de grande importância para a manutenção de pilares de prótese fixa com um conforto satisfatório ao paciente. Com um correto equilíbrio oclusal, em muitos casos, é dispensável a utilização de esplintagem22. O ajuste oclusal deve ser realizado em conjunto com demais procedimentos e dentre estes se encontra a esplintagem17-19.
5. Baratieri LN. Odontologia restauradora – Fundamentos e possibilidades. Editora Santos; 1ª ed; São Paulo, 2001: 200.
Conclusão
13. Sachs Ri. Restorative dentistry and the periodontium; Dent. Clin. North Am 1985; 29(2): 261-78.
Procedimentos periodontais devem ser realizados em associação com procedimentos protéticos, para um diagnóstico, prognóstico e plano de tratamento adequado, possibilitando um resultado satisfatório. Para realização de trabalhos restauradores é necessária uma condição clínica ideal, com ausência de inflamação, presença de mucosa ceratinizada e ausência de bolsa periodontal. O estabelecimento da saúde periodontal facilita os procedimentos clínicos, como preparos dentários, moldagens, provas de estruturas, etc. Foi possível concluir que a obtenção dos princípios fisiológicos de oclusão, já na fase de provisórios, é de suma importância para sucesso do tratamento. Todo paciente que for submetido a uma reabilitação oral deve passar por uma avaliação periodontal, já que a saúde dos tecidos periodontais viabiliza um adequado tratamento, com boa previsibilidade de resultado.
Referências 1. Lanza MD. in Henriques SEF. Reabilitação oral – Filosofia, planejamento e oclusão. Editora Santos; 1ª ed; São Paulo. 2003: 233-62. 2. Alonso AA, Albertine JS, Bechelli AH. Oclusion y Diagnóstico en Reabilitacion Oral; 1a ed. Buenos Aires: Editora Médica Panamericana, 2004: 437-39. 3. Greco GD, Planejamento integrado no tratamento da agenesia dentária; Revista Implant News, 2009; 6(4) 413-6. 4. Rosenbeg MM, Kay HB, Keough BE, Holt RL. Tratamento Periodontal e Protético para casos avançados. Editora Quintessence Books. Primeira edição. 1992: 61-113.
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6. Maynard JG, Wilson RDK. Physiologic dimension of the periodontium significant to the restorative dentist. J. Periodontol 1979; 50(4): 170-4. 7. Lang NP, Löe H. The relationship between the width of keratinized gingiva and gingival health. J. Periodontal 1972; 43: 623-9. 8. Stein RS, Glickman I. Prosthetic considerations essential for gingival health. Dental Clinic North Am 1960; 4: 177-88. 9. LöE H. Reactions of marginal periodontal tissues to restorative procedures. Int. Dent. Journal 1968; 18(4): 759-78. 10. Leon AR. The periodontium and restorative procedures – A critical review. J. Oral Rehabil 1977; 4: 105-17. 11. Gargiulio A, Wentz F, Orban B. Dimension and Relations of the Dento Gingival Junctions in Humans; J. Periodontal 1961; 32: 261-7. 12. Krajicek DD. Periodontal considerations for prosthetic patients. J. Prosthet. Dent 1973; 30(1): 15-18.
14. Mezzomo E, Oppermann RV, Chiapnotto GA. Reabilitação oral para o clinico. Editora Santos; 2ª ed; São Paulo; 1997: 61-3. 15. Romanelli JH. Periodontal consideration in tooth preparation for crowns and bridges. Dental Clinics of North America 1980; 24(2): 271-84. 16. Mainieri ET. Considerações morfológicas sobre a preparação de dentes pilares em prótese fixa. 2003. www.sobracursos.com.br. 17. Ettala VM. Efects of oclusalajustment on the periodontal condition and on the symptons of mastigatory disfunction in patients treated with fixed prosthesis one year folow-up study; J. Oral Rehabilit 1986; 13(6): 509-19. 18. Malone WFP. Teoria e prática de prótese fixa de Tylman. 8ª Ed. Editora Artes Médicas. São Paulo. 1991. 19. Burguett FG. A randomized trial of oclusal adjustment in the treatment of periodonts patients; J. Clin. Periodontal 1992; 19(6): 381-7. 20. Oldman HM, Shuman AM, ISENBERG GA. Atlas cirúrgico do tratamento da doença periodontal. Editora Quintenssense; 1ª ed; São Paulo; 1991: 11-4. 21. Grigolli WDA. Avanços e perspectivas futuras da periodontia. Sciencepress; 2002. www.sciencenet.com.br. 22. Yulzari JL. Strategic extration in periodontal prosthesis; Int. J. Periodont 1982; 2(6): 51-65.
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Tratamento da osteonecrose de mandíbula induzida por bifosfonato com irradiação laser de baixa potência e PDT Vanessa de Carvalho Fabricio Marisa Helena de Carvalho Cirurgiã-dentista. Atendimento ClínicoAmbulatorial em Clínica Geral - caráter privado, ortodontia, odontopediatria (OSEC). Fundadora / Presidente do Instituto Sorrir para Vida.
Médica Oncologista. Vice Presidente do Instituto Sorrir para Vida. Médica Assistente da Disciplina de Oncologia e Hematologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Médica Assistente da Disciplina de Oncologia e Hematologia da Faculdade de Medicina do ABC. Orientadora da liga de Oncologia Clínica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Médica Mestranda pela UNIFESP. Membro Associado da ASCO (American Society of Clinical Oncology). Membro Titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Cancerologia.
Larissa Douat Valim Cirurgiã-dentista – Atendimento em Clínica Geral (UNIFENAS).
O
steonecrose dos maxilares é definida como desenvolvimento de osso necrótico na cavidade oral resultante de fatores sistêmicos e/ou locais que comprometem a vascularização óssea. A osteonecrose dos maxilares induzida por drogas tem sido associada ao uso de bifosfonatos em tratamentos. Os bifosfonatos são um tipo de droga amplamente utilizada no tratamento de câncer de mama e próstata com metástases ósseas, do mieloma múltiplo e da osteoporose. Muito utilizado também em mulheres após a menopausa na prevenção e no tratamento da perda óssea mineral e na redução de fraturas. A osteonecrose dos maxilares pode surgir espontaneamente ou após algum tratamento dentário mais invasivo, principalmente alguma exodontia, implante ou qualquer cirurgia envolvendo tecido ósseo da maxila e mandíbula. Esta lesão pode ser caracterizada como uma ulceração da mucosa oral muito dolorida, seguida de exposição óssea ou ainda se apresentar totalmente assintomática. Radiograficamente pode apresentar um osso com aspecto mosqueado, formações de sequestros ou ainda apenas uma imagem um pouco mais radiolúcida na região da osteonecrose. Tendo em vista o fato de a osteonecrose dos maxilares induzida por bifosfonatos ser uma consequên cia ainda pouco conhecida, acreditamos ser importante um alerta aos profissionais envolvidos, assim como uma orientação aos pacientes da necessidade de um tratamento odontológico previamente ao início do tratamento com este medicamento. Podemos proporcionar uma melhor qualida-
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de de vida aos pacientes com esta terapia apenas com um tratamento preventivo, orientação de higiene oral e cuidadoso acompanhamento clínico.
Caso clínico JJM, 70 anos, gênero masculino com diagnóstico de Adenocarcinoma de próstata com metástases ósseas, encaminhado ao Instituto Sorrir Para Vida para tratamento de mucosite intensa. Como tratamento para sua neoplasia, fazia uso de Ácido Zolendrônico (Bifosfonato) há exatos 20 meses. Durante seis meses foi tratada a mucosite com irradiação laser de baixa potência, comprimento de onda 660nm, com 100mw de potência, densidade 40 J/cm2 e aplicação pontual por toda mucosa oral. O paciente obteve grande melhora e, portanto, não compareceu mais ao Instituto. Passados dois meses, o paciente retornou. Desta vez apresentando uma ulceração na mucosa em região lingual do segundo molar inferior esquerdo, com exposição óssea de aproximadamente 15 mm. Lesão assintomática e espontânea. Foi diagnosticada como osteonecrose mandibular (figura 1). Iniciou-se o tratamento com irradiações laser, comprimento de onda 660nm, com 100mw de potência, densidade 60j/cm2 e aplicação pontual em toda a borda da lesão e sobre o osso exposto-total de oito pontos. Radiograficamente não apresentava grandes alterações (figura 6). Após três sessões com intervalos de 48 horas, obteve-se melhora parcial. Optou-se por mudar o tratamento para PDT (terapia fotodinâmica), onde utilizamos o corante azul de metileno e irradiação laser. Após 12 dias de
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Caso Clínico tratamento - seis sessões de PDT- o sequestro ósseo parecia se soltar da região. Foi realizada uma curetagem muito cuidadosa para não agredir o tecido ósseo subjacente e nova sessão de PDT (figuras 2, 3 e 4). O tratamento com sessões de PDT prosseguiu por mais 30 dias até resolução completa do quadro (figura 5). O exame histopatológico confirmou o diagnóstico de osteonocrose (figura 7).
A osteonecrose dos maxilares pode surgir espontaneamente ou após algum tratamento dentário mais invasivo
Figura 1 Exposição óssea ao diagnóstico.
Figura 2 Curetagem após 12 dias de tratamento.
Figura 3
Figura 4
Sequestro ósseo enviado para exame histopatológico.
PDT Pós-curetagem.
Figura 5
Figura 6
Após 30 dias de tratamento.
Panorâmica realizada pós-diagnóstico.
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Caso Clínico NORMAS PARA PUBLICAÇÂO A seção CASO CLÍNICO da ODONTO MAGAZINE tem como objetivo a divulgação de trabalhos técnico-científicos produzidos por clínicogerais e/ou especialistas de diferentes áreas odontológicas. Gostaríamos de poder contar com trabalhos originais brasileiros, produzidos por cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e médicos, para divulgar esse material em nível nacional por meio da revista impressa e pelo site: www. odontomagazine.com.br Os trabalhos devem atender as seguintes normas: 1) Ser enviados acompanhados obrigatoriamente de uma autorização para publicação na ODONTO MAGAZINE, assinada por todos os autores do artigo. No caso de trabalho em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. Essa autorização deve também dar permissão ao editor da ODONTO MAGAZINE para adaptar o artigo às exigências gráficas da revista ou às normas jornalísticas em vigor. 2) O texto e a devida autorização devem ser enviados para o e-mail: vanessa.navarro@vpgroup.com.br. As imagens precisam ser encaminhadas separadas do texto, em formato jpg e em altaresolução. Solicitamos, se possível, que o artigo comporte no mínimo três imagens e no máximo 30. As legendas das imagens devem estar indicadas no final do texto em word. É necessário o envio da foto do autor principal do trabalho.
Figura 7 Resultado do exame.
3) O texto deve seguir a seguinte formatação: espaço entre linhas simples; fonte arial ou times news roman, tamanho 12. As possíveis tabelas e/ou gráficos devem apresentar título e citação no texto. As referências bibliográficas, quando existente, devem estar no estilo Vancouver. 4) Se for necessário o uso de siglas e abreviaturas, as mesmas devem estar precedidas, na primeira vez, do nome próprio.
Discussão Este caso vem apoiar a teoria muito encontrada na literatura que é comum o aparecimento da osteonecrose dos maxilares em pacientes que receberam tratamento com Zolendranato cerca de 30 meses após o início da terapia. Demonstra também a existência de muitos casos assintomáticos e de surgimento espontâneo, sem trauma local, apenas com o uso da medicação. Podemos constatar que, dependendo do estágio de desenvolvimento da osteonecrose, a avaliação radiográfica não contribui significativamente. Este caso demonstra a eficácia da irradiação laser de baixa potência associada ao uso do PDT no tratamento da osteonecrose de mandíbula induzida por bifosfonato, apresentando uma nova opção de tratamento para essa complicação grave causada pela terapia utilizada em casos de metástases ósseas.
Referências 1. Khan, AA; et al. Canadian consensus practice guideline for bisphosphonate associated osteonecrosis of the jaw. J Rheumatol. 2008 Jul; 35(7):1391-7. Epub 2008 Jun 1. 2. O’Bryan FS; et al. Intravenous bisphosphonate-related osteonecrosis of the jaw: bone scintigraphy as an early indicator. J Oral Maxillofac Surg. 2009 Jul; 67(7): 1363-72. 3. Rayman, S; et al. Bisphosphonate-related jaw necrosis: a team approach management and prevention. Int J Dent Hyg. 2009 May; 7(2):90-5.
5) No trabalho deve constar: o nome(s), endereço(s), telefone(s) e funções que exerce(m), instituição a que pertence(m), títulos e formação profissional do autor ou autores. Se o trabalho se refere a uma apresentação pública, deve ser mencionado o nome, data e local do evento. 6) É de exclusiva competência do Conselho Científico a aprovação para publicação ou edição do texto na revista ou no site. 7) Os trabalhos enviados e não publicados serão devolvidos aos autores, com justificativa do Conselho Científico. 8) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor (res). Os trabalhos publicados terão os seus direitos autorais guardados e só poderão ser reproduzidos com autorização da VP GROUP/Odonto Magazine. 9) Cada autor do artigo receberá exemplar da revista em que seu trabalho foi publicado. 10) Os trabalhos, bem como qualquer correspondência devem ser enviados para: Vanessa Navarro ou Vivian Pacca – ODONTO MAGAZINE Alameda Amazonas, 686 – sala G1 Alphaville Industrial – Barueri-SP CEP 06454-070 11) Ao final do artigo, acrescentar os contatos de todos os autores: nome completo, endereço, bairro, cidade, estado, CEP, telefones e e-mail. 12) Informações:
4. Caldas, RJ; Pontes, JRM; Antunes, HS. Osteonecrose dos Maxilares induzida por Bifosfonatos: relato de caso clínico. Revista Brasileira de Cancerologia, 2009; 55(2): 151-155.
Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506
5. Gegler, A; Cherubini, K; Figueiredo, MAS; Yurgel, LS; Azambuja, AA. Bifosfonatos e osteonecrose maxilar: revisão da literatura e relato de dois casos. Revista Brasileira de Cancerologia, 2006; 52(1): 25-31.
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