Coluna Marketing Identidade visual da clínica odontológica
Entrevista Síndrome da ardência bucal
Ano 4 - N° 41 - Junho de 2014
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comunicação integrada
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Editorial Edição: Ano 4 • N° 41 • Junho de 2014 Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7732 Publicidade - Gerente Comercial Christian Visval e. christian.visval@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7740 Publicidade - Gerente de Contas Ismael Pagani e. ismael.pagani@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7724 Editora Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7734 Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7727 Assistente Administrativo Michelle Visval e. michelle.visval@vpgroup.com.br Marketing Tomás Oliveira e. tomas.oliveira@vpgroup.com.br Designers Cristina Yumi e. cristina.yumi@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7737 João Corityac e. joao.corityac@vpgroup.com.br Felipe Barros e. felipe.barros@vpgroup.com.br Flávio Bissolotti e. flavio.bissolotti@vpgroup.com.br Web Designer Robson Moulin e. robson.moulin@vpgroup.com.br Analista de Sistemas Fernanda Perdigão e. fernanda.perdigao@vpgroup.com.br Sistemas Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br Conselho Científico Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Diego Michelini, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, Jayro Guimarães Junior, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Lusiane Borges, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Pablo Ozorio Garcia Batista, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo, Wanderley de Almeida Cesar Jr. e William Torre. A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comerciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. O periódico é distribuído em todo o território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor. Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Periodicidade: mensal Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica
Sustentabilidade na Odontologia Sustentabilidade é uma palavra que está na moda. Observamos a utilização do termo nas grandes e nas pequenas empresas. Mas, de fato, o que é sustentabilidade? Podemos descrever sustentabilidade como um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade. Partindo deste conceito, como será que a sustentabilidade é encarada pelos consultórios odontológicos? Para começar, vamos entender todo esse processo. Precisamos ter em mente o que é uma empresa sustentável. Toda pequena ou grande empresa que continua gerando lucros para seus proprietários - sem causar impactos negativos aos outros envolvidos no negócio - pode ser considerada uma instituição sustentável. Uma clínica odontológica, assim como todo negócio, é constituída para gerar lucro para os seus proprietários, e os outros envolvidos são os funcionários, os clientes, os concorrentes, o governo, o meio ambiente, a comunidade em torno da clínica, entre outros. Portanto, se o consultório consegue atingir seu objetivo principal (o lucro), mantendo impactos positivos para todos que participam direta ou indiretamente - de suas atividades, ele se sustentará por longos anos. Não podemos esquecer que o consultório tem um impacto local também, e que deve ser sustentável em seu ambiente. Para tornar o consultório sustentável, devemos pensar em alguns aspectos. São eles: Sustentabilidade social » Os funcionários devem ser remunerados dentro dos parâmetros da lei e ter um tratamento digno. » Todas as condições de segurança no trabalho devem ser adequadas. » É interessante e importante apoiar programas sociais locais. Sustentabilidade econômica » O consultório deve gerar lucro, sendo constituído de forma legal. » As negociações com os fornecedores devem ser levadas de forma justa, ou seja, devem ser boas para ambas as partes. » Não faça propaganda enganosa ou prometa tratamentos e prazos que não poderá cumprir. » A concorrência deve acontecer de forma ética e saudável. Sustentabilidade ambiental » Procure reciclar o lixo de seu consultório. » Os resíduos gerados devem ser tratados e despejados adequadamente. » Apoie iniciativas ecológicas locais. Sustentabilidade cultural » Seu consultório deve apoiar programas culturais no bairro. » É necessário existir a cultura da prevenção no tratamento odontológico. » A empresa deve levar em consideração os valores culturais de toda equipe. Por fim, devemos praticar a sustentabilidade na Odontologia, de forma ética e responsável, respeitando, acima de tudo, o ser humano, e buscando sempre ser agente de educação em saúde. Sejamos sustentáveis! Grande abraço,
Shirlei Devesa
Membro de Conselho Científico Alameda Madeira, 53, 9o andar - conj. 92 Alphaville - Barueri – SP - 06454-010- + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br
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Sumário
Junho de 2014 • Edição: 41
pág.
20
Reportagem
26
Entrevista
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Programe-se
8
Notícias
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Odontologia Segura
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Produtos e Serviços
Banco de ossos: muito mais pela saúde bucal Sobre a síndrome da ardência bucal Andréia Affonso Barretto Montandon
Relacionamento
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Ponto de vista
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Editorial
8
30
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3
pág.
36
Ivoclar Vivadent: tradição e inovação Jose Eduardo Gibin Gutierre
Implantes em pacientes jovens Evandro João Figueiredo
Colunistas
Marketing Éber Eliud Feltrim Odontogeriatria Augusto Roque Neto
Casos Clínicos 42
Moldagem simultânea utilizando um silicone por adição Raphael Monte Alto e Ludmilla de Azevedo Linhares
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Utilização de pino de fibra de vidro para reforço de restauração direta em dentes fraturados Jorge Eustáquio, Rafael Calixto e Ilana Pais Tenório
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Normas para publicação
Os artigos e as entrevistas são de inteira responsabilidade do autor e/ou entrevistado, e não refletem, obrigatoriamente, a opinião do periódico. 4
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Conferência
Odontologia
estética
Um dia inteiro para conhecer o que há de mais moderno e avançado no segmento. Além das seis palestras, você ainda será presenteado com uma aula especial, ministrada pelo ícone da Odontologia Estética, Dr. José Carlos Garófalo.
20/09/2014 Mercure Jardins Al. Itu, 1151 - São Paulo - SP INSCRIÇÕES: R$330,00 conferencia.odontomagazine.com.br
Apoio:
Programe-se
Junho III Simpósio AMIB de Odontologia 06 e 07 de junho de 2014
A AMIB, por meio de seu Departamento de Odontologia, tem cumprido o seu papel de disseminar a importância do papel do cirurgião-dentista nas unidades de terapia intensiva. Uma das ações principais tem sido a organização do Simpósio AMIB de Odontologia na UTI. Com uma programação multiprofissional, os temas abordados serão de interesse da equipe que compõe a terapia intensiva, e não só do cirurgião-dentista.
São Paulo – SP
www.amib.org.br
12º OdontoRio 24 a 26 de julho de 2014
O evento se caracteriza como a maior jornada de Odontologia do Rio de Janeiro, e reúne renomados profissionais da saúde bucal para discutirem o que há de mais moderno no segmento. Serão três dias de disseminação de conteúdo para mais de 1.000 participantes.
Rio de Janeiro – RJ www.sbo.org.br
Agosto 8º SBO Ortopremium 13 a 16 de agosto de 2014
Julho XX CORIG – Congresso Odontológico Rio-Grandense 09 a 12 de julho de 2014
A comissão organizadora já começou a planejar a grade científica do evento, que terá a participação de ministrantes nacionais e internacionais. O evento contará com a temática “Odontologia: abrindo novos horizontes”.
Porto Alegre – RS
Rio de Janeiro – RJ
17º Congresso Latino-Americano ALOP 21 a 23 de agosto de 2013
XXII Congresso Brasileiro de Estomatologia e Patologia Oral 23 a 26 de julho de 2014
São Paulo – SP
Com o tema principal “Avanços biológicos e tecnológicos no contexto do diagnóstico oral”, o evento visa oportunizar a estudantes, profissionais e pesquisadores, discussões acerca dos avanços e práticas integrativas em saúde; fomentar a divulgação científica e o intercâmbio entre estudantes, profissionais e pesquisadores e instituições interessadas na temática central do evento; e estimular a produção de conhecimento na perspectiva da transdisciplinaridade.
Campina Grande – PB
www.sobep2014.com.br
Junho de 2014
Brasília – DF
www.abordf.com.br
1ª Conferência Odonto Magazine Odontologia Estética 20 de setembro de 2014
Um dia inteiro para conhecer o que há de mais moderno e avançado no segmento. Além das seis palestras, você ainda será presenteado com uma aula especial, ministrada pelo ícone da Odontologia Estética, Dr. José Carlos Garófalo.
São Paulo – SP
vanessa.navarro@vpgroup.com.br
19º Congresso Brasileiro de Ortodontia 25 a 27 de setembro de 2014
Durante três dias serão oferecidas aos participantes visões, ciências e experiências clínicas com o melhor da tecnologia mundial.
São Paulo – SP
www.ortociencia.com.br/Orto2014
www.aborj.org.br
A realização da 17ª edição do Congresso ALOP está a cargo da Associação Paulista de Odontopediatria (APO-SP), filiada a ABO-Odontopediatria. O congresso contará com uma programação científica que abrange todas as necessidades atuais dos profissionais.
www.corig.com.br
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A programação científica do evento foi elaborada visando oferecer um evento diversificado e inovador com cursos de treinamento prático (hands on), cursos de credenciamento, curso internacional, simpósio multidisciplinar e palestrantes nacionais renomados.
Brasileira de Ortodontia do Distrito Federal em uma grande reunião.
www.congressoalop2014.com.br
Outubro 12º CIOMIG - Congresso Internacional de Odontologia de Minas Gerais 08 a 11 de outubro de 2014
Com o tema “O que nós conhecemos, o que pensamos que conhecemos e o que não conhecemos”, o evento reunirá renomados profissionais da Odontologia.
Belo Horizonte – MG
eventos@abomg.org.br
Setembro 6º Encontro de Ortodontia do Distrito Federal 05 e 06 de setembro de 2014
Um encontro científico que tem como objetivo proporcionar intercâmbio intelectual, estabelecer redes de relacionamentos e até mudanças na direção do conhecimento. O Brasil se encontra em Brasília para celebrar os 20 anos da Associação
CIOBA - Congresso Internacional de Odontologia da Bahia 29 de outubro a 01 de novembro de 2014
O evento, que será realizado na capital baiana, contará com a presença de grandes nomes da Odontologia nacional e mundial.
Salvador – BA
www.abo-ba.org.br
Notícias
Células-tronco e Odontologia A troca dos dentes faz parte do desenvolvimento de toda criança e torna-se um acontecimento na família quando as primeiras “janelinhas” começam a aparecer no sorriso dos pequenos. Uma fase importante, sustentada por muitos pais pelo lado lúdico, como a história da Fada, a troca por dinheiro e o dente da sorte. Mas, poucos sabem que aquele dente jogado em cima do telhado poderia servir de material para o tratamento de diversas doenças e para estudos na área da saúde. A polpa do dente de leite é uma fonte de células-tronco, que se destaca das outras pela grande quantidade de células à disposição e pela facilidade de sua retirada. A razão, por ainda ser menos conhecida, é porque a técnica de retirada ainda é nova no Brasil, regulamentada há dois anos pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Segundo o hematologista e diretor técnico da Criogênesis, Dr. Nelson Tatsui, a importância dos dentes de leite é a presença de células-tronco do tipo mesenquimal. “As mesenquimais têm capacidade de, em laboratório, transformar-se em uma variedade de outras células para a reparação de tecidos, como
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muscular, nervoso, ósseo, além de cartilagem, pele e outros tecidos epiteliais. As células-tronco que são encontradas nos dentes de leite são multipotentes e imunotolerantes, ou seja, servem tanto ao doador como para a sua família”, ressaltou ele. Dr. Nelson esclarece que, em primeiro lugar, este é um processo não invasivo e natural, já que é feito a partir de um material descartado e que faz parte da troca de dentição das crianças de cinco a 12 anos. “Por serem células jovens e com ótima qualidade, elas são potencialmente excelentes para o tratamento de doenças degenerativas em um futuro próximo. Cabe ainda continuar as pesquisas clínicas nesta área, no entanto, resultados promissores já estão aparecendo”, destaca o especialista. Uma preocupação bastante relevante em relação ao tema é a presença e a viabilidade dessas células. “Por isso, o dente deve ser extraído com máximo rigor asséptico, buscando, assim, preservar a esterilidade e a viabilidade da polpa do dente. O material deve ser acondicionado em um kit específico de transporte e enviado imediatamente à clínica para o devido processamento laboratorial”, finaliza. www.criogenesis.com.br
Notícias
Estresse e a saúde bucal A vida moderna tem resultado em um número sempre crescente de pessoas ansiosas e estressadas. Mas, enquanto muitos se recuperam durante uma boa noite de sono, outros sofrem ainda mais com episódios de bruxismo. De acordo com Nigel Carter, diretor da Fundação Britânica de Saúde Bucal, o problema já atinge uma em cada 10 pessoas, está se tornando cada vez mais comum e tem afetado, inclusive, adolescentes. “Até mesmo durante o dia, alguns pacientes relatam episódios em que ficam involuntariamente ‘apertando’ a mandíbula.” Segundo a cirurgiã-dentista Katia Regina Izola, professora de Ortodontia da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), algumas crianças chegam a ranger seus dentes de leite durante a noite, mas o hábito costuma desaparecer naturalmente. Por outro lado, o diagnóstico de bruxismo em adolescentes preocupa bastante. “Com o aumento das expectativas em relação ao desempenho escolar, tanto por parte dos pais, como da família, amigos e até mesmo do próprio aluno, têm aumentado casos de crianças com 12 ou 13 anos que rangem tanto os dentes que chegam a comprometer a dentina. O dano, em determinadas situações, é irreparável e a pessoa desenvolve alta sensibilidade para alimentos e bebidas quentes ou frias.” Dor no maxilar, dor generalizada na face, dor de cabeça, dor de ouvido, perturbações no sono, tensão e rigidez nos ombros também são sintomas comuns em quem sofre de bruxismo. “Em casos graves, o paciente pode apresentar estalos ao mexer a boca, seja para falar ou para se alimentar. Até por isso, com o tempo, a alimentação pode se tornar difícil e desencadear outros problemas de saúde”, diz Katia. Além de um tratamento ortodôntico convencional, que impedirá o contato dos dentes superiores com os inferiores durante o sono, a especialista diz que pode ser necessário fazer uso de anti-inflamatórios e ansiolíticos prescritos por determinado
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período, assim como atividades terapêuticas ou esportivas para aliviar o estresse. “A população feminina - com sua jornada dupla ou tripla - ainda é a mais afetada, porque tende a somatizar mais os problemas. Por consequência, além de apresentar aumento nos distúrbios gastrintestinais e doenças do coração, também apresenta mais casos de bruxismo e outras disfunções têmporomandibulares”, diz a cirurgiã-dentista. Algumas alternativas de tratamento têm sido empregadas com sucesso - embora nem todo profissional já esteja capacitado em cada uma delas. O uso de laser de baixa potência é um recurso que vem sendo empregado com sucesso para quem range os dentes frequentemente à noite. “As aplicações devem ser iniciadas com doses mais altas de laser de baixa potência (até 100 mW de potência óptica de saída), em cinco sessões semanais. Com a melhora do caso, a dose pode ser diminuída e as sessões reduzidas a duas ou três vezes por semana. A resposta da paciente deverá ser observada a cada aplicação, checando a necessidade de alteração da dose. Em geral, os resultados terapêuticos aparecem com seis sessões iniciais”, esclarece Katia. A especialista diz que, em determinados casos de bruxismo, uma abordagem multidisciplinar se faz necessária, com acompanhamento psicológico e até mesmo reeducação postural - tudo para que o paciente durma sem apertar ou ranger os dentes, agindo no controle das forças musculares exercidas em todo o sistema articular. “O importante é melhorar a qualidade do atendimento ao paciente, buscando alternativas eficientes para resolver seus problemas de base. Quase sempre há um componente psicológico que não podemos desprezar”. Fonte: Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas
Odontologia Segura
Gesto que salva! Lusiane Borges Biomedicina - UNISA / UNIFESP. Odontologia – UMESP. Especialização em Microbiologia – Faculdade Oswaldo Cruz. Especialista em Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP. MBA em Esterilização - FAMESP. Pós-Graduanda em Prevenção e Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP, São Paulo. Coordenadora de Cursos de ASB/TSB desde 2000. Membro do Conselho Científico da Odonto Magazine, São Paulo. Autora-coordenadora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”. Consultora em Biossegurança em Saúde – Biológica. Consultora Científica da Oral-B, Fórmula & Ação, Sercon/Steris e outros. Representante do Brasil na OSAP (Organization for Safety, Asepsis and Prevention), EUA. Responsável pelo site www.portalbiologica.com.br.
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esta edição, compartilho com vocês uma ação ímpar realizada pela Organização Mundial da Saúde - OMS, por meio da generosidade de cientistas e pesquisadores conscientes de seus papéis no mundo e do real significado da palavra Filantropia. Acompanhem a carta que recebi de colegas envolvidos nas ações globais de saúde da OMS: Caros colegas, caros amigos, Quero compartilhar com vocês alguns eventos emocionantes que ocorreram acerca de 5 de maio de 2014. Um escritor francês famoso, Thierry Crouzet, é autor de um livro relatando a viagem para trazer à tona a importância da higiene das mãos para prevenir infecções associadas aos cuidados de saúde em todo o mundo. É, em parte, biográfico, pois ele usou a minha trajetória para ilustrar como isso foi conseguido e, é claro, inclui o papel crucial de apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS). Curiosamente, o livro vai muito além da saúde e da medicina com o conceito de uma economia de paz. O prefácio do livro é de coautoria de Dra. Margaret Chan, Diretora Geral da OMS; e do Sir Liam Donaldson, ex-CMO da Inglaterra e da OMS, enviado para a Segurança do Paciente. O livro, publicado em seis línguas (francês, inglês, alemão, traduções espanhol, português e japonês - adicionais estão a
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caminho, incluindo o chinês), é destinado a um público leigo, mas também adequado para o controle de infecção/segurança do paciente e dos especialistas em saúde. A obra pode ser visualizada gratuitamente em: http://blog.tcrouzet.com/le-gestequi-sauve/downloads/. Ela também está disponível para compra nas livrarias. Como o autor do livro (Thierry Crouzet) cedeu seus direitos, juntamente com alguns amigos, criamos CleanHandsSaveLives. org sob os auspícios da Fundação Philanthropia (http://www. cleanhandssavelives.org). O recurso financeiro arrecadado será usado para promover a segurança do paciente em países de rendas baixa e média de todo o mundo. Para ajudar esta ação, envie o link para seus amigos e compartilhe as informações nas redes sociais. Espero que este livro possa ajudar a gerar projetos que melhorem a segurança do paciente em todo o mundo, em particular, entre as populações mais carentes. Com os melhores cumprimentos. Didier Pittet Vale baixar, assistir e compartilhar com sua rede de contatos. Até a próxima!
Produtos
Sucesso no tratamento endodôntico O primeiro cimento obturador endodôntico do mercado mundial na forma pasta x pasta, contendo MTA em sua fórmula, ganhou mais uma apresentação. O MTA Fillapex Angelus está disponível em bisnagas com 12 g, para aproximadamente 80 aplicações. Cada embalagem do produto contém uma bisnaga de pasta base (7,2 g), uma bisnaga de pasta catalisadora (4,8 g) e um bloco de espatulação. Desenvolvido a partir de sete anos de pesquisa, o cimento também tem reconhecimento no mercado americano. Neste ano, foi avaliado por um renomado centro de pesquisas dos EUA, The Dental Advisor, que analisou a performance do produto e premiou o produto com quatro estrelas (very good). Com alta capacidade de vedamento, rápida regeneração dos tecidos e baixa resposta inflamatória, o MTA Fillapex proporciona ao endodontista um tratamento com altíssima taxa de sucesso. www.angelus.ind.br
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INFORME PUBLICITÁRIO
PREVENÇÃO DE INFECÇÃO CRUZADA: PAPEL DO ENXAGUATÓRIO NO PRÉ-OPERATÓRIO A cavidade bucal é um ambiente altamente colonizado por microrganismos, sobretudo bactérias. Embora algumas contribuam para a homeostase local, o desequilíbrio entre a microbiota e a resposta do hospedeiro é comumente associado ao aparecimento ou agravamento de doenças. Esse grande contingente microbiano torna a cavidade bucal uma fonte de contaminação para o sangue, para outros órgãos do corpo humano e também para o ambiente odontológico. Assim, o controle de microrganismos bucais pelo uso de diferentes produtos pode ser recomendado com diferentes propósitos embora esses possam estar interligados. Especificamente o uso de colutórios bucais em dose única no pré-operatório visa: a) a redução da translocação bacteriana intra-bucal; b) a redução de bacteremia e c) a redução da infecção cruzada ambulatorial. Embora os aspectos relativos à eficácia dos princípios ativos dos enxaguatórios, por exemplo, ações bactericida e bacteriostática, poder de penetração no biofilme e substantividade – afetem mais diretamente os efeitos dos colutórios decorrentes de múltiplos bochechos, os resultados da dose única também podem ser afetados por essas propriedades. Desta forma, semelhantemente à influência que exerce sobre as chamadas ações antiplaca e antigengivite, a seleção de princípios ativos com maior eficácia poderá influenciar a magnitude do efeito redutor sobre a carga bacteriana. O número de estudos desenhados para responder algumas dessas questões não é elevado e os efeitos da clorexidina (CHX), da combinação de óleos essenciais (mentol, timol, eucaliptol e salicitado de metila) (OE) e do cloreto de cetilpiridíneo (CPC) foram mais comparados com controles do que comparados entre si. Assim, com a literatura disponível
atualmente, uma avaliação comparativa dos efeitos microbiológicos decorrentes da dose única seria especulativa. Doses únicas de CHX¹ OE² e CPC³ diminuem as contagens bacterianas totais. Adicionalmente, CHX e OE levaram a reduções equivalentes na viabilidade do biofilme4. Comparada com água estéril, o colutório contendo CHX a 0.2% bochechado por 60 segundo no pré-operatório reduziu as contagens bacterianas nos aerossóis produzidos por raspagem ultrassônica5. Em comparação com placebo uma dose única de OE (30 segundos) acarretou reduções nas contagens bacterianas salivares6. Após 24 horas sem higiene bucal, aplicação similar de OE reduziu a proporção de bactérias viáveis em 92,1% logo após o bochecho e em 91,3% 40 minutos após o bochecho7. A redução da carga viral salivar também foi reportada após o uso de OE. Utilizando novamente raspagem ultrassônica como desencadeante os colutórios contendo CPC a 0,05% e CHX a 0,12% quando utilizados no pré-operatório foram igualmente eficazes na redução da contaminação bacteriana, tanto quantitativa quanto qualitativamente8. Em síntese, a adoção do colutórios no pré-operatório na prática clínica diária contribui para o adequado manejo e para a redução do risco de infecção cruzada no consultório odontológico. Dra. Sheila Cavalca Cortelli
Cirurgiã-dentista. Doutora pela Universidade Estadual Paulista - UNESP. Diretora do Centro de pesquisas em Periodontia da Universidade de Taubaté. Coordenadora do programa de pós-graduação em Periodontia da Universidade de Taubaté. Editora científica da revista da Sociedade Brasileira de Periodontologia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
Buckner RY, Kayrouz GA, Briner W. Reduction of oral microbes by a single chlorhexidine rinse. Compendium. 1994 Apr;15(4):512, 514, 516 passim; quiz 520. Fine DH et al. In vivo antimicrobial effectiveness of an essential oil-containing mouth rinse 12 h after a single use and 14 days' use. J Clin Periodontol. 2005 Apr;32(4):335-40. He S et al. A clinical study to assess the 12-hour antimicrobial effects of cetylpyridinium chloride mouthwashes on supragingival plaque bacteria. J Clin Dent. 2011;22(6):195-9. Quintas V et al. In situ antimicrobial activity on oral biofilm: essential oils vs. 0.2 % chlorhexidine. Clin Oral Investig. 2014 Apr 1. Reddy S et al. Efficacy of 0.2% tempered chlorhexidine as a pre-procedural mouth rinse: A clinical study. J Indian Soc Periodontol. 2012 Apr;16(2):213-7. doi: 10.4103/0972-124X.99264. DePaola LG et al. Effect of an antiseptic mouthrinse on salivary microbiota. Am J Dent. 1996 Jun;9(3):93-5. Fine DH et al. Reduction of viable bacteria in dental aerosols by preprocedural rinsing with an antiseptic mouthrinse. Am J Dent. 1993 Oct;6(5):219-21. Feres M et al. The effectiveness of a preprocedural mouthrinse containing cetylpyridinium chloride in reducing bacteria in the dental office. J Am Dent Assoc. 2010 Apr;141(4):415-22.
Produtos
Paixão nacional A Colgate lança a edição limitada do Colgate Plax 2 em 1 na versão verde e amarelo, inspirada nas cores da bandeira brasileira. Já conhecida, a linha 2 em 1 trouxe uma inovação no mercado de enxaguantes bucais, sendo o primeiro na categoria que limpa e mostra ao consumidor as bactérias presentes na boca. Além disso, sua fórmula bifásica permite misturar as duas cores antes do uso: o amarelo refresca e o verde protege. Após o enxague, Colgate Plax 2 em 1 revela na pia, por meio de pequenas manchas roxas, partículas com bactérias que estavam na boca. www.colgate.com.br
Qualidade DMG do Brasil Nenhum outro material presente no mercado chega tão próximo às propriedades naturais da dentina, quanto o LuxaCore Z-Dual. Como primeiro material em sua categoria, LuxaCore Z Dual combina a verdadeira nano tecnologia - patenteada pela DMG - e zircônio, oferendo maior força compressiva e capacidade de corte. As propriedades excelentes de fluxo do material garantem ótima adaptação às paredes da cavidade e pontos de raiz. Como cimento para a raiz, a espessura fina da camada de somente 20µm é uma vantagem. www.dmgdobrasil.com.br
Eficiência aliada à higiene A nova escova de dentes portátil To Go da edel+white® proporciona praticidade e higiene com proteção. As cerdas microfinas e cônicas KONEX® desorganizam a placa bacteriana dos dentes, mesmo nas margens das gengivas, com mais eficácia que as cerdas das escovas convencionais. As cerdas cônicas ainda aderem melhor na superfície dental. São resistentes e macias, limpando suavemente, sem agredir os tecidos moles da cavidade oral. A nova escova combina força e estabilidade com flexibilidade, sendo ideal para dentes e gengivas sensíveis. www.edel-white.com
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Produtos Diversão e saúde bucal infantil Sanifill apresenta uma nova linha de produtos inspirada nos personagens do filme Rio 2, desenvolvida especialmente para crianças de cinco a 10 anos. A linha conta com duas versões de escova dental, gel dental, antisséptico e fio dental, que trazem embalagens decoradas com a turma do desenho animado - a arara azul Blu e sua companheira Jade, o tucano Rafael e o vilão, a cacatua Nigel - para que os pequenos possam cuidar da saúde da boca e garantir um sorriso branquinho com muito mais diversão. » Escova dental Sanifill Kids: cabo pequeno e ergonômico, desenvolvido especialmente para as mãos das crianças, o que facilita a escovação e ajuda no manuseio da escova. Possui cerdas macias e higienizador de língua e bochechas para uma higienização completa. » Escova dental Sanifill Kids com ventosa: cabo pequeno, que ajuda no manuseio durante a escovação. Para uma melhor proteção da boca da criança, sua cabeça é pequena e emborrachada. Com cerdas macias, o cabo desta versão possui ventosa para grudar em superfícies lisas. » Gel dental Sanifill Kids: gel dental com flúor no sabor tutti-frutti. Sua fórmula foi desenvolvida para crianças maiores de seis anos. » Sanifill Antisséptico Bucal Kids (300 mL): fórmula exclusiva com flúor e sem álcool, no sabor tuttifrutti, ideal para crianças maiores de seis anos. Previne a formação da placa bacteriana e cáries. » Fio dental Sanifill Kids (25 m): dupla camada de cera, o que facilita a inserção entre os dentes, promovendo uma sensação agradável e confortável. Seu sabor é de tutti-frutti. www.sanifill.com.br
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Futebol e saúde bucal A Gnatus inova mais uma vez e apresenta o consultório G1 Copa. Com design arrojado e linhas arredondadas, a estrutura construída em aço maciço, com tratamento anticorrosivo e revestida em poliestireno alto impacto, proporciona mais segurança, resistência e durabilidade ao consultório. “O consultório G1 Copa foi produzido em comemoração à realização da Copa do Mundo no Brasil. É um equipamento prático, funcional, ergonômico e que oferece os itens essenciais para o dia-a-dia do profissional”, destaca o cirurgião-dentista e consultor científico da empresa, Dr. Bruno Reis. O consultório G1 Copa possui comandos multifuncionais com até três programações de trabalho. O modelo conta também com exclusivo refletor LED com sensor de proximidade, que garante maior biossegurança com acionamento e ajuste da intensidade de luz sem contato, apenas com a aproximação de movimentos das mãos. A cor do estofamento é definida de acordo com o gosto do profissional. www.gnatus.com.br
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Reportagem
Banco de ossos: muito mais pela saúde bucal Há nove anos, o Ministério da Saúde regulamentou a utilização de banco de ossos pela Odontologia. Por: Vanessa Navarro
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século 19 trouxe grandes e agradáveis surpresas para a área da saúde. Foi neste século que aconteceu a ascensão da Medicina Científica, a nova ciência das células, a tão famosa citologia. Também no século 19, mais precisamente no ano de 1842, Crawford Williamson Long descobriu o poder anestésico do éter, o que proporcionou cirurgias indolores e bem-sucedidas. Ainda no mesmo espaço de tempo, a vacina contra a raiva - doença de registro mais antigo - foi testada e aprovada. Outra importante surpresa para a Medicina e, num futuro próximo, para a Odontologia, foi o primeiro transplante de osso
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homólogo, realizado em 1878, pelo cirurgião William MacEwen. Nessa época, o tratamento das osteomielites era realizado por ressecções cirúrgicas dos segmentos infectados, haja vista a indisponibilidade de antibióticos. Diante das evidências de bons resultados, o número de transplantes começou a expandir nos próximos 90 anos. Na Alemanha, outro cirurgião, Erich Lexer, passou a tratar portadores de osteomielites e artrites sépticas com segmentos ósseos obtidos de amputados. “Na época, a taxa de sucesso era de 50%. Com o advento dos antibióticos na década de 1950, o tratamento de infecções e osteomielites começaram a mudar, tornando-se um cuidado
Reportagem mais medicamentoso e, desta forma, os transplantes passaram a ser indicados para ressecções tumorais. Na década de 1970, o Dr. Mankin, da Universidade da Flórida, apresentou uma série de bons resultados em 75% em pacientes tumorais, e os transplantes começaram a ganhar mais adeptos”, conta o Dr. Luiz Augusto Ubirajara Santos*, implantodontista e responsável técnico pelo Banco de Tecidos Musculoesqueléticos do Instituto de Ortopedia e Traumatologia, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Segundo o implantodontista, ao longo dos anos, o maior impeditivo para o aumento da demanda era a disponibilidade de tecidos e doadores, pois não havia uma regulamentação para este tipo de atividade e, muito menos, bancos de ossos estruturados. O acesso começou a mudar com a criação do primeiro Banco de Tecidos no Estado de Bethesda, Maryland, nos Estados Unidos: o Navy Tissue Bank, com a direção do Dr. George Hyatt. Este serviço foi pioneiro em organizar um sistema de busca e processamento de tecidos, dentro de um padrão aceitável de qualidade. “Um grande salto no controle de qualidade dentro do banco ocorreu na década de 1980, com o advento da síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA), a qual levantou discussões sobre a segurança do uso clínico dos aloenxertos. O risco biológico de transmissão de doenças entre doadores e receptores de tecidos foi o tema de maior relevância e importância no período”, explica. Na época, todos os bancos existentes foram intimados por órgãos reguladores de saúde pública internacional, entre eles o Food and Drug Administration – FDA, a proporcionar um rigoroso controle de segurança. Os resultados foram positivos, houve uma padronização dos processos internos dos bancos com respectiva elaboração de ‘Standards’ pelas principais Associações de Bancos de Tecidos mundiais (Associação Americana de Bancos de Tecidos – AATB e Associação Europeia de Bancos de Tecidos – EATB), o que contribuiu para o ganho de qualidade dos tecidos disponibilizados por estes serviços. “Considerando os resultados satisfatórios ao uso de aloenxertos captados de multidoadores de órgãos e tecidos, além de pesquisas evidenciando revascularização e neoformação óssea, um número cada vez maior de cirurgiões-ortopédicos começou, então, a optar pelo seu uso”, enfatiza o Dr. Luiz Augusto Ubirajara Santos. Esta tendência, aliada ao número crescente de pacientes portadores de perdas ósseas que procuram os serviços especializados de Ortopedia, impulsionaram a criação de alguns bancos de tecidos no Brasil. O instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas foi pioneiro nestes tratamentos. “Temos trabalhos publicados, desde 1939, pelo renomado professor Dr. Godoy Moreira”, comemora orgulhoso o implantodontista. No Brasil, a normatização dos Bancos de Tecidos Musculoesqueléticos (BTMEs) é vinculada à Lei Federal nº 9434, regulamentada pelo Decreto nº 2268, qual disciplina “a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano e sua aplicação em transplantes, enxertos ou outra finalidade terapêutica”. Em 2003, com o intuito de instituir no país um maior controle dos procedimentos realizados pelos Bancos de Tecidos, os mesmos passaram a ser controlados pela Gerência-Geral de
Sangue, outros Tecidos, Células e Órgãos - GGSTO da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, que focam suas atividades de vigilância sanitária no controle de qualidade, rastreabilidade, avaliação de riscos e de efeitos adversos envolvendo os transplantes de tecidos no país.
Banco de ossos e a Odontologia Em Odontologia, também houve uma busca, ao longo dos anos, por biomateriais para serem utilizados na reposição de perdas ósseas mandibulares e maxilares. O transplante autólogo de porções ósseas obtidas de regiões extraorais e intraorais foi difundido com o passar do tempo, porém, de forma similar ao que ocorreu na área médica, as desvantagens relacionadas à morbidade do paciente doador, custos complementares e limitação da quantidade e qualidade de tecido obtido motivaram dentistas e pacientes a aderirem ao uso de biomateriais, inclusive de aloenxertos disponibilizados por bancos. “No Brasil, os transplantes ósseos, oficializados pelo Sistema Nacional de Transplantes na Odontologia, foram iniciados somente em 2005, muito embora eles já fossem realizados de forma experimental no país, corroborando para a oficialização de sua prática. Após consenso da necessidade de seu uso entre representantes de Bancos de Tecidos, Conselho Federal de Odontologia e o próprio Ministério da Saúde, foram definidos os critérios para solicitação de aloenxertos junto aos bancos existentes, devendo o profissional ser especialista nas áreas de Implantodontia, Periodontia ou Bucomaxilofacial e, sobretudo, que este profissional tenha consciência da necessidade de rastreabilidade e biossegurança inerente ao seu uso” explica o Dr. Luiz Augusto. Uma vez normatizado, essas atividades foram incorporadas por alguns bancos existentes, que passaram, então, a implementar os programas de processamento e distribuição de tecidos ósseos com finalidade odontológica. Neste programa, é imperativo o registro de todo processo com foco no controle sanitário, de efeitos adversos e rastreabilidade, desde a solicitação até a realização do transplante. Para tal, são utilizados formulários específicos, como o Termo de Solicitação, Termo de Não Conformidade, etc. “Estando a Odontologia cerceada ao uso de aloenxertos por anos e anos, uma vez autorizado, seu uso ocorre de forma abrupta e com grande aceitabilidade pela comunidade odontológica”, expõe. Sobre a definição de quais profissionais podem realizar tais procedimentos junto ao banco de ossos, o Dr. Luiz explica que, apesar de contarmos com aproximadamente 250 mil profissionais de saúde bucal, a definição das áreas ou especialidades que possuem acesso aos bancos de osso foi do próprio Conselho Federal de Odontologia - CFO. “Hoje, contabilizamos quase 3.000 especialistas cadastrados para o uso de aloenxertos. Considerando a técnica em si, o profissional que estiver capacitado em enxertias poderia utilizar aloenxertos, do ponto de vista técnico. Cada qual que responda por seus atos de negligência, imperícia e imprudência, de acordo com o exercício legal da profissão. Mas, a natureza deste tecido, remete-nos a legislação de transplantes de órgãos, a qual possui cuidados específicos,
* Dr. Luiz Augusto Ubirajara Santos é implantodontista, Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP e Capacitado em Tissue Banking pela International Atomic Energy Agency. Responsável Técnico pelo Banco de Tecidos Musculoesqueléticos do Instituto de Ortopedia e Traumatologia – Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da USP, local onde trabalha há 15 anos. Membro da Câmara Técnica de Tecidos do Sistema Nacional de Transplantes – Ministério da Saúde. Participou de Grupos Técnicos junto a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Membro da American Association of Tissue Bank – AATB.
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Reportagem
Os transplantes de ossos na Odontologia podem ser responsáveis, sem dúvida alguma, pela menor morbidade ao paciente e pela simplificação da cirurgia para o cirurgião-dentista
sobretudo, na rastreabilidade e biovigilância. Ainda não alcançamos um patamar de rastreabilidade ao ponto de saber o que realmente ocorre dentro dos consultórios. Ao contrário do ambiente hospitalar, onde as informações são sempre registradas em prontuário, notificadas e passam por crivos de uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e uma gerência de risco, nos consultórios ainda não percebemos uma participação mais massiva da classe odontológica, sobretudo, no envio de informações aos bancos acerca do transplante em si, tais como erros, acidentes, reações adversas, etc. Temos que avançar nisso, focando na prevenção de recorrências. Quando a implementação de um sistema de biovigilância estiver mais avançada, aí sim, poderemos pensar em tornar mais abrangente”, justifica. Atualmente, o tratamento odontológico com o uso do banco de ossos é iniciado pelo cadastramento do dentista junto ao Sistema Nacional de Transplantes. Para isso, o profissional deve ter seu diploma de especialista registrado no CFO e solicitar este credenciamento junto a algum banco ou secretaria da saúde. O procedimento leva em torno de 30 dias. Depois dos trâmites legais, basta solicitar o tecido para algum banco autorizado no Brasil. Vale lembrar que não é permitida a estocagem por tempo prologado - fora do curto prazo informado e validado pelo banco - de tecidos em consultórios, o que configura infração sanitária. Estocagem prolongada é de competência apenas dos bancos. Cada tecido sai do banco já com o receptor definido, fato imprescindível para rastreabilidade. “Também não é permitido o uso de sobras, ou seja, é de uso único, para um único paciente. Tudo é muito controlado. Basta que o colega dentista apenas siga as orientações dos bancos”, enfatiza o Dr. Luiz. Hoje, as matrizes alógenas são empregadas sempre da existência de uma falha óssea e da necessidade de enxertias em regiões onde se pretende reabilitar com implantes ou simplesmente recuperá-la de um dano. “O interessante é que pela possibilidade do banco em manusear estes tecidos com segurança, pode-se lançar mão de prémoldagens do enxerto, a partir prototipagens personalizadas para cada paciente. É um planejamento reverso, ou seja, já moldamos os tecidos antes mesmo da abordagem cirúrgica. Com isso, aperfeiçoa-se o tempo cirúrgico do colega, com menores riscos de contaminação e morbidade pós-operatória”.
Doadores e receptores A seleção de doadores de ossos é muito rigorosa, e grande parte dos potenciais doadores falecidos é recusada. “Isso leva a um número muito baixo de doações efetivas, que, aqui no
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Hospital das Clínicas, o maior hospital público da América Latina, desdobra na formação de filas de espera”, ressalta o implantodontia, que ainda explica que a demanda ortopédica é para tecidos epifisários, e na Odontologia, diafisários e metafisários. Assim, uma demanda não interfere na outra. “Lembro que antes do uso odontológico, desprezávamos diáfises por falta de uso e, hoje, elas são fragmentadas em blocos e trituradas, e possuem grande aplicabilidade odontológica”, justifica o também membro da Câmara Técnica de Tecidos do Sistema Nacional de Transplantes. As equipes de captação dos Bancos deTecidos credenciados pelo Sistema Nacional de Transplantes - SNT recebem notificações de potenciais doadores das Centrais de Notificação e Captação de Órgãos e Tecidos – CNCDO, logisticamente espalhadas pelo País. Além disso, a legislação permite, também, a criação de equipes satélites em localidades com ausência de equipes de retirada. A obtenção dos tecidos musculoesqueléticos tem como fonte principal os doadores falecidos por morte encefálica. As notificações para as equipes captadoras de órgãos e tecidos são realizadas após a execução de uma série de procedimentos e exames, que visam, além da comprovação da morte encefálica, o consentimento familiar da doação. O implantodontista explica que para os doadores de tecidos musculoesqueléticos, a seleção segue um rigoroso controle com investigação sorológica para antígeno e anticorpo HIV, Hepatites A, B e C, HTLV-1 e 2, Sífilis, Chagas, Toxoplasmose e Citomegalovirus, além dos testes de última geração na evidenciação de DNA (Nucleic Acid Amplification – NAT) para HIV e Hepatite B e C, esfregaço de medula de esterno e amostra de crista ilíaca, ambos para investigação histopatológica. “No Banco do Hospital das Clínicas, em São Paulo, existe o seguimento de um protocolo de avaliação do doador registrado em um impresso próprio (Termo de Retirada). Excluem-se doadores com patologias, como osteoporose, osteonecrose, artrite reumatoide, lúpus eritematoso, neoplasias, faixa etária que comprometa a característica dos tecidos, entre outros critérios. Tudo é minuciosamente avaliado. Investigamos com muito rigor o potencial doador, à procura de evidências que possam colocar o futuro receptor em risco. Assim, usuários de drogas ilícitas, portadores de infecções sistêmicas, entre muitos outros critérios são avaliados caso a caso. Esses critérios estão muito bem descritos nas legislações, e têm como base ‘Standards’ de consenso internacional”. Os tecidos captados são os ossos longos (fêmures, tíbias, fíbulas, úmeros) e curtos (tálus e calcâneos). Cristas Ilíacas, acetábulos, tendões fazem parte desta lista. A captação ocorre em salas de cirurgias com toda paramentação e técnica
Reportagem asséptica. “O importante é ressaltar que ao contrário do que se pensa, não deformamos o corpo do doador. Tudo é reconstruído com próteses especificamente projetadas para isso, e o corpo é entregue a família sem quaisquer deformidades”. O paciente que optar em se submeter às técnicas de transplantes de ossos deve assinar o termo de consentimento para o transplante. O risco, segundo a Associação Americana de Bancos de Tecido – (AATB), é mínimo, em média de 1:1.6 milhões de transplantes (para HIV), ou seja, ínfimo. Para tecidos desmineralizados e irradiados o risco por HIV é menor ainda, 1:2,8 bilhões. “É sempre muito importante que o paciente questione, participe e que também entre em contato com a equipe do banco para buscar informações. Tudo deve ser muito claro e objetivo”, esclarece o Dr. Luiz Augusto. Primeiramente, o paciente deve ter conhecimento se o banco está devidamente autorizado pelo SNT e pela Vigilância Sanitária. O paciente deve ser esclarecido e participar da decisão ao uso do aloenxerto, suas vantagens e desvantagens. Tudo é registrado em um formulário específico, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, fornecido pelos bancos. É necessário que exista o devido respeito às orientações confiadas, sobretudo, nos cuidados necessários no transporte, no uso e nas informações pós-transplante. Sobre o osso transplantado e ativação da regeneração óssea, o implantodontista relata que, nos últimos anos, tem pesquisado arduamente sobre o comportamento das matrizes junto ao leito receptor. “Não tenho dúvidas do potencial destas matrizes de servirem como scaffolds durante a ostecondução de células relacionadas à osseointegração. Observo remodelações exuberantes, com deposição de matriz osteoide e remineralizarão. Entretanto, devem ser asseguradas as condições para tal, e isso depende - e muito - da técnica de enxertia, condições de assepsia, comportamento do paciente, inerente a qualquer outro biomaterial”. Infelizmente, ainda existe certo o preconceito e/ou falta de conhecimentos dos profissionais da Odontologia em relação à utilização do banco de ossos. “Ainda estamos em uma fase de curva de aprendizado ao uso de matrizes alógenas. As pesquisas em nosso meio, agora, começam a aparecer, mas ainda há muito que se avançar. Além disso, o Ministério da Saúde e a ANVISA estão compilando dados epidemiológicos dos bancos com o intuito de se divulgar e estabelecer uma biovigilância, a exemplo do que se fez na área de hemocomponentes e medicamentos. Porém, a classe odontológica tem seu papel neste processo. Como toda área em desenvolvimento, leva a dúvidas, falta de informações, mas acredito que, com o tempo, isso vai se equilibrando. Novos métodos de processamentos, como a desmineralização, liofilização, irradiação já fazem parte dos protocolos de alguns bancos, que têm como objetivo distribuírem tecidos com altíssimo grau de qualidade, o que, claro, vai desdobrar na previsibilidade de resultados nos tratamentos”, comenta o membro da Câmara Técnica de Tecidos do Sistema Nacional de Transplantes.
Situação atual Hoje, o Brasil conta com seis bancos de ossos ou de tecidos musculoesqueléticos autorizados: dois na capital do Estado de São Paulo; dois em cidades do interior de São Paulo, Marília e Ribeirão Preto; um no Estado do Rio de Janeiro; e o último em Passo Fundo, cidade do Rio Grande do Sul. Segundo informações do Dr. Luiz Augusto, desde que o Sistema Nacional de Transplantes passou a cadastrar dentistas transplantadores e autorizou a distribuição pelos bancos, houve um ganho no controle de qualidade e processamento de tecidos voltados ao uso odontológico. Os bancos passaram a processar tecidos em consonância com as necessidades clínicas do cirurgião-dentista. Em pouco tempo, seu uso foi disseminado, e vem crescendo a cada ano. No ano passado, foram mais de 21.000 transplantes odontológicos no Brasil. “Assim, os bancos vêm fazendo seu dever de casa. Cabe agora aos colegas fazerem o seu, de modo a preservar esse direito conquistado pela classe. Faço aqui um apelo para evitarem desperdícios, cumprirem rigorosamente com os protocolos dos bancos,
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Reportagem comprometendo-se para que o período entre transporte e uso seja rigorosamente cumprido, zelando pela manutenção da qualidade do tecido sob sua responsabilidade e contribuindo com os bancos no envio de informações e de efeitos adversos,
caso ocorram. Desta forma, não tenho dúvida que a Odontologia estará contribuindo - e muito - para o crescimento, tanto assistencial como científico, na área de transplantes de tecidos no Brasil”, finaliza.
Banco de ossos x o índice de edentulismo no Brasil Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE mostram que a população idosa no Brasil tende a aumentar, consideravelmente, nos próximos anos. A expectativa de vida em 2020 é de 71,2 anos (homens) e 74,7 anos (mulheres), o que representará 13 % da população. Dados do Levantamento Epidemiológico (Ministério da Saúde, 2003) apontam a faixa etária idosa como mais incidente ao edentulismo e ao uso de próteses por tempo prolongado. O implantodontista e mestre em Ciências, Luiz Augusto, explica que o uso prévio, não só de próteses totais, como de próteses parciais removíveis, é identificado como fator predisponente para a reabsorção óssea alveolar, assim como a flacidez do rebordo está relacionada com a severidade da reabsorção. Neste contexto, observa-se que
a maioria dos edêntulos atróficos (totais ou parciais) tem recorrido, cada vez mais, à adoção de implantes dentários e, para isso, os enxertos ósseos alógenos surgem como uma opção de biomaterial utilizado em cirurgias pré-protéticas. Hoje, a perda óssea afeta, em média, 80% da população idosa, e o banco de ossos pode - e deve – colaborar na reabilitação destes pacientes. “O banco de tecidos é um coadjuvante nas possibilidades que a Implantodontia, Periodontia e Estética estão proporcionando. Reabilitar pacientes - antes não possíveis de serem reabilitados - tornou-se um objetivo em comum, e quem ganha com tudo isso é a população. Acredito que o momento áureo para um implantodontista é ver aquele sorriso sincero e satisfeito do paciente recém-reabilitado. Isso é o que nos move. Vivemos pra isso.”
Cuidados em biossegurança Dentro dos bancos, os cuidados com a biossegurança e com o controle de contaminação são muito rigorosos. Os tecidos são manipulados em salas classificadas (ISO 5), com controle de partículas. Estas salas são acessadas com paramentação especial em tecido sintético. Cada osso passa por uma rigorosa investigação microbiológica e fúngica em todas as fases em que o tecido é manipulado, da retirada ao pós-processamento. Todos os insumos utilizados são rastreados e controlados, idem ao que se pratica nas indústrias farmacêuticas. “Controlamos até a embalagem onde estes tecidos são acondicionados. Em outras palavras, cumprimos com os padrões de boas práticas de fabricação inerentes ao processamento destes tecidos. No caso do transporte, validamos o processo que
garante que tecido chegue ao seu destino final de maneira viável para uso. Isso é muito importante, principalmente nos casos de tecidos criopreservados. O tecido deve estar completamente congelado até momento do uso”, explicada Luiz Augusto, responsável técnico pelo Banco de Tecidos Musculoesqueléticos do Instituto de Ortopedia e Traumatologia – Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da USP, local onde trabalha há 15 anos. No consultório, a manipulação deste tecido deve ser asséptica no momento da cirurgia. Cada banco envia, juntamente com o tecido, orientações de uso, que devem ser respeitadas, sobretudo, na manutenção de sua viabilidade e uso imediato. Nenhum consultório pode estocar tecido, responsabilidade esta privativa dos bancos.
“O dentista, assim como todo profissional de saúde, deve divulgar o processo de doação em seu meio profissional e pessoal”
Luiz Augusto Ubirajara Santos
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Entrevista
Sobre a síndrome da ardência bucal Caracterizada pela sensação de queimação da mucosa oral, a síndrome da ardência bucal acomete aproximadamente 15% das pessoas idosas e de meia-idade, atingindo, com mais frequência, o sexo feminino. A professora Andréia Affonso Barretto Montandon esclarece detalhes relevantes sobre essa síndrome de etiologia denominada multifatorial. Por: Vanessa Navarro
Andréia Affonso Barretto Montandon Cirurgiã-dentista. Mestre e Doutor em Periodontia. Especialista em Periodontia. Especialista em Odontogeriatria. Professora Assistente Doutor da disciplina de Clínica Integrada - Faculdade de Odontologia, Câmpus de Araraquara, Unesp. Responsável pela disciplina de Odontogeriatria - Faculdade de Odontologia, Câmpus de Araraquara, Unesp. Diretora da Faculdade de Odontologia do Câmpus de Araraquara, Unesp.
Odonto Magazine - A síndrome da ardência bucal (SAB) é uma condição de etiologia multifatorial, que afeta especialmente a população idosa e de meia-idade. Quais são os sintomas mais comuns relatados entre os pacientes portadores da síndrome? Andréia Montandon - A síndrome da ardência bucal – SAB é uma condição que ocorre de forma relativamente comum, afetando cerca de cinco indivíduos em cada cem mil, embora os dados epidemiológicos sejam divergentes, em função das dificuldades na abordagem diagnóstica. Contudo, realmente ocorre mais comumente em indivíduos de meia-idade ou idosos, sendo mais propícia entre as mulheres, com o triplo da possibilidade, ou seja, com uma relação de três para um. A literatura não mostra diferenças de prevalência quanto à etnia ou mesmo a classe socioeconômica. Segundo a Associação Internacional de Estudos da Dor, a síndrome da ardência bucal, denominada ainda glossopirose, glossodínia, disastesia bucal ou estomatodinia, é definida como uma entidade nosológica distinta, caracterizada por queimação bucal persistente ou sensação semelhante na ausência de alterações identificáveis na mucosa, o que define, prioritariamente, os sintomas mais relatados. Assim, a sensação de dor é não-neuropática e possui localização intraoral, geralmente não acompanhada por lesões nas mucosas ou outros sinais clínicos de doenças orgânicas; são
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relatados, ainda, sintomas de xerostomia, alterações de paladar e olfato, razão esta que a denomina de síndrome. Adicionalmente, a ardência ou queimação tende a se intensificar no decorrer do dia, ocorrendo, na maioria das vezes, em mais de uma área, apesar de a língua ser a região mais citada e a queimação ocorrer, normalmente, em mais de uma área, como nos lábios, palato, gengiva e mucosa jugal, acontecendo, em menor frequência, no assoalho da boca e mucosa jugal. A alteração de paladar - a disgeusia - é relatada como gosto fantasma, amargo ou metálico, caracterizando desconforto, ardência, dor, queimações, formigamento, sensação de alfinetadas ou mesmo inchaço. A xerostomia é relatada com frequência. Mas, apesar da queixa subjetiva, nem sempre a hipossalivação ocorre, de fato. Normalmente, a sintomatologia descrita pelo paciente se mostra agravada durante a fala e no consumo de alimentos quente, ácidos ou picantes. Hábitos parafuncionais acabam, também, agravando esta sintomatologia, sendo constantemente mencionados. Odonto Magazine – A xerostomia é a queixa bucal secundária mais frequente entre as pessoas que sofrem com a síndrome. Tal alteração pode causar halitose e hipersensibilidade dentinária. Como o dentista pode amenizar esses incômodos? Andréia Montandon - Realmente pode estar associada à redução do fluxo salivar e composição da saliva anormal, aumentando as concentrações de K+, Na+, Cl-, Ca+, IgA e amilase,
Entrevista
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Entrevista
É importante que o profissional não se esqueça de que a compreensão sobre a doença ajuda o paciente a conviver com seus sintomas mas, mesmo na ausência de hipossalivação, os pacientes podem se queixar de xerostomia. Adicionalmente, os tratamentos para a SAB incluem antidepressivos, benzodiazepínicos, anticonvulsivantes, capsaicina local ou sistêmica, e ácido alfa lipóico. O efeito colateral destes fármacos na diminuição da secreção de saliva pode exacerbar os sintomas. Assim, é fundamental que o paciente conheça estes efeitos e o que leva para a halitose e hipersensibilidade, com consultas frequentes ao profissional, cujos intervalos devem ser considerados de acordo com a intensidade dos sintomas e fatores de risco às doenças bucais. Normalmente, nestes casos, os intervalos entre consultas para orientações, exame clínico, sondagem, aplicação de dessensibilizantes e tratamento básico não devem passar de três meses. A xerostomia pode ser amenizada com sialogogos químicos e mecânicos, mas cada paciente deve ser avaliado individualmente e de forma específica. A hidratação da pele em sua superfície com creme de ureia atua como coadjuvante no tratamento da xerostomia. Odonto Magazine - A síndrome tem sua etiologia denominada multifatorial. Como o cirurgião-dentista pode driblar as possíveis armadilhas para alcançar o diagnóstico preciso? Andréia Montandon - A primeira questão quanto ao diagnóstico é ter em mente que a SAB consiste de uma dor normalmente contínua intraoral, caracterizada por ardência bucal na ausência de uma lesão etiológica primária ou doença; e a neuropatia trigeminal pode estar diretamente envolvida, sendo secundárias as anormalidades do paladar. Como a intensidade da dor, raramente, tem correspondência com sinais clínicos, é considerada uma condição enigmática e de difícil diagnóstico, que deve ser realizado excluindo-se outras condições, ou seja, fazendo o diagnóstico diferencial, fundamental para que o profissional possa ter uma conduta adequada com seu paciente após investigar as condições associadas mais frequentes, tanto locais como gerais. Inicialmente, todas estas condições devem ser excluídas como fator determinante da dor, cujas mais frequentes são: infecção fúngica por Cândida sp, que causa prurido e queimação e pode ocorrer com muita frequência em usuários de próteses com base acrílica sem higiene ou adaptação adequada; Síndrome de Sjogren; doenças dermatológicas, como o líquen plano; língua fissurada ou geográfica; xerostomia e hipossalivação; causas hormonais, como os tireoidianos; Sialodenite Crônica Autoimune (Síndrome Seca); diabetes, cujo portador é muito susceptível a infecções fúngicas e a presença de neuropatia diabética, levando a dor também na cavidade bucal; deficiências nutricionais, como carência de vitaminas A, C e B12, ácido fólico, ferro; alérgenos orais, como monômero residual e materiais utilizados para restaurações; bloqueio de vias aéreas
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por rinite, causando boca seca e ardência; medicamentos que possam interferir na produção da saliva, como os ansiolíticos e benzodiazepínicos, antidepressivos tricíclicos, atropina e antagonistas da serotonina. O paciente também deve ser avaliado quanto à existência de depressão e ansiedade. Considerando o tipo de SAB (Maltsman-Tseikhin et al.), duas variantes podem ser conhecidas, primária, sendo esta idiopática e não neuropática; e a secundária, associada à instabilidade orgânica ou terapêutica. As subclassificações podem, também, ajudar no diagnóstico, pois o tipo I, considerado afetar 35% dos indivíduas, seria uma sensação de dor por ardência todos os dias, não ao acordar, mas que evolui durante o dia, chegando ao máximo à noite, o que seria um tipo não psiquiátrico. O tipo II, que acomete cerca de 55% dos casos, envolve distúrbios psiquiátricos, como ansiedade crônica e, neste caso, a sensação de dor por ardência é constante durante todo o dia, sendo resistente aos tratamentos. No terceiro tipo, ou seja, o tipo III, que representa cerca de 10% dos casos, o paciente é considerado psicologicamente normal, e a sensação de dor por ardência é intermitente, possuindo intervalos livres de dor e afetando áreas específicas da cavidade bucal. Portanto, o diagnóstico depende de um cuidado extremo no exame clínico e anamnese, com a exclusão das condições que podem confundir o diagnóstico. Encontram-se, ainda, entre os pacientes, transtornos psicológicos, como a tensão emocional, alterações hormonais, patologias cardiovasculares e gastrointestinais, como síndrome do intestino irritado e dismenorreia. Adicionalmente, os estudos mostram que a região mais afetada pelas queixas é a língua, e os pacientes costumam ter doenças crônicas associadas, bem como utilização de próteses, edentulismo, xerostomia, distúrbios de sono e alteração do paladar, além de boca seca e disgeusia. Muitos relatam mudança de hábitos alimentares, pois os sintomas costumam piorar com alimentos cítricos e picantes, além de alimentos quentes, embora a literatura seja contraditória neste aspecto. Um fato importante a ser considerado é que o paciente não perde o paladar, e, sim, relata alteração ou até mesmo um aumento da sensação. Uma conduta adicional durante o exame clínico, além de excluir outras condições, é identificar, por meio de teste de paladar com sal e açúcar, a possível alteração de percepção secundária. O ácido benzoico, a castanha, a canela aldeído, o café instantâneo, o ácido nicotínico, o amendoim, o metabisulfito de sódio e o ácido sórbico são alimentos e aditivos que podem estar associados à sensação de queimação, assim como metais (cádimo, cloreto de cobalto, mercúrio, níquel e paládio).
Entrevista Odonto Magazine - Existe um protocolo determinado pelas autoridades em Odontologia para o atendimento odontológico aos portadores da síndrome da ardência bucal? Andréia Montandon - A SAB é diagnosticada quando todas as causas orgânicas tiverem sido excluídas e, em cerca de 50% dos pacientes, a remissão é espontânea somente em seis a sete anos. Assim, cada caso deve ser avaliado especificamente, principalmente quanto aos tratamentos já realizados e que não surtiram efeito. Este deve ter atenção multidisciplinar, para que esteja com equilíbrio orgânico e psicológico. Cabe lembrar que, a informação prestada pelo paciente é fundamental para estabelecer o diagnóstico e tratamento. De modo geral, quanto às possibilidades terapêuticas, estas podem incluir o tratamento farmacológico e o não farmacológico. O farmacológico inclui o ácido alpha lipóico, que pode ser eficaz, mas perde o efeito com o tempo; a capsaicina sistêmica, que não é recomendada para tratamentos prolongados; a amilsuprida paroxetina ou sertralina, opções consideradas de alta eficácia; o clonazepan injetável ou via oral e o topiramato, que apresentam um bom resultado, sem efeitos colaterais. Os tratamentos não farmacológicos podem incluir a psicoterapia com abordagem cognitiva comportamental, a acupuntura e a laserterapia de baixa intensidade, eficazes e sem efeitos colaterais, com forte capacidade de aderência por parte do paciente. Quando os antidepressivos são prescritos, é importante que o paciente compreenda que o medicamento trata os sintomas da SAB e não a depressão, doença que deve merecer os cuidados do profissional da área. Odonto Magazine - Quais são os cuidados especiais que os portadores da SAB devem ter para uma boa saúde bucal? Andréia Montandon - Os portadores de SAB devem ter acompanhamento periódico, orientações para eliminação de fatores de risco deletérios de ordem comportamental, sistêmica e local para sua saúde periodontal, boa higiene bucal, próteses e restaurações bem adaptadas, conforto mastigatório, enfim, o portador de SAB deve ter os melhores cuidados por parte do profissional, como qualquer outro paciente. Odonto Magazine - Quais são os fatores sistêmicos que podem estar relacionados com a síndrome? Andréia Montandon - As alterações sistêmicas que podem interferir na ocorrência da Síndrome da Ardência Bucal incluem alterações das glândulas salivares, disfunções endócrinas, medicamentosas, neurológicas e nutricionais; de forma localizada, como as alterações dentárias alergênicas e infecciosas, bem como as alterações etiológicas de ordem psicogênicas, como depressão, ansiedade e transtorno obsessivo compulsivo. Sua etiologia tende a estar relacionada a uma base neuropática resultante de disfunções que afetam as vias neurais, devido ao fato da sintomatologia envolver a cavidade bucal de forma sensitiva. Odonto Magazine - Estudo de pesquisadores da Odontologia e da Medicina associa ardência bucal a transtornos psiquiátricos. Existem comprovações sobre tal associação? Andréia Montandon - O fator psicogênico tem sido descrito, principalmente, quando os fatores relativos ao estresse desencadeiam ou agravam a sintomatologia; e, por outro lado, pelo fato da SAB ser considerada uma dor crônica e estar associada a diversos sintomas, os pacientes tendem a se sentir psicologicamente afetados, causando interferência em sua qualidade de
vida. Como já relatado, as causas psicogênicas estão associadas a maior parte dos casos de diagnóstico de SAB. Assim, pode ser indicado o encaminhamento à terapia cognitiva, cuja técnica denominada “reatribuição” pode contribuir de maneira significativa. Esta técnica compreende o entendimento das queixas por meio da obtenção da história dos fatores relacionados à parte física, do humor e a social, fazendo, também, com que o paciente se sinta compreendido e apoiado, entendendo a associação entre os sintomas e os problemas psicológicos. Odonto Magazine - Quais são os benefícios de uma boa relação do dentista com a equipe multidisciplinar envolvida no cuidado ao paciente do portador da SAB? Andréia Montandon - Quando o paciente conhece a realidade dos problemas e as angústias que estes causam, os benefícios serão: a tranquilidade, a confiança e a aderência ao tratamento, mesmo que os resultados não sejam totalmente satisfatórios em termos de remissão de sintomas, o que só será possível se o profissional estiver inserido em um contexto de equipe multidisciplinar para atenção integral ao paciente. Adicionalmente, a complexidade da abordagem clínica diagnóstica e terapêutica, em função da etiologia multifatorial, necessita de medidas paliativas que foquem nos sinais e sintomas e, muitas vezes, com tratamentos alternativos de conhecimento específico de outras áreas. A promoção de saúde deve ser o foco principal da equipe. Odonto Magazine - Quais são as alternativas necessárias para conscientizar os profissionais da Odontologia sobre a importância de se informar sobre tal síndrome que acomete aproximadamente 15% das pessoas idosas e de meia-idade? Andréia Montandon - Os sintomas da SAB nem sempre desaparecem, muitas vezes, são somente amenizados. É fundamental que o paciente tenha este conhecimento, bem como sobre sua natureza e dificuldades na obtenção de resultados. O paciente deve, ainda, ser esclarecido que sua queixa é sempre relevante e será considerada em um tratamento longo, que pode sofrer alterações. Os pacientes com cancerofobia devem merecer atenção especial nestes esclarecimentos, lembrando que o profissional deve deixar claro que não se trata de doença maligna. Adicionalmente, o paciente deve conhecer a base psicossomática do problema, atribuindo os sintomas às suas devidas causas. Os sintomas devem ser o foco principal da abordagem, desde que o correto diagnóstico de SAB tenha sido realizado. Vale esclarecer que a calma do paciente e a confiança transmitida pelo profissional são fundamentais. Odonto Magazine - Pesquisas apontam que menos de 5% dos pacientes conseguem se curar totalmente da SAB. Como o cirurgião-dentista pode auxiliar o portador da síndrome a ter qualidade de vida? Andréia Montandon - O paciente deve estar totalmente envolvido no seu caso e ter conhecimento do plano de tratamento e da necessidade de alterações, pois o desconhecimento poderá gerar dúvidas e insegurança, surgindo episódios de irritabilidade, revolta, desconfiança, ansiedade e depressão, piorando os sintomas da SAB. Assim, é importante que o profissional não se esqueça de que a compreensão sobre a doença ajuda o paciente a conviver com seus sintomas.
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Tradição e inovação A Ivoclar Vivadent conta com filiais em 23 países e com mais de 3.000 funcionários em todo o mundo. A entrevista com Evandro Figueiredo, diretor geral, apresenta um pouco mais sobre a trajetória de sucesso da empresa. Por: Vanessa Navarro
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Evandro João Figueiredo Economista. MBA em Gestão Financeira e Risco. Diretor Geral e principal executivo da Ivoclar Vivadent no Brasil.
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Odonto Magazine – Como e quando surgiu a Ivoclar Vivadent? Evandro Figueiredo - A Ivoclar Vivadent é uma empresa que já existe há 90 anos. Ela foi criada em 1923, em Zurique, na Suíça, com o objetivo de ser uma fábrica de dentes de resina, porém, com a inevitável evolução, a Ivoclar Vivadent se uniu a outras empresas e, hoje, é uma das líderes do mercado internacional, comercializando, praticamente, todos os produtos de consumo do segmento odontológico. Trabalhamos com materiais para dentistas na área clínica, com produtos que vão desde resinas, adesivos para restaurações, até fotopolimerizador; e também com a linha de prótese, fornecendo todo o material para a parte de viabilização do trabalho dos protéticos. A empresa ainda conta com a divisão de dentes artificiais, que são muito conhecidos no Brasil como dentes alemães, o que acaba deturpando a origem, pois, na realidade, a origem é suíça. Hoje, a empresa é localizada no Principado de Liechtenstein. A preocupação da Ivoclar Vivadent com a qualidade é tão demasiada, que, em determinado período, houve a mudança para Liechtenstein. A intenção era estar à margem do Reno, para utilizar as águas limpas e puras do rio. A empresa está presente em 23 países do globo e os nossos produtos estão em mais de 100 países. Odonto Magazine – Há quase um século no mercado, a Ivoclar Vivadent oferece uma gama abrangente de produtos e sistemas inovadores para dentistas e técnicos de prótese dentária. Qual é a principal missão da empresa? Evandro Figueiredo - A empresa conta com toda a parte de manufatura no exterior. No Brasil, trabalhamos apenas com a comercialização. A missão da empresa é oferecer ao mercado odontológico produtos de alta qualidade e alta estética, visando o sucesso dos dentistas e dos laboratórios de prótese, assim como a satisfação dos pacientes que são tratados com os produtos da Ivoclar Vivadent.
Dentro da empresa, nós procuramos ter uma política bem tranquila em relação aos funcionários. A ideia é trabalhar sempre com carinho e bom humor. Odonto Magazine - Quais são as linhas fabricadas para o mercado odontológico que apresentam o maior lucro? Evandro Figueiredo - Nosso lucro é mais ou menos linear, mas na área de prótese, costumamos ter um lucro um pouco maior. Isso tanto na parte de dentes como na de cerâmicas, mas não é nada de tão absurdamente diferente de outros segmentos da empresa. É lucro suficiente para que possamos sobreviver dentro deste mercado conturbado e com burocracias extremamente fortes. Odonto Magazine – Quais são os benefícios apresentados por uma relação extremamente saudável do dentista com o protético? Evandro Figueiredo - Essa relação do dentista com o protético é fundamental. É importante que o dentista tenha conhecimento sobre todas as possibilidades que existem no mercado, sobre todas as tecnologias disponíveis, para apresentar um trabalho de qualidade para o paciente. Em se tratando em um caso específico para prótese, é preciso conhecer o que o laboratório pode oferecer a ele, trazendo melhores e satisfatórios resultados. Hoje, possuímos materiais muito bonitos, com estética sem igual, entretanto, na linha de restaurações diretas, existem materiais espetaculares. Claro que o profissional de saúde bucal tem que ter o feeling para identificar todos os casos. A Odontologia mundial tem materiais que permitem ao dentista realizar grandes trabalhos, trazer de volta o sorriso das pessoas. Quando a gente fala em sorriso, não queremos apenas mencionar a questão da saúde estética, mas frisar a questão emocional. Muitas pessoas deixam de sorrir por que têm um sorriso acanhado, dentes tortos. O dentista traz de volta a autoestima, ele muda a vida de alguém, de forma altamente positiva.
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Relacionamento Hoje, o paciente vai de encontro ao dentista com exigências. Ele tem informações sobre as novidades. E o dentista precisa se atualizar. Odonto Magazine – Como se configura o funcionamento do Centro Internacional para Educação Odontológica (ICDE), que está entre os melhores e mais modernos centros de formação em todo o mundo? Evandro Figueiredo - A Ivoclar Vivadent sempre se preocupou muito com a qualidade de seus materiais, mas para que esses materiais apresentem o resultado esperado pelo dentista e pelo paciente, as pessoas que manuseiam esses produtos precisam trabalhar de maneira adequada, elas precisam estar devidamente treinadas. Além da parte de pesquisa e desenvolvimento de produtos, a empresa possui um dos maiores centros de educação odontológica do mundo, em Liechtenstein, para treinamento e utilização de técnicas odontológicas, que conta com vários andares e diversos laboratórios destinados à educação odontológica. Percebendo o sucesso da ação, a Ivoclar Vivadent espalhou essa cultura para todas as suas subsidiárias. Algo interessante que percebemos ao longo dos anos em que temos oferecido treinamentos, é que o protético sempre se mostra extremamente centrado em aprender e se aprofundar em novas técnicas. De qualquer forma, nós ministramos os cursos para a utilização de produtos e contamos com materiais muito elaborados e que projetam muita estética na boca do paciente. As equipes de laboratórios sempre comparecem com intenção de aprender mais, e, com isso, os protéticos passam as informações para os seus dentistas. Esse é um ponto extremamente positivo para o resultado final, ou seja, para o paciente que vai receber os benefícios de uma técnica bem realizada. Odonto Magazine - Com o passar dos anos, o cirurgiãodentista brasileiro percebeu a necessidade de acompanhar as
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novas tecnologias apresentadas ao mercado. Como a empresa trabalha para assistir a essa evolução, oferecendo o que há de mais recente no segmento odontológico? Evandro Figueiredo - Toda a parte de desenvolvimento de produtos ocorre na nossa matriz, em Schaan - a maior comunidade de Liechtenstein, que possui uma equipe de mais de 100 cientistas, que, constantemente, realiza pesquisas e estuda novos materiais. É uma das maiores equipes do segmento odontológico voltada para o desenvolvimento de novos produtos. Não é à toa, que a cada ano a empresa lança 10, 15, 20 novos materiais. Claro que, mísero percentual desse número chega ao Brasil. O ritmo do lançamento de materiais na matriz é impressionante, mesmo na parte de resinas, onde a gente nota que o mercado não tem muitas inovações. Infelizmente, muitas dessas inovações não chegam ao Brasil por conta da burocracia que o governo nos impõe. Um registro de produto, hoje, demora em torno de dois anos. Há quatro anos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA lançou uma nova regulamentação que exigia uma inspeção nas fábricas internacionais. Nós entramos com o protocolo para realizar o procedimento exigido, mas demoramos três anos para concretizar a inspeção, e só conseguimos mediante duas liminares contra a agência. A Ivoclar Vivadent sempre conta com novidades. Vale aqui ressaltar que, a novidade, muitas vezes, não consiste em um material totalmente novo, mas na evolução de algo que já existia. Como um exemplo de grande inovação da empresa, podemos citar o e.max, a cerâmica livre de metal que oferece uma enorme resistência e uma estética incomparável. Grande parte dos laboratórios, hoje, que não têm, gostariam de ter o sistema e.max para trabalhar. O manuseio é muito fácil e proporciona um resultado incomparável aos outros materiais semelhantes existentes no mercado. Hoje, temos, aproximadamente, 800 laboratórios usuários desta cerâmica, ou seja, uma parte muito grande do mercado brasileiro utilizando esse material. E isso ocorre não apenas no Brasil, o e.max é líder mundial do segmento.
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A missão da empresa é oferecer ao mercado odontológico produtos de alta qualidade e alta estética
Odonto Magazine - A empresa está preparada para o iminente crescimento da população idosa e para o consequente indicador de edentulismo? Evandro Figueiredo - A empresa está altamente preparada para atender a esta população da melhor idade. Na linha de prótese, a Ivoclar Vivadent conta com duas divisões: prótese fixa e prótese removível. Na linha de prótese fixa, nós temos vários sistemas cerâmicos para completar os espaços com o que existe de mais estético e funcional para os pacientes, isso quando a falta de dentes não é total. No segmento de prótese total, a empresa conta com um conceito exclusivo chamado BPS (Sistema de Prótese Biofuncional), onde os laboratórios são treinados para utilizar as técnicas específicas para montar a prótese, oferecendo, além da estética, maior conforto e mais eficácia para o paciente. Na linha de dentes, a empresa possui desde dentes mais viáveis economicamente, os intermediários e os altamente estéticos. Os últimos compõem a Phonares, uma linha que une beleza e autenticidade destinada aos pacientes com maior poder aquisitivo. A linha Phonares mais recente também pode ser utilizada em prótese removível sobre implantes, uma tendência atual no mercado odontológico. Odonto Magazine - Recentemente a ANVISA se mostrou contrária ao comércio sem receita de clareadores dentais com concentração superior a 3% de peróxido de hidrogênio ou peróxido de carbamida. Qual é a opinião do senhor em relação a esse investimento ativo da agência em relação aos princípios éticos estabelecidos no Código de Ética Odontológica? Evandro Figueiredo - Quando você pensa em ANVISA como a defensora dos pacientes, a defensora dos princípios éticos, esse tipo de determinação é altamente louvável. Eu acredito ser imprescindível que se tenha um órgão para controle de qualidade daquilo que chega ao paciente, promovendo a segurança de todos os envolvidos. Mas, muitas vezes, é possível perceber que a ANVISA acaba se preocupando com alguns pontos, talvez não tão importantes, e deixando de lado outros mais relevantes. Enfim, a questão da ética, da restrição é importante, mas, no caso de clareadores, por exemplo, uma vez aprovado o registro do material, aprovada a composição do produto, é firmada a adequação. É compreensível que tal intervenção é fundamentada para preservar a figura do profissional de saúde bucal, para incentivar o encaminhamento de pacientes aos consultórios
odontológicos, evitando a compra e o uso indiscriminado do produto, comprometendo, assim, a saúde bucal do paciente. Porém, é preciso lembrar que a maioria desses produtos não oferece risco. O paciente poderia, sim, adquirir clareadores de uma maneira mais simples, menos burocrática. A gente percebe que os trâmites estão cada vez maiores. Muitas vezes, é importante que existam restrições, mas, em outros inúmeros casos, é desnecessário. Odonto Magazine - O senhor acredita que a Odontologia Brasileira é um exemplo para os dentistas que atuam em outros países do globo? Evandro Figueiredo - No Brasil, nós temos dentistas muito preocupados com estética. São vários dentistas renomados, líderes de opinião no mercado nacional, responsáveis por trabalhos impecáveis e que são convidados para palestrar no exterior, devido à qualidade indiscutível de seus trabalhos. Eu vejo que a preocupação do brasileiro com a estética, que não engloba apenas o quesito dentes, faz com que o profissional de saúde bucal seja muito preocupado com o resultado final do tratamento, com os aspectos positivos retratados na boca do paciente. E isso serve como exemplo para o exterior. Os dentistas estrangeiros estão acostumados a trabalhar com a parte funcional da Odontologia. Eles eliminam a dor, paralisam o efeito contínuo de uma cárie, enfim, mas, nem sempre, dão muita atenção para a estética. Quando esses profissionais se deparam com os trabalhos realizados pelos nossos dentistas brasileiros, instala-se a admiração. Pelo cuidado que se tem pela estética, eu posso afirmar que a Odontologia brasileira é referência mundial. Por outro lado, penso que a burocracia odontológica imposta às empresas e aos profissionais acaba restringindo um pouco essa evolução, que poderia ser ainda maior. Cabe ainda lembrar que, apesar de toda a evolução da saúde, o Brasil ainda é conhecido como a terra dos desdentados. Quando vamos para regiões menos favorecidas, é possível perceber que o governo ainda não conseguiu romper algumas barreiras. Não existe a Odontologia mínima necessária para essa população, que eu diria que representa mais de 60% do povo brasileiro. Nesses locais, quando necessário o cuidado odontológico na rede pública, a extração se torna o protocolo de atendimento, contrariando os princípios da Odontologia, que defende a conservação, dentro do máximo possível, do dente original. Nós ainda temos um longo caminho a percorrer.
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Ponto de Vista
Implantes em pacientes jovens Carlo Trivoli Especialista em Endodontia e Implantodontia. Coordenador do Curso de Implantes da SDS Cidade do Porto (Portugal). Professor dos cursos de especialização em Implantodontia da ABO Campinas (SP).
O
s implantes osseointegrados são uma realidade nos consultórios, e como se tornaram uma arma importante na reabilitação oral, vêm aumentando muito a pressão para sua utilização em pacientes com menos de 18 anos. Branemark et al (1987) contraindicaram a utilização dos implantes em jovens abaixo de 16 anos, e isto se tornou um paradigma até os dias de hoje. Este é um dos motivos pelo qual encontramos poucos trabalhos na literatura mundial sobre o assunto em questão. As situações que nos fazem pensar com mais urgência são as perdas traumáticas dos incisivos e as anadontias, que causam espaços após o término dos tratamentos ortodônticos. Além da manutenção por períodos longos dos mantenedores de espaço, aparelhos rudimentares nos aspectos funcionais e estéticos, um problema maior seria a continuidade da reabsorção do osso alveolar, que poderia, com o tempo, dificultar a instalação mais simples do implante. Sobre o aspecto psicológico, é muito ruim para o adolescente atravessar esta fase da vida sem um dente importante esteticamente, como é um incisivo, por exemplo. A ausência do elemento traz, sem dúvida, uma insegurança social, podendo causar uma introversão e influência negativa nas relações humanas. Nesta luta contra o tempo, o cirurgião-dentista deve atuar com bastante sabedoria e entender que o bom senso é um grande aliado para uma conclusão adequada, sem prejuízo ao paciente hebiátrico. Como referido anteriormente, os artigos científicos são escassos e os autores divergem muito em quesitos, como idade de crescimento ósseo, vetores de crescimento cefálico, até
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mesmo em que idade o paciente é considerado jovem e outras comparações, além de existirem diferenças significativas entre o aspecto físico das raças humanas, o que não nos deixa, então, lançar mão de um tratamento universal. O que vemos como concordância entre os estudos que norteiam o tratamento do paciente adolescente, são os seguintes aspectos: » Os implantes são uma anquilose. Poderão apresentar posições diferentes das planejadas inicialmente após a conclusão do crescimento ósseo craniano. » A paciente do sexo feminino poderá receber os implantes mais precocemente que o paciente do sexo masculino, pois seu desenvolvimento é mais rápido. » A paciente deverá já ter passado pela menarca. » A radiografia de punho (índice carpal) é uma das formas de se estabelecer se o crescimento já está concluído. » Observar o desenvolvimento físico atual apresentado pelo paciente e comparar com seus pais e irmãos. » Planejar o tratamento prevendo o futuro, e como é possível atuar, caso precise de algum retoque posterior. Concluindo nosso raciocínio sobre o assunto, trabalhar de acordo com o consenso dos autores, fazer um planejamento adequado e estar atento a novas pesquisas na área são condições primordiais para o sucesso dos nossos tratamentos com implantes para os pacientes que se encontram entre as idades de 14 e 18 anos. “Bom senso é elemento central da conduta ética, uma conduta virtuosa de achar o meio termo e distinguir a ação correta”, Aristóteles.
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A identidade visual da clínica interfere nos seus lucros?
Éber Eliud Feltrim
Ana Carolina Xavier
Graduado e pós-graduado em Odontologia (UNESP). MBA em Gestão de Marketing Estratégico (FGV e OHIO University). Cursos nos Estados Unidos e Alemanha. Professor do curso de pós-graduação em Administração de Empresas - Centro Hermes - FGV. Professor do curso de pós-graduação em Odontologia – Funorp - USP. Professor do MBA em Controladoria de Empresas - UNIP. Gestor do Grupo SIS – Consultoria em Estratégias de Negócios.
Técnica em Turismo. Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda. MBA em Gestão de Marcas e Marketing. Colaboradora do setor de Comunicação do Grupo SIS.
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oje em dia, muito se fala sobre a relação entre a identidade visual da sua clínica e o aumento de seus clientes e, consequentemente, de seu faturamento. Mas, começando desde o princípio, exatamente, o que isso quer dizer? Então, a imagem da minha clínica interfere nos meus lucros? A identidade visual é o conjunto de elementos que representa visualmente o seu serviço. A comunicação visual corresponde a um logotipo, um nome, um conjunto de cores, um cartão de visita e uma papelaria. Tudo isso, quando adequado ao seu mercado, favorece o processo de negociação com o cliente, posicionando a clínica de forma coerente com o seu público-alvo. A identidade visual é a face da sua clínica. Vamos pontuar a importância de alguns elementos da identidade visual.
Logotipo e nome É importante ressaltar que o logotipo é parte da identidade visual, é como um concentrado dela. É a peça-chave na projeção da “personalidade” da sua clínica. Juntamente com o nome, o logotipo representa um dos maiores investimentos da sua empresa, a marca que as pessoas identificam e usam ao escolher sua clínica e adquirir os seus serviços. Um logotipo eficaz e coerente deve comunicar as qualidades mais importantes de uma empresa e estabelecer, imediatamente, o reconhecimento pelo seu público-alvo. Em um mercado competitivo como o atual, um logotipo desenvolvido de maneira estratégica faz o negócio e seus serviços se destacarem entre seus concorrentes, transmitindo profissionalismo e confiabilidade. Como valor, a marca passa também a ser um forte ativo financeiro. Isso significa ter na marca a fonte impulsionadora de negócios, como o patrimônio mais valioso do que qualquer bem material ou ativo tangível de uma empresa, ou seja, ter o logotipo como alicerce, como pilar que sustenta o seu negócio.
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Conjunto de cores As cores têm grande influência em nosso cotidiano, e saber usá-las da maneira correta contribui, de forma positiva, para o sucesso. Não devemos utilizá-las de maneira aleatória, simplesmente por ser nossa cor preferida, mas sim, devemos pensar naquelas que agregam valor na percepção dos clientes. De acordo com o Canadian Colour Institute, os seres humanos julgam um ambiente de forma subconsciente nos primeiros 90 segundos. Nesse tempo, entre 62% e 90% do julgamento é baseado unicamente na cor. Por isso, esses elementos devem ser escolhidos de forma estratégica, pensando em sua área de atuação, especialidade, valores, público-alvo, entre outros aspectos. Uma boa ideia é imaginar sempre um local em que o cliente preferia estar naquele momento, como um jardim, por exemplo, e recriar este ambiente, inclusive nas cores. Devemos padronizar as cores utilizadas, de maneira que reflita sempre - e com fidelidade - o caráter e os valores intrínsecos do seu negócio. Isso envolve tanto o uso da marca para impressos e divulgação, como uniformes, identificação interna e externa, padronização da papelaria, anamnese e receituário, entre outras ações. A escolha das cores e padronização do seu negócio é muito importante, percebemos isso quando, por exemplo, ao entrarmos em um banco, identificamos facilmente uma cor predominante e o logotipo exposto; somos lembrados a todo instante por estímulos visuais de onde estamos.
Cartão de visita Um cartão de visita é seu ponto chave para iniciar uma apresentação social e/ou expor seu trabalho e, este não pode ser apenas bonito. Afinal, um cartão é sua forma de comunicação eficiente com seu público-alvo, e seu design deve transmitir o
Coluna - Marketing
que você faz. O formato, cores e fontes devem ajudar nisso, mantendo o conjunto de cores e logotipo já definidos. Saiba que ao entregar um cartão para alguém, você está indicando que aquela pessoa vale seu tempo e atenção. Portanto, não trate seu cartão de forma simplista: ele representa quem você é! Atente-se para a forma com a qual armazena seus cartões. Um cartão sujo, amassado e antigo pode indicar desmazelo profissional e falta de comprometimento consigo mesmo. Mantenha os dados de seu cartão atualizados e tenha certeza que ele ajudará, de forma enfática, a ampliar sua rede de contatos e negócios.
Papelaria Sua papelaria (envelopes, pastas, papel ofício, anamnese, receituário, entre outros) deve seguir o padrão escolhido e já utilizado em seu conjunto de cores, logotipo e, principalmente, deve seguir o design do cartão de visita. Uma papelaria coerente e estratégica comunica a missão, visão e os valores de sua clínica, encanta e satisfaz seus atuais e potenciais clientes. Cliente satisfeito significa relacionamentos mais duradouros, mais fontes de indicações e maiores recomendações positivas do seu serviço, além de maior fixação de marca. Segundo a American Management Association, 65% das vendas são
realizadas devido ao retorno de clientes satisfeitos e fiéis ao atendimento e contatos feitos anteriormente. Os clientes satisfeitos indicam o serviço ou empresa para, em média, cinco novos possíveis consumidores, enquanto os insatisfeitos se queixam para até 30 pessoas. Concluindo, uma identidade visual bem estabelecida é vital para a construção de uma marca reconhecida pelos clientes e também pela sociedade em geral. Vamos pensar em uma criança de dois anos, que ainda não sabe ler, como, então, ela consegue reconhecer uma Coca-Cola? Pare para pensar se o logo tem relevância para um produto ou serviço. Para a elaboração de uma identidade visual coerente e eficaz, é importante trabalhar com planejamento. Todos os negócios começam pequenos e crescem com planejamento. Cresceram, porque planejaram o crescimento. Não realizaram mudanças abruptas na sua identidade, quando mudam (se mudam!) alguma coisa, o fazem de maneira sutil. É importante ser consistente com sua identidade visual, isso vai ajudar à coerência da sua marca e da sua clínica. Atenção às mudanças muito constantes, pois nos fazem perder a identidade. Vamos cuidar deste ativo intangível, que é a identidade visual do seu negócio. Com isso, conquistamos mais clientes, aumentamos o lucro e fazemos crescer o negócio.
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Coluna - Odontogeriatria
Existe bullying entre o Odontogeriatra e o paciente?
Augusto Roque Neto Formado pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo – FO – USP. Especialista em Dentística Restauradora. Mestre em Clínicas Odontológicas pela FOUSP. Professor adjunto das disciplinas de Oclusão e Anatomia Dentária; Odontologia Restauradora I e II da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP.
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lgumas relações entre pacientes e cirurgiões-dentistas podem ser estabelecidas como algo parecido com bullying? Como definição, o bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica (intencionais e repetidos) praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos, causando dor e angústia, sendo executados dentro de uma relação desigual de poder. No Brasil, o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa indica a palavra bulir como equivalente a mexer com, tocar, causar incômodo ou apoquentar, produzir apreensão. O tema surgiu de uma conversa sobre “orçamento” ou plano de tratamento com um paciente idoso. O relato foi o que se segue: dente 46 com restauração extensa em amálgama
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Coluna - Odontogeriatria
O bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica (intencionais e repetidos) praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos
envolvendo as faces MOD e metade da V, com pequena infiltração em suas margens, causada pelo tempo de realização e uso pelo paciente. O paciente não tinha noção exata de quanto tempo o dentista, que já tinha morrido, tinha feito a obturação. Na radiografia revelada, observou-se uma endodontia parcialmente realizada, sem nenhum sinal de reação e, pelo relato, o mesmo profissional havia feito o canal na época da restauração. Até aí, nada de anormal. Quando da explicação do plano de tratamento, o paciente perguntou sobre o que seria realizado no referido dente. Minha resposta foi certeira: “a não ser um polimento da restauração, nada”. O senhor se assustou e descreveu a seguinte explicação que lhe foi dada anteriormente: “o dente deveria ser extraído o mais rápido possível, visto que apresentava um canal mal feito, que não chegou à ponta do dente. Um novo tratamento não seria possível, pois o canal já havia fechado. A restauração, por ser enorme, havia consumido uma quantidade tão grande de estrutura dental que inviabilizaria qualquer tratamento convencional, além de estar restaurado com um material cancerígeno, que era o amálgama de prata”. Tratamento proposto para o referido elemento: extração, colocação de um implante e um dente de porcelana que, além de ser mais estético, era inerte na boca. O nosso colega, segundo o paciente, ligou diversas vezes lembrando o perigo que corria ao deixar o caso como estava. Sabemos que a vida em nossos consultórios não está nada fácil, com custos cada vez maiores e menos entradas a cada dia. De um lado temos a mídia dizendo que seu equipamento deve ser o “New Smile”. O paciente vai ao seu consultório ‘armado’ com as informações do Dr. Google, ele também já leu o jornal, mais precisamente o caderno de saúde, já conheceu,
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por meio dos programas da Ana Maria e do Ronnie Von, as mais novas técnicas restauradoras que trariam o seu lindo sorriso de volta. Como ficamos? Vamos também nos entregar a esta corrida desenfreada de conseguir, de qualquer forma, equilibrar nossas economias? Em colunas anteriores, falamos sobre a necessidade de uma melhor formação profissional, inclusive e, principalmente, nos cursos de pós-graduação, onde as matérias básicas são, frequentemente, esquecidas, dando ênfase à parte prática de determinado exercício e equipamentos. Falta uma vista histórica da Odontologia, de seus avanços e progressos e, por que não, de tudo o que desenvolveu e o que permaneceu. Agora voltemos ao paciente. Imagine o custo que foi tentar passar que o material restaurador, que estava lá, sabe-se Deus há quanto tempo, não é cancerígeno, que a endodontia estava adequada e estável para a sua idade, e que, principalmente, não gastaria nada com o elemento em questão. O ‘coitado’ já havia visto em bancos e financeiras um meio de conseguir o valor estipulado pelo profissional, e só foi procurar outro dentista após falar com os filhos sobre o empréstimo e qual fim teria o mesmo. Agora, imagine a cabeça do nosso velhinho. Confiaria nos cabelos brancos ou em toda tecnologia apresentada de um implante alemão? Agora a pergunta: seria este um caso de bullying? Pela definição dada no início, sim. E a nossa profissão pretende ter o reconhecimento que teve anteriormente, de sermos novamente valorizados. Pense neste relato sendo noticiado no programa do Celso Russomano. Que os nossos colegas ‘pratiquem’ o bom senso. Um grande abraço!
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Caso Clínico
Moldagem simultânea utilizando um silicone por adição
U
Raphael Monte Alto
Ludmilla de Azevedo Linhares
Cirurgião-dentista. Doutor em Dentística pela UERJ. Professor Adjunto da Disciplina de Clínica Integrada – UFF. Professor do curso de especialização em Implantodontia – UFF.
Cirurgiã-dentista. Especialista em Dentística pela PUC-RJ.
m paciente chegou a Disciplina de Clínica Integrada da Faculdade de Odontologia da UFF (Niterói-RJ) para a realização de uma coroa anterior. Após os procedimentos de preparo e provisória, iniciou-se a etapa da moldagem. A princípio, a provisória foi removida (figura 1) e o preparo foi, cuidadosamente, limpo com escovas e pontas de borracha (Nova DFL) para a completa remoção de resíduos de cimento provisório (figura 2). Por apresentar excelentes propriedades, como alta estabilidade dimensional e grande reprodução de detalhes, o material de moldagem escolhido foi o silicone por adição Futura AD, da Nova DFL (figura 3). Um primeiro fio, de menor diâmetro - n-º 0000 -, foi inserido delicadamente no sulco gengival com uma espátula de inserção, iniciando pela face proximal e circundando toda a extensão, ficando totalmente imerso dentro do sulco (figuras 4 e 5). Após a inserção do primeiro fio, foi aplicado um gel hemostático (figura 6) e um segundo fio de maior diâmetro compatível com o sulco inserido, seguindo o mesmo protocolo (figuras 7 e 8).
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A técnica da dupla mistura em um só tempo foi empregada no procedimento de moldagem, utilizando o silicone por adição Futura AD. Iniciou-se, com uma pinça clínica, a remoção do fio de maior diâmetro (figura 9). Um espaço foi criado, e o material de consistência leve (Futura AD Light) foi aplicado na região do sulco, terminando com uma pistola de automistura e ponta intraoral (figuras 10, 11 e 12). Um leve jato de ar foi aplicado para empurrar o material em direção ao preparo (figura 13), enquanto que, ao mesmo tempo, a massa densa foi manipulada pelo profissional auxiliar com luvas de vinil (figuras 14 e 15). Na sequência, a moldeira com a massa densa foi levada a boca, aguardando o tempo de presa do material. Após a remoção da moldeira, o primeiro fio removido e o local foram lavados abundantemente. O molde foi analisado para verificar o afastamento e reprodução detalhada do preparo (figuras 16 e 17). Aguardou-se, então, o tempo mínimo de 60 minutos para a recuperação elástica do material e liberação do hidrogênio residual. Um gesso tipo IV de boa qualidade foi vertido no molde, para ser enviado ao laboratório, onde a coroa em cerâmica pura foi confeccionada (figuras 18 e 19).
Caso Clínico
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Restauração provisória.
Material de moldagem à base de silicone por adição Futura AD (Nova DFL).
O primeiro fio deve ficar totalmente submerso no sulco gengival.
Limpeza do preparo com escovas e pontas de borracha.
Circundando toda a extensão com o auxílio de uma espátula para resina número ½.
Aplicação do gel hemostático.
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Caso Clínico
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Inserção do fio 0.
Remoção do segundo fio, utilizando uma pinça clínica.
Figuras 11 e 12
Inserção do silicone leve (Futura AD Light, Nova DFL).
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O segundo fio deve ficar, parcialmente, submerso no sulco gengival.
Inserção do silicone leve (Futura AD Light, Nova DFL).
Caso Clínico
Figura 13
Leve jato de ar sobre material leve.
Figura 14
Manipulação da pasta pesada (Futura AD, Nova DFL).
Figura 15
Figura 16
Figura 17
Figura 18
Manipulação da pasta pesada (Futura AD, Nova DFL).
Cópia adequada da terminação cervical.
Moldagens superior e inferior.
Restauração realizada pelo TPD Jairo Belloti.
Figura 19
Restauração realizada pelo TPD Jairo Belloti.
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Caso Clínico
Utilização de pino de fibra de vidro para reforço de restauração direta em dentes fraturados
P
Jorge Eustáquio
Rafael Calixto
Ilana Pais Tenório
Mestrando em Dentística Restauradora – CPO São Leopoldo Mandic (Campinas – SP). Professor do Curso de Especialização em Dentística da ABO – AL.
Especialista, Mestre e Doutorando em Dentística Restauradora – UNESP (Araraquara – SP). Professor do Curso de Especialização em Dentística da ABO – AL.
Aluna do Curso de Especialização em Dentística – CETAO (São Paulo – SP). Professora do Curso de Aperfeiçoamento em Dentística – NEO Odontologia (Maceió – AL).
aciente do sexo feminino, 30 anos de idade, compareceu para atendimento após sofrer um trauma que provocou a fratura de três elementos dentários, 12, 11 e 21. Ao ser detectada necrose do elemento 11, a paciente foi encaminhada para tratamento endodôntico. A necrose, decorrente do rompimento de vasos sanguíneos, provocou o escurecimento da porção coronária, não sendo possível reestabelecer o padrão estético apenas com a reconstrução da classe IV em resina composta (figura 1). Ao avaliar as possibilidades de tratamento, foi descartada a realização de clareamento interno, pela possibilidade de
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reabsorção radicular externa, visto que a fratura dentária decorrente do trauma ocorreu há menos de um ano. Diante da necessidade de mascarar este manchamento, é necessário um desgaste levemente mais invasivo da região cervical escurecida, para que seja reestabelecida a estética dental, seja com uma faceta em resina composta altamente estética, ou com uma faceta ou coroa em cerâmica livre de metal (Metalfree). Para proporcionar uma melhor retenção e maior resistência da resina composta, torna-se necessária a instalação de um pino intrarradicular de fibra de vidro, para uma faceta
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direta ou para um núcleo de preenchimento de uma coroa cerâmica livre de metal. No presente caso, em acordo com a paciente, foram realizadas a instalação de pino estético intrarradicular cônico em fibra de vidro (Exacto Translúcido – Angelus), faceta em resina composta nanohíbrida (IPS Empress Direct - Ivoclar Vivadent) do elemento 11 escurecido e restaurações nos dentes 12 e 21 com resina composta nanohíbrida (IPS Empress Direct - Ivoclar Vivadent).
Relato do tratamento do dente 11 Após o tratamento com o endodontista, a paciente procurou atendimento em nossa clínica insatisfeita com a cor final do dente 11. O dente 11 apresentava-se com tratamento endodôntico satisfatório, confirmado por radiografia periapical, sem dor à percussão horizontal e vertical, e com comprimento do ápice à borda incisal de 24 mm. Para o correto ajuste do pino de fibra de vidro cônico e obtenção de uma profundidade de intrarradicular suficiente para distribuição de forças, optou-se em fazer um preparo intrarradicular de 17mm de altura, preservando 7 mm de remanescente de material obturador no ápice radicular. (figura 2). O pino estético de fibra de vidro selecionado, através do gabarito de escolha de pinos, foi o Exacto (Angelus) de número 1. A desobturação de guta percha foi realizada com broca de Largo nº 3; e para o preparo final do canal, foi utilizada a broca nº 1 do sistema de pinos Exacto com cursor no comprimento ideal. Após o preparo, foi verificado o correto posicionamento do pino e a perfeita qualidade de desobturação através de radiografia periapical com pino em posição. O preparo do pino e dente, respectivamente, seguiu o protocolo a seguir:
Pino » Aplicação de ácido fosfórico a 37% (Angelus) por um período de 30 segundos (figura 3). » Lavagem com água. » Secagem com jato de ar. » Aplicação de Silano (Angelus) por um minuto (figura 4). » Secagem com leve jato de ar por cinco segundos. » Aplicação de adesivo químico Fusion Duralink (Angelus) (figura 5). » Remoção de excessos de adesivo com pincel do tipo microbrush seco. » O adesivo se polimeriza quando em contato com a amina terciária presente no cimento resinoso.
Dente » Aplicação de ácido fosfórico a 37% por um período de 15 segundos. » Lavagem com água por 30 segundos. » Secagem da dentina radicular com a utilização de cones de papel absorvente, sendo um cone subsequente ao outro, até que estes não apresentem mais sinais de água. » Aplicação do primer Fusion Duralink (Angelus) com pincel tipo microbrush longo e compatível com o conduto (Cavibrush –
FGM) por um tempo de 20s (figura 6). » Evaporação do primer com leve jato de ar por cinco segundos. » Aplicação de adesivo químico Fusion Duralink (Angelus) (figura 7). » Jato de ar e remoção de excessos com cone de papel absorvente. A partir do preparo do pino e do dente, procedeu-se com a cimentação. Para isso, foi utilizado um cimento resinoso com reação de polimerização química na cor A3 (figura 8). Por fim, fora confeccionada restauração palatina com resina composta nano hibrida IPS Empress Direct (Ivoclar Vivadent), na cor A3 Dentin e A2 Enamel, com o objetivo de cobrir o pino cimentado. Na segunda sessão clínica, foi realizada a faceta direta do dente 11. Para isso, procedeu-se com a seleção de cor; preparo para faceta direta, utilizando-se de ponta diamantada 2135 em alta-rotação e 2135F em contraângulo multiplicador, tendo este preparo um leve aprofundamento nos pontos de maior escurecimento para um melhor resultado estético. Concluído o preparo, o campo operatório foi isolado através da técnica de isolamento absoluto modificado, seguido do condicionamento ácido do dente com ácido fosfórico a 37% (30 segundos em esmalte e 15 segundos em dentina), lavagem com água, remoção do excesso de umidade com bolinha de algodão, aplicação do adesivo Single Bond 2 (3MEspe) com pincel do tipo microbrush de tamanho regular, remoção do excesso de adesivo com do tipo microbrush seco, leve jato de ar e fotopolimerização por 20s. A faceta foi confeccionada com resina composta nanohíbrida IPS Empress Direct (Ivoclar Vivadent) de forma incremental na sequência abaixo, fotopolimerizando cada camada por 10 segundos: » Camada inicial com Monopaque (Ivoclar Vivadent) cor 210, com pincel pelo de marta fino, recobrindo cerca de 60% da superfície, mascarando a área dental escurecida. » Camada de resina de dentina: IPS Empress Direct (Ivoclar Vivavdent), na cor Dentin A2 no terço cervical e Dentin A1 nos terços médio e incisal. » Efeitos incisais: utilizando para halo incisal a resina Filtek Z350 XT (3MEspe) na cor WD, corante Tetric Color (Ivoclar Vivadent) na cor branca na região de mamelos e azul para efeito opalescente. » Camada de esmalte cromático: A1E. » Camada de esmalte acromático: Trans 30. A construção da faceta foi finalizada com a sobrepolimerização com glicerina gel por 60 segundos. A partir deste momento, procedeu-se com o acabamento e o polimento da restauração, com a utilização de disco de lixa Sof Lex XT pop-on (3MEspe) vermelho, sequência de borrachas de polimento Jiffy (Utradent) nas cores verde, amarela e branca e polimento final com disco Flexi-buffy (Cosmedent) associado a pasta de polimento Enamalize (Cosmedent) e Óleo mineral Nujol. O aspecto final do dente restaurado pode ser observado na figura 9.
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Caso Clínico
Figura 1
Paciente com escurecimento da porção coronária do elemento 11, não sendo possível reestabelecer o padrão estético apenas com a reconstrução da classe IV em resina composta.
Figura 3
Aplicação de Ácido fosfórico a 37% (Angelus) por um período de 30 segundos.
Figura 6
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Preparo intrarradicular.
Figura 4
Aplicação de Silano (Angelus) por um minuto.
Aplicação do primer Fusion Duralink (Angelus) com pincel tipo microbrush.
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Figura 2
Figura 7
Figura 5
Aplicação de adesivo químico Fusion Duralink (Angelus).
Aplicação de adesivo químico Fusion Duralink (Angelus).
Caso Clínico
Figura 8
Utilização de cimento resinoso com reação de polimerização química na cor A3.
Discussão A tomada de decisão no planejamento do paciente é bastante difícil nestes casos. Diversas possibilidades de tratamento existem, cada qual com suas vantagens e desvantagens. Com isso, utilizando critérios eliminatórios, é decidido o rumo a seguir para a reabilitação estética. A alternativa de clareamento dental, neste caso, foi descartada, devido à possibilidade de reabsorção cervical externa pelo curto espaço de tempo decorrido entre o trauma e a data do tratamento restaurador3. Além disso, a taxa de reescurecimento de dentes tratados endodonticamente relatada na literatura é considerada alta (cerca de 10 a 20% em até 18 meses de avaliação e de aproximadamente 50% para oito anos de acompanhamento)6,7. A utilização de pinos de fibra de vidro para retenção de restaurações extensas tem sido amplamente discutida na literatura. As características estéticas das restaurações em dentes endodonticamente tratados são altamente influenciadas pelo material de preenchimento intracoronário. Pinos metálicos limitam, significativamente, a transmissão de luz através da restauração estética8. Com isso, as características de cor dos pinos de fibra de vidro levam grande vantagem sobre os pinos de fibra de carbono e metálicos. Entre as vantagens do uso deste material, podem ser citadas as seguintes: » Comportamento elástico bastante favorável9. » Distribuição mais uniforme de tensões ao longo da raiz4,10. » Coloração compatível com estética11. » Não sofrem corrosão11. » Dispensam etapa laboratorial11. » Não requerem preparos expulsivos ou desgastes adicionais internamente à raiz11. » Podem ser associadas a restaurações diretas, onlays, laminados cerâmicos e coroas totais11. Possibilidade de remoção e recimentação de um novo pino em caso de falha do pino11. » As fraturas, raras, são mais favoráveis ao reaproveitamento do remanescente dental12. » Alguns sistemas de pinos têm características de alta translucidez e capacidade de transmissão de luz, fatores que
Figura 9
Aspecto final do dente restaurado.
podem auxiliar a fotopolimerização de um sistema adesivo e cimentante11. O sistema adesivo (Fusion Duralink - Angelus) e o agente cimentante utilizados na cimentação do pino deste caso clínico têm características de polimerização química. A principal limitação da adesão intrarradicular com adesivos e cimentos resinosos convencionais é a distância que a luz do fotopolimerizador tem que percorrer para polimerizar estes materiais13. Com isso, a utilização de adesivos exclusivamente fotoativados é contraindicada, já que a chegada da luz nos terços médio e apical da raiz não é tão efetiva14. A utilização do pino de fibra de vidro, neste caso, poderia ter sido associada a uma restauração em resina composta direta (faceta) ou a uma coroa cerâmica isenta de metal. As principais vantagens da cerâmica frente à resina são durabilidade, estabilidade de cor, brilho e polimento, resistência aos esforços mastigatórios, dentre outras. A principal desvantagem é o custo, fator determinante, neste caso, para que a paciente escolhesse o tratamento restaurador em resina composta. A associação de resinas compostas e pinos de fibra de vidro representa uma alternativa conservadora de tratamento, preserva melhor o remanescente coronário e reduz os custos do tratamento, quando comparada aos procedimentos protéticos11. Porém, o tratamento restaurador em resina composta apresenta algumas limitações. Dentre elas, podemos citar, com relação ao profissional, a necessidade de habilidade técnica e profundo conhecimento do material restaurador, com relação ao material, o risco de manchamento e diminuição do brilho superficial; e em relação ao paciente, deve-se deixar claro que a manutenção dos resultados obtidos depende dos hábitos e da dieta do paciente11. Estas limitações foram contornadas com a utilização de uma resina composta de alta qualidade estética e resistência, executada por uma profissional habilidosa e conhecedora do material e da técnica e com o agendamento de consultas periódicas para acompanhamento e, caso seja necessário, o repolimento das restaurações será executado.
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Caso Clínico Conclusão Neste artigo, mostramos ao leitor diversas possibilidades de tratamento de um dente acometido por um trauma. O estudo do caso, para o desenvolvimento de um plano de tratamento, é fundamental para alcançar sucesso no trabalho. As características dos pinos de fibra de vidro, como segurança, estética, resistência e elasticidade garantem um procedimento conservador e biocompatível. Neste relato, mostramos que o uso de pino de fibra associado aos materiais adequados e técnicas criteriosas, permite que o tratamento restaurador tenha resultados bastante satisfatórios.
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