Ano 3 - N° 35 - Dezembro de 2013
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comunicação integrada
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Reportagem Nutrição e saúde bucal
Editorial Edição: Ano 3 • N° 35 • Dezembro de 2013 Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7501
Reflexões de dezembro
Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7761 Assistente Administrativo Michelle Visval e. michelle.visval@vpgroup.com.br Marketing Tomás Oliveira e. tomas.oliveira@vpgroup.com.br Ironete Soares e. ironete.soares@vpgroup.com.br Designers Cristina Yumi e. cristina.yumi@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7509 João Azambuja e. joao.azambuja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7521 João Corityac e. joao.corityac@vpgroup.com.br Web Designer Robson Moulin e. robson.moulin@vpgroup.com.br Mobile Cláudia Mardegan e. claudia.mardegan@vpgroup.com.br Analista de Sistemas Fernanda Perdigão e. fernanda.perdigao@vpgroup.com.br Sistemas Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br Editora Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente Comercial Christian Visval e. christian.visval@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7760 Publicidade - Gerente de Contas Ismael Pagani e. ismael.pagani@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7768 Publicidade - Gerente de Contas Rosana Alves e. rosana.alves@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7769 Conselho Científico Alice Granthon de Souza, Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Diego Michelini, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, Jayro Guimarães Junior, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Lusiane Borges, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Pablo Ozorio Garcia Batista, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo, Wanderley de Almeida Cesar Jr. e William Torre.
F
inal de ano! Quase sempre vem aquele momento de reflexão e análise sobre o que fizemos. Particularmente, já exercito tanto isso, que não vejo tanta diferença nessa época. Afinal, a vida é uma continuidade incessante, com seus ciclos, cuja duração é variável e não, necessariamente, de três, seis ou 12 meses. Pensando sobre toda a simbologia que envolve a nossa comemoração do novo ano que se aproxima, entendo a vida com um ciclo. Ela é feita de fases, que não têm data certa para iniciar ou findar, logo, o “ano novo” seria uma data qualquer. E é. De qualquer forma não há como se render à pontinha de esperança, renovação, visão do que passou e previsão do que virá. Nossa comemoração ocidental tem origem em um decreto do governador romano Júlio César, que, em 46 a.C., fixou o 1º de janeiro como o Dia do Ano Novo. Esse dia era dedicado pelos romanos ao deus Jano, o deus dos portões que tinha duas faces, uma voltada para frente e a outra para trás, representando os términos e começos, passado e futuro. Assim, derivado de Jano, vem o mês de janeiro. Já o termo réveillon, é oriundo do verbo francês réveiller, que em português significa “despertar”. História a parte, quase todo mundo gosta (ou precisa) de marcos iniciais, um marco zero. Jogar o caderno do ano passado fora e escrever uma história em folha novinha e branquinha, sem rasuras. Folha nº 1 de um novo caderno, de preferência, com uma nova caneta, nova roupa, novo sapato, depois de pular três ondinhas na presença de quem amamos e assistir a estreia de um novo ano, abrilhantada com os fogos de artifício. Apesar do tom levemente irônico, confesso que adoro esses rituais. Entendo que precisamos deles para viver melhor. Afinal, esse foi um ano de alegrias, tristezas, realizações. Mas, o mais importante é refletir sobre os acontecimentos, a jornada do dia a dia e, concluir ao final, que tivemos um saldo de crescimento e aprendizado. Proponho, nesse espaço inaugural, pequenas reflexões. Singelas para alguns, ingênuas para outros: » Cuidemos da saúde do planeta! Sem desperdiçar água, sem jogar lixo no lugar errado, não maltratando os animais ou desmatando as árvores. » Sejamos responsáveis! Sem culpar os outros pelos nossos problemas. » Tenhamos um pouco mais de bom senso para viver em harmonia, respeitando direitos e deveres. » Acreditemos em um mundo melhor! Coragem, honestidade, sinceridade, fé, esperança são virtudes gratuitas que dependem de nosso esforço e comprometimento com nossa honra e caráter. » Tenhamos humildade! Façamos o bem! Unindo essas ideias com o pensamento abaixo, que foi escrito pelo nosso sábio poeta Carlos Drummond de Andrade, despeço-me e desejo que o ano de 2014 traga muitas coisas boas a todos. “Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial, industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui por diante vai ser diferente”.
A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comerciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. A distribuição é gratuita e dirigida em todo território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor. Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica
Lusiane Borges
Membro do Conselho Científico
Alameda Madeira, 53, 9o andar - conj. 92 Alphaville - Barueri – SP - 06454-010- + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br
Dezembro de 2013
3
Sumário
Dezembro de 2013 • Edição: 35
pág.
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Editorial
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Programe-se
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Notícias
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Odontologia Segura
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Produtos e Serviços
8 pág.
16
Reportagem
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Entrevista
Nutrição e saúde bucal
Casos Clínicos
Cuidados bucais aos portadores da síndrome de Down
38
Jane Sanchez
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Reabilitação estética com facetas cerâmicas Gustavo Diniz Greco, Artur Napoleão Pereira Araújo e Carla Roberto
Relacionamento
Oral-B: Inovação e tecnologia a serviço da saúde bucal
46
Ponto de vista
Provisionalização de prótese fixa implantossuportada em caso de perda do implante intermediário Daniel Palhares e Marcelo Bighetti Toniollo
O uso clínico de fluoretos em adultos Luiz Felipe Scabar
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34
50
Colunistas
Normas para publicação
Pacientes Especiais José Reynaldo Figueiredo
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Prevenção Helenice Biancalana
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Odontopediatria Sandra Kalil Bussadori e Carolina Cardoso Guedes
pág.
4
Dezembro de 2013
36
Os artigos e as entrevistas são de inteira responsabilidade do autor e/ou entrevistado, e não refletem, obrigatoriamente, a opinião do periódico.
Programe-se
Dezembro 1º Congresso Internacional sobre Saúde da Pessoa com Deficiência 06 a 08 de dezembro de 2013
O CISPoD é o primeiro congresso transdisciplinar sobre saúde da pessoa com deficiência e grupos especiais. Representantes de todas as áreas da saúde - medicina, odontologia, psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional, educação física, nutrição, enfermagem, farmácia e biomedicina - estarão presentes para unir esforços, a fim de criar mecanismos capazes de fortalecer a pesquisa e a divulgação dos conhecimentos em torno da saúde da pessoa com deficiência e grupos especiais.
Brasília – DF
www.cispod.com.br
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2014
06 a 09 de março de 2014
Rio de Janeiro – RJ
Belo Horizonte – MG
Julho
Como o tema “O que nós conhecemos, o que pensamos que conhecemos e o que não conhecemos”, o evento reunirá renomados profissionais da Odontologia. eventos@abomg.org.br
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Congresso Internacional de Odontologia do Rio Grande do Sul 27 a 29 de março de 2014
O evento visa oferecer informação e conhecimento a todos os congressistas, por meio de profissionais renomados e de destaque nas áreas de Cirurgia Bucomaxilofacial, Ortodontia e Implantodontia do Brasil e do mundo. Todo o empenho na organização do evento está voltado para manter e melhorar a qualidade dos serviços odontológicos.
Passo Fundo – RS
www.ciors2014.com.br
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Abril
Janeiro
22º Copeo - Congresso Pernambucano de Odontologia
32º CIOSP – Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo 30 de janeiro a 02 de fevereiro de 2014
O evento reunirá grandes nomes da Odontologia. Ministradores nacionais e internacionais compõem uma grade científica diversificada, com temas de grande relevância clínica. O evento ainda conta com uma das feiras odontológicas mais importantes do mundo, a FIOSP, que gera, anualmente, um grande volume de negócios e apresenta as principais novidades do mercado de equipamentos, materiais e serviços do setor.
03 a 06 de abril de 2014
Com um novo desenho, que congregará profissionais e estudantes da Odontologia e áreas afins de todo país, o Copeo trará atividades científicas interativas, onde serão abordados assuntos que vão do foco das especialidades à atuação generalista e multiprofissional, com discussões nas arenas cientificas, cursos de curta duração, encontros de especialidades, eventos paralelos, bem como a apresentação e premiação de pôsteres digitais, bancadas clínicas e fóruns científicos.
Recife – PE
Março 12º CIOMIG - Congresso Internacional de Odontologia de Minas Gerais
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09 a 12 de julho de 2014
A comissão organizadora já começou a planejar a grade científica do evento, que terá a participação de ministrantes nacionais e internacionais. O evento contará com a temática “Odontologia: abrindo novos horizontes”.
Porto Alegre – RS
www.corig.com.br
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Agosto 8º SBO Ortopremium 13 a 16 de agosto de 2014
A programação científica do evento foi elaborada visando a oferecer um evento diversificado e inovador com cursos de treinamento prático (hands on), cursos de credenciamento, curso internacional, simpósio multidisciplinar e palestrantes nacionais renomados. O objetivo principal é informar os novos rumos da Ortodontia, como também promover o intercâmbio cientifico dos pesquisadores, educadores e profissionais nacionais e internacionais que atuam nesta área.
Rio de Janeiro – RJ www.sbo.org.br
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Outubro
Implante In Rio
O evento, que será realizado na capital baiana, contará com a presença de grandes nomes da Odontologia nacional e mundial.
04 e 05 de abril de 2014
29 de outubro a 01 de novembro de 2014
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www.ciosp.com.br
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XX CORIG – Congresso Odontológico Rio-Grandense
CIOBA - Congresso Internacional de Odontologia da Bahia
www.copeo.com.br
São Paulo – SP
contato@implanteinrio.com.br
O grupo Implante in Rio surge com o objetivo de disseminar a informação da Implantodontia para dentistas e acadêmicos. Servirá, inicialmente, como uma página para discussão de casos, divulgação de eventos e produtos da área de Implantodontia.
Salvador – BA
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Notícias
Gestão em saúde bucal O Encontro de Coordenadores Municipais de Saúde Bucal acontecerá no dia 31 de janeiro de 2014, às 10h00, no Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo - CIOSP. O evento contará com a participação do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP. Na ocasião, serão debatidos temas relevantes para a Odontologia, como epidemiologia para o planejamento, fluoretação, papel do TSB (Técnico em Saúde Bucal) e ASB (Auxiliar em Saúde Bucal), saúde escolar e gestão em saúde bucal. Organizada pela Dra. Helenice Biancalana, Diretora do De-
Odontologia Legal A Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP organiza, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2014, uma seleção para o curso de prática profissionalizante em Odontologia Legal. A formação gratuita oferecerá quatro vagas e será realizada de fevereiro a dezembro do próximo ano, com oito horas semanais de carga horária. Os candidatos deverão ser graduados em Odontologia e inscritos no Conselho Regional de Odontologia de seus respectivos Estados. Para a seleção, será necessária, ainda, a leitura de uma bibliografia específica, que poderá ser encontrada no site da coordenação do curso. Mais informações podem ser obtidas através do e-mail ricardohenrique@usp.br ou pelos telefones (16) 3602-3969 e 3602-4142. www.ricardohenrique.com.br/pratica.htm
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partamento de Prevenção e Promoção da Saúde da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), a reunião conta com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde e do COSEMS-SP (Conselhos do Secretário Municipais de Saúde do Estado de São Paulo). O 32º CIOSP acontecerá de 30 de janeiro a 02 de fevereiro de 2014, no Centro de Exposições e Convenções - Expo Center Norte, em São Paulo, e pretende reunir toda classe odontológica. Mais informações em www.ciosp.com.br.
Odontologia Segura
Um ato de amor e de cidadania
Lusiane Borges Biomedicina - UNISA / UNIFESP. Odontologia – UMESP. Especialização em Microbiologia – Faculdade Oswaldo Cruz. Especialista em Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP. MBA em Esterilização FAMESP. Pós-Graduanda em Prevenção e Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP, São Paulo. Coordenadora de Cursos de ASB/TSB desde 2000. Membro do Conselho Científico da Odonto Magazine, São Paulo. Autora-coordenadora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”. Consultora em Biossegurança em Saúde – Biológica. Consultora Científica da Oral-B, Fórmula & Ação, Sercon/Steris e outros. Representante do Brasil na OSAP (Organization for Safety, Asepsis and Prevention), EUA. Responsável pelo site www. portalbiologica.com.br.
O
sangue é um composto de células que cumprem funções, como levar oxigênio a cada parte do nosso corpo, defender nosso organismo contra infecções e participar na coagulação. Não existe nada que substitua o sangue. A quantidade de sangue retirada não afeta a sua saúde, porque a recuperação é imediatamente após a doação. Uma pessoa adulta tem em média cinco litros de sangue e, em uma doação são coletados no máximo 450ml de sangue. O doador passa por uma entrevista que tem o objetivo de dar maior segurança a ele e aos pacientes que receberão seu sangue. Sinceridade é essencial durante a conversa, quando também é um ótimo momento para tirar dúvidas.
Condições básicas para doar sangue » Sentir-se bem, com saúde. » Apresentar documento com foto, válido em todo território nacional. » Ter entre 18 e 69 anos de idade. » Ter peso acima de 50 Kg.
Algumas recomendações para o dia da doação » Nunca doar sangue em jejum. » Fazer um repouso mínimo de seis horas na noite anterior a doação. » Não tomar bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores. » Evitar fumar por pelo menos duas horas antes da doação. » Evitar alimentos gordurosos nas três horas antes da doação. » As pessoas que exercem profissões, como: pilotar avião ou helicóptero, conduzir ônibus ou caminhões de grande porte, subir
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em andaimes e praticar paraquedismo ou mergulho, devem interromper estas atividades por 12 horas antes.
Quem não pode doar sangue? » Quem teve diagnóstico de hepatite após os 10 anos de idade. » Mulheres grávidas ou que estejam amamentando. » Pessoas que estão expostas a doenças transmissíveis pelo sangue, como Aids, hepatite, sífilis e doença de chagas. » Usuários de drogas. » Aqueles que tiveram relação sexual com parceiro desconhecido ou eventual, sem uso de preservativos. Depois da doação, o doador recebe um lanche, instruções referentes ao seu bem-estar e poderá, posteriormente, conhecer os resultados dos exames que serão feitos em seu sangue. Os exames detectam doenças, como Aids, sífilis, doença de Chagas, HTLV I/II, hepatites B e C, além do exame de tipagem sanguínea. Nesse caso o doador terá a confirmação se é tipo A, B, AB ou O, além de seu RH positivo ou negativo. Se for necessário confirmar algum teste, o doador será convocado para coletar uma nova amostra e, se necessário, encaminhado a um serviço de saúde. Todo sangue doado é separado em diferentes componentes (hemácias, plaquetas e plasma) e, assim, poderá beneficiar mais de um paciente com apenas uma unidade coletada. Os componentes são distribuídos para os hospitais para atender aos casos de emergência e aos pacientes internados. Doe sangue! É um ato de cidadania e faz muito bem para o corpo e para a alma.
Produtos e Serviços Solução em Odontologia Uma das grandes preocupações do dentista é se deparar com acidentes decorrentes do tratamento de canal, como perfurações por limas e brocas, infecções persistentes e má formação dental, que, muitas vezes, dificultam os procedimentos, resultando em insucesso do tratamento, e até mesmo na perda do dente. Na última década, essa situação foi amenizada com o aparecimento de um produto que, segundo os dentistas, tem trazido resultados “milagrosos” na Endodontia. Esse produto tem o nome em forma de sigla: MTA. Em virtude de resultados positivos decorrentes de suas propriedades biológicas, é, atualmente, um dos materiais mais estudados na Odontologia. É o único produto que consegue estimular células, a fim de regenerar completamente os locais comprometidos por infecções, além de que, diferente dos demais produtos que requerem ambiente seco para aplicação, pode ser aplicado em ambiente úmido, facilitando, significantemente, o trabalho do dentista. Todas essas características e benefícios podem ser empregados por diversas especialidades. Na Dentística Restauradora, no capeamento pulpar direto; na Estética, como barreira em clareamento intracoronário, neutralizando também o pH local; na Odontopediatria, em casos de pulpotomia e tratamento de rizogênese incompleta; e, na Endodontia, nas perfurações de raiz e de furca, reabsorções internas e retro-obturação. www.angelus.ind.br
Dabi Atlante aprimora a linha Pross A Dabi Altante lançou um aperfeiçoamento na sua linha de implantes, o Pross Cilíndrico HE SA. O lançamento possui algumas novidades e diferenciais. A plataforma, com ataque ácido até o nível do implante, possui altura de cinto e pescoço reduzido com saída de rosca em ângulo para uma melhor estabilidade primária. No corpo, a rosca foi desenvolvida com geometria adequada, para proporcionar melhor estabilidade mecânica inicial; e dupla rosca, que proporciona menor tempo de inserção. As quatro câmaras apicais atuam como depósito de osso residual da perfuração e transformam as roscas em autocortantes. Já a inclinação da ápice, propicia maior poder de penetração e estabilidade, reduzindo o torque para uma inserção mais fácil. E o apical arredondado diminui o trauma, gerando uma melhor acomodação. A nova versão do Pross Cilíndrico HE SA possui, ainda, os formatos de 3,5mm, de 3,75mm, de 4,00mm e de 5,00mm, disponíveis em diversos comprimentos. www.dabiatlante.com.br
Um futuro sem cáries Colgate apresenta ao mercado brasileiro a inovação mais importante no combate à cárie desde a introdução do flúor nos cremes dentais, nos anos 1950. O creme dental Colgate Máxima Proteção Anticáries Mais NeutrAçúcar chega para revolucionar o futuro da saúde bucal no mundo graças à sua fórmula exclusiva, que neutraliza a ação dos ácidos do açúcar da placa nos dentes, evitando o surgimento da cárie. Após oito anos de pesquisa com mais de 14 mil pessoas, a Colgate desenvolveu a tecnologia patenteada NeutrAçúcar para ajudar a diminuir a incidência da doença que atinge mais de 80% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde e, assim, marcar o início de uma nova era na área da saúde bucal. O novo Colgate Máxima Proteção Anticáries Mais NeutrAçúcar é o primeiro e único creme dental anticárie familiar Colgate que vai além da proteção de flúor para neutralizar os ácidos do açúcar na placa bacteriana. Graças à tecnologia NeutrAçúcar, o creme dental proporciona a remineralização do dente quatro vezes mais comparado a um creme dental apenas fluoretado. Além disso, o produto reduz em 20% o aparecimento de novas lesões de cárie e pode reverter quase duas vezes mais as lesões iniciais. www.colgate.com.br
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Produtos e Serviços Mais segurança aos pacientes O Lase Peroxide Lite, recém-lançamento da DMC, é o único nanoclareador disponível no mercado nacional que inovou a técnica de clareamento, por aliar alta efetividade com uma concentração de apenas 15% de peróxido de hidrogênio. A incorporação de nanoparticulas de dióxido de titânio dopadas por nitrogênio como semicondutor garante sua efetividade com a utilização de fontes visíveis (LED) associado com luz infravermelha (LASER). Com o grande sucesso desse novo clareador, a DMC lança também o Kit Flex, onde o profissional terá as concentrações de 15% e 35% de peróxido de hidrogênio com nano partícula a base de dióxido de titânio em um único produto. A busca por uma Odontologia minimamente invasiva nos faz pensar em uma mudança nas abordagens estéticas, a fim de proporcionar uma maior segurança para os pacientes. E, para isso, devemos, cada vez mais, preocupar-nos com a indicação de procedimentos personalizados para cada paciente, diminuindo o tempo de ação ou a concentração do agente clareador, utilizando, por exemplo, a tecnologia de LEDs/LASERs como fonte de luz e os clareadores com nano partículas. www.dmcgroup.com.br e www.nupen.com.br
Kess apresenta novidades A marca Kess, da empresa Belliz Company, apresenta as linhas de escovas de dente Kess Pro, Kess Action Plus, Kess Dual Color, Combo escova dental Kess L2P1, além do destaque da marca: o fio dental Kess em três versões diferentes. A marca apresenta ao mercado o fio dental para ajudar a remover os resíduos aonde a escova de dente não chega. O fio dental Kess conta com as versões de 50m e 11m, o que os diferencia são as embalagens, sendo que a de 50m apresenta um visor que ajuda o consumidor saber quando o produto está acabando. Ambos possuem o fio encerado e aroma de menta para um hálito refrescante. Outra novidade da marca é o fio dental individual. O produto apresenta, como diferencial, uma haste plástica, onde as pontas são ligadas pelo fio dental, permitindo o alcance dos dentes dos fundos, por exemplo. A haste dá firmeza para utilização do fio dental, permitindo que ele não solte durante o uso. A escova dental Kess pro possui um design exclusivo criado pela empresa Belliz Company, que inclui um número maior de cerdas aplicadas a uma cabeça compacta. Com cerdas macias, elas garantem uma limpeza profunda dos dentes, sem agredir a gengiva. Seu cabo é reto e emborrachado, o que garante apoio e controle para os movimentos de escovação. Além disso, conta com uma cabeça pequena para alcançar todas as áreas da boca, além do raspador de língua e bochecha para uma higiene bucal completa. A escova dental Kess action plus possui as cerdas cruzadas, que permitem a limpeza dos dentes independente da direção do movimento da escovação. Também possui massageador de gengiva, raspador de língua e bochecha. E, para ajudar na escovação, seu cabo é emborrachado, garantindo maior apoio nos movimentos. Outra opção é a escova dental Kess dual color, que possui cerdas macias perfeitas para massagear a gengiva, raspador de língua e bochecha. Além disso, vem com cabo emborrachado, o que garante apoio e controle perfeito na hora da escovação. O grande diferencial da escova dental Kess combo é oferecer duas escovas dentais pelo preço de uma. As escovas dentais apresentam cerdas polidoras, que têm o poder de remover as machas superficiais dos dentes, colaborando com uma limpeza completa. Com cabo emborrachado, também conta com raspador de língua e bochecha. Todas as escovas são acompanhadas de capas protetoras de cerdas. www.bellizcompany.com.br
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Reportagem
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Reportagem
Nutrição e saúde bucal Especialistas em Odontologia e Nutrição integradas desvendam as verdades e os mitos em relação à alimentação da população e os problemas bucais comuns. Por: Viviam Santos
A
relação entre o que se come com a saúde bucal é óbvia para os cirurgiões-dentistas, no aspecto de a alimentação poder alterar os dentes e a mastigação. Porém, ainda não é determinado até que ponto alguns alimentos são prejudiciais - e outros benéficos -, e como o cirurgião-dentista deve agir ao constatar uma erosão dentária, cárie e outros problemas que podem estar ligados à alimentação. Será que o profissional deve partir para a avaliação nutricional do paciente e saber quais alimentos indicar? Ou deve haver uma parceria com o nutricionista do paciente? Na atualidade, sabe-se que a alimentação é, em geral, mais industrializada – até por facilitar o dia a dia agitado nos centros urbanos. Com isso, também pode conter menos minerais, vitaminas que favorecem a dentição, além de possuir outros fatores que podem prejudicar a saúde bucal. “A dieta produz um efeito local na integridade dentária e na microbiota oral por meio da frequência de consumo de alimentos, que determina o número de oportunidades para a produção de ácido e redução do pH salivar”, observa a nutricionista Erika Christiane Toassa*, sócia da Realize Odontologia e Nutrição Integradas. A nutricionista lembra que, hoje, o hábito alimentar do brasileiro mudou de forma negativa, de magnitude e abrangência nacional, conforme foi constatado pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF): “Houve uma redução no consumo de frutas, legumes, verduras e de feijão, e aumentou o consumo de alimentos e bebidas com alto teor de açúcar, gorduras e sal. Padrão alimentar este que favorece a formação da cárie dentária, representada, principalmente, por alimentos com alto teor de açúcar e das bebidas açucaradas; e de alimentos com alta adesão, com maior acúmulo de restos sobre os dentes, levando a maior risco de cárie”. Para determinar quais alimentos podem ou não causar cáries, além de mostrar quais podem auxiliar na prevenção ou controle da deterioração do dente, o cirurgião-dentista Érico Castaldin Fraga Moreira**, também sócio da Realize Odontologia e Nutrição Integradas, doutor em Ciências Odontológicas pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), separa os alimentos da atual dieta brasileira em três categorias: positivos (anticariogênicos), neutros (cariostáticos) ou negativos (cariogênicos). “Os alimentos cariogênicos contêm carboidratos fermentáveis e são capazes de reduzir o pH salivar para 5,5 ou menos e estimular o processo de cárie. Destaca-se neste grupo: os açúcares adicionados, doces, grãos e amidos presentes em salgadinhos, pães, bebidas de frutas, refrigerantes, bebidas açucaradas, doces em geral e em algumas frutas”, explica o Dr. Érico. Já os alimentos considerados cariostáticos, não são fermen-
táveis pelas bactérias, são eles: “Principalmente os alimentos fontes de proteínas, seja de origem animal ou vegetal, como as carnes em geral, ovos, leguminosas e oleaginosas, ou também os ricos em fibras alimentares, representados, principalmente, pelo grupo dos legumes e verduras”. “Os alimentos anticariogênicos são aqueles que impedem a placa de reconhecer um alimento acidogênico, quando ele é consumido primeiro. Além de não ser fermentável, apresentariam ação antibacteriana. Alguns adoçantes, como o xilitol, bem como os queijos de maior cura também ajudam na elevação do pH, colaborando para a não progressão da cárie. A goma de mascar sem açúcar também pode reduzir o possível desenvolvimento da cárie, mas, por outro mecanismo de ação, que é o aumento do fluxo salivar”, afirma o dentista. Ainda de acordo com o dentista, a denominada “autolimpeza dos dentes” não existe do ponto de vista periodontal, mas os alimentos fibrosos (dentro da categoria de cariostáticos) podem ser acrescentados à dieta do paciente para substituir alimentos de alta adesão aos dentes. “As fibras não apresentam uma alta adesão, sendo menos cariogênicas e menos ricas em carboidratos fermentáveis”, indica. Com a redução no consumo de alimentos fibrosos, como as frutas, legumes e verduras, e o avanço no consumo de alimentos industrializados, também há menor esforço de mastigação. “Com isso, há diminuição da força mastigatória, podendo levar à perda dentária em idosos ou ao comprometimento da musculatura orofacial em lactentes e crianças. Além disso, a mastigação, que favorece a secreção da saliva, cuja função é tamponante, está cada vez mais rápida e deficiente, seja pela perda dentária, mas, principalmente, pela correria diária”, afirma ela. A ingestão de alimentos ácidos tem se tornado cada vez mais frequentes, devido aos alimentos industrializados, como os refrigerantes, que podem causar erosão dentinária. O Dr. Érico salienta: “Seu efeito guarda relação com o ácido bacteriano, entretanto, aparece nas superfícies lisas linguais dos dentes ou vestibulares dos anteriores. A redução do pH leva a uma desmineralização dessas superfícies, que, se acrescidos de hábitos parafuncionais, como o ranger de dentes ou a escovação inadequada, podem acarretar a perdas significativas da estrutura dentária”. Ele recomenda a orientação do paciente quanto à substituição dos alimentos ou, caso esta não seja possível, o “uso de manobras que reduzam o dano, como o bochecho para a neutralização mais breve possível do pH ou a remoção do hábito parafuncional”. A afta não apresenta, ainda, uma causa definida, segundo o Dr. Érico, entretanto, “existe a constatação de que, para muitos
* Erika ChristianeToassa é graduada em Nutrição pela Universidade Guarulhos (UnG), mestre em Nutrição Humana Aplicada pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada (Pronut) da USP, doutoranda em Nutrição em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública, USP. Nutricionista do projeto “Envelhecer Sorrindo”,promovido pelo Departamento de Prótese da FOUSP. Sócia da Realize Odontologia e Nutrição Integradas. ** Érico Castaldin Fraga Moreira é graduado em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), mestre em Prótese e doutor em Ciências Odontológicas pela mesma faculdade. Professor da especialização em Prótese da Fundecto-USP e membro do Centro de Excelência em Prótese e Implante da Faculdade de Odontologia da USP (CEPI-USP). Sócio da Realize Odontologia e Nutrição Integradas, localizada em São Paulo (SP).
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Reportagem
“Todo cirurgião-dentista deveria ser capaz de reconhecer alterações na dieta de um paciente”, Érico Moreira
pacientes, a ingestão de alimentos ácidos, como frutas cítricas, e condimentos, como pimentas e temperos, pode estimular o surgimento das aftas”.Portanto, também está relacionada à alimentação. A halitose, para o dentista, continua sendo a principal causa da doença periodontal, mas pode ter relação ao baixo consumo de água. “Isso leva à redução da salivação e a formação de saliva mais serosa, o que minimiza o efeito de autolimpeza da boca e o acúmulo de restos alimentares e de células mortas da mucosa”, comenta. Outro problema bucal relacionado ao baixo consumo de água é a xerostomia, sintoma que, na maioria das vezes, deve-se à diminuição ou falta da saliva. “O consumo de água reflete no volume salivar e, indiretamente, longos períodos de jejum também levam a tal redução. Os alimentos de consistência pastosa ou amolecida também estimulam pouco a salivação, pois não demandam tanta mastigação”. Ou seja, um item primordial na alimentação, que irá favorecer a saúde bucal, é a água. Já a nutricionista, conta a importância do consumo de alimentos ricos em minerais e vitaminas, que auxiliam na saúde bucal: “É preciso consumir cálcio, fósforo e vitamina D, em todas as fases da vida, mas, principalmente, na infância e adolescência, períodos em que ocorre a formação dos dentes e o pico de crescimento e maturação óssea. Outros nutrientes, como a vitamina C, o zinco e o folato são importantes para a manutenção da integridade da mucosa oral”.
Casos especiais Nas crianças, especialmente, a redução do uso da musculatura mastigatória, devido aos alimentos industrializados, pode levar ao desenvolvimento incorreto dos ossos maxilares, com possíveis distúrbios oclusais e formação de problemas na mordida – quem afirma é a nutricionista: “E esses mesmos alimentos, normalmente, apresentam alta concentração de carboidratos fermentáveis e de adesão à superfície dentária. Além disso, a alimentação cariogênica - por exemplo, os doces ou as bebidas açucaradas - é ofertada muito cedo às crianças, às vezes já na mamadeira durante o dia e, principalmente, antes de dormir, hora na qual a redução no fluxo salivar e o extenso período sem higienização são severamente danosos ao esmalte dos dentes. Dando início à chamada ‘cárie de mamadeira’ ou cárie de início da infância”. No caso dos idosos, é importante que eles “mantenham uma dieta rica em todos os grupos alimentares, e com diversas for-
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mas de preparação”. A nutricionista diz que isso é importante, para evitar problemas sistêmicos. “E, mais especificamente, a manutenção de várias técnicas de preparação vai evitar a presença de alimentos pastosos, que são mais aderentes e de maior risco de cárie, mas, principalmente, vai propiciar a manutenção do tônus e potência muscular”. Para as gestantes, as recomendações são as mesmas dadas à população em geral, ou seja, adoção de hábitos saudáveis e de uma alimentação equilibrada. “Embora a recomendação de algumas vitaminas e minerais seja maior em função do estágio fisiológico, como a vitamina C, o zinco e o folato. O acompanhamento nutricional deve ser mais intenso nesta fase da vida”, aconselha.
Odontologia e Nutrição Para os sócios da Realize Odontologia e Nutrição Integradas, com o trabalho em conjunto do dentista e do nutricionista é mais fácil de obter êxito no tratamento dentário e nutricional. “Um paciente que será submetido à intervenção cirúrgica na cavidade oral deve apresentar uma condição de saúde que pode ser melhorada por meio de alimentação, com grupos alimentares que propiciem uma condição melhor no pré-operatório e um processo de recuperação e cicatrização mais eficientes”, garante o Dr. Érico. No atendimento às crianças, o dentista tem a opção da ferramenta de diagnóstico “Diário Alimentar”. “Após a análise deste, identificar o consumo de alimentos que propiciem os problemas dentários e, então, orientar o consumo de alimentos não cariogênicos e a visita a um nutricionista. Cabe ao cirurgião-dentista, à adequação dos hábitos de higiene, a orientação das corretas técnicas de higiene e manobras de fortalecimento e proteção do esmalte, como o flúor tópico ou o uso de selantes”, afirma. O Dr. Érico finaliza: “Todo cirurgião-dentista deveria ser capaz de reconhecer alterações na dieta de um paciente, passíveis de afetar a condição de saúde e a integridade de tecidos duros e moles da boca, além de passar orientações básicas de adequação da dieta e encaminhá-lo ao profissional especialista na área, o nutricionista”. A nutricionista indica o Guia Alimentar Para a População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde, disponível em http://nutricao.saude.gov.br/guia_conheca.php. “Esse guia é um instrumento que pode apoiar o profissional em suas orientações”, conclui Erika.
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Cuidados bucais aos portadores da síndrome de Down Hoje, no Brasil, mais de 300 mil pessoas são portadoras da síndrome de Down. A entrevista com a cirurgiã-dentista Dra. Jane Sanchez apresenta um pouco mais do universo destes pacientes tão especiais. Por: Vanessa Navarro
Jane Sanchez Cirurgiã-dentista. Graduação em Licenciatura Plena em Ciências - habitação em Biologia. Graduação em Tecnólogo em Prótese Bucomaxilofacial. Mestre em Ciências. Cirurgiã-dentista voluntária no Centro de Genética Médica- EPM-UNIFESP. Cirurgiãdentista voluntária no Instituto Sorrir para Vida. Professora da disciplina de Pacientes Especiais do curso de Odontologia da Universidade Braz Cubas. Coordenadora do NEANE - Núcleo de Estudo e Atendimento a Pacientes com Necessidades Especiais, do curso de Odontologia da Universidade Braz Cubas. Possui experiência na área de Odontologia, com ênfase em Prótese e Implantodontia, atuando, principalmente, nas áreas de: pacientes portadores de necessidades especiais, síndromes genéticas, genética clínica, síndrome cardiofaciocutânea, síndrome de Marfan, face/ anormalidades e cefalometria/métodos.
Odonto Magazine - A síndrome de Down é, dentre as anomalias genéticas, a de maior ocorrência. Existe um protocolo de atendimento definido pelas autoridades odontológicas para pacientes portadores de tal síndrome? Jane Sanchez - A síndrome de Down foi descrita em 1866, pelo médico britânico John Haydon Down, que atribuiu à síndrome o termo mongolismo, devido à semelhança física com pessoas que habitavam a Mongólia. Entre tais semelhanças, estavam: a pequena prega no canto interno das pálpebras, a inclinação para cima das fendas palpebrais e o achatamento dos molares. Em 1959, o cientista francês Jerome Lejeune demonstrou que a síndrome de Down era causada pela presença de um cromossomo extra do par 21, o que permitiu a sua denominação também como síndrome da trissomia do cromossomo 21. As alterações sistêmicas e anatômicas da síndrome, incluem: hi-
potonia muscular, desenvolvimento neuropsicomotor retardado, cardiopatia congênita, atresia duodenal, leucemia, entre outras. Dentre as características faciais e orais, temos: menor crescimento crânio facial; menor número de cáries dentárias; e uma maior susceptibilidade à doença periodontal; possuem uma macroglossia relativa, devido ao pequeno espaço encontrado para o posicionamento da língua. A incidência da síndrome de Down é de 1:800 nascimentos. Segundo dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), o número de casos no país supera os 300 mil. Encontramos várias publicações de propostas de protocolo para atendimento aos pacientes com necessidades especiais. Em 2010, o Conselho Regional DE Odontologia do DF e a Secretaria de Estado de Saúde criaram uma Comissão para Atendimento Odontológico ao Paciente com Necessidades Especiais
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Entrevista e elaboraram um protocolo de atendimento, que pode ser encontrado em http://www.stdweb.com.br/stdweb/imagensCRODF/protocolo_final.pdf. Este manual é muito interessante, pois auxilia o cirurgião-dentista na questão do atendimento, além de informar sobre a documentação do paciente. Em 2012, um grupo de especialistas elaborou as Diretrizes para a Atenção à Pessoa com Síndrome de Down. Pela primeira vez, o Ministério da Saúde se mobilizou para estabelecer condutas para atendimento desse grupo populacional. Tais condutas estão disponíveis em: http://pt.scribd.com/doc/137474123/Diretrizes-Cuidados-Sindrome-Down. Odonto Magazine - Algumas manifestações sistêmicas, como o funcionamento da glândula da tireoide, podem causar modificações no quadro de saúde bucal dos pacientes com síndrome de Down. Quais são as principais alterações sistêmicas? Como tais manifestações podem interferir na saúde bucal? Jane Sanchez - O hipotireoidismo, o diabetes mellitus, a hepatite crônica ativa são alguns exemplos de patologias autoimunes, cuja incidência está aumentada nesses pacientes. A prevalência de doenças da glândula tireoide em pacientes com síndrome de Down é alta. O hipotireoidismo é mais comum nestes pacientes. Os sinais e sintomas do hipotireoidismo, são: diminuição dos reflexos, pele seca, retardo no desenvolvimento intelectual e músculo esquelético, queda de cabelo, sonolência, aumento de peso, colesterol elevado, etc. Tais alterações podem interferir na saúde bucal, visto que interferem na saúde geral do paciente. O diabetes mellitus, também frequente nestes pacientes, requer todos os cuidados inerentes aos pacientes com a patologia. Odonto Magazine - Quais são as manifestações orais mais apresentadas pelos pacientes portadores da síndrome de Down? Jane Sanchez - As manifestações orais na síndrome de Down incluem: mandíbula e cavidade bucal pequena, palato estreito alto e ogival, macroglossia relativa e língua geográfica. É comum a postura da língua aberta, devido a uma nasofaringe estreita, tonsilas e adenoide hipertrofiada. A protrusão da língua e a respiração bucal frequente resultam em secura e fissura dos lábios. Na região das comissuras labiais, podemos observar a presença de queilite angular, devido à dificuldade do indivíduo em fechar a boca. A dentição apresenta anomalias características, e a doença periodontal é prevalente. Dentre as anomalias dentais, as mais frequentes referem-se à oligodontia, microdontia, hipodontia, fusão e taurodontia. A hipodontia ocorre nas duas dentições e a microdontia é a mais prevalecente das alterações observadas. As anomalias dentárias de desenvolvimento, como as malformações coronárias e radiculares, também são comuns. Desarmonias oclusais, mordidas cruzadas posteriores, apertognatia e apinhamento pronunciado dos dentes são habituais nestes pacientes. Odonto Magazine - Os pacientes com síndrome de Down, normalmente, apresentam algum tipo de alteração na composição salivar. Como esta modificação pode influenciar na saúde bucal geral? Jane Sanchez - O fluxo salivar de pacientes com síndrome de Down é, em média, 50% menor do que em crianças normais. Esta redução está vinculada, preferencialmente, ao metabolis-
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mo da glândula parótida. Além disso, o pH salivar é mais alto, assim como os níveis de sódio, cálcio e bicarbonato. Consequentemente, a capacidade tampão também é elevada, o que acarreta uma baixa incidência de cárie. Odonto Magazine - Qual é a importância da abordagem no atendimento do bebê com síndrome de Down nos primeiros seis meses? Jane Sanchez - É muito importante examinar a cavidade bucal e detectar, precocemente, alguns problemas de saúde, propiciar a identificação e a intervenção prematura acerca de problemas, tais como: o desmame precoce, a anquiloglossia e as doenças bucais da primeira infância. Alertar quanto à erupção tardia dos dentes decíduos e a higiene, que deve começar antes da erupção, na cavidade bucal. Uma alimentação adequada - do ponto de vista de consistência e qualidade - e o fracionamento das refeições têm influência direta na saúde oral. A adoção de hábitos alimentares saudáveis na infância contribui para o bom crescimento, desenvolvimento e prevenção de doenças, portanto, é de fundamental importância detectar, precocemente, os erros alimentares, devido à repercussão na saúde oral e no estado nutricional. Odonto Magazine - Alguns estudos apontam os benefícios do uso da toxina botulínica em determinados tratamentos odontológicos. Como a prática pode ser aplicada no caso de pacientes portadores da síndrome de Down? Jane Sanchez - O uso da toxina botulínica para o controle do bruxismo nos pacientes que inviabilizam a utilização da placa miorrelaxante pode ser muito interessante, pois deve minimizar os efeitos do hábito de ranger os dentes neste grupo de pacientes. Ao aplicar a toxina no masseter, a tensão diminui. Assim, o tecido não tem força suficiente para promover o atrito entre os dentes, capaz de causar desgaste. A toxina bloqueia a liberação de acetilcolina, neurotransmissor que transporta mensagens entre o cérebro e as fibras musculares. Sem ordens para se movimentar, o tecido relaxa e, quando sua tensão está por trás de tormentos, eles vão embora por, pelo menos, seis meses. A toxina botulínica começa a atuar quatro dias depois da aplicação, e sua ação diminui com o passar do tempo. A vantagem desse recurso terapêutico é apresentar um resultado eficaz e rápido, sem quase nenhuma contraindicação. Somente os intolerantes à lactose precisam evitá-lo, pois o açúcar do leite serve como uma espécie de veículo para a droga. Odonto Magazine – Qual é a importância do bom relacionamento do cirurgião-dentista com a equipe multidisciplinar envolvida no cuidado ao paciente com síndrome de Down? Jane Sanchez - Alguns serviços de cuidado e estimulação voltados para pessoas com síndrome de Down oferecem atendimento de uma equipe terapêutica essencial, constituída por: fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, educador físico, nutricionista, pedagogo, além de uma equipe de apoio, composta por: médico, enfermeiro, dentista e assistente social. A equipe terapêutica deve atuar, semanalmente, junto ao paciente e sua família; e a equipe de apoio com periodicidade mensal, bimestral ou semestral.
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A incidência da síndrome de Down é de 1:800 nascimentos. Segundo dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), o número de casos no país supera os 300 mil
É muito importante que estes profissionais estejam afinados e em constante contato, para que possam contribuir para a qualidade de vida do paciente com síndrome de Down e de seus familiares. Odonto Magazine - Quais são os cuidados que devem ser tomados quando existe a necessidade de contenção física? Jane Sanchez - É necessária a investigação da presença de frouxidão ligamentar atlanto-axial, previamente ao uso de contenção física. Quando presente, esta alteração contraindica o uso da técnica de contenção, devido ao risco de ocasionar lesões à coluna vertebral. A analgesia inalatória é obtida por meio do óxido nitroso (O2 / N2 O) e foi descoberta, em 1844, por um cirurgião-dentista norte americano chamado Horace Wells. No início era aplicada apenas com óxido (N2 O), para o controle da dor com a finalidade de anestesia, porém, foi identificado que, se utilizada em maior dose de gás puro, pode causar um grande risco ao paciente, deixando-o em um estado de inconsciência. Devido a este fator, esta técnica foi aprimorada e, atualmente, está empregada associada ao oxigênio (O2), com a finalidade principal de efeito relaxante e não com objetivo de anestésico. É utilizada em associação do anestésico local, a fim de obter o efeito desejado, tornando-se um excelente coadjuvante das técnicas de condicionamento psicológico. A sedação inalatória consciente com a mistura de N2O/O2 (óxido nitroso/ oxigênio) apresenta significativas vantagens em relação a outras vias de administração, sendo, atualmente, a técnica de sedação consciente mais segura para controle do medo e ansiedade. O fato se deve a ação rápida e, consequentemente, eliminação. Este procedimento é utilizado após o condicionamento psicológico. É indispensável o conhecimento de toda a patologia que envolve o paciente com síndrome de Down, para que seja feita a medicação consciente e eficaz nos momentos que requerem a intervenção do profissional da Odontologia. Faz-se necessário, o perfeito entrosamento entre o médico e o dentista, para garantirmos a saúde e a qualidade de vida de nosso paciente.
Os pacientes portadores da síndrome de Down podem ser cardiopatas, diabéticos, hipertensos ou podem não apresentar nenhuma destas patologias. Cabe aos profissionais envolvidos, partilharem informações importantes para o cuidado necessário. Odonto Magazine - Como a questão da qualidade de vida deve ser trabalhada pelos profissionais de saúde bucal junto aos pacientes portadores da síndrome? Jane Sanchez - A discriminação contra as pessoas portadoras de síndrome de Down e as suas famílias, infelizmente, existe. Eles enfrentam, muitas vezes, o estigma, a segregação, a violência física e psicológica e a falta de igualdade de oportunidades. O cirurgião-dentista deve garantir a saúde bucal aos pacientes por meio de ações preventivas e direcionadas aos cuidadores. Devem dar a oportunidade de cuidados estéticos, para que a autoestima seja sempre cultivada. Ela é essencial para este grupo de pacientes. Os cuidadores e familiares dos pacientes com síndrome de Down perceberam que o melhor para todos é não escondê-los da sociedade, como muitos fizeram no passado, pois, quanto mais estes indivíduos forem vistos e conviverem com a população em geral, mais fácil será superar o preconceito. Odonto Magazine – Como o profissional de saúde bucal deve agir para buscar capacitação e/ou treinamento no segmento de cuidados odontológicos aos pacientes portadores de síndrome de Down? Jane Sanchez - Em todo o Brasil, temos cursos de especialização oferecidos aos cirurgiões-dentistas. O curso de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais, reconhecido pelo Conselho Federal de Odontologia – CFO, tem por objetivo o diagnóstico, a preservação, o tratamento e o controle dos problemas de saúde bucal dos pacientes que apresentam uma complexidade no seu sistema biológico e/ou psicológico, e/ou social, bem como percepção e atuação dentro de uma estrutura interdisciplinar com outros profissionais de saúde e áreas correlatas com o paciente.
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Relacionamento
Inovação e tecnologia a serviço da saúde bucal Danielle Panissa Diretora de Marketing da P&G Brasil. Formada em Administração de Empresas pela FAAP. Possui especialização Master em Marketing pela escola espanhola EADA, de Barcelona e MBA pela Business School, de São Paulo. Liderou um dos mais importantes projetos da área, com o lançamento da linha de creme dental Oral-B no Brasil.
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esde 1950, quando o Dr. Robert Hudson desenvolveu a primeira escova com cerdas de nylon, que revolucionou a época, a Oral-B tem trabalhado para sempre oferecer inovações tecnológicas e produtos de alta qualidade para cuidar da saúde bucal dos consumidores de todas as idades, todos os dias. Integrada à Procter & Gamble (P&G), desde 2006, a marca conta com uma linha de produtos completa, que inclui escovas dentais elétricas, manuais, especiais para diferentes faixas etárias e interdentais; fios e fitas dentais, antissépticos bucais, cremes dentais e produtos com finalidades específicas, como as revolucionárias tiras branqueadoras. Trabalhamos para oferecer avanços tecnológicos, que visam simplificar a vida das pessoas, tornando os cuidados com a saúde e o bem-estar mais fáceis e acessíveis a todos. No Brasil, a marca conta com as linhas Oral-B Complete, Oral-B 3D White, Oral-B Stages, Ora-B Pro-Saúde e a linha de escovas elétricas Oral-B Professional Care.
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O DNA Dentre os diversos benefícios entregues aos consumidores brasileiros por meio de seus produtos, a Oral-B representa o DNA de inovação e superioridade da P&G nas mais variadas categorias. A Procter & Gamble, que está presente na vida de 4,8 bilhões de pessoas ao redor do mundo, sabe que a única forma de continuar a melhorar vidas é por meio da inovação. Com esses princípios, a P&G orgulha-se de ter criado inúmeros produtos inovadores ao longo de sua história, por exemplo, a primeira lâmina de barbear descartável (1903), o primeiro absorvente feminino com abas (1983) e a escova de dentes como a conhecemos hoje (1950). A empresa trabalha dia a dia para desenvolver produtos e serviços que atendam às necessidades dos consumidores. Anualmente, são investidos mais de 2 bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento pelo time de mais de 8 mil cientistas em 26 centros de inovação no mundo dedicados à paixão de criar produtos.
Relacionamento Dentre seu portfólio de marcas renomadas e de qualidade estão as líderes Pampers®, Ariel®, Always®, Pantene®, Mach3®, Downy®, Iams®, Oral-B®, Duracell®, Olay®, Head & Shoulders®, Wella®, Gillette®, Fusion®, Ace®, Febreze® e Vick®. A P&G possui operações em aproximadamente 70 países ao redor do mundo. Mais criações que fazem parte da história de inovação da P&G: » A primeira lâmina de barbear descartável. » A primeira fralda descartável de sucesso. » A escova de dentes como a conhecemos hoje. » O primeiro creme dental com flúor. » O primeiro absorvente feminino com abas. » O primeiro detergente em pó com enzimas capaz de remover manchas.
Trajetória de conquistas » 1950: a maior autoridade norte-americana na prevenção de doenças bucais, Dr. Robert Hudson, desenvolve uma revolucionária escova com cerdas de nylon que proporciona melhor limpeza dos dentes e massageamento das gengivas. O nome Oral-B é escolhido por Dr. Hudson acreditar que as escovas eram importantes para toda a boca. A letra “B” é colocada por ser a inicial da palavra “brush” (escova em inglês). » 1969: com o apoio de dentistas, a marca cresce e adiciona ao seu portfólio novos tamanhos de escovas de dentes. Começam os investimentos em publicidade e a Oral-B torna-se a primeira escova de dentes a ir à Lua, a bordo da missão Apollo 11. » 1978: os produtos Oral-B chegam ao país pela Cooper do Brasil. » 1984: a operação mundial da Oral-B é comprada pela Gillette Company. » 1987: é constituída, no Brasil, a empresa Oral-B do Brasil Ltda., que passa a produzir, divulgar e comercializar os produtos da marca. É lançada a escova Oral-B Ultra Plus. » 1991: a marca apresenta a escova Oral-B Indicator, a primeira a trazer cerdas que perdem a cor conforme o uso, com tecnologia patenteada. » 1996: Oral-B traz mais uma novidade ao mercado de higiene bucal: a escova Oral-B Advantage Control Grip, com uma combinação de cerdas Power Tip e Action Cup, que ajudam a limpar zonas de difícil acesso e um cabo antideslizante para maior controle dos movimentos no uso da escova. » 1999: chega ao mercado brasileiro a primeira Escova Premium, Oral –B Cross Action, com tecnologia das cerdas cruzadas que elevam o percentual de remoção de placa. » 2000: a marca lança a linha de clareamento dental Whitestrips. » 2001: a marca lança a escova Oral-B Advantage Plus e a linha para o público infantil Oral-B Stages, que conta com produtos específicos para cada fase das crianças. » 2006: Oral-B é comprada pela Procter & Gamble e apresenta a escova elétrica Oral-B Pulsar, que revoluciona o mercado de escovas dentais. » 2009: a marca traz ao mercado brasileiro o creme dental Oral-B Pro-Saúde. » 2012: Oral-B traz ao Brasil a linha de produtos para clareamento dental Oral-B 3D White, com as revolucionárias tiras clareadoras. » 2013: chega ao Brasil a escova elétrica mais avançada da história da marca: Oral-B Professional Care 5000, que remove até 100% mais placa bacteriana do que uma escova manual.
Companheirismo e proximidade com dentistas Para estar sempre próxima dos dentistas, a Oral-B conta com a área de Relações Profissionais, que está sempre em contato com os profissionais da área para apresentar o portfólio completo da marca, reforçando a qualidade e os diferenciais dos produtos Oral-B e também para apresentar estudos clínicos elaborados pela P&G, que trazem conteúdos relevantes para os dentistas, com base nas pesquisas, tecnologia, ciência e em todo processo de desenvolvimento de novos produtos. Carlos Kemel, o gerente de Relações Profissionais de Oral-B, enfatiza que, quando falamos dessa área, nos referimos ao relacionamento com o dentista em seu consultório e também com os formadores de opinião de universidades e de associações, que multiplicam para seus pacientes, alunos e seus associados o conhecimento levado por nossa equipe aos seus consultórios. O Brasil é o país com a maior população de dentistas do mundo, com média de 230 mil profissionais. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o ideal seria um profissional para cada 1.200 habitantes no país. Em São Paulo, por exemplo, algumas regiões possuem um dentista para cada 400 habitantes. Com base nisso, a P&G Brasil conta com a maior equipe de representantes da companhia na América Latina. São profissionais treinados que buscam levar o conhecimento científico aos dentistas e explicar sobre os produtos inovadores da marca, para que estejam preparados quando os pacientes perguntarem sobre determinado produto. A Oral-B está presente na carreira dos dentistas, desde sua formação, por meio da iniciativa Currículo Saudável, uma realização da marca que, há três anos leva palestrantes e profissionais da área para 20 novas faculdades por semestre, para abordarem sobre diversos assuntos com alunos de odontologia de todo o país. Também para se aproximar desse público, a Oral-B participa dos maiores congressos e feiras da área odontológica no Brasil, como o CIOSP (Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo), que reúne entre 50 e 70 mil dentistas. Nossos representantes são muito bem recebidos pelos dentistas em seus consultórios. Nosso relacionamento tornou-se um caminho de mão dupla, aprendemos muito com eles e também esperamos oferecer todo conhecimento que buscam e necessitam. Todo esse trabalho e relacionamento, com um acompanhamento e avaliação, também permite que a marca tenha um rico retorno sobre como trabalha, no que deve melhorar, dá subsídios para alinhar suas expectativas de acordo com as necessidades do profissional e, consequentemente, dos consumidores.
Tecnologia para a melhor escovação Pesquisas realizadas pela marca apontaram que a maioria das pessoas não escova os dentes pelo tempo recomendado pelos dentistas, ou seja, pelo menos dois minutos, três vezes ao dia. Por isso, a nova linha de escovas elétricas Oral-B vem equipada com um temporizador, que, além de ajudar nesse controle, oferece uma ampla gama de recursos para uma limpeza excepcional, como detectar se a pressão utilizada está correta, além de sinalizar e orientar o consumidor a escovar todas as áreas da boca. Sabemos que nove entre 10 pessoas que começam a usar escovas elétricas não voltam a usar escovas manuais e 85% dos usuários recomendariam o produto para familiares e amigos. A Oral-B traz ao Brasil a primeira escova digital, com o que há de mais moderno e tecnológico nesse setor. Como a escova digital é recarregável, ela mantém 100% da performance durante todo
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Relacionamento o tempo de uso, o que não acontece com as escovas à pilha, que têm resultados baseados na performance da bateria. O destaque da nova linha é a Oral-B Professional Care 5000, que proporciona uma limpeza de altíssimo nível, dente por dente, com até 8.800 movimentos de rotação e 40.000 movimentos de pulsação por minuto, graças à tecnologia 3D. O produto penetra mais profundamente para limpar lugares de difícil alcance e pode ajudar a reverter casos de gengivite, além de proporcionar gengivas mais saudáveis. A Oral-B Professional Care 5000 possui tecnologia inteligente, em que a cabeça da escova, o cabo e o monitor trabalham juntos, ajudando os consumidores a escovarem os dentes de maneira mais eficaz. O cabo se comunica com o monitor sem fio e fornece um sinal, caso o usuário esteja escovando os dentes com muita força, orienta quando é recomendado mudar de lado da boca e indica quando são atingidos os dois minutos de escovação recomendados. Segundo especialistas, se a pressão empregada na escovação for maior do que a necessária, os movimentos das cerdas são prejudicados e, com isso, as cerdas têm menos contato com a superfície dos dentes, o que torna a escovação menos eficaz para remoção da placa. Além disso, o excesso de força na escovação pode, com o tempo, levar à abrasão de tecidos duros e moles, causando retração das gengivas. A Oral-B Professional Care 5000 guia os consumidores a escovarem os dentes no tempo correto e com a pressão apropriada. Caso o consumidor faça muita pressão, o monitor digital sem fio sinaliza isso com uma carinha triste na tela e a escova automaticamente reduz os movimentos. Simultaneamente, um botão vermelho acende na base, reduzindo a velocidade para o modo sensível, toda vez que a pressão estiver mais alta do que o adequado.
Continuamente em prol da saúde Para a criação da linha de cremes dentais Oral-B Pro-Saúde, a marca empenhou-se no desenvolvimento de tecnologias e na combinação de ingredientes que têm o respaldo de mais de 15 patentes internacionais. Um total de 70 pesquisas publicadas comprova que Oral-B está à frente tanto em inovação como no avanço científico na área de cuidados bucais. O creme dental Oral-B Pro-Saúde Clinical Protection Controle da Placa, desenvolvido com uma tecnologia superior, ajuda a combater a placa e a prevenir que ela reapareça. Sua fórmu-
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la exclusiva oferece uma limpeza superior, graças à combinação de dois componentes principais: fluoreto estanoso e fluoreto de sódio, que agem contra os micro-organismos que causam placa e criam uma barreira que impede a reprodução dos germes. Além de reduzir, significativamente, a placa e ajudar a prevenir o seu reaparecimento, o creme auxilia no combate às cáries e ao tártaro, previne contra gengivite, branqueia os dentes, removendo manchas da superfície, refresca o hálito e protege contra hipersensibilidade dentinária. Estudos clínicos demostraram que o fluoreto estanoso – um dos mais modernos e poderosos ingredientes para cremes dentais, fruto de mais de 10 anos de pesquisa de Oral-B – possui propriedades bactericidas que retardam o metabolismo das bactérias, levando a um crescimento mais lento e à consequente diminuição da produção da placa bacteriana, contribuindo, ainda, para a redução de inflamações e sangramentos da gengiva.
Já a inovadora escova Oral-B Pro-Saúde Clinical Protection Pro-Flex, possui dois lados flexíveis, que se ajustam individualmente aos dentes e gengivas para melhor remoção da placa bacteriana. Quando usada regularmente com o creme dental Oral-B Pro-Saúde Clinical Protection Controle da Placa, os produtos promovem até 24 horas de proteção contra a placa bacteriana.
Oral-B 3D White Em 2012, a marca lançou no Brasil a renomada linha de produtos para clareamento dental Oral-B 3D White, que já é sucesso de vendas nos Estados Unidos. Além do 3D Whitestrips, um produto pioneiro no mercado brasileiro, que permite o clareamento dental por um preço acessível, a linha também conta com creme dental e escovas manuais. Com o sucesso da linha, a marca acaba de lançar o creme Oral-B 3D White Luxe, que branqueia os dentes, removendo 90% das manchas superficiais em apenas cinco dias e proporciona dentes mais brilhantes desde a primeira escovação; e a escova Oral-B 3D White Luxe Pro-Flex, que conta com uma tecnologia superior com dois lados flexíveis que se ajustam individualmente aos dentes e à gengiva, para melhor alcance e remoção de placa bacteriana. Oral-B 3D Whitestrips são fitas flexíveis cobertas de peróxido, um gel branqueador que alcança as manchas intrínsecas dos dentes, deixando-os visivelmente mais brancos em apenas três dias, com resultados completos após uma semana. A segurança e a eficácia de 3D Whitestrips foram avaliadas em estudos clínicos que também comprovaram que o produto deixa os dentes mais brancos em apenas três dias, oferecendo o resultado completo em uma semana de uso.
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O uso clínico de fluoretos em adultos
Luiz Felipe Scabar Cirurgião-dentista. Mestre em Odontologia. Doutor em Saúde Pública. Especialista em Saúde. Diretor Adjunto da Diretoria do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Paulista. Professor da disciplina de Saúde Pública da Universidade Paulista. Membro do Grupo de Pesquisa em Saúde Pública da Universidade Paulista.
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evido à alta prevalência em várias regiões do mundo, as doenças bucais estão entre os principais problemas de saúde pública, gerando impactos em termos de dor e sofrimento, prejuízos na oclusão e seu efeito na qualidade de vida, principalmente entre os socialmente mais vulneráveis. Em relação à cárie dentária, seu declínio observado em muitos países, foi resultado de uma série de medidas de saúde pública, entre as quais, o uso dos fluoretos, melhora das práticas de cuidado e ações de educação em saúde. A partir da constatação da queda nos níveis de cárie dentária, muito tem sido discutido quanto aos fatores associados a esse fenômeno, dentre eles, os fatores sociais e de comportamento. A possibilidade de conhecer fatores de risco para a cárie dentária permite adequar os cuidados de saúde bucal e reorientar estratégias e investimentos em prevenção. O uso de flúor é uma estratégia fundamental no controle da cárie dentária. A presença constante desse elemento químico na cavidade bucal exerce efeitos preventivos por atuar na remineralização do esmalte dentário. O flúor, quando utilizado topicamente, favorece a formação do fluoreto de cálcio (CaF2) na superfície do esmalte, que atua como depósito de flúor e também apresenta atividade antimicrobiana, além de
atuar quimicamente, dificultando a formação de substâncias ácidas e da placa bacteriana. Até meados do século passado, acreditava-se que para o benefício máximo do fluoreto, este deveria ser incorporado à estrutura do esmalte dentário durante o seu desenvolvimento, no entanto, nos últimos anos, pesquisadores discutem o mecanismo cariostático dos fluoretos e indicam que seu efeito predominante para o controle da lesão seria tópico, por meio de uma atuação nos processos de des e remineralização que acontecem entre à superfície dentária e os fluidos bucais, sendo assim, a atuação do dentista se torna ainda mais importante, pois a educação em saúde e a aplicação de flúor tópico em adultos são fundamentais para o combate à cárie dentária. Existem diversos compostos fluoretados utilizados em veículos de aplicação tópica, os dois principais são o fluoreto de sódio (NaF) e o monofluorfosfato (MFP). O fluoreto de sódio é o composto mais utilizado em dentifrícios, soluções para bochechos, géis e verniz. O monofluorfosfato também é utilizado em dentifrícios e géis, e possui a vantagem de produzir formulações com menor custo, por combinar facilmente com abrasivos calcários. Na clínica odontológica, o uso de fluoretos inclui pastas profiláticas, géis, espumas, verniz e materiais odontológicos.
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Ponto de Vista O uso de flúor é uma estratégia fundamental no controle da cárie dentária. A presença constante desse elemento químico na cavidade bucal exerce efeitos preventivos
Existem diversas pastas profiláticas contendo fluoretos, sendo o fluoreto de sódio o composto mais utilizado. A profilaxia é realizada para prevenção de doenças bucais e, previamente, a procedimentos odontológicos que requerem ausência de placa bacteriana. Quanto à necessidade de profilaxia prévia para aplicação de fluoretos, vários pesquisadores indicam que a presença de placa sobre o esmalte não é uma barreira para a incorporação do fluoreto, porém, o procedimento é altamente recomendável para a motivação do paciente na manutenção da sua saúde bucal e, principalmente, para prevenção da doença periodontal. A técnica de aplicação tópica de flúor por meio do gel fluoretado é a mais utilizada, por apresentar facilidade de aplicação e baixo custo. Os compostos mais utilizados são o fluoreto de sódio e o flúor fostado acidulado (FFA), este último, devido à acidez, tem maior interação com o esmalte dentário. As espumas (musses) fluoretadas são utilizadas por meio da mesma técnica, porém, utiliza-se menor quantidade de material, o que torna a aplicação mais segura. Recomenda-se a aplicação de géis fluoretados baseada na avaliação clínica de cada paciente, sendo a média de aplicações de duas a três vezes ao ano. A aplicação é realizada por meio de moldeiras ou pincéis, sendo as espumas aplicadas somente com moldeiras. Pesquisadores ainda discutem o tempo de aplicação do gel fluoretado. Sabese que, a maior incorporação de flúor é obtida com a aplicação em quatro minutos, porém, encontra-se a recomendação de aplicação em um minuto, o que pode ser uma vantagem quando pensamos em tempo de trabalho, mas a aplicação em quatro minutos é ainda a recomendação mais indicada para maior benefício do método. Recomenda-se que, após a aplicação, o paciente fique 30 minutos sem enxaguar a boca ou ingerir alimentos e bebidas e, como em toda aplicação tópica de fluoretos, não é recomendável a aplicação em pacientes em jejum, pois esse composto é rapidamente absorvido em caso de ingestão acidental. Os vernizes fluoretados são indicados para a prevenção da cárie, remineralização de manchas brancas e redução da sensibilidade do dente. O principal composto utilizado é o fluoreto de sódio com alta concentração de flúor. Os vernizes fluoretados foram desenvolvidos com o objetivo de prolongar o tempo de contato entre o fluoreto e a superfície dentária, com períodos de até 12 horas de atuação. A aplicação de verniz fluoretado deve se basear na avaliação clínica de cada paciente, sendo a média de aplicações de duas a três vezes ao ano. Devido à viscosidade do material e sua aderência ao dente, sua aplica-
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ção é considerada simples. O umedecimento do verniz com água após a aplicação acelera o endurecimento do material, diminuindo a dose de ingestão, caso ocorra. A aplicação dos vernizes deve ocorrer após a refeição e higiene bucal, pois a escovação retira o material aplicado, e para sua eficiência é necessário que esse permaneça por um longo período, devido a sua gradativa liberação de flúor. Recomenda-se, também, a não ingestão de alimentos duros durante quatro horas após aplicação, para maior benefício do método. Existem, também, os materiais odontológicos que liberam flúor. O principal produto nessa categoria é o cimento de ionômero de vidro (CIV), devido a sua compatibilidade com o esmalte e a dentina, e por liberar fluoretos, gradativamente, para o ambiente bucal, além da capacidade de recarga de fluoretos. No entanto, o material possui desvantagens, como desgaste e instabilidade de cor. O uso do CIV em restaurações realizadas pela técnica do ART (tratamento restaurador atraumático) é amplamente estudado e mostra-se efetivo também em dentes permanentes e no uso como selante de fóssulas e fissuras. Além dos CIV convencionais, existem os CIV modificados por resina, mais resistentes. Outras aplicações dos CIV são na cimentação de coroas, bandas e braquetes ortodônticos. Quanto ao uso de soluções para bochecho e cremes dentais, embora de aplicação não clínica, a prescrição e a orientação para utilização devem ser realizadas pelo dentista. O bochecho fluoretado é indicado para prevenção da cárie, principalmente para pacientes que utilizam aparelhos ortodônticos, pacientes que apresentam superfícies radiculares expostas e pacientes com fluxo salivar reduzido. É necessário reforçar que, o paciente deve passar por avaliação clínica para uma eficiente prescrição, que deve indicar a concentração de flúor adequada e o período de utilização. O creme dental fluoretado é uma das principais formas de prevenção da cárie dentária. A utilização do creme dental com flúor tem sido um determinante importante para diminuir a prevalência de cárie em populações, pois é um veículo de aplicação de flúor diário, cujo efeito combina a desorganização do biofilme dental, com a ação terapêutica do flúor sobre a superfície do esmalte. O profissional deve avaliar, clinicamente, cada paciente para utilizar a melhor técnica e o produto mais indicado para o benefício máximo na prevenção da cárie. Ainda, como parte da atividade clínica, destaca-se a relevância da atuação dos profissionais na educação em saúde bucal, motivando o uso adequado de produtos fluoretados.
Coluna - Pacientes especiais
Sem pesquisa e sem paixão, nenhuma especialidade sobrevive� - Robert Muller, Anestesiologista, EUA 32
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Coluna - Pacientes especiais
A importância de cuidar da Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais José Reynaldo Figueiredo Cirurgião-Dentista. Doutor em Odontologia Social. Mestre em Odontologia Legal e Deontologia. Especialista em Odontopediatria e em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais. Vice-presidente da Associação Brasileira de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais (ABOPE). Membro do Conselho Científico da Revista Odonto Magazine.
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Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio de sua Resolução n.º 542 de 9 de dezembro de 1975, proclamou a Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiências. Dentre as diretrizes aprovadas, estabelecia-se o respeito devido à pessoa com deficiência, assim como seu direito ao gozo de uma vida digna. Especificamente, em seu Art. 6, propunha-se que as pessoas deficientes teriam direito ao tratamento médico, psicológico e funcional, reabilitação médica e social, além de outros serviços que acelerassem o processo de integração social. Como se vê, o cuidado com os pacientes com necessidades especiais já vem de algum tempo. Especificamente na Odontologia, essa preocupação retroage a algumas décadas. Nos anos 1930, dois dentistas americanos decidiram agrupar indivíduos que apresentavam desvios de padrão de normalidade, especificamente deficiência física e mental, por isso não podiam receber tratamento odontológico regular e os denominaram handicapped. Esta terminologia foi difundida em vários países e, desta forma, no Brasil, tornaram-se os “pacientes excepcionais”. Com o passar dos anos, essa terminologia acabou por se tornar extremamente restritiva e foi substituída por “paciente especial”, por ser mais abrangente e englobar outras alterações além das deficiências físicas e mentais. Atualmente, o termo “paciente com necessidades especiais” (PNE) é mais elucidativo. Mas foi um dentista americano, Manuel Album, o precursor dessa especialidade. No início dos anos 1960, ele criou o primeiro programa de pós-graduação nos EUA para treinar estudantes nos cuidados dos PNE e também foi fundador da Academy for Oral Rehabilitation of Handicapped Persons. No Brasil, a OPNE surgiu em consequência de movimentos importantes de grupos de cirurgiões-dentistas interessados em aprimorar seus trabalhos e diminuir suas dificuldades perante o manejo com as pessoas portadoras de deficiências. Não havia profissionais capacitados para atender a enorme população de deficientes. Movimentos iniciais em 1970 e 1972 culminaram na formação do Grupo de Estudos de Odontologia para Excepcionais (GEOEX), apoiada pela Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD) em março de 1973. Profissionais, como Carlos Lannes, Armando Fourniol e Claudio Gargione estavam entre os precursores dessa modalidade odontológica. Em 1971, nos EUA, um grupo de profissionais com ideais comuns reuniu-se em Atlantic City para o primeiro “International Congress on Dentistry for the Handicapped”, sob o patrocínio da American Society of Dentistry for Children, para discutir a possibilidade de formar uma sociedade internacional para o atendimento odontológico ao PNE. Representantes de diferen-
tes grupos em vários países concordaram em formar a International Association of Dentistry for the Handicapped (IADH), com o objetivo de educar e divulgar informações e promover a formação e integração das associações nacionais. Em 1974, o Brasil foi representado no I Congresso Internacional de Odontologia para Pacientes Especiais e, em 1976, participou do II Congresso Internacional de Odontologia para Pacientes Especiais, já como uma entidade nacional denominada Sociedade Brasileira de Odontologia para Excepcionais (SBOEx), sendo convidada a se filiar a IADH, a fim de participar na sua comunhão de pensamentos e objetivos. Em 1979, a SBOEx passou a se denominar Associação Brasileira de Odontologia para Pacientes Especiais, conhecida pela sigla ABOPE. Nas suas atividades, a ABOPE chamou a atenção de outros profissionais ligados à área de saúde, para fortalecer a coesão entre as áreas multidisciplinares. A ABOPE tem como objetivo promover atividades científicas odontológicas e multidisciplinares, atuar como fórum de debates para troca e divulgação de informações na área de PNE e representar essa área perante organizações nacionais e internacionais. Em Araçatuba, no final dos anos 1980, foi lançada pelo Dr. Ruy dos Santos Pinto a semente para a criação da Jornada Odontológica Brasileira de Estudos sobre Pacientes Especiais - JOPE, grupo que se dedica a difundir a OPNE pelo Brasil e que, hoje, é dirigida pelo Dr. Eduardo Hudson Amaral. A IADH realiza congressos internacionais a cada dois anos, em vários locais ao redor do mundo. O nome da associação foi, entretanto, alterado para “International Association for Disability and Oral Health” (IADH), para refletir a filosofia social atual e também para abranger todos os aspectos da saúde bucal e não apenas a Odontologia. Em 2008, sob a presidência do Dr. Marcello Boccia, a ABOPE realizou o 19° Congresso Internacional da IADH, em Santos, SP. O congresso foi um sucesso, contando com mais de 50% dos participantes oriundos dos quatro cantos do planeta, profissionais da Austrália, Ásia, Américas e Europa. O evento, além de proporcionar aos brasileiros um intercâmbio sem precedentes no nosso país, ainda permitiu aos estrangeiros uma semana de atividades que eles guardarão para sempre em suas memórias. Neste mês, acontece o 1°CISPoD - Congresso Internacional Sobre Saúde da Pessoa com Deficiência e Grupos Especiais - que abriga o 11° Congresso da ABOPE, presidido pelo Dr. João dos Santos Junior, e a 25ª JOPE, em Brasília (DF). A função precípua desse evento é levar conhecimento sobre a OPNE para dentistas de todo o país, promovendo integração dos profissionais em torno de uma atividade essencial para nossa sociedade e gerando discussões sobre o futuro dessa especialidade.
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A importância da informação e da educação para a prevenção Helenice Biancalana Especialista em Odontopediatria e em Ortopedia Funcional dos Maxilares. Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela FCM – UNICAMP. Diretora do Departamento de Prevenção e Promoção de Saúde da Associação Paulista de CirurgiõesDentistas – APCD.
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abordagem deste tema pode causar uma reflexão sobre o que as Políticas Públicas de saúde bucal têm realizado para a melhoria da Saúde Bucal das crianças de idade pré-escolar. É sabido que inciativas privadas e públicas são muito grandes, envolvendo as entidades de Classe, Universidades, Órgãos Públicos Estaduais e Municipais, Ministério da Saúde, Empresas, ONGs, voluntariados, enfim, há uma notável disposição e preocupação com o futuro dessas crianças quanto aos cuidados com a saúde. Quando se pensa em Educar em Saúde a criança que é dependente da família, o trabalho é muito abrangente, permeando pelos pais, professores, cuidadores, etc. A mudança de hábito, geralmente, não é imediata e, menos ainda, quando existe um apelo de consumo muito grande por meio dos inúmeros recursos digitais de mídia, acessados por esse público infantil tão interessado pelos tablets, jogos digitais e tudo o que envolve o mundo digital. Contrastando com tanta modernidade, mais de 11,7% da população brasileira nunca foi ao dentista, sendo a maior população concentrada na fixa etária até quatro anos de idade, isto é, 77,9% das crianças nunca foram consultados por especialista da Odontologia. O PSE, Programa da Saúde Escolar criado em 2007, por meio de uma parceria entre os ministérios da Saúde e da Educação, promove uma ação permanente de conscientização e de acompanhamento para a melhoria da qualidade de vida dos estudantes das escolas públicas brasileiras. O programa aborda temas que fazem parte do cotidiano escolar dos adolescentes, como riscos e danos do uso de álcool, tabaco, crack e outras drogas, violência, saúde sexual, reprodutiva e prevenção das DST/Aids e avaliação de saúde bucal. Os focos da ação, até então, são os estudantes da Educação Básica, gestores e profissionais de educação e saúde, comunidade escolar, estudantes da rede federal de educação profissional e tecnológica e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A metodologia das agendas de educação e saúde é executada como projetos didáticos nas escolas, e todo o controle e execução do programa são feitos pelo Grupo de Trabalho Intersetorial, formado por agentes da saúde, da educação e outros atores locais que possam contribuir para a realização de ações no território. Juntos, esses agentes definem as escolas que participarão do programa, as Unidades Básicas de Saúde envolvidas, os níveis de educação a participar e as atribuições das equipes e das escolas.
Crianças de zero a seis anos serão incluídas no PSE O Ministério da Saúde vai incluir creches e pré-escolas públicas no Programa Saúde na Escola (PSE). Com isso, cerca de 2 mi-
lhões de crianças de zero a seis anos devem ser beneficiadas. A ação faz parte do Brasil Carinhoso, voltado para famílias com filhos de até seis anos, vivendo em extrema pobreza no país. O impacto financeiro estimado é de R$ 175 milhões por ano. Com a inclusão da nova faixa etária no programa, pretende-se reduzir os casos de anemia, desnutrição, obesidade e magreza, bem como problemas visuais e de audição, presentes nessas faixas etárias. A proposta é aproveitar o ambiente escolar para identificar precocemente sinais desses problemas. A portaria também redefine os critérios de adesão. Profissionais das Equipes de Saúde da Família e educadores capacitados farão a verificação do calendário vacinal das crianças que frequentam a creche ou escola, a fim de assegurar o cumprimento das etapas de imunização. O calendário vacinal dessa faixa etária inclui 11 vacinas, que protegem de 15 doenças, entre elas poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola, meningites, tétano, coqueluche, difteria e rotavírus. Ao longo do ano, serão desenvolvidas na rotina das creches e pré-escolas públicas ações de prevenção e de promoção do desenvolvimento saudável por meio de estímulo da alimentação adequada, do cuidado à saúde bucal e da identificação precoce de problemas visuais. Para isso, educadores e profissionais de saúde do programa serão capacitados a identificar problemas de saúde ou atraso de alguma vacina no calendário de imunização infantil, alertando os responsáveis para a atualização vacinal ou para a necessidade de encaminhar a criança à Unidade Básica de Saúde próxima de sua casa para o tratamento e o cuidado necessário. A avaliação de saúde bucal permite a identificação das necessidades de saúde dos escolares, possibilitando o planejamento das ações a serem desenvolvidas. O município de São Paulo, com o projeto São Paulo Carinhosa, voltado à articulação de políticas públicas para o desenvolvimento integral das crianças de até seis anos de idade, contempla a adesão do Mãe Paulista ao Rede Cegonha do Ministério da Saúde, onde o CRO-SP contribuirá, enfatizando a saúde bucal, por meio da educação e prevenção. Mesmo com todos os benefícios da água de abastecimento fluoretada e com as evidências científicas que demostram a eficiência do dentifrício fluoretado e indicação do uso a partir da erupção dos primeiros dentes decíduos sob a supervisão dos pais ou cuidadores, ainda há um descompasso quando se observam os índices dos levantamentos epidemiológicos nessa faixa etária até os cinco anos de idade, que demonstrou no SB 2010 redução de 17% na redução da cárie, porém, 80% desses dentes decíduos não foram tratados.
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Agentes quimioprofilรกticos e quimioterรกpicos para o controle das doenรงas bucais
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Sandra Kalil Bussadori
Carolina Cardoso Guedes
Especialista, Mestre e Doutora em Odontopediatria. Pós-Doutora em Ciências pelo Departamento de Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria da UNIFESP. Professora do Curso de Mestrado em Ciências da Reabilitação da UNINOVE.
Especialista em Odontopediatria. Mestre em Ciências pelo Departamento de Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria da UNIFESP. Professora a Disciplina de Odontopediatria da UBC.
s inovações no campo da Odontologia vêm acontecendo de forma muito rápida e constante. Muitas vezes, pegamo-nos pensando se as técnicas, procedimentos e materiais dentários que aprendemos e conhecemos durante nossa formação ainda são utilizados, se sofreram alterações ou se foram substituídos. Em tempos em que a informação é constante e de fácil aquisição, tanto por profissionais como para os pacientes, é importante que os profissionais da saúde bucal conheçam o que há de inovador na Odontologia. Dentre as medidas preventivas contra a doença cárie, encontram-se o controle mecânico do biofilme, como a profilaxia profissional, a escovação e utilização de fio dental, e a utilização de agentes quimioprofiláticos bactericidas e bacteriostáticos1. Os agentes quimioprofiláticos são compostos que têm a finalidade de suplementar procedimentos profiláticos bucais mecânicos que buscam a eliminação ou limitação do acúmulo do biofilme sobre a superfície dentária. Esta suplementação é baseada na capacidade que estes agentes têm de interferir na atividade metabólica ou adesão das bactérias deste biofilme, já que são, em sua maioria, antimicrobianos. A maioria dos agentes quimioprofiláticos exerce efeitos bactericidas e bacteriostáticos diretos, ligando-se a membrana bacteriana e, consequentemente, interferindo em suas funções, por exemplo, o transporte. A adsorção às membranas também pode alterar a permeabilidade, resultando em vazamento dos componentes intracelulares com desnaturação e coagulação das proteínas contidas no citoplasma. A perturbação do metabolismo bacteriano leva à morte do micro-organismo patogênico2. Os agentes quimioprofiláticos também podem ser utilizados para tratamento não invasivo de lesões cariosas iniciais, sendo classificados como agentes quimioterápicos. Estes agentes podem ser liberados para a cavidade bucal por meio de vários veículos, entre eles os vernizes, que por propiciar um contato prolongado entre o agente e o local de ação, têm demonstrado resultados mais efetivos. O flúor e a clorexidina são agentes quimioterápicos utilizados para a promoção de saúde bucal por possuírem efeito significativo sobre as bactérias bucais, principalmente Streptococcus mutans. A associação dos vernizes de flúor e clorexidina tem sido utilizada em Odontologia, uma vez que o efeito antibacteriano da clorexidina associado ao potencial remineralizador do flúor tem gerado resultados otimistas na manutenção da saúde bucal3-5. Vale dizer que, o flúor empregado na forma de verniz ou por meio do cimento de ionômero de vidro em superfícies oclusais, principalmente de molares com hipoplasia ou hipocacificação. Os vernizes apresentam flúor em alta concentração e foram desenvolvidos para que permaneçam aderidos à superfície dental por um período prolongado, sendo lentamente liberados na cavidade bucal. O verniz que contém clorexidina, quando aplicado na superfície dentária, funciona como um depósito desta substância.
Este material altera o metabolismo das bactérias por penetrar na parede celular bacteriana e precipitar seu citoplasma, consequentemente, causando sua morte5,6. A diminuição do número de micro-organismos patogênicos circulantes melhora a condição bucal do paciente. Segundo Ekenback et al4, o verniz age diretamente no biofilme, diminuindo o número de S. mutans e inibindo o desenvolvimento de cárie de fissura até por três meses após a aplicação, devido à alta substantividade da clorexidina. Quando utilizada em altas concentrações, a clorexidina tem efeito bactericida imediato, em baixas concentrações, tem efeito bacteriostático1. O protocolo de utilização combinada dos agentes quimioretápicos para molares permanentes em erupção está descrito a seguir2.
Metodologia de uso dos vernizes de flúor e clorexidina para molares permanentes em erupção » Mês 1: quatro aplicações intercaladas de verniz de flúor e verniz de clorexidina sobre a superfície oclusal dos molares em erupção (1ª semana – aplicação de verniz de flúor, 2ª semana – aplicação de verniz de clorexidina, 3ª semana – aplicação de verniz de flúor, 4ª semana – aplicação de verniz de clorexidina – totalizando um mês). » Mês 2: uma aplicação de verniz de flúor sobre a superfície oclusal dos molares em erupção. » Mês 3: uma aplicação de verniz de clorexidina sobre a superfície oclusal dos molares em erupção. » Mês 4: uma aplicação de verniz de flúor sobre a superfície oclusal dos molares em erupção. » Mês 5: uma aplicação de verniz de clorexidina sobre a superfície oclusal dos molares em erupção. » Mês 6: uma aplicação de verniz de flúor sobre a superfície oclusal dos molares em erupção.
Referências 1. Figueredo MC, Bussadori SK, Motta LJ, Guedes CC, Zambrano O. Fluoride and chlorhexidine varnish in dental caries control: presentation of a protocol. Ciencia Odontológica 2007; 4(2): 115-21. 2. Bussadori SK, Silva PE, Oliveira TC, Motta LJ. Uso de vernizes de flúor e clorexidina na promoção de saúde bucal. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2004; 58(5):359-62. 3. Cury JA. Controle químico da placa dental. In: Promoção de saúde bucal. São Paulo: Artes Médicas, 1999. p.131-140. 4. Ekenback SB, Linder LE, Lonnies H. Effect of four dental varnishes on the colonization of cariogenic bacteria on exposed roor surfaces. Caries Res 2000; 34:70-74. 5. Garcia MB, Nör JE, Schneider LG, Bretz WA. A model for clinical evaluation of the effect of antimicrobial agents in carious dentin. 6. Madlena M, Vitalyos G, Marton S, Nagy G. Effect of chlorhexidine varnish on bacterial levels in plaque and saliva during orthodontic treatment. J Clinic Dent. 2000; 11(2): 42-6.
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Caso Clínico
Reabilitação estética com facetas cerâmicas
Gustavo Diniz Greco Cirurgião-dentista. Doutor em Odontologia. Mestre e Especialista em Prótese Dentária. Professor de Prótese Dentária e Implantodontia da Faculdade de Odontologia da FEAD. Coordenador do Curso de Especialização em Prótese Dentária ABO-MG.
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padrão estético contemporâneo exige, cada vez mais, um sorriso perfeito. Este sorriso envolve saúde, forma, função, anatomia e uma caracterização cromática que implique em um sorriso esteticamente harmonioso e amplie as oportunidades sociais e profissionais. Nesse contexto, as facetas se tornaram cada vez mais utilizadas como um meio de alcançar a estética dental. O escurecimento dentário é uma alteração estética que causa grande preocupação nos pacientes, podendo atingir o bem estar psíquico destes1,2. A mudança de cor acontece devido aos fatores extrínsecos e intrínsecos. A mancha extrínseca se dá pela ingestão de alimentos com corantes, pelo excesso de fumo e por acúmulo de placa bacteriana3. A alteração cromática intrínseca pode acontecer por fatores locais e sistêmicos. Dentre os fatores locais, podem se destacar, a hemorragia pulpar traumática; a presença de materiais restauradores, como o amalgama ou obturadores do conduto radicular presentes na câmara pulpar; os rema-
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Artur Napoleão Pereira Araújo
Mestre e Especialista em Dentística Restauradora. Professor de Dentística Restauradora da Faculdade de Odontologia da FEAD. Coordenador do Curso de Especialização em Prótese Dentária ABO-MG.
Carla Roberto
Aluna de Graduação da Faculdade de Odontologia da FEAD.
nescentes pulpares presentes após o tratamento endodôntico e os compostos à base de eugenol e iodofórmio. Em relação aos fatores sistêmicos, estão: a porfiria congênita, amelogênese e dentinogênese imperfeita, hepatites neonatais, fluorose, hipoplasia de esmalte e manchas por tetraciclina4. Outros fatores que também influenciam na coloração dental são as reabsorções e o envelhecimento da raiz5. De acordo com as indicações clínicas para cada caso, as opções de tratamento devem ser orientadas, quando possível, iniciando sempre pelas possibilidades com menor ou nenhum custo biológico6. Para os dentes escurecidos, as alternativas de tratamento são o clareamento, seja exógeno ou endógeno em casos de dentes tratados endodonticamente, confecção de facetas diretas em resina composta, confecção de faceta indireta em cerâmica e confecção de coroa total cerâmica7. A técnica do clareamento dentário tem como vantagem o menor desgaste da estrutura dental em comparação com as outras
Caso Clínico técnicas e o custo relativamente baixo8. Por outro lado, trata-se de uma técnica limitada, que apresenta, principalmente, riscos de recidivas de manchamento, redução da resistência do esmalte e reabsorção radicular externa4. Em dentes escurecidos há muito tempo e com amplo acometimento, a reversibilidade da cor torna-se difícil somente com o clareamento dentário, acarretando no insucesso da técnica. Outros fatores, como localização, profundidade da mancha, qualidade e quantidade da estrutura dental, relação entre a área comprometida e as distâncias biológicas, análise oclusal e grau de higienização do paciente, complementam o diagnóstico e contribui para o sucesso do procedimento escolhido9,10. A faceta dental fundamenta-se no recobrimento da face vestibular do esmalte dentário por um material restaurador: resina composta (técnica direta) ou cerâmica pura (técnica indireta) fortemente unida ao elemento dentário através de sistemas adesivos11. São consideradas conservadoras, uma vez que promovem um desgaste menor do dente em comparação às técnicas de preparos cavitários para coroas totais12. Facetas diretas em resina composta têm um custo menor para o paciente. O procedimento é realizado em sessão única, além de ser mais fácil de confeccionar os reparos. Porém, apresentam maior capacidade de manchamento, perda de lisura superficial e fraturas, por serem menos resistentes, proporcionando um prognóstico menos favorável que as cerâmicas11. Devido a estes problemas, as cerâmicas foram, gradativamente, substituindo as resinas diretas na confecção de facetas estéticas. Melhorias nas propriedades das porcelanas e a utilização de sistemas adesivos também contribuíram para o maior emprego desse material na Odontologia estética13. A cerâmica odontológica vem sendo desenvolvida há mais de 200 anos, desde o século XVIII. Inicialmente, ela foi empregada na confecção de próteses totais e de dentes para reproduzir a cor e a translucidez dos elementos naturais. A confecção de restaurações cerâmicas ganhou mais importância na passagem do século XIX para o XX. A razão desse entusiasmo no emprego da técnica foi o fato de a cerâmica feldspática, a única existente na época, apresentar características desejáveis como substituta dos tecidos dentinários naturais, tais como translucidez, estabilidade química, coeficiente de expansão térmica linear próximo ao da estrutura dentária, baixa condutividade térmica, compatibilidade biológica e alta resistência à compressão. Todavia, com o passar do tempo, o emprego da cerâmica feldspática se mostrou limitado em razão de determinadas características, como a friabilidade, a alta resistência à abrasão e o elevado índice de fraturas. Com o posterior surgimento das restaurações metalocerâmicas, a cerâmica feldspática voltou a ser bastante utilizada, seja na confecção de restaurações unitárias, seja em próteses fixas de diversos elementos14. Embora as restaurações em metalocerâmica tenham alcançado certo sucesso, a Odontologia sempre buscou substituir materiais metálicos, sobretudo, em procedimentos estéticos. Com o surgimento da Odontologia adesiva e de cerâmicas avançadas, foi possível confeccionar restaurações de cerâmica livres de metal. É importante lembrar que, essas novas tecnologias de cerâmicas apresentam resistência superior à feldspática, possibilitando a composição de elementos unitários, assim como de próteses fixas menos extensas14. As facetas de porcelana podem ser indicadas, também, em situações envolvendo grandes restaurações na face vestibular, desgaste ou fratura devolvendo ao dente anatomia, cor e função por pos-
suírem características, como: estética, maior estabilidade de cor comparada às resinas compostas, textura e translucidez semelhante ao dente, biocompatibilidade, grande lisura da superfície e propriedades ópticas15,16. Além de possuírem melhores propriedades mecânicas, o que confere durabilidade à restauração, melhor adaptação marginal, devido à utilização de cimentos adesivos e a confecção fora da boca, que permite melhor visualização da anatomia e caracterização individual, tendo, ainda, uma importante biocompatibilidade com os tecidos dentários15,16.
Caso clínico Paciente M.S.P, do sexo masculino, 38 anos de idade, foi atendido pela disciplina de Odontologia Integrada III, na Faculdade de Odontologia da FEAD, apresentando os dentes anteriores superiores comprometidos esteticamente. Durante a anamnese e preenchimento de prontuários, o mesmo relatou se sentir incomodado. No exame clínico, foi constatado que a restauração estava insatisfatória, desarmonia anatômica e textura inadequada e alteração da cor do dente. Foram feitos exames complementares (radiográfico e fotográfico) para o planejamento do caso. As figuras 1 e 2 apresentam as imagens iniciais extra e intraorais do sorriso do paciente, mostrando os comprometimentos dos dentes 11 12, 21 e 22. Na execução do plano de tratamento, foi proposta a remoção das restaurações diretas em resina composta e confecção de preparos cavitários para faceta laminadas cerâmicas (figura 3). Foi realizada uma moldagem inicial, com o objetivo de se obter um modelo de estudo, no qual foi planejado o enceramento diagnóstico, restabelecendo os padrões estéticos e funcionais do paciente (figura 4). Sobre este novo modelo de sorriso apresentado ao paciente com o enceramento diagnóstico, foi confeccionada uma muralha de silicone, com o objetivo de nortear os desgastes dos preparos cavitários. Os preparos de facetas foram realizados respeitando os limites determinados pelas muralhas de silicone, como pode ser visualizado nas figuras 5, 6 e 7. Após a confecção dos preparos cavitários do tipo faceta, passamos à confecção das moldagens de trabalho, iniciando pela adaptação dos fios retratores, Ultrapack 00 (Ultradent), embebidos e solução hemostática, utilizando-se a técnica do duplo fio (figura 9). O acabamento dos preparos foi realizado com discos de lixa de média granulação e pontas de granulação fina, número 2135 F (figuras 10 e 11). As moldagens de trabalho foram obtidas com silicone de adição, utilizando a técnica de dois passos, obtendo-se a moldagem com o material denso, realizando o alívio interno da moldagem com o instrumento de confecção de sulcos e realizando uma nova moldagem com o silicone de adição em suas pastas flúidas (figuras 12 e 13). As próteses provisórias foram confeccionadas a partir do guia de silicone, obtida do enceramento diagnóstico, utilizando-se o Protemp 4 – 3M Espe (figuras 14 e 15). O trabalho foi enviado para o laboratório e solicitado o escaneamento dos modelos para obtenção das facetas cerâmicas, do tipo E-max, pelo sistema CAD/CAM. (figura 16). Os procedimentos de cimentação se iniciaram com a limpeza da superfície dos dentes preparados com escovas e pastas abrasivas. Todos os procedimentos de condicionamento ácido e aplicação do sistema adesivo foram cuidadosamente seguidos até que a cimentação estivesse finalizada (figuras 17 e 18).
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Caso Clínico
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Fotografia inicial extraoral.
Foto intraoral mostrando alteração cromática e restaurações diretas insatisfatórias nos dentes anteriores superiores.
Canaleta de orientação vertical do preparo cavitário.
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Fotografia inicial intraoral.
Moldagem para obtenção de modelo de estudo.
Verificação das quantidades de desgaste dos preparos.
Caso Clínico
Figura 8
Vista dos dentes após o preparo para faceta.
Figura 7
Verificação das quantidades de desgaste dos preparos.
Figura 9
Inserção dos fios retratores.
Figura 10
Acabamento dos preparos cavitários.
Figura 12
Moldagem do arco superior.
Figura 11
Acabamento dos preparos cavitários.
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Caso Clínico
Figura 13
Moldagem do arco superior.
Figura 14
Obtenção das próteses temporárias.
Figura 15
Obtenção das próteses temporárias.
Figura 16
Trabalho laboratorial finalizado.
Figura 18 Figura 17
Preparação e profilaxia das cavidades.
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Aspecto intraoral final das facetas cerâmicas cimentadas.
Caso Clínico Discussão Nos últimos anos, houve um crescente interesse pelas restaurações cerâmicas livres de metal 15. Com o desenvolvimento dos sistemas adesivos, tornou-se possível a realização de restaurações funcionais e estéticas menos onerosas e mais conservadoras8. As melhorias nos materiais cerâmicos e aprimoramento das técnicas também têm contribuído para o uso dos laminados cerâmicos no tratamento estético14. A combinação desses fatores oferece dureza, resistência e resiliência. Estudos mostram que um dente restaurado com facetas de porcelana que é submetido à força póstero-anterior recupera 89-96% da sua rigidez quando coronária, em comparação com um dente saudável11. No entanto, eles apresentam limitações e, para sua utilização é necessário seguir protocolos de tratamento corretos e obter uma relação harmônica entre o profissional clínico e o técnico de prótese dentária9. Para estabelecer um correto planejamento das vantagens e desvantagens das facetas de porcelana, as técnicas e a possibilidade de execução devem ser discutidas com o paciente e com o técnico de laboratório. Além de considerar alguns aspectos, como idade do paciente, quantidade de estrutura dentária disponível, higiene oral, risco de cárie e oclusão2. O mock up” e enceramento diagnóstico, realizados previamente ao preparo, são excelentes formas de avaliar como ficará o tratamento proposto, podendo o paciente concordar com o tratamento e sugerir alguma modificação para melhorar o resultado. Após aprovação do “mock-up”, são realizados os preparos, moldagem, colocação de provisórios e cimentação das facetas cerâmicas11. Em dentes que apresentam comprometimento de cor, com escurecimento médio ou elevado, é necessário confeccionar o preparo do remanescente dental, visando uma espessura e campo de trabalho para o profissional que executará a faceta. Para os dentes escurecidos, o clareamento prévio sempre deve ser ponderado. Um grau de escurecimento deve ser estabelecido, bem como as tonalidades do manchamento. Dentes que apresentam cores acinzentadas ou azuladas deverão ser encarados como severos, mesmo que não tão intensos. Dentes com tons de marrom ou amarelo escuros respondem melhor ao clareamento prévio e oferecem mais facilidade para a confecção da faceta13. Além disso, pode-se ainda utilizar diferentes cores e níveis de opacidade na cerâmica e sistemas de cimentos resinosos específicos para a cimentação de restaurações indiretas livres de metal, contribuindo para o resultado estético final12. A forma e espessura do preparo são aspectos fundamentais para o sucesso das restaurações, e devem ser feitos com a máxima preservação dos tecidos dentais sadios6. Os preparos devem fornecer uma adequada dimensão para o assentamento das facetas de porcelana e propiciar um espaço correto para mascarar o manchamento14. É importante que as margens do preparo sejam em esmalte, isso reduz a chance de acontecer microfratura do cimento resinoso13. Além disso, outros cuidados devem ser tomados para a obtenção de um trabalho mais satisfatório, como o limite da margem cervical do preparo, margem incisal, registro de todo o preparo durante a moldagem, confecção de provisórios, interferência da fase laboratorial e manuseio das facetas antes da cimentação6.
Antes do desgaste da superfície é necessário que tenha realizado o enceramento e uma correspondente matriz para registrar o volume do dente e avaliar a quantidade de desgaste após o preparo. Os provisórios podem ser confeccionados utilizando resinas bis-acrilica, que são colocadas no interior da matriz, que foi obtida pela moldagem do enceramento diagnostico6. Pode-se moldar o dente antes do preparo, com alginato ou silicona, e após preencher a região mais vestibular com resina acrílica e posicionar sobre o dente. Outra opção de confecção de provisório consiste em, após o preparo, aplicar resina sem o condicionamento e aplicação do sistema adesivo, elas não serão cimentadas e só serão removidas após a confecção laboratorial da faceta de porcelana15. Durante a fase de provisórios poderá realizar uma hibridização com sistema adesivo e primer condicionante para selar a dentina exposta durante o preparo do dente e evitar a infiltração de micro-organismos e sensibilidade11. Uma restauração provisória adequada melhora o conforto do paciente, proporciona uma proteção pulpar contra injúrias e proteção dos túbulos dentinários expostos durante o preparo16. Silicone de adição, silicone de condensação, polissulfetos e poliéteres são os materiais mais usados para moldagem de facetas de porcelana. Cabe ao profissional conhecer as vantagens e características de cada material, para realizar a escolha. O silicone de adição foi o material de moldagem utilizado por apresentar uma maior acuidade e estabilidade dimensional 7. Além disso, pode ficar 14 dias armazenado antes do vazamento e tem recuperação elástica 14. A moldagem é um passo importante para registrar todos os detalhes do preparo para a obtenção de excelentes modelos de trabalho7,12. Existem duas técnicas que podem ser executadas, a dupla espatulação ou moldagem simultânea, na qual os materiais denso e fluido são colocados na moldeira ao mesmo tempo e levados à boca de uma só vez, tomando presa em conjunto. Ou, pode-se realizar a moldagem inicialmente com o material pesado na moldeira, fazer alívio e, em seguida, usar o material fluido16. Nessa técnica são feitas duas moldagens separadamente. Após a moldagem com o material pesado o fio retrator é removido e rapidamente é feito o preenchimento do sulco e posicionamento da moldeira com o material leve. Em relação à escolha do cimento resinoso para cimentação de facetas cerâmicas, são sugeridos os cimentos fotoativados, pois os cimentos quimicamente ativados e duais apresentam a amina como ativador químico, que pode provocar alterações de cor com o passar do tempo, comprometendo a longevidade do resultado estético4. Os cimentos fotopolimerizáveis podem ser utilizados apenas para facetas translúcidas e de pouca espessura12. Os cimentos duais são considerados de primeira escolha, já que a sua polimerização independe da espessura ou opacidade da restauração. A cimentação é um dos passos do tratamento restaurador, utilizando facetas indiretas, que exige um maior cuidado. Em seguida, para finalizar o procedimento, realiza-se o ajuste oclusal7. Ao fazer os ajustes, os contatos prematuros são removidos, evitando consequentes fraturas e obtendo uma oclusão harmônica. Para a seleção do sistema cerâmico é importante o conhecimento e limitações de cada material e, ainda, as condições do substrato dental, como qualidade, quantidade e cor. Em relação a cerâmica, os fatores a serem considerados são: a ne-
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Caso Clínico
O padrão estético contemporâneo exige, cada vez mais, um sorriso perfeito
cessidade de resistência, estética e mimetização dos dentes naturais11.
Conclusão Diferentes tipos de tratamento são aplicados em situações de escurecimento dentário. Com o uso de facetas, diversas técnicas e materiais podem ser utilizados, sendo fundamental que o profissional conheça as características positivas e negativas e a correta indicação das mesmas. O uso da faceta de porcelana no caso apresentado proporcionou um excelente resultado estético e funcional, tornando-se possível, com esse tratamento, devolver a harmonia do sorriso e autoestima ao paciente. Além disso, propriedades, como maior estabilidade de cor, grande lisura, textura e translucidez semelhante ao dente natural e a maior resistência ao desgaste irão contribuir para a longevidade da faceta. Os desgastes realizados para o preparo dentário das facetas laminadas foram conservadores, devendo ser mais profundos, conforme o grau de escurecimento do dente. É importante que todos os cuidados sejam respeitados na confecção da técnica para facetas, para obter sucesso nessa modalidade restauradora.
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Caso Clínico
Provisionalização de prótese fixa implantossuportada em caso de perda do implante intermediário
U
Daniel Palhares
Marcelo Bighetti Toniollo
Cirurgião-dentista. Especialista em Prótese Dentária. Mestre em Ciências da Saúde – concentração em Implantodontia. Professor do curso de Especialização em Implantodontia na Associação Nacional de Estudos Odontológicos em Ribeirão Preto – ANEO/RP. Professor do curso de Aperfeiçoamento em Prótese Dentária em Rio Verde – GO.
Cirurgião-dentista. Especialista em Prótese Dentária. Mestre e Doutorando em Reabilitação Oral pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - FORP/ USP – Departamento de Materiais Dentário e Prótese. Professor do curso de Especialização em Implantodontia na Associação Nacional de Estudos Odontológicos em Ribeirão Preto – ANEO/RP. Professor do curso de Aperfeiçoamento em Prótese Dentária em Rio Verde – GO.
danielpalhares@hotmail.com
martoniollo@yahoo.com.br
m dos grandes avanços da Odontologia moderna se deve à descoberta feita por Branemark na década de 1960. O advento da Implantodontia trouxe soluções incrivelmente abrangentes aos pacientes desdentados, tanto parciais como totais. A partir daí, os estudos apresentaram crescentes descobertas na área, o que propiciou inúmeras inovações aos implantes e respectivas próteses. Dentre os variados estudos e evoluções no decorrer dos anos, muito tem se pesquisado sobre as falhas da osseointegração, assim como suas causas e consequências1,2. Tais falhas que ocorrem na interface implante/osso advêm de motivos multicausais. Algumas vezes, também se pode observar a falha em longo prazo dos implantes, sendo que tal motivo não se originou, necessariamente, da ausência da osseointegração, mas, sim, de sua quebra ou perda por algum motivo biomecânico pós-carregamento, por exemplo. Um dos motivos mais comuns no insucesso dos implantes e respectivas próteses após certo tempo em uso é a questão oclusal3,4. Uma eventual prótese sobre implante com contatos oclusais mal distribuídos, ou contatos prematuros indevidos pode, ao longo do tempo, originar um prognóstico deficiente. Outro fator muito envolvido na perda dos implantes se deve à higienização que, sendo ela precária, acomete-os com praticamente os mesmos problemas envolvidos na dentição natural5.
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Ao mesmo tempo em que as causas de falhas na Implantodontia são amplas e abrangentes, as próteses provisórias se configuram como um caminho para o sucesso e previsibilidade final do tratamento6. Além disso, segundo Mezzomo (1994)7, o papel das restaurações provisórias durante o tratamento protético não se limita apenas a uma restauração temporária entre o preparo e a colocação da prótese definitiva, mas, também, promovem ao profissional a oportunidade de criar um modelo para a restauração final. Em algumas situações específicas, isso pode se inverter. Uma vez pronta a prótese definitiva e, por algum motivo, ocorrer problemas com a mesma, ou com os pilares que a sustentam, pode-se, de forma imediata, realizar adaptações no intuito de utilizá-la como provisória. Assim sendo, o intuito do presente caso clínico é relatar a perda de um implante intermediário de prótese fixa sobre implantes realizada há 10 anos e propor uma forma viável de provisionalizá-la previamente à confecção da nova prótese.
Caso clínico Paciente compareceu à clínica odontológica no ano de 2003, em busca de tratamento reabilitador em região posterior mandibular esquerda, devido a desdentamento parcial na área. Por tratar-se de área edêntula sem pilar posterior, foram propostas duas opções de tratamento: prótese parcial removível ou
Caso Clínico prótese sobre implantes. Todas as dúvidas e questionamentos sobre os tratamentos possíveis foram sanadas e o paciente optou pelos implantes. No entanto, pela debilidade óssea na área, foi necessário procedimento de distração osteogênica prévio, no intuito de ganho de tecido ósseo em altura (figura 1). Na então ocasião, pós-distração osteogênica realizada e ganho de osso no sentido vertical, o caso foi estudado e analisado, sendo feitos três implantes. Aguardado o tempo de osseointegração, tais implantes foram reabilitados com prótese fixa metalocerâmica parafusada (figuras 2 e 3). Passou-se 10 anos e, mesmo paciente sendo orientado a comparecer aos retornos periódicos e manutenções necessárias, não houve mais contato com o mesmo. No entanto, no ano de 2013, paciente compareceu novamente ao consultório odontológico com relato de sensibilidade na área do implante intermediário, e de posse de radiografia panorâmica realizada nos anos de 2009 e 2012, onde já foi possível notar uma evolução gradativa de perda óssea circunjacente ao implante intermediário (figuras 4 e 5). Foi checado o ajuste oclusal, o qual estava bem distribuído e balanceado. Não havia sangramento ou qualquer tipo de secreção na área. Os níveis de gengiva marginal livre, coloração e aspecto externo da prótese estavam bem próximos de quando a reabilitação havia sido instalada. Optou-se, então, pela remoção da prótese fixa, a qual, após tal procedimento realizado, foi constatada com considerável depósito de resíduos na área cervical de assentamento aos implantes, principalmente no implante intermediário (figura 6). Procedeuse, portanto, a limpeza de tal prótese com jato de bicarbonato, taças de borracha em baixa rotação e pasta profilática. Após isso, foi feito exame clínico da área. Da mesma forma, a área cervical referente aos hexágonos dos implantes estava relativamente contaminada por resíduos, denunciando uma má ou dificuldade de higienização da região. Paciente relatou nunca ter se atido ao fato de ser necessária limpeza cuidadosa na área da prótese e cuidados específicos, conforme orientado na época de instalação da mesma. Mesmo assim, não havia sangramento ou tecido purulento marginal aos implantes (figura 7).
Toda a área foi adequadamente higienizada e, nesse momento, paciente relatou a mesma sensibilidade que havia lhe trazido ao consultório. Procedeu-se, então, teste de percussão nos implantes, os quais apresentaram sintomatologia dolorosa e aspecto sonoro diferente. Nos implantes extremos, mesial e distal, não houve expressão de dor, e o som claro de osseointegração aconteceu. No entanto, no implante intermediário houve relato de dor à percussão e nítido aspecto sonoro de fibrosamento. Além disso, pequena movimentação lateral também pôde ser observada. Concluiu-se, assim, a perda de osseointegração do implante intermediário, o qual foi removido por meio de montador adaptado ao hexágono do mesmo (figura 8). Imediatamente após a remoção do implante intermediário o sangramento foi contido, e nenhuma sutura na área foi necessária (figura 9). Para que o paciente não ficasse disfuncionado na região, além do prejuízo estético, e pelo fato dos implantes extremos estarem em perfeitas condições, foi realizada a provisionalização da prótese fixa. O orifício referente ao parafuso no elemento intermediário foi selado com resina composta fotopolimerizável, mantendo apenas os hexágonos e área de retenção dos implantes mesial e distal (figura 10). A prótese fixa sobre implantes, que antes era a definitiva, foi instalada novamente sobre os implantes das extremidades, provisoriamente, até que se desse a cicatrização e remodelação óssea na área de remoção do implante intermediário (figuras 11 e 12). Foram esperados três meses de cicatrização da área, tendo ocorrido grande reabsorção, principalmente vertical, na referida região. Assim, o caso ficou impossibilitado de ser reabilitado com um novo implante na área intermediária. Procedeu-se, portanto, a moldagem do caso para realização de nova prótese com pôntico (figuras 13 e 14). A prótese foi instalada seguindo todos os preceitos necessários de ajustes e instruções de higiene, manutenção e retornos periódicos (figuras 15 e 16). Foi feita radiografia panorâmica final do caso para documentação e controle (figura 17).
Figura 1
Figura 2
Radiografia panorâmica com procedimento de distração osteogênica em fase de execução.
Arcada em oclusão no ano de 2003 após a confecção do trabalho.
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Caso Clínico
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Área específica posterior mandibular esquerda com prótese fixa sobre implantes instalada no ano de 2003.
Radiografia panorâmica realizada pelo paciente no ano de 2012.
Região mandibular posterior esquerda com implantes instalados – vista oclusal.
Região mandibular posterior esquerda com implante intermediário removido – vista oclusal.
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Radiografia panorâmica realizada pelo paciente no ano de 2009.
Prótese fixa sobre implantes removida e constatação de considerável contaminação na área.
Implante removido. Veja as áreas de tecido fibroso aderido ao mesmo.
Prótese fixa sobre implantes provisionalizada - orifício referente ao parafuso no elemento intermediário selado com resina composta fotopolimerizável.
Caso Clínico
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Arcada em oclusão com prótese fixa sobre implantes provisionalizada instalada provisoriamente.
Nova prótese implantossuportada sobre implantes das extremidades – vista vestibular.
Figura 15
Nova prótese implantossuportada sobre implantes das extremidades – vista oclusal.
Área específica posterior mandibular esquerda com prótese fixa sobre implantes provisionalizada instalada provisoriamente sobre os implantes das extremidades.
Nova prótese implantossuportada sobre implantes das extremidades – vista lingual.
Figura 16
Arcada em oclusão com nova prótese fixa sobre implantes instalada (elemento intermediário em pôntico).
Figura 17
Radiografia panorâmica - final do caso.
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Caso Clínico Discussão Nota-se que, em muitos momentos, os profissionais são exigidos em relação à sua capacidade de inovação, mas, tais procedimentos devem ser realizados sempre com embasamento técnico e científico, pois, só assim, é possível alcançar o sucesso vislumbrado. Em muitas situações, por exemplo, a descrita neste relato de caso, o reabilitador se depara com condições inusitadas e lhe é exigida uma solução imediata. A importância da provisionalização já é conhecida e bem descrita com relação às suas importâncias8,9, mas a situação inversa não é muito encontrada. O relato do caso, aqui descrito, demonstrou a possibilidade de, num caso emergencial de prótese fixa sobre três implantes e perda do implante intermediário, adequação da prótese antes definitiva para uso de forma provisório. Assim, resolvem-se os problemas estético e funcional durante o período cicatricial da área, de forma rápida, segura e com o menor custo possível. As causas deste tipo de evento podem ser inúmeras. A oclusão não ajustada e verificada periodicamente pode ser uma delas, além de higienização pouco eficiente. Outra questão que pode estar envolvida é com relação à biomecânica, já que algo que esteja causando desequilíbrio ao sistema leva à falha em algum momento10. Fato é que, dificilmente, estabelecerão, claramente, todos os fatores possíveis de uma falha desse tipo. É necessário, sim, que os profissionais estejam preparados e capacitados para as adversidades do dia-a-dia clínico, por meio de conhecimentos fundamentados, minimizando riscos e oferecendo soluções aos pacientes.
Conclusão De acordo com os dados da literatura e com os resultados obtidos neste caso clínico, percebe-se que a provisionalização de próteses fixas implantossuportadas, em caso de haver necessidade de tal procedimento por eventual perda de implante previamente realizado, é viável no intuito da resolubilidade imediata, tanto funcional e, principalmente, estética.
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Dezembro de 2013
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