Ano 4 - N° 44 - Setembro de 2014
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comunicação integrada
9 772179 879008
ISSN 2179-8796
comunicação integrada
R$ 20,00
Reportagem Odontologia Militar
Entrevista Saúde bucal dos pacientes obesos
Editorial Edição: Ano 4 • N° 44 • Setembro de 2014 Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7732 Publicidade - Gerente Comercial Christian Visval e. christian.visval@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7740 Publicidade - Gerente de Contas Ismael Pagani e. ismael.pagani@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7724 Editora Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7734 Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7727 Assistente Administrativo Michelle Visval e. michelle.visval@vpgroup.com.br Marketing Tomás Oliveira e. tomas.oliveira@vpgroup.com.br Designers Cristina Yumi e. cristina.yumi@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 2424.7737 João Corityac e. joao.corityac@vpgroup.com.br Flávio Bissolotti e. flavio.bissolotti@vpgroup.com.br Web Designer Robson Moulin e. robson.moulin@vpgroup.com.br Analista de Sistemas Fernanda Perdigão e. fernanda.perdigao@vpgroup.com.br Sistemas Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br Conselho Científico Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Diego Michelini, Diego Portes, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, Jayro Guimarães Junior, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Lusiane Borges, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Pablo Ozorio Garcia Batista, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo, Wanderley de Almeida Cesar Jr. e William Torre. Capa 2º Tenente Jonas, médico do 1º Batalhão de Guardas - Batalhão do Imperador, Rio de Janeiro. Imagem do fotógrafo do corpo de tropas, SD Adriano. A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comerciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. O periódico é distribuído em todo o território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor.
Independência frente aos antibióticos
C
aros leitores, Em comemoração ao dia da independência do Brasil, celebrado no dia 7 deste mês, gostaria de abordar um tema que vem crescendo a cada ano. Refiro-me a possível independência, em um futuro não tão distante, em relação aos antibióticos. Pesquisadores vêm desenvolvendo e elaborando novos estudos clínicos para a disseminação da terapia fotodinâmica ou PDT (Photodynamic Therapy). Apreensão, vitória, liberdade. Talvez essas três palavras resumam, de forma branda, a reação dos colegas quando tomarem nota ou conhecimento desta nova terapia, que vem revolucionado o combate aos microrganismos na área odontológica. A terapia fotodinâmica está ganhando terreno rapidamente, em um avanço promissor na melhora da qualidade da saúde bucal dos pacientes que apresentam algum tipo de patologia odontológica relacionada à presença de bactérias, fungos e outros tipos de microrganismos. No Brasil, a nova técnica, que utiliza um feixe de laser de características especiais como meio terapêutico principal, está sendo impulsionada pelo Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica, um dos 10 Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids), criado no ano de 2000, pela FAPESP. Um grupo de quase 30 pessoas, composto de pesquisadores, dentistas, médicos, biomédicos e técnicos, vem desenvolvendo, diariamente, trabalhos, pesquisas e equipamentos para aprimorar a técnica e realizando testes clínicos para comprovação desta terapia frente à resistência bacteriana. A terapia fotodinâmica na Odontologia utiliza uma combinação de luz laser vermelha com uma substância fotossensibilizadora, no caso, o azul de metileno, em concentrações específicas, e está diretamente relacionada à ação antimicrobiana, tendo sua efetividade comprovada como coadjuvante ao tratamento periodontal, endodôntico e restaurador. O benefício da utilização da PDT é que eliminação das bactérias pode ser controlada, restringindo-se a região irradiada, evitando, assim, a destruição microbiana em outros locais. O desenvolvimento de resistência será improvável. A grande vantagem para os pacientes que recebem o tratamento com a TFD ou PDT na Periodontia, Endodontia, Dentística e Implantodontia é a eliminação dos microrganismos, sem os efeitos colaterais desagradáveis da ingestão de antibióticos. Evita-se, também, que ocorra resistência bacteriana e, principalmente a formação de novas cepas resistentes e, muitas vezes, mais difíceis de serem eliminadas. A Independência do Brasil foi um processo que culminou com a emancipação política do território brasileiro do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822). No dia 7 de setembro de 1822, às margens do Rio Ipiranga, o imperador Dom Pedro I clamou perante a sua comitiva: “Independência ou Morte!”. A terapia fotodinâmica, igualada ao exemplo de Pedro I, apresentase como um divisor de águas frente à guerra contra a resistência bacteriana, demostrando a sua viabilidade e sendo empregada, clinicamente, em nossa área.
Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Periodicidade: mensal Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica
Diego Portes
Membro de Conselho Científico Alameda Madeira, 53, 9o andar - conj. 92 Alphaville - Barueri – SP - 06454-010- + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br
Setembro de 2014
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Sumário
Setembro de 2014 • Edição: 44
pág.
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Reportagem
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Entrevista
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Editorial
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Programe-se
8
Notícias
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Odontologia Segura
14
Produtos e Serviços
12
Odontologia Militar: um mercado promissor Saúde bucal dos pacientes obesos Maria Lucia Zarvos Varellis
pág.
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Espaço Equipe
Saúde de forma integral Danielle Ramos
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Ponto de vista
Osteoporose e problemas periodontais: existe uma conexão? Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes
Casos Clínicos 40
Tratamento endodôntico em canino inferior com duas raízes: relato de dois casos clínicos Flávia Casale Abe, Rodrigo Sanches Cunha, Kenner Bruno Miguita, Carlos Eduardo Fontana, Felipe Davini e Carlos Eduardo da Silveira Bueno
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Reabilitação estético-funcional anterior por meio de prótese fixa e enxerto gengival livre Wilkens Aurélio Buarque e Silva, Frederico Andrade e Silva, João Paulo S. Fernandes e Luiza A. de Figueiredo
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Normas para publicação
Colunistas
Ortodontia Mauricio Accorsi Gestão Plínio Augusto Rehse Tomaz
Os artigos e as entrevistas são de inteira responsabilidade do autor e/ou entrevistado, e não refletem, obrigatoriamente, a opinião do periódico. 4
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Programe-se
Setembro 6º Encontro de Ortodontia do Distrito Federal 5 e 6 de setembro de 2014
Um encontro científico que tem como objetivo proporcionar intercâmbio intelectual, estabelecer redes de relacionamentos e até mudanças na direção do conhecimento. O Brasil se encontra em Brasília para celebrar os 20 anos da Associação Brasileira de Ortodontia do Distrito Federal em uma grande reunião.
Brasília – DF
www.abordf.com.br
19º Congresso Brasileiro de Ortodontia
22 a 25 de outubro de 2014
25 a 27 de setembro de 2014
Durante três dias serão oferecidas aos participantes visões, ciências e experiências clínicas com o melhor da tecnologia mundial.
Outubro
www.ortociencia.com.br/Orto2014
12º CIOMIG - Congresso Internacional de Odontologia de Minas Gerais 8 a 11 de outubro de 2014
Ribeirão Preto – SP
Com o tema “O que nós conhecemos, o que pensamos que conhecemos e o que não conhecemos”, o evento reunirá renomados profissionais da Odontologia.
1ª Conferência Odonto Magazine Odontologia Estética
Belo Horizonte – MG
O evento contará com o total de seis palestras, que serão ministradas por ícones da Odontologia. Serão quatro apresentações direcionadas estritamente a Odontologia Estética, uma palestra sobre marketing odontológico e uma aula indispensável sobre biossegurança na Odontologia. Você ainda será presenteado com uma aula especial, ministrada pelo renomado profissional da Odontologia Estética, Dr. José Carlos Garófalo. Todos os participantes ganharão brindes e concorrerão a diversos prêmios.
São Paulo – SP
www.conferencia.odontomagazine.com.br.
5º Congresso Brasileiro de Uso Racional de Medicamentos 22 a 25 de setembro de 2014
A promoção do Uso Racional de Medicamentos faz parte das estratégias da Organização Mundial de Saúde
Setembro de 2014
w w w.vantagensreais.com.br/produtos / eventos/symposium
Jornada Odontológica Científica Acadêmica – JOCA
17 a 20 de setembro de 2014
20 de setembro de 2014
São Paulo - SP
www.saude.gov.br/congressourm
São Paulo – SP
www.cropi.com.br
nas áreas de Estética e Restauração, Endodontia, Implantodontia e Ortodontia, além de abordar temas atuais, como gestão e marketing para o seu consultório.
São Paulo - SP
CROPI - Ciclo de Conferências em Reabilitação Oral, Periodontia e Implantodontia O evento tem como presidente o renomado Prof. Dr. Ronaldo Silva, e vem agregando a Ribeirão Preto (SP) importantes valores na conquista do espaço odontológico no cenário nacional. O CROPI visa proporcionar desenvolvimento e visibilidade profissional aos participantes, enfatizando valores e imediata aplicação clínica.
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(OMS) e é prioridade na agenda de saúde no Brasil. Diante da grande importância dessa questão, o evento contará com consagrados palestrantes nacionais e internacionais, que participarão de mesas redondas, painéis, oficinas e cursos.
eventos@abomg.org.br
III Assembleia Nacional das Especialidades Odontológicas 13 e 14 de outubro de 2014
A III ANEO, promovida pelo Conselho Federal de Odontologia - CFO, tem como objetivo a atualização das Normas Gerais do Conselho Federal de Odontologia sobre as especialidades. As discussões abordarão temas, como o estágio atual da pós-graduação em Odontologia, além das áreas e abrangências das especialidades odontológicas, com possibilidade de reconhecimento de novas especialidades.
São Paulo – SP www.cfo.org.br
1º Symposium Dentsply 20 de outubro de 2014
O evento contará com grandes nomes da Odontologia internacional e nacional para discutir novas práticas e tendências
O evento, promovido pela UNIP, está em sua 19ª edição, e proporcionará uma programação de palestras com renomados professores; apresentações de trabalhos pelos alunos dos cursos de graduação e pós-graduação, nas categorias: painel científico e fórum clínico; espaço para empresas expositoras, que trarão as mais recentes novidades no mercado odontológico; e também atividades sociais. No último dia do evento, os participantes poderão participar, mediante inscrição a parte, do ‘Gestão em Foco’, palestras ministradas por grandes profissionais de Gestão e Marketing Odontológico. Esse encontro conta com o apoio da Odonto Magazine.
São Paulo - SP
www.souodontounip.com.br
CIOBA - Congresso Internacional de Odontologia da Bahia 29 de outubro a 1 de novembro de 2014
O evento, que será realizado na capital baiana, contará com a presença de grandes nomes da Odontologia nacional e mundial.
Salvador – BA
www.abo-ba.org.br
Novembro III CIATESB – Congresso Internacional de Auxiliares e Técnicos em Saúde Bucal 15 e 16 de novembro de 2014
Serão dois dias inteiros de conferências e interatividade prático-demonstrativas, além das conferências nacionais e internacionais de grande expressão, concurso de painéis científicos, feira de exposição e o evento social para os congressistas, a famosa balada CIATESB.
São Paulo – SP
www.portalbiologica.com.br
Notícias Para a equipe auxiliar A cidade de São Paulo sediará, nos dias 15 e 16 de novembro, o 3º CIATESB - Congresso Internacional de Auxiliares e Técnicos em Saúde Bucal. O evento acontecerá no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, e reunirá congressistas, professores, formadores e os melhores profissionais para discutir os principais temas relacionados à prevenção e educação em saúde bucal. Os conteúdos das conferências são atuais e têm o objetivo de facilitar o aprendizado, oferecendo aos congressistas condições para aplicação imediata do conhecimento adquirido. Além das tradicionais conferências, ocorrerão quatro atividades, igualmente inéditas, e de grande importância para a equipe auxiliar: o 3º Encontro Nacional de Formadores de ASB e TSB e Aperfeiçoamento para Formadores, o 3º Encontro Nacional das Câmaras Técnicas de TSB e ASB dos Conselhos Regionais de Odontologia, o momento para as práticas clínicas, laboratoriais e educativas e o concurso de painéis científicos. Em “práticas clínicas, laboratoriais e educativas” acontecerão demonstrações técnicas de procedimentos clínico-laboratoriais ao vivo, além da apresentação de projetos de grande êxito e realizados em todo Brasil. “O 3º CIATESB é uma grande oportunidade para você, profissional da equipe auxiliar, compreender a amplitude de seu trabalho e valorizar seu importante papel social junto aos profissionais de todas as regiões de nosso país”, enfatiza a Dra. Lusiane Borges, cirurgiã-dentista, biomédica e presidente do evento. www.ciatesb.com.br
Atualização em destaque Desde sua primeira edição, em 1996, a Jornada Odontológica Científica Acadêmica – JOCA vem sendo realizada, anualmente, no campus Indianópolis da Universidade Paulista - UNIP, em São Paulo. Em sua 19ª edição, que acontece entre os dias 22 e 25 de outubro, a JOCA proporcionará uma programação de palestras com renomados professores; apresentações de trabalhos pelos alunos dos cursos de graduação e pós-graduação, nas categorias: painel científico e fórum clínico; espaço para empresas expositoras, que trarão as mais recentes novidades no mercado odontológico; e também atividades sociais. No último dia do evento, 25 de outubro, data em que celebramos o dia do dentista, os participantes poderão usufruir, mediante inscrição a parte, do ‘Gestão em Foco’, circuito de palestras ministradas por grandes profissionais de Gestão e Marketing Odontológico. Esse encontro conta com a parceria da Odonto Magazine. “A jornada de 2014 está focada nos estudantes de graduação, com apresentação e discussão de trabalhos científicos. Outro diferencial é a ênfase em gestão, apresentando novas tendências no mercado de trabalho no ramo odontológico”, relata o Dr. Carlos Eduardo Allegretti, Diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista. www.souodontounip.com.br
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Notícias Saúde bucal do brasileiro O presidente do Conselho Federal de Odontologia (CFO), Ailton Morilhas, participou do lançamento do novo programa do Ministério da Saúde, que integra estudantes de Odontologia com o Sistema Único de Saúde (SUS). O GraduaCEO, realizado em parceria com o Ministério da Educação, vai possibilitar que estudantes dos cursos de Odontologia de Instituições de Ensino Superior (IES), públicas e privadas, a começar pelas públicas, acompanhem o trabalho das Equipes de Saúde Bucal desde o início do curso, acompanhando os procedimentos, até o último ano de formação, realizando atendimentos aos pacientes, sob orientação da universidade. Pelo GraduaCEO, o Governo Federal vai repassar recursos para aquisição de equipamentos e uma verba mensal para o custeio de procedimentos realizados pelas clínicas odontológicas das instituições de ensino que aderirem à proposta na esfera do SUS. Segundo o Ministério da Saúde, todas as clínicas vão contar com cinco especialidades odontológicas (Estomatologia, Periodontia, Endodontia, Cirurgia e Atendimento a Pacientes com Necessidades Especiais e Laboratório de Patologia), além de ofertarem próteses dentárias e realizarem procedimentos de atenção básica, como a aplicação de flúor. Ao Ministério da Educação, cabe garantir a implantação nos currículos acadêmicos dos princípios de cuidado integral do SUS. Uma portaria, assinada pelo ministro, nessa mesma solenidade, prevê a distribuição de cinco mil cadeiras odontológicas para os estabelecimentos de saúde bucal que compõem a rede pública. No GraduaCEO serão desenvolvidas, ainda, ações de promoção e prevenção, atenção básica, atenção secundária, reabilitação oral e educação permanente. Fonte: Comunicação do CFO
Odontologia legal A Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP - USP) promove a sexta turma do Curso de Especialização em Odontologia Legal. Para concorrer a uma das 12 vagas oferecidas, os interessados precisam recolher taxa de R$ 70,00 e realizar as inscrições pelo e-mail marketing@funorp.com.br. Para garantir a vaga, os selecionados deverão realizar a matrícula, apresentando cópias dos documentos, duas fotos 3×4 e currículo resumido, além de realizar o pagamento de 18 parcelas no valor de R$ 1.800,00. O primeiro módulo do curso está programado para começar no dia 16 de outubro às 14h. Ao total, serão 18 módulos mensais, sempre as quartas, quintas e sextas-feiras, o dia todo, além do sábado, de manhã e a tarde. Coordenado pelo professor Ricardo Henrique Alves da Silva, da área de Odontologia Legal da FORP, o curso será desenvolvido de outubro de 2014 a março de 2016, com carga horária de 855 horas. Conta com equipe especializada, composta por docentes da Universidade de São Paulo (USP) e peritos oficiais - Polícia Civil e Polícia Federal. Além de aulas teóricas, estão programadas atividades práticas nas mais diversas áreas da Odontologia Legal. A seleção será no dia 15 de outubro, quarta-feira, às 10h, na
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Fundação Odontológica de Ribeirão Preto (FUNORP), Avenida do café, s/n. O resultado será divulgado no dia seguinte, 16 de outubro, quinta-feira, também às 10 horas. Mais informações sobre o curso podem ser obtidas por meio do site www.ricardohenrique.com.br/especializacao.htm ou pelos telefones (16) 3602.3969 e 3602.4142. Fonte: Agência USP
Odontologia Segura
HPV: uma doença pouco conhecida na Odontologia
Lusiane Borges Biomedicina - UNISA / UNIFESP. Odontologia – UMESP. Especialização em Microbiologia – Faculdade Oswaldo Cruz. Especialista em Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP. MBA em Esterilização - FAMESP. PósGraduanda em Prevenção e Controle de Infecção em Saúde – UNIFESP, São Paulo. Coordenadora de Cursos de ASB/TSB desde 2000. Membro do Conselho Científico da Odonto Magazine, São Paulo. Autora-coordenadora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”. Consultora em Biossegurança em Saúde – Biológica. Consultora Científica da Oral-B, Fórmula & Ação, Sercon/Steris e outros. Representante do Brasil na OSAP (Organization for Safety, Asepsis and Prevention), EUA. Responsável pelo site www.portalbiologica.com.br.
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PV (Vírus do Papiloma Humano) vem do inglês Human Papiloma Virus. É o nome genérico de um grupo de vírus que engloba mais 100 variações diferentes. A principal forma de transmissão do HPV é por meio de relações sexuais, sendo a doença sexualmente transmissível (DST) mais frequente e conhecida. Geralmente, as mulheres são as que mais possuem o problema. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDPC), o HPV é o vírus sexualmente transmitido mais comum nos EUA. Pode provocar a formação de verrugas na pele e nas regiões oral (lábios, boca, cordas vocais, etc.), anal, genital e da uretra. As lesões genitais podem ser de alto risco, porque são precursoras de tumores malignos, especialmente do câncer do colo do útero e do pênis, e de baixo risco (não relacionadas ao aparecimento de câncer). O tipo de HPV mais conhecido e grave é o precursor do câncer do colo do útero, sendo assintomático na maioria das situações. Para sua prevenção é importante que a mulher faça os exames de rotina para controle ginecológico anualmente, como Papanicolau e colposcopia. A maioria das infecções acontece de maneira rápida e transitória, podendo ser combatidas, muitas vezes, espontaneamente pelo sistema imune, principalmente pelas mulheres mais jovens. A infecção de HPV pode ocorrer no também no homem, porém, as manifestações são menos frequentes. O tratamento do HPV é, normalmente, demorado. Dependendo da técnica aplicada, pode se estender em até dois anos. Uma vez feito o diagnóstico, porém, o tratamento pode ser clínico (com medicamentos) ou cirúrgico: cauterização química; eletrocauterização; crioterapia; laser ou cirurgia convencional, em casos de câncer instalado.
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Com o avanço da tecnologia e novas técnicas moleculares, a detecção de HPV tornou-se cada vez mais precisa, permitindo correlacionar o vírus ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer, com maior ênfase para o carcinoma espinocelular bucal. O HPV pode estar relacionado como possível fator causal de câncer de boca e orofaringe. Atualmente, é citado entre os três principais fatores de risco para o câncer de boca nos homens, normalmente associado ao do fumo e ao etilismo. O câncer de boca ocupa o quinto lugar geral entre a população masculina.
O HPV e a Odontologia Em geral, o HPV é assintomático e normalmente indolor. Podem aparecer os sinais em forma de lesões verrucosas no interior da boca, língua, freio sublingual, lábios e até mais internamente como nas amigdalas, cordas vocais, faringe e laringe. É importante salientar que, nem sempre o paciente portador de HPV oral apresenta essas verrugas visivelmente detectáveis a um olho não treinando. O cirurgião-dentista deve realizar um exame minucioso das estruturas bucais, logo na primeira consulta de seus novos pacientes, e semestralmente em seus pacientes de longa data. Essa avaliação é de extrema importância para detectar possíveis lesões de HPV em sua fase inicial. É fundamental que o cirurgião-dentista esteja preparado para diagnosticar não somente o HPV, mas também as demais lesões cancerizáveis da cavidade bucal e sistema estomatognático. Ele tem papel determinante na prevenção do câncer bucal e pode salvar vidas em uma simples primeira consulta ou consulta de rotina, por meio de um exame físico e clínico bem realizado. É importante que o paciente seja orientado acerca do autoexame. Assim como as mulheres realizam o autoexame de mama e os
Odontologia Segura
homens o autoexame testicular, o dentista deve orientar e incentivar a prática periódica do autoexame bucal para todos os pacientes: homens, mulheres, jovens, adultos e idosos. É importantíssimo ampliar o nível de conhecimento do dentista clínico sobre as infecções do HPV e práticas preventivas na Odontologia. Estudos de referência mundial (Universidade do Texas em Houston) estabelecem a relação da precária saúde bucal como fator de risco para a infecção oral por HPV. Entre outros achados, os pesquisadores descobriram uma ligação entre o número de dentes perdidos com infecção oral por HPV. Por outro lado, estudos comprovam que a incidência do HPV está relacionada aos tumores de orofaringe e seu aumento significativo nos últimos 20 anos, principalmente nos países desenvolvidos. Existem estudos que afirmam que o HPV triplica o risco de câncer esofágico. São dados interessantes que devem ser analisados com muita atenção, pois existe uma falsa ideia de que “o câncer em geral está relacionado às populações de baixa renda”.
Vacina A vacina contra o HPV foi uma descoberta que trouxe um avanço fantástico à prevenção do vírus em médio e longo prazo. Os multicêntricos comprovaram que a vacina reduz a prevalência de infecções por HPV em 93% dos casos. Atualmente, duas vacinas são comercializadas no Brasil. Uma delas é quadrivalente, ou seja, previne contra os tipos 16 e 18, presentes em 70% dos casos de câncer de colo do útero e contra os tipos 6 e 11, presentes em 90% dos casos de verrugas genitais. A outra é específica para os subtipos 16 e 18. Mulheres com idade dos nove aos 45 anos podem tomar a vacina do HPV, com a condição de ainda não terem sido infetadas pelo vírus. Estudos recentes observaram que a infecção pelo HPV pode ocorrer em meninas que mantêm contato genital com os namorados, mesmo preservando a virgindade, pois o contato genital é uma via de transmissão em pacientes virgens. Até a próxima!
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Produtos e Serviços Oral-B lança Linha Complete A nova linha foi desenvolvida a partir de uma tecnologia que prolonga em até cinco vezes a sensação de refrescância. O lançamento, que vem atender à demanda crescente do mercado por produtos que promovam hálito fresco duradouro combinado a limpeza, tem antisséptico bucal, creme e escova dentais. O Antisséptico Bucal Oral-B Complete Ação Duradoura ajuda a manter uma sensação de refrescância por até cinco vezes mais tempo. O enxague diário com 20 ml do produto, por 30 segundos, duas vezes ao dia, precedido pela escovação com a escova e o creme dentais Oral-B Complete Ação Duradoura, elimina os germes que causam o mau hálito e mantém a sensação de dentes limpos e protegidos por muito mais tempo. O Creme Dental Oral-B Complete Ação Duradoura foi desenvolvido a partir de uma tecnologia que prolonga até cinco vezes a sensação de refrescância. Sua fórmula remove manchas superficiais, clareando os dentes. Além de manter um hálito fresco duradouro, pois elimina os germes que causam o mau hálito, o creme traz benefícios, como prevenção de cáries e tártaro. Disponível no sabor menta duradoura. A Escova Dental Oral-B Complete 5 Ações de Limpeza possui cinco recursos que garantem limpeza completa da boca. Suas cerdas power tip limpam áreas difíceis de alcançar, assim como as cerdas interdentais. Já as cerdas centrais limpam e removem manchas superficiais. A escova possui também estimuladores de gengivas, que as limpam enquanto as massageiam, e um limpador de língua e bochechas para garantir a remoção de todos os germes que causam mau hálito. www.oralb.com/brazil
Excelência e precisão A Gnatus, em parceria com a empresa suíça Bien-Air, apresenta para o mercado a excelência do micromotor elétrico MCX LED. O MCX LED se apresenta como o menor micromotor elétrico do mundo, sendo 40% menor do que qualquer outro do mercado. Com alto torque (de 0.5 a 2.5 N.cm), e podendo alcançar até 200.000 rotações por minuto (rpm), substitui o alta rotação convencional, proporcionando menor vibração e menor ruído, com maior precisão. A perfeição nos diversos procedimentos clínicos poderá ser alcançada de forma mais rápida e obtendo trabalhos muito mais perfeitos. O micromotor possui lubrificação vitalícia, irrigação interna (inclusive no contraângulo), rolamentos cerâmicos e vida útil inigualável. A geração de energia ocorre por meio de indução magnética, o que proporciona aos profissionais a garantia de durabilidade, mantendo os mesmos níveis de ruído e vibração, funcionando como novo mesmo após anos de utilização. O micromotor possibilita, ainda, acoplar peças retas cirúrgicas, anguladas e multiplicadoras, bem como contra-ângulos multiplicadores ou redutores. www.gnatus.com.br
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Produtos e Serviços
Silicone de adição Angelus A empresa lançou sua linha de silicone de adição de 3ª geração. Uma reação química ramificada tridimensional, que melhora suas propriedades, é a sua principal característica. Composta pelo 3D Light Body, 3D Heavy Body, 3D Regular Body, 3D Putty e 3D pontas misturadoras, a linha apresenta excelente estabilidade dimensional, permitindo o seu vazamento em até 14 dias, assim como o vazamento de mais de um modelo por molde. Com excelente fluidez, o 3D Light Body é indicado para preparos unitários ou múltiplos e possibilita cópias fieis na região subgengival e áreas retentivas de preparos parciais. Já o 3D Heavy Body é recomendado nas moldagens completas dos arcos totais, próteses sobre implantes e simulação tipo mockup. O 3D Putty é um material denso, de alta estabilidade e fácil mistura e é aconselhado para a impressão dos arcos totais e
para a moldagem de apoio ao material fluido, individualização de moldeiras e moldagens de arcos antagonistas, quando há necessidade de maiores intervalos para inclusão de gesso. Por fim, 3D pontas misturadoras fazem a mistura adequada do material fluido. Além dos diferenciais dos produtos, ainda é possível destacar maior tempo de trabalho e menor tempo de presa, alta resistência ao rasgamento, estabilidade dimensional e hidrofilia imediata, permitindo ótimo desempenho na umidade oral. www.angelus.ind.br
Diagnóstico por imagem A Sirona apresenta o Orthophos XG 3D Ready, altamente indicado para a expansão de serviços de radiologia em consultórios e laboratórios. Focado no desafio de fornecer diagnósticos com imagens de alta qualidade e com radiação reduzida, o XG 3D Ready oferece tratamento de primeira qualidade aos pacientes. O equipamento possui nova geração de sensores automáticos, controle multipad intuitivo, software Galaxys de simples utilização, posicionamento perfeito do paciente - o que evita leituras distorcidas, perdas de tempo e exposição desnecessária, promovendo mais nitidez às imagens e informações mais específicas, utilizadas para alguns tipos de tratamentos e métodos - e, pronta-assistência técnica com profissionais da fábrica. De fácil operação, Orthophos XG 3D Ready combina qualidade de imagem, doses reduzidas de radiação, facilidade de manuseio, troca automática de sensores e, ao mesmo tempo, programas de panorâmica, que permitem captar o maxilar completo de um paciente com apenas uma leitura. Ampliando a utilização do Orthophos XG3D Ready, também é possível usufruir da unidade de teleradiografia, que apresenta os programas: lateral, PA/AP e mão. Conta com os programas panorâmicos adicionais que contemplam: quadrantes
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individuais, redução de artefatos e magnificação constante em todos os programas e, ajuste automático da curva panorâmica, de acordo com a largura da mandíbula. www.sirona.com.br
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Produtos e Serviços Novidade Morelli A Morelli Ortodontia inicia uma nova linha de produtos voltados para a saúde bucal. As escovas interdentais inauguram este projeto, e apresentam altíssima eficiência para a higienização dos aparelhos ortodônticos e para as regiões interproximais, pois alcançam locais de difícil acesso para outros instrumentos de limpeza. As escovas da marca auxiliam a profilaxia, favorecendo a evolução do tratamento ortodôntico, prevenindo infecções gengivais e evitando manchas e cáries nos dentes. O kit das escovas interdentais Morelli está disponível em um estojo (adequado para uso em bolso), com três escovas de diferentes tamanhos. As escovas podem ser encontradas nas cores branca, azul, amarela e rosa. www.morelli.com.br
Processo de esterilização Para completar a linha de indicadores químicos, a Cristófoli lança o SteamPlus, indicador químico integrador classe 5, desenvolvido para a monitorização e avaliação dos ciclos de esterilização a vapor (gravidade, pré-vácuo e flash). Oferece um sistema preciso, imediato e de fácil interpretação dos resultados do processo de esterilização. O produto é fabricado nos Estados Unidos, produzido e validado de acordo com a Norma ISO 11140-1:2005, registrado no FDA e distribuído pela Cristófoli. SteamPlus pode ser encontrado em embalagem com 100 unidades, com validade de três anos. www.cristofoli.com
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Reportagem
Odontologia Militar: um mercado promissor A Odontologia Militar cresce no cenário profissional, tornando-se referência em cuidados bucais. Por: Vanessa Navarro Imagens: SD Garcia, 1º Batalhão de Guardas - Batalhão do Imperador, Rio de Janeiro.
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m enorme avanço na saúde aconteceu no período da permanência da família real portuguesa em solo brasileiro, que se deu entre os anos de 1808 e 1820. Durante século XIX, por sugestão de Frei Custódio de Campos e Oliveira, uma das mais importantes pessoas que vieram com a corte para o Brasil e, sem dúvida alguma, uma grande autoridade médica militar, foi criada a Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica no Hospital Real Militar da Corte, hoje, o conhecido Hospital Central do Exército; e a Botica Real Militar, hoje, Laboratório Químico-Farmacêutico do Exército, junto ao Hospital Real Militar, ambos na cidade do Rio de Janeiro. Segundo a História, concomitantemente, por sugestão do Dr. José Correa Picanço, cirurgião-mór do Reino, criou-se, em Salvador, a Escola de Cirurgia no Hospital Real Militar daquela
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cidade, atualmente, Hospital Geral de Salvador. No mês de abril do ano de 1821, Frei Custódio retornou para Portugal. No ano seguinte, o Tenente-Coronel Manuel Antonio Henrique Totta foi nomeado pelo Imperador Dom Pedro I, cirurgião-mór do Exército, permanecendo no cargo até o ano de 1849. Totta foi responsável pela implementação, em 1832, do Regulamento dos Hospitais Regimentais, transformando os hospitais militares em hospitais regimentais. Oito anos mais tarde, sob seu comando, foram realizados diversos atos médicos cirúrgicos e anestésicos, demonstrando o grau de conhecimento e técnica cirúrgica dos integrantes do Hospital Militar da Corte. Em 19 de abril de 1849, foi criado o Plano de Organização
Reportagem do Corpo de Saúde do Exército, o qual, pela primeira vez, estabelecia a organização de toda a estrutura de saúde militar, tanto do Exército quanto da Marinha. A regulamentação para o Serviço de Saúde no Exército deu-se a partir do decreto nº 32090, de 14 de janeiro de 1953, quando foi determinada a manutenção dos efetivos do Exército no mais alto grau de eficiência física e mental. Hoje, após inúmeros desdobramentos históricos que envolveram a saúde do nosso povo, existe a Diretoria de Saúde do Exército, o órgão de apoio setorial, técnico-normativo e gerencial incumbido do planejamento, coordenação, controle, supervisão e avaliação das atividades relativas à saúde, no âmbito do Exército Brasileiro e julga ser o órgão que assegura, por meio do gerenciamento dos seus projetos e processos, a excelência da assistência à saúde na esfera das Forças Armadas.
Saúde bucal no Exército Brasileiro O Serviço é representado pela Escola de Saúde do Exército, que foi criada pelo Decreto Nº 2232, de 06/01/1910, com a denominação de “Escola de Aplicação Médica Militar” e com a finalidade de ministrar conhecimentos básicos, indispensáveis à vida militar, inicialmente aos doutores em Medicina e, logo em seguida, estendido aos farmacêuticos, dentistas e veterinários, que ingressavam, mediante concurso, ao Corpo de Saúde do Exército. Estes andamentos eram voltados para a formação militar e para a legislação peculiar da atividade de saúde, complementados pelo treinamento físico e pela equitação. De acordo com informações cedidas pelo Dr. Diego Michelini*, cirurgião-dentista e 2° Tenente Dentista no 1° Batalhão de Guardas - Batalhão do Imperador (Rio de Janeiro), a Odontologia Militar teve o seu início marcado com a criação e a organização do Quadro de dentistas; a atuação relevante dos dentistas na fase de preparação da tropa para a Segunda Guerra Mundial e durante a guerra; a inserção da Odontologia como uma atividade especializada no contexto do Serviço de Saúde em Campanha; a atuação dos dentistas nas inspeções de saúde dos conscritos e dos aviadores; as formas de ingresso no Quadro de dentistas e a Odontoclínica Central do Exército,
organização militar de saúde voltada exclusivamente para o atendimento odontológico. “Verificou-se que os dentistas conquistaram uma merecida posição dentro do Serviço de Saúde do Exército, sendo reconhecida a sua relevância para a Instituição. Entretanto, apesar da sua importância, o Serviço de Odontologia é objeto de raras investigações históricas aprofundadas, sendo escassas as fontes de consulta sobre o tema”, explica Dr. Michelini. “Cabe aos dentistas militares alterarem esta situação, por meio da divulgação e registro das diversas atividades desenvolvidas pelo Serviço, o que contribuirá para a valorização da Odontologia no contexto das profissões de saúde do Exército Brasileiro”, completa. Cabe lembrar que a Odontologia Civil e a Odontologia Militar, tanto na prática quanto na teoria, não possui distinção científica, visto que ambas atuam para prevenir, promover, devolver e manter a saúde bucal, favorecendo a saúde do corpo inteiro, de todo e qualquer cidadão, seja ele militar ou civil. “A importância do cirurgião-dentista, seja na organização militar, como nos hospitais e Odontoclínicas, assim como os outros membros da equipe de saúde, dá-se devido à necessidade da promoção, prevenção e manutenção da saúde sistêmica da tropa e dos seus dependentes, oferecendo bem-estar e saúde digna a todos que lutam e defendem o nosso amado país”, esclarece o também especialista em Estomatologia.
Odontologia Militar na prática O 2º Tenente Michelini elucida que a assistência dada pela Odontologia Militar é abrangente aos militares da ativa e da reserva, estendendo-se aos seus familiares dependentes. “O Exército do Brasil tem qualificação de pessoal e material suficiente para executar todas as áreas de atuação odontológica, seja nas Odontoclínicas, nos Hospitais e até mesmo nas unidades operacionais”. A organização e o funcionamento do Serviço Odontológico são atribuídos de acordo com cada unidade. “Em quartéis operacionais, temos a seção de saúde, que conta com
A contratação de cirurgiões-dentistas para atuarem nas forças é feita de duas maneiras: como oficial dentista temporário ou oficial dentista de carreira
* Dr. Diego Michelini é cirurgião-dentista. Especialista em Estomatologia. 2° Tenente Dentista no 1° Batalhão de Guardas - Batalhão do Imperador, Rio de Janeiro. Coordenador Odontológico da Pastoral do Menor da Arquidiocese do Rio De Janeiro. Professor Coordenador do Curso de Auxiliar de Saúde Bucal da ONG CAMPO, Rio de Janeiro. Pós-graduando em Saúde da Família pela UERJ. Pós-graduando em Saúde do Idoso pela UERJ.
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Reportagem oficiais médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários, além de sargentos de saúde, apoiados por cabos e soldados. O foco, nesses casos, é suprir e atender os militares que servem na respectiva unidade, juntamente com seus dependentes. No caso do funcionamento dos Hospitais e Odontoclínicas, os mesmos recebem, dentro de suas proporções, os encaminhamentos dos casos mais graves, específicos e emergenciais, além de terem estrutura para receber militares de diversas organizações militares, além
de militares da reserva e seus dependentes”, enfatiza o dentista. Ao contrário do que muitos profissionais de saúde bucal pensam, os tratamentos odontológicos dispensados aos militares são os mesmos adotados com os civis. Não existe qualquer diferenciação de cuidados. O protocolo, segundo o cirurgião-dentista, consiste na orientação e promoção de saúde, prevenção das principais doenças bucais, ações curativas - em casos de doenças já instaladas - e manutenção da saúde oral após a alta do indivíduo.
Atendimento odontológico realizado pelo Dr. Diego Michelini, cirurgião-dentista e 2° Tenente Dentista no 1° Batalhão de Guardas - Batalhão do Imperador, Rio de Janeiro, auxiliado pelo SD Michael Neves, do mesmo Batalhão.
Dentista e militar O cirurgião-dentista que atua dentro de uma unidade militar não carrega mais apenas o título de profissional de saúde bucal, diferenciando-se com a vestimenta branca. Esse profissional passa a ser um oficial dentista e, de acordo com o 2° Tenente Michelini, as responsabilidades acarretadas por este novo ‘título’ vão além da técnica odontológica, a qual o mesmo deve empregar com êxito ao cuidar da saúde bucal de militares da ativa, militares da reserva e seus respectivos dependentes. “O cirurgião-dentista que é militar deve cumprir com suas missões
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de tal cunho, defendendo o seu país e promovendo saúde por onde quer que passe”, explica. Em caso de uma possível guerra, por exemplo, o atendimento odontológico, assim como o da saúde em geral, é muito necessário para o desempenho dos oficiais. “O exemplo atual, visto que o Brasil vive tempos de paz, é a atuação na missão de paz no Haiti, que conta com oficiais dentistas na manutenção da ordem e promoção de saúde e prevenção de doenças na população carente em todos os sentidos, encontrados no referido país”, esclarece o especialista.
Reportagem Vale sempre lembrar que o atendimento odontológico eficaz pode influenciar no desempenho físico dos soldados. Os cuidados ideais buscam evitar manifestações sistêmicas, como febre, infecções e inflamações de outras regiões do corpo devido aos focos infecciosos em algum órgão dentário. Por
meio do controle periódico de saúde bucal, com manutenção e orientações pertinentes, é possível diagnosticar e evitar doenças que podem surgir na boca e levar consequências para todo o corpo, influenciando, diretamente, no desempenho dos militares em geral, por exemplo, nas missões e nas atividades físicas.
2º TEN Diego Michelini com a 3º SGT Jacqueline Araujo, a 3º SGT Lyanna e o SD Isaque. Todos recebem atendimento odontológico no Batalhão.
O aprimoramento do serviço odontológico militar pode possibilitar uma melhor qualidade de vida para a tropa, o que, consequentemente, será percebido na qualidade do serviço prestado à sociedade. “A Odontologia, conforme podemos observar nas grandes pesquisas atuais, é a responsável por grande parte da saúde sistêmica e a porta de entrada para importantes doenças que atingem o organismo. Visto isso, existe a necessidade de uma Odontologia de ponta nas Forças Armadas, a fim de que a tropa, que precisa estar bem fisicamente e mentalmente em todo momento, conte com a saúde bucal adequada, o que irá favorecer desde as atividades físicas executadas pelos militares até o desempenho dos mesmos nos serviços e missões diversas”, pontua o cirurgião-dentista. Além das atividades internas, os dentistas participam de ações cívico-militares, conhecidas como ACISO, que são atividades realizadas pelo exército Brasileiro para prover assistência e auxílio a comunidades, desenvolvendo o espírito cívico e militar dos cidadãos, no país ou no exterior, para resolver problemas imediatos e prementes.
Atualização em foco A atualização constante se torna a arma mais preciosa para promover um atendimento eficaz e de qualidade, daí a importância da participação em encontros e/ou congressos que reúnam profissionais da Odontologia que trabalham em unidades militares. A troca de experiências e a atualização prática e científica fazem toda a diferença na carreira do cirurgião-dentista. “O profissional de Odontologia, seja militar ou civil, deve se manter sempre atualizado. No Brasil, existem inúmeros congressos, simpósios, jornadas e demais eventos científicos que colaboram para isso, além de estreitar os laços pessoais, profissionais e comercias entre os membros da classe. A Odontologia é representada, nacionalmente, pelo CFO (Conselho Federal de Odontologia) e, no estado do Rio de Janeiro, pelo CRO-RJ (Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro), os quais promovem cursos gratuitos, jornadas e congressos para toda a classe, como ASB (auxiliar de saúde bucal), CD (cirurgiãodentista), TPD (técnico de prótese dentária), dentre outros.
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Reportagem Além dos conselhos, faculdades e cursos que oferecem a educação continuada, as Forças Armadas, por meio de suas seções de ensino, proporcionam cursos profissionalizantes, de especialização e atualização em todas as áreas, incluindo a odontológica. Com isso, surgiu a ABOMI (Academia Brasileira de Odontologia Militar), que participa ativamente dos congressos civis e organiza congressos militares para o público em geral, o que possibilita a integração de militares de todas as Forças e facilita a troca de experiências científicas, além de favorecer à constante reciclagem devido ao oferecimento de cursos com os melhores palestrantes da Odontologia atual”, acrescenta Michelini. Hoje, no âmbito odontológico, possuímos 19 especialidades que, somadas, atuam clinicamente, politicamente, didaticamente e na forma de pesquisa e experimentos. Segundo Michelini, na carreira militar, os oficiais dentistas possuem incentivos e liberação para se aprimorarem, visto a intenção e necessidade das Forças em ter seus militares cada vez mais aptos a cuidar da maneira mais moderna de sua tropa e dependentes.
Uma carreira em destaque A Odontologia Militar cresce aceleradamente no cenário profissional. Isso acontece de maneira prática e científica, tornando-se referência em atendimento clínico de todas as especialidades, em pesquisa, cursos de formação e capacitação, com seus oficiais dentistas cada vez mais preparados e, normalmente, com mestrado e doutorado. “Todas as Forças Armadas, como o Exército, Marinha, Aeronáutica, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar possuem amplo quadro de dentistas em seus efetivos, cobrindo todas as Organizações Militares, o que comprova a valorização da saúde no regime militar. Além disso, o mercado de trabalho na área militar reconhece o bom profissional, dando todas as condições necessárias de trabalho ao mesmo”, elucida o 2º Tenente Dentista. A contratação de cirurgiões-dentistas para atuarem nas forças é feita de duas maneiras: como oficial dentista temporário ou oficial dentista de carreira. No primeiro caso, o profissional participa de uma ampla seleção e, caso aprovado, ingressa na força como aspirante dentista, permanecendo até oito anos na força, sendo promovido a 2º Tenente Dentista e depois a 1º Tenente Dentista. No caso do oficial de carreira, o ingresso também é realizado como aspirante, por meio de concurso público nacional. O profissional serve na Força durante 30 anos, podendo chegar ao posto de Coronel Dentista, no caso do Exército. Após ser aprovado na seleção, o dentista precisa passar por uma fase de formação militar e, assim como qualquer profissional da saúde, também passa pela fase de formação e adaptação ao serviço militar. “No caso de oficial temporário, o mesmo faz um estágio de adaptação em serviço, por exemplo, aqui no Rio de Janeiro, no CPOR (Centro Preparatório de Oficiais da Reserva), e assim por diante. O curso forma e prepara o então aspirante para a vida militar no geral, onde servirá ao seu país nas funções específicas de sua área e nas funções gerais de um militar. No caso de militares de carreira, após aprovados em todas as fases do concurso, ingressam na Escola de Saúde do Exército (EsSEx), para o curso de formação”, destaca Michellini.
A EsSEx é um Estabelecimento de Ensino de formação de grau superior, da Linha de Ensino Militar de Saúde, diretamente subordinado à Diretoria de Educação Superior Militar (DESMil) e tem como missão formar oficiais do quadro de médicos, farmacêuticos e dentistas do serviço de saúde para o serviço ativo do Exército; coordenar os cursos de Pós-Graduação dos Oficiais do Serviço de Saúde, QCO de Enfermagem, veterinário, Psicologia da saúde, Subtenentes e Sargentos de Saúde (PROCAP-Sau); contribuir para o desenvolvimento da doutrina militar na área de sua competência; realizar pesquisas na área de sua competência, inclusive, se necessário, com a participação de instituições congêneres; ministrar estágios sobre assuntos peculiares a EsSEx; e realizar concursos para ingresso na Linha de Ensino Militar de Saúde. Michelini enfatiza que o serviço odontológico nas forças comtempla o atendimento da tropa e de seus familiares. Além disso, as Organizações Militares possuem suas respectivas seções de saúde, onde o oficial dentista possui participação fundamental na parte clínica e operacional. Os militares da respectiva unidade recebem atenção, acompanhamento e manutenção da saúde, por meio de inspeção de saúde, tratamentos e encaminhamentos para estruturas de maior porte e especialidade, quando necessários. “É preciso lembrar que o dentista, assim como qualquer profissional de saúde dentro das Forças Armadas, deve atuar, normalmente, como o militar, ou seja, participando dos projetos, das obrigações e funções militares, na proteção e defesa do país, tendo maior ênfase na prevenção, promoção e manutenção da saúde da tropa, o que favorece a mesma ter melhores condições de atuação, com condicionamento adequado e saúde bucal e saúde sistêmica ideais. O cirurgião-dentista e 2º Tenente, Diego Michelini, esclarece para o profissional de saúde bucal que deseja ingressar em território militar, que as vagas para o serviço militar, que pode ser temporário ou de carreira, ocorrem uma ou mais de uma vez ao ano, comprovando o alto valor dado pelas Forças Armadas ao cirurgião-dentista com o seu devido reconhecimento, o que torna o profissional da Odontologia um militar que luta pela saúde da tropa, dos seus dependentes, e de to do o país. “É missão do oficial de saúde das Forças Armadas lutar por um Brasil saudável sistemicamente. O candidato interessado deve buscar informações para inscrição nos sites da sua respectiva região militar”, finaliza.
“O Exército Brasileiro tem qualificação profissional e material suficiente para executar todas as especialidades odontológica, com êxito”
Diego Michelini
Informações de acordo com: Seção de Saúde do 1º Batalhão de Guardas - Batalhão do Imperador, Rio de Janeiro. Portal da 1º Região Militar - http://www.1rm.eb.mil.br/
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Entrevista
Saúde bucal dos pacientes obesos A obesidade é uma doença crônica multifatorial, tendo a condição genética como causa principal, porém, a interação com fatores ambientais pode facilitar o aumento de peso. A entrevista com a Dra. Maria Lucia Zarvos Varellis apresenta o panorama da obesidade no Brasil e no mundo, pontuando as possíveis alterações bucais causadas pela enfermidade. Por: Vanessa Navarro
Maria Lucia Zarvos Varellis Cirurgiã-dentista. Especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais. Conselheira do Conselho Municipal de Saúde e Membro da Comissão Executiva e de Comunicação deste Conselho. Membro das Comissões Interconselhos e de Saúde e Reabilitação de Pessoas com Deficiência do Conselho Estadual de Saúde. Autora do livro Odontologia para Pacientes com Necessidades – Manual Prático – Editora Santos, 2005 – com 2ª edição em 2012.
Odonto Magazine - O que o cirurgião-dentista precisa saber sobre a obesidade, considerada a doença epidêmica global do século 21? Maria Lucia Zarvos Varellis - A obesidade é uma doença crônica definida pelo acúmulo de tecido adiposo localizado ou generalizado. Tem causa multifatorial: genética, desequilíbrio entre ingestão alimentar e gasto energético diretamente relacionado com a qualidade da atividade física, fatores endócrinos, mecanismos adaptativos associados a desordens e tratamentos nutricionais, farmacológicos e comportamentais. O aumento da renda familiar somado à falta de educação quanto à qualidade dos alimentos consumidos, maior ingestão de gorduras e alimentos industrializados e redução na prática de atividades físicas são fatores indutores da doença. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Métrica e Avaliação para a Saúde (IHME), da Universidade de Washington, realizada entre 1980 e 2013, revelou dados de 188 países, entre eles o Brasil. Estimou-me que existem, no planeta, 2,1 bilhões de pessoas obesas ou com sobrepeso, o que representa quase 30% da população mundial. Entre 1980 e 2013, a obesidade e sobrepeso aumentaram 27,5% entre os adultos e 47,1% entre as crianças. O Departamento de Estatísticas da Organização Mundial de Saúde alerta que 2,8 milhões de pessoas por ano morrem por complicações oriundas da obesidade; e informa que 12% da população mundial são consideradas obesas. Em crianças, o sobrepeso e a obesidade vêm aumentando, principalmente na faixa etária compreendida entre cinco e nove anos. Dados do IBGE apontam que em meninos esse índice é de 16,6% e, em meninas, de 11,8% para a obesidade. Odonto Magazine - Os pacientes com obesidade grave apresentam, clinicamente, maior incidência de comorbidades. Existe um protocolo de atendimento odontológico determinado por autoridades em saúde bucal para tratar esses pacientes? Maria Lucia Zarvos Varellis - A obesidade é, sem dúvida, fator de risco para o surgimento de outras doenças. Diversas comorbidades têm maior incidência em obesos e são responsáveis pelo aumento das taxas de mortalidade e perda da qualidade de vida. Diabetes, hipertensão arterial, hiperlipi-
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demia, cardiopatias, doenças articulares, colelitíase, apneia do sono, hipoventilação, insuficiência respiratória, desajustes psicossocioemocionais, além de diversas formas de câncer, têm elevada prevalência entre os obesos. O controle da obesidade se dá pela perda de peso, por meio de dieta e exercícios físicos. A taxa de mortalidade por câncer está aumentada em mulheres obesas, nos tumores malignos de endométrio, vesícula, colo uterino, ovário e mama. Em homens obesos, está aumentada nos tumores malignos colorretais e de próstata. Com relação aos aspectos psicossocioemocionais da obesidade, há uma tendência por parte da sociedade de excluir pessoas que fogem do padrão estético vigente. Entre crianças, sabe-se que o bullying é um fantasma que traz muito sofrimento. O protocolo de tratamento destes indivíduos deve ser norteado pelas condições orais e pelas comorbidades presentes. A anamnese é essencial, pois, por meio dela, é possível investigar a história médica pregressa deste indivíduo; conhecer as comorbidades; tratamentos médicos e interprofissionais que vêm sendo realizados, bem como os medicamentos que são utilizados no dia a dia. Isto porque, de acordo com as informações obtidas, será traçado um plano de tratamento adequado para cada caso. Por outro lado, será possível compreender muitas das manifestações orais presentes no paciente. A história odontológica também é de extrema importância, pois, além de obtermos dados de tratamentos realizados anteriormente, conheceremos a queixa principal e os anseios e expectativas deste paciente. Odonto Magazine - Como a obesidade pode interferir na saúde bucal do paciente? Maria Lucia Zarvos Varellis - Sendo a obesidade uma doença que envolve vários sistemas do organismo, não podemos deixar de destacar o importante papel do sistema estomatognático na sua instalação (hábitos alimentares) e, ao mesmo tempo, as consequências que o sistema sofre por conta da doença. Os distúrbios orais mais frequentes são: a cárie, o aumento na incidência de processos inflamatórios, a doença periodontal, a má oclusão e os problemas articulares.
Entrevista
A obesidade já é considerada um problema de saúde pública. Medidas preventivas e educativas devem ser adotadas para o controle da doença
As manifestações orais das comorbidades também são fatores de desequilíbrio. Os medicamentos utilizados para controle das comorbidades afetam a boca, como é caso dos hipoglicemiantes, anti-hipertensivos, entre outros. Portanto, os cuidados com a higiene e a saúde oral são essenciais na manutenção da saúde geral do organismo e para minimizar a incidência de complicações locais e sistêmicas. Pacientes obesos são propensos a ter problemas respiratórios e articulares, os quais podem interferir diretamente na função do sistema estomatognático. Devido à dificuldade respiratória, tendem a adquirir o hábito de respirar pela boca. A apneia do sono pode estar presente, e, em alguns casos, há a necessidade de aparelhagem de suporte para facilitar a respiração.Tanto na respiração oral como para a apneia do sono, pode ocorrer a xerostomia, que tem efeitos indesejáveis e prejudiciais. A musculatura oral também é afetada nesse tipo de respiração, principalmente em crianças, onde se observa hipotonicidade muscular, palato atresiado, face alongada, falta de concentração e baixo aproveitamento intelectual pela má oxigenação cerebral, má oclusão dentária e problemas articulares.
O sobrepeso e a obesidade têm grande impacto na saúde e os cirurgiões-dentistas têm papel fundamental no tratamento, equilíbrio e na promoção da saúde destes indivíduos. Odonto Magazine – Caso o obeso tenha diabetes, o cuidado odontológico precisa ser redobrado, pois se a doença não estiver controlada, é bem possível que haja maior incidência de problemas bucais. Como o cirurgião-dentista pode evitar o aparecimento de possíveis transtornos? Maria Lucia Zarvos Varellis - O diabetes é uma das comorbidades mais frequentes na obesidade, e esta doença aumenta o risco de inflamação e infecção na boca. Além disso, ocorrem complicações em outros sistemas, como o cardiovascular e o urinário, cujas alterações (hipertensão arterial, nefropatia diabética) também repercutem na cavidade oral. O descontrole dos níveis glicêmicos pode causar danos na cavidade oral, como: » Cárie de rápida evolução: o aumento no nível de glicose no fluído gengival pode resultar na modificação da microbiota e influenciar no desenvolvimento da doença periodontal e de cáries múltiplas.
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Entrevista
» Cálculo dental: o controle metabólico alterado leva ao aumento da glicose na saliva, que associado à diminuição do fluxo, pode facilitar o acúmulo de cálculo. » Periodontite: hiperemia; sangramento espontâneo; hiperplasia gengival; intumescimento gengival; consistência mole; coloração azulada e ulcerações; glossite; queilite angular; sensibilidade à percussão dental; processos apicais fistulados; mobilidade precoce dos dentes decíduos; e erupção tardia dos dentes permanentes (em crianças com Diabetes tipo 1). A doença periodontal pode não ceder às terapias convencionais, e, em aproximadamente 75% dos pacientes, ocorre maior reabsorção do osso alveolar e alterações inflamatórias gengivais. Na dentição permanente, observa-se, em muitos casos, a evolução rápida da doença periodontal, com perda de suporte ósseo e avulsão espontânea dos elementos. As alterações observadas na resposta imune de pacientes diabéticos podem ser a causa ou o efeito da doença periodontal inflamatória. » Xerostomia: fator etiológico secundário para as doenças bucais. Quando seca, a mucosa é facilmente prejudicada e mais suscetível a infecções por microrganismos oportunistas, como a Candida albicans, além de predispor ao aumento do biofilme e retenção de restos de alimentos, contribuindo para aumento de periodontite e cárie. Como consequência,
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pode-se observar ardência de mucosa e língua e alteração do paladar, aftas e úlceras. » Doença microvascular: afeta os capilares do tecido gengival, à semelhança do que ocorre na nefropatia e na retinopatia diabética. O resultado desta mudança vascular é a baixa liberação de nutrientes para os tecidos, diminuição da difusão de oxigênio, alteração do metabolismo de eliminação residual e dificuldade de realização da diapedese leucocitária, o que leva a um déficit na capacidade de reação frente às infecções, aumentando a severidade da doença periodontal. » Aumento da parótida: provavelmente resultante de alterações na membrana basal dos ductos da parótida ou outras mudanças histopatológicas. » Alteração do paladar: pode ser consequência da neuropatia diabética, ou resultar da desordem dos receptores de glicose. Por outro lado, sabemos que os focos inflamatórios e infecciosos na cavidade oral comprometem o controle glicêmico efetivo e, portanto, o cirurgião-dentista deve estar preparado para avaliar o risco e o benefício dos procedimentos, bem como o momento oportuno de atuar, ainda que os níveis glicêmicos estejam elevados, uma vez que focos infecciosos bucais podem elevar o índice de glicose no sangue. Por isso, o controle enérgico das infecções deve ser realizado, por meio de consultas periódicas (periodicidade determinada
Entrevista pela gravidade do caso), profilaxia e tartarectomia, além do tratamento necessário para eliminar a doença da cavidade oral. O cirurgião-dentista deve adotar cuidados especiais no atendimento, e os mesmos devem ser explicados ao paciente, que poderá colaborar para que seu tratamento transcorra de forma segura. São eles: reforçar o uso do hipoglicemiante oral ou insulina; orientar a dieta e mantê-la no dia da consulta; consultas curtas no meio da manhã, com uso de tranquilizante ou sedação complementar prescrito pelo médico que acompanha o paciente, quando necessário; se a consulta for demorada, interromper para refeição leve (copo de suco); se após o tratamento houver dificuldade de alimentação sólida, prescrever alimentos pastosos e líquidos. Reduzir, ao mínimo, a possibilidade de infecção; realizar profilaxia com antibióticos em pré-operatórios cirúrgicos; terapia antibiótica, quando necessária; cuidado especial com as doenças periodontais; consultar o médico que acompanha o paciente quanto à necessidade de adequação na dose de insulina/hipoglicemiante oral para o tratamento odontológico; prevenção das doenças bucais – cárie e periodontite – por meio de orientações de escovação, o uso de fio dental, bochechos fluorados e com clorexidina, alimentação rica em fibras, dieta hipocalórica. A higiene oral deve ser feita após cada refeição, de forma eficiente e sistemática. Em casos mais severos, em que a doença periodontal já está instalada e em pacientes que fazem tratamento medicamentoso para controle das comorbidades, recomendo visitas mensais ao cirurgião-dentista, para controle mais efetivo. Odonto Magazine - Segundo especialistas, o acúmulo de gordura corporal influencia, negativamente, nos processos infecciosos bucais. Quais medidas devem ser adotadas no caso de inflamações na cavidade bucal do paciente obeso? Maria Lucia Zarvos Varellis - O tecido adiposo tem função endócrina, sendo capaz de modular processos metabólicos, localmente e em diversos outros tecidos, modulando também a obesidade. O tecido adiposo visceral é o mais ativo metabolicamente e o mais associado à inflamação. Estudos, porém, têm apontado um possível mecanismo inverso, a indução da obesidade a partir de citocinas pró-inflamatórias, participantes da regulação da ingestão alimentar, demonstrando um possível ciclo vicioso entre inflamação e obesidade. O acúmulo de gordura, principalmente a visceral e a inflamação sistêmica, está associado a desordens metabólicas, como obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemias, aterosclerose e outras doenças cardiovasculares. A literatura relata que a liberação das adipocinas poderia ser induzida pela hipóxia que o tecido adiposo sofre, devido à expansão do mesmo no desenvolvimento da obesidade. Estando o indivíduo com baixa imunidade e exposto a fatores de risco, quadros inflamatórios e infecciosos podem se instalar. A atuação enérgica do cirurgião-dentista para controle desses quadros é determinante para a adesão ao tratamento por parte do paciente com eliminação da doença e prevenção. Outro sério risco é o de que bactérias presentes em processos orais possam se espalhar na corrente sanguínea, instalando-se em outros órgãos, como na endocardite bacteriana, pleurite, entre outros. Quadros sistêmicos, entre eles o próprio diabetes e outras infecções, podem impedir o controle dos níveis glicêmicos, enquanto altos índices glicêmicos podem afetar a qualidade da saúde oral, portanto, as ações do profissional devem prever essa via de mão dupla na instalação e progressão da doença.
Odonto Magazine - Quais são as limitações mais observadas pelo profissional de saúde bucal que presta atendimento odontológico ao paciente obeso? Maria Lucia Zarvos Varellis - Existem vários fatores que devem ser levados em conta quando se pensa no tratamento odontológico de pessoas obesas, entre eles a acessibilidade. A acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos e esportivos, dos transportes, dos sistemas de meios de comunicação, por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida (Decreto 3.298/99 de 20/12/99, que regulamenta a Lei 7.853 de 24/10/89). Ela não diz respeito apenas ao meio utilizado para chegar ao consultório odontológico, mas também, à mobilidade deste paciente dentro de suas instalações. Por essa razão, o desenho universal - criação de ambientes e produtos que podem ser usados por todas as pessoas (na sua máxima extensão possível) - é de grande importância para analisar o quanto um ambiente pode servir às necessidades específicas do usuário, promovendo meios para acessar e utilizar espaços e equipamentos. Assim, o mobiliário deve ser adequado para essas pessoas cadeiras e sofás devem ser mais altos, não muito macios, para facilitar quando for se levantar. A largura de corredores e portas também é importante. Deve-se tomar muito cuidado com tapetes e degraus, procurando evitar possíveis quedas dos pacientes. Na sala de atendimento deve haver um espaço circulante suficiente para que este indivíduo possa se sentar com facilidade na cadeira odontológica. Esta deve ser grande e de boa qualidade, para que possa suportar o peso do paciente. O posicionamento na cadeira deve ser observado, uma vez que o decúbito dorsal pode interferir na qualidade da respiração. Quanto ao uso da cuspideira, este deve ser evitado, já que o paciente não tem a mobilidade necessária para realizar flexões abdominais enquanto está sentado na cadeira odontológica. Assim, o uso de um sugador potente deve suprir a necessidade de desprezar os dejetos. É preciso garantir segurança também quando o paciente se levanta da cadeira, pois este pode sentir tontura e sofrer alguma queda. Por questões ergonômicas, o cirurgião-dentista deve buscar a melhor forma de se posicionar enquanto realiza o tratamento, uma vez que o mesmo deve ser feito em segurança, sem prejuízo de quem o realiza. Destaque especial merece a equipe auxiliar do consultório, que deve estar treinada, sensibilizada e preparada para o atendimento destes pacientes. Odonto Magazine - Como o dentista pode orientar o paciente e a família na questão da prevenção das doenças bucais que podem se manifestar no obeso? Maria Lucia Zarvos Varellis - A prevenção é o caminho mais fácil para a manutenção da saúde oral. Porém, esta é uma situação diferente da que encontramos no dia a dia da prática odontológica. Em famílias cujos hábitos alimentares são saudáveis, dificilmente encontraremos um paciente obeso. Já naquelas cuja dieta não é a ideal, poderemos encontrar pessoas com sobrepeso ou obesidade. Da mesma forma, hábitos de higiene também são adquiridos e, por essa razão, é imprescindível envolver toda a família, res-
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Entrevista ponsáveis e cuidadores na dinâmica de orientação e prevenção da saúde bucal. Assim sendo, é preciso adotar medidas curativas e preventivas que deverão ser explanadas ao paciente obeso, bem como para toda a sua família, e, para tanto, estabelecer um vínculo de confiança e afeto é o primeiro passo para empatia. Por meio dele, a adesão ao tratamento fica mais fácil. O vínculo estabelecido será fator motivador de boas práticas. Odonto Magazine - Existe algum tipo de treinamento para o cirurgião-dentista responsável pelo tratamento bucal de pessoas obesas? Maria Lucia Zarvos Varellis - O cirurgião-dentista é o profissional que está habilitado para tratar das doenças do aparelho estomatognático, bem como de preveni-las. O ser humano é múltiplo e traz consigo uma série de situações que devem ser levadas em consideração na hora de realizar o diagnóstico e estabelecer o plano de tratamento, sempre que o paciente assim o desejar. Mais especificamente, no caso da obesidade, como já vimos anteriormente, o cirurgião-dentista deve levar em consideração as alterações diretas que a doença provoca na cavidade oral. São elas: dieta hipercalórica; presença de transtorno alimentar (bulimia); hábitos de higiene prejudicados, seja pela falta de orientação ou do autocuidado prejudicado, devido à baixa autoestima, bem como as complicações bucais advindas das alterações sistêmicas - desencadeadas pelas comorbidades e pelos medicamentos utilizados para equilibrá-las. Os cirurgiões-dentistas estão preparados para atender a esses pacientes, uma vez que os currículos de graduação contemplam o estudo das especialidades odontológicas e sua aplicabilidade na clínica odontológica. Não existe, no Brasil, uma habilitação ou especialidade para atender aos pacientes obesos. O Conselho Federal de Odontologia estimula ações em todos os Estados para o controle da obesidade e da saúde bucal, porque reconhece a importância do assunto frente à crise de saúde pública instalada nacional e mundialmente. Odonto Magazine - Segundo o Ministério da Saúde, nas três últimas décadas, os brasileiros vêm trocando o consumo de alimentos naturais, ricos em nutrientes e fibras, pelo de produtos industrializados, repletos de açúcares, gorduras e carboidratos. Essa troca não só resulta em aumento de peso, mas no aparecimento de cáries e infecções na boca. Qual é a importância de um atendimento multidisciplinar de qualidade para reverter esse quadro preocupante? Maria Lucia Zarvos Varellis - A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), aprovada no ano de 1999, integra os esforços do Estado brasileiro, que por meio de um conjunto de políticas públicas propõe respeitar, proteger, promover e prover os direitos humanos à saúde e à alimentação. Após 10 anos de publicação da PNAN, iniciou-se o processo de atualização e aprimoramento das suas bases e diretrizes, de forma a consolidar-se como uma referência para os novos desafios a serem enfrentados no campo da alimentação e nutrição no Sistema Único de Saúde (SUS). Em sua nova edição, publicada em 2011, a PNAN apresenta como propósito a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição.
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Para tanto, está organizada em diretrizes que abrangem o escopo da atenção nutricional no SUS com foco na vigilância, promoção, prevenção e cuidado integral de agravos relacionados à alimentação e nutrição; atividades, essas, integradas às demais ações de saúde nas redes de atenção, tendo a atenção básica como ordenadora das ações. Por se tratar de uma doença multifatorial, com as mais diversas repercussões, não se pode conceber a ideia de que o tratamento seja feito de forma isolada pelos profissionais que assistem a este paciente. A equipe multiprofissional deve atuar em conjunto, as estratégias precisam ser estabelecidas em grupo, trocando informações, ajustando condutas e tratando deste indivíduo como um todo, pois, só assim, será possível obter êxito na terapia proposta. A equipe deve, no mínimo, contar com médico cardiologista, endocrinologista, cirurgião-dentista, nutricionista, educador físico, psicólogo e fonoaudiólogo, que, sistematicamente, devem se reunir para trocar experiências em relação ao sucesso e intercorrências do tratamento proposto. Odonto Magazine - Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou em consulta pública as novas diretrizes para o consumo de açúcares. A medida visa à redução da incidência de problemas de saúde, como obesidade e cáries dentárias. Como o cirurgião-dentista pode ajudar os seus pacientes a colocarem tais ensinamentos na prática? Maria Lucia Zarvos Varellis - Em 5 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou em consulta pública as novas diretrizes para o consumo de açúcares. A medida pretende reduzir a incidência de problemas de saúde, como obesidade e cáries dentárias no mundo. Comentários e sugestões para a proposta foram aceitos até 31 de março, pelo site oficial da entidade. Para participar da consulta, o profissional teve que apresentar uma declaração de interesses. Todos os comentários serão revisados e, se necessário, o documento será revisto pela OMS antes da publicação final. A recomendação atual da OMS, que data de 2002, é que os açucares devem representar menos de 10% do total de calorias ingeridas por dia. O novo protocolo também propõe a mesma proporção de menos de 10%, mas sugere que uma redução para menos de 5% do consumo total por dia teria benefícios adicionais, o que equivale a cerca de 25g diárias, aproximadamente seis colheres de chá. Segundo o documento, essa quantidade seria a ideal para um adulto com peso considerado normal pelo cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Na proposta, a OMS aplica os limites a todos os monossacarídeos e dissacarídeos, que são adicionados aos alimentos pelo fabricante, cozinheiro ou até mesmo pelo consumidor, bem como açúcares que estão naturalmente presentes no mel, xaropes, sucos de frutas naturais e concentrados. Quando forem colocadas em prática, estas políticas vão, mais uma vez, reforçar a importância no controle da qualidade de alimentos que são consumidos pelas pessoas, de qualquer faixa etária. Como já dissemos anteriormente, este é um problema de saúde pública e a reeducação alimentar deve abranger todas as instâncias possíveis. Os cirurgiões-dentistas são formadores de opinião. A característica do tratamento odontológico, com consultas frequentes, possibilita reforçar o processo de formação, educação e reeducação de seus pacientes. Não se concebe promoção de saúde bucal sem levar em consideração a qualidade dos alimentos ingeridos. No caso da obesidade, mais ainda.
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Espaço Equipe
Saúde de forma integral Danielle Ramos Cirurgiã-dentista. Especialista em Programas Governamentais - Saúde Bucal da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Especialista em Saúde da Família pela Universidade Federal de São Paulo. Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Universidade Cruzeiro do Sul.
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princípio de resolutividade, que é a capacidade do sistema de saúde em resolver as necessidades dos usuários e atendê-los de forma adequada em todos os níveis de atenção, é, ainda, um dos grandes desafios dos gestores do SUS - Sistema Único de Saúde. Para avançar neste desafio, é preciso pensar em uma assistência integral, com mudanças na produção do cuidado voltado para um trabalho interdisciplinar, ampliada em substituição do modelo biomédico. Na literatura internacional, encontramos evidências de que a articulação entre os serviços melhora a qualidade clínica, a satisfação dos usuários e reduz os custos do sistema de saúde. Neste contexto, as Redes de Atenção à Saúde (RAS) foram lançadas, em 2010, pela Portaria 4.279, que define as diretrizes e estratégias para a reorganização do cuidado à saúde.
Mas, o que é a RAS? As RAS têm como objetivo promover a integração de ações e serviços de saúde para prover uma atenção à saúde de forma contínua, integral, de qualidade, responsável, humanizada, com vistas à consolidação dos princípios e diretrizes do SUS. Se pensarmos na organização dos serviços de saúde, sabemos que a UBS (Unidade Básica de Saúde) é a principal porta de entrada nos serviços, tendo papel fundamental em identificar os riscos, necessidades e demandas, a partir de uma assistência multiprofissional e acolhedora. Para ser resolutiva é preciso que as ações sejam centradas no acolhimento e no vínculo, conhecendo o usuário, que traz consigo, além de um problema de saúde, uma história de vida e os determinantes do processo de saúde e doença. É importante salientar que, atenção básica é capaz de resolver de 80% a 85% dos problemas de saúde da população, reduzindo a demanda por serviços especializados e o uso de equipamentos de alta tecnologia, otimizando os recursos públicos. No campo da saúde bucal e com a expansão das ações na atenção básica, a lógica de RAS deve ser desenvolvida sob a ótica das linhas de cuidado, discussão e análise de casos, eventos-sentinela e incidentes críticos, dentre outros. É fundamental que o profissional de saúde, inclusive de saúde bucal, conheça todos os equipamentos do território, articulando as diferentes ofertas de serviços com as demandas dos usuários. O estabelecimento da RAS promove o uso consciente de cada equipamento e serviço de saúde e, de acordo com a complexidade do problema de saúde, possibilita equidade ao acesso a outros pontos de atenção nas condições e no tempo adequado para cada caso. Potencializar o uso da RAS é uma forma de conseguirmos um sistema mais coeso, resolutivo e com mais oportunidade para quem, de fato, necessita de cada serviço. Valorizar o potencial que a atenção básica possui e proporcionar resolutividades às necessidades de saúde dos usuários é o grande desafio dos próximos anos para gestores e profissionais.
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Osteoporose e problemas periodontais: existe uma conexão?
Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes Cirurgião-dentista. Mestre em Odontologia pela Universidade Paulista. Membro internacional da American Academy of Periodontology. Coordenador do curso de especialização em periodontia da ANEO –SP.
A
s disciplinas de base das ciências da saúde nos ensinaram que a osteoporose e a periodontite são duas doenças que, por vias particulares, conduzem a uma repercussão de aparente semelhança e associada com a perda de volume das bases ósseas acometidas por elas. Uma pergunta de grande valia para entender o potencial sinérgico dessas morbidades é: A dentição acometida por doença periodontal pode ter a situação agravada pela osteoporose e/ou vale pensar o contrário? A doença periodontal (que pode evoluir até a periodontite - fase que inclui a perda óssea) é um evento inflamatório, motivado pelo estímulo bacteriano do biofilme dentário, mal controlado pelo paciente. Isso é capaz de gerar a gengivite em 100% dos casos, podendo evoluir para a periodontite – para um ou mais dentes – especialmente no caso de existir a interferência de alguns fatores cogitados pela literatura – como a expressão fenotípica hiper-inflamatória, as interferências adaptativas e oclusivas dos restauros, o hábito pelo fumo, o diabetes mellitus, etc.
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Já a osteoporose é uma doença metabólica. Ela faz parte do envelhecimento. A literatura cita que é mais frequente em mulheres do que em homens – diferente da doença periodontal. Caracteriza-se pela diminuição da massa óssea, que leva ao desenvolvimento de ossos ocos, finos e de extrema sensibilidade, que ficam mais submetidos ao risco de fraturas por pequenos traumas e/ou espontâneas. A osteoporose se deve à brusca diminuição da absorção do cálcio, devido à queda na produção de estrógenos, que ocorre na menopausa. Como os homens também produzem estrógenos (embora em muito menor quantidade que as mulheres), a osteoporose também pode afetá-los, embora em uma proporção de quatro vezes menor (em dados aproximados). Os ossos mais afetados na osteoporose são os da coluna vertebral, punhos, bacia e do fêmur. Desse modo, as bases maxilares não representariam os ossos mais associados com o seu diagnóstico e/ou registro com maior potencial de evolução.
Ponto de Vista
Apesar disso, revisões criteriosas da literatura científica sobre o assunto mostraram que as duas doenças mencionadas podem atuar em sinergia, tornando-se a osteoporose um fator de risco adicional ao curso mais grave da doença periodontal, especialmente em mulheres na menopausa e pós-menopausa, previamente submetidas aos citados problemas odontológicos. Esses achados científicos, levados a nossa rotina clínica, apontam para um necessário incremento na interação, preocupação e investigação conjunta dos médicos, clínicos de Odontologia e periodontistas, em busca do melhor controle dos sinais e sintomas dessas doenças que, embora distintas no curso, têm características comuns e podem ccomprometer a qualidade de vida dos pacientes, especialmente se não existir a devida precaução quanto aos efeitos deletérios das mesmas. Diante disso, a responsabilidade frente ao diagnóstico e plano preventivo e/ou terapêutico é compartilhada pelas duas categorias profissionais - cada qual dentro do seu segmento de ação - e deve ser dividida com os pacientes esclarecidos e motivados na execução das medidas de apoio ao tratamento desses problemas da saúde.
Referências 1. Nuto et al. ( 2007). Acesso em http://www.scielo.br/pdf/csp/ v23n3/26.pdf. 2. Esfahanian et al. (2012) Acesso em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ pmc/articles/PMC3536461/.
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Coluna - Ortodontia
A Odontologia no tratamento interdisciplinar do ronco e da apneia do sono Mauricio Accorsi Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Universidade Federal do Paraná. Mestre em Ortodontia pela Universidade de São Paulo. Preceptor em DTM e Dor Orofacial pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Desenvolve linha de pesquisa relacionada às novas tecnologias para o diagnóstico e planejamento 3D em Ortodontia e Cirurgia Ortognática e tratamentos por meio de sistemas de braquetes autoligados, labiais e linguais. É autor do livro Diagnóstico 3D em Ortodontia, da Editora Napoleão. Faz apresentações e participações em eventos nacionais e internacionais. É professor convidado de cursos de Pós-Graduação em Ortodontia no Brasil e no exterior.
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uando dormimos, os músculos das vias aéreas se relaxam, assim como toda a musculatura do corpo. Dessa forma, o espaço por onde passa o ar que respiramos acaba sendo reduzido. Ao passar por esse estreitamento, o ar faz os tecidos, como o palato mole, a língua e as amígdalas vibrarem, produzindo o ruído característico do ronco. Problemas, como a obesidade agravam a situação, porque o acúmulo de gordura local diminui, ainda mais, o espaço para a passagem do ar. O ronco traz graves problemas de relacionamentos, uma vez que incomoda o sono dos outros familiares. O ronco também pode ser sintoma de uma condição clínica muito mais grave, que é a Síndrome da Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS). A apneia do sono é causada por uma obstrução total nas vias aéreas superiores. Na grande maioria dos casos, a obstrução está relacionada à obesidade, que reduz o tamanho da via aérea faríngea. Algumas vezes, a apneia também é causada por alterações anatômicas nas vias respiratórias superiores, pela hipertrofia das amídalas ou retrognatismo das bases esqueléticas. Na presença de retrognatismo mandibular, a estética do rosto, a mastigação, as articulações têmporomandibulares e a respiração também ficam comprometidas com consequências muito ruins em longo prazo. Cada vez que ocorre uma apneia, há uma diminuição rápida da oxigenação sanguínea e da saturação de oxigênio. A fim de evitar a morte por asfixia, o organismo envia um “sinal” ao cérebro, despertando-o por tempo suficiente para conseguir desobstruir a garganta. Ou seja, ocorre um microdespertar que o indivíduo não percebe e nem lembra no dia seguinte. Nos casos mais graves, esse fenômeno pode se repetir em até 1000 vezes, em cada noite de sono. Após cada microdespertar, ocorre também uma descarga aguda de hormônios do estresse, como adrenalina e outros que, aliada a queda da oxigenação sanguínea, pode desencadear arritmias cardíacas, infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVCs) durante o sono. Além disso, a apneia do sono, se não tratada, pode ocasionar ou agravar várias doenças, como diabetes, obesidade, hipertensão, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, arritmias cardíacas, AVCs, entre outras. Devido ao grande número de microdespertares pelas apneias repetidas, o sono se torna fragmentado, ocorrendo diminuição do sono profundo e do sono REM (rapid eye movement - fase onde
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ocorrem os sonhos e é caracterizada pelo movimento rápido dos olhos). O sono profundo é fundamental para a recuperação do corpo; o descanso, propriamente dito. Já a fase REM é importante para a consolidação do aprendizado e da memória. Assim, a apneia do sono é uma das causas mais comuns de fadiga, sonolência e dificuldades de aprendizado e memória. Existem algumas modalidades de tratamento que os cirurgiõesdentistas precisam conhecer, como o uso do CPAP (continuos positive air pressure), que é um dos tratamentos mais comuns para apneia do sono. É também a forma mais conservadora e aceita de tratamento da apneia do sono por pacientes que não desejam ou não podem se submeter ao tratamento cirúrgico. Consiste no uso de pressão positiva de oxigênio aplicada às vias aéreas superiores durante o sono, por meio de máscara nasal ou facial, possibilitando, assim, a passagem do ar. O uso do CPAP pode melhorar, drasticamente, a qualidade de vida e proteger das complicações graves da apneia do sono, tais como: AVC, infarto, aumento de peso e pressão arterial. Outra modalidade de tratamento comumente aceita para o ronco e apneia do sono são os aparelhos intraorais. Estes dispositivos devem produzir avanço gradual da mandíbula, possibilitando
Coluna - Ortodontia
a desobstrução das vias aéreas. Apesar de esses aparelhos conseguirem um bom resultado, eles têm limitações importantes no tratamento da apneia, não devendo ser utilizados em pacientes com acentuada dessaturação de oxigênio sanguíneo ou em pacientes com apneia severa. Estas limitações sugerem um tratamento multidisciplinar durante as fases diagnósticas, pois sem uma avaliação adequada do paciente pelo especialista do sono e do exame de polissonografia, é possível que ocorra um cuidado ineficaz. Os dispositivos intraorais para o tratamento do ronco e apneia do sono obstrutiva começaram a aparecer no início da década de 1990, primeiramente com o uso de placas interoclusais, que aumentavam a dimensão vertical de repouso; posteriormente, pela modificação de aparelhos funcionais, como o de Herbst, Planas, entre outros, que possibilitavam o avanço mandibular, principal recurso terapêutico contra o ronco e a apneia. Recentemente, com o avanço das pesquisas, já é possível determinar algumas das características ideais para esse tipo de dispositivo, que incluem, principalmente a possibilidade
de avançar gradualmente a mandíbula, permitir movimentos laterais mandibulares, possibilitar a estabilização da mandíbula, não permitindo que o paciente abra a boca, além de um pequeno limite, para evitar a posteriorização reflexa da língua. Finalmente, o tratamento definitivo para a apneia do sono, e que é eficaz também para retrognatismo maxilomandibular grave, consiste em combinar o tratamento ortodôntico, que alinhará os dentes, com a cirurgia ortognática, que corrigirá a deformidade esquelética. Os resultados são permanentes e também melhoram muito a estética geral do rosto, tratando com grande eficiência as limitações respiratórias e funcionais ligadas à anatomia da pessoa retrognata, além de melhorar muito a estética e a autoestima e, consequentemente, a qualidade de vida dos pacientes após a cirurgia. Por meio das mais inovadoras tecnologias para o diagnóstico e planejamento digital 3D é possível, hoje, a simulação de tratamentos e customização de guias terapêuticos, o que leva a obtenção de resultados mais seguros e previsíveis, tornando o procedimento mais rápido e com um pós-operatório muito mais tranquilo.
Fontes: www.aortodontia.com.br e www.clinicaeleve.com.br.
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Coluna - Gestão
Aumente a sua receita
Plínio Augusto Rehse Tomaz Cirurgião-dentista. Master em Empreendedorismo e Inovação (B.I International). Pós-graduação em Marketing (ESPM), com especialização em Saúde Pública (Unaerp) e Administração Hospitalar (IPH). Conferencista internacional. Articulista de jornais e revistas voltados aos profissionais de saúde. Professor de diversas instituições de ensino. Diretor da Tomaz Gestão e Marketing. plinio@tomazmkt.com.br
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ão estou falando de bolo, mas de resultados de sua clínica, de entradas financeiras. Ainda que você estranhe o tema, todos os dentistas que têm consultório próprio vendem seus serviços, não é verdade? E não há, absolutamente, nada de errado nisso. Muito pelo contrário, todos precisam - e esperam - que seus serviços sejam desejados e comprados. Todos querem aumentar as receitas de seus negócios e, com frequência, não sabem como fazê-lo. Existem quatro estratégias possíveis para que uma empresa (lembre-se que um consultório é, por definição, uma empresa) possa aumentar suas receitas: 1. Ampliando o tamanho do mercado em que atua. 2. Ampliando a sua participação de mercado. 3. Ampliando o ticket médio de compra. 4. Ampliando a frequência de compra dos clientes atuais. Ampliar o tamanho do mercado significa aumentar a aceitação do serviço que você faz/vende por parte dos possíveis consumidores, de modo que mais pessoas queiram e possam comprá-lo. Pode também ampliar a área geográfica de sua atuação, incorporar novos serviços ao seu “cardápio”, ou, ainda, pensar em ações individuais ou coletivas que aumentem a demanda geral, tanto para você quanto para todos de sua especialidade. Em linguagem figurada, aumentar o tamanho do mercado é aumentar o tamanho do bolo. É altamente recomendado que esta estratégia seja feita de forma coletiva, ou seja, por um grupo de profissionais da região ou da especialidade, ou ainda por toda uma classe profissional de modo planejado. Usando a mesma metáfora que apliquei acima, ampliar a sua participação no mercado significa ter uma fatia maior do bolo.
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Por exemplo, se o mercado local é dividido entre cinco pessoas de modo igualitário, então, cada um tem 20% dele. Se você passar a ter 25% deste bolo, significa que está aumentando a sua participação no mercado. Em outras palavras: é conquistar novos clientes, mantendo sua carteira fidelizada. Para tanto, é necessário aplicar todos os conceitos mercadológicos possíveis para que o interesse e a preferência por seus serviços sigam crescendo. Por sua vez, ampliar o ticket médio de compra é aumentar a receita média por cliente, ou seja, incrementar o valor médio que entra em sua clínica a cada novo paciente. Se conseguir aumentar um pouco o seu preço ou mesmo a quantidade de serviços que compõe um “pacote” básico de tratamentos, o seu ticket médio atingirá patamares superiores e alcançará tal objetivo. Esta estratégia é relativamente simples de ser implantada e costumeiramente muito eficaz. Ampliar a frequência de compra significa fazer com que o intervalo entre as compras de seus serviços pelos mesmos clientes seja reduzido. Em médio e longo prazo, isso traz grandes reforços de receita com baixo esforço de venda. Esta estratégia pode ser traduzida em, por exemplo, ações de estímulo para que aqueles que só o procuram a cada seis anos o façam a cada quatro; aos que procuram a cada quatro, que reduzam este intervalo para cerca de dois anos e assim por diante. Com isso, o resultado final aumenta significativamente. É mais ou menos como pescar dentro do próprio aquário; é muito mais fácil e barato do que tentar conquistar clientes novos. Os que já conhecem seus serviços só precisam ser estimulados a serem mais assíduos e voltarem em intervalos de tempo menores o que, diga-se de passagem, é clinicamente recomendado.
Coluna - Gestão
Por meio de uma destas estratégias, ou de uma combinação delas (o que é ainda melhor), você poderá caminhar para uma direção mais clara em termos comerciais. Comece a fazer o uso de indicadores de desempenho (resultados) que sejam capazes de apontar os números que servirão de base para você criar, implantar e acompanhar ações concretas. Tenha, em mãos, os indicadores que mostrem, por exemplo, sua produtividade, a receita média por cliente, os procedimentos mais lucrativos (não necessariamente os mais caros), etc. São eles que dirão o quão certas estarão suas ações ou estratégias. Ao longo de mais de quase duas décadas ajudando médicos e dentistas a conquistarem seus objetivos profissionais, posso dizer que a falta de visão e entendimento, e talvez até certo preconceito, acerca destes assuntos, tem dificultado – e muito – as possibilidades de sucesso e a satisfação pessoal na profissão de muitos. Como sempre tenho “pregado”, ser um cirurgiãodentista é uma coisa, mas ser dono de um consultório é outra bem diferente. Bons profissionais não são, necessariamente, bons empresários, e vice versa, mas ambas as coisas são essencialmente importantes e fundamentais para que um consultório traga bons resultados. Considere isso. Este assunto de buscar estratégias para ampliação de receitas pode parecer tão simples que você não se sentiu sequer estimulado a refletir sobre o assunto, muito menos a fazer alguma coisa concreta, como planejar ações daqui para frente. Se você pensou assim, então só me resta sugerir que comece, imediatamente, a torcer muito para que seus concorrentes diretos também não tenham lido este artigo. Até a próxima!
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Caso Clínico
Tratamento endodôntico em canino inferior com duas raízes: relato de dois casos clínicos
Carlos Eduardo Fontana
Flávia Casale Abe Cirurgiã-dentista. Especialista e Mestre em Endodontia. Professora Assistente nos cursos de Pós-Graduação em Endodontia na Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic (SP). flaviac_abe@hotmail.com
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Cirurgião-dentista. Especialista em Dentística Restauradora. Especialista em Endodontia. Mestre em Clínicas Odontológicas - área de concentração em Endodontia. Membro da EEC - Equipe de Endodontia de Campinas, desde 2004. Professor Assistente nos cursos de Aperfeiçoamento, Especialização, Avançado e Mestrado em Endodontia do Centro de Pós-Graduação em Odontologia - São Leopoldo Mandic (SP). Doutorando em Clínica Odontológica - concentração em Endodontia - na São Leopoldo Mandic (SP).
Rodrigo Sanches Cunha
Especialista, Mestre e Doutor em Endodontia. Professor de Endodontia na Universidade de Manitoba, Canadá.
Kenner Bruno Miguita
Especialista e Mestre em Endodontia. Professor dos cursos de Pós-Graduação da São Leopoldo Mandic (SP). Coordenador do curso de especialização em Endodontia da EAP - APCD, Guarulhos (SP).
principal objetivo da terapia endodôntica é a completa limpeza e modelagem e obturação tridimensional do sistema de canais radiculares com um material inerte; e uma das principais razões do insucesso do tratamento é a falta de conhecimento da anatomia dental interna e suas variações. A anatomia interna dos caninos inferiores, geralmente, acompanha a anatomia externa dos mesmos; assim, as câmaras pulpares acompanham a forma das respectivas coroas, porém, os canais radiculares, geralmente, apresentam um achatamento na direção mesiodistal e, portanto, um alargamento na direção vestíbulo-lingual, principalmente no terço médio. Esse achatamento provoca um estreitamento radicular que pode levar o canal a se dividir em dois, ou até mesmo, ao aparecimento de uma segunda raiz1-5. A radiografia inicial é muito importante para a identificação, ou mesmo a suspeita, das variações anatômicas5. A utilização do microscópio operatório na Endodontia foi citada por Carr6, com o objetivo de se obter melhor iluminação e visualização do campo operatório do endodontista. A habilidade em localizar canais foi o mais importante e significante benefício obtido pelo uso do microscópio operatório. O adequado acesso ao sistema de canais radiculares é a chave para o canal radicular, e a inabilidade em encontrar e limpar esses canais é causa sabida de fracasso na terapia endodôntica7. A associação dos insertos ultrassônicos para o refinamento do
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Felipe Davini
Cirurgião-dentista. Especialista e Mestre em Endodontia.
Carlos Eduardo da Silveira Bueno Cirurgião-dentista. Mestre e Doutor em Endodontia. Professor Titular do Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic (SP). Professor Titular da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP).
preparo da cavidade pulpar e a irrigação passiva ultrassônica é uma ferramenta importante para atingir o objetivo de limpeza e modelagem do sistema de canais radiculares. Estes relatos tiveram como objetivo mostrar, por meio de apresentação de dois casos clínicos, que o conhecimento da anatomia dental interna é importante para obter sucesso na terapia endodôntica.
Caso clínico 1 Paciente MTO compareceu à clínica de Endodontia da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic, na cidade de Campinas – SP, para tratamento do elemento 43, que se encontrava com restauração provisória e medicação intracanal. O paciente relatou que sentiu dor espontânea e pulsátil três dias antes e procurou um atendimento de urgência e, então, foi encaminhado para a faculdade. Foi realizada uma radiografia inicial de diagnóstico e notou-se a presença de duas raízes (figura 1). Após a anestesia infiltrativa com lidocaína 2%, uma broca diamantada foi utilizada para remoção da restauração provisória. A abertura coronária foi ampliada e o dente isolado. Iniciou-se a localização das entradas dos canais com auxílio do microscópio operatório (Alliance Microscopia, São Paulo/ Brasil), em um aumento de 8 x. A localização dos canais se deu com limas manuais tipo K #15 (Dentsply Maillefer, Switzerland), e uma tomada radiográfica foi realizada para confirmação (figura 2).
Caso Clínico Após alcançar a patência dos canais, a odontometria eletrônica (Root ZX II – J. Morita Brasil, São Paulo/ Brasil) registrou 19 mm para o canal vestibular e 20 mm para o canal lingual. Na primeira fase do tratamento, foram utilizadas brocas de Gates Glidden 4, 3 e 2. O dente foi irrigado, durante todo o tratamento, com 30 mL hipoclorito de sódio 2,5%. A instrumentação dos canais foi realizada com limas manuais tipo K e rotatórias ProTaper (Dentsply Maillefer, Switzerland), S1, LK #15, S2, LK #20, F1, LK #25, F2, refinamento apical com LKf #30. Os cones de guta-percha
utilizados foram F2 ProTaper calibrados em tip 30. A irrigação final se deu com 3 mL de EDTA 17 %, por 2 minutos, seguido de 1 minuto com agitação ultrassônica e inserto TRI-12 (Dental Trinks, São Paulo/ Brasil) e 5 mL de hipoclorito de sódio 2,5%. Os canais foram secos com CapilaryTip (Ultradent Products Inc., UT/ United States) e pontas de papel absorvente do mesmo calibre. Os canais foram obturados com cimento AH Plus (Dentsply Maillefer, Switzerland). Para o selamento coronário, utilizou-se coltosol e resina fotopolimerizável (figura 3).
Figura 2
Radiografia de localização dos canais.
Figura 1
Radiografia inicial do caso 1.
Figura 3
Radiografia final do caso 1.
Caso clínico 2 Paciente TACA compareceu à clínica de Endodontia da Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic, na cidade de Campinas – SP, para reintervenção do elemento 43, que se encontrava com núcleo metálico fundido e coroa provisória. A paciente relatou sensibilidade à percussão e palpação apical. À radiografia inicial, notou-se a presença de duas raízes e o
tratamento endodôntico parcial em um dos canais (figura 4). O núcleo metálico fundido foi removido, utilizando-se vibração ultrassônica. Após o desgaste do núcleo com broca tronco-cônica diamantada, de forma paralela, até que fosse possível visualizar a linha de cimento ao redor no pino, iniciou-se a vibração ultrassônica em potência alta e irrigação (Jet Sonic – Gnatus, Ribeirão Preto/ Brasil).
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Caso Clínico A entrada dos canais foi visualizada com microscópio operatório (Alliance Microscopia, São Paulo/ Brasil) em magnificação de 8 x (figura 5). A remoção de guta-percha foi realizada com limas de desobturação ProTaper (Dentsply Maillefer, Switzerland) D1, D2, D3 e irrigado com hipoclorito de sódio 2,5%, durante todo o tratamento. Após alcançar a patência dos canais com lima K #10, a odontometria eletrônica foi estabelecida em 14 mm (1 mm aquém do comprimento real do dente). A instrumentação foi complementada com limas rotatórias
ProTaper F1, F2 e F3 e o refinamento apical com lima Kf #30. A irrigação final se deu com 3 mL de EDTA 17 % , por 2 minutos, seguido de 1 minuto com agitação ultrassônica e inserto TRI-12 e 5 mL de hipoclorito de sódio 2,5%. Os canais foram secos com Capilary Tip e pontas de papel absorvente do mesmo calibre (figura 6). Os cones selecionados foram F2, calibrados em #30 e o cimento utilizado foi o AHPlus, termoplastificados com termocompactador de McSpadden #55 (figura 7). A câmara pulpar foi selada com pino e coroa provisórios e encaminhada de volta ao protesista (figura 8).
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Radiografia inicial do caso.
Canais limpos e secos.
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Visualização dos canais vestibular e lingual.
Visualização dos canais após a obturação.
Caso Clínico A falta de habilidade do endodontista em localizar e tratar canais pode comprometer o sucesso do tratamento endodôntico. Cantatore, Berutti, Castelucci13 sugeriram que radiografias pré-operatórias de boa qualidade, equipamentos como microscópio operatório, ultrassom e motor rotatório são auxiliares importantes no êxito da terapia. Os achados dos estudos in vivo e in vitro citados nesse trabalho, e os casos clínicos citados mostraram a realidade da existência de dois canais em caninos inferiores; e a utilização do microscópio operatório pode aumentar a chance de sucesso da terapia endodôntica, por facilitar a localização, permitir o acesso, e, associado aos insertos ultrassônicos, alcançar a limpeza e modelagem de um canal que não poderia ser visto a olho nu ou na imagem radiográfica.
Conclusão
Figura 8
Radiografia final do caso.
Discussão Em 1917, Hess3 encontrou bifurcação em 54% dos caninos inferiores extraídos avaliados. Porém, Bellizzi e Hartwell 1 observaram o tratamento endodôntico de 195 caninos inferiores in vivo e constataram que apenas 4,1% apresentavam dois canais. Os autores sugeriram maior atenção na abertura coronária desses dentes, para facilitar a localização, limpeza, modelagem e obturação de um possível segundo canal. Em uma análise de diafanização, em 2400 dentes permanentes extraídos, Vertucci4 encontrou uma incidência de 6% de caninos inferiores com dois canais distintos. Valores próximos aos de Oliveira e Iorio8, que avaliaram 1040 caninos inferiores e observaram que, na análise radiográfica, 8,1% dos dentes apresentavam canais duplos, enquanto na análise pela diafanização, foram encontrados 8,7% dos dentes com canais duplos, mostrando que a ocorrência de raízes distintas em caninos inferiores é rara. Versiani, Pécora, Sousa-Neto (2011)9 encontraram bifurcação em 14 de 793 caninos inferiores, ou seja, cerca de 1,76%, e, em todos, a bifurcação acontecia à partir do terço médio, situação essa que pode dificultar, ainda mais, a localização e tratamento dos canais. Carvalho e Zuolo7 deixaram evidente que a iluminação e magnificação proporcionadas pelo microscópio operatório aumentaram em 7,8% a localização do canal mésio-bucal em molares superiores. Assim como os resultados obtidos por Yoshioka, Kobayashi, Suda10, que provaram que a utilização do microscópio operatório na localização de entrada de canais radiculares é muito superior a outros métodos testados. Plotino, Pameijer, Grande, Somma11 afirmaram que a combinação entre a visualização microscópica e os instrumentos ultrassônicos é segura e efetiva para alcançar bons resultados, tanto na localização de entrada de canais radiculares como no refinamento do acesso cirúrgico. A irrigação passiva ultrassônica (PUI) mostrou ser capaz de remover debris dentinários e melhorar a limpeza química do sistema de canais radiculares12.
O conhecimento da anatomia dental interna e as suas possíveis variações é indispensável ao profissional que realiza endodontia clínica, para não ser surpreendido pelas mesmas. A associação de magnificação e iluminação, proporcionadas pelo microscópio operatório, e insertos ultrassônicos oferecem condições de realizar o tratamento, pois a superação das dificuldades pode ser decisiva no resultado final.
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Caso Clínico
Reabilitação estético-funcional anterior por meio de prótese fixa e enxerto gengival livre
Wilkens Aurélio Buarque e Silva Cirurgião-dentista. Professor Titular do Departamento de Prótese e Periodontia da FOP/UNICAMP. wilkens@fop.unicamp.br
Frederico Andrade e Silva
Cirurgião-dentista. Professor Titular do Departamento de Prótese e Periodontia da FOP/UNICAMP.
Luiza A. de Figueiredo
Cirurgiã-dentista. Especialista em Prótese Dental. Mestranda em Clínica Odontológica FOP/UNICAMP.
João Paulo S. Fernandes
Cirurgião-dentista. Especialista em Prótese Dental. Mestrando em Clínica Odontológica FOP/UNICAMP.
A
reabilitação oral por meio de próteses fixas tem sido discutida e relatada há décadas, devido suas características estéticas e altas taxas de sucesso em longo prazo. Mesmo considerando o estágio atual das porcelanas odontológicas modificadas e das próteses livres de metal, as próteses fixas metalocerâmicas combinam a resistência e a precisão de um metal fundido com a estética da porcelana1. Além disso, apresentam maiores taxas de sobrevivência, menores índices de fratura da cerâmica de revestimento quando comparadas com coroas livre de metal2 e, por estas razões, ainda são indicadas como uma das principais opções para a reabilitação de espaços protéticos anteriores. Por outro lado, a opção pela escolha do tipo de prótese a ser indicada para um determinado caso, não deve levar em conta unicamente o material utilizado para a sua confecção, mas, sim, considerar as individualidades e perfil do paciente, tais como: condições locais do tecido gengival, inserção óssea dos pilares, apoio labial e equilíbrio do sorriso3,4. A região anterior da maxila é a área que apresenta maior exigência estética e maior dificuldade na sua obtenção. Após as perdas dentais, essa região sofre alterações drásticas nas dimensões do rebordo, em altura e largura, o que pode resultar em perda de volume gengival e papila interdental5. Especificamente, a ausência de papila interproximal pode induzir problemas estéticos, fonéticos e de impacção alimentar6. Quando o volume de tecido gengival está insatisfatório e com comprometimento da papila, uma das indicações
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terapêuticas prévias à reabilitação protética é o enxerto gengival livre, que envolve enxerto de tecido queratinizado adquirido a partir de uma área doadora, palato ou rebordo desdentado, que é fixado no local destinatário, devolvendo volume gengival adequado ao rebordo alveolar 7. O contorno gengival e a formação da papila interdental podem ser obtidos por meio do condicionamento com aplicação gradual de compressão, pelo uso de provisórios e adição gradual de resina acrílica, possibilitando uma condição mais harmônica entre dentes e o tecido gengival8. Este trabalho tem como objetivo descrever e discutir os procedimentos clínicos executados em uma paciente para a substituição de uma prótese fixa anterior, com desadaptação dos retentores e situação insatisfatória do rebordo residual por meio de um tratamento multidisciplinar com enxerto gengival livre, condicionamento gengival com provisórios, tratamento endodôntico e confecção de prótese fixa convencional, com controle de três anos após a cimentação da prótese.
Caso clínico Relato anamnésico e exames clínico e radiográfico O paciente de 55 anos, gênero feminino, compareceu a clínica de graduação da Faculdade de Odontologia de Piracicaba/ UNICAMP com queixa principal do aspecto estético e insatisfação com a sua prótese antiga. Ao exame clínico, foi observada a presença de uma ponte fixa anterior entre os elementos 13 a 23, ausência dos elementos 12 a 22, desadaptação da prótese nos dentes pilares, lesão cariosa no elemento 23 (figura 1), situação insatisfatória do rebordo
Caso Clínico
Após cuidadosa avaliação do caso e planejamento, foi estabelecido o seguinte plano de tratamento: tratamento endodôntico dos elementos 13, 23 e 24; retratamento endodôntico do elemento 14; colocação de pinos de fibra de vidro nos elementos 13 e 14; preparo para coroa total dos elementos 13, 14, 23 e 24; instalação do provisório dentogengival; enxerto gengival livre e condicionamento tecidual com provisórios. O tratamento teve início com a confecção do provisório dentogengival em resina acrílica prensada em laboratório (figuras 4 e 5), remoção da prótese insatisfatória (figura 6), remoção de tecido cariado do elemento 23, repreparo dos pilares 13 e 23, reembasamento e cimentação do provisório com cimento à base de óxido e eugenol (figuras 7 e 8). Neste momento, já foi possível observar melhora na estética, o restabelecimento das dimensões cérvico-incisal dos dentes e a adequação da linha de sorriso. Após os tratamentos endodônticos dos elementos 13, 23 e 24 e retratamento endodôntico do elemento 14, foram colocados pinos de fibra de vidro nos elementos 13 e 14 e preenchimento com cimento resinoso para proporcionar reforço e preservação da estrutura dental remanescente (figura 9). A paciente foi submetida à cirurgia de enxerto gengival livre para restabelecimento das dimensões originais em altura e espessura do rebordo alveolar, para posterior condicionamento gengival
(figura 10 e 11). A área doadora de escolha foi a região de palato. Nessa etapa, a gengiva artificial do provisório foi removida com pontas maxicut e polida com pontas específicas, promovendo alívio do contato entre o provisório e o tecido gengival, possibilitando a cicatrização inicial dessa região (figura 12). Após a cirurgia, aguardou-se 45 dias para cicatrização do tecido mole e iniciou-se o condicionamento gengival pela técnica da pressão gradual de resina acrílica na região cervical do provisório até que resultasse em uma área isquêmica (figura 13). Foi verificada a ocorrência da regressão da isquemia após cinco minutos de pressão do provisório sobre o tecido gengival (figuras 14 e 15). Esse procedimento foi repetido a cada sete dias, até a obtenção da conformação gengival compatível com a anatomia dentária cervical e formação de papila interdental. (figuras 16 e 17). Após a obtenção do condicionamento gengival desejado, deuse início aos procedimentos de moldagem para confecção da prótese definitiva. A técnica de escolha para proporcionar o afastamento gengival e moldagem do término cervical foi a da moldeira unitárias (casquete). A moldagem dos preparos foi realizada com silicona de condensação (Speedex Putty Soft, Coltene Inc.), inserida nas moldeiras individuais, posicionadas nos dentes preparados e mantidas em posição sobre pressão até a presa final do material (figura 18). Foi realizada moldagem de transferência utilizando uma moldeira tipo verner com alginato (figura 19). O molde foi vazado em gesso tipo IV, para obtenção do modelo de trabalho e confecção da estrutura metálica. Foi confeccionada a infraestrutura metálica e, posteriormente, realizada a prova clínica da mesma (figura 20) e radiografias periapicais. A seleção de cor foi realizada com o auxílio de uma escala Vita 3D Master e após a aplicação da cerâmica, prova e ajustes finais (figuras 21 e 22), a prótese foi enviada novamente ao laboratório para glazeamento. A prótese foi cimentada com cimento à base de zosfato de zinco e está sendo mantida sob controle clínico há 36 meses. (figuras 23,24 e 25).
Figura 1
Figura 2
residual com ausência de papilas interdentais, presença de buracos negros e aumento do comprimento cérvico incisal dos elementos 12 a 22 (figura 2). O diagnóstico e planejamento do caso foram realizados com o auxílio de exames radiográficos, fotografias e modelos de estudo (figura 3). O paciente foi informado e assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com a Resolução 196/96 do CNS/MS, de 10/10/1996.
Conduta terapêutica
Aspecto clínico inicial do caso.
Aspecto clínico dos pilares após a remoção das próteses.
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Caso Clínico
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Modelo de estudo em vista oclusal.
Prótese fixa provisória em vista palatina.
Vista vestibular dos provisórios cimentados. Observar gengiva em resina acrílica.
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Prótese fixa provisória em vista vestibular.
Aspecto clínico dos pilares e rebordo gengival.
Aspecto da linha de sorriso com os provisórios cimentados.
Caso Clínico
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Cimentação dos pinos de fibra de vidro nos elementos 23 e 24.
Rebordo residual 15 dias após a cirurgia. Vista oclusal.
Acréscimo de resina acrílica para compressão da região enxertada. Observar a isquemia produzida.
Rebordo residual 15 dias após a cirurgia. Vista vestibular.
Prótese provisória desgastada, dando espaço para a cicatrização do leito enxertado.
Regressão da isquemia após cinco minutos de compressão do provisório sobre o tecido gengival. Vista vestibular.
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Figura 15
Figura 16
Figura 17
Figura 18
Figura 19
Figura 20
Regressão da isquemia após cinco minutos de compressão do provisório sobre o tecido gengival. Vista lateral.
Conformação gengival obtida com a compressão dos provisórios. Vista lateral.
Moldagem de transferência.
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Conformação gengival obtida com a compressão dos provisórios. Vista vestibular.
Moldagem unitária dos preparos pela técnica dos “casquetes”.
Prova da infraestrutura metálica.
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Figura 21
Figura 22
Prova e ajustes finais da cerâmica. Vista vestibular.
Figura 23
Prótese fixa definitiva cimentada. Vista vestibular.
Prova e ajustes finais da cerâmica. Destaque para as papilas interproximais.
Figura 24
Prótese fixa definitiva cimentada. Vista lateral.
Discussão A substituição da prótese justificou-se pela desadaptação dos retentores e situação insatisfatória do rebordo residual. Além disso, encontrava-se com condições mecânicas desfavoráveis, tendo apenas os elementos 13 e 23 como pilares para suportar ausência de quatro elementos9. Com base nisso, os elementos 14 e 24 foram incorporados a prótese para auxiliar a distribuição de forças, favorecendo a mecânica da prótese. O tratamento endodôntico dos dentes pilares foi realizado com base no protocolo na disciplina de prótese fixa da FOP/ UNICAMP, que tem o objetivo de evitar sintomatologia dolorosa após cimentação definitiva da prótese sobre dentes vitalizados e necessidade de remoção da prótese para realização de tratamento endondôntico posterior. Para que a prótese fixa seja indicada é necessário que alguns fatores sejam observados, como higiene oral satisfatória, número de pilares e distribuição no arco, implantação dos pilares no osso alveolar, inclinação dos pilares e oclusão favorável3. A escolha final do tratamento com prótese fixa convencional metalo-cerâmica foi feita pela paciente, após discussão e consideração de outras possibilidades terapêuticas com os profissionais responsáveis pelo caso. Estudos mostram que a taxa de sobrevivência após 10 anos de uso de pontes fixas metalo-cerâmicas variam entre 84 e 92%3,10.
Figura 25
Aspecto final do sorriso da paciente.
Os dentes pilares, após o mesmo período, apresentaram sobrevida estimada em 96%11. Uma das principais razões para o fracasso desse tipo de prótese é a cárie recorrente nos dentes pilares. Outros fatores que podem ocasionar fracassos ou falhas são: a periodontite, fraturas radiculares, complicações endodônticas e fraturas de porcelana. O comprimento do pôntico, assim como o gênero e a idade do paciente, não influenciam na sobrevida da prótese4,12. Consideramos que a obtenção de resultados estéticos favorável para a reabilitação de espaços protéticos anteriores, nas características do caso apresentado, somente serão alcançados se houver uma condição harmônica entre estética branca e vermelha13. A prótese inicial da paciente apresentava-se com coroas clínicas longas, na tentativa de compensar a ausência das papilas. Em situações em que o tecido gengival se encontra insatisfatório e com ausência de papila interdental, podem ser indicadas algumas formas terapêuticas, tais como: a reconstrução cirúrgica por enxerto ósseo e/ou gengival e a reconstrução protética, com o uso de gengiva em porcelana incorporada ao pôntico da prótese14. Alguns estudos demonstraram que para que haja formação da papila, a distância vertical do ponto de contato à crista óssea deve ser de 5,0 mm15. No presente caso clínico, essa distância
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Caso Clínico apresentava-se insatisfatória, justificando, portanto, a cirurgia de enxerto gengival livre. Ao longo das últimas décadas, enxertos de tecido mole têm sido amplamente utilizados em Odontologia, com o objetivo de restabelecer ganho na quantidade de tecido gengival queratinizado15. O condicionamento gengival pode ser obtido por meio de três técnicas: pressão gradual, escarificação e eletrocirurgia. A técnica de escolha foi pressão gradual, por ser a técnica menos traumática16.
Considerações finais Os resultados obtidos com a terapêutica utilizada, durante o período de controle clínico, demonstraram que o planejamento prévio criterioso e o tratamento multidisciplinar possibilitaram resultados favoráveis e proporcionaram maior previsibilidade para o plano de tratamento.
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