Ano 1 • Nº 4 • Dezembro 2014 /Jan 2015• R$ 0,50
“É um momento de muita alegria comemorar os 60 anos da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas”.
AMAZONAS
Presidente da FAEA – Muni Lourenço
FAEA comemora 60 anos em grande estilo Conquistas Fotos: Danilo Mello
Atualmente, a Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (FAEA) possui cerca de 3,5 mil associados em sua base sindical. Definida como expressão organizada predominantemente dos agropecuaristas amazonenses, a FAEA tem, entre seus princípios, assumir as preocupações atuais da construção de uma agropecuária que responda às exigências de qualidade dos
produtos de defesa do meio ambiente, do mundo rural, da saúde, do trabalho e que promova a qualidade de vida dos agricultores do Estado”. Com a FAEA, o setor agropecuário passou por mudanças significativas devido à luta árdua por pleitos que defendessem o homem do campo. A entidade também foi a responsável pela realização da primeira Feira Agropecuária do Estado (Expoagro), em 1976.
Ganhadores das medalhas da Ordem de Honra ao Mérito Agropecuário e Honra ao Mérito Eurípedes Lins com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, ao centro, de terno Reportagem: Rosário Silva
A
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA) realizou a comemoração de aniversário de 60 anos da instituição em grande estilo dia 4 de dezembro no Dulcila’s Festas e Convenções. O evento contou com a participação dos presidentes de sindicatos filiados, diretores da FAEA, representantes de instituições, superintendentes do Senar, secretário executivo do Senar, Daniel Carrara, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Alagoas (FAEAL), Alvaro Almeida, no ato representando a senadora Kátia Abreu, Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), além de parlamentares e autoridades do Executivo municipal e estadual.
Durante a solenidade, o presidente da FAEA, Muni Lourenço, destacou a importância da história da instituição. ”É um momento de muita alegria comemorar os 60 anos da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas. É oportunidade para relembrarmos dos líderes do passado que se empenharam para a construção e o crescimento da FAEA, dentre eles Waldemar Cardoso, Lourenço Farias de Melo e do inesquecível Eurípedes Ferreira Lins, homem e líder ruralista que dedicou uma vida inteira às causas do campo. Exemplos de líderes do passado que nos vale por terem construído a entidade e a mantiveram por grande parte desses 60 anos”, explanou.
Adaf certifica laticínios em Iranduba – Página 3
Na ocasião, foi feita a entrega da Ordem de Honra ao Mérito a empreendedores do Amazonas que se destacaram no setor primário. A homenagem de Honra ao Mérito Eurípedes Lins foi conferida ao Sindicato e Cooperativas do Estado do Amazonas OCB/AM. ”Receber esta homenagem é a maior honraria que o setor concede a personalidades e instituições. A OCB é muito grata à FAEA por escolher a nossa instituição. O que aumenta nossa responsabilidade de estarmos mais unidos e integrados buscando sempre o desenvolvimento do setor agropecuário”, relatou o presidente da OCB/AM, Petrúcio Magalhães Júnior.
COP 20 Página 6
Celebração dos 60 anos da Faea com os dirigentes sindicais e o presidente Muni Lourenço, ao centro, com o bolo
Lideranças do setor agropecúario e a convidada especial, secretária de Estado do Meio Ambiente, Kamila Botelho Amaral
XII Encontro de Dirigentes da OCB/AM Página 7
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Agricultura sustentável AMAZONAS
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iroshi Noda, nascido em 1943, na cidade de Pompeia, interior de São Paulo. Em 1968, foi diplomado como agrônomo e, após uma década e meia, obteve a graduação em Filosofia, todas duas pela Universidade Católica de Santos. Fez mestrado e doutorado em Genética e Melhoramento de Plantas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo. Por seis anos trabalhou na fábrica de fertilizantes Petroquisa, empresa subsidiária da Petrobras, em Cubatão. Em Manaus, onde mora há 30 anos, foi coordenador do Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos da Amazônia (Nerua) do Inpa e pesquisador do Núcleo de Etnoecologia na Amazônia Brasileira (Netno) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Foi professor dos programas de pósgraduação do Inpa (Agricultura no Trópico Úmido) e da Ufam (Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia), tendo orientado 15 dissertações de mestrado e 3 teses de doutorado, além de ter participado de inúmeros congressos científicos no Brasil e no exterior. Publicou cerca de 50 trabalhos científicos em periódicos, 62 capítulos de livros e 10 livros, inclusive, quatro deles pela editora Wega. Ganhou o prêmio Bunge 2014.
Folha do Produtor – O que o senhor tem a dizer Sobre o Prêmio Fundação Bunge 2014? Hiroshi Noda – Esse prêmio é dado anualmente em nível nacional. Eu ganhei o prêmio chamado Vida e Obra. Foi a Fapeam que me indicou. Eu não esperava ser contemplado, mas fiquei muito alegre porque as pessoas que já receberam esse prêmio foram meus professores na Esalq e, hoje, eu estou fazendo parte desse grupo e isso me deixa muito honrado. Folha do Produtor – Quais os desafios da produção agrícola sustentável?
Fotos: Divulgação
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Dr. Hiroshi Noda realiza pesquisas com aspectos amplos da agricultura agroecológica
Hiroshi Noda – Os desafios são muitos, e isso é um problema de nível global. O primeiro desafio é a questão de segurança alimentar, o segundo são as tecnologias atuais utilizadas para o aumento da produção, como o uso de agrotóxicos que causam danos ambientais. O terceiro desafio é a perda da agrodiversidade e a diminuição dos polinizadores (abelhas e outros insetos) com o uso de agrotóxicos, que diminuem também a produtividade. Folha do Produtor – Qual a proposta da sua pesquisa na região? Hiroshi Noda – A minha pesquisa trabalha com dois aspectos, o mais amplo é o de trabalhar com a agricultura agroecológica e dentro da minha especialidade, que é genética e melhoramento de plantas. Nós trabalhamos com a conservação das espécies, e as pesquisas renderam variedades com melhor adaptação ao solo amazônico, como os tomates geneticamente resistentes à bactéria, causadora da doença ”murcha bacteriana” – bastante comum na região e bastante
prejudicial –, além de que esses frutos devem ter boa qualidade para o consumo. Com isso trabalhamos à longo prazo. Folha do Produtor – Quais as suas projeções para o ano de 2015? Hiroshi Noda – Continuar trabalhando, porque, na verdade, meu trabalho é para a vida toda, pois sempre vem aparecendo coisas novas que você tem que resolver. Então, com os novos problemas que vão surgindo a gente precisa procurar solucionar. E, hoje, com o problema da contaminação de alimentos, o desafio é deixar de utilizar essas técnicas, onde o principal deles são os agrotóxicos. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxico do Mundo e isso causa doenças nas pessoas – tanto nas que aplicam, como nas que consomem esses alimentos – além de também contaminar o solo. A outra coisa é trabalhar para garantir que os produtores tenham autonomia ao acesso às sementes, pois, hoje, existem empresas que estão monopolizando e isso faz com que não haja um intercambio entre os produtores e a conservação das variadas espécies.
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Adaf certifica laticínios em Iranduba
Empresário Ronaldo de Brito Leite (camisa amarela), com funcionários, investiu em tecnologia e na qualidade genética do gado leiteiro Girolando, para a construção de um dos melhores laticínios do Estado: Fazenda Geny, em Iranduba
D
ois laticínios foram agraciados pela Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (Adaf), que entregou os Registros de Serviço de Inspeção Estadual para o laticínio Fazenda Geny (número 126), de propriedade de Ronaldo de Brito Leite e queijaria da Fazenda Duas Princesas (número 131), de João Miguel de Almeida Neto e Igson de Oliveira Andrade, ambas localizadas na zona rural de Iranduba, no dia 16 de dezembro último. ”Temos acompanhado esses dois estabelecimentos. A Fazenda Geny é modelo de produção de queijos, doces de leite, Iogurtes, coalhada, manteiga e leite de cabra. A queijaria do Neto ainda está em um processo inicial, mas tem potencialidade de comercialização de seus produtos”, disse o presidente da Adaf, Sérgio Muniz. Localizada na Estrada de Iranduba no Km 6, no Lago do Matupá, na comunidade de São Sebastião, a Fazenda Geny conta com 33 funcionários. Eles trabalham junto a um plantel de mais de 700 animais da raça Girolanda, em um espaço de 240 hectares. Ronaldo de Brito Leite e seu veterinário Virgilio Cortez Fernandes de Alencar Júnior foram buscar em Uberaba, Minas
Gerais, as grandes campeãs Lula da M e Fênix da M, animais que produzem 63 kg e 70 kg de leite, respectivamente. Uma performance acima da média nacional. Simples, porém com potencial genético, os animais da Fazenda Duas Princesas prometem um queijo de primeira linha. ”A gente sabe que este é só o começo, mas estamos trabalhando para oferecer um queijo excepcional para o mercado”, afirmou Neto.
Qualidade
A coordenadora de Leite e Derivados da ADAF, Sinara Albuquerque da Silva, disse que os dois laticínios fazem parte de uma política de melhoria da qualidade da bacia leiteira de Iranduba, a partir da produção dos derivados do leite locais.
Produtos do laticínio Fazenda Geny em destaque
Queijo coalho da Fazenda Duas Princesas
Excelência
”Nós nos preocupamos com a criação de um padrão de excelência, que deve ser seguido, porque a prioridade é a qualidade do produto final, que é fornecida aos consumidores”, destacou. Haruo Takatani, gerente de Inspeção da Adaf, é outro profissional que se pauta pelo rigor técnico. ”Somos criteriosos no trabalho de campo, e o acompanhamento minuncioso é fundamental, porque esses produtos vão diretamente para a mesa das famílias amazonenses”, salientou.
João Miguel de Almeida Neto e Igson de Oliveira Andrade (com balança e queijo) ladeados por equipe da Adaf na queijaria
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Ganhadores do Mérito
Agropecuário 2014 A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas completou seis décadas de serviços prestados para o Estado do Amazonas. Ela celebrou no Dulcila’s Festas com entregas de medalhas do Mérito Agropecúario, Mensão Honrosa Eurípedes Lins e lançamento do livro dos seus 60 anos.
PECuÁrIA sebastião Gardingo O Pecuarista nasceu em Minas Gerais e com sua família veio morar em Boca do Acre onde se destaca como um dos maiores pecuarista da região. Em sua fazenda utiliza tecnologia de ponta, como Fertilização in Vitro (FIV), Transferência de Embriões (TE) e Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Com o objetivo de melhorar geneticamente o rebanho da região.
AGrICulturA Jodat sahdo Júnior Produtor rural e técnico agrícola, Jodat Sahdo Júnior se destaca por desenvolver a unidade produtiva em áreas de várzea desde 1989. Investe no manejo de melancia desde 2007, onde desempenha seu trabalho na propriedade Castanheira Única, vicinal 2, Comunidade Puxurizal. Produzindo frutos com qualidade e lucratividade, socializando tecnologias com produtores interessados pela cultura.
AVICulturA Norikatsu Miyamoto Miyamoto nasceu na cidade de Hokkaido, no Japão, em 9 de junho de 1943. Veio morar em Manaus acompanhando seus pais e irmãos no ano de 1958, junto com a primeira turma de imigrantes japoneses, indo morar em uma área cedida pelo governo do Amazonas na Rodovia AM-010, Manaus-Itacoatiara (Colônia Japonesa). Na avicultura, iniciou os trabalhos em 1969 com a intenção de retirar adubo para plantações, mas o negócio prosperou tornando-se mais rentável que a agricultura. Nascia a Granja Miyamoto, existente até hoje e considerada uma das maiores do Estado. A granja possui cerca de 260 mil aves das raças Lohmann, Hisex, Dekalb Hn, e produz cerca de 560 caixas de ovos diariamente, a maioria distribuída nos comércios da capital amazonense.
AGrOINdÚstrIA Estevão José Aughinone Filho de agricultor, proprietário do Café Apuí, veio do Estado do Paraná para morar no Amazonas, nos anos 1980, acompanhado de sua família.
No Município de Apuí, sul do Amazonas, a família conseguiu uma área para plantar e cultivar, inicialmente, o arroz e, depois de algum tempo, o café. Com o sucesso no cultivo do produto, Estevão passou a industrializar café e guaraná. Nascia a marca Café Apuí. Desde então, o empreendimento tem conquistado espaço no comércio local.
MÉrItO AGrOPECuÁrIO dr. EurÍPEdEs lINs sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Amazonas (OCB/AM) O Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Amazonas (OCB/AM), filiado à Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), surgiu em 8 de fevereiro de 1973, do resultado das inúmeras reuniões, encontros e assembleias realizadas na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA). A OCB tem como finalidade principal integrar e promover o desenvolvimento das cooperativas e do cooperativismo no Amazonas. Durante esses quarenta anos de atuação, a Entidade tem se comprometido em desenvolver atividades voltadas ao incentivo e apoio às cooperativas e desenvolvimento do Estado. Hoje, as 138 cooperativas filiadas ao Sistema OCB/AM, atuam nos mais diversos segmentos econômicos e encontram no Sistema, com representação política e institucional, informações, apoio técnico, administrativo, jurídico e contábil necessário para o desenvolvimento sustentável de seus empreendimentos. No segmento agropecuário são 49 cooperativas apoiadas, destacando o exemplo de trabalho desenvolvido para produção de leite em Autazes e a cadeia de fibras vegetais em Manacapuru e demais municípios adjacentes
livro fAEA A obra intitulada ”60 anos da FAEA”, que retrata a trajetória da Instituição, foi lançada durante a cerimônia comemorativa. O livro, com aproximadamente 100 páginas, é fonte de conhecimento a respeito da história da Federação e de personalidades de elevada importância para o Setor Primário nessas décadas. Outro destaque da noite foi o lançamento pelos Correios do selo dos 60 anos da FAEA e a assinatura com a Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas com um termo de cooperação técnica com o Governo do Estado.
Fotos: Suzana Martins
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Pecuarista: Sebastião Gardingo, um dos maiores pecuarista da região Norte
Agricultor: Jodat Sahdo Júnior, investe no manejo de melancia desde 2007, onde socializa tecnologias com produtores interessados pela cultura
Avicultor: Norikatsu Miyamoto, na avicultura iniciou os trabalhos em 1969 com a intenção de retirar adubo para plantações, mas o negócio prosperou tornando-se mais rentável que a agricultura
Agroindústria: Estevão José Aughinone, proprietário do Café Apuí
Mérito Agropecuário Dr. Eurípedes Lins, foi para o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Amazonas OCB/AM, a entidade tem desenvolvido atividades voltadas ao incentivo e apoio às cooperativas e desenvolvimento do Estado
Lançamento do Livro de 60 anos de história da FAEA
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Governo do Amazonas defende
floresta na COP 20 de Lima no Peru Reportagem: Mônica Prestes
Conferência do Clima (COP 20) teve como representante do Amazonas, a Secretária Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS), Kamila Botelho Amaral. Ela defendeu a floresta e fez com que o Estado ganhasse espaço e visibilidade. No evento, o Amazonas deixou mais do que um ”alerta”, e apresentou na Conferência da União das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, um manifesto com nove propostas onde os Estados amazônicos contribuem com a redução do desmatamento e com a emissão de gases de efeito estufa, sem comprometer o desenvolvimento econômico da Região. A principal delas é a defesa da independência dos Estados frente ao Governo Federal, na formulação de políticas públicas voltadas para a preservação do meio ambiente. ”Não temos mais tempo para esperar por soluções externas. Quando perdemos floresta não perdemos apenas metros cúbicos de madeira, perdemos biodiversidade, valores agregados à floresta, toda uma relação com a natureza e coisas que sequer conhecemos. Os Estados da Amazônia brasileira sabem o que querem e do que precisam”, disse Kamila Amaral.
Meta
A meta estipulada pelo painel internacional de cientistas ligado à ONU, o IPCC, é reduzir entre 40% e 70% o total de gases de efeito estufa lançados na atmosfera até 2050 e zerar essa taxa até 2100. Somente assim, de acordo com o IPCC, será possível conter o aumento da temperatura global em 2ºC até o final do século. De acordo com a secretária, podemos ensinar que é possível ter economia com manutenção dos recursos naturais, mas especialmente podemos aprender que o uso do solo é fundamental para nosso futuro. Estratégias de planejamento, melhorias de tecnologias e investimentos em pesquisa é o que precisamos. A COP 20 nos traz muitos casos interessantes e possibilidades de aprendizagem. E, além de aprender, é importante a oportunidade de negociações internacionais para investimentos em nosso Estado. Muito se falou no REDD – que é o mecanismo de redução de desmatamento e degradação que possibilita a transação de ”créditos de carbono” no mercado internacional – que com ele poderia frear o desmatamento gerando renda para as populações da floresta.
Foto: José Narbaes
A
Na Conferência do Clima em Lima, Peru, o Amazonas se destacou por ter conseguido reduzir em 20% o desmatamento da floresta. Este fato mereceu aplausos dos organizadores do maior evento climático do planeta
Acreditamos em REDD, defendemos a agenda, mas ainda precisamos evoluir muito a técnica e, politicamente, não podemos correr o risco de errar. A Amazônia não é para principiantes. Precisamos de políticas sólidas e não de projetos episódicos, por isso vejo que ainda precisamos discutir e amadurecer muito esse tema com a sociedade.
Negativo
Na COP 20, não participaram os governos de outras regiões e esse comportamento mostrou que as outras regiões brasileiras ainda não perceberam o quanto somos ”ambientalmente dependentes”, e que não existe fronteira geográfica para o meio ambiente. Para ilustrar: a seca no Sudeste está intimamente relacionada ao desmatamento na Amazônia; a produção agrícola do Brasil depende de nossas florestas, do ciclo hídrico produzido, enfim, somos um País com ligações ambientais que permitem (ou não) o equilíbrio ambiental e produtivo. É muito importante que o Governo Federal reconheça isso em seus discursos e políticas, pois os Estados da Amazônia possuem riqueza de ativos ambientais, mas apenas 9% do PIB. Não é que temos que receber pagamentos por isso, mas sim, investimentos nacionais. Melhorias nas condições das instituições locais, investimentos para manutenção da floresta e especialmente intensificação nas
pesquisas científicas deste patrimônio natural.
Desmatamento
O desmatamento não significa desenvolvimento econômico, pelo contrário, quando perdemos floresta da forma como temos perdido ao longo dos anos, estamos deixando de gerar emprego e renda, de arrecadar impostos e, principalmente, perdendo nossos ativos ambientais. Nosso principal empecilho é a luta diária contra o crime organizado, que vive uma dinâmica de inteligência operacional para dilapidar o patrimônio amazonense. Precisamos intensificar a proteção em nossas fronteiras. Além disso, a
ocupação de terras feita de maneira desordenada contribui diretamente para o avanço do desmatamento, mas também os assentamentos rurais, campeões de desmatamento precisam ser ”regularizados”. Existem 100 assentamentos rurais no Estado, dos quais não temos ordenamento, assistência técnica rural, apoio para agricultura de baixo carbono. Enfim, existem vários fatores que contribuem para a dificuldade em reduzir o desmatamento. Mas, mesmo assim, em 2014 conseguimos reduzir em 20% e a economia e produção do Estado aumentaram, uma prova clara de que é possível crescimento sem desmatamento.
Participantes da COP 20 em Lima, Peru, prepararam base do texto que será apresentado na COP 21, París, em dezembro de 2015
Foto: Eliezer Favacho
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XII Encontro de Dirigentes da OCB/ AM define diretrizes para 2015 Reportagem: Suzana Martins
Melhorar as estruturas das cooperativas para prestação de serviços para os cooperados, organizar com metodologia as atividades e realizar negócios entre as próprias cooperativas foram destacados como ações fundamentais de curto prazo, para dar uma nova dinâmica às cooperativas do Amazonas.
Estratégias
O Sistema OCB-Sescoop/AM promoveu o XII Encontro de Dirigentes de Cooperativas do Amazonas. O evento aconteceu no Hotel da Vinci, no bairro Adrianópolis. Voltado para discutir novas estratégias para o setor, o Encontro se dividiu numa programação de dois dias. Esse ano, a OCB/AM está com o foco voltado para o fortalecimento de suas estruturas e novos negócios para as Cooperativas. A Instituição trouxe moderadores de fora do Estado para contribuir com o debate, como por exemplo, Abel Paré, Presidente da Central Nacional das Cooperativas de Transporte de Cargas e Passageiros, do Estado de Rio Grande do Sul; a Consultora do Sebrae/AM,
Shirley Aragão, palestrou sobre o Tema: Juntos é Mais Negócio; Edson Quevedo, Diretor do Sicoob Central Norte falou sobre a Evolução do Cooperativismo de Crédito na Região Norte; e Rodolfo Silva, Gerente Executivo da Cooperativa Agropecuária Central Rede de Abastecimento. No segundo dia, sábado (13), a programação abordou o tema: Planejamento Estratégico do Sistema OCB-2015/2020 e contou com o moderador José Gabriel Pesce Junior, que abordou o tema: Transformando Perspectivas e Desafios em Projetos para a Cooperativa.
Competitividade
Segundo o superintendente do SescoopAM, Adriano Trentin Fassini, para sensibilizar os dirigentes, foi apresentado o resultado do levantamento sobre o Planejamento Estratégico dos próximos cinco anos, que levou em consideração os programas sociais, de qualificação e atuação das política existentes no Sistema. ”Este é um momento em que discutimos com os presidentes, sobre o que pode e deve ser feito pelas organizações, principalmente no que se refere à competitividade, expansão para
novos mercados, melhoria dos processos produtivos, aumento no número de clientes, bem como da produção”, afirmou Adriano Fassini. O Presidente do Sistema OCB/ Sescoop-AM, Petrucio Magalhães Junior, encerrou o evento agradecendo a todos os participantes e declarando sua confiança aos dirigentes das Cooperativas e ressaltou como foco para 2015 a profissionalização na gestão para formar mais equipes, visando o desenvolvimento das sociedades cooperativistas.
Incentivos
O presidente do Sistema OCB/SescoopAM, Petrúcio Magalhães Junior, destacou o fato que as Cooperativas estão crescendo, mas, que precisam de mais incentivos. ”Hoje a nossa proposta é discutir experiências. Trouxemos moderadores de fora do Estado, como o de Rondônia, Estado que é um exemplo para o Norte na área de Créditos. Na avaliação de Alexandre Victor, da Cooperativa de Trabalho e Produção Aliança de Catadores de Resíduos, que atua em Manaus e em alguns municípios da região Metropolitana, o evento foi muito proveitoso. ”Tenho feito algumas questões sobre essa forma de atuação, tivemos uma proposta interessante para o grupo, e como estou estudando formas de gestão por meio das cooperativas, incluindo as agrícolas e mistas, estou aproveitando cada palestra para aprimorar meus conhecimentos”, afirmou.
Foto: Priscilla Torres
Profissionalizar as gestões das Cooperativas do Amazonas, com o objetivo de alavancar o setor, com base nas modernas práticas de cooperativismo. Esta é a principal meta da OCB/AM para 2015. Em encontro com mais de oitenta dirigentes de cooperativas do Estado, no Hotel Da Vinci, nos dias 12 e 13 de dezembro, ficou claro que ”gestão profissional” é o eixo do sucesso em um mercado muito competitivo.
Presidente da OCB/AM, Petrúcio Magalhães, destaca que a qualificação profissional é fundamental para o cooperativismo
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Estufas com telas aumentam produção em Iranduba
Agricultores pioneiros na utilização de tecnologia Israelense de telas agrícolas Novos investimentos são feitos todos os anos por agricultores do Amazonas, porém, no município de Iranduba, a 23 quilômetros em linha reta de Manaus, dois agricultores estão se tornando destaques na agricultura de ponta: o agricultor Edson Siqueira, 44, morador do ramal Pico Bela Vista, em Iranduba, e o agricultor Aluizio Poolmayer, 57, morador do km 23 na estrada Manuel Urbano. Eles procuravam soluções para as limitações climáticas e novas formas de tecnologias. Hoje, estão trabalhando com inovação de telas em estufas de alta tecnologia israelense, essas telas são de malha termorefletora em Aluminet 50%. São específicas para o sobreamento/proteção agrícola, e promovem sombras que vão de 30% a 90%, dependendo do tipo de cultura a ser protegida.
Qualidade
Segundo o agricultor Edson Siqueira, produtor agrícola há oito anos, e planta pimentão, afirmou que melhorou a qualidade de suas plantações e, apesar de está a pouco tempo trabalhando com telas em estufas, está percebendo a diferença. ”Estou trabalhando com as telas em estufas há dois anos, e pelo que percebi, elas telas estão demonstrando resultados, ela quebra a temperatura, dá melhor condições para a planta, melhora a qualidade de fotossíntese, desenvolvendo uma qualidade e garantia para nossas plantações, sem contar que diminuímos o uso de agrotóxicos”, afirmou. O engenheiro agrônomo Guilherme Heráclito, explicou que as telas utilizadas pelos agricultores são
fabricadas por uma malha de sombreamento indicada para o interior de estufas com a finalidade de conservar energia no inverno. ”São malhas que tem uma reflexão de calor, elas reduzem o calor no verão, conservam a temperatura do calor no inverno, tem menos gastos com queimas e perdas para os produtores, e não tem a sua plantação contamina por insetos ou pragas”, afirmou o engenheiro. O agricultor Aluizio Poolmayer, produtor de hortaliças, no qual vende todos os seus produtos nas feiras organizadas pela Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), destaca: ”quando vim para o Amazonas, precisamente para Iranduba e comecei minha plantação de pimentões, tive grandes
problemas com a mucha bacteriana, a qual atacava todo o meu plantio, fiz cursos e me qualifiquei, hoje, uso a tecnologia de telas em estufas, e aconselho a todos os produtores a utilizarem”, afirmou.