Produção rural edição 09

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EDITORIAL Edição 009 - Ano 2 - 2016 CNPJ: 73.606.279/0001-25 Rua Riachuelo n° 260 - Fundos 79950-000 - Naviraí - MS www.revistaproducaorural.com.br Revista Produção Rural (67) 3461-1118 TIRAGEM 4.000 exemplares DIREÇÃO E EDIÇÃO Wilson Luis Pereira Leite PROJETO GRÁFICO d.Orsi Criação e Design JORNALISTAS Antonio Castanha Filho Jornalista MTb 9.447-PR Gabriela Borsari DRT/MS 510 COLABORADORES Vera Lúcia Palacio Antonini Gabriela Borsari Antonio Castanho Alexandre Zadra Roberto Rodrigues Pedro Puttine Mendes​ IMPRESSÃO Gráfica Regente FOTOS Wilson Luís, banco de imagens e divulgação FOTO DA CAPA Wilson Luís

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Estamos no

caminho

A sorte do Brasil é ter um agronegócio forte, estruturado e realizado por pessoas que não se cansam de trabalhar. Quem nunca ouviu esta observação nos últimos tempos? A mais pura verdade: o agronegócio tem segurado todas as pontas para que o País não venha abaixo. Em tempos de desmandos, instabilidade econômica e insegurança política, o jeito é plantar com fé e trabalhar com determinação para que se possa conquistar uma colheita farta. Aliás, excelente colheita fizeram os sojicultores de Mato Grosso do Sul, que contrariando as melhores expectativas, terão mais uma vez uma safra recorde, ultrapassando os cem milhões de toneladas. Nada mal mesmo, já que os incentivos governamentais foram tímidos, para se dizer o mínimo. E esta edição da Revista Produção Rural destaca este mérito dos produtores de soja deste Estado que é alicerce forte do Brasil. Além de soja, outro destaque da edição é o milho, um dos principais alimentos do mundo, que aparece aqui em uma matéria e em um artigo especial, nos fazendo refletir sobre seu potencial gerador de riquezas. Trazemos também material especial sobre a utilização da moringa e da mandioca na alimentação de frangos caipiras, novidade capaz de agregar valor à produção do setor. Em termos de tecnologia conheça a importância da escolha correta do curral para cada tipo de confinamento, além de saber como os sistemas de silagem são os responsáveis por garantir valor à produção de grãos. Matérias especiais também abordam temas relevantes como a situação dos frigoríficos, a utilização da braquiária (Brachiaria ruzizinensis) para aumento da sustentabilidade do sistema produtivo no campo. As entrevistas desta edição estão igualmente imperdíveis: com o pecuarista e presidente do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste, Júlio César Bertolini, com o novo presidente da Aprosoja/MS, Christiano Bortolotto, e com o advogado e pecuarista Jonatan Pereira Barbosa, presidente da Acrissul. E muita atenção ao prazo final para inscrição no CAR (Cadastro Ambiental Rural), exigência que se não cumprida, seguramente pode trazer prejuízos ao produtor rural. Mais uma vez – como todas as anteriores – esta edição foi feita com muito carinho e atenção, contando com a participação de profissionais dedicados e que entendem muito bem da arte de produzir riquezas para o Brasil, que anda carente de gestores que voltem seus olhos para o agronegócio, sustentáculo de nossa Nação. Obrigado por fazer parte de nossa história, boa leitura e até a próxima!


ENTREVISTA Ruy Fachini Página 8

CONFINAMENTO: Segredos revelados, lucros garantidos Roberto Rodrigues fala sobre agronegócio

Página 38

Parcerias por mais leite orgânico Página 64

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Celso Ramos Regis defende o cooperativismo Página 16

Flores brasileiras seguem mundo afora Página 22

Fertilizantes corretos para o campo

Pecuária de corte descolada da crise Página 68

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Crescem exportações de arroz Página 54

Canal do Produtor: TV para o homem do campo Página 74

Jordânia de portas aberta Página 28

Agronegócio sempre em destaque Página 34

Transgênicos devem ser identificados

Mais biodiesel no diesel

Página 58

Página 76


ENTREVISTA

Ruy Fachini

“A força do produtor rural está ligada ao sindicato” O presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Ruy Fachini, que está em seu segundo mandato, afirma que apesar do momento turbulento, ele acredita na força do agronegócio e na competência do produtor rural brasileiro

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Revista Produção Rural


Entidade disponibiliza o acesso a novas tecnologias para a produtividade

Revista Produção Rural: Como começou sua trajetória no agronegócio? Ruy Fachini: Eu nasci no agronegócio, minha família está no ramo há várias gerações. Tudo começou com o meu bisavô com a produção de carne em Sidrolândia. Eu já sou a 4ª geração e hoje além da pecuária, trabalho com agricultura e produção de cana. RPR: Há quanto tempo é presidente do Sindicato Rural? Já participou de outras entidades do setor? RF: Este é o meu segundo mandato, o primeiro foi de 2010 a 2013 e agora fui eleito para o triênio 2016/2019. Desde 1997 estou no ramo sindical e já fui diretor da Famasul de 2012 a 2015. Também presido a Funar/MS - Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural. RPR: Qual a importância dos sindicatos rurais para o agronegócio?

RF: É fundamental para a representatividade e desenvolvimento da atividade, pois existe a questão do fortalecimento da classe. O sindicato depende do produtor e o produtor depende do sindicato. A entidade faz uma ponte com o poder público para auxiliar o produtor, sem contar que a instituição defende a classe, informa sobre a legislação vigente e está ligada aos conselhos municipais. Todo o trabalho realizado é feito com o intuito de dar auxílio ao produtor. Além da questão da representativa, o sindicato disponibiliza acesso a novas tecnologias para a produtividade, como treinamentos, encontros, debates e trocas de experiências.

tros tecnológicos, além de representação junto ao poder público na luta por melhorias e auxílios aos produtores.

RPR: Quais são as principais ações do Sindicato Rural de Campo Grande?

RF: Acredito que cenário é fundamental para o desenvolvimento do país, mesmo com os desafios que o produtor brasileiro enfrenta, ele ainda consegue produzir com qualidade num momento de turbulência, de instabilidade política e econômica.

RF: A estrutura do sindicato oferece ao associado departamento pessoal, gabinete odontológico, valor diferenciado na adesão de plano de saúde, eventos e encon-

RPR: Quais são as suas expectativas como presidente do sindicato? RF: De atender cada vez mais e melhor o produtor, sempre levando ferramentas que garantam a ampliação da produção, concomitantemente à redução dos custos. Também trabalho pelo crescimento e fortalecimento do sindicato, que é tão importante para atuação dos produtores. RPR: Como vê o agronegócio neste cenário econômico?

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Pecuária sustentável deve se tornar norma na América Latina e Caribe, diz FAO A produção pecuária sustentável deve se tornar norma na América Latina e no Caribe, para garantir a proteção dos recursos naturais que sustentam a segurança alimentar, afirmou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) no encontro Agenda Global para a Pecuária Sustentável, ocorrido no Panamá. Mais de 200 representantes de governo, sociedade civil, academia e associações de produtores pecuários de 50 países assinaram a Declaração do Panamá, a qual adotou os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) como o marco que apoiará sua ação no nível mundial. Segundo a FAO, nas últimas déca-

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das ocorreu um aumento importante da demanda mundial por produtos de origem animal, que até 2050 aumentará 70%. A América Latina respondeu a esta tendência tornando-se o principal exportador global de carne bovina e de aves, e um grande produtor de carne de porco e lácteos. No entanto, esse processo de crescimento ocorreu, em sua maioria, mediante sistemas intensivos de produção, com o consequente impacto ambiental. “Mais de 70% dos pastos da região apresentam um nível moderado ou severo de degradação, afetando seriamente a sustentabilidade dos recursos naturais”, disse Tito Díaz,

coordenador da FAO para a Mesoamérica (que inclui o sul do México e países da América Central). Durante a sexta reunião da Agenda Global de Pecuária Sustentável, os ministros latino-americanos destacaram a necessidade de articular suas políticas pecuárias com as de desenvolvimento rural, social e ambiental para alcançar a sustentabilidade. Além disso, concordaram em garantir a participação ativa da região na formulação e execução dos planos de trabalho da Agenda Global a partir das prioridades definidas pelos países da Comissão de Desenvolvimento Pecuário para América Latina e Caribe.


UM SETOR ESTRATÉGICO PARA A SEGURANÇA ALIMENTAR A pecuária é um setor estratégico para a segurança alimentar regional: segundo a FAO, 25% das calorias e 15% das proteínas consumidas por seus habitantes são de origem animal. O setor pecuário na América Latina e Caribe contribui com 46% do PIB agrícola da região, mas apenas

cinco países respondem por cerca de 75% da produção regional. Aproximadamente 80% dos produtores pecuários da região são pequenos agricultores familiares, que desenvolvem uma tradução pecuária extensiva e rural. “Estes produtores representam uma oportunidade-chave para que

os governos impulsionem formas sustentáveis de produção através de políticas inovadoras e adequadas às suas necessidades”, afirmou Diaz durante a reunião. A importância para a segurança alimentar dos pequenos produtores pecuários é reconhecida pelo principal acordo regional de erradicação da fome, o Plano de Segurança Alimentar, Nutrição e Erradicação da Fome da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que fomenta esse setor por meio de políticas sociais, econômicas e de desenvolvimento rural. Uma alternativa que tem funcionado bem na região em termos de sustentabilidade são sistemas silvipastoris, que combinam árvores, pastagens e animais dentro do mesmo lote. Em zonas de reservas camponesas na Colômbia, a FAO tem apoiado esses sistemas que permitem uma melhor conservação do solo, melhorar pastagens e dar uma alimentação mais balanceada aos animais. “As árvores dão sombra para o gado, melhoram a fertilidade dos solos e permitem renda econômica adicional de médio e longo prazo com a madeira”, disse Diaz. Outra prática que aumenta a sustentabilidade do setor pecuário é o tratamento de resíduos da produção agrícola, como o esterco do gado para gerar adubo agrícola de alto valor nutricional – e biogás para ser utilizado como combustível. Essas iniciativas reduzem o potencial de contaminação da água e da atmosfera, contribuindo para reduzir os custos de produção e melhorar as cadeias de valor de pequenos e grandes produtores. De acordo com a FAO, o aumento do uso dessas tecnologias no mundo, juntamente com as melhores práticas na alimentação, saúde e criação de gado, poderia ajudar o setor pecuário mundial a reduzir a sua produção de gases de efeito estufa que causam o aquecimento global em até 30%. Fonte: ONU Brasil

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A SALVAÇÃO Sobram argumentos e números que mostram à exaustão o quanto a agropecuária e o agronegócio brasileiro têm feito para empurrar o país para o crescimento sócio-econômico, apesar da falta de uma estratégia articulada, com políticas públicas consistentes a favor do setor. Na questão social, estamos vivendo a maior taxa de desemprego dos últimos anos, muitos anos, com mais de 11 milhões de brasileiros desempregados. Um absurdo, fruto de sucessivos erros de política econômica do governo “liderado” pela Sra. Dilma Rousseff. Apesar de esses erros recaírem também sobre algumas cadeias produtivas importantes, como é o caso do segmento sucroenergético, massacrado pela política de combate à inflação através do controle dos preços dos derivados de petróleo (fato que, aliás, sabidamente também destruiu o valor da Petrobras), o setor rural foi o único que não desempregou no ano passado. Ao contrário, gerou empregos. Outra área em que o agro teve impactos espetaculares nos últimos

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anos foi no saldo da balança comercial externa. Com efeito, esse saldo tem sido sistematicamente positivo graças ao agronegócio, uma vez que os demais setores são deficitários. Em 2014 aconteceu o maior desastre nessa atividade: o saldo comercial brasileiro foi negativo em 4,1 bilhões de dólares, apesar de o agronegócio tê-lo positivo em 80,1 bilhões de dólares. O que aconteceu? O déficit dos demais setores (indústria, serviços, etc) foi de 84,2 bilhões. Isso só não se repetiu no ano passado, 2015, graças à grande valorização do dólar frente ao real, que reduziu drasticamente as importações. Assim, embora não tenha havido crescimento expressivo das exportações, o saldo comercial total voltou a ser positivo, da ordem de 19,7 bilhões de dólares. Mas mesmo nesse ano, o agro teve um saldo positivo de 75,2 bilhões, enquanto o resto amargou um déficit de 55,5 bi. O fato é que se saldo positivo existe em nossa balança comercial, isso se deve ao agronegócio que, por sua vez depende sem dúvida, da grande

competitividade de nossos produtores rurais e das cadeias produtivas em geral. No ano 2000, exportamos 20,6 bilhões de dólares do agronegócio; no ano passado, 2015, o valor foi a 88,2 bilhões, mais de quatro vezes mais. Se considerarmos que entre 2008 e 2010 tivemos a maior crise econômica global em meio século, durante a qual o comércio mundial refluiu, fica evidente a competitividade do setor. Também fica evidente o resultado dos avanços tecnológicos nas fazendas brasileiras, nas integrações e na agregação de valor realizado pelas cooperativas agropecuárias notadamente na avicultura e na suinocultura. Outra interessante observação: em 2000, 59% do que o agronegócio exportou foi para a União Europeia e Estados Unidos, tendo essa porcentagem despencado para 28% no ano passado. Ora, explica-se facilmente: os países emergentes estão se tornando os grandes mercados de alimentos, energia e fibras brasileiros porque neles aumentam as populações e a renda per capita.


DA LAVOURA Mas é no PIB que a contribuição do agro é mais impressionante. No ano passado, o PIB brasileiro caiu 3,8%, um dos piores resultados do mundo em desenvolvimento. Mas a agropecuária teve um crescimento de 1,8%. Como a indústria caiu 6,2% e os serviços outros 2,7%, o desastre nacional só não foi maior devido ao agro. Aliás, se olharmos num prazo mais longo, de 2000 a 2015, veremos: - o crescimento médio do PIB brasileiro foi de 2,8%. - o da indústria, de 2,0%. - o dos serviços, de 3,0%. - e o da agropecuária foi de 3,7%, o maior de todos. Para este ano, com o desastre do El Niño, o PIB da agropecuária deve crescer pouco, em torno de 1,5%. Mas o total do país deve despencar de novo para outros 4,0% negativos... As previsões para os próximos anos mantém esse ritmo: o produto interno bruto do agro deverá crescer 2% em 2017, 2,9% em 2018, e 3% em 2019 e 2020. Com isso, e com uma esperada recuperação da economia nacional, o PIB total brasileiro deverá ser positivo a partir do

ano que vem e em diante, mas sempre crescendo menos que o do agro. Portanto seguiremos levando ao Brasil para a constelação das grandes nações do planeta nas asas de nosso eficiente agronegócio. Até quando isso será uma realidade? Se o governo fizer sua parte, isso vai durar para sempre, porque essa é a nossa vocação. E qual é a parte do governo? Montar uma estratégia articulada, com investimentos em logística, com um vigoroso programa de renda para o campo baseado na modernização do crédito rural e em um seguro digno desse nome. Uma estratégia que contenha política comercial alicerçada em acordos bilaterais com grandes países consumidores, que invista em tecnologias cada vez mais inovadoras e sustentáveis, que reformule legislações obsoletas como a trabalhista, que apoie para valer o cooperativismo e o associativismo. Tudo isso pode acontecer sem dúvida se esse duro período de transição e interinidade for logo resolvido. Temos um novo Ministro da Agricultura que conhece profundamente o campo, sendo ele mesmo produtor

rural competente; conhece administração pública como poucos, por ter governado por dois mandatos o maior estado agrícola do país; tem excelente trânsito junto ao Senado e ao Congresso, assim como um relacionamento franco e leal com Michel Temer. E o mais importante: queria ser Ministro exatamente porque sabe o que fazer nesse momento. Estamos em ótimas mãos. O agro vai ser mesmo a salvação da lavoura no Brasil por muito tempo ainda, como já vem sendo há décadas.

Roberto Rodrigues é coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, Embaixador Especial da FAO para as Cooperativas e Presidente do LIDE Agronegócio

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Fim do prazo para o cadastro ambiental rural e os perigos da falta de inscrição Vencido o prazo para conclusão do CAR (Cadastro Ambiental Rural), no dia 5 de maio de 2016, o Brasil tem 81,69% de área cadastrada, o que representa 325 milhões de hectares. O estado de Mato Grosso do Sul, por sua vez, cadastrou quase 19 mil das 83 mil propriedades do estado, percentual preocupante – menos de 23%, mas em hectares os números representam 54,24% de área cadastrada, ou seja, 16.422.231 hectares em imóveis rurais. A prorrogação gerou expectativas em produtores rurais de todo o Brasil, entretanto a Medida Provisória nº 724, de 4 de maio, prorrogou o prazo apenas para proprietários e possuidores de imóveis rurais definidos pela Lei da Agricultura Familiar (a 13.326/2006). O texto da MP diz que ficam estendidos até 5 de maio de 2017 os prazos para inscrição no CAR e para adesão ao PRA “exclusivamente para os proprietários e possuidores

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de imóveis rurais a que se referem o art. 3º, caput, inciso V e parágrafo único, e que se enquadrem nos dispositivos do Capítulo XIII”. Por sua vez o Código Florestal destaca em sua Lei 12.651, de 2012, que para os efeitos desta Lei, entende-se por pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma agrária. Finalmente, o que leva a concluir que a prorrogação foi permitida apenas para pequenos agricultores é o artigo 3º da Lei da Agricultura Familiar, que considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural e que não detenha, a qualquer título, área maior do que quatro módulos fiscais, que utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabe-

lecimento ou empreendimento, que tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento e que dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. Há uma possibilidade de prorrogação sendo trabalhada no Congresso Nacional, através do Projeto de Lei do Senado – PLS nº 287/2015 de autoria do senador Romero Jucá, para alterar o artigo 29 do Código Florestal, passando de um para três anos o prazo do CAR, prorrogável mais um ano, o que daria mais dois anos de prazo para as inscrições. A proposta já foi aprovada na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), mas ainda encontra longo trâmite legislativo, necessitando de aprovação na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e depois pela Câmara dos Deputados. Agora


As consequências pela falta de inscrição permeiam entre as áreas ambiental, tributária, financeira e penal

com o sistema periodicamente “fora do ar” para correções e adaptações, quem deixou de fazer o CAR está sujeito às suas consequências, previstas nas mais diversas áreas jurídicas. As consequências pela falta de inscrição permeiam entre as áreas ambiental, tributária, financeira e penal, pois o direito agrário não possui um código específico, mas um complexo conjunto normativo, entre leis de todas estas áreas. Na legislação ambiental penal, o alerta ao produtor é para que saiba sobre possíveis interpretações da Lei de Crimes Ambientais, Lei Federal nº 9.605/1998, que declara em seu artigo 68 que “Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental: Pena - detenção, de um a três anos, e multa”, sem contar alguns outros exemplos, quando do cadastramento de informações falsas, como trata o artigo 69-A. Ainda tratando de consequências ambientais, há impedimentos de licenciamento pela falta de apresentação do CAR, bem como a possibilidade de multas do órgão ambiental pela falta da inscrição, sem contar a possibilidade de responder por ações judiciais movidas pelo Ministério Público enquanto fiscal da lei ambien-

tal, no caso o Código Florestal (Lei 12651/2012). Também nas consequências de ordem ambiental, a falta de inscrição acabará por impedir a regularização das Reservas Legais, Áreas de Preservação Permanente e Áreas de Uso Restrito com alterações feitas pelo Novo Código Florestal. Já com relação às consequências tributárias é importante lembrar que a lei do ITR (Lei Federal nº 9393/1996) determina em seu artigo 10, parágrafo II, que seja calculada a área tributável do imóvel toda a área do imóvel menos as áreas de preservação permanente, reserva legal, servidões ambientais e outras que serão declaradas através do CAR, cujos sistemas servirão como base de consulta uns para os outros. Finalmente, a consequência mais conhecida pelo produtor rural é aquela prevista pelo artigo 78-A do novo Código Florestal, a qual garante que após cinco anos da data da publicação desta Lei, as instituições financeiras só concederão crédito agrícola, em qualquer de suas modalidades, para proprietários de imóveis rurais que estejam inscritos no CAR. Além de tudo, várias empresas privadas, frigoríficos, usinas e bancos já têm solicitado ao produtor rural que apresente o CAR para continuidade

das negociações, pois todos preocupam-se em ter relações de sustentabilidade para mostrar maior transparência no cumprimento da legislação.

PEDRO PUTTINI MENDES, advogado do Agronegócio, sócio-diretor da PM&A Advogados Associados SS, palestrante e professor de Direito Agrário e Políticas Públicas no Agronegócio, facilitador do “Pro-Fissa - Escola de Produtividade e Geração de Valor”, ex-presidente da Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócio da OAB/MS. E-mail: diretoria@pmadvocacia.com

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ENTREVISTA

Celso Ramos Régis

“O cooperativismo precisa ser mais difundido no Brasil” Celso Ramos Régis está no cooperativismo desde a década de 80 e é uma referência no setor. Preside o Sistema Organização das Cooperativas Brasileiras no Mato Grosso do Sul (OCB/MS) há 10 anos e a Federação dos Sindicatos das Cooperativas do Distrito Federal e dos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins (Fecoop Centro-Oeste/TO), além do Sicredi União MS/TO. É também vice-presidente da Central Sicredi Brasil Central. Sua experiência e determinação são claras nesta entrevista à Revista Produção Rural:

Há cooperativas em 76% dos municípios de Mato Grosso do Sul, envolvendo 25% da população estadual

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Revista Produção Rural


Revista Produção Rural: Como começou sua trajetória no cooperativismo? Celso Ramos Régis: Vem de berço: minha família é do Sul e do meio rural e por isso já tinham contato com essa cultura de mutirão, de trabalhar em grupo. Vieram para o Mato Grosso do Sul entre os anos 40 e 60. Os formatos em colônia propiciam isso. Depois, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), comecei meu contato formal com cooperativa e fundamos a primeira cooperativa de crédito no Estado. Fomos pioneiros e pela legislação na época, ela era fechada para servidores da UFMS. E na cooperativa aprendi muito e direcionei minha vida e minha carreira para isso. Estudei muito a área e hoje sou um profissional do cooperativismo, buscando sempre contribuir para o sistema. RPR: Como você vê o cooperativismo no Brasil e no MS? CRR: O movimento cooperativista brasileiro tem dado mostras da sua capacidade de congregar pessoas em prol de empreendimentos dos mais diferentes tipos. Temos, no Brasil, modelos exemplares de negócio no setor da prestação de serviços, na administração de pessoas, na agroindústria, no crédito. No Sul do Brasil, por exemplo, até pela própria cultura da região, dificilmente você vai encontrar um município que não tenha um exemplo de cooperativa agrícola bem-sucedida. No Mato Grosso do Sul não tem sido diferente. As atividades do cooperativismo aqui têm sido muito fortes e primam pelo fortalecimento das relações das pessoas. Aliás, o cooperativismo já mobiliza 12 milhões de pessoas, com mais de 350 mil empregos diretos em 6,5 mil cooperativas no Brasil. No MS os números também são expressivos: cerca de 170 mil cooperados, de 105 cooperati-

vas que empregam cerca de 6 mil pessoas. Há cooperativas em 76% dos municípios de MS, envolvendo 25% da população estadual. RPR: O que o cooperativismo brasileiro precisa para chegar ao patamar de outros países? CRR: A origem do cooperativismo foi na Europa e se fortaleceu nessa região, em particular na Alemanha e Inglaterra, onde surgiram, há mais de 200 anos, as primeiras cooperativas formalizadas. Nestes países está mais intrínseca a cultura de cooperar, de empreender em conjunto, em grupo. O cooperativismo precisa ser mais difundido no Brasil. RPR: Como o cooperativismo pode auxiliar no desenvolvimento do Brasil neste cenário econômico? CRR: O cooperativismo demonstra que as pessoas, quando estão juntas, conseguem atravessar períodos de crise de forma mais tranquila. Principalmente no agronegócio, o produtor é protegido pela cooperativa e por isso sente um menor impacto da crise, a cooperativa sente mais por estar mais exposta no mercado e quem está associado tem esse amparo. O cooperativismo promove isso, é uma corrente que fortalece a atividade econômica. As cooperativas não mudaram seus rumos de investimento, mesmo com a crise, elas acreditam que esse momento é passageiro e dias melhores estão por vir. O momento é mais político do que econômico. As cooperativas não deixaram de investir, no Mato Grosso do Sul tem pequenos e grandes investimentos e o produtor do Estado é beneficiado com isso. RPR: Quais as vantagens em se associar a uma cooperativa?

CRR: O cooperativismo é um agregador de renda. No caso do produtor rural, por exemplo, ele, através da sua cooperativa, consegue comprar seus insumos de forma mais adequada, no tempo certo e com um custo menor. E na hora da comercialização da produção. Ao invés de ele entregar sua produção para uma multinacional ou para um “atravessador”, para que seja comercializada. Ele entrega para a cooperativa que é dele mesmo. Com isso, o poder de negociação aumenta e os ganhos são maiores. Além disso, só com o cooperativismo é possível fazer com que o resultado seja dividido entre os cooperados fomentando a economia da região. A riqueza fica com as pessoas que geraram. A cooperativa também oferece serviços e assessorias que individualmente os produtores não teriam. Em outros ramos a cooperativa traz vantagens, no ramo crédito, por exemplo, melhores taxas que o mercado e assim por diante. RPR: Como está estruturado o Sistema OCB? CRR: O Sistema OCB, formado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e pela Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop), se empenha em tornar o cooperativismo do nosso país mais competitivo e respeitado pelo importante papel que desempenha na sociedade. Em cada um dos 27 estados brasileiros o Sistema OCB possui suas Unidades Estaduais, que se orientam pelos mesmos princípios e valores da Unidade Nacional. Essas organizações são o elo entre o Sistema OCB e a realidade de cada região onde o cooperativismo está presente. É no âmbito local que os cooperados interagem e constroem suas demandas.

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Poedeira colonial da Embrapa é opção de renda para a agricultura familiar

Uma galinha híbrida semipesada, para criação semi-intensiva, com boa capacidade de produção de ovos de mesa com casca marrom. Esta é a Poedeira Colonial Embrapa 051, desenvolvida pela Embrapa Suínos e Aves (Concórdia-SC) para buscar a sustentabilidade da pequena e média propriedade rural. A Poedeira 051 é proveniente de linhas genéticas da Embrapa. Com plumagem marrom intenso, tem ótima viabilidade, longevidade e rusticidade. A galinha inicia a postura com 21 semanas e um peso de 1,9 Kg, com um potencial produtivo de 300 ovos (uma galinha colonial comum atinge em média 80 ovos) até as 80 semanas de idade, quando termina seu ciclo. O pico de produção de 88% é alcançado às 30 semanas de idade,

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com o peso dos ovos superior a 56g. O consumo médio de ração durante o período de produção é de 114g/ ave/dia se adotados programas adequados de alimentação, manejo, saúde animal e luz. A galinha também é considerada de duplo propósito. No final do período produtivo, o peso corporal das aves é de aproximadamente 2,8 kg, o que permite um ótimo aproveitamento para o consumo da carne. Apesar de apresentar características coloniais, a Embrapa 051 tem todas as vantagens da avicultura comercial, como o controle sanitário e a garantia de qualidade do produto oferecido ao consumidor. Desde 2010, a Embrapa tem um acordo com a Gramado Avicultura para a comercialização da Poedeira

051 em mais de 2 mil lojas agropecuárias em nove estados do país, além de vender matrizes para empresas que atendem o Nordeste. No ano passado, foram vendidas 1,505 milhão de aves, garantindo à galinha colonial da Embrapa uma participação de 3,5% do mercado nacional das poedeiras de ovos vermelhos.

Lucas Scherer Cardoso Jornalista | MTb/RS 10.158 Embrapa Suínos e Aves Concórdia/SC suinos-e-aves.imprensa@embrapa.br +55 (49) 3441-0400


Saída do Reino Unido pode ampliar exportações do agronegócio Mais de 70% das vendas externas do Rio Grande do Sul às ilhas britânicas são de produtos de origem animal, com destaque à carne bovina Segundo principal destino das exportações gaúchas do agronegócio, a União Europeia é parceira do Rio Grande do Sul principalmente na compra de soja (37% do total exportado ao bloco), fumo (32,7%) e carnes (19,9%). Atrás apenas da China, o bloco europeu foi comprador de 14,9% das vendas externas do setor produzidas no Estado em 2015. Desse total, o Reino Unido respondeu por pouco mais de 6% das compras no ano passado. Mas certamente, na prática, essa participação é bem maior. Isso porque nem sempre os produtos entram pelos portos dos países de destino - explica Sergio Leusin Júnior, economista do Núcleo de Estudos do Agronegócio da Fundação de

Economia e Estatística (FEE). No Reino Unido, mais de 70% das importações do Rio Grande do Sul são de produtos de origem animal – prevalecendo a carne bovina e de frango. Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra destaca que o Brasil já tem mercados fidelizados para a carne de frango dentro da União Europeia – que em 2015 importou 407 mil toneladas, das quais 20% para o Reino Unido. O volume representou 8% do total as exportações brasileiras do setor. Hoje temos cotas de tarifa zero dentro do bloco europeu. Se isso for mantido após a separação, poderemos aumentar as cotas para a União Europeia e, ainda, continuar

atendendo os países do Reino Unido - projeta Francisco Turra, presidente da ABPA. Outra possibilidade, acrescenta Turra, é a abertura de mercados para a carne suína, já que os ingleses se mostraram favoráveis à possibilidade devido à menor emissão de gases de frangos brasileiros. Com a saída do Reino Unido da União Europeia também podem crescer as chances do acordo de livre comércio com o Mercosul. - A França sempre foi contra ao acordo, justamente por conta do setor agrícola. Agora independente, o Reino Unido poderá tomar a decisão sem a influência da União Europeia avalia o economista da FEE. Joana Colussi

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Consórcio milho-braquiária viabiliza pastagens de qualidade

Sustentabilidade é a palavra chave que resume os conceitos do consórcio milho-braquiária. Essa importante tecnologia pode ser implantada tanto na safra de verão quanto na safrinha (safra de outono-inverno), nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A tecnologia que já está sendo utilizada junto ao cultivo do milho safrinha em Mato Grosso do Sul e foi uma das tecnologias demonstradas aos participantes da Tecnofam 2016, evento realizado de 11 a 13 de maio, na Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados. O consórcio milho-braquiária foi apresentado a produtores que já utilizam e àqueles que ainda não conheciam a técnica. “Esclarecemos detalhes da implantação e também apresentamos os benefícios do consórcio para formação de palha e pasto, em

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que o milho é cultivado juntamente com a braquiária”, explica o engenheiro agrônomo e analista da Embrapa Agropecuária Oeste, Gessí Ceccon. Assuntos relacionados à redução nos gastos com fertilizantes, taxa de semeadura da pastagem, profundidade de semeadura, qualidade das sementes, entre outros aspectos também foram abordados. Dentre as vantagens do uso da tecnologia de produção consociada de milho com braquiária, destacam-se manutenção da umidade no solo; diminuição de erosão, de pragas, doenças e plantas daninhas; manutenção da palha do milho sobre o solo após sua colheita; diminuição do risco de incêndio nas lavouras no período seco entre agosto e setembro, além da fixação de carbono no solo, reduzindo a emissão de CO2, contribuindo com a

redução dos gases de efeito estufa. Mais um benefício é que a presença da braquiária verde na lavoura não deixa que palha do milho seja levada pelo vento, após a colheita, para encostas de lavouras, bordaduras e beira de estrada. “Por ocasião do plantio da soja, a braquiária também vai manter a palha do milho na lavoura e a passagem da plantadeira de soja não vai levar com facilidade essa palha. Portanto, evita que o agricultor faça a gradagem no solo”, explica Ceccon.

Christiane Congro Comas (Mtb-SC 00825/9 JP) e Sílvia Zoche Borges (MTb-MG 08223JP) Embrapa Agropecuária Oeste agropecuaria-oeste.imprensa@embrapa.br Telefone: (67) 3416-6884


País pode ampliar exportação de fruta ao Japão

O Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas (MAFF) do Japão atualizou a norma que possibilitará ao Brasil exportar melão, caqui, frutas cítricas e novas variedades de manga para aquele país. O adido agrícola no Japão, Marcelo Mota, recebeu carta das autoridades fitossanitárias nipônicas informando sobre a necessidade de se apresentar o plano de trabalho sobre os procedimentos oficiais e de responsabilidade dos exportadores. O documento deve ter informações sobre o controle de pragas, incluin-

do a gestão de risco para algumas espécies de mosca-das-frutas. Segundo a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Ministério da Agricultura, o plano de trabalho deverá ser enviado ao Japão o mais breve possível para que em novembro - quando a norma entra em vigor - as garantias fitossanitárias estejam acordadas e os produtores brasileiros possam exportar as frutas. A Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Mapa está coordenando as ações do plano de trabalho. A

aceitação das frutas brasileiras no Japão mostra a solidez do nosso sistema sanidade e certificação , diz o secretário de Defesa Agropecuária, Luis Rangel. O secretário substituto da SRI, Odilson Silva, comenta que o mercado japonês busca produtos de ótima qualidade e é altamente rentável para quem vende para lá. No ano passado, o Japão importou 25 mil toneladas de melão, o que equivale a cerca de US$ 27 milhões.

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Mercado de flores cresce no Brasil O setor estima um avanço de 10%

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O Brasil é um dos maiores produtores agrícola do mundo e no ramo da floricultura não é diferente, apesar de não ser tão popular como as demais produções. O país é um dos maiores produtores mundiais de flores e plantas ornamentais e movimentou cerca R$ 6,2 bilhões em 2015, ante R$ 5,7 bilhões no ano anterior. O resultado esperado projeta um crescimento de até 10%, mesmo em um cenário de crise. Os números positivos já são registrados há quatro anos consecutivos no mercado de flores, que é uma importante engrenagem na economia brasileira, responsável por 215.818 empregos diretos, dos quais 78.485 (36,37%) relativos à produção, 8.410 (3,9%) à distribuição, 120.574 (55,87%) no varejo e 8.349 (3,8%) em

outras funções, em maior parte como apoio, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Flores (Ibraflor). Ainda segundo o instituto, o brasileiro gasta em média R$ 26,68 por ano. Diversos fatores são atribuídos a este crescimento, como a crise hídrica que assolou São Paulo, principal estado produtor, surgiu a oportunidade de melhorar o uso da água e, com isso, também economizar. Hoje, os produtores apostam em captação de água da chuva e irrigação por gotejamento para evitar o desperdício. Os produtores também apostam na instalação de caldeiras movidas a lenha, cavaco e/ou gás para a climatização das estufas, reduzindo a conta de energia. O mercado brasileiro oferece grande variedade de flores de todos

os tamanhos, cores e embalagens para atender aos mais variados gostos e ocasiões. O consumidor tem à sua disposição mais de 500 espécies e mais de 3 mil variedades entre todos os tipos de flores. De acordo com o Ibraflor, o Brasil possui 14.992 hectares de área cultivada com flores e plantas ornamentais – propriedade média de 1,8 hectares – e um total de 8.248 produtores, os principais polos de produção estão próximos às capitais do Sudeste e Sul do País. Antes, as vendas de flores e plantas ornamentais eram concentradas em floriculturas, atualmente é possível comprar grande variedade em supermercados e outros pontos de venda dos grandes centros urbanos.

Com informações da SNA/SP

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Fertilizantes especiais devem crescer 19%

Ganho de mercado é resultado da busca por maior produtividade, qualidade nos produtos, incremento de valor agregado e resistência a problemas climáticos A busca dos produtores por maior qualidade, ganho de valor agregado e alta produtividade fez o segmento de fertilizantes especiais movimentar R$ 5,2 bilhões no último ano. A perspectiva para 2016 é crescer até 19%. Apesar de ainda representar apenas 10% na receita total de ferti-

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lizantes, esse setor vem avançando. Em 2015, a expansão foi de 13% sobre o ano anterior, com giro de R$ 4,6 bilhões naquele ano. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), durante a 23ª Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas (Hortitec), em Holambra (São Paulo). Muitas vezes o produtor precisa de um efeito de ramificação, no

caso de café; formato de frutos, com a uva; reversão de momentos de estresse, como falta de chuva e excesso de sol, no caso das hortaliças. Ele busca uma qualidade especial no valor de mercado , afirma o diretor de comunicação da Abisolo, Anderson Ribeiro. No grupo de fertilizantes especiais, 79% são minerais, 17% organominerais e 4% orgânicos, segundo dados da Abisolo.


CONCENTRAÇÃO Esse mercado ainda está concentrado na região Sul e Sudeste: Minas Gerais é o maior mercado (19%), seguido por São Paulo (14%), Paraná (12%), Mato Grosso (11%) e Goiás (8%). Conseguimos trazer ao produtor uma alface com cabeça maior e mais crocante, mais valorizada na hora da venda, disse Ribeiro. Os pequenos agricultores são uma fatia importante para os fertilizantes especiais. Mas se engana quem pensa que os grandes não investem nesse mercado. Prova disso é que a soja - uma das maiores commodities brasileiras - tem a maior fatia do segmento: 41%. Em seguida vem hortaliças e legumes, com 14%, o milho, com 12%, e o café, com 10%.

O agricultor Renan Gonçalves, dono de duas propriedades em Minas Gerais e outra no Mato Grosso para a produção de milho, soja, feijão e sorgo, conta que os fertilizantes especiais ofereceram um incremento de 15% na receita de seus negócios. Ele começou a testar os produtos há três anos. Hoje, já faz o uso em 100% da área plantada em suas propriedades, que somam, no total, cerca de três mil hectares. O resultado tem sido muito positivo, tanto na produção quanto no custo. Como conseguimos ter um incremento, o produto final paga o lucro e dá uma margem maior, afirma. Ele ressalta que as plantas estão mais resistentes a estresse climático

- mais acentuados nos últimos dois anos por conta do fenômeno El Niño. Quando dá esses veranicos - e há dois anos que tem falta d’água, e a hora que vem a chuva, vem na hora errada -, temos notado a planta mais verde e menos desgastada com o estresse hídrico, pontua. O produtor diz ainda que reação na mistura entre insumos é menor quando utilizado os fertilizantes especiais. Sempre chamou atenção que não houve problema de incompatibilidade no blend. Não há reação de talhar o caldo por conta da mistura entre fungicidas e herbicidas, disse Gonçalves. Fernando Barbosa

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Indústria de alimentos esfria confiança do agronegócio durante primeiro trimestre do ano

Composta em boa parte por indústrias de alimentos, o elo “indústria depois da porteira” foi o único a apresentar perda de confiança no primeiro trimestre de 2016, em comparação ao último trimestre de 2015. A queda significativa de 10,1 pontos, no entanto, foi a responsável por derrubar também o índice de confiança geral do setor, que registrou 1,7 ponto a menos, fechando o período em 82,6 pontos. Os dados são do Índice de Confiança do Agronegócio (ICAgro), estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)

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em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e divulgado pelas duas entidades. Para o gerente do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Fiesp, Antonio Carlos Costa, a retração da confiança na indústria pós porteira pode ter sido afetada tanto pelos resultados apresentados pelo varejo, quanto pela acomodação do dólar em um patamar mais baixo. “A venda de produtos alimentícios no varejo caiu 2,8% no primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE. Ao sentir a crise no bolso, o consumidor diminui seus gastos até

mesmo com a alimentação. Isso refletiu na confiança do setor. Além disso, as oscilações do real frente ao dólar podem influenciar negativamente as receitas de exportação, tal pensamento afeta a confiança do empresário.” A indústria “antes da porteira”, por sua vez, apresentou alta de 5,5 pontos, fechando os meses de janeiro a março em 73,3 pontos. Porém, na comparação com o mesmo período do ano passado, o índice deste segmento permaneceu praticamente estável. O elo “dentro da porteira” tam-


bém apresentou resultados positivos. O índice de confiança do Produtor Agropecuário apontou alta, de 3,5 pontos, e encerrou o período com 91,9 pontos. Se comparado ao primeiro trimestre de 2015, o crescimento na confiança foi de 4,2 pontos. Segundo o relatório do ICAgro, a melhora se deve, principalmente pela maior confiança dos produtores agrícolas. EXPECTATIVA POSITIVA – De acordo com o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, o aumento da confiança dos produtores é reflexo da melhora das expectativas

em relação aos preços e produtividade, além do crescimento de 11 pontos na avaliação da economia. “A percepção inicial é de que o nível de confiança do produtor rural brasileiro inicia um processo de retomada, após ter chegado no fundo do poço”, comenta o presidente. Freitas destaca que, mesmo ainda em patamares baixos, a avaliação da situação da economia do Brasil mostrou reação positiva, influenciada em parte pela percepção da melhora na disponibilidade do crédito agrícola neste início de ano. O índice de confiança do Produtor

Agrícola mantém, há três trimestres, uma trajetória de crescimento. Nos primeiros três meses deste ano, a alta de 4,5 pontos em relação ao final de 2015 elevou o indicador para 93,9 pontos. Outro ponto que merece ser destacado na visão dos produtores, é a melhora na relação de troca. Entre as culturas, o destaque vai para grãos, cana-de-açúcar e café, que apresentaram crescimento da confiança. Já os produtores pecuários mantiveram seu nível de confiança praticamente estável, fechando o período em 85,9 pontos, alta de 0,5 ponto. Fonte: Sistema OCB e Fiesp

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Brasil vai retomar exportações de gado vivo para a Jordânia A decisão foi divulgada em um encontro bilateral durante a 84ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), realizada em Paris, França.

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A Jordânia anunciou a retomada da compra de gado vivo brasileiro. A decisão foi divulgada em um encontro bilateral durante a 84ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), realizada em Paris, França. O delegado jordaniano Munther Al-Refai comunicou o fim do embargo ao diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Marques, que representou o Brasil na reunião de delegados da OIE.

A Jordânia suspendeu as exportações de gado no início deste ano, quando o Brasil registrou casos de língua azul em ovinos no Rio Grande do Sul. Essa doença é causada por um vírus transmitido pelo chamado “mosquito pólvora”. Em bovinos, os principais sintomas são perda de peso, queda na produção leiteira, aborto e perda de bezerros por má-formação. Nenhum caso de língua azul em bovinos foi registrado no país. Segundo Marques, as ocorrências da doença no Brasil são esporádicas e restritas a pequenos grupos de ovinos e veados, e nunca foi diagnosticada em bo-

vinos. “É uma doença de notificação obrigatória e combatida pelo Mapa por meio da vigilância agropecuária e controle de importação de ruminantes e material genético.” Para reabrir o mercado, o Mapa forneceu uma série de informações sobre a situação epidemiológica da doença ao governo jordaniano e enviou ao país do Oriente Médio uma equipe de veterinários para prestar esclarecimentos detalhados. A Jordânia é um dos principais mercados importadores de gado brasileiro – de 2011 a 2014, mais de 90 mil animais foram comprados pelo país. Fonte Original: CarneTec

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Cooperativismo de crédito cresce 27% nos últimos quatro anos 30

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O percentual da população brasileira a fazer parte de uma cooperativa de crédito aumentou, desde de 2012, 27%, segundo dados divulgados pelo Banco Central do Brasil, durante reunião ordinária do Conselho Consultivo Nacional do Ramo Crédito (Ceco), realizada na sede da Organização das Cooperativas Brasileiras, em Brasília. O evento contou com a participação do chefe-adjunto do Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro, Gustavo Martins. Ele apresentou, números que comprovam a evolução do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo no Brasil, dentre eles estão o indicador que mostra o aumento da procura por serviços oferecidos pelas cooperativas de crédito. A pesquisa considerou os números disponíveis no banco de dados do Banco até dezembro de 2015. O BCB divulgou que a Região Sul, por exemplo, se destaca com 13,5% da população da região, que já é associada ao Sistema Nacional de Crédi-

to Cooperativo. A pesquisa também apresenta os estados de Mato Grosso do Sul e Rondônia como os líderes de crescimento em sua carteira de clientes, que representam, atualmente: 6,2% e 4,8%, respectivamente. Além disso, Gustavo Martins também divulgou que o percentual de depósitos em cooperativas de crédito representa, hoje, 3,49% do Sistema Financeiro Nacional. Segundo ele, o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo é composto por: - 1.097cooperativas (1.060 singulares, 35 centrais e duas confederações) - 4.470 postos de atendimento - 8,3 milhões de cooperados (que vivem em 5.144 municípios, ou seja, 91,8% do total nacional) - As cooperativas de crédito estão presentes em 2.453 municípios (44% das cidades brasileiras) Em relação à distribuição geográfica das cooperativas de crédito, o Banco Central apresenta o seguinte panorama:

Municípios atendidos por região

Região

2011 2012 2013 2014 2015

Variação último ano

Variação em 5 anos

Centro-Oeste

39%

42%

47%

49%

50%

2%

28%

Nordeste

7%

8%

8%

8%

9%

14%

30%

Norte

13%

14%

15%

17%

19%

14%

49%

Sudeste

49%

50%

51%

53%

54%

2%

10%

Sul

84%

86%

88%

90%

90%

0%

7%

Total

39%

40%

42%

43%

44%

2%

13%

Fonte: Sistema OCB

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USO DE ETANOL EVITOU A EMISSÃO DE QUASE 352 MI DE TONELADAS DE CO2 NO BRASIL 32

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Nos últimos 13 anos, ao abastecer o seu carro flex com 100% de etanol ou gasolina, que hoje contém até 27% do biocombustível misturado, o consumidor brasileiro evitou que 351.987.394 toneladas de CO2 fossem despejadas na atmosfera

Segundo o consultor de Emissões e Tecnologia da união da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Alfred Szwarc, esta marca, cujo volume é superior à soma das emissões anuais de cinco países sul-americanos em 2014, revela a expressiva contribuição do etanol para a construção de um futuro mais sustentável no setor de transporte. “Hoje, o mundo tem o desafio de descarbonizar o segmento automotivo. Neste esforço para substituir fontes fósseis por renováveis, dentre os combustíveis carburantes líquidos, o etanol se apresenta como a melhor solução por conta da sua insuperável capacidade de redução das emissões de CO2, que pode ser de até 90% se comparado à gasolina e 80% em relação ao diesel”, observa Szwarc. De acordo com o executivo, o volume de praticamente 352 milhões de toneladas de CO2 evitadas graças à utilização do biocombustível de cana de março de 2003, quando a tecnologia flex foi lançada no Brasil, a março deste ano é muito maior do que as quantidades do poluente emitidas em 2014 por Argentina (190 milhões t), Peru (53,1 milhões t), Equador (35,7 milhões t), Uruguai (7,8 milhões t) e Paraguai (5,3 milhões t). “Ou até em relação à Polônia (317 milhões t.), um dos grandes emissores mundiais de gases causadores do efeito estufa”, complementa Szwarc. Ainda segundo a metodologia de compensação de emissões de carbono utilizada pela SOS Mata Atlântica,

a mitigação de CO2 proporcionada pelos carros flex é equivalente ao resultado que seria obtido com o plantio e manutenção de mais de 2,5 bilhões de árvores nativas ao longo de 20 anos. Todos estes dados podem ser consultados no “Carbonômetro”, ferramenta criada pela Unica e disponível no site etanolverde.com.br. Vale registrar que a redução de quase 352 milhões de toneladas de CO2 não computa o que foi evitado pela frota remanescente de cerca de 777 mil veículos movido exclusivamente a etanol, bem como por mais de 4 milhões de motocicletas, 58 ônibus (na cidade de São Paulo) e cerca de 500 aviões agrícolas (Ipanema) que também utilizam o biocombustível. No Brasil, levantamentos mensais da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) indicam que, em média, aproximadamente 90% dos veículos leves novos licenciados são equipados com tecnologia flex. Mais de 25 milhões de automóveis brasileiros rodam com etanol, gasolina ou a mistura dos dois combustíveis em qualquer proporção, o que representa aproximadamente 68% da frota de veículos leves em circulação. São mais de 200 modelos produzidos por 19 montadoras instaladas no País; Audi, BMW, Mercedes-Benz, GM, Fiat, Volkswagen, Ford, Hyundai, Citroën, Honda, Kia, Toyota, Mitsubishi, Nissan, Peugeot, Renault, JAC, Jeep e Chery. Fonte: Unica

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Agronegócio ainda se destaca em 2016 Vivemos um ano movido a instabilidade econômica e política, com diversos desafios que prejudicaram diversas atividades e produções. É claro que o agronegócio também foi impactado, mas ainda consegue se destacar neste ano tumultuado. Segundo o presidente da CNAConfederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins da Silva Júnior, os indicadores econômicos posicionam os números da produção agropecuária como pilar da sustentação econômica brasileira. “De fato, o desempenho da atividade rural no Brasil alcança marcas invejáveis. Marcas que colocam o País entre os principais produtores de alimentos do mundo, com produtividade, frequentemente, superior ao de países desenvolvidos”, declara. Ele também pondera que a habitual vocação introspectiva impede que o setor se vanglorie por continuar a transformar o Brasil em reconhecida potência mundial produtora agrícola e pecuária. “Permanecemos preocupados com as agruras da falta ou excesso de chuva, a instabilidade dos

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preços, os altos custos dos insumos e os problemas de escoamento da safra. Produzir, em meio a tantas adversidades, exige determinação, disciplina, muito trabalho e amor pelo que se faz. Muito mais conseguiríamos fazer se os ambientes, nas diversas esferas, jurídica, econômica, política e tributária, fossem menos hostis”. O ano de 2016 começou com expectativas econômicas ainda em deterioração. O ambiente externo manteve a nossa cotação cambial sob volatilidade, em função das incertezas quanto à trajetória da taxa de juros nos EUA; e a desaceleração chinesa que continuou a representar um fator desfavorável para a atividade de vários setores importantes de nossa economia. Aqui no Brasil, as dificuldades no campo político e a natureza restritiva dos ajustes (fiscal e monetário) pesaram sobre a confiança privada, impondo fortes ventos contrários para a recuperação da economia. O consequente aumento que vem sendo observado na taxa de desemprego completa o quadro desanimador para

atividade doméstica. Mas ainda de acordo com estudos da CNA, há alguns desenvolvimentos favoráveis ao longo do ano que podem começar a acender esperanças de superação da grave crise recente. Entre esses desenvolvimentos estão a melhora (já em curso) das contas externas e a perspectiva de desaceleração da inflação. Com efeito, a forte desvalorização cambial observada em 2015 já vem contribuindo para tornar nossa produção doméstica mais competitiva. Isso já vem provocando alguma melhora (ainda incipiente) de nossas exportações e, sobretudo, um processo de substituição de importações que poderá dar algum alento às indústrias domésticas nos próximos anos. Nessas circunstâncias, a expectativa para 2016 é de retração econômica mais modesta do que a observada em 2015. A projeção para o PIB ainda é de queda, mas uma queda de 1%. Assim, nos parece que, na melhor das hipóteses, começaremos a superar a crise em 2016. Os reflexos positivos sobre o desempenho de nossa eco-


nomia tendem a se revelar mais evidentes apenas em 2017. Segundo as projeções da CNA, em 2016 haverá um aumento de 3,7% do faturamento bruto dos produtos agrícolas, atingindo R$ 328,8 bilhões. Este resultado se dá pelo crescimento robusto no faturamento do café (9,5%) e da cana-de- açúcar (9,7%), e crescimentos mais modestos para o arroz (0,9%), feijão (1,4%), milho (1,5%), soja (4%) e trigo (2,2%). A expectativa é que o aumento do VBP do café se dê pelo aumento da produção, que deve ser de 6,8%, devendo atingir 45 milhões de sacas. Os preços devem se manter em patamares modestos, com uma leve tendência de alta, caso ocorram efeitos climáticos nos principais países concorrentes do Brasil, como o Vietnã. Para a cana-de-açúcar, o aumento do VBP é justificado tanto pela produção (4,5%) quanto pelos preços (5%), dando folego para o setor que vinha sofrendo queda nos preços e na produção há alguns anos. Para a soja, estima-se que a área plantada chegue a 32,6 milhões de hectares, aumento de 1,7% quando comparado com a safra 2014/2015. A produtividade deve crescer 2,2%. Assim, a produção total da oleagino-

sa deve atingir 100 milhõesde toneladas. Os preços, por sua vez, tendem a sofrer queda no mercado internacional. Entretanto, a valorização do dólar frente ao Real deverá sustentar de maneira modesta os preços no mercado interno. Assim, o VBP da soja em 2016 deve ser de R$ 116,31 bilhões, 4% maior do que em 2015. Para o milho, embora os preços no mercado interno estejam atrativos por questões cambiais, a safra deverá ser menor. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as safras de milho (1ª e 2ª) deverão ser 3,3% menores do que em 2014, devido à retração da área plantada com o cereal (-2,7%) e à expectativa de queda leve na produtividade. Desta forma, o faturamento da cultura deverá atingir R$ 43,0 bilhões, expansão de 1,5%. Em 2016, o algodão deve permanecer com faturamento próximo ao de 2015. O que irá determinar a produção para este ano é a opção dos produtores, principalmente do Centro Oeste, em optar pelo plantio da fibra em detrimento do milho safrinha, depois da safra de soja, reduzindo assim sua produtividade. O arroz e o trigo devem seguir a mesma tendência para o próximo

ano. A estimativa é de queda da produção para o arroz e estabilização de oferta do trigo, e aumento nos preços. O faturamento para 2016 das duas culturas foi estimado em R$ 10,9 bilhões e R$ 8,3 bilhões, respectivamente. A estimativa para o VBP da pecuária para 2016 é de R$ 201,0 bilhões, o que representa um crescimento de apenas 1% em relação ao ano de 2015. Para a carne bovina, existe uma tendência de estabilização, quando comparado a 2015, podendo atingir R$ 98,8 bilhões, por conta do aumento da produção (1,9%).Os preços deverão estar pressionados pela perda de renda da população, e pela busca de substitutos diretos. Assim, a expectativa é deque os preços médios do próximo ano se mantenham 1,5% abaixo dos observados em 2015. Ainda no ramo da pecuária, destaque para as carnes de aves e suínos, com expectativas de aumento de produção em 3,5% e 1,7%, fazendo com que os faturamentos dos setores atinjam R$ 36,1 bilhões e R$ 14,9 bilhões, respectivamente. Importante destacar que a ampliação do faturamento será via produção, visto que não há grandes tendências de variação nos preços. Com informações da CNA

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Maior preço da história obriga brasileiro a pôr mais água no feijão

O preço do feijão bateu recorde de preço nos últimos meses. A valorização do feijão carioca foi de 44% e do preto 13% nos últimos 12 meses. Somente em 2016, o incremento chegou a 15% e 17%, respectivamente, enquanto que a média da inflação geral acumulada de janeiro a abril foi de 3,25%. Os dados são do Departamento de Economia Rural (Deral). O empresário Ricardo Baldini sente os números do aumento dos preços no bolso e faz malabarismos com o cardápio de casa. “Primeiro eu troquei de marca e mais recentemente eu reduzi meu consumo. Inclusive cheguei a substituir o feijão por itens como quirera”, diz Baldini. Nas grandes redes, o quilo do carioca hoje é vendido, em média, a R$ 5,69 e a

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O preço do feijão bateu recorde de preço. A valorização do feijão carioca foi de 44% e do preto 13% nos últimos 12 meses R$ 4,57 o preto. Há um ano, a média não passava de R$ 3,96 para o carioca e R$ 4,03 o feijão preto. Por outro lado, enquanto os consumidores precisam ajustar as contas no final do mês, os produtores nunca receberam tanto pela saca do feijão. Com a baixa disponibilidade

do grão os preços atingiram médias históricas e em abril o feijão carioca era cotado a R$ 208,39 e o preto em R$ 142,82. Em um ano a valorização foi de 75% e 29%, quando os produtores recebiam até R$ 119,20 no carioca e e R$ 110,51 no feijão preto. Segundo o Deral, a escalada da cotação se deve, além da inflação, à escassez da oferta de um produto de maior qualidade. O produto este ano teve menor área destinada ao plantio e a problemas climáticos que afetaram a safra nos principais estados produtores. O Paraná é o maior produtor do grão no país, com uma colheita média de 742,6 mil toneladas por ano. O número corresponde a 23% de tudo o que é colhido no país (média de 3.299 mil toneladas).


Apesar do preço, cenário é desfavorável No Paraná, segundo o último levantamento do Deral, a área estimada para a primeira safra de feijão (o estado tem três ciclos) é de 182,6 mil hectares, 5% menor que os 192,7 cultivados em 2014/15. Os estragos foram causados pelo excesso de chuva que atingiu o estado entre outubro do ano passado e o início deste ano, atrasando o plantio e prejudicando a colheita da primeira safra. Até o momento, as perdas chegam a 11% e os

produtores devem colher 289,9 mil toneladas na primeira safra. A segunda safra também sofreu perdas causadas pelo excesso de chuva no início do ciclo e a estiagem de abril. Com uma área plantada de 205,5 mil hectares e 79% colhido até semana passada, os produtores esperam colher 318 mil toneladas, 17% abaixo da safra passada e uma redução de 21% em relação à expectativa inicial de 400 mil toneladas.

Em Guarapuava, no centro-sul do estado, além da umidade, a geada registrada em maio atingiu as lavouras em floração e prejudicou o desenvolvimento das plantas. “A quebra foi grande. Os produtores estão colhendo 30% daquilo que poderia render. Eu pretendia colher 3 mil quilos por hectare, mas estou colhendo 900 quilos. Os preços estão altos, mas não compensam as perdas. Hoje consigo apenas equilibrar os meus custos de produção”, afirma o vice-presidente do Sindicato Rural de Guarapuava e produtor rural, Anton Goda. Além da quebra, segundo Goda, a qualidade é muito baixa. Fonte: Gazeta do Povo

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Planejamento e execução são os segredos o sistema de confinamento

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No Brasil, o confinamento é mais propriamente utilizado para a terminação de bovinos, que é a fase da produção que imediatamente antecede o abate do animal, ou seja, envolve o acabamento da carcaça que será comercializada. A qualidade do produto (bovino) produzido no confinamento é assim dependente das outras fases da produção. E, como o ramo da pecuária é um dos mais importantes do agronegócio brasileiro, a cada dia novas técnicas e ferramentas de manejo são testadas para aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos. Os produtores investem na produção e o sistema de confinamento vem crescendo no Brasil. Esse sistema é utilizado para a terminação de bovinos, que é a fase da produção que imediatamente antecede o abate do animal, envolve o acabamento da carcaça que será comercializada. Do total de animais produzidos no Brasil, cerca de 9% são provenientes de confinamentos. Em um estudo realizado pela Assocon, a Associação Nacional dos Confinadores, o censo nacional feito em 2012, foram mapeados 1348 confinamentos no Brasil. Segundo a assessora técnica da Assocon, Juliane da Silva Gomes, o sistema de terminação em confinamento permite encurtar o tempo de abate dos animais, levando ao aumento da eficiência produtiva do rebanho por meio da redução na idade de abate e melhor aproveitamento do animal e evita que haja perda de peso do gado no período de entressafra. “Faz da nutrição do gado um mercado para alimentos e subprodutos da propriedade; dando desti-

no à forragem excedente de verão, além de favorecer liberação de áreas de pastagens para outras categorias durante o período de confinamento”, completa a assessora. Para o sucesso da atividade, não há receita exata, porque fatores diversos influenciam. De toda forma, o confinamento exige mão-de-obra qualificada e atenção redobrada para aproveitar todo seu potencial. O GMD (ganho médio diário) do animal, por exemplo, pode variar de 1,072 kg/dia a até 1,815 kg/dia/aimal – apontando um valor médio de 1,497 kg, segundo dados da Assocon. O produtor deve levar em consideração vários fatores, pois trata-se de uma prática que requer gestão e técnica. Na hora de analisar a viabilidade de sua implantação, deve-se levar em conta: - Fontes de animais para terminação: mapear fornecedores próximos da propriedade, estabelecer um raio limite de busca a fim de evitar que os animais passem muito tempo na estrada, gerando estresse, perda de peso e alto custo com transporte; - Fonte de alimentos: um dos mais importantes, pois pode representar até 30% do custo total. A dieta deve ser uma combinação de produtos nutritivos com preço e disponibilidade na região; - Preço e mercado: a conta precisa fechar no fim do ciclo: preços de aquisição do animal para terminação e de venda dele pronto devem ser compensatórios. Em resumo, trata-se de uma atividade estratégica, que quando bem planejada e executada é vantajosa o ano todo.

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Governo oficializa que ações da reforma agrária e agricultura familiar vão para a Casa Civil Decisão foi publicada no Diário Oficial da União no dia 30 de maio O presidente interino Michel Temer transferiu para a Casa Civil as atribuições de diversos órgãos responsáveis pelas ações do estado nas áreas de reforma agrária, agricultura familiar, desenvolvimento territorial, regularização fundiária, desenvolvimento e reordenamento agrário, bem como delimitação, demarcação e homologação de terras dos remanescentes das comunidades quilombolas. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União de nesta segunda,

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dia 30. O Decreto 8.780 transfere a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário para a Casa Civil. A medida inclui as secretarias de Reordenamento Agrário, de Agricultura Familiar, de Desenvolvimento Territorial e a Secretaria Extraordinária de Regularização Fundiária na Amazônia Legal. Quem vai assumir a pasta é José Ricardo Ramos Roseno ex-presidente da Emater de Minas Gerais e Asbraer. O Deputado Federal Zé Silva

era cotado para assumir a pasta, mas como a nova secretaria não tem status de Ministério ele fica impedido. O Solidariedade que quer o espaço vai tentar convencer o Governo Temer da viabilidade de garantir o status de Ministério. “As negociações ainda não foram fechadas, mudanças podem ser feitas no decorrer do processo, agora é uma transição”, confirma Zé Silva, deputado federal do Solidariedade.


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OIE reconhece 14 estados brasileiros e DF como zona livre de peste suína clássica Decisão facilita ampliação de mercado, diz diretor do Departamento de Saúde Animal A comissão científica da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reconheceu 14 estados e o Distrito Federal como zona livre da peste suína clássica. O status foi aprovado durante a 84ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), realizado em Paris, França. “Com essa decisão, teremos facilidade em ampliar nosso mercado de maneira segura”, ressalta o diretor

do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Marques, que participou da reunião na França Além do Distrito Federal, os estados reconhecidos como área livre da doença são: Acre, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe, Tocantins e parte do Amazonas

Sobre a doença A peste suína clássica é causada por um vírus e tem notificação compulsória para a OIE. Provoca febre alta, manchas avermelhadas pelo corpo, paralisia nas patas traseiras, dificuldades respiratórias e pode levar à morte do animal. Os últimos casos foram registrados no Brasil em agosto de 2009, no Amapá, Pará e Rio Grande do Norte.

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(municípios de Guajará, Boca do Acre, sul de Canutama e sudoeste de Lábrea). Até agora, apenas dois estados já tinham o certificado da OIE: Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Para o secretário de Defesa Agropecuária, Luis Rangel, esse é o resultado do esforço conjunto de toda a equipe envolvida no processo para obter o reconhecimento e da qualidade técnica do trabalho do ministério.


Compra de máquina agrícola por consórcio cresce Modalidade aumentou 20% em 12 meses, conformea a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio

Opção para quem não tem urgência em trocar máquinas agrícolas, a compra por meio de consórcio está ganhando participação no mercado brasileiro. Sem depender de financiamento bancário, a modalidade cresceu 20% em 12 meses, conforme a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio. As concessionárias da Massey Ferguson no Brasil, detentoras de 34% do mercado de consórcioagrícola no país, aumentaram em 10% as vendas de janeiro a maio deste ano – na comparação com igual período em 2015. O crescimento fez com que os consórcios passassem a responder por 30% do faturamento total, ante 27% no ano anterior.

– É uma alternativa atraente para substituição de máquinas a médio e longo prazos – destaca Paulo Finger, presidente da Associação Nacional dos Distribuidores Massey Ferguson e sócio-diretor da revenda Augustin, com matriz em Não-Me-Toque. Embora os consórcios tenham duração de até 10 anos, Finger destaca que o tempo médio de retirada do produto tem ficado em três anos. – Com lances livres e negociação, existem formas de antecipar o tempo de espera – explica Finger, acrescentando que o pagamento das parcelas pode ser semestral, seguindo o calendário agrícola. Joana Colussi


PREÇO DAS COMMODITIES PUXA AGRO EM 2016

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Análise da CNA indica que todos os elos que envolvem a cadeia produtiva agrícola apresentaram expansão neste ano; desempenho da pecuária, de modo geral, deixou resultados negativos

A recuperação nos indicadores financeiros das commodities agrícolas impulsionou o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, que cresceu 0,6% em fevereiro e acumula alta de 1,09% nos primeiros dois meses de 2016. Os dados fazem parte do levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea), divulgado na última semana. De acordo com os analistas, todos os elos que envolvem a cadeia produtiva do setor apresentaram expansão neste ano, com destaque também para a indústria, que teve variação de 1,24%, seguida pelos segmentos primário (1,13%), de serviços (1,09%) e insumos (0,68%). O resultado do PIB foi puxado pela cadeia agrícola, que teve crescimento de 0,9% em fevereiro, chegando a 1,62% no acumulado de 2016 (janeiro/fevereiro). Neste segmento, a produção primária foi a principal responsável por impulsionar o setor na agricultura em 2016, com alta de 2,10% no bimestre , mostra o levantamento.

Dentro da porteira, a agricultura desponta em razão da alta dos preços, que variaram 12,56% na comparação bimestral 2016/2015. Uma das culturas que mais se beneficiou com este cenário foi o algodão, com elevação de 33,27% nos preços nos primeiros dois meses de 2016, na comparação com o mesmo período do ano passado, e redução da oferta, principalmente no oeste da Bahia, por conta da queda de produtividade e diminuição de área plantada. Assim, espera-se, para a fibra, alta de 26,23% em receita. Outras culturas que devem ter faturamento maior este ano no segmento primário são: banana (12,48%), cacau (21,5%), café (10,86%), cana (7,12%), feijão (7,29%), laranja (13,03%), mandioca (11,59%), milho (36,63%), soja (16,88%), tomate (25,92%) e trigo (17,01%). Na pecuária, houve recuo de 0,05% no bimestre no segmento básico. A agricultura impulsionou, também, a agroindústria. A parte de processamento vegetal teve bom desempenho especialmente por conta da elevação de preços, com destaque para celulose e papel, etanol e açúcar.

CARNES O desempenho da pecuária, de modo geral, foi negativo, com queda de 0,03 em fevereiro e retração de 0,06% nos primeiros dois meses do ano. Na indústria de abate, pesou contra o faturamento a baixa dos preços da carne suína, mas o mercado externo favorável, com dólar elevado e expansão para novos mercados, favoreceu as exportações de carne e os resultados , informam os especialistas.

Fundamentos indicam alguma reversão para este cenário, uma vez que, em maio, houve alta nos valores do suíno e melhora no poder de compra do suinocultor. A menor disponibilidade de animais terminados e o aumento da demanda interna pela carne, favorecida pelo clima frio, impulsionaram as cotações , dizem analistas do Cepea em boletim.

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Fertilizantes refletem melhoria do poder de compra no campo Produtores rurais antecipam aquisição de insumos que só serão utilizados no plantio da próxima safra de verão, em 2016/2017; indústria espera intensificação na demanda

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O ritmo acelerado nas vendas externas das principais commodities agrícolas trouxe um fôlego para o produtor rural. Mais capitalizado e amparado por cotações no azul, o setor aumentou seu poder de compra, o que impacta diretamente na cadeia de insumos. Os dados são claros: no primeiro quadrimestre, as entregas de fertilizantes ao consumidor final cresceram 8,2% em relação ao mesmo período de 2015, segundo a Associação Nacional para Difusão de adubos (Anda). Só no mês de abril, época em que toda a safra de soja e milho já foi plantada, as compras saltaram 13,7%. Isso significa que o agricultor tem antecipado a aquisição de produtos que serão utilizados no ciclo de 2016/2017, cujo plantio só acontecerá no próximo verão. “Nossas sementes e adubos estão todos comprados, faltam apenas metade dos defensivos que ainda estão em negociação, mas fecharemos nos próximos dias”, conta o diretor da fazenda Botuverá, Adelino Bissoni, durante participação do DCI no Rally da Safra em Mato Grosso, neste mês, promovido pela Agroconsult. Dentre os planos do produtor para a próxima 46

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safra está manter os 23 mil hectares de soja cultivados em 2015/2016. Ele explica que a chamada relação de troca - quantidade de sacas necessárias para a compra de uma tonelada de insumos - está pelo menos 10% mais favorável para o agricultor, quando comparada ao ano passado. E nos arredores do maior estado produtor de grãos do País, Bissoni não é uma exceção. Hoje gastamos menos toneladas de soja para adquirir fertilizantes, acrescenta o produtor Joel Strobel, do município de Rondonópolis (MT), que pretende expandir em 20% o plantio de milho verão, além dos 6,5 mil hectares de soja. Da cidade de Jataí (GO), o agricultor Luiz Paulo Priori segue a mesma linha e também já garantiu seus adubos. Na outra ponta, o diretor comercial da Yara Fertilizantes, João Benetti, explica que o preço em dólar dos fertilizantes está mais baixo, em relação à média histórica. Isso incentiva tanto a antecipação na compra quanto a intensificação na fertilização da lavoura. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos quatro primeiros meses de 2016 foram exportadas 20,89 milhões de tone-

ladas de soja em grão, volume 60% superior ao do mesmo período de 2015. Nos últimos dias, os portos do Brasil registraram cotações acima dos R$ 90 por saca. Na Bolsa de Chicago, os US$ 11 por bushel estão cada vez mais próximos dos indicadores da oleaginosa. Além disso, cabe destacar os ganhos na rentabilidade do milho, açúcar e café. Neste contexto, o analista do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank Brasil, Victor Ikeda, avalia que a margem operacional do produtor rural está próxima de 30%, percentual que já atingiu os 50% em outros anos. Mesmo assim, segundo o especialista, nos Estados Unidos esta margem, considerada a soja a US$ 9 por bushel, não ultrapassa 10%. O real continua depreciado em relação ao dólar, mas a soja representa 40% do mercado nacional de adubos. A melhora na relação de troca do produtor e o aumento no poder de compra do setor são as principais causas da recuperação nos fertilizantes”, conclui Ikeda.

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Marketing e Agronegócio – A nova gestão Autor: José Luiz Tejon e Coriolano Xavier O agronegócio tem se profissionalizado mais a cada dia, exigindo daqueles que lidam com esse mercado um conhecimento das facetas da administração e, principalmente, do marketing. Neste livro, os autores mostram isso, apresentando a teoria e os conceitos da área com exemplos e casos em que o marketing e o agronegócio se uniram para criar diferencial e promover o crescimento sustentável de empresas, setores e mesmo regiões.

Manejo Ecológico do Solo Autora: Ana Primavesi Este é um livro técnico e destina-se aos agrônomos de campo e a todos que trabalham na agropecuária e procuram uma resposta a inúmeros problemas que surgem diariamente, como: mau aproveitamento dos adubos, efeito cada vez mais pronunciado da seca, deficiências e doenças de toda espécie mas de controle difícil, compactações e adensamentos do solo, encrostamento da superfície do solo após as chuvas, erosão cada vez mais pronunciada, enchentes, mas também a germinação muito deficiente de sementes etc.

Adubos & Adubações Autor: E. Malavolta, F. Pimentel, J. C. Alcarde Três agrônomos da ESALQ escreveram esse livro em que explicam técnicas de adubação, preparação do solo e utilização de compostos orgânicos, minerais e químicos. Em linguagem simples e prática, com grande ênfase na adubação orgânica, no aproveitamento do esterco e dos adubos verdes, esse livro aborda diversos aspectos práticos, sendo de grande interesse a lavradores e fazendeiros.

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Manejo de Sistemas de Cria em Pecuária de Corte O objetivo da obra é levar aos técnicos e produtores rurais, de maneira didática e ilustrada, os conhecimentos técnico-científicos que permitem alcançar a eficácia e eficiência em sistemas de cria.

A Laranja do Campo ao Copo Autor: Marcos Fava Neves, Vinícius Gustavo Trombin, Frederico Fonseca Lopes e Rafael Bordonal Kalaki O Brasil adquiriu impressionante desenvolvimento na cadeia citrícola, atendendo a dezenas de especificações para satisfazer os mais diversos consumidores. Só para citar alguns dados, o país produz a metade do suco de laranja do planeta. Isso significa dizer que de cada cinco copos de suco de laranja consumidos no mundo, três são produzidos nas fábricas brasileiras. Hoje, o mercado doméstico de laranja in natura se tornou um grande consumidor da produção brasileira. Mais de 100 milhões de caixas (equivalente a 22% da produção nacional) são consumidas pelo povo brasileiro, mas o maior desafio desse mercado está no suco exportado, destino dos outros 78% da safra nacional. Este livro tem como objetivo principal mostrar uma radiografia da cadeia produtiva citrícola, trazendo ao leitor um entendimento maior desse negócio, as variáveis que o impactam, suas tendências e desafios.

Ferramentas de Gestão para o Agronegócio Autor: Tarcísio Miguel Teixeira Em Ferramentas de Gestão para o Agronegócio, o leitor encontrará uma abordagem sucinta de diversos assuntos que perpassam o preparo profissional para o atual e o futuro gestor do Agronegócio. A literatura sobre o assunto vem crescendo no Brasil, mas ainda há muito que ser feito, tanto em materiais mais específicos como em abordagens mais universais, que é a proposta deste livro.

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Chuvas de maio favoreceram lavouras do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo

Em boletim de monitoramento agrícola, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta semana mostrou que as chuvas de maio favoreceram o desenvolvimento das lavouras no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. O foco desta edição é o monitoramento do milho 2ª safra, em desenvolvimento ou em fase reprodutiva. Contudo, as possíveis mudanças na previsão de safra estão sendo verificadas em campo e serão divulgadas no dia 09 de junho, no 9º Levantamento da Safra de Grãos.

Os dados de satélite apontam que o índice de cobertura vegetal desta safra está menor do que nos anos anteriores, na maioria das regiões produtoras desses estados, em função da falta de chuvas em abril, o que significa que parte das lavouras foi prejudicada. Já nas regiões monitoradas do Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Maranhão praticamente não choveu em maio, o que penalizou parte das lavouras desde o mês de março, em função do deficit hídrico e das altas temperaturas em

fases críticas do desenvolvimento. Isso, porém, já havia sido previsto no prognóstico climático do anúncio de grãos deste mês. O Boletim de Monitoramento Agrícola avalia as condições atuais das lavouras, com base em dados de satélite, em decorrência de fatores agronômicos e climáticos recentes. Além de auxiliar nas estimativas de safra, o monitoramento também é utilizado como apoio às análises de mercado e gestão de estoques da Companhia. Mariane Chianezi

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Sistema de integração triplica produção de arrobas por hectare Um projeto executado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), quer triplicar a produção de arrobas por hectares por meio do sistema de Integração Lavoura-Pecuária e Floresta (ILPF). As pesquisas ocorrem há cinco anos e as primeiras avaliações mostram que a produção no sistema de integração foi de 20 arrobas por hectare ao ano, três vezes mais que a produtividade média no estado. “A grande vantagem do ILPF é você conseguir implantar os reflexos da adubação da lavoura após a colheita na produção de forragens, sem que o componente “arbóreo” prejudique com o sombreamento e reduza a produção de forragens no sistema como um todo”, analisou o pesquisador da Embrapa Agrosilvipastoril, Bruno Pedreira. Ao longo de 12 meses, o sistema ILPF produziu 18 toneladas de matéria seca por ano, enquanto que a pecuária tradicional registrou apenas 11 toneladas. No período das águas, o ganho médio de peso dos animais dói de 510 gramas por dia, ou seja, 50% a mais em relação à pecuária extensiva. “De maneira geral, a gente se preocupa sempre em utilizar gramíneas que são fáceis depois na dessecação e no plantio da soja na sequência para facilitar o plantio direto. Aqui em Sinop (MT), nos campos experimentais, nós trabalhamos com a brizantha 52

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marandu, mas nós temos também a brizantha piatã, a brizantha paiagus, então, se você vai trabalhar com alternância, as braquiárias são uma boa possibilidade”, falou Pedreira. Além de aumentar a produtividade por hectare, o sistema ILPF também ajuda a reduzir os impactos ambientais, com a redução de gases de efeito estufa e a recuperação de áreas degradadas. “Temos observados também dados relacionados a redução do escoamento superficial de água, ou seja, isso contribui para uma maior infiltração da água no solo. Então, o solo passa a reter mais água dentro do sistema e isso evita, por exemplo, erosivos”, disse Eduardo Matos, che-

fe de pesquisa da Embrapa Agrosilvipastoril Atualmente, o estado de Mato Grosso possui 750 mil hectares com sistemas integrados. A maioria das áreas alterna ciclos pecuários e agricultura. Para Bruno Pedreira, a falta de mão de obra qualificada ainda dificulta a expansão dessas áreas. “É necessário ter gente capacitada e que entenda não só de árvores, de grãos ou de bois, mas sim de cada um dos componentes e das suas interações para que o sistema seja aditivo, e não negativo, quando a gente o faz de maneira conjunta”, falou. Henrique Bighetti



EXPORTAÇÕES DE ARROZ TÊM ALTA DE 10,9%

As exportações brasileiras de arroz para a Arábia Saudita cresceram 6% entre janeiro e abril deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado

As exportações brasileiras de arroz para a Arábia Saudita cresceram 6% entre janeiro e abril deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços organizados pela Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) e pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira mostram que nos quatro primeiros meses deste ano foram exportados US$ 1,83 milhão em arroz ao país árabe. No mesmo período do ano 54

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passado, foram US$ 1,73 milhão. A quantidade aumentou 20,7%, ao subir de 2,99 mil toneladas nos quatro primeiros meses de 2015 para 3,61 mil toneladas entre janeiro e abril deste ano. A Abiarroz e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) desenvolvem em parceria o projeto Brazilian Rice, de promoção do arroz brasileiro no exterior. O gestor do projeto, Gustavo Ludwig, afirmou à ANBA que as exportações de arroz aos sauditas

estão em crescimento como resultado das ações de promoção feitas pelo Brazilian Rice, como a participação na feira de alimentos Gulfood, em Dubai, há quatro anos. “Antes de 2012 as exportações para a Arábia Saudita eram zero, não tínhamos negócios lá. Em 2012 começamos a participar da Gulfood com empresas e a realizar rodadas de negócios. A partir de então, as empresas começaram a receber pedidos. Esse crescimento nas vendas é resultado do projeto, pois todas


as exportações foram feitas por empresas que participam do Brazilian Rice”, disse. Ludwig afirmou que as vendas aos países árabes deverão continuar a crescer nos próximos porque há um grande potencial na região, principalmente na Arábia Saudita, um mercado que é considerado prioritário pelo projeto da Abiarroz e da Apex-Brasil. Mercados prioritários são aqueles que recebem mais ações de promoção do produto brasileiro por meio do

projeto. Outros mercados alvo definidos pelo Brazilian Rice são Estados Unidos, Peru, Angola, África do Sul e Panamá. “Deveremos, neste ano, visitar a feira Foodex Saudi (do setor de alimentação em Jeddah, na Arábia Saudita) e avaliar a possibilidade de participar dela como expositores no próximo ano”, afirmou Ludwig. Além da Arábia Saudita, os produtores brasileiros exportam para Emirados Árabes, Argélia, Omã e Jordânia, mas ainda em pequena quantidade.

No geral, as exportações brasileiras de arroz somaram US$ 108,2 milhões entre janeiro e abril, valor 10,9% superior ao do mesmo período do ano passado. Em volume, o crescimento foi de 50,9% e chegou a 331,4 mil toneladas. “Essas vendas cresceram em razão das ações do projeto, mas também da cotação do dólar, que chegou a R$ 4 no começo do ano e favoreceu. O Brasil está cada vez mais sendo visto como um grande produtor mundial de arroz”, afirmou Ludwig. Fonte: ANBA

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Financiamentos do Plano ABC chegam a R$ 12,5 bilhões Valor corresponde a 27,5 mil contratos em todo o país, desde 2010 até abril deste ano O Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) financiou contratos no total de R$ 12,5 bilhões desde o seu lançamento, em julho de 2010, até abril deste ano. Esse mon-

tante corresponde a 60,8% dos R$ 20,5 bilhões programados até julho de 2016, pelo governo federal, para crédito por meio do ABC. Os números foram divulgados pelo Departamento de Desenvolvimento das Cadeias Produtivas e da Produção Sustentável do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Segundo o coordenador de Sistemas de Produção e Sustentabilidade, Elvison Ramos, os R$ 12,5 bilhões financiaram 27,5 mil contratos em

todo o país nesse período. O valor médio dos contratos é de R$ 454 mil por produtor. A área brasileira ocupada com tecnologias do ABC soma 4,3 milhões de hectares. O plano tem o objetivo de organizar e planejar ações voltadas à adoção de técnicas sustentáveis de produção, a fim de contribuir para a redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE) no setor agropecuário.

Centro-Oeste, com R$ 3,2 bilhões, é a região com maior volume de crédito investido em tecnologias do ABC, entre janeiro de 2013 e abril deste ano. Depois, aparecem o Sudeste, com R$ 2,8 bilhões; o Norte, com R$ 972 milhões; o Sul, com R$ 963,2 milhões; e o Nordeste, com R$ 826,3 milhões. Entre os estados, o maior tomador de financiamento do ABC é Minas Gerais, com R$ 1,6 bilhão. Em

seguida, aparece Goiás, com R$ 1,3 bi. São Paulo, com R$ 1,2 bi, é o terceiro. Mato Grosso do Sul, com R$ 974,3 milhões, é o quarto, e Mato Grosso, com R$ 899,4 milhões, o quinto. Atualmente, 21 estados têm planos ABC locais. Na avaliação de Ramos, o plano vem desempenhando um papel importante no contexto da adoção de práticas e sistemas sustentáveis.

FINANCIAMENTO As linhas de crédito mais procuradas são as de recuperação de pastagens degradadas (RPD), sistema plantio direto (SPD), florestas plantadas (FP) e integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF). O ABC também tem financiamento para sistemas agroflorestais, junto com a ILPF, tratamento de dejetos animais e fixação biológica de nitrogênio. Ainda de acordo com Ramos, o

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Mapa lança página com dados sobre os 30 principais parceiros agrícolas do Brasil Informações servem para apoiar atividades de exportadores e importadores O Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento (Mapa) disponibilizou, em seu site, o Intercâmbio Comercial do Agronegócio (aqui), um conjunto de estudos sobre os 30 maiores parceiros do Brasil no setor agropecuário. Entre eles, China, Rússia, Arábia Saudita, Estados Unidos, Japão, Argentina e União Europeia. A página eletrônica foi elaborada

pela Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Mapa e apresenta dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) e PIB agrícola dos maiores parceiros brasileiros, balança comercial do agronegócio, principais produtos comercializados, acordos bilaterais e taxa de crescimento econômico, entre outros. De acordo com o secretário subs-

tituto de Relações Internacionais do Agronegócio, Odilson Silva, o Intercâmbio Comercial do Agronegócio é uma ferramenta importante para todos os setores envolvidos com o comércio exterior brasileiro. “Os estudos oferecem subsídios essenciais para exportadores brasileiros, permitindo que façam análises e prospectem mercados.”

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Mantida obrigação de identificar transgênicos no rótulo

Os produtos alimentícios que contêm ingredientes transgênicos devem identificar a presença de componentes geneticamente modificados no rótulo da embalagem Os produtos alimentícios que contêm ingredientes transgênicos devem identificar a presença de componentes geneticamente modificados no rótulo da embalagem. A decisão foi tomada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, alegando o direito à informação previsto no Código de Defesa do Consumidor. A exigência havia sido suspensa em 2012, em decisão liminar do ministro Ricardo Lewandowski que foi reformada para reestabelecer o julgamento do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. A Corte havia acolhi-

do pedido do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), e deixou ainda mais restrita a legislação: agora, os rótulos deverão identificar a presença de qualquer quantidade ou concentração de transgênicos. Isso porque o ministro Edson Fachin tornou sem efeito o artigo 2º do Decreto Federal 4.680/2003, que exigia a rotulagem apenas quando o produto contivesse mais de 1% de transgênicos em sua composição. Ele manteve o entendimento do TRF 1, segundo o qual prevalece o princípio da plena informação ao consumidor, previsto no Código de Defesa do Consumidor.

“Verifica-se, portanto, que o afastamento da incidência do ato normativo se deu com base na sua incompatibilidade com a legislação infraconstitucional (Código de Defesa do Consumidor), de tal forma que a não aplicação da norma não teve como fundamento, explícito ou implícito, a incompatibilidade em relação à Constituição. Esse é o cerne que motiva o afastamento da aplicação do dispositivo legal, ainda que as normas e princípios previstos nessa legislação infraconstitucional também tenham assento constitucional”, explicou Fachin. Leonardo Gottems

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CNA prevê que Valor Bruto da Agropecuária (VBP) deve crescer 1,3% em 2016 Números indicam que o VBP da agropecuária será equivalente a R$ 546,65 bilhões até o final deste ano

O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) deverá crescer 1,3% em 2016, faturamento de R$ 546,65 bilhões, com base nos dados do mês de maio, segundo levantamento do Núcleo Econômico da Superintendência Técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Já o valor previsto para a agricultura em 2016, levando-se em conta as 20 principais culturas produzidas no país, está calculado em R$ 343,61 bilhões, aumento de 1,6% em relação ao comportamento verificado no ano passado (R$ 338,18 bilhões). No estudo da CNA, apenas seis produtos agrícolas devem apresentar crescimento em 2016. São eles: amendoim (18,2%): cacau (3,3%); café (13,6%); feijão (2,2%); trigo (5,3%) e soja (0,7%). Na atividade pecuária cinco produtos terão variação positiva, de acordo com o estudo, sendo destaque a produção de suínos (3,4%), ovos (2,2%), carne bovina (1,9%), leite(1,0%) e frango (1,4%). O VBP mostra a evolução do faturamento do setor agropecuário, em consequência das alterações nas estimativas de produção e nos preços recebidos pelos produtores. Produção de grãos - Em relação às estimativas para a safra de grãos referentes ao biênio 2015/2016, com base nos números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os números foram revisados para baixo. Sendo assim, a produção de grãos deverá ser de 202,4 milhões de toneladas, uma redução de 2,5% em comparação com a safra de 2014/2015 (207,7 milhões de toneladas). A área plantada está prevista em 58,13 milhões de hectares, crescimento de 0,3% em relação ao período anterior (57,93 milhões de toneladas). Os dados da Conab mostram que a cultura da soja permanece como principal indutora do crescimento de área plantada e do aumento da produção de grãos, mesmo com a produtividade apresentando queda de 2,3% em comparação com a safra de 2014/2015 (de 3 mil Kg/hectare para 2,9 mil kg/hectare). A produção de soja está estimada em 96,9 milhões de toneladas. Assessoria de Comunicação CNA

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Câmaras Setoriais e Temáticas deverão realizar 150 reuniões este ano Encontros vão avaliar propostas de políticas públicas para fortalecer o setor agrícola As Câmaras Setoriais e Temáticas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deverão realizar cerca de 150 reuniões este ano. Órgãos consultivos, elas atuam no apoio à formulação de políticas públicas, buscando o aumento da eficiência da agropecuária, tanto no processo de produção quanto na comercialização. O Mapa quer fortalecer cada vez

mais o papel desses órgãos consultivos. Hoje, o ministério tem 40 câmaras – 32 setoriais e oito temáticas –, que buscam o diálogo permanente entre as cadeias produtivas do agronegócio e o governo. No ano passado, elas realizaram 130 reuniões, com a participação de 680 entidades (550 privadas e 130 públicas) e de 3,5 mil pessoas – uma média de 27 por encontro.

Segundo a chefe da Assessoria de Apoio às Câmaras Setoriais e Temáticas, Maria Auxiliadora Domingues, de 2015 até agora, foram criadas seis novas câmaras: Erva Mate, Aquicultura, Pesca, Carcinicultura (criação de camarões), Lei Plurianual Agrícola e a Sisbi-Suasa, que são, respectivamente, os Sistemas de Inspeção de Produtos de Origem Animal e de Atenção à Sanidade Agropecuária.

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Secretaria de Defesa Agropecuária abre consulta pública sobre registro de produtos de origem animal Novas regras devem atender o setor produtivo de forma mais rápida

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) abriu consulta pública para a instrução normativa que permitirá o registro dos produtos de origem animal de forma eletrônica, num único padrão. O registro deverá ser feito por meio de um sistema informatizado (em construção) que ficará disponível no site do Mapa. Hoje, o registro chega ao ministério em papel impresso e precisa de aprovação prévia. Com a informatização, o processo será muito mais rápido. O projeto de instrução normativa estabelece os procedimentos de emissão, renovação, alteração, audi-

toria e cancelamento de registro de produtos de origem animal (carnes, mel, ovos, pescados e derivados) produzidos em estabelecimentos registrados ou relacionados no Serviço de Inspeção Federal (SIF), bem como em empresas estrangeiras habilitadas a exportar para o Brasil. A consulta foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (24) e vale por 60 dias. “Com essa nova forma de fazer o registro, teremos maior agilidade na aprovação dos processos. Atualmente, o tempo varia de três a seis meses. Com a nova instrução normativa,

a aprovação será imediata”, ressalta o secretário de Defesa Agropecuária, Luis Rangel. Com a mudança, as próprias empresas serão responsáveis pelo registro. E, se for necessário, o ministério fará auditorias para verificar a conformidade. As sugestões para a consulta pública devem ser encaminhadas para o endereço eletrônicocnt.dipoa@agricultura.gov.br ou para a Coordenação de Normas Técnicas da Coordenação-Geral de Programas Especiais do Mapa - Esplanada dos Ministérios - Bloco D - Anexo A - Sala 414 A - CEP 70.043-900 - Brasília - DF. Cláudia Lafetá

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Parcerias podem alavancar produção de leite orgânico e derivados no Brasil Em 2012, a Embrapa Cerrados indicou que o Brasil produziu 6.8 milhões de litros de leite orgânico, e esse resultado representava menos de 1% dos 32 bilhões de litros do produto convencional naquele ano. Em 2015, a Embrapa Gado de Leite calculou que o mercado de leite orgânico obteve crescimento de 30% nos

três anos anteriores. Na época, a instituição apontava que o negócio era interessante para o pecuarista, devido à maior margem de lucro. Mesmo diante de um cenário tão promissor, e apesar do crescimento da demanda, a produção de laticínios orgânicos em geral ainda é incipiente e enfrenta diversos gargalos. É o que

observa a coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Sylvia Wachsner. “O aumento na demanda de produtos lácteos envolve desafios e oportunidades, e a saída é promover parcerias entre produtores, pesquisadores e indústria”.

muito limitada”, declara Sylvia. Segundo ela, outros fatores contribuem para dificultar a produção de leite orgânico. “Os adubos de compostos orgânicos também são mais caros que os fertilizantes químicos e sintéticos,

proibidos na produção orgânica. No caso dos medicamentos, os fitoterápicos, os naturais e a homeopatia são os únicos permitidos pela legislação orgânica. Medicamentos sintéticos não podem ser utilizados”.

BARREIRAS Para a coordenadora do CI Orgânicos, um dos maiores desafios está na alimentação animal, que só é possível com grãos orgânicos. “Num país que produz enorme quantidade de soja e milho transgênicos, os grãos orgânicos são mais caros e tem produção

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FALTA DE ESTÍMULO Devido aos entraves, poucas empresas se aventuram nesse segmento. “O que desestimula uma entrada maior de produtores de leite orgânico é a pouca pesquisa e conhecimento em relação às técnicas a serem utilizadas para desenvolver uma atividade com boa produtividade, sem o uso de antibióticos e vacinas”, assinala Sylvia. “Na produção de leite orgânico deve ainda se pensar no conceito de bacias leiteiras, que permitem transportar

caminhões cheios de leite dos produtores até a indústria de transformação”. Por outro lado, a especialista não deixa de considerar a forte crise pela qual a produção de leite convencional está atravessando, “devido aos elevados preços dos insumos como o milho, a soja e o algodão, que subiram mais que a correção do preço do leite, o que diminui a remuneração do produto e o desestimula”.

MARCAS Sylvia lembra que hoje em dia há pequenos laticínios e empreendimentos do setor orgânico que produzem derivados do leite (no caso, queijos, manteiga e iogurtes comercializados de forma local ou em municípios próximos às regiões produtoras). “Podemos contar nos dedos as empresas que produzem leite e derivados com capacidade de comercialização nas principais cidades. Além disso, os preços são bastante superiores em relação aos laticínios tradicionais”, aponta Sylvia. Dentre as poucas representantes do setor, a Fazenda Nata da Serra, localizada no interior de São Paulo, produz queijos, iogurte e manteiga.

A Fazenda Timbaúba, de Alagoas, fabrica leite UTH, iogurte, requeijão e manteiga. Na Paraíba, a Fazenda Tamanduá também produz queijos. “São empresas que, apesar dos problemas de logística, comercializam seus produtos em canais de varejo menores, minimercados, feiras-livres, lojas, e entregam cestas em domicílio”, ressalta a coordenadora da SNA. No entanto, o mercado continua a sofrer baixas. A Fazenda da Toca, de São Paulo, por exemplo, apesar de ter investido de maneira forte na produção de iogurtes orgânicos, e de ter acesso a uma das maiores redes de supermercados do País, está abandonando o setor.

BENEFÍCIOS Especialistas atestam que o leite orgânico conta com uma grande quantidade de nutrientes, possuindo níveis elevados de ácidos gordos e ômega 3. Em sua produção, não são utilizados pesticidas, insumos sintéticos ou químicos para tratar dos pastos ou da saúde dos animais. Antibióticos, hormônios, aditivos promotores de crescimento e estimu-

lantes de apetite também ficam fora do processo produtivo, assim como a ração obtida de organismos geneticamente modificados e vacinas fabricadas com a tecnologia da transgenia. Além disso, e de acordo com os princípios da sustentabilidade, a produção orgânica promove o bem-estar animal e protege os recursos naturais, deixando a água e os solos mais saudáveis.

MERCADO GLOBAL Em 2015, o mercado mundial de lácteos orgânicos foi avaliado em US $ 7,7 bilhões, o que representa 11 % do total do mercado global de alimentos e bebidas orgânicos. O maior comércio do gênero está na Europa, e continua a crescer. No Reino Unido, o leite é comercializado sob a bandeira da marca própria dos varejistas (private label).

Em 2014, os Estados Unidos gastaram cerca de US$ 35 bilhões em alimentos orgânicos, dos quais perto de US $ 5,1 bilhões foi destinado à compra de laticínios, conforme informação do Nutrition Business Journal. Redes varejistas como a WalMart procuram atrair mais produtores devido à grande demanda.


MARKETING

RURAL Ford Ranger Com nova dianteira e painel de Fusion, picape agora vem sempre com sete airbags e controle de estabilidade. E ainda tem tecnologias inéditas no segmento, com versões de motores flex 2.5 a diesel 2.2 e 3.2, contando agora com garantia de 5 anos. Informações: ford.com.br

Nova S-10 A Chevrolet S10 2017 apresenta-se com novidades no visual e mais opções de equipamentos. O modelo recebeu um novo desenho na parte dianteira, além de ganhar direção elétrica, novas suspensões e freios. De acordo com a Chevrolet, a picape ficou mais leve e o consumo está 5% mais econômico. Informações: chevrolet.com.br

Nova Saveiro A Volkswagen apresenta a linha 2017 da picape Saveiro. Combinando quatro versões, duas motorizações e três tipos de cabine chega para disputar o segmento das picapes pequenas que tem grande mercado no agronegócios e comercio em geral. Informações: http://novasaveiro.vw.com.br

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Mercedes Benz Vito: No Vito Tourer 119 turbo os ocupantes vão descobrir uma nova experiência de condução e passeio. Com capacidade para até 8 pessoas na versão Luxo, e até 9 na versão Comfort, oferece muito mais conforto com amplo espaço interno e, externamente tem o tamanho perfeito para rodar em qualquer ambiente. Informações: mercedes-benz.com.br

John Deere - Tratores Série 6J Os tratores da Série 6J representam a união da tecnologia com a confiabilidade. Eles agregam eficientes sistemas hidráulicos, de transmissão e eletro-eletrônico com durabilidade e facilidade de manutenção. Informações: deere.com.br

Triton L 200 O segmento de picapes está agitado neste ano e a Mitsubishi L200 Triton não quer ficar de fora da festa. Para isso, o modelo recebeu novas versões para a linha 2017, que já está à venda nas concessionárias. Além de reviver o nome Outdoor, a picape também terá uma inédita opção Savana com câmbio automático. Informações: mitsubishimotors.com.br

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PECUÁRIA DE CORTE DESCOLADA DA CRISE

Alexandre Zadra e Scott Sppicard na Central de sêmen WWS – Montana – USA

Era fevereiro de 2009 quando desembarquei no grandioso aeroporto de Houston em meio à séria crise econômica norte americana, a qual derrubaria como num castelo de cartas o PIB dos 5 continentes, mantendo o planeta na berlinda por pelo menos 3 anos. Eu me perguntava a todo instante durante a cansativa viagem que atravessara a noite para ali desembarcar às 5 da manhã – “Será que vou fazer bons negócios nessa crise que assola os USA? Com essa crise acho que vou comprar os touros baratos para coleta de sêmen, pois os criadores devem estar quebrados”. Minhas dúvidas foram dirimidas tão logo pisara no meio norte americano, região conhecida pela sua fortíssima pecuária de corte e por abrigar os melhores criatórios de Angus do planeta, pois assim que cheguei no primeiro famoso criatório, já questionei o nobre selecionador sobre como estavam lidando com a crise naque68

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les momentos difíceis, obtendo uma resposta surpreendente – “Apesar de dependermos do consumo de carne, onde a maior demanda do produto esta alocada na costa leste e oeste do pais, regiões que vêm sofrendo com a crise, aqui no interior não estamos vivenciando essa crise sentida nas cidades grandes, pois aqui nossos bancos são regionais e só emprestam dinheiro para quem vai pagar”.

Tanto era verdade o que ouvi na maioria dos interioranos de lá que em todos os seis criatórios de Angus e Red Angus que busquei touros, fiz negociações difíceis para se conseguir comprar os animais por mim selecionados. Os preços médios dos leilões nunca baixaram em tempos de crise. Como um bom aquariano busco a todo instante olhar cada situação vivida com um olhar crítico. Analisando


e estudando o mercado de carnes, me vejo voltando no tempo, onde podemos dizer que nosso setor anda descolado da crise como ocorreu no interior dos USA, visto os preços vigentes da arroba nos últimos tempos. Afirmo que a pecuária de corte está a deriva da crise, diferentemente do setor industrial, comércio e serviços, pois o valor da arroba indexada em dólar ou em insumos está muito melhor que anos anteriores. O PIB do setor de carnes e agropecuário vem crescendo acima do PIB nacional. De acordo com a MB consultores, verifica-se um aumento importante na demanda internacional, impulsionada pelo maior consumo chinês, hoje um dos maiores importadores da carne brasileira, com a vantagem de levar o boi todo desmontado para lá. Em contrapartida ao céu de brigadeiro que vejo, alguns poderiam argumentar que os custos dos insumos como adubos podem subir com a desvalorização do real, entretanto José Roberto Mendonça de Barros descreve com muita clareza que em parte é uma verdade, mas o contrário também pode ocorrer, pois com a queda do preço do petróleo para US$ 50,00 o barril, também caíram os preços dos fretes e fertilizantes nitrogenados. Para se ter ideia, afirma Mendonça de Barros, desde 2014 o preço do frete para cargas secas do Baltico caiu em 50% e a uréia tem um deságio de 20%. Ademais, muitos custos do campo não dependem do dólar, impactando muito menos na matriz de custos do produtor. O fator que vem tirando o sono dos invernistas são os preços altos

da saca de milho e soja, motivo pelo qual muitos confinadores deverão confinar muito menos bois em 2016, ocasionando um pior acabamento de carcaça na boiada inteira terminada a campo com suplementação de baixo consumo. Outro aspecto importante no processo de exportação de carne é a sanidade contábil dos exportadores de Petróleo (países árabes, Rússia e Venezuela), os quais juntos representam boa parte de nossa receita externa, e com a diminuição de sua receita com o óleo, poderiam consumir me-

nos nossa carne, o que não acredito, pois os Xeiques deverão fechar suas torneiras no sentido de construir palácios e gastar com edificações supérfluas no deserto, mantendo seus pratos cheios de comida. Mesmo assim, considero a pecuária surfando numa onda de Pipeline, a qual somente acabará se nossa população de 200 milhões decidir parar de se alimentar, fato improvável, já que o IBGE indica que o consumo interno cresceu 10% nos últimos 3 anos.

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Horticultor apresenta baixa produtividade Novas tecnologias desenvolvidas por empresas, como a Siminis, da Monsanto, buscam atender demandas de produtores que buscam aumentar suas produções Fernando Barbosa

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Com altos custos de produção, incidência de pragas e constante oscilação do clima, os produtores têm cada vez mais dificuldades para obter alta produtividade em suas lavouras. Isso afeta diretamente na produção nacional de hortifrútis. Pensando nisso, a Seminis, marca de sementes de hortaliças da Monsanto, líder global no segmento de defensivos agrícolas, resolveu lançar no Brasil, há um ano, o Projeto Mais, focado em boas práticas de cultivo protegido. Para isso, a empresa investiu cerca de R$ 850 mil em seis estufas voltadas à produção de tomate - cultura líder em ambiente pro-

tegido - em Holambra, cidade do interior de São Paulo. Com uma produção que alcança 60 toneladas a cada seis meses em uma área de 8,2 mil metros quadrados, o retorno do investimento foi rápido, em apenas três anos. Segundo o gerente de negócios para hortaliças da Monsanto, Fernando Guimarães, com uma produção controlada, e, portanto, mais constante, é possível diminuir a oscilação de preços. Sempre escutamos dizer que o tomate é o vilão dos preços. Mas é oferta e demanda. O tomate está com alto preço porque a oferta caiu e a demanda continua a mesma,

disse Guimarães. Na estrutura protegida, a ideia é ter um produto de qualidade o ano inteiro, afirmou. Durante a 23ª edição da Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas (Hortitec), também em Holambra (SP), a empresa anunciou três novos tipos de tomate (redondo, italiano e minitomate) e couve-flor (forata) e dois porta-enxerto. No próximo ano, a empresa espera anunciar um tipo de brócolis com um cabo de raiz maior, para facilitar o uso de máquinas - já comercializado na Europa.

segue usar menos defensivos, já que existem telas para o bloqueio de insetos. Porém, se o produtor de campo faz um bom manejo e respeita o tempo de carência,

não tem problema. Mas o custo é maior, porque se usa mais, finalizou o Gerente de Negócios da Monsanto.

MENOS DEFENSIVOS Outro ponto a ser considerado é a redução no uso de defensivos agrícolas, o que diminui os gastos em até 60%. É possível controlar toda a lavoura. Então, você con-

PROJEÇÕES DA HORTITEC Com 450 empresas expositoras e 28 mil visitantes, a Hortitec, realizada em Holambra (SP) deve gerar cerca de R$ 100 milhões em negócios. Na contramão de diversos segmentos da economia brasileira, o setor de hortaliças segue em crescimento, movimentando milhões de reais anualmente em toda a sua cadeia, do campo ao varejo. Informações da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM) revelam que, atualmente, cerca de US$ 260 milhões ou R$ 1 bilhão são comercializados em sementes de hortaliças no País, cuja produção ocupou, em 2015, nada menos que 820 mil hectares.

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CNA defende diálogo permanente para a normalidade econômica e política do País A busca por um diálogo permanente entre as entidades representativas da sociedade e as autoridades públicas motivou o encontro

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A busca por um diálogo permanente entre as entidades representativas da sociedade e as autoridades públicas motivou o encontro do presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, com o Secretário Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, José Ricardo Ramos Roseno, o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Leonardo Góes, e o deputado federal, Zé Silva (SD/ MG), na sede da CNA, em Brasília. O presidente da CNA explicou o interesse da entidade em ajudar o país a retomar sua normalidade política e econômica: “Queremos colaborar com o atual governo, para o país retomar o crescimento. Nossa proposta é nos colocar à disposição para ajudar. Não queremos criar sombras. Queremos o que é bom para o país”, afirmou. O deputado Zé Silva falou de seu empenho, como integrante da base do atual governo, em modernizar a estrutura ligada a produção agropecuária, “queremos mais transparência, mais agilidade e buscamos técnicos de carreira com mais preparo para condução das políticas de governo”. O novo presidente do Incra, Leonardo Góes, relatou sua experiência na pacificação dos problemas agrários em Sergipe. Como produtor e filho de produtor rural, Góes afirmou conhecer a realidade do setor. “Estamos comprometidos em criar segurança jurídica. Queremos conversar com todos os segmentos interessados, sem sectarismo” disse.

“Aceitamos o desafio de promover a transição para esse novo governo, partindo da adequação da estrutura disponível à realidade, para avançarmos nos objetivos maiores de desenvolvimento da agricultura, especialmente dos pequenos produtores”, assegurou o secretário especial José Roseno. Para ele é necessário maior investimento em assistência técnica e extensão rural. “Devemos nos dedicar à criação de medidas para atender as questões que afetam diretamente os produtores”. Além do presidente da CNA e dos representantes do governo, estavam no encontro o Secretário Executivo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Daniel Carrara, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Rio Grande do Norte (FAERN), José Vieira, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Paraíba (FAEPA-PB), Mário Borba, e o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (FAEG), José Mário Schreiner.

Autoridades reunidas na criação de alternativas



Presidente da CNA lança canal de televisão com programação voltada para a atividade agropecuária Levar informação, educação e inovação para o agricultor foi o “objetivo estratégico que nos levou à criação do Canal do Produtor TV”, afirmou o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins

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Cerimônia de lançamento do Canal do Produtor, que inicialmente terá seis horas diárias de programação

Levar informação, educação e inovação para o agricultor foi “o objetivo estratégico que nos levou à criação do Canal do Produtor TV”, afirmou o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins, durante a solenidade de lançamento do canal, no Palácio da Agricultura, em Brasília. O canal é uma parceria do Sistema CNA/SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) com o Canal Rural. Para João Martins, “no mundo atual, a comunicação tem importância estratégica e o Canal do Produtor TV levará aos mais longínquos rincões do país, nas casas dos agricultores, nas escolas e nas fazendas, informações necessárias para fortalecer ainda mais a agropecuária brasileira”. O lançamento do Canal do Produtor TV teve a participação do presidente da CNA, do Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, do ministro do Desenvolvimento Social e Agrário (MDA), Osmar Terra, e do presidente do Canal Rural, Donário Lopes de Almeida. Também participaram do evento deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), presidentes de federações estaduais de agricultura e pecuária e dirigentes de entidades do setor. O canal terá

seis horas diárias de programação, de segunda a sexta-feira, das 6 horas da manhã até o meio dia. Agilidade – Na visão do ministro Blairo Maggi, o Canal do Produtor TV será uma ferramenta importante para disseminar educação à distância ao produtor rural, “levando conhecimento de forma ágil e moderna”. O mais importante, segundo ele, “é que todo esse conhecimento chegará à casa do agricultor de forma simples e democrática”. Já o presidente do Canal Rural, Donário Lopes de Almeida, destacou a importância da parceria com o Sistema CNA/SENAR. O objetivo básico será “disseminar capacitação, conhecimento e informação ao homem do campo, insumo básico para o desenvolvimento sustentável e a geração de renda ao produtor rural”. A programação do Canal do Produtor TV será uma mescla de jornalismo, capacitação, treinamento e muita informação ao agricultor. No entender do ministro do Desenvolvimento Social e Agrário (MDA), Osmar Terra, também presente na solenidade, “sem informação ágil e o conhecimento técnico adequado, nada avançará na velocidade desejada pela sociedade”. Nesse contexto, disse o ministro, o projeto do Canal do Produ-

tor TV com certeza “fará chegar às famílias mais pobres, localizadas em áreas distantes do nosso território, informações estratégicas de interesse do agricultor”. O presidente da CNA acompanhou as autoridades presentes em visita às instalações do Canal do Produtor TV. Na ocasião, João Martins garantiu que o Canal do Produtor TV é um projeto que chegou para ficar. Num mundo focado na eficiência da informação e na rapidez de sua transmissão, o produtor rural terá, a partir de agora, a ferramenta necessária e adequada para seu aperfeiçoamento e ampliação do conhecimento, finalizou. Como sintonizar - Para sintonizar o Canal do Produtor TV, é preciso um receptor digital da antena parabólica apontada para o Satélite C2. A sintonia pode ser feita em busca automática, atualizando o espectro de canais do aparelho de tv para incluir e gravar o Canal do Produtor TV na lista. Na opção de sintonização manual, o aparelho deve ser colocado na polarização vertical, utilizando a frequência 03652 e Symbol Rate 03000. O Canal do Produtor TV também pode ser acessado na internetwww.canaldoprodutor.tv.br.

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Governo estuda elevar percentual de biodiesel no diesel Laís Alegretti

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Ministério de Minas e Energia criou grupo de trabalho para promover testes. Percentual atual é de 7%; governo estuda aumento para até 15%. O governo federal estuda elevar o percentual de biodiesel no diesel dos atuais 7% para até 15%. O Ministério de Minas e Energia criou um grupo de trabalho, composto pelo governo e por representantes do setor privado, para desenvolver as ações necessárias para fazer os testes e validar a mudança na mistura. O grupo tem até 23 março de 2017 para concluir os testes relacionados ao aumento do percentual para 10% e até 23 de março de 2019 para os estudos relativos à adição de 15% de biodiesel no diesel. As informações foram publicadas no Diário Oficial. Em março deste ano, foi sancionada a lei que eleva a mistura de biodiesel ao diesel vendido ao consumidor para 8%

a partir de 2017. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, esse aumento “incentiva a produção de biodiesel, reduz as importações de óleo diesel e favorece a agricultura familiar e o agronegócio brasileiro”. A mesma lei determina que esse percentual passará para 9% até 2018 e para 10% até 2019. O texto também prevê que pode passar a 15% nos anos seguintes, desde que sejam feitos testes em motores e haja aprovação do Conselho Nacional de Política Energética. Na ocasião em que o projeto de lei foi sancionado, a presidente Dilma Rousseff disse esperar que, com as novas misturas, o preço do combustível ficasse “mais barato” para o consumidor.

BIODIESEL O biodiesel pode ser extraído de fontes como mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja. Esse tipo de combustível, biodegradável e renovável, pode reduzir a poluição ambiental, segundo o governo.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, entre 2007 - quando o governo lançou o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) - e 2014, foram economizados US$ 5,3 bilhões com a importação de óleo diesel.

INTEGRANTES O grupo criado pelo governo, que será coordenado por representante do Ministério de Minas e Energia, também terá representantes dos ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Meio Ambiente, além da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Também participação represen-

tantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores - (Sindipeças), da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq); Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) e União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio).

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Com aumento, preço do leite ‘azeda’ o café da manhã dos brasileiros O feijão não é o único item do cardápio brasileiro com forte alta de preços em 2016: o tradicional café com leite também está mais caro

O feijão não é o único item do cardápio brasileiro com forte alta de preços em 2016: o tradicional café com leite também está mais caro. O preço do leite longa vida subiu 18,52% este ano, até junho, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial no país. Já o café teve alta de 9,32%. Quem gosta de adoçar com açúcar cristal, viu o preço saltar 16,29%. No mesmo período, o preço dos alimentos e bebidas avançou 7,30% e a inflação geral, 4,62%. Em Curitiba, o preço médio da caixa com um litro de leite integral é R$ 3,20, de acordo com o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral). No entanto, há mercados onde o produto é vendido por R$ 4,15. No estado, o preço médio do litro de leite aumentou 18,98% na última semana. Os preços recebidos pelos produtores de leite do estado subiram 16% desde janeiro deste ano. Conforme a Secretaria de Agricultura, o valor médio em maio foi de R$ 1,15, 29% acima do mesmo mês de 2015 (R$ 0,89). O aumento do preço do leite é explicado pelo início do período de entressafra, quando o desenvolvimento dos pastos é afetado, prejudicando a produção. “A produção de leite normalmente cai neste período e a disputa pelos produtores de laticínios faz o preço subir. Só que neste ano houve um agravante. O milho

e a soja, usados para completar a alimentação do rebanho quando piora a qualidade dos pastos, aumentaram de preço e o custo do produtor subiu”, - explica o consultor de mercado da Scot Consultoria Rafael Ribeiro de Lima Filho. Levantamento da Gfk - que monitora preços de 35 categorias de produtos em 320 supermercados do país - mostra que o preço médio do litro do leite longa vida subiu quase 30% desde o início do ano e está em R$ 3,33 em junho, considerando as duas primeiras semanas do mês. Em janeiro, era R$ 2,61. É o maior nível do preço nominal em cinco anos, desde 2011. “O leite é o tipo de produto que as pessoas não têm muito como substituir ou reduzir o consumo. Com isso, acabam cortando outros itens para garantir sua compra”, afirma o diretor de atendimento da Gfk, Marco Aurélio Lima. Mais do que apenas um produto, o salto no preço do leite afeta toda a cadeia de laticínios, que inclui itens como manteiga, queijo, iogurte e requeijão. O preço da manteiga disparou este ano, com alta de 41,89%. Já o iogurte subiu 7,33% e o leite condensado, 12,87%. E nas próximas semanas o preço vai continuar em alta, segundo Lima Filho. “Os preços devem ficar firmes pelo menos até julho e agosto. A partir de setembro, começa o período de chuvas, que favorece os pastos e a produção de leite”.

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O silêncio A paz da alma é deixar o silêncio falar direto ao coração, precisamos às vezes nos calar e recolhermos em nós mesmos para ouvir o silêncio, deixar os nossos sentimentos falarem à nossa alma. O silêncio nos torna sábios quando conseguimos ser introspectivos. Não pensar em nada, deixar se envolver pelo silêncio, ouvir o nosso íntimo, conhecermos melhor nossos sentimentos, entender melhor a nós mesmos. Falar é fazer com que o outro nos entenda, ouvir é entender o que a outra pessoa fala e silenciar é ouvir e entender o que nós mesmos falamos. O que buscamos para nossa vida é exatamente o que encontramos em nosso interior. Na calmaria da roça, conseguimos entender o cantar dos pássaros, às vezes deciframos o sentimento que a ave quer nos transmitir, na corredeira do rio, observamos a paz da água e seu percurso livre e alegre e nos desperta o sentimento de liberdade de poder buscar e levar serenidade. Nas pequenas plantas, quando percebemos seu desenvolvimento, observamos que para que a mesma seja formosa e viçosa depende de água e sol e com isso constatamos que a vida pede muito pouco para sermos felizes, mas nós complicamos tudo. O silêncio de um olhar é capaz de demonstrar muito mais afeto que muitas palavras, por isso é importante silen-

ciar diante dos problemas, para que a calma reinante na alma possa ser sábia para solucionar as dúvidas e transmitir emoções. Olhe com amor na alma para quem está a seu lado, tenha paz na alma, tenha serenidade para entender as pequenas coisas que a natureza nos oferece, dê a seu próximo muito mais do que recebe, com certeza os pássaros cantarão muito mais bonito pra você na próxima manhã, as flores terão um perfume especial até então despercebido por você, quando nos tornamos introspectos da nossa alma, seremos sem sombra de dúvida reverenciadores de pequenas transformações diárias que trarão uma satisfação pessoal para a alma e que refletirá em todos os órgãos corporais. Quando nos distanciamos dos outros e de nós mesmos, estamos num processo de solidão, ser só é perder-se no mundo, não encontrar-se, estar alheio ao desenrolar dos sentimentos, viver para si, enquanto que ficar em silêncio é refletir, reflexão do espírito com o corpo. Só a maturidade desenvolvida em cada ser, consegue elevar sua capacidade de introspecção, de meditação e com isso ter o poder de descobrimento da alma, por isso há de se afirmar que a diferença crucial entre o sábio e o tolo é o poder de conhecer-se.

Vera Lúcia Palacio Antonini

é empresária e acadêmica de Direito e nas horas vagas gosta de escrever crônicas

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Brasil avança em lista mundial de logística País subiu dez posições no ranking das nações com mais competitividade para entrega de cargas, mas índice que mede preço para remessa internacional segue deficitário O Brasil subiu dez posições no ranking mundial de logística do Banco Mundial, ficando na 55ª posição em 2016. O avanço se deu por melhor qualidade de rastreamento e avanço das concessões rodoviárias, no entanto, alto preço do frete para o exterior ainda coloca o País como deficitário. O desempenho da logística, tanto no comércio internacional como no mercado interno, é fundamental para a competitividade e o crescimento dos países, afirma no estudo a diretora do Banco Mundial, Anabel Gonzales. De opinião similar partilha o professor de macroeconomia e especialista em transporte intermodal, Júlio Carracena. Na visão do acadêmico, os países que encabeçam a lista do Banco Mundial são majoritariamente nações referência na intermodalidade. Não seremos competitivos enquanto não houver

um esforço maior do poder público em garantir que a carga chegue de modo ágil e com poucas perdas do local e partida ao destino, crava. Dentro da análise do Banco, o melhor item avaliado no processo logístico brasileiro foi o item ras-

treamento, que mede o monitoramento de cargas, no qual o País ficou em 45º lugar. Já a pior posição, 72º, ficou na categoria entregas internacionais, que mede, por exemplo, a competitividade do país nos preços do frete ao exterior.

dominados por países desenvolvidos. Um dos autores do relatório do Banco Mundial, Jean-François Arvis, ressalta que vários países precisam avançar na logística, incluindo a melhora da qualidade dos serviços. Uma das características comuns dos melhores colocados, afirma ele, é que essas economias mostram forte cooperação entre os setores públicos e privados no segmento. O relatório de logística do Banco Mundial começou a ser produzi-

do em 2007 e está em sua quinta edição. A melhor posição ocupada pelo Brasil no ranking geral foi em 2010, quando ficou em 41º lugar. Para a elaboração do ranking a instituição entrevistou 1,2 mil pessoas da área de logística no mundo. O levantamento é divulgado a cada dois anos e leva em conta seis fatores, como a infraestrutura das estradas e portos, procedimentos alfandegários, prazos de entrega e eficiência de rastreamentos. Em 2014, o Brasil ficou em 65º.

TOPO DA LISTA A Alemanha ficou no topo da lista, seguida por Luxemburgo e Suécia. Apesar da melhora, o Brasil está atrás de outros emergentes, como a Índia (35º) e China (27º) e os vizinhos Chile (46º) e Panamá (40º). Segundo análise do banco, enquanto a logística dos países emergentes teve melhora, o progresso nas economias mais pobres se desacelerou pela primeira vez desde 2007. Nas três últimas posições do ranking estão Síria, Somália e Haiti. Os dez primeiros lugares são

Paula Cristin

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