EDITORIAL Edição 008 - Ano 2 - 2016 CNPJ: 73.606.279/0001-25 Rua Riachuelo n° 260 - Fundos 79950-000 - Naviraí - MS www.revistaproducaorural.com.br Revista Produção Rural (67) 3461-1118 TIRAGEM 4.000 exemplares DIREÇÃO E EDIÇÃO Wilson Luis Pereira Leite PROJETO GRÁFICO d.Orsi Criação e Design JORNALISTAS Antonio Castanha Filho Jornalista MTb 9.447-PR Gabriela Borsari DRT/MS 510 COLABORADORES Vera Lúcia Palacio Antonini Gabriela Borsari Antonio Castanho Alexandre Zadra José Luiz Tejon Megido Pedro Puttine Mendes IMPRESSÃO Gráfica Regente FOTOS Wilson Luís, banco de imagens e divulgação
ANUNCIE (67) 3461-1118 | (67) 9977-2046 contato@revistaproducaorural.com.br
A revista não se resposabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos assinados. É vedada a reprodução parcial ou total de qualquer conteúdo sem autorização expressa.
Desafios
enfrentados
A sorte do Brasil é ter um agronegócio forte, estruturado e realizado por pessoas que não se cansam de trabalhar. Quem nunca ouviu esta observação nos últimos tempos? A mais pura verdade: o agronegócio tem segurado todas as pontas para que o País não venha abaixo. Em tempos de desmandos, instabilidade econômica e insegurança política, o jeito é plantar com fé e trabalhar com determinação para que se possa conquistar uma colheita farta. Aliás, excelente colheita fizeram os sojicultores de Mato Grosso do Sul, que contrariando as melhores expectativas, terão mais uma vez uma safra recorde, ultrapassando os cem milhões de toneladas. Nada mal mesmo, já que os incentivos governamentais foram tímidos, para se dizer o mínimo. E esta edição da Revista Produção Rural destaca este mérito dos produtores de soja deste Estado que é alicerce forte do Brasil. Além de soja, outro destaque da edição é o milho, um dos principais alimentos do mundo, que aparece aqui em uma matéria e em um artigo especial, nos fazendo refletir sobre seu potencial gerador de riquezas. Trazemos também material especial sobre a utilização da moringa e da mandioca na alimentação de frangos caipiras, novidade capaz de agregar valor à produção do setor. Em termos de tecnologia conheça a importância da escolha correta do curral para cada tipo de confinamento, além de saber como os sistemas de silagem são os responsáveis por garantir valor à produção de grãos. Matérias especiais também abordam temas relevantes como a situação dos frigoríficos, a utilização da braquiária (Brachiaria ruzizinensis) para aumento da sustentabilidade do sistema produtivo no campo. As entrevistas desta edição estão igualmente imperdíveis: com o pecuarista e presidente do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste, Júlio César Bertolini, com o novo presidente da Aprosoja/MS, Christiano Bortolotto, e com o advogado e pecuarista Jonatan Pereira Barbosa, presidente da Acrissul. E muita atenção ao prazo final para inscrição no CAR (Cadastro Ambiental Rural), exigência que se não cumprida, seguramente pode trazer prejuízos ao produtor rural. Mais uma vez – como todas as anteriores – esta edição foi feita com muito carinho e atenção, contando com a participação de profissionais dedicados e que entendem muito bem da arte de produzir riquezas para o Brasil, que anda carente de gestores que voltem seus olhos para o agronegócio, sustentáculo de nossa Nação. Obrigado por fazer parte de nossa história, boa leitura e até a próxima!
ENTREVISTA:
Júlio César Bertolini Página 8
Frigoríficos atentos
ENTREVISTA:
Página 28
Negocie com segurança Página 46
De olho nos bezerros Página 12
ENTREVISTA:
Encarar a crise Milho de qualidade
Página 30
Carne bovina: mercado favorável Página 54
Página 14
Embalagens adequadas Página 34
Super safra Página 58
A chave do desenvolvimento Página 16
Silos e lucro
Currais de todos os tipos Página 36
Página 22
Genética animal para exportação Página 26
CAR: prazo esgotando Página 64
Moringa e mandioca aos frangos Página 40
Portos em expansão Página 72
ENTREVISTA
Júlio César Bortolini
“Nossa cidade é modelo para o Estado” Fundador do município matogrossense-do-sul, o engenheiro sanitarista e produtor rural Júlio César Bertolini fala sobre a importância do cooperativismo para o desenvolvimento do setor agropecuário
Por: Gabriela Borsari
8
Revista Produção Rural
Revista Produção Rural: Sua família foi fundadora de São Gabriel do Oeste? Júlio César Bortolini: Eu nasci em Pato Branco (PR) e no ano de 1973, quando eu tinha 15 anos, minha família se mudou para esta região e resolveu abrir uma cidade. Daí nasceu São Gabriel do Oeste. RPR: Como foi o início de sua atuação no agronegócio? JCB: Aqui em São Gabriel começamos a abrir cerrados e plantando arroz, logo depois fomos para a cultura da soja, milho, feijão e algodão. Me formei em engenharia sanitária na UFMT- Universidade Federal do Mato Grosso. RPR: E sua trajetória no sindicato, como começou? JCB: Entrei na atividade sindical em 2006 como tesoureiro, em 2009 fui eleito presidente e estou até hoje no cargo, sendo o terceiro mandato. RPR: Qual a importância dos sindicatos rurais para o agronegócio?
JCB: É fundamental e vital para o agronegócio brasileiro a presença atuante dos sindicatos. Em muitas ações fomos extremamente importantes, como na elaboração do Código Florestal, nas modificações do CAR (Cadastro Ambiental Rural), na segurança jurídica do campo, no direito a propriedade, orientação ao produtor sobre as demandas e tendências dos mercados mundiais. Além dessas atividades, temos ainda os tributos que de uma forma selvagem pune nossa atividade, como por exemplo a explosão no aumento do ITR (Imposto sobre Propriedade Territorial Rural) praticado pelas prefeituras, emolumentos cartorários quando dos registros das cédulas. Enfim, os sindicatos que estão comprometidos com o agronegócio têm muito ainda para fazer. A luta é contínua. RPR: Quais são as principais ações do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste? JCB: Nosso sindicato está com várias ações em andamento: ajuste do ITR para valores mais próximos da realidade rural, discussão sobre divisas de terras com Rio Negro,
ampliação da atuação da patrulha rural – atividade desenvolvida por nós já já seis anos, obras na construção do parque de exposições, aumento significativo dos curso em parceira com o Senar, orientação na elaboração do CAR, participação em conselhos com cadeira permanente na comissão de águas na Famasul e conselho de desenvolvimento econômico do município, entre outros. RPR: Qual a importância do cooperativismo para o setor agropecuário? JCB: Pertenço à Cooperoeste e acho que é o caminho mais seguro e certo para nossa atividade. Aliás, nossa cidade se consolidou com a criação de cooperativas em todos os segmentos da economia. Somos modelo para nosso Estado, como crescimento, geração de emprego e renda. Convêm ressaltar, que somos o 4º IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) urbano do Estado e o 1º IDR (Índice de Desenvolvimento Rural). Isso é o resultado de um município organizado em todos os setores de sua economia.
9
Escoamento pelos portos do Pará crescerá 160% até 2020 Novos terminais portuários tornarão a produção agrícola do Centro-Oeste mais competitiva Projeção da Secretaria de Portos (SEP) da Presidência da República aponta que a atual capacidade de transporte de granéis sólidos dos terminais portuários do Arco Norte aumentará pelo menos 160% até 2020. Isso significa um salto da atual marca de de 8,5 milhões de toneladas (considerando portos públicos e privados) para 22,1 milhões de toneladas por ano. A estimativa foi apresentada pelo ministro da SEP, Helder Barbalho, no seminário “Setor Portuário: De-
safios e Oportunidades”, em Cuiabá (MT). A ampliação da capacidade de movimentação será possível com a concessão de seis áreas para novos terminais portuários, todas no Pará, a serem leiloadas em 31 de março, na BM&FBovespa, em São Paulo. O ministro lembrou que das seis áreas disponíveis para arrendamento, apenas uma é destinada à movimentação de fertilizantes e todas as demais são voltadas para o transporte de grãos.
Todo esse planejamento está, segundo o ministro, “absolutamente interligado com a necessidade logística de escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste brasileiro”. Helder destacou “a importância do envolvimento dos produtores de Mato Grosso, compreendendo que a consolidação do Arco Norte permite que haja um novo caminho de acesso, barateamento dessa produção e consequentemente a competitividade de nossos produtos”.
da porteira até o porto pode ser reduzido de 500 a mil quilômetros. O ministro lembrou os esforços para integrar os portos com os vários modais na consolidação da logística do Arco Norte. Destacou as melhorias previstas na rodovia BR-163 de Mato Grosso ao Pará, incluindo o asfaltamento do trecho entre Miritituba (PA) e Santarém (PA), assim como em ferrovias para a ligação das regiões Centro-Oeste e Norte e a conclusão da licitação para a
construção de um caminho fluvial no trecho conhecido como Pedral do Lourenço que permite a navegabilidade contínua na hidrovia do Tocantins. “Vamos garantir que o Arco Norte tenha esse encontro multimodal. Assim, quero convidar os senhores para que invistam. Que isso seja uma oportunidade de ganhos para os senhores e para o Brasil”, concluiu.
Competitividade De acordo com dados apresentados pelo consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antonio Fayet, durante esse roadshow de apresentação das oportunidades de investimento no setor portuário brasileiro, dependendo da região produtora, a economia possível com a movimentação da produção agrícola pelos portos do Arco Norte varia entre US$ 47 e US$ 60 por tonelada de grão. Isso porque o deslocamento terrestre
Fonte Original: Secretaria de Portos 10
Revista Produção Rural
SÓ UMA HILUX PODE SUPERAR UMA HILUX. Qualidade em pós-venda é TOYOTA.
No campo ou na cidade. Vai de Toyota. FORÇA E SOFISTICAÇÃO ELEVADA A UM NOVO PATAMAR
VENHA FAZER UM TEST-DRIVE
A Toyota oferece três anos de garantia de fábrica para toda a linha, sem limite de quilometragem para uso particular e, para uso comercial três anos de garantia de fábrica ou 100.000 km, prevalecendo o que ocorrer primeiro. Consulte o livrete de garantia, o manual do proprietário ou o site www.toyota.com.br para obter mais informações.
DE OLHO NO BEZERRO
12
Revista Produção Rural
De acordo com os especialistas em nutrição, o creep feeding, nome dado a essa área de acesso restrito aos bezerros até a desmama, tem a finalidade de suprir a demanda alimentar dos bezerros a partir dos 2 meses de vida, já que suas mães, depois de paridas, diminuem a produção de leite e as exigências dos bezerros aumentam com seu crescimento exponencial até serem desmamados. Bezerros suplementados com ração especifica na quantidade de 0,5 a 1% do seu peso vivo diariamente a partir dos 45 dias de vida, de acordo com inúmeros trabalhos de pesquisa, apresentam um ganho extra de até 35 kg no peso de desmama quando comparado a bezerros que receberam apenas o leite das mães. Na pratica, o criador investe em torno de R$ 70 no período (100 kg de ração com o custo em torno de R$ 0,70/kg), obtendo um retorno de R$ 180 em cada bezerro desmamado, considerando que o valor médio do kg do bezerro se encontra em R$ 6 (entre machos e fêmeas), perfazendo assim um lucro bruto de aproximadamente R$ 110 por bezerro desmamado. Conforme estudos do professor Nenê Silveira, grande nutricionista e um dos maiores pesquisadores da área, vale muito a pena suplementar os bezerros nessa fase da vida, onde o retorno é 5 vezes maior que alimentá-lo ao final da vida, pois suas pesquisas demonstraram que a conversão alimentar de um bovino até a desmama gira em 2 a 2,5 kg de MS ingeridos para o ganho de 1 kg de peso vivo. Já na juventude um bovino consome em torno de 6 kg de MS para ganhar o mesmo kg de peso, enquanto que após os 14 meses de idade, para que o gado ganhe 1 kg de peso, tem que comer de 8 a 12 kg de MS. Dessa forma, concluiu-se que a arroba mais barata a se produzir num bovino é aquela feita até a desmama.
Muitos criadores ficam reticentes em adotar a técnica por diversos motivos, onde elencamos como o principal, a falta de mão de obra adequada, pois é imperativo que seja ministrada a ração no cocho do creep feeding na quantidade suficiente para o consumo diario do grupo de bezerros daquele pasto, mantendo sempre fresco o alimento e seco caso ocorra chuvas e os cochos sejam descobertos como em muitos casos. Em fazendas onde a pecuária divide espaço com a vida silvestre, a competição pelo alimento no cocho fica exacerbada, podendo haver alguma perda no processo, mas mesmo assim, com zelo e mão de obra cuidadosa, se obtém os resultados esperados nos bezerros. Como todo creep se localiza na área de lazer das vacas, beirando sua aguada e cocho de sal, o costume de adentrar ao creep se torna natural pelos bezerros, havendo também tentativas de adentrar no cercado por parte das mães primíparas(fêmeas paridas pela primeira vez) acostumadas a entrar quando eram bezerras, as quais mesmo ajoelhando-se são impedidas de entrar por 2 fios de arame liso que une todas lascas do lado aberto. Um fio que trava a parte alta das lascas a 1,20 m de altura e outro fio passado na parte de baixo das lascas a 20 cm do chão. A não adesão por parte de alguns produtores às vezes encontra guarida na seguinte afirmação “não adianta nada dar ração aos bezerros se eles não forem recriados também com suplementação no pasto, pois depois da desmama perderão todo ganho extra que tiveram até lá”. Tal assertiva tem um fundo de verdade quando pensamos numa recria totalmente a pasto, onde os animais são desmamados na boca da seca. Essa realidade de campo nos arremete a mantermos os garrotes e novilhas a pasto com suplemen-
tação alimentar na busca pelo potencial máximo de crescimento, ou então, no caso dos cruzados de alto potencial genético desmamados acima de 280 kg, podemos ainda confiná-los por até 150 dias, abatendo-os com até 13 meses de idade, com carcaças acima de 250 kg. Edson, administrador da paqueta, afirma que se desmamar um bezerro com 40 kg a mais que a média, se consegue nos animais cruzados alimentados no creep, quantos dias a menos ele ficara na paqueta. E com a lucidez que sempre lhe foi cabível, ele mesmo responde: “80 dias a menos, pois no final da vida de um boi, ele ganha 500 g/dia de peso, ou seja, se eu colocar 40 kg a mais num bezerro gastando nem R$ 70, por bezerro, retiro ele da segunda seca da vida justamente na época pior de pasto. Temos dessa maneira dois ganhos com o creep; maior precocidade e assim giro de capital e mais na saúde das minhas pastagens vedadas na seca”.
Alexandre Zadra é zootecnista e supervisor da CRI Genética. zadra@crigenetica.com.br
13
Importância da qualidade do milho para produção de alimentos A qualidade dos grãos é essencial para a produção de bons alimentos, como carne, ovos, óleo, dentre outros, pois o milho é o principal componente da ração de diversos animais, sendo o item de maior gasto das empresas. “A nutrição corresponde por 32% do custo da produção de carne, por isso a qualidade do produto é essencial”, afirma a zootecnista Franciele Clenice Navarini Giacobbo. Ela defende que o produtor deveria ser remunerado pela qualidade do milho, pois o produto adequado pode trazer muita economia na produção da ração. Há um grande mito sobre o uso de hormônio nos frangos, mas a especialista explica que o grande diferencial do frango atual está na genética, pois o animal da década de 50 atingia 1,8kg de carne com 70 dias, o frango de hoje atinge 2,9 kg em 45 dias. “Não usamos hormônio e isso fica bem explícito no experimento que fizemos. Pegamos frangos com o perfil genético de 2001, parte deles
14
Revista Produção Rural
consumiu uma ração de 2001 e atingiu 4,8 kg em 70 dias, a outra parte consumiu a ração usada em 1957 e atingiu 3,8 kg nos mesmos 70 dias. Num outro grupo, pegamos frangos com perfil genético de 1957, novamente, um grupo consumiu ração de 2001 e atingiu 1,2 kg em 70 dias e o outro consumiu a ração de 1957 e atingiu 1,1 kg. Podemos concluir que a ração teve um pequeno diferencial no peso, bem diferente da questão genética”, explicou. O milho corresponde por 85% da ração, os demais 15% são formados por fontes de proteínas, vitaminas, minerais, aminoácidos, etc. Em questões calóricas, o milho corresponde por 66% da ração das aves e por 71% da ração dos suínos. O grão do milho é formado por 62% de amido, 15% de umidade, 9,5% de fibra, 9,5% de proteína e 4% de gordura. “Grandes alterações nestes percentuais afetam diretamente a ração dos animais”, explica a zootecnista. “Para os humanos essas alterações são quase imperceptíveis,
já para os animais afetam bastante o desenvolvimento”, diz Franciele. “A capacidade de preservação da qualidade, da sanidade e do valor nutritivo dos grãos, não depende só das condições de produção e de colheita, mas das de armazenamento e de manutenção das condições adequadas de estocagem do produto”, destaca a especialista. Na verdade, o maior cliente dos grãos são os animais, pois 83% da produção vai para a nutrição animal e por isso a importância da transgenia para a obtenção de genótipos de milho de melhor qualidade. Esses grãos devem ser resistentes a insetos, ao glifosato, ter maior teor de fósforo disponível e alto teor de óleo e lisina. O desafio na produção de dietas animais continua sendo a qualidade das matérias-primas. Quem a monitora, pode formular com valores mais próximos das reais exigências doa animais.
ENTREVISTA
Christiano Bortolotto Por: Gabriela Borsari
“O cooperativismo é a grande chave do desenvolvimento”
A Revista Produção Rural traz nesta edição entrevista o presidente da Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de MS), Christiano Bortolotto, que tomou posse em fevereiro deste ano, mas já presidia interinamente o cargo desde agosto de 2015, no lugar de Mauricio Saito, que atualmente é o 16
Revista Produção Rural
presidente do Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS). Christiano tem 36 anos, é administrador e pós-graduado em economia empresarial. Nasceu em Amambai, interior de Mato Grosso do Sul, e estudou em Curitiba (PR).
Revista Produção Rural: Como começou sua trajetória no agronegócio? Christiano Bortolotto: Sou de Amambai, de uma família com tradição na pecuária. Logo após me formar, meu pai me chamou para voltar e trabalhar com ele, pois estava começando na atividade de agricultura. Isso ocorreu no começo de 2004. Foi um grande desafio para mim, pois não entendia nada da atividade. Comecei do zero, fui atrás de um engenheiro agrônomo e de informações para poder começar nessa atividade. Sempre com um perfil empreendedor, algo nato dos administradores. A agricultura é muito desafiadora, pede um perfil arrojado, pois é preciso sempre inovar e investir muito em tecnologia para continuar no mercado. Uma coisa que aprendi é que aquele velho mito: “No Brasil tudo o que planta dá”, é uma grande mentira. Na verdade, tudo que tem muito investimento, tecnologia e adubação dá. Hoje temos uma produção de referência mundial por causa disso, o nosso cerrado foi a grande descoberta. RPR: Como iniciou sua atuação junto ao Sindicato Rural? CB: Comecei a colaborar com o sindicato rural da minha cidade assim que voltei em 2004. Mas ajudava apenas como sócio do sindicato, pois queria fazer algo e logo após dois anos, o presidente na época me chamou para ser o próximo presidente. Para mim foi uma grande surpresa. Nunca tinha exercido nenhuma função de liderança institucional, é um papel difícil, pois é preciso liderar líderes. Todo produtor rural é um lí-
der. Então comecei a conversar com pessoas, com lideranças da região, para ouvir suas ideias, seus anseios. Tive um grande apoio dos produtores da região e fiquei na presidência do sindicato por seis anos, sendo dois mandatos de três anos. Era um grupo fantástico, coeso, forte e unido. Consegui associar novas pessoas, jovens que estavam no agronegócio, mas não estavam no sindicato. Já no segundo mandato, vários deles já faziam parte da diretoria e esse trabalho deu continuidade. RPR: Quais seus planos de atuação frente à Coopersa? CB: Em meados de 2008 e 2009 a agricultura passava por um período muito difícil e queríamos aumentar nossa rentabilidade. Um grupo de produtores, no qual eu estava junto, resolveu se associar à cooperativa da cidade que era mais ligada à pecuária, mas através dela começamos a comprar insumos em conjunto. Depois de um tempo esse grupo assumiu a administração da cooperativa e hoje trabalha com agricultura. Criamos uma unidade armazenadora de grãos e o trabalho foi crescendo, logo vimos os resultamos. O cooperativismo é a grande chave do desenvolvimento, pois através da união, numa empresa com formato cooperativo, na qual não há interesses pessoais e sim coletivos é que todos ganham. Ainda estou na presidência da cooperativa, tenho mais um ano de mandato e começamos o processo de transição. Com certeza, presidir uma cooperativa me fez crescer muito como pessoa. RPR: E sua história com a Aprosoja/MS?
CB: Minha história na Aprosoja/MS é desde a fundação, fui convidado pelo Almir Dalpasquale a participar do grupo de constituição da entidade, que é focada na soja e milho. É evidente que a produção desses grãos no MS se consolidou depois da Aprosoja/MS, não exclusivamente, mas contribuiu muito para isso. Eu participei através do sindicato e fui vice-presidente do primeiro presidente, o Almir, e depois continuei como vice do Maurício Saito. Com a saída dele para assumir a presidência da Famasul, assumi interinamente o cargo. Agora começo o meu mandato como presidente.
RPR: Fale de seus projetos para o desenvolvimento da Aprosoja/MS? CB: Sempre precisamos de pessoas novas, ideias novas. Acredito muito na oxigenação, pois toda instituição precisa de pessoas, confio muito neste grupo, tem uma grande capacidade de criar um cenário transformador para a agricultura no nosso estado. Mas o mais importante é sempre prezar pela real função da Aprosoja/ MS que é representar o produtor e fomentar a agricultura. Vamos fazer isso de forma contundente com todas as instituições e colocar as necessidades do produtor para buscar fomento à produção. Nosso estado pode muito mais, temos muita área com potencial produtivo. Vemos muita gente indo a diversos estados do Norte e Nordeste para plantar soja, sendo que aqui temos muita área. Temos o projeto Siga, que faz todo um levantamento de dados e mapeamento, queremos utilizar essas ferramentas para promover e fomentar a produção.
17
ENTREVISTA
Christiano Bortolotto
RPR: Como analisa o cenário do agronegócio em Mato Grosso do Sul? CB: Mato Grosso do Sul é o 5º maior produtor de soja, o 3º de milho e o 3º maior exportador de soja do país. Já temos um espaço significativo, mas podemos ir além. Mas falando em mercado da soja, o cenário não é tão bom quanto parece. Fala-se muito sobre a alta do dólar, mas nada mais certo do que a lei da oferta e da procura. Hoje o produtor está colhendo algo que plantou com um dólar de 3 reais e vendendo a um dólar de 4 reais, então o lucro está vindo do câmbio, pois o valor do produto em dólares não é dos melhores no momento. Há poucos anos o valor do produto era em média 15 dólares, hoje está 8 dólares. Isso é um alerta, pois é necessário muito cuidado com o custo de produção. Hoje estamos plantando com o dólar na casa dos 4 reais e não sabemos quan-
18
Revista Produção Rural
to estará na hora da colheita. Para a agricultura e qualquer outro segmento da economia, o melhor cenário é o de estabilidade econômica e cambial. Vamos expandir, vamos crescer, mas tudo com calma e cautela, sempre com ações sustentáveis, pois o preço do produto continua baixo.
RPR: Quais são os projetos da Aprosoja/MS?
CB: A Aprosoja/MS já tem diversos projetos que contemplam a sua função. Vamos dar continuidade ao Siga, que vem com um novo formato, que além de levantar os dados, vamos analisar as áreas em potencial. O Circuito Aprosoja também continua e vai ampliar o número de produtores atendidos e com mais informações. O Soja Plus é um projeto maravilhoso, temos apenas que executá-lo de forma plena. O que vem de novo são as Jornadas
Técnicas que vêm aliadas ao mundo universitário. Vamos mostrar que o agronegócio é um grande mercado de trabalho e queremos atrair profissionais de outras áreas que não são diretamente ligadas ao agronegócio, como Direito, Comunicação, Nutrição, Administração, etc. Pois somos o mercado que mais emprega no estado, que mesmo com a crise continua gerando postos de trabalho.
RPR: Qual o grande desafio do agronegócio?
CB: O agronegócio tem diversos desafios e gargalos, como logística, tributação, armazenagem, mas acredito que o maior deles seja mão de obra qualificada. Pois para crescer e resolver todos os demais gargalos precisamos de profissionais que entendem do nosso negócio.
Instabilidade política e financeira exige atenção do produtor rural Volatilidade da moeda americana deixa em alerta principalmente no mercado de grãos que, na contramão de outras culturas, havia superado a crise Nos últimos meses, o país tem vivido um período de incertezas por causa de turbulências políticas e econômicas. Esse cenário, que fez a cotação do dólar apresentar forte variação na última semana, tem reflexo direto sobre o agronegócio. Especialistas recomendam muita atenção dos produtores neste momento, e orientam a investir na gestão de risco. O analista da Agrosecurity Fernando Pimentel afirma que o mercado observa que, na mesma semana em que o dólar teve um ajuste forte, houve a notícia de que o PIB brasileiro foi ruim. “Apesar dos fundamentos ruins, a probabilidade de haver impeachment, com mudança nos rumos da política, já deu uma justificativa para o mercado
buscar um viés otimista”, diz ele, o que fez a cotação do dólar baixar. Essa volatilidade da moeda americana deixa em alerta principalmente no mercado de grãos, que, na contramão de outras culturas, havia superado a crise. Para a analista da Tendências Consultoria Amaryllis Romano, cada produtor deve ter seus números nas mãos para analisar seu negócio. Segundo ela, é preciso saber qual o resultado o produtor precisa chegar, em função daquilo que plantou e investiu. Ela afirma que, se ele chegar à conclusão de que não tem jeito, é preciso minimizar as perdas o quanto for possível. “É uma gestão de número na terceira, quarta casa decimal, porque isso pode determinar o mínimo de retorno
ou o mínimo de prejuízo”, diz a analista, completando que estava-se desenhando uma situação anormalmente favorável ao produtor, mas o momento atual é de risco para todo o Brasil. Em função de um cenário imprevisível, o economista Roberto Troster recomenda que o produtor faça negociações em diferentes ocasiões. A melhor opção, segundo ele, é dividir as vendas em dois, três, quatro momentos, dependendo do volume disponível. “Se fizer tudo em um dia só, ele se arrisca e ter uma cotação muito baixa, ou, se perceber que o dólar vai dar uma disparada, vende tudo na hora”, analisa.
Fonte: Canal Rural 19
Brachiária ruzizienses: de invasora a aliada
C
M
Y
A Brachiária ruzizienses que era cultivada somente como alternativa de inverno para o pastoreio do gado, agora tem outras utilidades, como garantir a formação de palha em abundância para o sistema de plantio direto, ajudando o desenvolvimento da soja no verão. Há cerca de dez anos o uso dessa forrageira, que já foi considerada invasora, vem aumentando, mas precisa de um manejo estratégico. Essa técnica contribui para a agregação de matéria orgânica e aumento da sustentabilidade do sistema produtivo. A brachiária se adapta bem tanto na integração agricultura/pecuária como no consórcio com o milho safrinha. Essa utilização está amparada por pesquisa, o que deu maior confiança aos produtores. O estudo foi feito por Gessí Ceccon, fitotecnista e doutor em Agricultura, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste de Dourados (MS). O pesquisador afirma que a ideia inicial era somente produzir palha
20
Revista Produção Rural
para proteger o solo, devido à grande janela entre a colheita do milho e o plantio da soja. Essa espécie se destacou entre todas testadas, porque era preciso encontrar opções que permanecessem mais tempo cobrindo o solo, o que não é fácil devido as altas temperaturas e constantes veranicos. Com a utilização dessa forrageira é possível produzir mais soja após a retirada da brachiária e milho sem perdas estatisticamente significativas, provando que o uso é viável. Essa técnica ganhou vários adeptos ao longo desses dez anos. Em 2013, cerca 29% da área de plantio do Mato Grosso do Sul foi coberta com o consórcio, passando para 40% em 2014 e se repetiu em 2015. Só não aumentou por não haver semente suficiente no mercado, pois outros estados, como Mato Grosso, Goiás, Maranhão, Piauí e Tocantins também aderiram ao sistema. Regiões com muitos veranicos têm altos e baixos na produção e dificul-
dade em manter uma média. O uso dessa forrageira traz maior segurança, pois resolve o problema de falta de cobertura do solo. A brachiária também ajuda na diminuição dos custos, pois auxilia na supressão de plantas daninhas, sendo o controle da bufa um exemplo disso. Na pecuária, a forrageira também pode ser uma das principais fontes de alimentação do rebanho no período mais complicado do ano, quando geralmente as pastagens perenes estão com falta de massa e degradadas. Os resultados são ótimos, alguns produtores estão terminando o gado com a brachiária e tendo em média um ganho de duas arrobas por animal num espaço de 90 dias. O uso dessa técnica vem passando por ajustes, pois cada região tem suas características e necessidades, sem contar que a cada ano há uma variação de chuvas, o que altera os resultados do plantio. O sucesso dessa forrageira é mais perceptível em safras com pouca chuva.
CM
MY
CY
CMY
K
Boa armazenagem dos grãos pode aumentar o lucro A produção de grãos tem diversas etapas, como preparo da terra, plantio, colheita e armazenagem, e a mais negligenciada é a última. Um procedimento bem feito traz mais qualidade ao grão e até economia de energia. Há maior preocupação e investimento em equipamentos para o período de pré-plantio e plantio, em fazer um bom preparo de solo, fornecer nutrientes adequados, fungici-
22
Revista Produção Rural
das, herbicidas, etc. Mas quando se trata da armazenagem, se esquece de tomar alguns cuidados com os grãos que estão guardados. E isto pode trazer uma redução na renda da propriedade em torno de 3 a 7%. A depreciação do grão na hora da venda é o que quebra o lucro do produtor e pode ser causada por grãos amarelos, ardidos, cremados, manchados além de ação de insetos, perda de matéria seca e perda de base
úmida. O outro fator que auxilia na redução de receita é o desperdício de energia elétrica por aeração inadequada. Poder reduzir o custo da energia é uma grande vantagem, pois a tarifa desse insumo vem passando por diversos reajustes. Por isso, bons equipamentos de exaustão nos silos são primordiais, pois podem reduzir o consumo de energia em até 50% por gerar uma equalização de tempera-
turas na massa de grãos, reduzindo a aeração e, consequentemente, a perda de massa. “No armazenamento de grãos vários procedimentos inadequados podem acelerar processos de fermentação dos grãos danificados no local da picada por percevejos”, explica José Ronaldo Quirino da Caramuru. Segundo o especialista, nas regiões com temperaturas mais elevadas a espécie mais comum é o percevejo marrom (Euschistus heros). A incidência dos percevejos na lavoura traz muitos problemas, um dele é a qualidade dos grãos. “Quando o grão é “picado” pelo percevejo, já há um rompimento do tegumento que é uma camada protetora do grão. E por este furo, por este poro deixado pelo estilete do percevejo, que se torna a porta de entrada que altera totalmente a umidade de equilíbrio do produto,
facilitando a penetração de microrganismos, bem como de água e acelerando o processo de fermentação que pode já ocorrer nas lavouras, quando há um ambiente úmido (chuvoso) e principalmente no ambiente de armazenagem. Isso vai ocorrer numa maior ou menor velocidade em função das condições de armazenagem, principalmente da temperatura da massa de grão e teor de agua na armazenagem do produto”, afirma Quirino. Ele ainda orienta que controle sistemático dos percevejos nas lavouras e cuidado total na armazenagem são o segredo para evitar esse mal. Outra medida para garantir a qualidade do grão é investir em inovação, que tende a diminuir custos na operação de equipamentos em função da automação; diminuir custos de insumos como energia elétrica, combustíveis; facilitar a operação e
a supervisão das atividades e auxiliar na tomada de decisões. As máquinas e equipamentos do pós-colheita ganharam um incremento de tecnologia advindo das telas touch screen, armazenamento de dados, comunicação com computadores e transferência de dados por internet, facilitando o manejo do operador e possibilitando ao supervisor ou proprietário o acompanhamento dos processos à distância. Os equipamentos além de ficarem mais tecnológicos, estão mais eficientes nos aspectos de consumo de energia e emissão de poluição para o meio ambiente e também mais seguros, atendendo às normas de segurança vigentes. Todas as etapas da produção de grãos são importantes e nenhum pode ser negligenciada, pois qualquer falha compromete o valor de venda do produto.
23
O controle através de áreas de refúgio As áreas de refúgio são fundamentais no controle de pragas da soja em cultivos com culturas Bacillus thuringiensis, mais conhecida como Bt. É necessário plantar o refúgio para manter a população de pragas sensíveis à toxina Bt, visando a durabilidade da tecnologia. A área de refúgio é aquela em que a praga-alvo irá sobreviver e reproduzir-se sem a exposição à toxina Bt. Os insetos oriundos dessa área poderão se acasalar com os insetos sobreviventes das áreas plantadas com milho Bt, possibilitando a manutenção da suscetibilidade à toxina Bt. Essa área deve corresponder a 20% da plantação e pode ser utilizada para soja, milho e algodão.
24
Revista Produção Rural
Segundo o engenheiro agrônomo e gestor do Departamento Técnico do Sistema Famasul, Justino Mendes, essa prática é importante pois impede que a praga fique resistente à planta transgênica, evitando assim o uso de agroquímicos para controle. “O produtor deve procurar um agrônomo para ter orientações sobre qual tipo de distribuição deve fazer com esses 20%, mas sempre respeitando 800 metros de distância a partir de uma lavoura transgênica, permitindo assim que os insetos transitem entre as duas áreas para haver o cruzamento entre as pragas”, explica Mendes. Outra vantagem importante é o impacto ao meio ambiente. Com
esta prática há menos uso de agroquímico. “A princípio o produtor acha trabalhoso fazer o refúgio, pois é preciso separar a produção dessa área, mas a longo prazo só traz benefícios, pois com menos agroquímico a planta aumenta o potencial produtivo e há menos impacto ambiental”, declara o agrônomo. O produtor que não utilizar a prática do manejo da resistência será a primeira vítima da quebra da defesa, não obtendo controle das pragas-alvo com os híbridos de grão Bt. Portanto, a utilização da área de refúgio é essencial para garantir a manutenção da funcionalidade e da durabilidade da tecnologia Bt.
Parlamentar propõe uso de verba extra do MDA para Ministério da Agricultura Após o corte de R$ 553,7 milhões no orçamento do Ministério da Agricultura anunciado no fim de fevereiro, parlamentares ligados ao agronegócio buscam saídas para minimizar os impactos do ajuste. O orçamento geral da pasta foi reduzido de R$ 2,037 bilhões para R$ 1,483 bilhão. O seguro rural foi o segmento mais afetado, com recuo de R$ 741,6 milhões, previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA), para R$ 400 milhões. A primeira estratégia será tentar usar parte da verba extra destinada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário para a Agricultura. A Medida Provisória 715/2016 abre crédito extraordinário de R$ 316,2 milhões em favor do MDA. O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) apresentou emenda que remaneja metade deste valor para o ministério gerido por Kátia Abreu. Deste total, ele solicita que os valores sejam “carimbados” por pro-
duto: R$ 20 milhões para uva, R$ 55 milhões para maçã e R$ 52 milhões para o arroz - o restante ficaria para uso livre. Goergen é coordenador institucional da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e participou de uma série de reuniões no Ministério da Agricultura, no último mês, para alinhavar a estratégia. Mais parlamentares devem apresentar emendas a esta e novas MPs para aumentar o orçamento da pasta. A medida aguarda designação de relator na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) da Câmara. “Foi um contingenciamento significativo no ministério (da Agricultura), um corte que pode pôr em risco áreas sensíveis do agronegócio, um dos únicos setores que ainda se mantêm imunes à crise econômica”, afirmou. O governo acaba de divulgar o cronograma de liberação da subvenção do seguro rural. Pelo cronograma do ministério,
R$ 158 milhões estarão liberados para contratação a partir de junho para milho 2ª safra, trigo e demais grãos de inverno. A partir de julho, estão liberados R$ 32 milhões para subvenção da soja nos contratos por negociação coletiva; R$ 5 milhões para frutas e R$ 4 milhões para outros. Em agosto, serão liberados R$ 30 milhões para grãos de verão; R$ 5 milhões para frutas e R$ 4 milhões para outros. Em setembro, serão R$ 30 milhões para grãos de verão; R$ 10 milhões para frutas; e R$ 4 milhões para outros. Outubro serão mais R$ 30 milhões para grãos de verão, R$ 30 milhões para frutas; e R$ 4 milhões para outros. Novembro, o último mês do programa, serão R$ 20 milhões para grãos de verão, R$ 30 milhões para frutas; R$ 4 milhões para outros.
Fonte: revistagloborural.globo.com 25
Novos certificados agilizam exportação de material de multiplicação animal Os principais países importadores de material genético avícola do Brasil são a Venezuela, o Peru e os Emirados Árabes
26
Revista Produção Rural
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) criou dois novos modelos genéricos de Certificado Zoossanitário Internacional (CZI) para exportação de material de multiplicação animal. Um deles é para material genético avícola e o outro para sêmen bovino. O modelo de CZI Genérico, também chamado CZI Padrão e que serve para qualquer país, vai simplificar os trâmites burocráticos de negociação de certificados sanitários de exportação, que podem levar até quatro meses, além de contribuir na abertura de novos mercados. “O empresário que quiser exportar material genético avícola ou sêmen bovino para países que ainda não têm acordo com o Brasil já pode apresentar esses modelos diretamente ao serviço veterinário oficial do país importador”, diz a
coordenadora de Trânsito e Quarentena Animal do Mapa, Valéria Martins. “Caso o país aceite as garantias sanitárias do CZI genérico, deverá informar oficialmente. Dessa forma, a exportação é viável em tempo reduzido.” O Certificado Zoossanitário Internacional (CZI) é o documento emitido ou chancelado pelo serviço veterinário oficial do país de origem ou procedência dos animais, para garantir o cumprimento das condições sanitárias exigidas para o trânsito internacional de animais até o país de destino. Os principais países importadores de material de genético avícola do Brasil são a Venezuela, o Peru e os Emirados Árabes. Já a Colômbia, o Paraguai e a Argentina lideram a importação de sêmen bovino. Com o modelo genérico, assinala
Valéria Martins, os exportadores que quiserem comercializar com países que ainda não importam do Brasil terão mais oportunidades. O CZI genérico permite agilidade nas negociações, facilitando a abertura de mercados, além de apresentar garantias sanitárias que são facilmente operacionalizadas pela empresa exportadora. Os CZIs genéricos são resultado de debates entre o Mapa e representantes do setor produtivo, como a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O próximo passo, de acordo com a coordenadora, será a elaboração de modelo genérico de CZI para embriões in vitro e para animais vivos como bovinos.
Fonte: www.brasil.gov.br
27
Crise aperta margem de frigoríficos Redução no poder de compra das famílias dificulta repasse da alta da arroba ao varejo; complexo carnes foi o segmento mais exportado em fevereiro Por Nayara Figueiredo
Nos últimos 12 meses, a arroba do boi gordo teve uma valorização média de 9%. Do outro lado, desde janeiro, os preços da carne no atacado acumulam queda de 3,6%. Com o desencontro nas contas, a margem dos frigoríficos reflete a crise no País. Especialistas da Scot Consultoria alertam que a diferença entre o valor pago pelo boi gordo e o recebido pelo chamado Equivalente Scot Desossa (receita com a venda de carne sem osso, couro, sebo, miúdos, derivados e subprodutos) está em 14,7%, baixa de 10,6 pontos percentuais em relação à primeira semana do ano, quando o índice registrava 25,3%. A renda per capita da população caiu 5%. Um produto de valor agregado, como a carne, fica cada vez
mais difícil colocar preço , comenta o analista Alex Lopes sobre a dificuldade no repasse ao varejo, em análise do mercado divulgada pela consultoria. A zootecnista e consultora da Scot, Isabella Camargo, explica que este cenário faz com que o frigorífico ofereça preços menores ao pecuarista pela arroba. “Em geral, as ofertas da indústria vão de R$ 1 a R$ 2 abaixo do mercado, porém, chegaram a oferecer de R$ 7 a R$ 10 a menos do que o indicador oficial”, conta. No pasto, em vista do alto custo do bezerro para reposição, a saída é apostar em incremento de tecnologia e ganho de produtividade. Para Lopes, esta é a forma de ganhar margem.
Na indústria, com a demanda interna desaquecida, a exportação segue como a principal ferramenta de elevação de receita em moeda local, mas há um grau de dificuldade maior para os pequenos e médios frigoríficos transitarem por este mercado. “Os menores sofrem com o consumo interno lento e não têm para onde escoar“, enfatiza Isabella. O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, acredita que todos os portes do setor estão com dificuldade nos embarques. Para ele, o quadro macroeconômico e político afeta as negociações em andamento, como a habilitação de plantas para a China e a abertura dos Estados Unidos para carne in natura.
to de 25,4% na quantidade embarcada. As vendas externas de frango totalizaram US$ 450,97 milhões, as de suínos, US$ 85,31 milhões e as de
peru, R$ 14,34 milhões. No caso do boi, Salazar diz que os embarques não rentabilizam como o esperado.
Exportação Dados da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mostram que o complexo carnes foi o mais exportado em fevereiro, com US$ 1,05 bilhão em receita. No entanto, o montante indica queda de 1,1% em relação ao resultado do mesmo mês de 2015. O complexo soja, na segunda posição do ranking, avançou 42,6% no período e chegou a US$ 1,04 bilhão. Em valor, a carne bovina ultrapassou a de frango no mês passado. Foram exportados US$ 477,14 milhões (ganho de 10,9%), devido ao aumen-
28
Revista Produção Rural
ENTREVISTA
Jonatan Pereira Barbosa Por: Gabriela Borsari
“A crise deve ser encarada com determinação” Há quase 50 anos no agronegócio, o advogado e pecuarista J.P.B, de Campo Grande, é presidente da Acrissul e faz uma análise do mercado.
30
Revista Produção Rural
Revista Produção Rural: Como foi sua trajetória no agronegócio?
RPR: Como a política interfere o agronegócio?
Jonatan Pereira Barbosa: Há muito tempo, desde os 18 anos de idade. Nessa época eu havia herdado de meus pais uma propriedade rural no então Mato Grosso. Era uma época difícil, não havia disponibilidade de energia elétrica, as estradas eram precárias, não havia tecnologias para melhorar o campo. Alguns anos depois de formado em advocacia, comecei a trabalhar, também exerci a função de fiscal de rendas do Estado, então comecei a adquirir outras áreas com os recursos que tinha, algumas terras de vizinhos, assim fui ampliando a propriedade. Foi a época da chegada da braquiária, então comecei a formar pastos, reformar outros e iniciei a criação de gado. No passado também trabalhei como radialista e apresentador de TV e fui deputado estadual por Mato Grosso do Sul, inclusive presidindo a Assembleia Constituinte. Sempre fui pecuarista, de corte e de leite, e hoje me dedico à criação de gado de corte e também animais de elite puros de origem das raças Nelore e Senepol.
JPB: Em relação à política, do jeito que ela é exercida hoje a influência sobre o agronegócio é totalmente negativa. Os recentes escândalos de corrupção, aliados à política econômica má aplicada, tem reduzido a confiança dos investidores externos no Brasil. O País hoje está desmoralizado internacionalmente, o que acaba causando prejuízos nas relações econômicas globalizadas. E o agro é o setor que garante a balança comercial nacional, garantindo sua posição de destaque também no mercado interno.
RPR: Como o senhor vê a pecuária nesse cenário econômico de crise? JPB: Vejo a pecuária como um sustentáculo emergencial para o produtor. É a atividade que, ao lado da agricultura, aquece a economia de Mato Grosso do Sul, ainda baseada na produção primária. Sem o agronegócio da forma com que se estabeleceu na economia, não haveria como o mercado sobreviver.
RPR: Como o câmbio está influenciando o mercado? JPB: O dólar alto influencia de forma negativa e positiva. Positivamente porque o agronegócio alavanca as vendas externas. Exporta ganhando muito por conta do câmbio. Mas, por outro lado, a influência negativa se dá na hora de adquirir insumos, quando o produtor sente o peso do câmbio desfavorável. Na pecuária o impacto na hora de adquirir insumos importados, como o caso do fosfato bicálcico que vai na ração, já puxou para cima os custos de produção e achatou sensivelmente a lucratividade do setor. Também tem o fato de, se por um lado a arroba está mais valorizada, por outro isso acaba puxando o preço do gado magro, para reposição. É uma sinuca em que o produtor precisa estar atento para o jogo. RPR: Quais suas perspectivas para este ano?
JPB: Vejo com certa preocupação. Além da crise econômica a crise política, como já dito, afeta a moral do País. Para o Brasil se libertar dessas amarras é preciso renovar o quadro atual, preservado os políticos sérios e descartando a grande maioria que ainda tem mandato. A corrupção virou a palavra da vez e não podemos permitir que essas turbulências tirem o País de sua rota. RPR: Quais as expectativas da Acrissul para a Expogrande 2016? JPB: Boas. Apesar de ser um ano de crise, acreditamos que a Expogrande irá superar essa situação. Não falamos em crise. Estamos encarando ela com determinação, trabalhando duro e com perseverança. Unidos como sociedades urbana e rural, haveremos de atingir nossos objetivos de sucesso nos negócios e na promoção do evento. RPR: E para a edição deste ano, já tem números? JPB: Na nossa agenda está prevista uma grande programação com cerca de 30 leilões de animais (equinos, bovinos e ovinos), além de julgamentos, exposição de animais, a tradicional feira de genética, além da Copa de Laço. Tudo isso, aliado à presença de expositores comerciais, praça de alimentação, shows com os melhores artistas de renome nacional e regional e toda uma estrutura de lazer e entretenimento que está sendo montada, deve atrair um público recorde para a feira.
31
Correção do solo traz maior produtividade A qualidade do solo é primordial para uma boa produtividade, por isso a correção da acidez é importante. Grande parte do solo brasileiro apresenta esta característica que pode ser resultado de processos naturais, como o intemperismo, que remove os nutrientes, ou pelo uso inadequado da terra. As regiões que mais possuem solos ácidos são os cerrados, as terras altas da Amazônia, os tabuleiros costeiros da orla litorânea e os planaltos subtropicais, que vão do sul do Paraná até o norte do Rio Grande do Sul. Os solos ácidos apresentam altos índices de alumínio, sendo tóxico para as plantas, pois promove a modificação no sistema radicular das culturas. Para reverter esse quadro, utiliza-se o método de calagem, que é o sistema mais comum para corrigir o solo, além de ser o de menor custo e com maior retorno econômico. A aplicação do calcário é a mais eficiente, pois neutraliza o alumínio, eleva o ph do solo, fornece cálcio e magnésio, tudo primordial para a nutrição das plantas. Há diversos experimentos com os outros métodos, como gesso agrícola, subprodutos do aço, conchas moídas, etc, mas ne-
32
Revista Produção Rural
nhum apresenta os mesmos resultados que a calagem. Para uma aplicação correta é preciso fazer análise da terra e sempre levar em consideração a profundidade do sistema radicular da cultura. Depois do estudo do solo e determinada a quantidade de calcário, deve-se aplicar 50% da dose antes da aração e 50% entre a aração e a primeira gradagem. Esse processo pode durar até três anos, mas é necessário um acompanhamento anual da fertilidade do solo. A calagem traz mais benefícios, como a melhoria nos atributos físicos, químicos e biológicos do solo, intensificando os processos microbiológicos de decomposição da matéria orgânica, fixação biológica do nitrogênio, atividade biológica do solo, dentre outros.
Essa preocupação não é apenas econômica, mas também de sustentabilidade, pois produzir mais em menores áreas é primordial para a viabilidade da agricultura. Todos os processos de aumento de fertilidade e correção do solo são bem-vindos, pois a demanda por alimentos é crescente e a disponibilidade por novas áreas não cresce na mesma proporção. Conhecer bem o solo é o primeiro passo para traçar o melhor manejo, por isso é preciso realizar análise química de amostras de terra. Esses exames são simples, de fácil acesso e de baixo custo. Somente com essa análise da composição química do solo é possível avaliar as melhores estratégias para se obter o máximo da área e produzir grãos de qualidade.
Embalagens
adequadas reduzem perdas de produção
A produção agropecuária requer muitos detalhes e cuidados, que vão desde solo, fertilizantes, sementes, ração, armazenagem, transporte, etc. Mas um item acaba sendo esquecido e negligenciado: a embalagem. Para muitos produtos, esse item é primordial e evita diversas perdas de produção. Isso é mais evidente com as frutas. Embalagens inadequadas podem trazer até 80% de perda com os caquis e 35% com mangas, morangos e papaias. O INT (Instituto Nacional de Tecnologia) desenvolveu embalagens especiais para alguns produtos com alto grau de perda pós-colheita. Além da redução de perdas, as embalagens aumentaram a vida útil dos produtos. No caso do palmito de pupunha, em embalagens comuns tem uma validade em torno de 7 a 10 dias, já com a embalagem especial, este prazo chega a 15 dias.
34
Revista Produção Rural
Segundo as pesquisas do instituto, as atuais embalagens não levam em consideração as especificidades de cada produto, pois cada fruta e hortaliça tem necessidades específicas de respiração, liberação de etileno, refrigeração e ventilação. O transporte é outra condição que deve ser levada em consideração na hora de se produzir uma embalagem adequada, as longas distâncias e o estado das rodovias impactam na preservação dos produtos. No Brasil ainda é muito comum usar caixas genéricas para acomodar as frutas e hortaliças, podendo armazenar qualquer produto desde que caiba. Sem contar o sistema de camada dupla, em que o produto de cima pressiona o de baixo. O INT desenvolveu embalagens anatômicas, de acordo com as características de cada fruta e hortaliça. O material das embalagens é reciclável
e possibilita enxergar o alimento. Essa tecnologia já atravessou o oceano, produtos exportados para a Europa chegaram em perfeito estado e sem diferenças de maturação entre eles. Ainda há muita pesquisa a ser feita e tecnologias testadas na área de embalagens. Mas é um investimento necessário, pois protege e conserva o produto e consequentemente todo o trabalho e investimento realizado na cadeia de produção. Quanto maior a disseminação de novas embalagens, mais o custo unitário de produção cai. Todas as embalagens desenvolvidas pelo instituto podem ser produzidas em grande escala, tornando o custo acessível. Quando se leva em consideração a economia que é feita com a diminuição das perdas, este investimento se torna ainda mais viável ao produtor.
36
Revista Produção Rural
Para o confinamento do gado é preciso estruturas adequadas de currais, cada fase requer uma construção devida. Numa das fases de exploração, há a de criação de bezerros, de 0 a 1 ano de idade, que pode ser conduzida por um sistema de pasto com aleitamento natural feito até a desmama, que ocorre do terceiro ao oitavo mês de vida, e completada a pasto durante o resto do ano. Para este sistema, é preciso piquetes-maternidade, que contenham abrigos para proteção dos animais contra condições ambientais desfavoráveis. Antigamente, no sistema tradicional, nesta fase de aleitamento as vacas permaneciam com os bezerros durante 24 horas por dia, mas atualmente, os bezerros ficam com as vacas somente em um determinado período do dia. O sistema de semi-confinamento também pode ser usado nesta fase na época de seca, com instalações apropriadas dentro do curral (abrigos contendo comedouros, bebedouros, cocho para sal mineral) no qual o animal recebe o pasto reservado e alimentação suplementar. Os primeiros dois meses de vida dos bezerros são críticos e por isso, eles precisam de abrigos de proteção adequados locados em bons piquetes. O “creep-feeding” é uma opção trazida das fazendas americanas que vem sendo usada no Brasil para tratar dos bezerros nos comedouros dos pastos, com volumosos e concentrados. Essa estrutura consiste numa área cercada (eucalipto ou ipê) contendo portões de entrada com dimensões apropriadas somente ao acesso dos bezerros a comedouro coberto.
De acordo com pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, do Departamento de Engenharia Agrícola, dependendo do tipo de confinamento é que se determina a melhor estrutura de curral. Quando o confinamento é a céu aberto, exige curraletes feitos para confinar na ordem de 50 a 100 animais, tendo disponível área de 8 a 20 m2 por cabeça (no Brasil, é mais comum de 9 a 12 m2 por animal). Cada curralete contém comedouros para volumosos (0,5 a 0,7 metros lineares por cabeça), cochos para sal (0,03 metros lineares por cabeça) e para melaço/uréia e ainda, bebedouro com disponibilidade de 20 a 40 litros por animal por dia. Todos os comedouros devem estar ao longo das cercas, devem ser cobertos, observando-se sempre a orientação leste-oeste no sentido das cumeeiras dos telhados e aproximadamente 1,8 a 2,0 metros à frente deles deve ser pavimentado (concreto ou pedras graníticas), sendo o resto de piso natural (terra). As divisórias dos curraletes de confinamento devem ter altura variando de 1,80 m até 2,0 m e podem ser confeccionadas de madeira (tábuas afixadas em esteios distanciados de 1,5 a 2,0 m), de cordoalha de aço 1/4” (6,4 mm) com esteios a cada 2,0 a 2,5 m ou de arame liso ovalado com esteios de madeira a cada 6,0 m balancins a cada 2 m. O projeto deve prever aumento do número de curraletes e o curral de confinamento deve permitir acesso para o curral de manobras. Já no sistema de galpão fechado ou galpão de encerra, exige uma área disponível de 3 a 5 m2 por animal (1,8 m2 /cabeça para
vitelos), contendo comedouro (0,7 a 1,0 m/cabeça) para volumosos, sal mineral, melaço-uréia a ainda bebedouro. Deve ter beiral do telhado com largura aproximada de 1,0 m, pé-direito de 4 m, sendo recomendado para confinar de 50 a 60 animais. Deve ter ainda uma porteira de entrada (3,0x3,5 m) para retirada do esterco produzido (= 25 kg/cab. dia). É bem eficiente no que diz respeito ao controle de doenças a do ambiente (temperatura, umidade relativa, ventilação, manejo de dejetos, etc), porém, é considerado sofisticado e caro, além de exigir mais equipamentos. É mais recomendado para países de clima temperado, pois em países de clima tropical, como o Brasil, o controle do ambiente toma-se limitante, apesar de serem comuns instalações desse tipo no Paraná a em São Paulo. Os currais de manobra são utilizados para vacinar e marcar os animais que vão iniciar a fase de confinamento, para pesar e embarcar na saída do confinamento. Podem ser dos tipos simples, para manobra de até 500 cabeças por vez, melhorados para até 1000 cabeças por vez a australiano, para mais de 1000 cabeças por vez. Recomenda-se 2 m2 de área disponível para cada animal, que por mais simples que seja, o curral seja dividido em curraletes para igual número de animais a por fim, que esteja localizado no centro do grupo de animais. Normalmente, os currais de manobra contêm seringa, tronco coletivo, sala de apartação, tronco individual, porteiras de apartação, balança, embarcadouro e em alguns casos, brete pulverizador ou mesmo pulverizador costal.
37
E dá-lhe milho
38
Revista Produção Rural
O ex-ministro Alysson Paolinelli sempre foi considerado um dos mais importantes ministros da agricultura da história brasileira, e agora completando 80 anos de idade continua atuante. Paolinelli preside a Associação Brasileira dos Produtores de Milho, a Abramilho, e também a Maizall, a Aliança Internacional do Milho. E qual a importância do milho? Como dizia outro saudoso líder do agronegócio brasileiro, Dr. Ney Bittencourt de Araújo, o milho está para o agronegócio assim como o aço para a indústria. O milho entra em quase tudo, se transforma em proteína animal, como ração para suínos, frangos, bovinos, vira leite na silagem para vacas, entra na química industrial e vira açúcar, vira etanol, e além de tudo isso, vira óleo para alimentação humana, flocos, pães, massas, e não esquecendo da pipoca e do milho doce. Pois bem, o Brasil poderia produzir só de milho, cerca de 380 milhões de toneladas. Isso significa quase 50% a mais do que toda a safra brasileira atual com todos os grãos. Um dia faremos. E como o Brasil conseguirá? Simplesmente por soluções criativas geniais através da integração lavoura-pecuária-floresta – ILPF, como explicou o ex-ministro Alysson Paolinelli em uma entrevista para a revista A Granja. Ou seja, pesquisadores e técnicos criaram a inteligência para fazer na mesma área e ao mesmo tempo, soja, milho, árvores e gado. Com isso multiplicamos o potencial de produção do país, e como o milho permite atingir aproximadamente 15 mil quilos por hectare, sem dú-
vida seremos o rei do grão. Criatividade, um show que o agronegócio tem dado ao Brasil e que precisa ser adotado nos planos dos governos. O ex-ministro Alysson Reclama que fizemos estudos geniais com a Embrapa e a Fundação Dom Cabral, mas ninguém do governo quis ver ainda. Vamos ver pessoal... E dá-lhe milho...
José Luiz Tejon Megido · Comentarista da Rádio Estadão; · Mestre em Educação, Arte e Cultura; · Doutorando em Ciências da Educação (Universidad de La Empresa); · Professor de pós-graduação da FGV Incompany; · Dirigente do Núcleo de Agronegócio da ESPM; · Conselheiro fiscal do CCAS (Conselho Científico para a Agricultura Sustentável); · Ex-diretor da Agroceres, da Jacto S/A e do Grupo Estadão; · Conselheiro do Grupo Sérios; · Conselheiro Estratégico da Câmara Agrícola Lusófona (de Portugal); · Autor e coautor de 32 livros; · Palestrante Prêmio Top of Mind Estadão RH; · Top 100 do Agronegócio Revista ISTO É - Dinheiro Rural
39
Moringa e mandioca são alternativas para enriquecer a alimentação animal O pesquisador Frederico Lisita foi ao assentamento Paiolzinho, a cerca de 25 km da área urbana de Corumbá (MS), para ministrar uma palestra sobre o uso da moringa e da mandioca na alimentação de aves de corte e postura. De acordo com o pesquisador, a ação é resultado do contato feito por produtores dos assentamentos Paiolzinho e Tamarineiro II que demonstraram interesse em começar criações de frango caipira. “Eles acreditam que isso é algo
40
Revista Produção Rural
difícil de encontrar na região e que há um nicho de mercado na cidade. Porém, eles têm dificuldade para alimentar esses frangos aqui. Além de ser muito complicado produzir milho, o que vem de fora é caro em função do frete. O farelo de soja também é difícil de se obter na região. E galinhas e frangos se alimentam, basicamente, de milho e soja”, diz o pesquisador. Por isso, Fred apresentou a moringa e a mandioca como alternativas para alimentar esses animais. “No
caso do frango caipira, que come só milho, praticamente, ele leva cerca de seis meses para atingir o peso de abate (que fica em torno de 2,5 kg). Na granja, os animais atingem o peso de abate em, aproximadamente, um mês. A gente espera que, com a moringa e a mandioca na alimentação, o frango caipira atinja o seu peso de abate em torno de 90 dias. O tempo cai para a metade com um manejo alimentar que esses produtores têm condições de produzir aqui na região”.
A mandioca
Segundo Frederico, a mandioca é um alimento energético que pode substituir, em parte, o milho. “É uma cultura tradicional com a qual os agricultores já têm o costume de trabalhar aqui”, diz. Para utilizá-la na ração do frango caipira, o pesquisador recomenda triturar a raiz com uma picadeira de forragem e deixá-la secar ao sol. “Quando ela atingir em torno de 15% de umidade, a gente mói esse material e a farinha resultante está pronta para ser utilizada como ingrediente da ração”, afirma. Frederico ressalta que a mandioca utilizada no processo deve ser aquela que não tem mais serventia para o consumo: pode ser tanto o produto que não foi vendido na feira quanto a raiz que passou do ponto de colheita. “A ideia é tra-
balhar com aquelas raízes que não estão mais cozinhando”, diz. “Essa mandioca que iria estragar pode ser triturada, secada e conservada durante muito tempo. Ela pode ficar um ano assim, sendo usada para a ração”.
A moringa
Essa planta originária da Índia tem altos teores de proteína nas folhas, de acordo com o pesquisador. “A gente colhe talos finos e folhas, tritura e deixa secar ao sol para incluir na ração. Mas a moringa também pode ser cortada e fornecida in natura, à vontade, para esses frangos. Ela vai substituir, em parte, o farelo de soja por ser uma forrageira proteica”, afirma. Frederico ressalta as qualidades da moringa, cuja proteína se assemelha muito à de origem animal.
“Ela é considerada um alimento de alto valor biológico – inclusive para humanos. É recomendada para mulheres em lactação, para pessoas com deficiência de proteína e até deficiência de minerais, porque é um alimento muito rico em ferro e cálcio”. Utilizando tanto a moringa quanto a mandioca, Frederico ressalta os benefícios nos gastos com a alimentação dos animais. “A mandioca que seria jogada fora se transforma em matéria prima. A única despesa que o produtor vai ter é com a própria mão de obra. O equipamento utilizado também é simples e muito econômico. E a moringa, que é fácil de produzir, pode ser usada para alimentar vários outros animais – cavalos, bovinos, suínos, caprinos. Então, o custo é muito baixo”.
Nicoli Dichoff Jornalista - MTb 3252/SC Embrapa Pantanal/ Corumbá - MS Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa nicoli.dichoff@embrapa.br Fone: +55 67 3234-5957 | Skype: nicoli.dichoff www.embrapa.br/pantanal
41
Christiano Bortolotto é empossado no cargo de presidente da Aprosoja/MS
No dia 13 de fevereiro, em Campo Grande, Christiano Bortolotto tomou posse como presidente da Aprosoja/ MS- MS – Associação dos Produtores de Soja de MS, mas já presidia interinamente o cargo desde agosto de 2015, no lugar de Mauricio Saito, que atualmente é o presidente do Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS. “Nós estamos aqui para dar continuidade ao brilhante trabalho que foi desenvolvido pelas gestões anteriores da Aprosoja/MS. É um grande desafio assumir a responsabilidade de fazer com que a nossa agricultura seja cada vez melhor, mas juntos vamos dar conta. Eu tenho certeza que os nossos trabalhos serão transformados em ações realizadoras para o desenvolvimento econômico e social do nosso estado”, declarou Bortolotto. Integram a diretoria eleita por unanimidade em novembro do ano
42
Revista Produção Rural
passado, o vice-presidente, Sergio Luiz Marcon; junto aos diretores administrativos, André Figueiredo Dobashi e Luis Carlos Seibt; diretores financeiros, Rodrigo Ângelo Lorenzeti e Thaís Carbonaro Faleiros, além dos diretores regionais Jorge Michelc, Lucio Damalia, Juliano Schmaedecke e Roger Azevedo Introvini; os conselheiros Almir Dalpasquale, Antônio de Moraes Ribeiro Neto e Jaasiel Marques da Silva e os suplentes,César Roberto Dierings, Heberton José Andrade e Paulo Renato Stefanelo. A Aprosoja/MS é uma entidade que representa os agricultores sul-mato-grossenses, constituída por produtores rurais
ligados às culturas de soja, milho e outros grãos e cereais de Mato Grosso do Sul. Criada em 28 de agosto de 2007, a entidade representa direitos, interesses e deveres dos produtores de grãos, desenvolvendo ações e projetos que visam o crescimento sustentável das cadeias produtivas do setor no Estado.
Registro de produto de origem animal será mais rápido A novidade engloba o registro do rótulo, a composição e o processo de fabricação do alimento O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou mais uma medida no seu processo de desburocratização da gestão. Decreto da Presidência da República, publicado dia 23/2 no Diário Oficial da União, permite a concessão automática do registro dos produtos de origem animal (carnes, mel, ovos, pescados e derivados) com regulamentos técnicos específicos. A novidade engloba o registro do rótulo, a composição e o processo de fabricação do alimento. Atual-
mente, o procedimento demora, em alguns casos, até oito meses. Com a mudança, a obtenção do registro será instantânea, e o Mapa terá mais tempo para se dedicar à fiscalização. “Esse ajuste representa um avanço necessário para beneficiar a agroindústria”, disse o secretário de Defesa Agropecuária, Luís Rangel, ao falar sobre a edição do Decreto nº 8.681, que modifica o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal, aprovado pelo Decreto nº 30.691, de 1952. Essa medida se
destina às empresas do setor agropecuário vinculadas ao Serviço de Inspeção Federal (SIF). De acordo com o diretor do Departamento de Fiscalização de Produtos de Origem Animal (Dipoa), José Luis Vargas, o ministério desenvolverá, em até 90 dias, um sistema para fazer a concessão instantânea do registro. A alteração, acrescentou ele, deve simplificar a concessão do registro de cerca de 90% dos produtos de origem animal. O Mapa aprova, por ano, entre 30 e 35 mil produtos.
Fonte: www.brasil.gov.br 43
Câmara de insumos cobra definição sobre o seguro rural Representantes do Ministério da Agricultura ouviram críticas, especialmente em relação ao orçamento
A Câmara Temática de Insumos Agropecuários, vinculada ao Ministério da Agricultura, cobrou dia 22/2, do governo, rapidez na definição dos recursos para subvenção do seguro rural. Em reunião, o presidente da Câmara, Luiz Antonio Pinazza, e outros integrantes criticaram o programa de seguro rural, apontando cobertura limitada e custo alto ao produtor. A avaliação do grupo é de que a indefinição acerca do orçamento, que teve o contingenciamento e programação divulgados na última sexta-feira (19/2), deixam o produtor do milho safrinha “no escuro”. O
Broadcast Agro teve acesso à parte da reunião, realizada na sede do Ministério da Agricultura. O diretor do Departamento de Crédito, Recursos e Riscos do Ministério, Vitor Ozaki, ouviu críticas de que os bancos fazem venda casada e estipulam prêmios de risco onerosos ao produtor. Ao rebater as críticas, ele enfatizou que o governo não comercializa produtos e que condições de oferta do seguro podem melhorar com aumento da concorrência entre instituições. Ozaki afirmou ainda que os prêmios de risco são definidos por cada seguradora, que tem sua própria
matriz de risco e avalia como melhor colocar o produto no mercado. Pinazza pediu celeridade na definição do orçamento para o seguro, já que o governo definiu um contingenciamento e ainda não ficou claro como isso afetaria o seguro e outras operações subsidiadas na agropecuária. “Está na hora de saber qual é o orçamento de fato. O milho safrinha, por exemplo, está no escuro”, disse. Ozaki afirmou que ainda não há definição porque o contingenciamento foi anunciado no final de fevereiro.
Fonte: Globo Rural 44
Revista Produção Rural
A dois meses do prazo do CAR, MS só tem 15% das propriedades inscritas De 80 mil produtores, menos de 12 mil já se inscreveram no cadastro que é obrigatório e o primeiro passo para qualquer licença ambiental Termina no dia 5 de maio de 2016 o prazo para que proprietários rurais de todo o País façam sua inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR). A menos de 70 dias do encerramento do período de adesão, menos de 15% dos donos de imóveis rurais de Mato Grosso do Sul já se inscreveram no sistema, conforme apontou o diretor de Licenciamento Ambiental do Instituto de Meio Ambiente do estado (Imasul), Ricardo Eboli Ferreira Gonçalves. A três semanas do fim do prazo, MS só tem 5,2% de inscritos no CAR. Segundo Gonçalves, o levantamento mais recente do Imasul aponta que menos de 12 mil proprietários, de um total de aproximadamente 80 mil no Estado, já se cadastraram no CAR. “Destes, pelo menos 3 mil inscritos se enquadram no perfil de pequenos proprietá-
rios, que são aqueles que possuem áreas com até quatro módulos fiscais. O número total de adesões até agora está muito aquém da nossa expectativa, que era chegar a esse período com 50 mil ou 60 mil inscritos”, aponta. O diretor do Imasul aponta que o governo estadual em parceria com diversas instituições e entidades do setor produtivo está promovendo uma série de eventos, como palestras, por exemplo, para alertar os proprietários rurais quanto a necessidade do cadastro e a proximidade do fim do prazo de inscrição. “Precisamos que o proprietário rural que ainda não fez sua adesão, se conscientize e faça o quanto antes esse registro. Sem ele suas atividades podem até ser inviabilizadas”, alerta. Gonçalves diz que sem o CAR o proprietário pode ficar impedido
de fazer transações imobiliárias que envolvam o imóvel rural, como a venda, por exemplo, não poderá acessar crédito oficial para o custeio de safra, no caso dos agricultores, e se for pecuarista terá dificuldade até para comercializar seu rebanho, já que alguns frigoríficos anteciparam que por conta da sustentabilidade da atividade não vão comprar animais de propriedades que não tenham esse cadastro. “O produtor que tiver algum passivo ambiental e está receoso em fazer a adesão ao CAR não precisa se preocupar. Tem que fazer o registro, não deixar passar o prazo, porque depois o órgão ambiental vai discutir com ele a melhor alternativa para que ele regularize essa situação”, destaca.
no Estado. Conforme o Imasul para que o produtor rural tenha acesso ao CAR ele precisa antes fazer um cadastro prévio no Sistema Imasul de Registros e Informações Estratégicas do Meio Ambiente (Siriema).
O prazo de cadastramento vai até 5 de maio de 2016 e o registro no CAR é o primeiro passo para a obtenção de qualquer licença ambiental para uso ou exploração dos recursos naturais das propriedades rurais.
Obrigatoriedade do CAR O registro no CAR é obrigatório. No sistema os produtores devem declarar as informações ambientais de suas propriedades rurais. Os dados vão possibilitar o controle, monitoramento e planejamento ambiental
Fonte: g1.globo.com 45
AGRONEGÓCIO E PREOCUPAÇÕES JURÍDICAS PARA OS INVESTIMENTOS PEDRO PUTTINI MENDES, Advogado no agronegócio, palestrante e professor de Direito Agrário, ex-presidente da Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócio da OAB/MS.
O agronegócio merece atenção permanente com os assuntos jurídicos e engana-se o produtor rural ou a empresa do agronegócio que trata do assunto como se fosse de conhecimento exclusivo dos profissionais das áreas jurídica, ambiental ou contábil, sendo necessário classificar informações desde o momento da compra ou arrendamento de uma propriedade rural, onde não se mostra suficiente apenas auxílio de um corretor de imóveis para concretizar o investimento em uma nova propriedade rural, pois porteira adentro a preocupação deve sempre existir, incluindo passivos que ali já estavam, por exemplo, passivos ambientais, trabalhistas, tributários e de outra natureza que possa trazer insegurança jurídica impacto ao negócio futuramente. A segurança jurídica na aquisição das propriedades rurais ou simplesmente no arrendamento delas é essencial para evitar problemas
46
Revista Produção Rural
futuros, devendo o investidor e pretenso produtor rural tomar conhecimento sobre vários aspectos que envolvem a propriedade rural porteira adentro, no que se destaca a regularização contratual, fundiária, ambiental, trabalhista e tributária. Um produtor consciente sobre a regularização contratual deve estar ciente sobre as consequências de não buscar auxílio para garantir que, no contrato de compra e venda – não aquele que se busca através de modelos prontos na internet ou com um profissional não gabaritado para tanto – sejam separadas as obrigações pretéritas para quem está vendendo, das obrigações futuras de quem está comprando, responsabilizando nas obrigações pretéritas aqueles passivos porteira adentro que, porventura acompanhem o negócio jurídico, assegurando ainda o cumprimento de obrigações que lhe garantam o direito de proprie-
dade, a plena posse do imóvel e sua entrega nas condições combinadas. Por fim, é aconselhável que se descrevam as condições de entrega das benfeitorias existentes no imóvel rural que se pretende investir. Além disso, quando se fala nos arrendamentos rurais a falta de cuidados nos instrumentos contratuais, pode acabar responsabilizando ambientalmente o arrendador pela má utilização do imóvel pelo arrendatário, quando não especificadas as condições para obtenção dos licenciamentos ambientais, utilização correta das dependências da propriedade para fins de retirada de recursos naturais, caça, pesca e outras atividades alheias ao arrendamento, sem contar os prejuízos não ressarcidos com estradas má conservadas, correções de solo e descarte indevido de resíduos. Já no que se fala sobre regularização ambiental no momento
da aquisição ou arrendamento de uma propriedade rural, destaca-se uma preocupação com a análise dos documentos que comprovam a ausência de passivos ambientais nas áreas protegidas pela legislação, ou seja, as Reservas Legais, Áreas de Preservação Permanente e Áreas de Uso Restrito, recomendando a análise do Cadastro Ambiental Rural, os Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), Projetos de Recuperação de Área, propondo as medidas corretas para solução destes problemas e também projetos economicamente viáveis e sustentáveis para o melhor aproveitamento da propriedade rural. A regularização fundiária, por sua vez, voltada tanto à compra quanto ao arrendamento de propriedades rurais, reflete um grande problema, poucas vezes observados, nas matrículas imobiliárias que estão nos cartórios de registros de imóveis, sendo o principal documento de comprovação do direito de pro-
priedade livre e desembaraçado de quaisquer ônus. As matrículas, por vezes, permanecem sem as devidas atualizações cadastrais, causando transtornos de alto custo para o próximo adquirente, quem deverá promover toda a sequência de registros, como determina a lei de registros públicos, o que dependerá, não só do custeio de tais custos de cartório, como também de uma série de documentos que comprovem todo o histórico, Por fim, no que se refere à regularização trabalhista das propriedades rurais, um produtor rural preocupado com o que encontrará porteira adentro, deverá conhecer por completo a situação funcional de cada trabalhador ali instalado, como também a quitação das verbas trabalhistas de cada um deles, evitando ser penalizado por estes passivos pretéritos, já que estará assumindo o comando deste novo negócio rural. Além disso sempre deverá atentar-se às temidas
Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego – NR’s – pois trazem obrigações ao empregador e ao empregado nas condições de manutenção do ambiente de trabalho com a utilização de equipamentos de proteção individual – EPI’s – como também nos padrões mínimos de construção das estruturas de trabalho e alojamento dos empregados. Portanto, o que se percebe, é que nos negócios rurais, desde a aquisição ou arrendamento de uma propriedade, não podem mais serem tratados com amadorismo ou apenas nas relações de confiança, antigamente conhecido por negócios feitos no “fio do bigode”, evitando prejuízos imensuráveis se deve tomar o máximo de cuidado e conhecer o máximo de informações jurídicas para garantir segurança, produtividade e sustentabilidade, naquele perfeito trinômio que une economia, meio ambiente e recursos humanos.
47
Agronegócios: Gestão, Inovação e Sustentabilidade Autores: Luis Fernando Soares Zuin, Timotéo Ramos Queiroz Editora: Saraiva Didáticos Nos últimos anos, os expressivos avanços obtidos no agronegócio brasileiro deram a essa área um reconhecimento público quanto ao seu potencial produtivo e seu poder econômico. No entanto, a divulgação das informações relacionadas a esse tema complexo não se dá na mesma proporção da compreensão do público com que ele se relaciona, o que gera inúmeras dúvidas, como “o que é, quem o compõe, como se organiza e como gerenciá-lo”. Tais perguntas apenas suscitam o debate, mas não o finalizam. Agronegócios: gestão, inovação e sustentabilidade traz à tona essas e outras questões, levando o leitor a compreender a complexidade do tema, seus atores, suas interações, seus significados e seus sentidos. O livro revela um conjunto de conteúdos que propiciam a construção de um entendimento profundo, multidisciplinar e sistêmico sobre os principais temas que envolvem o agronegócio brasileiro, e, além disso, mostra como a produção de alimentos, combustíveis, fibras, entre outros produtos, pode influenciar seu cotidiano.
Agronegócio Organizador: Antônio André Cunha Callado Editora: Atlas 4ª Edição Este livro apresenta uma perspectiva contemporânea a partir de uma exposição clara e didática sobre os principais fundamentos relacionados à gestão de empresas no agronegócio. São abordados tópicos relacionados aos produtos e mercados inerentes ao agronegócio no contexto atual da economia brasileira, bem como suas relações com o ambiente internacional. Também são descritas as principais ferramentas de gestão empresarial aplicadas às organizações agroindustriais, caracterizando as tendências de modernização do agronegócio, bem como a crescente exigência por padrões de eficiência cada vez maiores no que se refere à gestão de pessoas, gestão de custos, auditoria, gestão ambiental, teoria dos jogos e mercados futuros.
Fundamentos de Agronegócios Autor: Massilon J. Araújo Editora: Atlas 4ª Edição O trabalho expõe conceitos básicos e princípios gerais fundamentais ao entendimento do significado de agronegócios. Enfoca temas atuais e de interesse para o setor, como logística, marketing e formas de organização da produção. Também descreve os principais segmentos anteriores à produção agropecuária, as características dessa produção propriamente dita, bem como os segmentos posteriores à produção agropecuária, tanto do ponto de vista da produção de bens como da prestação de serviços diversos. Como primeira publicação a tratar especificamente da disciplina Fundamentos de Agronegócios, torna-se obra indispensável ao entendimento do significado de agronegócios e à concretização de análises mais aprofundadas tanto para alunos de graduação e professores de outras disciplinas relacionadas às ciências agrárias como para empreendedores. 48
Revista Produção Rural
Gestão de Sistemas de Agronegócios Organizadores: Décio Zylbersztajn, Marcos Fava Neves, Sílvia M. de Queiroz Caleman Editora: Atlas Livro destinado a estudantes e profissionais interessados nos temas de gestão dos agronegócios. Leitura complementar para os cursos de Gestão dos Agronegócios, Engenharia Agronômica, Medicina Veterinária, Engenharia Agrícola, Engenharia de Alimentos, Zootecnia, Administração Rural, Engenharia Florestal, Engenharia da Produção, Economia, Comércio Exterior, Turismo Rural, Nutrição e Saúde, entre outros que tratam do tema das relações entre a agricultura e a sociedade, bem como para os cursos de pós-graduação, MBAs e cursos de especialização em agronegócios. O conteúdo do livro dá suporte para a elaboração de estratégias por parte de empresários e gestores públicos envolvidos com os negócios agroalimentares, atuando nos setores de insumos, serviços, agroindústrias, produtores rurais, cooperativas e indústrias de base agrícola.
Um Tempo de Ouro - A saga dos Engenheiros Agrônomos graduados pela ESALQ em 1965 Autor: Roberto Rodrigues Nos últimos 50 anos, o agronegócio brasileiro viveu um espetacular processo de avanços em todas as cadeias produtivas e setores especializados, alcançando uma condição de competitividade global nunca antes experimentada, e de forma sustentável. Por trás destes saltos impressionantes está a inestimável contribuição de centenas de homens e mulheres nas universidades, nas instituições de pesquisa e de extensão rural, nas mais diversas trincheiras de antes, dentro e depois da porteira das fazendas em todo o País, e em órgãos de governo ou privado. Este livro procura mostrar um pouco da história do progresso deste setor essencial ao Brasil, e o papel nele desempenhado pelos engenheiros agrônomos formados pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo em 1965, bem como os cenários interno e externo nos quais construíram suas carreiras.
Antes da Rio +20 Autor: Roberto Rodrigues Poucos meses antes da Rio + 20, conferência mundial que reuniria, na cidade do Rio de Janeiro, mais de uma centena de governantes dos quatro cantos do planeta, o Canal Rural, em permanente contato com representantes do campo brasileiro, se deu conta de que não estava claro para todo o setor agropecuário o que o evento representaria em termos de riscos e oportunidades. Dirigentes do Canal Rural trouxeram essa preocupação ao Centro de Agronegócio da FGV. E, como resultado das conversas então tratadas, surgiu a ideia de realizar uma série de entrevistas semanais no Canal Rural, trazendo esclarecimentos definitivos sobre o que representa a Conferência ao discutir o futuro da humanidade sob a ótica da sustentabilidade. Decidiu-se, então, entregar a coordenação das entrevistas ao engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues, veterano defensor das causas legítimas do agronegócio brasileiro. Este livro é o extrato desses diálogos no Canal Rural.
Trabalho Bruto No Canavial - Questão Agrária, Assistência e Serviço Social Autor: Raquel Santos Sant’Ana Editora: Cortez Este livro é uma contribuição no processo de desvendamento das transformações que vêm ocorrendo no mundo do trabalho, com ênfase no mundo rural, com a construção de um novo padrão produtivo, tecnológico e organizacional que intensifica a exploração do trabalho. Na agroindústria, essas mudanças provocam grandes impactos nas condições de vida dos trabalhadores assalariados rurais no corte da cana, trazendo a fadiga, a doença e a morte.
49
: i t p y g e o t i u q Aedes A s o m r e t a b m o c a r a p dicas s i a r u r s e d a d e i r p o em pr 50
Revista Produção Rural
Alguns cuidados simples em áreas rurais podem evitar o surgimento de criadouros do vetor da dengue, chikungunya e zika vírus Por ter capacidade de se proliferar tanto em recipientes naturais como artificiais, o Aedes Aegypti também pode nascer em áreas rurais. Tanto nos sertões do Seridó ou no interior baiano, a chuva em abundância significa lavoura bonita e fartura na mesa. Mas, é justamente nesta época de chuvas é que aumentam os riscos de proliferação do mosquito transmissor de doenças que estão assustando o mundo inteiro. Especialistas da Embrapa e da Emater refutam o uso de plantas para repelir insetos e sugerem o manejo integrado como uma prática mais eficaz de combate ao mosquito. Alguns cuidados simples nas propriedades rurais podem evitar o surgimento de criadouros do Aedes Aegypti. Para falar sobre o assunto, o programa Nossa Terra conversou com o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Francisco Schmitd, que contou quais são esses cuidados. O pesquisador explicou que as residências na zona rural apresentam uma maior possibilidade de proliferação do Aedes Aegypti que na área urbana, isso por conta da atividade agrícola. A diferença, segundo ele, é que as casas estão menos agrupadas, o que não inibe a ocorrência do mosquito. “Existem sim a possibilidade. Nós já verificamos em algumas propriedades rurais do DF a ocorrência dos dois tipos de Aedes”. Francisco Schimidt lembrou que os moradores de áreas rurais devem ter a mesma preocupação dos que moram em áreas urbanas, principalmente em relação à água para-
da. A atenção deve redobrada com os canos, que são muito usados na irrigação. “Às vezes, a pessoa deixa o cano de boca para cima depois de usar. Aí chove e acumula água. Muitas vezes, a pessoa nem sabe que o mosquito está se criando ali dentro. Eu acho até que há mais chance para a ocorrência do mosquito do que na área urbana, já que a área rural é muito mais adensada, o que com que qualquer doença se propague com mais rapidez”. Por outro lado, o pesquisador lembrou que as localidades onde há lagoa com peixes, as pessoas não precisam se preocupar tanto com o Aedes Aegypti, uma vez que os peixes são os próprios predadores do mosquito. Porém, se a pessoa possui em casa uma lagoa artificial, sem algum tipo de peixe, a situação já pode ser perigosa. “Você deve colocar peixes que são barrigudinhos ou piabas para controlar os insetos. Ou, ainda, aplicar o Bacillus thuringiensis israelenses, que é um produto desenvolvido pela Embrapa, que não há contraindicações para os seres humanos ou animais, ou seja, pode ser usado com segurança”. Francisco Schimidt também falou sobre a Crotalária, planta que atrai mosquito transmissor da dengue, e a libélula, que se alimenta das larvas do Aedes. Mas, segundo o pesquisador, não há estudos científicos que comprovem a redução no número de mosquitos por causa da crotalária ou mesmo da cintronela.
Fonte: radios.ebc.com.br
Governo federal distribui sementes para agricultores familiares O governo federal investiu R$ 500 mil para a aquisição de 61,4 toneladas de sementes de milho, feijão e arroz
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Tereza Campello, participou em Vianópolis (GO), de ato de assinatura de contrato de compra e distribuição de sementes por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O governo federal investiu R$ 500 mil para a aquisição de 61,4
toneladas de sementes de milho, feijão e arroz. O evento contou ainda com representantes do Ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da prefeitura, do governo
do estado e do Movimento Camponês Popular (MCP). Nele, ainda houve assinatura de ordem bancária de projetos contemplados em edital Conab/BNDES, de projetos da modalidade Compra com Doação Simultânea do PAA e inauguraç ão de casas do Programa Nacional de Habitação Rural.
Fonte: mds.gov.br
52
Revista Produção Rural
Indústria brasileira de carne bovina terá condições favoráveis em 2016, Setor deverá ter um “ótimo 2016”, estimam analistas do BTG Pactual em recente relatório, mencionando a expansão do mercado internacional como um dos fatores que favorecem esse mercado
54
Revista Produção Rural
O quarto trimestre de 2015 já foi positivo para os setores de carne bovina das empresas Minerva e Marfrig, segundo os analistas Thiago Duarte e Jose Luis Rizzardo, que estimam resultados positivos para estas companhias no período. Em 2016, a indústria brasileira de carne bovina poderá se beneficiar de “uma combinação favorável sem precedentes” de equilíbrio entre oferta e demanda de gado, após ajustes feitos pela indústria, câmbio favorável e crescente demanda
internacional por carne bovina, com abertura de novos mercados ao produto do país, segundo os analistas. Líderes da indústria de carne bovina e especialistas de mercado já haviam afirmado no ano passado que esperavam recuperação na oferta de gado no Brasil em 2016. Ao longo de 2015, o setor enfrentou escassez de boi pronto elevando custos da matéria-prima, ao mesmo tempo em que o consumo estava mais fraco, e fechou dezenas de plantas frigoríficas ao redor do país.
Fonte: www.carnetec.com.br
Abertas consultas públicas para mudança nas normas de pequenas agroindústrias de mel e ovos Mapa vai adequar a legislação para atender à realidade de pequenos produtores Por: Priscilla Mendes
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) abriu consulta pública de 60 dias para que a sociedade envie sugestões ou comentários à proposta que altera normas exigidas a pequenas agroindústrias de mel, ovos de galinha e de codorna e derivados. A pasta vai adequar a legislação atual para dar segurança jurídica aos pequenos agricultores e, ao mesmo tempo, garantir segurança e inocuidade aos alimentos. As consultas públicas foram publicadas no Diário Oficial da União, que também traz as propostas de Instrução Normativa (IN) elaboradas pelo Mapa. O documento esta-
56
Revista Produção Rural
belece os requisitos de equivalência ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) relativos a estrutura física, dependências e equipamentos das pequenas agroindústrias de mel e ovos. O principal objetivo é reduzir cobranças incompatíveis com o tamanho da atividade dos estabelecimentos. Hoje, grande parte desses agricultores desenvolve suas atividades informalmente porque as regras levam em conta apenas a realidade das agroindústrias de maior porte. Todas as pessoas, órgãos e entidades interessadas têm 60 dias para enviar sugestões ou comentários aos canais de comunicação do
Mapa. Ao fim do período, a proposta do ministério poderá ser alterada de acordo com as necessidades apontadas pela sociedade. As mudanças nos requisitos das pequenas agroindústrias de mel e ovos faz parte de uma política do Mapa de desburocratizar e facilitar o trabalho do produtor rural. Outros produtos de origem animal também estão no foco. A consulta pública para os estabelecimentos produtores de leite e derivados se encerrou no último dia 18 e, para os próximos meses, o Mapa planeja contemplar ainda pescados, embutidos e aves.
Requisitos A proposta do Mapa define como pequeno estabelecimento aquele que recebe para processamento no máximo 2.400 ovos de galinha ou 12 mil ovos de codorna por dia. Para o mel, o limite é de 40 toneladas de mel processados por ano. Em ambos os casos, a agroindústria deve possuir área útil construída de
até 250 metros quadrados. As instruções normativas propostas não abrem mão do rigor sanitário, mas flexibilizam algumas normas para atender à realidade dos pequenos produtores. Determina que os estabelecimentos tenham condições higiênico-sanitárias compatíveis com trabalhos de inspeção
sanitária, manipulação de matérias-primas, elaboração de produtos e subprodutos e higienização. Traz ainda, de forma detalhada, exigências em relação às características físicas, condições de temperatura e ventilação e material a ser utilizado em paredes, tetos e pisos.
nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Divisão de Normas Técnicas da Coordenação-Geral de Programas Especiais, do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, da Secretaria
de Defesa Agropecuária - DNT/CGI/ DIPOA, Esplanada dos Ministérios Bloco D - Anexo A - Sala 414 A - CEP 70.043-900 - Brasília - DF.
Contato Sugestões ou comentários sobre as instruções normativas relativas às pequenas agroindústrias de mel e ovos devem ser enviadas para o endereço eletrônico dnt.dipoa@ agricultura.gov.br ou para o Mi-
Fonte: www.agricultura.gov.br 57
Safra deve superar 101 mi de toneladas Os efeitos do fenômeno El Niño, que levou seca para algumas regiões e excesso de chuvas a outras, não devem barrar um novo recorde na safra brasileira de soja Por: Nayara Figueiredo
Os efeitos do fenômeno El Niño, que levou seca para algumas regiões e excesso de chuvas a outras, não devem barrar um novo recorde na safra brasileira de soja. Especialistas da Agroconsult projetam uma colheita de 101,6 milhões de toneladas, alta de 5,6% em relação a 2014/ 2015. O levantamento, realizado a campo supera até mesmo a última expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que trabalha com 100,93 milhões de toneladas para o ciclo de 2015/ 2016, contra 96,22 milhões registradas na temporada anterior. A área plantada foi revisada para 33,2 milhões de hectares, 3,6% maior. As principais revisões positivas se concentraram no Centro-Oeste. Em Goiás e Mato Grosso do Sul, as produtividades foram revisadas em função do bom potencial das lavouras. Já no Mato Grosso, em especial no Médio-Norte do estado, a irregularidade do clima causou prejuízos e trouxe grande
58
Revista Produção Rural
variação na produtividade das lavouras, porém em menor escala do que os técnicos esperavam , informam os especialistas do Rali da Pecuária, expedição promovida pela Agroconsult, por meio de nota. Segundo a consultoria, os riscos de perdas concentram-se no Matopiba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia) e Leste de Goiás, onde o calendário é mais atrasado e ainda há boa parcela das lavouras em período crítico de desenvolvimento, precisando de chuvas para garantir o potencial produtivo. Outra região com problemas potenciais decorrentes da escassez de chuvas é o Leste do Mato Grosso, que está sendo avaliado esta semana. Em relação ao milho, a perspectiva para a safra verão é de 28,5 milhões de toneladas, volume 5,1% inferior ao da safra passada, com redução de 6,8% na área plantada, chegando a 5,7 milhões de hectares. Na safrinha, os números também foram revisados para 58,8
milhões de toneladas, com alta de 7,7% sobre a safrapassada. A área plantada deverá registrar crescimento de 11,6%, chegando a 10,7 milhões de hectares.
Vendas externas
A consolidação destes resultados tende a dar fôlego para avanço nos embarques da commodity. Além da alta na produção, vamos comemorar também em 2016 mais um recorde de exportação de soja, que deverá atingir 57 milhões de toneladas, contra 53 milhões de toneladas no ano passado, afirma o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, em nota. Nesse cenário, o executivo acredita que os portos do Norte e Nordeste serão os grandes responsáveis pelo escoamento do montante extra.
Brasil e México devem concluir negociações de acordo comercial este ano
Ministério da Agricultura busca ampliar o acesso dos produtos agrícolas ao mercado mexicano Brasil e México negociam a ampliação do Acordo Complementação Econômica nº 53, conhecido como ACE 53. As novas rodadas de discussão estão marcadas para abril deste ano. Segundo Gustavo Domingues, coordenador geral de negociações Comerciais Regionais e Bilaterais do Ministério da Agricultura, o acordo - com aproximadamente 800 linhas tarifárias - está vigente desde 2002, e ainda não tem uma participação expressiva no total das exportações brasileiras agrícolas, que atingiram US$ 207 milhões em 2014. Hoje, o Brasil é responsável por apenas 0,74% das importações agrícolas mexicanas, o que corresponde a cerca de US$ 28 bilhões (2014). Esse valor coloca o México como o
nono maior importador mundial e o único entre os grandes importadores agrícolas a apresentar uma participação irrisória de produtos brasileiros no seu mercado. Segundo Domingues, o México possui alíquotas de importação elevadas no setor, com média tarifária de 17,6%, picos de 125% (como carnes de frango), e várias alíquotas específicas (como lácteos, açúcar, cacau), o que simplesmente exclui diversos produtos de seu mercado. Outro fator que prejudica as exportações brasileiras é o desvio de comércio causado pelo NAFTA (North American Free Trade Agreement ou Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) na origem das importações agrícolas. O NAFTA é um bloco econômico
formado pelos Estados Unidos, Canadá e México e foi criado em 1994. Cerca de 73% das importações mexicanas são dos EUA. O Ministério da Agricultura vem se dedicando a reverter esse quadro. Além das discussões com o México para o ACE 53, a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio tem avançado em discussões fitossanitárias com o país. Recentemente habilitou as exportações brasileiras de carne de peru e frango. “Mas as elevadas alíquotas persistem, e há necessidade de avanços para que o comércio entre as duas principais economias da América Latina não se restrinja a poucos setores”, diz Gustavo Domingues.
Fonte: www.noticiasagricolas.com.br 60
Revista Produção Rural
Câmbio favorável não impede queda de 12% nas exportação nacional de máquinas em janeiro As exportações brasileiras de máquinas recuaram 12,1% segundo números divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamento
As exportações brasileiras de máquinas recuaram 12,1% em janeiro sobre o mesmo mês do ano passado, segundo números divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). A receita com as vendas externas foi de US$ 509 milhões e a entidade observou, em material divulgado, que o câmbio favorável à exportação ainda não se reflete no desempenho. Os dados da Abimaq apontam que a maior queda nas exportações no mês passado sobre janeiro de 2015 ocorreu no segmento de máquinas para petróleo e energia renovável, com 67% de recuo. A segunda área com pior desempenho foi o de máquinas para agricultura,
com vendas 43,2% menores, e a terceira foi a de máquinas para logística e construção civil, na qual as exportações recuaram 37,3%. Também caíram, em 23,8%, as vendas internacionais de máquinas para infraestrutura e indústria de base, e em 10,7% as exportações de componentes para a indústria de bens de capital. Só subiram as vendas externas de equipamentos para bens de consumo, com avanço de 366% sobre o primeiro mês de 2015, e as de máquinas para a indústria de transformação, com crescimento de 54,1%. A região do mundo que mais comprou máquinas e equipamentos do Brasil no período foi a América Latina, com US$ 173,11 milhões,
seguida pela China, com US$ 98,7 milhões, por Europa, com US$ 95,6 milhões, e Estados Unidos, com US$ 71,9 milhões. Exceto para a China, para todas essas outras regiões do mundo as vendas recuaram. A indústria de bens de capital também teve queda na receita líquida total de janeiro, que ficou em R$ 4,1 bilhões. O recuo foi de 35% sobre o primeiro mês de 2015. “Este resultado mostra não só o baixo nível de investimento no mercado doméstico que no período (jan15/ jan16) recuou 55,9%, mas também a falta de dinamismo do setor no mercado externo”, afirma o material divulgado pela Abimaq.
Fonte: ANBA 61
Receita com exportações de celulose aumenta 16% em janeiro O faturamento das fabricantes brasileiras de celulose com exportações cresceu 16% em janeiro na comparação com o mesmo período de 2015
O faturamento das fabricantes brasileiras de celulose com exportações cresceu 16% em janeiro na comparação com o mesmo período de 2015. No mês, o País vendeu 959 mil toneladas da commodity para o mercado externo, em um total de US$ 492 milhões. De acordo com os dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), o superávit da balança comercial do
produto aumentou 17,6% no mês passado ante janeiro de 2015, chegando aos US$ 462 milhões. A produção da celulose também se expandiu, 9,2%, para 1,592 milhões de toneladas. Os embarques para a China, maior comprador da commodity brasileira, somaram cerca de US$ 184 milhões em janeiro, 13,6% a mais do que no ano passado. O fa-
turamento com as vendas para os Estados Unidos, por sua vez, alcançaram US$ 51 milhões, uma alta de 13,3% na mesma comparação. A América Latina e outros países da Ásia surpreenderam, com um crescimento de 250% e 103,4% nas compras de celulose brasileira. A Europa foi a única região a apresentar declínio anual, de 2,8%.
não acompanhou o cenário de vendas e recuou 2,5% na comparação anual. Os papeis de imprensa foram os que apresentaram a maior queda, de 27,3%, seguidos pelas embalagens, que caíram 3%. É possível que a produção de papel sofra com mais uma pressão. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacio-
nal), Levi Ceregato, encaminhou cartas aos dirigentes da Ibá para manifestar sua preocupação com o aumento de 24% do insumo. Segundo ele, o aumento deve levar a reajustes dos preços de itens fundamentais como livros, revistas e embalagens de papel-cartão.
462 metros cúbicos. O consumo aparente do produto caiu 19,1%. Os embarques do segmento renderam US$ 13 milhões no período,
8,3% a mais do que em 2015. Juntos, os três produtos tiveram alta de 9,9% nas receitas com exportações, que chegou a US$ 646 milhões.
Papel As vendas de papel, em volume, também cresceram no mês passado, tanto no mercado interno como no externo. A alta, de 2,6% no Brasil e 1,3% no exterior, foi puxada sobretudo pela quantidade maior do segmento para imprimir e escrever no País e pelo aumento da exportação de embalagens. A produção do setor, no entanto,
Painéis de madeira No setor de painéis de madeira, as vendas domésticas recuaram 18,8% no mês passado, de 569 mil metros cúbicos em janeiro de 2015 para
62
Revista Produção Rural
Proprietários rurais enfrentam dificuldades para aderir ao CAR
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) constatou que os proprietários de imóveis rurais, em muitos estados da federação, enfrentam dificuldades técnicas para aderirem ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), cujo prazo para adesão expira no próximo dia 5 de maio. No Nordeste, por exemplo, os pequenos produtores rurais precisam superar obstáculos para cumprimento das exigências legais. Nos onze estados da região o índice de adesão ao CAR, até agora, é de apenas 37,7%. Os números mais recentes divulgados pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), órgão do Ministério do Meio Ambiente (MMA), mostram que, dos 5,1 milhões de propriedades rurais existentes no país, apenas 2,2 milhões de estabelecimentos já se cadastraram no sistema do CAR, até último mês de janeiro. A CNA alerta que os produtores rurais com passivo ambiental poderão enfrentar problemas nos casos do não cumprimento das normas
64
Revista Produção Rural
de proteção da vegetação nativa em Áreas de Proteção Permanente (APPs); de Reserva Legal (RL); e nas Áreas de Uso Restrito (AUR). A proibição de acesso ao crédito agrícola, dentre outras medidas, deverá acontecer a partir de maio de 2017. “O desafio é realizar em três meses o que deixou de ser feito em um ano e meio”, assinala Nelson Ananias, coordenador do Núcleo de Sustentabilidade da CNA. EXIGÊNCIAS LEGAIS - No caso das APPs, as normas estabelecem exigências como um mínimo de preservação ambiental, conforme previsto no Programa de Recuperação Ambiental (PRA), que define a forma de recuperação do eventual passivo ambiental, respeitando as características regionais. Já em relação às RLs, a recuperação é obrigatória. No entanto, a legislação permite compensação fora da propriedade ou por meio da flexibilização das formas de recuperação ambiental da
área afetada. No que diz respeito às AUR, as normas consolidam as atividades de culturas perenes, pastagens e áreas alagadas. Com o objetivo de permitir que os proprietários de imóveis rurais possam fazer a adesão ao CAR, com mais facilidade e informações detalhadas, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), órgão integrante do sistema CNA, oferece em seu portal de educação a distância (ead.senar.org.br) um curso gratuito, ensinando o passo a passo do CAR. O curso Cadastro Ambiental Rural é livre e pode ser feito por qualquer pessoa com 18 anos de idade ou mais. PONTOS CRÍTICOS - A legislação que define o CAR, segundo a CNA, é complexa e exige condições que dificultam a declaração, pelo proprietário de imóvel rural. Além disso, existem obstáculos adicionais importantes a serem superados. A situação mais preocupante diz respeito ao acesso à internet,
especialmente nas áreas rurais e naqueles municípios onde o acesso é precário devido a problemas de infraestrutura, logística e desenvolvimento tecnológico. Essa situação é mais grave nos estados do Nordeste. O sucesso do CAR e o cumprimento das metas fixadas pelo no novo Código Florestal, em vigor desde 2012, dependerão do alcance das
informações obtidas pelo produtor rural e da remoção dos principais obstáculos para que a declaração seja feita pela internet, especialmente na transmissão dos dados. Vale lembrar que, segundo a Lei 12.651, (Código Florestal), estabelece que os proprietários de imóveis rurais de até 4 módulos fiscais – cujo tamanho varia de acordo com cada município -, deverão re-
ceber auxílio direto dos governos estaduais na captação das coordenadas geográficas. Nesses casos, os produtores rurais deverão se dirigir às secretarias estaduais de Meio Ambiente, ou a órgão correspondente, protocolando solicitação formal de apoio técnico para que possam fazer o cadastramento de sua propriedade.
Entendendo os termos do Código Florestal: APP – Área de Preservação Permanente: Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo de espécies de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. UCs - Unidades de Conservação: Espaço territorial e seus recursos ambientais, com objetivos de con-
servação e limites definidos ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Podem ser de uso sustentável ou proteção integral. Matas Ciliares: Vegetação que é adjacente ao curso de água e pode fazer parte da APP de curso de água. O termo refere-se ao fato de que ela pode ser tomada como uma espécie de “cílio” que protege os cursos de água. ARL: Área de Reserva Legal: Área localizada no interior de uma pro-
priedade ou posse rural com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. Área de Uso Restrito - São os pantanais e planícies pantaneiras, além das áreas com inclinações entre 25° e 45°.
Fonte: www.canaldoprodutor.com.br 65
MARKETING
RURAL
Toyota Hilux 2016 A nova Hilux é oferecida em seis versões, para perfis diferentes de cliente, seja trabalho, lazer ou multiuso. Há opção de chassi-cabine 4x4 com câmbio manual; Standard 4x4 cabine simples (CS) ou dupla (CD) com câmbio manual; SR; SRV e nova top de linha SRX. Essas três últimas versões são sempre com tração integral e câmbio automático de seis velocidades. O novo motor 2.8 oferece até 177 cavalos de potência e 45.9 kgfm de torque na versão automática. Informações: www.toyota.com.br
Chevrolet S-10 High Country As principais novidades da High Country são estéticas. Os faróis ganharam máscara escurecida, assim como as rodas de 18 polegadas, que também são pintadas em tons escuros. Além disso, a picape passou a contar com apliques no para-choque dianteiro e novos estribos laterais. Porém, o destaque fica para o santoantônio exclusivo e uma inédita capota marítima. Estes são os itens responsáveis por aumentar a sensação de robustez do modelo. Há, ainda, frisos cromados na base dos vidros e na maçaneta da tampa traseira, lanternas em LED e rack de teto. Outra novidade é a cor vermelho Chili, que passa a ser oferecida pela primeira vez na linha S10. Há, ainda, as opções de pintura em branco, cinza, preto e cinza Graphite. Informações: www.ofertaschevrolet.com.br
Jeep Renegade O Jeep Renegade é um SUV que chegou para você fazer mais viagens, criar novos atalhos, com motor flex ou diesel e câmbio automático de 9 marchas e opção de tração 4x4, com excelente nível de conforto conta com ar-condicionado Dual Zone, sistema multimídia Uconnect e ainda duas opções de teto solar. Apresentando mais de 70 itens de segurança, o Jeep Renegade é o primeiro carro nacional avaliado com cinco estrelas para todos os ocupantes, segundo o Latin NCAP. Informações: www.jeep.com.br
Toyota SW4 Com identidade própria, a Toyota apresenta a nova SW4 sua mais nova SUV, destacada pelo design externo e interno reestilizados, mais conforto, equipamentos, motor e transmissão inéditos, além de completo sistema de segurança. A capacidade off-road, uma de suas marcas registradas, também foi aprimorada. Informações: www.toyota.com.br
Fiat Toro A inédita picape de porte médio da marca “estreia um novo segmento no mercado”, chamado de Sport Utility Pick-up (SUP), “picape utilitária esportiva”, segmento que tem tudo para crescer, pois apresenta veículo de porte intermediário, que fica entre as pequenas e as grandes picapes. Com versões de motores flex e diesel e tração 4x2 e 4x4, apresenta diversos itens de conforto e segurança, a proposta é oferecer o conforto ao dirigir de um SUV com a comodidade das picapes. Informações: www.fiat.com.br 66
Revista Produção Rural
Nova Zelândia oferece bolsa de estudos em agricultura e energia renovável para estudantes da América Latina Candidatos interessados nas vagas para mestrado e especialização podem se inscrever até dia 30 de abril
Latinos americanos interessados em estudar na Nova Zelândia, nas áreas de agricultura e energias renováveis, têm até o dia 30 de abril para realizar as inscrições no site www.mfat.govt.nz/en/aid-and-development/scholarships. O governo neozelandês está oferecendo bolsas de estudos para mestrado, com duração de até dois anos; e pós-graduação, de até um ano, prioritariamente para candidatos com idade entre 18 e 39 anos. Para se candidatar é preciso ter no mínimo 18 anos, ser cidadão do país do qual você se inscreve, ser residente deste país pelos últimos dois anos e concordar em retornar ao país de origem após a conclusão da bolsa. No curso de mestrado as disciplinas abordadas são: o desenvolvimento da agricultura, gestão de
agrobusiness, economia agrícola, sistemas agrícolas e de gestão, desenvolvimento rural, cadeias de fornecimento e distribuição interna, produção vegetal, pecuária, manejo da cultura, sericicultura (produção de seda), silvicultura, pesca, aquicultura, manejo de pragas agrícolas, biossegurança, biotecnologia, comércio agrícola, produção de alimentos, processamento pós-colheita, armazenamento e embalagem de alimentos e segurança alimentar. Na pós-graduação, os conteúdos são: energia renovável solar, engenharia hídrica e eólica, sistemas de distribuição de energia renováveis. Atualmente, sete brasileiros são bolsistas na Nova Zelândia, em cursos de especialização e mestrado.
Fonte: www.canaldoprodutor.com.br
Carne bovina in natura mais perto dos EUA
68
Revista Produção Rural
A abertura do comércio de carnes com os EUA deverá beneficiar 13 estados brasileiros A liberação das exportações brasileiras de carne bovina in natura aos EUA deverá ocorrer a partir de abril, após a visita de uma equipe do Ministério da Agricultura do Brasil àquele país para inspeções sanitárias e verificações dos padrões americanos de produção. Segundo informações de Washington e Brasília, os primeiros embarques poderão acontecer ainda neste semestre. A liberação mútua do comércio de carne bovina in natura foi acertada durante visita da presidente Dilma Rousseff aos EUA em meados de 2015. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) já mandou uma equipe ao Brasil para fazer as inspeções necessárias, mas ainda tem de enviar ao Ministério da Agricultura brasileiro um questionário com uma série de perguntas complementares sobre o sistema nacional de fiscalização e inspeção. A missão do Ministério da Agricultura vai para os EUA depois disso. Ao mesmo tempo, disse uma fonte do ministério, os dois países negociam um modelo de certificado sanitário para tornar viável o comércio bilateral. O setor privado brasileiro entende que será possível vender anualmente até 100 mil toneladas de carne bovina in natura aos EUA em cinco anos, mas o USDA projeta que, em média, serão 40 mil toneladas por ano. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) estima que, se a abertura ocorrer até junho, as exportações poderão chegar a 30 mil toneladas, ou pouco mais de US$ 100 milhões, no segundo semestre
de 2016. No total, as exportações brasileiras de carne bovina in natura totalizaram 1,1 milhão de toneladas e renderam US$ 4,7 bilhões no ano passado. Quando houver a abertura, o Brasil passará a disputar uma fatia de 65 mil toneladas que é destinada a um grupo de países que não têm cotas específicas nem tarifas mais vantajosas para exportar aos EUA. Segundo o USDA, estão habilitados a exportar carne bovina in natura aos EUA sem taxação México, Canadá, Uruguai, Chile, Costa Rica, Honduras, Nicarágua, Japão, Irlanda, Lituânia, Nova Zelândia e Austrália. Alguns desses países têm cotas mínimas de exportação e, quando ultrapassam seus limites, pagam tarifas. É o caso da Austrália. O país conta com uma cota de 418 mil toneladas por ano e paga uma tarifa de 21,1% sobre o volume que supera essa quantidade. O Uruguai, por sua vez, pode exportar 20 mil toneladas sem a incidência de tarifa, mas acima disso paga uma taxa equivalente a 26% do valor vendido. O país sul-americano costuma superar esse limite e já chegou a exportar 200 mil toneladas por ano. Estima-se que o mesmo poderá acontecer com o Brasil. Um dos pontos favoráveis ao Brasil é que frigoríficos do país já vendem carne bovina processada aos americanos. Com esses canais de negociação ativos, é possível que as vendas de carne in natura sejam acertadas mais rapidamente. E esses frigoríficos também deverão ser beneficiados pela valorização do dólar, que favorece as exportações.
Outro ponto positivo da abertura do mercado americano é que, em meio à crise econômica no Brasil, os produtores nacionais terão um grande mercado para explorar, além de contarem com a possibilidade de que novos mercados sejam abertos após a chancela dos EUA, que é uma referência para diversos países. Atualmente, os EUA importam 1,5 milhão de toneladas de carne bovina in natura por ano, e a tendência é de aumento. Em 2011, por exemplo, foram importadas 933 mil. Já as exportações americanas do produto somam cerca de 1 milhão de toneladas anuais, de acordo com o USDA. Nesse contexto, a abertura americana poderá ajudar o Brasil a reverter a queda em suas exportações de carne bovina, que no ano passado caíram 19,5%% em valor e 12,1% em volume. Os americanos são os maiores produtores e consumidores de carne bovina. Em 2015, produziram 10,9 milhões de toneladas, quase um quinto do total mundial, e consumiram 11,4 milhões, também um quinto do que é consumido no mundo. No país, a preferência é por carnes com pouca gordura, que podem ser utilizadas na produção de hambúrgueres - um dos pratos mais populares dos americanos. A abertura do comércio de carnes com os EUA deverá beneficiar 13 Estados brasileiros (Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe, Tocantins) e o Distrito Federal.
Fonte: Valor Econômico 69
Portos precisam atender expansão do agronegócio, dizem executivos Brasil pode se tornar o maior exportador mundial do agronegócio em 2020 e déficit na capacidade dos portos demanda investimentos
70
Revista Produção Rural
As dificuldades no escoamento da produção brasileira e o consequente déficit na capacidade portuária do País revelam a necessidade de investimentos no setor, especialmente diante do avanço do agronegócio. A avaliação foi feita por executivos que participaram de painel sobre a importância do Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP) em mais uma edição do Diálogos Capitais - Setor Portuário: Oportunidades e Desafios, promovido por CartaCapital. Para Luiz Fayet, consultor de infraestrutura e logística da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), as exportações do agronegócio devem ser vistas como uma alavanca para a recuperação da economia brasileira e o desenvolvimento interno. “A história do Brasil mostra que, há 50 anos, nós éramos importadores de alimentos. Até 2020, se não nos atra-
palharem muito, nós seremos os maiores exportadores mundiais do agronegócio”, afirmou. Olavo Machado, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) e do Conselho de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), concorda. Ele lembrou que, nos portos do Brasil, o tempo de espera para atracar um navio é muito maior que em grandes portos do mundo. “Os problemas de logística afetam a indústria e representam um entrave a um maior dinamismo do comércio externo, em especial as exportações”, disse. O Brasil tem hoje 37 portos públicos e 176 terminais de uso privado com capacidade de oferta de 1,43 bilhão de toneladas ao ano de operação. Entre 2003 e 2014, a demanda portuária cresceu 70% no Brasil, e a expectativa é crescer mais 103% nos próximos 25 anos. Para Fernando Fonseca, diretor-
-geral substituto da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o déficit portuário demanda investimentos da iniciativa privada. “Estudos já demonstraram a necessidade de prover toda essa estrutura portuária para dar vazão e escoamento à produção”, disse. “Uma parceria com o setor privado é essencial”, continuou. De acordo com Vilson João Schuber, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará, a ociosidade e a inoperância dos portos causou prejuízos à região Norte do Brasil durante décadas. “A Amazônia necessita ser reconhecida como integrante do processo produtivo brasileiro. A Amazônia não é santuário, lá vivem cerca de 25 milhões de almas que precisam produzir, ser educados e ter uma condição de vida no mínimo satisfatória”, afirmou.
Fonte: www.cartacapital.com.br 71
A importância do transporte para o bem-estar dos suínos
Quando o manejo do transporte de animais para abate não é bem planejado, o produtor rural pode ter sérias perdas com o aumento da mortalidade dos animais Entre os manejos realizados na granja de suínos, é importante destacar o embarque dos animais para o abate. Quando o manejo do transporte de animais para abate não é bem planejado, o produtor rural pode ter sérias perdas com o aumento da mortalidade dos animais. Sendo assim, e indispensável manter o bem-estar animal em todas as fases de criação. Sem dúvida, o momento do transporte envolve situações que podem ser estressantes tanto para os animais quanto para os humanos. São si-
72
Revista Produção Rural
tuações que ocorrem, principalmente, devido esforço físico, mudança de ambiente e exposição a ruídos. E, no caso de falhas na execução do manejo para embarque, o bem-estar e o processo produtivo dos animais podem ser comprometido, devido ao aumento do estresse, sobrecarga metabólica e ocorrências de lesões que podem, em casos extremos, levar o suíno à morte. O jejum dos suínos, por exemplo, quando de forma inadequada, gera prejuízos tanto para o suinocultor como para a agroindústria, pois re-
duzirá o rendimento da carcaça, assim como causará cortes que alteram a boa qualidade da carne. Por outro lado, quando bem manejado, o jejum pré-abate reduz a taxa de mortalidade durante o transporte, diminui a incidência de regurgitação do suíno (estômago cheio), impede a contaminação da carcaça (rompimento das vísceras cheias durante o abate), diminui os custos de produção (redução do consumo de ração no pré-abate) e diminui os dejetos deixados pelos suínos durante o transporte (redução de quedas).
Em síntese, o bom manejo de transporte de suínos requer: • Planejamento adequado e bem organizado do embarque; • Preparo dos documentos necessários para o transporte dos animais; • Programação do horário definido para o transporte; • Inspeção prévia dos suínos para avaliar suas condições de embarque; • Retirada dos suínos da baia em grupos de dois a três; • Garantia de que rampa de embarque esteja seca, limpa e coberta com serragem; • Obediência à densidade adequada para cada compartimento (0,425m²/100 kg); • Condução dos animais com calma e tranquilidade; • Planejamento do embarque para evitar o contrafluxo; • Disponibilização do número adequado de funcionários para a condução e o transporte dos suínos; • Garantia de acesso fácil à granja, bem como da boa logística para embarcar os animais com rapidez e eficiência; • Planejamento da chegada dos caminhões para evitar atrasos; • Garantia de que o veículo de transporte esteja em boas condições; • Garantia de que os suínos não passem por estresse térmico; • Garantia de que os animais não sofram maus tratos durante o manejo de transporte. Na tentativa de identificar e eliminar as situações que causam esses problemas no bem-estar e na qualidade da carne dos suínos a Embrapa desenvolveu em 2012 o projeto de pes-
quisa “Efeito do manejo pré-abate no bem-estar e a qualidade dos suínos”. Estes resultados, combinados com informações práticas avaliadas em diversas granjas de suínos, proporcio-
naram elementos para o desenvolvimento deste manual de boas práticas de manejo – embarque de suínos para abate. Conheça na íntegra o material desenvolvido pela Embrapa. Fonte: Embrapa 73
74
Revista Produção Rural
Plataformas visam comércio agrícola on-line Nayara Figueiredo
Central Brasileira de Comercialização (CBC) movimentou R$ 2,5 milhões em negócios nos três primeiros meses neste mercado; portal Agroplace espera faturar US$ 400 milhões em dois anos A liquidez de venda dos produtos agropecuários entrou no radar das companhias de comércio eletrônico. Softwares fazem o intermédio entre compradores e fornecedores de todos os portes com o objetivo de otimizar custos operacionais das negociações e alavancar receitas no setor. Disponível no mercado há três meses, a plataforma da Central Brasileira de Comercialização (CBC Negócios) já movimentou cerca de R$ 2,5 milhões no período, o que significa de três a quatro mil toneladas em produtos como farelo de soja, algodão e leite em pó. Mediante um cadastro das empresas do segmento que pretendem fazer aquisições, por exemplo, a ferramenta busca possíveis vendedores para determinado item. Para 2016, o diretor comercial da CBC, Eduardo Fogaça, espera movi-
mentar pelo menos 150 mil toneladas entre commodities e insumos. Hoje existem 800 cadastros ativos e 200 variedades de produtos. A ideia nasceu em 2011, mas a maior parte dos recursos para desenvolvimento foram aplicados nos últimos dois anos, conta o conselheiro da CBC e produtor rural, Sérgio Barroso. Até o momento, a plataforma recebeu R$ 10 milhões em aportes para tecnologia, infraestrutura e treinamento de pessoal. “À medida que demandas de atualização surgirem, temos condições de entrar com novos recursos”, diz. O acesso ainda é feito apenas por meio do website, com expectativa de extensão via smartphone no curto prazo. A tecnologia para esta viabilização faz parte do último guarda-chuva de investimentos.
Para o uso, não é necessário o pagamento de taxas ou mensalidades. “A CBC cobra um percentual sobre negócios fechados, calculado sobre cada transação, com alíquotas que variam conforme os produtos, mas se comparados aos métodos praticados pelo mercado, representam a redução de no mínimo 50% nos custos de operação”, diz Fogaça. Do município de Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul, a representante da agropecuária Bisello, Tatiane Bisello, afirma que começou a realizar pequenos negócios por meio da ferramenta. Ela adquiriu farelo de soja e colou à venda capim Sudão. Tatiane informa que pretende continuar com este tipo de negociação, mesmo que em pequenos volumes para revenda em balcão.
para os clientes que têm planos de ampliar suas vendas para mercados internacionais. Mais do que facilitar a interação entre compradores e vendedores, o portal ajudará os negociadores a conquistar novos mercados com ofertas competitivas. “Isso significa maior margem nas negociações e a venda de produtos de maior valor agregado”, explica o CEO Luis Anderson. Nos negócios internacionais, o alto spread bancário e a volatilidade do câmbio comprimem as margens dos negócios e prejudicam a competitividade dos exportadores e importa-
dores. Neste contexto, a ferramenta oferece um sistema que assegura um câmbio fixo nas negociações, que poderá ficar 1,5 ou 2 pontos acima das taxas praticadas pelo mercado bancário. O serviço é oferecido por meio da parceria com a South Latam Trading Companhia, holding sediada em Londres. “Essa garantia é importante para aumentar o lucro não somente nas operações à vista como nas demais. Favorece as ofertas aos clientes”, comenta Anderson. Com um mês de lançamento, a ferramenta possuía 700 usuários registrados em cerca de 14 países.
Agroplace Lançada há pouco mais de um mês no Brasil, a plataforma de comércio eletrônico Agroplace atua focada no abastecimento de alimentos e bebidas entre empresas. Com 16 categorias principais e quase de 300 subcategorias, incluindo commodities, o site espera alcançar um faturamento em torno de US$ 400 milhões nos próximos dois anos. O processo de inscrição é gratuito e, quando o negócio é fechado, a Agroplace cobra dos vendedores apenas 1% do valor total da transação. A empresa também pretende oferecer serviços como consultoria
75
Produtos de origem vegetal vão ganhar selo de inspeção federal Hoje apenas alimentos de procedência animal têm SIF Por: Priscilla Mendes
Os produtos de origem vegetal terão um serviço de inspeção federal próprio, anunciou o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luís Eduardo Rangel. A pasta encaminhará projeto de lei para instituir a inspeção
76
Revista Produção Rural
de produtos vegetais dentro das fábricas e não apenas do alimento final que chega ao consumidor. A medida foi anunciada durante evento de comemoração ao centenário do SIF, promovido pelo Mapa. Além de homenagear entidades e
fiscais federais agropecuários que fizeram parte da história do serviço, o ministério apresentou um conjunto de ações previstas para 2016 relacionadas à inspeção animal e vegetal. A solenidade ocorreu no Palácio Itamaraty, em Brasília.
Na área vegetal, o Mapa fiscaliza hoje apenas a qualidade do alimento já ofertado ao consumidor e não a forma como ele é produzido, diferentemente dos produtos de origem animal - os quais são inspecionados ainda dentro das fábricas. Com a lei proposta, o ministério poderá avaliar a inocuidade dos produtos ainda dentro das indústrias, como arroz e farinha. O projeto, segundo o secretário, está sendo amplamente debatido com o setor produtivo e vários órgãos do governo federal e será en-
caminhado à Casa Civil em maio. O SIF vegetal, afirmou, é um “sonho antigo”. “Com a lei, poderemos nivelar, harmonizar os processos de inspeção que temos hoje”, disse Rangel. O secretário esclareceu que a inspeção já é feita tanto na área animal quanto na vegetal. “O que estamos deficientes é de uma lei à semelhança da que já existe para os produtos de origem animal”, completou. O Mapa também pretende unificar o símbolo do SIF – tradicional carimbo encontrado em produtos
de origem animal inspecionados. Todos os alimentos vegetais aprovados pelo serviço de defesa agropecuária do ministério passarão a receber o símbolo. “O esforço para garantir a inocuidade dos produtos ocorre para todos, mas os vegetais ainda não têm o símbolo do SIF. É importante que a sociedade veja que, por trás do carimbo, há muito trabalho e ciência, que trazem para a sociedade a certeza de um alimento seguro”, destacou o secretário.
mentos de inspeção nos frigoríficos antes e depois do abate. O Mapa ainda vai alterar a Instrução Normativa 27, que trata da habilitação de estabelecimentos para exportação. Nos meses seguintes, haverá um seminário para discussão sobre a importância do SIF no agronegócio e na segurança do consumidor. Serão publicadas normas de instalações e equipamentos das peque-
nas agroindústrias de leite, mel, ovos e pescados. E novas centrais de certificação vão ser criadas. Em outubro, por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, o Mapa vai promover campanhas de esclarecimento ao consumidor. No mês seguinte, será realizado um seminário internacional de inspeção de produtos de origem animal.
Cronograma Além do envio do projeto em maio, o Mapa programou outras ações em comemoração ao centenário. No final de março vai lançar um manual de inspeção para identificação de espécies de peixes e folhetos de orientação ao consumidor sobre bacalhau. Em abril, uma reunião da Comissão Científica de Patologia vai propor modernização de procedi-
Fonte: www.agricultura.gov.br 77
Setor lácteo comemora publicação de Portaria com critérios para Programa Leite Saudável Publicação define novos critérios para propostas de investimento em assistência técnica e melhoramento genético Para regulamentar os procedimentos de habilitação dos projetos para investimento em assistência técnica, com fins de utilização dos créditos presumidos de PIS e Cofins, prevista no Programa Leite Saudável, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicou a Portaria nº 29, em 17 de fevereiro de 2016. A medida já havia sido solicitada pela cadeia produtiva de leite por conta da inconsistência dos projetos encaminhados ao Ministério pelas agroindústrias desde o lançamento do programa, em setembro de 2015. A portaria define novos critérios para propostas de investimento em assistência técnica, voltada em gestão da propriedade, melhoramento genético, entre outras. A publicação foi comemorada pelos representantes da Câmara Técnica do Leite da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). O coordenador da Produção Integrada da Cadeia Pecuária (CPIP) do MAPA, Rodrigo Dantas, falou sobre os novos critérios e ressaltou a importância de as indústrias ficarem atentas para promover os ajustes nos projetos e garantir os benefícios. “Com a portaria, os produtores terão maior dire-
cionamento para criação dos projetos para melhorar a competitividade do leite brasileiro”, disse Rodrigo. De acordo com a assessora técnica da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Lilian Figueiredo, as indústrias também têm a opção de solicitar a assistência técnica terceirizada, por exemplo, com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), para agilizar o processo e assegurar o recurso estabelecido e beneficiar os produtores rurais vinculados aos seus laticínios. Preço do milho – O aumento do preço do milho nacional tem preocupado os pecuaristas. Os representantes da Agroconsult, André Pessôa e Maurício Nogueira, apresentaram as perspectivas para ao mercado de grãos e de pecuária de leite e deram destaque para o aumento do milho,
que vai impactar no custo da dieta do gado de leite. “O Brasil produziu muito milho e o mercado está aquecido. Porém, a maior parte desse grão está sendo exportada e há muitos contratos de venda antes mesmo da colheita da safra. Isso vai impactar no aumento do preço e consequentemente, no custo da nutrição do animal”, explicou. Câmara Setorial – Os membros da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) também se reuniram para discutir as demandas do setor lácteo. Um dos temas levantados no encontro, realizado em 25 de fevereiro, foi a amostragem de leite em tanques comunitários, bem como a adoção de procedimentos padrão quanto à fiscalização dessa atividade. A ideia é que sejam analisadas amostras por produtor e não por tanque comunitário. Para Rodrigo Alvim, presidente da Câmara e da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, as amostras individuais vão permitir a ampliação da rastreabilidade e garantir mais qualidade ao leite.
Fonte: www.canaldoprodutor.com.br
78
Revista Produção Rural
SONHOS DE CABOCLO Naquele lugarzinho escondido no interior do Paraná havia um pequeno garoto pronto para conhecer as delicias da meninice, mas na realidade começava junto com a infância a responsabilidade dos afazeres rurais, entre brincadeiras e trabalhos começava a despertar seu instinto de mudanças e desafios. Um garoto esperto, como todas as crianças no ápice da infância, ao invés de brincar com um carrinho de rolimã, havia de levantar cedinho e ir para a roça com sua pequena enxada, se desenvolveu no momento em que se encerrava o ciclo do café e iniciava a era da soja e o pequeno garoto participando de todo esse processo,
ao invés de desfrutar da doce infância que se esvaia, trabalhava arduamente, como se adulto fosse. Em seus devaneios esse pequeno infante, ao invés de sonhar com um brinquedo novo, sonhava com uma vida diferente, sonhava em abandonar a enxada e buscar suas realizações em algo mais grandioso. Com os livros nunca teve afinidade, nem com os estudos, mas tinha convicção que não queria a enxada como realização pessoal. Esse caboclinho tornou-se um feliz adolescente, sua convicção mantinha-se firme em seus pensamentos, embora a enxada ainda fosse uma constância em sua vida. Quando adulto, num determinado momento, teve certeza que era a hora de dizer adeus para a enxada e correr atrás de seus objetivos. Deixou sua terra natal e partiu para terras distantes, tendo a certeza que lá nos longínquos rincões estaria sua tão sonhada vida, levou consigo uma companheira, que compartilhava dos mesmos ideais, juntos desbravariam novos horizontes e sepultariam de vez a tão malfadada enxada.
O pequeno garoto tornou-se um homem realmente determinado, lutou bravamente naquelas terras, passou por momentos difíceis e por muitas vezes até dolorosos, mas nunca seu semblante foi de tristeza, a alegria era reinante em sua vida, porque ali estava realizando seus sonhos, conquistando tudo o que almejou na sua sofrida infância. Constituiu uma família, sem sombra da tão temida enxada, demonstrou aos seus descendentes a importância de se ter objetivos e principalmente ensinou a todos que o cerceiam que os sonhos são realizados na medida que lutamos por eles. Hoje o caboclo sonhador acorda com o nascer do sol, o labor diário faz parte de sua rotina, acompanha o pôr do sol, cuidando de suas lavouras, é um caboclo completamente apaixonado por tudo o que conquistou, seu exemplo de vida nos ensina a sermos humildes, persistentes e determinados, com honestidade conquistou cada degrau almejado, e com essa mesma honestidade almeja conquistar muitos outros. Os sonhos do caboclo estão se realizando, sua alegria é contagiante, olha seu passado com orgulho, sua determinação, invejável e sua vida um exemplo a ser seguido, e tudo isso graças àquela velha enxada abandonada num cantinho naquela roça.
Vera Lúcia Palacio Antonini é empresária e acadêmica de Direito e nas horas vagas gosta de escrever crônicas
80
Revista Produção Rural
䤀洀愀最攀渀猀 洀攀爀愀洀攀渀琀攀 椀氀甀猀琀爀愀琀椀瘀愀猀⸀ 倀爀漀洀漀漀 瘀氀椀搀愀 瀀愀爀愀 瘀攀渀搀愀 搀椀爀攀琀愀 搀攀 昀戀爀椀挀愀⸀ 倀爀攀漀 搀攀 爀攀昀攀爀渀挀椀愀 琀愀戀攀氀愀 昀攀瘀攀爀攀椀爀漀 ㈀ 㘀⸀
匀攀 戀攀戀攀爀Ⰰ 渀漀 搀椀爀椀樀愀⸀
一伀吀䄀 䴀섀堀䤀䴀䄀 䔀䴀 匀䔀䜀唀刀䄀一윀䄀 倀䄀刀䄀 䄀䐀唀䰀吀伀匀 䔀 䌀刀䤀䄀一윀䄀匀 䌀漀渀ǻ愀渀愀 攀 琀爀愀搀椀漀⸀ 䄀 䨀攀攀瀀 䜀爀愀渀搀漀甀爀愀搀漀猀 瀀漀猀猀甀椀 琀漀搀愀猀 愀猀 挀愀爀愀挀琀攀爀猀琀椀挀愀猀 焀甀攀 瘀漀挀 瀀爀漀挀甀爀愀 焀甀愀渀搀漀 漀 愀猀猀甀渀琀漀 焀甀愀氀椀搀愀搀攀 瀀愀爀愀 猀攀甀 瘀攀挀甀氀漀⸀ 䄀氀琀愀洀攀渀琀攀 攀猀琀爀甀琀甀爀愀搀愀 渀漀猀 瀀愀搀爀攀猀 䨀攀攀瀀 攀 瀀漀猀猀甀椀 甀洀 猀椀猀琀攀洀愀 搀攀 攀砀挀攀氀渀挀椀愀 攀洀 瀀猀ⴀ瘀攀渀搀愀Ⰰ 愀氀洀 搀攀 挀漀渀琀愀爀 挀漀洀 愀 攀砀瀀攀爀椀渀挀椀愀 搀攀 洀愀椀猀 搀攀 ㌀㠀 愀渀漀猀 渀漀 爀愀洀漀 搀攀 挀漀渀挀攀猀猀椀漀渀爀椀愀猀⸀
䠀漀爀爀椀漀 搀攀 昀甀渀挀椀漀渀愀洀攀渀琀漀㨀 匀攀最ⴀ匀攀砀 搀愀猀 㠀㨀 栀猀 猀 㠀㨀 栀猀 匀戀 搀愀猀 㠀㨀 栀猀 猀 ㈀㨀 栀猀 昀愀挀攀戀漀漀欀⸀挀漀洀⼀最爀愀渀搀漀甀爀愀搀漀猀樀攀攀瀀 簀 眀眀眀⸀樀攀攀瀀⸀最爀愀渀搀漀甀爀愀搀漀猀⸀挀漀洀⸀戀爀
⠀㘀㜀⤀ ㌀ ㌀㌀⸀㤀㌀㤀㌀
䄀瘀 圀攀椀洀愀爀 䜀漀渀愀氀瘀攀猀 吀漀爀爀攀猀Ⰰ 㐀㤀㠀 嘀椀氀愀 匀漀 䘀爀愀渀挀椀猀挀漀 䐀漀甀爀愀搀漀猀⼀䴀匀