Revista Produção Rural

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EDITORIAL

ENTREVISTA

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SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO TEM NOVIDADES

FERNANDO LAMAS Secretário de Produção Rural anuncia boas-novas

Edição 004 – Ano 1 – Abril/Maio 2015 CNPJ: 73.606.279/0001-25 Rua Riachuelo n° 260 - Fundos 79950-000 – Naviraí – MS www.revistaproducaorural.com.br Revista Produção Rural (67) 3461-1118 TIRAGEM 4.000 exemplares DIREÇÃO E EDIÇÃO Wilson Luis Pereira Leite PROJETO GRÁFICO d.Orsi Criação e Design JORNALISTAS Gabriela Borsari DRT/MS 510 Marcela Lopes MTb 6017-PR REVISÃO Antonio Castanha Filho Jornalista MTb 9.447-PR COLABORAÇÃO Antônio Mello Alvarenga Neto Douglas de Castilho Gitti Francisco Maia Francisco Turra José Luiz Tejon Osvaldo Piccinin IMPRESSÃO Gráfica Regente FOTOS Capa Wilson Luís Banco de imagens Divulgação ANUNCIE (67) 3461-1118 (67) 9977-2046 contato@revistaproducaorural.com.br A revista não se resposabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos assinados. É vedada a reprodução parcial ou total de qualquer conteúdo sem autorização expressa.

Cautela e determinação Temos navegado mares bravios, enfrentando raios e tempestades. O produtor rural, sempre atingido por maremotos e tsunamis, tenta mais uma vez manter a cabeça fora d´água e coloca os motores em força máxima para poderem atravessar as águas turbulentas e ancorar, quem sabe dentro em breve, em um porto seguro e ao menos um pouco mais tranquilo. A economia brasileira tem estrangulado quem sempre trabalhou e produziu riquezas, com ajustes ilógicos aqui, pacotes inacreditáveis ali, porém o agropecuarista resiste bravamente ante a ingerências, pacotaços e ausências por parte do governo federal. Apesar dos turbilhões, a recomendação mais certeira, apontada por especialistas, analistas e profissionais que entendem do riscado, é continuar produzindo sempre, porém buscando inovação, realinhando, repensando, refazendo, planejando estratégias que levem a melhorar a produção no campo não só em quantidade, mas principalmente em qualidade: este será o pulo do gato. Cautela é a palavra de ordem, porém determinação na execução dos trabalhos é a alavanca contra os perigos da estagnação. Nesta nossa quarta edição, trazemos muita informação que seguramente vai contribuir com quem vive da terra, com quem dedica sua vida a plantar o sustento do mundo. Navegar é preciso. Não podemos e nem vamos parar. Existem boas alternativas e perspectivas, como as anunciadas pelo novo secretário de Estado de Produção e Agricultura Familiar, Fernando Mendes Lamas, em entrevista exclusiva à Revista Produção Rural. O cenário econômico também é analisado por José Luiz Tejon Megido, um dos mais respeitados articulistas brasileiros. Inovação é sempre um tema presente aqui e vários materiais contemplam o assunto, como o novo papel filme comestível criado por pesquisadores da Embrapa, que representa um salto no mercado de embalagens. Não perca também as indicações de veículos e máquinas que acabam de chegar ao mercado. Juntos podemos sempre mais, sabemos. Vale a pena conhecer as ideias e sugestões de Maurício Saito, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso do Sul, que destaca a importância do cooperativismo como instrumento de luta. A edição aborda ainda temas fundamentais, como irrigação, mercado de hortifrutigranjeiros, invasão indígena, solos, bacalhau brasileiro, leite e – que maravilha – o Mel do Pantanal, agora certificado e garantido. Estamos muito felizes por concluir mais um trabalho feito com carinho, dedicação e cuidado para agradar a você, leitor atento e especial. Sigamos sempre juntos. Boa leitura e até a próxima edição.

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HORTIFRUTI LEGAL VALORIZA PRODUÇÃO DO ESTADO

Perspectivas para o agronegócio sob o novo (velho) governo Dilma

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Lei dos Caminhoneiros

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DE OLHO NOS ÍNDIOS INVASORES

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UM CUIDADO ESPECIAL PARA CADA TIPO DE SOLO

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INOVAÇÃO:

Papel filme da Embrapa será comestível

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APROSOJA: SOZINHO NÃO SE VECE LUTA

74 TESOURO:

MEL DO PANTANAL GANHA CERTIFICAÇÃO

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DESTAQUES DO MERCADO DE MÁQUINAS E VEÍCULOS


Grandes

transformações à vista

Algumas ações específicas do governo serão específicas para os pequenos agricultores

Novo secretário de Estado de Produção e Agricultura Familiar, Fernando Mendes Lamas é engenheiro agrônomo e fala, com exclusividade à Revista Produção Rural, sobre prioridades e investimentos da pauta para os próximos quatro anos.

Fernando Mendes Lamas tem 61 anos e é natural de Juiz de Fora (MG). É engenheiro agrônomo graduado pela Universidade Federal de Viçosa (MG), mestre em Fitotecnia pela mesma instituição (1988), doutor em Agronomia pela UNESP – Jaboticabal (SP) e pesquisador da Embrapa na área de sistema de produção, manejo e tratos culturais do algodoeiro. Revista Produção Rural: Fale um pouco sobre sua trajetória profissional. Fernando Mendes Lamas: Iniciei minhas atividades profissionais como Extensionista Rural da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), trabalhando com pequenos agricultores. Em 1983, na própria Empaer comecei a carreira de pesquisador, trabalhando com a cultura do algodoeiro. A partir de 1997, trabalhei como pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, localizada em Dourados (MS), desenvolvendo pesquisas com a cultura do algodoeiro nos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Bahia. RPR: Quais suas expectativas como secretário da Sepaf? FML: A maior expectativa é poder colaborar com o Governo do Mato Grosso do Sul, interiorizando políticas públicas formuladas pela Sepaf de acordo com as orientações do governador Reinaldo Azambuja. Todas as ações da Sepaf visam o crescimento, o desenvolvimento e, desta forma, o bem estar da população que reside no Estado. Assim, o trabalho da Sepaf será com o homem e para o homem. RPR: Quais são as prioridades da sua gestão? FML: De acordo com as orientações do governador, a Sepaf deverá priorizar alguns grandes temas para serem trabalhados nos próximos quatro anos. Podemos citar entre eles, a recuperação de áreas degrada

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tendo como estratégia principal a integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) em sistema plantio direto; agricultura irrigada; produção de hortigranjeiros e produção de leite. Com o desenvolvimento de ações dentro destas quatro linhas, espera-se melhoria do nível de produtividade da pecuária bovina, o aumento da produção de grãos, a redução da dependência de outros estados no fornecimento de produtos hortigranjeiros, além de melhorar a renda - especialmente do agricultor familiar - aumentar a oferta de leite através de efetiva assistência técnica àqueles produtores que produzem ou vierem a produzir leite no Mato Grosso do Sul. RPR: Pela sua experiência profissional, a pesquisa terá mais espaço na Secretaria? FML: A geração de conhecimento através da pesquisa científica é indispensável para o crescimento e desenvolvimento sustentável do Estado. Desta forma, considerando o conjunto das instituições de pesquisa existentes aqui, entre elas as universidades, Embrapa, Agraer e fundações, buscaremos o apoio institucional visando a geração e a transferência de conhecimentos para que as atividades desenvolvidas e aquelas que vierem a ser desenvolvidas possam ser competitivas e, efetivamente, contribuirem para a produção de alimentos, fibra e energia, além da geração de renda em níveis suficientes para atender às demandas dos diferentes elos das cadeias produtivas. Em resumo, não é possível crescer e desenvolver sem a geração e incorporação aos sistemas de produção, de novos conhecimentos. RPR: Há projetos novos na Sepaf? E investimentos? FML: Os projetos a serem desenvolvidos pela Sepaf estão ancorados nos eixos já mencionados acima (recuperação de áreas degradadas, agricultura irrigada, incremento à produção de hortigranjeiros e de leite e a piscicultura). Todas as ações

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ECONOMIA

ESTUDO DIVULGADO PELA FGV INDICA LEVE MELHORA NO CLIMA ECONÔMICO MUNDIAL

estarão centradas na melhoria da produtividade, na incorporação de novas áreas ao sistema produtivo e na redução da dependência externa e melhoria da geração de renda. Para o desenvolvimento dos projetos serão utilizados recursos do Estado e de parcerias que estão sendo estabelecidas. Recursos financeiros do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste (FCO) e do programa de agricultura de baixa emissão de carbono (ABC), por exemplo, estão hoje disponíveis para auxiliar na implementação destes projetos, além de outros que serão buscados. Cabe destacar o esforço no sentido de universalizar as ações de assistência técnica e extensão rural, através da Agraer de forma que o conhecimento gerado pela pesquisa seja incorporado ao sistema produtivo, o que entendemos ser fundamental. A defesa sanitária animal e vegetal através da Agência Estadual de Defesa Sanitária, Animal e Vegeral (Iagro) em perfeita sintonia com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), constitui uma ação que terá prioridade no atual governo para assegurar a competitividade daquilo que é produzido no Estado, além de garantir a qualidade do alimento disponibilizado para a população.

RPR: O que o agronegócio pode esperar de sua gestão? FML: A importância da agricultura para a economia do Mato Grosso do Sul é algo indiscutível. Desta forma, as ações do Governo estarão totalmente voltadas para apoiar a agricultura de forma que possa se consolidar, com foco no crescimento sustentável. Dadas as características de clima, solo, localização geográfica e a capacidade empreendedora de seus empresários, o Estado possui um grande potencial de crescimento. O Governo, através da Sepaf, vai atuar auxiliando estes empresários, independente de seu porte. Devido ao maior grau de fragilidade do pequeno agricultor, algumas ações específicas serão voltadas exclusivamente para este público, que é o que mais necessita do apoio do Governo. RPR: Qual será o trabalho desenvolvido para a agricultura familiar? FML: As ações a serem implementadas junto aos agricultores familiares terão dois pilares básicos: a inclusão efetiva ao processo produtivo e o desenvolvimento de programas e projetos que propiciem a melhoria do nível de renda do agricultor familiar, para que ele e sua família possam ter acesso aos bens de consumo

hoje disponíveis e, como resultado, uma qualidade de vida de acordo com os padrões almejados por todos. RPR: Deixe uma mensagem aos produtores de MS. FML: Mato Grosso do Sul, considerando o espírito empreendedor de seu povo, as características de seu solo e clima, além de sua posição altamente estratégica, apresenta um enorme potencial do ponto de vista de produção de alimentos, fibra e energia. O Governo quer ser parceiro de todos aqueles envolvidos direta ou indiretamente com a produção agropecuária, visando o crescimento da atividade no Estado. Catalisar todas as forças existentes para que a atividade agropecuária possa crescer de forma sustentável constitui um objetivo a ser perseguido, de forma que todo o segmento produtivo possa ter acesso ao conhecimento, insumo indispensável para o crescimento em bases sólidas. O Estado quer, de forma planejada, junto com o setor produtivo, formular políticas públicas que venham abalançar a produção agropecuária para todos os segmentos envolvidos com a produção em Mato Grosso do Sul. Do produtor, o Governo quer ser um grande parceiro. Gabriela Borsari

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No plano mundial, há uma leve melhora no ambiente econômico, em contraste com o clima econômico dos países latino-americanos, que registra piora. É o que mostra o Índice de Clima Econômico (ICE), divulgado em fevereiro pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo foi elaborado em parceria com o Instituto Alemão IFO, tendo como fonte de dados a IFO World Economic Survey (WES). O trabalho conclui que essa “relativa estabilidade” do resultado mundial reflete duas tendências opostas: nos Estados Unidos, após interrupção da trajetória de alta em outubro de 2014, o ICE voltou a crescer, de 121 pontos para 131 pontos, enquanto na União Europeia (UE), o anúncio pelo Banco Central Europeu (BCE) de uma política monetária expansionista fez com que todos os indicadores melhorassem, levando o ICE a avançar de 104 para 113 pontos. Em contrapartida, a China, segunda maior economia mundial, registrou

queda no ICE puxada pela piora nas expectativas. No Japão e na Índia, o clima econômico apresentou melhora. No entanto, dado o peso da China no Continente Asiático, o clima econômico não mudou na região entre as sondagens de outubro de 2014 e janeiro de 2015. Entre os países do Brics, a Rússia apresenta o pior ICE. O estudo recomenda, no entanto, que os resultados desta edição da pesquisa “devem ser tomados com cautela” na medida em que, na sondagem anterior, a piora do clima econômico mundial puxado pelas expectativas sugeria piora do cenário mundial. Na avaliação do indicador IFO/FGV, “uma recuperação mais consistente da economia mundial dependerá do resultado da Europa e da evolução da economia chinesa”. Os dados mostram que os Estados Unidos, em situação mais confortável, são uma exceção neste cenário de incertezas. A Sondagem Econômica da América Latina, com foco regional, serve

ao monitoramento e antecipação de tendências econômicas, com base em informações prestadas trimestralmente por especialistas nas economias de seus respectivos países. A pesquisa é aplicada com a mesma metodologia — simultaneamente — em todos os países da região, método que, segundo os responsáveis, “permite a construção de um ágil e abrangente retrato da situação econômica de países e blocos econômicos”. Em janeiro de 2015 foram consultados 1.071 especialistas econômicos em 117 países, dos quais 133 da América Latina. A pesquisa gera informações tanto de natureza qualitativa quanto quantitativa. O Índice de Clima Econômico (ICE) é o indicador-síntese, composto por dois quesitos de natureza qualitativa, o Índice da Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que tratam, respectivamente, da situação econômica geral do país no momento e nos próximos seis meses. 11


Indonésia:

próximos passos na OMC

Francisco Turra é ex-ministro da Agricultura e atual presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e vice-presidente da Associação Latinoamericana de Avicultura (ALA).

A avicultura brasileira exporta, hoje, para mais de 150 países nos cinco continentes – obviamente, graças à excelente qualidade e sanidade de nossa cadeia produtiva, juntamente com os esforços empregados ao longo deste anos para a abertura destes mercados. Entretanto, como um setor arrojado que busca constantemente a expansão dos negócios, conquistar novos mercados é uma meta constante em nossa pauta. Hoje, um dos mais relevantes mercados que buscamos abrir para os nossos produtos é a Indonésia. Com mais de 250 milhões de habitantes e um baixo consumo per capita, o país tem maioria muçulmana (87%), consumidora de produtos halal – que seguem diretrizes determinadas pelo islamismo. E o Brasil é, hoje, o maior produtor e exportador de carne de frango halal do mundo. São quase 1,8 milhão de toneladas exportadas anualmente – quase metade das cerca de 4 milhões de toneladas de carne de frango embarcadas pelo país. A Indonésia é uma grande oportunidade, e isto é incontestável. Neste sentido, há pelo menos seis anos a ABPA – então como ABEF – vem negociando, juntamente com o governo brasileiro, a abertura do mercado indonésio. Diversas missões já foram promovidas,

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com a entrega de vários documentos questionando a não-abertura. Entretanto, não houve resposta por parte do governo do país asiático. Diante desta ausência de respostas, uma delegação brasileira esteve no mês de dezembro em Genebra (Suíça), para um primeiro encontro com os indonésios. A reunião de consultas na Organização Mundial do Comércio (OMC), objetivou obter respostas para as centenas de questões elaboradas pelo Brasil sobre as práticas adotadas pela Indonésia para barrar a entrada da carne de frango brasileira neste mercado. As consultas do caso DS 484 ocorreram 60 dias após o Brasil notificar oficialmente a Indonésia, na OMC. Os questionamentos apresentados nas consultas trataram da observância, por parte do governo indonésio, do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), dos Acordos de Agricultura, Licenciamento de Importações, Barreiras Sanitárias e Fitossanitárias e Barreiras Técnicas ao Comércio e Acordo de Preshipment. As consultas foram coordenadas pela Coordenação-Geral de Contenciosos (CGC), com o suporte da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Barral M Jorge Associados – que fizeram parte da delegação bra-

sileira em Genebra. As negociações foram lideradas pelo governo brasileiro por meio do Ministério das Relações Exteriores e Missão do Brasil junto à OMC, acompanhados pela Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e Advocacia Geral da União (AGU). Infelizmente as respostas aos questionamentos brasileiros foram inconsistentes e após dois dias de consultas – junto a representantes dos Ministérios do Comércio e da Agricultura da Indonésia - as representações brasileiras decidiram avançar com a instalação de painel contra o país asiático. Esperamos que o painel seja implementado este mês. Obviamente, se as autoridades indonésias cederem e a abertura de mercado acontecer antes deste prazo, o painel será suspenso. O Brasil é o principal parceiro de grandes mercados consumidores deste segmento, como países do Oriente Médio e Ásia. Estamos preparados para fornecer, também, para a Indonésia. Por meio da OMC, buscaremos viabilizar este importante mercado.


Como ficará o agronegócio neste novo governo Dilma As perspectivas são sombrias. E, por isso mesmo, carentes de alertas. O agronegócio em 2014 teve um superávit, na balança de pagamentos do Brasil, de US$ 80,13 bilhões. Enquanto o déficit da balança brasileiro foi de US$ 3,93 bilhões – o pior desde o ano 2000. E o que temos pela frente? Na safra 2014/2015 ainda uma perspectiva de manutenção das receitas obtidas no ano passado, mas, ao plantarmos a safra 2015/2016, poderemos estar imersos num custo consideravelmente maior de produção, com preços, na melhor das hipóteses, estabilizados nos patamares atuais. A tecnologia vai sofrer, a produtividade cair, e ainda rezando para São Pedro comparecer e salvar a lavoura com regime de chuvas. O que salvou o ano das safras 2013/2014/2015 foi a soja, que mesmo com preços menores foi equilibrada por uma oferta maior. E as carnes, fundamentalmente frango e carne bovina em 2014. O caos foi no setor de açúcar e álcool, com um faturamento em 2014, menor em 24% comparado ao ano anterior. Agora vamos imaginar se tudo o que está desenhado na economia, com inflação crescente, dólar valorizado perante o real – pode parecer bom para vender a safra de exportação, mas terrível para construir o próximo custo de produção; o nosso cliente chinês, mantendo as posições atuais, sem perspectivas de crescimentos extraordinários, um preço do petróleo apertando nossos principais clientes do Oriente Médio, e a própria Rússia; além de uma perspectiva de maior oferta de commodities agrícolas, pelos concorrentes globais, e da

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eficácia competitiva maior de muitos deles – vamos amargar uma potencial crise no agronegócio brasileiro, fundamentalmente para o ciclo 2015/2016. E ainda contando com uma improvável competência de liderança do governo e da governança de todo o entorno do agronegócio nacional. De 2009 a 2014, o custo da agropecuária brasileira cresceu em media 74% - no lado dos fatores de produção. Do lado de fora das porteiras das fazendas, o custo lavoura-porto em 2003 era na média US$ 20; em 2014: US$ 90 por tonelada, comparáveis a US$ 23 dos Estados Unidos e US$ 20 da Argentina. Os produtores brasileiros, com quem temos conversado no país inteiro, estão como sempre plantando, trabalhando, mas muito apreensivos, de olho no próximo ano agrícola. Este governo vive hoje

José Luiz Tejon Megido · Comentarista da Rádio Estadão; · Mestre em Educação, Arte e Cultura; · Doutorando em Ciências da Educação (Universidad de La Empresa); · Professor de pós-graduação da FGV Incompany; · Dirigente do Núcleo de Agronegócio da ESPM; · Conselheiro fiscal do CCAS (Conselho Científico para a Agricultura Sustentável); · Ex-diretor da Agroceres, da Jacto S/A e do Grupo Estadão; · Conselheiro do Grupo Sérios; · Conselheiro Estratégico da Câmara Agrícola Lusófona (de Portugal); · Autor e coautor de 32 livros; · Palestrante Prêmio Top of Mind Estadão RH; · Top 100 do Agronegócio Revista ISTO É - Dinheiro Rural

totalmente agrodependente, e a confiança com investimento, não podem ser palavras e práticas generalizáveis para o futuro próximo, do lado dos campos brasileiros. É hora de apertar os cintos no agronegócio e rezar para que a gestão econômica, política e estratégica do Brasil (de volta Mangabeira Unger!) possam ter boas sementes de sensatez.


Eficiência vai garantir o agronegócio do futuro

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terá empregado para chegar ao seu melhor resultado. A economia mundial passa desde há algum tempo por uma série de ajustes e a principal engrenagem deste mecanismo é, de fato, a produção rural. Sem alimentos o mundo não subsiste. O Brasil protelou por algum tempo o problema, mas agora estamos diante do aumento desenfreado dos combustíveis, da energia, da inflação e, consequentemente, do aumento dos custos de produção, que não podem ser arcados pelo setor produtivo. O céu de brigadeiro vai ceder lugar a um céu de nuvens carregadas e imprevisíveis. O produtor rural precisa estar atento nessas horas. Quem atua na pecuária é preciso criar bem ou engordar bem o gado. Não há mais espaço para recria, acabar definitivamente com esta etapa da pecuária é uma questão de eficiência e de sobrevivência na atividade. O agricultor, diante do dólar em alta, dos custos de insumos em alta, diante dos preços das commodities em baixa face ao mercado internacional, só tem uma saída: aumentar a produtividade. Ser o maior só já não basta mais, é preciso ser o melhor. Há setores no

campo que atravessam por momentos delicados, como na cana-de-açúcar em São Paulo – onde há usinas fechando as portas e proprietários rurais não conseguindo mais sobreviver de arrendamento. E, na outra ponta disso, estados que vivem do boi e da soja respiram aliviados com os preços em alta e com o consumo melhor ainda, principalmente no mercado externo que vê no Brasil novamente o grande celeiro do mundo. É hora de arregaçar as mangas e trabalhar para produzir mais e melhor.

Francisco Maia é empresário, pecuarista, presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) e da Fenapec (Frente Nacional da Pecuária)

Dinapec 2015: Embrapa apresenta alternativa para recuperação de pastagens Pesquisas com a forrageira Guandu BRS Mandarim, desenvolvida pela Embrapa Pecuária Sudeste, têm apresentado bons resultados para recuperação de pastagens degradadas. A tecnologia foi apresentada na Dinâmica Agropecuária (Dinapec), realizada pela Embrapa Gado de Corte, de 11 a 13 de março, em Campo Grande (MS). A degradação das pastagens é um dos principais problemas da pecuária brasileira e compromete o desempenho animal e a rentabilidade dos sistemas de produção. Esse processo está associado ao

manejo inadequado e à falta de reposição de nutrientes do solo. Uma alternativa para reverter esse quadro e garantir a produtividade e a viabilidade econômica da pecuária é a utilização do feijão guandu com braquiária. O guandu é uma opção viável, principalmente para pequenos produtores, porque é uma tecnologia de baixo custo de implantação, fácil manejo, serve de alimento para os animais e apresenta alto potencial para adubação verde, melhorando a fertilidade do solo.

Para outras informações consulte a Embrapa Pecuária Sudeste pelo site www.embrapa.br/pecuaria-sudeste ou pelo Serviço de Atendimento ao Cidadão sac@embrapa.br.

Fonte: Embrapa Gado de Corte

É certo que o uso cada vez maior de tecnologias em todos os segmentos produtivos garante ganhos de produtividade nunca antes imaginado, inclusive no campo. A tecnificação da agropecuária representou um divisor de águas no Brasil, o que colaborou significativamente para a condução do País à condição de grande produtor mundial de grãos e carne, o suficiente para garantir hoje o saldo positivo da balança comercial brasileira e a sobrevivência do Plano Real, em seu vigésimo ano de existência. A questão atual é o uso correto das tecnologias de modo a levar todo esse aparato, juntamente com os recursos humanos disponíveis, à eficiência no campo. Há muito tempo já fala-se em agricultura de precisão e, mais recentemente, o setor pecuário também passou a ser abordado sobre esse prisma de gestão. Penso que a eficiência, seja em qualquer cadeia ou elo, irá ditar o futuro de qualquer empreendimento dentro do agronegócio. Ainda que haja uma boa gestão, um uso significativo de tecnologias com vistas a esta tão propagada precisão, o que vai fazer diferença mesmo é o nível de eficiência que o produtor rural

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POLÍTICA

PEC PROPÕE CANDIDATURA AVULSA INDEPENDENTE DE FILIAÇÃO PARTIDÁRIA “A filiação partidária não pode ser impedimento ao cidadão que deseja se lançar candidato a cargos nos Poderes Executivo e Legislativo.”

Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria do senador José Antônio Machado Reguffe (PDT-DF) permite que candidatos sem filiação partidária concorram às eleições. De acordo com a PEC 6/2015, para ser registrada pela Justiça Eleitoral, a candidatura avulsa deverá contar com o apoio e assinatura de pelo menos 1% dos eleitores aptos a votar na região (município, estado ou país, conforme o caso) em que o concorrente disputará o pleito.

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Na opinião do senador, a filiação partidária não pode ser impedimento ao cidadão que deseja se lançar candidato a cargos nos Poderes Executivo e Legislativo. Para Reguffe, a proposta possibilita uma reforma política “pela valorização do eleitor e pelo não fortalecimento das máquinas partidárias, que em muitos casos operam em defesa de interesses privados”. Ao justificar a proposta, o parlamentar lembra que a candidatura

avulsa foi defendida publicamente pelo ministro e então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, como forma de aperfeiçoamento da democracia. “Uma consequência imediata seria a redução da importância e da influência dos partidos políticos no mandato parlamentar. Da forma como é hoje, a política causa repulsa, afasta o cidadão de bem”, afirma Reguffe.


AUMENTO DO ETANOL NA GASOLINA NÃO ATINGIRÁ O COMBUSTÍVEL TIPO PREMIUM

EVENTOS

CONGRESSO MUNDIAL SOBRE SISTEMAS DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA

Brasília sediará, entre 12 e 17 de julho de 2015, o Congresso Mundial sobre Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Ao mesmo tempo ocorrerá o 3º Simpósio Internacional sobre Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária. Ambos são promovidos pela Empresa Brasileira

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de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A palestra de abertura terá como tema “Desafios globais ligados à sustentabilidade de sistemas de produção agropecuários”. Alan Franzluebbers, da North Carolina State University, nos

Estados Unidos; Tilahun Amede, do International Crops Research Institute for the Semiarid Tropics (ICRISAT), baseado no Quênia; e Mario Herrero, da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization (CSIRO) em Brisbane, na Austrália, estão entre os palestrantes.

O aumento do percentual do etanol na gasolina de 25% para 27% não vai valer para a gasolina premium, informou o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. A mudança no percentual, e que começa a valer no próximo dia 16 de abril, ocorrerá apenas em dois tipos de gasolina (comum e aditivada), após negociação entre governo, representantes de fabricantes de veículos automotivos e do setor de petróleo nos últimos meses. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, durante as discussões, a entidade manifestou preocupação com os veículos movidos exclusivamente a gasolina, e, por isso, pediu que a mudança não se estendesse ao tipo premium. “Os testes de durabilidade ainda estão sendo realizados pela Anfavea. Por isso, nós insistimos bastante que a gasolina premium não sofresse nenhuma alteração na sua formulação, de for-

ma que o consumidor tenha uma alternativa de abastecimento para os veículos movidos exclusivamente a gasolina”, ressaltou. Após participar de reunião no Palácio do Planalto, onde foi assinada a resolução sobre o aumento, o ministro Eduardo Braga disse que a medida não se refletirá no preço da gasolina. “Não haverá impacto para o consumidor. Manteremos o preço de bomba”, declarou. Segundo ele, o setor tem estoques estratégicos de álcool suficientes para suprir a demanda. De acordo com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, a mudança vai requerer 1 bilhão de litros de etanol anualmente. De acordo com a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar, Elizabeth Farina, a produção atual de etanol hidratado é de 12 bilhões de litros por ano. Com a mudança, aumentaria para 13 bilhões anuais. “Como as usinas já estavam es-

perando isso, elas fizeram um estoque suficiente para atender a todas contratações que já tinham feito, e mais esse aumento. Então, é uma coisa absolutamente factível”, disse Elizabeth. Segundo ela, os testes de consumo, emissão e durabilidade não apresentaram grandes diferenças estatísticas com a mudança. Discutida deste o segundo semestre do ano passado, a mudança deveria ter sido definida no início de fevereiro. Para o ministro de Minas e Energia, o atraso ocorreu devido aos estudos que estavam sendo feitos, que resultaram em uma “absoluta tranquilidade para o consumidor” quanto à qualidade dos motores. “O adiamento é fruto da segurança que o governo queria ter, com nenhum risco ao rendimento e durabilidade dos motores e ciclomotores com aumento da participação etanol”. Fonte: Agência Brasil

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TECNOLOGIA

CARTILHA AUXILIA NA PRESERVAÇÃO DOS RECURSOS GENÉTICOS Os países que ratificaram o Protocolo de Nagoia buscam hoje implementar os objetivos da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), sendo guiados pelo terceiro pilar, que é garantir a repartição justa e equitativa dos benefícios, sem perder de vista as outras questões, como a conservação da diversidade biológica e a utilização sustentável dos seus componentes. Em paralelo a este processo, os usuários (em especial o setor industrial) vêm se articulando para este novo

momento. Eles estão criando suas próprias organizações para ajudá-los no desenvolvimento deste novo biocomércio e desenvolvendo seus próprios padrões de certificações, assim como seu modelo de protocolos, sendo o biocultural o mais conhecido. Entretanto, as características impressas neste modelo de protocolo não atendem às reais necessidades dos povos e comunidades tradicionais. “Por isso, buscamos outras referências. Não precisamos apenas de um

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recursos naturais, assim como uma ferramenta de proteção do conhecimento tradicional associado ao acesso aos recursos genéticos. “Tais regras refletem as suas características tradicionais, o modo como a comunidade se relaciona interna e externamente. E definem também alguns procedimentos, critérios e

AR-CONDICIONADO AUTOMOTIVO

protocolo que nos prepare para fazer negócios com as empresas. Queremos um modelo mais amplo, que possibilite uma real apropriação do nosso território, de nossa cultura e história. E que nos ajude a levantar a verdadeira situação dos nossos estoques de recursos naturais para avaliarmos a melhor forma de uso”, explica Rubens Gomes, presidente da Rede Grupo do Trabalho Amazônico (Rede GTA) – a maior rede de movimentos socioambientais da Amazônia.

Ferramenta de proteção Juntamente com a Colônia dos Pescadores do Bailique Z-5 e o Conselho Comunitário do Bailique, com o apoio da Avina e do Fundo Vale, gerenciado pela Oficina Escola de Lutheria da Amazonia (OELA), a Rede GTA desenvolveu o Protocolo Comunitário, que é um instrumento de gestão territorial, manejo e uso sustentável dos

PORTO DE PARANAGUÁ INVESTIRÁ R$ 394 MI EM OBRAS DE DRAGAGEM

instrumentos de gestão territorial e de manejo e uso sustentável de recursos naturais. Esperamos que esse modelo de Protocolo Comunitário possa ser replicado em outros territórios, transformando-se num instrumento de empoderamento dos povos e comunidades tradicionais”, resume Gomes.

Instalação e manutenção de ar condicionado de máquinas agrícolas e veículos em geral. Assistência técnica no campo.

O porto de Paranaguá (PR), um dos principais para movimentação de produtos agrícolas do país, receberá investimentos de 394 milhões de reais em obras de dragagem, que incluirão o aprofundamento do canal de acesso ao local, informou a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). O investimento inclui projetos básico e executivo, sinalização e balizamento. “Estes investimentos farão com que o porto de Paranaguá passe a integrar definitivamente o cenário dos grandes portos do mundo”, disse o secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, em nota. Com a nova dragagem, o canal de acesso ao porto de Paranaguá, chamado canal da Galheta, passará a ter 16 metros de profundidade. Hoje, o canal tem 15 metros. A Bacia de Evolução do canal - área utilizada pelos navios para manobra e atracação - ganhará mais dois metros

de profundidade com a nova dragagem, passando de 12 para 14 metros, segundo a administração portuária. Já as áreas intermediárias, localizadas entre o canal da Galheta e a Bacia de Evolução, passarão a ter 15 metros de profundidade. Como exemplo de áreas intermediárias estão o canal situado entre Pontal do Sul e a Ilha do Mel, bem como o canal localizado entre a Ilha das Cobras e Ilha da Cotinga. “A dragagem permitirá que navios graneleiros de grande porte frequentem o porto, assim como navios porta-contêineres de alta capacidade, o que contribuirá para a redução dos fretes e, consequentemente, maior competitividade dos grãos exportados”, disse diretor presidente da Appa, Luiz Henrique Dividino. A empresa DTA Engenharia, vencedora da licitação, terá um prazo de seis meses para fazer o projeto básico e executivo e 11 meses para executar a obra.

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SEGURANÇA

NOVA LEI DOS CAMINHONEIROS GARANTE SEGURANÇA JURÍDICA E INSTITUCIONAL

Veículos de transporte de cargas que circularem vazios não pagarão taxas de pedágio sobre os eixos mantidos suspensos.

Para CNA, alterações podem reduzir os preços dos fretes e dos alimentos Garantia de segurança jurídica e institucional para as relações envolvendo o transporte de cargas, o que pode reduzir os custos de frete e o preço final dos alimentos. Assim, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) comemora a conclusão, na Câmara dos Deputados, da votação do Projeto de Lei 4246/12, a chamada Lei dos Caminhoneiros. O texto segue para sanção presidencial. A CNA defendia a definição de regras compatíveis com a realidade do país como forma de melhorar as condições de trabalho dos motoristas, sem que isso “engessasse” o transporte rodoviário de cargas, explica o consultor da Confederação, Luiz Antonio Fayet. Para que fosse possível chegar a este entendimento, representantes da iniciativa privada e do governo trabalharam em parceria em dois fóruns – um grupo de trabalho na Câmara Temática de Infraestrutura e Logística (CTLOG), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e outro da Casa Civil – e também junto a uma Comissão Especial da Câmara dos Deputados (Cemotor). A partir deste consenso foi possível aprovar na Câmara dos Deputados texto que estabelece que os veículos de transporte de cargas que

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circularem vazios não pagarão taxas de pedágio sobre os eixos mantidos suspensos. Para o consultor, também foi um ganho a aprovação de proposta que aumenta o tempo máximo ao volante do motorista profissional de 4 horas para 5,5 horas contínuas. Na votação de ontem, os deputados também alteraram a forma de aproveitamento do descanso obrigatório. A cada seis horas no volante, o motorista deverá descansar 30 minutos, mas esse tempo poderá ser fracionado, assim como o de direção, desde que esse último seja limitado às 5,5 horas contínuas. O texto também estabelece regras para o descanso obrigatório de 11 horas a cada 24 horas. Ele poderá ser fracionado, usufruído no veículo e coincidir com os intervalos de 30 minutos. O primeiro período, entretanto, deverá ser de 8 horas contínuas. Sobre os locais de descanso e pontos de parada, o projeto determina a publicação da relação desses locais pelo poder público. As penalidades pelo descumprimento da futura lei estarão condicionadas à publicação da relação. O poder público terá cinco anos para ampliar a disponibilidade dos locais de repouso e descanso nas estradas, inclusive por meio da exigência de sua abertura pelas concessionárias de rodovias e instituição de linhas de crédito.

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ÁRVORES PLANTADAS: O OUTRO LADO DA MOEDA EM 2015

Os ajustes que começaram a ser anunciados pela equipe econômica neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff apontam para um ano desafiador a todos os setores produtivos brasileiros. Prováveis elevações de impostos e tarifas públicas, cortes de gastos e baixo crescimento devem, pelo menos temporariamente, fragilizar a

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economia interna, deixando-a mais exposta a oscilações globais, que incluem o dólar forte e a queda nos preços das commodities. Até que os ajustes surtam o efeito desejado, o país perde competitividade, o que reduz o ímpeto dos investidores. Nesse quadro de incertezas, torna-se fundamental o papel de setores que reúnem condições para

atravessar esse período, enfrentar as dificuldades e continuar produzindo resultados satisfatórios e impactos positivos para o país. Entre os setores que surgem como os mais preparados para debelar esse cenário, com base sólida e perspectivas positivas tanto domésticas quanto globais, está a indústria brasileira de árvores plantadas.

Em 2013 a agroindústria alcançou receita bruta de R$ 56 bilhões, representando 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB)

Para se ter ideia da representatividade dessa agroindústria, em 2013, o setor alcançou receita bruta de R$ 56 bilhões, representando 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) Industrial. As exportações somaram US$ 7,3 bilhões, o que equivale a 3% das vendas brasileiras ao estrangeiro. Além disso, o setor gera 4,5 milhões de empregos no país, cerca de 4,5% da

população economicamente ativa. Investimentos programados até 2020, para consolidar a presença do setor nos principais mercados mundiais, estão estimados em R$ 53 bilhões. Para que esses projetos aconteçam e viabilizem a necessária expansão da oferta dos diversos produtos da indústria - celulose, papel, painéis de madeira, pisos laminados e biomassa energética, entre outros -, a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), que representa as 70 empresas e associações estaduais do setor de árvores plantadas, estabeleceu três focos prioritários de atuação em 2015: competitividade, segurança jurídica e incentivos para a economia verde. A desoneração tributária dos investimentos é o principal pleito do setor visando incrementar a competitividade. Ao contrário do que ocorre em muitos países que são concorrentes diretos por recursos externos, o Brasil ainda tributa investimentos. No caso de nova fábrica de celulose, as alíquotas chegam a 18% do valor do projeto, percentual elevado e capaz de empurrar o investimento para outra parte do mundo, o que torna o debate sobre a desoneração questão prioritária e imediata. Faz parte dessa discussão a continuidade da desoneração das exportações, que recebeu impulso significativo com o estabelecimento, em caráter permanente, do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra). Considerando-se a forte contribuição da indústria de árvores plantadas para a geração de divisas, nesse momento em que a balança comercial brasileira deixou de ser superavitária, esse detalhe é de especial importância. Incrementar a competitividade também demanda o combate permanente à concorrência desleal e a eliminação de gargalos de infraestrutura e logística, que encarecem custos e operações. O setor atua permanentemente nessas duas áreas, trocando informações e apresentado propostas que buscam ganhos de eficiência e produtividade. A retomada do debate sobre a aquisição de terras por empresas de capi-

tal estrangeiro é outra questão que vem gerando insegurança jurídica e exige atenção imediata. Desde 2010, restrições impostas pelo governo federal têm inviabilizado importantes investimentos no país. A regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), especialmente quanto aos resíduos pós-consumo de produtos de base florestal, como embalagens de papel e painéis de madeira, também está na agenda prioritária do setor, pois impacta diretamente as operações das empresas. Nessa área, a primazia é a valorização do elevado potencial de absorção de dióxido de carbono (CO2) pelas árvores plantadas, que já é de conhecimento do governo

Para se ter ideia da representatividade dessa agroindústria, em 2013, o setor alcançou receita bruta de R$ 56 bilhões, representando 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) Industrial. brasileiro. O próximo passo será buscar o reconhecimento dos créditos de carbono na Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC) e nas negociações internacionais. O setor vê com otimismo a oportunidade de debater essa agenda com o governo ao longo deste ano, reforçando o potencial das árvores plantadas não só no tocante à economia brasileira, mas também como peça essencial para que o Brasil cumpra o papel como protagonista e referência mundial de desenvolvimento sustentável, no contexto da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-21, que, em 2015, será realizada em novembro, em Paris, devendo definir um novo acordo internacional para mitigar os efeitos do aquecimento global.

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SETOR PRIVADO EXIGE QUE OS BRICS PRIORIZEM BANCO DE FOMENTO

O setor privado brasileiro defende que os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) deem prioridade à implementação do banco de fomento do grupo, como forma de acelerar o acesso das empresas a financiamentos de infraestrutura e de sustentabilidade. Além disso, a secretária-executiva dos Brics da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Silvia Menicucci, afirma que uma das demandas dos empresários é que o banco possa complementar financiamentos que, atualmente, não são oferecidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), como pelas demais instituições financeiras de caráter público. “Um exemplo disso seriam os programas de despesas locais, como projetos de infraestrutura de empresas brasileiras fora do País”, diz Silvia. “Outros projetos que o banco de fomento poderia financiar são aqueles em que o Brasil se associa a outro país 28

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para investir em um terceiro mercado. Isso seria uma forma de impulsionar a inserção das empresas brasileiras no mercado internacional”, completa. No entanto, a representante da CNI ressalta que todos esses pontos

Outros projetos que o banco de fomento poderia financiar são aqueles em que o Brasil se associa a outro país para investir em um terceiro mercado ainda precisam ser negociados dentro dos Brics e lembra que o tratado que criou o banco de fomento ainda não foi ratificado pelo Congresso brasileiro. Após a ratificação, o pro-

jeto seguirá para a promulgação da Presidência da República. “Esperamos que o banco seja implementado ainda neste ano. Há um interesse de todos os países em acelerar esse processo”, diz Menicucci. “O acordo prevê que tanto o setor público como o privado sejam financiados pelo banco de fomento. No entanto tivemos informações de que ele irá nascer voltado para os projetos públicos inicialmente, já que os modelos de financiamento e de garantias ainda precisam ser definidos”, acrescenta. Para o diretor do departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Thomaz Zanotto, as empresas brasileiras serão beneficiadas mesmo que o banco de fomento invista, primeiramente, em projetos públicos. “Se há investimentos em obras de infraestrutura, por exemplo, os custos do setor privado diminuem”, pontua o diretor da Fiesp.

Para entidades empresariais, isso é importante para acelerar o acesso a financiamentos que, atualmente, não são oferecidos pelas instituições financeiras de caráter público no Brasil

Conjuntura Para especialistas, a conjuntura econômica ruim do Brasil, Rússia e China não devem prejudicar o andamento da agenda dos Brics e da implementação do banco de fomento. “Na verdade, o banco de desenvolvimento é uma possibilidade dos países superarem esse momento, tendo em vista que projetos de infraestrutura, por exemplo, podem oferecer um respiro à situação econômica ruim”, afirma a secretária-executiva da CNI. O professor de relações internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Marcus Vinicius de Freitas, também acredita que a criação do banco não será prejudicada, já que o montante de recursos direcionados pelos países não são expressivos.

Para ele, o grupo deve fortalecer as suas relações para que possa servir como um novo instrumento na ordem internacional, ao lado de organismo multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. “A reforma de instituições financeiras internacionais estão paradas há algum tempo. O Brasil e os demais países que compõe os Brics, portanto, deveriam forçar a retomada das negociações para realizar mudanças nessas instituições”, afirma Freitas. “As cotas que os países dos Brics possuem no FMI, por exemplo, já não correspondem mais ao tamanho das suas economias. É preciso aumentá-las e, para isso, é preciso fortalecer o bloco”, esclarece o professor.

Os Brics também estudam a criação de uma agência de classificação de risco própria, que será discutida em março. Na avaliação de Zanotto, essa iniciativa “não é muito prática”. “Acredito que não precisamos de mais uma agência de classificação de risco. O mercado já tem se antecipado em relação às agências”, considera o representante da CNI. Em Brasília, a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) realizou um encontro para apresentar a agenda dos Brics sobre população e desenvolvimento. Na ocasião, foram discutidos temas como mortalidade materna, migração rural-urbana e urbanização e igualdade de gênero e envelhecimento e transferências intergeracionais. 29


EMBRAPA FAZ FILME COMESTÍVEL PARA EMBALAR

Produto pioneiro, de pesquisadores de São Carlos, película aproveita rejeitos de verduras, frutas e legumes e trará mudanças na indústria de alimentos. Deve chegar ao mercado em até dois anos

Colocar um alimento no forno e retirar a embalagem plástica não será mais necessário: a película que o envolve é composta por alimentos comestíveis e, ao ser aquecida, vai se incorporar e fazer parte da refeição. Segundo informa a Embrapa, de São Carlos (SP), esse material já existe e foi desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Instrumentação que fizeram películas comestíveis de diferentes alimentos como espinafre, mamão, goiaba, tomate e podem utilizar muitos outros como matéria-prima. O trabalho de pesquisa foi desenvolvido no âmbito da Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio (AgroNano) e recebeu investimentos da ordem de R$ 200 mil. “Podemos usar rejeitos da indústria alimentícia para fabricar o material. Isso garante duas características de sustentabilidade: o aproveitamento de rejeitos de alimentos e a substituição de uma embalagem sintética que seria descartada”, diz o chefe-geral da Embrapa Instrumentação, pesquisador Luiz Henrique Capparelli Mattoso, que coordenou

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a pesquisa, diz que o trabalho de desenvolver filmes a partir de frutas tropicais é pioneiro no mundo. Segundo o pesquisador, o material tem características físicas semelhantes aos plásticos convencionais, inclusive resistência e textura, e tem igual capacidade de proteger alimentos. Mas o fato de poder ser ingerido abre imenso campo a ser explorado pela indústria de embalagens. Mattoso explica que aves envoltas em sacos que contêm o tempero em sua composição, sachês de sopas que podem se dissolver com seu conteúdo em água fervente e muitas outras possibilidades. A diferença está na matéria-prima. O plástico comestível é feito basicamente de alimento desidratado misturado a um nanomaterial que tem a função de dar liga ao conjunto. “O maior desafio foi encontrar a formulação ideal, a receita de ingredientes e proporções para que o material tivesse as características necessárias”, conta o engenheiro de materiais José Manoel Marconcini, pesquisador da Embrapa e membro da equipe.

Ele detalha que os alimentos usados como matéria-prima passam pelo processo de liofilização. “Trata-se de um tipo de desidratação na qual, após o congelamento do alimento, toda a água contida nele se transforma do estado sólido diretamente ao gasoso, sem passar pela fase líquida. O resultado é um alimento completamente desidratado que mantém as propriedades nutritivas. Ela pode ser aplicada aos mais diferentes alimentos como frutas, verduras, legumes e até alguns temperos, o que explica a grande diversidade de matérias-primas comestíveis, o que imprime o sabor e a cor da embalagem”. Mattoso acredita que o plástico comestível também poderá contribuir para reduzir outro problema: o desperdício de alimentos. Além de resíduos em condições de uso que a indústria alimentícia não utiliza, há muitos vegetais que deixam de ser comercializados por não apresentar bom aspecto, mesmo em condições de consumo. “Os vegetais que iriam se estragar podem ser matéria-prima de embalagem.”

Exportações dão alívio à receita de bens de capital A valorização do real frente ao dólar deve gerar um ganho de 30% sobre as receitas das exportações de bens de capital este ano, segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).De acordo com o economista Mario Bernardini, diretor da entidade, em 2014 o setor alcançou um faturamento de US$ 13,4 bilhões e este ano pode atingir um montante de até US$ 24 bilhões, com o dólar cotado a acima de R$ 3. “Por enquanto, o impacto do câmbio sobre os resultados do setor ainda são modestos. Percebemos algumas substituições dos importados pelos nacionais em alguns setores, mas é um movimento ainda tímido. Acreditamos, no entanto, que a depreciação do real deve render ganhos, mesmo que o volume de negócios no mercado externo se mantenha, o que esperamos”, diz. As exportações representam, em média, 32% do faturamento da indústria de bens de capital do país. Segundo levantamento mensal da

entidade, em fevereiro o faturamento das vendas externas somou US$ 791 milhões - valor 0,9% acima do registrado em janeiro. Contudo, no comparativo com fevereiro de 2014, houve queda de 24,5%. No acumulado do ano, o recuo é de 27,7% em relação ao mesmo período de 2014. No mês, os maiores incrementos nas exportações foram verificados nos segmentos de máquinas para indústria da transformação, com alta de 46,7% em relação a janeiro; e nos segmentos de componentes para a indústria de bens de capital ( 20,7%) e de máquinas para bens de consumo (19,1%). Os Estados Unidos despontam como o principal mercado importador das Máquinas e Equipamentos brasileiros, desbancando a América Latina. A região, incluindo o Mercosul, vem apresentando queda relativa de encomendas brasileiras desde 2011. Por outro lado, os ganhos cambiais não devem compensar o recuo no fatu-

ramento total do setor este ano. “Com uma previsão negativa do PIB, de -1%, e uma queda de 3% na Formação Bruta de Capital, fica difícil de imaginar que teremos alta de receita este ano”, ressalta Bernardini, mencionando que o setor ainda não tem uma estimativa de queda consolidada. Em 2014 a indústria de bens da capital registrou receita de R$ 71,19 bilhões, montante 13,7% inferior ao obtido em 2013. Em fevereiro o consumo aparente do setor foi de R$ 8,8 bilhões. O faturamento da indústria brasileira foi de R$ 6,023 bilhões, com alta de 6,5% sobre o resultado de janeiro. Na comparação como mesmo mês de 2014, o aumento de receita sobe para 7,3%. “O resultado aparentemente positivo se deve à base de comparação do ano passado, que foi muito fraca. O volume de negócios dos dois primeiros meses de 2014 ficou abaixo da média do setor”, afirma Bernardini. 31


CHIP EM ABELHA TENTA DESVENDAR MISTÉRIO DE DECLÍNIO EM ESPÉCIE

Biólogos do Kew Gardens, o jardim botânico de Londres, estão testando um microtransmissor projetado para monitorar o comportamento das abelhas. O rastreador usa uma tecnologia simples baseada no equipamento usado para rastrear paletes em armazéns, disse o criador, Mark ONeill. O dispositivo tem um alcance de até 2,5 metros, ante 1 centímetro de modelos anteriores. O rastreador é composto de um chip identificador por radiofrequência tradicional (RFID) e uma antena especialmente projetada, criada por ONeill para ser mais fina e mais leve que outros modelos usados para rastrear pequenos insetos, o que permite o aumento do alcance. O engenheiro, que é diretor técnico da empresa de tecnologia Tumbling Dice, de Newcastle, tenta patentear a invenção. “A primeira etapa foi fazer etiquetas de pré-produção usando componentes que eu poderia comprar facilmente”, disse ele. “Eu quero

fazer componentes aéreos otimizados que sejam muito menores… Eu fiz cerca de 50 até agora”. A ideia é ter receptores-leitores espalhados no caminho entre uma colmeia e uma flor a fim de rastrear os sinais de como as abelhas se movem livremente na natureza. Para Sarah Barlow, bióloga do Kew Gardens especializada em restauração de ecossistemas danificados, a nova tecnologia “abrirá possibilidades para cientistas rastrearem abelhas na natureza.” “Esta peça do quebra-cabeça, o comportamento das abelhas, é absolutamente vital se quisermos entender melhor por que nossas abelhas estão lutando (pela sobrevivência) e como podemos reverter o seu declínio”. A população de abelhas registra um declínio preocupante na Grã-Bretanha e em vários outros países, inclusive no Brasil.

Refrescando as abelhas Os minúsculos rastreadores, que têm apenas 8 mm de altura e 4,8 mm de largura, estão presos às abelhas com supercola em um processo que leva de cinco a 10 minutos. As abelhas são refrigeradas primeiro para que fiquem mais dóceis. “Elas fazem um barulho infernal”, disse ONeill. Ele disse à BBC esperar que os ras-

treadores – que pesam menos do que uma abelha e estão unidos ao seu centro de gravidade para que não afetem o voo dos insetos – permaneçam anexados por três meses, a vida útil estimada. Os aparelhos só foram instalados em abelhas operárias, que não acasalam. FONTE: BBC Brasil | Zoe Kleinman


ECONOMIA

SALÁRIO MÍNIMO ATINGE MAIOR PODER DE COMPRA EM 50 ANOS

Atualmente em R$ 788, o salário mínimo atingiu, em janeiro de 2015, o maior poder de compra desde agosto de 1965, revela levantamento divulgado pelo Banco Central (BC). De acordo com o Boletim Regional do BC, apresentado em Porto Alegre, apenas no período entre julho de 1964 e julho de 1965 o salário mínimo comprava mais do que hoje, em valores corrigidos pela inflação. Segundo o Banco Central, a valorização do salário mínimo tem determinado, em parte, a elevação da renda real dos trabalhadores nos últimos anos, principalmente dos empregados que ganham menos e dos beneficiários da Previdência Social. De 2003 a 2014, o rendimento médio da população ocupada com renda de até um salário mínimo cresceu 52% a mais do que o salário mínimo. O movimento pode ser explicado pela formalização do mercado de trabalho, que atraiu profissionais que ganhavam menos que o mínimo. Para a população que ganha de 1 a 1,5 salário mínimo, o rendimento médio real do trabalhador subiu 1% a mais que o mínimo de 2003 a 2014. Na faixa de 1,5 a 3 salários mínimos,

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o indicador aumentou 23% menos que a correção do mínimo. Para a população que ganha mais de 3 salários mínimos, o rendimento médio real subiu 53% a menos que o mínimo. O levantamento aponta ainda que 28,2% dos trabalhadores brasileiros recebem o salário mínimo e 54,4% ganham de um a três salários mínimos. De acordo com a instituição, a política de valorização do salário mínimo é a grande responsável pela recuperação do poder aquisitivo dessa faixa de renda. Desde 2008, o salário mínimo é reajustado a cada ano com base no crescimento do Produto Interno Bruto (PÌB) de dois anos anteriores e da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior. O INPC mede a inflação para famílias de menor renda, de até seis salários mínimos. A fórmula garante a reposição da inflação a cada ano. Caso a economia tenha crescido dois anos antes, o cálculo garante aumento real — acima da inflação — para o salário mínimo. A política de valorização chega ao fim neste ano. No início de janeiro, a presidente Dilma Rousseff assegurou que a fórmula será mantida nos próximos quatro anos,

mas o Congresso precisa aprovar um projeto de lei sobre o tema. Apesar dos avanços no rendimento dos trabalhadores, o Banco Central alerta que a política de valorização do mínimo está aumentando o custo médio da mão de obra. Na indústria, as elevações da renda não estão sendo acompanhadas pelo aumento do emprego. De 2012 a 2014, a população ocupada na indústria caiu, embora o rendimento médio tenha subido. Isso indica que menos pessoas trabalham hoje na indústria ganhando, em média, mais do que em 2012. A valorização do salário mínimo também é constatada por outros órgãos, como o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Segundo estudo divulgado no mês passado, o salário mínimo de R$ 788 compra 2,22 cestas básicas, a melhor relação desde 1979. De acordo com o documento, o mínimo subiu 76,54% acima do INPC desde 2003, mas está longe do ideal. Para o Dieese, o salário mínimo que cobriria as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas corresponderia a R$ 3.118,62.

BRASIL EXPORTOU 161 MIL TONELADAS DE SUCO DE LARANJA EM FEVEREIRO Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Brasil embarcou 161,0 mil toneladas de suco de laranja em fevereiro. Na comparação com o mês anterior houve queda de 8,9% no volume exportado. Em janeiro foram embarcadas 176,70 mil toneladas. Já frente ao mesmo período do ano passado, quando foram embarcadas 158,40 mil toneladas, a alta registrada foi de 1,6%. Vale lembrar que esta queda está relacionada com o menor número de dias úteis

de fevereiro. Os embarques diários foram de 8,90 mil toneladas, em média, incremento de 6,3% em relação a janeiro. A tonelada de suco de laranja exportada fechou cotada, em média, em US$ 1.007,50, uma alta de 10,5% em relação a janeiro. A expectativa é que as exportações de suco de laranja se mantenham em bom ritmo em curto e médio prazos, refletindo a alta do dólar e considerando o aumento do consumo esperado para os Estados Unidos.


TECNOLOGIA

MINISTRA LANÇA PROGRAMA NA INTERNET SOBRE IMPORTÂNCIA DA ÁGUA NA AGRICULTURA

www.embrapa.br/agua-na-agricultura

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, lançou na tarde do dia 11 de fevereiro de 2015 o hotsite Água na Agricultura, com o objetivo de disponibilizar informações sobre efeitos da falta de água na lavoura. O serviço disponibiliza soluções tecnológicas para o melhor uso da água na produção vegetal e na criação de animais. Também reúne pesquisas e dados organizados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Agência Nacional de Águas (ANA), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). De acordo com o presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, esta é só a primeira etapa do projeto, que pode ser acessado no endereço www.embrapa.br/agua-na-

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-agricultura. A ideia, segundo ele, é ter informações qualificadas reunidas em um só espaço. “O projeto demonstra a grande capacidade que temos e a quantidade enorme e fantástica de informações disponíveis nas instituições. Com essa parceria a gente conseguiu reunir as informações para desenvolver esta versão da plataforma”, acrescentou. Segundo Katia Abreu, o objetivo é unir informações tecnológicas e presenciais, e fazer com que esse conhecimento chegue a quem precisa. “Os produtores rurais, muitos estão agora no planejamento da segunda safra de milho, de feijão, então será muito útil para eles, na hora de fazer o planejamento, quando esses números e dados estão à disposição” disse a ministra. “São informações preciosas. As pessoas

precisam conhecer que o Brasil está evoluindo, e tem instrumentos para se precaver” completou. O hotsite também vai relacionar projetos de pesquisa que buscam maneiras para a capitação e armazenamento da água das chuvas para irrigação. De acordo com a ministra, a ideia cada vez mais é não ficar à mercê da chuva, sem saber se ela vem ou não. “Temos que aproveitar ao máximo as chuvas e fazer reservatórios. Neste hot site temos muitas opções para os produtores. As pessoas podem lançar mão para juntar água da chuva. Isto é um instrumento usado quase no mundo inteiro. Precisamos, com as crises, amadurecer, aproveitar e mudar as culturas que temos no dia a dia, e água de chuva precisa ser reutilizada”, ressaltou.


Quando trabalhamos pelo coletivo, o individual é melhor incidência se deve ao manejo adequado da lavoura. Mesmo com um manejo adequado, a região norte de MS encontrou maiores dificuldades, mas no geral foram casos pontuais. A necessidade é sempre de monitoramento nas lavouras, pois esta praga é voraz. RPR: Quais são os projetos da Aprosoja MS?

por meio da integração lavoura, pecuária, sistema de plantio direto, o incentivo ao desenvolvimento de novas variedades e a biotecnologia. Para que estas tecnologias tenham maior longevidade é necessário um ambiente regulatório que garanta esta estabilidade e permita um ambiente produtivo adequado, como, por exemplo, a regulamentação do refúgio. RPR: E o Circuito Aprosoja, continua?

Presidente da Aprosoja analisa o mercado para 2015 Mauricio Koji Saito tem 43 anos e há 20 dedica sua vida à produção rural. Graduado em medicina veterinária pela Universidade Estadual do Paraná, ele preside a Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso do Sul, uma das mais importantes do Brasil. Experiente e muito bem articulado, suas ações são focadas no cooperativismo, onde ele acredita estar a alternativa correta para que todos saiam ganhando. Saito está no Estado desde 1996 e foi presidente do Sindicato Rural de Itaporã (2003/2005 e 2008/2011) e da Coopsema (Cooperativa Agrícola Mista Serra de Maracaju). É também Conselheiro Fiscal da Fundação MS. Revista Produção Rural: Qual a sua visão em relação ao Mato Grosso do Sul no cenário nacional do agronegócio? Mauricio Koji Saito: O Estado é um celeiro de produção e difusão de tecnologia. São 2,3 milhões de hectares de soja plantada. Uma das características do produtor daqui é o empreendedorismo. As últimas três safras registraram um incremento de 25% na produção de soja e 125% de milho safrinha. A Embrapa, a Fundação MS e a Fundação Chapadão são instituições que possuem corpo técnico extremamente qualificado. Como referências, essas instituições levam ferramentas e soluções adequadas ao produtor. Por sua vez, o produtor sul-mato-grossense gosta de novidades e aceita as 38

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novas tecnologias, o que faz com que tenhamos melhores resultados a cada ano. RPR: As previsões de preços para esta safra não são boas, porém com margens positivas. Isso também procede para a produção sul-mato-grossense? MKS: Esta também será a realidade em Mato Grosso do Sul, com o aumento nos custos de produção, principalmente em relação aos defensivos agrícolas, e uma desvalorização das cotações de soja, teremos margens mais apertadas em relação às últimas três safras. Outro fator que afetará nas margens para esta safra é a diminuição do potencial produtivo das lavouras, em função dos veranicos que tivemos nos meses de outubro e janeiro.

MKS: Gostaria de destacar dois dos nossos principais projetos que estão em andamento. O Siga MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio), em sua versão web, oferece aos usuários acesso a diversas informações relacionadas às safras agrícolas do Mato Grosso do Sul, bem como um acervo de documentos e boletins técnicos publicados periodicamente com informações sobre o andamento das safras de soja e milho. Temos também o Soja Plus, que capacita gratuitamente o produtor rural distribuindo cartilhas e promovendo cursos sobre saúde e segurança no trabalho, adequação de construções rurais, novo código florestal, dias de campo em fazendas modelo e visitas técnicas para monitoramento de indicadores de desempenho. Essa capacitação tem um viés que vai além da técnica e atinge a gestão da propriedade. Além desses projetos, destaco nossa atuação em prol do desenvolvimento de tecnologias e o incremento de produtividade no campo,

MKS: Sim, com certeza. Esse circuito já é tradicional e esperado pelos produtores. A rodada de palestras e informações técnicas sobre a produção de grãos passou pelos municípios de Dourados, Chapadão do Sul, São Gabriel do Oeste, Rio Brilhante, Amambai e Campo Grande e é uma excelente oportunidade para os produtores e técnicos da área atualizarem-se quanto às melhores técnicas agronômicas, além de obter informações sobre o mercado nacional e mundial de grãos. RPR: Como deve se comportar o mercado de grãos nesta safra? MKS: O ano de 2014 foi atípico. O Mato Grosso do Sul entrou pouco vendido no mercado futuro. Temos hoje um percentual de 25% da soja comercializada, menos do que em anos anteriores. Podemos dizer que o produtor está com uma atitude diferente. Na verdade, a inversão do preço veio

de forma abrupta e a palavra de ordem é cautela e acompanhamento do mercado. RPR: Sua trajetória mostra o seu envolvimento em organizações como sindicatos e cooperativas. Qual a sua opinião em relação à união dos produtores? MKS: Eu estou no sistema sindical desde 2002 e vejo que o setor primário tem uma importância grande no cenário econômico, como balança comercial positiva, 24% do PIB e 37% dos empregos gerados. Todos esses indicadores positivos nos colocam na agenda política do país. Instituições com esse cunho de pensamento coletivo e não individual dão respeito à classe produtora. E só estamos nesta agenda porque houve uma estruturação por parte dessas organizações e o fortalecimento delas. Quando trabalhamos pelo coletivo, o resultado individual é melhor. RPR: Como será o ano de 2015 para o mercado de grãos? MKS: Ainda que os investimentos dos produtores tenham se mantido, devido aos problemas com a estiagem a produtividade diminuiu e os preços não estão muito favoráveis. Os produtores devem ter atenção para fechar os negócios, pois não teremos preços nos mesmos patamares dos anos anteriores. Gabriela Borsari

Nesta safra deveremos produzir 6,8 milhões de toneladas em uma área de 2,3 milhões de hectares e uma produtividade esperada de 49 sc/ha. RPR: Segundo estudos da Fundação MS, a incidência da praga Helicoverpa foi baixa em boa parte do Estado, isso quer dizer que o produtor está mais cuidadoso? MKS: Temos que fazer um resgaste na história. Na Bahia houve um problema sério e esse receio se espalhou. Aqui no Estado, as instituições de pesquisas fizeram um ótimo trabalho, principalmente na divulgação dos resultados de pesquisa e monitoramento, o que fez com que o produtor ficasse atento. Essa menor

Experiente e com foco no cooperativismo, Maurício Saito alerta para um ano de cautela

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ECONOMIA

CONAB AVALIA QUE SAFRA DEVE SUPERAR 200 MILHÕES DE TONELADAS A estimativa para a safra 2014/2015 é superar 200 milhões de toneladas. A informação foi divulgada em fevereiro no 5o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o órgão, essa produção

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será 3,4% superior, o que representa 6,53 milhões de toneladas a mais do que o colhido na safra anterior. O destaque continua sendo a soja, com produção 9,8% maior do que na safra anterior. A produção deve che-

gar a 94,58 milhões de toneladas. A área total plantada será de 57,39 milhões de hectares, o que corresponde a uma alta de 0,6% ou um acréscimo de 359,9 mil hectares.

Primeira estimativa feita pelo IBGE indica safra 4,4% maior em 2015

A primeira estimativa de 2015 para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas (caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale) indica crescimento de 4,4%, em relação à safra de 2014, devendo totalizar 201,3 milhões de toneladas. No ano passado, foram colhidas 192,8 milhões de toneladas. Os dados fazem parte do primeiro Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números indicam

que a área a ser colhida alcança 57,2 milhões de hectares, o que representa um crescimento de 1,6%. Em 2014, a área colhida foi 56,3 milhões de hectares. Arroz, milho e soja, os principais produtos deste grupo, somados, representam 91,6% da estimativa da produção e respondem por 85,4% da área a ser colhida. Em relação ao ano anterior, houve acréscimo de 3,5% na soja, reduções de 1,3% na área plantada de arroz e de 0,3% na de milho. No que se refere à produção, houve crescimento nas estimativas de 3,3% para a safra de arroz, 10,5% para a soja e queda de 2,9% para o milho. Segundo o levantamento, o volume da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas será maior na Região Centro-Oeste, com 81,7 milhões de toneladas. O Sul responderá por 75,2 milhões de toneladas; o Sudeste, por 19,7 milhões de toneladas; o Nordeste, por 19,2 milhões de toneladas, e o Norte, por 5,5 milhões de toneladas. Comparativamente à safra passada, constatou-se crescimento de 0,2% no volume de produção da Região Norte; de 23% do Nordeste; de 9,7% do Sudeste e 6,3% do Sul. Em contrapartida, o Centro-Oeste apresentou diminuição de 1,5% em relação à produção do ano anterior. Na avaliação para 2015, Mato Grosso foi o maior produtor nacional de grãos, com uma participação de 23,1%. Outros estados que aumentaram a produção foram o Paraná (18,2%) e o Rio Grande do Sul (15,9%), que, somados, representaram 57,2% do total nacional previsto. Quando comparadas à produção obtida em 2014, as estimativas de janeiro deste ano indicam que 12 dos 26 produtos aumentaram. Os destaques são o amendoim em casca primeira safra (crescimento de 18,8%), arroz em casca (3,3%), a aveia em grão (23,6%), cevada em grão (23,1%), soja em grão (10,5%) e o trigo em grão (20,4%). Dos 14 produtos com variações negativas destacam-se o algodão herbáceo em caroço (7,3%), amendoim em casca segunda safra (11,2%), batata-inglesa segunda safra (7,6%), batata-inglesa terceira safra (19,4%) e o cacau em amêndoa (16,7%). 41


SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO PODERÁ SER ALTERNATIVA NA AGRICULTURA

Economia de água proporcionada pelas novas técnicas de irrigação tem estimulado os investimentos por parte dos agricultores, principalmente após o longo período de estiagem observado em 2014 A economia de água proporcionada pelas novas técnicas de irrigação tem estimulado os investimentos por parte dos agricultores, principalmente após o longo período de estiagem observado em 2014. Uma das empresas que vem expandindo a atuação em Minas Gerais é a Netafim. De origem israelense, a indústria especializada em irrigação pretende ampliar, significativamente, a atuação no Estado, principalmente na cultura do café, onde a demanda pelos sistemas de irrigação por gotejamento está em pleno crescimento. A economia no volume de água proporcionada pelo gotejamento varia entre 30% e 50% quando comparada com a irrigação por aspersão. O saldo de economia de água para consumo humano com o gotejamento pode variar de 20% a 40%. De acordo com o gerente Agronômico da Netafim, Carlos Sanches, muitos produtores têm investido no sistema e a tendência é de manutenção do crescimento, já que grande parte do país vem enfrentando períodos mais longos de estiagem e perdas na produção agrícola. A maior exigência dos consumidores em relação a produtos gerados

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de forma sustentável, o que agrega maior valor quando se tem certificação, também serve de estímulo para investimentos em sistemas mais eficientes. “A economia do recurso hídrico na irrigação por gotejamento acontece através da disponibilização de água junto ao sistema radicular da planta, enquanto no sistema mais utilizado no país, por aspersão, a água é distribuída por toda a extensão da planta, necessitando de um maior volume de água para atender a demanda da cultura. Além de utilizar um menor volume de água, é possível reduzir os custos e ampliar a produtividade, já que a planta receberá o volume necessário do recurso hídrico para se desenvolver”, explica. Demanda - Ainda segundo Sanches, a maior demanda em Minas Gerais é proveniente dos cafeicultores, principalmente das regiões Sul e Cerrado, as maiores produtoras do Estado. “O ganho em produtividade e a economia proporcionados são bem vantajosos, o que torna o investimento no sistema interessante para o produtor”, ressalta. Para se ter ideia, a planta do café necessita de cerca de 5 litros de água por dia para ter pleno desenvolvimento. No método tradicional de aspersão são

gastos entre 7,5 litros e 8 litros para que a planta absorva os cinco necessários. De acordo com Sanches, quando se usa o gotejamento, a irrigação no sistema radicular consegue atender a necessidade da planta com apenas 5,3 litros, uma economia de 33%. Além da economia de água, com os equipamentos de gotejamento é possível fazer a fertirrigação, técnica que disponibilizar no sistema radicular da planta nutrientes para que a produtividade seja ampliada. Segundo ele, o produtor que investe no sistema pode adicionar na água da irrigação os nutrientes que cada cultura necessita, como nitrogênio, fósforo, magnésio, entre outros. Por ser depositado junto ao sistema radicular, a absorção é maior o que pode ampliar a produtividade em até 200%. “No café, por exemplo, enquanto em uma cultura tradicional o rendimento varia de 19 a 20 sacas por hectare, com a fertirrigação já registramos casos em que o cafeicultor colheu volume acima de 55 sacas por hectare. Com isso, o produtor consegue ter retorno do investimento já na primeira safra, somente pelo aumento da produtividade”, enfatiza.

Em tempos de crise hídrica, demanda cresce em MG De acordo com o gerente Agronômico da Netafim, Carlos Sanches, a expectativa em relação ao mercado de irrigação por gotejamento é muito positiva. Em 2014, após o longo período de estiagem, a demanda pelos produtos da Netafim cresceu entre 25% e 30%, índices que deve ser repetidos em 2015, devido ao novo período de escassez hídrica registrado em janeiro. “Nosso crescimento vem sendo estimulado pela crise hídrica vivenciada, principalmente, na região Sudeste do país e pela maior preocupação dos produtores em investir em equipamentos que promovam o uso racional dos recursos naturais”, avalia.

Minas Gerais, segundo Sanches, possui um mercado de irrigação muito amplo, além do café, a empresa atua no setor de soja, milho, citros, cana-de-açúcar e frutas. Ainda segundo Sanches, no país o uso da irrigação por gotejamento ainda é pequeno, mas a tendência é de crescimento contínuo devido aos bons resultados proporcionados pela técnica. A estimativa da Netafim mostra que entre 70% e 80% das áreas irrigadas no país utilizam o sistema de aspersão. De acordo com as informações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), no Estado,

a área com uso de irrigação é de 600 mil hectares. A maior parte das áreas irrigadas está no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste, com as lavouras de grãos e café. No Norte de Minas, destaca-se a produção de frutas e hortaliças, principalmente nos projetos Jaíba e Gorutuba, onde a irrigação localizada (gotejamento e microaspersão) é a mais utilizada. Já no Sul de Minas, a produção de morango é irrigada por gotejamento. Nos municípios do entorno de Belo Horizonte, há uma grande produção de hortaliças. Boa parte dos agricultores utiliza a irrigação localizada.

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PIRARUCU TEM POTENCIAL PARA GANHAR O MUNDO

Mesmo em cativeiro, peixe não aceita método de reprodução artificial

Um dos maiores peixes da bacia amazônica, espécie ganhou a fama de bacalhau brasileiro vezes. Só então ela choca os ovos, enquanto ele vigia os arredores. O zootecnista Thiago Testuo Ushizima, responsável pelo setor de Pesquisa e Desenvolvimento da Mar e Terra, conta que no início eles separavam as fêmeas dos machos observando características externas. “Mas os peruanos em parceria com o franceses descobriram que as fêmeas do pirarucu tem um hormônio específico no sangue, a vitelogenina e assim passou a ser possível saber quem é macho e quem é a fêmea pelo exame de sangue”, diz. A tecnologia aumenta a chance de sucesso na formação de casal, mas nem sempre a fêmea aceita o pirarucu colocado para ser parceiro. Esta peculiaridade da espécie torna o alevino caro, cerca de R$ 15 cada. Mas a complexidade da reprodução

é compensada pelo ganho de peso da espécie. “Um pirarucu chega a 10, 12 quilos em um ano. Nenhum outro peixe tem uma conversão alimentar assim”, diz Ushizima. Por acreditar no potencial da espécie, a Mar e Terra deixou os experimentos com o pirarucu no Mato Grosso do Sul e foi para Rondônia, onde o clima é mais propenso à espécie. “Se a temperatura da água baixar para menos de 20oC, o pirarucu sofre e a mortalidade aumenta”, diz Ênio Queijada, gerente da unidade de agronegócio do Sebrae. 2012 foi o primeiro ano da empresa em Rondônia e a Mar e Terra conseguiu produzir 15 mil alevinos. Em 2013 com a sexagem o número subiu para 70 mil e no passado chegou a 100 mil alevinos. “Nós produzimos e entregamos para os parcei-

ros, que engordam e vendem para nós”, diz Ushizima. A Mar e Terra tem hoje 65 produtores parceiros para quem fornece alevino, dá assistência técnica e garante a compra do peixe vivo por R$ 8,30 o quilo. O porte comercial do pirarucu de cativeiro varia entre 10 e 20 quilos, embora na natureza ele possa chegar a 200 quilos. “Normalmente, restaurantes têm preferido peixes menores por causa da maior maciez da carne, enquanto supermercados têm procurado peixes de maior porte”, diz Newman Costa, Coordenadora Nacional de Aquicultura e Pesca do Sebrae. Pirarucu menor facilita a armazenagem, que precisa ser refrigerada. “Tamanho excessivo pode ser um empecilho à aquisição por parte dos estabelecimentos”, explica Newman.

Do Brasil para o mundo

Um dos maiores peixes da bacia amazônica, o pirarucu ganhou a fama de bacalhau brasileiro. Isso porque na região Norte a carne do peixe costuma ser vendida salgada na forma de mantas. Com lombo alto, a espécie rende postas largas e caiu no gosto de vários chefes de cozinha. Entre eles, Alex Atala, o responsável por fazer a comida brasileira conhecida mundo afora, e Ana Luiza Trajano, que usa a espécie desde a inauguração do Bra-

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sil a Gosto, restaurante que tem a proposta de resgatar e divulgar o que as regiões a brasileiras têm de melhor em termos de receitas e ingredientes. Hoje o brasileiro encontra o pirarucu nas grandes redes de supermercados por uma faixa de R$ 50 a R$ 60 o quilo do filé. Isso só se tornou possível graças ao trabalho conjunto de uma série de parceiros: Sebrae, Embrapa, Ministério da Pesca e Aquicultura e empresas,

como a Mar e Terra, uma das maiores exportadoras de peixe do Brasil. O gargalo da produção em cativeiro, o pirarucu é a reprodução. Ele não aceita o método artificial, pelo contrário, o processo lembra o relacionamento de humanos. A fêmea escolhe o macho, forma casal e só então desova. É ele o responsável por cavar um buraco no açude, o ninho, onde a fêmea põe os ovos, que o macho cobre com os espermas. Este processo se repete umas cinco

Hoje, a Mar e Terra exporta o pirarucu para os Estados Unidos e Europa. O feito só se tornou possível por causa de um projeto piloto iniciado em Rondônia, que cadastra eletronicamente as matrizes do peixe com microchips. Antes, a exportação era proibida pelo fato do pirarucu ser considerado um peixe em extinção e estar na lista da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Selvagens Ameaçadas de Fauna e Flora (Cites). Agora, com o monitoramento eletrônico, é possível saber se o peixe é de captura ou de uma fazenda de cultivo. Bom para a Mar e Terra que aposta no pirarucu para competir lá fora com peixes já consagrados no mercado: o salmão do Chile e o peixe panga do Vietnã.

Hoje o brasileiro encontra o pirarucu nas grandes redes de supermercados por uma faixa de R$ 50 a R$ 60 o quilo do filé.

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CONSUMO DE TRIGO MAIS QUE DOBROU NOS ÚLTIMOS 40 ANOS, MAS AINDA É PEQUENO

Produtividade: importações e exportações para melhorar o negócio Em declaração dada a Globo Rural, a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip) disse que as padarias movimentaram R$ 76,4 bilhões em 2013. E, anualmente, estima-se que 55% de toda farinha de trigo processada seja consumida pela indústria de panificação e confeitaria. Essa, então, pode ser a grande chance dos agricultores brasileiros, já que a produção nacional não tem comportado o consumo próprio: dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimam que o Brasil deva importar sete milhões de toneladas de trigo na safra de 2014/2015. Isso acontece porque o Brasil ainda não produz trigo de alta qualidade ou “panificável”. Segundo Marcelo Vosnik, presidente da Abitrigo, o Brasil vive uma questão séria na relação entre produtividade e qualidade. Para o presidente, a nossa variedade de trigos é produtiva, mas “sem qualidade suficiente para a panificação, o nosso maior mercado”. O desafio, então, é encontrar um modo de fortalecer o trigo brasi-

leiro. Para isso, produtores estão trabalhando em parcerias com a Embrapa e outros desenvolvedores particulares nessa questão. “Tratar as cultivares é um projeto em longo prazo. Desenvolver o produto ideal e colocar para ser plantado comercialmente demora uns dez anos, pelo menos. Estamos caminhando, mas é um processo lento”, conta Vosnik. Nessa missão, “tropicalizar” o trigo é a última grande fronteira do produto. O trabalho vem se baseando em melhoramento genético para tolerância do trigo ao clima tropical e minimização da incidências de doenças sem comprometer a qualidade, para o produto ser comercialmente viável. No entanto, importar trigo panificável dos Estados Unidos e da Argentina não é um problema para a associação. Segundo seu presidente, o Brasil não precisa ser autossuficien-

te na produção: “É mais fácil enviar o trigo americano para o Nordeste do que o gaúcho. Logística pura”. A Abitrigo e a Embrapa afirmam que apenas uma “ínfima parte” da farinha produzida no país é exportada. Nos últimos quatro anos, apenas 0,2% (1,3 tonelada) foram para exportação. Por ser um trigo mais fraco e considerado não panificável, ele é usado para suprir regiões do norte da África, para a produção do pão pita - pão de trigo tipo “envelope”, uma folha que pode ser recheada e consumida como um sanduíche; e para a Europa, onde é utilizado como ração. “Prefiro exportar o nosso e importar para consumo. Sei que o Brasil é capaz de produzir mais do que consome, mas não vejo nada de ruim em continuar com as importações e exportações”, conclui o presidente da Abitrigo.

Os oponentes

Projeto da Abitrigo é melhorar trigo brasileiro e aumentar exportações O brasileiro está incorporando outros ingredientes em sua dieta alimentar, que tem ido além do tradicional feijão com arroz. Outro grão que ganha espaço na mesa das famílias é o trigo, a matéria-prima do pão nosso de cada dia, das massas, biscoitos e um dos produtos estratégicos que combatem a fome da humanidade, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization). Nos últimos 40 anos, o consumo médio per capita no Brasil mais que dobrou, conforme projeções do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti46

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ca). Atualmente, cada pessoa consome 60 kg de trigo em um ano, média considerada ideal pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Em pesquisa realizada pelo IBGE, notou-se que o consumo se concentra, na grande maioria, nas regiões Sul e Sudeste. Claudia De Mori, especialista em socioeconomia da Embrapa Trigo, credita isso aos “hábitos descendentes dos italianos e alemães e da maior renda per capita”. Em ambas as regiões, quem lidera nas vendas é o pãozinho. Segundo Laércio Alves, gerente da Bella Paulista, uma das mais importantes padarias de São Paulo, o produto é um costume: “No café pedem na chapa, no almoço comem lanches e à noite acompanham as sopas”. Mesmo assim, outros países ain-

da seguem muito à frente no consumo de trigo: o Azerbaijão come 212 kg, a Tunísia 204,2 kg e a Argentina hoje encara 103,4 kg. Para a Embrapa Trigo, o perfil de consumo de uma população é determinado por uma série de fatores. Distribuição da população rural e urbana, cultura (etnia e crença), renda per capita e industrialização local podem definir o sucesso ou fracasso de um produto. No caso do Brasil, ainda há o aspecto edafoclimático, característica que define o perfil de oferta e variedade de produtos disponíveis na região, também capazes de afetar o consumo. Como Beatriz Botéquio, nutricionista da Equilibrium Consultoria, coloca: “Na Europa, há o macarrão, aqui é arroz, feijão e mandioca”.

Mas o que justifica tal lacuna? Há quem afirme que essa é uma questão cultural enraizada no brasileiro, outros veem o glúten como bode expiatório e alguns acreditam que o crescimento de consumo pode ser gradual. Enquanto isso, os produtores enxergam um mercado a ser explorado. Além do clima inapropriado - quanto mais frio, melhor a produção do trigo –, o Brasil também possui uma ampla variedade de oferta de produtos a ser aproveitada. “Aqui se consome menos macarrão, bolo e coisas do tipo. No Brasil, o maior vilão do trigo com certeza é o arroz e feijão”, exalta a nutricionista Beatriz. Outro fator que vem “assustando” os consumidores de trigo é o glúten. No meio fitness, a proteína é considerada uma das grandes inimigas da dieta. Para a nutricionista, ao tirarem o glúten dos seus hábitos alimentares, as pessoas estão cometendo um

Não há provas científicas em relação ao glúten e emagrecimento

erro. “Não há provas científicas em relação ao glúten e emagrecimento. A repulsa é uma modinha midiática”, diz a especialista. Quem concorda com isso é Marcelo Vosnik, presidente da Abitrigo, que diz “não acreditar que as pessoas estejam embarcando nessa, glúten só faz mal para celíacos”. Já para a Embrapa, consumidores finais com grande heterogeneidade renda, diversidade cultural, produção regional e clima – também dificultam o crescimento. De qualquer forma, a especialista afirma que, na história, existem exemplos de mudanças nesse “costume” brasileiro. “Se olharmos o consumo dos diferentes derivados de

trigo no Brasil podemos ver a redução de consumo da farinha de trigo (de 5,1 kg por habitante ao ano para 3,4 kg) e aumento de consumo de pão (de 14,8 kg para 15,8 kg) e de mistura para bolo (0,18 kg a 0,27 kg). O perfil mudou: devido à entrada da mulher no ambiente de trabalho, famílias optam por comidas prontas em vez de produções próprias”, conta Claudia. Segundo a técnica da Embrapa, “não se trata de uma competição entre produtos alimentares”. O que há, na realidade, é um interesse em potencializar o mercado “de maneira adequada ao perfil regional e cultural do cidadão brasileiro”.

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PROGRAMA DO SENAR QUER REVERTER IMPORTAÇÃO DE 85% DOS HORTIFRUTI CONSUMIDOS EM MS

O consumo de hortifrutigranjeiros em Mato Grosso do Sul cresceu quase 19% nos últimos dois anos. De 2012 a 2014, o total consumido no Estado passou de 148.329 mil para 174.381 mil toneladas, segundo informações da Ceasa – Central de Abastecimento Estadual. No entanto, 85% dos produtos consumidos pela população ainda são importados de outros estados da região Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. As informações da Central mostram ainda que tomate, batata, melancia e banana foram os produtos mais vendidos nesse período e as hortaliças lideraram o volume de compras com 52,1%, enquanto as frutas nacionais chegaram a 45% das importações. Com objetivo de reverter o atual quadro de importação de vegetais, o SENAR/MS – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural desenvolve o ‘Hortifruti Legal’, um projeto de produção assistida que leva aos produtores rurais soluções para problemas técnicos identificados na produção,

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Revista Produção Rural

comercialização e industrialização desses produtos. Por meio de um programa de acompanhamento da produção denominado ATEG – Assistência Técnica e Extensão Gerencial, 156 produtores dos municípios de

Cerca de 85% dos produtos consumidos pela população do Mato Grosso do Sul ainda são importados de outros estados da região Suldeste, Centro-Oeste e Nordeste Terenos, Figueirão e Rio Verde estão sendo visitados regularmente por profissionais do SENAR, recebendo no formato de consultoria informações referentes ao ciclo de plantio, adubação, escoamento, entre outras.

Um dos técnicos do programa é o engenheiro agrônomo Paulo Mitio, que atende um grupo de 36 produtores na região de Terenos, que já trabalhavam com horticultura. “Temos acompanhado este grupo desde o começo do programa oferecendo capacitações, gerenciamento e planejamento do plantio. Verificamos que um dos erros mais comuns é plantar poucas opções de culturas em grandes áreas e após a colheita, o produtor fica sem opção. Por isso, estamos ensinando técnicas de escalonamento, na qual ele produzirá menos, porém com mais qualidade e continuamente”, esclareceu. Para exemplificar a técnica, o instrutor detalha que quando se alterna a cultura de legumes e verduras, o produtor pode colher quinzenalmente de 20 a 40 caixas de produção, que se vendidas a uma média de R$ 20 reais, podem resultar em até R$ 800,00 ao trabalhador. “Demonstramos também como fazer o cálculo dos custos com a produção

Verificamos que um dos erros mais comuns é plantar poucas opções de culturas em grandes áreas e após a colheita, o produtor fica sem opção

e as oscilações do mercado, em razão da oferta e procura. Seguindo estas técnicas, o produtor alcançará melhoria na gestão da propriedade e, consequentemente, nos lucros”, acrescentou o profissional. O produtor Valdemir Ortega, possui uma pequena propriedade de 6,5 hectares no Assentamento Santa Mônica, em Terenos, onde cultiva berinjela, abobrinha e alface. Ortega conta que a assistência rural foi importante para que pudesse produzir mais em menor espaço. “Como nosso espaço é limitado precisamos planejar com cuidado o que e como iremos plantar. A assistência me ajudou desde a adubação e combate às pragas até calcular meu lucro líquido. É gratificante perceber o nosso crescimento, por isso estou me preparando para, no mínimo, dobrar meu ganho”, revela animado. Depois de receber orientação técnica, Ortega produziu uma safra de alface e investiu no plantio de duas espécies de pepino, além de já ter definido quais serão as próximas

culturas. “Meu planejamento inclui a produção de abacaxi, limão e banana que são alguns dos produtos com melhor saída”, reforçou. A produtora Alice da Silva Nunes também mora no assentamento e cultiva em uma área com pouco mais de um hectare, abobrinha, pepino, quiabo e pimentão. Junto com o marido, trabalha em todas as etapas do cultivo, desde a preparação do solo até a venda da produção. Alice se mostra satisfeita com o atendimento que tem recebido. “Aprendi muitas técnicas para a adubação e controle de pragas, muito importantes já que não prejudicam o meio ambiente. Os resultados não poderiam ser melhores, o que percebi na colheita de quiabo, por exemplo: utilizando metade do espaço, produzo a mesma quantidade de caixas do produto”, comemorou. Na etapa de planejamento realizada pelas equipes do ATEG foi identificado que além das dificuldades enfrentadas pelos agricultores com a produção, também existe um entrave no momento de vender o que le-

vou em muitos casos, ao desperdício e inutilização de parte da colheita. Uma parceria firmada entre o SENAR/MS, a cooperativa Cooplaf – Cooperativa Agrícola Mista da Pecuária de Corte e Leiteira Familiar no município de Terenos, Sebrae/MS – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e o Sindicato Rural prevê a atuação de um agente de comercialização. O profissional intermediará o contato entre o produtor e os comerciantes, aproximando ambos e eliminando assim os gastos com terceirização.

Serviço – Os interessados em participar do programa Hortifruti Legal podem se dirigir ao sindicato rural de sua região ou entrar em contato com o Sistema Famasul, no telefone (67) 3320-9700.

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NOVA TÉCNICA REAPROVEITA LODO DA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS Apoiados pelo Programa de Incentivo à Inovação, pesquisadores de Montes Claros descobrem como utilizar resíduo na produção de sabão, biofertilizante e biocombustível Pesquisadores da Faculdade de Ciência e Tecnologia de Montes Claros (Facit) desenvolveram uma técnica que transforma lodo da indústria de laticínios em sabão, resina para polimento, biofertilizante e até biocombustível. Com essa nova tecnologia, o soro do leite, que é cem vezes mais poluente que o esgoto doméstico, não contamina a água nem o solo e ainda pode ser reaproveitado. A legislação ambiental obriga as fábricas de laticínios a instalarem estações de tratamento de efluentes para que o resíduo do leite não seja jogado dire­ tamente na rede de esgoto. O material é gerado de vários processos dessas fábricas, como operações de higienização, descartes e descargas, vazamentos e outros tipos de perdas de leite. “Depois dos resíduos passarem pelas estações de tratamento de

efluentes, sobra um lodo que se solidifica e que tem alta carga de matéria orgânica. Por isso ele é tão poluen­te”, explica Bruno Magalhães Silva, um dos pesquisadores. De acordo com ele, o resíduo não pode ser enterrado ou descartado em rios, como ocorre com o esgoto doméstico, pois pode contaminar o solo e os recursos hídricos. O material também não pode ser estocado por muito tempo por causa do cheiro que exala. Em geral as indústrias têm que enviar esse lodo biológico para incineração. “Como é um material com muita água, faz com que o processo se torne demorado e caro, pela alta demanda de energia”, afirma Bruno. Pensando em solucionar o problema, Bruno e os pesquisadores da Facit, Gilzeane Santos Sant’Ana Prazeres e Moacir Antônio Dias Jú-

nior, apoiados pelo Programa de Incentivo à Inovação (PII), criado pelo Sebrae Minas e a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), descobriram que, ao separar e isolar os materiais que constituem o lodo, poderia produzir novas substâncias. O processo de beneficiamento consiste em separar a água do resíduo, por prensagem do lodo biológico e, posteriormente, encaminhá-lo para uma unidade de extração, onde a gordura é separada do resíduo sólido, possibilitando a destinação adequada de cada componente. “Identi­ ficamos a quantidade de água, gordura e de composto orgânico que podem ser rea­proveitados comercialmente, como, por exemplo, na elaboração de subprodutos como resina, sabão e biofertilizante”, conta o pesquisador.

Resultados De acordo com o pesquisador, uma das opções para reaproveitamento da gordura obtida a partir do beneficiamento do lodo biológico é a fabricação de sabão e de uma resina para polimento. “Hoje as fábricas de sabão têm que processar material orgânico como ossos, pele de animais para produzir a gordura que entra na composição do sabão. Nossa tecnologia permitiria entregar a gordura pronta para essa indústria, o que eliminaria essa fase de processamento, gerando grande economia”, diz Bruno Silva. Os pesquisadores também obtiveram sucesso nos testes de bancada para produção de uma resina para polimento, que poderia ser utilizada em alguns setores da indústria química, para fabricação de graxa, e em madeireiras, por exemplo. “O grande mérito do projeto foi criar uma alternativa para a destinação adequada, do ponto de vis­ta econômico e ambiental, para o lodo biológico gerado na estação de tratamento de efluentes líquidos das indústrias de

laticínios”, afirmou a pesquisadora Gilzeane Santos. Outro destino para o lodo seria o biodiesel. Poucas pessoas sabem, mas biodiesel também pode ser fabricado a par­tir de gordura animal, ou sebo bovino. Ainda que os óleos vegetais sejam a principal fonte para produção desse tipo de combustível no Brasil, a gordura animal tem sido cada vez mais utilizada. Por isso que um dos principais mercados seria o fornecimento de gordura para produção de biodiesel. Hoje, os produtores compram sebo dos frigoríficos e usinas de reciclagem animal, mas há concorrência com as indústrias de higiene e limpeza, que também utilizam essa matéria-prima, o que eleva o preço. O lodo da indústria de laticínio também poderia ser utilizado no ramo da indústria química, sendo aproveitado na produção de fer­ tilizantes. Um solo apto para produção agrícola deve ter um nível ade­quado de matéria orgânica. Os fertilizantes têm a função de equilibrar os níveis de

Sabão obtido a partir do lodo biológico

matéria orgânica, que são, na verdade, resíduos animais ou vegetais, no solo a ser cultivado. O lodo biológico da indústria de lati­cínios é riquíssimo nesse tipo de material, como ácido láctico e proteínas. Assim, a separação desse resíduo, pode gerar uma matéria-prima para a produção de um biofertilizante, com qualidade e baixo custo.

PII O processo de beneficiamento consiste em separar a água do resíduo, por prensagem do lodo biológico e, posteriormente, encaminhá-lo para uma unidade de extração, onde a gordura é separada do resíduo sólido.

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O Programa de Incentivo à Inovação (PII), criado em 2006 pelo Sebrae Minas, em parceria com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais (SECTES), já foi realizado em universidades, faculdades e centros tecnológicos de Lavras, Itajubá, Juiz de Fora, Viçosa, Uberlândia e Belo Horizonte.

Em Montes Claros, o edital de seleção do PII foi publicado em 2011, para pesquisadores da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Faculdade de Ciência e Tecnologia (Facit), Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (ICA/UFMG) e Faculdades Integradas do Norte de Minas – Instituto de Ciências da Saúde (Funorte).

O objetivo do programa é proporcionar uma mudança cultural nas universidades e nos pesquisadores, com a disseminação da cultura empreendedora, a obtenção de novos recursos para pesquisa e a possibilidade de geração de empregos para estudantes graduados e pós-graduados.

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ONDA FITNESS AUMENTA PROCURA POR SUPLEMENTOS À BASE DE PROTEÍNA DE LEITE SIS/SEBRAE aponta tendência como uma oportunidade para os produtores diversificarem a oferta

O consumo de suplementos alimentares, antes restrito a atletas de alta performance e fisiculturistas, agora faz parte da rotina de boa parte dos frequentadores de academia, que buscam um complemento para a sua alimentação. Essa mudança está diretamente relacionada à onda fitness que toma conta do Brasil, e coloca o país como o quinto no mundo que mais consome produtos desta categoria. Diante do aumento no uso desses produtos, que na sua maioria tem como base a proteína do leite, o Sistema de Inteligência Setorial do Sebrae/ SC produziu um relatório que aponta como os produtores de leite podem

se beneficiar desta demanda. A primeira sugestão é observar este novo público potencial, seu comportamento de consumo e como esta tendência pode beneficiar seu negócio. A proteína do leite utilizada para a produção dos suplementos é retirada no processo de fabricação de derivados, principalmente do queijo. O soro que resulta desse processo é uma substância altamente perecível e sua extração é uma alternativa interessante tanto ao produtor quanto ao meio ambiente, pois o descarte, além de configurar uma perda econômica expressiva, apresenta-se como a principal fonte poluidora gerada pelo setor.

Como incluir a proteína de leite no seu negócio: O consumo de suplementos está em ascensão. Esteja atento aos produtos que usam em sua fórmula as proteínas do soro do leite e conheça mais sobre os nichos nos quais pode atuar; O incentivo ao consumo dessa substância é cada vez mais importante, pois preserva o meio ambiente, e agrega ainda mais valor ao produto. Explore esses aspectos em favor de seu negócio; Conheça os processos de extração da proteína do soro do leite e analise a viabilidade da adoção desse procedimento; Confira também o relatório do SIS sobre o Potencial nutritivo do soro do leite; Procure o Sebrae para obter mais informações. O SIS/SC oferece materiais voltados ao setor de leite e mostra as tendências desse mercado.

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MERCADO DE COMBUSTÍVEIS TERÁ CRESCIMENTO EM 2015 APÓS 2014 FORTE, DIZ ANP

O mercado de combustíveis no Brasil “ainda” seguirá aumentando em 2015, apesar das expectativas pessimistas para o crescimento econômico do país e de preços mais altos da gasolina e do diesel, avaliou o superintendente de Abastecimento da reguladora ANP, Aurélio Amaral. Ele evitou fazer projeções para este ano, argumentando que o mercado é muito volátil, após o Brasil registrar um aumento expressivo no consumo em 2014.

Somando-se todos os combustíveis, as vendas no país em 2014 atingiram 144,575 bilhões de litros, uma alta de 5,3 por cento ante 2013, informou nesta terça-feira a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “Não dá para dizer se vai crescer da mesma forma este ano... a estimativa que a gente faz é que será um mercado ainda em crescimento, a ordem de grandeza é muito difícil de prever”, afirmou Amaral. A Petro-

bras anunciou em novembro do ano passado reajuste médio de 3% nos preços da gasolina e de 5% do diesel nas refinarias, e mais recentemente o governo estabeleceu nova tributação para gasolina e diesel, com impactos também para o valor do etanol, o que poderia diminuir o ímpeto do consumidor. O aumento dos preços dos combustíveis no Brasil, com mercado regulado, ocorreu em momento de baixa nos valores do petróleo no mercado internacional, por conta de um excedente global da commodity. Nos mercados internacionais, o preço do petróleo caiu mais de 50% desde meados do ano passado. Essa conjuntura fez com que a Petrobras passasse a vender diesel e gasolina com elevado prêmio ante os valores globais dos derivados, após anos de defasagem. Segundo Amaral, no cenário atual, em que o diesel e a gasolina são vendidos no Brasil a preços mais altos do que no mercado externo, as importações de combustíveis por empresas que não a Petrobras tende a crescer em 2015. O número de empresas autorizadas a importar e exportar combustíveis no Brasil cresceu em 21 unidades em 2014, para 333 no total, acrescentou.

DESEMPENHO FORTE EM 2014 As vendas de gasolina C no Brasil subiram 7,1% em 2014 na comparação com o ano anterior, atingindo 44,364 bilhões de litros, informou a ANP. A gasolina C inclui a mistura de 25% de etanol anidro. As vendas de diesel B (já com adição de biodiesel) subiram 2,5% no ano passado, para 60,032 bilhões de litros, informou a autarquia. A ANP destacou um crescimento do consumo bem acima do aumento do PIB, que deve ter ficado praticamente estável

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em 2014, algo que vem ocorrendo nos últimos anos, com o crescimento da frota, entre outros fatores. “O crescimento das vendas da gasolina teve um efeito surpreendente, a gente acha que ainda é reflexo dos incentivos que o governo fez para vendas de automóveis. A gente estima isso em um efeito inércia. A gasolina vem repetindo crescimento e demanda acelerada”, disse o superintendente. O diretor da ANP Florival Carvalho

ressaltou que, considerando o intervalo entre 2014 e 2011, o mercado teve crescimento superior a 18 por cento, em relação a um crescimento do PIB em torno de 4 por cento. “Ou seja, o consumo de combustíveis no país mostra forte vigor”, disse diretor. Já as vendas de etanol hidratado, usado diretamente nos carros flex, subiram 10,54 por cento no ano passado, alcançando 12,994 bilhões de litros.


BACTÉRIA MODIFICADA TRANSFORMA ENERGIA DO SOL EM ETANOL Em 2009, Daniel Nocera foi considerado uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time, pelo reconhecimento de seus estudos sobre combustíveis inspirados na fotossíntese das plantas.

O armazenamento da inesgotável energia do Sol, submetida aos vaivéns das nuvens e do dia e da noite, está mais próximo de se tornar realidade. Cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, criaram um sofisticado sistema que utiliza uma bactéria geneticamente modificada para transformar a energia solar em combustível líquido. A fórmula, caso sua eficácia seja comprovada, ajudaria a enfrentar o desafio energético e lutar contra as mudanças climáticas. Os pesquisadores, liderados pelo químico norte-americano Daniel Nocera, utilizaram a energia do Sol para obter hidrogênio da água (formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio). Com esse hidrogênio, a bactéria modificada, da espécie Ralstonia eutropha, é capaz de transformar o CO2, o principal gás responsável pelo aquecimento global, em álcool combustível, o isopropanol. Ao ser líquido, poderia ser transportado com a infraestrutura atual, destacam os autores. Nocera está há anos sonhando com uma revolução energética planetária. Em 2009, foi considerado uma das 100 pessoas mais influen-

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tes do mundo pela revista Time, pelo reconhecimento de seus estudos sobre combustíveis inspirados na fotossíntese das plantas. “As células fotovoltaicas têm um considerável potencial para satisfazer as futuras necessidades de energia renovável, mas são necessários métodos eficientes e escaláveis para armazenar a eletricidade intermitente que produzem e poder implantar a energia solar em grande escala”, explicam os autores na revista científica PNAS. Seu sistema poderia ser esse desejado depósito de energia solar. Outras equipes de cientistas descobriram métodos semelhantes, mas precisaram acelerar as reações químicas com metais como a platina e o índio, disparando os custos. A equipe de Nocera emprega como catalisadores metais abundantes na Terra, como o cobalto, conseguindo o triplo do rendimento obtido pelos melhores combustíveis bioeletroquímicos existentes, resultantes de sistemas parecidos. Para os autores, é “uma importante prova de conceito”. “Ainda não vamos utilizar esse sistema em nossos carros. Por enquanto, é apenas uma descoberta científica.

Agora temos que corrigir as ineficiências para ser viabilizado comercialmente, embora já sejamos tão eficientes, ou mais, do que a fotossíntese natural”, diz Nocera. Nenhuma empresa se interessou ainda pelo sistema. No ano passado, a multinacional norte-americana Lockheed Martin, uma gigante da indústria aeroespacial e militar, comprou um dos produtos anteriores do laboratório de Nocera: uma espécie de folha artificial que utiliza a energia solar para separar o hidrogênio e o oxigênio da água. O hidrogênio também pode ser empregado como combustível, embora exista pouca infraestrutura para facilitar seu uso. Há dois anos, cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e da petrolífera Shell modificaram os genes de outra bactéria, a Escherichia coli, para que fabricasse diesel a partir de ácidos graxos. O biocombustível, promissor, também enfrenta agora desafios para sua comercialização como, por exemplo, a redução de custos. Em 2013, a produção de um litro custava milhares de euros.


CNA COORDENARÁ ESTRATÉGIA PARA MANTER REINTEGRAÇÃO DE POSSE DA TERRA AOS AGRICULTORES

Suspensões de liminares pelo STF prejudicaram produtores baianos e mineiros

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), em conjunto com as federações estaduais de agricultura de todo o país, definirá ações emergenciais com objetivo de modificar decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF) que prejudicaram o produtor rural. Trata-se da suspensão das reintegrações em áreas rurais nos estados da Bahia e de Minas Gerais, mantendo na terra índios invasores. O presidente da CNA, João Martins da Silva Junior, durante a reunião de emergência, destacou a necessidade de serem adotadas medidas urgentes para conter as invasões indígenas em áreas produtivas, “um verdadeiro tormento, principalmente no caso dos pequenos produtores agrícolas”. Martins disse conhecer bem essa questão por sempre “acompanhar o sofrimento e a impotência dos pequenos agricultores baianos diante

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da invasão de suas propriedades por grupos indígenas”. Já o deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), integrante da FPA, manifestou sua preocupação com as suspensões das reintegrações de posse devido ao “perigo de tais medidas se transformarem em jurisprudência pelo Supremo, com prejuízo financeiro irremediável aos agricultores, especialmente os de pequeno e médio porte”. No entender do coordenador jurídico da CNA, Carlos Bastide Horbach, a suspensão das liminares que garantiam aos agricultores reintegrações de posse de suas propriedades “não foi baseada em critérios técnicos, foram decisões de caráter subjetivo”. A CNA e a FPA receberam informações de que dois outros estados – Paraná e Mato Grosso do Sul – poderão ser atingidos por medidas semelhantes. Essa situação provocará forte impacto social devido ao fato

de serem os pequenos agricultores os mais prejudicados pela medida. O deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), outro integrante da FPA que participou dos debates, fez ampla análise sobre a questão jurídica que envolve a demarcação de terras indígenas e as invasões de áreas produtivas. Ele citou a proposta de Emenda Constitucional (PEC), em tramitação no Congresso Nacional, que transfere para o poder Legislativo a competência legal de homologar as demarcações de terras indígenas. Segundo ele é fundamental acelerar o processo de votação da matéria no Legislativo. Serraglio destacou, ainda, ser preciso uma mobilização nacional dos produtores rurais e das entidades de classe no sentido de pressionar os deputados e senadores a aprovarem, o mais rápido possível, a medida.

Copasul realiza 2o Simpósio de Pós-Colheita em maio A cada ano os cooperados da Copasul vem apresentado um aumento na área cultivada. E para atender a essa demanda, a Copasul tem procurado melhorar e ampliar a capacidade de armazenagem de grãos. Em 2014, a cooperativa realizou diversos investimentos, como na Unidade II de Recebimento de Grãos do Silos Aeroporto; na Finalização da Unidade de recebimento de Grãos em Dourados e na ampliação da capacidade de recebimento e armazenamento da Unidade de Maracaju. Para 2015, o objetivo é continuar ampliando a capacidade

das Unidades, como no Silos Itaquiraí; Silos Aeroporto e Deodápolis. E como forma de trazer mais informações aos produtores da região, nos dias 28 e 29 de maio acontece no Salão Paroquial de Naviraí, o II Simpósio de Pós-Colheita de Grãos do Mato Grosso do Sul, que terá como tema “Sustentabilidade da Pós-Colheita de Grãos”. Esta é a segunda edição do evento criado pela ABRAPOS no Estado do Mato Grosso do Sul. A Copasul é realizadora da edição 2015 do evento com a co-promoção de instituições e cooperativas do Mato

Grosso do Sul e do Paraná. O evento visa atender a demanda das instituições locais envolvidas na pós-colheita de grãos. O objetivo é estimular a busca de resultados que promovam a qualidade e a confiança das cadeias alimentares nos grãos armazenados. A indústria de equipamentos, produtos e serviços estará presente em estandes de expositores, trazendo as inovações tecnológicas que permitirão ao setor de pós-colheita se manter na posição de destaque no agronegócio brasileiro.

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Ministra descarta crise em alimentos por causa da falta de chuvas Kátia Abreu afirmou que não há risco de “crise profunda de produção” após reunião feita na Casa Civil

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, disse que não há risco de “crise profunda de produção de alimentos”, após reunião feita na Casa Civil com outros seis ministros, além do titular da pasta Aloizio Mercadante. “Nesse exato momento, não estamos vendo uma crise profunda na produção de alimentos”, disse Kátia Abreu, enfatizando que regiões do país com maior perspectiva de chuva poderão suprir a ausência da produção de pro-

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dutos em outras localidades. Também participaram do encontro, que tem sido recorrente no Palácio do Planalto, os ministros de Minas e Energia, Eduardo Braga; das Cidades, Gilberto Kassab; da Integração, Gilberto Occhi ; do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; da Defesa, Jaques Wagner; e do Planejamento, Nelson Barbosa. Durante o encontro, Kátia Abreu apresentou aos demais ministros levantamentos referentes à previsão de chu-

vas mais recentes e projetos para captação e armazenamento de águas pluviais. “Com essas chuvas de fevereiro estamos muito otimistas de que a próxima leitura irá mostrar um quadro um pouco diferente. Então, com as commodities, de um modo geral, não há problema, e com relação a carne bovina, temos que nos preocupar com o mercado lá fora. O problema não é hídrico com relação à pecuária, mas sim os preços internacionais”, afirmou.


CERVO-DO-PANTANAL Cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), também chamado suaçuetê, suaçupu, suaçuapara, guaçupuçu ou simplesmente cervo, é um mamífero ruminante da família dos cervídeos e único representante do gênero Blastocerus. Ocorria em grande parte das várzeas e margens de rios do centro da América do Sul, desde o sul do rio Amazonas até o norte daArgentina, mas atualmente, a espécie só é comum no Pantanal, na bacia do rio Guaporé, na ilha do Bananal e em Esteros del Iberá. É o maior cervídeo sul-americano, podendo pesar até 125 kg e ter até 127 cm de altura. Os machos são um pouco maiores que as fêmeas e possuem chifres ramificados. Os cascos são longos e podem se abrir até cerca de 10 cm, graças à presença de uma membrana interdigital, o que é uma adaptação ao deslocamento em ambientes inundados. Apesar de ser um ruminante, seu sistema digestório é menos especializado na digestão de celulose. É preferencialmente

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solitário e diurno, e seus predadores são a onça-pintada (Panthera onca) e a onça-parda (Puma concolor). Sua dieta constitui-se principalmente de plantas aquáticas. A gestação dura entre 251 e 271 dias, e as fêmeas

É o maior cervídeo sul-americano, podendo pesar até 125 kg e ter até 127 cm de altura. dão à luz um filhote por vez. Apesar da significante perda de habitat, estima-se que o cervo-do-pantanal ainda ocorra em mais de 20 000 km².5 Nesta área, o cervo-do-pantanal pode ser encontrado em algumas grandes unidades de conservação, o que dá boas perspectivas na sobrevivência a longo prazo. No Brasil, a espécie ocorre nos parques nacionais do Pantanal Matogrossense, do Araguaia, das

Emas, de Ilha Grande e Grande Sertão Veredas. O Parque Nacional de Ilha Grande, junto com o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, forma um grande complexo de várzeas do rio Paraná, protegendo uma das maiores populações da espécie no Brasil. No Pantanal, nos últimos 10 anos, aumentou-se o número de áreas protegidas, possibilitando ainda mais a conservação da espécie neste bioma: além da já estabelecida Estação Ecológica de Taiamã e do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, foram criados os parques estaduais do Pantanal do Rio Negro, de Encontro das Águas e de Guirá. Adicionadas a essas áreas administradas pelo governo, existem muitas reservas particulares. Fora do bioma pantaneiro, a situação tende a ser crítica, pois as áreas são menores e estão isoladas entre si, como é o caso dos parques estaduais do Aguapeí e do Rio do Peixe, em São Paulo.

Pecuária garantiu PIB agro positivo em 2014 Igor Castanho

O agronegócio brasileiro encerrou 2014 com crescimento econômico, mas num ritmo abaixo da média recente. Esse é o diagnóstico do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, que divulgou os números finais do Produto Interno Bruto (PIB) do setor para o ano. A pesquisa, feita em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), indicou que houve expansão de 1,59% na renda em 12 meses, resultando

em uma receita total de R$ 1,17 trilhão. Em 2013 o crescimento havia sido de 5,22%. O índice calculado pelo Cepea leva em conta todos os elos da cadeia produtiva, desde os pastos e lavouras até a indústria de insumos e produção de alimentos. Dentro dessa análise, a cadeia agrícola registrou queda de 0,75% no ano, com um faturamento total de R$ 800,5 bilhões. No contraponto a pecuária apresentou forte alta, de 6,9%, chegando a

um PIB de R$ 378 bilhões em 2014. Os técnicos da entidade indicam que fatores como a inflação em alta e baixo crescimento econômico pesaram no resultado final do setor. Além disso, a expectativa quanto a um efeito positivo da Copa do Mundo não se confirmou e, no segundo semestre, as incertezas se acentuaram. Isso resultou em perda de confiança, favorecendo a queda de desempenho, dizem os especialistas.

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Solos:

patrimônio do produtor Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura

Sabemos que a melhor alternativa para a expansão das áreas de produção agrícola é a reabilitação desses espaços degradados.

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Chegou a hora de tratar com mais seriedade o problema dos solos no Brasil. Damos pouca atenção a esse recurso, imprescindível para a humanidade, e com papel fundamental na segurança alimentar e sustentabilidade do planeta. Como se sabe, há uma forte dependência entre os solos, a disponibilidade de água, as mudanças climáticas e a redução dos gases de efeito estufa. A exploração inadequada da terra, a falta de proteção e a erosão decorrente das chuvas causam danos praticamente irreparáveis aos solos. E sua recuperação é extremamente dispendiosa, complicada e lenta. Estima-se que os problemas relacionados à erosão custam 70 dólares por habitante do planeta, por ano. O crescimento continuado das cidades também reduz a disponibilidade de solos. Não nos damos conta de que a terra fértil seja um fator de produção finito. Dessa forma, vamos comprometendo o futuro. É preciso dar um basta e estabelecer regras para o uso responsável dos solos, garantindo sua conservação para as gera-

ções futuras. As facilidades da vida moderna deixam os cidadãos urbanos indiferentes à importância dos solos. Afinal, tudo que se quer está disponível nas lojas, nos supermercados, ou é oferecido por uma variada gama de prestadores de serviços. O assunto só vem à tona, e geralmente de forma distorcida, quando ocorre alguma catástrofe. Algumas poucas instituições nacionais têm estudado o assunto. Falta prioridade. O conhecimento está fragmentado e desatualizado, dificultando o planejamento do uso de terras em zoneamentos adequados e baseados em tecnologia apropriada. É necessário e urgente enfrentar esse desafio, com a realização de um mapeamento atual dos solos, que permita a identificação de nossas potencialidades e fragilidades, as áreas de degradação, os riscos de erosão e de contaminação, dentre outras informações relevantes. Há notável progresso tecnológico em métodos e técnicas de observação, com a utilização de sensores remotos e tecnologia para levantamento de dados. Com isso, pode-

Antonio Mello Alvarenga Neto é brasileiro e casado. Presidente (desde julho de 2010) da Sociedade Nacional de Agricultura – SNA. Administrador, formado pela Faculdade de Economia e Administração da UFRJ. Foi diretor administrativo e financeiro do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais – IBMEC, de 1983 à 1999, e vice-reitor do Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro - UniverCidade, no período de julho de 2005 até junho de 2008. Edita a revista “A Lavoura” desde 1979.

remos suprir a carência de informações e estabelecer políticas mais eficazes de uso do nosso território. O Brasil tem grandes extensões de terras degradadas no Cerrado e em algumas regiões da Amazônia, em razão de uma gerência equivocada e da adoção de práticas inadequadas de manejo. Sabemos que a melhor alternativa para a expansão das áreas de produção agrícola é a reabilitação desses espaços degradados. Temos tecnologia para fazê-lo. No entanto, falta-nos uma política nacional de uso sustentável e um programa que propicie incentivos adequados para a reabilitação das terras que estão atualmente impróprias para o plantio. A ONU declarou 2015 como o Ano Internacional do Solo. Vamos aproveitar o ensejo e fazer nosso dever de casa. Vamos abraçar esse relevante tema, lançar as bases para que possamos conhecer melhor nossas terras e, assim, proporcionar condições de produzir mais e melhor alimentos, fibras e energia.


ECONOMIA

BRASIL EXPANDE MERCADOS PARA EXPORTAÇÃO DE CARNE E DE LÁCTEOS

Com foco na abertura de mercados internacionais, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) vem trabalhando para garantir o acesso de produtos do agronegócio brasileiro ao comércio externo. Dentre eles está o Paquistão, que aprovou, no último dia 19 de janeiro, a habilitação de estabelecimentos de carne de aves a exportarem para aquele país. O Paquistão não importa carne de aves de outro país, apesar de ser a principal proteína animal consumida pela população de mais de 180 milhões de pessoas. “A aprovação demonstra o reconhecimento do sistema de controle oficial brasileiro e possibilitará o acesso de vários estabelecimentos exportadores ao mercado paquistanês”, afirmou a secretária de Relações Internacionais do MAPA, Tatiana Palermo. A Rússia é outro país que está em

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constante comércio com o Brasil. No último dia 29 de janeiro de 2015, o Serviço Federal de Vigilância Sanitária e Fitossanitária, o Rosselkhoznadzor, autorizou novos estabelecimentos brasileiros a exportarem carne de aves e produtos lácteos para o mercado russo. No caso de carne de aves, oito estabelecimentos foram habilitados, totalizando 52 autorizados a exportarem para a Rússia. Já de produtos lácteos e derivados, três novos estabelecimentos foram autorizados. Com isso, o Brasil passa a contar com 10 laticínios que podem exportar ao país. “Após visita oficial à Rússia que ocorrerá ainda no primeiro semestre deste ano, a expectativa é que haja novas habilitações dos estabelecimentos brasileiros”, comentou Tatiana. Outra novidade é com relação à Venezuela. O Ministério da Agricultura

e Terras do país informou que, como fruto da missão do MAPA, realizada em janeiro deste ano, haverá prorrogação, até 15 de maio 2015, da habilitação dos estabelecimentos para exportação de carne de aves, suínos e bovinos ao país. “Antes da missão, as habilitações dos estabelecimentos exportadores de carne bovina e de aves tinham o prazo de validade até o dia 31 de março de 2015. Já os estabelecimentos exportadores de carne suína estavam com a habilitação vencida desde 31 de dezembro de 2014, afirmou a secretária de Relações Internacionais. Atualmente, ambos os países estão negociando o roteiro de missão venezuelana ao Brasil, prevista para início de abril deste ano, com intenção à renovação e habilitação de novos estabelecimentos exportadores de carnes.


Solo brasileiro necessita de cuidados específicos O sucesso da produção rural depende de vários itens, um deles é a qualidade do solo, primordial para o desenvolvimento das culturas, que também influencia na pastagem do gado e outras atividades e por esse motivo requer diversos cuidados. A formação pedológica brasileira se divide em diversos tipos, sendo que 82% dela é composta por Latossolos (50%), Argissolos (26%) e os Neossolos Quartzarênicos (6%). Os principais tipos de solos brasileiros apresentam normalmente baixa fertilidade, alta acidez e teores elevados de alumínio, limitantes ao desenvolvimento do sistema radicular em profundidade. Possuem boas condições físicas para o uso agrícola, associadas a uma boa permeabilidade por serem solos bem estruturados e muito porosos. Porém, devido aos mesmos aspectos físicos, possuem baixa retenção de umidade, principalmente os de textura mais grosseira em climas mais secos.

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Segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação MS, Douglas de Castilho Gitti, devido às boas condições físicas e aos relevos mais suaves, os solos brasileiros apresentam alto potencial para o uso agrícola. São largamente utilizados com produção de soja, milho, arroz, cana-de-açúcar, eucaliptos, entre outros. Suas limitações estão mais relacionadas à baixa fertilidade e a retenção de umidade, quando de texturas mais grosseiras e em climas mais secos. O pesquisador ainda explica que para a correção da acidez do solo utilizando o calcário deve ser realizada pelo menos três meses antes do plantio das culturas. “A quantidade de calcário que deverá ser aplicada ao solo será calculada com base na análise química do solo na profundidade de 0 a 20 cm. A aplicação e incorporação do calcário em áreas de abertura são realizadas durante o preparo convencional do solo. Em áreas conduzidas em sistema plantio

direto, o calcário é aplicado em superfície, não necessitando de incorporação”, ensina o agrônomo. Já a gessagem, utilização do gesso agrícola, também é necessária para aumentar a fertilidade do solo em profundidade, e proporcionar ambiente favorável (com nutrientes e a redução do alumino tóxico as plantas) ao desenvolvimento radicular em subsuperfície. A quantidade de gesso agrícola que deverá ser aplicado ao solo deve ser calculada com base na análise química do solo na profundidade de 20 a 40 cm. Sendo a aplicação realizada em superfície, não necessitando de incorporação. Gitti salienta que a manutenção da fertilidade do solo está intimamente ligada à conservação dos solos. Para isso, a utilização do sistema plantio direto é fundamental para proporcionar patamares elevados de produtividade das culturas. “O plantio direto é uma tecnologia sustentada por três pilares, sendo eles: o não

revolvimento do solo, a produção de palha na superfície do solo e a rotação de culturas. Se houver algum pilar enfraquecido, a tecnologia não exprimirá seu potencial máximo, e limitará em alguma parte a produtividade das culturas. Como exemplo, podemos citar a compactação do solo, um problema de limitação física do solo, que restringe o desenvolvimento radicular das culturas, e contribui para o aumento da erosão nos solos”, afirma o pesquisador. O aumento do tamanho das máquinas agrícolas e a necessidade de transitar nas lavouras em épocas de maior umidade no solo são os principais geradores da compactação do solo. Além disso, a inexistência da rotação de culturas nos sistemas de produção de grãos agrava ainda mais os problemas de compactação do solo. Uma técnica de preparo reduzido do solo é a escarificação, que serve como forma de cultivo mínimo, realizando o rompimento do solo na camada arável, utilizando implementos chamados “escarificadores”. O rompimento de camadas superficiais compactadas contribui para maior infiltração de água das chuvas e melhor aeração. O rompimento e a desagregação dos torrões na superfície do solo, a uma profundidade que pode variar de 10 a 25 cm, é um dos pontos altos da escarificação, e a principal característica que a diferencia da subsolagem. Os benefícios proporcionados pela escarificação do solo, como maior infiltração de água e melhor aeração, são pouco duradouros (meses), uma vez que, após a operação mecânica de escarificação, o solo se reacomoda novamente, voltando os problemas de compactação. O consórcio milho com capim também é bastante utilizado pelos produtores, é uma tecnologia que contribui para sustentabilidade do plantio direto, pois é utilizada para o aumento da produção de palha e maior ocupação do solo por raízes, com destaque para o sistema radicular da braquiária ruziziensis, espécie mais utilizada pelos produtores que

utilizam essa tecnologia. No Mato Grosso do Sul, o estabelecimento do consórcio é realizado no milho safrinha, com o plantio simultâneo do milho e do capim, sendo as sementes do capim acondicionadas na terceira caixa das plantadeiras, e distribuídas a lanço após o mecanismo de distribuição do fertilizante

Segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação MS, Douglas de Castilho Gitti, devido às boas condições físicas e aos relevos mais suaves, os solos brasileiros apresentam alto potencial para o uso agrícola. (“botinha” ou disco duplo). A condução da lavoura em consórcio exigirá o acompanhamento de técnicos que dominam essa tecnologia, pois seu sucesso está na recomendação correta da quantidade de sementes de capim por hectare, e a necessidade ou não da aplicação de subdoses de herbicidas para supressão do capim. No entanto, é uma tecnologia que pode ser conduzida sem que ocorra redução da produtividade do milho, e garanta maior

produção de palha e o aumento da produtividade da cultura em sucessão, no caso a cultura da soja. O pesquisador ainda explica que o nitrogênio (N) é constituinte de vários compostos em plantas, destacando-se os aminoácidos, ácidos nucleicos e clorofila. O N pode ingressar no sistema solo-planta pela decomposição da matéria orgânica, deposições atmosféricas, fixação biológica - simbiótica ou não e pelas adubações químicas e orgânicas. Por ser um nutriente absorvido em grandes quantidades pelas plantas cultivadas, e por apresentar altas perdas por lixiviação e volatização, quando utilizado em condições desfavoráveis, pode representar o nutriente mais caro para a agricultura. A utilização de fertilizantes nitrogenados na cultura do milho safrinha pode aumentar a produtividade. No entanto, a possibilidade da ocorrência de déficit hídrico no período de cultivo e baixo valor do grão durante a comercialização aumentam os riscos para o investimento na cultura do milho safrinha.

Os cuidados com o solo garantem a longevidade das produções, é um investimento que traz benefícios ambientais e econômicos, que variam de acordo com cada região e cultura desenvolvida. Por isso, é preciso ter orientações profissionais na realização desses cuidados, para indicar os produtos adequados para cada tipo de solo e cultura.

Gabriela Borsari

Pesquisador:

Eng. Agr. M.Sc. Douglas de Castilho Gitti Engenheiro Agrônomo, Mestre em Sistemas de Produção e Doutorando pela UNESP de Ilha Solteira. Atualmente é Pesquisador do Setor de Fertilidade do Solo na Fundação MS e desenvolve pesquisas com o manejo das culturas de Soja e Milho.

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BRASIL RESPONDE POR MAIS DE 50% DA REDUÇÃO GLOBAL DE EMISSÃO DE CARBONO

De acordo com agência da Organização das Nações Unidas (ONU), houve uma desaceleração das taxas de desmatamento em todo o mundo. Entretanto, as emissões de carbono causadas pela degradação das florestas têm aumentado nos últimos 25 anos. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) publicou estimativas que apontam que o Brasil representa mais de 50% da redução global de emissões de carbono entre 2001 e 2015. As emissões diminuíram em toda América Latina e África nos últimos 25 anos, mas ambas as regiões ainda emitem mais carbono do que absorvem. As emissões de carbono devido ao desmatamento caíram 25% entre 2001 e 2015, passando de 3,9 para 2,9 gigatoneladas (Gt) por ano. O

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Revista Produção Rural

desmatamento é definido como a mudança do uso do solo e das floresta para outros usos da terra. “É animador ver que em geral o desmatamento está diminuindo e que países de todas as regiões têm demonstrado um progresso impressionante, como Costa Rica, Chile, Uruguai, Brasil, Cabo Verde, Vietnã, China, Filipinas, Coreia do Sul, Turquia e outros”, afirmou o diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva. “Gostaria de incentivar todos os países a compartilharem suas experiências com outros países. Através da cooperação, a FAO está disposta a facilitar esta colaboração e intercâmbio de conhecimentos.” A FAO enfatizou que, apesar do progresso na redução das emissões ligadas ao desmatamento, as emis-

sões pela degradação das floresta têm aumentado de forma significativa nos últimos 25 anos, passando de 0,4 para 1,0 Gt de CO2 por ano. A degradação das florestas é uma redução da densidade da biomassa das árvores por causas humanas ou naturais, como o corte de árvores, incêndios e quedas por fortes chuvas. Graziano destaca o papel vital das floresta frente às mudanças do clima. “As florestas são fundamentais para o equilíbrio do carbono e armazena quase 75% de todo o carbono que há na atmosfera. O desmatamento e a degradação aumentam a concentração de gases do efeito estufa e o crescimento das florestas, por sua vez, absorve o dióxido de carbono, a principal emissão do efeito estufa.”


TECNOLOGIA

PESQUISADORES DETECTAM O APARECIMENTO DE DOENÇA NA CULTURA DA MANDIOCA

Numa área de quatro hectares, localizada no município de Jangada (80 km ao Norte de Cuiabá), foi encontrado pela primeira vez no estado de Mato Grosso, o superbrotamento da mandioca, doença que causa infecção por fitoplasma – bactérias transmitidas por insetos vetores. O diagnóstico foi realizado pelos pesquisadores da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Napoleão Silvino de Souza e Dolorice Moreti que afirmam que este é o primeiro registro da doença. Conforme Souza, a planta infectada apresenta alguns sintomas como nanismo, folhas amareladas e deformadas, encurtamento dos entrenós da planta, superbrotamento de ramos, crescimento dos ramos com aspecto de roseta, necrose dos vasos e declínio generalizado da planta caracterizado pela morte do ponteiro dos ramos. “A doença prejudica a cultura causando danos severos como queda da produção”, destaca o pesquisador. Por ser considerada rústica e cultivada por grande parte dos agricultores como uma cultura complementar, o produtor de mandioca não realiza 72

Revista Produção Rural

todos os tratos culturais necessários. Ele explica que visando reduzir custos e às vezes pela falta da mão de obra no campo, o controle de pragas e doenças, na maioria das vezes, não é realizado. A ocorrência de diversas doenças é um dos fatores limitantes da produção de mandioca. O superbrotamento, também conhecida como vassoura-de-bruxa, vem causando sérios danos nos estados de São Paulo,

A doença prejudica a cultura causando danos severos como queda da produção Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Distrito Federal. A pesquisadora Dolorice Moreti esclarece que a disseminação da doença ocorre pelo uso de maniva/ semente contaminada no plantio e por insetos como gafanhotos, cigarrinhas e percevejos. O controle de fitoplasmas é difícil, uma vez que não existem métodos curativos. Portanto, as seguintes medidas de

controle preventivas são recomendadas: plantio de material sadio, variedades resistentes e frequentes inspeções da lavoura para erradicação de plantas infectadas. Outro método é o controle químico ou biológico do vetor. A resistência genética de plantas, tanto ao fitoplasma quanto ao vetor é a estratégia mais interessante de controle de superbrotamento. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mato Grosso possui aproximadamente 25 mil pequenos produtores rurais que cultivam a cultura da mandioca. Considerada uma atividade de importância socioeconômica por ser uma cultura de fácil adaptabilidade às adversidades de clima e solo, pois além de gerar emprego e renda nas áreas rurais, devido ao grande número de produtos e subprodutos obtidos no processo de produção, contribui também para o desenvolvimento das áreas urbanas nos processos de industrialização e comercialização. Os pesquisadores vão visitar municípios produtores de mandioca para conferir o ataque da doença em outras regiões.


Pesquisas iniciadas em 2002

MEL DO PANTANAL RECEBE SELO DE IDENTIFICAÇÃO GEOGRÁFICA

Consumidores de mel de todo o país e apicultores da região do Pantanal dos estados de Mato Grosso e Mato grosso do Sul podem comemorar: desde o dia 10 de março deste ano o Mel do Pantanal passou a integrar o time dos produtos nacionais com certificação de Identificação Geográfica (IG), registrado e emitido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Essa é a primeira IG de uma região produtora de mel e também a primeira do Centro-Oeste do Brasil. Recebem este selo produtos que apresentam uma qualidade única, devido a características naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer. No caso do Mel do Pantanal o grande destaque é a produção aliada a conservação de um bioma único, em que a prática da apicultura pode ser desenvolvida em harmonia com a natureza, auxiliando na sua conservação, uma vez que a manutenção ou plantio de espécies que apresentem floradas ou outros recursos vegetais de interesse para as abelhas africanizadas (Apis mellifera) é requisito fundamental nesta atividade econômica. As diversas floradas das plantas silvestres da região pantaneira resultam em méis muito diversificados com sabores, aromas e colorações particulares, os quais são muito demandados nos mercados nacionais e internacionais. 74

Revista Produção Rural

Segundo o presidente da Federação de Apicultura e Meliponicultura de Mato Grosso do Sul (Feams) o médico veterinário Gustavo Nadeu Bijos, proteger e incentivar a conservação da natureza por meio do trabalho com abelhas africanizadas e nativas no Pantanal foi o principal objetivo para a busca desta certificação, além da possiblidade de agregar valor ao mel produzido em apiários dessa região. Ele lembra que todo o processo teve início em uma das reuniões itinerantes da Câmara Setorial Consultiva de Apicultura de Mato Grosso do Sul, ocorrida em 20 de setembro de 2007 durante a Feapan, em Corumbá, quando os pesquisadores da Embrapa Pantanal Vanderlei Doniseti Acassio dos Reis, juntamente com Roberto Aguilar e André Steffens comentaram durante a palestra do primeiro sobre a importância de se ter uma IG para os produtos apícolas na região pantaneira. Estas informações subsidiaram e motivaram a Alespana (Associação Leste Pantaneira de Apicultores), com sede em Aquidauana (MS), e o Sebrae-MS a encaminhar o projeto em 2008 para o Sebrae Nacional, que tratou dos trâmites legais do processo para a obtenção da IG. Segundo Bijos, o trabalho realizado pela Embrapa Pantanal nestes últimos anos foi de fundamental importância neste processo, como a

O pesquisador da Embrapa Pantanal Vanderlei dos Reis, vem há 13 anos, juntamente com outros colegas da Unidade, executando pesquisas e ações de transferência de tecnologias voltadas para o desenvolvimento da apicultura na região. Segundo ele, seja na adequação das práticas apícolas ao clima, à flora e à realidade local, seja no auxílio da profissionalização dos apicultores e demais interessados na obtenção de mel e dos demais produtos das abelhas africanizadas de qualidade, a Embrapa Pantanal vem atuando para que hoje o apicultor encontre soluções tecnológicas que atendam às suas demandas quer seja na agricultura familiar ou na apicultura empresarial. Vanderlei lembra que antes do iní-

divulgação da viabilidade econômica da atividade na região do Pantanal que demonstrou que, além de uma alternativa, a apicultura pode vir a ser a renda principal da propriedade rural e que pode ser desenvolvida em larga escala. Além disso, ele destaca as inúmeras capacitações de apicultores e transferência de tecnologias realizadas pela instituição, desenvolvidas em parceria com o Senar/MS, com a Feams, Sindicato Rural de Corumbá, UFMS - Câmpus do Pantanal, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal e Secretaria Municipal de Produção Rural de Corumbá-MS, Agraer, Associação de Apicultores do Pantanal, Associação dos Apicultores da Agricultura Familiar de Corumbá e do Curso de Técnico em Meio Ambiente da Escola Estadual Dr. Gabriel Vandoni de Barros, ao longo dos últimos anos. Ele também destaca que essas ações são imprescindíveis para aumentar o número de apicultores capacitados na atividade e a elaboração do “calendário apícola” - onde estarão relacionadas a diversidade de plantas nativas, exóticas e/ou cultivadas da região e que são visitadas por abelhas africanizadas e seus respectivos períodos de florada - o qual é de fundamental importância para se planejar os manejos adequados com o objetivo de maior produtividade por colmeia/ano.

cio das pesquisas a região era erroneamente apontada e conhecida como não indicada para a obtenção de mel e de outros produtos apícolas em escala comercial, pois algumas tentativas resultaram em méis de má qualidade com cores escuras e odores não satisfatórios. Esse paradigma foi sendo alterado com a aprovação de 6 projetos de pesquisa (3 na Embrapa, 2 no CNPq e 1 na Fundect) que possibilitaram a execução de diversos estudos fundamentais para conhecer mais sobre as particularidades da apicultura no Pantanal e assim gerar, adaptar e transferir técnicas adequadas para essa região, incluindo desde a seleção de Equipamentos de Proteção Individuais (macacões apícolas, por exemplo) a embala-

gens mais adequadas para a obtenção de produtos de alta qualidade. Para o Fiscal Federal Agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) Márcio Menegazzo, as pesquisas exercem papel fundamental no desenvolvimento de um produto com Identificação Geográfica. Seja na qualificação e na descrição precisa das características do território, do processo de produção e suas práticas; seja nas especificidades da qualidade que estão vinculadas à origem, elas auxiliam os produtores a criarem regras sustentáveis na reprodução dos recursos naturais locais para garantir um produto diferenciado.

Produto registrado e rastreado

Futuro promissor

Segundo Menegazzo, a Indicação Geográfica protege os produtores contra as falsas indicações de origem (mel sendo comercializado como obtido no Pantanal e que não foi produzido nessa região) e de produtos de qualidade inferior (mel produzido na região mas de qualidade inferior que não segue o protocolo de autenticidade da IG Mel do Pantanal), além disso, espera-se que com o advento da IG ocorra uma agregação de valor ao produto e uma melhora de qualidade nas ações da cadeia produtiva, valorizando o território e o saber fazer local ao promover um produto com tipicidade específica facilitando o seu marketing e o acesso a novos mercados. As vantagens se estendem também aos consumidores quanto à confiança na autenticidade dos produtos que têm uma história particular, uma forma tradicional de produção e seguem um caderno de normas para a produção e elaboração disciplinado por um

conselho regulador garantindo esta qualidade vinculada a origem, segundo Menegazzo. O apicultor interessado em trabalhar com a IG terá que ter o seu apiário registrado e georreferenciado oficialmente nos órgãos de defesa animal e vegetal de MS ou MT, IAGRO e INDEA, respectivamente. Além disso, segundo Gustavo Bijos, o produtor terá que utilizar um sistema de rastreabilidade da produção, a ser confirmado na próxima Assembleia do Conselho das Federações, Cooperativas, Associações, entrepostos e empresas afins à Apicultura do Pantanal do Brasil (Confenal), marcada para ser realizada até o início da safra de mel deste ano, prevista para julho/agosto e seguir as regras e critérios estabelecidos para a produção do “Mel do Pantanal” enumeradas no “Regulamento de Produção da Indicação de Procedência do Mel do Pantanal do Brasil”, elaborado pela Confenal.

Por se tratar de um alimento saudável, com aplicações em diversas áreas relacionadas à saúde e bem estar humano, o mel é cada vez mais consumido por um público de maior poder aquisitivo e exigente em suas escolhas. Esta certificação vem a somar e atribuir excelente reputação, valor e identidade própria ao Mel do Pantanal, além de distingui-lo de seus similares disponíveis no mercado. O apelo “ecologicamente correto” de um alimento que é produzido de forma harmônica à preservação ambiental e por pessoas da região agrega valor e diferencia o mel pantaneiro. Segundo Vanderlei dos Reis a expectativa é que, em breve, a produção possa atingir um estágio comercialmente mais competitivo no Pantanal, já que a apicultura vem se mostrando uma atividade produtiva transformadora da realidade econômica em várias regiões do Brasil por meio da geração de emprego e renda.

- Federação de Apicultura e Meliponicultura de Mato Grosso do Sul; Feapismat - Federação de Apicultura de Mato Grosso; Câmara Setorial

Consultiva de Apicultura de Mato Grosso do Sul; Alespana e Embrapa Pantanal.

Parceiros Este processo da IG Mel do Pantanal só foi possível devido às parcerias estabelecidas entre Sebrae-MS; Sebrae-MT; Sebrae Nacional; Feams

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ECONOMIA

BRASIL PODE CRESCER ENTRE 3% E 4% EM 2016, DIZ GURU DOS EMERGENTES

Conhecido como o guru dos mercados emergentes, o americano Mark Mobius, executivo-chefe da Templeton Emerging Markets, está otimista com o crescimento do Brasil – mas apenas em 2016. Mobius acredita que o país crescerá 0,3% neste ano. Em 2016, porém, a expansão deve oscilar entre 3% e 4%. “Não me surpreenderia se visse o Brasil crescendo entre 3% e 4% em 2016, afirmou o megainvestidor. Mobius administra US$ 40 bilhões em ações de países emergentes para a Franklin Templeton. Ele acredita que os preços das commodities devem se recuperar em breve, e o crescimento entre 6% e 7% das eco-

nomias da China e da Índia, este ano, terá impacto positivo global, e os países emergentes, entre os quais o Brasil, vão se beneficiar. “O crescimento desses países (China e Índia) terá impacto positivo globalmente e sobre outros emergentes. A população dessas nações vai continuar comprando carros e motos. A demanda por combustíveis vai se manter aquecida” disse Mobius. Ele acredita ainda que a presidente Dilma Rousseff deve realizar reformas em seu segundo mandato, já que ganhou a eleição por margem apertada e teria de implementar algumas ações para recuperar a confiança dos investi-

dores, como acelerar as privatizações e reduzir a burocracia. Mobius observou que o ajuste fiscal é importante, mas não pode ser feito apenas através do aumento de impostos. Para ele, se também não for feito um corte de gastos, os investidores podem ser afastar. “O aumento de impostos é uma mensagem muito ruim para os investidores. Já encarar a corrupção, como no caso da Petrobras, é uma mensagem que pode ajudar a recuperar a confiança. Atualmente, há muitos investidores procurando onde colocar esses recursos, especialmente aqueles que saíram da Rússia”, garante.

O impacto do fator Petrobras Mobius informou que o fundo global reduziu sua posição na Petrobras de 1,2% para 1% nos últimos meses, mas isso se deveu à perda de valor das ações. O executivo da Templeton afirmou que não se surpreendeu com as denúncias de corrupção da Petrobras. Ele disse que a corrupção existe em quase todos os países e isso ocorre também em outras companhias.

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Revista Produção Rural

Mobius afirmou, porém, que causaram espanto os “volumes muito grandes” de recursos que teriam sido desviados: “Escândalos de corrupção existem em todos os lugares. O importante é enfrentar a situação, reconhecer os erros e mudar. Não é uma empresa que está quebrando. Acredito que o novo presidente da Petrobras {Aldemir Bendine} terá que reconhecer os erros, mostrando

transparência, para recuperar a confiança na empresa” disse Mobius. Do fundo da Templeton com ações de empresas da América Latina, Mobius mantém as ações de Itaúsa, Itaú Unibanco, Bradesco e Bradespar. Ele também tem papéis de Ambev, Localiza e Lojas Americanas. “Os bancos são boas opções porque sabem como ganhar dinheiro”, afirmou o megainvestidor.

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Manutenção de gramados deixou de ser um trabalho e passou a ser um passatempo. Agora você pode manter seus gramados com um corte de qualidade desfrutando plenamente desta tarefa. A John Deere possui um modelo para cada necessidade. Deixar sua grama perfeita dá mais prazer do que você imagina.

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Tratores de Jardim John Deere D130

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Cadastro Ambiental Rural ainda gera muitas dúvidas; especialista responde

Brasil amplia o espaço empresarial na África

No dia cinco de maio, termina o prazo para o preenchimento do CAR. Quem não fizer o CAR não vai conseguir liberação para crédito bancário

Marina Schmidt

Acordos com Angola e Moçambique fortalecem ambiente de negócios A rede de escolas de idiomas Fisk e o Grupo Odebrecht atuam em ramos distintos, porém a mesma e extensa distância que separa os segmentos de negócios das duas companhias dá a dimensão das oportunidades de investimento em países africanos, como Angola, em que tanto a Fisk quanto a Odebrechet já ingressaram. O leque de possibilidades está aberto e é grande, do tamanho da necessidade de expansão das classes médias daquele continente. Segundo o coordenador do Centro Brasileiro de Estudos Africanos da Ufrgs, Paulo Vizentini, dimensiona que o momento atual para esses dois países é de buscar a expansão. “Uma coisa que chama atenção em Angola, que inclusive está investindo em novelas semelhantes às da Globo, embora ainda incipientes, é como a sociedade está focada na classe média emergente”, detalha, acrescentando que, de maneira geral, a classe média africana está crescendo bastante, assim como a demanda de consumo. No final de março e no início deste mês, dois acordos firmados pelo Brasil, um com Angola e outro com Moçambique, ampliaram a perspectiva de presença das empresas brasileiras nos dois países, estabelecendo um ambiente de negócios que deve favorecer o intercâmbio entre investidores dos dois continentes. Vizentini

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Revista Produção Rural

destaca que a proximidade linguística com os dois países, que também foram colônias de Portugal, amplia as oportunidades para os investidores. “Angola e Moçambique ficaram independentes de Portugal, só que Portugal não tem a mesma dimensão econômica para concorrer com o Brasil. A importância de ganhar presença nesses países é que a partir do momento em que se tem um ponto de apoio isso irradia para a região e possibilita a ampliação a presença em outros países.” O coordenador salienta, ainda, que o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência de Angola, em 1975. “Eles são muito gratos ao País por isso.” Os Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI) com Angola e Moçambique criam um ambiente de negócios pautados pelo apoio mútuo entre os países. Atualmente, tanto em Moçambique quanto em Angola já há a presença de investimentos brasileiros, mas as perspectivas são de ampliação dos valores. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, os investimentos brasileiros (executados e previstos) em Moçambique já ultrapassam a marca dos US$ 9,5 bilhões, e devem chegar a US$ 27,9 bilhões nos próximos anos. Os principais projetos brasileiros em Moçambique estão associados às áreas de mineração, energia e construção civil, com presença principal de empresas como a Vale (maior investidora brasileira no país africano), Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Fidens, Suzano Papel e Celulose, Eletrobras e Petrobras. Há também a perspectivas crescentes de investimentos agrícolas. A pre-

sença de empresas de pequeno e médio porte do Brasil é baixa, sendo que uma das razões, segundo o MRE, é “provavelmente devido à falta de conhecimento sobre oportunidades e condições locais e à ausência de um acordo para evitar a bitributação entre Brasil e Moçambique”. Em Angola, os investimentos também são crescentes. Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento (Mdic), Daniel Godinho, há um fluxo de comércio e investimentos crescente entre os dois países. Em 2014, o fluxo de comércio exterior entre Brasil e Angola somou um total de US$ 2,37 bilhões, com exportações de US$ 1,26 bilhão e importação de US$ 1,11 bilhão. Segundo Vizentini, recentemente a direção da Anfavea pediu para o governo valorizar as ações no Mercosul e na África. “O valor do dólar tornou mais competitiva a relação comercial”, avalia. O especialista pontua que a demanda da classe empresarial pode ter impulsionado a ação de proximidade com os países africanos. Os acordos firmados com os dois países africanos foram elaborados em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e com o setor privado. Os acordos firmados com Angola e Moçambique decorrem de uma série de missões interministeriais para negociar ACFIs com vários países, entre eles África do Sul, Angola, Argélia, Malaui, Marrocos, Moçambique, e Tunísia. Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), países sul-americanos também indicaram interesse em iniciar negociações.

A advogada Samanta Pineda é consultora jurídica da Frente Parlamentar da Agropecuária no Congresso e especialista em direito ambiental. Ela tem percorrido muitas regiões do Brasil tirando dúvidas e orientando o produtor. O Globo Rural reuniu algumas dúvidas frequentes, que advogada esclarece abaixo:

Como agir quando o produtor tem duas propriedades com matrículas diferentes?

Quando a área da propriedade não bate com o que está registrado na matrícula, o que fazer?

O CAR é feito por propriedade. A linguagem é a unidade econômica, é a fazenda efetivamente. Se a fazenda for formada por 10 matriculas, se elas forem vizinhas, contíguas uma da outra é um só CAR porque aí, a ideia é a fazenda ter a sua identidade ambiental e não matricula por matrícula.

É muito comum a matricula não bater com o mapa. A própria ministra do Meio Ambiente disse que quer saber a área real. Então, se o mapa é diferente da matricula, respeite o mapa, vá pelo tamanho real da sua propriedade, independente de ser ou não o que está na matricula. A matricula inclusive pode ser retificada depois.

Reserva legal e área de preservação permanente já devem estar regularizadas antes de fazer o CAR? O CAR não exige que a sua propriedade esteja regularizada. Ele quer conhecer as suas irregularidades, então ninguém precisa ter a reserva ou ter a APP, pra fazer o cadastro. No cadastro o produtor vai dizer o que não tem. O segundo passo da regularização ambiental é o programa de regularização ambiental, que todos os estados estão fazendo os seus, e aí é que o produtor vai se regularizar.

Quais são as consequências que a falta do CAR pode trazer para o agricultor? Além da multa pelo órgão ambiental, porque o cadastro é uma exigência da Legislação Ambiental, a mais grave é a de mercado. O próprio comprador do seu produto, a usina que compra a cana, o frigorífico que compra o boi vai exigir do produtor o CAR antes de fazer esse contrato. A conseqüência de mercado está se mostrando mais cruel até do que a própria multa pela falta do CAR.

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Sabiá laranjeira Nostalgia, por Osvaldo Piccinin Sabe aqueles dias que a gente acorda nostálgico, com saudade e vontade não sei de quê? Vontade de fazer tudo ao mesmo tempo e afinal acabar não fazendo nada? Hoje acordei assim e assim permaneci por todo dia. Nostálgico, mas não triste! Nesta tarde de domingo, o tempo demorava a passar. Após o almoço, fiz uma das coisas de mais gosto – ler revistas semanais e alguns jornais, sentado numa cadeira de balanço no gramado de casa. Existe um ditado que diz: “o casal começa a vida só e termina da mesma forma”. Pois é, ao casarmos sonhamos em construir uma família, ter nossos rebentos sempre próximos a nós e sem dúvida, prosperar. Feliz de quem consegue isso tudo, mas evidência não muito comum de se encontrar. Estes bichinhos empenam, sonham e querem voar, principalmente quando as oportunidades de bons empregos surgem em locais distantes. Ouço com muita frequência minha esposa resmungando baixinho e eu fingindo que não escuto: - Pôxa, nenhum dos meus filhos mora perto da gente, isso é muito ruim! Ela tem razão porque coração de mãe funciona em outra sintonia. Prevalece a necessidade de proteção e o contato carnal frequente com as crias. As telefônicas agradecem!

Quando a questiono lembrando-a de que nós dois também voamos e fincamos nossas raízes, longe de nossos pais, ela se cala e fica pensativa. “A vida tem horas difíceis de se passar, pedaços quase impossíveis de se entender”. Mas estranhamente, o ser humano só alcança o progresso perante uma situação desafiadora. Pelo menos para mim foi assim! Nós crescemos na adversidade, ela nos estimula criarmos circunstâncias favoráveis muito melhores do que àquelas quando ficamos em estado de acomodação. Lembro-me do ditado do professor de biologia quando dizia: - Vamos à luta rapazes, porque o homem realizado cheira a defunto! Chega de lero-lero e vamos ao nosso artista principal: meu sabiá laranjeira. Digo meu, porque tenho a impressão de que ele escolheu esta tarde para cantar só para mim. Neste momento canta sem parar, apesar de parecer um jovem debutando nesta arte, pois imita com certa dificuldade o canto de um adulto, tamanha sua desafinação. A mim pouco importa sua afinação, porque “na voz dos desafinados também pulsa um coração”. A música sertaneja que ouço neste momento parece desafiá-lo a cantar mais alto ou, talvez o jovem pássaro queira me dizer: - Desligue este rádio, amigo. Apenas me ouça! Começa o entardecer e vejo, quase que sem brilho, a primeira estrela no céu e ele subitamente para de cantar. Irá descansar na copa de uma árvore ali por perto, imagino. Neste momento ouço o canto triste de uma corruíra, prenunciando que o esplendor da noite se aproxima. Deveria comemorar por mais este dia abençoado, afinal estou vivo, com ótima saúde, ouvindo e enxergando maravilhosamente bem, mas o saudosismo toma conta do meu ser. E, por uma única razão: esta dupla de sabiá e corruíra, juntamente com a música que ouço agora, me transportou à in-

fância na roça. A boca da noite, no sítio onde passei a infância sempre foi melancólica. A rotina da labuta diária não me deixava espaço para sonhar tão grande, apesar do apoio da família. “Nestes versos tão singelos, minha bela, meu amor, pra você quero contar o meu sofrer e a minha dor. Eu sou como um sabiá que quando canta é só tristeza lá no galho onde está”. Dessas cantorias, sabiá, corruíra e a moda sertaneja, sinto falta do canto triste do inhambu xororó que fechava a cortina do entardecer. Esse pássaro deve estar em extinção, pois há muito tempo não o ouço, pelos campos por onde passo. Depois dele só as escandalosas e agourentas corujas, segundo minha mãe, apareciam para cantar na cumeeira de nossa casa. - Xô coruja! Pobre ave, uma ótima feitora, rotulada como má pela crendice popular! “Não deixa que a tristeza do passado e o medo do futuro estraguem a alegria do presente”. O importante da vida é a largura e não o cumprimento. “Não devemos nos iludir com a juventude, pois ela é passageira. A velhice, sim, é definitiva. Sorte daqueles que ficam velhos”. Estes sim poderão passar suas experiências e contar suas histórias para os mais novos. E VIVA O CANTO NOSTÁLGICO DO SABIÁ!

Osvaldo Piccinin, engenheiro agrônomo, formado pela USP-Esalq, em 1973. Natural de Ibaté, é empresário e agricultor e mora em Campo Grande/MS.



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